COIMBRA Estudantes de Coimbra criaram bebidas naturais · como o resto das plantas, fabricam o seu...

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04 | 13 JUN 2017 | TERÇA-FEIRA COIMBRA Duas bebidas «totalmente na- turais, sem corantes, nem con- servantes», foram criadas, a partir de resíduo de queijo e de “fruta feia” por um grupo de alunos de mestrado na Facul- dade de Farmácia da Univer- sidade de Coimbra. Denominada “Toal”, a gama «composta por duas ecobebi- das totalmente naturais» foi desenvolvida no âmbito de um projecto de transformação de «subprodutos das indústrias de queijo e hortofrutícola em ali- mentos saudáveis e nutritivos», refere a Universidade de Coim- bra (UC) em comunicado on- tem divulgado. «Na equação para a confec- ção dos novos produtos, for- mulados por um grupo de es- tudantes de mestrado» em se- gurança alimentar da Facul- dade de Farmácia de Coimbra, «entram soro excedente do fa- brico de queijo, um subpro- duto bastante poluente, e mo- rangos que não têm calibre su- ficiente para venda ao consu- midor final» (a designada “fruta feia”). As duas novas bebidas, idên- ticas a iogurte líquido e a sumo de fruta, «apenas dife- rem [entre si] no conteúdo» (uma tem carácter proteico, outra energético). Em comum, explicam Daniela Costa e Rita Martins, «as duas bebidas são ricas em antioxidantes e pro- bióticos, que auxiliam na ma- nutenção do sistema imuni- tário, e os seus açúcares es- senciais, bem como os seus pequenos péptidos (pequenas proteínas de fácil absorção), exercem funções ao nível do sistema cardiovascular, no- meadamente no controlo da pressão arterial». Na “Toal” proteica «salienta-se um ele- vado valor nutritivo e activi- dade biológica, destacando-se a leucina, essencial no pro- cesso de crescimento muscu- lar aliado à diminuição da acumulação de gordura cor- poral», acrescentam. As estudantes, que foram orientadas por Fernando Ra- mos, docente e investigador da Faculdade de Farmácia da UC, evidenciam o facto de ambas as bebidas constituírem «alter- nativas saudáveis para o con- sumidor» e de não prejudica- rem o meio ambiente. «No caso do soro prove- niente do fabrico do queijo, es- tamos a contribuir para mitigar um problema ambiental, evi- tando que este entre na rede de águas», enquanto em rela- ção aos morangos, trata-se de aproveitar «fruta que não é vendida ao consumidor final» e de «combater o desperdício alimentar», sublinham. A grande inovação destas ecobebidas assenta no facto de aproveitarem «todas as pro- priedades do soro» (proteínas, água e açúcares) e de não exi- girem um processo de confec- ção complexo, salientam as duas mestrandas, referindo que a indústria da produção de queijo gera grandes quantida- des de soro – de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2015 foram pro- duzidos em Portugal 658 mi- lhões de litros de soro de queijo de vaca. As ecobebidas “Toal”já foram degustadas por consumidores e a receptividade «foi muito agradável», afirmam Daniela Costa e Rita Martins, adian- tando que já há investidores interessados em financiar o projecto. «O nosso objectivo é criar uma ‘startup’ [empresas emergentes de tecnologia] para comercializar o produto», revelam, defendendo que «os estudantes universitários de- vem saber tirar partido do que aprenderam ao longo do curso e ter a capacidade de criar o próprio emprego». O desenvolvimento dos produtos “Toal” contou ainda com a colaboração de duas alunas de mestrado da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), Vânia Gomes e Elsa Rosário, acompanhadas pelo professor Carlos Dias Pereira, e de uma aluna do Instituto Politécnico de Leiria/ Polo de Caldas da Rainha, Ana Martins Abrantes. O projecto “Toal” participou no Ecotrophelia Portugal 2017, concurso pro- movido pela PortugalFoods e pela Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), tendo ficado classifi- cado em segundo lugar. | Estudantes de Coimbra criaram bebidas naturais Iniciativa Gama “Toal” desenvolvida no âmbito de um projecto de transformação de subprodutos das indústrias de queijo e aproveitamento de “fruta feia” D.R. As alunas Rita Martins e Daniela Costa e as duas novas bebidas da gama “Toal” Diário de Coimbra TODAS AS PLANTAS TÊM NOME O que é que comem as plantas carnívoras? A s plantas carnívoras, como o resto das plantas, fabricam o seu próprio alimento através da fotossíntese, utilizando o dióxido de carbono da atmosfera. No entanto, estas plantas também caçam pequenos animais, como insetos ou artrópodes, e obtêm nutrientes deles, como o nitrogénio ou o fósforo, que também são necessários para a vida das plantas. Geralmente esses nutrientes obtêm-se do solo graças às raízes, e é por isso que os cientistas acham que esta capacidade é uma adaptação das plantas a zonas com solos muito pobres em nutrientes. E é precisamente em zonas pobres em nutrientes, mas com muita disponibilidade de luz e água, que estas plantas costumam ter o seu habitat natural. | Jorge Durán Centro de Ecologia Funcional Dúvidas sobre o mundo das plantas respondidas pelo Jardim Botânico da Universidade de Coimbra Todas as quartas-feiras na RUC, no programa Alvorada, entre as 09h00 e as 10h00 (http://uc.pt/jardimbotanico/media/podcast/)

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04 | 13 JUN 2017 | TERÇA-FEIRA

COIMBRA

Duas bebidas «totalmente na-turais, sem corantes, nem con-servantes», foram criadas, apartir de resíduo de queijo e de“fruta feia” por um grupo dealunos de mestrado na Facul-dade de Farmácia da Univer-sidade de Coimbra.

Denominada “Toal”, a gama«composta por duas ecobebi-das totalmente naturais» foidesenvolvida no âmbito de umprojecto de transformação de«subprodutos das indústrias dequeijo e hortofrutícola em ali-mentos saudáveis e nutritivos»,refere a Universidade de Coim-bra (UC) em comunicado on-tem divulgado.

«Na equação para a confec-ção dos novos produtos, for-mulados por um grupo de es-tudantes de mestrado» em se-gurança alimentar da Facul-dade de Farmácia de Coimbra,«entram soro excedente do fa-brico de queijo, um subpro-duto bastante poluente, e mo-rangos que não têm calibre su-ficiente para venda ao consu-midor final» (a designada“fruta feia”).

As duas novas bebidas, idên-ticas a iogurte líquido e asumo de fruta, «apenas dife-rem [entre si] no conteúdo»(uma tem carácter proteico,outra energético). Em comum,explicam Daniela Costa e RitaMartins, «as duas bebidas sãoricas em antioxidantes e pro-bióticos, que auxiliam na ma-nutenção do sistema imuni-tário, e os seus açúcares es-senciais, bem como os seuspequenos péptidos (pequenasproteínas de fácil absorção),

exercem funções ao nível dosistema cardiovascular, no-meadamente no controlo dapressão arterial». Na “Toal”proteica «salienta-se um ele-vado valor nutritivo e activi-dade biológica, destacando-sea leucina, essencial no pro-cesso de crescimento muscu-lar aliado à diminuição daacumulação de gordura cor-poral», acrescentam.

As estudantes, que foramorientadas por Fernando Ra-mos, docente e investigador daFaculdade de Farmácia da UC,evidenciam o facto de ambasas bebidas constituírem «alter-nativas saudáveis para o con-sumidor» e de não prejudica-rem o meio ambiente.

«No caso do soro prove-niente do fabrico do queijo, es-tamos a contribuir para mitigarum problema ambiental, evi-tando que este entre na redede águas», enquanto em rela-ção aos morangos, trata-se de

aproveitar «fruta que não évendida ao consumidor final»e de «combater o desperdícioalimentar», sublinham.

A grande inovação destasecobebidas assenta no facto deaproveitarem «todas as pro-priedades do soro» (proteínas,água e açúcares) e de não exi-girem um processo de confec-ção complexo, salientam asduas mestrandas, referindoque a indústria da produção dequeijo gera grandes quantida-des de soro – de acordo comdados do Instituto Nacional deEstatística, em 2015 foram pro-duzidos em Portugal 658 mi-lhões de litros de soro de queijode vaca.

As ecobebidas “Toal” já foramdegustadas por consumidorese a receptividade «foi muitoagradável», afirmam DanielaCosta e Rita Martins, adian-tando que já há investidoresinteressados em financiar oprojecto. «O nosso objectivo é

criar uma ‘startup’ [empresasemergentes de tecnologia]para comercializar o produto»,revelam, defendendo que «osestudantes universitários de-vem saber tirar partido do queaprenderam ao longo do cursoe ter a capacidade de criar opróprio emprego».

O desenvolvimento dosprodutos “Toal” contou aindacom a colaboração de duasalunas de mestrado da EscolaSuperior Agrária de Coimbra(ESAC), Vânia Gomes e ElsaRosário, acompanhadas peloprofessor Carlos Dias Pereira,e de uma aluna do InstitutoPolitécnico de Leiria/ Polo deCaldas da Rainha, Ana MartinsAbrantes. O projecto “Toal”participou no EcotropheliaPortugal 2017, concurso pro-movido pela PortugalFoods epela Federação das IndústriasPortuguesas Agroalimentares(FIPA), tendo ficado classifi-cado em segundo lugar.|

Estudantes de Coimbra criaram bebidas naturaisIniciativa Gama “Toal” desenvolvida no âmbito de um projecto de transformaçãode subprodutos das indústrias de queijo e aproveitamento de “fruta feia”

D.R.

As alunas Rita Martins e Daniela Costa e as duas novas bebidas da gama “Toal”

DiáriodeCoimbra

TODAS ASPLANTASTÊM NOME

O que é que comem asplantas carnívoras?

As plantas carnívoras,como o resto dasplantas, fabricam o

seu próprio alimento atravésda fotossíntese, utilizando o dióxido de carbono daatmosfera. No entanto, estasplantas também caçampequenos animais, comoinsetos ou artrópodes, eobtêm nutrientes deles,como o nitrogénio ou ofósforo, que também sãonecessários para a vida dasplantas. Geralmente essesnutrientes obtêm-se do solograças às raízes, e é por issoque os cientistas acham queesta capacidade é umaadaptação das plantas azonas com solos muitopobres em nutrientes. E éprecisamente em zonaspobres em nutrientes, mascom muita disponibilidade deluz e água, que estas plantascostumam ter o seu habitatnatural.|

Jorge Durán Centro de Ecologia

Funcional

Dúvidas sobre o mundo das plantas respondidaspelo Jardim Botânico da Universidade de Coimbra

Todas as quartas-feiras na RUC, no programa Alvorada, entre as09h00 e as 10h00 (http://uc.pt/jardimbotanico/media/podcast/)