Cognição Social no Transtorno Esquizotípico de Personalidade

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  : , .. (1) ; , . . (1) ; , . . (1) ; , . (1) . (1) M O T E P DSMIV (APA, 199 4), , , , , 5 9 : , , , , , , , . O TEP ; , TEP . P C S (CS) . A . E CS , , . O CS T E E , , T M, / , ( ) . O CS TEP . D , TEP P, 2006 (7) I TM , L C ( 13), , TM H TM . N TM. T CS . L   C, 2004 (8) I , . O , . L ., 2003 (9) A () , E . P . L C, 2001 (10) A TEP I M P, 2001 (11) E . A , , . L C, 1999 (12) I . I , , . N . A CS , . E   . R C S TEP. F MEDLINE, : S P D M AND S C OR T M. A 655 , 21 . D, 12, . O .  S B, 2007 (1) A . C , . J S, 2006 (2) A TM , .U . N . O . I , 2006(3) A TM , . H CS . C . M S, 2006 (4) E CS TEP H (E T) . M ., 2006 (5) E TM H CS M ., 2006 (6) C . A . O . , , . A CS . T , , , . E CS. M P (11 ), , , , . A , CS , . D , . C, CS, ,    CS . L , , , , . E , , , , , . O CS . 1: S G, B E, C CD. R . . 2007 M;141(3):28191. 2: J CS, S MJ. T , , . .  2007 J; 89(13):27886. 3: I F, P SM, P IS, C ME, K C, S SJ, S M, G RE, G RC. S . . 2006 D; 88(13):15160. 4: M J, S G. S . . 2006 M; 140(3):199207. PMID: 16916074 5: M D, M P, MI AM, C O DG, J EC, L S. A 'T M' . . 2006 S 30; 144(1):2937. 6: M D, J DE, HC, G VE, MI AM, S E, CO D, J EC, LS. A   MRI T M . . 2006 J 15; 31(4):18508. 7: P GJ. T . . 2006 M; 11(2):17792. 8: L R, C M. R : . . 2004 J 30; 125(1):920. 9: L CM, LM, H A. V : ? . 2004 M 1; 67(1):1121. 10: L R, C M. V : . .  2001 N; 82(1):126. 11: M JA, P DL. S . . 2001 S; 40(P 3):2615. 12: L R, C M. M, .  71 (1999): 43 71 A G S, G P N B .

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COGNIÇÃO SOCIAL NO TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO DE PERSONALIDADE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICATonelli, H.A.(1); Alvarez, C. E.(1); von der Heyde, M. D.(1); Silva, A. A(1).

(1) Médico psiquiatra

Introdução

O TranstornoEsquizotípico de Personalidade é definido clinicamenteno DSM-IV (APA,

1994), como um padrão inv as iv o de déf ic its soc iais e interpe ssoa is , marcado por

desconforto agudo e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de

distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que costuma começar

no início da idade adulta e estar presente em umavariedade de contextos,associando-se a

pelo menos 5 dos 9 traços esquizotípicos: idéias de referência, crenças bizarras ou

pensamentomágico que influenciamo comportamento e são inconsistentes com as normas

da subcultura do indivíduo, experiências perceptivas incomuns, pensamento e discurso

bizarros, desconfiança ou ideação paranóide, afeto inadequado ou constrito, aparência ou

comportamento esquisito ou peculiar, ausência de amigos íntimos ou confidentes e

ansiedade socialexcessiva.

O diagnóstico de TEP é considerado um importante fator de vulnerabilidade para o

desenvolvimento de esquizofrenia; por outro lado, esquizofrênicos parecem ter uma

incidência maior defamiliares portadores de TEPem relação à populaçãogeral.

Por Cognição Social (CS) subentendem-se “as operações mentais que estão por trás

das interações sociais e que incluem a habilidade humana de perceber as intenções e

disposições dos outros”. As representações geradas por este tipo específico de cognição

servempara que o indivíduo guie seu comportamento social de forma flexível e adaptada.

Evidências de que a CS seja um domínio cognitivo separado abrangem, por exemplo,

estudos de indivíduos quesofreram lesão cortical frontalou pré-frontal demonstrandoque

eles podemapresentar como conseqüência danosem seu comportamento sociala despeito

de manutençãode habilidades cognitivas comomemória e linguagem.

O estudo da CS nos Transtornos do Espectro da Esquizofrenia concentra-se, de

maneira geral, no estudo das habilidades “Teoria da Mente”, relacionadas à habilidade de

representar os estados mentais e/ou de fazer inferências acerca das intenções dos outros,

nos estudos de percepção social (cujas linhas de pesquisa concentram-se principalmente no

reconhecimento do afeto facial e percepção de atitudes sociais) e nos estudos de estilo

atribucional.

O estudo da CS em portadores de TEP poderá auxiliar na compreensão do papel de

alterações do processamento cognitivo social na gênese de sintomas psicóticos na

esquizofrenia. Da mesma forma, a comprovação da presença de alterações atenuadas

deste processame nto e m portadore s de TEP pode ria ser interpretada como um a

Pickup, 2006 (7)

Investigar ToM em indivíduos normais que variam em

pontuações de esquizotipia, com o objetivo de replicar os

resultados obtidos por Langdone Coltheart (ref 13), ou seja,

de que altas pontuações em instrumentos que avaliam

esquizotipia estariam associados a prejuízo no processamento

ToM

Houve escores piores de

processamento ToMa penas nos

indivíduos que pontuaram mais em

uma subescalaespecífica de apenas

um instrumento empregado. Não

houve relações entre a pontuação total

dos escores de esquizotipiae prejuízos

no processamento ToM. Também não

houve correlações entre

processamento CS e cognição geral.

 

Langdon e Coltheart, 2004 (8)

Investigar se indivíduos com altos escores de esquizotipia

apresentam comprometimento da compreensão da

linguagem pragmática, que envolve a ironia e a metáfora.

Os indivíduos com alto grau de

esquizotipia não diferiram

estatisticamente dos com baixa

esquizotipia em relação à

compreensão de metáforas, mas sim

em relação à compreensão de ironia.

Loughland e cols., 2003

(9)

Avaliar a transmissão familiar do escaneamento visual

(scanpath) de faces e expressões faciais, anteriormente

descritas como comprometidas em esquizofrênicos

Esquizofrênicos apresentaram

restrição do escaneamento em

comparação com controles e parentes

em primeiro grau.

Parentes em primeiro grau

apresentaram evitação de emoções

tristes e maior duração de fixação do

olhar em expressões de alegria.

Langdon e Coltheart,

2001 (10)

Avaliar a relação da tomada de perspectiva visual e

mentalização em indivíduos portadores de TEP

Indivíduos com altos escores de

esquizotipia pareceram ter maior

comprometimento tanto na

capacidade de mentalização como na

tomada de perspectiva visual

Martin e Penn, 2001

(11)

Examinar a relação entre ideação persecutória e variáveis

cognitivas clínicas e sociais em uma população não clínica.

Altos níveis de ideação paranóide

puderam ser significativamente

associadas a humor deprimido,

ansiedade social e evitaçãoe baixa

auto-estima, mas não a vieses

atribucionais.

Langdon e Coltheart, 1999

(12)

Investigar a relação entre a habilidade de mentalização e

traços esquizotípicos em indivíduos de populações não clínicas

sem história de doença psiquiátrica.

Indivíduos com altos escores de

esquizotipia pontuaram menos do que

os indivíduos com baixos escores de

esquizotipia apenas em histórias que

envolviam falsas crenças, mas não em

histórias mecânicas, de script social e

capture. Não houve diferenças no que

tange a cognição geral.

Discussão

A avaliação comparada da CS entre indivíduos portadores de diferentes transtornos

do espectro da esquizofrenia poderá elucidar acerca da interface entre os mesmos,

auxiliando na compreensão fisiopatológica dos sintomas psicóticos da esquizofrenia. Estes

 

característica traço dependente e predisponente para o desenvolvimento de sintomas

psicóticos.

ObjetivoRevisar sistematicamente a literaturaa respeito de CS em portadores de TEP.

Métodos

Foi realizada umabusca porartigos na base de dados MEDLINE, utilizandoa seguinte

frase de busca: “Schizotypal Personality Disorder” [Mesh] AND “Social Cognition” OR

“Theory of Mind”. A busca resultou inicialmente em 655 artigos, dos quais 21 foram

selecionados por tratarem diretamente do assunto em questão. Destes, foram escolhidos

12,apósa leitura dosresumos.

Resultados

Os trabalhos selecionados são sumarizados na tabela a seguir.

Estudo e

número da

referência

Objetivos Resultados

 

Sheane Bell,

2007 (1)

Aval iar o gr au em que car acter íst icas esquizotípicas

associam-se com déficits na habilidade de identificar

emoções expressas facialmenteou atravésde posturas.

Cor r elações s igni ficat ivas , mas não em

todosos instrumentos utilizados.

Jahshane Sergi,

2006 (2)

Avaliar ToMem uma população de esquizotípicos, bem

como funcionamento execut ivo e memór ia ver balsecundária namesma população.Umterceiroobjetivofoi

ode examinar ostatusfuncionalde indivíduoscom altae

baixa esquizotipia.

Não houve diferenças no processamento

de cogniçãogerale socialentreindivíduos

de altae baixa esquizotipia.Os indivíduos

c om a lt a e sq ui zo ti pi a e st av am ma is

comprometidosfuncionalmente do que os

debaixa esquizotipia.

Irani e cols,

2006(3)

Aval iar a cor r elação entr e habil idades ToM e auto-

reconhecimentofacial, bem como investigar a influência

detraços esquizotípicos nasvariáveisestudadas.

H ouv e di fer en ça s s ig ni fi ca ti va s de

pontuaçõesentre pacientese controles em

relaçãoàtarefaCSem pregada.

Contro les e par entes com baixo gr au de

esquizotipia diferiram significativamente

dosparentescomalto graude esquizotipia

nasacuráciasdas avaliaçõesempregadas.

Meyer e Shean,

2006 (4)

Examinar a r elação entr eCS e pensamento mágico em

portadoresde TEP

H ou ve r el aç ão e nt re a c ap ac id ad e d e

i de nt if ic aç ão d e e mo çõ es a tr av és d o

i ns tr um en to e mp re ga do ( Ey es T es t) e

crenças irreais.

Marjorame

cols., 2006 (5)

Examinar se o comprometimentodo processamento de

habilidades ToM correlaciona-se com vulnerabilidade a

esquizofrenia

H ou ve d if er en ça s e st at is ti ca me nt e

significativas nas pontuações das tarefas

CS parao grupo deindivíduosparentesde

esquizofr ênicos com histór ia de ter em

apresentadosintomaspsicóticos

Marjorame

cols., 2006 (6)

Comparar a performance de um grupo de parentes de

esquizofrênicos com um grupo de controles saudáveisem tarefas envolvendo capacidade de mentalização.

As tarefas promoveram ativação de áreas

cerebrais já relacionadas a atividades de

mentalização. Os parentes de

esquizofrênicos sem história prévia de

sintomas psicóticos obtiveram pontuações

significativamente superiores às dos

indivíduos com história de sintomas

psicóticos.

poderiam, por exemplo, ser um reflexo de um processamento cognitivo social deficitário

nestes pacientes.

A presente revisão mostra que já existem muitas iniciativas de pesquisa envolvendo

populações de indivíduos portadores de quadros subsindrômicos visando avaliar se os

mesmos apresentam diferentes pontuações nos vários instrumentos empregados na

avaliaçãode CS em relação a populações clínicas e gruposcontrole.

Todavia, os resultados dos trabalhos avaliados são, ainda, contraditórios. Estas

contradiçõespoderiam ser entendidasà luz dos problemassubjacentes ao próprio estudo

da C S. M artin e Penn (11) , ao estudarem a possível co rrelação exis tent e ent re

persecutoriedade e cognição geral e social, mostram que a dissociação entre estas

variáveis pode ser facilmente feita do ponto de vista teórico e que variáveis clínicas,

mesmoem populações nãoclínicas, devemser tambémlevadas emcontana compreensão

dagênese da ideação persecutória. Alémdisso, apesarde os estudiososda CS dividirem-se

entre os que postulam a existência de um módulo cognitivo social independente do

processamento de outras funções cognitivas e os quenão aceitameste modelo, ainda não

foi possível demonstrar a existência deste módulo cognitivo específ ico. De fato, o

processamento cognitivo social parece recrutar muitas funções cognitivasgerais.

Contudo, muitos estudos sugerem que há maior comprometimento na pontuação

em diversas tarefas CS, principalmente em indivíduos com alto grau de esquizotipia, que

poderia representar um continuum de prejuízo no processamento CS entre indivíduos

esquizotípicos e esquizofrênicos. Levando-se em conta que a esquizotipia representa um

estado de risco aumentado para o desenvolvimento da esquizofrenia, poder-se-ia pensar

em alternativas de abordagem sócio-cognitiva para tais indivíduos, diminuindo, assim, as

taxasde viragem paraestados psicóticos maisseveros.Conclusões

Existem muitos estudos sobre o funcionamento cognitivo social em indivíduos

portadores de diferentes graus de esquizotipia, contudo, os resultados, são, ainda,

controversos. O conhecim ento adquir ido atravé s do e studo da CS e m indivíduos

portadores de subsíndromes psicóticas poderá auxiliar no desenvolvimento de estratégias

terapêuticas e preventivas juntoa estes indivíduos.

Bibliografia1: Shean G, Bell E, Cameron CD. Recognition of nonverbal affect and schizotypy. J Psychol. 2007 May;141(3):281-91.

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6: Marjoram D, Job DE, WhalleyHC, Gountouna VE, McIntosh AM, Simonotto E, Cunningham-Owens D, Johnstone EC, LawrieS. A visual

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7: Pickup GJ. Theory of mind and its relation to schizotypy. CognitNeuropsychiatry. 2006 Mar; 11(2):177-92.

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10: Langdon R, ColtheartM. Visual perspective-taking and schizotypy: evidence for a simulation-based account of mentalizingin normal

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11: Martin JA, Penn DL. Social cognition and subclinical paranoid ideation. Br J ClinPsychol. 2001 Sep; 40(Pt 3):261-5.

12: Langdon R, Coltheart M. –Mentalising, schizotypy and schizophrenia.Cognition 71 (1999): 43 – 71

Agradecimentos

Agradecemos aos doutores Glenn Shean, Grahan Pickup e Nigel Blackwoodpor terem gentil e

prontamente nos enviado seus manuscritos após solicitação de nosso grupo.

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