Coleciona Fichario do Educador Ambiental

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COLECIONA: fichário d@ ducador mbiental E A vol. 1 / ano 1 / julho - agosto 2008 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DEPTO. DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO COORDENAÇÃO GERAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL EXPEDIENTE Textos para se pensar a EA Produção: OG/PNEA DEA/MMA CGEA/MEC Coordenação Editorial: Fabiana Mauro – DEA/MMA Projeto Gráfico: Fábio de Senna Diagramação/produção: Fábio de Senna Arthur Armando da Costa Ferreira Ricardo Veronezi Ferrão Endereço: Departamento de Educação Ambiental Ministério do Meio Ambiente Esplanada dos Ministérios, Bloco B, sala 553 Brasília - DF - Brasil / CEP 70.068-900 Tel. (61) 3317-1241 / Fax (61) 3317-1757 Home page: www.mma.gov.br Endereço eletrônico para assuntos relacionados a esta publicação: [email protected] EA: caminho para a sustentabilidade Antonio Carlos Teixeira - pág. 3 SisNEA Marcos Sorrentino - pág. 13 Luiz Antonio Ferraro Jr. e Marcos Sorrentino - pág. 29 Coletivos Educadores Viveiros Educadores Com-Vidas e Coletivos Jovens de Meio Ambiente Educomunicação Cooperação Internacional Agenda EA Recomenda-se Renata R. Maranhão e Gustavo N. Lemos - pág.39 Fábio Deboni, Soraia Silva de Mello e Rachel Trajber - pág. 43 Rachel Trajber - pág. 53 Cláudia Martins e Iara Carneiro - pág.61 pág. 71 pág. 75 COLECIONA: PEAMSS pág. 69 Estruturas Educadoras José Matarezi - pág. 17 Salas Verdes Escola da Fazenda - pág. 51

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Vol. 1 / ano 1 / julho - agosto 2008O COLECIONA: é um material a princípio eletrônico e bimestral, especializado em informações sobre Educação Ambiental e Educomunicação, que poderá ser consultado gratuitamente no do DEA/MMA – Departamento de Educação Ambiental – e disponível para em formato pdf. A cada dois meses, as pessoas cadastradas receberão eletronicamente em seus emails os textos atualizados.Após a circulação de alguns exemplares, estes serão avaliados junto ao receptor e as instituições, organizações e pessoas interessadas receberão um fichário onde esses textos deverão ser arquivados. O objetivo é de que este seja um completo e prático fichário com textos para se pensar e fazer Educação Ambiental, permanentemente atualizado e organizado em seções, possibilitando, assim, a formação de um Banco de Informações sobre tal temática, para consulta pública.Para tanto, não deixe de se cadastrar para o recebimento das atualizações e de fazer sugestões.E que este seja mais um ponto para nossa rede de educador@s ambientais!

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vol. 1 / ano 1 / julho - agosto 2008

MINISTÉRIO DOMEIO AMBIENTE

DEPTO. DEEDUCAÇÃOAMBIENTAL

MINISTÉRIO DAEDUCAÇÃO

COORDENAÇÃO GERALDE EDUCAÇÃOAMBIENTAL

ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EXPEDIENTETextos para se pensar a EA

Produção:OG/PNEADEA/MMA

CGEA/MEC

Coordenação Editorial:Fabiana Mauro – DEA/MMA

Projeto Gráfico:Fábio de Senna

Diagramação/produção:Fábio de Senna

Arthur Armando da Costa FerreiraRicardo Veronezi Ferrão

Endereço:Departamento de Educação Ambiental

Ministério do Meio AmbienteEsplanada dos Ministérios, Bloco B, sala 553

Brasília - DF - Brasil / CEP 70.068-900Tel. (61) 3317-1241 / Fax (61) 3317-1757

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relacionados a esta publicação:[email protected]

EA: caminho para a sustentabilidadeAntonio Carlos Teixeira - pág. 3SisNEAMarcos Sorrentino - pág. 13

Luiz Antonio Ferraro Jr. eMarcos Sorrentino - pág. 29

Coletivos Educadores

Viveiros Educadores

Com-Vidas eColetivos Jovens de Meio Ambiente

Educomunicação

Cooperação Internacional

Agenda EA

Recomenda-se

Renata R. Maranhão eGustavo N. Lemos - pág.39

Fábio Deboni, Soraia Silva de Mello eRachel Trajber - pág. 43

Rachel Trajber - pág. 53

Cláudia Martins e Iara Carneiro- pág.61

pág. 71

pág. 75

COLECIONA:

PEAMSSpág. 69

Estruturas EducadorasJosé Matarezi - pág. 17

Salas VerdesEscola da Fazenda - pág. 51

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EA: Caminho para a

Sustentabilidadepor Antônio Carlos Teixeira

Em 1983, a Organização dasNações Unidas criou a ComissãoMundial sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento com o objetivo deinstituir uma “agenda global paramudança”. Uma das metas dessacomissão, liderada pela então primeira-ministra da Noruega, Gro HarlemBrundtland, era propor estratégiasambientais de longo prazo para obter umdesenvolvimento sustentável dahumanidade por volta do ano 2000 epara os anos seguintes. Naquela época,a população mundial era de 4,8 bilhõesde pessoas e problemas como acesso àágua doce, consumo de energia,preservação e conservação de florestas,poluição e geração de resíduos jáestavam causando preocupação emrelação ao futuro da espécie humana naTerra.

Nesses últimos 22 anos, percebeu-se um aumento da consciência daspopulações sobre a importância dosrecursos naturais para a continuação davida no planeta. No Brasil, por exemplo,pesquisa realizada em 2002 peloMinistério do Meio Ambiente emconjunto com o Instituto de Estudos daR e l i g i ã o ( I s e r ) , i d e n t i f i c o u odesmatamento e a poluição das águas edo ar como os principais problemasambientais do país; 46% dos brasileirospesquisados disseram não serexagerada a preocupação com o meioambiente; 81% manifestaram que se

sentiam mais motivados quandoencontravam informações nos produtosde que haviam sido fabricados demaneira ambientalmente correta e 38%concordaram com o caráter prioritário domeio ambiente, ainda que issoimplicasse uma limitação na produção eno abastecimento de energia no Brasil.

Cresceu também o número depessoas no globo: atualmente, somoscerca de 6,5 bilhões de pessoas edeveremos chegar aos 8,9 bilhões em2050. Em 2003, 48% da populaçãomundial viviam em áreas urbanas,segundo dados da

, da ONU. Nos paísesmais desenvolvidos economicamente,essas estatísticas chegam a 76% contraapenas 42% nos mais pobres.

A popu lação humana es tácrescendo. E para que o planeta dosnossos filhos, netos e gerações futurastenham condições de continuar a vida,temos que buscar o ponto de equilíbrioentre a utilização dos recursos naturais,em benefício do nosso bem-estar, e aconservação e preservação do meioambiente. Chegar a esse ponto em nívelmundial, não será uma tarefa simples.Podemos acelerar os passos ampliandonossas percepções sobre a Teia da Vida,que une todos nós, e a consciência deque nossas atitudes para com o meioambiente definirão o cenário que a

Population Division –

Department of International Economics

and Social Affairs

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humanidade encontrará daqui para afrente.

É aí que entram as ações deeducação ambiental (EA).

Não podemos mais fazer “vistagrossa” para as questões ambientais,como se elas não nos afetassem. Sim,elas estão tão presentes que fazemparte diariamente das nossas vidas.

Falar e pensar meio ambiente éentender que tanto a manutenção e alimpeza do aparelho de ar-condicionadode casa ou do local de trabalho quanto aconservação de uma bacia hidrográficasão ações muito importantes para obem-estar, sejam de um indivíduo, deuma famíl ia, de um grupo defuncionários de uma empresa ou de umapopulação.

Agir em benefício da manutenção davida na Terra é perceber a água docecomo um recurso vital, finito e entenderpor que é necessário defender a suacorreta utilização e democratizar o seuacesso.

Comparti lhar da consciênciaplanetária é despertar para a redução dageração de lixo, sendo solidário emações que tenham por objetivo limpar econservar áreas públicas e naturais,assegurar o descarte correto deresíduos e fomentar a sua reutilizaçãopor meio de técnicas de reciclagem.

Sentir-se um cidadão ambiental édirecionar ações, idéias e pensamentos

ao encontro dos objetivos daAgenda 21,documento aprovado pelos 179 paísesparticipantes da Conferência dasNações Unidas sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento (Rio de Janeiro, junhode 1992), que estabelece compromissospara o crescimento, baseados emm u d a n ç a s n o p a d r ã o d edesenvolv imento que pr ior izemmétodos equilibrados de proteçãoambiental, justiça social e eficiênciaeconômica, de modo a garantir asustentabilidade da vida no planeta.

Participar da construção de umanova relação com o meio ambiente éestimular a adoção de técnicas queharmonizem manejo agrícola econservação das florestas. É apoiarpráticas de agricultura que reduzam adegradação dos recursos naturaisutilizados para a produção de alimentos,como solo e água, e ao mesmo tempocontribuam para a manutenção da faunae da flora locais.

O que podemos perceber é quetodas as ações que busquem equilibraro bem-estar da humanidade com aconservação e a preservação dosrecursos naturais, aliados a técnicas et e c n o l o g i a s q u e p e r m i t a m odesenvolvimento social e econômico, egarantam condições favoráveis de vidana Terra para as gerações futuras, estãointimamente ligadas a programas eprojetos de EA.

Podemos entender educaçãoambiental como um conjunto de

Educação ambiental: definições

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ensinamentos teóricos e práticos com oobjetivo de levar à compreensão e dedespertar a percepção do indivíduosobre a importância de ações e atitudespara a conservação e a preservação domeio ambiente, em benefício da saúde edo bem-estar de todos.

Interessante também é a definiçãodos professores Arlindo Philippi Junior eMaria Cecília Focesi Peliconi, doDepartamento de Prática em SaúdePública da Faculdade de Saúde Públicada USP. Para eles, a educaçãoambiental deve transcender o caráter deefetivo instrumento de gestão e tornar-se uma “filosofia de vida”, uma vez que“conduz à melhoria da qualidade de vidae ao equilíbrio do ecossistema paratodos os seres vivos.”

Assim como o ciclo da vida, oconceito de EA segue um caminho deevolução e já começa a ganhar novasinterpretações. O físico e escritor FritjofCapra entende que a educaçãoambiental está contida num processo deconhecimento muito mais profundosobre o meio de que fazemos parte: aalfabetização ecológica.

O conceito defendido pelo autor devai mais além: ele aponta

que a alfabetização ecológica ofereceuma estrutura para que nela sejabaseada uma reforma escolar. E seentendermos reforma escolar como umconjunto de atos e teorias que busquemreforçar a imagem do homem comoparte integrante do meio ambiente,percebendo e compreendendo seusprocessos, “vidas”, redes e ciclos,

estaremos no caminho certo pararealizar uma das mais importantesrevoluções comportamentais da históriada humanidade.

Seja qual for a definição ou oentendimento para ampliarmos o nossograu de desenvolvimento intelectual emoral em relação ao meio ambiente, omais importante é cr iarmos eaperfeiçoarmos condições paraaumentar a consciência do indivíduo oudo grupo na sua relação com o ambientee os recursos naturais.

Pensar e transmitir ações e atitudesque tenham a harmonia como ponto derelacionamento com o meio ambienteindicam uma postura de percepção deque somos integrantes e participantesdesse fantástico conjunto natural deseres, organismos e elementos. Equando atingimos essa percepção é umsinal de que o nosso equilíbrio interiorestá em sintonia com as energias queregem a .

Pensar em desenvolvimentosustentável ou em sustentabilidadepressupõe ações práticas e teóricas deEA. Uma política de desenvolvimentotecnológico, social e econômico deveser precedida pela educação ambiental,ou seja, para alcançarmos o equilíbrioentre a desejada e inevitável evoluçãotecnológica do homem e a conservaçãoe/ou preservação dos recursos naturaisprecisamos acreditar e investir emeducação ambiental.

O tao da física

Teia da Vida

Sustentabilidade

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“Educar ambientalmente” passapela sensibilização a respeito daimportância de ações ligadas àpreservação e conservação do meioambiente e do correto uso dos recursosnaturais que, sem dúvida, refletem nonosso bem-estar e ainda nos fazemdesejar o mesmo estado de satisfaçãofísica, mental e moral para os nossosdescendentes. Água, florestas, lixo,reciclagem e compostagem serão osassuntos a seguir, como forma deampliar o esclarecimento sobre EA.

A água é um bem indispensável.Sem ela, não haveria vida no planeta,pelo menos em relação ao quec l a s s i f i c a m o s , e n t e n d e m o s econhecemos como vida. Para ahumanidade, a água doce é um recursovital. Uma aparente abundânciaobservada em rios, lagoas e cachoeirasnos faz pensar e agir como se a águadoce fosse inesgotável. Se a culturacivilizada de nossos ancestrais não sepreocupava com o seu desperdício, hojesabemos que esse recurso pode seexaurir.

O planeta Terra tem uma superfíciecoberta por 70% de água salgada. Detoda a água existente no globo, 97,2% ésalgada, isto é, imprópria para oconsumo humano. Dos 2,8% restantes,2,38% estão nos pólos, sob a forma degelo; 0,39% está no subterrâneo;0,001% na atmosfera; e 0,029% nos riose lagos. Isto significa que para umapopulação de 6,5 bilhões de pessoas aquantidade de água fresca disponível

para consumo imediato é menor secomparada com a que está sob a terra e82 vezes menos em relação à estocadanos glaciares.

Da década de 1930 até hoje, atriplicação da população da Terra fezcom que a demanda pela águaaumentasse seis vezes. Estimativasapontam que já estamos consumindo50% das reservas de água potável doplaneta, o que pode chegar a 75% em2025, caso o padrão desordenado deconsumo seja mantido. Se as naçõesmais pobres e em desenvolvimentotivessem um consumo igual ao dospaíses ricos, a humanidade já teriachegado ao dramático índice de 90%das reservas de água potável.

A escassez de água potável atinge 2bilhões de pessoas no mundo, sendo 1bilhão em áreas urbanas. Caso a águadoce continue a ser encarada como umbem infinito, o Programa das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente (Pnuma)prevê que 2,7 bilhões de pessoasamargarão a sua falta até 2025. Até lá,uma criança morrerá a cada dezsegundos no planeta, vítima de doençasprovocadas pela falta de água potável.

Na agricultura, a tradicionalprodução mundial de alimentos (que nãoleva em consideração técnicas epráticas orgânicas, agroecológicas ousustentáveis de plantio) gasta cerca de 5trilhões de metros cúbicos de água porano, enfatizou Arjen Hoekstra, doInstituto Internacional de Infra-EstruturaHidráulica e Engenharia Ambiental(IHE), da Holanda, durante o Fórum

Água

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Mundial da Água, realizado no Japão,em março de 2003. Lester Brown noslembra que apenas para produzir umatonelada de grãos são necessárias miltoneladas de água.

O Brasil detém entre 12% e 17% detoda a água doce da superfície doplaneta e 70% do território (ou 840 milkm) onde está localizado o aqüíferoGuarani, a maior reserva subterrânea deágua doce conhecida no mundo,estimada em 45 trilhões de metroscúbicos.

Mas o país vem dando um mauexemplo na relação com esse recursonatural, pois desperdiça cerca de 40%da água potável destinada ao consumohumano, segundo relatório realizado em2003 pe lo Par lamento Lat ino-Americano. Para a ONU, essedesperdício da água pelos países nãodeve ultrapassar 20%. Na AméricaLatina, apenas a Argentina e o Chileapresentam percentuais menores.

A região Centro-Oeste do Brasildetém 16% dos recursos hídricos dopaís, a segunda maior porção, ficandoabaixo apenas da região Norte, ondeestão localizados 68% das fontes deágua. O Sul tem 7% e o Sudeste, 6%. ONordeste tem apenas 3% do total.

A água doce é um bem essencial emerece estar na pauta de discussõess o b r e d e s e n v o l v i m e n t o esus ten tab i l i dade de governos ,organizações civis, ONGs, empresas,escolas, inst i tuições rel igiosas,universidades, enfim, de toda a

sociedade. É muito importante quemudemos nossa percepção sobre aágua. Ações práticas e teóricas de EA éque irão nos ajudar a entendê-la comoum recurso natural essencial para a vidae não um bem a ser consumidoindiscriminadamente.

Não há como separar a importânciadas florestas para a dinâmica do ciclo daágua. Num estudo conjunto, o FundoMundial para a Natureza (WWF) e oBanco Mundial – que formam a Aliançapara a Conservação e Uso Sustentávelde Florestas – apontam que as florestaspodem contribuir para a pureza da água.As florestas tropicais úmidas, inclusive,teriam, ainda, condições de aumentar aquantidade de água.

A s f l o r e s t a s t a m b é m s ã oimportantes agentes para reduzir aerosão pela água. A junção de subsoloflorestal, cobertura de folhas caídas esolo organicamente enriquecido acabapor constituir a melhor terra para asbacias hidrográficas, evitando, assim, odesgaste do terreno. Ao ajudarem naminimização da erosão, as florestasauxiliam contra a sedimentação, que é oarrasto ou depósito de partículas do soloem cursos hídricos, que pode tornar aágua imprópria para consumo ou para airrigação.

Além de proporcionar madeira paraa construção de habitações e produçãode móveis, as florestas, com suasárvores, plantas e vegetação, tambémsão fonte para a criação de remédios e

Florestas

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substâncias em benefício da saúde e doasseio das pessoas. Estimativasapontam que apenas 5% da floramundial já tenha sido estudada emre lação à sua po tenc ia l i dadefarmacêutica. Mas acredita-se que 80%da popu lação da Ter ra usemm e d i c a m e n t o s p r o v e n i e n t e sdiretamente de plantas e animais. Nabacia amazônica, cerca de duas milplantas são utilizadas para curardoenças ou combater enfermidades.

O manejo e a exploração dasflorestas pelo homem precisam serbaseados numa relação sustentada eequilibrada. A floresta não é umgigantesco depósito nem uma despensaà nossa disposição e não podemos noscomportar como usurpadores diantedesse ecossistema, devastando oudegradando suas áreas. Podemos tirardele nossas fontes de sobrevivência,mas com a consciência de que temos odever de conservá-la e, em algunscasos, até preservá-la para a nossageração e para as outras que aindavirão.

O desenvolvimento para o confortoe o bem-estar humano produzido a partirda Revolução Industrial levou àintensificação de material descartado,ocasionando um aumento, basicamentenas áreas urbanas, da quantidade deresíduos gerados e não utilizados pelohomem, muitos deles provocando acontaminação do meio ambiente etrazendo riscos à saúde.

O crescimento das áreas urbanas

não levou em consideração anecessidade de adequação de locaisespecíficos para depósito e tratamentodos resíduos sólidos. No Brasil de hoje,por exemplo, segundo o IBGE, aquantidade diária de lixo coletado é de230,413 mil toneladas . Desse total,167,215 mil toneladas são destinadas aaterros sanitários/controlados e 48,321mil toneladas são despejadas noschamados “lixões”, a céu aberto, semnenhum tipo de tratamento.

Asituação do lixo hospitalar tambémé preocupante. A Agência Nacional deVigilância Sanitária (Anvisa) estima queo Brasil produz 4 mil toneladas de lixohospitalar por dia e que apenas 14%desse total recebem tratamentoadequado.

O lixo brasileiro é compostobasicamente por matéria orgânica(65%), papel (25%), plástico (3%), metal(4%) e vidro (3%) . O tempo dedecomposição desses materiais nanatureza é bastante variado. Podemdurar meses (orgânicos: de dois a 12meses) a até milênios (vidro: entre mil equatro mil anos).

A falta de novas áreas para aimplantação de aterros sanitários (ou“lixões”, ou aterros controlados) é umfator que tem contribuído para aimplementação de sistemas decompostagem, processo biológico paradecompor matéria orgânica de origemanimal ou vegetal. Estudos apontam que

Lixo

Reciclagem e compostagem

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a s t é c n i c a s u t i l i z a d a s p e l acompostagem são capazes de reduzir àmetade a massa de lixo processada e,num prazo de 60 a 90 dias, levar àobtenção de um composto orgânico,para a utilização na agricultura, semcausar danos ao meio ambiente.

A reciclagem pode ser entendidacomo um processo que torna reutilizávelum material cuja matéria-prima foiretirada da natureza após sofreralterações de suas propriedades físicasou físico-químicas.

D a d o s d o C o m p r o m i s s oEmpresarial para Reciclagem (Cempre)indicam que o índice de reciclagem deresíduos sólidos urbanos (em peso)saltou de 4% para 8% entre 1999 e 2002,no Brasil.

Entretanto, mesmo com técnicas eações que estimulem processoscorretos e adequados de reciclagem,reu t i l i zação (de car tuchos deimpressoras pessoais e comerciais,pneus usados etc.), descarte deresíduos (restos de pneus, pilhas ebaterias usadas, lixo hospitalar...) ecompostagem, é importante quereforcemos nossos conceitos, ações eatitudes em relação ao consumo. Sepudermos reciclar e reutilizar mais e, aomesmo tempo, ter uma postura maiscrítica e consciente em relação ao queconsumimos e compramos para nossouso em casa e nas empresas eindústrias, estaremos aumentandonossa participação em medidas deconservação e preservação ambientais,contribuindo para sustentar equili-

bradamente nosso desenvolvimentosocial, econômico e tecnológico, e nocaminho de tornar possível às geraçõesfuturas o acesso a condições ambientaissemelhantes as que vivemos.

No artigo “A Fundamental EducaçãoAmbiental para a Sustentabilidade”,Maria Lúcia de Sousa Silva cita umdepoimento da professora Naná MininniMedina sobre o papel da EA paraampliar a postura crítica em relação aoconsumismo:

Uma escola motiva os alunos acatarem latas de alumínio parareciclagem. Isso é válido, claro, mas senão se analisa primeiro a questão doexcesso de consumo, a mera coleta delatinhas não resolve a questão. Queopções podemos ter às latas paradiminuir seu consumo? São os hábitosque precisam ser mudados. Quando umprojeto de EA busca esse tipo dereflexão, está cumprindo o seu papeltransformador da realidade. Essatransformação observada por NanáMedina vai ao encontro de uma teoriaconhecida como “Política dos 'Rs'” pararedução dos RSUs. Inicialmenteconhecida como “Política dos 3 Rs”(reduzir, reutilizar, reciclar), hoje a esseconceito já foram incluídos mais dois“Rs”: refletir e recusar. Essa políticapode ser explicitada da seguinte forma,de acordo com a publicação “Comocuidar do seu meio ambiente”:

uma profunda reflexão sobre o quenos é realmente necessário;

coragem de recusar o consumodos produtos desnecessários ou

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supérfluos;

ponderação para reduzir oconsumo dos produtos consideradosnecessários;

decisão de reutilizar embalagens eoutros produtos, renovando seus usostanto quanto possível, aumentando suavida útil e retardando seu descarte;

iniciativa de encaminhar todos osprodutos utilizados e quando possível,reutilizados, para a reciclagem.

Édis Milaré, ex-secretário do meioambiente do estado de São Paulo,defende que a mudança do tratamentodado pela sociedade ao seu lixo podeser encarada como uma “verdadeirarevolução cultural”, ética e consciente. Ea educação ambiental é uma açãofundamental. “Sem dúvida, o imperativolega l é necessár io , às vezesindispensável. Mas, há também outroimperativo que deve comandar-nos nassoluções individuais e coletivas para osproblemas do lixo, sejam eles graves ouleves, cotidianos ou ocasionais: é oimperativo ético, ou seja, a consciênciade nossa responsabilidade (pessoal esocial) com referência à geração e aodestino do lixo. Sem dúvida, a educaçãoambiental tem papel importantíssimonesse assunto.” Esse exercício depensamento nos leva a defender aopinião de Francisco Luiz Rodrigues eVilma Maria Cavinatto de que o conceitoque temos de “lixo” pode ser evoluídopara “coisas que podem ser úteis eaproveitáveis pelo homem”.

Ações práticas e teóricas de

educação ambiental devem estar nonosso dia-a-dia em casa, no trabalho,nas ruas da cidade e na escola.Podemos aumentar nossa consciênciacidadã se mudarmos o foco de comoenxergamos a natureza: não podemosagir como se o meio ambiente fosse umaparte integrante da agricultura, daeconomia ou da engenharia, porexemplo; ao contrário, a agricultura, aeconomia e a engenharia é que têm queser pensadas como partes integrantesdo meio ambiente.

Embora este texto não tenha tido apretensão de esgotar o tema, poissabemos que é amplo, multidisciplinar epode ser teorizado e praticado sobenfoques diversos, temos a convicçãode que a educação ambiental é umnobre caminho para alcançar e manter asustentabilidade e a vida do homem, dosecossistemas e do planeta.

É na Terra que vivemos e tiramosnossos alimentos. Mantê-la viva esaudável é nossa responsabilidade.

A ÁGUA, as florestas e as cidades. Aimportância das áreas florestaisprotegidas para suprimentos de águas.Resumo em português do documentofeito por DUDLEY, N.; STOLTON, S.Running pure: the importance of forestprotected areas to drinking water. Aresearch report for the World Bank /WWF Alliance for Forest Conservationand Sustainable Use. World Bank-

Conclusão

Referências bibliográficas

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COLECIONA: textos para se pensar a EA

Ano 1 - Edição 1

Page 11: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

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COLECIONA: textos para se pensar a EA

Ano 1 - Edição 1

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António Carlos Teixeira é Jornalista,pós-graduado em Ciências Ambientaispela Universidade Federal do Rio deJaneiro (UFRJ), presidente do InstitutoTerraGaia de Comunicação e EducaçãoAmbiental, coordenador e co-autor dol i v ro “A ques tão amb ien ta l –desenvolvimento e sustentabilidade”.Contato: [email protected]

Artigo publicado na RevistaBrasileira de EA. Brasília, 2007, n°2.

1 Dados do Censo 2000: quantidadediária de lixo coletado, segundo as GrandesRegiões, Unidades da Federação, RegiõesMetropolitanas e Municípios das Capitais.Numa conta simples, esse valor chegaria amais de 83,370 milhões de toneladas

anuais. Entretanto, pesquisadores como ojornalista Washington Novaes – ex-secretário de Meio Ambiente, Ciência eTecnologia do Distrito Federal e autor dasérie de documentários “Ciclo do Lixo”, queo levou a pesquisar sobre o tema em váriascidades brasileiras e em diversos países –estimam que a quantidade diária produzidade lixo no Brasil esteja entre 125 e 130 miltoneladas, o que daria algo perto de 45milhões de toneladas por ano.

2 Composição percentual média do lixobrasileiro em peso. Fonte Instituto dePesqu i sas Tecno lóg i cas ( IPT ) eC o m p r o m i s s o E m p r e s a r i a l p a r aReciclagem (Cempre), 1997 apudOLIVEIRA, Luciano Basto. Aproveitamentoenergético de resíduos sólidos urbanos eabatimento de emissões de gases do efeitoestufa. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ, 2000.

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COLECIONA: textos para se pensar a EA

Ano 1 - Edição 1

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O Sistema Nacional de

Educação Ambiental -

SISNEA

O Sistema Nacional de EducaçãoAmbiental (SisNEA) surgiu paraorganizar as inúmeras iniciativas,instâncias e eixos de ações que sãodesenvolvidas no campo da educaçãoambiental no Brasil. O objetivo épossibilitar às pessoas que atuam nocampo da EA maior facilidade praidentificar formas de recorrer a outrosatores e parceiros, além de encaminhardemandas e reivindicações paraviabilizar e repercutir sua ação cotidiana.

É importante que dentro do SisNEAos educadores saibam, por exemplo,como ter acesso a financiamentos, quaissão as portas de entrada – se são viaFNMA (Fundo Nacional de MeioAmbiente) ou via FNDE (Fundo Nacionalde Desenvolvimento da Educação) ouse há fundos nacionais e municipais (…)e, ainda, como os fundos dialogam entresi. É importante também saber como asredes de EA influenciam, monitoram efazem o controle social do financiamentopara EA.

Essa é a perspectiva de se enunciarum sistema e possibilitar a cadacidadão(ã) a ter o controle social destesistema que se materializa a partir dodebate que se inicia com a formulaçãoda proposta. O Órgão Gestor da PolíticaNacional da Educação Ambiental(PNEA) passou quase dois anos

discutindo internamente para, numsegundo momento, ser enunciadopublicamente possibilitando discuti-lojunto a gestores de EA de secretariasestaduais de Meio Ambiente e daEducação, representantes da sociedadec i v i l n a s C I E A s ( C o m i s s õ e sInter inst i tucionais Estaduais deEducação Ambiental) e nas redes, e noencontro ocorrido na cidade deSalvador, em julho de 2007. Dessaforma, o SisNEA foi posto à consultapública.

A partir de eventos como aConferência Nacional do MeioAmbiente, ocorrida em maio deste ano,teve-se a oportunidade de aprofundareste debate visando a possibilidade dese ter, ao final de 2008, condições deincluir a proposta do SisNEA na PolíticaNacional de EA – PNEA. Há um debatehoje dentro do Órgão Gestor de setransformar o ProNEA (ProgramaNacional de Educação Ambiental) numprograma instituído por Lei, para que aPNEA, o ProNEAe também o SisNEAseinstitucionalizem como um pacto das o c i e d a d e b r a s i l e i r a q u eperiodicamente deva ser revisto.

O SisNEA é uma forma de pensar asustentabilidade da EA no Brasil. Épreciso cumprir esta obrigação depermanência, de continuidade, dearticulação, para não começar a cadaano do zero. O SisNEA é uma

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oportunidade de se somar os acúmulosque a sociedade brasileira tem há maisde 40 anos e uma EA que já não secontenta mais em ser uma educaçãonacional, mas que tem que ser uma EAplanetária; um acordo entre educadorese ambientalistas de todos os tipos equalidades dispersos por todo o planeta,no sentido de uma educação capaz defazer frente aos grandes desafiossocioambientais planetários, capaz depotencializar e empoderar indivíduos egrupos sociais, no sentido de revertereste processo de degradação; nosentido de construir uma nova forma deser e estar dos humanos no planeta.

O SisNEA significa, no âmbitonacional, a demonstração de quequeremos fazer frente com outrospaíses e nações que também queremcaminhar na mesma direção, que não secontentam com a discussão demudança de nome de EducaçãoAmbiental para Educação para oDesenvolvimento Sustentável,que nãose contentam com o pragmatismo quevai se tornando hegemônico no campoda EA, que diz que devemos criar umadisciplina dentro das escolas ou que dizque precisamos de números em EA.Certamente precisamos de números,certamente precisamos ganhar emescala, em termos das ações da EA.Mas não ganhar em escalas pra inglêsver, em escala com números quedemonstram quant idade e nãoqualidade. E, sim, que demonstremradicalidade de processos educadorescomprometidos com transformaçõesprofundas no modo de ser e estar doshumanos , t rans fo rmações que

resgatem os compromissos espirituaisque animam a história da humanidade,de aprimoramento do ser humano, emtorno de questões básicas que a genteaprende nos bancos escolares comofa lar a verdade, ser honesto,cooperativo, solidário. Esta EA precisade visibilidade. Esta EA é que vait ransformar este panorama dedegradação do meio ambiente”.

Se nos contentarmos com a EA denúmeros, uma EA pragmática, quetalvez caminhe na direção de umavertente autoritária, que diz queprecisamos educar as pessoas,precisamos conscientizar as pessoaspara elas não jogarem lixo no chão, e aíse faz um programa de estímulo ereforço para que não joguem mais papelno chão, para que as pessoas plantemuma árvore no final de semana (…)talvez a gente até consiga algunsavanços, mas eles não significam aquiloque é mais profundo no campo da EA: aemancipação humana, que é ocompromisso, o engajamento de cadapessoa com a melhoria das relaçõeshumanas, com a melhoria da sua formade ser e estar no planeta. O SisNEA éuma 'pedrinha' nesse processo.

Os educadores, em geral, podemfazer do SisNEA um espaço para odebate, um momento de estruturaçãodas ações que já estão realizando.Podem refletir sobre esta educaçãoambiental de corpo inteiro. Aodebatermos o SisNEA, pensemostambém na fundamentação da nossaação, do nosso fazer educacionalrelacionado à questão ambiental. Não

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podemos nos contentar com adiscussão do operacional - como vamosconseguir dinheiro, como vamosescrever projeto, como vamos aprendera prestar contas, como vamosimplementar estruturas educadoras.Tudo isso é muito importante, masprecisamos nos fundamentar numadiscussão filosófica sobre para ondequeremos caminhar, o que significacada um dos temas que estão no debatenacional e internacional. A discussão datransposição do São Francisco não ésimplesmente para dividir opiniões, soua favor ou sou contra, mas é paracompreender com profundidade o queleva um homem como o Frei Cappio afazer greve de fome, e dedicar sua vida àluta contra a transposição do rio SãoFrancisco. Qual é este campo deembate que existe entre os proponentesde um modelo de desenvolvimento quegere trabalho e renda e os proponentesde um modelo que esteja pautado pelaconservação dos biomas, pelaconservação dos sistemas naturais.Todos estes elementos que estão namesa precisam ser aprofundados à luzdas nossas buscas mais profundas,relacionadas à felicidade humana,relacionadas ao nosso progressomaterial, ao nosso progresso espiritual.

É difícil a gente encarar o debate doSisNEA apenas como um debateburocrático, legislativo, sobre quecomponentes devem estar ali dentro.Devemos aproveitar a oportunidade dodebate nacional para trazer para ocampo da política pública as questõesmais profundas e individuais quenormalmente a gente não leva para o

debate, mas que com este desafio doSisNEAtalvez haja esta oportunidade.

Texto adaptado da entrevistaconcedida à

técnica Semíramis Biasoli, do DEA-MMA, em dezembro de 2007, emBrasília, junto a oficina de avaliação eplanejamento do Departamento. Ovídeo/entrevista pode ser visto no bloghttp://SisNEA.blogspot.com.

Para participar da consulta aoSisNEA, cada coletivo, grupo ouorganização deve acessar o materialdisponível no sítio www.mma.gov.br/ea.

com oprof. Marcos Sorrentino

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ESTRUTURAS E ESPAÇOS EDUCADORES:

Quando espaços e estruturas se tornam educadores

“...É sempre bom lembrar

Que um copo vazio

Está cheio de ar

Que o ar no copo

Ocupa o lugar do vinho

Que o vinho busca ocupar o lugar

Da dor

Que a dor ocupa a metade

Da verdade

A verdadeira natureza interior

Uma metade cheia

Uma metade vazia

Uma metade tristeza

Uma metade alegria

A magia da verdade inteira

Todo poderoso amor

É sempre bom lembrar

Que um copo vazio

Está cheio de ar”

Gilberto Gil

“Ter esperança, claro, é “esperar” por algo.

A palavra nasce no substantivo latino spes,

“esperança”, através do verbo sperare, que já

tinha o mesmo sentido do nosso próprio

“esperar”. A idéia está na raiz indo-européia spe-

, “desdobrar”, “crescer”, “florescer”, que também

Abrindo e criando espaços

para o diálogo...

Espaço e Esperança: uma

origem em comum

As estruturas e os espaçoseducam? Podem os espaços e asestruturas se tornarem educadores? Oque é preciso para isso? Neste textobusco respostas que estão longe deserem conclusivas, pois no atual estágiodas reflexões e elaborações teóricas énatural se ter mais dúvidas e perguntasdo que respostas e certezas. O que meproponho é compartilhar algumasreflexões sobre como e quando umdeterminado espaço e/ou estrutura setorna educador/educadora. Em especial

a partir do experimento educacional natransdiscipl inar

Para estes propósitos e comespecial significado para os sentidos daEducação Ambiental Crítica, gostaria deressaltar a associação entre as palavras“espaço” e “esperança”. Isto porentender que todo ato educativo, todoprocesso de ensino-aprendizagem, todarelação pedagógica, todo sentir pensar,toda construção de conhecimento, todoreligar com a natureza e cultura traz emsi uma desejada esperança e ocupa umdeterminado espaço, num lugar numdado momento de nossa história dev ida , to rnando-se uma utop iaconcretizável. Um certo “vir a ser”, “es-perar” por algo associado com“desdobrar”, “crescer”, “florescer”, “con-cretizar”, “(trans)formar”, “participar”,“pertencer”, “comunicar”, “aprender”, “e-ducar”, “emancipar”, “libertar”. SegundoManoel Whitaker Salles (2002, págs 93-94):

Tri lha da Vida:

(Re)Descobrindo a Natureza com os

Sentidos.

COLECIONA: estruturas e espaços educadores

Ano 1 - Edição 1

por José Matarezi

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originou próspero (do latim prosper; pro+spero,

“acontecido como esperado”, “bem-sucedido”) e

o inglês speed, “velocidade”.

Pois então,

etimologicamente, a esperança é um espaço

mental – ou sentimental. O fato é que as palavras

esperança e espaço têm muito a ver uma com a

outra; esta última vem do latim spatium, que

nasce provavelmente daquela mesma raiz spe-,

pois o que cresce e se desdobra ocupa

evidentemente um espaço, “criando-o”

idealmente.”

A esperança é um

sentimento que cresce e se desdobra,

infinitamente, à frente de quem a experimenta. É

um esperar movimentado, não estacionado: um

movimento de alma” (grifo meu).

Eu acrescentaria transformando-outopicamente. E quem de nóseducadoras/es ambientais não somos,por natureza e princípio, esperançosos,utópicos e humanamente apaixonadospela possibilidade de um mundosustentável, em paz? Um mundo depessoas solidariamente felizes. Ummundo repleto de pessoas capazes delidar com a cooperação e o conflitocomo complementares.

Entendo que os termos “estruturas”e “espaços educadores” são recentes esurgem para abarcar algumas dasdimensões pertinentes à EducaçãoAmbiental crítica, popular, transfor-madora e emancipatória. No ProgramaMunicípios Educadores Sustentáveis(MES), do Ministério do Meio Ambiente(MMA, 2005), os

Assim, fica evidente que os esforçospara inserção da Educação Ambiental,em todos os níveis e esferas dasociedade, devem ocorrer também naperspectiva de que os espaços e/ouestruturas, com as quais convivemos einteragimos cotidianamente, sejamdotados de características educadoras eemancipatórias, que contenham em si opotencial de provocar descobertas ereflexões, individuais e coletivassimultaneamente, a exemplo do poderprovocador e até transformador de umaobra de arte.

Mas como estes espaços eestruturas se tornam “educadores”,repletos de esperança, de utopiasconcretizáveis? O que é preciso paraisto? O que a Trilha da Vida e aEducação Ambiental têm a nos ensinarsobre isto? Como podemos perceber erevelar os diferentes níveis derealidades a partir de um mesmoespaço/lugar? Como explicitar/manejar,nestes espaços e estruturas, os pilaresde regulação e emancipação quemovem as sociedades?

Já está bem disseminada a idéia deque a nossa formação e educação seprocessam nos diversos espaços elugares de nossa vida cotidiana, poisaprendemos ao longo de toda a vida.Situamo-nos no espaço e no tempo def o r m a v i v e n c i a l , i n t e r a g i n d o ,convivendo, interpretando, aprendendoe construindo conhecimento nas inter-relações com as pessoas e osambientes (natural e construído). Assim

“espaços educadores

são aqueles capazes de demonstrar

a l t e r n a t i v a s v i á v e i s p a r a a

sustentabilidade, estimulando as

pessoas a desejarem realizar ações

conjuntas em prol da coletividade e

reconhecerem a necessidade de se

educarem, neste sentido”.

Metodologia

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA18 Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: estruturas e espaços educadores

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posso considerar que todo espaço e/ouestrutura traz em si característicaseducativas, mas não necessariamentese constitui num espaço e/ou estruturae d u c a d o r a , é p r e c i s o h a v e rintencionalidade educadora, ou seja,intenção a propiciar-se aprendizagemaos nossos interlocutores.

Aqui precisamos nos deter sobre aquestão das características destaaprendizagem que desejamos suscitar.Pode ser a de que o outro aprenda tudo(ou quase tudo) o que vou ensinar-lhe,ou pode ser a de que ele incremente asua capacidade de aprendizagempartindo de sua peculiar trajetória devida e seguimento na(s) direção(ões)que os seus aprendizados vão lhepropiciando optar.

Peguemos o exemplo de uma faixade pedestre. Pode ser apenas pintura noasfalto, provocando aleatoriamentereações diversas nos usuários daqueleespaço desde quest ionamentosestéticos, até reflexões sobre aimportância do respeito ao pedestre esobre as leis de trânsito, passando pelasreclamações dos motoristas queprecisem se deter (perder tempo) diantede pedestres que a utilizam! Podem sertambém objeto de um programa deensino sobre direitos e deveres notrânsi to, c idadania, leg is lação,fiscalização e punições para infratores.Mas pode ainda ser um espaço quepropicia aprendizados sobre o respeito àVIDA; a atenção ao próximo; o cuidadocom o mais fraco no momento que estoumais potente e poderoso; o respeito àsdistintas condições de existência e a

compreensão da diversidade desituações e olhares sobre um encontro.

Cer tamente questões comoidentidade e alteridade; pertencimento ecomplexidade; participação e controlesocial, farão parte dos debates entre oseducadores que desejam utilizar a faixade pedestres como estrutura educadora.Propiciar o debate destes conceitos e/oua interiorização destes valores/comportamentos/conhecimentos, podeser a intencionalidade educadoradaqueles que pensam as faixas depedestres para além de uma obrigaçãolegal ou um mecanismo para enfrentaras dramáticas estatísticas da violênciano trânsito. Desenhar processoseducadores que propiciem aemergênciadestes e de outros concei tos/termos/questões vai ser obra e arte decada grupo e tanto mais o processo terápotencialidade de ser educador quantomais ele for participativo e transparente,enunciando claramente os seusobjetivos e intenções e possibilitando atodos e a qualquer um, acesso a suaproblematização e aprimoramentoracional.

A frase/conceito, “a Trilha da Vidaprovoca um monte de buracos pra gentepreencher”, extraída de um dos relatosdo coletivo de jovens que vivenciaram oexperimento educacional Trilha da Vidano V Fórum Brasileiro de EducaçãoAmbiental, permite evidenciar o

EducaçãoAmbiental:

provocando ‘buracos’para a

gente preencher...

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: estruturas e espaços educadores

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potencial educador a partir de vivênciassignificativas e provocadoras dedescobertas. Este provocar “buracos”,“espaços”, “vazios” para as pessoaspreencherem contém um for tes i m b o l i s m o e s i g n i f i c a ç õ e sesclarecedoras.Ainda mais quando estaidéia-chave emerge no contexto de umevento nacional de Educação Ambientalque teve como lema “o meio ambientecomeça no meio da gente”. Pode-sedepreender daí do is t ipos deespaços/movimentos. Um interior eo u t r o e x t e r i o r c u j a sd e l i m i t a ç õ e s / d i m e n s õ e s s ã orelativizadas de acordo com osdiferentes sentidos e significados quecada um atribui, mas que certamenteestá condicionado não apenas ao nossocorpo, autoconsciência, subjetividade eidentidade (o “eu interior”), mas tambémàs estruturas e espaços que constituema sociedade e o lugar onde vivemos.Assim posso considerar que o “meioambiente” e a Educação Ambientalcomeçam dentro de mim e tambémdentro de nós enquanto coletivo, grupo,movimento, sociedade. Onde háespaços a preencher e transformar e/ouonde é preciso criar o próprio espaço deação e transformação capazes depreencher o vazio social externo e ovazio pessoal interno. Lembrando queespaço está associado a esperança queé um movimento de alma.

Existem espaços e estruturas quesão reconhecidamente próprios daeducação como a sala de aula e a

escola, por exemplo. São chamadosespaços escolares, constituídoshistoricamente. Via de regra, as escolasconstituem espaços padronizados emquase todos os lugares, cujas formas eestruturas foram pensadas para atenderdeterminadas funções e objetivospedagógicos, mui tas vezes dedisciplina, reclusão, proteção, controle evigilância, portanto, de regulação e nãonecessariamente de emancipação.Durante a elaboração das diretrizesmunicipais de educação ambiental domunicípio de Itajaí (SC), juntamente comprofessores e professoras municipais,levantou-se as questões: “Até que pontoas escolas poderão abrir espaço para asatividades transdisciplinares, tãonecessárias e tão rupturantes? Estará aescola preparada para a EducaçãoAmbiental?” Fica explicito nestasquestões as diferentes formas deespacialização da Educação Ambientale o quanto é desafiador a sua efetivaçãoe n q u a n t o t e o r i a e p r á t i c atransdisciplinar.

É quase impossível se falar oupensar a educação escolar semassociar imediatamente a imagem deuma sala de aula. E uma sala de auladificilmente difere ou muda de umaescola para outra, de uma série paraoutra, seja onde for. É sempre uma salaquadrada ou retangular, com janelas,uma porta, um quadro negro, a mesa daprofessora e cerca de 30 a 40 carteirasenfileiradas para os alunos e alunas. Oque pode mudar são as representações,a postura e atitude dos educadores eeducadoras frente a “sala de aula”.Como educadorambiental é instigante a

EducaçãoAmbiental em Espaços

Escolares: a vida como escola

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idéia de mexer nas estruturas e espaçosdesta “sala de aula” e construir umanova ambientação que provoque oscorpos, emoções e mentes a teremnovas sensações e descobertas. Ouseja, mexer nestas estruturas e espaçospara ampliar as possibilidades deinserção da EducaçãoAmbiental.

Foi com a Trilha da Vida móvel queousamos transformar uma “sala de aula”numa Floresta Atlântica com toda a suadiversidade biológica e cultural, comouma grande instalação de arte a serexplorada e vivenciada com todos oss e n t i d o s , e x c e t u a n d o - s etemporariamente a visão. A “sala deaula” continuou quadrada/retangularcom uma porta de entrada, mas com umuniverso de possibilidades, umaconcretude interna, vários níveis derealidades, diversidade de leituras,d e s c o b e r t a s , a p r e n d i z a d o s ,compreensões e interpretações. Vistade fora não revela o mundo interior a serexplorado, sentido, descoberto,percebido, refletido, interpretado erepresentado por quem se dispuser ainteragir com este novo espaço eestruturas educadoras. As vivênciasocorrem em grupos que geramnarrativas. Estas narrativas faladas,quando emergem no grupo, sãotematizações que refletem e revelamuma série de vivencias, informações,conceitos e teorias que cada pessoa trazconsigo e que normalmente sãodiferentes dos demais integrantes dogrupo. Com este exper imentoe d u c a c i o n a l t r a n s d i s c i p l i n a r ,aparentemente simples, consegue-se

operacionalizar rupturas paradigmáticasessenciais para a efetivação daEducação Ambiental crítica em espaçosescolarizados.

Seja como for, no contexto da Trilhada Vida tal espaço/estrutura para setornar educador/educadora, portantoa s s u m i d o s c o m o e x p e r i m e n t oeducacional, precisa conter asessencialidades e miniaturas capazesde provocar, nas pessoas com as quaisse relaciona/interage, uma série deeventos heurísticos, eventos dedescoberta. Cleusa Peralta (2002, p.12), traz a sistematização de WilhelmWalgenbach, que conceitua miniaturacomo um objeto ou um conjunto deelementos que, juntos, formam umaidéia-chave a ser vivenciada, simuladaou desenvolvida pelo grupo. Assim umaminiatura pode ser um ambiente, umcenário, ou um caminho a ser trilhado,que contém uma idéia-chave, quecontém uma metáfora, uma provocaçãocapaz de gerar descobertas (eureka).Para Peralta, os sujeitos sempre set o r n a m p r o t a g o n i s t a s d o a t op e d a g ó g i c o , p r o v o c a d o p o rexperiências estéticas. São essasprovocações – os experimentos – queestimulam os educandos a refletiremsobre suas próprias teorias e vivênciasanteriores.

Para Walgenbach (2000), osexperimentos educacionais são, ainda,dinâmicas de trabalho em grupo,desenvolvidas com o objetivo depromover uma pesquisa no campoteórico da educação.

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Avaliação a partir do Conceito

Sugestão deAtividades

Na busca de indicadores eparâmetros de avaliação pode-se valerde aspectos qualitativos próprios daEducação Ambiental Crítica conformeapontado por Carlos Frederico B.Loureiro nesta publicação. Sendo queos mapas mentais e as narrativasgeradas pelas vivências dos grupos sãoexcelentes materiais e formas nãoapenas de avaliação mas também paraaprofundamento e sistematização dopróprio grupo. Se forem grupos comforte identidade comunitária associadaa o b a i r r o / e s c o l a o u m e s m oparque/unidade de conservação, pode-se valer ainda das histórias de vida(pessoal, coletiva e do lugar onde sevive) que afloram facilmente nosdiálogos em grupo. Criatividade eAprender Fazendo em colet ivo(observação-registro-reflexão-ação)são indicadores importantes para aconfiguração dos espaços e/ouestruturas educadoras.

ATrilha da Vida enquanto experime-nto educacional transdisciplinar: olabirinto...

Essencialmente este programapropõe aos seus participantes umacaminhada com os olhos vendados ed e s c a l ç o s p o r u m a t r i l h acuidadosamente elaborada visandouma vivência de (re)descoberta danatureza. Outras etapas precedem esucedem esta caminhada às cegas, queé constantemente monitorada por

componentes da equipe de trabalho. Aotodo a vivência estrutura-se em torno dequatro grandes etapas: o momentoinicial onde é feita uma dinâmica derecepção ao grupo, explanando sobreas características socioambientais dolocal e onde são compartilhadasinformações e orientações sobre avivência; o momento da caminhadaindividual dentro da trilha com os olhosvendados e descalços, o momento daconfecção dos mapas cognitivos(mapas mentais) e o momento final dorelato em grupo. A partir dos relatos(narrativas) das vivências individuais eapresentação dos mapas cognitivos,propicia-se um diálogo/conversa ereflexão em grupo, compartilhando-seas descobertas e experiências vividas.Neste momento const i tu i -se a“comunidade transdisciplinar” deaprendizagem, possibi l i tando aconstrução de conhecimento, tantoindividual como coletivo em diversosníveis (lógico racional, intuitivo,simbólico, metafórico, teorético,teór ico) . Estas nar ra t ivas sãoregistradas para aprofundamento dogrupo em atividades de pesquisa dopróprio grupo. A Trilha da Vida pode servisitada por diferentes públicos, desdecr ianças até idosos, inc lu indoportadores de necessidades especiais,sendo que as pessoas com visãoutilizam vendas.

A trilha da vida pode ser fixa oumóvel. A vivência na trilha fixa propiciaum deslocamento no espaço e no tempoaos participantes de diferenteslocalidades que se predispõem a viajaraté o Ribeirão da Ilha (Florianópolis,

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COLECIONA: estruturas e espaços educadores

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SC), no Parque Natural das PedrasV i v a s . E s t e d e s l o c a m e n t o éfundamental para que as vivências setornem significativas, pois colocam aspessoas em contato com outrasrealidades além do seu cotidiano, deestranhamento diante do “outro”,constituindo-se numa característicam a r c a n t e d o s E x p e r i m e n t o sEducacionais Transdisciplinares. Nestecaso, as pessoas viajam/se deslocamem busca do contato com a MataAtlântica e ecossistemas costeiros dosul da Ilha de Santa Catarina.

A segunda consiste na simulação deum ambiente natural de FlorestaAtlântica ou outro Bioma Brasileirodentro de escolas, parques ou eventos.Esta trilha móvel é montada dentro desalas de aula ou ao ar livre (dependendodas condições climáticas e infra-estrutura local), utilizando-se de umasérie de elementos naturais e culturais.Aqui se inverte a condição inicial daspessoas se deslocarem ao encontro da“Floresta”, sendo que, agora é a“Floresta” que se desloca até o encontrodos grupos de pessoas. Outro pontoinovador é o fato de se levar para a salade aula e até ao encontro das pessoas acomplexidade e diversidade cultural eambiental peculiar da Floresta Atlânticaou do bioma da região, juntamente comtoda a evo lução h is tó r i ca dahumanidade. A trilha “móvel” como écomumente chamada, possui muitaslimitações, especialmente quanto àscondições para montagem (espaço etempo), número limitado de pessoasatendidas e ausência de tempo paracontinuidade do processo que envolve a

vivência na Trilha da Vida. Por isso é quese está priorizando a difusão dametodologia mediante a implementaçãod e u m a R e d e d e N ú c l e o sDisseminadores, visto que a suamontagem e funcionamento exigem umárduo trabalho em equipe habilitada ecom conhecimento e vivência nesteprocesso/procedimento.

Em ambos os contextos, amontagem da Trilha da Vida seassemelha a uma grande instalação dear te com inúmeras min ia turasprovocadoras de eventos heurísticos,caracterizando um grande “labirinto” aser percor r ido , desvendado edesvelado, conforme evidencia osseguintes relatos:

Quando eu entrei tive uma sensação de

medo, de labirinto... a gente sempre tem medo

de entrar numa situação quando a gente não tem

domínio e não conhece a dimensão da coisa, aí

eu coloquei assim a trilha e aqui assim... as

primeiras formas redondas e depois as outras

formas quadradas... pontiagudas que a gente vai

vendo também na evolução que a gente se

percebe no homem, na historia da humanidade e

também a evolução da forma...

...tinha umas horas que ficava meio

perdido, dava umas inseguranças... ficava meio

enrolado... parava, pensava bem... aquela

árvore grandona... nossa abracei, me deu uma

segurança. .me deu uma firmeza de continuar

legal...

...o fato de ter esses elementos culturais e

históricos numa conexão, permite fazer uma

síntese do que agente pode chamar de vida, mas

teve alguns momentos em que não tinha

instrução, que eu achei que são importantes

também, como aquele momento em que o

caminho se divide, e provavelmente se eu não

tivesse a experiência anterior eu iria ficar ali

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: estruturas e espaços educadores

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Page 24: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

alguns minutos, me decidindo eu tomei a decisão

bem rápido, que basicamente eu fui me

influenciando pelo o que os outros relataram que

foi o barulho dos pássaros, mas, enfim, mas a

frente tinha um nó, eu identifico como se fosse

um nó, nó no sentido simbólico, tinha ali umas

pedras, e eu senti um pouco perdido, enrolado...

...eu acho que a trilha ela permite essas

pequenas descobertas, né, de que encontrar

outro ser, eu acho que é muito interessante muito

sintético, eu acho que resume mesmo o sentido,

apesar das limitações do lugar eu acho que faz

jus ao nome trilha da vida, e é isso. ...que

vontade de criar raízes então essa também foi a

minha vontade, de criar raízes...

Na Trilha da Vida a estratégia deeliminar temporariamente a visão dosparticipantes (utilizando uma venda) foia forma encontrada para colocar osujeito e o coletivo em situação deestranhamento, de desconhecimento ede despertar os demais sentidos queestão via de regra adormecidos,anestesiados. É fato comprovado queao perdemos um dos sentidos, osdemais acabam sendo estimulados,utilizados, potencializados e valorizadosde forma diferenciada. Para isso bastaum simples exercício de caminhada comos olhos fechados. Você pode fazer estaexperiência em qualquer espaçoconhecido, sendo que é prudente podercontar com a ajuda de alguém para lhecuidar/guiar com segurança.

A proposta da Trilha da Vida não éconceituar de fora, mas fazer brotar dedentro. Não é definir conceitos masvivenciá-los todos, percebê-los,significá-los. A contribuição da Trilha daVida é propiciar a vivência, aexperimentação concreta e sensível detodos estes princípios e conceitos

elencados como chaves para umaEducação Ambiental critica, popular,emancipatória e transformadora.

O que torna um espaço vazio cheiode significados e aprendizados é aqualidade e função das relações quemantenho com este espaço e com suasestruturas. São as mediações,v i v ê n c i a s , i n t e r p r e t a ç õ e s ,representações, significações, reflexõese ações que faço neste/desteespaço/lugar, nestas/destas estruturase re lações . São os ob je t i vospedagógicos que, intencionais ou não,estabeleço nos múltiplos cotidianos emque vivo. Assim dois movimentos sãopossíveis e coexistem: um que parte demim e outro que parte dos espaços eestruturas com as quais convivo.P o r t a n t o i n f l u e n c i o n e s t eespaço/estrutura e sou influenciado porele. Movimento e sou movimentado porele. Pois, é sempre bom lembrar que umespaço vazio pode estar cheio de ar, dee s p e r a n ç a s , p o s s i b i l i d a d e s ,descobertas, aprendizados, vida.

Quanto às relações históricas entresociedade e natureza, vale a pena ler OBuraco Branco no Tempo de PeterRussel (1992), a trilogia Ismael, MeuIsmael e A Historia de B de Daniel Quinn(1998, 1999, 2000), Ecologia Humana,Ética e Educação: a mensagem dePierre Dansereau organizado por PauloFreire Vieira e Mauricio Andrés Ribeiro(1999) e Ética e EducaçãoAmbiental: aconexão necessária de Mauro Grün(1996).

Aprofundamento

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A respeito da Educação do Sensívele Experimentos Educacionais, destacoas con t r i bu i ções recen tes depesquisadores, educadores e arte-educadores como:

João-Francisco Duarte Jr, autor dolivro “O Sentido dos Sentidos: aeducação (do) sensível” (Editora Criar,2001) Wilhelm Walgenbach (1996,2000); Cleusa Helena Guaita Peralta(2002) e Nara Crizel Marone (2000), osquais apontam caminhos para estedespertar coletivo dos sentidos atravésda educação estética e experimentoseducacionais associados a educaçãoambiental e que ajudam a fundamentar aTrilha da Vida.

ALVES, N.; SGARBI, P. Espaços eimagens na escola. Rio de Janeiro:DP&A, 2001.

BRANDÃO, C.R. Aqui é onde eu moro,aqui nós vivemos: escritos paraconhecer, pensar e praticar o MunicípioEducador Sustentável. ProgramaNacional de Educação Ambiental.Brasília: MMA, 2005. 180 p.

GADOTTI, M.; PADILHA, P.R. ;CABEZUDO, A. Cidade educadora:princípios e experiências. São Paulo:Cortez; Instituto Paulo Feire. BuenosAires: Ciudades Educadoras AmericaLatina, 2004.

VILELA, M. dos A. (Org.). Tempos eespaços de formação. Chapecó: Argos,2003. 240 p.

ACAUAN, R.C. COLUVI: conhecendo olugar onde vivo. Monografia (Curso deOceanografia) – CTTMar, UNIVALI.2003.

MATAREZI, J.; BONILHA, L.E.C.;MENTGES T. A educação ambientalcomunitária no litoral brasileiro e o papelda universidade. In: VIEIRA, P.F. (Org.).Conservação da diversidade biológica ecultural em zonas costeiras: enfoques eexperiências na América Latina e no

TRILHA da vida: (re)descobrindo anatureza com os sentidos. Revista deEducação Ambiental da FURG.Ambiente & Educação, v. 5/6, p. 55-67,2000/2001. Rio Grande, FURG.

SCHMIDT, A.F. Trilha da vida eambientes de aprendizagem: umaanálise na busca de convergências. SãoPaulo, 2003. Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo -PUC/SP. [Orientação da Prof. Dra. MariaCândida Moraes].

BRASIL. Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil. Brasília: Câmarados Deputados, 1988.

KLAFKI, W. Educação ambiental:considerações básicas sobre umprograma de educação ambiental.Ambiente & Educação, Rio Grande,FURG, v. 1, 1996.

MARONE, N.R.C. Espelho: um recortena grande complexidade – estudo de

Sobre “espaços educadores”,

sugiro os livros:

Especificamente sobre a “Trilha daVida”:

Referências Bibliográficas:

Caribe. Florianópolis:APED, 2003. 528 p.

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: estruturas e espaços educadores

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uma alternativa transdisciplinar comopossibilidade para a formação deprofessores. Pelotas, 2000. Dissertação(Mestrado em Educação) - FaE, UFPel.

MARONE, N.R.C.; PERALTA, C.;WLAGENBACH, W. Projetos deEducação Ambiental na região de RioGrande, RS. Ambiente & Educação,Revista de Educação Ambiental daFURG, v. 1, p. 13-26, 1996.

MORIN, E.; Le MOIGNE, J.-L. Ainteligência da complexidade. SãoPaulo: Ed. Peirópolis, 2000.

PERALTA C.H.G. Exper imentosEducacionais: Eventos HeirísticosTransdisciplinares em EducaçãoAmbiental. In: RUSCHEINSKY, A.( O r g . ) . E d u c a ç ã o a m b i e n t a l :abordagens múltiplas. Porto Alegre,Artmed, 2002.

_ _ _ _ _ . O c o n c e i t o u t o p i a sconcretizáveis – elemento gerador deum programa de educação ambientalcentrado na interdisciplinaridade. RioGrande, 1997. Dissertação (Mestradoem EducaçãoAmbiental) - FURG.

PINEAU, G. O sentido do sentido. In:NICOLESCU, B. et al. Educação et ransd isc ip l i na r idade . Bras í l i a :UNESCO, 2000.

SALLES, M.W. Dentro do dentro: osnomes das coisas. São Paulo:Mercuryo, 2002.

SANTOS, B. de S. A crítica da razãoindolente – contra o desperdício daexperiência. São Paulo: Cortez, 2000.

WALGENBACH, W. Conceitos Básicosde Educação Ambiental: do Ponto deVista da Educação Categor ia l .Considerações Básicas sobre um

Programa de Educação Ambiental.Rev is ta Ambien te& Educação ,Fundação Universidade do Rio Grande,RS, v. 1, p. 47-72, 1996.

_____. Interdisziplinäre System -Bildung. Frankfurt: Peter Lang, 2000.

_____. Laboratório do PensamentoSistêmico Interdisciplinar (ModelagemQ u a l i t a t i v a d e S i s t e m a sInterdisciplinares). ConsideraçõesBásicas sobre um Programa deEducação Ambiental. Revista Ambiente& Educação, Fundação Universidade doRio Grande, Rio Grande, RS, v. 1, p. 131-139, 1996.

Citações1 Atualmente com dimensões de

programa, a Trilha da Vida (re)descobrindo anatureza com os sentidos, surgiu comoprojeto de EA comunitária e em unidades deconservação . Con f igu ra -se comoexperimento educacional transdiciplinarcriado e desenvolvido desde 1997, peloLaboratório de Educação Ambiental (LEA)do Centro de Ciências Tecnológicas da Terrae do Mar (CTTMar) da Universidade do Valedo Itajaí (UNIVALI) sempre em parceria comONG’s e instituições de ensino. O Projetoteve inicio pela parceria com a ONGMovimento Verde Mar Vida – MVMV(Florianópolis, SC – 1998 a 2000),juntamente com o projeto “UtopiasConcre t i záve is In te rcu l tu ra i s ” daFURG/DLA (Rio Grande, RS), sendoatualmente realizado em parceria com aONG Voluntários pela Verdade Ambiental(Itajaí, SC), com o CEMESPI/SME/PMI( I ta ja í , SC) e com a Facu ldadeIntermunicipal do Noroeste do Paraná(FACINOR – Loanda, PR). Entre 1998 e2000 teve apoio da Fundação O Boticário deProteção à Natureza (FBPN).

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2 [LATIM spatium, “espaço” < RAIZINDO-EUROPÉIA *spe- “crescer” > LATIMspes, “esperança” > sperare, “esperar (algofavorável)” > LATIM VULGAR *sperantia].Salles, Manoel Whitaker, 2002. Há tambémuma discussão teórica e histórica entre asciências sociais e naturais sobre os termos:“meio”, “ambiente”, “meio ambiente”,“território”, “lugar” e “espaço”, sendoconsiderados em muitos casos comosinônimos, apesar da clara distinção destestermos em especial no campo da geografia.

3 A cooperação e o conflito sãoentendidos como complementares.Friedberg (1995) utiliza a expressãocooperação conflitiva, Galtung (2003)afirma que um conflito entre duas pessoassignifica que existe um laço comum e, seexiste uma incompatibilidade, existetambém um problema comum e um conviteà so lução. FRIEDBERG, Erhard .O r g a n i z a ç ã o . I n : B O U D O N ,Raymond(direção). Tratado de Sociologia.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1995, pp.375-412. Galtung, J. O caminho é ameta:Gandhi hoje. São Paulo: PalasAthena, 2003.

4 Uma referência a esta perspectiva daEducação Ambiental é o livro “Identidadesda Educação Ambiental Brasileira” editadopelo MMA/Brasília, 2004.

5 “Promover a Educação Ambiental emtodos os n íve i s de ens ino e aconscientização pública para a preservaçãodo meio ambiente” é o que diz o inciso VI doparágrafo 1o. do Artigo 225 da ConstituiçãoFederal de 1988. Assim se coloca a missãode pensar democraticamente a EducaçãoAmbiental disseminada em todos osespaços e estruturas da sociedade.

6 Na perspectiva apresentada porBoaventura Souza Santos no livro Critica daRazão Indolente, 2000.

7 Foi com esta frase que um dos jovensintegrantes da Rede da uventude pelo MeioAmbiente (REJUMA) traduziu parte de sua

vivencia na Trilha da Vida durante o V FórumBrasileiro de Educação Ambiental, corridoem Goiânia (GO), no período de 3 a 6 denovembro de 2004.

8 Secretaria Municipal de Educação.Departamento de Ensino undamental.Diretrizes Básicas para a Educação daRede Municipal de Itajaí – EducaçãoAmbiental. Itajaí: PMI/SED, 2003. 11 0p. Il.

9 er sobre atitude, pesquisa e açãot r a n s d i s c i p l i n a r n o t e x t oTransdisciplinaridade de Haydèe TorresdeOliveira.

1 0 Ve r r e f e r ê n c i a s n o e x t oHermenêutica e Educação Ambiental: oeducador como intérprete de Isabel CristinaMoura Carvalho e Mauro Grün, nestapublicação.

11 Do latim a palavra miniatus,“avermelhado”, passou ao italiano comominiatura, significando inicialmente“iluminura”, “pequena bra de arte”, eevoluindo com o tempo para o significadoatual: “qualquer coisa representada emponto pequeno”. Salles, Manoel Whitaker,2002. Pág. 151. Conceito tambémsistematizado por Wilhelm Walgenbach apartir dos aportes de Friedrich Fröebel eWolfgang Klafki.

12 A timologia da palavra heurística é amesma que a da palavra eureka, cujaexclamação se atribui a Arquimedes. Podeser considerada como a arte ciência dadescoberta e da invenção.

13 Wilhelm Walgenbach, pedagogo epesquisador do Instituto de Pedagogia dasCiências Naturais – IPN (Universidade deKiel,Alemanha).

14 Pode-se considerar a Trilha da Vidacomo um item dos chamados Cardápios deprendizagem ser contextualizado ecompartilhado em rede.

15 Uma clara alusão a educação“maiêutica” conforme o texto Democraciados autores Jean Pierre Leroy e TâniaPacheco, nesta publicação.

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16 Além do livro existe um excelentedocumentário em vídeo com duração de 27minutos que traz umasíntese da temáticaabordada.

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COLETIVOS EDUCADORESpor Luiz A. Ferraro Júnior e Marcos Sorrentino

O coletivo educador é a união depessoas que trazem o apoio de suasinstituições para um processo deatuação educacional em um território.Deve se const i tu i r como umaComunidade Aprendente (Brandão,2005), uma Comunidade Interpretativa(Avanzi e Malagodi, 2005), um grupo dePesquisa-Ação-Part ic ipante-PAP(Viezzer, 2005), um grupo de Pessoasque Aprendem Participando-PAP(Sorrentino, 2005), forjando-se comouma Comunidade de Destino (Bosi,1995) de Vida e de Sentido (Morais,2005 e outros), uma ComunidadeAfetiva (Halbwachs, 1990), um lugar/momento para os “bons en -contros” (nosentido Espinosano dos encontros queampliam nossa potência de ação), enfimum grupo no qual educadores searticulam, pessoal e profissionalmente,para o Encontro (no sentido Buberianodo encontro humanizador) e para aPráxis (no sentido Gramsciano, da ação-reflexão dialética na realidade histórica).

Ao definir a idéia de ColetivoEducador que nos anima é importantereforçar as duas dimensões, subjetiva eobjet iva, que fazem do Colet ivoEducador um espaço tão útil quantobelo.

A dimensão do belo é a do ColetivoEducador como um pouco da Utopia

agora e aqui! Os que sonhamos ummundo em que as relações humanas es o c i a i s n ã o s e r e s u m a m a ofuncionalismo, ao utilitarismo, aomonetário, não resistiríamos se nãopudéssemos viver isso já, no encontrocom aque les companhe i ros ecompanheiras que fazem sentir quepartilhamos buscas que transcendem anós mesmos, nosso tempo biológico,aqueles que ao final de uma conversanos fazem ficar pensando, encontrandoo “Outro” (vivendo aAlteridade enquantoum encontro humanizador) e pensando“que bom”, é o próprio destino buscadoacontecendo aqui e agora. Esta é umadimensão de transcendência queremete à reflexão sobre o ColetivoEducador e aos concei tos deComunidade de Destino, ComunidadeAfetiva, Comunidade de Vida, ao espaçodo Encontro, da Alteridade, da Potênciade Ação. São espaços da “tecedura docoletivo nômade” e “da engenharia dolaço social”, nos quais predominam a“hospitalidade”, a “capacidade de ser” eo “aumento dapotência” (Levy, 1998).

A dimensão do útil refere-se aoColetivo Educador como grupo deprofissionais que se aproximam parasuperar lacunas e dificuldades epotenc ia l i za r as qua l idades ecapacidades de cada instituição, decada pessoa, para possib i l i tarprocessos de educação ambientalpermanentes, articulados, continuados

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e voltados a totalidade de habitantes deum determinado território. Constitui onúcleo de planejamento pedagógico deum amplo programa educacional e dedesenvolv imento de processosf o r m a t i v o s d e f o r m a d o r e s d eeducadoras(es) ambientais e seusgrupos de Pesquisa-Ação-Participante.Grupo que compartilha observações,visões e interpretações da mesma formaque planeja, implementa e avaliaprocessos de formação de educadoresambientais.

O papel de um Coletivo Educador épromover a articulação de políticaspúblicas, reflexões críticas aprofun -damento conceitual, instrumentalizaçãopara a ação, proatividade dos seusparticipantes e articulação institucional,visando a continuidade e sinergia deprocessos de aprendizagem de modo apercolar, de forma permanente todo otecido social do território estipulado.

O s C o l e t i v o s E d u c a d o r e sfavorecem a continuidade e perma -nência dos processos educacionais, aconsistência e adequação das pro -postas de formação, a otimização derecursos locais, regionais e federais, aampliação das cargas horárias deformação, a articulação de programas eprojetos de desenvolvimento territorialsustentável, pois processos amplos,continuados e que perpassem todo otecido social dependem de umaconjunção de recursos e competênciasque não se encontram numa únicainstituição.

Por meio de Coletivos Educadoresas ins t i t u i ções e mov imen tosrelacionados ao campo da educaçãoambiental poderão articular suaspolíticas de formação de gestorespúblicos, conselheiros, técnicos,agentes de desenvolvimento local,educadores, professores e liderançasem geral, assim como qualificar seusforos de participação social e suasintervenções educacionais voltadas àcriação e ou aprimoramento deestruturas e espaços que tenhampotencialidade de atuação comoeducadoras na direção da susten -tabilidade.

O Coletivo pode ser constituído poreducadores de diferentes instituiçõesque desenvolvam ações formativas nocampo da educação ambiental, daeducação popular, da formação deprofessores, da extensão rural, daformação técnica socio -ambientalista,dentre os mais diferentes setores, nasUniversidades, nas Secretarias deEducação, nas Secretarias de MeioAmbiente, nos NEAs do IBAMA, nasONGs, nas Pastorais, nas FederaçõesSindicais, nas CIEAs, nas Redes deEducação Ambiental, nos MovimentosSociais.

O objetivo de um Coletivo Educadoré p r o m o v e r r e f l e x ã o c r í t i c a ,aprofundamento conceitual, instru -mentalização para a ação, proatividade

Quem compõe

Objetivos

Justificativa

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dos seus participantes e articulaçãoinstitucional visando a continuidade esinergia de processos de aprendizagemde modo a percolar, de formapermanente todo o tecido social daregião foco. O Coletivo Educador deveser demarcado por um território depertencimento, que pode ser geográfico,setorial ou simbólico (Zaoual, 2003, falados Sítios Simbólicos de Perten -cimento).

Só um Coletivo contextualizado éefetivamente capaz de responder aosdesafios peculiares a cada território. Aarticulação dos esforços e a valorizaçãodas competências regionais permitem aconsecução do objetivo de democratizaruma política pública e não limitar suaexecução a poucos projetos piloto. Aconstituição do coletivo educador ée s t r a t é g i a e s s e n c i a l p a r a aimplementação de políticas públicasfederais, estaduais e municipais degestão e educação ambiental, além daelaboração de políticas públicas noâmbito dos contextos onde atuam. Pormeio dos Coletivos Educadores osdiversos Ministérios com atuação juntoaos temas da educação ambiental,diversidade, qualidade de vida,autonomia, emancipação e participaçãosocial poderão articular suas políticas deformação de gestores públicos,conselheiros, técnicos, educadores,professores e lideranças em geral

Coletivos Educadores devemassumir-se enquanto grupo dePesquisa-Ação-Participante, isto

implica em um processo permanente deação- re f l exão , de pesqu isa eintervenção, de análise, de deli -neamento participativo de estratégias,implica também em procedimentosdemocráticos, não hierarquizados etransparentes.

Os Coletivos Educadores devempromover processos sincrônicos def o r m a ç ã o d e e d u c a d o r e s ,educomunicação, educação por meio deforos e coletivos e educação por meio deestruturas educadoras, além dos cursose estruturas educadoras, além doscursos e processos continuados deformação de educadores e educadorasambientais, numa perspectiva decapilarização para toda a base territorialao qual se destina, utilizando distintasmodalidades e estratégias de ensino/aprendizagem, através da constituiçãoe articulação de diversos grupos deeducadores ambientais (de acadêmicosa populares) que atuem nos maisdiferentes contextos desse território.Estes grupos, articulados com osPoderes Públicos Municipais e outrasdiferentes instituições (empresas,organizações não governamentais,movimentos sociais, movimentossindicais, pastorais etc...) avaliarão,planejarão e desenvolverão projetos epráticas voltadas à constituição de cadamunicípio do território como umMunicípio Educador Sustentável – MESe o território, como um todo, como umTerritório Educador Sustentável.

Um Coletivo de EducadoresAmbientais pesquisa seu contexto nosentido de valorizar as diferentes

Como atuam

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práticas sociais existentes, paradesenvolver uma capacidade de efetivodiálogo de saberes, pesquisa paraconhecer as redes sociais, os fluxos decomunicação e, principalmente,pesquisa “com” e não apenas “sobre” ou“para” seus públicos.

Frente a esta diversidade o ColetivoEducador deverá desenvolver múltiplasestratégias, linguagens, espaços, meiose modalidades de formação. Umaspecto chave a ser desenvolvido é oCardápio Regional de Ações Formativasque reúne as diferentes competênciasregionais nos formatos mais diversos,tais como oficinas, cursos, vídeos,palest ras, d isc ip l inas, espaçoseducadores, textos, vivências paraserem acessadas autonomamentepelos coletivos de educandos. A idéia docardápio dialoga com o conceito daSociologia das Emergências deBoaventura de Sousa Santos, osconhecimentos, técnicas, formas deprodução, de consumo, de lazer, deexpressão cultural, de arte, devem vir àtona através de uma sociologia dasemergências que (re)coloque toda ariqueza de um dado contexto comoopções para o caminho; a pertinência decada ítem deve ser julgada ética,política, técnica e esteticamente pelogrupo social, segundo múltiplosparâmetros, isto ajuda a enfrentar a“sociologia das ausências” que aracionalidade econômica opera aotransformar em inút i l , arcaico,anacrônico, dispensável, esquecível,abandonável tudo o que não se inscrevena sociedade com valor de troca viável.Assim, o cardápio é progressivo;

conhecimento acadêmico e técnicocientífico estão mais presentes nasinstituições como academias e ONGs,entretanto conforme o ColetivoE d u c a d o r v a i e n c o n t r a n d o asociodiversidade do contexto vãosurgindo outros saberes: saberes barco,peixe, árvore, cesta, comida, jogos,festa. E como diz O’Connor (2003, p.49)“Qualquer que seja o caso, o que menosnecessitamos é de fracionalistas,sectarismo, linhas corretas – aocontrár io, precisamos examinarcriticamente todas as fórmulas políticasdesgastadas pelo tempo e desenvolverum espírito ecumênico para celebrarnossos bens comunais, velhos e novos,tanto como nossas diferenças.”

O público diretamente envolvido noprocesso educativo, a ser implementadopelo Coletivo Educador, deve sercomposto, por exemplo, por liderançascomunitárias, professores, agentes des a ú d e , t é c n i c o s m u n i c i p a i s ,participantes de sindicatos e federaçõesde trabalhadores, movimentos sociais,Ongs, etc. São grupos dialógicosempenhados em interpretar o contexto eenfrentar as assimetrias de poder elinguagem dentro do grupo na definiçãoe busca do futuro desejado.

As intervenções educacionaisdesenvolvidas por estes ColetivosEducadores visam a formação deeducadores e de outros coletivos deP e s q u i s a - A ç ã o - P a r t i c i p a n t econstituídos da máxima diversidade erepresentatividade social, cultural e

Com quem atuam

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política possível no contexto. Destaforma seus públicos envolverãolideranças de movimentos, sindicatos,associações, técnicos de ONGs,pastorais, prefeituras, órgãos públicos,empresas, professores, jovens,ambientalistas, animadores culturais. Aforma de constituir os grupos deeducandos deve v is lumbrar oenvolvimento de 100% dos setores eterritórios da região, podendo serf o r m a d o s d i f e r e n t e s g r u p o shomogêneos ou heterogêneos. Éobjetivo que estes grupos de educandosvão se articulando como ComunidadeInterpretativa e de Aprendizagem e queatuem juntos como grupo de Pesquisa-Ação-Participante.

a Rede Universitária deProgramas de Educação Ambiental éum exemplo de um Coletivo Educadorsetorial, ou seja, voltado ao setoracadêmico. Há nas universidadesbrasileiras um grande número deiniciativas no campo da formação deeducadores ambientais, entretanto,cada universidade isoladamente carecede recursos, de espaços institucionais,de quantidade de prof issionaisengajados na área. Três Universidades(UESB-Universidade Estadual doSudoeste Baiano, UEFS – UniversidadeEstadual de Feira de Santana e USP-Universidade de São Paulo), em 1999,começaram a se articular para que cadauma delas pudesse, partilhandorecursos, profissionais e materiais,realizar um programa de formação deeducadores ambientais. Esta iniciativa,

que se provou extremamente frutíferapara todas as envolvidas deu origem àRUPEA que hoje articula mais de 12universidades que têm partilhado edesenvolvido projetos em comum,refletido e sugerido políticas públicas emdiálogo com o Órgão Gestor da PNEA.

criada em 1997, apart i r de uma art iculação dascomunidades da região de Monte Santo,a EFASE (Escola Família Agrícola doSertão) foi criada em virtude danecessidade sentida pelos camponesesde oferecer a seus filhos e filhas umaeducação formal que não os des -valorizasse, não os estimulasse aoafastamento das comunidades e que aocontrário fortalecesse os vínculos com ocampo, com suas comunidades e comuma ação voltada ao desenvolvimentolocal. O sucesso desta escola foi fruton ã o s o m e n t e d a m o b i l i z a ç ã ocomunitária, mas também de umconjunto de instituições da região queforam respaldando sua construção. Hojea EFASE desempenha um papelarticulador interinstitucional, agregandoinstituições como PROCUC (ProgramaCuraçá-Uauá- Canudos), IRPAA(Instituto Regional da PequenaA g r i c u l t u r a A p r o p r i a d a ) , M PA( M o v i m e n t o d o s P e q u e n o sAgricultores), CPT (Comissão Pastoralda Terra), Sindicato dos TrabalhadoresRurais (STR) de Monte Santo, STR deItiúba, Prefeitura Municipal de Itiúba(através de sua secretar ia deeducação), Central das Associações deFundo de Pasto de Senhor do Bonfim,CETA (Movimento Estadual de

Exemplos

RUPEA:

Organizações e Movimentos deMonte Santo (BA):

COLECIONA: coletivos educadores

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Trabalhadores(as) Acampados(as) eAssentados(as) da Bahia e UEFS(Universidade Estadual de Feira deSantana) em diversos projetos deformação de educadores e agentes dedesen -volvimento comunitário. Hoje,esta articulação envolve (e é envolvidapor) aproximadamente 12 municípios e150 comunidades rurais. Há partilha deresponsabilidades, construção demo -crática dos projetos, articulação decompetências (cardápios de apren -dizagem) e um grande avanço nosentido de superar sombreamentos econcorrências entre ações dasinstituições dando lugar a uma sinergiadas ações no âmbito regional.

játomando por base a teoria sobreColetivos Educadores que temossistematizado a partir de inúmerosreferenciais teóricos e práticos (como osexemplos acima), a DEA/MMA desde2004começou, em parceria com oPrograma Pantanal, a estimular acriação de oito Coletivos Educadores noâmbito da Bacia do Alto Paraguai(estados de MT e MS). Foram realizadasreuniões para discutir a proposta com asinstituições da região e hoje, o ColetivoEducador de Cuiabá reúne diversasinstituições de diferentes setores comoUFMT (Universidade Federal do MatoGrosso), ECOPANTANAL - Instituto deEcologia e Populações Tradicionais doPantanal, Federação dos Pescadoresdo Estado de Mato Grosso, REMTEA(Rede Matogrossense de EducaçãoAmbiental), UNEMAT (UniversidadeEstadual do Mato Grosso), IBAMA-NEA,SEMA (Secretaria Estadual de Meio

Ambiente) , SEDUC (Secretar iaEstadual de Educação e Cultura),INCRA, SENAR (Serviço Nacional deAprendizagem Rural), UNIRONDON(Faculdades Integradas CândidoRondon) , CEFET-MT, ADERCO(Associação de Defesa do Rio Coxipó),AMEMATOGROSSO (AssociaçãoMatogrossense de Ecologia), UNIVAG-Centro Universitário, FORMAD (FórumMatogrossense de Meio Ambiente eDesenvolvimento). Atualmente, estecoletivo já possui um amplo cardápio deaprendizagem regional, um corpo deprofissionais para orientação deeducandos, seu projeto políticopedagógico elaborado, já vemdesenvolvendo projetos de formaçãointerna e neste momento (set/2005) estáem processo de formatação de váriosc o n v ê n i o s q u e g a r a n t a m as u s t e n t a b i l i d a d e d o p r o c e s s oindependente do estímulo federal.

A proposta surgiu daarticulação entre a equipe da ItaipuBinacional e da DEA com o intuito dedesenvolver um Programa de EducaçãoAmbiental com base na proposta(ProFEA) da DEA/MMA na região daBacia do Rio Paraná III, que envolve 34municípios. Após esses diálogos ediscussões sobre o programa elaboradopela DEA, o passo seguinte foi aassinatura de um convênio entre a ItaipuBinacional e o MMA, além daconsolidação de parceria com o IBAMAatravés do Parque Nacional do Iguaçu.Hoje o Coletivo Educador envolve alémda Itaipu-Binacional e do Ibama-Parque

Coletivo de Cuiabá e região:

Coletivo Educador da Bacia doParaná III e Entorno do Parque Nacionaldo Iguaçu:

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COLECIONA: coletivos educadores

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Nacional do Iguaçu instituições dediversos setores como a UNIOESTE,Secretaria de Educação do Estado doParaná, Secretaria Municipal de MeioAmbiente de Foz do Iguaçu, asPrefeituras dos 34 municípios, aSANEPAR, o MST, a ONG Maytenos,UNIGUAÇU, EMATER-PR, AMOPE(Associação dos Municípios do Oeste doParaná), Conselho dos MunicípiosLindeiros do Lago. A partir doestabelecimento de parcerias foidefinida a constituição de um Coletivocomposto por três núcleos articulados:Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo. Foielaborado, através de reuniões detrabalho nos núcleos, um ProjetoPolítico Pedagógico para o coletivocomo um todo, contendo ítens decardápios compartilhados entre os trêsnúcleos. Já se desenvolveramdiscussões sobre critérios de seleçãodos Formadores de EducadoresAmbientais Populares nos núcleos eseminários de formação e apropriaçãocrítica da proposta pelo grupo dasinstituições. Atualmente está emandamento o processo seletivo doseducandos (PAP3 – formadores deeducadores ambientais populares) eestá previsto o primeiro módulo deformação para novembro de 2005.

• Reunião de Articulação: umainstituição articuladora, setorial outerritorial, reúne um pequeno conjuntod e i n s t i t u i ç õ e s q u e t a m b é mdesempenham atividades formativas nocampo da educação ambiental,

educação popular, educomunicaçãoambiental, formação de educadores,formação de professores... Nestareunião, é apresentada e debatida aproposta de um Programa de Formaçãode Educadores Ambientais (podendo-setomar por base o programa elaborado edisponibilizado pela DEA/MMA), inicia-se um primeiro levantamento das açõesrealizadas ou planejadas e das outrasinstituições que possam contribuir com oColetivo Educador. Uma agenda detrabalho pode ser organizada parasocialização interna às instituições, paramapeamento e articulação de outrasinstituições correlatas. É importante quese defina um recorte territorial prévio aser envolvido pelo Coletivo Educador.

• Of ic ina de trabalho paraConstituição do Coletivo Educador: como objetivo de constituir e planejar otrabalho do Coletivo Educador debate-se e aprofunda-se o entendimento ecomprometimento com uma perspectivacrítica, emancipatória e popular deeducação ambiental, sistematizam-seas experiências acumuladas pelasinstituições presentes para formação doprimeiro Cardápio Regional de AçõesFormativas, avaliam-se as estratégiasmais interessantes para envolvimentoda região, seus poderes públicos es o c i e d a d e c i v i l . P a r a aoperacionalização das ações pode-sedividir o Coletivo Educador emsubgrupos ou núcleos que possam teruma agenda mais sistemática deencontros. Quando necessário, pode-sed e f i n i r u m G r u p o A r t i c u l a d o roperacional, representativo do ColetivoEducador.

Alguns passos para organizar os

Coletivos Educadores

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COLECIONA: coletivos educadores

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• Articulação Político-Institucional: ogrupo articulador do Coletivo Educadorbuscará envolver instituições quepossam dar tanto um suporte logístico-financeiro quanto político-pedagógico àproposta. O mapeamento dos recursosfinanceiros, materiais e humanosd i s p o n í v e i s é c h a v e p a r a aexeqüibilidade da proposta. Outro papeldesta etapa de articulação político-institucional é criar as bases jurídicasnecessárias para o envolvimento dosprofissionais e suas instituições noColetivo Educador.

• Aprofundamento e debate sub-regional: em cada sub-região osmembros do Coletivo Educadorsistematizam seu cardápio, definemcompetências para tutoria de educandose planeja os demais papéis. É defundamental importância que este gruposub-regional inicie um mapeamento dasexperiências sociais dos locais, as redessociais, as estruturas educadoras, osgrupos, a segmentação social e outrosaspectos fundamentais para a seleçãode educandos, para a valorização dasexperiências populares, para o diálogode saberes e para a ampliação docardápio. A formação dos grupos dePesqu isa -Ação-Par t i c ipan te deeducandos pode es ta r sob aresponsabilidade de uma instituição oude frações do Coletivo Educador que,neste caso, reportam-se a ele comoreferência para coordenação das açõesna região (como no exemplo do coletivodo Paraná-III).

• Elaboração da proposta deformação: numa oficina, em um outro

momento ou a partir de um grupo menordo Coletivo Educador elabora-se umaproposta de Formação Continuada dePessoas que Aprendem Participando,construindo a sua sincronicidade com osd e m a i s p r o c e s s o s f o r m a t i v o sdesenvolvidos ou planejados peloColetivo.

• Seleção de educandos edesenvolvimento das propostas deformação: o Coletivo Educador deveráarticular todo o processo seletivo dosformadores de educadores ambientaisde modo a envolver a diversidade sociale territorial do contexto em questão. Aspropostas de formação desenvolvidaspelos núcleos deverão atingir umprofundo diálogo e interdependência,inclusive permitindo que os educandospercebam-se como parte de umprocesso regional-nacional, servindo-sedo amplo conjunto de opções -cardápio-resultante do mesmo.

• Avaliação/re-planejamento earticulação permanentes: o ColetivoEducador deverá se reunir para avaliar oandamento das propostas, desenvolverestratégias de avaliação dos projetos deintervenção dos educandos, reorientaras propostas de formação, elaborarmateriais de apoio pedagógico e sempreque necessário constituir grupostemáticos transversais às sub-regiõesatendendo às necessidades deconteúdos e inst rumentos doseducandos.

1) Quem são as instituições denosso território que, de alguma forma,

Algumas perguntas orientadoras

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promovem processos de formação ouintervenções educacionais?

2) Quais os desafios da educaçãoambiental crítica no nosso contexto?

3) Que formação devemos ter eoferecer enquanto educadores eeducadoras ambientais?

4) Como um programa de educaçãoambiental poderia envolver TODO onosso contexto?

5) Como nossas instituições devemse articular para realizar um programacontinuado de Formação de EducadoresAmbientais?

6) Quem são, no nosso contexto, aspessoas que poderiam desempenhar opapel de formadores de educadoresambientais populares de modo aenvolver TODAS as pessoas?

Filme: “Quase dois irmãos”

Direção: Lúcia Murat; Duração: 102minutos. Conta a história de doispersonagens de origens distintas, umpreso comum e um preso político quetornando-se amigos dentro da prisão sãoarticuladores de movimentos coletivosde naturezas distintas.

Curtas: BrasilAlternativo

Direção: Renato Levi; Produção: TVCultura e Instituto Ecoar para aCidadania. São seis curtas relatandoexperiências de articulação entrepessoas e grupos buscando melhorqualidade de vida.

BOSI, E. Memória e sociedade:lembranças de velhos. São Paulo:Companhia das Letras, 1995.

BARBIER, R. Pesquisa-ação nainstituição educativa. Rio de Janeiro:Zahar, 1985.

_____. A pesquisa-ação. Brasília: Ed.Plano, 2002.

BRANDÃO, C.R. (Org.). Pesquisaparticipante. 3 ed. São Paulo:Brasiliense, 1981.

_____. O ardil da ordem, caminhos earmadilhas da Educação Popular. 2.ed. Campinas: Papirus, 1984.

_____. (Org.). Repensando a pesquisaparticipante. São Paulo: Brasiliense,1999.

_____. A pergunta a várias mãos: aexperiência da pesquisa no trabalho doeducador. São Paulo: Cortez, 2003.

CARVALHO, I.C.M. A invenção dosujeito ecológico: sentidos e trajetóriasda educação ambiental no Brasil. PortoAlegre: Ed. Universidade do RioGrande do Sul.

GUIMARÃES, M. A formação deeducadores ambientais. Campinas:Papirus, 2004.

HALBWACHS, M. A memória coletiva.São Paulo: Vértice, 1990.

LÉVY, P. A inteligência coletiva - poruma antropologia do ciberespaço. SãoPaulo: Loyola, 1998.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE.Diretoria de Educação Ambiental.Textos diversos. Disponível

Aprofundamento

Referências Bibliográficas

COLECIONA: coletivos educadores

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 37Ano 1 - Edição 1

Page 38: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

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ZAOUAL, H. Globalização ediversidade cultural. São Paulo: Cortez,2003.

SOUSA SANTOS, B. A crítica da razãoindolente: contra o desperdício daexperiência. São Paulo: Cortez, 2000.

_____. Por uma sociologia dasausências e das emergências.Disponível em:http://www.ces.fe.uc.pt/bss/documentos/sociologia_das_ausencias.pdf.

reimp. Buenos Aires: CLACSO, p.27-52, 2003.

ZAOUAL, H. Globalização ediversidade cultural. São Paulo: Cortez,2003.

1 Baruch de Espinosa, filósofo judeu-holandês do século XVII, sua principal obraé a “Ética demonstrada à maneira dosgeômetras” publicado em português pelaAbril Cultural.

2 Martin Buber, filósofo judeu-polonês,suas obras mais conhecidas são “Eu e tu”,“Socialismo Utópico” e “Sobrecomunidade” trabalhou a questão daalteridade e da ética nas relaçõesinterpessoais.

3 Antonio Gramsci, pensador políticoitaliano, sua principal obra são os “DosCadernos do Cárcere”, trabalhou temas

como Estado e sociedade civil, nestacitação destacamos sua concepção sobrea ação política, para a qual podemossugerir a obra de SEMERARO, G. Gramscie a sociedade civil: cultura e educaçãopara a democracia. Petrópolis: Vozes,1999. 279p.

4 Este programa está sendo desenvolvidopela DEA/MMA e está disponível no site:www.mma.gov.br/educambiental

COLECIONA: coletivos educadores

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Viveiros Educadores:

Plantando Vida

É cada vez mais evidente anecessidade da participação popular emprocessos que busquem inverter al ó g i c a d o d e s e n v o l v i m e n t oa c o m p a n h a d o d a d e g r a d a ç ã oambiental.

O envolvimento em ações dessanatureza oportuniza a reflexão sobre osfatos, razões e interesses pelos quaisnossa sociedade seguiu nessa direção.Refletir sobre tais aspectos é essencialpara questionarmos as escolhas feitas ecompreendermos que é possível trilharoutros caminhos, calcados pelasolidariedade, pela universalização daqualidade de vida, pela valorização doambiente, e do ser humano, comosujeito atuante na construção de ummundo melhor.

A problemática ambiental éextremamente complexa, envolve emsua raiz questões de caráter social,econômico, político e cultural, e deve serencarada de forma ampla, conjugandoesforços nas mais diferentes frentes deatuação, para que as transformaçõesalmejadas tornem-se realidade.

Nesta jornada é importanteutilizarmos de forma intencional econsciente os espaços e estruturasexistentes em nossa sociedade compotencia l para a formação de

educadoras e educadores ambientaiscapazes de irradiar pró-atividade ecomprometimento, e com isso, contagiarcada vez mais pessoas dispostas acontribuir.

Espaços e estruturas educadorassão aquelas que demonstram, oupodem demonstrar, alternativas viáveispara a sustentabilidade frente ao modelohegemônico de desenvolvimento,p o s s i b i l i t a n d o o a p r e n d i z a d ovivenciado, dialógico e questionadoracerca das temáticas nelas abordadas.

Viveiros florestais, ciclovias, hortasorgânicas, faixas de pedestre, jardins deervas medicinais, salas verdes, museus,centros de educação ambiental entreoutras, são exemplos de estruturas eespaços que podem assumir essepapel.

O processo de aprendizagemdesencadeado pe la u t i l i zaçãointencional destas estruturas buscaproporcionar a reflexão crítica sobre osdiferentes aspectos que a cercam,estimulando as pessoas a realizaremações em prol do bem-estar coletivo,assim como a rever valores, métodos eobjetivos.

O que transforma uma estruturasimples, utilizada cotidianamente deforma despercebida, em uma estruturacheia de significados e aprendizados, é

COLECIONA: viveiros educadores

por Gustavo Nogueira Lemos

Renata Rozendo Maranhão

Ano 1 - Edição 1

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a qualidade das relações que semantém com ela e dentro dela.

Nesse sentido, um bom exemplo deestrutura que poderia ter apenas umcaráter produtivo, ou mesmo comercial,mas apresenta um enorme potencialeducador, é o viveiro florestal.

O p r o j e t o “ V I V E I R O SEDUCADORES” busca estimular,orientar e apoiar a implantação deviveiros florestais como espaço deaprendizagem, estimulando os viveirosjá existentes a perceber, a valorizar e aincorporar a dimensão educadora emsuas atividades.

Dest ina-se a educadoras eeducadores ambientais, viveirosflorestais em atividade, grupos einstituições organizados que possamdeflagrar esse processo em suascomunidades, e ainda, a todos quetenham interesse em se aprofundar nat e m á t i c a e c o n t r i b u i r p a r a atransformação de sua realidade.

Pretende-se assim dar mais umpasso para efetivar o alcance daEducação Ambien ta l c r í t i ca eemancipatória, atendendo a crescentedemanda por subsídios que orientemtécnica e pedagogicamente a produçãode mudas e o plantio de árvores, comoum processo continuado de

aprendizagem, extrapolando ap e r s p e c t i v a p o n t u a l q u e t e mcaracterizado historicamente essaatividade.

Reflorestar as áreas nativas

degradadas e requalificar os espaçosurbanos é um desafio enorme enecessário, que deve ser abraçado portodos. Trata-se de uma demandaprioritária em todo o planeta, seja pelaimportante função que a vegetaçãoexerce na manutenção dos recursoshídricos e regulação do ciclo hidrológico,pela proteção e fertilização dos solos,pela perpetuação da fauna silvestre ou,ainda, por estimular a reflexão sobre quemedidas podemos tomar frente aoeminente avanço do aquecimentoglobal.

Nosso desejo é que os ViveirosEducadores sejam mais do que umapolítica pública; indo além, comoi n s t r u m e n t o s p o p u l a r e s d etransformação, enraizados em toda asociedade brasileira, contribuindo para oresgate e a construção da “cultura dop lan ta r ” , p resen tes tan to nascomunidades rurais quanto no meiourbano, em suas instituições, escolas,bairros e lares, fortalecendo as relaçõespessoais, os laços afetivos, e cativandocada vez mais pessoas dispostas arefletir e agir na direção de um mundomais justo e equilibrado para todos.

Viveiros Educadores são espaçosde produção de mudas de espéciesvegetais onde, além de produzi-las,desenvolvem-se de forma Intencionalprocessos que buscam ampliar aspossibilidades de construção deconhecimento, exercitando em seusprocedimentos e práticas, reflexões quetragam em seu bojo o olhar crítico sobre

O que são Viveiros Educadores?

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COLECIONA: viveiros educadores

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questões relevantes para a EducaçãoA m b i e n t a l , t a i s c o m o : é t i c a ,sol idar iedade, responsabi l idadesocioambiental, segurança alimentar,inclusão social, recuperação de áreasd e g r a d a d a s , e n t r e o u t r a spossibilidades.

São espaços onde a produção demudas é tratada como porta de entradapara reflexões mais profundas sobre asc a u s a s e p o s s i b i l i d a d e s d eenfrentamento para a problemáticasocioambiental.

Um viveiro florestal pode ser umasimples fábrica de mudas, conduzidometodicamente, sem estabelecernenhum tipo de reflexão acerca dacomplexidade envolvida.

N o e n t a n t o , a o r e f l e t i r - s eintencionalmente sobre a forma como oser humano tem se relacionado com oambiente, as causas e efeitos dosproblemas socioambientais vividos,assim como as diferentes possibilidadesde atuação, o processo de produção demudas passa a ter outro significado,mais amplo e profundo.

A produção de mudas e o plantio deárvores são temas geradores bastanteeficientes. Por meio deles é possívelestimular o alcance da compreensãosistêmica que a questão ambientalexige.

Desde que conduzido de formapedagógica e questionadora, o viveiropode estimular o surgimento de novasiniciativas que complementem efortaleçam a atuação de grupos e

instituições que desenvolvem processosde EducaçãoAmbiental em todo o país.

Para tanto, é necessário estruturar-se e caminhar na direção da construçãode um projeto político

pedagógico que oriente a conduçãode todo o processo.

É nesse movimento de construçãoco le t i va em que as d i ve r saspossibil idades de abordagem eaprendizagem são exploradas eorganizadas com o intuito de despertar oespírito crítico, que o viveiro passa a tersua dimensão educadora exercitada.

Há no território brasileiro umagrande diversidade de tipos de viveirosdestinados à produção de mudas deinúmeras espécies vegetais. Elespodem ter caráter e destinação variável,apresentando diferentes modos deprodução e objetivos.

Existem viveiros destinados àp r o d u ç ã o c o m e r c i a l , p a r a oautoconsumo, com finalidade deinclusão social, com caráter técnico-científico, além da finalidade educativa,seja em uma perspectiva de formaçãode educadores ambientais ou mesmoprofissionalizante.

Alguns são altamente tecnificados eautomatizados, enquanto outros sãosimples, com baixo investimento emcapital, e totalmente operacionalizadosmanualmente. No entanto, todos ostipos de viveiros são capazes de assumirum caráter educador, desde queadequadamente conduzidos.

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COLECIONA: viveiros educadores

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As ações propostas pelos gruposenvolvidos com o viveiro devemdesencadear o surgimento de projetosque tenham poder de influência etransformação da comunidade em queestá inserido, exercitando a posturaativa e cidadã dos envolvidos.

Nesse sentido, o viveiro educadorpode desempenhar um importante papelem processos de educação ambiental,tendo como objetivo contribuir para aviabil ização das transformaçõessocioambientais necessárias ao resgateda qualidade de vida e do bem-estarhumano.

Livro: Vivei ros Educadores:plantando vida. Organização: GustavoNogueira Lemos e Renata RozendoMaranhão. Brasília, MMA, 2008.

Este livro está disponibilizado no sitedo DEA/MMA- http://www.mma.gov.br.

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Coletivos Jovens de Meio Ambiente

e COM-VIDA na Escola:A geração do futuro atua no presente

por Fábio Deboni, Soraia Silva de Mello

e Rachel Trajber

Um começo

Olhe à sua volta. Perceba que osjovens estão muito mais presentes eatuantes na sociedade do que a genteimagina. Muitas vezes vinculamosjuventude à violência e às atividadesinconseqüentes; porém vemos tambémjovens cada vez mais trazendoinovações e ocupando espaços napolítica (vereadores, deputados e emONGs), no mundo do trabalho, eprincipalmente na mídia, no meioartístico e cultural. .

Porém, assim como há muitosjovens desarticulados politicamente,também é crescente sua articulação emmovimentos sociais e culturais,movimentos de luta pelos direitoshumanos, pela igualdade racial, pelaliberdade de orientação sexual, pelotrabalho, educação e saúde. Estesmovimentos são também políticos,assim como os estudantis, maisconhecido pela tradicional atuação dosgrêmios estudantis, diretórios deestudantes e organizações como aUnião Nacional dos Estudantes (UNE),União Brasileira dos EstudantesSecundaristas (UBES) ou da JuventudeCatólica / Pastoral da Juventude. Alémdesses , os jovens se organizam em

uma multiplicidade de tribos deskatistas, surfistas, punks, torcidas defutebol, outras denominações religiosas...Podemos portanto falar em juventudes.

Os Coletivos Jovens compõem ummovimento de juventude pelo meioambiente que tem como bandeira umanova política, esta nova política éambiental. Para além disso, umab a n d e i r a q u e c o n d i z c o m acompreensão que tem animado o ÓrgãoGestor da Política Nacional deEducação Ambiental desde 2003:- toda educação ou é ambiental, ou não éeducação; - toda ação ambientalista oué educadora, ou não é ambientalista;- toda educação ambiental ou étransformadora e popular, ou não éeducação ambiental!

A luta dos Coletivos Jovens é de ummovimento autônomo, horizontal, auto-gestionado e que atua em rede, aREJUMA – Rede de Juventude peloMeio Ambiente e a Sustentabilidade.Eles lutam pelo seu direito de participarcom voz ativa nos processos, projetos eações que envolvem diretamente asjuventudes, ampliando-os. Não queremapenas ser receptores – o famoso“público-alvo”, “clientela” – nem mesmoserem chamados de protagonistas pelosprodutores de projetos. Querem, sim,atuar em movimento e estar junto comoutras gerações na condução do queinfluencia sua vida. Neste âmbito,

COLECIONA: com-vida

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promovem encontros estaduais eregionais de juventude e meio ambiente,se inserem nas políticas públicas,constroem projetos próprios, tecemredes.

Este trabalho trata de uma outradimensão do trabalho dos ColetivosJovens de Meio Ambiente: sua parceriacom o Órgão Gestor da Política Nacionalde Educação Ambiental, que desde agênese do movimento os apóia em umprocesso de construção conjunta. Emespecial foram explicitadas as açõeseducadoras e mobilizadoras realizadascom o MEC, no programa Vamos Cuidardo Brasil com as escolas.

Para a educação ambiental escolatem um papel fundamental nodesenvolvimento dessas novas políticasvoltadas para a construção desociedades sustentáveis. Com elasp o d e r í a m o s m u d a r o m u n d o ,transformar realidades! Talvez os jovensnão consigam transformar o mundotodo, mas certamente algum impactotrariam na nossa escola, comunidade,bairro. Imagine agora quantos jovenstêm, todos os dias, milhares de idéiasque sequer são compartilhadas?Quantas idéias são podadas antesmesmo de serem avaliadas?

Surgiu então uma idéia certa, nolugar certo, que alavancou os anseios demilhares de jovens. Em 2003, nogoverno federal, começa a se discutirum grande projeto que envolveria todo opaís em debates e decisões sobre meio

ambiente, pensando na sua situaçãoatual e em propostas para melhorá-la esolucionar problemas – a ConferênciaNacional do Meio Ambiente. Mas quemiria, afinal, participar de um projeto tãoimportante como esse? Os adultos, éóbvio.

Foi quando uma adolescente foiouvida por sua mãe, uma políticaeducadora ao questionar: “Por que osjovens também não poderiam ter umaConferência?” Foi um questionamentosimples, mas profundo, que dizia“estamos aqui, queremos e temoscondições de participar também” para apessoa certa: a Ministra do MeioAmbiente Marina Silva. A adolescente éa sua filha Mayara.

A partir dessa pergunta, adultos ejovens se reuniram para pensar emcomo v iab i l i za r essa idé ia : aConferência Nacional Infanto-Juvenilpelo Meio Ambiente (CNIJMA). Umaproposta simples, mas ousada:incentivar que todas as escolas do paísrealizem conferências de meio ambienteenvolvendo também a comunidade paradiscutir, levantando problemas locais epropondo ações para enfrentá-los.

Realizar conferências em milharesde escolas, diferente de encontrosseminários, fóruns, congressos, feirasde livros ou ciências, traz para os jovensa oportunidade de participar daspolí t icas ambientais. Ela incluimomentos de pesquisa, debate, troca deidéias e reflexões, e também momentosde priorização e tomada de decisões.Isso exige que todos passem a olhar

Aescola é o meio ambiente

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COLECIONA: com-vida

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para os problemas socioambientaismais urgentes e def inam qualresponsabilidade é possível tomar emcada escola e comunidade. Um outrotipo de decisão numa Conferência é aescolha de representantes – delegadase delegados dos anos finais do ensinofundamental, com idade entre 11 e 14anos – devem levar adiante aspropostas definidas coletivamente emsua comunidade.

Na primeira edição da ConferênciaNacional Infanto-Juvenil pelo MeioAmbiente, em 2003, houve uma grandepreocupação com sua coerênciaconceitual e implementação. Afinal, aidéia era que um projeto “infanto-juvenil”deveria ter a participação efetiva dosjovens em todas as suas etapas(planejamento, execução, avaliação).

A alternativa encontrada gerou osConselhos Jovens, os Cjs, gruposinformais que articulavam diversosmovimentos de juventude nos estadospara atuarem como parceiros namobilização das escolas para aConferência Infanto-Juvenil. Foramconvidados jovens organizados emmovimentos com diversas políticas,áreas de ações e bandeiras – estudantil,social, étnica, cultural, política etc.

Assim, foram criados 27 grupos deCJs, um em cada estado, geralmentenas capitais, devido a restrições detempo, naque le momento . Osparticipantes tinham entre 16 e 29 anosatuavam com alguns objet ivos

concretos:

- inserir uma nova pauta em seusmovimentos: a transversalidade do meioambiente;

- fortalecer as oportunidadades departicipação de delegados de juventudena Conferência Nacional (adultos) e;

- escolher os adolescentes eleitospelas escolas para participarem daConferência Infanto-juvenil pelo MeioAmbiente.

Os Conselhos Jovens foramorientados por três princípios básicos:

Jovem educa jovem: assume queentre jovens a comunicação flui commais facilidade, e que eles própriosensinam e aprendem entre si. Trocaminformações e experiências, negociamsituações, pensam e conversam sobre omundo e agem sobre sua própriarealidade. Trata-se, portanto, de umpr inc íp io p rá t i co que envo lveinterrelações entre os jovens dos CJs eos estudantes das escolas, bem comoentre os membros dos CJs e entreoutros jovens, estudantes ou não.

Jovem escolhe jovem: cabe aosjovens o processo de seleção dosdelegados eleitos nas escolas paraparticiparem da Conferência Nacional,em Brasília. Como não seria possívelque todos os delegados eleitos nasescolas fossem automaticamenteparticipar do evento final, o CJ cumpriaaí um papel importante de escolha dedelegados, a partir de critérios e de umregulamento.

Isso propiciou a formação dedelegações - na primeira e na segunda

De jovem para jovem

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edição da Conferência - bastantediversificadas, com representantes ded i f e ren tes e tn ias , popu laçõestradicionais, biomas e regiões do país(indígenas, ribeirinhos, quilombolas,meninos e meninas de rua, estudantesp o r t a d o r e s d e n e c e s s i d a d e seducacionais especiais, jovens docampo, de municípios do interior,meninos e meninas).

Esse processo foi levado tão a sérioq u e p o s s i b i l i t o u i n ú m e r o sdesdobramentos e inovações nasescolhas e indicações dos próprios CJspara representarem o movimento emfóruns, conselhos, comissões, trabalhosem escolas, entre outras situações.Essas eleições, sempre em rede (pelaREJUMA), de forma dialógica edemocrá t i ca , apon tam para acapacidade da juventude de construirnovas formas de convivialidade e deauto-gestão.

Uma geração aprende com a outra:a idéia não é a de isolar os jovens no seupróprio mundo, deixando-os por fora darealidade, como observamos atérecentemente. Este princípio trata daimportância do diálogo entre asdiferentes gerações (crianças, jovens,adultos, idosos) e em cada uma delas.Sabemos o quanto as pessoas maisexperientes e vividas podem por um ladoimpor os necessários limites aos jovense serem exemplos de vida, naorientação de caminhos e alternativasdesconhecidos. Por outro lado no papelde educadoras, essas pessoas podemreconhecer na juventude anseios,idéias, limitações e sonhos.

Inúmeras pesquisas antropológicastanto com seres humanos como tambémna observação de primatas mostram oquanto a juventude inova na linguagem,nos comportamentos e hábitos. Emseguida as inovações passam para asgerações mais velhas, sem que estasreconheçam a apropriação.

Se você é adulto (ou jovem há maistempo, como alguns dizem...) deve estarpensando: “por que isso não aconteceuquando eu era adolescente?!” “Se eutivesse tido essa oportunidade...” Come s s a v i s ã o d e a p r e n d i z a g e mintergeracional cabe aos adultos,educadoras e educadores – a aberturapara inovações com o reconhecimentodas responsabilidades assumidas pelosjovens envolvidos.

Cabe aos educadores potencializara s i n s t â n c i a s p e d a g ó g i c a sconstrutivistas e participativas como aConferência e a COM-VIDA, edecorrentes dela, propiciar aos jovens aoportunidade de criar, pensar, agir, fazer,da sua forma e por seus próprios meios,mas dentro dos limites estabelecidosconjuntamente.

Podemos dizer que atualmente asrelações internacionais se baseiam emdois pilares: a Declaração Universal dosDireitos Humanos, que têm um foco nosdireitos individuais e na dignidade daspessoas, e na Carta das Nações Unidas,com foco na paz e desenvolvimento dascomunidades humanas. Ambos os

O conceito de responsabilidade

e a Juventude

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documentos surgiram logo após aSegunda Guerra Mundial, em 1945; noentanto, é nos últimos cinqüenta anosque observamos grandes mudançasglobais, fazendo com que esses doispilares não sejam mais suficientes paralidarmos com os riscos presentes efuturos.

Um terceiro pilar foi proposto pelasociedade civil - cidadãos e cidadãs domundo - para compor um tripé dasrelações internacionais: a Carta dasResponsabilidades Humanas. Com issofica marcado que há uma diferença entre“direitos” e “responsabil idades”:enquanto todas as pessoas têm acessoaos direitos humanos, as nossasresponsab i l idades são sempreproporcionais aos nossos limites.Quanto maior a liberdade, o acesso àinformação, ao conhecimento e aopoder político e econômico de umapessoa ou grupo, tanto maior aresponsabilidade sobre suas ações.

E quem é responsável por perceberos problemas socioambientais? Osgovernos? A ciência? A economia? Asreligiões? Os adultos? Sabemos queuma grande concentração de poder erecursos se encontra nas mãos deadultos de algumas sociedades, demercados internacionais, de instituiçõescientíficas, tecnológicas e econômicas.Se nos sent imos frágeis paratransformar o modelo civilizatório injustoe predador, imaginem os jovens.Sozinhos e fragmentados, somos aindamais frágeis, no entanto, ao nosligarmos ao coletivo, nos empoderamose podemos transformar nossa realidade.

A palavra de origem inglesa( ), que deu origem aotermo “empoderamento”, pode parecerestranha, mas é especialmenteimportante para pensarmos a educaçãopopular, e em especial os movimentosde juventude. Ela significa a açãocoletiva desenvolvida pelas pessoasquando participam de espaços dedecisões e de consciência social dosseus direitos. Essa consciênciaultrapassa as iniciativas individuais debusca de conhecimento e de superaçãodas limitações da sua realidade.Nessesentido, o empoderamento da juventudedevolve poder e dignidade a quemprecisa de cidadania, e principalmenteamplia a liberdade de decidir sobre seupróprio destino com responsabilidade erespeito ao outro e ao meio ambiente.No caso de “uma geração aprende coma outra”, os jovens podem ensinar assuas comunidades a assumiremresponsabilidades pelo que acontececom a teia da vida.

O processo de Conferência Infanto-Juvenil, em suas duas edições, trouxes u r p r e s a s , c o m o a p o s t u r acompenetrada, responsável e maduradas delegações que vieram a Brasília.Os estudantes (de 11 a 14 anos) têmclareza do que querem: debaterpropostas e apontar caminhos agora,pois não vivem no futuro, mas nopresente. Um desses caminhos foi adeliberação da primeira conferência de

empowerment

Do jovem para a comunidade –

Com-Vida – comissão de meio

ambiente e qualidade de vida

na escola

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“criar conselhos jovens em todas asescolas” para dar vazão às idéias e àvontade dos jovens de “pôr a mão namassa” e fazer algo pelo meio ambiente,desde a escola.

A part i r dessa del iberação,interligando conceitos como os Círculosde Cultura do Paulo Freire, foitrabalhada a formação da Comissão deMeio Ambiente e Qualidade de Vida naEscola, a COM-VIDA. Ela surge parapromover maior integração entreestudantes, professores, funcionários ecomunidade, na escola, criando umespaço permanente para pensar e agirpe lo me io amb ien te . Os (as )delegados(as) da conferência sabiamque não adiantava falar sobre o assuntoapenas na Semana do Meio Ambiente,já que se trata de algo tão sério e vital.Era preciso constituir em cada escolaum espaço estruturante e permanentedentro da escola, que não seja fechadonele mesmo, mas que provoque acomunidade escolar a participar edebater o tema. E dessas COM-VIDASsurgeriam as novas gerações deColetivos Jovens.

Desde então as COM-VIDAS têmcrescido e se espalhado por milhares deescolas de todo o país, propondo ações,pensando e discutindo o tema,buscando soluções práticas paraenfrentar problemas ambientais locais.Sem dúvida, os próprios estudantesdevem ser os principais estimuladoresdas COM-VIDA, sempre apoiados porprofessores, funcionários e pessoas dacomunidade, mostrando que é possívelter os jovens à frente de suas questões.

A COM-VIDA faz Agenda 21 na Escola,com uma metodologia de construção deprojetos coletivos, com pesquisa-ação-participativa e um formato lúdico emetafóricos, chamada Oficina deFuturo, e que tem a “cara do jovem”.

E são os Coletivos Jovens queconduzem as Oficinas de criação deCOM-VIDAS, com base no princípio“jovem educa jovem”, demonstrandoassim a importância do princípio “Jovemeduca Jovem”, criando oportunidadespedagógicas de diálogo e discussãocoletiva a partir da realidade local(escola – comunidade). Os membrosdos CJs, neste processo, atuam comofacilitadores e educadores na medidaem que propiciam momentos deencontro e de troca de idéias entrejovens, com vistas a identificar osprincipais desafios a serem enfrentadose a levantar as ações necessárias paratransformar esta realidade. Desta formaestes jovens podem fazer o que melhorsabem: colocar a mão na massa, semsequer perceberem o quanto esteprocesso gera de impactos educativosem toda a comunidade escolar. Nestecaso, observa-se que o princípio “Umageração aprende com a outra” éexercido, de fato, numa via de mãodupla, demonstrando que há menosbarreiras entre sujeitos de geraçõesdiferentes do que se imagina.

BRASIL. Ministério da Educação.Secretaria de Educação Continuada,

PARASABER MAIS

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Alfabetização e Diversidade. FormandoCOM-VIDA – Comissão de MeioAmbiente e Qualidade de Vida naEscola: construindo Agenda 21 naescola. 2. ed. Brasília: MEC, 2006.Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/comvida.pdf>.______. Órgão Gestor da PolíticaNacional de Educação Ambiental.MMA. MEC. Juventude, cidadania emeio ambiente: subsídios para aelaboração de políticas públicas.Brasília: MMA, MEC, 2006. Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/jcambiente.pdf>.

______.______.Manual orientador:coletivos jovens de meio ambiente.Brasília: MMA, MEC, 2006. Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/cjs.pdf>.

______.______.Passo a Passo para aConferência de Meio Ambiente naEscola. Brasília: MEC, MMA, 2005.Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/confinfanto.pdf>

FREITAS, M. V. (Org.) Juventude eadolescência no Brasil: referênciasconceituais. 2.ed. São Paulo: AçãoEducativa, 2005. Disponível em:<http://www.fes.org.br/media/File/inclusao_social/juventude/juventude_e_adolescencia_no_brasil_referencias_conceituais_2005.pdf>

PROJETO GEO JUVENIL BRASIL.Disponível em:<http://www.geojuvenil.org.br>.Expressa as impressões dos jovens

brasileiros sobre meio ambiente

PORTAL DO PROTAGONISMOJUVENIL. Disponível em:<http://www.protagonismojuvenil.org.br>. Contém textos, informações e

contatos em âmbito nacional.

PORTAL DA REDE DA JUVENTUDEPELO MEIO AMBIENTE ESUSTENTABILIDADE. Disponível em:

<http://www.rejuma.org.br>.Disponibiliza documentos, contatos eferramentas de interação entre

jovens ambientalistas.

REVISTA ONDA JOVEM. Disponívelem: <http://www.ondajovem.com.br>.Reportagens, experiências einformações sobre projetos sociais naárea de juventude.

II CONFERÊNCIA NACIONALINFANTO-JUVENIL PELO MEIOAMBIENTE, Brasília, 27 abr. 2006.Anais.

Brasília: MEC, 2006. Disponível em:<http://www.mec.gov.br/conferenciainfanto>. Apresenta a descrição doprocesso e os produtos.

Carta das Responsabilidades Humanas,documento aprovado pela Assembléia Mundialde Cidadãos, em dezembro de 2001, em Lille, naFrança. Uma iniciativa da Fundação CharlesLéopold Mayer, parte das dinâmicas da Aliançapor um Mundo Responsável, Plural e Unido. ACarta das Responsabilidades Humanas tambémorienta os princípios da Conferência NacionalInfanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, com oconceito de responsabilidade.

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Projeto Sala Verde

Escola da FazendaFlorianópolis - SC

O Programa Sala Verde Escola daFazenda é uma seção do ProgramaAmbiental da Escola da Fazenda,consistindo no conjunto de atividades deextensão de educação ambientalvoltado para a comunidade escolar eextra-escolar. O programa teve suaorigem a partir da aprovação do Edital002/2004, lançado pelo Departamentode Educação Ambiental do Ministério doMeio Ambiente – DEA/MMA, tendoiniciado suas atividades em março de2005. Atualmente, o Ministério do MeioAmbiente reconhece 390 Salas Verdesno Brasil.

A Escola da Fazenda motivou-se ainscrever-se como uma Sala Verdedevido a seu histórico de promoção e depar t ic ipação em at iv idades nacomunidade onde está inserida, umavez que entende que estas são formaseducativas privilegiadas, das quaissempre constou o componenteambiental, como o Primavera naFazenda, a Operação Tapete Verde e aPedalada da Saúde.

Em contrapartida às atividadeseducacionais voltadas à comunidadedesenvolvidas pela Escola, o MMAdisponibiliza e atualiza materiaisescritos e audiovisuais para a Biblioteca,cujo acervo é aberto à comunidade.

A Sa la Verde conso l i da ocompromisso da Escola da Fazenda em

participar da vida comunitária, intervindoem favor da formação educativa dapopulação em geral e da proteçãoambiental, atuando como um meio deextensão das ações educativas doPrograma de Educação Ambiental daEscola da Fazenda e de suas açõesoperacionais do Programa de GestãoAmbiental.

O Programa conta com o Grupo dePesquisa Plantando e Aprendendo,composto por estudantes em horárioextra-curricular, com idade entre 10 e 13anos, os quais reúnem-se em encontrossemanais de aproximadamente duashoras.

a)Promover atividades de extensãode educação ambiental voltadas para acomunidade extra-escolar;

b)Disponibilizar os conhecimentos emétodos de educação ambiental para acomunidade docente municipal;

c)Promover e participar de ações deintervenção na comunidade do entornovisando a proteção ambiental;

d)Disponibilizar o conteúdo daBiblioteca Sala Verde à comunidade;

e)Promover atividades de pesquisaem educação ambiental;

f)Possibilitar a divulgação e ocompartilhamento externo das ativi-dades do Programa de EducaçãoAmbiental da Escola da Fazenda e do

Objetivos

COLECIONA: Salas Verdes

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 51Ano 1 - Edição 1

Page 52: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

Programa de Gestão Ambiental daEscola da Fazenda.

a) Atividades educativas e depesquisa do Grupo Plantando eAprendendo (ver abaixo);

b) 1º Ciclo de Formação emEducaçãoAmbiental - 2005;

c) 2º Ciclo de Formação emEducaçãoAmbiental - 2006;

d) 3º Ciclo de Formação emEducaçãoAmbiental - 2007

e) Pedalada da Saúde, em parceriacom o Conselho Local de Saúde daFazenda do Rio Tavares, em maio de2005;

f) Operação Tapete Verde, emparceria com o Conselho Local deSaúde da Fazenda do Rio Tavares, emabril de 2006;

g) Dia Mundial sem Carros, nosanos de 2004, 2005 e 2006 – emparceria com o IPUF e os ConselhosLocais de Saúde;

h) Disponibilização do acervo daBiblioteca Sala Verde.

Coordenado pe lo pro fessorGuilherme Betiollo, conta com o trabalhoeducativo do estagiário do curso deCiências Biológicas da UFSC, WilsonRodrigues Saltoni Gonzáles. Compostopor estudantes de diversas turmas daEscola da Fazenda, em horário extra-curricular, o grupo reúne-se às sextasfeiras, das 13h30 às 16 horas,realizando atividades de pesquisa em

educação ambiental e participando deatividades educativas internas e emmomentos especiais dos Ciclos deFormação em EducaçãoAmbiental.

O Grupo participará das atividadesplanejadas do Programa de GestãoAmbiental da Escola da Fazenda.

A Biblioteca Sala Verde possuilivros, materiais didáticos e audiovisuaisde educação ambiental e demais temasecológicos para formação docente egeral. Está aberta à comunidademediante agendamento com a auxiliarde biblioteca Josiany Lopes Perdigão,através do telefone (48) 3237-4602.

Rua Jaborandi, 324 / Fazenda doRio Tavares - Cep: 88065-035 /Florianópolis – SC - Fone: (48) 3237-4602 - Atendimento das 7 às 19h, comrefeições servidas na escola.

Maiores informações no blog:http://salasverdes.blogspot.com/ ou noportal http://efaz.com.br/

Coordenação geral do ProgramaAmbiental: professora Kátia ReginaAntunes – Supervisora Pedagógica daEscola da Fazenda.

Coordenador da Sala Verde daEscola da Fazenda: Guilherme Betiollo –professor de Educação Física eEducadorAmbiental.

Atividades desenvolvidas

Grupo Plantando e Aprendendo

Biblioteca Sala Verde

Contato

COLECIONA: Salas Verdes

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA52 Ano 1 - Edição 1

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Em seu romance El Hablador (Ofalador) (1987), Mario Vargas Llosamostra um índio machiguenga que viajapela Amazônia peruana levando amemória coletiva de história, mitos enotícias entre as diversas aldeias de seupovo. Esse personagem pode serconsiderado um educomunicador.Educomunicação – escrito junto assim éum nome bastante recente, mas asaproximações entre educação ecomunicação certamente vêm de longadata. Entre os povos originais doplaneta, educação, informação ecomunicação sempre circularam juntosna voz dos contadores de histórias.

No século XX, com a institu-cionalização da escola, da educaçãoformal e simultaneamente a crescentemassificação das linguagens e dosmeios de comunicação – rádio, livros,TV, jornais, cinema, internet... –observamos dois grandes movimentosque ora juntam, ora separam as duas.Essas integrações se processam tantono interior da escola como nos veículosde comunicação, com maior ou menorintensidade.

No início do século, o pedagogoCelestin Freinet propõe a participação eintegração família/comunidade/escola,valoriza o ponto de vista e a palavra da

criança na produção do conhecimento,utilizando técnicas como o desenho e ot e x t o l i v r e s , a u l a s - p a s s e i o ,correspondência interescolar, o jornal, olivro da vida (diário e coletivo). Mas namaioria das escolas se optava pormétodos mais rígidos e tradicionais. NoBrasil dos anos 40, Monteiro Lobatocriou o Sítio do Pica-pau Amarelo, aMatemática e a Gramática de Emíliapara educar de forma divertida emobilizar os jovens para os temasnacionais a partir da literatura. Mas foimantido longe da escola.

Na segunda metade do século, coma expansão dos meios de comunicação,pedagogos se preocupando com comodefender nossos filhos do impactonegativo dos meios de comunicaçãotrabalharam na leitura crítica da mídia.Ao mesmo tempo, a educação popularinspirada em Paulo Freire considerava acomunicação como fundamental para aco-participação dos sujeitos no ato deconhecer. É nesse sentido freireano,que a Comunicação Socioambiental seinsere como uma das estratégiaspropostas na dimensão difusa dosColetivos Educadores, envolvendo au n i v e r s a l i z a ç ã o d o d i r e i t o àc o m u n i c a ç ã o , a p r o d u ç ã odescentral izada de materiais ecampanhas educacionais comoexpressão dos conhecimentos locais, agestão participativa dos meios com af i n a l i d a d e e d u c a c i o n a l e d e

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 53

Educomunicação para

Coletivos Educadores

por Rachel Trajber

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: educomunicação

Page 54: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

enraizamento das Políticas Públicas deEducaçãoAmbiental.

Nos anos 80, o argentino MarioKaplún, cria o termo de Educomu-nicação, ainda com uma postura voltadamais para a leitura crítica da mídia. Muitoembora a análise e a prática realizadaspor Paulo Freire e Kaplún continuemp r e s e n t e s n a c o n c e p ç ã o d eEducomunicação, o sentido dessetermo se ampliou e conta comdesdobramentos, pesquisas, trabalhose debates. Mas o que pouca gente sabeé que os conteúdos da EducaçãoAmbiental fazem parte das origensbrasileiras desse novo campo depesquisa acadêmica e intervençãosocial que promove práticas demo-crát icas e transformadoras decomunicação. Isso foi contado peloprofessor Ismar de Oliveira Soares doNúcleo de Comunicação e Educação daUniversidade de São Paulo (NCE-USP),um dos iniciadores dessa verdadeirarevolução, dizendo que suas primeiraspreocupações sobre a prática geraramprojetos com a intencionalidade deeducar ambientalmente.

Nesse sentido, a EducaçãoAmbiental tem quase que legitimidadepara atuar nesse campo emergente dedisputas por não se constituir nem noâmbito da educação tradicional, nem noda comunicação, tornando-se umcampo de convergência, não só dessasduas áreas - comunicação e educação –ao envolver a interdisciplinaridade etransdisciplinaridade.

Ismar de Oliveira Soares entende

que educomunicação é “um campo deimplementação de polí t icas decomunicação educativa, tendo comoobjetivo geral o planejamento, a criaçãoe o desenvolvimento de ecossistemaseducativos mediados por processos decomunicação e pelo uso das tecnologiasda informação”. Seus objetivosespecíficos, segundo Soares, são:promover o acesso democrático doscidadãos à produção e difusão dainformação; identificar como o mundo éeditado nos meios; facilitar o processoensino-aprendizado através do usocriativo dos meios de comunicação e desuas tecnologias (estes – os meios decomunicação - vistos a partir não datecnologia em si, mas de suascaracterísticas e da importância de seter acesso a eles); e promover aexpressão comunicativa dos membrosda comunidade educativa.

A educomunicação pode ajudar aenfrentar o desafio de construir umasociedade brasileira educada eeducomunicando ambientalmente paraa sustentabil idade, promovendomudanças que permeiem o cotidiano detodas as pessoas. Para tal, trata-se deocupar espaços comunicativos quepotencializem a voz de educadoras eeducadores ambientais, por intermédiodo uso de veículos de mídia.

Como isso se dá? Com base emuma ampla pesquisa feita em 1998 com178 países, os pesquisadores da USP

Ações de educomunicação:

possibilidades para os Coletivos

Educadores

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COLECIONA: educomunicação

Page 55: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

chegaram a algumas dimensões decomo pode se dar a ação comunicativano espaço educativo, seja ele deeducação formal ou não formal.

1) A gestão da comunicação nosespaços educativos - a Educomu-nicação Ambiental pode garantir o usoadequado dos meios e o exercício plenoda comunicação em espaços educativoscomo escolas, ONGs e movimentossociais pela defesa do meio ambiente equalidade de vida, com profissionais dainformação como professores ejo rna l i s tas , com as redes decomunicação, com diversos promotoresde mudanças sociais e políticas tantov o l t a d a s p a r a s e u s p r ó p r i o sparticipantes, como com públicos maisamplos.

A gestão da comunicação, nosentido em que pretendemos atuar,i m p l i c a e m u m a v i s ã o n ã ocompartimentada do saber, uma visãode sociedade na qual existe umentrelaçamento entre cultura, comuni-cação e meio ambiente. Trata-se decomo utilizar a comunicação paraampliar os complexos diálogos que aeducação ambiental promove e seenvolve, tecendo laços entre as relaçõesseres humanos/seres humanos e sereshumanos/ambiente natural ou constru-ído; considerando as relações sociais, avalorização das emoções, a compre-ensão científica e política da com-plexidade ambiental, incentivandosaberes ambientais e fortalecendo apotência de ação nos diversos atores egrupos sociais que trabalham naperspectiva da criação de um futuro

sustentável. E comunicando tudo issopara educar, em um processocontinuado de intervenção com asociedade.

A Educação Ambiental precisasaber se expressar em múltiplaslinguagens, para além da fala e daescrita, experimentando as linguagensda imagem, do som e do movimento emsuas integrações com o uso das novastecnologias da informação e dacomunicação, principalmente a Internet.

2) A educação para os meios – estadimensão envolve a formação deleitores críticos frente aos meios, comcapacidade de análise com vistas àdemocratização da mídia; mediadoresda recepção, vistos como pólos vivos dacomunicação – que compreendem enegociam significados em uma culturaproduzida por poderosas imagens,palavras e sons; formação de gruposorganizados ou ONGs de ação políticacontra os abusos de violência,mercantilismo, propaganda enganosa,baixaria, sexo. A postura do jornalismoperante situações de conflito ambientale de interesses, longe de ser neutra,deve ser analisada e debatida de formacrítica e criteriosa.

3) O uso dos veículos de mídiamobilizando a comunidade – acomunidade pode ser a escolar, ONGspara a produção da comunicação – acidadania organizada em sociedadesdiversas, mutantes e cada vez maiscomplexas se baseia no acesso àinformação e ao conhecimento parasubstituir a hegemonia do Estado, dos

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part idos ou de setores sociaisespecíficos por outros atores envolvidosem uma permanente negociação dosconflitos.

Coletivos Educadores utilizamesses recursos na perspectiva dacidadania ambiental, o que implica nademocratização das informações, doacesso ao conhecimento e dastecnologias utilizadas, desenvolvendo

.

Vamos pensar sobre como grupos ecoletivos formadores em EducaçãoAmbiental podem atuar conjuntamenteem uma polít ica de processoscomunicativos para a construção demunicípios ou territórios educadoressustentáveis. Administrar a educomu-nicação na dimensão da gestãoparticipativa – conjunta, não individual –representa o desafio de realizarintervenção social, de forma dialógica, apartir da tomada de decisões coletivas.

Para propor sugestões iniciais degestão participativa da educomu-nicação, tomamos como base aspropostas de Ismar de Oliveira Soares,a d a p t a d a s à l i n h a d e a ç ã o“Comunicação para a EducaçãoAmbiental” do Programa Nacional deEducação Ambiental - ProNEA eintegradas a alguns dos resultados da IOficina de Comunicação e EducaçãoAmbiental realizada pela DEA.

Ações de educomunicação nãopresc indem da pesquisa-ação-participante, pois estão fundamentadasno resgate da memória comunicativa eamb ien ta l , e da conseqüen teintervenção social, ambas comprofundas raízes locais. Algumasquestões precisam ser levantadas.

1. O que já existe de materiais deeducação ambiental na comunidadelocal ou na região (vídeos, programas der á d i o , p u b l i c a ç õ e s , f o l h e t o s ,músicas...)?

2. Quais são as pessoas queconhecemos com projetos, atividades,interesse ou potencial para atuaremcomo educomunicadores ambientais?

3. Em nossa comunidade, quais sãoos educomunicadores, os protagonistasdos processos educomunicacionais,presentes nos grandes meios decomunicação, nos canais e rádioseducativas e comunitárias, nosmovimentos sociais e, até mesmo emempresas (esses pro f iss iona isapresentam como sentido e metadefinida de suas ações a utopia daconstrução da cidadania )?

4. Temos estruturas de apoio àprodução tanto formais como não-fo rma is , t an to púb l i cas comoparticulares (ONGs, instituiçõesgovernamentais, cursos, instituições deensino superior ou escolas com estúdiosde rádio, TV, vídeo, gravadoras)?

ecossistemas comunicativos

Metodologia: o desafio

da gestão participativa

Pesquisa-ação-participante

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COLECIONA: educomunicação

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COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 57

5. Temos estruturas de difusão(rádio comunitária, Internet, TVcomunitária ou TV aberta, legislação quepossibilite a inserção de conteúdos deeducomunicação em rádios locais ouTVs a cabo)?

6.Como fazer para identificar asfaltas e lacunas com direito a pleito legal( e s p a ç o s c o m d e m a n d a p o rradiocomunicação, projetos emandamento, locais com falta de rádios ouTVs educativas e comunitárias)?

Coletivos Educadores podemdisponibilizar suas pesquisas, materiais,cursos no SIBEA(www.mma.gov.br), emoutros portais de conteúdos, páginas deredes, de emissoras de rádio e TV, entreoutros.

A cultura de redes é ainda nova eestamos descobrindo caminhos, mas éimportante que os Coletivos Educadoresparticipem. O trabalho educativo emr e d e p o t e n c i a l i z a u m a r e a lhorizontalidade e circularidade desaberes, poderes e significados. EmEducação Ambiental existem redeslocais, regionais, estaduais, tendo aREBEA, a Rede Brasileira de EduçãoAmbiental como a rede de redes. AREBECA – Rede Brasi leira deEducomunicação Ambiental, ainda emfase de estruturação, se propõe a reunirp ro f i s s i ona i s da comun icaçãointeressados em educação ambiental,e d u c a d o r e s q u e a t u a m c o m

comunicação, gestores públicos,ambientalistas, pesquisadores paradebater sobre esse campo inovador doconhecimento. Existem ainda a Educom- Rede Brasileira de Educomunicadorese a Rede Latino-Americana e Caribenhade Educomunicação, animada a partirde Cuba.

Uma maneira interessante deu t i l i z a r r e d e s c o m o e s p a ç o sdemocráticos de informações emmúltiplas linguagens seria criarconjuntamente, de forma coordenada,campanhas temáticas e programas deeducomunicação ambiental . Osprogramas seriam produzidos eveiculados localmente e também emrede por Coletivos Educadores, Ongs,universidades, escolas, construídos apart ir de processos educativosp a r t i c i p a t i v o s c o n t i n u a d o s ediversificados, mas tendo um objetivoem comum: ampliar o enraizamento daEducação Ambiental e garantir a cadacidadão o acesso e o uso democráticodos recursos da comunicação.

Coletivos Educadores, gestores daação educomunicativa ambiental,podem tanto incentivar, quanto orientarou mesmo produzir conteúdos parameios principalmente jornais, rádio e TV.Eles podem planejar e implementarações educativas no espaço daeducação presencial e a distância. Aprodução participativa dos meios

Compartilhar informações e

cardápios

Uso dos recursos da mídia de

massas como forma de

mobilização

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permite fomentar sistemas solidários deprodução e veiculação de comunicaçãoambiental; debater a gestão popular nosmeios de comunicação de massa (emsua maioria privada e altamentecomercial); alimentar canais públicoscom conteúdos socioambientais comlinguagens inovadoras e metodologiasparticipativas; “ambientalizar” osveículos de comunicação comerciais dealcance nacional.

A meta dos Coletivos Formadores éampliar a capacidade expressiva daspessoas, entendidas como parte decomunidades aprendentes, indepen-dentemente da condição social, grau deinstrução, ou inserção no mercado.Contribuindo com isso para a defesa do'livre fluxo' da informação no âmbitoglobal, indo além do conceito de'liberdade de expressão', voltado paraos direitos dos proprietários dos veículosde informação e comunicação.

É a partir desse novo contexto deeducomunicação que os ColetivosEducadores surgem como organizaçõesde intervenção e transformação social.

Como a gestão da educomunicaçãoderiva de uma práxis pedagógica, ondea ação/prática se encontra sempreinterligada organicamente à reflexão

/teoria, será preciso constituir cardápiosespecíficos de formação de educo-municadores ambientais. Dada anovidade do campo educomunicativo, énecessário um esforço de formaçãopermanen te não apenas paraeducadores e educadoras, mas paratoda a comunidade educativa envolvidano processo de crescimento doschamados sujeitos ecológicos.

Somente para c i ta r a lgunsexemplos, em todo o Brasil, ONGs comoo Cala Boca já Morreu (SP), a Cipó (BA),o Saúde e Alegria (AM), o Grupo deTrabalho Amazônico – GTA atuam commuita força para a formação deeducomunicadores e em projetos deeducação utilizando os meios.

Verifica-se que o envolvimento demúltiplos segmentos educadores dasociedade nos Coletivos Educadores,tanto no que se refere a instituições egrupos profissionais, como o respeito aoequilíbrio de gênero, grupo cultural ediversidade étnico-racial, aumenta acapacidade de criar e propor linguagense técnicas. Essa diversidade trazpluralidade no uso dos meios e ampliaos espaços de comunicação.

Finalmente, uma das dimensõesessenciais da gestão em educomu-nicação é colaborar para que oseducadores e os educandos seapropriem conceitual e praticamentedos recursos da comunicação, de modoque se transformem em produtores decultura utilizando as novas linguagens emeios.

Produção popular decomunicação ambiental

e formação de educomuni-cadores ambientais

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Referências Bibliográficas

Citações Bibliográficas

BELTRAND, M.V. (Org.). Manual decomunicação e meio ambiente. SãoPaulo: Ed. Fundação Peirópolis, 2004.

BUBER, M. Do diálogo e do dialógico.São Paulo: Perspectiva, 1982.

CITELLI, A. Comunicação e educação -a linguagem em movimento. SãoPaulo: Ed. SENAC, 1999.

FREIRE, P. Extensão ouComunicação? 10 ed. São Paulo: Paze Terra, 1992.

_____. Pedagogia da Autonomia. SãoPaulo: Paz e Terra, 1996.

FOUCAULT, M. A ordem do discurso.São Paulo: Martins Fontes, 1978.

FÓRUM DE ONGS BRASILEIRAS.Meio Ambiente e desenvolvimento:uma visão das ONGS e dosmovimentos sociais brasileiros.Relatório do Fórum das ONGSbrasileiras preparatório para aConferência da Sociedade Civil sobreMeio Ambiente e Desenvolvimento. Riode Janeiro, 1992.

GUTIERREZ, F. Linguagem total: umapedagogia dos meios de comunicação.São Paulo: Summus, 1978.

HABERMAS, J. Consciência moral eagir comunicativo. Rio de Janeiro:Tempo Brasileiro 1989.

KAPLÚN, M. El comunicador popular.Buenos Aires: Humanitas, 1986.

LEFF, E. Saber ambiental:sustentabilidade, racionalidade,complexidade, poder. Petrópolis:Vozes, 2001.

LEVY, P. As tecnologias da inteligência.Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.

LIMA, G.L. Educomunicação,Psicopedagogia e prática radiofônica –estudo de caso do Programa de rádioCala-boca já morreu. São Paulo, 2002.Dissertação (Mestrado) – ECA/USP.

MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios àsmediações: comunicação, cultura ehegemonia. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ,2003.

MATURANA, H. Emoções e linguagemna educação e na política. BeloHorizonte: Humanitas; UFMG, 1998.

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SOARES, I. de O. Educomunicação:um campo de mediações.Comunicação & Educação, n.19. SãoPaulo: Ed. Moderna, 2000.

_____. Gestão comunicativa eeducação: caminhos daeducomunicação, n. 23. São Paulo:Editora Moderna, 2000.

UNESCO/IBAMA/SEMA-SP. Educaçãopara um futuro sustentável. Uma visãotransdisciplinar para uma açãocompartilhada.Brasília: Edições Ibama,1999.

WWF. Redes: uma introdução àsdinâmicas de conectividade e da auto-organização. Cássio Martinho.Brasília: WWF Brasil, 2004.

MMA. Educação Ambiental. Programase projetos. Educomunicação.Disponível em: www.mma.gov.br.

1 Ismar de Oliveira Soares, citado porGracia Lopes Lima.

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Programa Latino Americano e

Caribenho de Educação

Ambiental – PLACEA

por Iara Carneiro

O Programa Latino Americano eCaribenho de Educação Ambiental(PLACEA) é uma iniciativa do GovernoBrasileiro para fortalecer a cooperaçãoentre os países em desenvolvimento,em especial, daAmérica Latina e Caribe.Este projeto incorpora-se à tendência econsidera os acordos estabelecidos naConferência das Nações Unidas sobreD e s e n v o l v i m e n t o S u s t e n t á v e l(Joanesburgo/2002), para a formaçãode grupos e alianças regionais com oobjetivo de fortalecer a cooperaçãointernacional e contribuir para odesenvolvimento sustentável.

Concebido para ser implementadono marco da Rede de FormaçãoAmbiental do PNUMA, articulado aoPlano de Barbados, à Iniciativa Latino-americana e Caribenha para oDesenvolvimento Sustentável e aoplano de Ação Regional do Foro deMinistros de Meio Ambiente da AméricaLatina e Caribe, o Programa constitui uminstrumento de integração regional nasquestões afetas à Educação Ambiental,contribuindo para a consolidação depolíticas públicas nacionais. Tem opropósito de estabelecer um mecanismoregional permanente que impulsione acoordenação de políticas, estimule odesenvolvimento de programas eprojetos e fomente a comunicação, o

intercâmbio e o apoio mútuo entre osgovernos regionais, assim como entreestes e os outros atores sociaisenvolvidos com o desenvolvimento deprogramas de educação ambiental.

O PLACEA nasceu em 1992,durante o I Congresso Ibero-americanode Educação Ambiental, realizado emGuadalajara, no México. Diante danecessidade de se propiciar espaçospara análise do processo educativo-ambiental na região, durante o IIICongresso Ibero-americano de EA, foicriada uma comissão que elaborou odocumento preliminar para discussão,intitulado “Projeto Ibero-americano deEducação Ambiental”. A proposta foidiscutida tecnicamente no 1º Simpósiode Países Ibero-americanos sobrePolíticas e Estratégias Nacionais deEducação Ambiental que ocorreu naVe n e z u e l a , n o a n o 2 0 0 0 . A srecomendações deste Simpósio foramexpressas através de um documentoconhecido como “Declaração deCaracas” .

O processo de elaboração doPrograma teve continuidade em 2003,durante o 2º Simpósio de Países Ibero-amer i canos sobre Po l í t i cas eEstratégias Nacionais de EA, realizado

Breve histórico

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no marco do IV Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental, emCuba. Neste momento, o Foro deMinistros de Meio Ambiente da AméricaLatina e Caribe foi considerada ainstância mais adequada para discutir eimplementar o programa e, assim, oPrograma foi levado para discussão noForo, em reunião no Panamá.

Em cumprimento à decisão do Forode Ministros, o governo da Venezuelarealizou em 2004, a 1ª Reunião deEspecialistas em Gestão Pública daEducação Ambiental da América Latinae Caribe, na ilha Margarita, para discutircomo seria operacional izado oPLACEA. Durante esta reuniãoestiveram presentes representantes doMinistério de Meio Ambiente de 15países, que elaboraram um plano deimplementação do Programa.

Este trabalho visa contribuir para aconsolidação de políticas públicasnacionais e regionais de educaçãoa m b i e n t a l , e s t a b e l e c e n d o econsolidando mecanismos para otrabalho em rede, para a promoção dai n t e g r a ç ã o e i n c r e m e n t o d acomunicação entre organismos públicose privados das regiões latino-americanae caribenha. Além disso, o programaintenciona fortalecer os aspectosconceituais e metodológicos daeducação ambiental no marco daconstrução de sociedades sustentáveissegundo as ó t i cas reg iona i s ,potencializando a formação continuadade educadores ambientais e de outrosa to res comprome t i dos com a

conservação, recuperação e melhoriado meio ambiente e da qualidade devida.

Durante a última reunião do Foro deMinistros de Meio Ambiente da AméricaLatina e Caribe, realizada em SantoDomingo (República Dominicana), emfevereiro de 2008, o Brasil assumiu aresponsabi l idade de coordenar,conjuntamente ao Programa dasNações Unidas para o Meio Ambiente, oP rog rama La t i no -amer i cano eCaribenho de Educação Ambiental(PLACEA) no biênio 2008/2009.

O primeiro momento da agenda doPLACEA sob coordenação do governobrasileiro, será a 3ª Reunião deEspecialistas em Gestão Pública daEducação Ambiental da América Latinae Caribe, prevista para ocorrer durante oEncontro Latino-americano e Caribenhode Educação Ambiental, em outubro de2008, em Brasília.

O Encontro foi idealizado a partir dapercepção de potenciais sinergias entreas seguintes iniciativas, a seremtrabalhadas na região: Programa LatinoAmericano e Caribenho de EducaçãoAmbiental (PLACEA), ConferênciaInternacional Infanto-Juvenil pelo MeioAmbiente (CIIJMA), Década daEducação para o DesenvolvimentoS u s t e n t á v e l d a s N a ç õ e s

Objetivos:

Coordenação brasileira

3ª Reunião de Especialistas emGestão Pública da EducaçãoAmbiental daAmérica Latina e Caribe

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Unidas/UNESCO (DEDS).

O e v e n t o c o n t a r á c o m aapresentação de iniciativas regionais aserem trabalhadas de forma contínua,como a Jornada do Tratado daEducação Ambiental para SociedadesSustentáveis e ResponsabilidadeGlobal - uma das principais cartas deprincípios da educação ambiental latino-americana, para o processo de revisãodo documento elaborado durante oFórum Global de ONGs da Rio 92. OTratado é considerado. Outra iniciativaque vai ser discutida e trabalhadadurante este Encontro é o VI CongressoIbero-americano de EA, que reunirá, em2009 na Argentina, educadoresambientais da região.

Um dos resultados esperados paraeste momento é a Declaração deBrasília, documento contendo ospr inc ipa is encaminhamentos edelineamento da identidade daeducação ambiental na região latino-americana e caribenha. A Declaraçãoserá encaminhada para agências decooperação internacional e outrasinstituições interessadas na temática.

Para esta ocasião, convidamos areunirem-se os gestores de Ministériosde Meio Ambiente e EducaçãoAmbiental dos 33 países da AméricaLat ina e Car ibe, a lém de umrepresentante da sociedade organizadade cada país. Os objetivos do encontroentre os pontos focais do PLACEA éviabilizar a revisão da estrutura

organizacional do programa, debaterlinhas de ação prioritárias, a mobilizaçãod e r e c u r s o s , p a r t i l h a d eresponsabilidades entre os países e umcronograma de ação do PLACEA nobiênio sob coordenação do governobrasileiro.

Mais informações sobre o PLACEAno site do MMA www.mma.gov.br/ea -Publicações do Órgão Gestor da PNEA(http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/dt_05.pdf), ou peloemail: [email protected].

Quem participa:

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A Cooperação Internacional

em Educação Ambiental:

Enquadramento Político-Estratégico

por Cláudia S. Martins -

coordenadora do Projeto de EA na CPLP

Foi após a Segunda GuerraMundial, principalmente devido anecessidade de reconstrução dos váriospaíses nela envolvidos, que se iniciaramas atividades internacionais decooperação técnica, como mecanismosauxiliares ao desenvolvimento. No anode 1948 cunhou-se a expressão“assistência técnica”, pela AssembléiaGeral das Nações Unidas, que a definiucomo “transferência, em caráter nãocomercial, de técnicas e conhecimentos,mediante a execução de projetos aserem desenvolvidos em conjunto entrea t o r e s d e n í v e l d e s i g u a l d edesenvolvimento, envolvendo peritos,treinamento de pessoal, materialbibliográfico, equipamentos, estudos epesquisas”. Essa designação foiaprimorada em 1959, passando a sertermo corrente “cooperação técnica”,que revela uma relação entre partesdesiguais que ainda assim mantêmtrocas, pelos interesses mútuos entre aspartes. Na década de 1970, o acúmulode experiências positivas dos países emdesenvolvimento, passíveis de seremtransferidas para outros países comproblemas semelhantes, fez com que asNações Unidas desenvolvessem oconceito e fomentassem a “cooperaçãot é c n i c a e n t r e p a í s e s e m

desenvolvimento” ou “cooperaçãohorizontal”, em contraposição à“cooperação Norte – Sul”.

Ainda a um nível macro, é precisodestacar as etapas preparatórias para osurgimento formal de uma comunidadelusófona, com uma visão compartilhadade desenvolvimento e democracia.Essas datam de 1989, quandoaconteceu o I Encontro dos Chefes deEstado e de Governo dos Países deLíngua Por tuguesa, no Bras i l ,resultando na criação do InstitutoInternacional da Língua Portuguesa e,em 1996, na criação da própria CPLP –Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa. Segundo Lopes & Santos(2006), essa Comunidade já existiaantes de ser institucionalizada, assentena identificação cultural e lingüística. Asua formalização proporcionou umquadro dentro do qual as relaçõesexistentes se podiam reforçar edesenvolver, tendo já provado o seuvalor, exitosa nos objetivos que secolocou, isto é, enquanto plataformapara a concertação político-diplomática;na cooperação, seja econômica, social,cultural, jurídica ou técnico-científíca;além, claro, da promoção da línguaportuguesa (BARROSO apud LOPES &SANTOS, 2006). Correspondeu àcriação de um espaço geopolítico nacomunidade internacional, unindop a í s e s c o m c a r a c t e r í s t i c a s

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s i m u l t a n e a m e n t e c o m u n s ed i f e r e n c i a d a s . E s s e s p a í s e sencontraram no principal instrumento dedefinição das intervenções propostas ede planejamento das ações decooperação técn ica - pro je to ,consubstanciado em documento queregistra os fins almejados e os meiosnecessários para sua consecução, alémda lógica da intervenção – umaferramenta adequada para o reforço desuas relações.

Isso é uma verdade materializadaquando se fala de relações bilaterais emultilaterais no contexto da CPLP e naproblemática ambiental. Veja-se oprocesso gradativo de imersão daComunidade nas questões ambientais,com a redação da Declaração de Lisboa,e m 1 9 9 7 , r e c o m e n d a n d o oestabelecimento de um ObservatórioAmbiental destinado a analisar osprincipais aspectos de cooperação naCPLP, identificando à partida a gestãode resíduos e implementação dosAcordos Ambientais Multilaterais comopotenciais áreas de cooperação; apriorização dos temas ConferênciaMundial sobre DesenvolvimentoSustentável (Rio+10), gestão derecursos hídricos (abastecimento deágua e saneamento, minimização deriscos de secas e cheias), gestão deresíduos (sólidos urbanos, hospitalarese industriais), proteção do solo e reforçodas capacidades institucionais etécnicas, na Declaração de Maputo, em2001; o acordo das áreas temáticasprioritárias para cooperação, em 2005,responsabilidade de trios de países; e aDeclaração de Brasília, em 2006, que dá

maior sustentação a ações queincentivem o acesso e a difusão deinformações e a comunicação deiniciativas ambientais.

O Brasil, desde anterioresgovernos e com maior preponderânciano governo atual, tem o objetivo políticoclaro de assumir um papel de liderança,não só pelo seu enquadramentogeográf ico, mas com at iv ismodiplomático e alianças estratégicas jáem desenvolvimento com parceiros(ALMEIDA, 2004) . Pe las suascaracterísticas naturais, humanas eculturais, bem como pelo seu históricode participação em eventos deeducação ambiental e processos demobilização social, ele é naturalmenteum ator de relevante expressão napolítica ambiental global (BRASIL,2006). Convencido de que a reversão doprocesso de alterações climáticasdepende de concertação no âmbitonacional e internacional, tem acooperação internacional como uma desuas diretrizes, com países dos eixosSul e Norte, nomeadamente unindo osMinistérios da Educação e do MeioAmbiente na figura de um Órgão Gestor,responsável por implementar umP r o g r a m a N a c i o n a l o r g â n i c o ,primariamente para a totalidade doshabitantes do país.

Nesse contexto, o Departamentode EducaçãoAmbiental, do Ministério doMe io Ambien te , pa r t i c ipou nacooperação técnica com o Ministério doUrbanismo e Ambiente de Angola, naconstrução de seu Programa Nacionalde Educação Ambiental. Está iniciando

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COLECIONA: EA na CPLP

Ano 1 - Edição 1

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um processo similar com o governo deMoçambique, a pedido do Ministério daCoordenação para a Ação Ambiental, eencontra-se em plena execução em seueixo de relações internacionaismultilaterais com o Projeto de EducaçãoAmbiental na CPLP no Marco da Décadada Educação para o DesenvolvimentoS u s t e n t á v e l . R e f o r ç a d o p e l an e c e s s i d a d e a p o n t a d a p e l o sparticipantes no evento integrado ao VCongresso Ibero-amer icano deEducação Ambiental, específico parapaíses de língua portuguesa, conformeocorrido em abril de 2006, de seampliarem as ações no âmbito daeducação amb ien ta l l usó fona ,fortalecendo as identidades entre ospaíses, os espaços de participaçãocomo a rede Lusófona-REDELUSO, e ocontato estreito com a Comunidade dosPaíses de Língua Portuguesa – CPLP,bem como pelo apoio da missão doBrasil na CPLP, em agosto do mesmoano, está definido o enquadramentop o l í t i c o - e s t r a t é g i c o p a r a aimplementação do Projeto.

A atuação do Departamento deEducação Ambiental, como entidadeexecutora, pauta-se pela plenaconvicção de que exportação demodelos é indesejável e ineficiente e deque os países “cooperantes” precisamser auxiliados pelos países parceiros naho ra de exe rce r as re laçõesinternacionais. Essa visão não éinovadora na sua essência, mas é emsua atuação. Mais um desafio assumidopela Educação Ambiental no Brasil, queserá tão mais bem-sucedido quantomais fortes forem os esforços dos oito.

ALMEIDA, P.R. Uma política externaengajada: a diplomacia do governoLula. Revista Brasileira de PolíticaInternacional, Brasília, v. 47, n.1, p.162-184, Jun. 2004.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente.Departamento de Educação Ambiental.Programa Nacional de EducaçãoAmbiental, 2005. 105 p.

LOPES, L.F.; SANTOS, O. NovosDescobrimentos – do Império à CPLP:ensaios sobre a História, Política,Economia e Cultura Lusófonas. Lisboa:Editora Almedina, 2006. 207 p.

Bibliografia

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Recursos para Educação

Ambiental dos investimentos

do PAC Saneamento

Em março de 2006 foi constituídoum Grupo de Trabalho Interinstitucionalde Educação Ambiental e MobilizaçãoSocial em Saneamento - GTEAMSS,formado por representantes dosMinistérios das Cidades, do MeioAmbiente, da Educação, da IntegraçãoNacional, da Saúde e da CaixaEconômica Federal. Esse GTEAMSSiniciou seus trabalhos por meio daconstrução de um Programa Nacionalde Educação Ambiental e MobilizaçãoSocial em Saneamento.

Fruto desse trabalho coletivo foielaborado o Programa Nacional deEducação Ambiental e MobilizaçãoSocial em Saneamento - PEAMSS, queb u s c a f o r t a l e c e r e a p o i a r odesenvolvimento das iniciativas deeducação ambiental e mobilizaçãosocial em saneamento, de forma que sec o n s o l i d e m c o m o i n i c i a t i v a scontinuadas e transformadoras e quecontribuam para o controle social, auniversalização do saneamento e aconstrução de sociedades sustentáveis.

A lém da const rução desseprograma, um dos resultados obtidospor esse GTEAMSS foi a elaboração deuma minuta que oriente as ações deEducação Ambiental em Saneamentoem consonância com o PEAMSS, quepor sua vez está calcado nos princípios ediretrizes da Política Nacional deEducação Ambiental PNEA e doPrograma Nacional de Educadores

Ambientais - ProNEA. A institucio-nalização dessa minuta foi dada pormeio da publicação da InstruçãoNormativa nº 36, de 31 de agosto de2007, e outras instruções normativas doM i n i s t é r i o d a s C i d a d e s , q u erecomendam que de 1% a 3% dosrecursos investidos pelo Programa deAceleração do Crescimento no âmbitodo saneamento - PAC Saneamento -s e j a m d e s t i n a d a s a a ç õ e ssocioambientais gestadas no espírito deuma educação ambiental diferenciada.

Nesse sentido, o Órgão Gestor daPolí t ica Nacional de EducaçãoAmbiental recomenda que os ColetivosEducadores, Salas Verdes e demaiseducadores e educadoras ambientais,procurem interagir com as instituiçõesque demandarão os recursos de suaregião (empresas de saneamento epoder público local) com o intuito dedesenvolver uma ação conjunta nosrespectivos territórios e identificar aspossibilidades de se candidatarem aconduzir os processos de educaçãoambiental e mobil ização socialassociados às obras desenvolvidas.

Para dar continuidade a esseprocesso, com intuito de discutir aconjuntura da educação ambiental noâmbito do saneamento e os materiaispedagógicos que irão subsidiar as açõesdo PEAMSS, foram realizadas oficinasde capacitação em educação ambientale saneamento em diversos estados.

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COLECIONA: PEAMSS

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8° Intecol - Conferência Internacional de Áreas Úmidas -"Grandes

áreas úmidas. Grandes preocupações”

Data:

Local:

Horário:

Inscrições:

Mais informações:

20 a 25 de julho

Centro de Eventos Pantanal, em Cuiabá

Varia de acordo com a programação do dia. Consulte no site

Tabela com valores e datas no site abaixo.

pelo site http://www.cppantanal.org.br/intecol/eng/index.php

Com reunião realizada a cada quatro anos para auxiliar, subsidiar e municiar os

tomadores de decisões com informações científicas sobre o tema, essa é a primeira

vez que ocorre na América Latina. É esperada a participação de mil cientistas de todo

o mundo.

Quem realiza: Ambiente Global

Data: 17 a 18/07/08

Local: São Paulo/SP

Horário: 09h às 18h

Valor: R$ 780,00 / pessoa

Inscrições e maiores informações: através do site http://www.ambienteglobal.com.br/

Oficina-curso: um pouco sobre educomunicação

socioambiental para gestores de projetos

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 71

EVENTOS

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: agenda d@ EA

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VI Encontro Nordestino de Educação Ambiental em Áreas deManguezal

IV Fórum Ambiental da Alta Paulista

Quem realiza:

Data:

Local:

Horário:

Inscrições:

Mais informações:

Quem realiza:

Local e data:

Mais informações:

Secretarias de Meio Ambiente de Alagoas e de Sergipe, com o apoio

da Prefeitura de Penedo, UFAL e EDUMANGUE

21 a 26 de julho

Penedo/AL

8h às 19h30

através do preenchimento do formulário disponível em meio digital ou

solicitá-lo pelo e-mail [email protected]. Devolvê-lo preenchido ao mesmo e-

mail, aos cuidados de Andressa Fernandes. Deve-se fazer o depósito bancário (ver

tabela de valores de inscrição) e enviar o comprovante do depósito pelo e-mail

[email protected], com o “assunto” Pagamento Inscrição VI EREAAM, ou por

fax: (82) 3315-2637 e (82) 3315-2680.

pelo e-mail: [email protected]

TABELA COM VALORES DAS INSCRIÇÕES

Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista

FADAP/FAP - 21 a 24 de julho

www.amigosdanatureza.org.br ou mande um e-mailpara [email protected]

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA72

Categorias ValoresP/ inscrições até 14/07 P/ inscrições após 14/07

Estudantes 30,00 50,00Profissionais 70,00 100,00Pescadores, marisqueiras ecatadores de caranguejos

isentos isentos

Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: agenda d@ EA

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II Encontro do Órgão Gestor da Política Nacional de EducaçãoAmbiental com as Redes de Educação Ambiental da Malha da Rebea

2a Mostra do Filme Ambiental e Etnográfico de Rio das Ostras

(MFAERO)

Quem realiza:

Data:

Local:

Participantes:

Mais informaçõs:

Quem realiza:

Data:

Local:

Inscrições:

Mais informações:

os Ministérios do Meio Ambiente e da Educação e a Rede Brasileira de

Educação Ambiental

outubro de 2008

Goiás ou Brasília (a definir)

o público total de participação será no máximo 120 pessoas. As vagas

de participação são destinadas a 02 (dois) membros de cada Rede da Malha da

ReBEA. Os critérios para a escolha dos membros que participarão do Encontro estão

sobe a responsabilidade de cada Rede.

em breve na página da Educação Ambiental, no site do MMA.

O encontro busca dar continuidade à interlocução entre as redes de educação

ambiental e o Órgão Gestor, especialmente na conjuntura de adiamento da realização

do VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, que ocorrera em junho de 2009.

Pretende-se avaliar os avanços obtidos desde 2005, definir as formas de interlocução

entre o Órgão Gestor da PNEA e as Redes de Educação Ambiental e aprimorar a

articulação entre as Redes de Educação Ambiental para a implementação da PNEA.

docentes e educandos do curso de Produção Cultural do PURO com

apoio da Universidade Fluminense

17 e 21 de novembro

Pólo Universitário de Rio das Ostras (PURO)

até 31 de julho

através do site www.mfaero.blogspot.com

Este ano, durante os cinco dias da mostra, diversas atividades paralelas às exibições

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 73Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: agenda d@ EA

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dos filmes serão oferecidas gratuitamente para o público, que poderá escolher de que

maneira desejará participar do evento. Haverá debates, oficinas de fotografia, de

cinema documentário e mesas redondas com pesquisadores e estudantes da Região,

que apresentarão trabalhos acadêmicos com dados atuais sobre a história e o

desenvolvimento da Região da Baixada Litorânea.

Serão escolhidos, pelo júri popular, cinco obras que integrarão o primeiro DVD Acervo

Videoteca do PURO. O mesmo será produzido e distribuído pela equipe organizadora

do evento para instituições de ensino federal e escolas das redes públicas da região.

Seminário Impactos Ambientais: equívocos, entraves e proposições

contemporâneas

Quem realiza:

Data:

Local:

Público:

Inscrições:

Casa da Floresta Assessoria Ambiental

11 e 12 de setembro

Piracicaba/SP

gestores de empresas, instituições públicas e ONGs, pesquisadores,

estudantes de pós-graduação

através do site

Palestrantes: Luis Enrique Sánchez -

Maria José

Brito Zákia -

Marcelo Pereira de Souza -

Marcelo Theoto Rocha -

Carlos Frederico

Bernardo Loureiro - P

Paulo de Marco Júnior -

Mônica Cabello de Brito e Klaus Duarte Barreto -

Enrique Leff -

Professor Titular da Escola Politécnica/Universidade de

São Paulo (USP); membro da International Association for Impact Assessment (IAIA). /

Consultora de Relacionamento Socioambiental e Cultural da Votorantim Celulose e

Papel (VCP). / Professor Titular da Escola de Engenharia de São

Carlos/Universidade de São Paulo (USP). / Pesquisador do Centro de

Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA - ESALQ/USP). Membro do Comitê Executivo do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Quioto. /

rofessor da Faculdade de Educação/Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). / Professor da Universidade Federal de Goiás (UFG). /

Coordenadores Gerais da Casa da Floresta

Assessoria Ambiental. / Professor/pesquisador da Universidade Nacional Autônoma

do México (UNAM).

www.casadafloresta.com.br

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA74 Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: agenda d@ EA

Page 75: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA 75

COLECIONA: recomenda-se

Ano 1 - Edição 1

“Financiamento e fomento ambiental: fontes de recursos financeiros

para a gestão pública: cenários e estratégias de captação para o

funcionamento de fundos socioambientais”

Revista Aguapé

Autor: organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Rede Brasileira de Fundos

Socioambientais e lançado pelo FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

Publicação disponível para download no site da RBFA:

http://www.fundosambientais.org.br/

É uma publicação da Rede Aguapé de Educação Ambiental do Pantanal. Cada

exemplar traz edições especiais sobre assuntos pertinentes à área ambiental,

enfocando a importância da conservação e da preservação do meio ambiente. A

Revista é uma publicação desenvolvida para divulgar a educação ambiental entre

professores e cidadãos que vivem na região da Bacia do Alto Paraguai.

Comunique-se com a revista:

Email - [email protected]

Correio Postal - Ecoa - Rua 14 de julho, 3.169, centro

Campo Grande - MS CEP: 79002-333

Telefone - (67) 3324-3230

Site - www.redeaguape.org.br

LIVRO

REVISTA

Page 76: Coleciona Fichario do Educador Ambiental

CD CantaPraMimPiracicamirim

Quem: Grupo Corda de Barro

O grupo é formado por músicos populares e vem se apresentando desde 2001 em

variados eventos da área ambiental, além de teatros e festas populares. Tem como

proposta fazer música de boa qualidade apresentando ao público elementos que

elevem o papel desta arte na educação ambiental. Com canções próprias e releituras

de clássicos populares de diversas regiões do Brasil o grupo Corda de Barro canta os

rios, os mares, as matas e toda bio e sócio-diversidade que nos envolve! Tendo como

características sonoras diversas influências musicais, tais como Catira, Folia de Reis,

Moda de Viola, Guarânia, MPB, coco, baião, cirandas, dentre outros, o Corda de

Barro se propõe a tocar músicas brasileiras regadas de viola de dez cordas, violão,

rabeca, triângulo, pandeiro, zabumba, tambores, caxixis e ritmos regionais. Além do

resgate sonoro, busca-se através da música a sensibilização ecológica do público,

voltando-se à cidadania com contos, poemas e histórias faladas.

Maiores informações e das músicas do primeiro CD estão no site:

www.cordadebarro.com

Assista aos vídeos das Salas Verdes de Maragogipe e Cananéia.

Sala Verde Cananeia

download

Sala Verde Maragogipe

http://www.youtube.com/watch?v=MmearHRkbT0

http://www.youtube.com/watch?v=CQN3EqpzqBA

COLECIONA : fichário d@ Educador mbientalA76 Ano 1 - Edição 1

COLECIONA: recomenda-se

Música

Vídeos