Com quem ficará o bastão cor-de-rosa? - Adeva · Quem pegará o bastão cor-de-rosa e continuará...

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Com quem ficará o bastão cor-de-rosa? Editorial pág. 2 01 02 03 04 06 08 07 09 10 11 12 16 13 14 15 17 18 05 01. Helen Keller; 02. Maria de Lourdes Guarda; 03. Marie Curie; 04. Indira Gandhi; 05. Sandra Maciel; 06. Frida Kahlo; 07. Anésia Pinheiro Machado; 08. Zilda Arns; 09. Joana D’Arc; 10. Anne Sullivan; 11. Irmã Teresa de Calcutá; 12. Golda Meir; 13. Maria da Penha; 14. Chiquinha Gonzaga; 15. Irmã Dulce; 16. Dorina Nowill; 17. Simone de Beauvoir; 18. Cora Coralina. Nº 69 - out./nov./dez. de 2014 - ANO XVI Associação de Deficientes Visuais e Amigos Os Originais do Samba são o show do nosso jantar TEMPO-Dízimo trabalha por um mundo melhor pág. 5 ADEVA Em Foco pág. 7 Parceiros

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01. Helen Keller; 02. Maria de Lourdes Guarda; 03. Marie Curie; 04. Indira Gandhi; 05. Sandra Maciel; 06. Frida Kahlo; 07. Anésia Pinheiro Machado; 08. Zilda Arns; 09. Joana D’Arc; 10. Anne Sullivan; 11. Irmã Teresa de Calcutá; 12. Golda Meir;

13. Maria da Penha; 14. Chiquinha Gonzaga; 15. Irmã Dulce; 16. Dorina Nowill; 17. Simone de Beauvoir; 18. Cora Coralina.

Nº 69 - out./nov./dez. de 2014 - ANO XVI Associação de Deficientes Visuais e Amigos

Os Originais do Samba são o show do nosso jantar

TEMPO-Dízimo trabalha por um mundo melhor

pág. 5 ADEVA Em Foco pág. 7 Parceiros

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Com quem ficará o bastão cor-de-rosa?

Apesar de sofrerem discriminação desde a Pré-História, as mulheres ganharam espaço pouco a pouco ao longo do tempo e conseguiram, enfrentando grandes obstáculos e preconceito, distinguir-se nas artes, na ciência, na política, na religião, na história da Humanidade como um todo.

Podemos lembrar aqui mulheres que deixaram sua marca no mundo: a heroína francesa Joana D’Arc, a cientista p o l o n e s a Marie Curie; a filósofa Simone de Beauvoir; as primeiras--ministras Indira Gandhi, da Índia, e Golda Meir, de Israel; Irmã Teresa de Calcutá, a pintora Frida Kahlo e outras tantas. No Brasil, são inúmeras as que merecem ser destacadas: a aviadora Anésia Pinheiro Machado, a maestrina Chiquinha Gonzaga, Irmã Dulce, a escritora Cora Coralina, a médica Zilda Arns, Maria da Penha e muitas mais.

No movimento em favor das pessoas com deficiência é inegável a importância do legado de Helen Keller, de Anne Sullivan, de Dorina Nowill, de Maria de Lourdes Guarda e da fundadora da ADEVA, Sandra Maciel. No entanto... quem está vindo depois delas?

Onde estão as mulheres que continuarão a escrever a história desse movimento? Quem pegará o bastão cor-de-rosa e continuará a corrida contra o preconceito e a discriminação?

Nesta área, as mulheres ainda têm um longo caminho

a percorrer. Hoje, dá para contar nos dedos de uma mão o número das que se destacam na liderança de entidades ou representando as pessoas com

deficiência no Brasil. Para as minorias sociais

que querem ser ouvidas, é fundamental que sejam atuantes. As mulheres com deficiência fazem parte dessas minorias e a necessidade não é diferente para elas. Mas,

para ganhar espaço, é preciso iniciativa, união, organização, ação.

Convidamos todas vocês, mulheres, a trabalharem em prol do que já foi conquistado para que ele seja acrescido!

Mirem-se no exemplo destas guerreiras que lutaram incansavelmente por dignidade e respeito para as pessoas – homens e mulheres – com deficiência. Empunhem e levem adiante o bastão cor-de-rosa!

Markiano Charan Filho, diretor-presidente da ADEVA

Jornalista responsável: Liane Constantino (MTb 15.185).

Colaboradores: Laercio Sant’Anna, Lothar Bazanella, Lucia Maria,

Lúcia Nascimento, Markiano Charan Filho, Miguel Leça (fotos),

Sidney Tobias de Souza. Correspondência: rua São Samuel, 174,

Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP) - telefones: 11

5084-6693/6695 - fax: 11 5084-6298 - e-mail: adeva@adeva.

org.br - site: www.adeva.org.br. Diagramação: Fernanda Lorenzo.

Revisão: Célia Aparecida Ferreira. Fotolitos e impressão: Garilli

Artes Gráficas Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: garilli@garilli.

com.br. Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

Opinião | Editorial ...........................p. 2 Lazer | Estive lá e gostei! ............p. 3 Adeva | Em foco ...........................p. 4 Talentos...........................p. 6 Parceiros .........................p. 7 Mercado de Trabalho | Profissão: ........................p. 8 Esporte | Um direito de todos ........p. 9 Tecnologia | Convivaware ...................p. 10 APP .................................p. 11 Literatura | Outros olhares ................p. 11 Espaço poético ...............p. 12 Mais! | Para seu lazer .................p. 12

OPINIÃO Editorial

Expediente: Índice:

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LAZER Estive lá e gostei!

A Bolívia também faz parte de São Paulo

Conheça a cultura deste país em uma visita ao Pari

Por Sidney Tobias de Souza | [email protected]

A Bolívia, nação andina cujo nome é uma homenagem a Simon Bolívar, seu libertador da coroa espanhola, tem hoje um grande número de imigrantes morando e trabalhando na cidade de São Paulo.

Mercadinhos, lojas e restaurantes tipicamente bolivianos funcionam no Pari, no Bom Retiro, no Brás e no Canindé, bairros onde está concentrada a maior parte dos imigrantes bolivianos em São Paulo.

Praça KantutaNo Pari, região central da cidade, tem também um

local que é ponto de encontro desses imigrantes e local turístico para os paulistanos – a Praça Kantuta, por onde comecei meu passeio.

Kantuta é o nome de uma flor que tem as cores da bandeira da Bolívia – vermelha, amarela e verde. Na Praça, todos os domingos, é montada uma feira com 70 barracas de especiarias, produtos industria-lizados e artesanato bolivianos, instrumentos musicais, comidas e bebidas típicas. É lá que são comemoradas as datas importantes do país e onde acontecem as festas folclóricas.

Para comer e beberCaminhando por entre as barracas, conheci alguns

produtos comuns entre os bolivianos: o favo torrado, o chá Api e tubérculos semelhantes a nossa batata doce.

É costume boliviano começar uma refeição com uma sopa, que, assim como a pimenta, serve para esquentar os nativos moradores das elevadas altitudes dos Andes. Na Kantuta, é possível saborear a tradicional sopa de amendoim ou a sopa de api, um caldo quente de milho roxo, e o chicharrón, prato feito com carne de porco, batata e milho. O milho, assim como a batata, compõe muitos e diversos pratos bolivianos. Na Bolívia, se cultiva mais de 300 tipos diferentes de batatas e quase o mesmo tanto de grãos de milho.

As delícias culinárias mais populares são as salteñas, pastéis assados com recheios variados, as tucumanas, pastéis fritos com massa de batata, recheados com carne, legumes e ovo cozido, e as empanadas. Comi uma empanada com bastante pimenta de amendoim e uma salteña de queijo com pimenta, acompanhada

de uma Paceña, cerveja produzida, como diz o nome, em La Paz, a capital boliviana. Uma delícia!

Para adoçar o paladar, recomendo o buñuelo, uma massa frita doce, parecida com a panqueca, típica de La Paz, acompanhada de um dos diversos sucos gelados ou do tradicional chá de coca.

Folclore A Associação Cultural de Grupos e Conjuntos

Folclóricos Bolívia-Brasil, formada em 2006, atualmente, congrega 14 grupos folclóricos, integrados por centenas de pessoas de todas as idades e classes sociais, princi-palmente bolivianos e seus descendentes brasileiros. No final deste dia, assisti a apresentação de um desses grupos, o “Amigos para Sempre”.

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ADEVA Em Foco

Como colaborar com a ADEVA

Para colaborar com nossos projetos, você pode fazer uma doação em dinheiro pelo sistema PagSeguro no link http://www.adeva.org.br/comocolaborar, ou doar seus Cupons e Notas Fiscais sem registro do CPF ou CNPJ. Para a entrega desses Cupons, entre em contato com Rosana, pelos telefones: 11 5084-6693 / 6695, ou pelo e-mail: [email protected]

Festa caipiraNo dia 19 de julho, a ADEVA realizou sua IV

Festa Julina com as portas abertas do seu arraial para amigos e convidados. Teve dança, comida gostosa, brincadeiras e muita animação.

Acesso para TodosO projeto Acesso para Todos, criado pela ADEVA, pelo

escritório de webdesign E-Hipermídia e pela empresa de sistemas Web2Business, oferece a terceiros a construção de websites acessíveis segundo os padrões da W3C, comunidade internacional que estabelece os padrões da web. Para mais informações e orçamento, visite o site http://www.acessoparatodos.com.br

Programa Via Rápida EmpregoA ADEVA, em parceria com o Governo do estado de São Paulo, oferece

cursos gratuitos de assistente administrativo, auxiliar de escritório e montagem e manutenção de computadores para pessoas com deficiência visual em seu Centro de Treinamento, na rua São Samuel, 174, Vila Mariana, São Paulo (SP). Para mais informações, entre em contato pelos telefones: 11 5084-6693 / 5084-6695.

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ADEVA Em Foco

Missa de Ação de Graças

Os 36 anos da ADEVA foram agradecidos e abençoados com uma missa celebrada na capela do Hospital Santa Catarina, em São Paulo, dia 13 de agosto, que contou com a participação do coral da entidade.

Homenagem a Sandra Maciel

A ADEVA, a Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do estado de São Paulo e o Senac Campus Santo Amaro prestam uma homenagem a Sandra Maria de Sá Brito Maciel em 7 de outubro, dia em que ela comemoraria 68 anos de idade. Sandra Maciel foi uma das fundadoras da ADEVA e membro de sua diretoria por 35 anos ininterruptos. Aberto ao público às 19h, o evento exibirá o vídeo que narra sua trajetória como uma das pioneiras do movimento em favor dos direitos das pessoas com deficiência, iniciado em 1981 no Brasil, e fotos produzidas por alunos da entidade durante o curso “Alfabetização Visual” ministrado pelo fotógrafo João Kulcsár, do Centro Universitário Senac Campus Santo Amaro-SP. Memorial da Inclusão, na rua Auro Soares de Moura Andrade, 564, portão 10, Barra Funda, tel.: (11) 5212-3700, em São Paulo (SP).

Jantar dos 36 anosA ADEVA comemora 36 anos de fundação

com seu tradicional jantar no Bar Brahma Centro. Este ano, o show é d’Os Originais do Samba, grupo formado na década de 60 que continua atuando com sucesso nas noites paulistanas. À época, foi o primeiro conjunto de samba a se apresentar no Olympia de Paris.

Os convites já estão à venda. Para mais informações, telefone 11 5084-6693 ou 5084-6695. Bar Brahma, av. São João, 677, São Paulo (SP). Dia 12 de novembro, às 19h30.

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ADEVA Talentos

Por Lúcia Nascimento | [email protected]

A história da técnica em gastronomia Maria Alice Manoel Nürmberger (49) com a ADEVA foi intermediada por seu marido, o professor Pedro Nürmberger [Talentos, CONVIVA nº 32 e nº 65]. “A morte do Pedro, no ano passado, me abalou muito. Para me confortar, viajei para Presidente Prudente, onde mora minha família. Um dia, recebi o telefonema da Sandra Maciel [à época, vice-presidente da ADEVA], perguntando se eu gostaria de trabalhar na entidade como merendeira. Aceitei de imediato, pois sabia que iria conviver com pessoas de quem o Pedro gostava muito.”

No curto espaço de seis meses em que esteve por lá, Alice conquistou a amizade e o carinho de todos com sua simpatia e os deliciosos lanches que preparava e servia diariamente.

“Trabalhar na ADEVA foi a melhor coisa que me aconteceu na vida. Logo de início, foi nascendo um amor dentro de mim que nunca imaginei que pudesse existir. Me envolvi de tal maneira que sabia o nome de todos os alunos e funcionários e o que cada um

gostava. Nesse contato diário, fui saindo da minha tristeza. Aprendi a ouvir as pessoas, a dar carinho, a me colocar no lugar do outro. Tomei conhecimento de problemas que faziam com que eu nem pensasse mais nos meus. E ganhei muitos amigos!”

Um dom inatoAlice cursou a faculdade de gastronomia e hotelaria,

pois “vi na gastronomia a oportunidade de unir o útil ao agradável: trabalhar por conta própria e usar um dom que herdei da minha mãe”. Certa vez, com oito anos de idade, surpreendeu o pai e seus amigos com o almoço que fez para eles, cozinhando “sobre um banquinho, para poder alcançar as panelas no fogão a lenha lá de casa”.

Aos poucos, preparando jantares, pratos salgados e doces para os parentes e conhecidos, Alice foi se aperfeiçoando e aumentando o número de clientes, dentre eles, a ADEVA. “Com a ajuda do Pedro, que ‘punha a mão na massa’, servimos salgadinhos e lanches em vários eventos.”

Jogo rápido com Maria AliceSigno: Áries. | Cor: Amarelo. | Hobby: Cozinhar. | Um filme: Antes de partir (EUA, 2008). | Um livro: Poesias, de Cora Coralina. | Um estilo de música: Clássica. | Uma música: She, com Charles Aznavour. | Cantora preferida: Elis Regina. | Cantor: Djavan. | Religião: Evangélica. | Deus: Tudo em minha vida. | Esporte preferido: Não pratico esportes. | Time do coração: Não gosto de futebol. | Família: Porto segu-ro. | Um sonho: A ADEVA em Presidente Prudente para ajudar outros deficientes. | O que fazer para vi-ver melhor: Aceitar as pessoas como elas são. | Uma frase: “Não desejo suscitar convicções, o que desejo é estimular pensamentos e derrubar preconceitos.” |

Cozinhar é seu dom desde a infância

Alice conquistou todos pelo estômago e com sua simpatia

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ADEVA Parceiros

TEMPO – Departamento

do DízimoUm parceiro que pratica o que ensina

em favor de um mundo

A TEMPO – Treinamento e Desenvolvimento Mental é uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo é ampliar a consciência do ser humano, promover o conhecimento e o reconhecimento de sua função universal.

Por acreditar que uma pessoa melhor constrói um mundo melhor à sua volta, oferece cursos que estimulam o processo de autoconhecimento, despertando no ser humano a percepção do meio em que habita e onde pode atuar de forma a construir uma sociedade mais justa.

A face visível dessa atuação se revela no seu Departamento do Dízimo, do qual fazem parte amigos que, de forma voluntária e anônima, depositam quantias espontâneas em certa conta bancária para, com o valor arrecadado, comprar e doar bens materiais. Os favorecidos são institutos, entidades, organizações ou associações idôneas que atendam gratuitamente crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas com deficiência ou qualquer outra parcela carente da sociedade.

De volta para casa Filha de Benedito Manoel e

Benedita Lucio Manoel, irmã de João Batista e de Adriana, Alice nasceu e cresceu em Presidente Prudente, interior de São Paulo. “Tive uma infância com muita brincadeira e traquinices! Hoje, sou mais tranquila, mas, quando tenho tempo, ainda gosto bastante de me divertir.”

Aqui em São Paulo, conheceu o Pedro com quem esteve casada por dez anos. “Guardo lindas recordações desse tempo e do Pedro, um homem maravilhoso, amigo, fiel, companheiro.”

Desde agosto, Alice mora novamente em Presidente Prudente. “Senti necessidade de estar mais perto da minha família”. Seu plano futuro é voltar a trabalhar na área da gastronomia junto com uma sobrinha, que também herdou o dom de bem cozinhar. “Levo saudade e o orgulho de ter contribuído com uma entidade que faz um trabalho muito importante na formação e no desenvolvimento das pessoas com deficiência visual, num mercado de trabalho tão competitivo. Eles saem de lá preparados para enfrentar o mundo!”

Para uma entidade se candidatar à doação dos bens de que necessita é preciso que faça uma solicitação à Tempo-Departamento do Dízimo, preencha um cadastro e apresente os documentos que comprovem sua existência legal e idoneidade. Após a análise e aprovação da documentação societária e fiscal, uma equipe de voluntários do Dízimo visita a entidade. A penúltima etapa é a compra dos bens solicitados.

Foi esse caminho que a ADEVA percorreu a partir do encontro fortuito de uma aluna da Tempo-Departamento do Dízimo e uma voluntária da ADEVA, durante um evento no final do ano 2013, e que resultou na doação de impressoras braille e jato de tinta formato A3, computadores, ultrabooks, grampeador para brochuras, caixas de papel para impressão braille e um scanner com áudio.

A etapa final é uma solenidade festiva de entrega das doações, que, como afirmam seus integrantes “é um dia de festa para nós! Encanta-nos visitar mais uma organização e conhecer o que realiza em favor de uma sociedade mais igualitária. Ficamos agradecidos pela oportunidade de estarmos juntos por um momento, compar-tilhando a alegria de trabalhar por algo que faz a diferença. Sempre voltamos para casa com a sensação de quem já vive num mundo melhor”.

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MERCADO de TRABALHO Profissão: radialista

Por Lúcia Nascimento | [email protected]

“Foi preciso perder a visão para eu enxergar melhor”. A declaração e a história do radialista André Batista Ferreira (38) demonstram que é possível superar a perda da visão mesmo na fase adulta.

Quando enxergava, esse paulistano nascido no Ipiranga foi bancário e trabalhou como vigia em um Centro de Educação Unificada (CEU) da Prefeitura de São Paulo.

Um tumor no cérebro lesou seu nervo óptico e André ficou cego aos 28 anos de idade. “Desde o início, tive a convicção de que precisaria reaprender a viver e o apoio da família e dos amigos me renovou de tal forma que, embora tivesse momentos de abatimento, nunca caí em depressão. Procurei a Fundação Dorina Nowill e lá me mostraram novos caminhos: fiz todos os cursos de reabilitação, aprendi o braille e concluí o ensino médio.”

Uma paixãoAndré sempre foi ouvinte

assíduo de rádio. “O rádio é magia, é essencial na vida das pessoas, principalmente das que têm deficiência visual. Ele nos coloca em condições de igualdade com quem enxerga porque é áudio.”

Quando perdeu a visão, essa ‘mania’ se profissionalizou. “Participei de uma oficina de locução na Fundação Dorina Nowill e de um curso na Associação Laramara.” Com uma voz adequada, boa memória, ótimas notas e os boletins esportivos que apresentou, ganhou a admiração de todos.

Na Fundação, conheceu Marco Oton, um fotógrafo, também com deficiência visual, que o incentivou a visitar os estúdios da equipe de esportes da Rádio Transamérica

FM. “Lá, nós fomos a p r e s e n t a d o s ao ex-jogador do Corinthians, o Neto, comentarista esportivo do programa Esquenta. Hoje, ele está na Rede Bandeirantes. Por conta da minha voz e dos cursos que mencionei ter feito, ele me ofereceu um estágio. Um golpe de sorte e onde tudo começou, no dia 11 de janeiro de 2009.”

Primeiros passos“Minha tarefa era atender os

ouvintes que queriam participar do programa e falar com o Neto. Para mim, era pouco.”

O Esquenta sorteia prêmios e os ganhadores são anunciados no final do programa. André começou a anotar o nome dos vencedores usando sua máquina braille. “Um dia, o funcionário que fazia o anúncio não apareceu. O programa estava no ar e ao vivo. O Neto, aflito, me chamou para anunciar, ficou satisfeito com meu desempenho e me nomeou para assumir a função.”

A partir de então, André passou a atuar mais no ar e foi conquistando espaço, como o de encerrar o programa. “A produtora, um ‘anjo’ chamado Talita, me passava, por e-mail, a escala da equipe que trabalharia nos jogos: o narrador, os repórteres, o comentarista. Eu decorava. Então, certo dia, eu pedi ao Neto para encerrar o Esquenta e ele me atendeu.”

Investindo em seu crescimento profissional, André participou de

um curso de Plantão Esportivo, com Rodrigo Piccioneli, e o de Comunicador Integral na UNIRR [União e Inclusão em Redes e Rádio], com o radialista Marcus Aurélio de Carvalho.

Esporte paralímpicoCom o ótimo desempenho

nos programas e nas jornadas esportivas da Transamérica, André ganhou mais liberdade. Desde maio de 2011, ele apresenta os boletins das quintas e sextas-feiras, no Esporte de Primeira, programa que vai ao ar de segunda a sexta, das sete às oito da manhã.

Realizado na emissora, André não poupa elogios aos colegas. “É um prazer trabalhar com o José Calil, a ‘lenda’ Juarez Soares e com Márcio Bernardes. Para mim, o rádio era um sonho que hoje é realidade.”

Construindo o futuroApesar das dificuldades que

enfrentou por causa da deficiência visual, André se considera um vencedor. “Mas para chegar aonde cheguei, não basta sonhar. Quem só sonha vive dormindo. É preciso ir atrás dos sonhos! Eu sempre fui apaixonado por rádio e, hoje, estou lá dentro da ‘caixinha’!”

André Ferreira, apaixonado pelo rádio, hoje é radialista

Com seu esforço pessoal, ele potencializou um golpe de sorte

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ESPORTE Um direito de todos

Mizael é o tema e o título de um dos livros da coleção infanto-juvenil “Pequenos Craques”, da Callis Editora. A “Pequenos Craques” conta para as crianças como foi a infância de atletas brasileiros e sua caminhada até alcançar a fama. Neste volume, Paola Gentile narra a história de Mizael Conrado de Oliveira, atual segundo vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Mizael é o primeiro paratleta retratado neste catálogo de campeões. Ele foi escolhido por sua trajetória vitoriosa: considerado o melhor jogador do mundo em 1998, foi bicampeão da Copa América, bicampeão mundial e bicampeão paraolímpico (Atenas 2004 e Pequim 2008) no futebol de 5 para cegos. As duas medalhas paralímpicas foram doadas por ele ao acervo do Museu do Futebol, no Estádio Municipal do Pacaembu, em São Paulo (SP).

Vítima de catarata, desde seu nascimento, em 1977, na cidade de Santo André, Mizael ficou cego aos 13 anos de idade. Estudou, como aluno interno, no Instituto de Cegos Padre Chico, em São Paulo (SP), onde iniciou a prática do futebol de 5. Daí em diante, não parou mais. Quando saiu do internato, começou a trabalhar e continuou a treinar com afinco essa modalidade.

Com empenho e dedicação, construiu uma carreira vitoriosa. Em Mato Grosso, onde morou por um tempo, encerrou sua caminhada de futebolista, jogando pela Associação Matogrossense dos Cegos (AMC).

Mizael é o melhor atleta do mundo no futebol de 5

Atletas paralímpicos contam sua história e suas vitórias III

Curiosidade:O futebol de 5 para cegos entrou para o progra-ma dos Jogos Paralímpicos em Atenas-2004. O Brasil é, até hoje, o único campeão. Esta moda-lidade paralímpica é disputada em uma quadra que segue as medidas do futsal, com algumas alterações nas regras tradicionais.

cemporcentoskate.uol.com.br

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TECNOLOGIA Convivaware

Por Laercio Sant’Anna | [email protected]

Acredito que não existe quem não concorde com a máxima “Tudo é muito fácil depois que aprendemos como fazer”. Diferentemente do que acontece com quem enxerga bem, uma “varredura” em um texto para encontrar uma palavra, frase, tabela, ou mesmo um local específico não é algo tão rápido para as pessoas com deficiência visual.

Como temos acesso apenas ao que é falado, não podemos nos beneficiar da visão espacial, que percebe uma boa parte da área ao redor do texto que está sendo lido. No caso dos usuários de leitores de tela, só é possível saber o ponto exato porque é aquele que está sendo falado naquele momento.

Porém, se temos o prejuízo da falta de dimensão espacial, ganhamos em observação de detalhes. Assim, por incrível que pareça, percebo erros de grafia com mais facilidade do que algumas pessoas que trabalham comigo e enxergam. Como o leitor de tela fala a palavra, o ouvido se incomoda muito mais com o erro do que os olhos, os quais, por terem uma visão espacial, acabam lendo a palavra mesmo faltando uma letra no meio.

Bom... por que estou dizendo tudo isto?Outro dia, estava lendo os e-mails de uma lista

de discussão, quando um companheiro, o Francisco Carlos, professor de informática da ADEVA, deu uma dica importante para as pessoas cegas com tanta naturalidade que tive a impressão que todos já a conheciam, só eu é que não! Por isso, resolvi trazê-la para o Convivaware.

É muito comum as pessoas com deficiência visual lerem livros no Microsoft Word e o computador é um grande companheiro para esta atividade. Um dos incômodos é voltar ao ponto aonde se parou. Não há dúvida que, mesmo para quem enxerga, se o texto é grande, encontrar o local exato onde se estava não é tarefa tão fácil. Daí eu entender que, se é boa para quem enxerga, a dica é ótima para quem não enxerga.

Existem algumas maneiras para se contornar este problema. Talvez a mais simples e que não requer qualquer conhecimento técnico é a colocação de alguns caracteres no ponto onde se parou. Depois, para retomar a leitura, basta ir à busca e procurar por esses caracteres. O problema é que, na empolgação de ler, muitas vezes, não os apagamos antes de começar a ler, ou nos esquecemos de colocá-los.

Foi aí que o professor Carlos trouxe algo que, pelo menos para mim, surgiu como realmente novo. Se no Microsoft Word pressionarmos Shift + F5, somos levados ao ponto da última alteração feita antes de salvar o documento.

Assim sendo, quando estiver lendo um texto longo e desejar parar, pressione a barra de espaço, em seguida apague o espaço escrito e salve. Quando retornar, antes de tudo, pressione Shift + F5. Você será levado para a última alteração, ou seja, o espaço apagado antes do último salvamento.

Além de ser mais rápido digitar Shift + F5 do que um conjunto de caracteres, não é preciso se preocupar em apagá-los.

Experimente e depois me diga se é ou não fantástico!

Uma busca rápida e certeiraBasta um Shift + F5 para voltar ao ponto exato

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Acordei

O “Acordei - Eleições 2014” lista os candidatos para Presidente, senador, governador, deputado estadual e federal de todos os estados brasileiros, com informações detalhadas sobre cada um, tendo como base os dados coletados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

https://play.google.com/store/apps/details?id=brasil.eu.acordei

MiniMateVox

Este app ajuda crianças com deficiência visual a aprender matemática. Sugere diferentes maneiras de utilização dos recursos em vinte aulas e oferece também inclusão digital e recreação para crianças de seis anos do ensino fundamental. Pode ser solicitado para download gratuito pelo e-mail do seu criador, o brasileiro Henderson Tavares

[email protected]

eSSENTIAL Accessibility™

A tecnologia assistiva deste aplicativo facilita a navegação na internet por pessoas com deficiência física e visual, com dificuldade de controlar o mouse, de digitar ou de ler. Oferece, para tanto, teclado na tela, alternativas para o mouse, zoom em texto e imagem, auxiliar de clique visual e comando de voz.

http://essentialaccessibility.com/pt/download/

CiúmePor onde passa, Vilma chama a atenção pelos

belíssimos olhos, de um azul muito claro e intenso.

Cega, durante uma época pegava trem todos os

dias para ir ao trabalho, aqui em São Paulo. Foi

em uma dessas vezes que ela passou um apuro

tão grande que a história virou até charge do

cartunista Ricardo Ferraz.

Sentada em um dos chamados “bancos dos

bobos”, aqueles posicionados de modo que uma

pessoa fica de frente para a outra, a bengala

branca guardada na bolsa, ia distraída quando,

de repente, sentiu a dor de um violento soco no

rosto, acompanhado de gritos e xingamentos de

uma moça enfurecida. “Para quem não enxerga,

a sensação é de terror”, ela conta. “Além da dor

física, o susto foi enorme e entrei em pânico por

não ter ideia do que estava acontecendo e nem

a menor chance de defesa.”

Foi tudo muito rápido e a Vilma só ouvia os

passageiros em volta gritando: “Para, para com

isso, ela é cega!”.

Pronto. Na hora, a agressora, chorando,

desesperada, só faltou ajoelhar e pedir perdão.

Explicou que perdeu as estribeiras porque achou

que a Vilma, na cara dura, não parava de paquerar

o namorado dela, sentado no banco em frente!

Aí foi a vez de a Vilma ter de pedir calma para

todo mundo porque tinha muita gente indignada

que queria era dar uns bons tapas na namorada

ciumenta...

A Vilma já conta essa história rindo e acrescenta:

“Depois disso, passei a deixar minha bengala sempre

bem visível. Fiquei esperta...”

Lucia Maria é jornalista, audiodescritora e autora do blog

Outros olhares (outrosolhares.blog.terra.com.br)

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ADEVA - Associação de Deficientes Visuais e AmigosCorrespondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP) | e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br

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Por Lothar Bazanella

Um dedo de trova

Feira A Feira Kantuta é um local de encontro para os imi-grantes bolivianos e um ponto turístico para os paulistanos. Tem atrações e diversão para todos: barracas que vendem quitutes típicos bolivianos, temperos andinos, artesanato, malhas, bordados e instrumentos musicais de sopro tradicionais da Bolívia. Tem muita música e dança também, pois é neste espaço que os bolivianos de São Paulo co-memoram as datas importantes do seu país. Praça Kantuta, rua Pedro Vicente, s/nº, Pari, São Paulo (SP), aos domingos, das 11h às 19h.

Livro de crônicas “Quando botei a boca no mundo” é o título do livro de Sara Bentes, cantora e atriz que nasceu com glaucoma, teve baixa visão até 2010 e, por um procedimento médico mal sucedido, ficou cega. Nesta obra, Sara conta suas aventuras diárias com a deficiência e registra o que pensa sobre diversos outros temas. Produção in-dependente, lançado em versão impressa e digital acessível, o livro pode ser adquirido no site da escritora www.sarabentes.com.br ou por seu e-mail: [email protected].

Livro infantil“Theo, o viajante espacial” é um simpá-tico ET que resolveu conhecer nosso planeta e fazer novos amigos. Neste livro infantil, escrito pela colaborado-ra do CONVIVA, Fernanda Lorenzo, o leitor mirim encontra sons e recursos interativos para se divertir junto com o personagem. Indicado para crian-ças até quatro anos, a versão digital, exclusiva para iPad, pode ser baixada gratuitamente em https://itunes.apple.com/br/book/theo-o-viajante-espacial/id916782972?mt=11

LITERATURA Espaço poético

MAIS! Para seu lazer

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante

O humano coração com mais verdade...

Amo-te como amigo e como amante

Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante

E te amo além, presente na saudade

Amo-te, enfim, com grande liberdade

Dentro da eternidade e a cada instante

Amo-te como um bicho, simplesmente

De um amor sem mistério e sem virtude

Com um desejo maciço e permanente

E de te amar assim, muito e amiúde

É que um dia em teu corpo de repente

Hei de morrer de amar mais do que pude

Vinicius de Moraes

Esta mascarada enorme

com que o mundo nos aldraba,

dura enquanto o povo dorme,

quando ele acordar, acaba.

António Aleixo - Portugal

Fui ao forró distraído...

Filomena me sorriu.

Eu não lhe vi o marido...

Mas o marido me viu!

Durval Mendonça - RJ

Quando me disseste “Adeus!”

eu senti que voltarias

porque teus olhos e os meus

só se disseram “Adias!”.

Lothar Bazanella - SP