Como era bom chorar... - Danuza Leão
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Como
era
bom chorar...
Há quanto tempo você não chora
um choro
daqueles bem bons?
Alguns anos, e não por falta
de razões.
Houve uma época em que se ia ao cinema e bastava
aparecer uma criança castigada pelo destino e nossos olhos se
enchiam de lágrimas.
E se chorava também quando o final do
filme era feliz,
quando era infeliz;
e se ia para o banheiro aos prantos
quando na festa o homem que
a gente achava que amava
dançava com outra.
Aliás,
há quanto tempo
você não chora
nem por alguma injustiça
ou maldade que fizeram
com você?
Ou vai dizer que a vida
só faz te tratar bem?
Aprendemos a “segurar” quando
levamos uma rasteira, sofremos a deslealdade de um amigo ou a traição do
namorado, fingindo que a vida é
assim mesmo, para dar uma de
forte.
Depois dos 35, não se chora nem quando se
quebra a perna.
Aprendemos a conter nossas emoções.
Como os homens não choram, nós,
mulheres, resolvemos nos igualar a eles,
ficando tão duras quanto achamos que um homem deve ser – e alguns nem são.
Houve um tempo em que bastava que as mulheres chorassem para conseguir o que
queriam
– ah, bons tempos aqueles...
Hoje, se uma mulher deixar transparecer alguma dor, mesmo
que ele esteja fazendo as malas para deixá-la,
o mínimo que vai acontecer é ficar falando sozinha.
Homens costumam ter pavor a mulheres que se comportam como mulheres, a
não ser naquela hora – aquela.
Ou você nunca ouviu a frase
“Ah, não vai agora dar uma de
apaixonada”?
Que vida!
O que um homem
espera de uma
mulher?
Que ela seja quase
como um homem,
que entenda de economia,
de política internacional,
que se transforme em
surfista, tenista ou
golfista
– segundo as inclinações
dele, claro –,
– que tenha opinião sobre a seleção, seja independente
financeiramente, e tão bonita
quanto Fanny Ardant, tão feminina quanto
Jacqueline Bisset, tão boa mãe
quanto foi a dele, mas que na hora certa vire uma
louca desvairada de desejo
– por ele, claro.
S imples,
não?
Eles não sabem o que estão
perdendo.
Se tivessem um pouquinho
mais de sabedoria,
perceberiam que
não há nada melhor
do que um bom
aconchego durante
e depois de
uma crise de choro.
É preciso que as mulheres às vezes chorem, ou nunca poderão deitar a
cabeça num ombro masculino, que é tão
bom.
Se ninguém mostra suas fraquezas,
nenhuma relação pode existir, seja ela
de amizade ou de amor – paixão é outra
coisa.
E as mulheres às vezes
precisam de quem as
console, só que os homens
não sabem,
já que elas
não choram mais...
Mas, quando ele perceber que ela está
triste e tentando disfarçar, que passe a mão na sua cabeça e
diga apenas
“Ah, não chora, não, eu não posso ver você
chorar”.
Ela não vai se esquecer, jamais, do homem que lhe deu a chance de ser
mulher como antigamente.
E fique ele sabendo:
se um dia tiver uma crise
de impaciência diante de
uma mulher que sofre,
e seu melhor amigo
for ouvi-la,
depois não se queixe,
porque em mulher não se
pode confiar – não muito.
Elas não confessam
um passo em falso
nem sob tortura.
Se houver um clima
tipo interrogatório,
aí sim,
elas são capazes de chorar,
revoltadas com a
desconfiança masculina.
H omens e mulheres
bem que se merecem.
AUTORIA: Danuza Leão
FORMATAÇÃO: Mima (Wilma) Badan
MÚSICA: Cry me a river
Interpretação: Julie London
(Repasse com os devidos créditos)
BLOG: www.mimabadan.blogspot.com
PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS em:
www.slideshare.net/mimabadan