Comentário felizmente há luar

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Comentário Felizmente há Luar Português 12º ano Luís de Sttau Monteiro Felizmente há Luar Numa primeira observação pode-se dizer que, este livro é fundamentado na tentativa fracassada da Revolta Liberal de 1817, supostamente chefiada por Gomes Freire de Andrade. É uma obra que é recriada em dois actos, o seguimento de acontecimentos históricos, que em Outubro de 1817 levaram à prisão e consequentemente ao enforcamento de Gomes de Andrade, pelo novo regime liderado pelo Inglês Beresford, que tinha o apoio da igreja católica e que o escritor tão inteligentemente leva para a situação que se vivia em Portugal no início dos anos sessenta, chamando a atenção para as injustiças praticadas contra o povo e a classe trabalhadora e também para as asquerosas repressões e perseguições políticas feitas pelo governo daquele tempo. Tais perseguições eram de tal forma anormais, que só depois de 1974,é que a peça pôde finalmente subir ao palco em 1978 no Teatro Nacional. Conforme expus antes, esta peça (livro) foi escrita numa época particularmente agitada, em que se assistia ao primórdio da Guerra Colonial em Angola e também se travavam várias "batalhas" e contestações por parte da plebe, quer fossem elas através de greves, movimentos estudantis ou outro tipo de lutas. É também nesta altura, que se dá um crescente aparecimento de movimentos de opinião organizados , destacando-se entre eles os "Católicos Progressistas", a par da oposição política, que apesar de reprimida fazia ouvir a sua voz, no que respeitava às eleições livres e democráticas. É claro que, nesta altura se vivia sobre o regime ditatorial de Salazar e como tal as diversidades entre os mais abastados e os mais pobres eram assombrosas; o povo vivia coibido, era explorado ao máximo vivia em constante terror e medo, vivia na mais profunda miséria; enfim viviam num total obscurantismo. O maior receio do povo e de quase toda a população portuguesa era sem dúvida a PIDE, que não dava descanso a todos quantos lhes apetecia perseguir com ou sem razão , porque graças aos "benditos e frustrados" bufos lhes deram direitos de tal forma que prendiam quem quer que lhes apetecesse, foi um período de vergonha nacional, pois chegaram a prender inocentes, que nem eles sabiam porque razão estavam detidos em Caxias. Além disso a dita censura cortava tudo o que não lhes deliciava e inclusivamente os próprios livros, passavam pelas mãos deles e vinham para as papelarias sem mais de metade do que o autor tinha escrito, ou então simplesmente não deixavam publicar o livro ou até mesmo nem certas peças de teatro chegam ao conhecimento da população em geral, pois eram apreendidas. Sttau Monteiro evoca exactamente tudo isto no seu livro, recorrendo a personagens do passado com o pretexto de falar no presente, artifício usado para poder reprovar a sociedade do seu tempo. Talvez por isso o titulo da obra nos queira fazer ver, que depois de tantos anos de trevas (escuridão), finalmente se pôde ver o LUAR, símbolo da nova luz que se vez em Portugal com o fim da era dura de Salazar.

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Português 12º ano Luís de Sttau Monteiro – Felizmente há Luar

Numa primeira observação pode-se dizer que, este livro é

fundamentado na tentativa fracassada da Revolta Liberal de 1817,

supostamente chefiada por Gomes Freire de Andrade.

É uma obra que é recriada em dois actos, o seguimento de

acontecimentos históricos, que em Outubro de 1817 levaram à

prisão e consequentemente ao enforcamento de Gomes de

Andrade, pelo novo regime liderado pelo Inglês Beresford, que

tinha o apoio da igreja católica e que o escritor tão

inteligentemente leva para a situação que se vivia em Portugal no

início dos anos sessenta, chamando a atenção para as injustiças

praticadas contra o povo e a classe trabalhadora e também para as

asquerosas repressões e perseguições políticas feitas pelo

governo daquele tempo. Tais perseguições eram de tal forma

anormais, que só depois de 1974,é que a peça pôde finalmente

subir ao palco em 1978 no Teatro Nacional.

Conforme expus antes, esta peça (livro) foi escrita numa

época particularmente agitada, em que se assistia ao primórdio da

Guerra Colonial em Angola e também se travavam várias

"batalhas" e contestações por parte da plebe, quer fossem elas

através de greves, movimentos estudantis ou outro tipo de lutas.

É também nesta altura, que se dá um crescente aparecimento de

movimentos de opinião organizados, destacando-se entre eles os

"Católicos Progressistas", a par da oposição política, que apesar de

reprimida fazia ouvir a sua voz, no que respeitava às eleições livres

e democráticas. É claro que, nesta altura se vivia sobre o regime

ditatorial de Salazar e como tal as diversidades entre os mais

abastados e os mais pobres eram assombrosas; o povo vivia

coibido, era explorado ao máximo vivia em constante terror e

medo, vivia na mais profunda miséria; enfim viviam num total

obscurantismo.

O maior receio do povo e de quase toda a população

portuguesa era sem dúvida a PIDE, que não dava descanso a todos

quantos lhes apetecia perseguir com ou sem razão, porque graças

aos "benditos e frustrados" bufos lhes deram direitos de tal forma

que prendiam quem quer que lhes apetecesse, foi um período de

vergonha nacional, pois chegaram a prender inocentes, que nem

eles sabiam porque razão estavam detidos em Caxias.

Além disso a dita censura cortava tudo o que não lhes

deliciava e inclusivamente os próprios livros, passavam pelas mãos

deles e vinham para as papelarias sem mais de metade do que o

autor tinha escrito, ou então simplesmente não deixavam publicar

o livro ou até mesmo nem certas peças de teatro chegam ao

conhecimento da população em geral, pois eram apreendidas.

Sttau Monteiro evoca exactamente tudo isto no seu livro,

recorrendo a personagens do passado com o pretexto de falar no

presente, artifício usado para poder reprovar a sociedade do seu

tempo. Talvez por isso o titulo da obra nos queira fazer ver, que

depois de tantos anos de trevas (escuridão), finalmente se pôde

ver o LUAR, símbolo da nova luz que se vez em Portugal com o fim

da era dura de Salazar.

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