como surgiu o Algodão

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O algodão é conhecido do homem desde os tempos mais remotos. A domesticação do algodoeiro ocorreu há mais de 4.000 anos no sul da Arábia e as primeiras referências históricas ao algodão estão no Código de Manu, do século VII a.C., considerado a legislação mais antiga da Índia. Os Incas, no Peru, e outras civilizações antigas, já utilizavam o algodão em 4.500 a.C. Os escritos antigos, de antes da Era Cristã, apontavam que as Índias eram a principal região de cultura e que o Egito, o Sudão e toda a Ásia Menor já utilizavam o algodão como produto de primeira necessidade. A palavra deriva de al-quTum, na língua árabe, porque foram os árabes que, na qualidade de mercadores, difundiram a cultura do algodão pela Europa. Ela gerou os vocábulos cotton, em inglês; coton, em francês; cotone, em italiano; algodón em espanhol e algodão em português. Somente a partir do segundo século da Era Cristã, o algodão se tornou conhecido na Europa, introduzido pelos árabes. Foram os árabes os primeiros a fabricarem tecidos e papeis com essa fibra e a Europa começou a usar regularmente o algodão na época das Cruzadas. No século XVIII, com o desenvolvimento de novas maquinas de fiação, a tecelagem passou a dominar o mercado mundial de fios e tecidos. Nos Estados Unidos, o algodão começou a ser usado como

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como srgiu o algodão no mundo e como foi utlizado desde o começo dos tempo.

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O algodo conhecido do homem desde os tempos mais remotos. A domesticao do algodoeiro ocorreu h mais de 4.000 anos no sul da Arbia e as primeiras referncias histricas ao algodo esto no Cdigo de Manu, do sculo VII a.C., considerado a legislao mais antiga da ndia. Os Incas, no Peru, e outras civilizaes antigas, j utilizavam o algodo em 4.500 a.C. Os escritos antigos, de antes da Era Crist, apontavam que as ndias eram a principal regio de cultura e que o Egito, o Sudo e toda a sia Menor j utilizavam o algodo como produto de primeira necessidade.

A palavra deriva de al-quTum, na lngua rabe, porque foram os rabes que, na qualidade de mercadores, difundiram a cultura do algodo pela Europa. Ela gerou os vocbulos cotton, em ingls; coton, em francs; cotone, em italiano; algodn em espanhol e algodo em portugus.

Somente a partir do segundo sculo da Era Crist, o algodo se tornou conhecido na Europa, introduzido pelos rabes. Foram os rabes os primeiros a fabricarem tecidos e papeis com essa fibra e a Europa comeou a usar regularmente o algodo na poca das Cruzadas. No sculo XVIII, com o desenvolvimento de novas maquinas de fiao, a tecelagem passou a dominar o mercado mundial de fios e tecidos.

Nos Estados Unidos, o algodo comeou a ser usado como cultura comercial nos estados da Carolina do Sul e da Gergia com a utilizao dos primeiros descaroadores de rolo. Em 1792, Eli Whitney inventou o descaroador de algodo, que conseguiu separar mecanicamente as sementes das fibras do algodo, deflagrando uma verdadeira revoluo na indstria de beneficiamento de algodo e contribuindo para transformar os Estados Unidos no maior produtor mundial de algodo.NO BRASIL

Os ndios j conheciam o algodo e dominavam o seu plantio desde antes do descobrimento do Brasil, sendo capazes de colher, fiar, tecer e tingir tecidos feitos com suas fibras. Eles convertiam o algodo em fios para a utilizao na confeco de redes e cobertores, aproveitavam a planta na alimentao e usavam suas folhas na cura de feridas.

A produo comercial do algodo comeou nos estados da Regio Nordeste e o primeiro grande produtor foi o Maranho que, em 1760, exportou para a Europa as primeiras sacas do produto. At ento, os produtores se dedicavam ao plantio do algodo arbreo perene, de fibras mais longas. O plantio do algodo herbceo, de fibra mais curta, porm mais produtivo, comeou em So Paulo, que se firmou como grande centro produtor por um perodo. Os altos custos das terras e a concorrncia de outras culturas, como a cana-de-acar e a soja, entretanto, foraram a cultura a buscar novas reas de plantio como Mato Grosso e Gois.EM MATO GROSSO

At o final dos anos 1990, Mato Grosso praticamente no tinha importncia como produtor de algodo, embora a regio de Rondonpolis (situada 210 km ao Sul de Cuiab) tenha ficado conhecida como a "Rainha do Algodo" nos anos 1960, com a predominncia de pequenos produtores.

Pode-se dizer que a histria da cotonicultura empresarial em Mato Grosso comeou com dois amigos: os paulistas Olacyr de Moraes e Igncio Mammana Netto. A eles se juntaram Benjamim Zandonadi, os primos Mario Patriota Fiori e Daniel Montoro e, num segundo momento, Adlton Sachetti.

importante lembrar que, na dcada de 80, ocorreram algumas experincias de cultivo mecanizado da fibra em Gois (com a famlia Maeda) e Mato Grosso do Sul (na regio de Dourados). Igncio Mammana Netto chegou a plantar algodo no Paran e foi l que conheceu o jovem engenheiro agrnomo Benjamim Zandonadi, quando ambos eram ligados Cooperativa Agrcola de Goioer (Coagel).

Segundo o paranaense Mario Patriota, foi Igncio quem sugeriu ao amigo Olacyr, no limiar dos anos 90, o plantio do algodoeiro no Chapado do Parecis, como alternativa monocultura da soja. Na poca, Benjamim, Mario e seu primo Daniel tambm buscavam uma cultura alternativa no Sul de Mato Grosso e acreditavam no potencial da regio de Itiquira para o cultivo do algodoeiro. Com o objetivo de conhecer as lavouras de algodo de Olacyr e Igncio, Benjamin e Mario (juntamente com seu tio Clvis Patriota) voaram at o Chapado do Parecis, onde visitaram as fazendas Itanorte (de Olacyr) e Cantagalo (de Igncio) e voltaram entusiasmados com os resultados alcanados com a variedade IAC 20.

Uma doena fngica (ramulose) alterou os planos de Olacyr e Igncio aps a safra 1990/91. Olacyr se manteve na regio de Campo Novo do Parecis e investiu recursos prprios numa pesquisa que culminou com o lanamento da variedade CNPA ITA 90 pelo Centro Nacional de Pesquisa de Algodo (atual Embrapa Algodo) - um trabalho conduzido pelo pesquisador Eleusio Curvelo Freire.

Igncio aceitou o convite de Benjamim e Mario para conhecer a regio de Itiquira e, diante da avaliao positiva da Embrapa Algodo em relao aos dados climticos da regio para o cultivo do algodoeiro, foram plantados 1.500 ha da variedade IAC 20 na safra 1991/92. Cada um tinha sua rea de lavoura e, enquanto Benjamim, Mario e Daniel cuidavam do preparo da terra, Igncio disponibilizava suas mquinas para a colheita. Os quatro montaram uma algodoeira no Distrito Industrial de Rondonpolis em sociedade.

"Iniciamos a atividade algodoeira com a viso de se produzir num modelo empresarial. No queramos comercializar o algodo in natura e, por isso, precisvamos de um volume de produo que viabilizasse o investimento para o beneficiamento e a comercializao do algodo em pluma", lembra Mario.

Uma das fazendas arrendadas por Igncio era vizinha da famlia Sachetti e Adlton (o mais velho de nove irmos) se encantou pela cultura do algodo. Os Sachetti fizeram um plantio experimental na safra 1992/93 e no pararam mais de plantar algodo. "Seu Igncio era uma pessoa muito bacana e queria ver todo mundo ganhando dinheiro com a fibra", diz Sachetti.

Crise e oportunidade - Foram tempos difceis para esses pioneiros e plenos de desafios. "Tnhamos que fazer o ajuste da cultura s condies climticas da regio e ainda enfrentar o descontrole da economia do Pas, com uma inflao galopante", recorda Zandonadi. O maior desafio veio com a crise aps a safra 1994/95, quando os agricultores ampliaram suas reas de lavoura animados com os resultados das safras anteriores.

Igncio, Benjamim, Mario e Daniel se entusiasmaram com a produtividade da variedade ITA 90, plantada numa rea experimental na safra 1992/93. Na safra 1994/95, foram cerca de 6.500 ha plantados com a ITA 90, porm os prejuzos causados por uma virose (a Doena Azul, que tambm afetou as lavouras de Olacyr de Moraes), motivada pelo excesso de chuvas e o descontrole de pragas vetores da doena, frustraram os planos dos pioneiros.

"Nossa expectativa era colher uma mdia de 270@/ha e colhemos uma mdia de 60@/ha. Passamos por uma situao extremamente difcil", conta Mario. Apesar de tudo, ele se sente orgulhoso de ter contribudo com outros pioneiros para alavancar a cotonicultura mato-grossense e acredita que a experincia vivida por eles motivou vrias iniciativas fundamentais para a consolidao do setor algodoeiro.

A crise provocada pela safra 1994/95 gerou muitas oportunidades. Em primeiro lugar, despertou o interesse da pesquisa (de imediato, foi criado um grupo voltado para o algodo na Fundao MT) e propiciou a criao do Programa de Apoio ao Algodo de Mato Grosso (Proalmat) e do Fundo de Apoio Cultura do Algodo (Facual) - aprovados em 1996, no Governo Dante de Oliveira, graas iniciativa de Cloves Vettorato, que d nome sede da Ampa/Aprosoja.

As dificuldades enfrentadas tambm estimularam os pioneiros e outros agricultores que tinham aderido a essa cultura na poca a fundarem a Associao Mato-grossense dos Produtores de Algodo (Ampa), em 1997. O mesmo grupo criou o Instituto Algodo Social (IAS), em 2005, e o Instituto Mato-grossense do Algodo (IMAmt), em 2007.

Aos poucos, a qualidade da pluma mato-grossense foi conquistando consumidores de outros estados brasileiros e do outro lado do mundo, consolidando um modelo de agricultura empresarial, altamente tecnificado, que contribuiu para que o Brasil voltasse a estar no ranking dos maiores exportadores. "A histria do algodo em Mato Grosso muito bonita e ela no foi feita por um s", resume Sachetti.REFERENCIASite :http://www.sincti.com/clientes/ampa/site/qs_historia.php