Comércio Do Minho

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“Comércio do Minho”(1918)

Quinta-feira, 9 de Maio de 1918

Faleceu terça-feira, num quatro particular do hospital de S. Marcos, onde foi submeter-se a uma operação, o Sr. Manuel Clemente Barbosa, casado, de 55 anos de idade, comerciante desta praça, o qual no dia 28 do mês findo, por ocasião das eleições, fora atingido na assembleia de S. Victor, por um tiro de pistola que casualmente disparou um indivíduo presente.

Após a referida operação, sobreveio uma bronco-pneumonia que o vitimou.

Quinta-feira, 3 de Outubro de 1918

“A epidemia – Medidas de precaução”

Por motivo da epidemia bronco-pneumonica, foi adiada a abertura das aulas de todos os estabelecimentos de ensino do país, assim como a realização do serviço de exames.

Foram também suspensas as reinspecções militares. As grandes feiras e romarias foram proibidas. Por causa da epidemia bronco-pneumónica, a autoridade administrativa de

Guimarães proibiu a peregrinação que domingo devia realizar-se à Penha, e ordenou o encerramento dos templos aos domingos e dias santificados.

Domingo, 6 de Outubro de 1918

“A epidemia – Medidas de precaução”

Pela repartição de instrução primária e pedagógica foram excedidas ordens de minatites para não se permitir a abertura tanto das escolas oficiais como das particulares, por motivos de epidemia.

Estão suspensas as comunicações ferroviárias entre Portugal e Espanha;Foram mobilizados para o ataque a epidemia, os médicos milicianos da

1ªdivisão e os quintanistas de medicina;Vão fechar os teatros e cinematógrafos de Lisboa, e serão proibidos os

cortejos fúnebres.

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Quinta-feira, 10 de Outubro de 1918

“A epidemia”

O Sr. Governador civil deste distrito (Braga) mandou afixar um edital determinado:

a) As autoridades administrativas mobilizarão nos seus concelhos os veículos que julgarem necessários, e sejam quais forem os seus possuidores, para transporte dos médicos a todas as freguesias infectadas.

b) Serão proibidos desde já, e enquanto durar a epidemia com a intensidade que hoje manifesta, as feiras e romarias, bem como outros actos públicos ou particulares que determinem aglomerações, sempre perigosas nos momentos epidémicos.- S. excª o Sr. Presidente da República enviou 15.000$000 ao Sr. Governador civil, para o conveniente tratamento e socorros aos pobres deste distrito que forem atacados da bronco-pneumónica.

Domingo, 13 de Outubro de 1918

“A epidemia”

Tendo decrescido a gripe bronco-pneumonica em Guimarães, foram restabelecidos os actos de culto nas igrejas daquele concelho, aos domingos e dias santificados, sendo porém os enterramentos feitos desde as 8h às 22h da noite e só se permitindo responsas nas igrejas aos cadáveres encerrando em caixão de chumbo.

O hospital de typhosoa do Colégio do Espírito Santo, desta cidade, foi adaptado para hospitalização dos epidemiados da gripe bronco-pneumónica.

Pela direcção geral de saúde foi suprimido, enquanto durar a epidemia, o descanso dominical nas farmácias.

A câmara deste concelho mandou anteontem e ontem lavar as ruas com água do Cávado, trabalho a que procederam os bombeiros municipais e voluntários.

Também mandou queimar nas praças folhagem de eucaliptos e rama de pinheiros para purificar o ar.

A epidemia tem feito grande número de vítimas nesta cidade e nas aldeias.Os armadores não têm tido descanço.

Quinta-feira, 17 de Outubro de 1918

“A epidemia”

A autoridade civil mobiliza todos os automóveis e trens desta cidade, a fim de serem prontamente socorridos os indivíduos atacados da gripe bronco-pneumónica.

A câmara municipal continuou domingo a mandar queimar, nas ruas e praças da cidade, folhagem de eucaliptos e rama de pinheiros, a fim de purificar a atmosfera.

Nas casas também se tem feito grande consumo, em defumadores, das resinas e outras folhagens bal´smicas.

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As malas das imediações da cidade têm sido assaltadas pelo rapazio e gente do povo, para se prover de amos de árvores resinosas, que depois queimam ou vendem.

Foi proibido a dobre de sinos a finadoa em todas as igrejas da cidade. O Sr. Administrador do concelho fez retirar para o matadouro, em carroças, os

suínos encontrados em cortes nos quintais, dentro da cidade. Foram requisitados enfermeiros militares para serviço do hospital de S. marcos, onde se encontram doentes muitos empregados.

Domingo, 20 de Outubro de 1918

“A epidemia”

Grassa de uma maneira assustadora, em todo o país, a epidemia da gripe bronco-pneumónica, fazendo diariamente grande número de vítimas.

Nas freguesias rurais do nosso concelho tem alastrado consideravelmente, como todos sabem, mas na cidade, felizmente, o mal não tem sido de maior.

Vão sendo postas em prática as medidas que em casos tais a higiene aconselha, para que a terrível doença não possa alastrar, mas, pelo contrário, seja prontamente debilada.

Todos nós, sejam quais forem as condições sociais em que vivamos, temos obrigação restrita de observar as preocupações que pelas autoridades sanitárias nas são indicadas, porque a não observação das mesmas implica uma falta de consideração pela saúde publica. Só assim poderemos tornar menos densa a nuvem de terror que vai envolvendo o espírito público, netas horas dolorosas que vão passando.

Infelizmente, a nossa cidade tem sido muito desonrada no que diz respeito a sanidade geral.

Nós não temos saneamento; a limpeza municipal deixa muito a desejar, havendo ruas onde raras vezes passa a vassoura e para onde criaturas ignorantes do mal que podem causam lançam toda a sorte de detritos; essas há, onde as fossas são outras tantos focos epidémicos, pela sua péssima construção, e onde os canos de esgoto, por falta de isolamento conveniente, extilam um cheiro pestilento; dentro da cidade, e a dois passos dos prédios, ainda se vêem cortelhos de suínos; e a lavagem da via pública, nos dias ardentes do ostio, é feita de modo a deixar muito a desejar.

A tudo isto é necessário por cobro imediatamente, já que tanto dinheiro o município gastou, prodigamente em melhoramentos de somenos importância e não olhou para o que era do máximo interesse e deveria ter sido feito em primeiro lugar.

E o máximo rigor deve haver na observância das posturas municipais, para que todos saibam cumprir o seu dever no momento erítico que vamos atravessando.

Há quem não tenha a menor consideração pela saúde pública, lançando das janelas para a rua toda a sorte de porcaria e para a rua varrendo os pavimentos das varandas, de maneira que os passeios e valetas se encontram sempre cheios de lixo

Ora, francamente, isto não se pode consentir; isto deve ser energicamente reprimido porque é um abuso inqualificável, de que podem redundar inúmeros malefícios.

Se a hora que passa, apavora, cumpra cada um o seu dever, velando pela higiene particular e contribuindo para que não seja descurada a higiene pública.

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Domingo, 27 de Outubro de 1918

“A epidemia”

Continuam sendo numerosíssimos os casos da gripe bronco-pneumónica, tanto nesta cidade como nas aldeias sendo também muito elevada a mortalidade.

Desde um do corrente mês registaram-se no cemitério 260 enterramentos.

Quinta-feira., 31 de Outubro de 1918

“A epidemia – socorros”

Sábado de tarde, realizou-se no paço archiepiscoal uma reunião dos rev.os paracos da cidade e presidentes das associações católicas e de beneficientes sob a presidência do ex.mo Arcebispo Primaz, afim de se organizar, por meio de subscrição, a assistência aos epidemiados.

O revendendo Prelado subscreveu logo com 200$00.Os rev.os paracos já iniciaram a subscrição nas suas freguesias.É tesoureiro o Sr. António Joaquim Cardoso estimado comerciante da rua S.

João.Já se não realiza o bando precatório projectado para o mesmo fim.

Quinta-feira, 7 de Novembro de 1918

“A Epidemia – Seu decrescimento”

Acentuando-se o decrescimento da epidemia em todo o país, foi autorizado que as farmácias voltem ao horário normal, e levantada a proibição das grandes feiras.

Os colégios particulares começaram a funcionar, e as escolas oficiais reabrirão no dia 20 se a epidemia continuar declinado,

Quinta-feira, 27 de Março de 1919

“Epidemia”

Não tem diminuindo os casos de typhoexanthematico, continuando todavia o combate contra a terrível moléstia.

Grassa também intensamente a varíola.