Cíntia Beatriz Gomes Costa Pasin - Aaron Simms - Writer...

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA BENTO GONÇALVES | 5 DE MARÇO DE 2015 | EDIÇÃO 165 O papel da mulher é ilimitado na sociedade. Somos a maioria no mundo. Primeira-dama de Bento Gonçalves, Cíntia Beatriz Gomes Costa Pasin

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165

O papel da mulher é ilimitado na sociedade. Somos a maioria no mundo.

Primeira-dama de Bento Gonçalves,

Cíntia BeatrizGomes Costa Pasin

Por Kátia Bortolini e Janete Nodari

“No dia em que concretiza

projetos... a realização de um sonho, Guilherme

fica feliz e fala bastante. Um molda

o outro. Cada ser é único. O que tem

que haver é respeito mútuo.”

Integração da Serra - Cursastes Odontologia em Porto Alegre?

Cynthia - Sim, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFR-GS).

Integração da Serra - Por que a escolha por Odontologia?

Cynthia - Com 15 ou 16 anos se escolhe a profissão para o resto da vida. Reconheço que é um pouco complicado mas, no meu caso, deu certo. Escolhi trabalhar na área da saúde, com o ser humano, porque gosto de lidar com pessoas. É uma profissão que exige a presença do profissional para acontecer. Essa con-dição de profissional liberal permite a dedicação de horários para atuar à frente do Gabinete da primeira--dama.

Integração da Serra - Como está sendo para conciliar a atividade profissional com as atribuições do Gabinete da primeira-dama?

Cynthia - Está sendo muito bom, porque esse é o momento de desen-volver essa questão social, de que gosto muito. É uma grande oportu-nidade. Tenho o apoio da Ana Maria Passaia, que toca o barco e me chama pelo whatsapp, sempre que precisa.

Integração da Serra - Como pri-meira-dama, quais as ações?

Cynthia - Temos eventos e tra-balhos durante o ano em que pro-curamos integrar em programações entidades, Ongs e Prefeitura. Um exemplo é a programação alusiva ao Dia Internacional da Mulher, que está

A versatilidade da primeira-dama de Bento Gonçalves

Mulher contemporânea em cargo tradicional

flexibilidade e o positivismo da dentista Cynthia Beatriz Go-mes Costa Pasin, de 32 anos, como primeira-dama de Bento

Gonçalves são reportadas nessa entrevista que objetiva homena-gear a garra, a beleza e a força de trabalho das mulheres do muni-cípio e região, no mês dedicado a elas. Cynthia, filha de Vera Beatriz Gomes Teixeira e Roberto Costa, nasceu no Rio de Janeiro. A família, da qual também faz parte o irmão, Luigi Orso se mudou para Ben-to Gonçalves quando ela estava com sete meses. “Fui batizada em Bento pelo padre Chico. Minha mãe diz que sou “cariúcha,” brinca a primeira-dama, exemplo de mulher.

sendo promovida neste mês de mar-ço. Montamos projetos em que cada setor tem uma parte a realizar. Essa programação de março está a cargo da Coordenadoria da Mulher, Gabi-nete da Primeira Dama, Centro Revivi e Conselho Municipal dos Direitos da Mulher. As atividades, que envolvem a saúde e o bem-estar, estão aconte-cendo nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e praças, entre outros locais.

Integração da Serra - O evento

Sonhos de Menina Moça terá segun-da edição?

Cynthia - Sim, estão sendo sele-cionadas neste mês de março meni-nas que tem ou completarão 15 anos, em 2015, provenientes de famílias inscritas no CAD Único do Município. Durante seis meses elas vão partici-par de atividades envolvendo saúde, cultura, trabalho, educação e com-portamento. O projeto culmina em agosto, com um Baile de Debutantes. As meninas do ano passado adora-ram. Foi muito gratificante. Muitas manifestaram interesse em trabalhar, em estudar. O mais importante é co-

locar para elas que existem vários caminhos, que as levam ao sucesso. Temos o caso de uma menina que já está estudando Enologia. Neste ano pretendemos aumentar o número de meninas.

Integração da Serra - A Cam-panha do Agasalho continua sendo atribuição do Gabinete da primeira--dama?

Cynthia - Sim. O Gabinete tradi-cionalmente coordena a Campanha do Agasalho. A deste ano será lança-da em maio. Em 2014, foram arreca-das 37.550 peças de roupas infantis, agasalhos, cobertores, lençóis e rou-pas de verão e 450 pares de calçados, repassados a entidades assistenciais do município.

Integração da Serra - Convives com o prefeito Guilherme Pasin há quanto tempo?

Cynthia - Estamos juntos há mais de 15 anos. Tanto ele, como eu, gos-tamos de política. Estudamos em colégios diferentes. Fomos líderes de turma, Presidentes de Grêmios Estu-dantis. Eu fui estudar, na Federal, em Porto Alegre. O Guilherme ficou e se aproximou dos ideais do Partido Pro-gressista. Quando ele foi candidato a Vereador, apoiei. Passávamos de por-ta em porta. Foi uma experiência que nos levou adiante.

Integração da Serra - E agora, continuas acompanhando?

Cynthia - Sim, sempre que con-sigo acompanho meu marido em eventos. Tenho experimentado diver-

sas sopas de capeletti, uma melhor do que a outra... (risos). Nos finais de semana, fica mais fácil. Eu sou práti-ca. Certa vez, alguém me disse: - Tu és tão simples! Aonde vou, falo com todas as pessoas, sou versátil, acho que foi nesse sentido... (risos). Tenho que ter versatilidade. Preciso estar próxima do meu paciente e de meus compromissos de primeira-dama. Sou muito tranquila. A gente é o que é nossa essência. Se houver críticas, elas nos fazem crescer.

Integração da Serra - E a mater-nidade?

Cynthia - Está nos nossos planos. Hoje a mulher tem a capacidade de planejar. Se vier, ótimo. Quando eu

“A gente é o que é nossa essência. Se

houver críticas, elas nos fazem crescer.”

Cynthia Beatriz Gomes Costa Pasin

Kátia

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puder realmente dar um tempo, uma atenção ao meu filho, pensarei nisso. Quero dar a ele a educação que eu re-cebi. Também quero que meu marido aproveite os momentos de paterni-dade.

Integração da Serra - E a políti-ca?

Cynthia - Posso dizer que gosta-mos muito. Tem a parte boa e a ruim. Existem as dificuldades administrati-vas. Tem que ter sangue frio para re-solver as questões. O gestor público é extremamente cobrado.

Integração da Serra - As pesso-as te cobram?

Cynthia - Às vezes. Mas, não vejo como cobrança. Vejo como interesse em melhorar. Boatos e picuinhas cor-to no início ou relevo. Também não gosto de comparações, cada pessoa é única.

Integração da Serra - E a con-vivência com o marido prefeito por conta das tantas atribuições do car-go que ele ocupa?

Cynthia - Fizemos um trato de não falarmos de trabalho em casa, mas é claro que eu quero saber como ele está. Nos dias em que concretiza projetos, como o da primeira escola de Turno Integral no bairro São Ro-que, a realização de um sonho, Gui-lherme fica feliz e fala bastante. Um molda o outro. Cada ser é único. O que tem que haver é respeito mútuo.

Integração da Serra - Para as mulheres o que você tem a dizer?

Cynthia - Sejam independentes, mas também saibam dividir experi-ências, é muito bom. Multiplicar tam-bém é muito bom. Sou muito positi-va. Bom-humor é fundamental. Tento sempre estar de bom-humor. Vemos tanta coisa triste, procuro não me dei-xar abater. Procuro fazer minha parte. Enfim, como primeira-dama, esses atos vêm das coisas mais simples. Isso que faz a diferença.

Integração da Serra - Qual a tua mensagem para o Dia Internacional da Mulher?

Cynthia - A mulher hoje tem

muito mais oportunidades. E temos condições de buscar cada vez mais. O papel da mulher é ilimitado na so-ciedade. Somos a maioria no mundo. Não somos nem mais, nem menos do que os homens. Dividimos o espa-ço e respeitamos o espaço do outro. Guerreiras foram nossas mães, nossas avós, elas venceram. Minha mãe Vera, minha vó, minha sogra Elizabeth, nós, vocês, enfim, todas as mulheres que enfrentam jornada dupla, com ener-gia para a tripla... (risos) merecem nossa homenagem.

Integração - Como primeira-da-ma, tu trabalhas com mulheres que atuam em diversas áreas. Elas têm surpreendido?

Cynthia - Sim, muito. Conheci mulheres líderes de bairro, coorde-nadoras de pastorais, enfermeiras de unidade de saúde, entre outras, que conquistaram seu espaço. Essas são mulheres incríveis.

Integração da Serra - O que fal-ta ainda conquistar?

Cynthia - A mulher ainda está na

posição de conquista. Eu penso que ainda ela tem que provar alguma coi-sa, por exemplo, aconteceu comigo, logo que o Guilherme assumiu. A pergunta era: tu não vais ser primei-ra-dama? Nós temos capacidade de decisão, decidi pela flexibilidade, pela versatilidade de não deixar de lado minha profissão de dentista.

“Conheci mulheres líderes de bairro, coordenadoras

de pastorais, enfermeiras de

unidade de saúde, entre outras, que conquistaram seu espaço. Essas são

mulheres incríveis.”

DistribuiçãoGRATUITA ANO 13 | Nº 165 | FEVEREIRO/MARÇO 2015 | www.integracaodaserra.com.br

Editorial

Elas são demais!

Página 8

Militares do 6º BCom em processo de seleção para

Missão de Paz no HaitiPágina 4 - Mosaico

Uma edição surpreendente chega aos pontos de distribuição na sede e distritos de Bento, em Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Pinto Bandeira e também ao seu computador ou note-book. Março vem com tudo. Um mês envolvente, onde se diz que o ano real-mente começa.

Vivemos a era digital. A palavra moderno dá lugar à palavra contem-porâneo. Muito mais gente vive sem medo de amar. Destaque para maté-rias, até há pouco tempo, consideradas tabus, na editoria comportamento, pá-ginas 8 e 9.

Seguindo nossa proposta editorial de repassar informações que fazem a diferença, nos dedicamos a várias re-portagens e entrevistas, entre elas a feita com a escritora Marilê Magnabos-co, sobre o livro “À Sombra dos Pinhais” (Caderno Mosaico).

No mês dedicado às mulheres, en-trevista da sobrecapa com a primeira--dama de Bento Gonçalves, Cíntia Pasin, coluna Moda sobre o que elas gostam, página 6, e mais, a contempo-raneidade de personalidades marcan-tes.

Boa leitura!

Página 4

Fimma Brasil inicia dia 16 de março

Dia Nacional do Orgulho Gay: as múltiplas

cores da sexualidade

Opinião2 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

Os artigos publicados com assinatura são

de inteira responsabilidade do autor e

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do Jornal. Suas publicações obedecem ao

propósito de refletir as diversas tendências

e estimular o debate dos problemas de

interesse da sociedade. Por razões de clareza

ou espaço, os e-mails poderão ser publicados

resumidamente.

Editor de Fotografia: André Pellizzari

Colaboradores e Colunistas: Aldacir Pancotto, Ernani Cousandier, Paulo Capoani, Rodrigo De Marco, Rogério Gava, Sinval Gatto Jr, Thompsson Didoné

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JORNAL INTEGRAÇÃO DA SERRAPeriodicidade: MensalTiragem: 12.000 exemplaresCirculação: Na primeira semana de cada mês, em Bento Gonçalves,Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira, São Pedro, Vale dos Vinhedos, São Valentim, Tuiuty e Faria Lemos.Propriedade: Empresa Jornalística Integração da Serra Ltda.Diretora e Jornalista responsável: Kátia Bortolini - MTB 8374Redação/Revisão: Janete Nodari e Rodrigo De MarcoÁrea Comercial: Moacyr RigattiAdministrativo: Aline Festa

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KátiaBortolini

[email protected]

Espaço do Leitor

Sobre Famílias do bairro Fenavinho cultivam e trocam verduras orgânicas (edição 164)

Linda a matéria da última edição do Jornal Integração da Serra, página 12 sobre a produção orgânica de alimentos dentro da cidade e a troca entre vizinhos. Em nome dos vizinhos agradeço o olhar atencioso da equipe do jornal. Grande abraço. Eliana Passarin, via facebook

Li a reportagem. Parabéns para o pesso-al do bairro Fenavinho! Eu e meu marido também cultivamos, aqui na cidade, mui-tos dos alimentos que consumimos; costu-mamos dar para os vizinhos e conhecidos o que temos a mais. Benefício em dobro para quem pratica: a alma pela ação humanitá-ria, saúde física pelo contato com a terra e o consumo saudável.Maria Da Glória Trivelin, via facebook

Parabéns, parabéns nesse momento tão delicado do nosso planeta, esse exemplo que vem do Rio Grande do Sul é precioso e inspirador. Gratidão.João Signorelli, via facebook

Isso que é bom e bonito se chama natureza pura, minha gente.Elizangela Conci, via facebook

Parabéns pela amizade entre as famílias... Orgânicos é tudo de bom... estou apren-dendo a cultivá-los aqui no campo...Mauro César Noskowski, via facebook

Parabéns a todos pela iniciativa, os toma-tes, alfaces, etc, etc, estão sempre muito bons!Ricardo Passarin, via facebook

Exemplos e valores que, por um motivo ou outro, acabam sendo esquecidos nos dias atuais. Mas acredito que o ser humano, com sua sabedoria, irá conseguir refletir e se espelhar em belas atitudes. Parabéns pai Darci e mãe Madalena e todos vizinhos en-volvidos.Vanderlei De Toni, via facebook

Produção orgânica de alimentos é tudo de melhor. É um exemplo para as grandes empresas do agronegócio, que a cada dia envenenam mais os alimentos com defen-sivos e agrotóxicos. Artur Gomes, via facebook

Sou deste tempo que na Assis Brasil a horta do vovô era famosa, os figos pequeninos trocados por ameixas vermelhas da croma-gem atrás dos Poletto hehehehe Tempos bons.Leila Maria Pasquetti, via facebook

E só existia a famosa padaria Polletto, aqueles sonhos e as massas folhadas, tudo de bom.Tenho muita saudades. É lógico co-míamos uma vez por mês.Jaqueline Fávero, via facebook

Segunda-feiral G.O. Sagrada FamíliaIgreja Matriz Santo Antônio, 20hl G.O. Santa RitaComunidade Santa Rita, 19h30minl Pais orando pelos filhosAssociação Servos de Maria, 13h30min

Terça-feiral G.O. Fé e VidaIgreja Matriz São Roque, 14h

Quarta-feiral G.O. Santo AntônioAuditório da Igreja Santo Antônio, 14hl Terço para homensIgreja São Luís, bairro Glória, 19h30min(somente na 2ª semana de cada mês)

Quinta-feiral G.O. Servos de MariaAssociação Servos de Maria, 14hl G.O. São LuísIgreja São Luís, bairro Glória, 19h30minl G.O. N. S. de CaravaggioIgreja N.S. Caravaggio, Tamandaré, 19h30l Adoração ao Santíssimo SacramentoAssociação Servos de Maria, das 8 às 14h

Sábadol G.O. Jovem nas Asas do EspíritoAssociação Servos de Maria, 20hl Adoração ao Santíssimo SacramentoIgreja São Luís, 18h - 4º Sábado

LOCAIS DE ORAÇÃO

Apoio:

u gosto de ser mulher, tanto quanto Maria Bethânia afir-ma na letra da música “O lado

quente do ser”. Também adoro ser mulher, na forma declarada por Rita Lee, na letra da música “Cor de Rosa Choque“. Gosto muito ainda de ser mulher no jeito de ser da letra da música “Gata Todo o Dia”, da cantora Marina Lima. Também gosto de ser mulher na amplitude de outros jeitos definidos em letras de outras canto-ras de Música Popular Brasileira (MPB) uma melhor que a outra. Adoro MPB, que, por meio de suas cantoras e can-tores, retrata a garra e a feminilidade

da mulher brasileira. Adoro ser mu-lher do meu jeito, que é único, como é único o da Maria, o da Ana, o da Janete, o da Aline, o da Fátima, o da Solange, o da Carol, o da Bruna, o da Vânia, enfim, de todas nós. Penso que nossa missão é sublime nesse mun-do. Somos, de uma forma ou de ou-tra, muito importantes na construção de uma sociedade mais justa. Digo, de uma forma ou de outra, porque conversei com um casal de muçulma-nos numa loja do Chuí, fronteira com o Uruguai, no último feriadão de car-naval. Quando entrei na loja e dei de cara com a mulher coberta da cabeça aos pés confesso que estranhei, uma vez que vestimentas islâmicas não são comuns na “gringolândia”. Logo, a comerciante demostrou simpatia, e eu já fui declarando que um dos dois

meus filhos, que estava junto tinha me sugerido o uso de roupas pare-cidas. E mais, fiz a mulher me acom-panhar até o veículo estacionado em frente à loja, onde estavam os “dois rebentos ciumentos” para uma social. Ela estava achando tudo muito en-graçado. Voltando ao interior da loja, o marido dela explicou o porquê do uso do Hijab. Sou repórter 24 horas, estou sempre perguntando por quê. Segundo ele, a ocultação do corpo feminino ajuda a manter a tradição religiosa do casamento entre pessoas virgens e a cabeça de homens e me-ninos no lugar. “Nossos jovens pen-sam em estudar, em ser alguém e não em pegar uma a cada fim de semana”, resumiu. Mostrando ou escondendo o corpo, Adão sempre culpa Eva pelo fruto proibido. Viva Eva.

35 de março de 2015 | Jornal Integração da Serra

Empresas4 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

O Centro da Indústria, Comér-cio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG) abre sua agenda oficial, no dia 9 de março, com uma pa-lestra-jantar. Na ocasião, o prefei-to Guilherme Pasin vai apresentar às forças produtivas – indústria, comércio e serviços - os projetos em andamento e as perspectivas do governo municipal nas mais diversas áreas para o ano que se inicia. O encontro inicia às 20 ho-ras, no Salão de Eventos da enti-dade.

De forma inovadora, a ex-planação seguirá um roteiro de questionamentos selecionados pelo CIC/BG, a partir de um levan-tamento feito com associados da entidade. As perguntas serão fei-tas por diretores do Centro, em suas respectivas áreas. A dinâmi-ca oportuniza às empresas par-ticipar com temas ligados ao se-tor que representam, desde que expressem interesse coletivo. O objetivo é esclarecer dúvidas que possam contribuir para o bom desempenho econômico e social da cidade, assim como favorecer parcerias entre o poder público municipal e a iniciativa privada, chamando a atenção para temas plurais.

Para o presidente do CIC/BG, Leonardo Giordani, a oportuni-dade deve ser aproveitada ao máximo. “Não é sempre que con-seguimos debater assuntos de interesse coletivo com a autorida-de mais importante e com maior poder de decisão da cidade. As-sim, de forma direta, podemos avançar em questões ainda defi-cientes, contribuindo com toda a sociedade”, destaca. Interessados em participar podem enviar per-guntas para o CIC/BG pelo e-mail [email protected]. O participante pode escolher se quer ou não ser identificado.

Quem visitar o Parque de Eventos de Bento Gonçal-ves entre os dias 16 e 20 de março encontrará, na FIMMA Brasil, lançamentos e soluções para a cadeia produtiva moveleira apresentadas por cerca de 600 marcas nacio-nais e de fora do país. Entre os expositores, estão empre-sas de máquinas e similares, matérias-primas, acessórios e componentes, ferramentas, tecnologia da informação e serviços. “Durante cinco dias, os profissionais do setor têm a oportunidade de conhecer o que há de mais atu-al em todas as esferas do processo produtivo do setor de madeira e móveis. O aprendizado decorrente do acesso a essa quantidade – e qualidade – de informação certamen-te contribuirá para ajudar as indústrias a encontrarem es-tratégias a fim de tornarem seus negócios mais competi-tivos”, explica o diretor de Comercialização e Divulgação, Juarez José Piva.

Com índice de comercialização de espaços registra-do na casa dos 97% para sua 12ª edição, a Feira traz, em 2015, uma renovação de mais de 15% dos participantes, que expõem no encontro pela primeira vez. Ampliando a variedade de marcas, a FIMMA Brasil facilita o acesso dos profissionais às tendências e novidades que estarão em pauta nos parques fabris pelo próximo biênio. “A FIMMA Brasil se consolidou por dois especiais motivos. O primei-ro são as oportunidades de negócio que oferece para os

12ª edição da Fimma Brasil de 16 a 20 de março no Parque de Eventos

participantes, colocando indústrias e fornecedores em contato direto. O segundo é a inovação. Cada expositor traz lançamentos cuidadosamente desenvolvidos com o objetivo de surpreender positivamente o setor, pois sabe que seus produtos estarão em uma das mais representati-vas vitrines do segmento moveleiro. São eles, portanto, os grandes autores das novidades exibidas. O papel da FIM-MA é, além de exibir essas inovações, o de gerar as melho-res condições para que elas resultem na concretização de negócios”, explica o presidente desta edição, Volmir Dias.

Divulgação Fimma Brasil

Prefeito abreagenda oficial

do CIC/BG

Eventos 55 de março de 2015 | Jornal Integração da Serra

O Hotel Villa Michelon, situado no do Vale dos Vinhedos, preparou pacotes exclusivos para os próximos feriadões. Durante o mês de abril são muitas as opções.

As dicas começam com o pacote de Páscoa, de 3 a 5, com preços a par-tir de R$ 537 por pessoa em aparta-mento Luxo Double, incluindo, além do café da manhã, um jantar com ba-calhoada na sexta-feira e um almoço de Páscoa no domingo. O feriado de

No dia 6 de março, a partir das 19 horas, ocorre a 6ª edição do Jan-tar sob as Estrelas, em Bento Gonçal-ves. São 23 casas localizadas na Rua Herny Hugo Dreher, fechada das 18 às 24 horas, com exclusividade para o evento e na avenida Planalto com pontos com redução da velocidade, que estarão apresentando seus car-dápios, harmonizações, drinks e pe-tiscos. A animação nas ruas fica por conta de DJ e de performance do grupo Vivandeiros da Alegria.

Na Herny Hugo Dreher, serão ins-talados três lounges. Um será para caricaturas. Outro, para massagem relaxante. Ambas gratuitas. Já o ter-

Hotel Villa Michelon com pacotes especiais para os próximos feriadões

Tiradentes também ganha um paco-te exclusivo de 18 a 21 de abril, ideal para quem deseja recarregar ener-gias. É nesta época que o Vale dos Vinhedos ganha o colorido da esta-ção outono, com a natureza em tons que vão do amarelo ao vermelho. Em maio as atrações correm por conta do Dia do Trabalho e Dia das Mães, am-bos com pacotes de sexta a domingo e valores que partem de R$ 448 e R$ 490 por pessoa.

Divulgação Villa Michelon

Divulgação

Jantar sob as Estrelas:comer, beber, viver

ceiro será para repasse de informa-ções de curiosidades sobre o sistema solar, anjos e arcanjos. Também ha-verá o espaço criança. Além disso, a tradicional Corrida de Garçons ocorre às 19 horas. Além da comida, bebida e tapete vermelho. O evento é uma promoção do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares Re-gião Uva e Vinho (SHRBS), com apoio da Semtur, Senac, Sesc, Ibravin e Di Trevi. Confira a programação com-pleta na fanpage do evento. Algumas programações necessitam reserva antecipada.

Informações: (54) 3453.8000 ou [email protected].

Social / Moda6 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

Social

ModaRecortes da

RodrigoDe [email protected]

Lauren Nichet Giordani, filha de Sandro Giordani e Silvane Nichet Giordani, completou um ano no último dia 19 de fevereiro

BarbudosOs barbudos ganharam a cena, tirando o sono delas. Sim, eles atormen-

tam, causam arrepios, bagunçam com os hormônios femininos. A barba pas-sou do repugnante, para charmosa e viril. O interessante desse estilo que está, em alta, há algum tempo, é que ganha notoriedade com os famosos Alexandre Nero, George Clooney, Johnny Depp, entre outros, incluindo este colunista. Já li alguns comentários que os dias dos barbudos estariam con-tados. Eu sempre discordei dessas opiniões, justamente porque, não é exa-tamente uma moda, e sim, um estilo desconecto de padrões. A barba pode crescer, mas se não houver uma certa atitude e sex appeal, pouco adianta ter centímetros e centímetros de fios provocantes. É preciso saber flertar, não

apenas com o olhar, mas agora também com a majestosa senhora barba.

Barbudos tatuados A tendência do momento ganhou a

mídia, que investe em comerciais com bar-budos. O estilo despojado ganhou também as passarelas, com modelos de cara “suja”. Melhor ainda se forem também tatuados. A verdade é que elas ficam loucas com bar-budos tatuados, principalmente se o braço for repleto de desenhos coloridos com inú-meras formas e estilos. A tatuagem, assim como a barba nunca esteve tão em alta, e ganhando a aprovação e a preferência de-las.

Bernardo Fracalossi, filho de Raquel Martinelli e Ronan Fracalossi curtindo sua festa de um ano, no último dia 1 de março, na Vinícola Lovara

KG Fotografias Arquivo Pessoal

Do que elas gostamEscrever sobre moda está sendo interessante para mim, já

que é um assunto amplamente debatido. Acredito que a visão masculina também é válida neste quesito. Nunca fui um enten-dedor do assunto, porém através do conhecimento diário, seja conversando ou lendo artigos relacionados ao tema, me sinto apto a dar algumas dicas.

JaneteNodari

[email protected]

5 de março de 2015 | Jornal Integração da Serra 7

Social

... e no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, a celebração do enlace

Escolha da Rainha e Princesas do Vale dos VinhedosNo próximo dia 21 de março, no Ginásio da Capela das Almas, às 20h,

ocorre a escolha da Rainha e Princesas do Vale dos Vinhedos. Os ingressos para o evento podem ser adquiridos com a Associação Comunitária Vale dos Vinhedos, na sede da Aprovale, com o organizador, Alexandre Ferrari ou com as próprias candidatas. São elas: Bruna Maran, Emanuele Loren-zini, Graziela Feil, Júlia Barbieri Zorrer, Letícia Marodin de Bacco, Mariana Carraro Stello, Nadine da Veiga, Natália Cavaleri e Rochelli Conzatti.

Merlo Fotografia

Os filhos Thomás Antônio, Pedro Henrique e Sophia e a esposa Margarete em festa memorável na comemoração dos 50 anos de Volnei Antônio Massolini,

no Clube Caça e Pesca, no último dia 22 de fevereiro. A ocasião foi marcada por muito rock and roll e reencontro de músicos da Elétrika Tribo

O casal Andréia e Olinto Rizzi prestigiaram a festa de aniversário do sócio Volnei Massolini

Kátia Bortolini

Kátia Bortolini

Paulo Boucinhas e Maira Zat marcaram presença em evento no Caça e Pesca

André Pellizzari Fotografia André Pellizzari Fotografia

Pré-wedding de Tatiane Cristofoli e Márcio Zaffari ...

Comportamento8 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

Por Rodrigo De [email protected]

As múltiplas cores da sexualidade

“Quando eu tinha 10 anos minha mãe me levou num médico endo-crinologista pelo fato de achar que talvez eu tivesse excesso de hormô-nio masculino. E de fato era verdade. Foi comprovado nos exames que eu tinha um nível de testosterona ele-vado”, lembra Joana (nome fictício). Hoje, ele que tem 25 anos, é fotógra-fo e adotou o nome social Bernardo DP, se define como um transgênero (que está mudando de sexo). Ber-nardo lembra que desde criança já se sentia um menino, não reconhe-cendo o próprio corpo no espelho. A adolescência do fotógrafo, de acordo com ele, foi intensa. “Na adolescência tive várias namoradas e me relacionei com garotos também, na maior par-

O estudante de Turismo da Uni-versidade de Caxias do Sul, Bruno Mendes, 24, natural de Porto Alegre, teve a primeira experiência homosse-xual aos 12 anos. Ele nos conta sobre sua vida amorosa, trabalho, sonhos, e também sobre o preconceito. O apoio da família, segundo ele, foi es-sencial para lhe dar força e tranquili-dade. “Meus pais não sabiam, mas ao longo dos anos foram percebendo as diferenças. No momento que resolvi contar foi um choque. Hoje temos um relacionamento bastante aberto, nos damos muito bem”, conta.

Aos 19 anos Mendes realizou o sonho de fazer um intercâmbio. O destino foi Portugal, país que ficou por alguns meses. Foi trabalhando

No dia 25 de março, o Brasil comemora o Dia Nacional do Orgulho Gay. Em 2013, o país aprovou a lei que ofi-cializa o casamento gay, com direito a sobrenome e partilha de bens. Isso ocorreu após mais de 30 anos de luta de pessoas do movimento denominado LGBT - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgênero - que foram às ruas clamar por direitos civis. Em alusão à data, o Jornal Integração da Serra reporta relatos de dois ho-mossexuais, um deles andrógino (mistura de características masculinas e femininas) e um transgênero (pessoas que mudam de sexo).

O estudante de moda, Airton Cruz Martins, 19 anos, natural de Ere-chim, se considera andrógino, por ter traços faciais femininos e corpo de características masculinas. O jovem lembra que desde criança gosta de usar roupas femininas. “Eu sempre pensei como mulher, e nunca sofri preconceito por parte da minha famí-lia. Meus pais sempre me apoiaram e entendem meu pensamento”, afirma.

O universitário, que declara se sentir atraído por meninos e meni-nas, teve seu primeiro beijo gay aos 17 anos. Com essa mesma idade, começou a usar vestidos, mesclando peças masculinas e femininas. “Eu aproveito meu estudo de formação no curso de moda e crio meus looks, fazendo saias, cortando blusas e al-

Arquivo Pessoal

Um andrógino convictoternando peças”, diz. A opção pelo curso de moda, de acordo com o uni-versitário, foi para ajudar a derrubar a barreira do preconceito. “Eu quero criar roupas diferentes para o públi-co trans, e desta forma unir homens e mulheres. Isso vai ajudar a diminuir a questão de que o azul é para me-ninos e rosa para meninas. Isso não existe”, protesta.

Ele também pinta as unhas e usa maquiagem, sem temer o preconcei-to ou violência por parte da socieda-de. Seu estilo próprio chama a aten-ção de heterossexuais que, segundo ele, o provocam na rua, chamando para conversar e também para “dar cantadas”. “Eu me divirto com o que os outros pensam. Com certeza, esses meninos que me cantam na rua gos-

tariam de ficar comigo. São enrusti-dos”, deduz.

Ele conta que seu estilo diferen-ciado, com características de ambos os sexos, tem atraído pessoas inte-ressadas em fazer sexo pago. “Já fui convidado por garotos e casais para me prostituir. Sempre recusei esses convites, mesmo considerando a prostituição uma profissão digna, que deve ser respeitada”.

Martins se diz feliz com seu cor-po, e não se preocupa com a dúvi-da entre ser homem ou mulher. “Eu sinceramente não estou pensando muito sobre homem ou mulher. Eu simplesmente sou quem sou, au-têntico, preocupado apenas em ser feliz. Um dia talvez eu me defina”, alegra-se.

Sem medo de amarde garçom num hotel de uma rede internacional do velho continente que sofreu um dos piores preconcei-tos. “Nesta ocasião, caiu a ficha sobre como as pessoas são cruéis”, lembra. A experiência, de acordo com Men-des, o desestabilizou emocionalmen-te. “A minha vontade era de sumir, sair correndo, mas me mantive firme e conclui meu trabalho”, afirma. Na Inglaterra o estudante encontrou seu primeiro amor. “Fiquei com ele seis meses, morando em Londres”, recor-da.

Na visão de Mendes, a sociedade mudou de forma positiva, nos últi-mos doze anos, com acréscimo da tolerância. “Há uma década as coisas eram um pouco diferentes. Não tí-

nhamos muita visibilidade e direitos, como temos atualmente, nem a cora-gem de se assumir em público. Hoje em dia já é outra situação, as pessoas estão com a mente mais aberta”, re-flete.

Os projetos de vida de Mendes são audaciosos. Ele tem o sonho de montar um hostel (pousada), e incen-tivar o turismo LGBT no Estado. “Com a pousada quero promover a inclusão de gays, lésbicas, bissexuais e transe-xuais na sociedade”. Outro projeto do jovem é de ser professor universitá-rio. “Quero fazer Mestrado e dar aula numa boa universidade, e por fim como quase todos os seres humanos, pretendo me casar e constituir uma família”, conclui.

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Bernardo: transgênerote, gays ou bissexuais. Foi uma época cheia de extremos, inclusive nos rela-cionamentos”, comenta.

Aos 17 anos, o fotógrafo conhe-ceu sua futura noiva, pessoa que afirma amar intensamente. “Ela com toda certeza do mundo é a mulher da minha vida. Estamos juntos há seis anos. Há quatro dividimos um lar. É a pessoa que me apoia todo dia a con-tinuar esse processo de mudança de sexo, a prosseguir, por mais difícil que seja a situação. Ela me levanta, me faz sorrir novamente”.

Bernardo diz que preconceito escancarado da sociedade refle-tiu em inúmeros momentos de sua vida. Acrescenta que, há cerca de três anos, viveu uma situação assustado-

ra. “Numa noite no centro de Bento, minha noiva, dois amigos gays, três travestis e eu fomos perseguidos por um grupo de dez pessoas. Eles grita-vam palavras de ódio”, recorda. Ele acrescenta que o grupo procurou re-fúgio na casa de um amigo, e na che-gada ao local foi abordado por cinco dos homens que os haviam amea-çado anteriormente. “Eles pegaram uma das nossas amigas travestis que teve que ser encaminhada ao hospi-tal com dois dentes quebrados e feri-mentos leves. Foi revoltante”, diz.

Bernardo ressalta que atualmen-te está de bem com a vida. Seu ob-jetivo, além da troca de sexo, é fazer fotos profissionais, que ajudem a der-rubar preconceitos.

Comportamento 95 de março de 2015 | Jornal Integração da Serra

Por Rodrigo De [email protected]

A prostituição, considerada uma das profissões mais antigas e sigilosas do mundo, está cada vez mais pre-sente na web. Mulheres, homens e transexuais usam mídias alternativas, como a internet, para a captação de clientes. Basta postar algumas fotos, detalhar características e está feito. A equipe do Jornal Integração da Serra usou a web para contatar essas profissionais do sexo, deixando claro que era para uma reportagem espe-cial. Através desses sites, foram con-tatadas mais de dez pessoas, entre elas, dois homens. Apenas duas acei-

A prostituição na era digitalMesmo presente na web, assunto continua sendo tabu até entre profissionais do sexo

Loira, 1,58 de altura e com o cor-po em forma, tatuado, a carioca de codinome Aninha Pimentinha, 26 anos, mora há cerca de quatro anos no Rio Grande do Sul e há três anos em Bento Gonçalves. Foi no final de uma manhã que a receptiva Aninha recebeu a reportagem do Jornal In-tegração da Serra em sua casa, em Bento Gonçalves. Logo no início da entrevista, o telefone toca, mostran-

taram reportar suas histórias, mesmo em plena era digital. Uma chegou a perguntar o quanto ganharia, “por-que tempo é dinheiro”.

Morena, alta, transexual Valkiria, jovem transexual de 24

anos, morena, na altura de seus 1,73, nos recebeu com um largo sorriso em seu apartamento na região central de Caxias do Sul. Com seu perfil expos-to num site de encontros, a garota afirma que os meios digitais facilitam para marcar encontros. “Eu tenho clientes fixos, mas também sempre há curiosos interessados em ter uma experiência diferente. Muitos deles

me encontram no site”, conta. A jovem, dona de uma persona-

lidade forte, demonstrada pela segu-rança ao falar, decidiu, aos 13 anos, deixar de ser menino para se revelar como mulher. Aos 16 anos, come-çou a se prostituir. Diz que não tinha outra opção de renda. Aos 19 anos, foi trabalhar na Europa. “Estava can-sada de ser vista com desdém pelas pessoas daqui, de ser maltratada nos lugares que frequentava. Foi então que tomei a decisão de me mudar”, lembra. Valkiria trabalhou na Bélgi-ca, França, Luxemburgo e Áustria, entre outros países europeus. Ela diz que foi a melhor decisão de sua vida. “Minha vida mudou depois que saí

do Brasil. Passei a ser respeitada, a ser vista como mulher, tendo minha profissão reconhecida. Infelizmente, o Brasil é ainda um país extremamen-te preconceituoso”, desabafa. Apesar de já estar com clientela na Serra Gaúcha, a jovem transex já pensa em voltar para a Europa. “Em pouco tem-po estarei voltando, muito também porque lá sou mais valorizada. É outra vida”, resume.

Valkiria faz em torno de cinco programas por dia, com valores que variam de 150 a 300 reais. “Os valores variam conforme a região, em Caxias e Bento giram em torno de 150 a 250, já em São Paulo é possível cobrar até uns 350”, revela.

Aninha Pimentinha

do que o trabalho dela é constante e bem requisitado.

Ela iniciou a conversa se decla-rando formada em Enfermagem por uma universidade do Rio de Janeiro. Acrescentou que, atualmente, está cursando Administração e Comércio Exterior. Aninha se mostra uma mu-lher decidida. Ela conta que sempre teve uma vida sexual intensa, e com 23 anos começou a fazer programas.

“Comecei a fazer programas quando me mudei para Petrópolis, região ser-rana do Rio. Ganhava 120 reais por hora. Na época, eu me chamava Sara”, lembra. Ela conta que o interesse pela profissão surgiu após conversas com uma amiga que era prostituta. “Um dia a questionei para saber o quanto ela ganhava por semana. Esse foi o início de tudo”.

Aninha afirma que, na época, trabalhava de segunda a sexta como garota de programa e aos sábados e domingos, como enfermeira. Lembra que iniciou sob a guarda de um casal de aliciadores, que ameaçou contar para a sua família, quando resolveu trabalhar por conta para ganhar mais. “Na época, atendia somente em mo-téis. Foi então que recebi uma pro-posta para trabalhar em uma casa de Veranópolis”. Chegou em 2011 a Vera-nópolis, onde permaneceu por cerca de oito meses. Depois, seguiu para São Paulo, onde não chegou a ficar um ano. Voltando para a Serra Gaú-

cha, recebeu uma proposta para tra-balhar numa casa noturna de Bento Gonçalves, onde coleciona casos pe-culiares. Entre eles, a de um pedreiro que contou ter economizado durante todo o mês para gastar na boate. “O meu ápice nesta casa noturna foi fa-zer oito programas por noite”, conta.

O sexo nem sempre é prioridade para sua clientela, formada, em maio-ria, por homens casados. Alguns che-gam a pagar R$ 1 mil por uma noite movida “por bebida e conversa”. Ani-nha relata que seus estudos estavam interferindo no atendimento na casa noturna. “Precisava trabalhar de dia, fazer meu horário. Recebi uma pro-posta de um site de encontros para ter meu perfil na web, com fotos”.

Hoje, ela tem seu perfil exposto em três sites de encontros. Diz faturar cerca de R$ 3.500,00 por semana. Tra-balhando também com dominação e fetichismo, em alta na mídia, em tem-pos de “50 tons de cinza”, tem valores diferenciados para cada programa.

Rodrigo De Marco

Saúde10 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

Conselho Federal de Medicina confere título de especialista em Sono ao Dr. Alexandre Pressi

Rodrigo De Marco

Dr. Alexandre Pressi

Tacchini inaugurou ampliação do Pronto SocorroO novo espaço do Pronto Socorro do Hospital

Tacchini, que já estava atendendo ao público des-de abril do ano passado, mesmo com as instalações passando por obras, foi entregue oficialmente à comunidade regional no último dia 26 de fevereiro. São mais 556 metros quadrados de área construí-da, somada aos 982 metros quadrados existentes. O acréscimo de área está proporcionando mais comodidade aos pacientes que buscam consultas com médico plantonista ou serviços eletivos.

A nova área dispõe de 25 leitos de atendimen-to e nove para casos de emergência. Também dis-põe de salas de aplicação de medicação, inalação, gesso e curativos, bem como duas salas de obser-

vação adulta e pediátrica, mais cinco consultórios. O acesso ao Pronto Socorro é pela rua Saldanha Marinho, onde anteriormente funcionava o setor de Quimioterapia. A atual estrutura instalada junto à rua José Mário Mônaco não sofreu alterações e é utilizada para atendimento aos casos de urgência e emergência. “A intenção é qualificar o atendimento. Assim, além de uma série de melhorias através de obras, implantamos o Protocolo de Manchester, um sistema universal que prioriza o grau de complexi-dade dos casos. Paralelo a isso, estamos dispondo de total acompanhamento aos familiares quanto ao atendimento prestado ao paciente”, explica o su-perintendente executivo, Hilton Mancio.

Divulgação Hospital Tacchini

Dr. Alexandre Pressi graduou-se em Medicina pela UFRGS, em 1994, e completou sua Especialização em Pneumologia pelo Hospital de Clíni-cas de Porto Alegre (HCPA) em 1998.

Há três anos, dedica-se à área do sono especializando-se em São Pau-lo, pela Fundação de Otorrinolarin-gologia vinculada à USP e Labsono no Mãe de Deus Center em Porto Alegre. Em janeiro de 2015, recebeu a certificação de Especialista em Sono conferido pelo Conselho Fe-deral de Medicina.

Pressi é natural de Bento Gon-çalves e atua com médico pneumo-logista desde 1999 no município.

A Pulmoclin - Clínica de doenças respiratórias e Clínica de sono - re-aliza exames diagnósticos diferen-ciados nessas áreas para identificar as causas da dispneia (falta de ar), tosse, ronco, e outros sintomas res-piratórios:

1 - Espirometria e teste de bron-coprovocação com carbacol para diagnóstico de asma, dpoc (enfise-ma/bronquite), tosse alérgica, avalia-ção laborativa, entre outras;

2 - Phmetria de 24 horas - diag-nóstico de refluxo gastroesofágico – uma das causas de tosse crônica;

3 - Teste da caminhada de 6 min - diagnóstico diferencial e avaliação da dispneia (falta de ar).

4 - Exame do sono domiciliar e no laboratório do sono (polissonografia / titulação de cpap) – capacidade de 4 exames (2 domiciliares e 2 na clíni-ca) por noite.

O ronco noturno, a insônia, a ap-neia e outros transtornos do sono estão cada vez mais prevalentes e as complicações graves da falta de diag-nóstico e tratamento adequado tem preocupado a medicina atual. O in-farto agudo do miocárdio e o aciden-te vascular cerebral (AVC) são as prin-

cipais causas de morte no mundo e as doenças do sono são um importante fator de rico para estes desfechos. O tratamento da apneia do sono traz benefícios imediatos ao paciente

(melhora da sonolência diurna, na concentração, na memória, no can-saço físico) e a longo prazo reduz de forma significativa o risco destas complicações.

Esportes5 de março de 2015 | Jornal Integração da Serra 11

RodrigoDe [email protected]

Slackline:um esporte completo

o mês passado, escrevi sobre um espor-te pouco difundido no Brasil, mas que

aos poucos ganha adeptos. Para este mês pensei em escrever sobre outra modalidade esportiva que nasceu, nos anos 80, nos Esta-dos Unidos, porém apenas, nos últimos anos, conquistou praticantes no Brasil. É o Slackline ou “linha folgada”, que pode ser comparado ao cabo de aço usado por artistas circenses, com a diferença de ter a flexibilidade neces-sária para criar saltos e manobras inusitadas.

O esporte possui uma série de modalida-des, a mais comum delas é a Trickline (slackli-ne somente para fazer manobras) que é pra-ticada em parques, e não é necessário dispor de muita técnica. Outros estilos são o “Water-line” (Slackline sobre água), “Higline” (Slackli-ne em grandes alturas como, por exemplo, montanhas e pontes) e o “Longline” (Slackline de distância longa, normalmente acima de 40 metros). As duas últimas modalidades pos-suem alto risco, exigindo muita concentra-ção, coragem e acima de tudo, experiência.

O Slackline é indicado para todas as ida-des. Desde crianças, a partir de cinco anos, a adultos com 80 anos. Muitos escaladores, ska-tistas e surfistas praticam a modalidade como uma forma divertida de treinar seu esporte, já que os movimentos e músculos usados são semelhantes aos realizados no Slackline.

A prática do esporte auxilia no condicio-namento físico, além de trabalhar a mente. Fornece um ótimo exercício físico que forta-lece todos os músculos do corpo, principal-mente membros inferiores e região abdomi-nal. Como é usada uma fita elástica, é muito saudável no sentido de que não há impacto nas articulações, como ocorre em outros es-portes, como corridas. Este aspecto da elas-ticidade serve tanto para fortalecer as arti-culações quanto para prevenir ferimentos e lesões. Os benefícios do Slackline vão muito além do físico. O esporte também trabalha muitos atributos psicológicos, principalmen-te o equilíbrio e concentração.

O Bento Vôlei, uma das equipes mais tradicio-nais de vôlei do Estado, começa 2015 invicto, com a melhor campanha na Super Liga B (divisão de acesso da Super Liga). A equipe do técnico Fer-nando Rabelo soma cinco vitórias neste início de competição, mantendo a invencibilidade. O ca-pitão do time, Rafael Fantin “Dentinho”, 36 anos, destaca a boa campanha da equipe da Serra.

“O nosso objetivo para este ano é conseguir o acesso à Super Liga. Somente a campeã da Super Liga B consegue esse triunfo. Vamos com tudo em busca dessa vaga”, afirma. Ele acrescenta que a captação de patrocínio também é uma das prioridades da equipe. “Estamos buscando mais apoio para viabilizar a competição (de forma fi-nanceira e estrutural), porque só assim consegui-remos jogar a Super Liga A”, explica.

Com apenas três jogadores remanescentes do último ano, a equipe surpreende com o exce-lente início de temporada. Para Dentinho, um dos fatores para esse sucesso imediato é a experiên-

Enio Bianchetti

Bento Vôlei voa alto na Super Liga B

Equipe bento-gonçalvense está invicta na competição somando cinco vitórias

cia dos jogadores. “Temos um time forte. Além disso, a sequência de jogos e o envolvimento dos atletas, comissão técnica e diretoria também es-tão sendo decisivos para as vitórias”, aponta.

Dentinho, acumulando experiência e prestí-gio no esporte, revela que abdicou de jogar fora da cidade para ficar na equipe de Bento Gonçal-ves. “Não faltaram oportunidades para eu pros-seguir fazendo meu trabalho fora de Bento Gon-çalves. Optei por permanecer no município. Para mim essa equipe é tudo, é minha vida”, sintetiza.

Ele reforça a importância do apoio da comu-nidade ao time. “Um dos pontos relevantes neste resgate do voleibol de alto rendimento em Ben-to Gonçalves foi o da comunidade imediatamen-te abraçar a equipe, incentivando o retorno do Bento Vôlei, comparecendo ao Ginásio Municipal para torcer pelo time”, afirma. “O Bento Vôlei é um nome forte fora do Estado, tem sua competência reconhecida no Brasil. É um orgulho para nós le-varmos o nome da cidade país afora”, resume.

Agricultura12 Jornal Integração da Serra | 5 de março de 2015

Aldacir H.Pancotto

Técnico ASCAR/EMATER/RSSanta Tereza

Mel, fontede energia

enhuma família rural, rica ou pobre, de patrões ou empregados, de-via prescindir de um colmeal, com abelhas a trabalhar para o seu

interesse econômico, para as suas necessidades alimentares e para a con-servação da saúde.

O mel é um alimento natural líquido viscoso e adocicado produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar recolhido de flores e processa-do pelas enzimas digestivas desses insetos, sendo armazenado em favos em suas colmeias por servir-lhes de alimento durante o inverno.

Além de ser utilizado como adoçante natural, o mel sempre foi reco-nhecido como um alimento terapêutico devido às inúmeras substâncias contidas, que possuem propriedades específicas. O mel é constituído, na sua maior parte (cerca de 75%) por açúcares naturais (frutose e glicose), os quais são fonte de energia. O mel é também composto por água (cerca de 17%), por vitaminas B1, B2, B6, C, D e E, responsáveis pela transformação dos nutrientes em energia, e por sais minerais essenciais à saúde, como cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo, potássio, entre outros.

Até hoje, já foram identificadas mais de 180 substâncias diferentes no mel, sendo que algumas delas não existem em nenhum outro alimento.

Existem razões especiais que fazem do mel um alimento excepcional. A principal delas é o trabalho que as abelhas fazem, transformando e divi-dindo a sacarose contida no néctar das flores em açúcares simples como a frutose e glicose.

Como o mel é produzido

O mel é feito a partir do néctar que a abelha absorve das flores. Por meio da ação de enzimas, ele é transformado e regurgitado (expelido). As chamadas abelhas coletoras transportam esse líquido para outras abe-lhas, as quais estão à espera dentro da colmeia. Na colmeia, o néctar passa de abelha a abelha e vai sendo novamente digerido e regurgitado, fican-do cada vez mais desidratado, até chegar ao ponto de ter, no máximo, 20% de água.

Depois, o mel é armazenado em favos lacrados com fina camada de cera e maturada por cerca de quatro dias. O resultado desse trabalho todo é um produto com frutose, glicose, sacarose, proteínas, água, vitaminas e muitas outras substâncias.

A partir da maturação, o mel está pronto, tanto para o consumo da própria abelha quanto para o do ser humano.

Existem dezenas de variedades de mel de abelhas que variam de acor-do com as espécies florais que forneceram o néctar e conforme as técnicas de preparação do mel. Dessa forma variam de cor, aroma e sabor. Outra característica marcante em alguns méis é a consistência líquida ou endu-recida que poderá apresentar quando armazenado em recipiente, sendo de igual qualidade sob esse aspecto.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a maioria dos méis pu-ros, genuínos, acaba se cristalizando (açucarando) com o tempo.

Há indivíduos que se queixam dizendo que o mel produz ardor na faringe e no estômago ou outros inconvenientes. Os que não o toleram, a princípio, devem acostumar-se a usá-lo aos poucos. O consumo do mel só traz vantagens para a nossa saúde.

O aquecimento excessivo do mel, seja por temperatura muito alta ou por tempo prolongado, pode causar perdas das suas propriedades nutri-tivas.

O Sindicato Rural da Serra Gaú-cha, sediado em Bento Gonçalves, continua com uma equipe técnica à disposição para a efetivação do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Se-gundo o presidente da entidade, Elson Schneider, o CAR é um instru-mento fundamental para auxiliar no processo de regularização ambiental de propriedades e posses rurais. Ele explica que o cadastro consiste no le-vantamento de informações do imó-vel, como delimitação das Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL), remanescente de vegeta-ção nativa, área rural consolidada, de interesse social e de utilidade públi-ca. Acrescenta que o objetivo é tra-çar um mapa digital a partir do qual serão calculados os valores das áreas para diagnóstico ambiental.

O CAR é obrigatório em todo o país. O produtor pode fazer sozinho, contratar um profissional ou escolher uma entidade conveniada pelo po-der público do município. Schneider

Cadastro Ambiental Rural (CAR)pode ser feito até maio de 2015

destaca, entre os vários benefícios do CAR, a obtenção de crédito agrícola, a dedução das APPS e da Reserva Le-gal no cálculo do imposto territorial, obtenção de linhas diferenciadas de financiamentos, isenção de impos-tos em diversos insumos agrícolas e acesso a programas de apoio am-biental. Também salienta como be-nefício do CAR a suspensão de mul-tas e quaisquer outras sanções por crimes ambientais cometidos antes de 22 de julho de 2008, desde que a regularização seja efetivada por meio de adesão ao Termo de Com-promisso Ambiental. Ele acentua que a partir de maio de 2017 somente os imóveis rurais inscritos no CAR terão acesso ao crédito agrícola. Também avisa que a não inscrição no CAR dei-xará o produtor rural desprotegido juridicamente. A declaração do CAR está vigente até 5 de maio de 2015, passível de prorrogação por mais um ano. Mais informações pelo fones: 3002.2217 e 3002.2216.

Fique Informado!Entretenimento, promoções,

músicas e muita notícia.

Menegatto empreto e branco

Programe-se com a agenda cultural

Caderno de Cultura e Arte Nº 20 | Fevereiro/Março 2015

Páginas 06 e 07O Simples e o Complexo

2 | Mosaico | 5 de março de 2015

Primeiras Palavras

RogérioGava

[email protected]

A Corrupção tem Cura?“(...) Afirmam os médicos que, no início, a tísica é fácil

de curar e difícil de conhecer. Com o passar do tempo, contudo, não tendo sido reconhecida nem medicada, se torna fácil de conhecer e difícil de curar. Nos assuntos de

Estado acontece a mesma coisa: conhecendo-se os males com antecedência – o que não é dado senão aos homens prudentes – rapidamente esses são curados. Mas, se por

ignorados aumentam a ponto de todos os conhecerem, não haverá, para aqueles males, mais remédio.”

Nicolau Maquiavel (1469-1527), em O Príncipe, Ca-pítulo III (1513), comparando a corrupção à tuberculose. Andamos todos estarrecidos com as denúncias diá-

rias de corrupção. Não é de hoje, aliás. Escândalos sobre escândalos estouram no Brasil há anos, numa verdadeira rede histórica de pilantragem. O “Petrolão” é somente mais um deles. Nos “acostumamos” tanto com a roubalheira que acabamos deletando os casos da memória. Fui à internet garimpar e me assustei com minha própria amnésia: Má-fia do INSS, Caso Cachoeira, Sudam, Marka/FonteCindam, Máfia dos Fiscais, Escândalo das Privatizações, dos Preca-tórios, Anões do Orçamento, Caso Collor, Máfia da Previ-dência, Caso Banespa...quem fala dessas pilhagens hoje? Quem foi preso? Quanto dinheiro foi recuperado? Nossa memória curta nos trai.

A verdade é que a corrupção tornou-se um verdadeiro câncer nacional. Maldito e insidioso. Difícil de extirpar quan-do não atacado pela raiz. Tal e qual a tuberculose de então, na comparação de Maquiavel. Mas ela, é claro, não viceja só por aqui. Não há país que escape totalmente aos seus tentáculos. No entanto, existem nações mais e menos cor-ruptas, como mostra todos os anos o ranking da corrupção divulgado pela ONG Transparência Internacional.

A pesquisa avalia a percepção das pessoas em relação à honestidade de servidores públicos e políticos. Em 2014 ficamos no 69º lugar dentre 175 países. Em matéria de rou-balheira conseguimos ir pior do que na Copa. Dinamarca, Nova Zelândia, Finlândia, Suécia e Noruega são os países menos corruptos do mundo. Afeganistão, Sudão, Coréia do Norte e Somália, os mais corrompidos. Como parceiros do Brasil em matéria de rapinagem figuram, entre outros, Itália e Grécia.

Se os países diferem em termos de honestidade públi-ca, isso mostra que a corrupção não ocorre por acaso. E se ela não ocorre por acaso é porque tem causas. E, se tem causas, essas podem ser tratadas e a corrupção extinta. Ou pelo menos bastante diminuída. Por que os países nórdicos são tradicionalmente os menos corruptos do mundo? O que há por lá que nos falta aqui? Por que as nações da África são as mais corrompidas? Afinal, por que alguns países são mais corruptos do que outros?

Pesquiso e encontro três respostas: A primeira passa pela educação. Uma sociedade mais

educada acompanha de perto o que o governo faz e cobra dos políticos uma conduta correta. Pessoas esclarecidas

são menos propensas a dar ouvidos a despautérios como o conhecido “rouba, mas faz”, essa bobagem sem tama-nho que já entrou para o folclore da política brasileira. Elas também não aderem ao discurso – bastante difundido e fa-lacioso – de que todos os políticos são corruptos e de que o poder corrompe. Ao invés disso, fiscalizam e denunciam, fazendo o papel que todos nós, eleitores, devemos sempre fazer. Não é por acaso que os países com os maiores de-sempenhos na educação são também os menos corruptos.

A segunda diz respeito ao ambiente social e à cultura do país. É bom lembrar que a corrupção não é só pública: ela reina no privado também. Quando alguém não devolve o troco dado a mais no restaurante, não procura pelo dono de uma carteira perdida, fura a fila, paga uma propina para ter um serviço feito antes dos outros, suborna o guarda de trânsito, rouba a ferramenta na empresa em que trabalha, ou o livro da biblioteca da faculdade, está sendo corrupto. Tanto quanto o político ladrão que amaldiçoa.

O famoso “jeitinho brasileiro” espelha esse ambiente de levar vantagem e passar os outros para trás. Um ambiente de todos contra todos. Onde quem não leva vantagem é taxado de burro, de trouxa. Se todos roubam (o que é uma grande mentira), por que não roubar? Em países como a Di-namarca, com níveis baixíssimos de corrupção, ao contrário, a confiança, a colaboração e o respeito pela condição alheia são comportamentos usuais. Lá, honestidade gera honesti-dade, em um círculo virtuoso contínuo. As pessoas confiam muito umas nas outras e agem de modo a preservar essa confiança mútua.

Por fim, a terceira e óbvia resposta: nos países menos corruptos há um efetivo sistema de controle, fiscalização e punição à improbidade pública, sem o qual qualquer espe-rança de se ter um Estado mais honesto será puro devaneio. Para acabar como a corrupção é preciso, antes, acabar com a impunidade. As duas são irmãs gêmeas diabólicas. Uma alimenta a outra.

Se hoje denunciamos mais, como se divulga, é preci-so que passemos a punir mais. Denúncia sem castigo de pouco serve, aliás, creio que acaba por gerar ainda maior frustração. Está mais do que na hora de vermos corruptos e corruptores atrás das grades. Quero que os ladrões da república percam não só os cargos, mas também os anéis.

Ficamos indignados quando estrangeiros falam do Bra-sil como um país corrupto. Esquecemos que só seremos respeitados quando passarmos, antes de tudo, a nos res-peitar. Quando dermos cabo da corrupção endêmica que nos assola e pararmos de exaltar o jeitinho como estando no nosso DNA.

Corrupção não é genética. Tampouco vocação. Os pa-íses onde ela praticamente não existe estão aí e servem como exemplo. Podemos, sim, nos livrar dessa praga que assola nossos cofres e, pior, nossa esperança e autoestima. Nossa confiança.

O sonho de deixar um país mais honesto para nossos filhos e netos depende, também, de cada um de nós.

to em Dan-ça, de Bento Gonçalves.

Para a participação da menina no concurso em Nova York é preciso ar-recadar cer-ca de 25 mil reais. Os in-gressos para o espetáculo benef icente estão à ven-da R$ 20 re-ais. Pessoas e empresas interessadas em ajudar, podem entrar em contato no fone (54) 9939.7161 ou depositar qualquer valor na seguinte conta: Caixa Econômica Federal - Agência 0457 - Conta Corrente: 001.38.770-7. Mais informações pelo telefone (54) 9939.7161 ou pela web pelo e--mail: [email protected] ou no facebook: Aplausos Studio de Dança.

Programe-se

A redação leu

O TEMPO É UM RIO QUE CORREAutora: Lya LuftPáginas: 141Editora: RecordAno: 2014 (1ª Ed.)

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Mosaico | 5 de março de 2015 | 3

O TEMPO É UM RIO QUE CORREA consagrada escritora gaúcha Lya Luft lança mais um li-

vro para reflexão. Nesse, ela nos convida a pensar e apreciar o tempo, nosso irmão e companheiro de jornada. O fio condutor da obra remete a Heráclito, filósofo grego para quem tudo na vida flui e não volta mais. Tal e qual um rio, onde é impossível banhar-se duas vezes.

Lya faz o leitor refletir sobre o curso da vida, passado, pre-sente e futuro, e a inexorabilidade do tempo. O tempo é um rio que corre sem cessar, da nascente à foz, nada o pode deter, nos diz. O tempo, esse mistério insondável, anuncia a trans-formação eterna, do nascimento à morte. A autora dá curso à narrativa combinando suas memórias e reflexões sobre a pas-sagem implacável do tempo, criando um belo ensaio sobre a infância, a juventude, o amadurecimento e a morte. O livro abre o leitor para o valor da vida e suas inquietações.

Divido em três partes, a obra descreve a passagem do tempo tendo como pano de fundo as diferentes etapas da vida. Ao seu melhor estilo, Lya nos convida a descobrir os ca-minhos para usufruir o que há de melhor em cada uma delas. Em uma época mergulhada na falta de tempo e na rapidez digital, esta obra fica como uma importante reflexão sobre a cultura da futilidade proposta pelos paladinos da juventude e da beleza. Pelos profetas da rapidez e da fugacidade.

Vale o tempo de passear em suas páginas.

JantarO quê: Jantar sob as estrelasQuando: 6 de março, a partir das 19hOnde: Avenida Planalto e Rua Herny Hugo Dreher

FestivalO quê: Festival Sabores da VindimaQuando: 8 de março, das 10 às 17hOnde: Distrito de Tuiuty

SolenidadeO quê: Abertura oficial da FIMMA BRASIL 2015Quando: 16 de março, 14hOnde: Salão de Eventos do CIC/BG, Parque de Eventos

ExposiçãoO quê: Exposição GeramorQuando: 22 de março, 14h30Onde: Casa Das Artes

ProgramaçãoArte Sesc

O quê: Exposição Bento Gonçalves em Foto Poesiade Fabiano Mazzotti e Pedro Júnior da Fontoura Quando: até 31 de marçoOnde: Sesc Bento Gonçalves Entrada franca O quê: Mostra de Cinema Sombras Que Assombram - Expressionismo AlemãoQuando: terças, às 20h, até 31 de marçoEntrada franca

O quê: Espetáculo 1, 2, 3 ECHÁ!Trompim Teatro (RS)Quando: 8 de março, 15hIngressos: ingressos disponíveis a R$ 5,00 para comerciários e dependentes com Cartão Sesc/Senac; R$, 7,00 para estudantes, idosos e classe artística; R$ 10,00 para empresários e dependentes com Cartão Sesc/Senac e R$ 15,00 para o público em geral O quê: Show Musical com a Banda Sinagoga ZenHorário: 12 de março, 20hLocal: Teatro Sesc Bento Gonçalves (Av. Cândido Costa, 88, bairro Centro)

O quê: Show Musical com Tatiéli Bueno e Banda (RS)Quando: 26 de março, 20hLocal: Via Del Vino Em caso de chuva, a apresentação será realizada no Teatro do Sesc Bento GonçalvesEntrada franca

“Um Passo para Nova Iorque”. É assim que se encontra a bailarina Gabriela Erthal, de 15 anos, selecionada para participar da edição 2015 do concurso Valentina Kozlova International Ballet Competition, que acontece de 26 a 30 de maio, em Nova Iorque. Para viabilizar financeiramente a participação dela no concurso, bailarinos de esco-las de dança de Bento Gonçalves vão apresentar, às 20 horas do dia 13 de março, no anfiteatro da Fundação Casa das Artes, o espetáculo benefi-cente “Um Passo para Nova Iorque”. A jovem foi indicada para participar do concurso pela dança-rina Mariza Estrella, do Rio de Janeiro, que atuou como jurada no Festival Sul em Dança, ocorrido em de 2014, em São Leopoldo.

Gabriela começou a dançar ballet aos 10 anos, no projeto social Coração Cidadão. Após, ingres-sou na escola de ballet Aplausos Studio de Dança, onde recebe toda a orientação da professora Deise Ceccagno. Entre aulas e ensaios, Gabriela e suas colegas treinam mais de três horas por dia, além dos ensaios nos fins de semana. Com quatro anos de ballet, Gabriela já tem um respeitável currículo. Em 2013 e 2014, foi selecionada para se apresen-tar no Festival de Dança de Joinville - Palco Aberto, considerado o maior festival de dança do mundo. Também ganhou vários prêmios nos Festivais Ben-

Um estilo próprio, com traços arredondados e bem marcados, som-bra pesada e cores bem colocadas. É com a maioria de trabalhos nessa linha que o tatuador bento-gonçalvense Jeanzito Hernandes conquista espaço no cenário gaúcho.

No concurso Tramandaí Tattoo Fest ocorrido na praia gaúcha, entre os dias 13 e 17 de fevereiro, com a participação de mais de 200 concor-rentes, ele conquistou o primeiro lugar na categoria Old School. “Ganhei no estilo de tattoo que mais me identifico, pelo qual sou apaixonado. A tatuagem que fiz teve duração de 4h 30 min, e me rendeu dois prêmios. Além do primeiro lugar na Old School, ganhei também como a melhor tatuagem feita no dia”, conta. Ele acrescenta que também participou da categoria “Série de Desenhos”, com uma junção de trabalhos, pin-turas em aquarela feitos em 2014. “Conquistei o segundo lugar nessa categoria, o que foi excelente porque tive a oportunidade de mostrar um pouco mais dos meus trabalhos”, comemora. Neste mês de março, os trabalhos de Hernandez estão expostos na Casa das Artes.

Gabriela “a um passo para Nova Iorque”Bailarinos do município promovem espetáculo beneficente para

viabilizar participação de colega em concurso nos Estados UnidosJanete Nodari

Tatuador Jeanzito conquista prêmios no LitoralArquivo Pessoal

4 | Mosaico | 5 de março de 2015

Militares em processo de seleção para Missãode Paz no Haiti no segundo semestre deste ano

Por Janete [email protected]

O 6º Batalhão de Comunica-ções (6º BCom), sediado em Ben-to Gonçalves, está em processo de seleção de 32 militares da base para compor o próximo efetivo que participará da Missão de Paz no Haiti, de novembro de 2015 a maio de 2016. De acordo com o Coman-dante do 6º B Com, Tenente Coro-nel Alexander Eduardo Vicente Fer-reira, com o envio de mais militares ao Haiti, na América Central, a par-tir do segundo semestre de 2015, será superado, em contingente, a participação do Exército Brasileiro no Oriente Médio, de 1956 a 1967, como parte das Forças de Paz da ONU no conflito entre o Estado de Israel, o Egito, e seus vizinhos ára-bes, no Canal de Suez.

A missão no Haiti, com a pre-sença de militares brasileiros no país, completou dez anos em julho de 2014. Do Sul do Brasil, o 6º B Com foi a unidade escolhida. O TC Alexander explica que o envio das tropas é feito em rodízio entre os batalhões e as Unidades do Brasil. Os militares do 6º B Com estiveram no país em 2011. “Como é uma for-ma cíclica, chegou de novo a vez do 6º Batalhão de Comunicações. Os militares se candidatam de forma voluntária. Eles devem estar prepa-rados, com excelentes condições físicas e psicológicas“ acrescenta ele. Alexander salienta que os 32 participantes devem ter também

Tenente Coronel Alexander Eduardo Vicente Ferreira (c) com os militares Alessandro Galina, Marcos Pellizzari, Paulo Sérgio Dalpozzo e William Neuberguer

que estiveram no Haiti em 2011

Missão de EstabilizaçãoO Exército Brasileiro atua no Haiti desde a primeira elei-

ção livre no país, em 2004, quando liderou a Missão de Paz da ONU. Em 2010, por ocasião do terremoto que devastou o Hai-ti, o Exército Brasileiro, que ainda estava no país, passou a integrar a Missão de Estabilização da ONU (Minustah). Essa missão reúne cerca de 8.700 militares, originários de 18 paí-ses. O Batalhão Brasileiro no Haiti está no seu 23º contingen-te, com a missão de auxiliar na reestruturação do país, cuja população é de aproximadamente 10 milhões de habitantes.

o parecer favorável do comando. “Estamos vivendo o processo de seleção no qual pesa a experiência no exterior e o sentimento de amor à Pátria. Para o militar é nobre re-presentar a Bandeira do Brasil”. O salário de um militar em missão é de aproximadamente 1.250 dólares.

Potencial turístico O comandante Alexander Fer-

reira visitou o Haiti por um curto pe-ríodo, em 2013, quando atuava em Brasília. Ele salienta que na época

o desemprego no país já era visível. “Muitas pessoas em idade produ-tiva ficavam perambulando pelas ruas da capital Porto Príncipe,” re-lata. O militar diz não entender o porquê o Haiti, sendo uma ilha do Caribe, não explora o turismo como fonte de renda. Quanto a crescente imigração de haitianos para o Bra-sil, o Comandante observa que o país está sendo visto por eles com

Janete Nodaria possibilidade do momento para melhoria da qualidade de vida. Ele acrescenta que antes, o destino principal dos haitianos era os Esta-dos Unidos ou, em alguns casos, países vizinhos como a República Dominicana.

Rotina dura e saudadeO 1º sargento Alessandro Ga-

lina, os 2º sargentos Marcos Pelli-zzari e Paulo Sérgio Dalpozzo e o cabo William Neuberguer do 6º B Com, estiveram no Haiti em 2011. Eles relatam que, incluindo o aper-feiçoamento do idioma, conheci-mentos de como funciona a ONU, exames médicos e psicológicos e o período de repasse de informações sobre a situação no país, foram 12 meses envolvidos com a Missão de Paz. O pelotão de qual eles faziam parte tinha como norma prover as comunicações. A rotina começava às 6h15, com exercícios físicos. De acordo com Neuberguer, folga so-mente aos domingos, quando con-versavam com familiares pela inter-net. “Ainda no domingo tínhamos o compromisso de levar alimentos a um orfanato,” comenta. Ele acres-centa que a ONU considera a mis-são brasileira no Haiti um sucesso. O 2º Sargento Pellizzari, diz que sentiu saudade da família. “Se tives-se que pensar em ir de novo, acre-dito que os apelos de minha família para ficar, falariam mais alto.”

Boina azul e medalha de mérito dos participantes das forças de paz

Janete Nodari

Mosaico | 5 de março de 2015 | 5

Um imóvel público com cerca de um século de existência, situado no distrito de Tuiuty, marco da arqui-tetura da imigração italiana, está se desmanchando. A edificação, que pertenceu às famílias de Atílio Pom-permayer e Orestes Tomasi, sediou de 1971 a 2007, a subprefeitura da comunidade. Hoje, por falta de conservação, a casa está com o te-lhado e o forro comprometidos e as aberturas destruídas, entre outros estragos.

Segundo o secretário de Turis-mo de Bento Gonçalves, Gilberto Durante, está em trâmite um projeto de reforma do telhado. “É uma ques-tão de prioridade, para proteção do restante do prédio”, acrescenta. Ele afirma que, pela importância do restauro, o regime é de urgência. “Esta primeira etapa envolve um va-lor aproximado de R$ 170.000,00. Temos uma emenda parlamentar federal de R$ 33.000,00 e o restan-

“Em 2015, completam-se 140 anos da chegada dos primeiros ita-lianos no Rio Grande do Sul. Temos muito a comemorar, principalmente quando lembrarmos que parte de um Brasil progressista deve muito aos italianos.” A afirmação é da pro-fessora Marilê Magnabosco, forma-da em História Natural pela UFRGS, autora do livro “À Sombra dos Pi-nhais”, de 228 páginas, lançado em 2006, em Porto Alegre e Bento Gon-çalves. A publicação enfoca a histó-ria das gerações da família dela, por parte de pai. A história relata o dia a dia dessas gerações que prospera-ram com a fixação de madeireiras e tanoarias em toda a região serrana.

Nos anos 2000, ela realizou pesquisas em cartórios e igrejas, visitou arquivos históricos e revisi-tou os baús de sua família paterna. A motivação de Marilê em resgatar essas memórias rendeu uma histó-ria de época bem estruturada, de leitura agradável e reveladora de hábitos, costumes, crenças e per-sonalidades de filhos e netos de imigrantes que se passa entre as colônias, Conde D´Eu (Garibaldi), Campo dos Bugres (Caxias do Sul), Nova Vicenza (Farroupilha) e Dona Isabel (Bento Gonçalves).

De acordo com a escritora, o avô, Vittore Giovanni Travià (aqui, no Brasil, ficou Travi) queria mes-mo seguir para a Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul. “Ele escolheu essa terra,” diz Ma-rilê. “Sou orgulhosa de meus an-tepassados, por isso escrevi essa história que, de certa forma, relata o modo de vida na região das pri-

140 anos de imigração italiana“À Sombra dos Pinhais” e as alegrias e tristezas dos desbravadores

Fé à memória genéticaOs pinhões alimentaram os imigrantes e os troncos das

araucárias serviram de matéria-prima para centenas de mo-radias. Na sombra dos pinhais também aconteceram muitos amores e casamentos, diz Marilê. Ela ressalta que essas lem-branças deram título ao livro. De acordo com a escritora, a araucária que ilustra a capa do livro ainda está de pé, no bairro Barracão, em Bento Gonçalves. “Eu dou muita fé à memória genética, tenho dentro de mim um sentimento ao meu avô imi-grante italiano que jamais se apagará. O Brasil foi receptivo e fértil,” enfatiza ela.

meiras gerações de descendentes de italianos,” salienta.

Marilê relembra que seus ances-trais tiveram a coragem de enfrentar uma viagem de 36 dias na terceira classe do navio Andrea Doria, dor-mindo em cuccetas. Os italianos desembarcavam no Rio de Janeiro. Dali, partiram em vapores para o Rio Grande do Sul numa viagem de

dez ou mais dias, passando para barcos menores nos quais che-gavam a Porto Alegre. Na capital, eram alojados em barracões à beira do Guaíba e seguiam, dias depois, em pequenas embarcações, até São Sebastião do Caí. Desse ponto, a viagem prosseguia a pé, em car-retas. Os imigrantes trataram de so-breviver como podiam. Eles haviam

feito uma viagem sem volta.

LegadoMarilê Magnabosco nasceu em

Porto Alegre em 3 de dezembro de 1938. Casou-se com José Carlos Magnabosco em 1963. Transferiu--se para Bento Gonçalves, lecio-nando na Escola Normal Cecília Meireles, de 1967 e 1968. Na se-quência, exerceu a função de ins-petora da 16ª DE.

Em 2005, ingressou na Oficina de Literatura de Charles Kiefer, ins-pirando-se para escrever os livros, “À sombra dos pinhais” (2006), edi-ção esgotada, e “O Tom do Cama-leão”, (2008), além de participação na antologia “100 que contam”. É mãe de André e Sandro e avó de Mariana, Carolina, Guilherme e Kauan, a quem deixa como legado essa epopeia contada em livro.

Janete Nodari

Irmãos Travi no livro dos 50 anos da Imigração Italiana no Brasil. No centro, o

avô de Marilê, Vittore Giovanni Marilê Magnabosco deixa como legado aos filhos e netos a epopeia da Família Travi

Imóvel inventariado no distrito de Tuiuty está “caindo aos pedaços”

À espera de uma atitudeA administrativo Cinara Trevisan

Balbinot, 33 anos, moradora do dis-trito, afirma que a comunidade de Tuiuty fica entristecida com a ruína do prédio. Ela observa que Tuiuty é um destino turístico. “Muitos visi-tantes passam por lá todos os dias. A casa está, há muito tem-po, assim, a b a n d o -nada”.

te serão recursos oriundos de ou-tras fontes”, salienta ele. O projeto de restauro do telhado, segundo o arquiteto especialista em bens cul-turais, Dangle Marini, foi entregue para análise dos técnicos da Caixa

Econômica Federal (CEF), no dia 15 de janeiro deste ano. Conforme o arquiteto, o imóvel foi inventariado em julho de 1994. Ele acrescenta que, para a casa ser reintegrada ao patrimônio histórico, é necessário

o restauro. O subprefeito do distri-to, Dirceu Pedrotti, reforça que há urgência para o início das obras. “Caso contrário será tarde demais”, afirma ele.

Cinara Trevisan Balbinot

Kátia BortoliniA

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SociedadePor Rogério GavaPrêmio Jabuti 2012

Ilustrações: Ernani Cousandier

6 | Mosaico | 5 de março de 2015

A Complexidadedo Mundo “Os sistemas estão em toda a parte.”

Ludwig Von Bertalanffy

Introdução à Teoria Geral dos Sistemas (1967)

“A complexidade está em toda a parte.”

Edgar Morin

O Método: A Natureza da Natureza (1977)

advento da Teoria Geral dos Sis-temas a partir dos trabalhos do biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy (1901-1972) projetou

uma nova concepção da realidade. De forma mais marcante a partir dos anos 50, as ideias sistêmicas tomaram corpo e ganharam terreno no mundo científico. Postulando a universa-lidade de princípios entre dimensões de natu-reza distinta – física, biológica, sociológica –, a abordagem dos sistemas procurou agregá-los em uma disciplina que pudesse formular prin-cípios genéricos válidos para os diferentes sistemas existentes. O pensamento sistêmico surge, assim, como contraponto ao modelo mental cartesiano, linear e reducionista, he-rança da lógica aristotélica e paradigma da ciência moderna. A ciência sistêmica, nas palavras de Bertalanffy, “é uma ciência ge-ral da totalidade”. Nesse sentido, apresenta sua interdisciplinaridade, podendo ser aplicada não só em campos de natureza material – como a fí-sica e biologia -, mas também na dimensão ima-terial da sociedade e suas instituições. Enfim, na vida do cotidiano.

Uma década depois, a Teoria da Comple-xidade advogada pelo filósofo francês Edgar Morin (1921) chega e lança crítica ao modelo sis-

têmico ao analisar um paradoxo que ali se insta-lou. A reação da Teoria dos Sistemas ao reducio-nismo, supervalorizando a percepção holística – visão do todo – operou, ironicamente, uma nova redução. Nesse mal-entendido, perde-se a noção da complexidade inerente a tudo o que existe. Reducionismo e holismo como faces de uma mesma moeda, ambos tentando simplificar a problemática da unidade complexa. O primei-ro, explicando o todo pelas partes concebidas isoladamente (paradigma cartesiano); o segun-do, reduzindo as partes ao próprio todo, esse também concebido de forma individual (para-digma sistêmico). Aparentemente antagônicos, os dois raciocínios representam um único para-digma: o paradigma da simplificação.

O Simples e o Complexo

O modelo simplificador busca explicar a re-alidade ora separando o que está ligado (disjun-ção), ora unindo o que é diverso (redução). Con-sidere, por exemplo, a análise de um fato social: sem a devida atenção ao contexto em que esse se insere, conforma uma atitude disjuntiva; já uma operação reducionista seria aquela que percebesse fatos totalmente diversos sob uma única ótica, negligenciando suas especificida-des. A concepção complexa busca transcender essas visões puramente reducionistas e holísti-cas, integrando-as em um raciocínio que consi-

dera o todo e suas partes de forma não excludente. Como diz Morin, “não deve haver aniquilamento

do todo pelas partes nem das partes pelo todo”.

Dessa forma, o raciocínio com-plexo ultrapassa a noção de sistema,

integrando-o sob uma nova percepção. A Teoria da Complexidade assume assim a

pluralidade do uno, pensando-o conjuntamen-te com o diverso. Morin utiliza o termo “unitas multiplex” para identificar o sistema como uma unidade oriunda da diversidade, que a organiza e conforma. Em outras palavras: o sistema cria, ao mesmo tempo, a diversidade e a unidade. As-sim, “o uno é complexo”.

Em síntese, o pensamento complexo busca a complementaridade entre o modelo linear e a visão sistêmica, o que o torna absolutamente diferente e transcendente a essa última. A busca da simplificação, do uno indivisível persegui-do desde os gregos, revela-se infrutífera face à complexidade da vida. Onde há o uno haverá sempre a diversidade. A complexidade nasce da impossibilidade de simplificar, mas isso não a torna uma complicação. O que é complicado é redutível a princípios simples, factíveis de se-rem desvendados pela via sistêmica. A comple-xidade mostra que nenhuma redução (linear ou sistêmica), por mais extensiva, conseguirá sim-plificar a complexidade de base.

O paradigma da complexidade – difícil de compreender pela sua própria natureza de pa-radigma – opõe-se à simplificação, mas não a repele, integrando-a. O ato de ligar e isolar ins-creve-se em um circuito que nunca se reduz a nenhum dos dois termos. Síntese e análise atu-am de forma circular ad infinitum. Nesse sentido, o pensamento complexo difere de forma abso-luta do modelo simplificador, transcendendo-o em prol de uma visão aberta a incertezas e, por isso, verdadeiramente libertadora.

Mosaico | 5 de março de 2015 | 7

A Complexidade nos Grupos Humanos

A utilização da teoria sistêmica no universo coletivo dos indivíduos é inconteste. Pensemos em uma organização qualquer: pode ser uma empresa, um clube, uma instituição religiosa. Todas elas têm algo em comum, qual seja: são organizações sociais. E, enquanto sistema, uma organização social é tida como um conjunto or-ganizado de elementos (indivíduos) em estreita relação, o qual constitui uma entidade global. Mas o sistema ultrapassa a si mesmo, produzin-do qualidades que não existem nos indivíduos de forma isolada. Pense, por exemplo, no todo de um time de futebol, o qual ultrapassa a soma das qualidades dos 11 jogadores.

Analisemos agora nosso time de futebol à luz da complexidade. Na dimensão comple-xa, as propriedades inéditas do grupo (o todo – time – maior do que a soma das partes – jo-gadores) configuram emergências. O sistema – aqui, organização social – transcende a simples adição das partes, sendo uma totalidade que supera a soma dos indivíduos que a compõem. Nesse aspecto, no entanto, entra uma questão (e talvez a maior contribuição da Teoria da Com-plexidade): os sistemas não possuem somente emergências – ganhos –, mas também exibem perdas (imposições).

A ideia de imposição assinala a perda de qualidades individuais dos elementos de um sistema. Trazida à dimensão do grupo, o pres-suposto indica que os elementos submetidos ao todo são tolhidos na produção de suas possibili-dades (novamente pense em um time de futebol, onde determinados jogadores são sacrificados para a reserva em prol do esquema tático). Se as

partes pudessem adotar todos os seus estados possíveis, certamente não haveria organização. A ordem sistêmica reduz as possibilidades indi-viduais; sem tal determinismo interno, sucum-biria em sua própria natureza de sistema. Desse raciocínio surge um fato que não pode ser ne-gligenciado: numa organização sistêmica não há só ganhos; a mesma se confronta com as perdas oriundas de imposições. Se há enriquecimen-to, há também empobrecimento. E esse último, muitas vezes, revela-se maior que o primeiro.

A complexidade aplicada à vida – seja na dimensão indivíduo, sociedade ou organiza-ção – auxilia a compreender que as relações daí emanadas nunca estão em completa autonomia, e que a participação no todo exige uma boa dose de repressão (nenhum jogador gosta da reser-va). Potencialidades individuais são suprimidas em prol da própria manutenção do grupo. Em termos psicanalíticos, qualidades não manifes-tas tornam-se latentes e sucumbem face aos an-seios do que é coletivo. A limitação do raciocínio sistêmico é justamente negligenciar essas impo-sições que se colocam pelo todo. Nesse aspecto, repousam as críticas que comumente se fazem ao uso indiscriminado das ideias sistêmicas no mundo organizacional, equívoco o qual a com-plexidade se dispõe a sanar. Na esfera indivi-dual, também, pensar complexamente faz ver que o antagonismo é inerente à vida, e que nada possui somente um lado positivo. Nas boas in-tenções muitas vezes repousam – consciente ou inconscientemente – grandes problemas.

Na vida organizacional, os fatos precedentes ajudam a entender melhor naturezas como nor-mas e regras latentes dos grupos informais, que permeiam toda coletividade organizada, mas que são tantas vezes negligenciadas (grupos de jogadores que boicotam um técnico, o que não é

tão raro de se ver). Essas facetas não explícitas, imateriais, também compõem o sistema, e re-presentam parcelas daquilo que está reprimido. Esse universo latente é a morada da incerteza, dos conflitos não resolvidos, da criatividade re-primida, e todo sentimento que está separado, mas se movimenta. No campo organizacional a complexidade faz emergir esse lado “obscuro” e não resolvido do que é coletivo, chamando a atenção para suas fraquezas e potencialidades (pense, por exemplo, na liderança negativa, muito comum nos grupos). Nesse sentido, con-forma-se como um raciocínio de grande utilida-de na análise das relações organizacionais.

O Homem e a Complexidade

A análise da figura humana à luz da comple-xidade implica em uma mudança de perspecti-va. Em seu seio, a ideia antropocêntrica cai por terra a partir de uma nova visão de homem. Já se disse que o orgulho humano sofreu três duros golpes no andar dos séculos: foi Copérnico quem destronou a Terra de sua posição central no uni-verso. Um minúsculo ponto perdido na imen-sidão do cosmos, nas periferias de uma galáxia entre bilhões de galáxias. Com Darwin, emerge o homem destituído de sua primazia enquanto mestre da natureza, apenas mais um ramo na intrincada genealogia biológica. Finalmente, a psicanálise de Sigmund Freud rouba do homem o domínio total de si próprio, ao conferir ao in-consciente muito do que os indivíduos sentem, pensam e agem. Pensar o homem na complexi-dade é justamente realocá-lo no mundo a partir dessas novas perspectivas, refratando a ambição que o faz ápice da história.

A lógica da complexidade esforça-se em re-formular a antropologia, e o faz pela estrutura indivíduo-sociedade-espécie (conceito trinitário de homem). A antropologia complexa concebe o ser em sua natureza biológica, física, e em sua realidade cultural e psíquica. Se na complexida-de o uno possui identidade complexa – unitas multiplex -, então as partes têm dupla identidade: sua própria e aquela oriunda da participação no todo. Na sociedade (sistema), as diferenças cru-ciais entre os indivíduos (partes) não aniquilam a identidade comum de pertencerem à unidade global (todo). Dessa forma, impossível conceber o homem como elemento central da discussão.

A vida em sociedade pressupõe a simbiose do homem com o mundo exterior. A autonomia humana não é ilimitada, dependente que é do que está fora para poder subsistir. A antropo-logia complexa busca ligar essa autonomia à dependência relatada. O homem não pode ser tomado como peça central da existência, pela sua característica de ser social. Se os indivíduos produzem a sociedade, também por ela são pro-duzidos (homem produto-produtor). Homem como parte do todo (todo social com sua cul-tura, linguagens e regras), mas também com o todo dentro de si (a cultura, a linguagem, as re-gras, emergem do homem e o compõem). Nesse sentido, o homem como juiz da sociedade é ab-surdo, pois ele próprio a conforma. Indivíduo, espécie e ser social.

Enfim, se a peça que julga o quebra-cabeça isola-se desse, o quebra-cabeça já não é mais o mesmo. A trindade indissolúvel da antropolo-gia complexa não pode conceber o todo na ausência das partes que o compõem.