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ONDE ESTÃO AS PRETAS? MOVIMENTANDO-SE PARA FORA.
PATRÍCIA TEIXEIRA ALVES1
RESUMO
Durante todo século XIX, além das questões politicas, raciais e sexistas estavam as questões
biológicas que após o fim da escravidão, regiam todas as outras. A necessidade de tornar a
população negra em degenerada e humanamente inferior, produzindo verdades e conceitos
racializadores estavam por toda parte, nesse bojo estava à mulher negra, que tinha sua
identidade fixada pelo sexismo, pelo racismo logo, pelas teorias raciais. O artigo procura
apresentar o deslocamento homogêneo da mulher negra para o plural das mulheres negras no
decorrer do pós-abolição, apresentando suas desterritorializações que perpassaram do século
XX para XXI, apontando a contribuição do feminismo negro e suas relações com os processos
de subjetivação e como tiveram seus territórios repatriados.
Palavras-chave: Feminismo Negro, subjetivação e desterritorialização.
INTRODUÇÃO
A população majoritariamente negra no Brasil possui locais de atuação distintos no
que se referem a questões políticas e sociais. Essas demandas foram se tornando homogêneas
com a finalidade de “reparar” as mazelas provocadas pelos séculos de escravidão e pelas
teorias raciais que embalaram os séculos pós-escravidão, onde se encontra a mulher negra.
A mulher tem em seu processo de constituição uma pluralidade de eu’s e
pertencimentos, ao mesmo tempo em que apresentam polaridades construídas pelas relações
sociais, raciais e sexistas. Essa polissemia de sujeitos gera códigos de condutas próprios a
cada lugar de pertencimento que ordenam as relações sociais. No caso específico da mulher
negra, esses códigos vão sendo reescritos nos territórios repatriados2 ao longo dos anos, como
1 Mestranda em História Cultural, Pós-graduação IFCH, da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.
Bolsista pelo CAPES, orientanda de Professora Doutora Luana Saturnino Tvardovskas. 2 Espaços reconquistados e ressignificados, que antes eram territórios de apresamento havendo um limite de
atuação dos sujeitos, proibindo autonomia, noutros momentos, foram espaços negados que não poderiam ser
ocupados pelas mulheres negras. No entanto no processo de reconstrução de suas subjetividades, no fosso entre
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as relações entre mulheres brancas e mulheres negras, mulheres negras e homens brancos ou
negros, e consequentemente entre a mulher negra e as mulheres negras.
Nesse contexto, a homogeneização de sujeitos poliformes passa a ser questionada,
pois, começa a incomodar levando pessoas a se perguntarem, sobre o que há de fato para se
falar a respeito das mulheres negras. Durante muito tempo a resposta foi bem objetiva na
mesma medida, castradora, a indiferença da invisibilidade do ‘nada’ soava entre a vibração de
um silêncio censitário de uma naturalização da ausência como resposta, segundo Werneck,
“as mulheres negras não existiam” (2010: 151). Prática que pode ser constatada ao se observar
o levante dos Movimentos Sociais como Feminismo e Movimento Negro, o apagamento das
Mulheres Negras em ambos, no que tange às demandas politico-sociais ao protagonismo de
suas ações, era eficaz. Mas o que mudou nessas últimas décadas? Por onde as pretas andam?
As mulheres negras contemporâneas juntamente com o Feminismo Negro estão
criando novas epistemologias do ser, mulher negra, partindo da singularidade de seus locais
de atuação para a pluralidade das mulheres negras, rompendo com os estigmas do matriarcado
da miséria, do mito da supermulher, dos silenciamentos compulsórios e colocando no lugar,
novas escritas de si, produzidas de próprio punho sobre os territórios repatriados, por suas
ações de subjetivação e das desteritorializações, novas epistemologias.
MULHERES NEGRAS: RACISMO, SEXISMO E TEORIAS RACIAIS.
O processo de reação das mulheres negras foi gerado por acontecimentos em cadeia, a
luta pelos seus direitos deu-se concomitante as lutas contra as teias raciais, sexistas, a
retomada de reconhecimento de si enquanto sujeito, da apropriação de si para fora das normas
institucionalizadas que as lançavam à margem do sistema através da homogeneidade. A
regulamentação de seu status quo de capital servil e propriedade sexual do sistema patriarcal,
ser negra e mulher, fora refazendo outras formas de se tornarem mulheres negras, ampliando as ocupações dos
territórios de atuação reconfigurando-os, ao mesmo tempo em que ocupavam os novos, como um ser único
embora coletivo, construindo novas epistemologias do ser “mulher negra”.
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além do seu silenciamento frente a todos esses códigos que regiam suas práticas de conduta,
deram espaço as conquistas sociais e políticas, por suas ações, em territórios repatriados.
Nesse sentido, quando Foucault ao falar sobre a institucionalização da ordem do
discurso padrão, como verdadeiro que uniformiza o sujeito e suas ações, as mulheres negras
conhecem bem de perto a façanha segregadora dessa conduta. A luz de um consenso sexista e
racial reconhecido como verdadeiro a partir do sujeito uniformizado, caricaturado como
inferior se recodificou. Uma vez que, os processos históricos perpetrados pelas feministas nos
século XX no Brasil e a herança das feministas negras norte americanas abriram espaço para
releituras sobre a atuação desses sujeitos. Sobretudo, ao falar de racismo e misoginia, na
década de 1980, Bell Hooks é questionada: “O que há para se dizer sobre as mulheres
negras?” (HOOKS, 1990). Havia um misto de escárnio e desdém que não impunimente foram
construídos nessas relações entre as mulheres negras e o restante da sociedade. O que
possibilitou reflexões e respostas nas publicações que se seguiram, uma voz que não se ouvia,
passou a ecoar de maneira firme, irrevogável e polissêmica.
Baseando-se em parte nos trabalhos inovadores construídos por Toni Cade
Bambara, Ntozake Shange, Angela Davis, Toni Morrison, June Jordan, Alice
Walker, Audre Lorde e outras mulheres negras que “quebraram o silêncio”
na década de 1970, as mulheres afro-americanas nos anos de 1980 e 1990
desenvolveram uma “voz”, um ponto de vista autodefinido e coletivo sobre a
feminilidade negra (Collins, 1990). Além disso, as mulheres negras usaram
esse ponto de vista para responder à representação das mulheres negras nos
discursos dominantes (Hooks, 1989). Como resultado dessa luta, as ideias e
experiências das mulheres afro-americanas conseguiram uma visibilidade
impensável em comparação ao passado. (COLLINS,2017: .53)
Sendo assim, para se compreender a trajetória de visibilidade e dos territórios
repatriados pelas mulheres negras, assim como o feminismo negro conseguiu se firmar a
partir da década de 1980 no Brasil, há de ser recuar na história para o contexto das mulheres
negras norte-americanas que contribuíram significativamente como elo, teórico e inspiração
acadêmica para a formação dos feminismos negros brasileiros nas últimas décadas.
As mulheres negras norte-americanas acreditavam, ou ao menos boa parte delas cria,
que suas demandas estavam diretamente ligadas às demandas dos homens negros, as
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demandas do povo negro. Foram ensinadas a permanecer em silêncio com relação às questões
sexistas, essa reclamação, era vista como forma de atenuar ou mesmo abafar as lutas sobre a
raça. Portanto, em solidariedade aos homens negros, suas reivindicações com relação as
feminilidade foram silenciadas. “Nós éramos uma nova geração de mulheres negras que
tinha sido ensinada a submeter, a aceitar a inferioridade sexual e a ser silenciada” (HOOKS,
1990: 1). Havia uma pressão do movimento encabeçado pelos homens negros que pleiteava
direitos políticos como o voto, sendo assim, as mulheres negras deveriam aceitar seu caráter
de inferioridade sexual sem questionar, em apoio às demandas da população masculina.
As mulheres negras contemporâneas não podiam se juntar para lutar por seus
direitos, porque nós não víamos a feminilidade como o aspecto importante
de nossa identidade. A socialização do racismo e do sexismo tinha nos
condicionado a desvalorizar nossa feminilidade e considerar a raça o único
rótulo relevante de identificação. Em outras palavras, nos pediram para
negarmos uma parte de nós mesmos, e nós fizemos. [...] tínhamos medo de
reconhecer que o sexismo pudesse ser tão opressivo quanto o racismo.
(HOOKS, 1990: 1.)
Sendo assim, a condição das mulheres negras estava relegada a sujeição e ao
apagamento. Havia, portanto, uma luta racista e sexista, clara, mas era considerada
desnecessária às mulheres negras. A essas mulheres legaram o trabalho braçal, o cuidado
doméstico, a pouca escolaridade e a supressão de sua feminilidade, isto é, a mulher negra do
século XX, servia como mais uma peça para organizar a sociedade, porém sem voz, com
lugares bem definidos, dentro de um “sistema de obrigações” (FOUCAULT, 2016: 13), que
concebia suas verdades como “Myth of the Superwoman” (HOOKS, 1990:12), o mito da
supermulher que homogeneíza e delimita, para controlar, o modelo de apresamento racial do,
[...] movimento dos anos 60 em direção à libertação negra marcou a primeira
vez em que o povo negro se empenhou numa luta para resistir ao racismo
cujas fronteiras claramente estavam levantadas com separação de papéis
entre homens e mulheres. Os ativistas masculinos negros publicamente
reconheceram que esperavam que as mulheres negras envolvidas no
movimento se ajustassem a um papel de um modelo sexista. Eles exigiram
que as mulheres negras assumissem uma posição subserviente. Foi dito às
mulheres negras que deviam cuidar das necessidades da casa e criar os
guerreiros para a revolução. (HOOKS, 1990: 5)
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O mito da supermulher, cedido às mulheres negras estava embasado nessa
resiliência em se doar compulsoriamente, aceitando a luta contra o racismo e ignorando as
ações sexistas. As mulheres brancas e os homens negros reconheciam a luta realizada pelas
negras, no entanto, viam-na de forma abnegada, por sua incapacidade de se autogerir.
No entanto, muito havia de se falar sobre as mulheres negras, muito havia de se
desconstruir no decorrer das historias das mulheres negras, muito há para se desterritorializar.
Essa desterritorialização abre espaços para a compreensão do que é ser uma mulher negra,
partindo do particular para o coletivo de mulheres negras e suas demandas. Para tanto há de se
reconhecer os discursos construídos sobre as mulheres negras, as verdades sobre esses sujeitos
puderam ser reavaliadas porque não foram produzidas por elas, por suas experiências, mas
para elas, sob o olhar heteronormativo, com base em estereótipos sociais dentro de um
sistema de obrigações que não lhes permitia autonomia, mas era útil para controlá-las.
A partir dos movimentos emancipacionistas, sufragistas, de libertação das mulheres
brancas e dos homens negros nos EUA no início do século XX, nasce nesse entre-lugar, de ser
negra, mas não homem, de ser mulher, mas não branca, a mulher negra compreendendo-se
enquanto categoria, núcleo de atuação e espaços de pertencimentos, não como uma simbiose
desses dois polos, mas como sujeito comum a esses dois espaços, porém para fora desses
lugares, porque suas necessidades, embora fossem reais, eram ignoradas pela polaridade.
No entre-lugar da manutenção do racismo e do sexismo, as mulheres negras buscam
uma unidade ao mesmo tempo em que buscam a compreensão de si como sujeitos plurais e
singulares em seus processos de subjetivação, de como tornar-se negra, ou negras, pois, “em
nossa cultura, em nossa civilização, numa sociedade como a nossa, há certos discursos que,
institucionalmente ou por consenso, são reconhecidos como verdadeiros a partir do sujeito”
(FOUCAULT, 2016: 12). A subjetividade não pode ser direcionada sem a relação com a
verdade, pois o sujeito a transforma por suas experiências, por meio do conhecimento si
dentro de seu espaço de atuação. Sendo assim ao se reconhecerem nessa perspectiva
passional, o processo de subjetivação sai de si para convosco para o coletivo dessas mulheres.
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No que tange a ação das mulheres negras arte de viver traz aos processos de
subjetivação “um mudança no status ontológico do indivíduo e dar-lhe qualidade de
existência [...] Através de primeiramente uma relação com os outros; em segundo lugar,
determinada relação com a verdade; em terceiro lugar, determinada relação consigo
mesmo”(FOUCAULT, 2016: 31), dessas experiências de subserviência, são extraídas à
qualidade de tornar-se, que modificam e afetam as epistemologias de ser negra, produzindo
suas próprias verdades, repatriando sua autonomia, seu protagonismo no universo de
interdependência na relação com o outro, com a verdade e consigo mesmo, pois a arte de
viver é um ensinamento recíproco, sistemático e contínuo (FOUCAULT, 2016).
Essas continuidades são vistas nas relações de troca entre mulheres negras e seus
pares, seja por intersecções de gênero ou de raça, nessa interdependência na busca pela
qualidade de suas experiências e na formação ontológica desse outro ser imerso em si e na
coletividade. Construir representações sociais de mulheres negras com base apenas nas
hierarquias raciais, não cabe, pois, apesar, toda construção feita sobre as mulheres negras ter
bases raciais, há também as sexistas, e em nenhum desses casos são uniformes. Uma relação
unilateral não apresentar esse novo sujeito, dando origem a grandes conflitos teóricos e
embates no movimento feminista, mesmo na contramão da iminência do movimento feminista
negro. Antes, porém, a unidade desse movimento esbarrava na teoria do patriarcado branco de
superioridade racial e inferioridade racial negra, sobretudo, feminina.
Durante todo século XIX, além das questões politicas, raciais e sexistas estavam as
questões biológicas que após o fim da escravidão, regiam todas as outras. A necessidade de
tornar a população negra em degenerada e humanamente inferior, produzindo verdades e
conceitos racializadores elencava a mulher negra a base da polarização, a nascente do povo
negro.
As teorias raciais mais conhecidas são a craniometria e a poligenia. A craniometria, da
escola europeia de Paul Broca, exímio estatístico media a inteligência e superioridade das
pessoas através dos cérebros, tamanho e peso, “a craniomctria, no século XIX, foi a ciência
numérica em que se apoiou o determinismo biológico” (GOULD, 1991: 9). Em seus estudos,
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a superioridade incidia sobre o homem branco e europeu, com base em estudos quantitativos.
Cada grupo social ocupa o lugar que lhe é devido e está associado a sua capacidade intelectual
e evolutiva. Com relação às mulheres brancas, com base em seus estudos, alguns teólogos
chegavam a questionar se tinham alma (GOULD, 1991).
O degeneracionismo, oriundo da escola norte-americana, a poligenia foi outro
“argumento “duro” prescindiu da versão bíblica [...], e afirmou que as raças humanas eram
espécies biológicas separadas e descendiam de mais de um Adão. Como os negros
constituíam uma outra forma de vida, não participavam da ‘igualdade do homem’”
(GOULD, 1991: 26). Acreditavam que a raça humana era fruto de um processo degenerativo
do monogenismo, atingindo em maior número de degeneração a população negra, um dos
maiores influenciadores foi o clima que quanto mais alto, mais provocava uma distinção
racial. Alguns estudiosos da poligenia, “escola antropológica americana”, como Agassiz, o
teórico, e Morton, o analista de dados, acreditavam que os negros em contato com um clima
mais frio, pudessem se recuperar, outros viram como irreversível (GOULD, 1991). Havia
estudiosos ávidos, que defendiam a inferioridade racial como premissa incontestável,
David Hume não dedicou toda a sua vida ao pensamento puro. Ele
desempenhou várias funções políticas, entre as quais a de Administrador
do Ministério Colonial Inglês em 1766. Hume advogava tanto a criação em
separado quanto a inferioridade inata das raças não brancas: Inclino-me a
suspeitar que os negros, e em geral todas as outras espécies de homens
(pois existem quatro ou cinco delas), são naturalmente inferiores aos
brancos. Nunca houve uma nação civilizada cuja tez não fosse branca,
como tampouco houve qualquer indivíduo que se destacasse em ação ou
especulação. (GOULD, 1991: p.28)
Defendia categoricamente o negro e os não-brancos como espúrios, pessoas incapazes
de produzir algo de valor, qualquer “sintoma de gênio”, caso desempenhasse alguma função,
seria mera repetição ou algo sem importância. O seu desprezo pelos negros era indiscutível.
Os adeptos da poligenia criam que os negros não poderiam receber nenhum privilégio, ao
contrário deveriam ser controlados e sujeitos a limitações, pois não seria coerente conceder a
nenhum homem o que não fosse capaz de usar, sob pena de ter “[...] de lhes tirar
violentamente alguns dos privilégios que podem utilizar tanto em detrimento de nós quanto
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em prejuízo de si mesmos (10 de agosto de 1863)” (GOULD, 1991: 36). Os teóricos, por sua
vez eram contra a miscigenação, Agassiz, dizia ser um processo antinatural e repugnante.
Antes, porém, no século XVIII, Carlos Lineu um botânico sueco, resolve dividir as
raças humanas em quatro, o homem americano satisfeito com sua vida, irascível miscigenado,
governado por seus hábitos, o asiático, amarelo, avarento, governado por suas opiniões, o
africano preguiçoso, negligente, negro, governado por seus senhores, incapaz de tomar
decisões e o homem europeu, que encabeça a lista, esse homem é “Europeu: [...] engenhoso,
inventivo, governado pelas leis, usa roupas apertadas” (BORGES, 2002:45).
Agassiz endossava a ideia de que um país híbrido, como o Brasil, portanto,
degenerado pela mistura de “raças” não poderia se tornar uma nação. Nesse sentido a limpeza
racial associada ao desenvolvimento do racismo científico onde afirmava, que as raças eram
produto final de uma evolução, havendo raças perfeitas e as degeneradas, os caracteres
adquiridos não eram transmitidos, a miscigenação, portanto, deveria ser compreendida como
degeneração racial e social (SCHWARCZ, 1993). No Brasil a reconstrução da nação estava
diretamente ligada ao projeto do branqueamento da população. Acreditavam que em um
século seria possível ter como resultado uma população regenerada da negritude e branqueada
com base na trilogia, a eugenia, estabelecida pela miscigenação com a população branca e
pela higienização. O país era visto como um modelo de atraso por sua composição étnica e
racial (SCHWARCZ, 1993).
Em busca de uma unidade étnica estava a cargo de intelectuais como Oliveira Viana3,
Silvio Romero4, Niana Rodrigues5 e mesmo Euclides da Cunha6. Também influenciados pelo
3 (1883-1951) Teoria do patriarcado e da formação hibrida racial. Membro da academia brasileira de letras,
historiador, sociólogo, professor e jurista. Segundo o intelectual, os povos de origem colonial possuem “duas
constituições políticas: uma escrita que não se pratica[...];outra não escrita porém viva que é a que o povo
pratica, adaptada a seu espírito, à sua mentalidade e estrutura” (SCHWARCZ 1993, p. 246) 4 (1852- 1914). Intelectual, grande agitador, de ideias confusas dizia coisas como o Brasil será no futuro um
“verdadeiro país de mulato” (ROMERO, apud SCHWARCZ, 1993: 154.) porém suas ideias eram poligenistas,
havia superioridade racial em seu discurso, a população negra era considerada motivo da degeneração do povo
brasileiro. 5 (1862-1906). O professor, médico legista e antropólogo monogenista, considerava a mistura de raças
inaceitável. Acreditava na degenerescência de negros e mestiços, autor do livro: “O problema do negro no
Brasil” 1933, com base na medicina legal, alicerçava o negro como uma mazela social, segundo Silvio Romero
esse livro seria um inventário sobre a população negra residentes no Brasil, podendo destacar as sequencias
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médico italiano Cesare Lombroso (1835-1909)7. De acordo com as teorias de Lombroso,
havia características físicas e hereditárias que originavam criminosos natos, independente da
vontade individual. Além disso, suas pesquisas tinham base na caracterologia, onde analisava
as características físicas e mentais, tamanho do crânio, cor da pele, abrindo caminho para a
frenologia que estabelecia ligação entre a loucura e a degeneração racial. A miscigenação
deviria ser combatida para a regeneração das civilizações, com base no predomínio da “raça”
branca. (SCHWARCZ, 1993). Apenas como lembrete, as mulheres negras são o berço da
civilização miscigenada, na maioria dos casos.
No entanto, apesar dessas construções étnicas, frutos dessas Teorias Raciais do
determinismo biológico que visavam criminalizar os homens negros. Houve projetos e
cientistas como Walt Whitman, Stepen Jay Gould que as combateram com base em novas
pesquisas científicas e utilizando-se ainda das realizadas pelos próprios teóricos eugenistas. A
Desmitificação da ciência positivista e do Determinismo biológico, pois “os biólogos
afirmaram recentemente, se bem que o suspeitassem havia muito tempo, que as diferenças
genética globais entre as raças humanas são assombrosamente pequenas” (GOULD, 1991:
345). Pesquisa realizada em 1972 comprovava essa teoria, que não há raças, mas, a Raça
Humana, uma espécie única com características próprias. Consequentemente, com base no
Projeto Genoma (2003) os humanos possuem uma base idêntica de genes de 99,9%, ou seja,
apenas 0,01% os diferenciam.
Ainda há um terceiro elemento, a importância da “base biológica do caráter único do
homem leva-nos a rechaçar o determinismo biológico” (GOULD, 1991:347) O cérebro é a
base para o desenvolvimento da capacidade intelectual, que por sua vez alimenta os processos
culturais produzidos pelo homem, assim como as heranças modificam o comportamento
biológicas e morais da degenerescência de negros e mestiços Influenciado pelo italiano Lombroso.
(SCHWARCZ, 1993) 6 (1866-1909) engenheiro, positivista, anti-monarquista e abolicionista, trabalhou como repórter de O Estado de
São Paulo, acompanhando a revolta de Canudos, em 1897. Que deu origem ao livro: Os Sertões (1902).
Identificava o sertanejo como sub-raça, subcategoria étnica, portanto o homem deve progredir biológica e
socialmente. (CUNHA,1985) 7 SCHWARCZ, 1993.
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humano (GOULD, 1991). Sendo assim, a padronização social heteronormativa traz o peso do
sexismo, do racismo e das teorias eugenistas para o campo de ação das mulheres negras.
ONDE ESTÃO AS PRETAS?
Apesar das manifestações feministas na Europa e nos Estados Unidos na década de
1970 terem avançado significativamente, no Brasil os movimentos feministas tomaram maior
projeção a partir de 1975, tendo como finalidade o estudo da mulher brasileira sem conotação
feminista. O feminismo foi muito estigmatizado, algumas mudavam a semântica para atenuar
as reações. Havia produções literárias e acadêmicas que visavam estudar o comportamento e
as necessidades das mulheres. As publicações eram feitas pelo Caderno de Pesquisa, apoiado
em 1974, pela Fundação Carlos Chagas investidora assídua em produções femininas por todo
país, aliada a SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, somando força
política às mulheres exiladas, por causa da Ditadura Militar, principalmente na Europa. Ao
retornarem ao país, deram contribuições significativas junto à comunidade acadêmica,
exerceram poder e ideais teóricos de militância política sobre autonomia da utilização de sua
vida, sobre sua sexualidade e seu corpo (MOREIRA, 2011).
Foram criadas inúmeras associações feministas, jornais como: Brasil Mulher (1975-
1980), fundado por Joana Lopes assessorada por Amelinha; o Nós Mulheres (1976-1978)
fundado por Maria Lygia Quartim de Moraes, Rachel Moreno, Mariza Corrêa e Renata Villas
Boas e o Mulherio (1981-1987) lançado pela jornalista Adélia Borges. Associando então a
luta das mulheres e a luta feminista, o primeiro momento da História do feminismo no Brasil
foi bem acalorado. (RAGO, 2013)
No entanto, Entende-se, que havia alguns grupos de mulheres que não foram
contemplados, as mulheres não brancas, por conseguinte as mulheres negras não faziam parte
dessa rota de coalizão, mas elas estavam lá. À proporção que o movimento crescia
começaram a emergir temas que foram ignorados por não fazer parte da pauta do feminismo
“[...] algumas das ativistas trouxeram novos dilemas aos movimentos feministas ao se
queixarem do foco numa percepção de gênero que não contempla outros fatores essenciais
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como a raça, sexualidade e classe social” (BEZERRA, 2007: 29). O racismo e o sexismo,
muito polemicos nos EUA, nas décadas de 1960, tomam forma também no Brasil. Além da
falta de alteridade, a cegueira dos movimentos feministas no que tange as questões raciais e a
hierarquia que assolava as relações entre as mulheres negras e brancas, o movemento nascente
emitia a tensa relação de poder com base na racialização.
Essa tensão racial no movimento feminista brasileiro estava associada de forma
diferente, porém, solidária ao movimento feminista nos EUA. Lá, o movimento feminista foi
levado a crer que as questões sobre o sexismo e racismo, no que se referiam às mulheres
negras era irrelevante, as militantes poderiam lutar junto ao Movimento Negro, e ambos criam
no mito da Supermulher, a mulher negra abnegada. Já no Brasil, houve um apagamento das
mulheres negras, o Movimento Feminista, não via as questões raciais, nem sexistas com base
no mito da democracia racial, consequentemente anularam as questões pertinentes às
mulheres negras, endossando o matriarcado da miséria8, uma vida à margem social, relegada
ao assujeitamento dos corpos das mulheres negras.
As feministas negras sofreram retaliações tanto do movimento Feminista,
predominantemente branco, que ignorava o racismo, e do Movimento Negro, que ignorava as
questões sexistas. “Ao contrário dos estudos feministas nos Estados Unidos, na Inglaterra e
no Canadá, a maioria dos estudos feministas brasileiros não reconheceu a importância da
raça e das diferenças raciais na constituição do gênero e das identidades das mulheres”
(CALDWELL, 2000: 1). Na contra mão do Movimento Feminista estava o Movimento
Negro, embora, negros e negras pertençam, em sua maioria, aos mesmos grupos étnicos,
percebem-se as diferenças sexistas. O sexo estabelece outra forma hierárquica.
Parece-me que a única alternativa é rejeitar a oposição igualdade/diferença e
insistir continuamente nas diferenças: a diferença como a condição das
identidades individuais e coletivas, as diferenças como o desafio constante a
ajustar nessas identidades, a história como a ilustração repetida do jogo das
8 A expressão “matriarcado da miséria” foi cunhada pelo poeta negro nordestino Arnaldo Xavier para mostrar
como as mulheres negras brasileiras tiveram sua experiência histórica marcada pela exclusão, pela discriminação
e pela rejeição social, e revelar, a despeito dessas condições, o seu papel de resistência e liderança em suas
comunidades miseráveis em todo país. (CARNEIRO, 2011: 130).
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diferenças, as diferenças como o verdadeiro significado da própria
igualdade. ( SCOTT, 1999: 220)
Dentro desse quadro de demandas negras femininas suprimidas, nasce do Movimento
Feminista Negro, não como síntese, mas como processos de subjetivação das mulheres na
construção do tornar-se negra, não com base no binômio, mas com base na manutenção das
diferenças para garantir a equidade. O Movimento Feminista Negro no Brasil passou por
reformulações, desde sua fundação até a organização do Movimento das Mulheres Negras
entre 1985-1995 tendo como marco o grupo de mulheres Nizinga no Rio de Janeiro. A mulher
negra vitimada pelo matriarcado da miséria começa sua atuação pela sua desconstrução, a
partir dos territórios repatriados. Ao repatriar territórios por elas conhecidos sob o olhar da
subserviência, passam ao processo de desterritorialização, expurgam o que foi construído
sobre o coletivo, sobre si e se refaz, confessam suas subjetividades reiteram suas verdades e
são protagonistas dentro do seu campo de atuação, por elas determinado.
Um aspecto emblemático para compreender algumas nuances do apagamento da
memória da comunidade negra no Brasil, pode ser observado pelo seguinte dado, desde o pós-
abolição a ausência do quesito cor nos sensos de 1910 a 1930, e sua introdução de análise
“dos Censos de 1940 e 1950, que incluíram o quesito cor da pele mostra que a exclusão do
sistema educacional recaía mais fortemente sobre as mulheres negras com um índice de
alfabetização 15,29% menor dentre a população daquele período”(NEPOMUCENO, 2012:
392), não foram questionados. Esses dados são da primeira metade do século XX, incluíram a
cor algumas décadas mais tarde e comprovaram que as mulheres negras estavam na última
escala da pirâmide no quesito educação.
Mesmo num quadro de reestruturação das demandas e lutas dessas mulheres por seus
espaços de atuação, embora inexpressivas, a situação social não sofre muitas alterações, o que
já pode ser considerado como um território repatriado décadas mais tarde, “no final dos anos
1980, num universo de quatro milhões de mulheres negras economicamente ativas, somente
cerca de 1700 ganhavam mais de 20 salários mínimos” (NEPOMUCENO, 2012: 395). O
nível de escolaridade alcançado que “nos primeiros anos deste século (XXI), o número de
estudantes negros e negras em cursos superiores dobrou em relação aos números registrados
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nas três últimas décadas do século XX” (NEPOMUCENO, 2012: 394), isto é, chegaram a
esse nível de status econômico por causa da escolaridade, atingindo nos anos subsequentes
índices ainda maiores. Embora a demanda seja muito maior.
Segundo Nepomuceno, mesmo com nível de escolarização avançado, esse fator ainda
não garante acesso automático a postos de trabalhos que tenha melhores salários e que sejam
valorizadas como mão de obra qualificada. Apesar das mudanças entre os séculos terem sido
significativas na situação profissional e educacional das mulheres negras no Brasil
(PNAD/IBGE 2008) é uma realidade ainda assimétrica marcada pela questão da cor, como
revela os dados do IPEA: “Em 2009,[...]. taxa de escolarização de mulheres brancas no
ensino superior é de 23,8%, enquanto, entre as mulheres negras, esta taxa é de apenas
9,9%”(NEPOMUCENO, 2012: 394). Em 2015, no estudo sobre o Retrato da Desigualdade de
gênero e raça de 1995-2015 (IPEA, 2017), “a renda média das mulheres, especialmente a das
mulheres negras, continua bastante inferior não só à dos homens, como à das mulheres
brancas”9
Embora a realidade socioeconômica das mulheres negras tenham alcançado níveis de
qualidade significativos, sua condição intelectual tenha crescido e tenham conquistados
espaços inimagináveis há décadas, a realidade da maioria das mulheres negras, está distante
da ideal. “A maior parte dos indicadores mostra uma hierarquia estanque, na qual o topo é
ocupado pelos homens brancos e a base pelas mulheres negras” (IPEA, 2017: 2). Segundo o
estudo, o emprego doméstico ainda é um universo de grande ocupação feminina negra.
Desse modo, se observa que apesar de um hiato entre o ideal e o real, silêncios foram
rompidos e na interpretação de Albuquerque Jr, sobre essa experiência de rompimento em
Foucault, diz, “o que se deve perguntar, pois, não é, apenas, o que diz esta voz que rompeu o
silêncio do passado, mas se perguntar por que ela pôde romper este silêncio, que condições
históricas permitiram que esta experiência não permanecesse sepultada no passado”
(FOUCAULT APUD ALBUQUERQUE Jr. 2002: 68). Como essas mulheres conseguiram
romper os silenciamentos, os estigmas que as aprisionavam em esferas sociais de
9http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/170306_retrato_das_desigualdades_de_genero_raca.pdf p.1
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subalternidades normatizando essas práticas excludentes impedindo suas mobilidades? Como
ressignificaram as representações de enquadramentos a estereótipos de assujeitamentos? Esses
deslocamentos passam por processos de subjetivação, por construções de novas escritas de si,
os territórios repatriados a cada deslocamento, por onde as pretas andam.
Os processos de subjetivação das mulheres negras passam por “um sistema de
obrigações”(FOUCAULT, 2016: 13), aliados à “violência simbólica” (BOURDIEU, 2017:
65), esta é uma forma de poder exercido de forma consciente e inconsciente pelas relações de
dominação naturalizadas sobre como os indivíduos constituíram suas verdades em torno de
práticas e ideais de assujeitamentos por ele absorvidos. As verdades desses discursos não são
frutos de uma experiência cognoscente e particular do indivíduo sobre si e sobre sua
realidade, mas uma verdade produtora fruto da sociedade ideal que se utiliza de estereótipos
para difundir modelos e condutas tolhendo a autonomia dos sujeitos.
Esses ditames sociais perscrutam a forma como as mulheres negras devem se
comportar, criando representações sociais que vem sendo paulatinamente desconstruídas, tais
como o Mito da Supermulher, abnegada, sua agressividade e força que abre mão de uma vida
que nunca teve em função de algo maior, que não possui feminilidade, ambas, estão a serviço
das rédeas do patriarcado e não necessariamente branco (HOOKS, 1990).
Bell Hooks aborda ainda a representação da mulher durante a escravidão como
símbolo sexual; como incubadoras para gerar outros escravos; observada como a mulher que
precisava ser controlada por sua compulsão e agressão sexual, justificando assim, pelos
homens, os estupros aos quais eram submetidas, principalmente pelos homens brancos
(HOOKS, 1995). Para Correa, a “[...] figura da mulher negra como a mulata sensual, capaz
de trazer sonhos e prazeres aos homens brasileiros, brancos em especial” (1996: 40), logo, a
situação da mulher negra brasileira não é muito diferente, o controle do corpo construiu a
mulata desejável e a indesejável, esta última se reportaria aos afazeres domésticos.
Ainda sob esses parâmetros de representações sociais e controle do corpo feminino
negro, está o racismo que é elástico, “na medida em que são conseguidas conquistas de um
lado, ele se modifica e apresenta novas formas de se manifestar. [...] há formas sofisticadas
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para impedir os negros a chegarem a posições de prestígio, como cargos políticos e
econômicos”10, suas estruturas se adequam as novas formas de atuação dos negros, no que
tange as mulheres negras, esse comportamento é retumbante.
Sendo assim, as mulheres negras se reafirmam passo a passo dentro do processo de
subjetivação, recuam para seu passado, para suas memórias, reconhecem seus deslocamentos,
estão a se refazer, alojando-se intermitentemente nos territórios repatriados nessa constituição
de si, do tornar-se negra, começando por suas novas epistemologias, por novos lugares de
atuação, pois, “Falar sobre uma realidade como fixa já não cabe mais ao discurso relativo às
instituições, pois o particular tem demandas e determinações próprias, a partir do seu lugar
de fala, do seu lugar de ação”. (CERTEAU, 1995: 224). Há um deslocamento para fora,
enquanto coletividade e enquanto ser particular dentro do seu lugar de ação.
Nesse passo, urge um processo confessional, uma escrita de si que perpassa a
construção do pensamento e sua autorreflexão. Por isso o ato de escrever de falar sobre si e as
experiências dessa formação de novos eu’s, num constante processo de desnudamento do ser
faz parte do caminho para a subjetivação desses sujeitos. A materialização do pensamento
leva essas mulheres a se repatriar sistematicamente, pois a cada retomada dessa escrita as
reflexões e o seu lugar de fala não são os mesmos, levam as mulheres negras a se
movimentarem para fora dos espaços estigmatizados.
CONCLUSÃO
A partir da tomada de consciência, do processo de subjetivação, as mulheres negras
intelectuais, vão para fora, de seus núcleos. Esses processos de constituição de um ser
autônomo faz parte da apropriação de novos espaços, novas formas de ser mulher negra
10BAIRROS 2009. FONTE: http://claudia.abril.com.br/materia/claudia-entrevista-luiza-
bairros3855/?p=/comportamento/atualidades
Entrevista à revista CLAUDIA: Luiza Helena Bairros, Filha de militar, Luiza nasceu em 1953, em Porto
Alegre, no Rio Grande do Sul. Socióloga assumiu, em agosto de 2008, a Secretaria de Promoção da Igualdade
(Sepromi), da Bahia, a primeira a trabalhar especificamente políticas públicas para negros. Patrícia Negrão / Foto
divulgação em 31.08.2009
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habitando em espaços outrora tolhidos. A construção de suas verdades, de outras
epistemologias que traduzem essas conquistas forma um sujeito que produz uma relação
íntima com sua verdade ontológica, que se movimenta para fora da violência simbólica, ou de
um sistema de obrigações que enquadra pra dominar consciente e inconscientemente.
Assim sendo, o movimento feminista negro o Brasil do século XXI conta com ativistas
negras que apresentam um leque de feminismos negros e territórios repatriados ao longo
dessas últimas décadas, sob uma constituição autóctone do ser negra por onde as pretas
deslocam-se. As mulheres negras vêm rompendo as barreiras da segregação racial e social por
meio de suas reconstituições de subjetivação onde havia a caricatura de uma objetificação de
seus corpos que impediam suas expansões enquanto sujeitos de diretos. As pretas estão se
movimentando para fora dos laços que as fixavam na invisibilidade, para ser o que ela quiser.
Cem anos após a higienização as pretas ainda existem, por isso, há pretas
alfabetizadas, intelectuais, doutoras, donas de casa, empregadas domésticas, por todos os
espaços, em movimento constantes, autônomas e com suas vozes bem expressivas.
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