COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE...
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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO
Engenharia Elétrica
ELVIS HENRIQUE ESTURRARI
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE
COGERAÇÃO
Campinas
2011
ELVIS HENRIQUE ESTURRARI – R.A. 004200700256
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE
COGERAÇÃO
TCC apresentado ao curso de Engenharia
Elétrica da Universidade São Francisco, como
requisito à obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.
Orientador: Prof. Dr. Geraldo Peres Caixeta
Campinas
2011
ELVIS HENRIQUE ESTURRARI – R.A. 004200700256
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA A PARTIR DE
COGERAÇÃO
TCC apresentado ao curso de Engenharia
Elétrica da Universidade São Francisco, como
requisito à obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.
Data de Aprovação: 10/12/2011
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Geraldo Peres Caixeta (Orientador)
__________________________________
Prof(a). Dr. Débora Meyhofer Ferreira
__________________________________
Prof Dr. Wilson José Figueiredo Alves Jr.
Aos meus pais e irmão por todo o apoio,
aos grandes amigos da graduação pela
convivência e amizade, e aos professores
pela paciência e o constante aprendizado.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por dar-me forças e permitir vencer mais essa etapa.
Agradeço também às pessoas presentes em minha vida, responsáveis pela motivação
que me proporcionou concluir mais um ciclo de minha vida.
Aos meus pais Rosalina Pastri Esturrari e Gilmar Esturrari por toda educação e
carinho ao longo dessa jornada. Agradeço também ao meu irmão Elton Luis Esturrari pelo
incentivo em todos os momentos de minha vida.
À minha namorada Cláudia Roberta Cardoso pela paciência, compreensão, incentivo e
atenção.
Aos meus amigos Bruno Cesar Pereira, Caio Cesar Lisboa, José Fernando de
Marques Togni e Victor Bogo, pela ajuda e principalmente amizade.
Aos meus primos Everton Esturrari e Luciene Esturrari e amigo Rodrigo Araldi pelo
apoio concedido quando as coisas pareciam não estar fluindo.
Aos amigos Eduardo Ludolf, Pamela Frare, Sara Simões, Lincoln Ferreira, Luiz
Menossi, Anderson Borges, William Stevinson entre outras amizades adquiridas durante o
curso.
Aos amigos da CPFL Energia, Ricardo Kintschner, Rinaldo Ribeiro, Paulo Henrique
Tizzei, André Barbosa, Juscélio Souza, Ricardo Missura, Vivian Igawa e Rossine Ornellas,
que contribuíram com meu desenvolvimento profissional.
Ao professor Geraldo Peres Caixeta pela orientação onde, sempre que procurado foi
atencioso e prestativo.
“A mente que se abre a uma nova idéia
jamais voltará ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
“A satisfação está no esforço e não
apenas na realização final”
Mahatma Gandhi
RESUMO
O Brasil é um país que está crescendo constantemente e isso faz com que a demanda
por energia elétrica cresce concomitantemente. Para suprir tal demanda, foi necessário a
aperfeiçoar sua estrutura de Setor Elétrico e buscar novas fontes de geração de energia. A
cogeração foi uma das fontes encontrada.
O presente trabalho irá apresentar a Comercialização de Energia a partir da cogeração
resultante da queima de bagaço de cana de açúcar, demonstrando desde os investimentos
necessários para o projeto de modificação de uma usina de açúcar e álcool a fim de gerar
excedentes de energia elétrica, até sua comercialização por meio dos leilões de energia.
A pesquisa foi viabilizada através do estudo da História do setor elétrico e sua
estrutura Institucional, apresentando a competência de cada órgão dessa estrutura e
conceituando os tipos de Ambientes de Contratação e de Leilões. A partir daí, foi
demonstrado o projeto retrofit de uma usina de cana de açúcar bem como a comercialização
de seu excedente de energia elétrica gerada, através do estudo da sistemática de um leilão
de energia nova, cujo ano de inicio do suprimento se dá em 2014.
Esses leilões são formatados de maneira seqüencial e possui certa complexidade. O
trabalho apresentado esclareceu, através de uma visão sistêmica, os conceitos e
metodologias integrados às instituições que regularizam a comercialização de energia no
Brasil, expondo a forma que tais instituições agem a fim de viabilizar a tarifa da energia
elétrica aos consumidores finais, eliminando soluções paliativas e visando a sustentabilidade
da matriz energética brasileira.
Palavras-chave - Setor Elétrico Brasileiro – Mercado de Energia Elétrica – Cogeração –
Ambientes de Contratação - Leilões
ABSTRACT
Brazil is a country which is in constantly growing and thats increase the electric energy
demand. To provide this demand, it was necessary to improve the Electricity Sector structure
and search for new resources of electric power generation. The Cogeneration was one of
these sources.
The following paperwork will present the Comercialization of Electric Energy from
Cogeneration provided from the burning of sugar cane bagasse, showing since the
necessary investments to the modification process of a sugar Mill and alcohol plant in order
to generate surplus of electric powe, till its comercialization by energy auctions.
The research was possible through the study of the history of the Electricity Sector and
its institucional structure, showing competencies of each organs of its structure and
conceptualizing the diferent kinds of Contracting Enviroment and energy auctions. From that,
it was demonstrated the Project retrofit of a sugar mill plant as well as comercialization of its
electric power surplus generated through the study of new energy auction systematic, which
begins supllying in 2014.
These auctions were formatted sequentially and has some complexity. The paperwork
presented clarified, through a systemic view, the concepts and integrated methodology to the
institutions that regulate the comercialization of Brasil’s energy, exposing the way that these
institutions acts to enable the tariffs of the electric energy to final consumers, eliminating
palliative solutions and aiming the sustentability of brazilian energy matrix.
Keyword – Brazilian Electricity Sector – Electricity Market – Cogeneration – Contracting
Enviroment – Auctions.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Setor Elétrico Brasileiro ..................................................................................................... 5
Figura 2 - Disposição do Novo Modelo do Setor Elétrico .............................................................. 6
Figura 3 - Esquema dos Ambientes de Contratação ...................................................................... 9
Figura 4 - Composição da conta de energia .................................................................................. 10
Figura 5 - Calendário dos leilões ..................................................................................................... 13
Figura 6 – Evolução dos Registros de Contratos na CCEE ........................................................ 14
Figura 7 - Processo de Comercialização de Energia ................................................................... 15
Figura 8 - Integração Eletroenergética do SIN .............................................................................. 16
Figura 9 - Balanço Energético de um Sistema de Cogeração .................................................... 18
Figura 10 - Esquema básico de uma usina de cana-de-açúcar ................................................. 18
Figura 11 - Esquema básico de uma usina de cana-de-açúcar após o projeto retrofit ........... 19
Figura 12 - Relação dos Empreendimentos participantes do Leilão .......................................... 25
Figura 13 - Esquema geral da sistemática dos leilões ................................................................. 31
Figura 14 - Esquema Rodadas Uniformes ..................................................................................... 33
Figura 15 - Sistemática dos Leilões ................................................................................................ 34
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Encargos que compõem a tarifa final de energia elétrica ......................................... 11
Tabela 2 - Portarias recorrentes aos leilões .................................................................................. 24
Tabela 3 - Relação dos Empreendimentos Participantes do Leilão ........................................... 25
Tabela 4 - Resultado do Leilão para o empreendimento IACO .................................................. 26
Tabela 5 - Resultado do Leilão para o empreendimento PASSA TEMPO ............................... 27
Tabela 6 - Resultado do Leilão para o empreendimento PARANAPANEMA ........................... 28
Tabela 7 - Resultado do Leilão para o empreendimento VALE DO TIJUCO II ........................ 29
Tabela 8 - Resultado do 12º Leilão de Energia Nova A-3 ........................................................... 30
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
ACL – Ambiente de Contratação Livre
ACR – Ambiente de Contratação Regulado
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
CCC – Conta de Consumo de Combustíveis
CCD – Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CCT – Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão
CCVEE – Compra e Venda de Energia Elétrica
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético
CEC – Custo Econômico de Curto Prazo
CFURH – Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos
CHESF – Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CMO – Custos Marginais da Operação
CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
CNPE – Conselho Nacional de Pesquisa Energética
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
COP – Custo de Operação
CUSD – Contrato de Uso do Sistema de Distribuição
CUST – Contrato de Uso do Sistema de Transmissão
CVU – Custo Variável Unitário
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
ESS – Encargo de Serviços do Sistema
GF – Garantia Física
ICB – Índice de Custo Benefício
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias
MAE – Mercado Atacadista de Energia
MME – Ministério de Minas e Energia
MW – Mega Watts
ONS – Operador Nacional do Sistema
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento de Eficiência Energética
PC – Preço Concorrente
PCH – Pequenas Centrais Hidroelétricas
PIS – Programa de Integração Social
PL – Preço de Lance
PLD – Preço da Liquidação das Diferenças
PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
RGR – Reserva Global de Revisão
SIN – Sistema Interligado Nacional
TFSEE – Taxa de Fiscalização do Serviço de Energia Elétrica
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.1. Objetivos ................................................................................................................................ 2
2. HISTÓRIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO .................................................................. 3
3. ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ............................. 5
3.1. Ministério de Minas e Energia (MME) ............................................................................... 5
3.2. Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)......................................................... 6
3.3. Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ..................................................... 7
3.4. Empresa Nacional de Pesquisa Energética (EPE) ......................................................... 7
3.5. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) .............................................................. 7
3.6. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) ............................................................... 8
3.7. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) ............................................. 8
4. AMBIENTES DE CONTRATAÇÃO ........................................................................................... 9
4.1. ACR - Ambiente de Contratação Regulado ................................................................... 10
4.2. ACL – Ambiente de Contratação Livre ............................................................................ 13
4.3. Liquidação das Diferenças ................................................................................................ 15
4.4. SIN – Sistema Interligado Internacional .......................................................................... 16
5. COGERAÇÃO A PARTIR DO BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR ..................................... 17
5.1. Característica Geral de uma Usina de Cana de Açúcar .............................................. 18
5.2. Característica Geral de uma Usina de Cana de Açúcar após o projeto Retrofit. ..... 19
5.2.1.Caldeiras ....................................................................................................................... 20
5.2.2.Turbinas a Vapor ......................................................................................................... 21
5.3. Objetivo do Investimento com o Projeto Retrofit .......................................................... 22
6. ANÁLISE DE RESULTADO DE LEILÃO DE EMPREENDIMENTOS DE BIOMASSA ... 23
6.1. Visão Geral .......................................................................................................................... 23
6.2. Resultado 12º Leilão de Energia Nova para empreendimentos de Biomassa ......... 25
6.3. Sistemática de Funcionamento dos Leilões ................................................................... 30
6.4. Índice de Custo-Benefício (ICB). ...................................................................................... 35
7. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 38
1
1. INTRODUÇÃO
Desde o século XIX, o Brasil vem passando por várias mudanças em seu setor elétrico
visando atender toda demanda por energia elétrica que cresce a cada dia, acompanhando o
desenvolvimento no país. A reforma no setor elétrico Brasileiro começou em 1993 e
extinguiu a equalização tarifária vigente, criando contratos de suprimentos entre geradores e
distribuidores de energia elétrica e também e o conceito de Consumidor Livre.
Esse novo modelo abriu oportunidades para a participação do setor privado nos
investimentos necessários e na responsabilidade pela garantia do suprimento nacional.
Foram criadas algumas agencias como, ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a
fim de fazer a regulação neste setor de forma que o consumidor não ficasse a mercê das
empresas privadas.
Em termos institucionais, o novo modelo definiu a criação de uma entidade
responsável pelo planejamento do setor elétrico a longo Prazo (Empresa de Pesquisa
Energética –EPE), uma instituição com a função de avaliar permanentemente a segurança
do suprimento de energia elétrica (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE) e
uma instituição para atividades relativas à comercialização de energia elétrica no setor
interligado (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE).
O Brasil possui um potencial hidrelétrico elevado em virtude do grande número de
usinas hidrelétricas e uma geografia privilegiada. Porém o potencial hidráulico esbarra em
problemas ambientais, dificultando a construção de usinas ou impossibilitando a construção
delas.
Existe um grande potencial no Brasil para a cogeração de energia elétrica através do
bagaço de cana, dado o volume de resíduos resultantes dos processos produtivos,
estimados em torno de 40 milhões de tonelada de matéria seca, sendo possível a utilização
desse volume para a cogeração de energia gerando uma receita adicional de venda de
energia proporcionando ainda reduções no custo de produção industrial.
No processamento industrial da cana são necessários três tipos de energia: energia
térmica, para os processos de aquecimento e concentração; energia mecânica, nas
moendas e demais sistemas de acionamento direto; e energia elétrica, para acionamentos
diversos, bombeamento, sistemas de controle e iluminação, entre outros fins. Para atender a
essas demandas energéticas, desenvolveu-se, nas usinas de açúcar e etanol, a produção
simultânea de diferentes formas de energia com base em um único combustível, o bagaço
de cana. A tecnologia que permite a utilização do bagaço de cana para produção de energia
denomina-se cogeração, e representa um diferencial importante da cana-de-açúcar em
relação às outras matérias-primas usadas para a fabricação de açúcar ou etanol, que
2
necessitam de aporte energético externo para o processo industrial. Através desse processo
é possível gerar energia elétrica para suprir toda a necessidade da usina e ainda gerar
excedentes para fins de comercialização de energia elétrica.
Atualmente, a comercialização de bens é a forma mais comum da utilização de leilões,
e estes representam grande interesse para as empresas, visto que as negociações (que
envolvem compra e venda) nessa área é que definem o valor de seus insumos e produtos.
Os exemplos de leilões mais difundidos são os de obra de arte, antiguidades, gados,
flores entre outros bens de difícil precificação. Normalmente, seu conceito é vinculado à
imagem de um leiloeiro que coordena a sessão, seguindo regras predefinidas. Ele estipula,
por exemplo, um valor inicial para garantir a satisfação do vendedor e propõe os valores
seguintes para não haver lances indesejáveis. Ocorrendo em um ambiente onde as pessoas
estão dispostas a ofertar algo mais pelos bens expostos, nesses exemplos, o leiloeiro visa
encontrar o melhor lance para o produto.
Logo, a escolha dos formatos dos leilões deve ser realizada através de estudos
cautelosos para não haver, por parte das geradoras de energia elétrica, preços abusivos no
valor da energia.
Por conseguinte, às instituições governamentais e aos agentes reguladores compete
estabelecer, com habilidade, as regras acerca dos leilões de energia elétrica e, assim,
propor uma sistemática adequada.
1.1. Objetivos
Tendo por objeto de estudo a cogeração a partir da modificação de uma usina de cana
de açúcar, que utiliza o bagaço de cana como combustível para a geração de energia
elétrica, será apresentado as tratativas do mercado de comercialização de energia elétrica
para a energia gerada. Dentre tais tratativas há o método dos leilões.
O suprimento de energia elétrica no Brasil foi potencializado através das fontes de
energia renovável e isso chamou a atenção dos órgãos reguladores do sistema energético
para a forma de comercialização, visando o amadurecimento da matriz energética do país e
garantindo uma tarifa justa pelo uso da energia elétrica.
3
2. HISTÓRIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
Com o crescimento das cidades, em meados do século XIX, despertaram-se
interesses para as primeiras iniciativas de investimentos para o uso de energia elétrica no
país. Em 1879, foi inaugurada a iluminação elétrica na estação central da ferrovia Dom
Pedro II, no Rio de Janeiro, através de um dínamo como gerador de energia. A partir daí, o
uso da energia elétrica começou a ganhar força e, ainda alimentada por dínamos, ser
utilizada na iluminação pública e eventos.
Após isso, verificou-se a necessidade de um gerador de energia maior para suprir as
necessidades, da população. Foi então inaugurada em 1883, uma unidade termoelétrica, a
partir da queima de lenha, com 52KW de capacidade e alimentava 39 lâmpadas na cidade
de Campos no Rio de Janeiro. Surgiu então a primeira central geradora no Brasil.
Os setores urbanos e, junto com eles, a necessidade pelo consumo de energia elétrica
cresceram. No inicio do século havia a necessidade de melhorar a estrutura das cidades
brasileiras para atender a demanda e isso fez com que despertasse interesse em
investidores estrangeiros com a intenção de explorar os serviços urbanos como transportes,
iluminação pública, produção e distribuição de eletricidade, distribuição de gás canalizado e
telefonia. Surgem então as tentativas de regulação por parte do Estado.
O Governo Federal passou então a ter intervenção na gestão de energia elétrica
outorgando as concessões de serviços públicos, revendo critérios para estabelecimento de
preços garantindo investimentos para os serviços prestados. Mais tarde, o Estado passou a
atuar diretamente na geração de energia elétrica, investindo no empreendimento CHESF
(Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) em 1945. Com um planejamento mais
estratégico, visando dar sustentação financeira a longo prazo e constante investimento no
setor garantindo sua expansão, o governo promoveu importantes mudanças na legislação
tarifária do Brasil, garantindo ao prestador de serviços algo em torno de 11% de retorno sob
o capital investido a ser repassado na tarifa.
A nova legislação garantiu sólidas bases financeiras ao setor, porém, existia muita
diferença em relação ao custo de geração e distribuição entre as regiões do país. Para
minimizar essas diferenças o governo instituiu a equalização tarifária, mantida por quase 20
anos, através de um sistema em que as empresas superavitárias transferiam recursos para
as deficitárias.
A partir da década de 90, a estrutura energética do Brasil passou por varias
mudanças. Em 1993 extingui-se a equalização tarifaria e começaram a surgir os contratos
de suprimentos entre geradores e distribuidores, os chamados contratos bilaterais, já dando
4
indícios de desverticatização das empresas e criando o Produtor Independente de Energia e
o conceito de Consumidor Livre.
Em 1996 foi implantado pelo Ministério de Minas e Energia o Projeto de
Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (Projeto RE-SEB). A partir da desverticalização
criaram-se as empresas de Geração, Transmissão, Distribuição e Comercialização de
Energia Elétrica tornando-se áreas de negócios independentes e incentivando a competição
nos segmentos de Geração e Comercialização mantendo assim os setores de distribuição e
transmissão sendo ambientes regulados.
Para atender a nova configuração, o Governo Federal criou a Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) para regular as atividades do setor. Com a finalidade de organizar
o mercado e a estrutura da matriz energética brasileira criou-se também o Mercado
Atacadista de Energia (MAE) e o Operador Nacional do Sistema (ONS).
Em maio de 2001, o Brasil atravessou uma escassez de chuvas e fez com que os
reservatórios das usinas baixassem significantemente o que comprometeu a geração de
energia elétrica no país. Para evitar mais problemas, o Governo Federal foi obrigado a
adotar medidas emergenciais de racionamento de energia elétrica, o que gerou uma serie
de questionamentos referentes ao rumo que o setor elétrico estava trilhando e atrasando o
crescimento do setor.
A partir daí foram lançadas novas bases de um novo modelo para o Setor Elétrico
Brasileiro criando-se novas instituições responsáveis pelo: planejamento a longo prazo (EPE
– Empresa de Pesquisa Energética), pela avaliação do suprimento de energia elétrica
(CMSE – Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) e pela comercialização de energia
elétrica no sistema interligado (CCEE – Câmara de Comercialização de energia Elétrica)
dando continuidade às atividades do MAE. A tabela abaixo mostra a evolução do Setor
Elétrico Brasileiro.
5
Figura 1 - Setor Elétrico Brasileiro
Fonte: CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2011)
3. ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
3.1. Ministério de Minas e Energia (MME)
O Ministério de Minas e Energia (MME) foi criado com o intuito de gerenciar os
assuntos de minas e energia que até então eram de competência do Ministério da
Agricultura. Em 1990 foram transferidas as atribuições do MME para o Ministério da
Infraestrutura que passou a ser responsável também pelos setores de transportes e
comunicações.
É o órgão do governo responsável pelo estabelecimento das diretrizes do país,
formulando e implementando políticas energéticas, de acordo com as diretrizes definidas
pelo CNPE – Conselho Nacional de Pesquisa Energética. É responsável pelo Planejamento
Energético Nacional, monitora a segurança do suprimento, planos de expansão, entre
outros.
6
Foram definidas em 2003 como competências da MME as áreas de geologia,
recursos minerais e energéticos; aproveitamento da energia hidráulica; mineração e
metalurgia; e petróleo, combustível e energia elétrica, incluindo nuclear. A partir daí, foram
criados algumas instituições, conforme organograma abaixo:
Figura 2 - Disposição do Novo Modelo do Setor Elétrico
Fonte: Elaboração Própria a partir de dados da CCEE (2011)
3.2. Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)
O CNPE tem a finalidade de assessorar o Presidente da Republica formando políticas
e diretrizes de energia a fim de promover o aproveitamento racional dos recursos
energéticos do Brasil e obedecendo a certos princípios, como a preservação do interesse
nacional, proteção dos interesses do consumidor quanto ao preço, qualidade e oferto dos
produtos, promoção da livre concorrência, atração de investimento na produção de energia
e ampliação da competitividade do Brasil no mercado internacional.
7
3.3. Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE)
O CMSE foi criado pela lei 10.848 de 2004, com a função de acompanhar e avaliar
permanentemente a continuidade e a segurança do suprimento eletro energético em todo o
território nacional.
O CMSE tem como presidente o Ministro de Estado de Minas e Energia e composto
por quatro representantes do Ministério de Minas e Energia e os titulares da ANEEL, ANP,
CCEE, EPE e ONS.
Compete ao CMSE acompanhar o desenvolvimento das atividades de geração,
transmissão, distribuição, comercialização, importação e exportação de energia elétrica, gás
natural e petróleo e seus derivados, avaliando as condições de abastecimento e de
atendimento. Deverá realizar também a análise integrada de segurança de abastecimento e
atendimento ao mercado de energia, tendo como base a demanda, configuração dos
sistemas de produção e de transporte e interconexões locais, identificando possíveis
obstáculos que possam afetar o abastecimento e atendimento à expansão dos setores de
energia elétrica e elaborando propostas de ajustes.
3.4. Empresa Nacional de Pesquisa Energética (EPE)
É destinado à EPE a pesquisa na área de estudos e pesquisas para subsidiar o
planejamento do setor energético, como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus
derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética.
3.5. Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)
A ANEEL criada pela Lei 9.427 de 26 de Dezembro de 1996 tem a responsabilidade
de:
• Regular e fiscalizar geração, transmissão, distribuição e comercialização da
energia elétrica, procurando o equilíbrio entre agentes e consumidores em
beneficio da sociedade;
• Mediar conflitos de interesses entre agentes do setor elétrico e entre agentes e
consumidores;
• Conceder, permitir e autorizar instalações e serviços de energia;
• Garantir tarifas justas;
8
• Zelar pela qualidade dos serviços prestados.
Missão: Proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica
se desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em beneficio da sociedade.
3.6. Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS)
O ONS é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de
geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a
fiscalização e regulação da ANEEL.
O Operador é formado por agentes: de geração com usinas despachadas de forma
centralizada; de transmissão; de distribuição integrantes do SIN; e importadores e
exportadores e consumidores livres com ativos conectados a Rede Básica. Esses são
denominados Membros Associados.
Membros Participantes são aqueles do Poder Concedente por meio do MME,
Conselho de Consumidores, geradores não despachados centralizadamente e pequenos
distribuidores, ou seja, aqueles que distribuem abaixo de 500 GWh/ano.
3.7. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)
A CCEE foi estabelecida a partir de um novo marco regulatório no setor elétrico,
visando garantir estabilidade, transparência e tranqüilidade para o mercado de energia no
país.
Regulamentada pelo decreto nº 5.177 de 12 de Agosto de 2004 e sucedendo ao
Mercado Atacadista de Energia, antigo MAE, a Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE) tem como finalidade viabilizar a comercialização de energia elétrica no
Sistema Interligado Nacional através dos Ambientes de Contratação Regulada (ACR) e
Ambiente de Contratação Livre (ACL). Também tem a função de efetuar a contabilização e
liquidação financeira das operações realizadas no mercado de curto prazo, auditados nos
termos da Resolução Normativa ANEEL n º 109, de 26 de outubro de 2004. As Regras e os
Procedimentos de Comercialização que regulam as atividades são aprovados pela ANEEL.
9
4. AMBIENTES DE CONTRATAÇÃO
A comercialização de energia elétrica é realizada através de dois ambientes de
mercado. O Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre
(ACL).
O ACR é formalizado através de contratos bilaterais regulados, denominados
Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado (CCEAR) e
estabelecidos entre Agentes Vendedores, ou seja, comercializadores, geradores e
produtores independentes.
O ACL é onde os geradores, comercializadores, consumidores livres, importadores e
exportadores, fazem a livre negociação da energia elétrica e também são pactuados por
meio de contratos bilaterais.
Os Agentes produtores e os comercializadores podem realizar a venda de energia
elétrica tanto no ACR como no ACL, mantendo sempre a competitividade de geração e
registrando as transações na CCEE onde serve como base para a Contabilização e
Liquidação das Diferenças (spot) no Mercado de Curto Prazo.
Figura 3 - Esquema dos Ambientes de Contratação
Fonte: CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2011)
10
4.1. ACR - Ambiente de Contratação Regulado
Um dos segmentos definidos em longo prazo é o ACR, em que a compra e a venda de
elétrica se dão através de licitações entre os agentes vendedores (que são responsáveis
pela geração ou comercialização da energia) e os agentes compradores (que disponibilizam
a energia elétrica aos consumidores finais de forma regulada).
Via de regra, essa contratação é formalizada através de contratos bilaterais firmados
entre os agentes e os pagamentos decorrentes desses contratos são realizados diretamente
entre as partes envolvidas, sem interferência da CCEE. Como exceção, tem-se a energia
advinda da usina da Itaipu que é comercializada através da ELETROBRAS (Centrais
Elétricas Brasileiras) para os submercados Sudeste, Centro-Oeste e Sul, bem como os
contratos provenientes do PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia) (MUNHOZ, 2008).
No ACR, a quantidade e o preço contratados, bem como os prazos desses contratos
são informações públicas e são anunciados pela CCEE após os leilões. O desenho do setor
elétrico instituído previa modicidade tarifária; entretanto a inserção da concorrência no
segmento de geração pode não ser tão sensível aos consumidores finais, pertencentes ao
ACR, visto que o valor da conta de energia resulta de diversos componentes, além da
geração.
Figura 4 - Composição da conta de energia
Fonte: SILVA (2011)
11
Segundo a ANEEL, a geração compõe 33,27% da tarifa de energia. O transporte, que
inclui transmissão, distribuição e possíveis perdas de conexão, compõe 33,46% da tarifa de
energia. Os demais 33,27% do valor da fatura de energia são atribuídos aos encargos e
tributos. Os tributos federais que incidem sobre a energia elétrica são o PIS - Programa de
Integração Social (com alíquota de 1,65%) e a COFINS - Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social (com alíquota de 7,6). Em nível estadual tem-se o ICMS - Imposto
sobre a Circulação de Mercadorias. Nesse caso cada estado define o valor da contribuição,
realiza o recolhimento através da fatura e o repassa ao Governo Estadual. Os encargos
referentes à tarifa estão dispostos abaixo.
Tabela 1 - Encargos que compõem a tarifa final de energia elétrica
Fonte: Elaboração própria a partir de SILVA (2011)
Encargo Finalidade
CCC – Conta de Consumo de Combustíveis Subsidia a geração térmica dos sistemas
isolados
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético Propõe o desenvolvimento energético a partir de
fontes alternativas e subsidia as tarifas dos
consumidores classificados como Baixa Renda
RGR – Reserva Global de Revisão Indeniza ativos vinculados à concessão e
fomenta a expansão do setor
TFSEE – Taxa de Fiscalização do Serviço de
Energia Elétrica
Provém recursos para o funcionamento da
ANEEL
ESS – Encargos de Serviços do Sistema Destinado ao SIN para manutenção e
estabilidade
PROINFA – Programa de Incentivos às Fontes
Alternativas de Energia
Subsidia fontes alternativas de energia elétrica
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência
Energética
Promove pesquisas científicas e tecnológicas
relacionadas à eletricidade e ao uso sustentável
dos recursos naturais
ONS – Operador Nacional do Sistema Provém recursos para o funcionamento do ONS
CFURH – Compensação Financeira pelo Uso
dos Recursos Hídricos
Compensa financeiramente o uso da água e
terras produtivas para fins de geração de energia
elétrica
Royalties de Itaipu Paga a energia gerada de acordo com o tratado
Brasil / Paraguai
12
Para comercializar a energia elétrica proveniente de processo de cogeração no ACR,
o empreendedor será um agente de geração, e terá sete possibilidades para negociar seus
excedentes de energia com os agentes de distribuição, ou seja, as concessionárias,
permissionárias e autorizadas do serviço publico de distribuição de energia elétrica.
• Leilões de Novos Empreendimentos de Geração (Energia Nova) A-5 e A-3. Estes
Leilões ocorrem com antecedência de cinco (A-5) e três anos (A-3) do inicio de suprimento e
a duração dos contratos de compra e venda de energia é de 15 a 30 anos conforme
definição do Ministério de Minas e Energia – MME.
• Empreendimentos de Geração Existente (Energia Existente) A-1. Estes Leilões
podem ocorrer no ano anterior ao inicio de suprimento e a duração dos contratos de compra
e venda de energia é de 5 a 15 anos conforme definição do Ministério de Minas e Energia –
MME.
• Leilões de Fonte Alternativa. Esses tipos de leilões podem ocorrer com antecedência
entre cinco (A-5) a um (A-1) ano do inicio de suprimento, e a duração dos contratos de
compra e venda de energia é de 10 a 30 anos, conforme definição do Ministério de Minas e
Energia – MME
• Leilões de Ajuste. Esse tipo de leilão ocorre com antecedência de até 4 meses do
inicio de suprimento e a duração dos contratos de compra e venda de energia é de até 2
anos.
• Leilão para contratação de energia no âmbito do Programa de Incentivos às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, que estabelece contratação de energia pela
Eletrobrás, e duração dos contratos de compra e venda de energia pelo prazo de 20 anos.
• Leilões de Energia de Reserva. Entende-se por energia de reserva aquela destinada
a aumentar a segurança no fornecimento de energia elétrica através da recomposição de
garantia física reduzida de empreendimentos existentes. Desta forma, a energia adquirida
nestes leilões não constitui lastro para revenda de energia, sendo liquidada no mercado de
curto prazo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE. A duração destes
contratos de compra e venda de energia pode ser de até 35 anos.
• Geração Distribuída, através de chamada publica realizada pelas Concessionárias
de Distribuição de Energia. A quantidade de energia contratada não poderá exceder a 10%
da carga do Agente de Distribuição e não há definição expressa do período de duração do
contrato.
13
Figura 5 - Calendário dos leilões
Fonte: SILVA (2011)
4.2. ACL – Ambiente de Contratação Livre
No Ambiente de Contratação Livre os Contratos de Compra e Venda de Energia
Elétrica são livremente negociados entre Compradores e Vendedores, e dispõem sobre
quantidades, prazos de fornecimento, preços e flexibilidades.
Neste ambiente podem ocorrer negociações de compra e venda de energia elétrica
diretamente com o cliente final, ou com o agente de comercialização que posteriormente
venderá a energia para o cliente final.
O cliente final pode ser qualificado como consumidor livre ou consumidor especial.
Para ser elegível à categoria de consumidor livre, a unidade consumidora de energia deve
possuir as seguintes características:
• Ser atendido em tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV e ter demanda
contratada de, no mínimo 3.000 kW; ou
• Ser ligada após 8 de Julho de 1995, e ter demanda contratada de, no mínimo, 3.000
kW, independentemente da tensão de fornecimento.
Para ser qualificada como consumidor especial a empresa consumidora final de
energia elétrica deve:
• Ser consumidor responsável por unidade consumidora ou conjunto de unidades
consumidoras, integrante do mesmo submercado do Sistema Interligado Nacional –
SIN, reunidas por comunhão de interesses de direito, ou de fato, atendidas em
tensão de fornecimento igual ou superior a 2,3 kV;
• Possuir demanda contratada maior ou igual a 500 kW; e
• Adquirir energia de Fonte Incentivada – Energia gerada por Pequenas Centrais
Hidroelétricas – PCHs, ou com base em fontes solar, eólica, biomassa ou cogeração
14
qualificada, cuja potência injetada nos sistemas de transmissão ou de distribuição
seja menor ou igual a 30.000 kW.
Um consumidor de energia que for qualificado e optar por constituir-se como
consumidor livre ou consumidor especial, passará a ter relações contratuais com dois
agentes distintos para adquirir a energia elétrica. O primeiro agente será a concessionária
de distribuição na qual sua empresa está conectada, e o segundo será o fornecedor de
energia elétrica a ser consumida. Com a concessionária de distribuição na qual o
consumidor livre ou especial está conectado, deverá afirmar os Contratos de Uso e de
Conexão aos Sistemas de Distribuição (ou de Transmissão). Com o agente fornecedor da
energia elétrica a ser consumida, o consumidor livre ou especial deverá informar o Contrato
de Compra e Venda de Energia Elétrica – CCVEE.
O Contrato de Conexão ao Sistema de Distribuição ou de Transmissão – CCD / CCT
– tratará sobre os aspectos técnicos e custos envolvidos para a conexão do consumidor livre
ou especial ao sistema de distribuição ou de transmissão da concessionária de serviço
publico de distribuição ou de transmissão à qual está conectado.
O contrato de Uso do Sistema de Distribuição ou de Transmissão – CUSD / CUST –
tratará sobre os aspectos técnicos e custos envolvidos na prestação dos serviços de
distribuição ou transmissão para o consumidor livre ou especial. O CUSD ou CUST será
firmado entre a concessionária de serviço publico de distribuição ou de transmissão local e
os consumidores livres ou especiais, e as tarifas a serem cobradas pelos serviços prestados
são definidos e homologadas pela Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.
Figura 6 – Evolução dos Registros de Contratos na CCEE
Fonte: CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2011)
15
Para garantir um ganho financeiro extra, os geradores comercializam o excedente de
sua energia, que não está comprometida a nenhum contrato no mercado livre, negociando
tal excedente ao preço do PLD – Preço de Liquidação das Diferenças - médio mensal.
Normalmente, o valor do PLD é baixo; dessa forma, os consumidores livres conseguem
comprar energia a um preço mais acessível do que comprariam em um contrato bilateral.
Porém, esses agentes ficam expostos ao risco do PLD subir, principalmente em períodos
secos, e terem que custear a energia a um preço muito alto.
4.3. Liquidação das Diferenças
O mercado de curto prazo (spot) ocorre através da contabilização das diferenças entre
as transações da energia produzida e a energia contratada em tempo real. Ao efetuar essa
operação, semanalmente, a CCEE fornece o preço da energia em R$/MWh para cada
submercado e patamar de carga (leve, médio e pesado). Esse preço é utilizado para as
transações no mercado spot e é denominado de Preço de Liquidação das Diferenças (PLD).
Caso um agente utilize mais energia do que a prevista em contrato, pagará o valor do
PLD pelo excedente de carga apropriado. Ao contrário, se um agente utilizar menor
quantidade de carga que a prevista em contrato, essa diferença será creditada ao valor do
PLD.
Figura 7 - Processo de Comercialização de Energia
Fonte: CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (2011)
O cálculo do PLD é realizado a partir de dados de Custos Marginais da Operação
(CMO) calculados pelo ONS. Este é resultante de modelos matemáticos que processam as
informações sobre as condições hidrológicas, preços de combustíveis, demanda de energia,
entre outras variáveis.
16
4.4. SIN – Sistema Interligado Internacional
O transporte é uma atividade regulada e não competitiva (monopólio natural),
responsável por transferir energia elétrica em expressivos blocos entre pontos de oferta e
demanda, e é constituído por transmissão e distribuição. O sistema de transmissão une as
grandes usinas de geração de energia elétrica aos centros consumidores. Essa conexão é
comumente ligada às distribuidoras de energia elétrica, porém existem alguns consumidores
que são ligados diretamente à rede de transmissão, por consumirem grande quantidade de
energia.
A distribuição tem a finalidade de comercializar energia aos clientes cativos e realizar
a entrega de energia a todos. Essa atividade é dividida geograficamente em áreas de
concessão, portanto, as empresas distribuidoras são monopólios naturais, uma vez que são
obrigadas a atender na totalidade a demanda de seus clientes da região de atuação.
O sistema elétrico brasileiro é composto por um Sistema Interligado Nacional (SIN)
que, devido às restrições de transmissão, são divididos em submercados formados por
empresas das regiões Nordeste, parte da região Norte, Centro-oeste, Sudeste e Sul.
Apenas 3,4% da capacidade de produção de eletricidade do País encontram-se fora do SIN,
em pequenos sistemas isolados, localizados principalmente na região amazônica.
Figura 8 - Integração Eletroenergética do SIN
Fonte: ONS – Operador Nacional do Sistema (2011)
17
O ONS realiza o despacho das usinas que constituem o SIN de forma centralizada,
com a finalidade de coordenar operacionalmente o sistema, visto que as usinas são de
diferentes proprietários e que a geração de uma usina interfere no procedimento das
demais.
Também devem ser destacadas as ações para atender às situações de contingência,
com saídas intempestivas de equipamentos, que requerem uma perfeita coordenação das
manobras e intervenções na rede de transmissão e remanejamento de geração, para
garantir a continuidade do suprimento nessas condições.
5. COGERAÇÃO A PARTIR DO BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR
A maioria das usinas de açúcar e etanol, principalmente no Estado de São Paulo, já
são auto-suficientes do consumo de energia elétrica e vapor de processo, ou seja, todos os
acionamentos mecânicos de equipamentos e acionamentos elétricos associados ao
processo de produção são supridos por Energia (vapor) produzido na própria usina e toda a
demanda do processo de aquecimento do caldo, evaporação, cozimento e destilação são
supridos pelo vapor do escape das turbinas.
Visando a eficiência e expansão deste sistema, existem atualmente tecnologias
disponíveis e um grande espaço, principalmente quando se refere à Cogeração voltada para
a venda de excedentes de energia elétrica. A obtenção de maiores níveis de eficiência
energética do processo industrial de produção de açúcar e etanol associado ao incremento
nas receitas das usinas devido à venda de excedentes de energia elétrica constitui um
direcionador competitivo estratégico para as usinas, e isto fez com que surgisse grande
interesse por parte do governo e empresários em busca de maiores lucros e incentivo a
esses investimentos de fontes alternativas de geração, visando garantir o suprimento de
energia elétrica à sociedade brasileira.
Segundo BALESTIERI (2002), a cogeração corresponde à produção simultânea de
diferentes formas de energia útil, como as energias eletromecânica e térmica, para suprir as
necessidades de uma unidade de processo, seja ela do setor industrial, agrícola, terciário ou
um sistema isolado, a partir de uma mesma fonte energética primária.
18
Figura 9 - Balanço Energético de um Sistema de Cogeração
Fonte: Eficiência Energética (2011)
5.1. Característica Geral de uma Usina de cana de açúcar
Por definição, o projeto Retrofit é um termo principalmente utilizado em engenharia
para designar o processo de modernização de algo já considerado ultrapassado ou fora de
norma.
A seguir será demonstrado o esquema geral da Planta de uma usina de cana-de-
açúcar antes do projeto retrofit.
Figura 10 - Esquema básico de uma usina de cana-de-açúcar
Fonte: Elaboração Própria
19
Normalmente, na recepção da cana na usina, é feito um processo de pesagem seguida de
amostragem para determinar o pagamento ao produtor. Após a descarga, a cana poderá ou
não ser lavada.
A cana recebida segue para a extração do caldo, o qual é precedido por um preparo
que favoreça a máxima extração do caldo. Para tal, os equipamentos mais utilizados são
facas rotativas e desfibriladores que cumprem o papel de abrir o máximo número de células
e posteriormente a extração do caldo da cana-de-açúcar é realizado através de moendas. A
moenda é uma unidade esmagadora constituída por cilindros tangenciais entre si, que
aplicam pressão à cana-de-açúcar normalmente embebida em água. O caldo da cana então
é tratado visando retirar algumas impurezas que possam prejudicar no processo de
fabricação do açúcar ou álcool, bem como são aplicados processo que agregam na
qualidade do produto final.
Para a produção do álcool, o caldo tratado é fermentado mediante a aplicação de
enzimas, produzindo vinho. Esse vinho possui graduação alcoólica específica, e por meio do
processo de destilação, os elementos voláteis são separados, sendo o principal deles o
etanol. Na maioria dos casos, produz-se o etanol hidratado, proveniente da aplicação de
benzeno para eliminação de água.
Para a produção de açúcar, o caldo passa por um processo de evaporação, formando
posteriormente os cristais resultantes da agregação de moléculas de sacarose. A secagem
completa o processo de fabricação do açúcar.
5.2. Característica Geral da Usina de cana de açúcar após o projeto Retrofit.
Figura 11 - Esquema básico de uma usina de cana-de-açúcar após o projeto retrofit
Fonte: Elaboração Própria
20
O projeto retrofit, quando implementado em usinas de processamento de cana-de-
açúcar, consiste em aplicar os conceitos da cogeração de vapor e energia elétrica com o
objetivo de maximizar a eficiência térmica global do processo, e conseqüentemente o
resultado econômico para a usina. A instalação de equipamentos energeticamente eficientes
e a adequação de processos de produção de vapor e geração de energias elétrica e
mecânica viabilizam a produção de excedente de energia para comercialização, sendo no
presente caso, a energia elétrica.
A energia elétrica possui hoje arcabouço legal e mercado para a comercialização de
excedentes, contemplando a venda de energia das usinas de açúcar e etanol para
concessionárias de distribuição, consumidores livres e especiais. A mesma facilidade de
negociação não existe para a comercialização do vapor, o que o torna um produto
praticamente sem valor comercial.
Os principais elementos de projetos de cogeração, contemplados no projeto retrofit
que se pretende analisar, são as caldeiras e as turbinas a vapor da produção de açúcar e
etanol. A seguir, uma descrição de suas características básicas.
5.2.1. Caldeiras
Caldeiras ou geradores de vapor são equipamentos que permitem a geração de
formas de energia térmica de amplo uso, a saber, o vapor e a água quente. Seu uso assume
as mais variadas aplicações, com destaque na indústria sucroalcooleira para secagem,
cozimento, acionamento de moendas e bombas, geração de energia elétrica e destilação.
Para tanto, pode-se dispor de equipamentos geradores de vapor convencionais, de
recuperação, e de combustão em leito fluidizado (BALESTIERI, 2002).
Caldeiras Convencionais: Proporcionado por calor da queima de um combustível,
as caldeiras tem a finalidade de produzir vapor ou água quente em altas pressões.
Ao conjunto formado pelo equipamento gerador de vapor e seus acessórios
(sopradores de ar, bombas, chaminés, queimadores, etc.) denomina-se instalação de
caldeiras. Para uso industrial utilizam-se especialmente caldeiras aquotubulares, que
permitem a troca térmica entre os gases de combustão, que passam pelo casco da caldeira,
e água, que passa no interior dos tubos, para a geração de vapor. Isto se deve ao fato de
este sistema de troca térmica permitir maiores níveis de pressão (iguais ou superiores a 285
kfg/cm2). (BALESTIERI, 2002).
21
Caldeiras em leito fluidizado: Na fornalha de caldeiras em leito fluidizado,
combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos, ou mistura de combustíveis com materiais inertes
(sílica, alumina, cinzas) e/ou absorventes (cal) são postos em suspensão pela ação de ar
primário, distribuído embaixo da mesa da fornalha (BALESTIERI, 2002).
Caldeira de recuperação: para aproveitar o calor dos gases de combustão de
diferentes instalações industriais, inclusive fornos, empregam-se caldeiras de recuperação,
que produzem vapor por troca térmica. Sendo alta a temperatura dos gases de exaustão
(superiores a 900°C, em alguns casos), tais caldeiras apresentam superfícies de
transferência de calor por radiação, e têm a mesma composição das convencionais, porém
sem a fornalha (BALESTIERI, 2002).
5.2.2. Turbinas a Vapor
As turbinas a vapor são turbo máquinas que operam com vapor de alta pressão na
condição superaquecida e que, de acordo com as funções que se pretende serem
atendidas, podem ser classificadas conforme uma das formas a seguir.
Turbinas de contrapressão de fluxo direto: O termo contrapressão se utiliza para
indicar que o vapor na saída da turbina está a uma pressão igual ou superior à atmosférica,
em níveis de 1 a 10 kgf/cm2, condição necessária para atender a demandas de calor em
níveis de temperatura superiores a 100 °C. São instaladas nas indústrias onde há
necessidade de vapor nos processos de fabricação, cujo abastecimento é garantido com o
vapor de exaustão da turbina que, normalmente, opera com uma pressão constante do
vapor de escape (BALESTIERI, 2002).
Turbinas de contrapressão com sangria ou extração(ões) controlada(s): quando
o processo exigir vapor em diferentes níveis de pressão, são utilizadas as turbinas com
sangria ou extração controlada, que fornecem parte do fluxo de vapor em média pressão e
parte em baixa pressão. As turbinas com sangrias são utilizadas quando o volume de vapor
de extração (de média pressão) é menor que o volume de escape (de baixa pressão). As
com extração(ões) controlada(s) são utilizadas quando o fluxo de vapor de extração (de
média pressão) é relativamente alto quando comparado com o fluxo de vapor de escape (de
baixa pressão) e a demanda de vapor de média pressão está sujeita a flutuações
consideráveis. A pressão do vapor de extração, nestes casos, permanece constante para
qualquer carga da turbina (BALESTIERI, 2002).
Turbina de condensação de fluxo direto: este tipo de turbina descarrega o vapor
para o condensador a uma pressão menor que a atmosférica (valores entre 0,05 e 0,1
kgf/cm2), a fim de aumentar a eficiência térmica do ciclo (BALESTIERI, 2002).
22
Turbina de condensação com extração(ões): empregada quando se necessita
mais energia elétrica do que se pode autogerar com o calor de processo. O vapor de
processo excedente será expandido até a condição de vácuo, resultando em um salto
térmico maior. As turbinas a vapor com extração automática ou extrações reguláveis são
projetadas para permitir a retirada de quantidades variáveis de vapor sob pressão constante,
em um ou mais pontos de extração. Nas turbinas de extração não-regulável não há controle
da pressão do vapor retirado, que varia em função da carga (BALESTIERI, 2002).
As turbinas de condensação e extração são aplicadas nos processos em que a
produção de energia elétrica/mecânica é prioritária, ou equivalente à demanda de vapor do
processo; isso se deve ao fato de o salto entálpico ser maior nessa situação, quando
comparado à turbina de contrapressão, uma vez que a expansão nas turbinas de
condensação se dá até pressões vacuométricas. Em função da regulagem adotada nesses
casos, a vazão de vapor de processo permanece praticamente constante; turbinas de
condensação pura são empregadas em centrais térmicas de geração elétrica, em que se
busca maximizar a produção dessa forma de energia em detrimento da forma térmica.
(BALESTIERI, 2002).
5.3. Objetivo do Investimento com o projeto Retrofit
Alteração da estrutura de uma usina de cana de açúcar, para cogerar energia a partir
do bagaço de cana-de-açúcar, repotênciando sua capacidade de gerar energia e aumentar
a produção de vapor d’água por hora, incluindo subestação e toda a estrutura e
equipamentos de distribuição de energia elétrica necessários para o atendimento da Usina
na tensão, assim como para a conexão da usina termelétrica ao sistema de distribuição da
distribuidora local de energia elétrica.
A geração de energia elétrica deverá ser suficiente para suprir a demanda da Usina e
gerar um excedente para venda no mercado livre.
23
6. ANÁLISE DE RESULTADO DE LEILÃO DE EMPREENDIMENTOS DE
BIOMASSA
6.1. Visão Geral
A formatação dos leilões deve prever diversos aspectos com vista a evitar falhas.
Considera-se, como um problema político, que a não venda do empreendimento é
considerada um fracasso maior que uma venda inadequada, pois, dessa forma, pode forçar
o aumento do preço de reserva.
Devem-se observar, também, penalidades - para evitar fracasso do leilão - caso haja
desistência nas ofertas realizadas, ou para regras que sejam utilizadas de forma indevida
pelos participantes.
Em contrapartida, para se obter credibilidade nas regras, é fundamental que se tenha
cuidado ao estabelecer multas, a fim de não causar barreiras à participação.
Outro aspecto é evitar a junção das principais empresas que exercem poder de
mercado, pois essas podem criar monopólios ou construir barreiras à entrada de
competidores menores. O fracasso de um leilão está intimamente ligado ao fato de não se
atrair um número suficiente de competidores, o que o torna não lucrativo e ineficiente
(GARCIA, 2009).
Portanto, para a promoção dos leilões de energia elétrica, a ANEEL planeja o edital,
observando as regras gerais de licitação e concessão, com base nas diretrizes do Ministério
de Minas e Energia. Esse edital contempla desde os objetos, metas, prazos, garantias
financeiras, portarias sobre procedimentos e sistemáticas, até estudos de licenças
ambientais, que prevêem a mitigação dos problemas relacionados à formatação.
São diversas as portarias do MME que versam sobre leilões de energia elétrica.
Anualmente são descritas uma série de diretrizes apresentando quais leilões serão
realizados naquele ano, as fontes a serem contratadas, a modalidade de contratação e as
previsões de data para realização desses leilões.
A partir dessas diretrizes, para cada leilão é elaborada uma portaria específica, na
qual constam os procedimentos para habilitação técnica e demais prazos. Essa, geralmente,
apresenta como anexo a sistemática do leilão. Porém, quando se considera a característica
do leilão que se pretende realizar semelhante a outro já realizado, é feita a referência a uma
portaria já existente, que contenha a sistemática adequada.
A metodologia utilizada para a definição dessas sistemáticas é avaliada de acordo
com o produto a ser leiloado e, também, com o aprendizado das experiências e resultados
24
de leilões anteriores. Como as variáveis e parâmetros não conseguem seguir um padrão
para todos os leilões, devido às características de cada empreendimento, cada leilão torna-
se único, fazendo com que os órgãos competentes ainda se posicionem sob uma curva de
aprendizado.
Tabela 2 - Portarias recorrentes aos leilões
Fonte: SILVA (2011)
25
6.2. Resultado 12º Leilão de Energia Nova para empreendimentos de
Biomassa
Em 17 de Agosto de 2011 foi realizado por intermédio da CCEE o 12º Leilão de
Energia Nova A-3, com ano de início do suprimento em 1º de março de 2014 com prazo até
31 de Dezembro de 2033. Voltado para o atendimento ao mercado consumidor brasileiro em
2014, resultou na comercialização de 2.744,6 megawatts (MW) de nova capacidade ao
sistema elétrico brasileiro, que será gerada pelas 51 usinas contratadas a serem viabilizadas
nos próximos três anos. Do total contratado, 62% são oriundos de fontes renováveis
(hídrica, eólica e biomassa) e 38% de fonte fóssil (gás natural).
Figura 12 - Relação dos Empreendimentos participantes do Leilão
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Como geração de energia elétrica através de Biomassa, cuja fonte de energia é a
queima do bagaço de cana de açúcar, participaram 4 empreendimentos com uma potência
total de 197,8 MW localizadas nos estados de MS, SP e MG. A Tabela 3 mostra a relação
desses empreendimentos detalhadamente.
Tabela 3 - Relação dos Empreendimentos Participantes do Leilão
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empresa Proprietária Empreendimento UF Potência
(MW)
Iaco Agrícola S.A Iaco MS 30,0
LDC Bioenergia S.A Unidade Passa Tempo Passa Tempo MS 67,8
Umoe Bioenergy S.A Paranapanema SP 60,0
Cia Energética de Açúcar e Álcool Vale do Tijuco Vale do Tijuco II MG 40,0
Total 197,8
26
Participaram do leilão varias empresas do setor elétrico brasileiro e cada uma das
vencedoras obteve o direito a uma determinada fatia de toda energia gerada por esses
empreendimentos. A seguir, a relação de compradores e energia adquirida por
empreendimento de Biomassa.
Tabela 4 - Resultado do Leilão para o empreendimento IACO
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empreendimento Comprador 2014
(MWh)
Demais Anos
(MWh)
IACO
AES SUL 771,252 17.494,181
AMAZONAS ENERGIA 3.175,708 72.034,040
BANDEIRANTE 1.682,255 38.158,308
CEEE D 370,201 8.397,207
CELPA 601,577 13.645,461
CELPE 709,552 16.094,646
CELTINS 92,550 2.099,302
CEMIG D 7.404,021 167.944,139
COELBA 1.573,355 35.688,130
COELCE 1.903,265 43.171,441
COSERN 431,901 9.796,741
CPFL PAULISTA 1.612,257 36.570,536
CPFL PIRATININGA 3.250,643 73.733,775
CPFL STA CRUZ 104,582 2.372,211
CPFL SUL PAULISTA 29,431 667,578
EEB 46,275 1.049,651
ELEKTRO 154,250 3.498,836
ELETROPAULO 2.807,358 63.678,820
ENERGISA BO 52,445 1.189,604
ENERGISA MG 144,995 3.288,906
ENERGISA PB 826,782 18.753,762
ENERGISA SE 524,452 11.896,043
ESCELSA 1.102,891 25.016,679
Total 29.372,000 666.240,000
27
Tabela 5 - Resultado do Leilão para o empreendimento PASSA TEMPO
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empreendimento Comprador 2014
(MWh)
Demais Anos
(MWh)
PASSA TEMPO
AES SUL 4.203,325 95.343,287
AMAZONAS ENERGIA 17.307,610 392.585,520
BANDEIRANTE 9.168,292 207.962,779
CEEE D 2.017,596 45.764,780
CELPA 3.278,593 74.367,765
CELPE 3.867,059 87.715,823
CELTINS 504,399 11.441,194
CEMIG D 40.351,917 915.295,559
COELBA 8.574,782 194.500,307
COELCE 10.372,797 235.284,352
COSERN 2.353,862 53.392,241
CPFL PAULISTA 8.786,798 199.309,422
CPFL PIRATININGA 17.716,005 401.849,075
CPFL STA CRUZ 569,971 12.928,550
CPFL SUL PAULISTA 160,399 3.638,300
EEB 252,199 5.720,597
ELEKTRO 840,665 19.068,658
ELETROPAULO 15.300,102 347.049,567
ENERGISA BO 285,826 6.483,344
ENERGISA MG 790,225 17.924,539
ENERGISA PB 4.505,964 102.208,004
ENERGISA SE 2.858,261 64.833,436
ESCELSA 6.010,754 136.340,901
Total 160.077,400 3.631.008,000
28
Tabela 6 - Resultado do Leilão para o empreendimento PARANAPANEMA
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empreendimento Comprador 2014
(MWh)
Demais Anos
(MWh)
PARANAPANEMA
AES SUL 2.390,882 75.662,333
AMAZONAS ENERGIA 9.844,695 311.547,225
BANDEIRANTE 5.214,992 165.034,683
CEEE D 1.147,623 36.317,921
CELPA 1.864,888 59.016,620
CELPE 2.199,611 69.609,346
CELTINS 286,906 9.079,480
CEMIG D 22.952,467 726.358,402
COELBA 4.877,399 154.351,161
COELCE 5.900,123 186.716,481
COSERN 1.338,894 42.370,907
CPFL PAULISTA 4.997,995 158.167,569
CPFL PIRATININGA 10.076,994 318.898,578
CPFL STA CRUZ 324,204 10.259,812
CPFL SUL PAULISTA 91,236 2.887,275
EEB 143,453 4.539,740
ELEKTRO 478,176 15.132,467
ELETROPAULO 8.702,810 275.410,895
ENERGISA BO 162,580 5.145,039
ENERGISA MG 449,486 14.224,519
ENERGISA PB 2.563,025 81.110,021
ENERGISA SE 1.625,800 51.450,388
ESCELSA 3.418,961 108.197,137
Total 91.053,200 2.881.488,000
29
Tabela 7 - Resultado do Leilão para o empreendimento VALE DO TIJUCO II
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empreendimento Comprador 2014
(MWh)
Demais Anos
(MWh)
VALE DO TIJUCO II
AES SUL 1.735,318 65.603,179
AMAZONAS ENERGIA 7.145,343 270.127,651
BANDEIRANTE 3.785,075 143.093,655
CEEE D 832,952 31.489,527
CELPA 1.353,548 51.170,480
CELPE 1.596,492 60.354,924
CELTINS 208,238 7.872,381
CEMIG D 16.659,048 629.790,522
COELBA 3.540,048 133.830,487
COELCE 4.282,347 161.892,903
COSERN 971,778 36.737,780
CPFL PAULISTA 3.627,577 137.139,511
CPFL PIRATININGA 7.313,947 276.501,657
CPFL STA CRUZ 235,309 8.895,791
CPFL SUL PAULISTA 66,220 2.503,418
EEB 104,119 3.936,191
ELEKTRO 347,064 13.120,636
ELETROPAULO 6.316,556 238.795,573
ENERGISA BO 118,002 4.461,016
ENERGISA MG 326,240 12.333,398
ENERGISA PB 1.860,260 70.326,608
ENERGISA SE 1.180,016 44.610,163
ESCELSA 2.481,504 93.812,547
Total 66.087,000 2.498.400,000
30
Assim, após a realização dos lances e toda sistemática de funcionamento dos
leilões, obteve-se resumidamente os seguintes resultados:
Tabela 8 - Resultado do 12º Leilão de Energia Nova A-3
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Empreendimento Fonte Combustível Potência
(MW)
GF
(MWm)
Lotes
2014
Lotes
Demais
Total
(Mwh)
ICB
(R$/MWh)
IACO BIO Bagaço de
Cana 30,0 12,8 40 40 695.612,00 101,99
PASSA TEMPO BIO Bagaço de
Cana 67,8 24,2 218 218 3.791.085,40 103,29
PARANAPANEMA BIO Bagaço de
Cana 60,0 24,7 124 173 2.972.541,20 101,49
VALE DO TIJUCO II BIO Bagaço de
Cana 40,0 30 90 150 2.564.487,00 102,3
6.3. Sistemática de Funcionamento dos Leilões
O esquema dos leilões é realizado em fases, etapas e rodadas. A primeira fase é
realizada para aquisição de energia elétrica de empreendimentos Hídricos e dá ao
participante o direito de participar da segunda fase. A primeira fase possui duas etapas:
Etapa Inicial e Etapa Contínua. Os empreendimentos, nessa fase, são licitados individual e
sequencialmente.
A segunda fase é composta de uma etapa para empreendimentos hídricos e outra
para empreendimentos de oferta de energia proveniente de outras fontes (térmicas e
eólicas).
Os lances durante toda a segunda fase deverão ser iguais ou inferiores ao lastro para
venda de cada participante. Todas as etapas da segunda fase constituem-se de uma rodada
uniforme e outra discriminatória.
31
Figura 13 - Esquema geral da sistemática dos leilões
Fonte: SILVA (2011)
Na segunda fase para empreendimentos hídricos, os lances são realizados em lotes
de energia, expressa em quantidades, nas rodadas uniformes, cujo Preço de Lance (PL) é
definido automaticamente pelo sistema com base na primeira fase. No decorrer das rodadas
teremos um novo PL que se dá através do preço concorrente (PC) menos um decremento
(dec).
Ao final da primeira rodada uniforme, o sistema realizará o cálculo da Quantidade de
Demanda e da Oferta de Referência para o produto, conforme cálculos demonstrados a
seguir:
• Para o cálculo da Quantidade Total de Demanda:
onde:
QTDEC = Quantidade Declarada, expressa em lotes;
QTO = Somatório das quantidades ofertadas na primeira rodada uniforme, expresso
em Lotes;
PD = Parâmetro de Demanda.
32
• Para o cálculo da Quantidade de Demanda para etapa hidro:
HID
onde:
QTD = Quantidade total de Demanda, expressa em lotes;
QOPQ = Oferta do Produto Etapa Hidro, expressa em lotes;
QTO = Somatório das quantidades ofertadas na primeira rodada da etapa uniforme,
expresso em lotes.
• Para o cálculo da Oferta de Referência para etapa hidro:
HID
onde:
QDPQ = Quantidade demanda Etapa Hidro;
FR = Fator de Referência, expresso em número racional.
O pregão da etapa “Outras Fontes” acontece após encerrar-se o da etapa hidro. Esse
processo é similar à primeira com rodadas uniformes e discriminatórias, com lances de
preço único. A EPE elaborou o cálculo de Índice de Custo Benefício (ICB), detalhado mais
adiante, de forma que os empreendimentos de energia térmica pudessem ser comparados
em si.
Para a etapa de “Outras Fontes” também há um cálculo da Quantidade de Demanda e
da Oferta de Referência, conforme abaixo:
• Para o cálculo da Quantidade de Demanda para etapa “outras fontes”:
OF
onde:
QTD = Quantidade Total de Demanda, expressa em lotes;
QOPD = Oferta do Produto Etapa “Outras Fontes”, expressa em lotes;
QTO = Somatório das quantidades ofertadas na primeira rodada da etapa uniforme,
expresso em lotes.
33
• Para o cálculo da Oferta de Referência para etapa “outras fontes”:
OF
onde:
QDPD = Quantidade demanda Etapa “Outras Fontes;
FR = Fator de Referência, expresso em número racional.
Ao final de cada rodada da etapa uniforme, o sistema fará o comparativo entre a
Quantidade de Oferta com a Oferta de Referência do Produto, e de acordo com o resultado
dessa comparação haverá uma tratativa para o processo:
• Se a quantidade ofertada for maior ou igual à oferta de referência do produto:
o O sistema iniciará nova rodada;
o O novo preço de lance será calculado mediante o decremento sobre o
preço de lance da rodada anterior.
• Se a quantidade ofertada for menor que a oferta de referência do produto:
o O sistema concluíra a etapa uniforme e começará a etapa
discriminatória
o O sistema retornará à rodada anterior, considerando os lances válidos
iniciando assim a etapa discriminatória.
Para os empreendimentos de biomassa e Gás Natural Ciclo Combinado, serão
considerados somente os lotes relativos ao primeiro ano contratual.
Figura 14 - Esquema Rodadas Uniformes
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
34
A metodologia utilizada para a definição dessas sistemáticas é avaliada de acordo
com o produto a ser leiloado e, também, com o aprendizado das experiências e resultados
de leilões anteriores. Como as variáveis e parâmetros não conseguem seguir um padrão
para todos os leilões, devido às características de cada empreendimento, cada leilão torna-
se único, fazendo com que os órgãos competentes ainda se posicionem sob uma curva de
aprendizado.
Figura 15 - Sistemática dos Leilões
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (2011)
Já na etapa Discriminatória, será considerado como critério de desempate o menor
valor de Preço de Lance, ordem crescente do montante ofertado na etapa hidro e
comparação dos lotes relativos ao segundo ano contratual para a etapa “outras fontes” ou
ainda, uma seleção randômica, ou seja, aleatório.
Aos lotes negociados ao término do leilão implicarão obrigação incondicional de
celebração do respectivo Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado
(CCEAR) entre cada comprador e vencedor ao respectivo preço de venda final ou receita
fixa.
35
6.4. Índice de Custo-Benefício (ICB).
O Índice de Custo-Benefício (ICB) é utilizado para ordenar economicamente os
empreendimentos de geração termelétrica que, diferentemente dos empreendimentos
hídricos, não são leiloados em função da tarifa de energia elétrica. O critério de decisão se
dá em virtude do menor ICB. O ICB (em R$/MWh) é definido como a razão entre a sua
receita fixa (R$/ano) total esperado e o seu beneficio energético (Garantia Física – GF),
sendo calculado conforme a seguir, sendo que 8.760 correspondem ao número de horas no
ano:
Onde:
RF = Receita Fixa (R$/ano);
QL = Quantidade de Lotes ofertados a partir do segundo ano contratual;
L = Valor do lote em MW médio;
COP = Valor Esperado do Custo de Operação
CEC = Valor Esperado do Custo Econômico de Curto Prazo;
GF = Garantia Física
Esse índice é utilizado para uma eficiente ordenação econômica de empreendimentos
termelétricos, por isso que não se pode considerar como o preço da energia e o critério de
escolha do menor para o maior valor de ICB. Por ser um índice oriundo de duas variáveis
aleatórias (COP e CEC), o ICB sinaliza o custo esperado de geração de energia futura de
um determinado empreendimento de fonte térmica.
O CEC é o valor expresso em Reais por ano (R$/ano), calculado pela EPE,
correspondente ao custo econômico no mercado de curto prazo, cujo resultado provém das
diferenças mensais apuradas entre o despacho efetivo de carga e sua garantia física que
para neste efeito, é considerada 100% contratada. Ele corresponde então, ao valor
esperado acumulado das liquidações do mercado de curto prazo, realizado com base no
Custo Marginal de Operação, sendo que estes são limitados ao PLD mínimo e Maximo,
neste caso variando entre 12,08 a 689,18 R$/MWh ou conforme valores vigentes
estabelecidos pela ANEEL. Esse valor também é em função do nível de inflexibilidade do
despacho do empreendimento e do Custo Variável Unitário – CVU.
O COP é o valor, também expresso em Reais por ano (R$/ano) e calculado pela EPE
e corresponde ao CVU multiplicado pela diferencia entre a geração de empreendimentos a
Gás Natural em cada mês, para vários possíveis cenários, e a inflexibilidade mensal,
36
multiplicado pelo numero de horas do mês em questão. O COP dos empreendimentos de
Biomassa e Eólicos será igual a zero.
37
7. CONCLUSÃO
A primeira reforma do setor elétrico iniciou-se pelas privatizações de empresas para
diminuição da intervenção estatal, bem como para sustentar a política econômica da época
que, entre outras disposições, propôs a outorga de concessões por meio de leilões públicos.
Uma das grandes mudanças no modelo do setor elétrico foi a desverticalização das
empresas de energia elétrica, incentivando a competição nos segmentos de geração e
comercialização e mantendo regulamentados os segmentos considerados monopólios
naturais, que são a distribuição e a transmissão.
Nos últimos anos, vários grupos empresariais do setor sucroalcooleiro optaram por
implantar projetos retrofit das plantas industriais existentes, melhorando a rentabilidade do
negócio sucroalcooleiro, uma vez que possibilita a ampliação da capacidade de geração de
energia elétrica sem requerer a correspondente ampliação na capacidade de produção de
açúcar ou etanol.
Como uma das formas de comercialização de energia elétrica desse sistema, definiu-
se os leilões de novos empreendimentos. Tem-se, então, que o emprego do mecanismo de
leilão para o setor elétrico vai além do processo licitatório, ajustando as curvas de oferta e
demanda de energia elétrica. Logo, constatou-se que, para obtenção de sucesso neste
processo, deve haver um aprofundado estudo sobre a melhor configuração do leilão a se
aplicar.
Ao empregar tal formatação, a competição se confirma; possibilita-se aos participantes
agrupar seus empreendimentos em pacotes, visto que para eles tais empreendimentos
podem possuir a característica de complementaridade e, dessa forma, reduzir seus custos
de investimento. Devido a essa sinergia, é possível que os participantes adotem estratégias
mais agressivas ao adquirir os bens desejados, aumentando a competição e alterando a
receita final do leilão. Esse tipo de formatação incentiva, também, os agentes a revelarem
sua preferência, o que aumenta a eficiência do leilão.
38
REFERÊNCIAS
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(Mestrado) Faculdade de Tecnologia, Universidade de Brasília. Brasília – DF, 2006.
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Cogeração e Venda de Energia Elétrica Produzida a partir de Bagaço de Cana.
39
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Piracicaba – SP, 2009.
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Francisco, Itatiba – SP. 2010.
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de energia elétrica. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Engenharia Mecânica,
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