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Como Descartes ultrapassa o
cepticismo
As verdades auto-justificadas
Os argumentos cépticos1º - As ilusões dos sentidos: Muitas das nossas crenças estão
justificadas pelos sentidos, pela experiência de “ter visto”. Ora, os sentidos enganam-nos, conduzindo-nos a percepções erradas.
( este argumento é mais forte no século XVII por causa das discussões sobre o que se podia ver, com e sem telescópio)
2º Argumento: Divergência de opiniões
As divergências de opinião acerca de um mesmo assunto não podem ser resolvidas, porque não há, entre os entendidos sobre um assunto, um consenso acerca da verdade de uma proposição, logo, não poderemos saber quem tem razão, o que nos obriga a suspender o juízo.
3º Argumento “a priori”: Regressão infinita: O conhecimento é uma
crença verdadeira que exige uma justificação, ora cada crença apela a uma outra crença para se justificar, de modo que nenhuma crença está justificada, porque há sempre uma crença para a qual não há justificação.
Razões para duvidar “De há muito tinha notado que, pelo que respeita à conduta [na vida
prática e quotidiana], é necessário algumas vezes seguir como indubitáveis opiniões que sabemos serem muito incertas. Mas agora, que resolvera dedicar-me apenas à descoberta da verdade, pensei que era necessário proceder exactamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se após isso acaso ficaria qualquer coisa nas minhas opiniões que fosse inteiramente indubitável."
René Descartes, Discurso do Método,
Resposta de Descartes: A dúvida metódica
Utilizar a dúvida céptica.
Exagerar a dúvida céptica. (dúvida hiperbólica)
Superar a dúvida céptica.
Proposta da dúvida:
Não examinar todas crenças mas só os fundamentos das crenças
Fundamentos: a crença nos sentidos, na razão e em Deus.
As etapas da dúvida: Argumento da ilusão
dos sentidos Da existência da
realidade – O sonho Das verdades
matemáticas (génio maligno)
.
1ª Etapa – Os sentidos são enganadores
As verdades empíricas justificam-se com as percepções vividas. As percepções vividas não são sempre verdadeiras, podem enganar.
2ª Etapas: Sonho ou realidade?
Argumento do sonho
Como posso ter a certeza que existe uma realidade tal como a percepciono? Poderei estar a viver num sonho. Numa ficção produzida por alguém ou pelo meu pensamento.
3ª Etapa: E se existir um Deus enganador?
A dúvida hiperbólica. No lugar de um Deus
Bom vamos colocar um Génio maligno que atormenta e engana ao ponto de pensarmos estar certos de falsidades? matemáticas.
Consequência deste argumento:
Logo, até as verdades matemáticas podem ser incertas. O fundamento da razão é colocado em dúvida. A razão pode estar enganada. Há incerteza nas verdades puramente racionais.
A superação da dúvida. Se duvido, penso, se
penso, existo. Embora nada exterior seja certo, é certo o pensamento que se pensa a si próprio.
1ª CRENÇA BÁSICA: “Cogito ergo sum”
A ideia do cogito é sempre verdadeira
Porque é uma Ideia clara e distinta, logo evidente.
Porque negá-la é demonstrá-la.Porque se Auto-justificaÉ Inata à razãoFundamento de todo o conhecimento
O Solipsismo cartesiano
A Existência do pensamento é evidente, a existência dos corpos físicos não. Podemos supor que nada existe.
Saída do solipsismo: A existência de Deus - Argumento
Eu vejo claramente que sou imperfeito. Qual a causa desta ideia de perfeito? Não posso ser eu, não a natureza cuja realidade pode ser duvidosa. Só pode ser um ser com todas as perfeições. DEUS
2ª CRENÇA BÁSICA
Se Deus existe o génio maligno está afastado
Posso crer nas verdades matemáticas.Encontrar um método que permita unir
todo o conhecimento a partir de um modelo matemático.
Crer que só a razão pode encontrar os fundamentos inquestionáveis do conhecimento
(RACIONALISMO)
O dualismo corpo/alma A alma é de uma
substância diferente do corpo.
É mais evidente a existência da alma que a do corpo.
Argumento: é possível duvidar que tenho corpo mas não que penso. Logo, o corpo e a alma são substâncias diferentes.
3ª CRENÇA BÁSICA
Conclusão:
O mundo é composto de três substâncias: Divina, (Res divina); Pensante (Res cogitans) e Corporal ou material (Res extensa).
A razão humana é como a divina, apenas mais limitada mas capaz do conhecimento da verdade.
CONCEITOS: Racionalismo e Fundacionismo.
O racionalismo é uma posição filosófica sobre a origem ou fonte do nosso conhecimento sobre o mundo. Esta posição defende a existência de um conhecimento a priori. Esse conhecimento é verdadeiro e necessário.
Fundacionismo é uma posição sobre a justificação do conhecimento. Defende a existência de certas crenças básicas que se auto-justificam.
A resposta de David Hume.
"O que preocupa Hume é o conhecimento incerto, tal como o que é obtido de dados empíricos por inferências que não são demonstrativas. Isso inclui todo o nosso conhecimento a respeito do futuro, e a respeito de partes não observadas do passado e do presente. De facto, inclui tudo excepto, por um lado, observação directa, e, por outro, a lógica e a matemática."
Relações de ideias e questões de facto
Em primeiro lugar, David Hume separa conhecimento de relação de ideias e conhecimento de factos ou probabilidade. Se no conhecimento as “relações de ideias são dependentes das próprias ideias”, na probabilidade existem três relações: a identidade, as situações no tempo e lugar e a causalidade.
Todo o conhecimento é “a posteriori”
Hume nega a existência de princípios evidentes inatos em nós. Para ele, todo o conhecimento é como que uma cópia de algo, cujo objecto já tivemos acesso de alguma maneira.
As percepções humanas são primeiramente impressões sensíveis, exteriores ou interiores e só depois ideias.
Negação da evidência do cogito.
Hume nega a distinção entre os vários aspectos de uma pessoa e o sujeito que transporta essas mesmas características. Ou seja, quando fazemos uma introspecção, notamos um conjunto de percepções, sentimentos, memorias e pensamento, mas nunca nos apercebemos de algo a que possamos chamar de “eu”. Ou seja, o ser humano não passa de um conjunto de “percepções transitórias” que a nada pertencem e de um composto de elementos relacionados em permanente mudança.
Sobre Deus:
Hume diz ser impossível conhecer Deus pois a provas cartesianas estão fundadas na existência de ideias inatas, originárias da razão, nas quais não acredita. Ou seja, para ele o Homem não pode conhecer algo do qual não tem uma única percepção.
Não há justificações irrefutáveis.
David Hume também refuta a ideia de um conhecimento universal, claro e distinto. Visto que dentro das limitações o nosso conhecimento é sempre incompleto, a realidade reduz-se aos fenómenos aos quais os nossos sentidos têm acesso, sendo que cada um pode ter sensações diferentes nessa experiência, abrindo-se espaço à subjectividade.