Comentário ao Livro de Jó capitulo 4

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Comentário ao Livro de Jó ( Capitulo 4) Posted: 26 Feb 2010 09:29 AM PST de Matthew Henry CAPITULO 4 (no final do texto) Uma vez que Jó iniciou as suas queixas, os seus amigos começam agora a iniciar os seus juízos sobre o caso. O assunto em questão era sobre se Jó podia ser um homem íntegro ou não. Satanás não tinha podido negar que Jó perseverara na sua integridade apesar da sua grande aflição, mas os amigos de Jó permaneceram no seu parecer de que, se Jó fosse um homem íntegro, não estaria sofrendo desta maneira; por conseguinte, urgem-no a que declare que foi um hipócrita nas suas atividades de piedade e caridade. Jó se negará a isso, pois, mesmo que se reconheça pecador, pode confessar sinceramente que o seu coração foi sempre reto na presença de Deus. Elifaz é, dos três amigos, o que inicia o diálogo neste capítulo, no qual, I. Dá a entender que já não pode calar-se por mais tempo (v. 2). II. Reconhece as muitas e boas obras de Jó (vv. 3, 4), mas, III. Acusa-o de hipocrisia, fundando-se para isso nos tormentos que agora sofre e na forma como se comporta sob a tribulação (vv. 5, 6). IV. Fundamenta o princípio de que cada um recolhe o que semeou (vv. 7-11). V. Corrobora o seu asserto mediante uma visão que tinha tido, em que pôde contemplar a incontestável santidade e justiça de Deus, assim como a condição vil, débil e pecaminosa do homem (vv. 12-21). Com tudo isto, tenta persuadir o ânimo de Jó e fazer com que se arrependa e tenha paciência sob a sua tribulação. Versículos 1-6 I. Começa Elifaz desculpando-se de ter que molestar Jó com o discurso que vai pronunciar, mas não tem mais remédio que fazê-lo (v. 2). Se o que vai dizer fosse atinado, poderia servir-nos de exemplo no modo de tratar àquelas pessoas a quem nos vejamos forçados a repreender. Deveríamos mostrar a maior humildade e mansidão possíveis (V. Gl 6:1). Por outro lado, o calar-se para não ofender aos que temos que repreender é uma néscia compaixão. II. Apresenta um dupla acusação contra Jó. 1. Quanto à sua conduta sob a presente aflição, culpa-o de debilidade e desânimo. (A) Reconhece todo o bem que Jó fez no passado para consolo e instrução de

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Comentário ao Livro de Jó ( Capitulo 4)

Posted: 26 Feb 2010 09:29 AM PST

de Matthew Henry

CAPITULO 4 (no final do texto)

Uma vez que Jó iniciou as suas queixas, os seus amigos começam agora a iniciar os seus juízos sobre o caso. O assunto em questão era sobre se Jó podia ser um homem íntegro ou não. Satanás não tinha podido negar que Jó perseverara na sua integridade apesar da sua grande aflição, mas os amigos de Jó permaneceram no seu parecer de que, se Jó fosse um homem íntegro, não estaria sofrendo desta maneira; por conseguinte, urgem-no a que declare que foi um hipócrita nas suas atividades de piedade e caridade. Jó se negará a isso, pois, mesmo que se reconheça pecador, pode confessar sinceramente que o seu coração foi sempre reto na presença de Deus. Elifaz é, dos três amigos, o que inicia o diálogo neste capítulo, no qual, 

I. Dá a entender que já não pode calar-se por mais tempo (v. 2). 

II. Reconhece as muitas e boas obras de Jó (vv. 3, 4), mas, 

III. Acusa-o de hipocrisia, fundando-se para isso nos tormentos que agora sofre e na forma como se comporta sob a tribulação (vv. 5, 6). 

IV. Fundamenta o princípio de que cada um recolhe o que semeou (vv. 7-11). 

V. Corrobora o seu asserto mediante uma visão que tinha tido, em que pôde contemplar a incontestável santidade e justiça de Deus, assim como a condição vil, débil e pecaminosa do homem (vv. 12-21). Com tudo isto, tenta persuadir o ânimo de Jó e fazer com que se arrependa e tenha paciência sob a sua tribulação.

Versículos 1-6

I. Começa Elifaz desculpando-se de ter que molestar Jó com o discurso que vai pronunciar, mas não tem mais remédio que fazê-lo (v. 2). Se o que vai dizer fosse atinado, poderia servir-nos de exemplo no modo de tratar àquelas pessoas a quem nos vejamos forçados a repreender. Deveríamos mostrar a maior humildade e mansidão possíveis (V. Gl 6:1).

Por outro lado, o calar-se para não ofender aos que temos que repreender é uma néscia compaixão.

II. Apresenta um dupla acusação contra Jó.

1. Quanto à sua conduta sob a presente aflição, culpa-o de debilidade e desânimo. (A) Reconhece todo o bem que Jó fez no passado para consolo e instrução de outros (vv. 3, 4). Quem abunda em riquezas materiais ou espirituais deve fazer os outros partícipes delas.

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Por que menciona isto Elifaz? Para o fazer ver que, achando-se agora ele nas mesmas circunstâncias que aqueles a quem ajudava, deveria reconhecer que só os seus pecados eram a causa de ver-se agora castigado por Deus. Está a dizer-lhe: «Tu que ensinavas a muitos, por que não te ensinas a ti mesmo?» 

(B) Repreende-o pela sua conduta inconsequente (v. 5): «Mas agora, que se trata de ti, te enfadas; e tocando-te a ti, te perturbas.». Elifaz dá pouca importância à aflição do Jó: «... tocando-te a ti» O mesmo verbo que tinha usado Satanás em 1:11; 2:5! Se Elifaz tivesse sofrido na sua própria carne o que Jó padecia, haveria dito: «golpeia-me, fere-me» Os homens tendem sempre a dar pouca importância aos sofrimentos alheios e a exagerar os seus.

2. Quanto à sua conduta em geral antes desta aflição, acusa-o de maldade e hipocrisia. Quão injusta e falta de base era esta acusação! (v. 6): «Não era (melhor que é - o verbo não está no original -, pois assim o exige o contexto. Nota do tradutor) o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a integridade dos teus caminhos?». Como dizendo: «A tua conduta atual mostra a insinceridade da tua conduta anterior, pois cambiou ao cambiarem as circunstâncias». Satanás tinha tentado demonstrar a Deus o mesmo que agora tenta demonstrar a Jó valendo-se de seus amigos. Mas, pela graça de Deus, Jó foi capacitado para manter elevada a sua integridade e rechaçar o falso testemunho que se proferia contra ele. Os que, falhos de caridade e discernimento, censuram sem razão os seus irmãos tachando-os de hipócritas fazem o trabalho do diabo. É certo que «Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena» (Pv 24: 10 ACF, lit.); mas isso não significa que o carácter de uma pessoa deva julgar-se pelo desmaio de um momento.

Versículos 7-11

Elifaz apresenta agora outro argumento para demonstrar que Jó é um hipócrita: não só a sua impaciência sob a aflição, mas também a própria aflição é uma evidência contra ele. Raciocina assim:1. Nunca sofrem assim os inocentes. Como se Jó fosse um irreflexivo, diz-lhe (v. 7); «Lembra-te agora qual é o inocente que jamais pereceu?» (ACF)

Se se tratar da perdição eterna, isso é certo (2Ts. 2:3). Mas se falarmos de perdas temporárias, não o é.2. Aplica o princípio da sementeira e da ceifa (vv. 8,9). Este princípio acha-se também em Sl 7:15; Pv 22:8 e Os 8:7, mas Elifaz dá-lhe um sentido exclusivo e inexorável, não testemunhado na Bíblia. Também Paulo o emprega (Gl 6:7 e, em certo sentido, em Rm 6:23), mas o contexto é muito distinto, pois transborda os limites do temporal. Para provar a inexorabilidade do seu princípio, Elifaz recorre a duas ilustrações retóricas de muita força: (A) A ira de Deus é mais temível que o vento do Senhor (Is. 40:7 RV60), o queimante vento do deserto que tinha feito desabar o edifício sobre os filhos e filhas de Job (1:19). (B) Ainda que os malvados sejam tão fortes como leões, a ira de Deus os dispersa e os quebranta (vv. 9-11). A língua hebraica tem cinco vocábulos para designar o leão, e os cinco acham-se nestes versículos. É provável que a intenção de Elifaz ao fazer esta ilustração fosse dar a entender que embora Jó tivesse sido anteriormente o homem maior do que todos os do oriente (1:3), possivelmente tinha-se enriquecido, como o leão, com despojos alheios, e agora via o seu poder e a sua fortuna na bancarrota, e sua família desfeita e dispersa.

Versículos 12-21

Depois de ter tratado de convencer Jó do pecado de impaciência, Elifaz refere agora uma visão que tinha tido. Esta visão teria podido servir para repreender Jó pelo seu descontento, mas não dava fundamento para acusá-lo de hipocrisia. As visões durante o sono ou, como aqui, ao despertar do sono, eram correntes no A. T., mas, graças a Deus, temos agora a completa revelação de Deus por meio de Jesus Cristo e à Bíblia temos que comparecer (V. 2Pe 1:19), em lugar de depender de visões e vozes.

I. A mensagem foi enviado a Elifaz em segredo (v. 12), como costumam vir as mais importantes comunicações de Deus ao homem. Deus tem meios de infundir na alma

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convicção, consolo, aviso e repreensão com sussurros que o mundo não pode escutar, da mesmo maneira que por meio da pregação do Evangelho. Foi-lhe trazido entre pensamentos de visões da noite (v. 13); quer dizer, entre pesadelos de sonhos. despertou sobressaltado (v. 14) e teve uma visão real, não sonhada (v. 15), de alguém cujos feições não estavam bem definidas (v. 16). Era uma figura humana de contornos imprecisos; não há dúvida de que Elifaz se refere a uma figura celestial, angélica.

II. A própria mensagem, pronunciada em silêncio e em um sussurro (v. 16) vem a ser uma declaração da suma transcendência de Deus. Diante do Deus infinito em santidade e sabedoria, não só os homens, mas também os anjos são seres limitados e, defectíveis. Não são amos, mas - servos (v. 18); e se a eles lhes fosse confiado o governo do mundo, teriam os seus fracassos e os seus erros. São seres muito inteligentes, mas a sua inteligência é limitada. Se há tal distância entre os anjos e Deus, o que diremos dos homens, em cujo espírito, ainda assim santificado, habita em vasos de barro? (já desde Gn 2:7, passando por Sl 103:14, até 2Co 4:7). Os anjos são espíritos puros, livres de matéria. Os homens são espíritos encerrados em corpos de barro, tão frágeis que o mais pequeno acidente os quebranta como se esmaga a traça entre os dedos (v. 19). Da manhã à tarde desaparecem (v. 20), pois são arrancados com a sua tenda de campanha (v. 21, comp. com 2Co 5:1; 2Pe 1:14). Assim, pois, como se atreverá a disputar com o seu Criador uma criatura tão débil, tão pecaminosa e tão frágil como é o homem? Brilhante discurso, mas fora de contexto nesta ocasião, para o fim que Elifaz se propunha: convencer Jó de hipocrisia!

Fonte: Comentario Exegético-devocional a toda la Biblia Libros Poéticos- Tomo II -© 1988 por CLIEhttp://www.adorador.com/

Tradução de Carlos António da RochaFONTE: No Caminho de Jesus

Jó 41 ¶ Então respondeu Elifaz o temanita, e disse:

2 Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderia conter as palavras?

3 Eis que ensinaste a muitos, e tens fortalecido as mãos fracas.

4 As tuas palavras firmaram os que tropeçavam e os joelhos desfalecentes tens fortalecido.

5 Mas agora, que se trata de ti, te enfadas; e tocando-te a ti, te perturbas.

6 Porventura não é o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança a integridade dos teus caminhos?

7 ¶ Lembra-te agora qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos?

8 Segundo eu tenho visto, os que lavram iniqüidade, e semeiam mal, segam o mesmo.

9 Com o hálito de Deus perecem; e com o sopro da sua ira se consomem.

10 O rugido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos se quebram.

11 Perece o leão velho, porque não tem presa; e os filhos da leoa andam dispersos.

12 ¶ Uma coisa me foi trazida em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela.

13 Entre pensamentos vindos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo,

14 Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram.

15 Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne.

16 Parou ele, porém não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz que dizia:

17 Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador?

18 Eis que ele não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui loucura;

19 Quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!

20 Desde a manhã até à tarde são despedaçados; e eternamente perecem sem que disso se faça caso.

21 Porventura não passa com eles a sua excelência? Morrem, mas sem sabedoria.

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Fonte: http://www.bibliaonline.com.br/acf/jó/4