Competências para a Vida: fortalecimento de adolescentes e jovens ...

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2014 Competências para a Vida: fortalecimento de adolescentes e jovens em São Paulo A experiência do projeto Raízes do Futuro

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Competênciaspara a Vida:

fortalecimento de adolescentes e jovens

em São Paulo

A experiência doprojeto Raízes do Futuro

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UNICEF Coordenação do UNICEF para osEstados de São Paulo e de Minas Gerais:Silvio Kaloustian

Coordenação-geral do Projeto Raízes do Futuro:Adelina França

Supervisão técnica:Maria Adrião Consultora de Comunicação:Thaiza Castilho

BARCLAYS

Diretora Executiva:Cristiane Pedote

CIEDS Diretor Presidente:Vandré Brilhante

Diretor Executivo:Fábio Muller

Coordenadora Executiva:Aldeli Carmo

Coordenador Executivo – Regional SP:Sergio Rosenhek

Supervisor Técnico:Eduardo Bustamante

Gestora de Projetos:Gislaine Catanzaro

Analistas:Dayana da Silva Bueno e Raul Gimenez

Assistente de Comunicação:Rafael Biazão

Foto da capa:Rafael Fabres

Sumário

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO: A adolescência no Brasil ........................................................................................................ 8

COMPETÊNCIAS PARA A VIDA ........................................................................................................................... 9

AS COMPETÊNCIAS PARA A VIDA NO PROJETO RAÍZES DO FUTURO ............................................... 11

Gestão ....................................................................................................................................................... 12

Parceiro técnico ...................................................................................................................................... 13

Parceiros locais ....................................................................................................................................... 13

Metodologia ............................................................................................................................................ 14

Formações ................................................................................................................................................15

Eixo Competências para a Vida ............................................................................................. 15

Instrumentais metodológicos ..................................................................................... 15

Guia Competências para a Vida ..................................................................... 15

Portfólio de Competências ............................................................................... 16

Janela de oportunidades ............................................................................. 17

Eixo Empregabilidade .............................................................................................................. 18

Oficinas de empregabilidade ..................................................................................... 18

Oficina de escolhas profissionais ............................................................................... 18

Eixo Competências Familiares ............................................................................................... 20

Oficina de mediação e resolução de conflitos ........................................................... 21

Oficina de cuidados na primeira infância .................................................................22

Oficinas de sexualidade e violências de gênero ....................................................... 23

Participação cidadã de adolescentes ............................................................................................... 23

Feira de Profissões .................................................................................................................................. 27

LIÇÕES APRENDIDAS E RESULTADOS ALCANÇADOS ............................................................................. 30

O projeto em números .......................................................................................................................... 31

ANEXOS ................................................................................................................................................................... 34

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Competências para a Vida: fortalecimento de adolescentes e jovens em São Paulo

A experiência do projeto Raízes do Futuro

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Apresentação

Em 2012, o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Barclays uniram-se em uma parceria global pela promoção da empregabilidade de 74 mil adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social em seis países: Brasil, Egito, Índia, Paquistão, Uganda e Zâmbia.

Denominado Building Young Futures, o projeto foi batizado no Brasil de Raízes do Futuro e inserido na Plataforma dos Centros Urbanos em São Paulo, uma iniciativa do UNICEF e de seus parceiros para reduzir desigualdades intraurbanas em grandes cidades brasileiras.

Na cidade de São Paulo, ganhou traços próprios e metodologia singular, em uma perspectiva do desenvolvimento integral dos adolescentes, com base nas Competências para a Vida. Seu objetivo foi desenvolver competências, habilidades e atitudes de adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social para auxiliá-los a atingir suas potencialidades não apenas no mundo do trabalho, mas na vida como um todo.

Para que isso fosse possível, foi formada uma rede composta por cinco organizações não governamentais de diferentes portes, que já trabalhavam com formação de adolescentes e jovens para o mundo do trabalho, pelo Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS), parceiro técnico da iniciativa, e pelo UNICEF.

O Barclays – aliado do UNICEF no Brasil desde 2009 – participou ativamente do dia a dia da iniciativa, ajudando a pensar temas estratégicos para discussão com os educadores, acompanhando atividades de capacitação e envolvendo funcionários que, voluntariamente, compartilharam seus conhecimentos técnicos em diversas áreas com os aprendizes. O resultado são mais de 1,6 mil adolescentes e jovens melhor preparados para enfrentar seus desafios profissionais e pessoais. O potencial de replicação da metodologia permanece mesmo após o término oficial do projeto, em 2014, pois um grande investimento foi feito na formação de educadores que, apropriando-se da tecnologia proposta pela iniciativa, puderam seguir utilizando-a com outras turmas de educandos.

Esta publicação busca compartilhar técnicas, estratégias e dinâmicas utilizadas no contexto em que a iniciativa foi desenvolvida. Esperamos que esta trajetória e as histórias vividas em São Paulo possam servir de inspiração a outras pessoas e a organizações que desejem trabalhar com as Competências para a Vida com adolescentes e jovens em outras partes do Brasil e do mundo.

Boa leitura!

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A adolescência no Brasil

Vivem hoje no Brasil 21 milhões de meninos e meninas com idade entre 12 e 17 anos, o equivalente a 11% da população brasileira (PNAD, 2009). As projeções demográficas mostram que o Brasil não voltará a ter uma participação percentual tão significativa dos adolescentes no total da população.

Os jovens representam para o País uma grande oportunidade de transformação nas relações, nas atitudes, na cultura, na educação, na vida e nas dinâmicas sociais. Apesar disso, muitas vezes o preconceito faz com que esse grupo populacional seja visto como problema, criando barreiras para o desenvolvimento pleno de seu potencial.

Entender o universo da adolescência ajuda a perceber que ela é, acima de tudo, uma chance singular para quem está vivendo esta fase da vida. É também uma oportunidade para a implementação de políticas públicas, com a adoção de estratégias inovadoras, capazes de enxergar os adolescentes como atores de sua própria história.

O UNICEF acredita que a construção de soluções para os problemas que afetam a vida dos adolescentes só será efetiva se contar com a participação cidadã das próprias populações mais jovens.

Porque investir na adolescência:

1. Potencializa o bônus demográfico que a população adolescente representa;2. Maximiza a abertura e capacidade para utilizar as tecnologias de informação e comunicação;3. Fortalece os princípios de direitos humanos e enfrenta preconceitos;4. Os investimentos na primeira década da vida só se consolidam com um novo investimento na

segunda década;5. Promove a participação para fortalecer a democracia;6. Desenvolve as competências para a vida;7. Representa uma oportunidade para fortalecer a autonomia, a interação e a identidade;8. Quebra o ciclo intergeracional de transmissão da pobreza;9. Estimula o pensamento crítico e a tendência a questionar padrões;10. Promove soluções criativas para os padrões intergeracionais.

INTRODUÇÃO:

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Para o UNICEF, as Competências para a Vida auxiliam no desenvolvimento das potencialidades de adolescentes e jovens na busca dos seus próprios caminhos para promover seus direitos.

Mas o que é uma competência? É um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que, mobilizado por quem o tem, promove a melhor resposta diante de um contexto específico.

Diferentes áreas do saber utilizam o conceito de “competência”. No senso comum, o termo está ligado à capacidade de se fazer algo bem feito. No campo jurídico, competência é a faculdade concedida a determinado funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e decidir determinada questão. Para as ciências sociais, competência está ligada a conteúdos particulares de cada qualificação profissional dentro de uma determinada estrutura de trabalho; e, para a psicologia, indica um comportamento equivalente a uma capacidade ou habilidade, ou muitas vezes a uma aptidão.

Noam Chomsky, famoso linguista, diferenciou “competência” de “desempenho”: a primeira diz respeito àquilo que o sujeito pode realizar idealmente, enquanto a segunda é um comportamento observável. Para o autor, a competência é inata aos indivíduos. Já outros teóricos, principalmente os ligados à pedagogia, entendem que as competências podem ser desenvolvidas, independentemente da presença ou não de uma capacidade inata.

De acordo com a educação profissional, “competência” implica a mobilização de um conjunto de recursos cognitivos, afetivos e psicomotores. É um conjunto identificável e avaliável de conhecimentos, atitudes, valores e habilidades relacionadas entre si, que permitem desempenhos satisfatórios em situações reais de trabalho, segundo padrões utilizados na área ocupacional.

O UNICEF acredita que investir na potencialidade dos adolescentes e

jovens é a melhor forma de garantir o pleno exercício de todos os seus direitos.

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Competências para a Vida

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“O poder do olhar constrói ou destrói. Esse olhar muda e faz mudar. É sobre ele que queremos que os jovens reflitam; sobre os seus olhares para si mesmos e para os outros. E é desse olhar que vem a mudança”.

Maria Clara Leme Coelho, educadora, Instituto Dom Bosco

A competência não é apenas o conjunto de recursos e capacidades, mas a mobilização destes para desenvolver uma atividade e resolver problemas complexos. A mobilização inclui adaptação, diferenciação, integração, generalização ou especificação, combinação, orquestração e coordenação destes recursos. Em suma, um conjunto de operações mentais que transforma os conhecimentos, em vez de apenas deslocá-los.

Uma competência não é algo que se possa ensinar e reproduzir da mesma forma por toda a vida. Ao contrário, sua natureza é dinâmica, adaptável e passível de transformações diante das questões emergentes.

No Brasil, o UNICEF organizou um conjunto de vinte competências com as quais os adolescentes podem trilhar os caminhos da cidadania de forma mais segura, cientes de seus direitos e de suas responsabilidades. Contam ainda com apoio de uma rede de atores responsáveis por ajudá-los na construção de sua identidade, na conquista de sua autonomia e no seu processo de interação com outros adolescentes, crianças e adultos de referência em suas vidas, promovendo o desenvolvimento integral dos jovens. Foram denominadas de Competências para a Vida:

1. Desenvolver autoconhecimento, autoestima e autoconfiança;2. Ativar canais de proteção;3. Proteger a si mesmo e os outros de vulnerabilidades;4. Construir relações sustentáveis e de confiança;5. Buscar proteção quando ameaçados;6. Conhecer e reivindicar seus direitos e assumir responsabilidades;7. Desenvolver preferências estéticas e sensibilidade cultural e artística;8. Estabelecer relações interpessoais afetivas e sustentáveis;

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9. Gerenciar conflitos de forma saudável e positiva, mediar e negociar;10. Adquirir conhecimentos acadêmicos básicos;11. Utilizar novas tecnologias de informação e comunicação e ter uma visão crítica em relação à mídia;12. Adotar atitude de respeito à diversidade e ao meio ambiente;13. Desenvolver a comunicação interpessoal;14. Participar de processos decisórios na esfera social e política;15. Identificar quando os outros precisam de ajuda e adotar atitude de solidariedade;16. Defender a ética, o respeito às coisas públicas e os mecanismos de controle social;17. Desenvolver seus talentos e adquirir aptidões profissionais;18. Adotar atitude saudável pela prática de esportes;19. Proteger os outros e a si mesmo das DST e do HIV/aids;20. Desenvolver o pensamento analítico.

As primeiras experiências utilizando as Competências para a Vida foram realizadas com adolescentes do Semiárido e da Amazônia. Mais recentemente, iniciativas têm sido empreendidas nas capitais que participam da Plataforma dos Centros Urbanos.

As Competências para a Vidano projeto Raízes do Futuro

Diferentes contextos e tempos pedem competências igualmente diferentes. Foi buscando iniciar o processo de desenvolvimento das competências de adolescentes e jovens e adaptando o conceito ao contexto de empregabilidade que o projeto Raízes do Futuro realizou suas ações.

“As competências acabaram se tornando um eixo de atuação pedagógica. Elas fazem parte do meu cronograma de formação com os meninos”.

Israel Divino, educador, Instituto Dom Bosco

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Desenvolvido entre 2012 e 2014, o projeto Raízes do Futuro faz parte de uma estratégia global para a promoção da empregabilidade de 74 mil adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social, chamada Building Young Futures. Ela é representada pela parceria entre o UNICEF e o Barclays em seis países: Brasil, Egito, Índia, Paquistão, Uganda e Zâmbia.

No Brasil, o programa Building Young Futures recebeu o nome Raízes do Futuro e capacitou 1.657 adolescentes e jovens em um ano e meio de atividades planejadas diretamente para esse público por meio do desenvolvimento de suas competências, habilidades e atitudes.

Para realizar este trabalho, o projeto adotou a perspectiva do desenvolvimento integral dos adolescentes e se focou no desenvolvimento das Competências para a Vida. Assim, especialistas do UNICEF e a equipe do projeto elaboraram uma metodologia específica e adaptada ao contexto de empregabilidade para a cidade de São Paulo.

Este foi o segundo projeto desenvolvido pela parceria entre UNICEF e Barclays no Brasil. O primeiro, chamado de Multiplicador Jovem Aprendiz, também foi realizado na cidade de São Paulo entre 2009 e 2011, e buscou fortalecer e certificar as organizações parceiras na Lei do Aprendiz.

Os dois projetos contaram com a execução do parceiro técnico Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável (CIEDS).

Gestão

A equipe do projeto foi composta por uma gestora de projetos, dois analistas, um assessor de comunicação do CIEDS e uma coordenação geral do UNICEF.

Participaram das formações adolescentes e jovens entre 15 e 20 anos que frequentavam cursos profissionalizantes oferecidos por organizações não governamentais denominadas parceiros locais, situadas nas regiões sul (Parelheiros e Paraisópolis), oeste (Jaguaré) e centro (Bom Retiro) do município de São Paulo, além de educadores e profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social.

As cinco organizações foram escolhidas e convidadas pelo UNICEF para compor o projeto. Os critérios de seleção foram: (1) experiência na capacitação técnica e profissional de jovens; (2)

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possibilidade e condições efetivas de participação dos educadores; e (3) receptividade para novas ideias e propostas. Foram convocadas duas organizações de porte grande, duas de porte médio e uma de pequeno porte. A escolha de organizações de diferentes magnitudes tinha por objetivo permitir a troca de novos saberes e fazeres entre elas.

Parceiro técnico

O projeto contou com a parceria e o acompanhamento do CIEDS, instituição social sem fins lucrativos com 16 anos de experiência e signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) com status de Consultora Especial do Conselho Econômico das Nações Unidas desde 2013. O CIEDS desenvolve projetos em todo o território nacional, com sede no Rio de Janeiro, filial em São Paulo e escritório de representação no Ceará. Atua com a convicção de que cada pessoa possui em si mesma o potencial para se desenvolver e, assim, construir uma sociedade mais próspera e sustentável.

Parceiros locais

Foram parceiras do projeto Raízes do Futuro as seguintes organizações não governamentais1:

Associação Vivenda da Criança, ONG fundada em 1989 por uma freira católica e localizada no extremo sul do município de São Paulo, em Parelheiros. A organização também participou do primeiro projeto, o Multiplicador Jovem Aprendiz. Oferece atividades de qualificação profissional nas áreas de beleza, preparação para o mercado, administração, panificação e informática a mais de 500 adolescentes e jovens.

Instituto Dom Bosco, ONG fundada em 1919 pela Ordem dos Salesianos e localizada na região central da cidade de São Paulo. Participam das formações mais de 400 adolescentes e jovens com idade entre 15 e 29 anos nos cursos de mecânica industrial, assistente administrativo, eletroeletrônica, design gráfico editorial e gestão para a cidadania.

Instituto Rugby para Todos, ONG fundada em 2004 e localizada na região sul de São Paulo, na comunidade de Paraisópolis. A organização atende 200 crianças e adolescentes. Ao participar do Raízes do Futuro, a organização incluiu em seu programa conteúdos para a formação de cidadãos e atletas, com base nas Competências para a Vida.

____________________1 Dados de outubro de 2014.

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Instituto Reciclar, ONG fundada em 1995 e localizada na zona oeste de São Paulo. Trabalha com 150 adolescentes e jovens entre 14 e 19 anos, para quem proporciona oportunidades de educação e aprendizado profissional para promoção de sua autoestima, inclusão social e exercício pleno da cidadania. Seu programa tem cinco anos de duração e está fundamentado em três fases: complementação cultural educacional, oficina de reciclagem e inserção no mercado de trabalho.

Sociedade Benfeitora do Jaguaré, ONG fundada em 1957 por empresários e rotarianos e está localizada na zona oeste de São Paulo. Atende diretamente 1.300 crianças, adolescentes e jovens. Em seu programa de qualificação profissional, oferece cursos de assistente administrativo, assistente de RH, operador de microcomputador, design gráfico, web design e ajustador mecânico, entre outros.

Metodologia

A metodologia utilizada pelo Raízes do Futuro foi planejada para ter como eixo fundamental as Competências para a Vida e dois eixos complementares:

1. Empregabilidade: Os participantes foram capacitados para elaboração de currículos, preparação para entrevistas, educação financeira, entre outros aspectos.

2. Competências Familiares: Teve como principal objetivo oferecer às organizações parceiras subsídios para que trabalhem com as famílias dos adolescentes e jovens, fortalecendo suas competências e o vínculo com a instituição. Foram abordados temas como saúde sexual e reprodutiva, gravidez na adolescência, direitos do bebê e da gestante e cuidados na primeira infância.

No entanto, ao longo do processo, foi identificada a necessidade de oferecer aos adolescentes mais possibilidades de promoção da participação cidadã, a partir da análise de sua realidade e do uso das tecnologias de informação e comunicação.

Desta forma, foram contempladas importantes esferas de socialização na vida de meninas e meninos, representadas pela escola, comunidade, família e mundo do trabalho.

A transferência de tecnologia social proposta pelo projeto foi planejada para acontecer por meio da formação dos educadores utilizando temas e materiais diversos relacionados ao desenvolvimento integral de adolescentes e ao mundo do trabalho. Também foram realizadas formações específicas para os adolescentes e para a rede de apoio local, como escolas, unidades de saúde, ONGs e lideranças.

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Formações

Eixo Competências para a Vida

Este eixo foi trabalhado tendo como base o guia de Competências para a Vida, dentre outros materiais desenvolvido pelo UNICEF, que lista uma série de sugestões de abordagem sobre as vinte competências mencionadas nas páginas 10 e 11.

Algumas oficinas foram oferecidas diretamente aos adolescentes, mas coube basicamente aos educadores replicar e orientar o desenvolvimento das competências dos jovens, além de multiplicar o conteúdo também para seus pares dentro das organizações. Após apresentação e experimentação das competências, esses meninos e meninas foram convidados a construir seus projetos pessoais e profissionais, utilizando uma versão adaptada do projeto da matriz FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), ou SWOT, em inglês, vide página 17. Também foram oferecidos eventos estratégicos para complementar as formações.

Instrumentais metodológicos

No processo de formação dos educadores para a metodologia e de desenvolvimento dos conceitos de Competências para a Vida, foram sugeridas algumas dinâmicas e materiais para a produção e acompanhamento dos projetos de vida dos jovens. A seguir, apresentamos os materiais utilizados na metodologia, na construção desses projetos, e nas dinâmicas recomendadas às organizações para a formação dos jovens.

• Guia Competências para a Vida2

É o material produzido pelo UNICEF que apresenta a sugestão de vinte competências básicas para orientação do trabalho com a temática. Acompanham referenciais teóricos e dicas para estudo dos temas. O guia é utilizado como base para ajudar os educadores a oferecer aos participantes situações de reflexão sobre suas competências e utilizá-las no desenvolvimento de seus projetos de vida, assim como a encontrar seus potenciais.

____________________ 2 http://www.unicef.org/brazil/pt/br_competencias_para_a_vida.pdf

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Idealizado pelo UNICEF a partir de um trabalho realizado em parceria com organizações governamentais e não governamentais com adolescentes do Semiárido, da Amazônia e de comunidades populares dos centros urbanos, o guia Competências para a Vida teve a sua primeira aplicação no contexto paulistano.

O guia é baseado em três eixos básicos de desenvolvimento na adolescência: (1) formação da identidade, (2) interatividade e (3) construção da autonomia.

As vinte competências abrangem uma série de aspectos da vivência dos adolescentes e são apresentadas de forma acessível tanto para educadores quanto para os jovens, possibilitando um debate mais rico dentro das atividades do projeto. Além disso, o guia traz informações sobre o contexto e as vulnerabilidades enfrentados pelos adolescentes no Brasil, bem como os aspectos relacionados aos processos de desenvolvimento da adolescência. Além disso, discute os direitos das crianças e adolescentes.

• Portfólio de Competências3

É um instrumento pedagógico para registro, reflexão e autoavaliação dos adolescentes e jovens sobre as competências trabalhadas nos encontros com os educadores e sobre os compromissos assumidos para suas próprias vidas. Trata-se de um livreto individual e personalizado, no qual constam informações básicas sobre a metodologia e páginas a serem preenchidas com a percepção de adolescentes e jovens sobre a competência trabalhada no dia.

Elaborado pela equipe do projeto a partir de uma proposta de trabalho realizada pelo UNICEF em Fortaleza, o Portfólio de Competências é um instrumento destinado exclusivamente aos jovens.

Os participantes registram neste instrumental o que sentiram, o que pensaram e o que decidiram ao estudar a competência específica. As perguntas têm o propósito de evocar uma resposta

sobre os sentimentos mobilizados para que aprendam a pensar e registrar os sentimentos; sobre o que pensaram ou lembraram; ou seja, os registros mnêmicos e lógico racionais. A pergunta sobre o que decidiram tem o propósito de forjar uma atitude proativa diante de suas escolhas na vida.

O instrumental também tem como objetivo oferecer material para acompanhamento do desenvolvimento emocional e cognitivo dos jovens pelos educadores.

____________________3 http://www.unicef.org/brazil/pt/br_portfolio_competencias_raizes.pdf

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Tutoria

Tão importante quanto o processo reflexivo dos jovens no estabelecimento de seus objetivos e no reconhecimento de seus atributos – positivos e negativos, internos e externos – é o acompanhamento de perto por parte dos educadores, seja na colaboração do preenchimento do instrumental, seja nos encontros posteriores, nos quais as questões e metas estabelecidas são retomadas.

Neste ponto, é fundamental o trabalho dos educadores, que atuam como tutores, na medida em que não só verificam o desenvolvimento dos jovens no que tange ao cumprimento de suas metas, mas podem auxiliá-los no processo.

• Janela de oportunidades

Após uma série de vivências e momentos de reflexão proporcionados pela metodologia sobre Competências para a Vida, os adolescentes constroem de forma individual seus planos de desenvolvimento pessoal e profissional.

Utilizando como base a matriz FOFA, os participantes são convidados a refletir sobre seus potenciais pessoais e sobre os recursos disponíveis no ambiente, assim como sobre quais são as dificuldades a serem superadas. Este processo foi tutorado pelos educadores, que também contaram com o apoio da equipe técnica do projeto.

A ferramenta reserva um espaço ao final para que se estabeleçam alguns prazos e metas, de modo a atingir seus objetivos.

Os educadores receberam formação de três dias na metodologia em Competências para a Vida, além dos encontros mensais de formação continuada no primeiro semestre. Por fim, houve o apoio pedagógico e técnico semanal durante todo o projeto.

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Eixo Empregabilidade

Teve como objetivo ampliar o repertório dos adolescentes no que diz respeito aos conhecimentos para adotar atitudes financeiras responsáveis, além de desenvolver e adquirir aptidões profissionais para o mundo do trabalho.

É interessante ressaltar que, no início da construção do projeto, foram realizadas reuniões com potenciais empregadores dos jovens para levantar as questões favoráveis e desfavoráveis à contratação, à permanência e ao desenvolvimento de adolescentes com perfil semelhante ao dos jovens do projeto. Algumas competências foram identificadas como centrais para o seu desenvolvimento e, por conta disto, tiveram um investimento diferenciado nas atividades oferecidas pelo projeto, como, por exemplo, as oficinas de mediação e a resolução de conflitos.

Algumas das oficinas com os adolescentes e educadores foram:

• Oficinas de Empregabilidade

No primeiro momento da atividade, os voluntários do Barclays apresentavam conceitos básicos em educação financeira, com o intuito de revelar aos jovens as possibilidades de se alcançar objetivos – pessoais ou profissionais – com uma boa aplicação do dinheiro de que dispõem ou de que virão a dispor. Aplicando conceitos básicos de matemática financeira e utilizando histórias de vida fictícias para exemplificar, os palestrantes demonstraram aos jovens que a educação financeira poderá auxiliá-los durante toda a vida nos mais variados campos.

A segunda parte da atividade se concentrava no momento da entrada no mundo do trabalho, a partir da elaboração de currículos e a preparação para entrevistas de emprego. Após uma apresentação sobre os principais modelos e erros a serem evitados em currículos, os voluntários entregavam alguns modelos (muito extensos, com erros gramaticais, desalinhados do cargo pretendido etc.) e convidavam os jovens a analisarem e apresentarem os erros encontrados.

Na preparação para entrevistas de emprego, os voluntários buscavam demonstrar os cuidados que os jovens devem ter nesse momento em relação à postura, ao vestuário, ao preparo antecipado, abordando outras questões a se evitar no processo seletivo. Para reforçar esses conceitos, realizaram simulações de entrevistas com os jovens e convidaram os demais a uma reflexão.

• Oficina de escolhas profissionais

Com o objetivo de apresentar os principais conceitos e reflexões acerca das escolhas profissionais realizadas pelos jovens atualmente, o projeto ofereceu uma oficina específica sobre o tema aos educadores das organizações.

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Tendo em vista que as políticas públicas no país ainda não atendem às demandas específicas dessa parcela da sociedade, as reflexões sobre as escolhas profissionais não são voltadas somente à orientação dos jovens, mas levam em consideração as necessidades e demandas que eles apresentam.

Passo a passo

Entrevista bate-bola: é feita com duplas de jovens, em que cada um tem um papel de entrevistado e entrevistador, com base no seguinte roteiro:

1. Nome2. Apelido3. Minha marca registrada é4. Merece minha admiração5. Profissões com as quais me identifico6. Trabalho, para mim, é7. Eu espero que estas oficinas

Os participantes coletam essas informações da dupla e, a seguir, apresentam um ao outro aos demais. Depois, as respostas são dispostas em tarjetas que, à vista de todos, poderão ser mais bem discutidas e problematizadas.

Reflexão sobre a trajetória profissional: Também utilizando tarjetas (três cores), os jovens são convidados a preencher os sonhos profissionais em fases diferentes da vida: entre 04 e 07 anos de idade, entre 12 e 13, e atualmente. Após colocar as tarjetas no painel, os participantes se dividem em grupos e passam a debater com base nas respostas à pergunta: “O que influenciava (influenciou) suas escolhas profissionais naquele momento de sua vida?”. A seguir, os grupos apresentam o conteúdo para os demais participantes.

“Entrei para o projeto no início do ano e só tenho coisas boas se acumulando no meu currículo”, conta Guilherme Dias, 15 anos, adolescente da Vivenda da Criança. “Uma das coisas que me ajudaram a conseguir uma vaga como aprendiz foi a formação sobre como me preparar para uma entrevista. Eu aprendi sobre a linguagem formal e informal e até a usar palavras que nunca tinha ouvido”.

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Grupo de profissões: Os educadores colam etiquetas com nomes de profissões nas costas dos participantes e pedem que eles, a partir de dicas – que não podem ser muito fáceis, adivinhem qual é o profissional colado. O intuito da dinâmica é despertar o olhar dos participantes para variadas profissões, diferentes das que são mais consagradas e, além disso, fazer uma discussão sobre o status atrelado a cada uma delas.

Questões norteadoras

Para a discussão sobre escolhas profissionais em sala com os/as jovens, recomenda-se que ela seja norteada segundo os pontos abaixo:

Informações sobre: profissões, percursos de formação profissional e mundo do trabalho;

Discussão sobre: valores, cultura e desigualdades nos percursos e trajetórias;

Reflexão sobre: identidade e autoconhecimento

Outra possibilidade para ampliação do repertório de profissões é o de pedir que insiram uma série de profissões em uma tabela que não está dividida entre Humanas, Exatas ou Biológicas, mas sim em oito grupos (profissões ligadas aos recursos naturais; artísticas e de entretenimento; assistenciais; científicas; de contato comercial; culturais; de organização; e tecnológicas). Assim, o debate é orientado sob a perspectiva da atuação, em vez de vincular as profissões diretamente às áreas tradicionais do Ensino Superior.

Eixo Competências Familiares

Este eixo teve como objetivo oferecer subsídios às instituições parceiras para realizar atividades envolvendo as famílias (ou qualificar as já existentes) para: (1) estimular a permanência dos jovens nos projetos de capacitação por eles desenvolvidos, (2) promover uma cultura de formação e educação e (3) promover os direitos de crianças, adolescentes e jovens.

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“A discussão sobre direitos humanos, sexuais, com esse público é praticamente impossível sem o preparo adequado”.

João Paulo Streapco, educador, Instituto Reciclar

Algumas formações foram estendidas para a rede de apoio dos parceiros locais nas áreas da saúde, assistência social e educação. Representantes dos equipamentos e serviços desta rede de apoio foram convidados a participar das formações. A estratégia tinha por objetivo fortalecer a integração entre as organizações e suas redes de apoio e garantir o atendimento aos direitos dos adolescentes e jovens do projeto.

Oficinas realizadas:

• Oficina de mediação e resolução de conflitos

Escolhida como competência prioritária para desenvolvimento junto aos jovens no início da implementação do projeto, foram oferecidas aos educadores dos parceiros locais duas oficinas sobre mediação e resolução de conflitos. Os objetivos centrais das formações foram, além de aprimorar conhecimentos acerca do tema para qualificar o desenvolvimento das atividades em sala de aula, informar os profissionais sobre as diferenças entre mediações e resoluções de conflitos nos diversos ambientes e problematizar os diferentes tipos de conflitos, suas formas e características.

Passo a passo

1. Rodada de apresentação dos participantes;

2. Apresentação dos conceitos gerais, caracterização, tipos, diferenças e similaridades da mediação e resolução de conflitos;

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“Quando eu aprendi sobre mediação de conflitos e a ouvir o outro lado, realmente aprendi a não agir por impulso. Isso que me ajudou a controlar meu

temperamento, antes eu reagia sem pensar”.

Leila Cassia dos Santos, 17 anos, adolescente do Rugby para Todos

3. Divisão dos grupos e realização de uma vivência prática que apresente os tipos de conflitos e as formas de intervenção (mediação ou resolução) por meio de uma apresentação ao grupo. Neste contexto, é interessante separar o grupo em causador do conflito, o “atingido” e o mediador, de modo que o expositor pontue as posturas de cada “papel” no contexto;

4. Elaboração de um plano que utilize todo o conteúdo apreendido em uma atividade de sala de aula para os adolescentes e jovens.

• Oficina de cuidados na primeira infância

A oficina teve como objetivos: discutir questões de saúde, nutrição, educação, meio ambiente, desenvolvimento psicossocial e proteção, sob o enfoque de direitos, além de discutir o papel da família e dos serviços de assistência e saúde no apoio e proteção à gestante e à criança. Para tanto, foram utilizados o Kit Família Brasileira Fortalecida e o Almanaque da Família Brasileira, produzidos pelo UNICEF, que abordam as questões do cuidado com as gestantes e crianças de 0 a 6 anos.

Passo a passo

1. Apresentação do conteúdo e do material Kit Família Brasileira Fortalecida e do Almanaque da Família Brasileira, bem como as Competências Familiares necessárias à garantia dos direitos e do bem-estar da gestante e da criança.

2. Divisão em grupos, que se dedicaram a discutir determinados temas e apresentar o conteúdo aos demais. Os temas foram: 1) o fortalecimento das famílias que estão esperando um bebê e a proteção das mulheres; 2) os primeiros dez dias do bebê e os cuidados necessários; 3) o desenvolvimento de bebês entre 2 e 12 meses; 4) fortalecimento das famílias com crianças de 1 a 3 anos de idade; e 5) fortalecimento de famílias com crianças de 4 a 6 anos.

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• Oficinas de sexualidade e violências de gênero

Os objetivos centrais da formação foram: formar e aprimorar conhecimentos acerca do tema para qualificar o desenvolvimento das atividades em sala de aula; informar os profissionais sobre os marcos legais que norteiam o atendimento integral de adolescentes em serviços públicos e instituições, além de problematizar os diferentes tipos de violência e as relações com a vivência juvenil.

Passo a passo

1. Realização de roda de apresentação dos membros dos grupos;2. Desenvolvimento de uma dinâmica “quebra-gelo”, chamada pelo projeto de Toró de Ideias.

Neste momento, é indicado o conceito-chave do encontro e cada membro do grupo fala o primeiro nome que vem à sua cabeça sobre o tema. Depois, cada palavra é anotada em uma tarjeta e colada em uma parede;

3. Aprofundamento e discussão do tema – posteriormente, olha-se a parede com a identificação dos vários nomes e se começa a conversar sobre cada um, trazendo discussões conceituais, informações e conteúdos sobre os temas;

4. Como finalização do encontro, sugere-se que os grupos se dividam e construam planos de ação para que os conteúdos abordados sejam trabalhados em atividades a serem desenvolvidas nas instituições.

Participação Cidadã de Adolescentes Foram oferecidas oficinas de políticas públicas, participação política e produção e edição de vídeos aos adolescentes e jovens. Elas foram ministradas por convidados e equipe do projeto.

Oficina de participação política

A atividade teve como objetivo despertar nos meninos e meninas a importância de sua participação cidadã, desconstruindo preconceitos em relação a questões ligadas à política e apresentando os conceitos básicos de políticas públicas. Durante a oficina, debateram os problemas identificados nas suas comunidades, suas causas e consequências, bem como as soluções vislumbradas. Também foi feita uma reflexão sobre poder local e possibilidades de resoluções com a participação e envolvimento da comunidade, para além da responsabilização do poder público.

Usando um método normalmente utilizado para planejamento estratégico chamado ALTADIR, os adolescentes e jovens fizeram um exercício de diagnóstico participativo dos problemas de suas comunidades. As questões por eles identificadas foram agrupadas primeiramente em grandes

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temas e alinhadas com as políticas públicas do município. O resultado final foi uma sistematização dos resultados da atividade e a apresentação das problemáticas da cidade ao coordenador da juventude de São Paulo em agosto de 2013.

Passo a passo do Método ALTADIR de Planejamento Popular (MAPP)4, utilizado nas discussões dos adolescentes e jovens:

1º Passo: identificação de problemas, com distinção entre causas e consequências;2º Passo: agrupamento em grandes temas;3º Passo: propostas de soluções para os problemas identificados;4º Passo: alinhamento com os eixos prioritários da Coordenadoria da Juventude.

Após as reflexões, foram apresentados os conceitos básicos e foi entregue a cada adolescente a tarefa de promover o debate e reproduzir a metodologia aplicada nas suas comunidades com o apoio dos educadores participantes do projeto Raízes do Futuro.

Ao retornar com as contribuições, a discussão foi ampliada no grupo. Primeiramente, foram apresentados pelos jovens problemas gerais da cidade – agrupados em grandes temas estruturais – e, na sequência, as problemáticas específicas da juventude.

Oficina de participação política, conteúdo, produção e edição de vídeo

Para tratar desses temas, foram realizadas duas oficinas a fim de propiciar a reflexão sobre a participação deles na sociedade e possibilitar a expressão de suas ideias por meio da produção de um vídeo. A oficina foi realizada com o intuito de desenvolver, por meio de uma atividade lúdica, informações introdutórias sobre construção de vídeos, trazendo vivências práticas que os orientaram para a construção de vídeos pílulas, preparando-os para a oficina que seria realizada posteriormente sobre a produção e edição de vídeos.

____________________4 Para informações mais detalhadas sobre o método, ver: JUNCKLES, I. J. 13 anos do MAPP do B. In: BROSE, M. (org.). Metodologia participativa: uma

introdução a 29 instrumentos – Porto Alegre: Tombo Editorial, 2001.

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O primeiro encontro foi dividido em dois momentos: no primeiro, foram apresentados os conceitos básicos sobre participação política, desde seu histórico até as formas de atuação – legais e ilegais - da sociedade. No segundo, os jovens aprenderam como produzir um roteiro, conceitos básicos do jornalismo, além de formatos e linguagens para produção audiovisual.

“Achei incrível. Não pensei que alguém fosse me ensinar algo como eu gostaria de aprender. Achei que teria que esperar até a faculdade para aprender tudo isso”.

Bruna Mendes, 17 anos, adolescenteda Sociedade Benfeitora Jaguaré

“Acho importante o voto, mas os jovens, muitas vezes, se sentem desmotivados por verem tanta corrupção na política”

Maria Mislene, 18 anos, adolescente do Instituto Reciclar

Na segunda oficina, os jovens tiveram contato com a produção e edição de vídeos. A atividade foi importante para que os jovens pudessem colocar em prática o conteúdo aprendido na oficina anterior e para que eles se aprofundassem e refletissem sobre o tema da participação política e sobre a produção do vídeo. Ao elaborar as pautas sobre participação política, a discussão abordou pontos interessantes, como o envolvimento e interesse da juventude na política, a importância do voto e o voto facultativo de jovens entre 16 e 18 anos. Além disso, os participantes puderam realizar uma filmagem e trabalhar em um programa de edição, tendo contato com as ferramentas e suas possibilidades.

As oficinas culminaram na produção, pelos próprios jovens, de oito vídeos pílula voltados ao tema “participação política”. Os materiais foram exibidos na Feira de Profissões, vide página 27, e premiados em concurso, ambos realizados pelo projeto.

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“Nós aprendemos a ser pessoas melhores e nos conhecermos. Saber o que queremos e quem somos. A gente precisa parar para pensar nisso e se descobrir. Percebi que eu poderia ser melhor, não só para as outras pessoas, mas para mim mesma”.

Glacy Correa da Silva, 15 anos, adolescente do Instituto Dom Bosco

Sistema de monitoramento

Buscando atender à necessidade de monitoramento e de avaliação do projeto, bem como realizar o acompanhamento dos jovens atendidos pelos parceiros locais do Raízes do Futuro, foi desenvolvido um instrumental por meio de uma plataforma interativa, em que os educadores e os próprios jovens tiveram um papel relevante no preenchimento dos dados.

O conteúdo deste instrumento foi desenvolvido com base em conversas organizadas com especialistas parceiros da área de juventude, empreendedorismo, educação, recursos humanos e com os próprios jovens. O material construído a partir dessas discussões compõe a plataforma em que cada jovem participante do programa tinha um perfil, de modo que as informações constituíram um banco de dados sobre os integrantes do programa.

O objetivo desta plataforma era monitorar os jovens que passaram pelo programa, possibilitando um registro do percurso deles em três momentos:

1. Entrada – Início, os jovens criam seus perfis com informações relevantes para a temática do programa;

2. Processo – atualização do perfil, de forma contínua, atrelada aos conteúdos aprendidos na formação, podendo a partir deste ponto transformar o perfil em um currículo;

3. Saída – acompanhamento da trajetória após o término do processo de formação, quando possivelmente entram para o mercado de trabalho.

Como funcionou

Sendo um misto de questionário com rede social, a plataforma é dividida por temáticas nos chamados “Mundos”. São eles:

1. Perfil2. Mundo Cultural3. Mundo da Participação4. Mundo dos Estudos

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5. Mundo do Trabalho6. Mundo Financeiro7. Mundo da Saúde8. Mundo Pessoal 9. Raízes do Futuro

A proposta foi que os “Mundos” fossem preenchidos pelos jovens quando entrassem no programa. Ao longo do projeto, conforme os temas foram abordados nas formações, os jovens foram fazendo as alterações em seus perfis, de modo que o instrumental serviu como uma ferramenta de autorreflexão.

A plataforma também ofereceu a possibilidade de produzir um currículo para os jovens: ao preencherem seus perfis e incluírem informações sobre seus “Mundos”, eles puderam gerar um currículo automático a partir das informações pertinentes para o documento.

Ao término do projeto, os parceiros locais receberam as especificações técnicas para que continuassem utilizando a plataforma com possibilidades de adequação para cada uma de suas realidades.

Feira de Profissões

Durante o período de implementação do projeto, alguns eventos importantes aconteceram, dando a oportunidade para os adolescentes de ampliar seus repertórios, de experimentar o que aprenderam ao longo do processo e de interagir com responsáveis pelas políticas públicas. Nestas ocasiões, eles exercitaram as competências já fortalecidas, compartilharam experiências de vida, defenderam seus direitos e apresentaram a realidade em que vivem a gestores públicos. Foi o caso, por exemplo, dos debates promovidos com o coordenador da juventude do Município de São Paulo e com o ministro da educação do Equador.

Dentre estes eventos, destaca-se a realização da Feira de Profissões:

UNICEF/BRZ/Rafael Biazão

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Realizado em maio de 2014, o evento reuniu mais de 300 adolescentes e jovens das organizações parceiras do projeto. A ideia central era oferecer a eles a oportunidade de conversar com profissionais de áreas pouco tradicionais e que não demandassem necessariamente uma formação superior, mas que fossem atraentes, bem remuneradas e desafiantes para eles.

No final, os adolescentes e jovens se reuniram em torno de um grande móbile em forma de árvore no hall central do local do evento. Registraram suas expectativas de futuro em pedaços de fita amarrados às raízes de um móbile. A feira foi finalizada com uma grande ciranda dos jovens cantando em volta da árvore.

O evento foi realizado em um espaço que promove semanalmente atividades culturais e artísticas para adolescentes e jovens, especialmente para aqueles que vivem em territórios vulneráveis da cidade de São Paulo.

A iniciativa estimulou a realização de outras feiras de profissões organizadas pelos parceiros locais após a finalização do projeto.

Formato

Quinze cantos de conversa criados para oferecer uma atmosfera convidativa e possibilitar aos adolescentes e jovens a troca de ideias com os profissionais sobre suas carreiras e vidas.

Objetivos

1. Ampliar o repertório de escolhas profissionais dos adolescentes e jovens para possibilitar a reflexão sobre suas competências e habilidades em relação às futuras escolhas profissionais;

2. Auxiliar os adolescentes e jovens a superar sentimentos de subestimação em relação a certas profissões;3. Gerar sentimento de pertencimento dos adolescentes e jovens aos espaços artísticos e culturais da

cidade;4. Promover a integração entre os adolescentes e jovens das diferentes ONG parceiras.

Preparação para a Feira de Profissões

Anteriormente à feira, os educadores das organizações parceiras participaram de uma oficina de escolhas profissionais com um especialista no tema. Durante a oficina, os educadores desenvolveram um programa de treinamento que foi executado em suas organizações para preparar os jovens para a oportunidade. Eles também receberam a programação do evento com a lista dos profissionais que estariam presentes, além da tarefa de fazer um relato por escrito sobre três profissões.

Estas duas atividades permitiram aos jovens aproveitar ao máximo a visita.

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Profissionais convidados para a feira

1. Artes do Corpo 2. Tecnologia Digital - Jogos Digitais 3. Tecnologia Digital – Jogos Educacionais4. Desenvolvimento Social 5. Moda6. Engenharias – Física, de Computação e Sanitária7. Agroecologia e Paisagismo8. Cenografia e Produção de Eventos 9. Mídia Social e Comunicação Digital 10. Artes Visuais 11. Gestão de Esportes13. Design14. Permacultura Urbana15. Turismo ecológico

As expectativas dos jovens registradas nas fitas atadas ao móbile em forma de árvore foram registradas e sistematizadas. Os resultados foram os seguintes:

Quais são as expectativas dos adolescentese jovens participantes da Feira de Profissões? Número da amostra: 217 expectativas listadas (Frequência simples)

1. Cursar faculdade ..................................................................... 22,58%2. Crescimento profissional e material ................................... 20,27%3. Bem estar (felicidade, amor, paz) ........................................19,81%4. Treinamento profissional ........................................................10,59%5. Constituir família (casar-se/ser mãe/pai) .......................... 9,21%6. Morar fora do país .................................................................. 4,60%7. Iniciar negócio próprio ............................................................1,38%8. Outros ...........................................................................................11,56%

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Lições aprendidas eresultados alcançados

UNICEF/BRZ/Raul Gimenez

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Descrição dos Números GeraisMetas do projeto

1º Sementre

2013

2º Sementre

2013

1º Sementre

2014Totais

Jovens e adolescentes capacitados em Competências para Vida

500 543 312 350 1205

Portfólios de Competências elaborados 250 152 179 207 538

Jovens e adolescentes capacitados em Educação Financeira e Mundo do Trabalho

500 150 198 277 624

Formação de educadores 15 20 5 9 34

Formação de profissionais área pública e agentes comunitários

200 95 47 142

Pensar a adolescência como oportunidade implica tratar os adolescentes como sujeitos de sua própria história e não como objeto das expectativas dos adultos. Essa mudança de olhar é uma perspectiva importante para a ação do UNICEF no País.

O Raízes do Futuro foi construído sob esta ótica. Por isso, ofereceu inúmeras atividades para que adolescentes e jovens pudessem fazer escolhas conscientes no mundo do trabalho e na vida como um todo, refletindo sobre sua identidade e habilidades, e escolhendo de forma consciente seus próximos passos. Durante o período de desenvolvimento do projeto, 742 jovens conseguiram seu primeiro emprego e foi possível observar um aumento de 25% nas contratações dos adolescentes e jovens em um dos parceiros locais. Isso foi apontado como resultado direto da participação destes no projeto.

Para trabalhar com as Competências para a Vida no âmbito do Raízes do Futuro, o UNICEF e seus parceiros procuraram fazê-lo de maneira flexível, para que pudesse ser adaptada em diferentes realidades e contextos socioculturais.

Internacionalmente, a experiência foi compartilhada com os países do Programa Building Young Futures - Egito, Índia, Paquistão, Uganda e Zâmbia –, e também com países árabes do norte da África e da América Central que trabalham com a questão da empregabilidade de adolescentes. Em São Paulo, a metodologia foi incorporada na prática pedagógica das organizações parceiras, atendendo necessidades diversificadas.

O projeto ampliou e fortaleceu a relação institucional das organizações parceiras e dos equipamentos comunitários como escolas, centros de saúde, entre outras organizações.

O projeto em números

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Incentivadas pelas oficinas de Competências Familiares, por exemplo, o Instituto Rugby para Todos e o Programa Einstein na Comunidade Paraisópolis desenvolveram oficina sobre sexualidade e direitos sexuais para os adolescentes e jovens das duas instituições; a Sociedade Benfeitora do Jaguaré estabeleceu parceria diretamente com o Barclays, que apoiou a realização de atividades sociais e culturais.

Ao longo do projeto, os educadores construíram metodologias importantes, que foram inseridas no trabalho com os adolescentes. Uma delas foi a elaboração do Jogo de Profissões, um tabuleiro idealizado a partir da oficina de escolhas profissionais.

Esta experiência de trabalho com as Competências para a Vida com organizações voltadas para a promoção da cidadania e a empregabilidade se mostrou bastante apropriada para ampliar horizontes e promover o desenvolvimento integral dos adolescentes e jovens.

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Alguns dos resultados foram relacionados diretamente com a participação cidadã desses meninos e meninas:

1. Ampliação de repertório de ações sociais e políticas e desenvolvimento de comportamento proativo e crítico nos jovens, exercitado por meio de produção de vídeos, criação de blogs, páginas em redes sociais, execução de ações sociais, construção de documentos e depoimentos;

2. Geração espontânea de times voluntários de educação entre pares: jovens capacitados pelo projeto replicaram voluntariamente a metodologia em outras oportunidades oferecidas pelos parceiros locais para demais colegas e mesmo junto aos Centros da Criança e do Adolescente;

3. Inclusão do tema de participação política nas atividades pelos parceiros locais;

4. Produção de diagnóstico participativo dos problemas das comunidades realizada pelos adolescentes e jovens. O documento foi entregue diretamente ao coordenador da Coordenadoria da Juventude do município e contribuiu para composição de diagnóstico geral realizado pela coordenadoria.

Assim, o UNICEF entende que iniciou, com estes jovens, um processo de conscientização do que cada um tem de melhor dentro de si. O trabalho ajudou a ampliar tais potencialidades, construindo pontes para que eles alcancem todos os direitos que lhes são reservados: o direito a uma vida digna, plena, produtiva e feliz; o direito à educação de qualidade; o direito de conhecer o próprio corpo e zelar pela saúde e integridade de si mesmos e dos seus futuros parceiros; o direito de participar politicamente da vida do País; o direito de saber que a cidade e as instituições democráticas são por eles e para eles, para que alcancem oportunidades profissionais muito além dos seus próprios sonhos, e se orgulhem de serem quem são, de onde estão e do que fazem.

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AnexosNesta sessão, disponibilizamos algumas sugestões de dinâmicas para a aplicação da

metodologia utilizadas durante a implementação do projeto para sua consulta.

1. CraCHÁ

Objetivo: Fazer com que os jovens se apresentem ao grupo e iniciem a discussão sobre Competências, Habilidades e Atitudes.

Materiais: Tarjetas, barbante, caneta e lápis de cor.

Processo: Os jovens são convidados a desenhar algo que os represente numa tarjeta (que será o seu crachá) e, no verso, devem escrever suas principais qualidades. Após isso, se apresentam perante o grupo e o educador faz uma reflexão com a turma sobre as dificuldades encontradas, as potencialidades, e discutem os conceitos de Competências, Habilidades e Atitudes (p. 17 do guia Competências para a Vida).

Competências relacionadas: 1: Desenvolver o autoconhecimento, a autoestima e a autoconfiança; 15: Estabelecer relações interpessoais, afetivas e sustentáveis no âmbito da família e da comunidade; 18: Desenvolver a comunicação interpessoal.

(25 - 30 minutos)

2. O que vejo de onde estou

Objetivo: Trabalhar a alteridade e as diferenças de opiniões e pontos de vista entre os jovens.

Materiais: Uma pequena escada ou cadeira na qual o jovem poderá subir para falar à turma.

Processo: O educador convida um jovem para ir à frente e falar à turma o ponto de vista dele sobre determinado assunto, a critério do educador. Após isso, ele pode convidar outro jovem para expor uma outra opinião e discutir as diferentes visões, ressaltando a importância do respeito às opiniões contrárias.

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Competências relacionadas: 7: Desenvolver o pensamento analítico; 16: Adotar atitude de respeito à diversidade.

(15 - 20 minutos)

3. Estudo de caso

Objetivo: Trabalhar a comunicação e incentivar a discussão de temas em grupo, promovendo o autoconhecimento.

Materiais: Giz e lousa.

Processo: Jovens são solicitados a apresentar para o grupo uma síntese de um caso/história/tema (real ou fictício) em, no máximo, 2 minutos. O grupo elege um caso a ser discutido com mais profundidade. O educador então abre a discussão para a turma, buscando entender quais competências terão que ser mobilizadas para encaminhar as questões identificadas no caso.

Competências relacionadas: Varia de acordo com os temas discutidos pela turma.

Observações:

• A dinâmica não deve ser uma “terapia em grupo” e o educador deve exercer o papel de mediador da atividade, ponderando e ouvindo as partes e buscando possíveis resoluções à luz das competências necessárias para cada caso.

• Para preservar a privacidade dos jovens nesta atividade – e ao longo de todo o projeto –, indica-se a construção de um acordo de princípios éticos dentro do grupo, como não citação de nomes durante os relatos das histórias e o sigilo em relação às informações trazidas pelos jovens nas atividades.

(20 - 30 minutos)

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4. Dinâmica do ovo

Objetivo: Auxiliar os jovens a reconhecer papéis com os quais se identificam dentro de uma atividade em grupo, assim como habilidades e competências de que já dispõem.Materiais: Jornal, barbante, fita crepe, tesouras, copos plásticos, canudos, réguas e ovos.

Processo: Jovens são divididos em grupos de igual número com a tarefa de construir um aparato, fixado ao chão, para acolher um ovo em queda livre de uma altura de aproximadamente 3 metros. Ao final, o educador deve explorar sentimentos em relação ao sucesso ou insucesso, à atividade em grupo, aos papéis exercidos, à elaboração do plano etc.

Competências relacionadas: 1: Desenvolver o autoconhecimento, a autoestima e a autoconfiança; 7: Desenvolver o pensamento analítico; 14: Mediar e negociar; 19: Identificar quando os outros precisam de ajuda e adotar atitude de solidariedade.

(45 - 60 minutos)

Outras dinâmicas paraaplicação da metodologiaDesde a primeira oficina, em fevereiro de 2013, indicamos que tanto a metodologia como os materiais apresentados são guias para que os educadores possam desenvolver com os jovens as Competências para a vida. Com essa liberdade dada aos educadores, foi possível perceber no acompanhamento da equipe técnica do projeto algumas adaptações e criações por parte dos educadores, advindas de suas formações e larga experiência com adolescentes e jovens.

Abaixo, descrevemos algumas das atividades ocorridas dentro das organizações que buscaram trabalhar as competências de uma forma diferente.

1. Jogo da queimada

Utilizando as regras tão conhecidas do jogo da queimada, o Instituto Dom Bosco buscou discutir a questão dos papéis que cada um assume dentro de atividades coletivas – e, no caso, competitivas. Conceitos como a importância de se respeitar ao próximo, mesmo quando ele

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está na posição de se defender, da estratégia do grupo para atingir os objetivos e do respeito às regras do jogo foram debatidas durante a atividade e depois dela, reforçando os temas e as competências discutidos em sala de aula.

2. Dinâmica da torre

Dinâmica semelhante à do ovo. Ou seja, consiste em um desafio no qual a sala é dividida em alguns grupos que recebem um material e têm de construir um objeto – que, no caso, é uma torre de no mínimo 30 centímetros, cuja estrutura deve permanecer de pé.

Objetos criativos são valorizados e, assim como na dinâmica do ovo, o processo de construção da torre é observado pelos educadores, de modo a entender os papéis que os jovens assumem durante a elaboração e construção do objeto, subsidiando uma discussão sobre essas questões ao fim da atividade.

Questões como o processo de tomada de decisão, posturas de liderança, de gerência, de criatividade, de atitude e de construção são debatidas com a intenção de que os jovens se conheçam mais e vejam em que tipo de posição eles se sentem mais à vontade, e se isso é do agrado deles.

3. Dinâmica “Fim do Mundo”

Separação em dois grupos. O mundo irá acabar e os grupos terão que escolher três pessoas (de diferentes perfis, com muitos estereótipos. Ex: ex-militar acusado de pedofilia; ex-modelo tetraplégica; médico com suspeita de erro médico etc.) para reconstruir a humanidade.

Após a primeira rodada em que os grupos decidem as três pessoas escolhidas, é feita uma roda de conversa para apresentar as escolhas dos grupos. Em um segundo momento, os dois grupos deverão dialogar entre si para uma única decisão de toda a sala. Então, os jovens passam a argumentar sobre suas escolhas e tentar chegar a um consenso.

Essa dinâmica é também um momento rico para a discussão sobre preconceitos e estereótipos. Os educadores ressaltam que certas escolhas são baseadas no preconceito sobre determinada profissão, atitude ou condição física das pessoas, deixando de lado a importância que elas têm num contexto mais amplo. O respeito à diversidade (Competência 16) é, portanto, fundamental.

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4. Jogo “Hora do Rush”

Os educadores do Instituto Reciclar utilizam o jogo Hora do Rush para as discussões iniciais com os jovens sobre os 4 pilares da educação no século XXI - Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a conviver e Aprender a ser.

Como jogar: Para mover o carro vermelho, você só pode movimentar a peça para cima, baixo, esquerda e direita. Os jogadores têm como objetivo escapar do trânsito, fazendo com que o carro vermelho saia pela lateral.

Esse jogo, além de desenvolver o raciocínio lógico, desenvolve mais quatro habilidades: cognitivas, de resolver problemas e planejar e tomar decisões; sociais, como cooperar e colaborar; emocionais, como ter autoestima, autoconfiança e responsabilidade; e ética, como respeitar as diferenças e agir para o bem.

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