A importânciado sentido do fio na peça pronta 

SumárioIntrodução...................................................................................................3

Sentido do fio no tecido: como é construído e qual sua importância?..............4

Tipos de sentido de fio.......................................................................................6

Saias: um modelo base........................................................................................8

Voltando no tempo................................................................................................9

Tipos de saias:  características dos  modelos mais usados............................11

Considerações finais...........................................................................................15

Bibliografia...................................................................................................16

Para disputar espaço nas araras, destacar-se nas vitrines e despertar a atenção do consumidor nos dias de hoje, um modelo de vestuário precisa conter alguns requisitos: ser inovador, seguir as tendências, ter qualidade e bom caimento, e ainda oferecer a relação custo-benefício.

Entretanto, não basta atender a maioria dos requisitos citados e justamente no item caimento a peça final acabar comprometida por não apresentar o sentido do fio correto, resultando em um produto diferente do esperado e projetado. Situações como esta  são comuns nas confecções  e fazem com que  a peça perca o seu valor, podendo ser comercializada apenas em bazares em que o consumidor será atraído pelo baixo custo, mas logo depois que experimentar a peça  ficarão visíveis  os defeitos  e virá a decepção com o produto adquirido, comprometendo inclusive a credibilidade da marca.

 Mas, afinal, o que revela este exemplo? Qual o sentido? Justamente aí é que está o detalhe: o sentido do fio. Esse exemplo nos mostra o cuidado necessário com o sentido do fio ao longo do processo, desde o desenvolvimento da modelagem até a costura, garantindo uma peça final com qualidade e que se destaque em meio a tantas outras disponíveis aos olhos do consumidor.

Neste e-book iremos mostrar como é construído o sentido do fio no tecido, os tipos de sentido, a queda do fio em relação ao solo, um breve histórico da saia e alguns dos modelos mais usados. Diante desses exemplos e sabendo como deve se comportar o fio do tecido, você poderá criar novos modelos com o sentido do fio correto.  

Para que possamos fazer os moldes e para que as peças possam ser costuradas garantindo um bom caimento são necessários alguns conhecimentos prévios. Antes de tudo é preciso

conhecer o sentido do fio e como devemos trabalhar com ele.

Para entendermos um pouco mais, vejamos a imagem ao lado de um tear manual que exemplifica como o tecido é construído. Observe que o tecido é formado pelo entrelaçamento de dois fios, um transversal - que forma a trama - e um longitudinal - que forma o urdume. O arremate lateral, no sentido do comprimento, é chamado de ourela.

Sentido do fio no tecido:como é construído e qual sua importância?   

urdume

trama

ourela

ourela

Você sabe o que significa a expressão “sentido do fio”? 

O sentido do fio refere-se ao fio do tecido, ou seja ao sentido em que o fio de urdume corre na trama do tecido. A linha do fio é a posição que o molde deverá ser cortado em relação à ourela do tecido, permitindoo correto posicionamento do molde ao ser riscado no tecido.

Os fios de  urdume  assumem funções diferentes no momento da tecelagem  e por terem  diferentes funções também apresentam efeitos no caimento da peça.  O sentido de fio é de extrema importância para o perfeito caimento da peça. Um fio fora do sentido pode destruir qualquer estética do modelo.

Situação 1: Calça jeans com perna torta? 

Imagine que você comprou uma calça jeans, sendo que fora do corpo parece ser um modelo bonito e que cairá bem no corpo. Ao provar a calça você encontra dois defeitos: um é que o cós esta esgarçado e o outro é que a costura, que deveria ficar na lateral interna da perna, insiste em ficar no meio da canela. Esses são dois problemas comumente encontrados e que estão relacionados ao sentido do fio incorreto na peça.  

 

Situação 2: Camiseta de malha torcida? 

Sabe aquela camiseta que você compra e que tem o toque agradável por ser uma malha leve, mas que na primeira lavagem já fica toda torcida? Ou ainda aquela que acaba encolhendo? Durante a construção dos tecidos os fios estão tensionados, fazendo com que o tecido também saia da mesma forma tensionado. Para evitar que o tecido sofra o encolhimento durante a lavagem caseira é necessário que o tecido seja encolhido antes de ser confeccionado. 

urdume

trama viés

ourela

ourela

Tipos de sentido de fio

Ocaimento da roupa está relacionado com a direção do fio determinado ao fazer o molde. Abaixo as ilustrações indicam a relação entre o sentido do fio determinado no molde e

a ourela do tecido. 

Fio reto: Traçado em paralelo à ourela no meio da roupa. 

Fio atravessado: Traçado em perpendicular à ourela no meio da roupa. 

Fio enviesado: Utiliza-se o esquadro em 45 graus no meio da roupa.

Observe agora o caimento da ourela em relação ao solo e o aspecto da peça.

É importante ressaltar que nem sempre a roupa precisa estar cortada no mesmo sentido, podendo  ocorrer,  por exem-plo,  de um vestido  ter  a parte de cima no sentido reto e a saia no sentido enviesado, seguindo a determinação da modelista. 

Queda do fio reto: A ourela cai perpendicular ao solo. Nesse caso o caimento é firme, mas não muito rígido.

Queda do fio atravessado: A ourela cai paralela ao solo. Nesse caso o caimento da roupa fica armado. 

Queda do fio enviesado: Nem trama nem ourela caem perpendicular ao solo, e sim em diagonal deixando o caimento da peça mole e flexível. 

U ma peça simples, bem feita e com bom caimento pode ser mais elegante do que uma roupa de alta-costura.  De nada adianta

comprar a saia mais cara da loja se ao chegar em casa notar que a peça não valorizou suas curvas, está com a costura torta ou deixou um certo desconforto.

Além das primeiras impressões, como o comprimento e o tecido usado, outros detalhes devem ser observados,  como cós, cavas, pregas, fendas e  forro, pois se estiverem mal feitos causam uma impressão oposta ao objetivo. 

Antigamente as roupas eram feitas sob medida, em um processo individualizado e manual. Atualmente, com as produções em grande escala, torna-se imprescindível seguir um padrão e adotar modelos compatíveis com o perfil do público consumidor de cada marca. 

No caso das saias, por exemplo, um modelo base pode servir para a construção de outros modelos, inclusive com a aplicação do sentido do fio que conforme aplicado muda o modelo. Basta deixar a criatividade fluir e também levar em conta os conhecimentos básicos de modelagem e as características de cada tecido. é recomendado utilizar essa estratégia, pois essas peças podem não ser comercializadas.

Saias: um modelo base

P ara entender a trajetória desta peça ao longo da história, é preciso definir saia como uma peça que cobre a parte

inferior do corpo e que não possui divisão entre as pernas. Tendo como base esse conceito, torna-se difícil precisar com exatidão quando exatamente surgiu esta peça, mas estima-se que ela apareceu no período Mesolítico e era feita de pele de animais amarrada à cintura. Porém, o primeiro registro que se tem do uso da saia é uma escultura Suméria que data de três mil anos a.C.. 

Além dos sumérios, outras civilizações também utilizaram a saia como forma de vestimenta tradicional, como o Antigo Egito e o Império Romano, em que a indumentária era usada tanto por homens quanto por mulheres. Mas foi apenas no século XII que a saia passou a figurar (quase) exclusivamente no guarda-roupa feminino, começando a ser utilizada com o corpete (ancestral do espartilho) em modelos com pregas que podiam ser compridas até os pés e/ou ter uma cauda, iniciando-se uma diferenciação mais clara entre as vestes de homens e mulheres. 

Já na metade de século XIV, período apontado por alguns como início do movimento estético chamado Moda, a vestimenta passa a ser utilizada como forma de diferenciação social. Neste mesmo período o espartilho entrou em cena e passou a ser utilizado pelas mulheres em composição com saias longas e em pregas. Já no século XVIII, a vestimenta passa a ser amplamente utilizada como forma de demonstrar riqueza e diferenciar os nobres dos plebeus. 

Voltando no tempo...

A saia passa por novas transformações ao final do século XIX, com o surgimento da Belle Époque, movimento no qual as mulheres uti-lizavam espartilhos apertados e armações para dar volume às saias. Paul Poiret encerra este período com a abolição do espartilho da moda no início do século XX. Nos anos 20, Coco Chanel apresen-tou modelos com comprimento até o meio das canelas, mais fun-cionais, sequinhas e fáceis de fazer os passos da dança da época. Com a vinda da Segunda Guerra Mundial, a escassez de tecidos fez a peça ficar menos charmosa, mais simples e reta. 

O glamour e a feminilidade retornaram no período após a guerra com a criação do New look por  Christian Dior e as saias do tipo evasê e godê que ficaram mais rodadas. Em 1960 a estilista Mary Quant apresentou pela primeira vez a minissaia, quebrando barreiras na época e popularizando o modelo. De lá para cá, a saia passou por inúmeras transformações, ganhando com-primentos, volumes e formas bastante variadas, tendo um modelo ideal para cada ocasião e gosto. 

Chanel Christian Dior

Tipos de saias: característicasdos modelos mais usados

A saia é uma peça que está presente no guarda-roupa de praticamente todas as mulheres e que

combina com diversos estilos. Ela traz sensualidade, beleza e elegância aos  looks  femininos e surge nos mais diferentes modelos, formatos, comprimentos e tipos de tecidos, ainda pode ganhar inserção de detalhes que deixam a peça ainda mais bonita. 

Os diversos tipos de saias podem ser vistos nas ruas e nas passarelas em modelagens bem diferentes: plissada, lápis, balonê, entre outros. Cada um desses modelos tem peculiaridades diferentes e conhecê-los é importante para poder desenvolver adequadamente a modelagem das peças. Abaixo segue uma lista de alguns tipos de saias e suas peculiaridades. 

Saia plissada 

O tecido deste tipo de saia possui um efeito semelhante ao de uma sanfona, devido ao fato de receber diversas dobraduras, e é aplicado no próprio tecido. Por isso, a escolha do tecido é importante para prolongar a impressão, uma sugestão é a utilização dos sintéticos, pois tendem a manter o efeito após a lavagem. As saias plissadas dão um ar vintage aos looks. 

Saia de pregas 

Diferente do plissado, as pregas são feitas no momento da costura das peças e reforçadas posteriormente. As saias de pregas aparecem em filmes americanos e foram utilizadas como uniformes de escola, dando um ar fetichista à peça. Compõem interessantes looks nas estações frias e podem ser fabricadas com malhas, tecidos opacos e emborrachados, que imitam o couro, entre outros.

Saia godê

Também conhecidas como flared skirt, essas saias são típicas dos anos 1950 e 1980 e são sinônimo de romantismo e feminilidade. Elas são caracterizadas por serem bem rodadas e soltinhas, dando movimento ao visual, e por marcarem a região da cintura. Para dar um ar mais elegante aos looks, a peça pode ser confeccionada em tecidos nobres e modelagem sofisticada. 

Saia drapeada

Possui como característica o efeito “enrugado” do tecido e ficam bem ajustadas ao corpo. Pessoas que estejam um pouco mais cheinhas devem cuidar com o volume que o drapeado proporciona à silhueta. 

Saia de babados

Essas peças podem possuir diferentes tipos de babados, como regulares, irregulares, camadas, com textura ou em rufos, e podem aparecer em toda a saia ou apenas em áreas localizadas, como na barra. Se caracteriza por adicionar mais volume à silhueta, por isso  não é o modelo mais indicado para as mais cheinhas. 

Saia evasê

Também conhecida como “saia em A”, este tipo de peça se caracteriza por uma modelagem que começa justa na região da cintura e é mais ampla em sua parte inferior, que geralmente chega até a altura dos joelhos. O modelo é ícone de  vanguarda – surgiu na década de 60 – e pode ser amplamente utilizado tanto por mulheres mais novas quanto por senhoras, modernas e conservadoras. 

Para que possamos criar um modelo e entender se o tecido que utilizaremos nele terá um bom caimento  é importante conhecer o tecido, suas características, composição e principalmente colocar o sentido do fio de acordo com o caimento que desejamos, conforme vimos anteriormente. Um tecido adequado para o modelo criado fará com que sua peça vista bem, tenha qualidade de caimento e faça com que o consumidor queira comprar.

Bom, agora que já conhecemos um pouco da história, alguns  dos  modelos mais  utilizados,  aprendemos mais  sobre o sentido do fio,  podemos avançar um pouco mais e conhecer as vantagens de se fazer o encaixe automático para garantir o sentido do fio. Afinal, o sentido do fio é uma característica  importantíssima para que as peças tenham um bom caimento e vistam bem. Leia nosso eBook “Encaixe Automático: o sentido correto na hora do corte” e saiba mais.

Audaces. Falando de Desenvolvimento.  História da saia é marcada por evolução, recessão e glamour. 10 jan 2014. Disponível em: <http://www.audaces.com/br/desenvolvimento/falando-de-desenvolvimento/2014/1/10/historia-da-saia-e-marcada-por-evolucao-recessao-e-glamour>.  

 

Audaces. Falando de Desenvolvimento. Tipos de saias: conheça alguns dos modelos mais usados. 9 dez 2013. Disponível em: <http://www.audaces.com/br/Desenvolvimento/Falando-de-Desenvolvimento/2013/12/9/tipos-de-saias-conheca-alguns-dos-modelos-mais-usados>. 

 

Cortando e Costurando.  Caimento Perfeito da Roupa.  Disponível em: <http://cortandoecosturando.com/dica_caimentoperfeiro.html>. 

Bibliografia

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