Cogeração de Energia
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e-xacta, Belo Horizonte, v. 5, n. 1, p. 133-158. (2012). Editora UniBH. Disponvel em: www.unibh.br/revistas/exacta/
ISSN: 1984-3151
COGERAO DE ENERGIA ATRAVS DO TRATAMENTO DE SOLOS CONTAMINADOS COM HIDROCARBONETOS
COGENERATION OF POWER THROUGH THE TREATMENT OF SOIL CONTAMINATED WITH OIL
Maecilei Gonalves Leal1; Moiss Coelho Perptuo Moura2; Arlete Vieira da Silva3
Recebido em: 15/06/2012 - Aprovado em: 30/06/2012 - Disponibilizado em: 30/07/2012
RESUMO: O presente artigo tem como principal objetivo apresentar um estudo de viabilidade tcnica de implantao de um sistema de cogerao de energia em uma Usina de Incinerao existente. O trabalho aborda a utilizao de recursos naturais derivados do petrleo desde o ano de 1939 no Brasil. O processamento destes recursos tem causado cada vez mais impacto ambiental devido aos resduos provenientes de seu refino, os riscos de contaminao ambiental aumentam progressivamente medida que se aumenta a explorao e processamento deste recurso natural. A busca por novos meios de gerao que possam ser alinhados com o tratamento destes resduos tem se tornado cada vez maior. A incinerao aliada a cogerao de energia tem se mostrado uma forma vivel de sustentar a produo e ao mesmo tempo reduzir os rejeitos. Estudos tem mostrado que o processo de cogerao empregados em sistemas de incinerao tem sido capaz no s de gerar energia eltrica para alimentar o processo como tambm disponibilizar excedentes de energia para serem comercializadas ou aplicadas em outros processos. PALAVRAS-CHAVE: Incinerao de Resduos. Hidrocarbonetos. Resduos de Refinaria de Petrleo. Cogerao de Energia. ABSTRACT: The natural resources derived from oil has been used since the year 1939 in Brazil. The processing of these resources has caused increasing environmental impacts due to waste from refining, the risk of environmental contamination increases progressively as increasing the exploration and processing of this natural resource. The requirements of energy demand for increased production has also been a major obstacle. The search for new means of generation that can be aligned with the treatment of this waste has become increasingly larger. The incineration combined with energy cogeneration has proved a viable way to sustain production while reducing waste.Studies have shown that the cogeneration process used in incineration systems have been able not only to generate electricity to power the process as well as provide excess energy to be sold or applied in other processes. KEYWORDS: Waste Incineration, Hydrocarbons, Waste Oil Refinery, Cogeneration Power.
____________________________________________________________________________
1 INTRODUO
A partir da dcada de 60 comearam a surgir as
primeiras preocupaes com a questo da disposio
final dos resduos industriais. Isto porque o ritmo de
explorao dos recursos naturais, exigidos pelo
desenvolvimento econmico, no correspondia ao
tempo que o meio ambiente necessitava para
1 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH. Senior Engenharia - Belo Horizonte, MG. [email protected],
2 Engenheiro Eletricista. Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH. EcoBras - Belo Horizonte, MG. [email protected].
3 Mestre em Geografia e Anlise Ambiental, UFMG, 2002. Professora do Centro Universitrio de Belo Horizonte UniBH, Belo Horizonte, MG [email protected].
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decompor parte destes. O que contribuiria,
gradativamente, com a degradao ambiental e para
um colapso dos recursos naturais em curto perodo,
se medidas para cont-los no tivessem sido
tomadas.
A busca por novas fontes de petrleo tem sido
intensificada, uma vez que este o responsvel pela
movimentao econmica dos pases que tm este
recurso natural.
A disposio de resduos provenientes do refino e
extrao do petrleo um problema crescente para as
administraes ambientais, tendo em vista os
elevados potenciais de poluio do meio ambiente.
Portanto, a busca de novas tecnologias para o
tratamento e disposio final dos resduos industriais
faz-se necessrio e urgente.
Nesse contexto usinas de incinerao possuem
grande potencial para instalar um sistema de
cogerao de energia com bases nos gases a alta
temperatura gerados durante o processo. Desta
forma, podem-se obter ganhos significativos no
processo, tratamento e destinao final dos resduos
industriais. Adicionalmente, a utilizao de sistemas
de gerao de energia em processos de tratamento
trmico vem ao encontro da busca de fontes
alternativas para a gerao de energia.
2 REFERENCIAL TERICO
2.1 HIDROCARBONETOS E SEUS IMPACTOS
AMBIENTAIS
Os hidrocarbonetos so constitudos basicamente de
carbono e hidrognio, formando compostos altamente
txicos, que geralmente tm efeitos carcinognicos ou
mutagnicos. Esses compostos tendem
recalcitrncia, devido elevada hidrofobicidade e
consequente baixa solubilidade em gua. Quanto
resistncia ao ataque microbiano, eles so
diretamente proporcionais ao seu peso molecular, e
inversamente proporcionais a sua solubilidade em
gua (URURAHY et al.,1998).
O mesmo autor afirma que na maioria dos casos os
hidrocarbonetos so caracterizados como borras
oleosas geradas pelas refinarias de petrleo atravs
do processo de limpeza de tanques, separadores
gua e leo (SAO) e pelo prprio processo de refino.
No incio da dcada de 1950, segundo Carmo (2003)
no havia tecnologia para tratamento e/ou
reaproveitamento de borras oleosas geradas pela
indstria do petrleo. Sendo assim, o destino destas
eram lagoas ou diques. Em alguns casos, a borra era
simplesmente descartada em trincheiras, valas ou
colocadas em tambores e depois enterrado, sem
nenhum preparo da rea, e com isso aumentando os
riscos ambientais, que este material traria ao meio
ambiente, ou seja, sem uma gesto ambiental
adequada.
O mesmo autor afirma que com o passar dos anos,
estes locais tornaram-se o principal foco de
contaminao do solo e, posteriormente, devido
liquefao da borra, percolao e infiltrao das guas
pluviais, acarretou sua migrao e de seus
contaminantes para o lenol fretico. As principais
contaminaes originadas so de hidrocarbonetos
alifticos (TPH), hidrocarbonetos policclicos
aromticos (PAH) e BTEX (benzeno, tolueno,
etilbenzeno e xilenos).
Segundo Grillo (2003), a atividade industrial de uma
refinaria produz fortes impactos ao meio ambiente,
onde ela instalada, pois, alm de sua planta ter
grandes dimenses, ela gera, atravs de seu processo
produtivo, grandes quantidades de resduos,
emanaes, efluentes, riscos inerentes atividade e
transporte de seus produtos.
Souza e Holanda (2003) afirmam que, diariamente, a
indstria petrolfera produz enormes quantidades de
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resduos, com nveis de periculosidade em suas
quatro reas principais (extrao de leo cru,
transporte para refinarias e centros de distribuio de
produtos, refino de produtos acabados e venda dos
produtos aos consumidores). Que so, basicamente,
constitudos de hidrocarbonetos na forma de leo,
gua e slidos em diferentes propores de acordo
com cada rea. O resduo mais abundante o oleoso,
o qual apresenta capacidade abrasiva de aglomerar
areia ou p de pedra, podendo formar uma massa de
resduo final entre 10 a 20 vezes a massa do resduo
inicial.
Os mesmos autores afirmam que inicialmente os
resduos oleosos gerados pela indstria petrolfera so
destinados a diques construdos sobre o solo, valas,
trincheiras ou tambores para posterior destinao em
aterros (FIG. 1).
Eles ainda ressaltam que as destinaes incorretas
destes resduos podem acarretar em contaminao de
corpos hdricos adjacentes, cujas consequncias
podem ser o assoreamento dos rios, mortandade de
peixes, contaminao pela presena de metais
pesados, substncias txicas, degradao do solo
devido a alta salinidade presente na gua produzida e
impactos negativos em reas de preservao
ambiental.
Figura 1 Remoo da borra oleosa para posterior coprocessamento.
Fonte - VIRGOLINO, 2007, p.44.
Gripp (1998) afirma que, devido ao enorme impacto
ambiental causado por estes acmulos de materiais
orgnicos, a demanda por tecnologias de
destinao/disposio no gerenciamento de resduos
perigosos (slidos, lquidos e gasosos) vem
aumentando significativamente. Atualmente no Brasil,
podem-se encontrar usinas dedicadas destruio
trmica dos resduos gerados nos mais diversos
campos da indstria. Com o crescente aumento da
gerao de resduos e a busca por tecnologias
ambientalmente corretas para destinao final dos
mesmos. Alguns tratamentos podem apresentar
solues eficazes dependendo do resduo, so eles:
Pirlise - Processo de destruio trmica, que consiste
na transferncia de calor, onde o processo ocorre em
uma rea redutora, ou seja, com baixo teor de
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oxignio. Nesse processo, os materiais base de
carbono so decompostos em combustveis gasosos,
lquidos e slidos (carvo). O sistema consiste em
uma cmara metlica onde os resduos so
acomodados, cmara esta, dotada de um circuito de
externo de fluido trmico ou gs aquecido,
responsveis pela transferncia de calor.
Autoclavagem - Originalmente utilizado na
esterilizao de material cirrgico, este processo foi
adaptado e desenvolvido para a esterilizao de
resduos. Em linhas gerais, consiste em um sistema
de alimentao que conduz os resduos at uma
cmara metlica, trabalhando em presso negativa,
onde vapor d'gua (entre 105 e 150C) injetado no
interior da cmara, sob determinada condio de
presso.
Microondas - Nesse processo os resduos so
triturados, umedecidos com vapor d'gua (150C) e
conduzido cmara (forno) de microondas. No interior
da cmara encontram-se dispositivos cujas funes
so revolver e deslocar o material para que o mesmo
receba, de forma uniforme, a radiao de microondas.
Eletrotrmica - Este processo consiste numa dupla
triturao prvia ao tratamento, seguida pela
exposio da massa triturada a um campo eltrico de
alta potncia, gerado por ondas eletromagnticas de
baixa frequncia, atingindo uma temperatura final
entre 95 e 98C.
Incinerao - O processo consiste em uma cmara
metlica rotativa, onde os resduos so submetidos a
altas temperaturas em uma rea oxidante, ou seja,
com significativa presena de oxignio. Em seu
interior, um queimador responsvel pela formao
de uma chama, que em contato direto e/ou indireto,
proporciona a liberao dos compostos volteis. A
incinerao dos resduos industriais com
aproveitamento energtico quer seja para a gerao
de energia eltrica, quer seja para gerao de vapor
ou ar refrigerado, uma alternativa que vem sendo
empregada para solucionar os problemas de
disposio final dos resduos industriais,
principalmente nos pases da Europa, Estados Unidos
e Japo (GRIPP, 1998).
Dada a crise energtica dos ltimos anos e a busca
por tecnologias alternativas de gerao de energia,
que venha complementar a matriz energtica
brasileira, calcada na hidroeletricidade, ganha espao
no Pas a utilizao de resduos slidos em processos
termoeltricos de cogerao. A queima de pneus
usados e outros resduos em fornos de clnquer,
inclusive com regulamentao no Conselho Nacional
de Meio Ambiente (CONAMA, 1999), e a utilizao da
biomassa do bagao de cana em processos de
cogerao com gs natural so exemplos dessa
busca por novas tecnologias que contribuem para a
gerao de energia e, ao mesmo tempo, propiciam
uma destinao final adequada aos resduos slidos.
2.2 TIPOS DE INCINERADORES
Segundo Dempsey e Oppelt (1999), existem vrios
tipos de incineradores, mas cinco principais se
destacam, so eles: Cmaras Mltiplas Fixas; de Leito
Fluidizado; de Injeo Lquida; de Plasma e o de
Cmara Rotativa.
Dar-se- nfase ao incinerador de cmara rotativa, por
ser considerado um dos objetos principais deste
estudo.
2.2.1 INCINERADOR CMARA ROTATIVA
Incineradores de Cmaras Rotativas (FIG. 2) so os
mais versteis, devido ao fato de serem aplicveis
destruio de resduos slidos, lamas e resduos em
contineres, assim como os lquidos. Devido a isto,
estas unidades esto frequentemente incorporadas
em projetos de plantas de incinerao comerciais. A
cmara rotativa um cilindro horizontal revestido
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internamente com materiais refratrios e isolantes. A
rotao da cmara induz o transporte do resduo e
melhora a mistura (homogeneizao) do resduo a ser
queimado. O resduo pode mover-se tanto
concorrente quanto em contracorrente em relao ao
fluxo de gases (DEMPSEY; OPPELT, 1999).
Figura 2 - Processo de incinerao.
Fonte ECOLING, 2011.
O processo de tratamento de solos contaminados com
hidrocarbonetos, segundo Dempsey e Oppelt (1999),
consiste em uma cmara rotativa, onde os solos
contaminados so aquecidos temperatura de 800C.
Os contaminantes (hidrocarbonetos), presentes nos
solos, passam pelo processo de dessoro trmica
nas temperaturas entre 260 e 500C, onde frao dos
contaminantes incinerada na cmara rotativa e a
frao restante direcionada cmara de combusto
para incinerao.
Os autores ressaltam que, aps a passagem pela
cmara de combusto, os gases contaminados com
materiais particulados so direcionados ao resfriador
para resfriar os gases rapidamente at a temperatura
de saturao. Posteriormente, os gases so
direcionados ao Lavador de Gases Venturi e
Hidrociclone, cujos objetivos so, respectivamente, a
separao de um conjunto de particulados e
contaminantes gasosos presentes no gs, mediante a
lavagem do mesmo com gua e promover a
separao das fases lquida e gasosa provenientes do
Lavador de Gases Venturi. Os gases aps a
passagem nos equipamentos de controle ambiental
so ento direcionados chamin.
Os mesmos autores ainda afirmam que devido ao
considervel PCI dos solos necessrio um controle
rigoroso da temperatura interna da cmara rotativa,
podendo ocorrer a fuso e vitrificao dos inertes (solo
descontaminado). O controle da temperatura interna
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da cmara realizado com a introduo de ar
atmosfrico no interior da mesma.
O controle da frao incinerada de gases realizado
exclusivamente com a introduo de ar atmosfrico na
cmara rotativa, uma vez que a cmara estar
operando com temperatura superior temperatura de
ignio (210C) dos hidrocarbonetos (decano)
(DEMPSEY; OPPELT, 1999).
Os autores afirmam que a utilizao do processo de
dessoro trmica combinado com a incinerao dos
gases na cmara rotativa resulta em um consumo
inferior de gs combustvel e reduo dimensional dos
equipamentos.
O incinerador de cmara rotativa composto
principalmente por cmara principal, caixa de
passagem, sistema de combusto. A cmara rotativa
tem como objetivo o tratamento dos solos
contaminados em conjunto com o escoamento em
contracorrente aos gases.
Os mesmos autores ressaltam que o sistema de
combusto tem como principal finalidade realizar a
transformao de energia qumica do gs combustvel
em calor. Este sistema realiza o controle da
temperatura interna da cmara de combusto, o
consumo de gs combustvel, a estabilizao de
chama e promove a recirculao dos gases da chama,
de modo a aquecer a mistura ar/gs combustvel.
O gs combustvel e o ar, de acordo com Dempsey e
Oppelt (1999), so transportados por canais no interior
do queimador de processo at o cabeote. Esta zona
promove a introduo de combustvel e de ar na
cmara de combusto (a reao no ocorre no interior
do queimador), onde, devido elevada velocidade do
ar, estes se misturam. Aps esta mistura, ocorre a
ignio acompanhada da libertao de calor
pretendida. A ignio realizada atravs de uma
chama piloto que ir provocar a ignio da chama
principal. Aps o incio da reao a chama
autossustentada, e a alimentao de ar efetuada de
duas formas: o ar primrio que introduzido junto ou
simultaneamente com o combustvel e o ar secundrio
que introduzido para prximo da zona de chama e
que por arrastamento ir ser misturado e no deixar
que a chama se extinga.
O excesso de ar a quantidade extra de ar
introduzida, acima da necessria para uma reao
estequiomtrica. O objetivo utilizar a quantidade
mnima de excesso de ar que proporcione segurana,
minimizar o gasto de gs combustvel e controlar a
temperatura interna da cmara de combusto
(DEMPSEY; OPPELT, 1999).
2.3 TURBINA
Segundo Ossberger (1998), uma turbina a vapor um
motor trmico rotativo no qual a energia potencial do
vapor transformada em energia cintica devido a
sua expanso atravs dos bocais. Esta energia ento
transformada em energia mecnica de rotao
devido fora do vapor agindo nas ps rotativas.
O mesmo autor afirma que o elemento bsico da
turbina a roda ou rotor, que conta com paletas,
hlices, lminas ou cubos colocados ao redor de sua
circunferncia, de forma que o fluido em movimento
produza uma fora tangencial que impulsiona a roda,
fazendo-a girar. Essa energia mecnica transferida
atravs de um eixo para movimentar uma mquina,
um compressor, um gerador eltrico ou uma hlice.
Atualmente, a maior parte da energia eltrica mundial
produzida com o uso de geradores movidos por
turbinas.
Ainda de acordo com o autor, a turbina a vapor
atualmente o mais usado entre os diversos tipos de
acionadores primrios existentes. Uma srie favorvel
de caractersticas concorreu para que a turbina a
vapor se destacasse na competio com outros
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acionadores primrios, como a turbina hidrulica, o
motor de combusto interna, a turbina a gs.
3 METODOLOGIA
O trabalho se classifica, segundo Gil (2002), como
uma pesquisa experimental do tipo estudo de caso,
pois apresenta as caractersticas de anlise, avaliao
e viabilidade tcnica para instalao de sistema de
cogerao de energia.
Os procedimentos metodolgicos foram iniciados com
uma reviso bibliogrfica que teve por objetivo nivelar
o conhecimento do grupo sobre o tema em questo e
obter dados para discusso dos resultados.
O segundo passo consistiu em avaliar os materiais
que possussem caractersticas compatveis com o
processo.
A seleo dos materiais que possuam caractersticas
compatveis com o processo foi realizada no terceiro
passo.
O quarto passo consistiu em realizar clculos
dimensionais para especificao dos equipamentos
compatveis com o processo.
Os resultados que comprovam a viabilidade tcnica da
instalao do sistema de cogerao de energia
eltrica foram demonstrados no quinto passo.
O sexto passo caracterizou-se em avaliar a viabilidade
financeira da instalao do sistema de cogerao.
4. RESULTADOS E DISCUSSO
Visando avaliar a viabilidade tcnica da implantao
do sistema de cogerao de energia eltrica em
plantas de incinerao, utilizou-se como base o
fluxograma de processos de uma unidade de
incinerao existente representado pela FIG. 3.
Figura 3 Fluxograma de processos.
Foi realizado um estudo para anlise do potencial de
gerao de energia em cada ponto do sistema da
FIG. 3, para a escolha do ponto de instalao foram
consideradas as seguintes condies em relao aos
gases de processo:
Vazo volumtrica de gases;
Temperatura dos gases;
Concentrao de materiais particulados na
corrente gasosa;
Densidade dos gases;
Composio qumica dos gases.
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A FIG. 4 busca demonstrar, por meio de um
fluxograma, os principais equipamentos que devero
ser instalados para o sistema de cogerao e tambm
demonstra a relao existente entre eles.
Figura 4 Ciclo de cogerao de energia.
4.1. PONTOS DE ANLISE
Os dados informados na TAB.1 foram obtidos no
processo de incinerao atualmente utilizado no polo
petroqumico e esto tambm baseados nas seguintes
consideraes:
Resduo: solo contaminado com 30% de
C10H22 e umidade de 25%;
Vazo mssica de alimentao de resduos:
4.000 kg/h;
Autonomia: 624 h/ms.
Analisando a TAB. 1, pode-se identificar que o
ponto 02 apresenta dados caractersticos
importantes como vazo volumtrica de
135.028 Am3/h e a temperatura de 1.100C. Os
dados citados so importantes porque, percebe-
se, neste caso, que os gases do ponto 02
oferecem as melhores condies de serem
utilizados como meio de troca de calor.
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Tabela 1
Dados caractersticos dos pontos de anlise (01, 02, 03 e 04).
Item Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03 Ponto 04
Vazo volumtrica (Am3/h) 18.693 135.028 77.964 63.528
Vazo volumtrica (Nm3/h) 5.245 26.848 44.522 43.940
Vazo mssica (kg/h) 6.598 33.376 44.490 48.244
Temperatura (C) 700 1.100 250 120
Concentrao de materiais
particulados (mg/Nm3) 1.101 215 129,8 35,1
Densidade (kg/m3) 0,35 0,25 0,57 0,87
Fonte Polo petroqumico Camaari, 2012.
4.2. DADOS CARACTERSTICOS
Utilizando as informaes obtidas na TAB. 2 realizou-
se a separao das composies mssica e molar dos
gases do ponto escolhido para a instalao do sistema
de cogerao, como j foi definido anteriormente. A
partir destas informaes foi possvel identificar o calor
especfico dos gases envolvidos no processo
conforme TAB. 3.
Tabela 2
Informaes do processo fornecidas pela usina de incinerao do Polo Petroqumico de Camaari/BA.
Componente Frao Mssica Frao Molar
Base Seca Base mida Base Seca Base mida
Gs carbnico (CO2) 0,111 0,100 0,074 0,063
Oxignio (O2) 0,108 0,097 0,100 0,085
Nitrognio (N2) 0,781 0,705 0,826 0,700
Hidrocarboneto (C10H22) - - - -
gua (H2O) - 0,098 - 0,152
Total 1,000 1,000 1,000 1,000
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Tabela 3
Calor especfico dos gases do processo.
Calor Especfico dos Gases
Cp CO2 [kJ/kg. C] 1,22
Cp O2 [kJ/kg. C] 1,08
Cp N2 [kJ/kg. C] 1,11
Cp H2O [kJ/kg. C] 2,22
Fonte - Perrys Chemical Engineers
Handbook, 1999.
4.2.1 CALDEIRA
Com as caractersticas dos gases j
estabelecidas e a classe de caldeiras j
definida, adotou-se a empresa IPE (Indrustrial
Process Engineering) como base de
informaes para consulta do processo de
gerao de energia.
Utilizaram-se os conceitos de caldeira de
gerao de vapor e a experincia da empresa
IPE para selecionar as possveis classes de
caldeiras, que melhor se adequaram ao
processo de gerao de vapor com utilizao
de gases de processo. As classes de caldeiras
estudadas se resumem a aquatubulares e
flamotubulares. Para facilitar a seleo da
classe de caldeira buscou-se apresentar as
principais caractersticas de cada caldeira,
sejam pontos negativos ou positivos, mas que
possam influenciar no processo de gerao de
vapor.
A TAB. 4 apresenta as vantagens e
desvantagens das caldeiras selecionadas para
estudo. Estas vantagens e desvantagens
sero analisadas a fim de selecionar a classe
de caldeira cujos benefcios resultem em
facilidade de operao, segurana de
processo, tecnologia, capacidade de produo
de vapor e condies de aproveitamento do
potencial energtico da usina.
Tabela 4
Vantagens e desvantagens das caldeiras aquatubulares e flamotubulares.
Vantagens
Aquatubular Flamotubular
Maior taxa de produo de vapor por unidade
de rea de troca de calor. Construo fcil e de custos relativamente baixos.
Possibilidade de utilizao de temperaturas
superiores a 450C e presses acima de 60
kgf/cm
Construo robusta.
Partida rpida em razo do volume reduzido de
gua nos tubos.
Exigem pouca alvenaria, tornando fcil sua
locao.
Vida til pode chegar a 30 anos. Utilizam qualquer tipo de combustvel, seja ele:
lquido, gasoso ou slido.
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Desvantagens
Pode custar at 50% mais que uma caldeira
flamotubular de capacidade equivalente.
Presso limitada em torno de 15kgf/cm, devido
espessura da chapa dos corpos cilndricos
crescer com o dimetro.
Construo mais complexa. Partida lenta, em funo de se aquecer todo o
volume de gua.
Exigem tratamento de gua muito cuidadoso. Baixa capacidade e baixa produo de vapor por
unidade de rea de troca de calor.
Quando operando em altas presses a bomba
de circulao apresenta problemas constantes. Circulao de gua deficiente.
Custo de manuteno relativamente alto. Dificuldade para instalao de superaquecedores,
economizadores e preaquecedores de ar.
As vantagens da classe de caldeiras
aquatubulares se encaixam no perfil do ponto
02 pelas seguintes caractersticas:
1.) Maior taxa de produo de vapor por
unidade de rea de troca de calor;
2.) Possibilidade de utilizao de
temperaturas superiores a 450C e presses
acima de 60 kgf/cm2;
3.) Vida til pode chegar a 30 anos;
4.) Exigem tratamento de gua muito
cuidadoso (*).
(*) No polo industrial onde a usina de
incinerao em estudo est implantada, j
existe um rigoroso sistema de ETE (Estao
de Tratamento de Efluentes) que abastece
todo o polo. Sendo assim, a desvantagem de
um tratamento de gua muito cuidadoso
amenizada.
Os dados contidos nas TAB. 1, 2 e 3 foram
enviados a IPE para consulta de um sistema
de gerao de energia a partir de gases de
processo. A Tabela 5 mostra os resultados
fornecidos pela IPE.
As caldeiras aquatubulares so as mais
comuns em se tratando de plantas
termeltricas ou gerao de energia eltrica.
Definindo a caldeira a ser utilizada como
aquatubular, o seu princpio de funcionamento
baseado na gerao de vapor dagua
realizada por meio de transferncia de calor
com os gases de processo, no havendo
necessidade de queimadores para gerao de
gases aquecidos. (FIG. 5).
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Tabela 5
Caldeira Aquatubular
Caldeira
Item Descrio
Tipo Aquatubular
Circulao Natural
Dados Tcnicos
Item Descrio
Temperatura do Vapor na Sada (C) 350
Presso do Vapor na Sada (kgf/cm) 42
Capacidade de Produo de Vapor (toneladas/h) 12
Potncia de Sada da Caldeira no Vapor (MW) 10,3
Eficincia Trmica Calculada (%) 85,5
Temperatura de Agua de Alimentao (C) 110
Temperatura dos Gases de Sada (C) 200
Perifricos
Item Descrio
Paredes de Fechamento
Tambm chamadas de superfcies de radiao e conveco. Construdas por paredes dagua do tipo membrana, propiciando alta absoro trmica e minimizando a utilizao de revestimentos refratrios.
Balo de Vapor Dimensionado de forma a absorver as possveis flutuaes na demanda de vapor, com o mnimo de variao no nvel da caldeira.
Bancos Geradores Construdos por feixes de tubos verticais, soldados aos coletores e conectados ao tambor de vapor.
Superaquecedores de Vapor Construdos por feixes de tubos com a finalidade de aquecer o vapor de sada de 257C para 350C.
Economizadores Tem como objetivo o aumento da eficincia de gerao de vapor, atravs da troca trmica entre gua de alimentao e os gases de sada da caldeira.
Sistema de Limpeza dos Tubos do Banco.
Utiliza um sistema de barras vibratrias (martelos batedores) nas partes mais quentes e sopradores de fuligem nas partes mais frias (economizadores).
Fonte - Industrial Process Engineering (IPE), 2011.
-
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Figura 5 Caldeira Aquatubular
Fonte - SOTOFILHOS, 2012, p. 4
4.2.2 TURBINA
Com a caldeira definida, realizou-se a anlise
do tipo de turbina que poderia ser utilizada no
processo considerando as seguintes
invariveis de entrada:
Presso de Vapor de Admisso: 42
kgf/cm2;
Temperatura de Vapor de Admisso:
350 C;
Vazo de Vapor: 15.000 kg/h.
Analisando os dados acima chegou-se a
concluso que uma turbina a vapor do tipo
condensao (FIG. 6) seria suficiente para
atender as necessidades do processo. Este
tipo de turbina recebe esse nome pelo fato da
presso de sada (presso de vapor de
escape) ser menor que a presso atmosfrica
(1,03 kgf/cm2). As tabelas 6a a 6d apresentam
quatro simulaes de desempenho realizadas
pelo fabricante em diferentes situaes. Estas
simulaes so importantes para definir as
condies de trabalho que a turbina estar
exposta, tambm servem como base para a
definio das capacidades de gerao em
cada situao proposta. Os dados tcnicos da
turbina selecionada esto representados na
TAB. 7.
Figura 6 Turbina a Vapor do tipo
condensao.
Fonte - TGM TURBINAS, 2012, p.8
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Tabela 6a
Dados de operao
Condio 01 Vcuo 0,16 kgf/cm
Dados de Operao
Item Descrio
Presso de Vapor de Admisso (kgf/cm) 42
Temperatura de Vapor de Admisso (C) 350
Presso de vapor de escape* (kgf/cm) 0,16
Vazo de Vapor (kg/h) 15.000
Potncia Gerada nos Bornes do Gerador (kW) 2.400
Rotao Nominal (rpm) 7.000
Consumo especfico** (kg/kWh) 6,25
Eficincia (%) 34
Tabela 6b
Condio 02 Vcuo 0,30 kgf/cm
Dados de Operao
Item Descrio
Presso de Vapor de Admisso (kgf/cm) 42
Temperatura de Vapor de Admisso (C) 350
Presso de vapor de escape* (kgf/cm) 0,30
Vazo de Vapor (kg/h) 15.000
Potncia Gerada nos Bornes do Gerador (kW) 2.200
Rotao Nominal (rpm) 7.000
Consumo especfico** (kg/kWh) 6,82
Eficincia (%) 31
-
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Tabela 6c
Condio 03 Vcuo 0,70 kgf/cm
Dados de Operao
Item Descrio
Presso de Vapor de Admisso (kgf/cm) 42
Temperatura de Vapor de Admisso (C) 350
Presso de vapor de escape* (kgf/cm) 0,70
Vazo de Vapor (kg/h) 15.000
Potncia Gerada nos Bornes do Gerador (kW) 1.900
Rotao Nominal (rpm) 7.000
Consumo especfico** (kg/kWh) 7,89
Eficincia (%) 27
Tabela 6d
Condio 04 Atmosfrico 1,03 kgf/cm
Dados de Operao
Item Descrio
Presso de Vapor de Admisso (kgf/cm) 42
Temperatura de Vapor de Admisso (C) 350
Presso de vapor de escape* (kgf/cm) 1,03
Vazo de Vapor (kg/h) 15.000
Potncia Gerada nos Bornes do Gerador (kW) 1.800
Rotao Nominal (rpm) 7.000
Consumo especfico** (kg/kWh) 8,33
Eficincia (%) 26
(*) Presso de vapor de escape no vcuo;
(**) Consumo especfico nos bornes do gerador;
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Tabela 7
Dados Tcnicos da Turbina selecionada para o processo.
Dados Tcnicos
Item Descrio
Fabricante Turbimaq
Modelo TBQ MEGA400MC
Tipo Condensao
Rotao Nominal (rpm) 7.000
Rotao de Desarme * (rpm) 7.700
Rotao de sada do Redutor (rpm) 1.800
Regulador de Velocidade Eletrnico Woodward 2301D-ST
Conversor de Sinal Eltrico Hidrulico Woodward CPC
Servo Atuador Hidrulico
Sistema de Fechamento Rpido Hidrulico
Nmero de Vlvulas de Admisso 02
Selagem de Vapor Labirinto
Selagem de leo Labirinto
Tipo de Lubrificao Forada
Presso Mxima de Vapor na Admisso (kgf/cm) 45
Temperatura mxima do Vapor na Admisso (C) 420
Fonte: TURBIMAQ, 2012
(*) TRIP.
A condio atmosfrica (condio 04 da
TAB. 6) possibilita o condensador ser gua ou
ar, sendo que cada um demandar torres de
resfriamento de diferentes dimenses.
O sistema de refrigerao do condensador a
gua (sistema que utiliza torres e bombas para
resfriamento da gua de refrigerao)
demandar um investimento significativamente
maior em relao ao sistema de refrigerao a
ar, porm ter uma rea de ocupao muito
menor. O motivo da rea de ocupao ser
menor devido ao fato de que a gua possui
coeficiente de troca de calor maior,
necessitando de uma rea de ocupao menor
que o ar. (TAB. 8)
-
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Tabela 8
Dados Tcnicos do Condensador
Dados Tcnicos
Valores (kgf/cm) 0,16 0,30 0,70 1,03 (gua) 1,03 (ar)
Condio Vcuo Vcuo Vcuo Atm. Atm.
Montagem Horizontal
Presso de Trabalho (kgf/cm) 0,16 0,30 0,70 1,03 (gua) 1,03 (ar)
Vazo Mssica (kg/h) 15.000
Refrigerao gua
Temperatura de Agua Refrigerao (C) 30 30 30 - -
Temperatura de Ar Refrigerao (C) - - - 30 30
Fonte TURBIMAQ, 2012.
4.2.3 GERADOR
Para dimensionamento do gerador trifsico
utilizado no sistema, consultou-se a empresa
WEG, que realizou a seleo do gerador
dentro da sua linha de produtos. O gerador
trifsico indicado para o processo possui
sistema de excitao do tipo Brushless, ou
seja, sem escovas (TAB. 9).
Com os sistemas de excitao o gerador de
corrente contnua ou com excitatriz de corrente
alternada mais retificadores, a potncia de
excitao deve ser transferida de um
equipamento excitatriz C.C, retificador - para o
campo do gerador, exigindo para isto anis
coletores e escovas.
A FIG. 7 mostra esquematicamente o sistema
simplificado de excitao sem escovas. O
sistema mostrado consiste de uma excitatriz
de corrente alternada e um retificador rotativo
montado no mesmo eixo do turbo-gerador.
Tambm montado no mesmo eixo est um
gerador a m permanente, cujo sinal de sada
retificado e comparado, no regulador de
tenso, com o sinal retificado da tenso
terminal. O erro resultante alimenta o campo
da excitatriz de corrente alternada, que se
assemelha a uma mquina de corrente
contnua sem comutador, com enrolamento de
campo no estator e armadura no rotor. A sada
da armadura rotativa da excitatriz de corrente
alternada conduzida ao longo do eixo para o
retificador rotativo, a sada do qual, por sua
vez, alimenta o campo do gerador, ainda ao
longo do eixo.
-
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Figura 7 Sistema de Excitao sem Escovas
Fonte - WEG, 2012
Tabela 9
Dados tcnicos do Gerador.
Dados Tcnicos
Item Descrio
Fabricante WEG
Modelo SPW 630
Potncia Aparente (kVA) 3.750
Polaridade 4 (IV)
Tenso Nominal (kV) 13,8
Frequncia (Hz) 60
Fator de Potncia 0,8
Grau de Proteo IP 54
Sistema de Refrigerao Trocador de Calor ar-gua (IC81W)
Tipo de Excitao Brushless PMG
Forma Construtiva B3
Classe de Isolamento F
Fonte - WEG, 2012.
-
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O rotor do gerador acomoda o enrolamento de
campo e um enrolamento em gaiola para
amortecimento, que compensa servios em
paralelo e com carga irregular.
Nos geradores de polos lisos o rotor possui o
entreferro constante. Cada volta isolada com
material de isolao classe F. O espao entre
cada volta completamente preenchido com
verniz. As bobinas de campo so tambm
isoladas por meio de colares isolantes e
laminado de vidro epxi. Em mquinas de
polos lisos o enrolamento amortecedor
construdo ao longo de toda periferia do rotor,
o que de fundamental importncia para
suportar cargas repentinas, tais como de
partidas de motores, desligamento e
religamento de grandes cargas. H tambm
significativa reduo na taxa de distoro
harmnica com relao s mquinas de polos
salientes. O rotor de polos lisos no possui
salincias e reentrncias, sendo praticamente
um monobloco. Assim, ele se torna mais
robusto e resistente s sobrevelocidades e
disparos das turbinas.
No sistema Brushless (sem escovas), a
potncia para excitao do gerador obtida
atravs de uma excitatriz principal, que
dependendo da forma construtiva da mquina
pode ser montada do lado de fora da mesma,
prxima ao mancal do lado no acionado. A
excitatriz principal constituda de: polos fixos
que acomodam as bobinas do campo de
excitao ligado em srie, armadura e ponte
retificadora girante. A tenso de sada do
gerador permanece constante pelo controle do
regulador eletrnico de tenso. O mesmo
supervisiona a tenso de sada e alimenta o
campo da excitatriz principal com a corrente
necessria para gerar a tenso alternada, que
depois de retificada pelos diodos girantes,
alimenta o campo do gerador.
4.3. GERAO DE ENERGIA
Com base na seleo e especificao dos
equipamentos citados nos itens anteriores
realizou-se um pequeno resumo dos
componentes a serem utilizados:
Caldeira a vapor tipo aquatubular;
Turbina a vapor tipo condensao;
Gerador trifsico com excitao
Brushless.
Os clculos da capacidade de gerao de
energia foram baseados no ponto 02 da
instalao (ponto considerado ideal para
instalao do sistema de cogerao) e
tambm foram considerados como base dos
clculos todos os equipamentos especificados
no item 4.2.
Er = Wc x Cpmdio x [(T1 + T2)/2] (1)
1000
Er = energia recuperada no resfriamento dos
gases (MW);
Wc = vazo mssica de gases de combusto
(kg/s);
Cpmdio = calor especfico mdio (kJ/kgC);
T1 = temperatura de entrada dos gases na
caldeira (C);
T2 = temperatura de sada dos gases na
caldeira (C).
Assim,
-
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(33376kg/h)x(1,22kJ/kgC)x(1100C+35C)
Er= 3600 2
1000
Er = 8,2 MW
4.3.1 TOTAL DE ENERGIA RECUPERADA
NA CALDEIRA
Conforme informado na TAB. 5, a eficincia de
recuperao trmica considerada da caldeira a
vapor de 85,5% ficando assim:
Tec = Er x Ec (2)
Tec = (8,20MW) x (85,5%)
Tec = 7,01 MW
Onde:
Tec = total de energia recuperada na caldeira
(MW);
Er = energia recuperada no resfriamento dos
gases (MW);
Ec = eficincia de recuperao trmica da
caldeira.
A partir da Eq. 2, realizaram-se os clculos
para energia recuperada na turbina
considerando as quatro condies citadas na
TAB.6.
Invariveis de processo:
- Presso de Vapor de Admisso: 42 kgf/cm2;
- Temperatura de Vapor de Admisso: 257 -
350 C;
- Vazo de Vapor: 15.000 kg/h.
Tet = Tec x Et (3)
Onde:
Tet = Total de energia recuperada na turbina
(MW);
Tec = Total de energia recuperada na caldeira
(MW);
Et = Eficincia de recuperao trmica da
turbina (%).
Sendo assim, aplicando a Eq. 3 pode-se
calcular o Total de energia recuperada na
caldeira em todas as condies:
Condio 01
Tet = (7,01 MW) x (34%)
Tet = 2,38 MW
Condio 02
Tet = (7,01 MW) x (31%)
Tet = 2,17 MW
Condio 03
Tet = (7,01 MW) x (27%)
Tet = 1,89 MW
Condio 04
Tet = (7,01 MW) x (26%)
Tet = 1,82 MW
Analisando os resultados, dados
anteriormente, possvel verificar que a
condio 01 apresenta a melhor eficincia,
porm deve ser considerado o pior caso
(condio 04) devido variao do teor de
hidrocarbonetos presente nos resduos, que
podem ocasionar variao nos resultados.
Todos os clculos relacionados viabilidade
tcnica levou em considerao a condio 04
-
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por oferecer margem de segurana adequada
instalao do sistema.
Adotando os extremos inferior e superior das
condies 01 a 04, realizou-se o clculo de
potncia gerada (Eq. 4), considerando fator de
potncia de 0,80 para o gerador especificado.
S = Tet (4)
0,80
Onde:
S = Potncia aparente em VA.
Condio 01
S = 2,38 MW S = 2,97 kVA
0,80
Condio 04
S = 1,82 MW S = 2,27 Kva
0,80
4.4. CUSTOS DE IMPLEMENTAO
A partir das informaes obtidas com a
definio de caldeira, turbina e gerador,
realizou-se uma estimativa dos principais
custos para instalao.
Os custos reais de implantao no foram
possveis de serem analisados, uma vez que
no foram fornecidos pela usina os projetos
detalhados. Projetos mecnicos seriam
necessrios para avaliar com exatido as
modificaes a serem realizadas na estrutura
existente. Diagramas eltricos e de automao
seriam necessrios para avaliar a integrao
entre o sistema supervisrio existente e o
sistema de cogerao proposto.
A TAB. 10 apresenta um resumo de custos
dos principais equipamentos em discusso
neste trabalho.
Tabela 10
Planilha de custos.
Planilha de Custos Componentes Principais Item Descrio Custo Parcial Custo Total
Caldeira
R$ 7.820,000,00
01 Caldeira Aquatubular
R$ 2.500,000,00
02 Balo de Vapor 03 Banco Geradores 04 Superaquecedores de Vapor 05 Economizadores 06 Desaerador 07 Perifricos
Turbina
08 Turbina Mltiplo Estgio de Condensao
R$ 4.620.000,00
09 Condensador 10 Turbo Redutor Mltiplo Estgio de Condensao 11 Torre de Resfriamento 12 Bombas de Recirculao 13 Perifricos
Gerador 14 Gerador Trifsico R$ 700.000,00
Fonte: WEG, TURBMAQ, IPE, 2011.
-
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Obs.: Os custos informados na TAB.10, alm
do fornecimento do equipamento tambm
contemplam superviso integral de montagem,
comissionamento, treinamentos e start-up.
O cronograma de instalao da TAB. 11 foi
elaborado com base nos prazos de entrega
fornecidos pelos fabricantes dos referidos
componentes.
Tabela 11
Cronograma.
Cronograma
Item Componente Prazo de Entrega Montagem Trmino
01 Caldeira Aquatubular
120 dias corridos
(88 dias teis)
60 dias corridos
(44 dias teis)
375 dias corridos
(*)
02 Balo de Vapor
03 Bancos Geradores
04 Superaquecedores de Vapor
05 Economizadores
06 Desaerador
07 Perifricos
08 Turbina Mltiplo Estgio de
Condensao
270 dias corridos
(198 dias teis)
75 dias corridos
(55 dias teis)
09 Condensador
10 Turbo Redutor Mltiplo
Estgio de Condensao
11 Torre de Resfriamento
12 Bombas de Recirculao
13 Perifricos
14 Gerador Trifsico 210 dias corridos
(154 dias teis)
60 dias corridos
(44 dias teis)
Fonte: WEG, TURBMAQ, IPE, 2011.
(*) Considerou-se que todos os componentes
sero fabricados e montados em 345 dias
corridos. Comissionamento, treinamentos e
start-up considerou-se um perodo de 30 dias
corridos, resultando em 365 dias corridos para
a entrega do equipamento.
-
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Para estimativa de custos de mo de obra,
foram considerados os profissionais
necessrios para execuo da obra. Os custos
dos profissionais esto inclusos no
fornecimento de cada componente
referenciado na TAB. 10. Para os dados da
TAB. 12 as seguintes restries foram
consideradas:
- Perodo de trabalho: 75 dias corridos (55 dias
teis);
- Expediente: 08:00 s 12:00 hs e 13:00 s
17:00 hs;
-Dias trabalhados (semana): 05 (segunda-feira
sexta-feira);
- Dias trabalhados (ms): 22;
- Horas trabalhadas por dia: 08;
- Horas trabalhadas por ms: 176.
Tabela 12
Custos da mo de obra
Planilha de Custos Mo de Obra
Profissional Qtd. R$/h Custo Parcial R$ (*) Custo Total R$ (**)
Coordenador de Montagem 01 150,00 66.000,00
356.400,00
Ajudante 04 22,00 38.720,00
Montador 06 30,00 79.200,00
Soldador/ Montador 04 38,00 26.400,00
Eletricista 02 30,00 26.400,00
Tcnico em Eletrotcnica 01 60,00 26.400,00
Engenheiro de Automao 01 120,00 52.800,00
Tabela 13
Resumo de investimentos
Item Descrio Custo Parcial
(R$)
Investimento
(R$)
01 Caldeira Geradora de Vapor 2.500.000,00
8.176.400,00 02 Turbina Mltiplo Estgio de Condensao 4.620.000,00
03 Gerador Trifsico 700.000,00
04 Mo de Obra 356.000,00
-
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Tabela 14
Clculo do retorno de investimento
Anlise de Consumo
Consumo Atual
(kWh) R$/kWh
Gerao
(kWh)
Excedente
(kWh)
Retorno Mensal
(R$)
550 0,175 1.820 1.270 160.020,00
Anlise de Gerao
Gerao
Mensal (MW)
Gerao Anual
(MW)
Excedente anual
(MW) Investimento (R$)
Retorno de
Investimento
1.310,4 15.724,8 10.972,8 8.176.400,00 4 anos e 3 meses
A Tabela 13 foi definida com base nos custos
dos equipamentos que j tinham sido definidos
neste trabalho e, a TAB. 14, foi elaborada com
base nas informaes de consumo energtico
adquiridas no polo petroqumico.
A COELBA (Companhia de Eletricidade do
Estado da Bahia) a responsvel pelo
fornecimento de energia eltrica no Polo
Petroqumico, sendo, as informaes de
consumo e custo de energia fornecido pela
usina. Para os custos referentes gerao de
energia, retorno mensal e retorno de
investimento considerou-se a possibilidade de
comercializar a energia excedente pelo
mesmo valor de aquisio, ou seja,
R$ 0,175/kWh. O retorno mensal foi calculado
considerando-se a energia excedente de 1.270
kWh e o custo de R$ 0,175/kWh. Para os
custos de retorno de investimento foram
considerados os valores de investimento
(R$ 8.176.400,00) e a comercializao do
excedente anual (R$ 10.972,8 MW) com a
tarifa de R$ 0,175/kWh.
5. CONCLUSO
Pode-se verificar que a usina apresenta
potencial de gerao de energia significativo.
Os clculos apresentados justificam
tecnicamente a instalao do sistema de
cogerao de energia na usina, porm, a
viabilidade de instalao est diretamente
relacionada ao custo de implantao do
sistema. Na usina em estudo, a empresa
responsvel pela operao e gerenciamento
do projeto optou por no instalar o sistema de
cogerao. O motivo est relacionado ao custo
de investimento e retorno financeiro da usina,
segundo a gerncia, somente aps a usina
apresentar retorno financeiro significativo, o
sistema de cogerao poder ser instalado. A
usina foi construda j concebendo um futuro
sistema de cogerao, considerando rea de
ocupao de um sistema similar, uma vez que,
os custos com combustvel (gs natural)
necessrio para funcionamento do incinerador
muito elevado, podendo resultar na no
viabilidade financeira da usina. A cogerao
-
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apesar de ser bem vista como complemento
de um processo de incinerao ainda sofre
bastante resistncia por parte dos grupos
ambientais que enxergam o processo de
incinerao, em geral, como um problema
ambiental.
6 CONSIDERAES FINAIS
Um sistema de cogerao de energia quando
bem dimensionado pode oferecer grande
economia para o processo de incinerao de
hidrocarbonetos. Os equipamentos (caldeira,
turbina e gerador) possuem custos altos, mas
a durabilidade e economia que so capazes
de fornecer justificam a sua instalao.
O ideal para amenizar os custos que o
sistema de cogerao seja implantando junto
com a instalao do incinerador durante sua
construo, j sua posterior instalao pode
elevar de forma considervel os custos.
AGRADECIMENTOS
s Empresas WEG, TURBMAQ e IPE pelo
fornecimento dos dados de seus
equipamentos que foram de extrema
importncia para a realizao deste estudo.
_________________________________________________________________________________
REFERNCIAS
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