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CADERNOS DA EDITORIAL NOVEMBRO 2019 Po COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ COM OS POBRES

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CADERNOSDA EDITORIAL

NOVEMBRO 2019

PortuguesaCaritas´

COMISSÃO NACIONALJUSTIÇA E PAZCOM OS POBRES

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A ALIANÇA DO PENSAR E DO FAZER

EDITORIAL CÁRITAS Praça Pasteur, nº 11 — 2.º, Esq. | 1000 –238 [email protected] | Tel. +351 911 597 808, fax. +351 218 454 221

CADERNOS DA EDITORIALOrganizaçãO: Paulo NevesPaginaçãO: Rita Gomes

ÍNDICE

COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ 3Identidade e Missão

COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ 8Presidentes saudosos: Armando Sales Luís, Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva

COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ 12Mensagens 2019

CONFERÊNCIA ANUAL DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ 2019 14Com os Pobres

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O III DIA MUNDIAL DOS POBRES 24“A esperança dos pobres jamais se frustrará”

À CONVERSA COM PEDRO VAZ PATTO 32Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz

À CONVERSA COM EUGÉNIO FONSECA 35Presidente da Direção da Cáritas Portuguesa

À CONVERSA COM D. JOSÉ TRAQUINA 38Bispo de Santarém e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana

CONTACTOS DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ 42

CONTACTOS DAS COMISSÕES DIOCESANAS JUSTIÇA E PAZ 44

TÍTULOS PUBLICADOS 46

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) é um organismo laical da Con‑ferência Episcopal Portuguesa, que tem como finalidade promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja.As suas principais funções são o es‑tudo e divulgação da doutrina social da Igreja, apreciando e analisando problemas relativos ao desenvolvi‑mento dos povos, aos direitos hu‑manos, à justiça e à paz segundo o Evangelho.Fiel ao espírito do ensinamento social da Igreja, a CNJP procura prestar particular atenção aos gru‑pos mais vulneráveis da sociedade.

Além disso, procura estabelecer parcerias com entidades que prossi‑gam objetivos comuns e pratica uma metodologia de trabalho em rede com os diferentes parceiros, dentro de um espírito ecuménico e numa perspetiva de uma cidadania ativa e responsável.A missão da CNJP consiste em:• Estudar a doutrina social da

Igreja e contribuir para que seja divulgada e posta em prática;

• Coligir e analisar informações sobre situações e problemas, quer nacionais, quer interna‑cionais, relativos ao desenvolvi‑mento dos povos, aos direitos

COMISSÃO NACIONALJUSTIÇA E PAZIDENTIDADE E MISSÃO

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• A ética empresarial e a respon‑sabilidade social das empresas;

• A denúncia das grandes desi‑gualdades sociais, no nosso País e no Mundo;

• O empenhamento na luta con‑tra a pobreza e a exclusão social;

• A atenção devida à prossecução de uma globalização mais justa e um desenvolvimento sustentá‑vel para todos os povos;

• A denúncia das guerras e a promoção de uma cultura que privilegie as vias pacíficas de re‑solução de conflitos;

• A defesa de uma sociedade se‑gura e livre de armas;

• A defesa e a promoção da digni‑dade da vida humana;

• A educação para o desenvolvi ‑mento;

• A sensibilização das gerações mais novas para o seu empenha‑mento na construção da justiça e da paz.

A CNJP procura, nas suas iniciativas, estabelecer parcerias com organiza‑ções e associações, entre as quais se destacam: a Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Huma‑na, o Secretariado Nacional da Pas‑toral Social, a Cáritas Portuguesa, a ACEGE, a ACR, a JOC, a LOC ‑MTC, a SSVP, o FORCIM, entre outras.

humanos, à justiça e à paz, apre‑ciar tais situações e problemas segundo o Evangelho e a Dou‑trina Social da Igreja e dar a conhecer o resultado das suas reflexões;

• Esforçar ‑se por conhecer as denegações da justiça e as viola‑ções dos direitos humanos que se verifiquem em situações con‑cretas, recolhendo elementos objetivos e completos sobre tais situações, formular juízos acerca delas e afirmar a sua solidarie‑dade cristã para com as vítimas;

• Colaborar, dentro da sua finali‑dade, com a Conferência Epis‑copal Portuguesa, o Dicastério (da Santa Sé) para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral onde se enquadra o Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, as Comissões diocesanas de Justiça e Paz e outros orga‑nismos da Igreja, em particular com as Comissões nacionais de outros países;

• Estimular o compromisso escla‑recido e responsável dos cris‑tãos e dos cidadãos em geral no

campo das atividades político‑‑sociais e cívicas, respeitando a liberdade de cada um e o legiti‑mo pluralismo de opções;

• Promover ações de carácter eclesial em favor do desenvolvi‑mento dos direitos humanos, da justiça e da paz;

• Despertar a consciência de uma solidariedade e de uma res‑ponsabilidade verdadeiramente mundiais;

• Colaborar ativa e positivamente com outras igrejas cristãs, co‑munidades religiosas e com to‑dos os homens e mulheres que desejem a verdadeira paz.

A CNJP privilegia na sua interven‑ção e programa de ação os seguin‑tes domínios:• O aprofundamento e a difusão

da Doutrina Social da Igreja nas suas múltiplas vertentes;

• A defesa e promoção dos direitos humanos, incluindo sua componente económica e social;

• A problemática contemporânea do emprego, desemprego e dos direitos laborais;

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A nível internacional, por ocasião do 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Dicastério (da Santa Sé) para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, em colaboração com a Universidade Pontifícia Gre‑goriana, realizou em Roma, nos dias 10 e 11 de dezembro de 2018, um colóquio sobre Os Direitos Hu‑manos no Mundo Contemporâneo: Conquistas, Omissões, Negações.

Nele participaram, entre outros, representantes das comissões Justi‑ça e Paz de vários países. Aí se (re)afirmou a universalidade, inalienabi‑lidade e indivisibilidade de direitos que são decorrentes da dignidade inerente a toda a pessoa humana. Desde a mensagem inicial do Papa, foram uma evidência neste colóquio as omissões e negações no âmbito da proteção dos direitos humanos, a começar pelo direito à vida, que

atingem hoje sobretudo os mais po‑bres e vulneráveis, sendo sublinhado que é uma exigência do Evangelho combater tais omissões e negações. Num mundo marcado por inúme‑ros atentados aos direitos humanos, sentidos em vários quadrantes, este Encontro fez um forte apelo à paz, à semelhança do que ecoou há 70 anos quando foi proclamada a De‑claração Universal, pois, não há paz sem respeito pelos direitos huma‑nos e não há respeito pelos direitos humanos sem paz.Mais recentemente, de 11 a 14 de outubro de 2019, realizou ‑se um Encontro em Bratislava, na Eslová‑quia, das Comissões Justiça e Paz Europeias, subordinado ao tema: “Vier juntos na Europa – Paz, Justiça e Verdade após a queda da Cortina de Ferro”. Da Declaração final deste Encontro salienta ‑se que, pese em‑bora a remoção da cortina de ferro, “a liberdade é um projeto interminá‑vel sobre o qual temos de trabalhar diariamente (…) com um processo verdadeiro e profundo de reconci‑liação e a possibilidade de perdão”. A Europa como um todo continua

a “enfrentar problemas de pobreza e exclusão, migração e resolução de injustiças passadas”, pelo que é necessário “trabalhar juntos em so‑lidariedade para encontrar soluções comuns para estes desafios da liber‑dade”. Como tal, como Justiça e Paz Europa, refere a Declaração final, “aprendemos com a experiência eu‑ropeia do totalitarismo que as liber‑dades de expressão, crença, proprie‑dade e movimento são cruciais para reconhecer a imagem de Deus em todas as pessoas. Com base nestes valores, vemos o nosso papel como Comissões Justiça e Paz Europa no sentido de desafiar e incentivar a Igreja, governos, grupos cívicos e todos os cidadãos a promover a paz, a justiça e a verdade. Isso deve ser feito a nível individual, na escuta e construção de relacionamentos, mas também a nível estrutural, no governo e na formulação de políti‑cas públicas”.

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linhas sobre estes três “presidentes saudosos”. Quando penso nestas três figuras de meus antecessores, vem ‑me à mente aquela imagem, muitas vezes evocada em diferentes contextos, do anão em cima de gigantes. Sinto que os três contribuíram para que na Igreja e na sociedade portuguesas se criassem expectativas a respeito da missão da Comissão Nacional Jus‑tiça e Paz que representam, para os que dela hoje somos membros, uma grande responsabilidade. Sabemos que somos “anões”, mas também que beneficiamos do trabalho dos “gigantes” que nos precederam. De Alfredo Bruto da Costa e Ma‑nuela Silva já muito se escreveu sublinhando o papel que tiveram na sociedade portuguesa, muito para além da esfera eclesial. Podemos di‑zer que foi um papel histórico, pois foram dos primeiros a estudar o fe‑nómeno da pobreza em Portugal e a despertar a Igreja e a sociedade civil para a urgência de o erradicar, como violação da dignidade humana que é.Não me sinto habilitado a escre‑ver mais e melhor do que já se

tem escrito a respeito desse papel histórico.Penso que será mais oportuno parti‑lhar um pouco da minha experiência de convivência com esses três “pre‑sidentes saudosos” durante o pe‑ríodo em que fui vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz. Trata ‑se, pois, de um testemunho pessoal. Muito haveria a dizer a este respeito. Po‑deria, por exemplo, salientar como Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva, de maneiras muito diferentes, trabalhavam e levavam os outros a trabalhar com eles. Mas dessa con‑

COMISSÃO NACIONALJUSTIÇA E PAZPRESIDENTES SAUDOSOS: ARMANDO SALES LUÍS, ALFREDO BRUTO DA COSTA E MANUELA SILVA

Eu, Pedro Vaz Patto, fui convidado para ser vogal da Comissão Nacional Justiça e Paz há cerca de vinte anos por Armando Sales Luís. Da equipa que então se formou, faziam par‑te, como vice ‑presidentes, Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva. No final desse mandato, esta assumiu a presidência da Comissão, por mais dois mandatos, e nos dois mandatos seguintes foi Alfredo Bruto da Costa quem assumiu essa presidência. Fui vogal da Comissão durante todo esse período. Armando Sales Luís, Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva já terminaram a sua vida terre‑na. É com emoção que escrevo estas

«É com emoção que escrevo estas linhas sobre estes três “presidentes saudosos”.»

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Recordo muito bem, por exemplo, uma conversa em que Armando Sa‑les Luís me confidenciou que reser‑vava uma fração significativa das suas consultas como médico a pessoas a quem não cobrava honorários. Tam‑bém soube de uma jovem angolana que fez estudos universitários gra‑ças à ajuda regular de Manuela Silva (como uma verdadeira bolsa de es‑

tudo), que para tal reservava parte da sua pensão.Foram estes dois aspetos que mais me marcaram ao conhecer Ar‑mando Sales Luís, Alfredo Bruto da Costa e Manuela Silva, anteriores presidentes da Comissão Nacional Justiça e Paz com quem tive o pri‑vilégio de trabalhar e que recordo com saudade.

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vivência com os três, gostaria de sublinhar as duas conclusões que dela tirei que me parecem mais importantes.Para qualquer deles, as causas da justiça e da paz constituíam um ob‑jetivo a que dedicavam, de forma ab‑solutamente desinteressada e sem reservas, boa parte das suas vidas. Essa dedicação era uma consequên‑cia da fé cristã. Era esta que os mo‑via e lhes dava força. Por detrás dos empenhos sociais e, nalguns casos, também políticos, estava uma pro‑funda vida espiritual de união com

Deus. Sem os conhecer na intimida‑de, era isso que eu podia detetar nas suas palavras e atitudes.Por outro lado, as exigências de justiça e de serviço aos pobres não eram algo que para qualquer deles se traduzisse apenas (como muitas vezes sucede) em reivindicações a apresentar às instâncias do poder, ou em opções ideológicas sem con‑sequência no plano da vida pessoal. Eles próprios, sem disso fazerem qualquer publicidade, davam um tes‑temunho pessoal de uma vida sóbria e de serviço aos pobres.

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• Ao lado dos Pobres ‑ 22 de ju‑nho, a propósito do Encontro Na‑cional das Comissões Justiça e Paz

• A propósito do Assassinato da Irmã Maria Antónia ‑ 19 de setembro

• “E Deus viu que tudo era bom” ‑ 27 de setembro, a pro‑pósito do cuidado pela Criação

• Uma Vida ao Serviço da Jus‑tiça e da Paz ‑ 8 de outubro, a propósito do falecimento de Manuela Silva

• Dia Internacional contra a corrupção ‑ 26 de novembro, a propósito do Dia Internacional Contra a Corrupção.

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A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), no âmbito da sua Identida‑de e Missão tem emitido múltiplas mensagens, sobre as mais diversas problemáticas, no sentido de chamar a atenção da Igreja e da sociedade portuguesa para as mesmas e para um crescente esforço conjunto de promoção da justiça e da paz. Aqui enunciamos, de seguida, as dez men‑sagens que a CNJP emitiu ao longo do ano de 2019 e que podem ser consultadas, na íntegra, no site da Comissão Nacional Justiça e Paz, em http://www.ecclesia.pt/cnjp/

• A Boa Política ao Serviço da Paz ‑ 1 de janeiro, a propósito da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz

• Violência Doméstica ‑ 13 de fevereiro, a propósito do flagelo da violência doméstica

• “Fazer a Páscoa” ‑ Reflexão Quaresmal ‑ 26 de fevereiro, a propósito da Quaresma de 2019

• Solidariedade com Moçambi‑que por uma eco ‑justiça ‑ 8 de abril, a propósito do ciclone Idai.

• Um apelo ao Próximo Parla‑mento Europeu ‑ 29 de abril, a propósito das eleições para o Parlamento Europeu

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na sociedade portuguesa”, pelo que “o combate à pobreza dever ser, assim, um verdadeiro desígnio nacional”, sem esquecer também a “dimensão mundial da pobreza e as regiões do mundo onde ela assume uma intensidade muito superior à do nosso país”. Neste sentido, res‑saltou alguns aspetos da Mensagem do Papa para o III Dia Mundial dos Pobres centrada nas palavras do salmo 9: «A esperança dos pobres jamais se frustrará», concretamente, “velhas e novas formas de pobreza”, que devem ser denunciadas e levar a um “empenho prioritário dos cris‑tãos” perante as mesmas.De seguida, o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, depois de saudar todos os presentes, agra‑deceu à CNJP “por envolver também a Cáritas Portuguesa na preparação e concretização desta Conferência” traduzindo ‑se num sinal “da comu‑nhão fraterna que somos chamados a viver como cristãos”. Depois, felici‑tou pela “escolha do tema” – “Com os Pobres” reforçando o preposição “Com” e salientou que “a erradi‑cação da pobreza, na sua dimensão

absoluta, está ao alcance da Humani‑dade”, desde que haja uma “atuação permanente, sistemática e universal nas causas da pobreza, tendendo para a sua extinção, sem descurar o esfor‑ço, também permanente, sistemático e universal, de atenuação ‑solução de cada situação de pobreza”. No âmbi‑to da Sessão de Abertura, ambos os intervenientes evocaram a memória de dois presidentes da Comissão Nacional Justiça e Paz que já não es‑tão entre nós, de um modo especial, a professora Manuela Silva, falecida recentemente.

A Comissão Nacional Justiça e Paz, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa dedicado à análise e re‑flexão sobre questões da atualidade nacional e internacional ligadas à justiça e à paz, realizou a sua habitual

Conferência Anual no passado dia 9 de novembro de 2019, no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa. A temática da Conferência «Com os Pobres», esteve relacionada com o Dia Mundial dos Pobres, que se ce‑lebrou em data próxima, no âmbito da Igreja Católica.Na Sessão de Abertura, Pedro Vaz Patto, Presidente da Comissão Na‑cional Justiça e paz, depois de saudar todos os presentes, recordou que a Conferência Anual da CNJP está as‑sociada à celebração do III Dia Mun‑dial dos Pobres. Salientou que “não podemos ignorar ou desvalorizar (como se de uma fatalidade se tratasse) a problemática da pobreza

CONFERÊNCIA ANUALDA COMISSÃO NACIONALJUSTIÇA E PAZ 2019COM OS POBRES

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De seguida, Pedro Vaz Patto intro‑duziu a apresentação do Cardeal Juan Omella, atualmente Cardeal de Barcelona, mas que durante vários anos foi responsável da Comissão de Pastoral Social da Conferência Episcopal Espanhola, denotando a sua particular atenção e sensibilida‑de para com a questão da pobreza. Como tal, o tema da sua interven‑ção foi “Viver a opção preferencial pelos pobres hoje na Europa”.

O Cardeal Omella começou por se referir à génese da expressão “op‑ção preferencial pelos pobres” que situou nos meados do século XX, nos anos precedentes ao Concílio Vaticano II em que a Igreja assume, de uma forma mais evidente e explí‑cita, as suas raízes bíblicas e, de um modo especial, cristológicas; e, nos anos posteriores ao Concílio, em que se verifica uma crescente cons‑ciência social sobre a relação entre fé e justiça e entre evangelização e promoção da justiça (a este propó‑sito, citou a II Assembleia ordinário do Sínodo dos bispos, de 1971; a Exoração Apostólica do papa Paulo VI, Evangelii Nuntiandi, de 1974; entre outros). Seja como for, referiu que a expressão “opção preferencial pelos pobres” surge na América Latina, único continente simultaneamente “pobre e cristão” (as Conferências dos Bispos da América Latina, de Medellin em 1968 e de Puebla em 1979, são dois marcos importantes a este nível). Aliás, é nesta última que a expressão surge pela primeira vez. Por sua vez, o magistério universal recente incorpora a expressão

(como o testemunham a Redempto-ris Mater, de São João Paulo II, n.º 37, de 1987; a Sollicitudo Rei Socia-lis, n.º 42, de 1987; a Tertio Millenio Adveniente; a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, n.º 198, do Papa Francisco; entre outros). Assim, a expressão “opção preferencial pelos pobres” tem raízes e conteúdo pro‑fundamente bíblico, estava implícita em alguns documentos do Concílio Vaticano II e hoje faz parte integran‑te da linguagem oficial do magistério da Igreja. Depois, num segundo mo‑mento, o Cardeal de Barcelona pro‑cedeu a uma análise sucinta de cada um dos termos da expressão, ou seja, “opção” (isto é, amor ou forma especial de primazia no exercício da caridade cristã), “preferencial” (isto é, de predileção) pelos “pobres” (isto é, por toda a pessoa que neces‑sita de misericórdia: presos, migran‑tes, refugiados, drogados, mendigos, doentes, idosos abandonados, as vítimas de catástrofes naturais, os perseguidos por motivos religiosos, as vítimas de violência, as vítimas de aborto, as crianças abandonadas a viver nas ruas, os desempregados, os

eu sofrem uma grande precariedade laboral e existencial, as vítimas das desigualdades e de uma “economia que mata”, os “descartados”, entre outros). Depois, apontou algumas falsas leituras da expressão “opção preferencial pelos pobres”, ou seja, de que esta expressão “não é uma prioridade recente para a Igreja mas é necessário clarificar algumas de‑formações que foram feitas da mes‑ma, a saber: “a libertação é, antes de mais e principalmente, libertação da escravidão radical do pecado”; “não caiamos na tentação de colocar o acento numa libertação apenas de ordem terrena e temporal”; “a Igreja não pode perder a sua identidade para se tornar uma ONG marca‑da apenas por um mero ativismo social”; “a vida cristã e a vontade de Deus não se resume a ir à missa mas a ter em conta, essencialmente, as per‑guntas do juízo final – cf. Mateus 25, 31 ‑46”; “a solução está na coerência de vida de cada cristão em viver esta opção preferencial pelos pobres”. Por fim, o Cardeal Omella propôs um “Decálogo para passar da reflexão à ação”, com as seguintes propostas:

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“1. Ninguém ama o que não conhe‑ce – quanto pobres conheço pelo seu nome?; 2. Cristo escolheu um estado de pobreza para mostrar em que consiste a verdadeira riqueza; 3. Sou dos que descarto os outros?; 4. A pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de atenção es‑piritual; 5. Não somos proprietários dos bens mas apenas seus adminis‑tradores – recebemo ‑los para os partilhar; 6. Quais são as minhas preferências? Os pobres chateiam‑‑me?; 7. Até onde e até quanto dar? Até que doa!; 8. Deixei de anunciar o

Evangelho para cuidar dos pobres?; 9. Compadeço ‑me do meu irmão ou irmã – o que faço para mudar a situação nos seus países de origem?; 10. O que posso eu fazer para atacar as causas estruturais deste proble‑ma? Entrar na política?”. Depois, foi a vez de Joana Silva, profes‑sora da Universidade Católica de Lis‑boa, que apresentou uma perspetiva económica da pobreza. Neste sentido, salientou que “a pobreza global é um desafio do nosso tempo que afeta muitas pessoas”, que “assume muitas formas”, que “determina assume o

sucesso desde a nascença”, que “é difícil de ultrapassar” “mas pode ser ultrapassada”, como o teste‑munham muitos países que tinham pobreza extrema até há pouco tempo, contrariados, no entanto, em certa medida, pelas recentes “crises económicas”. Perante este cenário, Joana Silva colocou os presentes perante a seguinte questão: “Pode o mundo acabar com a pobreza em todas as suas formas em todos os lugares?”. Para tentar responder a esta questão referiu ‑se, em primeiro lugar, a alguns sinais indicadores de “progresso” e que passam por “uma diminuição acentuada das taxas de extrema pobreza e forte crescimen‑to da classe média”, por “melhorias em indicadores multidimensionais como a esperança média de vida, a mortalidade infantil, os anos de edu‑cação”, entre outras, resultantes de um certo grau de crescimento eco‑nómico e de políticas em conformi‑dade ligadas essencialmente à saúde e à educação. Depois, a realidade atual coloca ‑nos perante alguns “de‑safios”, a saber: “ a redução da po‑breza global vai abrandar”; “à medida

que a frequência escolar aumenta, os resultados de aprendizagem melho‑ram mais lentamente”, “a taxa de po‑breza global tornou ‑se cada vez mais associada à fragilidade institucional e conflito”, “desigualdades espaciais importantes permanecem, mesmo dentro dos mesmos países”, “os de‑safios de medição afetam ‑nos muito mais do que pensamos” e o “espaço fiscal limitado reduz margem de ma‑nobra”. Perante tal cenário, questio‑nou a professora Joana Silva, “o que podemos fazer?” e apontou algumas pistas: “continuar o bom trabalho que tem sido feito, em que muitas instituições em todo mundo estão a ter um enorme impacto nas suas co‑munidades, países ou mundo”; “ado‑tar novas abordagens, experimentar e avaliar” tendo em conta, de um modo especial, “experiências sociais”; investir mais na “saúde” e no “acesso à educação”; “abordar as causas da pobreza”; “experimentar, ajustar, ava‑liar e obter a maneira mais eficiente de implementar um programa de luta contra a pobreza”; e “pensar não só no curto ‑prazo mas também no longo ‑prazo”.

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A parte da tarde desta Conferência Anual da CNJP começou com a in‑tervenção com a intervenção de Pe‑dro Góis, professor da Universidade de Coimbra que abordou a temática atualíssima das “migrações, pobreza e desenvolvimento”.O professor Pedro Góis realçou que “a pobreza, seja no plano individual, familiar ou comunitário, constitui sempre uma experiência humana especialmente dolorosa, marcando os rostos de todas as idades”, sen‑do, como tal, “difícil criar uma de‑finição suficientemente abrangente

para a explicar”. Seja como for, “um conceito intimamente ligado ao de pobreza é o conceito de exclusão social”, resultante de uma “agudi‑zação” das desigualdades sociais. Nesta linha referiu ‑se ao estudo da Cáritas “Casa Comum – Migrações e Desenvolvimento em Portugal. Avançar nas práticas: rumo à inclu‑são e coesão social”, elaborado por si enquanto investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, com o apoio de Filipa Abecasis, Joana Alfaiate e Mariana Hancock (da Cáritas Portuguesa) e

de Letizia Lozano (da Caritas Euro‑pa), o qual faz “um retrato da emi‑gração e da imigração tendo como referência Portugal”. Apesar de nes‑te estudo a pobreza dos emigrantes ou dos imigrantes não ter sido “um traço distintivo”, assinala ‑se que “os estrangeiros residentes em Portugal estão em maior risco de pobreza, de discriminação e exclusão social do que os residentes portugueses”, chamando ‑se ainda a atenção “para os riscos de vulnerabilidade a que estão sujeitos os estrangeiros em Portugal (por exemplo, a ausência de capital social, o desconhecimento da realidade nacional, a ausência de informação)”. Além disso, o investi‑gador destas matérias também refe‑riu que “as teorias migratórias nos dizem que não são os mais pobres que emigram”. No entanto, estas são “teorias feitas pelos teóricos dos países ricos” sendo que “novos dados mostram ‑nos que não é bem assim”, ou seja: “os mais pobres só não migram para países mais ricos, mas migram para os países vizinhos (menos pobres) ou no interior dos países pobres (em direção às

cidades)” Por outro lado, “os mais pobres, muitas vezes não querem migrar, mas são obrigados a fugir: da fome, da miséria, das guerras, da perseguição social por serem po‑bres”. Estes são os que chamamos “refugiados”. Quanto à relação das migrações com o desenvolvimen‑to, ela tem a ver com a criação de riqueza, com as remessas que os migrantes enviam para os seus paí‑ses, com o despertar de habilidades escondidas e que permitem criar novos empreendedores, cientistas ou técnicos onde só parecia haver pobreza, entre outros aspetos que valorizam a pessoa e a comunida‑de. Por fim, acentuou que “falar de migrantes, de refugiados ou de de‑senvolvimento é hoje mais difícil do que no passado”, pois, “a indiferen‑ça” tem sido uma marca muito forte do nosso tempo, pelo que, rematou, “talvez seja altura de refundar o simples ato de receber, de acolher, de criar empatia, resumindo, o ato de ser cristão”, como nos recor‑da o Papa Francisco na Exortação Apostólica “Gaudete et Exsultate”: a “única atitude condigna é colocar ‑se

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na pele do irmão que arrisca a vida para dar um futuro aos seus filhos. Poderemos nós reconhecer que é precisamente isto o que nos exige Jesus quando diz que a Ele mesmo recebemos em cada forasteiro”.Seguiram ‑se duas intervenções, em jeito de testemunho, a primeira, por Maria do Carmo Fernandes, dos “Lei‑gos para o Desenvolvimento”, que apresentou uma experiência de aten‑ção a rostos da pobreza em África, e a segunda, por Isaurindo Oliveira,

presidente da Cáritas Diocesana de Beja, que apresentou uma experiên‑cia de atenção a rostos da pobreza entre imigrantes que vivem na região do Alentejo.

O Encerramento dos trabalhos coube a D. José Traquina, Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana que, de‑pois de saudar todos os presentes e de agradecer as belíssimas interven‑ções proferidas, salientou que apesar de proceder ao “encerramento da Conferência Anual”, jamais de pode fazer “o encerramento do assunto aqui aprofundado”, pois, “o Evan‑gelho é exatamente isso: uma Boa

Nova a ser anunciada aos pobres” (cf. Lc 4,1 ‑13.16 ‑21 e, nessa linha, Cf. Constituição Pastoral Gaudium et Spes, 88; a Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, do Papa Francisco, n. 198, 259, entre outros). Depois, referiu que “segundo vários intér‑pretes, a maior crise na atualidade, especialmente na Europa, não é a crise económica mas é a crise de espiritualidade. A dificuldade de considerar os pobres, existe a par de

uma ‘secura espiritual’. É necessário reconhecer que Francisco de Assis, João Bosco, Vicente de Paulo, Frederico Ozanan, Teresa de Cal‑cutá, Padre Américo, entre outros, tinham consigo aquele Fogo do Alto que Jesus veio trazer à Terra. E por isso, os seus corações e as suas vidas são para nós referências do Evange‑lho vivo, referências de uma Igreja com alma, disponível, atenta e com prioridades definidas”. E, perante estes testemunhos, questionou: “E nós? Qual é a nossa prioridade?”, rematando com a interpelação do Espírito Santo da necessidade de “saber ver Cristo nos pobres”.O dia terminou com a celebração de uma Missa, presidida pelo Car‑deal Omella, evocativa do 30º dia da partida desta terra de Manuela Silva, anterior presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.

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pobre seja humilhado, sem intervir em sua ajuda? Por que consente que o opressor tenha vida feliz, enquan‑to o seu comportamento haveria de ser condenado precisamente devido ao sofrimento do pobre? No perío‑do da redação do Salmo, assistia ‑se a um grande desenvolvimento econó‑mico, que acabou também – como acontece frequentemente – por gerar fortes desequilíbrios sociais. A desigualdade gerou um grupo con‑siderável de indigentes, cuja condi‑ção aparecia ainda mais dramática quando comparada com a riqueza alcançada por poucos privilegiados. Observando esta situação, o autor sagrado pinta um quadro realista e muito verdadeiro. Era o tempo em que pessoas arrogantes e sem qualquer sentido de Deus espiavam os pobres para se apoderar até do pouco que tinham, reduzindo ‑os à escravidão. A realidade, hoje, não é muito diferente! A numerosos gru‑pos de pessoas, a crise económica não lhes impediu um enriqueci‑mento tanto mais anómalo quando confrontado com o número imenso de pobres que vemos pelas nossas

estradas e a quem falta o necessário, acabando por vezes humilhados e explorados. Acodem à mente estas palavras do Apocalipse: «Porque dizes: “sou rico, enriqueci e nada me falta”, e não te dás conta de que és um infeliz, um miserável, um pobre, um cego, um nu?» (3, 17). Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem res‑peito ao passado, mas ao nosso pre‑sente submetido ao juízo de Deus. 2. Também hoje devemos elencar mui‑tas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças. Todos os dias encontramos famílias obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência noutro lugar; órfãos que perderam os pais ou foram vio‑lentamente separados deles para uma exploração brutal; jovens em busca duma realização profissional, cujo acesso lhes é impedido por míopes políticas económicas; vítimas de tantas formas de violência, desde a prostituição à droga, e humilhadas no seu íntimo. Além disso, como

1. «A esperança dos pobres jamais se frustrará» (Sal 9, 19). Estas palavras são de incrível atualidade. Expressam uma verdade profunda, que a fé consegue gravar sobretudo no coração dos mais pobres: a esperança perdida devido às injustiças, aos sofrimentos e à preca‑riedade da vida será restabelecida. O salmista descreve a condição do pobre e a arrogância de quem o oprime (cf. Sal 10, 1 ‑10). Invoca o juízo de Deus, para que seja restabelecida a justiça e vencida a iniquidade (cf. Sal 10, 14 ‑15). Parece ecoar nas suas palavras uma questão que atravessa o decurso dos séculos até aos nossos dias: como é que Deus pode tolerar esta desigual‑dade? Como pode permitir que o

MENSAGEMDO PAPA FRANCISCO PARAO III DIA MUNDIAL DOS POBRES

«A esperança dos pobres jamais se frustará»

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túnel da miséria. Chegou ‑se ao ponto de teorizar e realizar uma arquitetu‑ra hostil para desembaraçar ‑se da sua presença mesmo nas estradas, os últimos espaços de acolhimento. Vagueiam duma parte para outra da cidade, esperando obter um empre‑go, uma casa, um afeto… Qualquer possibilidade que eventualmente lhes seja oferecida, torna ‑se um vislumbre de luz; e mesmo nos lu‑gares onde deveria haver pelo me‑nos justiça, até lá muitas vezes se abate sobre eles violentamente a prepotência. Constrangidos durante horas infinitas sob um sol abrasador para recolher a fruta da época, são recompensados com um ordenado irrisório; não têm segurança no tra‑balho, nem condições humanas que lhes permitam sentir ‑se iguais aos outros. Para eles, não existe fundo de desemprego, liquidação nem sequer a possibilidade de adoecer. Com vivo realismo, o salmista descreve o comportamento dos ricos que rou‑bam os pobres: «Arma ciladas para assaltar o pobre e (…) arrasta ‑o na sua rede» (cf. Sal 10, 9). Para eles, é como se se tratasse duma caçada,

na qual os pobres são perseguidos, presos e feitos escravos. Numa con‑dição assim, fecha ‑se o coração de muitos, e leva a melhor o desejo de desaparecer. Em suma, reconhecemos uma multidão de pobres, muitas vezes tratados com retórica e suportados com fastídio. Como que se tornam invisíveis, e a sua voz já não tem força nem consistência na sociedade. Ho‑mens e mulheres cada vez mais estra‑nhos entre as nossas casas e margina‑lizados entre os nossos bairros.De seguida, o Papa salienta toda a riqueza do salmo 9 e de outras cita‑ções bíblicas complementares onde se evidencia o encontro de Deus com os pobres e dos pobres com Deus.7. «A opção pelos últimos, por aque‑les que a sociedade descarta e lança fora» (cf. Francisco, Exortação apos‑tólica Evangelii gaudium, 195), é uma escolha prioritária que os discípulos de Cristo são chamados a abraçar para não trair a credibilidade da Igreja e dar uma esperança concre‑ta a tantos indefesos. É neles que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus

esquecer os milhões de migrantes vítimas de tantos interesses ocultos, muitas vezes instrumentalizados para uso político, a quem se nega a solidariedade e a igualdade? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas estradas das nossas cidades? Quantas vezes ve‑mos os pobres nas lixeiras a catar o descarte e o supérfluo, a fim de encontrar algo para se alimentar ou vestir! Tendo ‑se tornado, eles pró‑prios, parte duma lixeira humana,

são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo. Aos pobres, fre‑quentemente considerados parasi‑tas da sociedade, não se lhes perdoa sequer a sua pobreza. A condenação está sempre pronta. Não se podem permitir sequer o medo ou o desâ‑nimo: simplesmente porque pobres, serão tidos por ameaçadores ou incapazes. Drama dentro do drama, não lhes é consentido ver o fim do

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Antes de tudo, os pobres precisam de Deus, do seu amor tornado visí‑vel por pessoas santas que vivem ao lado deles e que, na simplicidade da sua vida, exprimem e fazem emer‑gir a força do amor cristão. Deus serve ‑se de tantos caminhos e de infinitos instrumentos para alcançar o coração das pessoas. É certo que os pobres também se aproximam de nós porque estamos a distribuir ‑lhes o alimento, mas aquilo de que ver‑dadeiramente precisam ultrapassa a sopa quente ou a sanduíche que oferecemos. Os pobres precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de

novo o calor do afeto, da nossa pre‑sença para superar a solidão. Preci‑sam simplesmente de amor... 9. Por vezes, basta pouco para res‑tabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, dei‑xemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invo‑camos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar: são jo‑vens e idosos sozinhos que se hão de convidar a entrar em casa para partilhar a refeição; homens, mulhe‑res e crianças que esperam uma pa‑lavra amiga. Os pobres salvam ‑nos, porque nos permitem encontrar o

sofrimentos com o amor de Cristo recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho. O compromisso dos cristãos, por ocasião deste Dia Mun‑dial e sobretudo na vida ordinária de cada dia, não consiste apenas em ini‑ciativas de assistência que, embora louváveis e necessárias, devem ten‑der a aumentar em cada um aquela atenção plena, que é devida a toda a pessoa que se encontra em dificul‑dade. «Esta atenção amiga é o iní‑cio duma verdadeira preocupação» (ibid., 199) pelos pobres, buscando o seu verdadeiro bem. Não é fácil ser testemunha da esperança cristã no contexto cultural do consumismo e do descarte, sempre propenso a aumentar um bem ‑estar superficial e efémero. Requer ‑se uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial, para encarnar e tornar in‑cisivo o anúncio do Reino de Deus. A esperança comunica ‑se também através da consolação que se im‑plementa acompanhando os pobres, não por alguns dias permeados de entusiasmo, mas com um com‑promisso que perdura no tempo. Os pobres adquirem verdadeira

esperança, não quando nos veem gratificados por lhes termos con‑cedido um pouco do nosso tempo, mas quando reconhecem no nosso sacrifício um ato de amor gratuito que não procura recompensa.8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido o mérito de ter sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos po‑bres, peço para crescerem na sua dedicação. Queridos irmãos e irmãs, exorto ‑vos a procurar, em cada po‑bre que encontrais, aquilo de que ele tem verdadeiramente necessida‑de; a não vos deter na primeira ne‑cessidade material, mas a descobrir a bondade que se esconde no seu coração, tornando ‑vos atentos à sua cultura e modos de se exprimir, para poderdes iniciar um verdadeiro diá‑logo fraterno. Coloquemos de parte as divisões que provêm de visões ideológicas ou políticas, fixemos o olhar no essencial que não precisa de muitas palavras, mas dum olhar de amor e duma mão estendida. Nunca vos esqueçais que «a pior discrimi‑nação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual» (ibid., 200).

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que este Dia Mundial possa reforçar em muitos a vontade de colaborar concretamente para que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade. Acompanhem ‑nos as palavras do profeta que anuncia um futuro diferente: «Para vós, que res‑peitais o meu nome, brilhará o sol de justiça, trazendo a cura nos seus raios» (Ml 3, 20).

Vaticano, na Memória litúrgica de Santo António de Lisboa, 13 de ju‑nho de 2019 (Da Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres celebra‑do no dia 17 de novembro 2019)

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rosto de Jesus Cristo. Aos olhos do mundo, é irracional pensar que a po‑breza e a indigência possam ter uma força salvífica; e, todavia, é o que en‑sina o Apóstolo quando diz: «Huma‑namente falando, não há entre vós muitos sábios, nem muitos podero‑sos, nem muitos nobres. Mas o que há de louco no mundo é que Deus escolheu para confundir os sábios; e o que há de fraco no mundo é que Deus escolheu para confundir o que é forte. O que o mundo considera vil e desprezível é que Deus esco‑lheu; escolheu os que nada são, para reduzir a nada aqueles que são al‑guma coisa. Assim, ninguém se pode vangloriar diante de Deus» (1 Cor 1, 26 ‑29). Com os olhos humanos, não se consegue ver esta força salvífica; mas, com os olhos da fé, é possível vê ‑la em ação e experimentá ‑la pes‑soalmente. No coração do Povo de Deus em caminho, palpita esta força salvífica que não exclui ninguém, e a todos envolve numa verdadeira peregrinação de conversão para re‑conhecer os pobres e amá ‑los.10. O Senhor não abandona a quem O procura e a quantos O invocam;

«não esquece o clamor dos pobres» (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias condi‑ções de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão. A sua condição de pobreza não lhe tira a dignidade que recebeu do Criador; vive na certeza de que a mesma ser ‑lhe ‑á restabelecida ple‑namente pelo próprio Deus. Ele não fica indiferente à sorte dos seus fi‑lhos mais frágeis; pelo contrário, ob‑serva as suas fadigas e sofrimentos, para os tomar na sua mão, e dá ‑lhes força e coragem (cf. Sal 10, 14). A esperança do pobre torna ‑se forte com a certeza de que é acolhido pelo Senhor, n’Ele encontra verdadeira justiça, fica revigorado no coração para continuar a amar (cf. Sal 10, 17). Aos discípulos do Senhor Jesus, a condição que se lhes impõe para serem evangelizadores coerentes é semear sinais palpáveis de esperan‑ça. A todas as comunidades cristãs e a quantos sentem a exigência de levar esperança e conforto aos po‑bres, peço que se empenhem para

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e também nos planos mais globais da ordenação social e política, na‑cional e internacional.Por outro lado, a mensagem do Papa sublinha também que os po‑bres não são «números de uma estatística», são «pessoas a quem devemos encontrar, que esperam uma palavra amiga, que se hão de convidar para entrar em casa e partilhar a refeição»

O que implica atender a dimensões da pobreza que não se restringem à privação de bens materiais. A so‑lidão, a falta de esperança, a deso‑rientação existencial, são também vertentes da pobreza.E implica também tratar cada pobre como pessoa “única e irre‑petível”, que tem talentos (talvez escondidos) e que não se limita a receber ajudas, também pode dar. EditOrial Cáritas (EC): Que princi‑

pais conclusões resultam da Con‑ferência Anual da CNJP deste ano subordinada ao tema ”Com os Po‑bres” e que teve como pano de fun‑do a Mensagem do Papa Francisco para o II Dia Mundial dos Pobres ‑ “A esperança dos pobres jamais se frustrará”?

PEdrO Vaz PattO (PVP): Da Con‑ferência não resultaram pro‑priamente “conclusões” formal‑mente enunciadas. Pela minha parte, baseando ‑me, sobretudo, na mensagem do Papa que serviu de inspiração à Conferência e na comunicação nela apresentada pelo cardeal Omella (arcebispo de Barcelona) sobre «a opção pre‑

ferencial (ou amor preferencial) pelos pobres hoje na Europa», eu sublinharia dois aspetos.O amor preferencial pelos pobres é um empenho prioritário para os cristãos porque Jesus Cristo se identifica com o pobre. Afir‑ma o Papa na sua mensagem que «esquivar ‑se a esta identificação é ludibriar o Evangelho e diluir a Re‑velação». É trair «a credibilidade da Igreja», porque é nesse amor que a caridade cristã «encontra a sua prova real».Nestas tão inequívocas palavras, encontramos a motivação mais profunda para uma dedicação constante e coerente às causas do combate à pobreza, no plano das re‑lações interpessoais de proximidade

À CONVERSA COM

PEDRO VAZ PATTO

PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL JUSTIÇA E PAZ

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EC: Enquanto Presidente da Co‑missão Nacional Justiça e Paz, que tem como finalidade “promover e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja”, quais são os principais desafios que se lhe colocam no con‑texto espácio temporal em que nos encontramos?

PVP: A questão do combate à pobreza, que serviu de temática da nossa Conferência Anual e que desde há muito (em especial desde os mandatos de anteriores presidentes, como Manuela Silva e Alfredo Bruto da Costa) tem me‑recido a nossa atenção, continuará a ser objeto da nossa intervenção, porque o fenómeno permanece no nossa país, com alterações não muito relevantes, como o revelam os últimos dados do I.N.E..Mas os desafios que hoje nos são colocados são muitos: o trabalho e a vida familiar, as incontornáveis migrações e relações entre cultu‑ras diferentes, as questões ecoló‑gicas (nas suas vertentes ambiental, social e humana), as inovações

tecnológicas e os seus reflexos nas relações sociais e laborais, a paz e a justiça nas relações internacionais, as violações da liberdade religiosa em todo o mundo, entre outros.Perante estes desafios, os princí‑pios da doutrina social da Igreja (da dignidade da pessoa humana, do bem comum, da solidariedade e da subsidiariedade) fornecem‑‑nos pistas iluminadoras, mas não dispensam contributos criativos da parte da reflexão de cada um de nós. A Comissão Nacional Justiça e Paz procura dar esses contributos, consciente das suas limitações.É também um desafio fazer com que a luz desses princípios dou‑trinais e esses contributos sejam ouvidos para além dos ambientes da Igreja, por toda a sociedade, como serviço que a esta queremos prestar.

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EditOrial Cáritas (EC): A partir do tema e da avaliação que faz da Conferência Anual da CNJP: “Com os Pobres”, que desafios derivam, a seu ver, do pronome que lhe está explícito?

EugéniO FOnsECa (EF): Felicito a Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) pela escolha do tema que deu o mote à sua Conferência Anual, bem como os temas que preencheram o dia com ricas re‑flexões. A minha gratidão por te‑rem dado a possibilidade à Cáritas Portuguesa de integrar a Comissão organizadora, apesar do nosso contributo ter sido muito ténue.Na minha perspetiva, os desafios são vários. Desde logo, o apelo a

que, no combate à pobreza, deixe‑mos de atuar para e pelos pobres, mas invistamos, cada vez mais, numa estratégia que os inclua diretamente nos processos que possam livrá ‑los das condições em que se encon‑tram. É preciso, de verdade, dar voz e vez aos pobres. Um dos sonhos que alimento é ver algumas pessoas em situação de pobreza a fazerem parte dos nossos grupos paroquiais de ação social. Acredito que não haverá, entre nós, melhor instância para que os pobres se façam ouvir. Este será outro grande desafio. O respeito e defesa da dignidade humana de quem a vê vilipendiada por injustiças várias, lança ‑nos o desafio de não nos fixarmos só no remedeio das carências de vária

À CONVERSA COM

EUGÉNIO FONSECAPRESIDENTE DA DIREÇÃO DA CÁRITAS PORTUGUESA

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EF: Na verdade, são duas das instân‑cias oficiais da Igreja distintas, mas complementares. À Comissão Na‑cional Justiça e Paz (CNJP) pede ‑se que invista na educação para a jus‑tiça, denunciando tudo o que possa contribuir para a diferenciação negativa entre os seres humanos, propondo, ao seu nível, possíveis soluções para as eliminar. Por outro lado, uma outra sua missão é dar o seu contributo para a edificação da paz, desde logo, a partir das re‑lações interpessoais e comunitárias. Tudo isto realizado à luz do Evange‑lho e do Pensamento Social Cristão. É também com estes fundamentos que a Cáritas é chamada a promo‑ver a ação social da Igreja, a partir da assunção das responsabilidades que, em primeiro lugar, são ineren‑tes à missão das paróquias.A CNJP e a Cáritas têm em co‑mum o dever de animar as comu‑nidades cristãs para que os seus membros sejam os fundamentais promotores dos objetivos destas duas instituições. Considero ainda que deveria ha‑ver uma maior articulação entre

estes dois Organismos eclesiais no que diz respeito ao dever que se lhes impõe de anunciar e de‑nunciar tudo o que diga respeito à dignificação dos seres humanos, das suas famílias e de outras redes societárias. Quiçá, uma instância comum que se reunisse, com algu‑ma regularidade, para colocar em comum as principais preocupações sociais e económicas e a uma só voz se pronunciarem sobre elas. A Cáritas dispõe de um instrumen‑to que daria mais credibilidade à identificação dos problemas e à apresentação de sugestões possí‑veis para os atenuarem ou mesmo resolverem, que é o atendimento social de proximidade, realizado num já considerável número de pa‑róquias, sendo desejável que se es‑tenda, rapidamente, a todas. Outra área comum é a sensibilização para o conhecimento do Pensamento Social Cristão, organizando, em conjunto, sessões sobre este tão importante património de reflexão e de propostas sobre as realidades terrestres.

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ordem, mas a agirmos, simultanea‑mente, nas causas. Denunciar tudo o que possa impedir o acesso a condições dignas de vida e encon‑trar soluções para que os mais vul‑neráveis se possam reerguer das fragilidades que deles se apodera‑ram é um dos grandes desafios que se lançam aos agentes dos grupos, que em nome das suas comunida‑des cristãs, estão encarregados de organizar a prática da caridade.O desafio maior que se apresenta a toda a Igreja, que está em Portugal, é que faça de forma verdadeira, cora‑

josa e determinada a tão propalada “opção preferencial pelos pobres”.

EC: A CNJP “é um organismo laical da Conferência Episcopal Portugue‑sa, que tem como finalidade promo‑ver e defender a Justiça e a Paz, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja.” A Cáritas assume também, de acordo com a sua identidade e missão, a preocupação de promover a Justiça e a Paz. Neste âmbito, o que diferencia estes dois Serviços da Igre‑ja e como se pode conciliar o trabalho realizado pela CNJP e pela Cáritas?

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de envolvimento concreto da Car‑mo Fernandes, dos “Leigos para o desenvolvimento, com pessoas pobres em Angola”, e do Isaurin‑do Oliveira, da Cáritas Diocesana de Beja, com os diversos apoios e acompanhamento possível aos cerca de trinta mil imigrantes es‑trangeiros no Baixo Alentejo.Portanto, a Conferência Anual ofereceu ‑nos fundamentação da opção e missão, conhecimento da realidade e testemunhos de envol‑vência junto de pessoas pobres.

Tudo para motivar, renovar e for‑talecer na continuidade da missão.O título ”Com os Pobres”, de‑signa que os projetos têm de ser envolventes. Não basta dar coisas aos pobres e deixá ‑los na mesma dependência, é necessário estar com eles num processo de de‑senvolvimento. O desafio é vasto porque exige estímulo de acom‑panhamento e recriar a esperança em pessoas que já a perderam. Por outro lado, é necessário mui‑ta paciência e resistência, porque

EditOrial Cáritas (EC): A CNJP realizou, no passado dia 09 de no‑vembro, a sua Conferência Anual subordinada ao tema “Com os Pobres”. Enquanto Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, qua avaliação faz desta Conferência e que desafios se colocam quando utilizamos a expressão “Pobres” com o pronome “Com”?

d. JOsé traquina (dJt): A Conferên‑cia Anual da CNJP foi muito interes‑sante pelo desafio do tema, “Com os Pobres”, e pelo conjunto de conferencistas convidados. Saliento a conferência do Cardeal D. Juan Omella, Arcebispo de Barcelona, que nos ofereceu a fundamentação

teológica e histórica dos grandes marcos da “opção preferencial pelos pobres”, ao longo caminho da História da Igreja até ao pon‑tificado do Papa Francisco. Porém, a intenção não era somente a fun‑damentação da “opção preferencial pelos pobres”, mas a responsabili‑dade da continuidade. “A grande pobreza na Europa atual, é a dureza de coração”, mas “no coração da Igreja devem estar os pobres”, dis‑se o Senhor Cardeal.Saliento igualmente como muito interessante, a conferência do Dr. Pedro Gois, da Universidade de Coimbra, com a reflexão e infor‑mação que partilhou acerca dos pobres e migrantes no mundo. E também o valor dos testemunhos

À CONVERSA COM

D. JOSÉ TRAQUINABISPO DE SANTARÉM E PRESIDENTE DA COMISSÃO EPISCOPAL DA PASTORAL SOCIAL E MOBILIDADE HUMANA

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interesse pela leitura e reflexão acerca do mundo e da sociedade em que habitamos. A Mensagem do Papa Francisco para o III Dia Mundial dos Pobres, é uma leitura que não permite neutralidade: ou se rejeita ou ad‑mitimos o ‘incómodo’ de a ler até ao fim e de a digerir com conse‑quências. Assim, recomendo aos cristãos a leitura da Mensagem do Papa, é um bom contributo para alimentar a esperança dos pobres. É dessa Mensagem a citação que segue:“(...) colocando no centro os po‑bres ao inaugurar o seu Reino, Jesus quer ‑nos dizer precisamente isto: Ele inaugurou, mas confiou‑‑nos, a nós seus discípulos, a tarefa de lhe dar seguimento, com a res‑ponsabilidade de dar esperança aos pobres. Sobretudo num período como o nosso, é preciso reanimar a esperança e restabelecer a con‑fiança. É um programa que a comu‑nidade cristã não pode subestimar. Disso depende a credibilidade do nosso anúncio e do testemunho dos cristãos.

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não podemos exigir qualidades e virtudes onde elas não existem. O desenvolvimento dos pobres exige leitura correta e sintonia com a sua situação real.

EC: A partir do tema da Mensagem do Papa Francisco para o III Dia Mundial dos Pobres ‑ «A esperança dos pobres jamais se frustrará», que serviu de mote à realização deste Encontro, como podem os cristãos ajudar a alimentar essa esperança?

dJt: Considerando que falamos de cristãos com alguma segurança de bem estar, é bom que recordem o bem recebido ao longo das suas vi‑das, e reconheçam que nem todas as pessoas tiveram esse benefício. E não adianta condenar ninguém. Os cristãos são chamados à expe‑riência da vida cristã integrando ‑se numa comunidade ou movimento apostólico. Supõe ‑se que houve um encontro provocador da Fé, uma descoberta e um percurso que concede ao cristão a alegria e a graça de olhar os pobres com sintonia e novo ardor de caridade.

É necessário reconhecer também que o mundo avança com critérios económicos que geram desequilí‑brios sociais, sem solução para as pessoas pobres. Muitas pessoas idosas, doentes mentais, pessoas com deficiências e pessoas mate‑rialmente pobres, não podem ficar de fora da sociedade onde nasce‑ram. Uma sociedade que os aban‑done, não pode ser considerada evoluída. Então, é necessário que cada cristão, cultivando uma nova ‘filosofia’ de vida, com moderação e grande sentido de liberdade, se

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COMPOSIÇÃO DA CNJP PARA O TRIÉNIO 2018 ‑2020 Presidente:Pedro Vaz Patto

Vice ‑Presidente:Maria do Rosário Carneiro

secretário Geral:José Maia

tesoureiro:António Manuel Soares

VoGais:Catarina Martins BettencourtMaria da Graça FrancoPedro SalgueiroTeresa VasconcelosTeresa VendaVasco Mina

assistente eclesiástico:Pe. José Manuel Pereira de Almeida

CONTACTOSDA COMISSÃO NACIONALJUSTIÇA E PAZ

MORADA: SEDE E SECRETARIADOCNJP ‑ Comissão Nacional Justiça e PazConferência Episcopal PortuguesaQuinta do Bom Pastor, Estrada da Buraca, 8 ‑12 1549 ‑025 Lisboa

Email: [email protected]: 218 855 480HOráriO: Horário: 2ª a 6ª das 14h00 ‑17h00Pagina wEb: http://www.ecclesia.pt/cnjp/

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CONTACTOS DAS COMISSÕES DIOCESANAS JUSTIÇA E PAZ

LAMEGOPrEsidEntE: António Joaquim Martins de LucelaRua das Cortes, 25100 ‑132 LamegoTel. 254612147E ‑mail: [email protected]

LEIRIA ‑FÁTIMAPrEsidEntE: Maria de Fátima SismeiroSeminário Diocesano2414 ‑011 LeiriaTel: 244 832 760 / 917 063 339E ‑mail: [email protected]

PORTALEGRE ‑CASTELO BRANCOPrEsidEntE: Florentino Vicente BeirãoSeminário DiocesanoRua D. Agostinho de Moura7300 ‑120 PortalegreTel: 245 330 685E ‑mail: [email protected]

PORTOassistEntE: Cón. Jorge Teixeira da CunhaRua Arcediago Van Zeller, 504050‑621 PortoTel: 226 056 000E‑mail: [email protected]

SANTARÉMPrEsidEntE: João Vaz ÁlvaresassistEntE:P. Francisco Ruivo

E.mail: [email protected] Diocesano PastoralEdifício do SeminárioLargo Sá da Bandeira2000‑135 SantarémTel: 243 304 060E‑mail: [email protected]

VILA REALPrEsidEntE: Maria da Conceição F. Guimarães Costa AzevedoRua Padre Bernardo, 15000‑051 Vila RealTel: 259 323 448 E‑mail : [email protected]

VISEUPrEsidEntE: Paulo DuarteCasa EpiscopalRua Nunes de Carvalho, 123500‑163 VISEUTel: 232 423 338E‑mail: [email protected]

ALGARVEPrEsidEntE: Diác. Luís Manuel Seabra GalanteLargo da Sé, 208000 ‑138 FaroTel: 289 807 590E ‑mail: [email protected]

ANGRA DO HEROÍSMOPrEsidEntE: Aurélio da FonsecaassistEntE: P. José Júlio RochaRua Dr. Armando Cortes Rodrigues, 289500‑293 Ponta DelgadaTel: 295 216 123E‑mail: [email protected]

AVEIROPrEsidEntE: Ana MirandaCentro Universitário Fé e CulturaAv. João Jacinto MagalhãesCampus Universitário de Santiago3810 ‑193 AveiroE ‑mail: [email protected]: http://cdjpaveiro.blogspot.com

BEJAPrEsidEntE: José QuirinoRua Tenente Sanches de Miranda, 79 ‑ 1º Dto.7800 ‑072 BejaTel: 284 361 335E ‑mail: [email protected]

BRAGAPrEsidEntE: Bernardino SilvaTravessa do Outeiro, 19 ‑ Apartado 464905 ‑999 BarroselasTel: 258 971 681E ‑mail: [email protected]: http://www.diocese ‑braga.pt/cdjp/

BRAGANÇA‑MIRANDAPrEsidEntE: Francisco José Terroso CepedaCasa EpiscopalRua Emídio Navarro, 25300‑210 BragançaTel: 273 329 182E‑mail: [email protected]: http://www.diocesebm.pt/paz

COIMBRAPrEsidEntE: José Henrique Santos CabralCentro PastoralSeminário Maior da Sagrada FamíliaRua Vandelli, 23004‑547 CoimbraTel: 239 792 344E‑mail: [email protected]

ÉVORAPrEsidEntE: Luís Miguel Dos Santos SebastiãoassistEntE: Cón. Silvestre Ourives MarquesRua de São Brás, 47005‑602 ÉvoraTel: 961 105 141E‑mail: [email protected]

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TÍTULOS PUBLICADOS PELA EDITORIAL CÁRITAS

O Cuidar como Relação de Ajuda – Por uma ética teo‑lógica do cuidar Antonino Gomes de SousaO Problema do Mal | Étienne BorneRosto Social da Religião | Roberto MarizO futuro do Estado Social | Volumes I e II / Cáritas Eu‑ropa (Org.)Entendimento Global e Compromisso com as PeriferiasAmérico Pereira (Org.)Pensamento Social do Papa Francisco | Volume II / J.M. Pereira de Almeida (Org.)Cristãos Pensadores do Social II | O Pós ‑Guerra / Jean Yves CalvezAção Sócio Educativa dos Jesuítas e o Colégio de São Fiel | Jorge Nuño Mayer (coord.) | Ernesto Candeias MartinsDesenvolvimento de Competências Sociais no Cuida‑dor Informal | Cláudia Catela PaixãoManual Observatórios Sociais de Pobreza | Jorge Nuño Mayer (coord.)Perceção do Stresse, burnout e autocuidado – um olhar sobre os profissionais do trabalho social | Ana Berta AlvesMYM, eu consigo – Desenvolvimento de uma tecnologia de apoio para alunos com necessidades especiais | Laura ChagasAs Infâncias na História Social da Educação – Frontei‑ras e Interceções Sócio Históricas | Ernesto Candeias MartinsCrónicas Ainda Atuais | Pedro Vaz PattoSina da Mulher Cigana? | Ana Patrícia Pereira BarrosoBullying Sénior | Ana Lígia da CunhaPráticas de Gestão de Pessoas para a Sustentabilidade das IPSS’S | Angélica Martins FigueiraTráfico de Seres Humanos | António Silva Soares (coord.)Trajetórias Escolares Improváveis | Elsa Rocha de Sousa JustinoConhecer para intervir | Hélia BraconsMala da Partilha | Filipa Abecasis (Coord.)Sexualidade nas pessoas idosas com demência | Sarah PinhoEnvelhecimento Ativo ‑ Capacitação pelas Universidades da Terceira Idade | Patrícia Rosado

TÍTULOS PUBLICADOS PELA EDITORIAL CÁRITAS

O Amor que Transforma o Mundo | René CosteDar ‑se de Verdade: Para um desenvolvimento Solidário | váriosCónego José M. Serrazina | váriosTeresa de Saldanha | Helena Ribeiro de CastroMoralidade Pessoal na História | Sergio BastianelHumanizar a Sociedade | Georgino RochaCartas de Ozanam | Diogo Castelbranco de Paiva BrandãoEntre Possibilidades e Limites | Sergio BastianelPerspectivas sobre o Envelhecimento Ativo | váriosProcissão dos Passos | Abel VarzimServiço Social e Desemprego de Longa Duração | Aida FerreiraMaritain e Bento XV | Diogo MadureiraCristãos Pensadores do Social I | Jean Yves CalvezUm Intelectual ao Serviço dos Pobres | Gérard CholvyUm Genocídio de Proximidade | Teresa Nogueira PintoCaminhos para uma vida Solidária | Carlos AzevedoPobreza e Relações Humanas | Delfim Jorge Esteves GomesRendimento Social de Inserção | Mafalda SantosCuidar do Outro — Estudos em homenagem a Sergio Bastianel sj | vários autoresCrimes e Criminosos no norte de Portugal | Alexandra EstevesA Consciência Social da Igreja Católica — 124 Anos de História1891–2015 | Domingos Lourenço VieiraÉtica e Teologia — Declinações de uma Relação | Amé‑rico PereiraO Impacto da Doutrina Social da Igreja no Trabalhador e no Empresário | Hermenigildo Moreira EncarnaçãoO Padre das Prisões Portuguesas | Inês LeitãoPalavras de Liberdade | váriosO Pensamento Social do Papa Francisco | J. M. Pereira de Almeida (Org,)

Patrícia Rosado é natural de Elvas, distrito de Portalegre, nasceu no dia 25

de março de 1992. É licenciada em Serviço Social desde julho de 2015 e mestre

em Gerontologia – Ramo de Especialização Social, desde 04 de julho de 2018.

Iniciou o seu percurso profissional como professora voluntária na Universidade

Sénior de Elvas. Atualmente, é Técnica Superior de Serviço Social na Associação

Portuguesa de Apoio e Reabilitação Sénior de Intervenção Neurológica

(APARSIN). Fez parte da organização do projeto “Cuida de Mim” desenvolvido

pela APARSIN.

Foi membro da Equipa da Comissão Organizadora do II Congresso Ibérico

de Doenças Neurológicas: Visão Multidimensional Esclerose Múltipla e

Esclerose Lateral Amiotrófica, organizado pela APARSIN, SPEM ‑Delegação

de Portalegre, Universidade de Évora e pela Universidade de Extremadura.

Patrícia rosado

capacitação pelas universidades

da terceira idade

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ISBN: 978‑972‑9008‑73‑3

Manual de Identidade Visual Corporativa

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BragaCaritas´

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ÉvoraCaritas´

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Miranda Caritas´

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AveiroCaritas´

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SantarémCaritas´

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SetúbalCaritas´

D I O C E S A N A D E

CoimbraCaritas´

D I O C E S A N A D E

BejaCaritas´D I O C E S A N A D E

LamegoCaritas´

Cáritas Diocesanas

O logótipo Cáritas poderá ser adaptado

ás Cáritas Diocesanas, tendo em conta a

formatação especificada:

Diocesana de | Arquidiocesana de = Garamond Pro Italic

Nome da Cidade = Garamond Pro Bold Italic

(alinhamento à esquerda).

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