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Sumário

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CAPÍTULO 2 – Precursores e filósofos contemporâneos da educação infantil ........................05

Introdução ....................................................................................................................05

2.1 Os primeiros pensadores da Educação Infantil ............................................................05

2.1.1 Rousseau ........................................................................................................06

2.1.2 Pestalozzi ........................................................................................................08

2.1.3 Froebel ..........................................................................................................11

2.1.4 Montessori ......................................................................................................13

2.2 Práticas pedagógicas no jardim da infância .................................................................16

Síntese ..........................................................................................................................17

Referências Bibliográficas ................................................................................................18

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Capítulo 2

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Precursores e filósofos contemporâneos da

educação infantil

IntroduçãoEste capítulo apresenta os 4 percursores e filósofos da Educação Infantil que contribuíram para um olhar diferenciado desta primeira etapa da Educação Básica. São eles: Jean Jaques Rousse-au, Johann Heinrich Pestalozzi, Friedrich Froebel e Maria Montessori.

No século XVIII, Jacques Rousseau, como grande crítico da sociedade, pensou sobre a edu-cação tradicional e se tornou um dos precursores da Educação Infantil. Será apresentado às contribuições e às ideias de Rousseau para a Pedagogia, a fim de qualificar seu estudo e debater suas teorias, com foco na educação em contato com a natureza e no entendimento do desen-volvimento natural dos homens.

A seguir, apresenta-se Pestalozzi, educador do século XIX considerado um dos defensores da es-cola popular, extensiva a todos, e do reconhecimento da função social do ensino. Além de ter se dedicado ao estudo de Filosofia e da Política e de ser escritor literário, Pestalozzi foi um dos pio-neiros da Pedagogia moderna. Ele influenciou profundamente todas as correntes educacionais e ainda é uma referência atual. Fundou escolas e cativou todos para a sua causa: uma educação capaz de atingir o povo, num tempo em que o ensino era privilégio da elite.

Também explica-se a teoria de Froebel, outro educador do século XIX. Filósofo alemão do pe-ríodo romântico, que acreditou na criança, enalteceu sua perfeição e valorizou a liberdade de expressão da natureza infantil por meio de brincadeiras espontâneas. Froebel criou, em 1837, um modelo chamado kindergarten, que ficou conhecido como jardim de infância no Brasil.

Por fim, você conhecerá as ideias de Maria Montessori, que defendia a criança como um corpo que cresce e uma alma que se desenvolve, formando-se fisiológica e psiquicamente. A criança, para ela, seria uma fonte eterna da vida, da qual não devemos quebrar as misteriosas energias, mas esperar suas manifestações sucessivas.

Fique atento aos argumentos destes importantes pensadores da Educação Infantil e capriche nos estudos!

2.1 Os primeiros pensadores da Educação InfantilOs primeiros teóricos a considerar a infância com características próprias e a sugerir propostas que deram origem à Educação Infantil foram: Rousseau, Pestalozzi, Froebel e Maria Montessori. Tenha em mente, que os teóricos de que trataremos neste capítulo foram e ainda são importantes para está área de estudo.

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2.1.1 Rousseau

Este pensador do século XVII como um dos principais filósofos do Iluminismo e autor de “Do Contrato Social”, mantém também grande importância no cenário educacional mundial. Rousse-au revolucionou o conceito de Educação, condenando veementemente aquela que era oferecida na época. Por isso, suas ideias foram alvo de muita polêmica e são discutidas até hoje.

Figura 1 – Jean-Jacques Rousseau – autor da obra importantíssima Emílio ou da Educação

Fonte: Shutterstock, 2015._

De acordo com Aranha (2002), Rousseau nasceu em Genebra, na Suíça, em 28 de junho de 1712. Aos seis anos, iniciou suas leituras com a ajuda do pai, na biblioteca de sua mãe, falecida no parto. A partir daí, começou sua carreira. Mais velho, teve um caso com uma senhora da no-breza, e ela lhe mostrou novas ocupações. Rousseau, então, passou a se interessar por música, desenho, pintura, entre outras formas de arte.

Em 1742, foi a Paris em busca de sucesso. Depois de três anos na cidade, ele conheceu Thérèse Levasseur, uma camareira com a qual se relacionou e teve cinco filhos com Thérèse. As crianças foram deixadas em um orfanato. Este fato contribuiu para sua fama de falso moralista.

Após ter redigido artigos relacionados à música, Rousseau publicou, em 1750, o Discurso sobre as Ciências e as Artes, que lhe rendeu um prêmio e aumentou sua credibilidade. Apesar disso, a polêmica sobre ele tornou-se ainda maior. A partir de 1760, Rousseau publicou suas principais obras: O Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens; Do Contrato Social, no mesmo ano; e, um mês depois, Emílio ou da Educação, obra que, dois anos mais tarde, foi condenada à fogueira pelas autoridades da época.

Para sobreviver, Rousseau trabalhou em 1775 como copiador de música. No ano seguinte, terminou a redação de Confissões e iniciou Os Devaneios do Caminhante Solitário, que ficou inacabado devido à morte do pensador em 2 de julho de 1778, quando voltava de um passeio pelo campo.

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Obra educacionalDas obras de Rousseau, Emílio ou da Educação é a mais importante para seu estudo neste momento. Utiliza como caso um aluno imaginário em uma ilha (Emílio), que é acompanhado do nascimento aos 25 anos. Compreenda que o filósofo não se restringiu ao abstrato para expor seus pensamentos e utilizou exemplos práticos do dia a dia de uma criança, passando pelo cho-ro, pela alimentação e a troca das fraldas até a escolha dos livros.

Emílio ou da Educação divide- se em cinco partes:

• Livro 1 – A idade da necessidade (do nascimento aos dois anos) – valorização da criança e suas especificidades;

• Livro 2 – A idade da natureza (dos dois aos 12 anos) – a liberdade bem regrada para a criança e a educação sensitiva;

• Livro 3 – A idade da força (dos 12 aos 15 anos) – a lei da utilidade: a prática de uma educação que leva à autonomia da criança e que se define pela liberdade;

• Livro 4 – A idade da razão e das paixões (a partir dos 15 anos) – relação do mundo dos homens, a entrada para o mundo moral (segundo nascimento), a unidade entre corpo, espírito, razão e sentimento.

• Livro 5 – A idade da sabedoria e do casamento – saiba que trata mais especificamente da educação política de Emílio e de sua inserção na ordem civil, além do dever de constituir família e a vida social.

O pensamento filosófico e a pedagogia de RousseauMemorize uma ideia importante de Rousseau: a natureza humana é boa. O centro do seu pen-samento filosófico é: “Há, pois, uma bondade original da natureza humana: a evolução social corrompeu-a” (ROUSSEAU, 1978, p. 210). Apesar de estar inserido no período iluminista, o foco do pensamento de Rousseau não é a razão humana. O filósofo não descarta essa característica, até mesmo a valoriza muito, mas seu propósito é chamar a atenção para os aspectos naturais dados pela própria espécie. Para ele, a natureza humana não é razão, é instinto, sentimento, impulso, espontaneidade. A razão se perde quando não tem por guia o instinto natural. Seus produtos e suas criações mais importantes não impedem o transvio do homem se a razão não se afirma no instante e não se adequa à espontaneidade natural. O Iluminismo pretende confor-mar o instinto à razão; Rousseau, o contrário – a razão ao instinto. Compreenda, porém, que o resultado é o mesmo.

Lembre-se que Rousseau acreditava que o homem é naturalmente bom, mas acaba corrompi-do pela sociedade. Seu foco era “formar um homem livre, capaz de se defender contra todos os constrangimentos” (ROUSSEAU, 1996, p.22). Para o filósofo, era primordial, na Educação, respeitar a liberdade, primeira necessidade da criança. Tenha em mente que não se pode con-fundi-la com a liberalidade, como o fizeram no século XVIII, pois gera a “devassa e devastadora neutralidade” (ROUSSEAU, 1996, p.25), ou seja, quando os pais não agem para garantir bons costumes em nome de liberdade.

Segundo Rousseau, os pais neutros e frágeis, que não ensinam submissão às leis da natureza e que não mostram para as crianças a importante e grande diferença entre conseguir algo porque precisam e não porque querem, acabam por ceder a todos os caprichos dos filhos. Entenda que, num falso respeito à liberdade, os pais acabariam tornando seus filhos eternos dependentes das coisas e dos outros para suas realizações, incapazes de lidar com as negativas a suas aspirações e sem firmeza em suas atitudes.

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Para o pensador, o homem da natureza é o oposto ao civil. Este, desde seu nascimento até sua morte, é um escravo de tudo e de todos que o rodeiam. “Sofrer é a primeira coisa que ele deverá aprender, e a que ele terá maior necessidade de saber” (ROUSSEAU, 1996, p. 66). De acordo com Rousseau, é fundamental começar a lidar com as pequenas dores para saber enfrentar as grandes quando estas fatalmente vierem.

Por meio de Emílio ou da Educação, Rousseau propôs uma nova visão pedagógica, pela qual buscou educar as crianças mudando a relação entre pais e filhos. Considere que, no século XVIII, a criança era vista como um adulto em miniatura, realizando tarefas e usando trajes de adultos. Por mais que os pais amassem os filhos, não costumavam demonstrar sentimento algum, pois achavam que isso interferiria na formação da personalidade.

Havia na época muita discriminação social da classe dominante sobre a população – o que acontece até os dias atuais. A infância não era reconhecida e preservada, a criança era com-parada ao adulto, diferente dos dias atuais. Hoje respeita-se a infância como uma fase impor-tante, apesar de ser cercada pelo consumismo que a sociedade impõe, divulgado nos meios de comunicação de massa.

Mas como seria a educação natural para Rousseau? As interferências podem tirar o grande fun-damento dessa pedagogia, que é a liberdade, tanto de moral como de regras, pois, por serem pequenas, as crianças não podem seguir todas as normas de uma sociedade. “Rousseau clama pelo amor à infância e pela preservação da natureza da criança, pois isso seria a forma idealiza-dora de uma educação natural e consequentemente de um novo modelo de sociedade existente e que precisa ser respeitado” (DALBOSCO, 2006, p. 7).

Para o pensador, a criança tem características próprias e é por meio da educação, que adqui-re conhecimento político, cultural, social, ético e comportamental, além de aprender a viver e exercer sua liberdade mudando a sociedade e se integrando ao mundo, ou seja, buscando uma aprendizagem significativa.

Rousseau foi um filósofo do Século das Luzes. Ele difundiu o saber e sempre repre-sentou o progresso do espírito humano. Rousseau queria uma sociedade em que as pessoas fossem não apenas livres e iguais, mas também soberanas, isto é, que tivessem um papel ativo dentro do contexto geral. Para isso, além de um contrato justo, seria preciso ensiná-las a serem livres, autênticas e autônomas, e essa tarefa deveria partir da educação das crianças (DALBOSCO, 2006, p. 11)

VOCÊ SABIA?

Rousseau batalhou contra a superstição, a ignorância, os preconceitos e o império das opiniões, que tomavam conta do senso comum. Diferenciando-se em alguma medida de seus companhei-ros, pensadores da época. Tratou o Iluminismo de forma diferente, sem exaltar a razão, mas a natureza. Por isso, é inserido também no movimento do Romantismo.

2.1.2 Pestalozzi

No século XVIII, no auge da Revolução Francesa, destacou-se a figura de Johann Heinrich Pesta-lozzi, como defensor da Educação popular sua atuação foi única. Criou escolas de qualidade para as classes menos favorecidas, impondo esta necessidade aos políticos da época.

Pestalozzi era contra castigos e punições, propunha um ensino de período integral e também a divisão das crianças em três turmas, respeitando suas idades e fases do desenvolvimento. Se-gundo Aranha (2006), ele teve uma vida de muitas batalhas, com sucessos e fracassos, e foi um homem de grande importância para o meio educacional.

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Pestalozzi nasceu em Zurique, na Suíça, no ano de 1746. Perdeu o pai aos quatro anos de idade e foi criado em situações difíceis com a mãe, uma amiga da família e dois irmãos.. Sua mãe vivia para sustentá-los e lhes dar uma boa educação em escola privada, que era o único ensino da época com garantia de qualidade. Suas experiências no ambiente escolar não foram boas, e ao . longo dos anos, tentou se estabelecer em diversas profissões, dentre elas pastor, advogado e agri-cultor. Em todas as profissões, tinha o objetivo de ajudar a população, gerar aprendizado e lucro.

Durante as viagens de férias com o avô, faziam visitas a escolas e creches de regiões extrema-mente pobres, com educação fraca e sem base. Este convívio com as diferenças influenciaram Pestalozzi a ajudar os menos favorecidos, sem medir esforços e gastos. O hábito de gastar sem controle teve grande contribuição em seus deslizes nos projetos educacionais, anos mais tarde.

De acordo com Aranha (2006), Pestalozzi tentou colocar em prática e desenvolver as ideias de Rousseau. Começou este trabalho com seu filho e dirigiu a primeira escola profissional para os pobres, entre 1755 e 1780. Por meio de escritos literários, ele defendeu a educação como um forte fator de reforma social e tornou-se mestre-escola aos 50 anos, exercendo a carreira durante vinte anos.

De acordo com (CORTEZ, 2001) a expressão mestre-escola, mestres-escolas no plural, era co-mumente utilizada para designar os professores de primeiras letras até, pelo menos, os anos 1880 do século XIX.

O texto da Maria Cecília Cortez, Professores e professoras: retratos feitos de memória. In: GONDRA, José (org.) Dos arquivos à escrita da história: a educação brasileira entre o Império e a República. Bragança Paulista: Editora da Universidade de São Francisco, 2001. Mostra as formas de seleção docente para as escolas públicas primárias na Corte imperial. Os requisitos legais exigidos para o exercício do ofício, com o objetivo de conhecer o processo e as diferenças (contradições) da profissão de professor no período de 1854 a 1880.

VOCÊ QUER LER?

Em 1744, criou em Neuhof (Alemanha) uma escola em que recolhia órfãos e mendigos semicri-minosos, aos quais oferecia formação geral e reeducação profissional por meio de trabalho de fiação e tecelagem. Por questões financeiras, esta experiência durou apenas um ano. Pestalozzi começou bons projetos, mas não deu continuidade a nenhum deles. Saiu do anonimato com a criação de uma escola feita dentro de sua casa de fazenda e com a publicação do livro Leonardo e Gertrudes, em 1781. Pestalozzi defendia a individualidade da criança e seu desenvolvimento integral. Fundou escolas e realizou experiências pedagógicas.

Semicriminosos (revolucionários, fundadores de ligas religiosas ou políticas) eram mal-feitores de ocasião se infiltravam nos bandos revolucionários durante a Revolução Fran-cesa. Para saber mais sobre como eles atuavam leia o Livro Psicologia das Revoluções – A Revolução Francesa, de Gustave Le Bon (2013).

VOCÊ SABIA?

A partir de 1815, Pestalozzi sofreu com tristeza e decepções em seu trabalho, até se aposentar em 1825 em Neuhof (Alemanhã). Faleceu em 1827, em Brugg (Suiça).

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Obra educacionalOs principais escritos de Pestalozzi foram “Leonardo e Gertrudes” (1781) e “Como Gertrudes Ensina seus Filhos” (1801). Na primeira obra, ele descreveu a vida simples do povo rural e as grandes mudanças que fez por meio da Educação. Na segunda, determinou os conhecimentos e as habilidades necessárias para desenvolver o ensino para as crianças. Pestalozzi ainda escreveu suas memórias, e seu último trabalho foi O canto do Cisne.

O pensamento e o método educacional de PestalozziEntre 1805 e 1825, Pestalozzi aplicou suas ideias no Internato de Yverdon (Suiça), recebendo, com frequência, estudiosos e autoridades de várias partes do mundo com o intuito de conhecer seu trabalho inovador. É reconhecido como um dos defensores da escola popular extensiva a todos. Reconhecia firmemente a função social do ensino, não como simples instrução, mas como formação completa, pela qual cada um é levado à plenitude do seu ser.

Como discípulo de Rousseau, estava convencido da inocência e da bondade humana, bastando um estímulo ao desenvolvimento espontâneo do aluno para obter bons resultados. Só que esta atitude o distanciava do ensino dogmático e autoritário comum na época, dificultando sua aceitação.

Pestalozzi criou um método de ensino no qual as crianças eram divididas em três turmas, confor-me a idade: até oito anos, dos oito aos 11 anos e dos 12 aos 18 anos de idade. É importante destacar que o ensino era em período integral – das 8h às 17h. Era uma rotina intensa. Porém, as atividades eram organizadas de maneira flexível e variada: as crianças rezavam, tomavam banho, faziam as lições, tinham intervalos, almoçavam, brincavam e voltavam às aulas. Duas vezes por semana, os alunos eram liberados para fazer excursões.

Seu método de educar fundamentou-se em um principio simples, que é seguir a natureza, e foi considerada uma tendência psicológica. Segundo Monroe (1984), a tendência psicológica não se distingue das sociológicas e científicas, em relação ao tempo, ao lugar e, até mesmo, às pessoas. Foram uma explicação e um desenvolvimento dos princípios da educação naturalista, considerada como um aprimoramento das capacidades implantadas na natureza humana.

A educação do homem é um resultado puramente moral. Não é o educador que lhe dá novos poderes e faculdades, mas lhe fornece alento e vida. Ele cuidará apenas de que nenhuma influência desagradável traga distúrbios à marcha do desenvolvimento da natureza.

Os poderes morais, intelectuais e práticos do homem devem ser alimentados e desenvolvidos em si mesmo e não por sucedâneos artificiais. Deste modo, a fé deve ser cultivada pelo nosso próprio ato de crença, e não com argumentos a respeito da fé; o amor pelo próprio ato de amar, não por mera apropriação dos pensamentos de outros homens e o conhecimento pela nossa própria investigação, não por falações intermináveis sobre os resultados da arte e da ciência. (...) A educação é o desenvolvimento natural progressivo e harmonioso de todos os poderes e faculdades do ser humano (PESTALOZZI apud MONROE, 1984, p. 284).

Pestalozzi encontrou no ser humano as sementes de todas as faculdades, sentimentos e aptidões para o desenvolvimento pleno no caminho da vida e para a satisfação pessoal e comunitária. Sendo assim, para ele, a Educação deveria promover o crescimento e o desenvolvimento orgâ-nico por meio de atividades. Ele aplicou este ideal em sua escola e tentou organizar atividades próprias para esse fim.

VOCÊ QUER VER?

O filme Para Sempre Pestalozzi, de Peter von Gunten, 1989, sobre a vida de Johann Heinrich Pestalozzi (1746 - 1827), o mestre de Hippolye Léon Denizard Rivail (1804 - 1869), depois conhecido como Allan Kardec, o codificador do espiritismo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2SaFrUjTum4.

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Um conceito extremamente valioso para o educador era o do desenvolvimento orgânico. Isto significa que a criança é um organismo que se desenvolve conforme leis definidas. Este organis-mo possui três aspectos básicos: intelectual, físico e moral/religioso. Outro aspecto fundamental é o desenvolvimento gradativo, ou seja, que ocorre lentamente por meio de acréscimos difi-cilmente perceptíveis, visando sempre à educação como meio supremo para aperfeiçoamento individual e social.

2.1.3 Froebel

O educador e filósofo alemão Friedrich Froebel (1782-1852) levou adiante as ideias de Pesta-lozzi. Ele era influenciado por uma perspectiva mística, uma filosofia espiritualista e um ideal político de liberdade. Nasceu em 1782 em Oberweissbach, aldeia da Turíngia, principado de Schwarzburg-Rudolstadt, na Alemanha. Com uma infância marcada pela ausência da mãe e pelo pouco contato com o pai, Froebel mostrou, desde cedo, sua personalidade introspectiva.

Froebel criou, em 1837, o kindergarten (jardim de infância), que gerava um clima favorável para a criança aprender sobre si mesmo e sobre o mundo. O nome jardim foi dado porque, para o filósofo, as crianças se assemelham a sementes que seriam adubadas e desabrochariam sua divindade interior em um clima de amor, simpatia e sociabilidade.

Figura 2 – O nome “jardim da infância” foi dado porque, para Froebel, as crianças se assemelham a sementes que seriam adubadas e desabrochariam sua divindade interior

Fonte: Shutterstock, 2015.

Segundo Kishimoto e Pinazza (2007), nessa época eram duas as perspectivas ideológicas da Educação nas sociedades europeias: uma, que era a burguesa, defendia o processo educativo como meio de moldar os indivíduos à ordem e ao espírito da burguesia; outra, que emanava do povo, entendia a Educação como forma de promover a libertação da mente e da consciên-cia para a emancipação política. Em meio a esses conflitos ideológicos, que nasce o projeto pedagógico froebeliano, buscando a compreensão da formação do homem como um processo libertador e da Educação como meio de integrar o indivíduo à coletividade. Dessa forma, seria possível capacitá-lo para participar da vida política, social e econômica e torná-lo responsável pela nova sociedade.

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Em 1797, Froebel foi enviado à Turíngia como aprendiz de guarda florestal. Passou dois anos em um trabalho solitário, repleto de reflexões junto à natureza, e começou a se interessar pelas Ciências Naturais.

Ainda de acordo com Kishimoto e Pinazza (2007), o interesse pela educação do homem surge em uma época de estudos de Arquitetura, por meio do contato que Froebel tem com Anton Gru-ner, diretor da escola-modelo de Frankfurt e discípulo de Pestalozzi.. Em 1806, Froebel visitou Pestalozzi, seu mestre suíço, em Yverdon, e decidiu permanecer no instituto por dois anos. Neste período, o filósofo teve a oportunidade de observar os procedimentos de ensino, notando a falta de clareza e de sistematização do método de Pestalozzi. Interessou-se, especialmente, por dois tipos de atividades desenvolvidas com as crianças em Yverdon: os passeios promovidos por Pestalozzi, que colocavam os alunos em contato com a natureza e possibilitavam que os alunos tivessem lições práticas, e os jogos ao ar livre.

Froebel voltou a Frankfurt (Alemanhã) em 1810, seguindo para a Universidade de Gottingen, onde se aprofundou nos estudos das Ciências Naturais e da Linguagem. Depois disso, participou da guerra Peninsular (Batalha do Bugaço – Reino Unido, Portugal e França). Partiu, em 1816, para Grieshem (Alemanhã) com o objetivo de cuidar de seus sobrinhos órfãos. Começou a dedi-car-se exclusivamente à Educação. Fundou, em Keilhau, no ano de 1817, seu primeiro empreen-dimento educativo, o Instituto Alemão de Educação Universal. Lá, divulgou suas principais teses nesta área do conhecimento. Foi nesse período que Froebel começou a usar meios naturais para educar e instruir crianças de três a sete anos, apresentando o primeiro esboço daquela que seria sua grande realização: o kindergarten.

O projeto pedagógico de Froebel foi colocado em prática em 1839, em Blankenburg, na Ale-manha, quando inaugurou o Instituto de Jogos e Ocupações, destinado a crianças e jovens. A partir de 1840, o local recebeu o nome de Jardim Geral da Infância Alemã ou apenas jardim de infância (kindergarten).

Kishimoto e Pinazza (2007) afirmam que Froebel também se preocupava com a formação de quem cuidaria das crianças, ou seja, das mulheres – mães e jovens educadoras. A partir desta visão surgiu a Escola de Treinamento para Cuidadoras e Educadoras de Criança, em Keilhau, em 1847. Na Alemanha, o sistema pedagógico de Froebel teve a acolhida dos liberais progressistas. Eles entendiam o jardim de infância como parte integrante do plano geral de educação pública. Apesar de pressões políticas que determinaram o fechamento de várias instituições froebelianas, formou-se uma legião de adeptos de sua metodologia. Mesmo antes da morte do filósofo, mui-tos já se ocupavam com o estudo e a divulgação de suas teorias. Froebel morreu em 1852, em Marienthal, na região alemã da Saxônia.

O pensamento de FroebelConforme Lourenço Filho (2002), Froebel criou o kindergarten. Esta instituição encontrava suas bases em uma filosofia espiritualista e um ideal político de liberdade. Froebel elaborou canções e jogos para educar sensações e emoções e enfatizou o valor que a atividade manual possuía na Educação, assim como a importância dos brinquedos na aquisição de conhecimentos aritméticos e geométricos. Propôs também que as atividades educativas deveriam, necessariamente, incluir o diálogo, a poesia e atividades ao ar livre, como jogos, cultivo de hortas, entre outros.

De acordo com Oliveira (2002), o educando era compreendido por Froebel como um ser ativo, sujeito a um contínuo processo de desenvolvimento. Assim, a criança deveria ser vista e conside-rada como um todo. Considerou como imprescindível a interação social no processo de desen-volvimento e aquisição de conhecimento do educando. Assim, a família deveria envolver-se na educação de seus filhos.

Froebel é considerado por Dewey (1958) o primeiro a descrever alguns princípios essenciais da prática educativa com crianças: o exercício da cooperação e da ajuda mútua; ações impulsivas

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como fontes primárias da atividade educativa; e a valorização das atividades espontâneas (jogos, dramatizações, mímicas e movimentos livres) que, para o filósofo, são as bases da ação educativa.

2.1.4 Montessori

Segundo Pollard (1993), Maria Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870, na cidade de Chiaravalle, província de Ancona, localizada ao leste da Itália. Após desistir da Engenharia, diplomou-se, em 1892, em Física e Matemática. Iniciou o estudo de Medicina e Cirurgia na Universidade de Roma e, em 1896, tornou-se a primeira mulher na Itália a se formar neste curso. Como diretora de uma casa para deficientes mentais, concluiu que a Educação era mais impor-tante que remédios químicos na recuperação das crianças. Percebeu ainda que o método que criou poderia ser importante para todas as crianças.

Em 1907, Maria fundou a Casa dei Bambini, em São Lourenço (Bairro de Roma na Itália). Enten-da que, neste local, pretendia criar ambientes capazes de permitir a livre expressão da criança. Em 1913, mais de cem escolas já utilizavam o método Montessori de ensino.

Figura 3 – Montessori tornou-se a primeira mulher na Itália a se formar em Medicina e Cirurgia na Itália.

Fonte: Shutterstock, 2015.

Maria Montessori sofreu uma hemorragia cerebral e faleceu em 6 de maio de 1952, aos 82 anos, na Holanda. Até hoje, a expansão de suas ideias continua, e há escolas montessorianas no mundo inteiro.

O pensamento de MontessoriO trabalho de Maria Montessori envolvia um sistema educacional que contrariava o modelo da época. Era comum no início do século XX a educação voltada à elite. Maria buscou uma clientela

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pobre, com o objetivo de qualificá-la para o ingresso na escola oficial, aos sete anos, e para minimizar problemas sociais locais.

O método pedagógico de Montessori apresenta as etapas do desenvolvimento pelas quais o ser humano passa desde o nascimento até os 18 anos, chamadas por ela de períodos sensitivos:

• A pequena infância (de zero a seis anos) – período de transformação no qual a criança precisa de certa liberdade, que lhe permita iniciativas, e no qual constrói o indivíduo, o ser social. Esta fase se subdivide em duas : a do espírito absorvente inconsciente (de zero a três anos) e a do espírito absorvente consciente (de três a seis anos). Na primeira etapa, forma-se a inteligência e, na segunda, a criança torna-se consciente de suas ações. “Todas as coisas armazenadas inconscientemente vêm à superfície graças ao trabalho das mãos da criança – as mãos vêm a ser instrumento do cérebro” (ANGOTII, 2007, p. 119). A grande infância (dos seis aos 12 anos) – período do crescimento uniforme. As características psicológicas permanecem as mesmas. A criança é capaz de um intenso trabalho intelectual, e tudo se faz em grupo – o que é bom para ajudar no desenvolvimento social e moral da criança;

Figura 4 – Espírito absorvente inconsciente, de zero a três anos, etapa da formação da inteligência.

Fonte: Shutterstock, 2015.

• A adolescência (dos 12 anos aos 18 anos) – período de transformação em que nasce um indivíduo socialmente consciente. Aqui também a fase se subdivide em duas: a da puberdade (dos 12 aos 15 anos) e a da adolescência (dos 15 aos 18 anos).

O estudo dos períodos sensitivos é um dos aspectos mais comentados da pedagogia montesso-riana. A ideia é a de que inteligência do ser humano não aparece do nada. Em cada período sensitivo surge uma nova função – linguagem, ordem, boas maneiras etc.

O educador é visto como o construtor da ambiência educativa, e seu papel consiste em perce-ber os objetos através das simulações. “O adulto precisa interpretar as necessidades da criança para compreender e auxiliar com cuidados apropriados, e preparar-lhe um ambiente adequado. Desta forma, iniciaria uma nova era da educação, a de ‘auxílio à vida’”. (MONTESSORI, 1936, p. 40 apud ANGOTII, 2007, p. 123). Assim, o educador não é um mestre, mas um diretor das experiências de aprendizagem. Ele deve dirigir o crescimento e o desenvolvimento da criança, proporcionando a ela os materiais adequados, além de observar os períodos sensitivos e o salto ou o acesso do desenvolvimento em uma nova direção. Maria Montessori foi pioneira no campo

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pedagógico ao dar ênfase à autoeducação da criança, pois ela acreditava num potencial latente e inato em cada ser humano. Entenda que, dessa maneira, para Maria, o papel do professor como fonte de conhecimento era inviável, pois ele deveria ser um guia que orienta seu aluno para que o mesmo não desperdice seu tempo em coisas supérfluas, que são insignificantes para a formação ideal.

Este modelo favorece a atenção, pois quando todos se veem mutuamente, não perdem o foco daquilo que está em pauta, seja um jogo, a observação de um objeto ou qualquer outra ativida-de, tirando o professor o papel central.

Figura 5 – A autoeducação – as crianças descobrindo suas potencialidades

Fonte: Shutterstock, 2015.

A criança deve ser ativa. Há uma concepção de autoeducazione (autoeducação), pois o ser hu-mano tem capacidades que lhe são naturais. A construção de si, pela própria criança, é a desco-berta destas potencialidades. É de fundamental importância para a aquisição de conhecimento, que o educador ofereça um ambiente propício para as descobertas e que sejam produzidas situações que estimulem este despertar da vida intelectual da criança. O ambiente adequado para a exploração do potencial da criança e a consequente aprendizagem deve envolver os cinco sentidos, favorecendo a escolha espontânea das atividades por parte da criança.

Montessori atribuiu a ideia da miniaturização à principal modificação escolar, na qual a casa está à medida da criança, por exemplo, com mesas e cadeiras pequenas, favorecendo a aprendizagem.

Conclui-se que os esforços constantes e o compromisso árduo de Maria Montessori com a ques-tão educacional deixaram marcas em nosso modelo de educação contemporâneo.

Para você que quer conhecer melhor as ideias de Maria Montessori. O texto do portal Educar para Crescer traz mais informações sobre ela. Leia-o na íntegra em <http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/maria-montessori-307444.shtml>.

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Educação Infantil

2.2 Práticas pedagógicas no jardim da infânciaOs estudos dos pensadores da Educação Infantil favorecem as práticas pedagógicas infantis até os dias atuais. Froebel foi considerado o criador da Educação Infantil como jardim da infância, local onde as práticas pedagógicas precisam configurar-se de uma maneira totalmente diferente da edu-cação que se esperava para a escola de sua época e que hoje são apontadas como tradicionais.

A criança entende jogo como ação livre e demonstra a potencialidade do material, dos dons, que se tornam educativos quando, por meio da autoatividade, a criança exterioriza seu saber e desenvolve-se. O jardim de infância diverge da escola e assemelha-se às práticas familiares. A especificidade infantil requer uma prática que não foque o conhecimento sistematizado, mas o desenvolvimento e a aprendizagem auto-iniciada pela criança, tão comum no contexto familiar (KISHIMOTO; PINAZZA, 2007, p. 57).

Na pedagogia froebeliana, a Educação Infantil busca promover o desenvolvimento, tendo o elemento fundamental no processo educativo a espontaneidade. Ao designar o brincar como o momento mais significativo do desenvolvimento da criança, Froebel afirmou:

Brincar é a atividade mais pura, mais espiritual do homem neste estágio, e, ao mesmo tempo, típico da vida humana como um todo – a vida natural interna escondida no homem e em todas as coisas. Ele dá, assim, alegria, liberdade, contentamento interno e descanso externo, paz com o mundo. Ele assegura as fontes de tudo que é bom. Uma criança que brinca por toda parte, com determinação autoativa, perseverando até esquecer a fadiga física, poderá seguramente ser um homem determinado, capaz de autossacrifício para a promoção deste bem-estar de si e de outros. Não é a mais bela expressão da vida da criança neste tempo o brincar infantil? A criança que está absorvida em seu brincar? A criança que desfalece adormecida de tão absorvida? (...) brincar neste tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (FROEBEL, 1896, p. 55 apud KISHIMOTO; PINAZZA, 2007, p. 49).

As práticas educativas seguem um método experimental, que consiste nos itens abaixo:

• atividades centradas nos alunos;

• aprendizagem pela descoberta;

• a criança só aprenderá aquilo que sua curiosidade suscitar;

• a preferência pelas atividades práticas e pelo movimento;

• o despertar do interesse do aluno;

• projeto educacional individualizado, inserido numa proposta social.

Esta proposta instituiu um trabalho pedagógico que parte de projetos. , Os projetos são reco-mendados no trabalho educacional com crianças. Lembrando que tais projetos só são legítimos na Educação Infantil pela experiência e pela reflexão, inserindo-se nas ocupações construtivas por representarem a conexão do que a criança sabe com o que o currículo apresenta.

Os projetos devem aproximar as atividades da vida social às formais da escola para que as crianças se reencontrem com as ações de seu tempo presente, recapitulem componentes culturais passados e entendam o processo de desenvolvimento da vida humana. Na prática educativa, as experiências pessoais não devem se opor às de conhecimento científico, assim como as ati-vidades práticas (sentidos, movimentos) não se opõem às intelectuais (universo simbólico). Nos estudos dos pensadores deste capítulo: Rousseau, Pestalozzi, Froebel e Maria Montessori obser-vou-se que eles não só influenciaram as mudanças, mas revolucionaram a Educação de forma a transformá-la num conceito atual e vigente. Este conceito direciona as atividades na Educação Infantil de forma lúdica, espontânea, construindo o conhecimento com a participação ativa das crianças mediadas pelo professor.

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SínteseSíntese

Concluímos o capítulo e você teve a oportunidade de:

• Conhecer sobre 4 pensadores começando por Rousseau. Rousseau desvenda o estado de natureza na educação infantil . Ao formar o homem civil, tem a intenção de revelar os atributos naturais do homem;

• Conhecer Pestalozzi, que deu continuidade às ideias de Rousseau. Nenhum dos pensadores modernos deu tanta contribuição à Educação quanto Pestalozzi, que exaltou o amor e o afeto nesse processo. Aprender que, antecipando concepções do movimento da Escola Nova, Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas.

• Entender que Pestalozzi incorporou elementos psicológicos à educação, além de ficar conhecido como o Pai da Pedagogia Moderna. Perceber que é fundamental apossar-se dos ensinamentos de Froebel, educador do século XIX. Para ele, o profissional da Educação deve ter uma visão ampla com relação ao saber e ao educar, enfatizando e respeitando a individualidade de cada um.

• Compreender que Froebel considerava a criança um ser ativo no processo de aquisição do conhecimento e que . suas ideias perpassam seu tempo histórico;

• Obter informações sobre o trabalho de Maria Montessori, outra idealizadora da Escola Nova. Pioneira no campo pedagógico ao dar ênfase à autoeducação da criança, tendo o professor como guia que orienta o aluno no processo ensino-aprendizagem;

• Concluir que os pensadores tratados neste capítulo foram os fundadores do conceito de infância e de Educação Infantil. Eles representam a gênese da educação renovada, que contrapôs-se à educação tradicional, dando origem a um movimento conhecido como Escola Nova.

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