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ESTIMATIVAS DE CRESCIMENTO SE MANTÊM EM FEVEREIRO DE 2011 As estimativas de produção e preço, calculadas em fevereiro de 2011, apontam que o Valor Bruto da Produção agrícola deve atingir um valor de R$ 270,9 bilhões, representando uma expansão de 7,71% do faturamento bruto do setor, quando comparado aos R$ 251,5 bilhões recebidos em 2010. Os fenômenos climáticos, apesar de atrapalhar o plantio em algumas regiões do país, contribuíram para melhorar os indicadores de produtividade de algumas culturas, mas, ainda assim, a pecuária brasileira é a que deve apresentar, no presente ano, um crescimento mais significativo. O faturamento dos produtores agrícolas, estimado para 2011, pode chegar a R$ 167,2 bilhões, já em 2010, o setor arrecadou o equivalente a R$ 155,8 bilhões, o que significa que é esperado um crescimento de 7,36% para o presente ano. Numa conjuntura de deflação de preços em relação ao mesmo período do ano anterior, é o incremento na produção que sustenta a expansão agrícola. As estimativas de produção de arroz indicam que, em 2011, 13,1 milhões de toneladas do produto devem chegar ao mercado, o que significa um incremento de 12,6% em relação a 2010. A remuneração do setor pode alcançar os R$ 7,4 bilhões, em 2011, caracterizando uma expansão de 5,37% em relação aos R$ 7 bilhões recebidos pelos produtores no ano passado. A inflação no preço do café, que já acumula 33,6% em doze meses, está sendo suficiente para amenizar os efeitos negativos de queda na produção, já que, em 2010, foram produzidas 48,1 mil sc/60kg e, para 2011, são esperadas apenas 44,7 mil sc/60kg, cerca de 7% a menos. A falta de oferta mundial e a característica de bianualidade da cultura sustentam esse patamar de preços, fazendo com que o faturamento esperado para 2011 possa atingir R$ 17,4 bilhões. A remuneração dos produtores de soja deve ultrapassar os R$ 47,3 bilhões, superando o rendimento bruto obtido em 2010, cerca de R$ 41,5 bilhões, em aproximadamente 14%. A produção dessa cultura, calculada em 70,3 milhões de toneladas, está estimada 2,34% acima da obtida em 2010 e os preços superam em 11,4% os recebidos no ano anterior, garantindo, assim, o bom desempenho da cultura em 2011. Entretanto, a tendência de alta não deve atingir todas as culturas, como é o caso da cana-de-açúcar. O valor bruto da cana, para 2011, está estimado em R$ 26,1 bilhões, cerca de 12,1% abaixo do ano anterior, quando recebeu R$ 26,7 bilhões. Os produtores de cana devem esperar, no presente ano, uma contração de mais de 9,3% na produção e uma queda de preços de 3,1%, segundo os dados de fevereiro de 2011. O valor bruto da produção pecuária é esperado, segundo os dados de fevereiro de 2011, em torno de R$ 103,7 bilhões que, quando comparados aos R$ 95,7 bilhões angariados no ano passado, representam expansão de 8,28%. O crescimento é explicado

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ESTIMATIVAS DE CRESCIMENTO SE MANTÊM EM FEVEREIRO DE 2011

As estimativas de produção e preço, calculadas em fevereiro de 2011, apontam que o Valor Bruto da Produção agrícola deve atingir um valor de R$ 270,9 bilhões, representando uma expansão de 7,71% do faturamento bruto do setor, quando comparado aos R$ 251,5 bilhões recebidos em 2010. Os fenômenos climáticos, apesar de atrapalhar o plantio em algumas regiões do país, contribuíram para melhorar os indicadores de produtividade de algumas culturas, mas, ainda assim, a pecuária brasileira é a que deve apresentar, no presente ano, um crescimento mais significativo.

O faturamento dos produtores agrícolas, estimado para 2011, pode chegar a R$ 167,2 bilhões, já em 2010, o setor arrecadou o equivalente a R$ 155,8 bilhões, o que significa que é esperado um crescimento de 7,36% para o presente ano. Numa conjuntura de deflação de preços em relação ao mesmo período do ano anterior, é o incremento na produção que sustenta a expansão agrícola.

As estimativas de produção de arroz indicam que, em 2011, 13,1 milhões de toneladas do produto devem chegar ao mercado, o que significa um incremento de 12,6% em relação a 2010. A remuneração do setor pode alcançar os R$ 7,4 bilhões, em 2011, caracterizando uma expansão de 5,37% em relação aos R$ 7 bilhões recebidos pelos produtores no ano passado.

A inflação no preço do café, que já acumula 33,6% em doze meses, está sendo suficiente para amenizar os efeitos negativos de queda na produção, já que, em 2010, foram produzidas 48,1 mil sc/60kg e, para 2011, são esperadas apenas 44,7 mil sc/60kg, cerca de 7% a menos. A falta de oferta mundial e a característica de bianualidade da cultura sustentam esse patamar de preços, fazendo com que o faturamento esperado para 2011 possa atingir R$ 17,4 bilhões.

A remuneração dos produtores de soja deve ultrapassar os R$ 47,3 bilhões, superando o rendimento bruto obtido em 2010, cerca de R$ 41,5 bilhões, em aproximadamente 14%. A produção dessa cultura, calculada em 70,3 milhões de toneladas, está estimada 2,34% acima da obtida em 2010 e os preços superam em 11,4% os recebidos no ano anterior, garantindo, assim, o bom desempenho da cultura em 2011.

Entretanto, a tendência de alta não deve atingir todas as culturas, como é o caso da cana-de-açúcar. O valor bruto da cana, para 2011, está estimado em R$ 26,1 bilhões, cerca de 12,1% abaixo do ano anterior, quando recebeu R$ 26,7 bilhões. Os produtores de cana devem esperar, no presente ano, uma contração de mais de 9,3% na produção e uma queda de preços de 3,1%, segundo os dados de fevereiro de 2011.

O valor bruto da produção pecuária é esperado, segundo os dados de fevereiro de 2011, em torno de R$ 103,7 bilhões que, quando comparados aos R$ 95,7 bilhões angariados no ano passado, representam expansão de 8,28%. O crescimento é explicado

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principalmente pela melhora dos preços da carne bovina, estimulados pelo desequilíbrio entre a oferta e a demanda, e da produção de suínos.

A elevação do consumo de carne bovina no mundo e a dificuldade sentida para elevar a produção, devido ao abatimento de matrizes em anos anteriores, sustentam a alta de preços desse produto, cuja cotação supera 2010 em 12,7%. O rendimento bruto dos produtores de carne deve sair de R$ 43,2 bilhões, recebidos em 2010, para chegar a R$ 50,1 bilhões no presente ano, acumulando crescimento de 16,2%.

A produção de carne suína, estimada para 2011, deve chegar a 3,6 milhões de toneladas, ultrapassando em 10,7% os 3,2 milhões obtidos no ano anterior. Uma maior produção somada a uma inflação de quase 10% nos preços recebidos pelo produtor, podem garantir um faturamento bruto 20,9% maior, quando comparamos os R$ 8,4 bilhões recebidos em 2010 com os R$ 10,1 bilhões estimados para 2011.

Valor Bruto da Produção Agropecuária Brasileira - 2010 e 2011 Preços Médios Reais, deflacionados pelo IGP-DI

75,49 80,28

155,77

95,76

251,53

87,39 79,85

167,24

103,69

270,92

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

250,00

300,00

Safra de Grãos OutrosProdutosAgrícolas

Agricultura Pecuária Agropecuária

2010 2011

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Valor Bruto da Produção Agropecuária Brasileira - 2010 e 2011

Produção Preços Médios Reais (a)

(base janeiro 2010, pelo IGP-DI)

VBP Produtos

Unidade 2010 2011 Unidade 2010 2011 2010 2011 Δ% Agrícolas 155.774,2 167.236,8 7,36%

Algodão em caroço (1) mil t 3.037

4.990

kg 0,97

0,93

2.942,6 4.634,1 57,48%

Amendoim (1) mil t 226

254

kg 1,16

1,28

261,8 325,5 24,37%

Arroz (1) mil t 11.661

13.135

kg 0,60

0,56

7.036,1 7.414,1 5,37%

Banana (2) milhões de

cachos de 10 dúzias

733

762

dúzia 0,88

0,86

6.415,2 6.518,3 1,61%

Batata inglesa (2) mil t 3.577

3.886

kg 1,01

0,69

3.619,2 2.689,1 -25,70%

Cacau (em amêndoas) (2) mil t 234

226

15 kg 82,21

71,40

1.280,8 1.074,3 -16,12%

Café Beneficiado (1) mil sacas de 60kg

48.090

44.730

60 kg 291,85

389,99

14.035,3 17.444,3 24,29%

Cana-de-açúcar (2) mil t 729.560

661.440

t 40,71

39,45

29.699,2 26.092,4 -12,14%

Cebola (2) mil t 1.548

1.479

kg 1,23

0,47

1.903,0 700,1 -63,21%

Feijão (1) mil t 3.323

3.713

kg 1,66

1,66

5.522,9 6.152,9 11,41%

Fumo (2) mil t 776

881

kg

5,40

4,74 4.195,2 4.178,3 -0,40%

Laranja (6) milhões de caixas

468,0

456,0

cx

13,55

15,34 6.340,9 6.994,2 10,30%

Mamona (1) mil t 101

183

kg 0,86

0,82

86,6 150,3 73,44%

Mandioca (2) mil t 24.831

26.267

t 219,10

226,32

5.440,4 5.944,7 9,27%

Milho (1) mil t 55.968

55.021

kg 0,28

0,35

15.888,5 19.034,9 19,80%

Sisal (2) mil t 237

237

kg 0,78

0,74

185,4 174,6 -5,79%

Soja (1) mil t 68.688

70.297

kg 0,60

0,67

41.547,6 47.359,1 13,99%

Tomate (2) mil t 3.709

3.770

kg 1,24

1,12

4.617,1 4.222,0 -8,56%

Trigo (1) mil t 5.026

5.882

kg 0,40

0,36

2.022,0 2.141,9 5,93%

Uva (2) mil t 1.295

1.379

kg 2,11

2,90

2.734,3 3.991,6 45,98%

Pecuários 95.757,6 103.685,0 8,28%

Carne bovina, eq.c (3) mil t 8.730

9.000

15 kg 74,18

83,59

43.170,5 50.153,4 16,18%

Frango (4) mil t 11.127

11.420

kg 1,88

1,81

20.903,2 20.689,7 -1,02%

Leite (3) milhões de litros

27.579

27.579

litro 0,72

0,70

19.773,5 19.333,2 -2,23%

Ovos (4) mil cx de 30 dúzias

61.617

61.617

dúzia 1,73

1,66

3.549,3 3.403,2 -4,12%

Suínos (5) mil t 3.250

3.600

15 kg 38,59

42,11

8.361,1 10.105,5 20,86%

Total 251.531,82 270.921,76 7,71%

Elaboração: SUT/CNA

Fontes/observações:

(1) CONAB; (2) IBGE; (3) CNA; (4) UBA; (5) ABIPECS e ABCS; (6) IEA-ESALQ/CEPEA-IBGE.

(a) FGV: preços reais pelos IGP-DI, média de janeiro a dezembro para 2010, a preços de jan/2010; café (média USP/ESALQ). laranja: (Produção: IEA(SP) e IBGE(demais estados) Preços: ESALQ/CEPEA-mercado, FGV e IEA).