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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Programa de pós-graduação em Ciência Florestal Caroline Conrado Ferreira COLEOPTERA SCARABAEIDAE EM CORREDORES ECOLÓGICOS NA EUCALIPTOCULTURA DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA Diamantina- MG 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de pós-graduação em Ciência Florestal

Caroline Conrado Ferreira

COLEOPTERA SCARABAEIDAE EM CORREDORES ECOLÓGICOS NA

EUCALIPTOCULTURA DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA

Diamantina- MG

2015

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Caroline Conrado Ferreira

COLEOPTERA SCARABAEIDAE EM CORREDORES ECOLÓGICOS NA

EUCALIPTOCULTURA DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciência Florestal, nível de

Mestrado, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Sebastião Lourenço de Assis

Júnior - UFVJM

Diamantina-MG

2015

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Caroline Conrado Ferreira

COLEOPTERA SCARABAEIDAE EM CORREDORES ECOLÓGICOS NA

EUCALIPTOCULTURA DO ALTO VALE DO JEQUITINHONHA

Dissertação apresentada ao programa de

Pós-graduação em Ciência Florestal ,

nível de Mestrado, como parte dos

requisitos para obtenção do título de

Mestre.

Prof. Sebastião Lourenço de Assis Júnior

Data de aprovação 24/09/2015

_________________________________________

Prof. Evandro Luiz Mendonça Machado

DEF/UFVJM

_________________________________________

Prof. Marcus Alvarenga Soares

DAG/UFVJM

_________________________________________

Prof. Márcio Leles Romarco de Oliveira

DEF/UFVJM

Diamantina

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Para minha mãe querida,

ofereço.

Pela oportunidade oferecida, por toda

confiança, amizade e ensinamentos agradeço, e

ao professor Lourenço, dedico.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de pós-graduação em Ciência Florestal ao Departamento de Engenharia

Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, pela

oportunidade de realização do curso.

À UFVJM, pela bolsa de estudos concedida.

Aos seus financiadores: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais -

FAPEMIG, UFVJM e Aperam Bioenergia, pela oportunidade de realizar a coleta dos dados

deste trabalho.

Ao Fabiano Lourenço dos Santos, pela gigantesca contribuição com as coletas dos insetos.

Ao Dr. Fernando Zagury Vaz-de-Melo (Universidade Federal do Mato Grosso) pela

identificação das espécies de Scarabaeidae deste estudo.

Aos professores Evandro Luiz Mendonça Machado, Israel Marinho Pereira, Márcio Leles

Romarco de Oliveira, Marcus Alvarenga Soares, Miranda Titon, e Marcelo Luiz de Laia

pelos ensinamentos e contribuições.

Ao Adimir Santos Oliveira, o Teodoro, pela disponibilidade e gentileza habituais.

Aos colegas de estudos, companheiros de laboratório e amigos queridos por partilhar bons

e memoráveis momentos: Tamires, Ludmila, Luciana, Zaira, Euller, Daniel, Tathi, Danilo,

Thaiane, Nathália, meu agradecimento.

À Fernandinha, pela colaboração.

Aos amigos, que distantes, se fizeram presentes.

E à minha nova família: Ewerton e Júlia, pela alegria, amor, apoio e companheirismo,

cuidados e mimos diários. É por vocês...

Que agradeço a Deus todos os dias.

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RESUMO

Foram utilizadas espécies de Coleoptera Scarabaeidae como bioindicadores para avaliar a

efetividade de faixas de vegetação em recomposição como corredores ecológicos

entremeados a plantios comerciais de eucalipto. O estudo foi desenvolvido em cinco

municípios do Alto Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Comparou-se a estimativa da

diversidade de espécies, relacionando os diferentes tipos de isca utilizados e os

ecossistemas. A amostragem foi realizada em seis tipologias: regeneração inicial e

avançada, com presença e ausência de remanescentes de Eucalyptus spp, o Cerrado e o

plantio comercial. Utilizou-se armadilhas pitfall, iscadas com fezes humanas, fezes

bovinas, baço bovino apodrecido e banana apodrecida. Estimadores de diversidade, de

compartilhamento de espécies e de similaridade foram utilizados para aferir a diversidade

alfa e beta das áreas estudadas. Foram realizadas análises de correspondência e Análise de

Espécies Indicadoras. A presença de remanescentes de Eucalyptus spp. parece interferir

nos resultados de riqueza, diversidade local e regional dos besouros. O atrativo composto

por fezes humanas apresentou maior eficiência, atraindo maior quantidade de indivíduos,

além da maior riqueza de espécies na maioria das fitofisionomias estudadas. Do total de

espécies analisadas como indicadoras menos de 25% apresentaram preferência por alguma

das quatro iscas e/ou por alguma das seis fitofisionomias. A heterogeneidade dos habitat

afetou a riqueza e influenciou a estrutura e composição de espécies da assembleia de

besouros escarabeídeos nas faixas ecológicas entremeadas a eucaliptocultura.

Palavras-chave: Besouros escarabeídeos, Heterogeneidade, Eucalipto.

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ABSTRACT

To evaluate the effectiveness of native vegetation ranges on recovery as ecological

corridors intermingled between eucalypt plantation, species of Scarabaeidae were used as

bio-indicators. The study was conducted in five districts of Alto Jequitinhonha Valley,

Minas Gerais. A comparisson of the estimated diversity of species of the Scarabaeidae was

made, relating different types of bait used and phytophysiognomies found in the area.

Sampling was carried out in six sampling sites, including sites in early and advanced

regeneration, with and without remnants of Eucalyptus ssp., the Cerrado and the

commercial planting. We used pitfall traps, baited with human feces, bovine feces, the

attraction consists of human feces proved to be the most efficient, attracting greater

number of individuals and species and rotten banana. Diversity, species sharing and

similarity estimators were obtained to measure alpha and beta diversity of the studied

areas. The presence of remnants of Eucalyptus spp. wealth appears to interfere in results,

diversity and local regional beetles. Increased number of individuals, beyond the higher

species richness in most of the studied vegetation types. Among the total sampled species

and analyzed as indicator species, less than 25% had presented preference for any of the

four baits and any of the six phytophysiognomies. The heterogeneity of habitat had

affected the richness and had influenced the estructure and composition of species of the

assembly of escarabaeideos beetles at the ecological zones intermingled eucalyptus

plantations.

Key words: Dung Bettle, Heterogeneity, Eucalyptus.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Localização geográfica da área em estudo abrangendo os municípios de

Itamarandiba, Turmalina, Capelinha, Minas Novas e Carbonita, Estado de Minas

Gerais, Brasil.................................................................................................................... 29

Figura 2 - Faixas de vegetação em processo de regeneração natural entremeadas a

eucaliptocultura, no Vale do Jequitinhonha, MG. ............................................................ 30

Figura 3 - Esquema de distribuição das armadilhas pitffal em cada um dos

ecossistemas estudados.................................................................................................... 31

Figura 4 - Armadilhas pitfall utilizadas na captura dos besouros escarabeídeos no Alto

Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais............................................................................... 32

Figura 5 -Curvas de acúmulo de espécies (A) e de rarefação (B) de escarabeídeos para

os ecossistemas das faixas de vegetação amostradas....................................................... 38

Figura 6 - Perfis de diversidade para amostras de seis ecossistemas usando a Série de

Hill.................................................................................................................................... 39

Figura 7 - Dendrograma resultante de uma classificação hierárquica, representativo de

seis ecossistemas quanto à porcentagem de dissimilaridade em relação à riqueza de

espécies de Scarabaeidae.................................................................................................. 42

Figura 8 - Diagrama de ordenação da Análise de correspondência retificada (DCA)

das espécies de escarabeídeos encontradas nas áreas do estudo...................................... 45

Figura 9: Fêmea e macho de Phanaeus palaeno.............................................................. 50

Figura 10- Fêmea e machos de Oxysternon palemo........................................................ 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Espécies de Coleoptera, Scarabaeidae coletados em armadilhas pitfall

iscadas com fezes humanas, fezes bovinas, carcaça e banana apodrecida, incluindo o

total de espécies e de indivíduos por localidade e a estratégia de alocação de recurso.

P = paracoprídeo, T = telecoprídeo, E = endocoprídeo e SI =sem informação.............. 36

Tabela 2 - Estimativas de compartilhamento de espécies e índices de similaridade

(Jaccard e Sørensen) de besouros escarabeídeos entre as faixas ecológicas

entremeadas a eucaliptocultura, no Alto Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais............. 40

Tabela 3 - Resultados da randomização das espécies de escarabeídeos encontradas

nas seis áreas do no Alto Vale do Jequitinhonha, MG..................................................... 44

Tabela4 - Espécies com resultados significativos na análise de espécies indicadoras

(ISA) realizada com base na preferência alimentar....................................................... 46

Tabela 5 - Espécies com resultados significativos na análise de espécie indicadoras

(ISA) realizada com base nos seis ecossistemas............................................................ 48

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LISTA DE ABREVIATURAS

°C - graus Celsius

cm - centímetros

et al - et alia

ml - mililitros

mm - milímetros

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LISTA DE SIGLAS

C - Cerrado

CWb - Clima subtropical de altitude

DCA - Detrended Correspondence Analysis

PC - Plantio comercial de Eucalyptus spp.

RACE - Recomposição avançada de vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp.

RASE - Recomposição avançada de vegetação sem remanescentes de

Eucalyptus spp.

RICE - Recomposição inicial de vegetação com remanescentes de

Eucalyptus spp

RISE - Recomposição inicial de vegetação sem remanescentes de

Eucalyptus spp.

RPPNs - Reserva Particular do Patrimônio Natural

UFMT - Universidade Federal do Mato Grosso

UFVJM - Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................

17

2 OBJETIVOS ............................................................................................................ 19

2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 19

2.2 Objetivos específicos .............................................................................................

19

3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 21

3.1 Cerrado: Modificação de habitats e conectividade da paisagem ..................... 21

3.1.1 O Cerrado ............................................................................................................ 21

3.1.2 Introdução do plantio de eucalipto no Cerrado ................................................. 22

3.1.3 Eucaliptocultura no Alto Vale do Jequitinhonha .............................................. 23

3.1.4 Diversidade, conectividade da paisagem e o monocultivo................................... 23

3.2 Aspectos gerais da família Scarabaeidae ............................................................ 25

3.2.1 Coleoptera: Scarabaeidae ....................................................................................

25

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 29

4.1 Área de estudo ....................................................................................................... 29

4.2 Amostragem............................................................................................................. 30

4.3 Coleta, triagem e identificação dos insetos .......................................................... 30

3.4 Análise dos dados ...................................................................................................

32

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 35

6 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 55

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1 INTRODUÇÃO

No Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, os plantios de eucalipto começaram na

década de 1970. Embora em consonância com a política florestal adotada na ocasião,

vários equívocos ambientais foram cometidos, como a substituição de grandes áreas

naturais por maciços florestais homogêneos. Apesar de serem respeitadas as áreas de

reserva e preservação permanente, as quais eram exigidas por lei, é comum a ocorrência de

fragmentos isolados.

Objetivando a redução do impacto ambiental negativo promovido pelas

extensas áreas de monocultivo, empresas do Setor Florestal vêm instalando faixas de

vegetação nativa em processo de regeneração natural entre áreas de plantio comercial de

eucalipto, interligando áreas de reserva legal a áreas de preservação permanente. Em tese

estas faixas serviriam como corredores de fauna, conectando as áreas de vegetação nativa.

O grau de conectividade entre remanescentes de vegetação natural

normalmente é afetado pelo aporte de crescimento da vegetação secundária em uma

determinada paisagem. Além disso, habitats isolados e pequenos podem compreender uma

pequena diversidade devido ao fato das taxas de migração da fauna serem supostamente

baixas, ao contrário das taxas de extinções locais que, geralmente, são mais altas

(MacARTHUR & WILSON, 1963). Assim, a escolha de grupos taxonômicos que sejam

sensíveis a estes fatores é fundamental para os estudos de diversidade, conectividade e

complementaridade (JENNINGS & TALLAMY, 2006).

Existe uma grande dificuldade científica e econômica de realizar

levantamentos completos da biodiversidade. As indicações da necessidade de detalhamento

em escala regional e local, além do estabelecimento de espécies indicadoras podem

oferecer respostas adequadas e simplificar o seu manejo e gestão (BEAZLEY &

CARDINAL, 2004). Bioindicadores são os mais utilizados para demonstrar os efeitos das

mudanças ambientais (como alterações no hábitat, fragmentação e mudanças climáticas)

no sistema biótico, às vezes funcionando, mesmo como um medidor do estado do ambiente

(McGEOCH, 1998).

Estudos com bioindicadores servem em geral para dois propósitos: mostram se

determinada perturbação tem ou não um impacto biótico, e fornecem informações

essenciais para a conservação do táxon ou grupo indicador, principalmente quando se sabe

que a espécie é rara ou ameaçada (BUTTERFIELD et al., 1995). Os bioindicadores devem

apresentar quatro características básicas: viabilidade; custo efetivo para amostragem; fácil

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e confiável identificação; e funcionalidade e capacidade de responder aos distúrbios de

maneira consistente (PEARCE & VENIER, 2006).

Os insetos são considerados bons indicadores dos níveis de impacto ambiental,

devido a sua grande diversidade de espécies e habitat, além da sua importância nos

processos biológicos dos ecossistemas naturais (WINK et al., 2005, OLIVEIRA et al.,

2014). Também são excelentes organismos para avaliar o impacto da formação de

fragmentos florestais, pois são altamente influenciados pela heterogeneidade do habitat

(THOMAZINI &THOMAZINI, 2000). As mudanças nos padrões de comportamento e na

abundância sazonal dos insetos têm sido utilizadas como ferramenta para explicar os

distúrbios ambientais, em várias partes do mundo (PEARCE &VENIER, 2006; FREITAS

et al., 2006; NICHOLS et al., 2007).

Um dos grupos mais usados como bioindicadores são os coleópteros

escarabeídeos da subfamília Scarabaeinae, popularmente conhecidos como rola-bostas

(KLEIN, 1989; HALFFTER & FAVILLA, 1993, DAVIS, 1994, HALFFTER &

ARELLANO, 2002; NICHOLS et al., 2007; GARDNER et al., 2008b, VIEIRA et al.,

2008). Os escarabeíneos apresentam alta sensibilidade às perturbações naturais e/ou

antrópicas no ambiente devido à estreita relação e dependência do meio e dos recursos

disponíveis para a comunidade (HALFFTER & FAVILLA, 1993; HALFFTER &

ARELLANO, 2002; HERNÁNDEZ, 2005, SCHEFFLER, 2005; BARLOW et al., 2007;

ENDRES et al., 2007; NICHOLS et al., 2007; SILVA et al., 2007; GARDNER et al.,

2008b, HERNÁNDEZ & VAZ-DE-MELLO, 2009). Outra vantagem da utilização de

escarabeíneos em estudos que avaliam as consequências ecológicas de distúrbios é que sua

utilização apresenta um alto desempenho, combinando baixos custos de coleta e certa

facilidade na identificação de espécies (GARDNER et al., 2008a).

As diferenças na composição das espécies de besouros bem como a abundância

dos indivíduos entre os ecossistemas são explicadas pela preferência de parte dos

espécimes por ambientes específicos, sendo utilizados como bioindicadores da qualidade

ambiental devido a sua fidelidade ecológica (HALFFTER, 1991). Assim sendo, o interesse

por esse grupo é devido ao elevado grau de associação a habitats específicos, afetando a

sua distribuição e tornando-os estreitamente relacionados com a cobertura vegetal e a fauna

de mamíferos que a frequenta (HUTCHESON, 1990; FREITAS et al., 2006).

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19

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Comparar a estimativa da diversidade de espécies de Scarabaeidae em faixas

de vegetação nativa entremeados a eucaliptocultura, no Alto Vale do Jequitinhonha,

relacionando os diferentes tipos de isca utilizados e ecossistemas encontrados na área.

2.2 Objetivos específicos

1) Avaliar a estimativa da riqueza e a diversidade local e regional de espécies de

Scarabaeidae em quatro faixas de vegetação em processo de regeneração natural inicial e

avançada, entremeadas a eucaliptocultura, com a presença ou não de remanescentes de

Eucalyptus spp.;

2) Avaliar a relação entre a presença e a ausência de remanescentes de Eucalyptus spp.

nestas faixas sobre a diversidade de besouros escarabeídeos;

3) Verificar se as faixas ecológicas entremeadas a eucaliptocultura estão exercendo o papel

de conectividade, para os besouros escarabeídeos, entre as áreas de reserva legal e

preservação permanente;

4) Verificar qual é o atrativo de maior eficiência para captura de besouros escarabeídeos

nos ecossistemas em estudo;

5) Determinar potenciais espécies indicadoras de qualidade ambiental para a região por

meio da relação da preferência alimentar das espécies e da relação das espécies de

Scarabaeidae que melhor representam os ecossistemas das diferentes formações das faixas

em estudo e

6) Analisar se o gradiente de heterogeneidade dos habitats afeta a riqueza e composição das

espécies de escarabeídeos nas faixas ecológicas entre as áreas de plantio de Eucalyptus

spp. no Alto Vale do Jequitinhonha.

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21

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Cerrado: Modificação de habitats e conectividade da paisagem

3.1.1 O Cerrado

O Cerrado é o segundo maior bioma em extensão territorial no Brasil e possui

mais de 200 milhões de hectares, o que corresponde a aproximadamente 23% da área total

do território nacional (WALTER et al., 2008). Localizado na porção central da América do

Sul, o Cerrado abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal;

com alguma ocorrência no Amapá, Roraima e Amazonas (MMA, 2011). Por ocupar área

muito extensa, o Cerrado, ocorre em altitudes bastante variadas, de 300 m a mais de 1.600

m (MOTA et al., 2014). Estas grandes amplitudes espaciais e de altitude promovem uma

grande heterogeneidade ambiental (FELFILI et al., 2004), refletindo em diversificado

mosaico vegetacional ao longo do bioma.

No Cerrado existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma

notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Alguns autores apontam 11

tipos fitofisionômicos, divididos entre formações florestais, savânicas e campestres

(MOTA et al., 2014). Dentre estes, o cerrado stricto sensu, paisagem composta por

espécies herbáceas, principalmente gramíneas, e com estrato de árvores e arbustos que

possuem dossel variando de 10 a 60% de cobertura, é o mais extenso, ocupando cerca de

70% do bioma (FELFILI & FELFILI, 2001; FELFILI & SILVA-JUNIOR, 2005). Esse

padrão acarreta maior diversidade de subtipos, com ambientes de vegetação densa, típica e

rala sobre solos profundos e ambientes rupestres, com solos rasos e afloramentos rochosos,

e com a presença de arbustos e árvores (WALTER, et al, 2008). Apresenta clima

predominantemente Tropical Sazonal, com precipitação anual média de 1500 mm e a

temperatura variando entre 22 e 27ºC (KLINK & MACHADO, 2005).

Considerado como um dos hotspots mundiais de biodiversidade (MYERS et al,

2000), o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma

excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado

brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de

plantas nativas já catalogadas (MMA, 2015) Apesar do reconhecimento de sua importância

biológica, de todos os hotspots mundiais, é o que possui a menor porcentagem de áreas

sobre proteção integral. Apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por

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unidades de conservação. Desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção

integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs

(Reserva Particular do Patrimônio Natural) (0,07%) (MMA, 2015). Estima-se que 20% das

espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137

espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção (MMA, 2015).

Nas últimas décadas houve aumento considerável da expansão do modelo

agropecuário de monoculturas latifundiárias, o que culminou em graves consequências

socioambientais (MENDES, 2014). As transformações ocorridas no Cerrado trouxeram

grandes danos aos recursos naturais, como a fragmentação de habitats, e degradação dos

ecossistemas (KLINK & MACHADO, 2005).

3.1.2 Introdução do plantio de eucalipto no cerrado

A introdução do cultivo de eucalipto foi favorecida pela política de incentivos

fiscais ao reflorestamento dos governos militares (FISET - Fundo de investimentos

Setoriais). Tal política concedia às pessoas físicas e jurídicas descontos de até 50% no

imposto de renda, se essa quantia fosse aplicada em projetos de reflorestamento próprios

ou de terceiros. Essa medida atraiu os investidores, já que as pessoas jurídicas podiam

abater as quantias dos impostos antes mesmo de executarem seus projetos, e as pessoas

físicas podiam ter acesso a empréstimos para realizarem os investimentos (CALIXTO,

2009).

Minas Gerais foi o estado onde a política de incentivos fiscais foi mais

expressiva, já que boa parte dos então denominados reflorestamentos deveria ser para a

produção de carvão vegetal visando ao abastecimento da indústria siderúrgica nacional.

Acontece que era justamente em Minas Gerais que se encontrava a maior parte dessas

indústrias, fazendo com que também o governo do Estado criasse medidas para incentivar

a monocultura florestal. Uma dessas medidas foi a criação dos Distritos Florestais, regiões

prioritárias para o “reflorestamento”. As áreas definidas pelo governo como prioritárias

para esse fim no estado foram: o Triângulo Mineiro, o Centro-Oeste e os Vales dos rios,

Doce, São Francisco e Jequitinhonha (CALIXTO & RIBEIRO, 2007). Uma das

justificativas para definir o Vale do Jequitinhonha como Distrito Florestal foi o objetivo de

integrá-lo ao padrão de crescimento econômico de Minas Gerais, com programas que

pretendiam acelerar “o incremento da renda e do emprego, por meio do incentivo, da

coordenação e do planejamento para melhor aproveitamento da área” (CALIXTO &

RIBEIRO, 2007).

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23

3.1.3 Eucaliptocultura no Alto Vale do Jequitinhonha

No Alto Jequitinhonha, Minas Gerais, o surgimento do plantio de extensas

áreas de monocultivo de eucalipto por empresas de bioenergia, nas décadas de 1970,

tornouse uma das principais opções de renda e empregos da região. Atraídas pelos

incentivos fiscais, pelas condições das terras e pelas facilidades de aquisição concedidas

pelo governo, empresas de grande porte escolheram a região para seus projetos de

“reflorestamento”, substituindo o Cerrado pela eucaliptocultura.

Essa atividade levou tanto a modificação quanto a fragmentação de habitats,

que compreendem os dois tipos mais comuns de conversão da paisagem. O primeiro termo

envolve a alteração direta de um habitat, como resultado das atividades humanas, enquanto

o segundo abrange a reconfiguração de um habitat em pequenos e isolados “retalhos”

dentro de uma matriz de habitat modificado (NICHOL et al., 2007).

3.1.4 Diversidade, conectividade da paisagem e o monocultivo

A estrutura da paisagem fragmentada contém elementos com variados graus de

interação, como a matriz (ecossistema predominante), fragmentos (porções de habitats

nativo fragmentado) e corredores (faixas de vegetação que conectam os fragmentos)

(METZGER, 1999).

As faixas de vegetação podem ser formadas em canais de drenagem, cercas,

bordas de estradas, entre outras situações onde a vegetação nativa é mantida ou árvores são

plantadas (LOUZADA, 2000). Essas faixas de vegetação conectam habitats, melhorando,

então, a chance de sobrevivência de populações isoladas. Podem ter múltiplas funções

dependendo do organismo foco e do momento em questão, incluindo condução

(movimento pelo corredor), habitat, filtro, barreira, fonte e recurso (HESS & FISHER,

2001). Entretanto, uma característica da paisagem benéfica para um animal como um

mamífero, pode não necessariamente ser favorável para outros animais, por exemplo, para

os insetos (SAMWAYS, 2007).

A diversidade não está correlacionada à densidade de indivíduos na população,

mas sim ao conjunto de espécies e o seu número de representantes. Uma das maneiras de

quantificá-la é por meio da contagem das espécies presentes nas amostras. De acordo com

Mac Arthur (1964) a diversidade é a própria riqueza de espécies na área. E segundo Hill

(1973), a diversidade é um parâmetro possível de ser mensurado, cujos valores encontrados

podem ser explicados por uma série de teorias e expressões matemáticas.

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A diversidade dentro de um habitat não deve ser confundida com a diversidade

de uma região que contém vários habitats. Portanto, de acordo com a escala utilizada,

podem-se distinguir três tipos de diversidade: alfa (α), beta (β) e gama (γ). A diversidade α,

ou local, corresponde à diversidade dentro de um habitat ou comunidade, e é bastante

sensível à definição de habitat, e à área e intensidade da amostragem. A diversidade γ, ou

regional, corresponde à diversidade de uma grande área, bioma, continente, ilha, etc. A

diversidade β corresponde à diversidade entre habitats ou outra variação ambiental

qualquer, isto é, mede o quanto a composição de espécies varia de um lugar para outro

(MELO, 2008).

A fragmentação de habitats é considerada como uma das maiores ameaças à

conservação da biodiversidade (CROKS & SANJAYAN, 2006). A perda de habitats

naturais ocasionada tem severas consequências sobre a biodiversidade, pois afeta a taxa de

crescimento populacional, diminui o comprimento e a diversidade da cadeia trófica e altera

as interações entre as espécies (FORERO-MEDINA & VIEIRA, 2007). Esse processo leva

à transformação do habitat remanescente influenciada por alterações, que podem ser

bióticas (distribuição de espécies e interações entre organismos) ou abióticas (condições

microclimáticas), provocadas pela interação fragmento-matriz (BRASIL, 2005).

A conectividade de uma paisagem depende da distância entre as manchas de

habitats, da presença de corredores e trampolins ecológicos (stepping stones), entre os

fragmentos e da permeabilidade da matriz ao movimento entre as manchas (BAUM et al.,

2004; PARDINI et al., 2005). Uma maior conectividade na paisagem estaria associada a

uma maior similaridade estrutural entre os elementos introduzidos e o habitat original ou as

manchas remanescentes (GASCON, 1999).

Outro fator de discussão decorrente dos monocultivos é a simplificação de

habitats. Ambientes mais heterogêneos disponibilizariam mais recursos (SILVA et al.,

2010). Essa relação positiva entre o aumento da heterogeneidade do habitat e o aumento da

riqueza já foi registrada para várias espécies de animais. Porém, dependendo do grupo

taxonômico e da escala espacial, a riqueza pode ter relação negativa com o aumento da

heterogeneidade de habitat (SILVA et al., 2010), podendo influenciar a composição das

assembleias de espécies (LASSAU & HOCHULI, 2004; DURÃES et al., 2005).

Ambientes com níveis de heterogeneidade de habitat variáveis apresentam diferenças nos

níveis de luminosidade, temperatura e umidade. Essas características podem determinar a

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ocorrência ou não de populações, dando suporte para a reprodução, nidificação,

desenvolvimento e forrageamento das diferentes espécies de animais (SILVA et al., 2010.)

Vários estudos têm demonstrado que a manutenção da cobertura florestal e da

complexidade estrutural em ambientes modificados pode ajudar a manter comunidades

semelhantes às encontradas em áreas intactas (VULINEC et al., 2006; NICHOLS et al.,

2007; QUINTERO & HALFFTER, 2009). Dessa maneira, estudos com objetivos

relacionados a abordagens ecológicas sobre conectividade da paisagem e o efeito do uso do

solo sobre as comunidades bióticas, se tornam de grande importância para gestão da

efetividade da implementação de faixas ecológicas entre a eucaliptocultura.

3.2 Aspectos gerais da família Scarabaeidae

3.2.1 Coleoptera: Scarabaeidae

A ordem Coleoptera (do grego, koleos = estojo; pteron = asa) é a maior ordem

da classe Insecta. Possui aproximadamente 350.000 espécies descritas, representando 40%

do total de insetos (TRIPLEHORN & JOHNSON, 2005). Conforme Costa (2000), para a

região neotropical estão registrados 6.703 gêneros e 72.476 espécies de besouros, das quais

aproximadamente 30.000 são descritas para o Brasil. Esse grupo sobressai, também, pela

abundância nos mais diferentes ecossistemas e atua em vários níveis tróficos, o que pode

classificá-los como pragas agrícolas, polinizadores, dispersores de sementes, predadores e

decompositores (TRIPLEHORN & JONNSON, 2011). Apresentam grande diversidade de

comportamentos e de funções nos ecossistemas. São sensíveis às mudanças ambientais,

que afetam diretamente a riqueza, a distribuição, a abundância e até a estrutura de suas

guildas.

Os besouros pertencentes à família Scarabaeidae stricto sensu que compreende

cerca de 28.000 espécies (HANSKI & CAMBEFORT, 1991) ocorrem no Brasil em sete

tribos: Ateuchini, Canthonini, Coprini, Eurysternini, Gromphini, Onthophagini e Phanaeini

(ZUNINO, 1985; HANSKI & CAMBEFORT, 1991; MONTREUIL, 1998). Possuem

coloração bastante variável, com tamanho de dois mma cinco cme são encontrados em

maior abundância durante a estação chuvosa (HALFFTER & MATTHEWS, 1966;

HANSKI & CAMBEFORT, 1991; LOPES et al., 1994). Constituem um grupo

monofilético, com aproximadamente 200 gêneros e mais de 6.000 espécies descritas. São

besouros cosmopolitas, com maioria restrita às áreas com precipitação superior a 250 mm e

temperatura média anual superior a 15 ºC (HALFFTER, 1991).

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O método de coleta afeta a quantificação da comunidade e deve revelar as

espécies representativas e a abundância relativa de cada uma delas. Este deve ser diferente

para os grupos de insetos, pois, estes apresentam grande variabilidade de hábitos e são

influenciados pela vegetação da área de coleta (CAMPOS et al., 2000). Na captura de

espécimes de Scarabaeidae stricto sensu tem sido utilizados métodos de coleta passiva, ou

seja, aqueles realizados com o auxílio de uma armadilha com atrativos biológicos ou

físicos.

O método apropriado para monitorar a abundância de insetos desta família

consiste de armadilhas de queda iscadas com excrementos, carcaças ou frutos em

decomposição, as quais são enterradas no solo. Na coleta de besouros coprófagos, são

utilizadas como iscas fezes humanas ou de herbívoros (gado bovino ou cavalo) e, na coleta

de besouros necrófagos, pedaços de peixes, lulas (FAVILA & HALFFTER, 1997), ou

ainda, vísceras apodrecidas de animais (MILHOMEN et al., 2003). Em seus estudos, estes

autores constataram que a armadilha de queda com isca de fezes humanas é a mais

indicada para coletas de besouros copronecrófagos no Cerrado.

Os besouros escarabeídeos tornaram-se altamente especializados no

forrageamento e na seleção de recursos (HANSKI & CAMBEFORT, 1991). Eles são

detritívoros, e na região neotropical, são divididos de acordo com cinco tipos básicos de

dieta: (1) os coprófagos, que se alimentam de fezes; (2) os necrófagos, que se alimentam

de carcaças e cadáveres; (3) os saprófagos, que se alimentam de material vegetal em

decomposição, principalmente frutos; (4) os micófagos, que se alimentam de fungos em

decomposição; e (5) os generalistas, como os copronecrófagos e demais combinações

possíveis (HALFFTER et al., 1992).

Conforme a alocação de recursos, os besouros escarabeídeos podem ser

classificados em três guildas ou grupos funcionais, envolvendo ou não o transporte de

recursos para locais fora da fonte original: (1) os escavadores ou paracoprídeos, que

utilizam túneis; (2) os roladores ou telecoprídeos, que transportam na superfície e enterram

a pequenas profundidades; e (3) os residentes ou endocoprídeos, que permanecem dentro

ou sob o depósito de recurso, utilizando-o in loco. Alguns autores, no entanto, preferem

divisões mais rigorosas. Doube (1990), por exemplo, identificou sete grupos funcionais de

besouros coprófagos somente em relação à forma como utilizam as fezes.

A fauna de besouros escarabeídeos é altamente sazonal, sendo normalmente

controlada por três fatores: disponibilidade de recursos, temperatura e precipitação

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(HANSKI & CAMBEFORT, 1991). Os picos de riqueza, abundância e biomassa ocorrem

na estação chuvosa, quando esses besouros apresentam máxima atividade diária (HILL,

1995; GALANTE et al., 1995; ESCOBAR, 2004), em padrões variados de horários, mas

principalmente em períodos crepusculares e noturnos (HILL, 1996; HALFFTER et al.,

1992).

A família Scarabaeidae constitui taxa bem definidos e, em determinada área,

seus membros constituem guildas, cuja alta diversidade simpátrica, abundância e

dependência mútua de recursos torna-os ideais para o estudo de interações competitivas

(HOWDEN & NEALIS, 1975). O tipo de alimento (qualidade e quantidade), a seleção de

habitat, o tamanho do besouro e a atividade diária são os componentes mais importantes na

competição por recursos em assembleias de besouros escarabeídeos (HANSKI &

CAMBEFORT, 1991). Para Halffter & Favila (1993), os besouros escarabeídeos podem ser

utilizados para: (1) análise da estrutura de guildas, em relação a estratégias de alocação de

recursos, à especialização e ao grau de generalização de dieta (diversidade trófica) e

atividade temporal (diária ou anual); e (2) para análise da diversidade de guildas por meio

da riqueza de espécies e índices de diversidade como variáveis biológicas para inventário e

monitoramento da biodiversidade em diferentes usos da terra.

Um dos grupos mais usados como bioindicadores são os da subfamília

Scarabaeinae, popularmente conhecidos como rola-bostas (KLEIN, 1989; HALFFTER &

FAVILLA, 1993, DAVIS, 1994, HALFFTER & ARELLANO, 2002; NICHOLS et al.,

2007; GARDNER et al., 2008b, VIEIRA et al., 2008). Esta subfamília é constituída de

mais de 7.000 espécies descritas. Pesquisadores publicaram uma revisão sobre o tema na

qual listam e descrevem as principais funções ecológicas nas quais os Scarabaeinae estão

envolvidos, sendo elas: (a) ciclagem de nutrientes; (b) bioturbação (movimentação e

mistura do solo por organismos vivos), o que aumentaria a aeração do solo e sua

permeabilidade à água; (c) aumento no desenvolvimento das plantas (graças à bioturbação

e mobilização de nutrientes para o solo); (d) dispersão secundária de sementes; (e)

supressão parasitária; (f) dispersão parasitária, podendo seus corpos servir como

transportadores, hospedeiros intermediários ou acidentais; (g) controle de moscas

coprófagas; (h) regulação trófica (a predação do besouro Canthon virens sobre as formigas

cortadeiras do gênero Atta); e (i) polinização, restrita a poucas espécies de plantas

(NICHOLS et al., 2008).

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Algumas espécies de besouros escarabeídeos possuem abundância muito

reduzida ou elevada em áreas com características distintas. Isso as tornam adequadas como

indicadoras ambientais (HALFFTER & FAVILLA, 1993). Certas espécies possuem alta

especificidade de habitat (ALMEIDA & LOUZADA, 2009) e acabam sendo fortemente

influenciadas pela fragmentação e perda de habitat, podendo ter sua distribuição restrita ou

mesmo desaparecer localmente (DAVIS & PHILIPS, 2005; HERNÁNDEZ & VAZ-DE-

MELLO, 2009). Em áreas fragmentadas ou degradadas é comum encontrar uma menor

riqueza de espécies quando comparadas a áreas conservadas (KLEIN, 1989; HALFFTER

& FAVILLA, 1993; DAVIS et al., 2001; GARDNER et al., 2008a; RESENDE, 2012;

SILVA et al., 2010, MORAIS & KÖHLER, 2011). Também respondem a alterações na

composição da paisagem (LOUZADA et al., 2010), fazendo com que áreas vizinhas, mas

com diferentes estruturas vegetacionais apresentem espécies diferentes (ALMEIDA &

LOUZADA, 2009; SILVA et al., 2010). Isto ocorre, principalmente, entre ambientes

fechados (florestas) e ambientes abertos (cerrado, chaco ou pastagem) (SPECTOR &

AYZAMA, 2003; SCHEFFLER, 2005).

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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A área em estudo está localizada no Planalto do Jequitinhonha em plantios de

Eucalyptus spp. nos municípios de Itamarandiba, Turmalina, Capelinha, Minas Novas, e

Carbonita entre os paralelos 15º e 19º e os meridianos 40º e 44º, em Minas Gerais, Brasil

(figura 1).

Figura 1 - Localização geográfica da área em estudo abrangendo os municípios de Itamarandiba, Turmalina,

Capelinha, Minas Novas e Carbonita, Estado de Minas Gerais, Brasil.

Fonte: Wikipédia, adaptado. https://pt.wikipedia.org/wiki/Minas_Gerais, acessado em 15 de agosto de 2015.

O relevo da região é caracterizado por áreas planas, ou suavemente ondulado,

denominado regionalmente por Chapadas com altitudes médias em torno de 900 metros.

Alternam-se com áreas dissecadas que acompanham os maiores cursos d’água, onde

predominam vertentes ravinadas e colinas. Os solos dominantes são os latossolos: A

classificação foi efetuada com base no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, EMBRAPA. De acordo com a análise

realizada em amostras coletadas nos mesmos pontos de amostragem onde foram feitas as

coletas entomológicas ocorrem o Latossolo Vermelho Distrófico típico, horizonte A

moderado ou proeminente, textura argilosa e o Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico

típico horizonte A moderado ou proeminente, textura argilosa ou muito argilosa (SILVA,

2006).

O clima da região é do tipo CWb (subtropical de altitude) segundo a

classificação de Köppen (ANTUNES, 1986) sendo a média anual de precipitação pluvial

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de 1081 mm, com verões chuvosos e invernos secos. A temperatura anual média de 20,1

ºC, variando de 16,3 à 23,8 ºC entre os meses extremos

A vegetação encontrada é composta por formações savânicas,

predominantemente de Cerrado stricto sensu (RIBEIRO & WALTER, 1998), sendo

também encontradas manchas de Floresta Estacional Semidecidual.

4.2 Amostragem

A avaliação da diversidade compreendeu a amostragem de Scarabaeidae durante os

meses de dezembro de 2004 e 2005. A coleta dos insetos foi realizada em quatro

ecossistemas (faixas) de 200 metros de largura e 1000 metros de comprimento antes

cultivadas com Eucalyptus spp., onde então havia ocorrência do processo de regeneração

natural, entremeadas a faixas de 2000 metros de largura cultivadas com Eucalyptus spp

(figura 2). Em algumas faixas as rebrotas dos eucaliptos foram totalmente eliminadas e em

outras foram deixadas crescer livremente. Foram consideradas recomposição inicial e

avançada, aquelas áreas cujo tempo de regeneração natural da vegetação era inferior a três

e superior a cinco anos, respectivamente. O plantio comercial contava com sete anos de

idade e a área de Cerrado apresentava fitofisionomia considerada como de Cerrado stricto

sensu.

Figura 2 - Faixas de vegetação em processo de regeneração natural entremeadas a eucaliptocultura, no Vale

do Jequitinhonha, MG.

A) Ilustração do esquema das faixas interligando áreas de reserva legal a áreas de preservação permanente.

B) A seta indica a faixa de 200x1000 metros de vegetação nativa em recomposição, entremeadas a blocos de

2000 metros de largura cultivadas com Eucalyptus. spp. Fonte:folders de empresas da região.

Os sítios de amostragem compreenderam os seguintes ecossistemas: (1)

Cerrado, (2) Plantio comercial de Eucalyptus spp. (PC); (3) Recomposição inicial de

vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp (RICE); (4) Recomposição inicial de

vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp. (RISE); (5) Recomposição avançada de

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vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp. (RACE) e (6) Recomposição avançada

de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp. (RASE).

Em cada ano de coleta, foram utilizadas 16 armadilhas de queda (pitfall) por

ecossistema, para a captura dos insetos. As armadilhas iscadas com (1) fezes humanas, (2)

fezes bovinas, (3) baço bovino apodrecido e (4) banana apodrecida, foram enterradas com

a abertura ao nível do solo equidistantes 2,5 metros, protegidas por coberturas plásticas. As

iscas foram colocadas em recipientes suspensos, preso por arames, dispostos no centro das

armadilhas. Em cada ecossistema as armadilhas permaneceram ativadas por vinte e quatro

horas, quando eram feitas e coletas e as iscas renovadas por três dias consecutivos. Este

desenho permitiu 12 réplicas com cada tipo de isca por ecossistema por ano, totalizando

576 coletas (figura 3).

Figura 3 - Esquema de distribuição das armadilhas pitffal em cada um dos ecossistemas estudados.

As armadilhas foram confeccionadas em recipientes plásticos (capacidade

de1000 ml), contendo solução 250 ml de detergente a 2% para a captura dos insetos, tendo

como finalidade a quebra da tensão superficial da água a fim de evitar o escape dos insetos

capturados. Foram protegidas contra intempéries por cobertura plástica com 35 cm de

comprimento e 23,5 cm de largura. Os atrativos foram colocados em recipientes

descartáveis (capacidade 50 e/ou 100 ml), devidamente instalados, por meio de um arame,

dispostos no centro das armadilhas (figura 4).

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Figura 4 - Armadilhas pitfall utilizadas na captura dos besouros escarabeídeos no Alto Vale do

Jequitinhonha, Minas Gerais

A) Recipiente plástico de 1000 ml de capacidade; B) Recipiente plástico com capacidade de 50 ou 100 ml; C)

Arame liso; D) Cobertura plástica.

4.3 Coleta, triagem e identificação dos insetos

O líquido contendo os insetos capturados foi despejado em uma peneira fina e

os estes foram dispostos em sacos plásticos com solução de álcool 50%. Cada um dos

recipientes foi identificado (local, tipo e número da armadilha e data da coleta) e levado ao

laboratório de Entomologia Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e

Mucuri (UFVJM) para a triagem. Os besouros escarabeídeos foram acondicionados em

mantas entomológicas devidamente identificadas (data, horário da coleta, número e tipo de

armadilha), secos em estufa (durante 24 horas, à temperatura de 35ºC) e, enviados para

identificação por especialistas na taxonomia da família Scarabaeidae, Dr. Fernando Zagury

Vaz-de-Melo. Após serem identificados, foram depositados nas coleções da UFVJM, na

coleção da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

4.4 Análise dos dados

Curvas de acumulação de espécies foram construídas para cada local para

verificar a suficiência amostral. Estas permitem avaliar o quanto um estudo se aproxima de

amostrar todas as espécies do local. Quando a curva estabiliza, ou seja, nenhuma espécie

nova é adicionada, significa que a riqueza total foi obtida. A partir disso, novas

amostragens não são necessárias.

A determinação das estimativas de diversidade local, foi realizada por meio da

série de Hill. Um dos maiores problemas no uso de índices de diversidade é a falta de

critérios na escolha de um dado índice de diversidade. Ainda, a escolha de um determinado

índice pode influenciar o padrão obtido. Outro índice poderia resultar em outro padrão.

Como solução a esta indeterminação fez se o uso de uma generalização conhecida como

Série de Hill (Hill, 1973). A série de Hill é considerada uma fórmula “unificadora” dos

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índices de diversidade, dado pela fórmula: Na = (p1a + p2

a + p3

a+......pS

a )

1/(1-a); sendo: p1,

p2, p3, pS, as abundâncias proporcionais das S espécies na amostra, e a o parâmetro

considerado. Os Índices são ordenados em um “continuum” e diferem na tendência de

incluir ou não espécies mais raras. Para o parâmetro a = 0, o valor de diversidade é igual ao

número de espécies na amostra. Para a tendendo a 1, o valor de diversidade é equivalente

ao Índice de Shannon (base neperiana) e pode ser obtido por e(N1)

, onde e = 2,718282. Para

a = 2, o valor é igual ao obtido com o inverso do Índice de Simpson (1/D)N = ∞ (recíproca

de Berger-Parker).

Para comparação da riqueza entre os ecossistemas foram construídas curvas de

rarefação, que consistem em calcular o número esperado de espécies em cada amostra para

um tamanho de amostra padrão. Análises de regressão simples foram efetuadas para aferir

a significância da relação entre o número de espécies compartilhadas e os índices de

similaridade (Jaccard e Sørensen) entre as vegetações estudadas com a utilização do

programa StatView 5.0.1.

Estimadores de compartilhamento, Índices de similaridade de Jaccard (Sj) e

Sørensen (Ss) foram calculados para análise da diversidade entre os ecossistemas. Estes

coeficientes comparam comunidades de forma quantitativa variando de 0 (nenhuma

similaridade) a 1 (total similaridade). Curvas de acumulação, curvas de rarefação,

estimadores de compartilhamento de espécies e índices de similaridade entre as vegetações

estudadas foram gerados com a utilização do programa EstimateS versão 8.0 para

Windows (COLWELL, 2006), computando 100 replicações aleatórias para cada estimativa.

Foi utilizado dendrograma para demonstração das diferenças hierárquicas

quanto à ecologia, existente entre os diferentes ecossistemas avaliados. A porcentagem de

dissimilaridade foi utilizada para sua plotagem, uma vez que esta proporciona peso

semelhante para todas as espécies.

Realizou-se também análise multivariada dos dados por meio da análise de

correspondência retificada DCA, do inglês Detrended Correspondence Analysis (DCA),

para dados ordenados. Esta é uma técnica de estatística não paramétrica que produz um

diagrama de ordenação no qual as parcelas se distribuem de acordo com a maior ou menor

similaridade entre si. A DCA foi realizada com base na presença e ausência de espécies

(variáveis qualitativas), e de preferência por iscas (variáveis categóricas), nos seis

ecossistemas.

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A determinacão potenciais espécies indicadoras de qualidade ambiental para a

região foi realizada a análise do Valor Indicador Individual (IndVal) por meio da relação da

preferência alimentar das espécies e da relação das espécies de Scarabaeidae que melhor

representam os ecossistemas das faixas em estudo. A análise do Valor Indicador Individual

(IndVal) permite identificar as espécies que são indicadores significantes das diferentes

áreas coletadas. Esta análise é uma combinação do grau de especificidade (padrões de

abundância relativa) de uma determinada espécie por um determinado ambiente e sua

fidelidade dentro do mesmo (padrões de incidência), usando randomização para testar a

significância de cada espécie (DUFRÊNE & LEGENDRE, 1997). A significância da

diferença de um valor gerado pelo acaso é determinada pelo teste de permutação de Monte

Carlo. Com isso, uma espécie só é considerada indicadora de um habitat quando apresenta

o maior ValInd para o mesmo e o resultado do teste de Monte Carlo é significativo (P <

0,05). Os valores de indicação (IV) encontrados pela Análise de Espécies Indicadoras são

baseados na frequência com que a espécie ocorre dentro do grupo e entre os grupos. Desta

forma, espécies que ocorreram em poucos fragmentos dentro do grupo, ou em mais de um

grupo, são classificadas com um baixo valor de indicação. Por outro lado, caso a espécie

tenha ocorrido somente e em todos os fragmentos do grupo, esta, recebe um alto IV

(MACHADO & ALMEIDA, 2007).

Para as análises de Hill, da DCA e espécies indicadoras foi utilizado o

programa PC-ORD for Windows versão 6.0 (McCUNE & MEFFORD, 2006).

A classificação dada aos habitats deste estudo seria de um aumento no

gradiente de heterogeneidade do Plantio comercial para o Cerrado, ou seja, a sequência de

heterogeneidade adotada seria PC, RISE, RICE, RASE, RACE, e Cerrado. Em suma o

Plantio seria o habitat menos heterogêneo e o Cerrado seria o habitat mais heterogêneo. A

hipótese aqui defendida é a de que, ambientes nos quais, a estrutura vegetacional (vertical e

horizontal), seja mais complexa, apresentariam maior riqueza e diversidade de espécies.

Cabe resaltar que o presente estudo faz parte de um estudo maior, envolvendo

outros indicadores ambientais, como por exemplo, aspectos da morfologia, física e

química, microbiologia e bioquímica dos solos sob as faixas ecológicas e também aspectos

relacionados a vegetação. Entretanto, o presente trabalho tratará apenas do estudo de

escarabeídeos como bioindicadores.

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35

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram coletados 4.845 indivíduos distribuídos em 21 gêneros e 57 espécies.

Entre os gêneros coletados, Canthon (13 espécies), Dichotomius (oito espécies) e

Canthidium (seis espécies) se apresentaram com maior número de espécies. Outros dois

gêneros se destacaram quanto ao número de indivíduos coletados: Oxysternon (1.460),

sendo representado apenas pela espécie Oxysternon palemo; e o gênero Phanaeus (1.132

indivíduos) representado por duas espécies: Phanaeus palaeno com 1.119 indivíduos e

Phanaeus kirbyi com, apenas, 13 indivíduos (Tabela 1).

O Cerrado (C) apresentou 34 espécies e 824 indivíduos. Plantio comercial (PC)

apresentou 35 espécies e 541 indivíduos. A recomposição inicial de vegetação com

remanescentes de Eucalyptus spp. (RICE) apresentou 37 espécies e 436 indivíduos. A

recomposição inicial de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp. (RISE)

apresentou 36 espécies e 510 indivíduos. A recomposição avançada com remanescentes de

Eucalyptus spp. (RACE) apresentou 42 espécies e 1.158 indivíduos. A recomposição

avançada de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp. (RASE) apresentou 29

espécies e 1.376 indivíduos. Na RASE, as espécies Oxysternon palemo e Phanaeus

palaeno apresentaram os maiores números de indivíduos, 644 e 455, respectivamente,

contabilizando mais da metade do número de indivíduos coletados. A RACE apresentou o

maior número de espécies (42) e a RASE o maior número de indivíduos (1.376). As

espécies que participaram com o maior número de indivíduos foram Oxysternon palemo e

Phanaeus palaeno em todos os ecossistemas.

As curvas de acúmulo de espécies e de rarefação para os seis ecossistemas

amostrados são representadas na figura 5. O número de espécies aumentou com o aumento

do esforço amostral, apesar de nenhuma área amostrada apresentar a formação nítida de

assíntota. Em todo caso, a estabilização da curva é bastante difícil, pois muitas espécies

raras costumam ser adicionadas após muitas amostragens, sobretudo em regiões tropicais.

As barras na figura representam os desvios padrão das médias computadas com 100

replicações aleatórias Os gráficos demonstram que a RACE apresentou maior diversidade

que as demais vegetações, seguida pelo Cerrado, Plantio Comercial, pelas vegetações em

recomposição inicial e pela RASE. A RASE foi o ecossistema menos diverso em ambos os

gráficos.

É importante salientar que as vegetações em recomposição e o plantio comercial

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Tabela 1 - Espécies de Coleoptera, Scarabaeidae coletados em armadilhas pitfall iscadas com fezes humanas, fezes bovinas, carcaça e banana apodrecida, incluindo o total de

espécies e de indivíduos por localidade e a estratégia de alocação de recurso. P = paracoprídeo, T = telecoprídeo, E = endocoprídeo e SI =sem informação

Taxa Ecossistemas Guilda Iscas Total

C PC RICE RISE RACE RASE trófica Humana Bovina Carcaça Banana

Agamopus convexus Balthasar, 1965 - - - - 10 - SI 10 - - - 10

Ateuchus carbonarius (Harold, 1868) 2 4 1 1 25 - P 5 22 6 - 33

Ateuchus robustus (Harold, 1868) - - 2 - 4 - P - 6 - - 6

Ateuchus puncticollis(Harold, 1868) - 1 1 5 - - P - 7 - - 7

Ateuchus striatulus (Borre, 1886) 2 5 3 1 1 2 P 5 9 - - 14

Ateuchus vividus Germar, 1824 3 6 21 31 19 16 P 11 74 7 4 96

Bothynus medon Germar, 1824 - - - 1 - - SI - 1 - - 1

Canthidium lucidum Harold, 1867 3 - 2 1 1 - P 2 - 4 1 7

Canthidium marseuili - 4 13 7 2 2 P 4 2 6 16 28

Canthidium megathopoides Boucomont, 1928 - 1 2 7 2 6 P 2 1 7 8 18

Canthidium pinotoides - - - - 1 - P - - - 1 1

Canthidium sp.1 1 1 9 2 3 1 P 6 10 1 - 17

Canthidium sp.3 - - - - 2 - P 1 - 1 - 2

Canthon (Glaphyrocanthon) sp.1 - - - - 1 - T 1 - - - 1

Canthon (Pseudepilissus) sp.1 - - - 2 36 - T 32 5 1 - 38

Canthon janthinus Germar. - - 1 3 - - T 4 - - - 4

Canthon rutilans Laporte, 1840 - - 1 - - - T 1 - - - 1

Canthon chalybaeus Blanchard, 1843 11 6 8 13 1 1 T - - 31 9 40

Canthon lamproderes Redtenbacher, 1867 8 - - - - - T 3 - 5 - 8

Canthon lituratus Germar, 1913 3 1 4 8 - 3 T 16 2 1 - 19

Canthon melancholicus 2 3 4 6 48 4 T 52 9 3 3 67

Canthon mutabilis (Harold, 1867) - - - - - 1 T 1 - - - 1

Canthon septemmaculatus histrio Serville,1828 59 - - - - - T 35 7 17 - 59

Canthon sp.1 - 1 - - - - T - - 1 - 1

Canthon unicolor Blanchard, 1845 29 1 - 1 6 1 T 19 14 4 1 38

Canthon virens Mannerheim 1 8 3 10 20 20 T 6 3 40 13 62

Chalcocopris hespera - - 1 - - - P 1 - - - 1

Coprophanaeus ensifer (Germar) 31 8 15 17 24 38 P 21 3 109 - 133

Coprophanaeus milon magnoi Arnaud 28 34 17 8 16 31 P 6 1 124 3 134

Continua...

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37

Continuação tabela 1

Taxa Ecossistemas Guilda

trófica

Iscas

Total C PC RICE RISE RACE RASE Humana Bovina Carcaça Banana

Coprophanaeus sptizi 22 27 6 8 13 19 P 2 - 89 4 95

Deltochilum sp.1 60 108 51 54 35 19 T 39 1 284 3 327

Deltochilum pseudoicarus Balthasar 5 1 2 7 4 - T 2 1 16 - 19

Diabroctis mimas Linnaeus - - - - 1 - SI 1 - - - 1

Diabroctis mirabilis Harold 16 3 - 3 9 13 SI 14 8 20 2 44

Dichotomius ascanius (Harold, 1869) 7 1 2 1 1 - P 3 1 7 1 12

Dichotomius bicuspis (Germar 1824) 1 1 - - - - P - - 2 - 2

Dichotomius bos (Blanchard, 1843) - 1 - - - 1 P - 2 - - 2

Dichotomius depressicollis (Harold, 1867) 4 8 1 - 10 1 P 10 7 6 1 24

Dichotomius glaucus (Harold, 1869) 12 26 3 7 112 25 P 102 45 27 11 185

Dichotomius luctuosus - - - 1 1 - P 1 - 1 - 2

Dichotomius nisus (Olivier, 1789) - - - - 2 - P 2 - - - 2

Dichotomius semiaeneus (Germar) 1 - 1 1 2 1 P 1 2 3 - 6

Eurysternus caribaeus (Herbst, 1789) - 4 - - 1 - E 3 1 1 - 5

Eurysternus hirtellus Dalman, 1824 - 1 - - - 1 E 1 1 - - 2

Isocopris inhiata (Germar) 1 1 2 5 5 - SI 2 11 1 - 14

Malagoniella puncticollis aeneicollis (Waterhouse) 1 1 2 4 3 - SI 7 1 2 1 11

Ontherus appendiculatus (Mannerheim) 1 63 14 17 120 4 P 107 85 16 11 219

Onthophagus hirculus (Mannerheim) 3 1 2 7 80 8 P 62 24 7 8 101

Onthophagus ranunculus Arrow, 1913 4 2 6 12 96 12 P 99 21 8 4 132

Oxysternon palemo (Laporte) 213 123 120 137 223 644 SI 895 222 124 219 1460

Pedaridium bidens 12 12 15 9 16 41 SI 55 3 30 17 105

Phanaeus kirbyi Vigors - - 2 9 2 - P 12 - 1 - 13

Phanaeus palaeno Blanchard 217 72 94 101 180 455 P 782 121 73 143 1119

Sylvicanthon foveiventris (Schmidt, 1920) - 1 2 - - - T 3 - - - 3

Trichillum adjunctum (Harold) 15 - - - - - E - - 15 - 15

Trichillum heydeni (Harold) 1 - 1 3 1- 1 E 2 9 5 - 16

Uroxys corporaali Balthasar, 1940 45 - 2 - 10 5 SI 16 2 43 1 62

Total de indivíduos 824 541 436 510 1158 1376 - 2467 744 1149 485 4845

Total de espécies 34 35 37 36 42 29 - 48 37 41 24 57

.

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Figura 5 -Curvas de acúmulo de espécies (A) e de rarefação (B) de escarabeídeos para os ecossistemas das

faixas de vegetação amostradas

C) Cerrado, PC) Plantio comercial de Eucalyptus spp., RICE) Recomposição inicial de vegetação com

remanescentes de Eucalyptus spp.; RISE) Recomposição inicial de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus

spp.; RACE) Recomposição avançada de vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp.; RASE)

Recomposição avançada de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp.

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39

apresentam diversidades superiores ao Cerrado. As áreas de Regeneração inicial com ou sem

remanescentes de eucalipto apresentaram valores semelhantes quanto à riqueza de espécies.

Sendo esta variável fundamental na verificação da diversidade e dinâmica ecossistêmica, é

possível inferir que a presença ou ausência de remanescentes Eucalyptus spp. parece não

interferir nos resultados de diversidade local, para as recomposições iniciais. Entretanto o

ecossistema apresentou diversidade superior ao da recomposição sem a presença de eucalipto.

Isso que indica a presença ou ausência do Eucalyptus spp. interferiu nos resultados de

diversidade local de escarabeídeos para as recomposições em estágio avançado.

A análise de regressão simples para aferir a relação entre o número de indivíduos e de

espécies foi significativa e indica que o número de espécies tende a crescer com o aumento do

número de indivíduos coletados.

Analisando o gráfico dos perfis de diversidade para as amostras dos seis ecossistemas

usando a Série de Hill (figura 6), percebe-se que a diversidade analisada por meio dos índices

seguiu o mesmo padrão observado para a riqueza por meio da curva de rarefação. A RACE

apresentou a maior e a RASE menor diversidade. O Cerrado, o plantio comercial e as

recomposições iniciais apresentaram diversidades intermediárias, sendo que entre elas foi o

cerrado de menor diversidade.

Figura 6 - Perfis de diversidade para amostras de seis ecossistemas usando a Série de Hill.

Para o parâmetro a = 0, o valor de diversidade é igual ao número de espécies na amostra. Para a tendendo a 1, o

valor de diversidade é equivalente ao Índice de Shannon (base neperiana) e pode ser obtido por e(N1)

, onde e =

2,718282. Para a = 2, o valor é igual ao obtido com o inverso do Índice de Simpson (1/D).

Nota-se que conforme se aumenta o parâmetro a da Série de Hill, maior ênfase é dada

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40

às espécies dominantes. Com a = 0, espécies com 1 indivíduo ou com 100 indivíduos

possuem o mesmo peso. Ou seja, excluindo-se qualquer uma das espécies acarreta no

decréscimo de 1 unidade no valor do índice. como o valor mínimo de a (ou seja, igual a 0)

resulta num índice que é igual a riqueza espécies (equabilidade não é levada em

consideração), valores muito altos de a (ou seja, tendendo a infinito positivo) avaliam apenas

equabilidade e desprezam riqueza de espécies.

A análise de similaridade de espécies foi realizada para as seis áreas em estudo entre

elas duas a duas. Para isso foram utilizados os índices de similaridade de Jaccard e Sørensen

que levam em conta a relação existente entre o número de espécies comuns e de número total

de espécies encontradas, quando se comparam duas amostras (MUELLER-DUMBOIS &

ELLENBERG, 1974). A análise de compartilhamento e similaridade de espécies foram

efetuadas com 100 replicações aleatórias utilizando o programa EstimateS e versão 8.0

(COLWELL, 2006) (tabela 2).

Tabela 2 - Estimativas de compartilhamento de espécies e índices de similaridade (Jaccard e Sørensen) de

besouros escarabeídeos entre as faixas ecológicas entremeadas a eucaliptocultura, no Alto Vale do Jequitinhonha,

Minas Gerais.

1o Eco 2

o Eco Sobs 1

o Eco Sobs 2

o Eco

Espécies

compartilhadas Jaccard Sørensen

C PC 34 35 27 0,64 0,78

C RICE 34 37 28 0,65 0,79

C RISE 34 36 28 0,67 0,80

C RASE 34 29 24 0,62 0,76

C RACE 34 42 29 0,62 0,76

PC RICE 35 37 28 0,64 0,78

PC RISE 35 36 28 0,65 0,79

PC RACE 35 29 25 0,64 0,78

PC RASE 35 42 28 0,57 0,73

RICE RISE 37 36 31 0,74 0,85

RICE RASE 37 29 24 0,57 0,73

RICE RACE 37 42 31 0,65 0,79

RISE RASE 36 29 24 0,59 0,74

RISE RACE 36 42 32 0,70 0,82

RASE RACE 29 42 25 0,54 0,70

Eco representa os ecossistemas. Sobs representa número de espécies observadas, C) Cerrado, PC) Plantio

Comercial de Eucalyptus spp.; RICE) Recomposição inicial de vegetação com remanescentes de Eucalyptus

spp.; RISE) Recomposição inicial de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp.; RACE) Recomposição

avançada de vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp. RASE) Recomposição avançada de vegetação

sem remanescentes de Eucalyptus spp.

Análises de regressão simples entre o número de espécies compartilhadas (variável

independente) e os valores de similaridade - Jaccard e Sørensen (variáveis dependentes)

indicaram que os índices apresentados são explicativos para avaliar a similaridade entre os

ecossistemas estudados.

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41

Pela analise do Índice de Jaccard as áreas que atingirem valores superiores a 25%

ou 0,25, são consideradas similares (MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG, 1974) e existe

elevada similaridade entre as comunidades quando o valor do índice de Sørensen é superior a

0,5 ou 50% (FELFILI & VENTUROLI, 2000). Portanto houve similaridade entre todas os

ecossistemas e esta similaridade foi elevada.

Ocorreu entre a RICE e a RISE, elevado número de espécies compartilhadas (31)

e a maior similaridade (0,74 e 0,85 Jaccard e Sørensen, respectivamente). Os menores índices

de similaridade observados ocorreram entre a RACE e a RASE (0,54 e 0,70, para Jaccard e

Sørensen, respectivamente). Com estes resultados pode-se afirmar que a presença/ausência de

remanescentes de Eucalyptus spp., parece não interferir na diversidade regional de

escarabeídeos entre as recomposições em estágio inicial e que possivelmente causou

interferência para as recomposições em estágio mais avançado.

A similaridade entre o Cerrado e entre o Plantio Comercial com os demais

ecossistemas mostrou-se comparativamente, intermediária e próxima, variando entre 0,64 a

0,67 e entre 0,73 a 0,78 para o índice de Jaccard e Sørensen, respectivamente. Silva et al,

(2008), realizaram coleta em mata nativa no município de Bagé, RS, capturando 12 espécies

de besouros de Scarabaeinae, sendo estas também coletadas na área de eucalipto estudada,

corroborando a ideia de compartilhamento de espécies em locais que apresentem estrutura de

vegetação similares. O compartilhamento de espécies também foi intermediário (entre 25 e

29), exceto para o C e a RASE (24) que resultou no menor valor. A RISE e a RASE também

compartilharam 24 espécies, O maior número de espécies compartilhadas ocorreu entre a

RISE e a RACE.

Com a análise de agrupamento podemos inferir que houve visível diferenciação

entre os ecossistemas mostrando as áreas de Regeneração de forma hierarquicamente

superiores às áreas de Cerrado e Plantio Comercial (figura 7).

Nesta análise foram utilizados dados quantitativos, considerando a porcentagem

de dissimilaridade em relação à riqueza de espécies de Coleoptera Scarabaeidae em cada

ecossistema amostrado. Quanto maior a medida de dissimilaridade menor é a semelhança

entre os indivíduos. Sendo assim, percebe-se que as áreas em recomposição inicial

apresentam-se intermediárias entre a recomposição avançada com e sem remanescentes de

Eucalyptus spp..Nota-se uma diferença considerável entre as recomposições avançadas com e

sem remanescentes de Eucalyptus spp., sendo que RACE é bastante superior. As faixas com

maior heterogeneidade (RASE e C) apresentam-se mais semelhantes que os demais

ecossistemas.

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42

Figura 7 – Dendrograma resultante de uma classificação hierárquica, representativo de seis ecossistemas quanto

à porcentagem de dissimilaridade em relação à riqueza de espécies de Scarabaeidae.

RACE RISE RICE PC RASE C

Ecossistemas

0.55

0.60

0.65

0.70

0.75

0.80

0.85

Dis

tân

cia

de

lig

açã

o

C) Cerrado, PC) Plantio comercial de Eucalyptus spp., RICE) Recuperação inicial de vegetação com

remanescentes de Eucalyptus spp.,RISE) recuperação inicial de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus

spp.,RACE) Recuperação avançada de vegetação com remanescentes de Eucalyptus spp., RASE) Recuperação

avançada de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp..

Em estudo sobre a composição florística e parâmetros fitossociológicos realizado,

por Araújo et al.(2014), no mesmo local do presente estudo, indicou a existência de famílias,

gêneros e espécies de grande relevância na área que são típicos do bioma Cerrado. A remoção

do Eucalyptus spp. na regeneração inicial não afetou a diversidade nesses ambientes. Estes

mesmos autores indicaram que a remoção do eucalipto no estádio avançado promoveu

redução da diversidade, permitindo a colonização pela espécie pioneira Mimosa gemmulata

Barneby, popular angiquinho. Esta espécie possui dispersão autocórica e é considerada

pioneira invasora, formando verdadeiros maciços monodominantes, quando em condições

propícias a seu desenvolvimento. No entanto, a manutenção do eucalipto na recuperação

avançada resultou em maiores valores de diversidade e demais atributos estruturais (ARAÚJO

et al., 2014), já que a presença do eucalipto causa o sombreamento, eliminando assim o

angiquinho.

As modificações na estrutura vegetacional influenciam a composição faunística

alterando a diversidade (DOUBE, 1983; OLIVEIRA, 2001), com consequente falta de

representatividade de um determinado grupo de espécies (ZUIDEMA, 1996). Isso em função

da alteração das características que dão suporte à nidificação, reprodução e forrageamento das

mesmas (SCHIFLER, 2003). Sendo assim, o menor valor de riqueza de escarabeídeos

observado no ambiente RASE possivelmente se deveu ao fato de M. gemmulata estar

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43

afetando o estabelecimento de outras espécies vegetais (KUBOTA et al., 2005). Inicialmente

a composição do sub-bosque dos locais onde havia remanescentes de Eucalyptus spp, não foi

considerada no estudo,entretanto a possibilidade de invasão biológica pelo angico, dá indícios

de que a presença do eucalipto é benéfica para a sua não ocorrência.

A hipótese de que a heterogeneidade de habitat determine o aumento da

diversidade, desenvolvida inicialmente por MacArthur & MacArthur (1961), considera que

ambientes mais heterogêneos disponibilizariam mais recursos, o que acarretaria em maior

número de nichos, suportando maior diversidade de espécies do que ambientes mais simples

(SILVA, 2010). Essa relação positiva entre o aumento da heterogeneidade do habitat e o

aumento da riqueza já foi registrada para várias espécies de animais, inclusive para artrópodes

de serrapilheira em ambientes florestais (MAESTRI, et al. 2013). Porém, dependendo do

grupo taxonômico e da escala espacial, a riqueza pode ter relação negativa com o aumento da

heterogeneidade de habitat (TEWS et al. 2004, GONZÁLEZ-MEGIAS et al., 2007, SILVA et

al., 2008). A mudança na heterogeneidade de habitat também influencia a composição das

assembleias de espécies (LASSAU & HOCHULI 2004, DURÃES et al. 2005). Ambientes

com níveis de heterogeneidade de habitat variáveis apresentam diferenças nos níveis de

luminosidade, temperatura e umidade (ALMEIDA & LOUZADA, 2009; SILVA et al., 2014).

Essas características podem determinar a ocorrência ou não de espécies, dando suporte para a

reprodução, nidificação, desenvolvimento e forrageamento das diferentes espécies de animais

(FRANKLIN et al., 2005, ALMEIDA & LOUZADA, 2009, SILVA et al., 2014). Entende-se

que as áreas de regeneração aqui estudadas, possivelmente, oferecem condições para

ocorrência de vertebrados, aos quais os escarabeídeos se apresentam associados.

O padrão observado nas comunidades de besouros estudadas, com poucas

espécies muito abundantes e muitas com um número reduzido de indivíduos, é comum em

assembleias deste táxon (NICHOLS et al., 2007; GARDNER et al., 2008b). Porém, é

conhecido que essas diferenças na abundância das espécies dominantes para as demais se

elevam em áreas com maiores níveis de alteração (NICHOLS et al., 2007).

Para os insetos, a capacidade de dispersão, as densidades de população e a

abundância das espécies devem ser mais importantes do que as necessidades de espaço, visto

que espécies que apresentam pequenas populações são altamente vulneráveis à

estocasticidade ambiental e são propensas à extinção local (CAGNOLO et al., 2009).

Entretanto, estas respostas podem ocorrer de forma variada, onde certas espécies podem

aumentar o número de indivíduos, enquanto outras apresentam diminuição da abundância

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44

(ABILDSNES & TØMMERÅS, 2000; DIDHAM, 2001; BARBOSA & MARQUET, 2002;

WINK et al., 2005; BAKER et al., 2007; SOBEK et al., 2009).

A hipótese central deste trabalho foi a de que é possível, dentro de uma configuração

adequada desses fatores, uma interação entre floresta plantada e áreas naturais adjacentes, que

leve a um nível de riqueza, distribuição e abundância das populações de insetos, que

proporcione uma comunidade de insetos capaz de absorver os distúrbios provenientes das

atividades de manejo florestal, ou mesmo de condições naturais adversas como ocorre

eventualmente com o clima. Esta hipótese foi idealizada, com base nas características da área

de estudo, que compreende uma microbacia, com aproximadamente 32% de áreas de reserva

natural, bem distribuídas junto aos plantios de Eucalyptus spp. e diversidade vegetal

elevadíssima.

Testar esta hipótese foi conhecer o efeito, sobre a entomofauna, da interação entre

eucalipto, seu sub-bosque e as reservas naturais, da reforma da plantação e da eliminação do

sub-bosque, indicando padrões para monitoramento e práticas de manejo, que elevem a

estabilidade ambiental.

Da análise de correspondência retifica (DCA) foi retirado para análise apenas o

primeiro eixo porque o autovalor foi maior que 0,20. O primeiro eixo DCA apresentou

autovalor igual a 0,524; o segundo 0,163 e o terceiro 0,079 (tabela 3). O eixo 1 da ordenação

apresentou gradiente longo, enquanto o segundo e terceiro eixos apresentaram gradiente curto.

Tabela 3 - Resultados da randomização das espécies de escarabeídeos encontradas nas seis áreas do no Alto

Vale do Jequitinhonha, MG

* =P (n + 1) / (N + 1), onde n é o número de aleatorizações com um valor próprio para esse eixo. N = número

total de aleatorizações.

Observando-se o Diagrama de ordenação da Análise de correspondência retificada

foi possível observar a separação dos dados em três grupos distintos (A, B, e C). É possível

visualizar a formação de dois agrupamentos de forma bem nítida: A e C e o outro de maneira

mais difusa no diagrama que podem ser biologicamente explicados (figura 8). A segregação se

dá devido às diferenças de preferência alimentar das espécies de escarabeídeos. O primeiro

(A) mostra que as espécies de besouros escarabeídeos que demonstraram preferência pela Isca

2 (fezes bovinas) separa-se bem das demais exceto em regeneração avançada com

remanescentes de eucalipto (RACE). O segundo grupo (B) engloba espécies que preferiram as

iscas 1 e 4 (fezes humanas e banana apodrecida). O terceiro (C), por sua vez, foi formado

Eixos Autovalores Minimo Média Máximo n p *

1 0.52409 0.26873 0.38280 0.48920 0 0.001000

2 0.16312 0.16689 0.25114 0.35575 999 1.000000

3 0.79915E001 0.95032E001 0.15370 0.23773 999 1.000000

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45

Figura 8 - Diagrama de ordenação da Análise de correspondência retificada (DCA) das espécies de escarabeídeos encontradas nas áreas do estudo

Isca 3

Isca 3

Isca 3

Isca 3

Isca 3

Isca 3

Isca 4

Isca 4

Isca 4

Isca 4

Isca 4

Isca 1

Isca 4

Isca 2

Isca 2

Isca 2

Isca 2

Isca 2

Isca 2

Isca 1

Isca 1

Isca 1

Isca 1

Isca 1

A

B

C

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exclusivamente pela Isca 3, indicando fauna diferenciada para esse tipo de isca. Ou seja, nos

seis sítios estudados há uma forte correspondência entre a diversidade de espécies necrófagas

nas áreas em estudo.

Do total de espécies amostradas no levantamento e analisadas como espécies

indicadoras 14 (24,56% da amostragem total) apresentaram preferência significativa por uma

das quatro iscas ofertadas. Destas, seis (10,53%) apresentaram preferência pela isca 1, fezes

humanas (Canthon lituratus, Onthophagus aff hirculus, Dichotomius glaucus, Pedaridium

bidens, Onthophagus aff ranunculus e Canthon melancholicus); quatro (7,02%) pela isca 2,

fezes bovinas (Ateuchus vividus, Ateuchus striatulus Isocopris inhiata e Ateuchus

puncticollis); e quatro (7,02%) pela isca 3, baço bovino apodrecido (Coprophanaeus sptizi,

Canthon chalybaeus, Deltochilum (Hybomidium) pseudoicarus e Canthon virens). Nenhuma

espécie apresentou preferência pela isca 4, banana apodrecida(Tabela 4).

Tabela4 - Espécies com resultados significativos na análise de espécies indicadoras (ISA) realizada com base na

preferência alimentar.

VIO = valor indicador observado, VIE = valor indicador esperado (média, desvio padrão e significância) e

abundância relativa de indivíduos em cada tipo de isca: (Isca 1) fezes humanas, (Isca 2) fezes bovinas, (Isca 3)

baço bovino apodrecido e (Isca 4) banana apodrecida.

Almeida & Louzada (2009), em estudos sobre a Estrutura da Comunidade de

Scarabaeinae em fitofisionomias do Cerrado indicaram como generalista a espécie Canthon

aff. virens e como coprófogas as espécies Canthon septemmaculatus histrio, Canthon aff.

Unicolor, Chalcocopris hespera, Onthophagus hirculus, Phanaeus palaeno, Sylvicanthon

Espécies/isca VIO VIE Abundância (%)

Média SD P Isca 1 Isca 2 Isca 3 Isca 4

Isca 1

Canthon lituratus 31,6 8,4 3,35 0,0004 84 11 5 -

Onthophagus aff hirculus 26,8 9,1 3,40 0,0014 71 10 14 5

Dichotomius glaucus 29,5 13,5 4,17 0,0036 64 7 27 1

Pedaridium bidens 29,8 14,2 4,01 0,0040 60 - 34 7

Onthophagus aff ranunculus 23,1 10,5 3,88 0,0104 69 8 17 6

Canthon melancholicus 17,1 8,0 3,29 0,0238 68 16 16 -

Isca 2

Ateuchus vividus 32,1 12,6 4,44 0,0016 13 77 5 5

Ateuchus striatulus 22,2 8,2 3,24 0,0046 27 67 7 -

Isocopris inhiata 18,5 6,2 3,16 0,0122 - 89 11 -

Ateuchus puncticollis 16,7 5,2 2,76 0,0124 - 100 - -

Isca 3

Coprophanaeus sptizi 61,8 11,8 3,76 0,0002 2 - 93 5

Canthon chalybaeus 35,3 10,6 3,60 0,0002 - - 77 23

Deltochilum (Hybomidium) pseudoicarus 29,2 6,5 3,11 0,0002 - - 100 -

Canthon virens 22,3 10,6 3,66 0,0112 7 7 60 26

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foveiventris. Espécies do gênero Ateuchus mostraram preferência pelo atrativo composto por

fezes bovinas, principalmente nas áreas de regeneração, correspondendo a 85% dos

indivíduos coletados neste gênero. A espécie Ateuchus puncticollis apresentou abundância de

100% na preferência pelas fezes bovinas. Em suas pesquisas, sobre os efeitos da substituição

da floresta nativa por pastagens, Silva et al. (2014) encontraram o gênero Ateuchus associado

a áreas de mata. SCHIFLER (2003) encontrou o mesmo resultado e indicou que a mata

serviria de habitat para as espécies animais (provavelmente herbívoros) que apresentam uma

relação estreita com o grupo indicador em estudo.

Nas armadilhas iscadas com fezes humanas, carcaça, fezes bovinas e banana

apodrecida foram coletadas respectivamente 48, 41, 37 e 24 espécies, correspondendo

respectivamente a 2.467, 1.149, 744 e 485 indivíduos. Percebeu-se que 77% das espécies

atraídas por fezes humanas também foram atraídas para as armadilhas contendo carcaça, e

65% foram atraídas, além das duas últimas iscas, também pelas fezes bovinas. Esta

observação indica que as espécies consideradas generalistas podem ser coletadas

satisfatoriamente com a utilização do atrativo composto por fezes humanas.

Na análise de espécie indicadora (ISA) realizada com base nos seis ecossistemas,

(tabela 5) apenas 15 (26,32%) apresentaram preferência significativa por um dos

ecossistemas, sendo: sete (12,28%) pelo PC; três (5,26%) pelo RICE; uma (1,75%) pela

RACE e quatro espécies (7,02%) pelo Cerrado. Os resultados não demonstraram preferência

significativa das espécies para as recomposições iniciais e avançadas sem Eucalyptus spp.. As

espécies Dichotomius depressicollis, Dichotomius affinis, Chalcocopris hespera, Dichotomius

nisus, Dichotomius aff ascanius, Canthidium sp,4, Eurysternus aff caribaeus, foram as

espécies indicadoras do Plantio Comercial de Eucalyptus sp.. Dentre elas, três apresentaram

exclusividade nesta vegetação, ou seja, 100% de abundância.

Como espécies indicadoras com preferência significativa da RICE apareceram

Canthon unicolor, Canthon septemmaculatus histrio e Uroxys aff corporaali. Apenas a

espécie Canthidium aff marseuili demonstrou preferência significativa pela RACE. Já para o

Cerrado foram as espécies Pedaridium bidens, Canthon virens, Dichotomius glaucus,

Diabroctis mirabilis que se mostraram possíveis indicadoras.

Em trabalho realizado sobre os efeitos da substituição da floresta nativa por

pastagem introduzida na riqueza, abundância, composição de espécies e estrutura das guildas

alimentares dos besouros rola-bostas no sudoeste da Amazônia brasileira, Silva et al., (2014)

encontraram, maior abundância de generalistas (florestas 71%; pastagens 66%), seguida de

coprófagos (florestas 16%; pastagens 26%) e necrófagos (florestas 11%; pastagens

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Tabela 5 - Espécies com resultados significativos na análise de espécie indicadoras (ISA) realizada com base nos

seis ecossistemas.

(C) Cerrado; Plantio comercial de eucalipto (PC); recomposição inicial de vegetação com remanescentes de

Eucalyptus spp. (RICE); recomposição inicial de vegetação sem remanescentes de Eucalyptus spp (RACE) VIO

= valor indicador observado, VIE = valor indicador esperado (média, desvio padrão e significância) e abundância

relativa de indivíduos em cada ecossistema.

7%). Nas florestas a maioria das espécies foi considerada generalista, enquanto as pastagens

apresentaram maior abundância de espécies coprófagas o que demonstra uma modificação na

guilda alimentar causado pela substituição da floresta por pastagem. Em estudo sobre técnicas

de coleta de besouros copronecrófagos no Cerrado, Milhomen et al. (2003) constatou que a

armadilha de queda com isca de fezes humanas é a mais eficiente para coletar as principais

espécies de besouros coprófagos da família Scarabaeidae s. str.. No presente estudo este

atrativo também se mostrou o de maior eficiência: Atraiu maior quantidade de indivíduos; e

apresentou maior riqueza de espécies na maioria dos ecossistemas em estudo. A carcaça

também se mostrou eficaz, contribuindo com aproximadamente 23 % dos indivíduos

coletados, seguida pela isca de fezes bovinas cuja atração foi de 15% dos indivíduos.

A preferência alimentar das espécies coletadas seguiu os resultados apresentados

em diversos estudos com escarabeíneos neotropicais, onde a maioria das espécies é

generalista e algumas poucas especialistas (HALFFTER et al., 1992; HERNÁNDEZ, 2007;

SILVA et al., 2007). Em outros estudos, como de Andresen (2008), as espécies coprófagas

representaram mais do que o dobro das generalistas, e no de Almeida & Louzada (2009) o

Espécie/ecossistema VIO VIE Abundância (%)

Média SD P PC RICE RISE RACE RASE C

PC

Dichotomius depressicollis 47,6 10,9 4,91 0,0002 85 4 9 1 - 1

Dichotomius affinis 43,8 7,0 3,67 0,0002 100 - - - - -

Chalcocopris hespera 30,7 7,2 3,94 0,0008 98 - - 2 - -

Dichotomius nisus 31,2 6,4 3,49 0,0008 100 - - - - -

Dichotomius aff ascanius 22,7 10,0 4,63 0,0204 73 18 3 5 3 -

Canthidium sp,4 18,8 4,9 3,69 0,0228 100 - - - - -

Eurysternus aff caribaeus 17,9 7,1 3,58 0,0254 71 - 29 - - -

RICE

Canthon unicolor 45,3 8,5 3,89 0,0002 - 91 3 - 3 3

Canthon septemmaculatus histrio 31,2 6,9 4,03 0,0010 - 100 - - - -

Uroxys aff corporaali 21,2 8,9 4,72 0,0320 2 85 - 4 - 9

RACE

Canthidium aff marseuili 18,8 9,6 4,18 0,0466 - - 15 50 27 8

C

Pedaridium bidens 28,8 12,7 4,15 0,0046 - 13 13 17 10 46

Canthon virens 20,8 9,8 3,65 0,0150 - 2 19 7 24 48

Dichotomius glaucus 23,5 12,1 4,22 0,0178 - 16 36 4 10 34

Diabroctis mirabilis 20,9 10,0 3,77 0,0190 - 46 9 - 9 37

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número de espécies coprófagas superou o de espécies generalistas. Estudos de Hutcheson

(1990) e Marinoni & Dutra (1997) demonstraram que coleópteros herbívoros predominam em

áreas degradadas em início de regeneração, enquanto os grupos de detritívoros e fungívoros

apresentaram maior ocorrência em áreas conservadas.

Otavo et al.(2013) avaliaram o efeito do gradiente de perturbação antrópica, na

Amazônia, sobre a superfamília Scarabaeoidea, e concluíram que esses besouros não podem

ser utilizados como único elemento bioindicador de impacto, por causa das grandes diferenças

que existem em seus componentes (famílias, subfamílias, gêneros e espécies) e das diferentes

respostas que apresentam em áreas impactadas. Esses mesmos autores observaram, ainda, que

a riqueza e abundância das famílias Dynastidae e Scarabaeidae aumentaram com a

intensidade dos impactos sofridos pelo ambiente. Nesse mesmo estudo, foi observado,

também, que besouros das famílias Hybosoridae e Melolonthidae reduzem a sua ocorrência à

medida que os impactos aumentam. Isso demonstra a complexidade para afirmar se o uso de

um inseto ou grupo como bom bioindicador, pois, as relações do inseto com o ambiente

podem sofrer alterações e respostas diferenciadas, dificultando uma padronização das

afirmativas obtidas nos diferentes trabalhos. Deltochilum (Hybomidium) pseudoicarus foi

outra espécie que apresentou 100% de preferência por um tipo de isca, neste caso, baço

bovino apodrecido. Em um trabalho de revisão do gênero Deltochilum Silva (2012),

comentou que a maioria destas espécies são detritívoras e necrófagas, embora outros tipos de

recurso alimentar possam ser utilizados, tais como: esterco de grandes herbívoros e frutas em

decomposição (SILVA, 2012).

As espécies coletadas foram classificadas quanto à forma de utilização dos recursos, as

chamadas guildas ou grupos funcionais. A maioria das espécies amostradas neste estudo foi

de Scarabaeidae paracoprídeos (que enterram fezes no solo) (28 espécies compreendendo

49,12-58,33% das espécies coletadas entre as seis áreas estudadas), seguido pelos que rolam

fezes (16 espécies compreendendo 28,07-33,33% das espécies coletadas) e por espécies que

vivem em loco nas fezes (quatro espécies constituindo 7,01-8,33% das espécies). Apenas nove

espécies não tiveram a estratégia de alocação de recurso definida (15,78% das espécies

coletadas) (tabela 1). O grupo dos paracoprídeos é responsável por maior ciclagem de

nutrientes e melhoria das características físicas do solo. (KLEIN, 1989; WINK, 2005).

Estudando a regeneração de sub-bosques em plantios de Eucalyptus, Neri et al.,

2005 verificaram que 53% das espécies amostradas possuem dispersão zoocórica e 43%

anemocórica. Verificou-se também a diminuição da riqueza, da densidade e da percentagem

de indivíduos anemocóricos da borda para interior. Porém a percentagem de indivíduos

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zoocóricos aumentou no interior do talhão. Estes resultados indicam a participação

fundamental que a maioria das espécies de Scarabaeidae amostradas neste estudo apresenta

nos procedimentos de dispersão secundária de sementes e, consequentemente, na

recomposição da cobertura vegetal. A composição de espécies de Scarabaeidae modificou

com os estágios de recomposição da vegetação.

Das 57 espécies coletadas, 16 corresponderam a 89,9 % do total de indivíduos

coletados, sendo que duas destas, Phanaeus palaeno (figura 9) e Oxysternon palemo

Phanaeus palaeno (figura 10), representam mais da metade do total (53,02%)

Figura 9: Fêmea e macho de Phanaeus palaeno.

A) Fêmea, B) Macho.

A espécie O. palemo apresenta trimorfismo sexual (Nunes et al., 2008) o que, de

certa forma, pode permitir vantagem reprodutiva. Assim, esta é uma possível explicação para

a ocorrência de um número tão elevado de indivíduos. De acordo com Nunes et al. (2008), o

trimorfismo sexual de O. palemo, pode estar relacionado à adoção de diferentes estratégias

reprodutivas dos machos. Machos grandes vencem disputas sexuais diretas pela fêmea,

ajudando-a a guardar os túneis onde estão contidos os ovos fecundados. Machos pequenos

podem obter vantagem ao cavarem túneis paralelos e realizarem cópula extra-par com a fêmea

não necessitando do uso das estruturas para disputas sexuais. Outra hipótese é a de que

machos pequenos mimetizam fêmeas e evitam disputa com machos grandes, facilitando seu

acesso às fêmeas (NUNES et al., 2008).

Klein (1989) demonstrou a ocorrência de decréscimos na densidade de

Scarabaeidae em pequenos fragmentos florestais e correlacionou a redução na abundância

com as taxas de decomposição de fezes. Andresen (2003) também observou que a redução na

diversidade de Scarabaeidae em pequenos fragmentos florestais estaria relacionada com a

redução na disponibilidade de fezes, havendo uma correlação entre a composição e estrutura

de comunidades de Scarabaeidae com a disponibilidade de fezes frescas. Este autor

A B

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51

Figura 10- Fêmea e machos de Oxysternon palemo

A) Fêmea, B e C) Machos.

correlacionou a disponibilidade de fezes frescas com a área de vida (home range) das espécies

de mamíferos residentes nos fragmentos florestais. Foi observado que muitas espécies

estariam reduzidas em determinados fragmentos florestais. As áreas de recomposição de

vegetação amostradas no presente estudo não diferiram quanto ao tamanho, compreendendo

faixas de 200 metros intercaladas a cada 2.000 metros de plantios de Eucalyptus. spp. Assim,

as diferenças encontradas no número de indivíduos e de espécies nestas áreas não devem estar

A

B

C

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52

correlacionadas com o tamanho destas áreas. Apesar das espécies de insetos necessitarem de

áreas muito menores como habitat que espécies maiores e com maior mobilidade, tais como

aves e mamíferos, o efeito do isolamento do habitat pode ser mais dramático para os insetos

(SAMWAYS, 2007).

A fragmentação de habitats é considerada como uma das maiores ameaças a

conservação da biodiversidade ainda existente (CROOKS & SANJAYAN, 2006). A maioria

das causas de fragmentação está associada à expansão de fronteiras cultiváveis

(SCHEFFLER, 2003). A perda de habitats naturais tem severas consequências sobre a

biodiversidade, pois afeta a taxa de crescimento populacional e diminui o comprimento e a

diversidade da cadeia trófica alterando as interações entre as espécies (FORERO MEDINA

&VIEIRA, 2007). A conectividade é fundamental para se assegurar o mínimo de perdas de

espécies, a manutenção dos processos ecológicos e evolutivos.

A implantação de corredores para favorecer o fluxo genético apresenta

controvérsias entre autores, porém, a maioria relata como válida e eficiente a sua instalação,

desde que adequada a cada espécie alvo. É possível afirmar que as faixas ecológicas

entremeadas a eucaliptocultura no Alto Vale do Jequitinhonha estão exercendo o papel de

conectividade, para os besouros escarabeídeos, entre as áreas de reserva legal e preservação

permanente.

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53

6 CONCLUSÕES

A área em recomposição avançada com remanescentes de Eucalyptus spp.,

apareceu como a de maior riqueza de escarabeídeos, seguida pela recomposição avançada sem

remanescentes de Eucalyptus spp.. A área de recomposição inicial com remanescentes de

Eucalyptus spp. apresentou a menor riqueza, seguida da recomposição inicial sem

remanescentes de Eucalyptus spp. e plantio comercial. As áreas de cerrado, plantio comercial

e recomposições iniciais mostraram diversidades intermediárias, enquanto as recomposições

avançada com remanescentes de Eucalyptus spp. apresentou maior e a sem remanescentes de

Eucalyptus sp. apresentou menor diversidade.

A presença de remanescentes de Eucalyptus. spp. nas recomposições iniciais não

interferiu nos resultados de riqueza, diversidade local, entretanto para as recomposições

avançadas houve influência positiva da presença de remanescentes de Eucalyptus spp. tanto

para a riqueza, quanto para diversidade local e regional dos besouros escarabeídeos.

As faixas ecológicas entremeadas a eucaliptocultura no Alto Vale do

Jequitinhonha estão exercendo o papel de conectividade, para os besouros escarabeídeos,

entre as áreas de reserva legal e preservação permanente.

O atrativo composto por fezes humanas mostrou-se o de maior eficiência, atraindo

maior quantidade de indivíduos; e apresentou também maior riqueza de espécies na maioria

dos ecossistemas em estudo.

Do total de espécies amostradas no levantamento e analisadas como espécies

indicadoras menos de 25% apresentaram preferência por alguma das quatro iscas e por

alguma das seis ecossistemas.

A heterogeneidade dos habitat afetou positivamente a riqueza, influenciou a

estrutura e composição de espécies da assembleia de besouros escarabeídeos, exceto na

recomposição avançada sem eucalipto, onde a diversidade foi afetada negativamente.

Os baixos valores de riqueza de espécies verificados fazem-nos perceber que as

áreas de Cerrado sofrem algum distúrbio, por exemplo, a fragmentação demasiada.

Pode-se perceber a formação de dois grupos distintos, um formado pelas áreas em

Regeneração apresentando-se superiores ecologicamente em relação ao segundo grupo,

composto por áreas de Plantio Comercial e Cerrado (controle). Neste aspecto dois pontos de

vista têm de ser relevados: um considerando a efetivação das faixas de vegetação, como

corredores ecológicos e o outro, uma real possibilidade de um distúrbio negativo nas áreas de

vegetação nativa, podendo ser resultado de um processo de fragmentação do ecossistema.

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