Com persistência, agricultora supera dificuldades e inicia produção

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Com persistência, agricultora supera Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 nº1824 Junho/2014 Exu Conhecido pela famosa produção de arroz irrigado, a cidade Santa Cruz do Rio Pardo, localizada no interior de São Paulo, foi o cenário onde a paulista Luzia Aparecida do Amaral se apaixonou pelo pernambucano Pedro Gonçalves Gomes e tiveram quatro filhos. Com a família completa, o casal decidiu partir para o pequeno Sítio Saudade, em 2013, no Sertão de Pernambuco, e criar seus filhos juntos com os avós paternos, com exceção de um que preferiu ficar em sua cidade natal. Naquela época, ao chegar às terras pernambucanas, a família não tinha moradia fixa e por isso pediam favor para um e outro até quando encontraram uma casa de taipa que estava abandonada onde puderam passar alguns meses. “O chão era bem humilde, nas portas e janelas era preciso pauzinhos pra fecharem. Também não tínhamos cadeira, quando uma visita chegava corríamos para pegar uma emprestada com o vizinho, mas apesar disso eu era feliz”, conta dona Luzia com uma voz firme e entonada pelo orgulho do passado. Entretanto, outra dificuldade que imperava era a falta de água, acompanhada da fome. Segundo dona Luzia, sua filha mais velha sempre reclamava porque tinha que carregar os baldes d'água na cabeça. “Mesmo com esse sacrifício, não era sempre que conseguíamos água, às vezes passávamos o dia com dois ou três baldes. Por causa disso tinha dia em que meus filhos iam para a escola sem almoçar porque não tinha água para fazer a comida”, comenta, lamentando. Mesmo num cenário onde os problemas prevaleciam, a criação dos filhos de Luzia e Pedro era rica em ensinamentos. Enquanto o pai saía para trabalhar e garantir o sustento da família, a mãe repassava para as filhas as técnicas de bordado, de crochê, de artesanato e também de pintura em panos de prato. cisterna impulsiona produção agroecológica produção assegura sustento da família dificuldades e inicia produção

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Dona Luzia saiu de São Paulo para viver no Sertão com o seu marido. Ao chegar às terras pernambucanas, ela deu inicio à produção agroecológica e percebeu que essa prática rendeu vários frutos para sua família.

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Com persistência, agricultora supera

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 nº1824

Junho/2014

Exu

Conhecido pela famosa produção de arroz irrigado, a cidade Santa Cruz do Rio Pardo, localizada no interior de São Paulo, foi o cenário onde a paulista Luzia Aparec ida do Amara l se apa ixonou pe lo pernambucano Pedro Gonçalves Gomes e tiveram quatro filhos. Com a família completa, o casal decidiu partir para o pequeno Sítio Saudade, em 2013, no Sertão de Pernambuco, e criar seus filhos juntos com os avós paternos, com exceção de um que preferiu ficar em sua cidade natal.

Naquela época, ao chegar às terras pernambucanas, a família não tinha moradia fixa e por isso pediam favor para um e outro até quando encontraram uma casa de taipa que estava abandonada onde puderam passar alguns meses. “O chão era bem humilde, nas portas e janelas era preciso pauzinhos pra fecharem. Também não tínhamos cadeira, quando uma visita chegava corríamos para pegar uma emprestada com o vizinho, mas apesar disso eu era feliz”, conta dona Luzia com uma voz firme e entonada pelo orgulho do passado.

Entretanto, outra dificuldade que imperava era a falta de água, acompanhada da fome. Segundo dona Luzia, sua filha mais velha sempre reclamava porque tinha que carregar os baldes d'água na cabeça. “Mesmo com esse sacrifício, não era sempre que

conseguíamos água, às vezes passávamos o dia com dois ou três baldes. Por causa disso tinha dia em que meus filhos iam para a escola sem almoçar porque não tinha água para fazer a comida”, comenta, lamentando.

Mesmo num cenário onde os problemas prevaleciam, a criação dos filhos de Luzia e Pedro era rica em ensinamentos. Enquanto o pai saía para trabalhar e garantir o sustento da família, a mãe repassava para as filhas as técnicas de bordado, de crochê, de artesanato e também de pintura em panos de prato.

cisterna impulsiona produção agroecológica

produção assegura sustento da família

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

Na culinária, dona Luzia trouxe como herança de sua mãe, que ainda vive em Santa Cruz do Rio Pardo, receitas de pão, bolo, salgados e até mesmo de como aproveitar o óleo usado da comida para fazer sabão.

Após muitos altos e baixos, a família passa por um momento importante que marcou uma mudança na vida de todos: a construção da casa nova. O terreno, onde a residência foi erguida, possibilitou à família as práticas de produção de alimentos voltadas para o próprio consumo e depois para o aumento da renda por meio da comercialização. “Comecei a plantar uma coisinha aqui e outra ali, mas o meu primeiro pé mesmo foi o de umbu”, afirma a agricultora.

Após essas melhoras, a agricultora teve um motivo ainda maior para comemorar que foi a construção da cisterna de 16 mil litros, em 2010, através do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA). “Depois da casa a melhor coisa foi essa cisterna, pelo menos aposentamos os baldes!”, afirmou dona Luzia.

Com a água para beber e cozinhar garantida, chega em 2013 a cisterna-enxurrada de 52 mil litros, pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). Além do sistema hídrico, a agricultora também teve acesso à educação por meio da capacitação de Gestão de Água para Produção (GAPA) e a de Sistemas Simplificados de Água para Produção (SISMA) que

proporcionaram conhecimentos suficientes para o desenvolvimento de um quintal produtivo agroecológico.

Após a germinação do conhecimento teórico e prático sobre a agroecologia, por meios dos cursos e intercâmbios em outras comunidades rurais, dona Luzia enraizou ainda mais seu gosto pela agricultura em suas práticas e seguiu diversificando as culturas em seu terreiro por meio da produção de batata, macaxeira, banana, caju, mamão, entre tantas outras.

Os bons frutos da cisterna-enxurrada não somente adoçaram a mesa da família do Sítio Saudade ao proporcionar segurança alimentar e nutricional, mas também incrementaram a renda com o aumento da produção. “Alguns vizinhos vêm nos procurar para comprar nossos produtos. Também conseguimos comercializar na feira de Exu e para alguns restaurantes”, a agricultora comenta ainda que “no meu canteirinho hoje têm coentro, alface, cenoura,

cebolinha, tomate, e pretendo melhorar ainda mais”.

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