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Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundário Outubro de 2012

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Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio

Outubro de 2012

Outubro 2012

Relatoacuterio de EstaacutegioMestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Trabalho efetuado sob a orientaccedilatildeo doDoutor Artur Manuel Sarmento Manso

Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio

Universidade do MinhoInstituto de Educaccedilatildeo

ii

DECLARACcedilAtildeO

Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902

Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745

Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso

Ano de conclusatildeo 2012

Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO

MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE

Universidade do Minho ____________

Assinatura ______________________________________________

iii

ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia

Sonhando imaginando ou estudando

Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo

Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas

me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho

Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico

pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores

metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos

cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia

Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua

disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio

Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a

realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu

Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia

e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia

Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade

presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer

margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer

Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho

Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste

percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a

concretizaccedilatildeo deste projeto

Muito obrigada a todos

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

36

mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

37

princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

38

situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
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Outubro 2012

Relatoacuterio de EstaacutegioMestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Trabalho efetuado sob a orientaccedilatildeo doDoutor Artur Manuel Sarmento Manso

Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Os Recursos Didaacuteticos noEnsino-Aprendizagem de Filosofia noEnsino Secundaacuterio

Universidade do MinhoInstituto de Educaccedilatildeo

ii

DECLARACcedilAtildeO

Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902

Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745

Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso

Ano de conclusatildeo 2012

Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO

MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE

Universidade do Minho ____________

Assinatura ______________________________________________

iii

ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia

Sonhando imaginando ou estudando

Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo

Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas

me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho

Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico

pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores

metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos

cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia

Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua

disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio

Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a

realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu

Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia

e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia

Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade

presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer

margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer

Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho

Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste

percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a

concretizaccedilatildeo deste projeto

Muito obrigada a todos

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

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Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

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- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

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projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

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determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

25

Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

40

A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

41

natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

42

as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

43

sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 237 Seacuterie I de 14-10-1986 httpdreptpdfgratis198610

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AAVV (2005) Orientaccedilotildees para a Lecionaccedilatildeo do Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm anos

Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo httpwwwfileducomorientacoesfilosofia1011pdf

AAVV (2011) Projeto Educativo Atualizaccedilatildeo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Bragahttpwwwesasptimagesstoriesdocs_orientproj_educativo2011pdf

AAVV (2010) Regulamento Interno da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Braga

http wwwesasptfilesRI_Esas_Act_Set_2010_Finalpdf

ALMEIDA et al (2010) A Arte de Pensar Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de Sofia Miguens

Lisboa Didaacutectica

ALMEIDA M (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm anos ndash Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos ndash Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo Departamento do Ensino Secundaacuterio httpwwwdgidcmin-

eduptdataensinosecundarioProgramasfilosofia_10_11pdf

ASPIS R (2004) ldquoO Professor de Filosofia O Ensino de Filosofia no Ensino Meacutedio como

Experiecircncia Filosoacuteficardquo in Cad Cedes Campinas vol 24 n 64 p 305-320 setdez

BARBOSA P (2001) Anaacutelise do uso dos meacutetodos das teacutecnicas de ensino e recursos didaacuteticos

aplicados nos cursos de qualificaccedilatildeo profissional Um estudo de caso no CEFET-PR

Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina

BOAVIDA J (2010) Educaccedilatildeo Filosoacutefica Sete Ensaios Coimbra Imprensa da Universidade de

Coimbra

56

FERNANDES L (coord) (2007) Avaliaccedilatildeo Externa das Escolas ndash Relatoacuterio Escola Secundaacuteria

Alberto Sampaio Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeohttpwwwigemin-eduptuploadAE2007-DRNES3C2BACEB20Alberto

20Sampaio 20Rpdf

FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1975) Recursos Audiovisuais Para o Ensino Satildeo Paulo EPU

FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1986) Recursos Audiovisuais no Processo Ensino-aprendizagem

Satildeo Paulo EPU

FILHO F et al (2011) Enciclopeacutedia Biosfera Centro Cientiacutefico Conhecer - Goiacircnia vol7 N12

pp 166-173

KOHAN W (2000) ldquoFundamentos agrave Pratica da Filosofia na Escola Puacuteblicardquo in W KOHAN B

LEAL amp A RIBEIRO (Orgs) Filosofia na Escola Puacuteblica Petroacutepolis Vozes

MARASINI A (2010) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos no Ensino de Biologia

Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MURCHO D (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

OLIVEIRA H (1996) Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa Recursos Existentes no

Distrito de Aveiro e sua Utilizaccedilatildeo pelos Docentes Braga UM-ICE

WITTICH W amp SCHULLER C (1962) Recursos Audiovisuais na Escola Rio de Janeiro Editora

Fundo de Cultura

ZABALA A (1998) A praacutetica educativa - Como ensinar Porto Alegre Artmed

Bibliografia Natildeo Citada

BOAVIDA J (1991) Filosofia do Ser e do Ensinar Coimbra Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo

Cientifica Centro de Pedagogia da Universidade de Coimbra

CASTOLDI R amp POLINARSKI C (2009) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos na

Motivaccedilatildeo da Aprendizagem pp 684-692 I Simpoacutesio Nacional de Ensino de Ciecircncia e

Tecnologia

57

DUARTE I (2004) A utilizaccedilatildeo das tecnologiasaudiovisuais no 1ordm ciclo do Ensino Baacutesico da

formaccedilatildeo contiacutenua agraves praacuteticas Braga UM

MILL John Stuart (1859) Sobre a Liberdade Trad de Pedro Madeira Lisboa Ediccedilotildees 70 2006

MILL John Stuart (1861) Utilitarismo Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa Gradiva 2005

OBIOLS G (2002) Uma Introduccedilatildeo ao Ensino da Filosofia Ijuiacute Editora da UNIJUIacute

PILETTI C (1987) Didaacutetica Geral Satildeo Paulo Editora Aacutetica

POLOacuteNIO A Vaz F Madeira P (2010) Criticamente ndash Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de

Joatildeo Cardoso Rosas Porto Porto Editora

RACHELS James (2003) Elementos de Filosofia Moral Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa

Gradiva 2004

RACHELS James (2005) Problemas da Filosofia Trad de Pedro Galvatildeo Lisboa Gradiva 2009

RONCA A amp ESCOBAR V (1984) Teacutecnicas Pedagoacutegicas Domesticaccedilatildeo ou desafio agrave

participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
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ii

DECLARACcedilAtildeO

Nome Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Endereccedilo Eletroacutenico claudiamartinho2009gmailcom Telefone 933263902

Nuacutemero do Bilhete de Identidade 10590745

Tiacutetulo do Relatoacuterio Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Orientador Doutor Artur Manuel Sarmento Manso

Ano de conclusatildeo 2012

Designaccedilatildeo do Mestrado Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

Eacute AUTORIZADA A REPRODUCcedilAtildeO INTEGRAL DESTE RELATOacuteRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGACcedilAtildeO

MEDIANTE DECLARACcedilAtildeO ESCRITA DO INTERESSADO QUE A TAL SE COMPROMETE

Universidade do Minho ____________

Assinatura ______________________________________________

iii

ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia

Sonhando imaginando ou estudando

Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo

Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas

me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho

Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico

pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores

metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos

cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia

Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua

disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio

Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a

realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu

Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia

e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia

Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade

presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer

margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer

Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho

Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste

percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a

concretizaccedilatildeo deste projeto

Muito obrigada a todos

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

24

pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

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projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

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reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

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222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

36

mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

37

princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

38

situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

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com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

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Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

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Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

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ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

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ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

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ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

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Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

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ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

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76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 4: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

iii

ldquoNatildeo se aprende Senhor na fantasia

Sonhando imaginando ou estudando

Senatildeo vendo tratando e pelejandordquo

Camotildees Os Lusiacuteadas Canto X Estrofe 153

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas

me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho

Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico

pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores

metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos

cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia

Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua

disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio

Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a

realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu

Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia

e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia

Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade

presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer

margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer

Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho

Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste

percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a

concretizaccedilatildeo deste projeto

Muito obrigada a todos

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

24

pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

25

Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

26

de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

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metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

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CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

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geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

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bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 237 Seacuterie I de 14-10-1986 httpdreptpdfgratis198610

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AAVV (2011) Projeto Educativo Atualizaccedilatildeo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

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ALMEIDA et al (2010) A Arte de Pensar Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de Sofia Miguens

Lisboa Didaacutectica

ALMEIDA M (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm anos ndash Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos ndash Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo Departamento do Ensino Secundaacuterio httpwwwdgidcmin-

eduptdataensinosecundarioProgramasfilosofia_10_11pdf

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aplicados nos cursos de qualificaccedilatildeo profissional Um estudo de caso no CEFET-PR

Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina

BOAVIDA J (2010) Educaccedilatildeo Filosoacutefica Sete Ensaios Coimbra Imprensa da Universidade de

Coimbra

56

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Alberto Sampaio Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeohttpwwwigemin-eduptuploadAE2007-DRNES3C2BACEB20Alberto

20Sampaio 20Rpdf

FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1975) Recursos Audiovisuais Para o Ensino Satildeo Paulo EPU

FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1986) Recursos Audiovisuais no Processo Ensino-aprendizagem

Satildeo Paulo EPU

FILHO F et al (2011) Enciclopeacutedia Biosfera Centro Cientiacutefico Conhecer - Goiacircnia vol7 N12

pp 166-173

KOHAN W (2000) ldquoFundamentos agrave Pratica da Filosofia na Escola Puacuteblicardquo in W KOHAN B

LEAL amp A RIBEIRO (Orgs) Filosofia na Escola Puacuteblica Petroacutepolis Vozes

MARASINI A (2010) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos no Ensino de Biologia

Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MURCHO D (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

OLIVEIRA H (1996) Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa Recursos Existentes no

Distrito de Aveiro e sua Utilizaccedilatildeo pelos Docentes Braga UM-ICE

WITTICH W amp SCHULLER C (1962) Recursos Audiovisuais na Escola Rio de Janeiro Editora

Fundo de Cultura

ZABALA A (1998) A praacutetica educativa - Como ensinar Porto Alegre Artmed

Bibliografia Natildeo Citada

BOAVIDA J (1991) Filosofia do Ser e do Ensinar Coimbra Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo

Cientifica Centro de Pedagogia da Universidade de Coimbra

CASTOLDI R amp POLINARSKI C (2009) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos na

Motivaccedilatildeo da Aprendizagem pp 684-692 I Simpoacutesio Nacional de Ensino de Ciecircncia e

Tecnologia

57

DUARTE I (2004) A utilizaccedilatildeo das tecnologiasaudiovisuais no 1ordm ciclo do Ensino Baacutesico da

formaccedilatildeo contiacutenua agraves praacuteticas Braga UM

MILL John Stuart (1859) Sobre a Liberdade Trad de Pedro Madeira Lisboa Ediccedilotildees 70 2006

MILL John Stuart (1861) Utilitarismo Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa Gradiva 2005

OBIOLS G (2002) Uma Introduccedilatildeo ao Ensino da Filosofia Ijuiacute Editora da UNIJUIacute

PILETTI C (1987) Didaacutetica Geral Satildeo Paulo Editora Aacutetica

POLOacuteNIO A Vaz F Madeira P (2010) Criticamente ndash Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de

Joatildeo Cardoso Rosas Porto Porto Editora

RACHELS James (2003) Elementos de Filosofia Moral Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa

Gradiva 2004

RACHELS James (2005) Problemas da Filosofia Trad de Pedro Galvatildeo Lisboa Gradiva 2009

RONCA A amp ESCOBAR V (1984) Teacutecnicas Pedagoacutegicas Domesticaccedilatildeo ou desafio agrave

participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 5: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

iv

AGRADECIMENTOS

Gostaria de registar o meu profundo apreccedilo a todos aqueles que de diferentes formas

me apoiaram na concretizaccedilatildeo do presente trabalho

Agradeccedilo agrave Drordf Maria Clara Gomes orientadora cooperante do meu estaacutegio pedagoacutegico

pelo seu exemplo empenho e dedicaccedilatildeo que me permitiram refletir sobre as melhores

metodologias a utilizar na sala de aula e a forma mais adequada de lecionar os conteuacutedos

cientiacuteficos na aacuterea de Filosofia

Agradeccedilo ao meu supervisor de estaacutegio Doutor Artur Manso por toda a sua

disponibilidade incentivo e acompanhamento ao longo do meu estaacutegio

Agrave Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga estou grata por ter permitido a

realizaccedilatildeo do meu estaacutegio pedagoacutegico e pela abertura com que me recebeu

Agradeccedilo a todos os alunos da turma do 10ordm O que partilharam comigo esta experiecircncia

e me permitiram aprender e refletir sobre o ensino-aprendizagem da filosofia

Agrave minha amiga e colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira agradeccedilo sobretudo a sua amizade

presenccedila e companheirismo A nossa cumplicidade e partilha constante tornaram sem qualquer

margem para duacutevidas este caminho menos difiacutecil de percorrer

Um agradecimento especial agrave minha famiacutelia e amigos pelo apoio incondicional em todos

os momentos e pelos momentos menos proacuteximos que permitiram a realizaccedilatildeo deste trabalho

Expresso por fim a minha gratidatildeo a todas as pessoas que me acompanharam neste

percurso que natildeo foram mencionadas mas que contribuiacuteram indiscutivelmente para a

concretizaccedilatildeo deste projeto

Muito obrigada a todos

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

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21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

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determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

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tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

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daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

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A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

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Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

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22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

26

de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

28

conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

34

temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

35

escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

36

mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

37

princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

38

situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

39

Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

40

A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

41

natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

42

as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

43

sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

45

teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

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ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 6: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

v

RESUMO

Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

O presente trabalho intitulado Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem de Filosofia

no Ensino Secundaacuterio eacute o relatoacuterio de estaacutegio de Claacuteudia Marina Teixeira Martinho e foi

elaborado no acircmbito do Mestrado de Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio da Universidade

do Minho O referido estaacutegio decorreu na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio na cidade de

Braga durante o ano letivo de 20112012 e foi desenvolvido numa turma do 10ordm ano em que

se lecionaram as temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte

Ao longo do relatoacuterio defendemos que o ensino-aprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio eacute influenciado pelos recursos didaacuteticos utilizados na sala de aula Neste sentido ao

longo do estaacutegio consideramos pertinente colocar em praacutetica diferentes estrateacutegias e recursos

pedagoacutegicos que potenciassem a aprendizagem o interesse a motivaccedilatildeo e o sucesso

acadeacutemico dos alunos

O trabalho eacute composto por introduccedilatildeo trecircs capiacutetulos centrais conclusatildeo referecircncias

bibliograacuteficas e um apartado de anexos No primeiro capiacutetulo procedemos agrave caraterizaccedilatildeo do

contexto em que decorreu o estaacutegio pedagoacutegico e apresentamos a escola e a turma onde foi

implementado o nosso plano geral de intervenccedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam No segundo capiacutetulo explicitamos por um lado o que satildeo os recursos didaacuteticos e

qual a sua importacircncia no processo de ensino-aprendizagem e por outro descrevemos a nossa

praacutetica letiva e a respetiva estruturaccedilatildeo das aulas O terceiro capiacutetulo ocupa-se com a avaliaccedilatildeo

da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica que foi baseada na implementaccedilatildeo do Projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada

Palavras-Chave Ensino de Filosofia Recursos Didaacuteticos Processo de Ensino-aprendizagem

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

24

pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

25

Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

26

de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

28

conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

43

sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

45

teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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20Sampaio 20Rpdf

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PILETTI C (1987) Didaacutetica Geral Satildeo Paulo Editora Aacutetica

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RACHELS James (2005) Problemas da Filosofia Trad de Pedro Galvatildeo Lisboa Gradiva 2009

RONCA A amp ESCOBAR V (1984) Teacutecnicas Pedagoacutegicas Domesticaccedilatildeo ou desafio agrave

participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 7: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

vi

ABSTRACT

The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in Secondary Education

This paper entitled The Didactic Resources in Philosophy Teaching-Learning Process in

Secondary Education is the probation report by Claacuteudia Marina Teixeira Martinho It was carried

out in the course of the Philosophy Teaching Master in Secondary Education in the University of

Minho The probationary period took place in Alberto Sampaio Secondary School in Braga in the

20112012 school year It was conducted with 10th-grade students who were taught the

following philosophy branches ethics political philosophy and philosophy of art

Throughout the report we vindicate that the didactic resources used in the classroom have

a great impact on philosophy teaching-learning process in secondary education Thus during the

probationary period we found it pertinent to use different strategies and pedagogical resources

which might promote the learning the interest the motivation and the studentsrsquo academic

success

The paper is formed by an introduction three main chapters a conclusion bibliographical

references and annexes In the first chapter we characterise the context in which the pedagogical

probationary period occurred and present the school and the class where our general plan of

intervention was executed as well as the goals and the strategies which guided it In the second

chapter we explain on one hand what didactic resources are and their importance in the

teaching-learning process and on the other hand describe our teaching practice and its

respective structure in class The third and final chapter deals with the assessment of our

pedagogic intervention which was based on the implementation of the Supervised Pedagogical

Intervention Project

Keywords Philosophy Teaching Didactic Resources Teaching-learning Process

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

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Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

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Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

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221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

39

Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

40

A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

41

natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

42

as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

43

sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

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teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 237 Seacuterie I de 14-10-1986 httpdreptpdfgratis198610

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AAVV (2011) Projeto Educativo Atualizaccedilatildeo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Bragahttpwwwesasptimagesstoriesdocs_orientproj_educativo2011pdf

AAVV (2010) Regulamento Interno da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Braga

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Lisboa Didaacutectica

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Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos ndash Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da

Educaccedilatildeo Departamento do Ensino Secundaacuterio httpwwwdgidcmin-

eduptdataensinosecundarioProgramasfilosofia_10_11pdf

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aplicados nos cursos de qualificaccedilatildeo profissional Um estudo de caso no CEFET-PR

Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina

BOAVIDA J (2010) Educaccedilatildeo Filosoacutefica Sete Ensaios Coimbra Imprensa da Universidade de

Coimbra

56

FERNANDES L (coord) (2007) Avaliaccedilatildeo Externa das Escolas ndash Relatoacuterio Escola Secundaacuteria

Alberto Sampaio Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeohttpwwwigemin-eduptuploadAE2007-DRNES3C2BACEB20Alberto

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FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1975) Recursos Audiovisuais Para o Ensino Satildeo Paulo EPU

FERREIRA O amp JUacuteNIOR P (1986) Recursos Audiovisuais no Processo Ensino-aprendizagem

Satildeo Paulo EPU

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KOHAN W (2000) ldquoFundamentos agrave Pratica da Filosofia na Escola Puacuteblicardquo in W KOHAN B

LEAL amp A RIBEIRO (Orgs) Filosofia na Escola Puacuteblica Petroacutepolis Vozes

MARASINI A (2010) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos no Ensino de Biologia

Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MURCHO D (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

OLIVEIRA H (1996) Os Meios Audiovisuais na Escola Portuguesa Recursos Existentes no

Distrito de Aveiro e sua Utilizaccedilatildeo pelos Docentes Braga UM-ICE

WITTICH W amp SCHULLER C (1962) Recursos Audiovisuais na Escola Rio de Janeiro Editora

Fundo de Cultura

ZABALA A (1998) A praacutetica educativa - Como ensinar Porto Alegre Artmed

Bibliografia Natildeo Citada

BOAVIDA J (1991) Filosofia do Ser e do Ensinar Coimbra Instituto Nacional de Investigaccedilatildeo

Cientifica Centro de Pedagogia da Universidade de Coimbra

CASTOLDI R amp POLINARSKI C (2009) A Utilizaccedilatildeo de Recursos Didaacutetico-Pedagoacutegicos na

Motivaccedilatildeo da Aprendizagem pp 684-692 I Simpoacutesio Nacional de Ensino de Ciecircncia e

Tecnologia

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DUARTE I (2004) A utilizaccedilatildeo das tecnologiasaudiovisuais no 1ordm ciclo do Ensino Baacutesico da

formaccedilatildeo contiacutenua agraves praacuteticas Braga UM

MILL John Stuart (1859) Sobre a Liberdade Trad de Pedro Madeira Lisboa Ediccedilotildees 70 2006

MILL John Stuart (1861) Utilitarismo Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa Gradiva 2005

OBIOLS G (2002) Uma Introduccedilatildeo ao Ensino da Filosofia Ijuiacute Editora da UNIJUIacute

PILETTI C (1987) Didaacutetica Geral Satildeo Paulo Editora Aacutetica

POLOacuteNIO A Vaz F Madeira P (2010) Criticamente ndash Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de

Joatildeo Cardoso Rosas Porto Porto Editora

RACHELS James (2003) Elementos de Filosofia Moral Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa

Gradiva 2004

RACHELS James (2005) Problemas da Filosofia Trad de Pedro Galvatildeo Lisboa Gradiva 2009

RONCA A amp ESCOBAR V (1984) Teacutecnicas Pedagoacutegicas Domesticaccedilatildeo ou desafio agrave

participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 8: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

vii

IacuteNDICE

AGRADECIMENTOS IV

RESUMO V

ABSTRACT VI

INTRODUCcedilAtildeO 1

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO 4

11 O CONTEXTO DE INTERVENCcedilAtildeO 5

12 O PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 8

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO 13

21 OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM 14

22 A PRAacuteTICA DA LECIONACcedilAtildeO 23

221 O PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO SEXUAL (PES) 27

222 EacuteTICA FILOSOFIA POLIacuteTICA E FILOSOFIA DA ARTE 33

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO 46

CONCLUSAtildeO 51

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 55

ANEXOS 58

ANEXO 1 ndash PROJETO DE INTERVENCcedilAtildeO PEDAGOacuteGICA SUPERVISIONADA 59

ANEXO 2 ndash GUIAtildeO DE FILME E FICHA DE TRABALHO 65

ANEXO 3 ndash EXEMPLO DE UMA PLANIFICACcedilAtildeO 67

ANEXO 4 ndash EXEMPLO DE UM PLANO DE AULA 70

ANEXO 5 ndash EXEMPLO DE UM MATERIAL PARA LECIONACcedilAtildeO 72

ANEXO 6 ndash EXEMPLO DE UMA SIacuteNTESE TEXTUAL 76

ANEXO 7 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE TRABALHO 77

ANEXO 8 ndash EXEMPLO DE UMA FICHA DE AVALIACcedilAtildeO QUALITATIVA 78

ANEXO 9 ndash EXEMPLO DE UM EXERCIacuteCIO DE APLICACcedilAtildeO 80

ANEXO 10 ndash QUESTIONAacuteRIO 82

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

24

pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

25

Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

26

de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

28

conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

30

Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

36

mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

37

princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

40

A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

42

as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

45

teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 9: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

1

INTRODUCcedilAtildeO

A escola e o ensino satildeo indiscutivelmente aspetos essecircncias no desenvolvimento dos

indiviacuteduos nomeadamente dos jovens Os ensinamentos proporcionados pelas diferentes

disciplinas podem levar os alunos a adquirir importantes competecircncias pessoais socias e

profissionais e por isso consideramos que todo o trabalho e reflexatildeo feito para promover o

sucesso educativo seraacute bem-vindo Eacute neste acircmbito que o nosso trabalho se insere Pretendemos

evidenciar tendo em conta o tema do nosso projeto de intervenccedilatildeo que o uso de recursos

didaacuteticos adequados e variados promovem a motivaccedilatildeo o interesse e a aprendizagem escolar

nomeadamente no ensino de filosofia no ensino secundaacuterio Assim para que o ensino-

aprendizagem de filosofia decorra com sucesso existem um conjunto de aspetos

nomeadamente de niacutevel didaacutetico-pedagoacutegico que devemos ter em consideraccedilatildeo na nossa praacutetica

letiva

Consideramos que a educaccedilatildeo deve contar entre outros saberes com o ensino da

filosofia isto no sentido de formar pessoas conscientes que possam pensar por si mesmas

refletir criticamente e definir accedilotildees considerando as muacuteltiplas dimensotildees da vida do homem

Seja como for natildeo devemos esquecer que quando ensinamos filosofia tatildeo importantes quanto

os conteuacutedos a aprender satildeo os objetivos ou intenccedilotildees gerais com que se ensina e aprende

ldquotais como o desenvolvimento do sentido criacutetico e da capacidade de problematizaccedilatildeo a

maturidade intelectual a sensibilidade a valores morais culturais etcrdquo (Boavida 2010 55)

Tendo em conta estes objetivos consideramos que existem um conjunto de metodologias que

seratildeo mais adequadas para atingir esses propoacutesitos Assim e como refere Boavida ldquopara obter

certos objetivos eacute tatildeo importante defini-los com rigor como aplicar os meacutetodos mais adequadosrdquo

(ibidem) No nosso entender dentro desses paracircmetros procedimentais podemos incluir pelo

impacto que podem ter na aprendizagem em sala de aula a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos

adequados e variados Dentro dos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos de apoio podemos incluir os

meacutetodos teacutecnicas e estrateacutegias de lecionaccedilatildeo as atividades implementadas e os materiais

utilizados em sala de aula

Posto isto julgamos que a escolha do tema do nosso projeto Os Recursos Didaacuteticos no

Ensino-Aprendizagem de Filosofia no Ensino Secundaacuterio eacute pertinente e estaacute plenamente

justificada Tendo em conta a nossa opccedilatildeo e a apropriaccedilatildeo do tema que escolhemos eacute de referir

que a preocupaccedilatildeo pelo planeamento e pela utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados esteve

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

21

recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

25

Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

26

de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

34

temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

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Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

45

teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

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Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
    • Page 1
Page 10: Cláudia Marina Teixeira Martinho Os Recursos Didáticos no ...repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/23824/1/...A escola e o ensino são, indiscutivelmente, aspetos essências

2

sempre presente no desenvolvimento do nosso plano de intervenccedilatildeo plano este que esteve na

base da realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional Assim a utilizaccedilatildeo desses recursos didaacuteticos

adequados aplicados ao ensino da filosofia na sala de aula refletem entre outros aspetos a

considerar toda a metodologia a didaacutetica e a praacutetica que consideramos adequada na lecionaccedilatildeo

da disciplina de filosofia no ensino secundaacuterio

Este projecto que engloba uma dimensatildeo de investigaccedilatildeo-accedilatildeo foi desenvolvido na

Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio em Braga no ano letivo de 20112012 com uma turma de

10ordm ano de escolaridade do agrupamento de artes visuais

Assim as finalidades primordiais deste texto que resulta da implementaccedilatildeo do nosso

plano de intervenccedilatildeo satildeo as seguintes mostrar a importacircncia dos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem defender o uso de recursos didaacuteticos variados e adequados

ao ensino da filosofia em contexto de sala de aula relatar como se desenvolveu a nossa

experiecircncia de lecionaccedilatildeo procurar que os alunos compreendam e discutam os problemas

teorias argumentos e conceitos da filosofia num clima de liberdade e de pensamento criacutetico

avaliar o impacto da nossa intervenccedilatildeo

No primeiro capiacutetulo abordamos o plano de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada que

esteve na base da nossa investigaccedilatildeo-accedilatildeo bem como os objetivos e as estrateacutegias que o

nortearam De seguida descrevemos o contexto em que se desenvolveu o plano e o respetivo

estaacutegio pedagoacutegico caraterizando genericamente a Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio e a

turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais

No segundo capiacutetulo comeccedilamos por explicitar o que satildeo os recursos didaacuteticos dando

alguns exemplos da sua abrangecircncia e esclarecendo a importacircncia e o impacto que estes

podem ter no processo de ensino-aprendizagem Seguidamente e agora mais no acircmbito da

filosofia descrevemos o modo como concretizamos na sala de aula o nosso plano de

intervenccedilatildeo aplicando na praacutetica as evidecircncias encontradas na primeira parte do capiacutetulo Eacute

aqui que explicamos com algum detalhe a estrutura e os momentos principais da nossa

lecionaccedilatildeo primeiramente no apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES) e posteriormente na

explicitaccedilatildeo das temaacuteticas relativas agrave eacutetica agrave filosofia poliacutetica e agrave filosofia da arte Agrave medida que

descrevemos a nossa praacutetica letiva vamos obviamente valorizando os recursos didaacutetico-

pedagoacutegicos manifestos na metodologia nas estrateacutegias nas atividades e nos materiais

utilizados na lecionaccedilatildeo

3

No terceiro capiacutetulo procedemos a uma avaliaccedilatildeo global do plano e do processo de

intervenccedilatildeo No sentido de recolhermos os dados para proceder a esta apreciaccedilatildeo recorremos a

estrateacutegias de observaccedilatildeo e de inqueacuterito focando a nossa atenccedilatildeo sobretudo nos aspetos

relativos aos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos utilizados em sala de aula

Na conclusatildeo apresentamos uma siacutentese das principais ideias explicitadas ao longo do

relatoacuterio bem como uma reflexatildeo pessoal da experiecircncia de implementaccedilatildeo do plano de

intervenccedilatildeo Englobamos ainda na nossa anaacutelise uma apreciaccedilatildeo mais alargada no acircmbito do

nosso mestrado pois natildeo nos limitamos apenas agrave experiencia da unidade curricular designada

de estaacutegio profissional

4

CAPIacuteTULO 1 CONTEXTO E PLANO GERAL DE INTERVENCcedilAtildeO

5

11 O contexto de intervenccedilatildeo

O nosso projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada foi desenvolvido na Escola

Secundaacuteria Alberto Sampaio uma escola situada no centro de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola serve especialmente a zona centro e sul da cidade

contudo nos uacuteltimos anos tem-se acentuado a tendecircncia para uma maior diversificaccedilatildeo

integrando alunos provenientes de todas as freguesias da cidade Do ponto de vista socioloacutegico

integra uma populaccedilatildeo estudantil diversificada com alunos oriundos de diferentes estratos

sociais Na realidade esta diversidade tem fomentado o desenvolvimento de inuacutemeros projetos e

um ambiente educativo que parece adequado ao desenvolvimento da formaccedilatildeo e das

aprendizagens dos seus alunos

Para que a missatildeo educativa da escola seja alcanccedilada com sucesso esta oferece um

vasto conjunto de estruturas de apoio aos seus alunos entre os quais salientamos a

bibliotecacentro de recursos salas de aula salas de estudo reprografiapapelaria bar cantina

sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades de enriquecimento curricular

(como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre outros) A niacutevel

arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores multimeacutedia) O edifiacutecio da escola requalificado tem sido alvo de

aprovaccedilatildeo e agrado por parte da comunidade educativa os seus espaccedilos (interiores e exteriores)

satildeo consensualmente considerados como agradaacuteveis e propiciadores de um bom clima de

trabalho e conviacutevio

Eacute importante salientar que esta escola obteve resultados exemplares na uacuteltima avaliaccedilatildeo

externa que lhe foi feita no ano de 2007 sendo avaliada com ldquoMuito Bomrdquo nos cinco

paracircmetros avaliados Resultados Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo Organizaccedilatildeo e gestatildeo escolar

Lideranccedila Capacidade de auto-regulaccedilatildeo e melhoria da escola

No que concerne aos Resultados estes situaram-se na sua generalidade acima da meacutedia

nacional De acordo com o referido relatoacuterio

Nos cursos cientiacutefico-humaniacutesticosgerais do ensino secundaacuterio as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm e 11ordm anos

satildeo superiores agrave meacutedia nacional enquanto que no 12ordm ano se apresentam ligeiramente abaixo desse

referente Nos cursos tecnoloacutegicos do mesmo niacutevel de ensino as taxas de transiccedilatildeo dos 10ordm 11ordm e 12ordm

anos de escolaridade situam-se bastante acima das meacutedias nacionais com especial relevacircncia para o 12ordm

ano em que a taxa ultrapassa o referente nacional em 257 (Fernandes 2007 4)

6

Relativamente agrave Prestaccedilatildeo do serviccedilo educativo eacute notoacuteria uma preocupaccedilatildeo em

responder agraves necessidades educativas dos alunos destacando-se aqui por exemplo o apoio aos

alunos surdos e o Serviccedilo de Psicologia e Orientaccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave Organizaccedilatildeo e gestatildeo

escolar existem vaacuterias atividades de complemento curricular que tecircm como objetivo divulgar e

promover diversos saberes No que respeita ao aspeto da Lideranccedila satildeo muitos os pontos fortes

a destacar mas salientamos que foi detetada uma lideranccedila muito forte e determinada que se

foca nos problemas que vatildeo surgindo e na sua resoluccedilatildeo No que se refere agrave questatildeo da

capacidade de auto-regulacatildeo e melhoria da escola evidenciamos a constituiccedilatildeo de ldquoum

observatoacuterio interno permanente direcionado para as aacutereas de intervenccedilatildeo consideradas

prioritaacuterias tais como a avaliaccedilatildeo dos resultados internos e externos dos alunos e a avaliaccedilatildeo do

desempenho das estruturas de articulaccedilatildeo curricularrdquo (Fernandes 2007 6)

Satildeo de realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente

estruturalmente na organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a

abertura agrave diversidade e agrave mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem

algumas debilidades como a irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de

educaccedilatildeo e o menor aproveitamento nas aulas de substituiccedilatildeo

Dos objetivos gerais do Projeto Educativo da Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

evidenciamos dois ldquoCriar condiccedilotildees que permitam a consolidaccedilatildeo e aprofundamento da

autonomia pessoal conducente a uma realizaccedilatildeo individual e socialmente gratificante Promover

uma cultura de liberdade participaccedilatildeo reflexatildeo qualidade e avaliaccedilatildeordquo (2011 18) Estes

objetivos estatildeo tambeacutem consagrados nos valores fundamentais no Regulamento Interno (2010)

da Escola nomeadamente nos pontos 3 e 4 do 2ordm artigo Destacamos estes objetivos porque

focam aspetos que procuramos cultivar na sala de aula ao longo da nossa lecionaccedilatildeo

A turma onde desenvolvemos a lecionaccedilatildeo e implementaacutemos o nosso projeto foi o 10ordm

O do Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais constituiacuteda por 27 alunos 14 do sexo

feminino e 13 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os 16 anos tendo a

maioria dos alunos 15 anos (59 equivalente a 16 alunos)

Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos elementos da turma em sala de aula

podemos constatar que eacute uma turma com um niacutevel mediano Satildeo raros os comportamentos

menos adequados salvo alguma desatenccedilatildeo ou conversa entre alunos e de uma forma geral

eles satildeo participativos De qualquer forma conseguimos identificar dois grupos distintos de

alunos um mais atento interessado e participativo e outro mais desinteressado eou desatento

7

com estudantes que estatildeo aparentemente desligados das atividades da sala de aula

Sublinhamos do mesmo modo um comportamento interessante e compreensiacutevel os alunos

parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam discutir filosoficamente problemas

teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e abstratos onde haja um

questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees meramente

expositivas Notamos de forma geneacuterica que a maioria dos alunos colocava poucas duacutevidas e

que alguns tinham dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente

fundamentada

Podemos tambeacutem observar que esta foi uma turma razoaacutevel ao niacutevel dos resultados

cognitivos Dos vinte e sete alunos da turma foi notoacuteria uma melhoria de notas ao longo dos 3

periacuteodos No final do ano letivo reprovaram 4 alunos agrave disciplina de filosofia (todos estes

estudantes ficaram retidos no 10ordm ano pois tambeacutem tiveram negativa a outras disciplinas) doze

alunos obtiveram avaliaccedilotildees entre 10 e 13 valores e onze tiveram notas entre os 14 e os 19

valores

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo procuraacutemos atender agraves particularidades de cada aluno agraves

suas atitudes e dificuldades de modo a ajudaacute-los numa melhor aprendizagem da filosofia A

consulta e anaacutelise da ficha socioeconoacutemica da turma teve tambeacutem bastante utilidade para

comeccedilar a analisar o perfil da turma e averiguar as especificidades de cada aluno Seja como

for da anaacutelise dessa ficha de caraterizaccedilatildeo e apesar das diferenccedilas interindividuais

encontradas natildeo houve qualquer dado significativo que por si soacute nos pudesse indicar um

impacto determinante no processo de ensino-aprendizagem Consideramos que eacute beneacutefico para

os nossos jovens alunos um ensino da filosofia com determinadas carateriacutesticas nomeadamente

que seja criacutetico que os ajude a refletir sobre a realidade a examinar as diferentes

mundividecircncias a procurar boas razotildees para defenderem as suas posiccedilotildees a saber argumentar

em suma um ensino da filosofia que os ajude na sua formaccedilatildeo enquanto cidadatildeos criacuteticos

livres e autoacutenomos

8

12 O Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

O trabalho que agora encetamos tem na sua base um problema central que pretendemos

analisar Assim com a nossa reflexatildeo procuramos indagar qual a forma mais adequada de

ensinar filosofia no ensino secundaacuterio e mais especificamente tratamos de evidenciar o impacto

dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

Quando pretendemos analisar que recursos satildeo mais adequados para o ensino da filosofia

estamos a investigar um problema que eacute ao mesmo tempo didaacutetico e metodoloacutegico que se

prende particularmente com os meacutetodos as teacutecnicas as estrateacutegias os recursos e as praacuteticas

do ensino de filosofia Podemos entatildeo subdividir este problema em algumas outras questotildees

tais como Quais os meacutetodos mais adequados para o ensino da filosofia em contexto escolar

Quais as melhores estrateacutegias e praacuteticas de ensino-aprendizagem da filosofia em sala de aula

Que materiais pedagoacutegicos seratildeo mais eficazes na lecionaccedilatildeo da filosofia

Gostariacuteamos agora de fazer notar que o ensino da filosofia eacute dotado de algumas

carateriacutesticas que a distinguem do tratamento que eacute dado a outras disciplinas A forma como

ensinamos filosofia eacute diferente do modo como se ensina histoacuteria geografia ou matemaacutetica por

exemplo Como refere Murcho (2002 10) ldquoa filosofia eacute uma atividade criacutetica e natildeo um corpo de

conhecimentosrdquo e continua afirmando que ldquoeacute impossiacutevel estudar e ensinar bem histoacuteria da

filosofia ou das ideias sem saber filosofia primeirordquo Neste sentido o professor de filosofia para

aleacutem de precisar de conhecer a disciplina que leciona a sua histoacuteria as suas teorias os seus

autores os seus problemas e conceitos tambeacutem deveraacute dominar o proacuteprio processo de

discussatildeo filosoacutefica Assim ldquoum professor de histoacuteria da filosofia tem de dominar a filosofia tem

de saber discutir os problemas as teorias e os argumentos da filosofia tem de saber distinguir

os bons argumentos das falaacutecias tem de saber loacutegica e tem de saber pensar filosoficamenterdquo

(ibidem)

Eacute importante referirmos que o nosso Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

(cf anexo 1) e a nossa lecionaccedilatildeo na disciplina de filosofia vai de encontro ao estabelecido nos

princiacutepios gerais e organizativos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) nomeadamente

quando esta refere que ldquoA educaccedilatildeo promove o desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico e

pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre troca de opiniotildees

formando cidadatildeos capazes de julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se

integram e de se empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo

9

Consideramos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente ao

contribuir para o desenvolvimento de cidadatildeos integralmente formados com valores (esteacuteticos

espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma

cultura mais alargada

Pretendemos assim com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para

a promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto

educativo da escola onde lecionamos e na legislaccedilatildeo em vigor Tendo em conta a temaacutetica em

estudo pretendemos entatildeo averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensino-aprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de

bases sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o

sucesso no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

Tendo em conta esta especificidade da filosofia podemos agora evidenciar que existe uma

metodologia proacutepria para o seu ensino isto eacute que promove mais adequadamente a

aprendizagem de competecircncias que esta procura desenvolver como o espiacuterito criacutetico a

reflexividade a autonomia a criatividade a capacidade de tomar decisotildees etc Eacute neste sentido

que consideramos que determinadas metodologias mais expositivas ou o uso repetitivo e

exclusivo de um determinado material como o manual escolar ou o caderno diaacuterio natildeo satildeo os

recursos mais adequados para promover o ensino motivado e eficaz da filosofia Eacute preciso usar

estrateacutegias e meacutetodos que levem os alunos a desenvolver as competecircncias relativas ao filosofar

e para isso haacute que fazer um esforccedilo muacuteltiplo e abrangente Haacute que planear bem as aulas

estudar cuidadosamente as mateacuterias contrastar teorias e argumentos planear atividades

selecionar e efetuar materiais adaptados aos objetivos do ensino e do puacuteblico alvo enfim haacute que

escolher as estrateacutegias mais adequadas para cada momento Para fazer da filosofia o lugar

criacutetico da razatildeo natildeo basta debitar aquilo que lemos ou ouvimos mas eacute preciso aprender a

pensar

Atraveacutes das observaccedilotildees efetuadas na turma enquanto assistiacuteamos agrave lecionaccedilatildeo da nossa

orientadora cooperante bem como por intermeacutedio das pesquisas bibliograacuteficas que levamos a

cabo constatamos que determinados recursos eram os mais adequados para a aprendizagem

da turma em que lecionaacutemos Estamos a falar da utilizaccedilatildeo do meacutetodo dialoacutegico do

questionamento constante de representaccedilotildees esquemaacuteticas da leitura ativa dos debates das

siacutenteses da realizaccedilatildeo de jogos didaacuteticos das fichas de trabalhoformativas do uso de

10

powerpoints com a explicaccedilatildeo da mateacuteria mas tambeacutem com esquemas imagens

documentaacuterios ou excertos de filmes do recurso a exemplos atuais e do dia a dia usados para

comentar e reflectir criticamente os assuntos a estudar entre outros recursos possiacuteveis

Julgamos que os alunos devem ser o centro da aprendizagem e servir de guia para o bom

desenvolvimento da aula desde que as problemaacuteticas levantadas sejam discutidas

racionalmente de forma livre e dialoacutegica usando as teacutecnicas relativas agrave filosofia e ao

desenvolvimento do pensamento reflexivo O professor deve entatildeo estimular os alunos a filosofar

incitando-os a argumentar a pensar criticamente de forma criativa livre e autoacutenoma Natildeo

podemos esquecer que a filosofia eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de

se fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e

da vida cada vez mais ampla

Tendo em conta o exposto procuramos sempre ao longo do desenvolvimento do nosso

projeto aplicar os princiacutepios mais adequados ao ensino da filosofia no sentido de tornar as

aprendizagens mais interessantes e eficazes Procuramos entatildeo apostar em aulas mais

dinacircmicas que motivem os alunos onde haja diaacutelogo debate e opiniatildeo criacutetica fundamentada

atraveacutes de variados recursos didaacuteticos

Para que se possa ensinar melhor filosofia e para que cada um de noacutes possa ser melhor

professor eacute importante estudar investigar e pocircr em praacutetica estas questotildees educativas e este eacute

sem duacutevida o momento ideal para o fazer para experimentar diferentes metodologias avaliar o

seu impacto e refletir sobre elas procurando melhorar e diversificar as estrateacutegias e as

atividades Foi por isso que refletimos seriamente sobre diferentes questotildees didaacuteticas

Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com acesso facilitado a

muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos com o

nosso projeto promover o ensino-aprendizagem da filosofia evidenciando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos

e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com meacutetodos e estrateacutegias mais

tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivadora eficaz e aprofundada

Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos em

benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia

Assim e tendo em conta o exposto pretendemos ao longo da nossa intervenccedilatildeo

pedagoacutegica investigar as seguintes questotildees

11

- Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos

didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem da filosofia

- Quais as praacuteticas de ensino-aprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica

da poliacutetica e da esteacutetica

- Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensino-aprendizagem em

filosofia no acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Tendo em conta a temaacutetica do nosso plano de intervenccedilatildeo os objetivos que nos

propusemos atingir focaram-se essencialmente em quatro aspetos fundamentais analisar as

representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de filosofia

refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia avaliar

criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto

de sala de aula utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Para executar o projeto planeamos implementar diversas estrateacutegias entre as quais

reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos

no processo de ensino-aprendizagem reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino

da filosofia observaccedilatildeo em sala de aula e por inqueacuterito dos meacutetodos e recursos didaacuteticos

preferidos pelos alunos aplicaccedilatildeo das metodologias e recursos didaacuteticos que pareccedilam mais

adequados ao ensino da filosofia no campo da lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo necessaacuteria para a implementaccedilatildeo e

avaliaccedilatildeo do nosso projeto de intervenccedilatildeo privilegiamos diversos instrumentos tais como

grelhas de observaccedilatildeo e de anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios sobre temas

abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho manuais e livros de apoio tarefas escritas de

siacutentese para compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre

os recursos didaacuteticos usados no ensino da disciplina de filosofia

Ao longo do projeto centramo-nos numa metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo em que a

investigaccedilatildeo se refletiu na escolha e estudo de um tema pertinente e relevante no ensino da

disciplina de filosofia e o campo da accedilatildeo se referiu agrave implementaccedilatildeo e ao desenvolvimento do

projeto traccedilado

O projeto que acabamos de expor e que nos capiacutetulos seguintes passaremos a

desenvolver decorreu ao longo de 3 fases Num primeiro momento passou pela observaccedilatildeo e

anaacutelise das aulas da professora cooperante e pela investigaccedilatildeo mais teoacuterica dos temas do

12

projeto Posteriormente implementaacutemos o nosso projeto atraveacutes da praacutetica da lecionaccedilatildeo onde

usamos um conjunto de estrateacutegias metodologias atividades e materiais Para finalizar o plano

inicial procedemos a uma anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (do processo e do

produto)

De seguida passaremos a dar iniacutecio ao desenvolvimento da nossa intervenccedilatildeo natildeo sem

antes efetuarmos uma breve exposiccedilatildeo sobre os recursos didaacuteticos no processo de ensino-

aprendizagem

13

CAPIacuteTULO 2 DESENVOLVIMENTO DA INTERVENCcedilAtildeO

14

21 Os Recursos Didaacuteticos no Ensino-Aprendizagem

Os recursos didaacuteticos referem-se a todo e qualquer meio utilizado no contexto de um

procedimento de ensino visando motivar o aluno e objetivando o aprimoramento do processo de

ensino-aprendizagem sendo frequentemente considerados como componentes do ambiente

educacional que estimulam o aluno e as suas aprendizagens

De um modo geneacuterico os recursos didaacuteticos podem ser classificados como naturais

(elementos de existecircncia real na natureza como a aacutegua uma pedra ou animais etc)

pedagoacutegicos (o quadro um cartaz uma gravura um filme um slide uma imagem uma ficha de

trabalho um manual de apoio etc) tecnoloacutegicos (raacutedio gravador televisatildeo CD DVD

computador projetor multimeacutedia ensino programado laboratoacuterio de liacutenguas etc) ou culturais

(biblioteca puacuteblica museu exposiccedilotildees etc) No caso da disciplina que lecionaacutemos e mais

especificamente do presente trabalho baseado no nosso projeto de intervenccedilatildeo satildeo os recursos

pedagoacutegicos e tecnoloacutegicos que mais nos interessam Queremos ainda focar uma possiacutevel

classificaccedilatildeo dos recursos mais tradicionais como o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral o manual o

caderno diaacuterio ou o quadro ou mais modernostecnoloacutegicos que satildeo dotados de um maior

dinamismo e recorrem geralmente a meios mecacircnicos e teacutecnicos

Quando nos referimos aos recursos didaacuteticos estamos a falar de expedientes de meios

que satildeo colocados ao dispor da didaacutetica ou seja satildeo recursos e instrumentos que funcionam

como auxiliares da pedagogia Neste sentido julgamos que o conceito de recursos didaacuteticos eacute

algo mais abrangente do que inicialmente poderiacuteamos pensar e natildeo se refere apenas aos

recursos materiais que usamos para dar apoio ao ensino Para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem tambeacutem utilizamos juntamente com os materiais pedagoacutegicos um conjunto de

atividades de estrateacutegias de meacutetodos e teacutecnicas proacuteprias do ensino

Os recursos didaacuteticos satildeo assim utilizados com maior ou menor frequecircncia em diferentes

disciplinas aacutereas de estudo ou atividades e quer estes se constituam enquanto materiais

atividades estrateacutegias teacutecnicas ou meacutetodos satildeo selecionados e utilizados no sentido de auxiliar

o educando a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente constituindo-se num meio para

facilitar incentivar ou possibilitar o processo ensino-aprendizagem Esta eacute sem duacutevida a sua

principal missatildeo coadjuvar o ensino apoiar a aprendizagem seja de conteuacutedos ou de

competecircncias seja de aspetos mais teoacutericos ou praacuteticos

Uma aula configura-se entatildeo como um microssistema definido por determinados espaccedilos

uma organizaccedilatildeo social certas relaccedilotildees interativas uma certa forma de distribuir o tempo e um

15

determinado uso de recursos didaacuteticos numa interaccedilatildeo entre todos os elementos (cf Zabala

1998) Tendo em conta esta visatildeo apercebemo-nos de que os recursos satildeo apenas um dos

muacuteltiplos aspetos a ter em conta na lecionaccedilatildeo Natildeo obstante a sua importacircncia eles

contribuem juntamente com outros fatores para auxiliar o processo de ensino-aprendizagem

Assim devem ser sempre considerados como uma parte de um todo em interaccedilatildeo como um

meio coadjuvante para alcanccedilar um fim e natildeo como um fim em si mesmo

Se considerarmos que os recursos pedagoacutegicos promovem a aprendizagem eficiente eacute

porque temos em conta que haacute alguma coisa aleacutem da pessoa que ensina e da pessoa que

aprende Assim defendemos tal como Ferreira e Juacutenior (1975 3) que ldquoo ambiente que cerca o

aluno cria aspetos de grande importacircncia para a aprendizagemrdquo e se tivermos em consideraccedilatildeo

essas condicionantes que influenciam o ldquoprocesso de aprendizagem poderemos ateacute falar de

uma ecologia da aprendizagem Nessa ecologia ocupam lugar de destaque os recursos

audiovisuaisrdquo O recurso de ensino mais utilizado pelo professor continuar a ser a linguagem

oral mas esta ldquopode ser bastante auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidosrdquo

(ibidem)

Ouvir e ver olhar e escutar satildeo as formas baacutesicas de aprendizagem (cf Wittich amp

Schuller 1962 9) No entanto e tendo em conta os cinco mais importantes sentidos do

homem alguns cientistas concluiacuteram que eacute a visatildeo que apresenta maior possibilidade

percentual de aprendizagem com um valor de 83 seguindo-se a audiccedilatildeo com 11 (cf Ferreira

e Juacutenior 1975 3) Parece que a interaccedilatildeo da capacidade de ver e ouvir influecircncia o quanto as

pessoas aprendem e se isto eacute verdade para os educandos de todas as idades eacute particularmente

imperativo no que toca aos mais jovens

No sentido de promovermos a motivaccedilatildeo e a aprendizagem dos alunos devemos criar

entatildeo um ambiente que permita estimular o maior nuacutemero de sentidos possiacutevel especialmente

a visatildeo e a audiccedilatildeo Como podemos constatar a soma destes dois valores ronda uma

possibilidade percentual de aprendizagem de 94 sendo que os restantes sentidos somam

entre si apenas 6 Tendo em conta estes nuacutemeros concluiacutemos que as estrateacutegias que mais

devemos utilizar satildeo aquelas que usam a voz e a imagem em simultacircneo Constata-se entatildeo que

ldquoa combinaccedilatildeo do oral e do visual permite uma alta retenccedilatildeo e portanto uma facilidade muito

maior na aprendizagemrdquo (Ferreira e Junior 1986 5)

Quando o professor estaacute a explicar oralmente a mateacuteria e ao mesmo tempo usa o quadro

ou o manual escolar ou promove a utilizaccedilatildeo do caderno diaacuterio estaacute a utilizar meacutetodos mais

16

tradicionais em que as estrateacutegias mais orais e visuais estatildeo a ser utilizadas Mas pode tambeacutem

recorrer ao auxiacutelio de recursos tecnoloacutegicos mais modernos nomeadamente de meios

audiovisuais que combinem som e imagem simultaneamente nomeadamente atraveacutes do uso

de certos powerpoints de jogos interativos de filmes ou documentaacuterios Estes recursos

permitem uma captaccedilatildeo mais forte pelos nossos sentidos promovendo uma melhor aquisiccedilatildeo de

conhecimentos e apreensatildeo de informaccedilotildees ateacute porque muitas vezes apelam exemplificando a

variadas situaccedilotildees e exemplos praacuteticos

Cada metodologia apresenta obviamente mais ou menos vantagens ou desvantagens

Comparativamente agrave utilizaccedilatildeo na sala de aula do tradicional quadro por exemplo haacute outros

recursos como o uso do projetor multimeacutedia (com powerpoints documentaacuterios exerciacutecios

praacuteticos exemplificaccedilotildees etc) que pode trazer algumas vantagens Com este tipo de recurso o

professor permanece voltado para a turma podendo assim manter o contato visual e controlar

melhor os seus alunos percebendo as suas reaccedilotildees e em funccedilatildeo dessa informaccedilatildeo de retorno

desse feedback pode modificar os seus procedimentos quando necessaacuterio Este material que

serve muitas vezes para orientar o processo de ensino-aprendizagem na aula tem a vantagem

de poder ser preparado em casa de forma cuidada e pensada e de poder ser utilizado

posteriormente permitindo novas melhorias A mesma informaccedilatildeo colocada no quadro seria

menos atrativa iria tomar muito mais tempo da aula e natildeo poderia ser guardada para utilizaccedilotildees

posteriores Mas o quadro tambeacutem apresenta algumas vantagens como a facilidade com que a

qualquer momento pode ser utilizado Sobretudo haacute que saber aproveitar as virtudes de cada

recurso e a sua adaptabilidade a cada momento

Estudos sobre a retenccedilatildeo de dados pelos estudantes revelam ainda mais informaccedilotildees e

evidenciam que os alunos aprendem 10 do que lecircem 20 do que escutam 30 do que

vecircem 50 do que vecircem e escutam 70 do que dizem e discutem e 90 do que dizem e

realizam (cf Socony-Vacuum Oil Co Studies cit por Ferreira e Junior 1986 5) Daqui podemos

concluir acerca da necessidade de utilizarmos os recursos mais adequados para obter uma

maior rentabilizaccedilatildeo no processo de ensino-aprendizagem Se ler ouvir e ver satildeo estrateacutegias

importantes ainda mais essenciais parecem ser outras metodologias que promovam uma maior

interaccedilatildeo dos alunos com as mateacuterias facilitem a expressatildeo daquilo que os alunos pensam das

suas reflexotildees que evidenciem aquilo que eles fazem isto eacute a aplicaccedilatildeo das teorias e dos

conceitos na praacutetica Estas conclusotildees mostram-nos que devemos variar os recursos e tornaacute-los

mais dinacircmicos mais praacuteticos mais interativos e adaptados agraves capacidades e interesses

17

daqueles alunos especiacuteficos pois mais do que tudo eles existem ao serviccedilo do aluno e da sua

aprendizagem

Os professores encontram-se hoje no veacutertice das grandes mudanccedilas que caraterizam os

nossos tempos A verdade eacute que ldquonunca as transformaccedilotildees alcanccediladas ao longo do processo

histoacuterico exigiram tantos esforccedilos do professor para se manter atualizado na sua mateacuteria e nos

meacutetodos de comunicar conceitosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 13) Em apenas poucas deacutecadas o

ensino libertou-se da sua quase completa dependecircncia da expressatildeo verbal face a face e requer

hoje a capacidade de seleccedilatildeo e utilizaccedilatildeo de novos meios que permitam esclarecer melhor os

contextos das mateacuterias Aleacutem do papel tradicional do professor como profissional competente

na sua especialidade e tambeacutem na aacuterea da aprendizagem um novo aspeto deve ser agora

considerado - a sua responsabilidade no eficiente planeamento das aulas e na criaccedilatildeo de

condiccedilotildees de comunicaccedilatildeo favoraacuteveis ao ensino (cf ibidem)

O aluno de hoje eacute dominado pelo mundo da comunicaccedilatildeo durante o fim de semana ou agrave

noite talvez se tenha dedicado ao cinema agrave televisatildeo e agrave internet Quando chega agrave sala de aula

traz consigo as imagens vivas adquiridas pelo contacto com estas numerosas solicitaccedilotildees a que

foi submetido pelos vaacuterios meios de comunicaccedilatildeo Parece compreensiacutevel tendo em conta esta

realidade que ele esteja aberto a experiecircncias deste geacutenero na escola e que seja penoso ficar

horas seguidas apenas a ouvir o professor ou a ler o manual Felizmente o professor de hoje

aquele que realmente se preocupa com a aprendizagem e a motivaccedilatildeo dos seus alunos sabe

que as vivecircncias dos seus alunos satildeo muito diferentes daquelas de 10 ou 20 anos atraacutes e estaacute

preparado para enfrentaacute-las Muito embora o progresso alcanccedilado na ciecircncia e na teacutecnica das

comunicaccedilotildees tenha alterado radicalmente a comunicaccedilatildeo fora da escola constitui

responsabilidade do professor compreender a natureza dessa alteraccedilatildeo e adaptar o ambiente e

as teacutecnicas de ensino para que a aprendizagem e a instruccedilatildeo em sala de aula se enquadrem na

forma por que hoje se acham organizadas Em poucos anos a comunicaccedilatildeo que se processava

atraveacutes da palavra falada ou escrita orientou-se no sentido dos meios mecacircnicos e o professor

deve preparar-se para os poder utilizar em prol do processo de ensino-aprendizagem

Uma vez que a escola tem na sua missatildeo a responsabilidade pela instruccedilatildeo que os jovens

devem receber ela deve dispor de meios de comunicaccedilatildeo eficientes Tambeacutem o professor deve

estabelecer uma comunicaccedilatildeo eficaz em sala de aula ldquoadaptando-a agraves necessidades dos alunos

e colocando-a em termos tais que lhes permitam alcanccedilar com ecircxito os objetivos da educaccedilatildeo

escolar tidos como vaacutelidosrdquo (Wittich amp Schuller 1962 17)

18

Hoje em dia e tendo em conta a evoluccedilatildeo dos recursos de apoio haacute especialmente uma

preocupaccedilatildeo em detetar como satildeo desenvolvidas as aulas relativamente ao uso das tecnologias

educacionais As escolas nomeadamente as portuguesas estatildeo a beneficiar agora de uma

melhor cobertura no equipamento em diversas tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo

aplicadas agrave educaccedilatildeo A reorganizaccedilatildeo curricular no sistema educativo portuguecircs ao valorizar a

integraccedilatildeo curricular das tecnologias de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo aplicadas agrave educaccedilatildeo lanccedila

novos desafios agrave escola e ao exerciacutecio profissional dos professores Assim a utilizaccedilatildeo dos

recursos ldquocontempla dois aspetos distintos mas complementares por um lado o

apetrechamento das escolas por outro a utilizaccedilatildeo dos recursos pelos professores na praacutetica

letivardquo (Oliveira 1996 237)

Na seleccedilatildeo adaptaccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de recursos didaacuteticos com o intuito de conseguir o

melhor aproveitamento possiacutevel desses instrumentos o professor deveraacute considerar alguns

criteacuterios para alcanccedilar a desejada eficiecircncia entre os quais destacamos o tipo de alunos que

dispotildee com as suas capacidades interesses e motivaccedilotildees especiacuteficas as potencialidades e

estrutura fiacutesica da escola e da sala de aula onde estaacute a lecionar os seus saberes disponibilidade

e competecircncias a utilizaccedilatildeo variada dos recursos os objetivos e conteuacutedos da disciplina que

leciona bem como as estrateacutegias metodoloacutegicas que pretende levar a cabo Explicitamos agora

de forma mais desenvolvida estas importantes condiccedilotildees dando ateacute alguns exemplos no

sentido de melhor esclarecermos o impacto destes aspetos no uso adequado dos recursos

didaacuteticos

O contacto com diversos alunos e diferentes realidades escolares leva-nos a constatar a

existecircncia de uma pluralidade social cultural e cognitiva nos diferentes estudantes o que resulta

seguramente numa grande variedade de formas de aprender que natildeo devem ser ignoradas pelos

professores Baseando-nos nessa premissa julgamos que os professores seratildeo melhor sucedidos

nas suas praacuteticas se dominarem o uso de diferentes recursos didaacutetico-pedagoacutegicos pois soacute

assim conseguiratildeo atingir de forma mais ampla os alunos fomentando a sua motivaccedilatildeo

interesse e participaccedilatildeo Tendo em conta a variedade e a adequaccedilatildeo desses mesmos recursos

o professor poderaacute estabelecer mais facilmente estrateacutegias que promovam um maior sucesso

educativo junto daqueles estudantes especiacuteficos Neste sentido ldquodiversos autores atestam a

importacircncia e ateacute mesmo a necessidade dos professores incluiacuterem diferentes recursos no

planeamento das suas aulas alegando que os mesmos contribuem consideravelmente no

processo de ensino-aprendizagemrdquo (Marasini 2010 4)

19

A necessidade de dominar vaacuterios recursos pode ainda ser melhor compreendida quando

temos em conta que um professor pode lecionar em diferentes niacuteveis de ensino com escalotildees

etaacuterios muito distintos e por vezes ateacute de forma simultacircnea Damos apenas como exemplo o

caso de um professor de filosofia que poderaacute trabalhar com uma populaccedilatildeo mais jovem na aacuterea

de filosofia para crianccedilas que ao mesmo tempo estaacute a ensinar adolescentes no ensino

secundaacuterio (10ordm e 11ordm ano de escolaridade) e poderaacute tambeacutem dar formaccedilatildeo a adultos sobre

eacutetica profissional Um recurso uma atividade ou uma forma especiacutefica de comunicar que

funcione muito bem com uma crianccedila de 7 anos ou com um adolescente de 16 pode natildeo ser

eficaz com num adulto de 45 anos Assim quanto maiores forem as competecircncias dos

professores no conhecimento e no uso dos diversos recursos existentes maiores seratildeo as

probabilidades de uma boa adaptaccedilatildeo ao puacuteblico-alvo

Um professor que lecione numa escola que possua todas as condiccedilotildees de trabalho que

tenha por exemplo aderido ao plano tecnoloacutegico que possua todos os recursos fiacutesicos que ele

necessita para as suas atividades letivas tem o seu trabalho facilitado e pode possuir

obviamente opccedilotildees de escolha mais amplas No entanto tambeacutem de pouco lhe serve poder

usufruir dos instrumentos e dos materiais e natildeo os saber utilizar natildeo ter disponibilidade ou ateacute

motivaccedilatildeo para o fazer Para o caso de haver poucos recursos disponiacuteveis na escola a verdade eacute

que com alguma reflexatildeo criatividade e imaginaccedilatildeo podem-se alcanccedilar bons resultados pois

por vezes estatildeo ao nosso alcance teacutecnicas e materiais simples que bem aproveitadas podem

ser bastante interessantes Para aqueles que tecircm pouca apetecircncia para lidar com novos

recursos eacute importante melhorarem a consciecircncia desta lacuna dados os benefiacutecios que os

recursos podem trazer quando bem aplicados Assim investir com algum esforccedilo pessoal de

aprendizagem procurar um colega disponiacutevel para colaborar ou assistir a uma accedilatildeo de

formaccedilatildeo satildeo sempre opccedilotildees viaacuteveis A existecircncia de recursos natildeo eacute suficiente eacute preciso que o

professor os utilize intencionalmente no decurso das atividades planeadas

Tal como em outros aspetos do nosso dia a dia a variedade e a diferenccedila poderatildeo

tambeacutem constituir-se como uma mais valia no sentido em que podem aportar alguma inovaccedilatildeo

ou motivaccedilatildeo extra Assim a aplicaccedilatildeo de diferentes recursos deve ser uma realidade pois a

utilizaccedilatildeo massiva e constante do mesmo procedimento pode resultar em desinteresse O uso de

diferentes materiais didaacuteticos serviraacute entatildeo para despertar a atenccedilatildeo e a motivaccedilatildeo do aluno

possibilitando uma diversidade de experiecircncias

20

Os recursos didaacuteticos satildeo instrumentos complementares que ajudam o professor a

transmitir os conteuacutedos e a tornar a aprendizagem mais facilitada e significativa mas que por si

soacute sem estarem ao serviccedilo de um determinado objetivo concreto de nada valem Existem

diversos materiais metodologias estrateacutegias teacutecnicas e atividades usadas no processo de

ensino-aprendizagem que se podem transformar em excelentes recursos didaacuteticos desde que

utilizados de forma adequada e correta Natildeo devemos usar um recurso apenas para fazer algo

diferente o recurso eacute um meio que serve para algo eacute um meio para um fim que serve para

facilitar uma aprendizagem mas que natildeo eacute um fim em si da aprendizagem Ainda que

possamos ter materiais ou atividades que julguemos interessantes este natildeo eacute um facto

suficiente para passarmos agrave praacutetica Estes recursos devem estar seguramente ao serviccedilo de

conteuacutedos e objetivos

Se eacute verdade que os materiais didaacuteticos satildeo de fundamental importacircncia para a

aprendizagem e motivaccedilatildeo dos alunos natildeo parece menos verdade que a carecircncia de material

adequado pode conduzir a aprendizagem do aluno a um certo verbalismo desvinculando a

aprendizagem da realidade A proacutepria formaccedilatildeo e compreensatildeo de conceitos depende muitas

vezes da convivecircncia com as coisas do mundo e pode ser fomentada pelo contacto com

determinados materiais que promovem a motivaccedilatildeo e a aprendizagem do aluno Neste sentido

muitas vezes ldquoos meios de ensino levam as imagens os fatos as situaccedilotildees as experiecircncias as

demonstraccedilotildees agrave consciecircncia dos alunos sendo a partir daiacute transformados em representaccedilotildees

abstratasrdquo eacute que ldquovendo concretamente eacute mais faacutecil para os alunos transformarem a realidade

e os factos em ideiasrdquo (Barbosa 2001 25)

Vaacuterios estudos se tecircm preocupado em fazer uma anaacutelise do uso de diferentes meacutetodos

teacutecnicas e recursos didaacuteticos aplicados na sala de aula Assim de uma forma geral as

pesquisas mostram que existe ldquoum rendimento escolar superior no grupo de alunos em que

foram aplicadas as teacutecnicas e recursos didaacuteticos mais apropriados ressaltando a importacircncia da

utilizaccedilatildeo desses meacutetodos e teacutecnicas como facilitadoras no processo ensino-aprendizagemrdquo

(Barbosa 2001 IX)

Neste sentido quando usados adequadamente em sala de aula os recursos pedagoacutegicos

parecem permitir motivar e despertar o interesse dos alunos favorecer o desenvolvimento da

capacidade de observaccedilatildeo aproximar o estudante da realidade visualizar ou concretizar os

conteuacutedos da aprendizagem oferecer informaccedilotildees e dados a fixaccedilatildeo da aprendizagem ilustrar

noccedilotildees mais abstratas desenvolver a experimentaccedilatildeo concreta entre outras vantagens Os

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recursos didaacuteticos auxiliam tambeacutem a transferecircncia de situaccedilotildees experiecircncias demonstraccedilotildees

sons imagens e factos para o campo da consciecircncia onde se transmutam em ideias claras e

inteligiacuteveis favorecendo a aquisiccedilatildeo de conceitos e conhecimentos

Tendo em conta o exposto eacute normal que aqueles que se dedicam agrave docecircncia e se

confrontem diariamente com algum desinteresse e insucesso por parte dos estudantes

procurem tornar o ensino da sua disciplina mais atraente e de menos difiacutecil compreensatildeo e que

para isso procurem utilizar os variados recursos didaacuteticos ao seu dispor Ateacute porque os

pedagogos tecircm apontado como uma das soluccedilotildees para o problema ldquoo investimento em novas

metodologias que facilitem o trabalho docente e a assimilaccedilatildeo e produccedilatildeo dos conteuacutedos

ministrados por parte dos discentesrdquo (Filho 2011 166) Consideramos entatildeo que o uso de

materiais didaacuteticos adequados e variados quando aplicados ao ensino podem tornar as

aprendizagens mais atrativas de modo a promover a aquisiccedilatildeo e produccedilatildeo dos conhecimentos

abordados em sala de aula Muitas vezes a situaccedilatildeo ideal consiste mesmo em usar de forma

combinada vaacuterios recursos ldquoque se reforcem mutuamente a fim de se obter o maior rendimento

possiacutevel de maneira que os alunos adquiram o perfeito domiacutenio de conceitos e conhecimentosrdquo

(Wittich amp Schuller 1962 31)

Dessa forma fica evidente a necessaacuteria renovaccedilatildeo no ensino pois enquanto os

professores continuarem a aplicar ou se limitarem a utilizar apenas um meacutetodo ou recurso

didaacutetico e transmitirem os conteuacutedos dessa disciplina como algo jaacute pronto para que os

estudantes aceitem esses ensinamentos como verdade absoluta natildeo haveraacute uma produccedilatildeo do

saber e uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos (cf Filho 2011 166)

A verdade eacute que haacute sempre aspetos a melhorar Natildeo podemos deixar de ter em conta que

a inovaccedilatildeo causa geralmente uma certa resistecircncia e que alguns professores continuaratildeo a

desenvolvem uma praacutetica tradicional nem sempre eficaz Haveraacute sempre professores que

lecionam a sua disciplina sem mostrarem grandes preocupaccedilotildees com a didaacutetica ou com o

alcance de uma aprendizagem significativa por parte dos seus alunos Apesar de vivermos numa

sociedade desenvolvida inundada de recursos tecnoloacutegicos ainda haacute escolas excluiacutedas desta

realidade e os professores preferem continuar na rotina preocupados apenas em cumprir os

conteuacutedos de forma sequencial tal como indica o manual escolar Muitas vezes nem sequer ldquoos

textos complementares que os novos livros didaacuteticos trazem satildeo aproveitados pelos professores

em discussotildees em sala de aula classificando-os como perda de tempordquo (Filho 2011 167)

22

Quando falamos em utilizar certas estrateacutegias como a realizaccedilatildeo de powerpoints de jogos

didaacuteticos a preparaccedilatildeo de um debate sobre um tema em sala de aula a realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho feitas pelo proacuteprio professor a adaptadas agrave turma a pesquisa e escolha de

documentaacuterios de excertos de filmes de muacutesicas ou imagens para serem usadas em

atividades de sala de aula temos a consciecircncia que apenas alguns professores investem neste

tipo de estrateacutegias Cada vez mais eacute necessaacuterio que os professores se consciencializem que

quanto melhor preparem as suas aulas bem como as atividades e os materiais a utilizar

maiores seratildeo as probabilidades do processo de ensino aprendizagem decorrer eficazmente

Os professores que utilizam recursos variados nomeadamente os tecnoloacutegicos como

meio de apoio para apresentar e transmitir os conteuacutedos a lecionar fazem-no natildeo soacute porque se

constituem como modos atrativos e eficazes de ensinar mas tambeacutem porque assumem que

esse modo de transmissatildeo estaacute mais proacuteximo do tipo de experiecircncia cognitiva conhecida pelos

seus alunos Os docentes sabem como jaacute evidenciaacutemos que muitos alunos passam uma boa

parte do seu tempo em frente ao televisor na internet a ouvir muacutesica a ver filmes e percebem

por isso que estes recursos lhes satildeo familiares e lhes trazem maior motivaccedilatildeo e interesse O

professor que utiliza eficazmente os recursos na nossa perspetiva natildeo soacute mostra um maior

interesse e respeito pelos seus alunos e pela sua educaccedilatildeo como tambeacutem se sentiratildeo mais

realizados na sua profissatildeo pois previsivelmente as aulas seratildeo mais dinacircmicas e os alunos

estaratildeo mais motivados e interessados e aprenderatildeo melhor

Por todos os motivos apresentados julgamos que os professores deveratildeo utilizar de forma

ajustada e eficaz os vaacuterios recursos didaacuteticos ao seu dispor tudo isto em prol de uma educaccedilatildeo

melhor de um processo de ensino-aprendizagem cada vez mais bem sucedido

23

22 A praacutetica da lecionaccedilatildeo

Apoacutes fundamentar teoricamente a importacircncia dos recursos didaacuteticos no processo de

ensino-aprendizagem chegou o momento de explicitar como concretizei a sua utilizaccedilatildeo na sala

de aula mais especificamente no ensino da filosofia numa turma de 10ordm ano de escolaridade

Tendo em conta o tema do meu projeto de intervenccedilatildeo pedagoacutegica supervisionada

procurei em todas as aulas ter um cuidado especial com os recursos didaacuteticos usados no

decorrer do processo de ensino-aprendizagem Mais uma vez evidencio a amplitude do termo

recursos didaacuteticos pois estes referem-se natildeo apenas aos materiais de apoio utilizados no

decurso das aulas mas tambeacutem agraves atividades que estes materiais permitiram realizar e agraves

estrateacutegias e meacutetodos utilizados no decurso da lecionaccedilatildeo

Como jaacute evidenciaacutemos no capiacutetulo anterior haacute uma especificidade proacutepria do ensino de

uma disciplina como a filosofia Sabemos que tatildeo importantes quanto os conteuacutedos a lecionar e

os ensinamentos sobre a filosofia a sua histoacuteria teorias e conceitos satildeo as competecircncias que

procuramos desenvolver nos alunos nomeadamente as relativas ao pensamento criacutetico

reflexivo livre e autoacutenomo Relembramos esta evidecircncia no sentido de alertar para a importacircncia

de ter em conta estas especificidades quando passamos agrave lecionaccedilatildeo na aacuterea da filosofia O

ensino desta disciplina precisa de meacutetodos adequados para atingir os seus objetivos E isso nem

sempre acontece Por vezes ldquoembora cheios de boa vontade muitos professores natildeo tecircm

consciecircncia da distacircncia a que as intenccedilotildees ficam da realidaderdquo (Boavida 2010 55) A questatildeo

eacute que a preocupaccedilatildeo com os conteuacutedos e com a posterior avaliaccedilatildeo acabam por ser dominantes

e ter um real reflexo sobre a forma como decorre o ensino E assim se reforccedila a ldquoestrutura

claacutessica de um ensino e de uma aprendizagem assente nos conteuacutedosrdquo (ibidem) Neste sentido

as estrateacutegias e os recursos que selecionaacutemos procuraram ir de encontro a esta especificidade

de pocircr os alunos a pensar de forma autoacutenoma e a refletir criticamente sobre a realidade sobre

os valores sobre os conceitos e os argumentos da filosofia

A opccedilatildeo por determinados recursos didaacuteticos em detrimento de outros resultou

especialmente do momento inicial de contacto com a turma atraveacutes da observaccedilatildeo da

lecionaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante Muitas das estrateacutegias que observamos e tendo

em conta o seu impacto positivo foram tambeacutem transpostas para a nossa lecionaccedilatildeo As nossas

escolhas foram ainda influenciadas pela especificidade proacutepria da filosofia e do seu ensino pela

nossa experiecircncia pessoal pelo domiacutenio que possuiacuteamos desses recursos selecionados pela

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pesquisa bibliograacutefica que efetuaacutemos e pela praacutetica letiva inicial que tivemos com a turma no

Projeto de Educaccedilatildeo Sexual

Assim demos preferecircncias a variadiacutessimos recursos didaacutetico-pedagoacutegicos tais como o

meacutetodo dialoacutegico o questionamento oral o uso de exemplos a utilizaccedilatildeo do manual adoptado (A

Arte de Pensar) leitura e anaacutelise de textos filosoacuteficos o quadro o caderno diaacuterio fichas de

trabalho trabalhos para casa (TPC) trabalhos de grupo fichas de avaliaccedilatildeo formativa exerciacutecios

de aplicaccedilatildeo o debate jogos didaacuteticos a utilizaccedilatildeo do projetor multimeacutedia a projecccedilatildeo de

powerpoints de apoio agrave aula - com esquemas questotildees problema imagens muacutesicas excertos

de filmes documentaacuterios e exerciacutecios de aplicaccedilatildeo Procuraacutemos sempre que possiacutevel aproveitar

as situaccedilotildees de problematizaccedilatildeo vividas pelos alunos proporcionando ocasiotildees para pensarem

para darem opiniotildees e debaterem ideias A procura por uma aprendizagem significativa que

diga algo aos alunos esteve sempre presente e os exemplos praacuteticos e de aplicaccedilatildeo no seu dia a

dia foram uma constante

Como jaacute evidenciamos a lecionaccedilatildeo da filosofia deve procurar fundamentalmente ensinar

os alunos a pensar e a examinar criticamente ideias e por isso o seu ensino deve estar inserido

numa tradiccedilatildeo dialoacutegica de um constante exame criacutetico Neste sentido e tendo em conta a sua

eficaacutecia demonstrada no ensino da filosofia procuramos na nossa lecionaccedilatildeo valorizar e utilizar

o meacutetodo dialoacutegico O questionamento constante no sentido de manter os alunos atentos e

participativos fazendo-os pensar e levando-os a seguir uma determinada linha de raciociacutenio mais

sistemaacutetica tambeacutem esteve presente na base do nosso trabalho

Sabemos que a filosofia eacute importante na educaccedilatildeo dos nossos jovens pois o contacto

com esta disciplina poderaacute contribuir para a sua formaccedilatildeo enquanto pessoas mais criticas e

criativas ldquopessoas que aprendem a problematizar a sua vida e o mundo em que vivem a

manter aberta a pergunta pelo sentido da forma em que pensam e agem a exercer de forma

reflexiva a sua liberdade trabalhando assim na direccedilatildeo da autonomiardquo (Kohan 2000 49) O

compromisso da filosofia eacute o de gerar a criacutetica dos modos de pensar e agir adquiridos e natildeo

refletidos permitindo que as pessoas possam pensar por si mesmas e debater com outros as

transformaccedilotildees desejaacuteveis pensando ao mesmo tempo nas suas condiccedilotildees de possibilidade

Consideramos que ldquoo ensino de filosofia para jovens na escola justifica-se se esse for o

ensino de criaccedilatildeo de conceitos que decircem conta de seus problemasrdquo (Aspis 2004 305) Neste

sentido sempre que foi pertinente procuraacutemos estabelecer um diaacutelogo interativo e criacutetico com

os alunos aplicando as mateacuterias aprendidas agrave sua realidade e agrave do meio envolvente

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Procuramos tambeacutem utilizar os seus interesses e valores relacionando os conteuacutedos com as

suas proacuteprias vidas Em mateacuterias relativas agrave filosofia moral e poliacutetica ou ateacute na aacuterea da filosofia

da arte buscaacutemos dar exemplos praacuteticos aplicar as teorias e os conceitos que fazem parte do

programa ao seu dia a dia procurando a sua reflexatildeo sobre essas temaacuteticas Mas se por um

lado o aluno eacute o nosso foco se trabalhamos para ele para lhe tornar a aprendizagem mais

significativa e interessante tambeacutem procuramos a sua intervenccedilatildeo e o seu dinamismo e por isso

o feedback constante eacute fundamental pois direciona-lhe a aprendizagem e responsabiliza-o pelo

seu trabalho

Eacute neste sentido que a avaliaccedilatildeo se revela fundamental seja ela mais ou menos formal O

aluno deve ter a noccedilatildeo da avaliaccedilatildeo deve saber se estaacute no bom ou no mau caminho Sendo

assim ao longo das aulas tentei avaliar nos alunos na aquisiccedilatildeo e no domiacutenio de competecircncias

filosoacuteficas fundamentais Deste modo procuraacutemos averiguar se os alunos sabiam formular

corretamente os problemas em estudo se identificavam compreendiam e avaliavam os

principais argumentos e se conseguiam compreender explicar e discutir as teorias em estudo

Houve sempre um interesse em questionar os alunos em verificar se faziam os TPC em ver se

estavam atentos e a compreender a mateacuteria Julgamos que se o aluno sente que o professor se

preocupa com ele e se interessa pela sua compreensatildeo da mateacuteria tambeacutem iraacute procurar

corresponder a esse interesse mostrando que sabe

Fruto do que investigaacutemos sobre o tema e daquilo que observamos da lecionaccedilatildeo da

orientadora cooperante acabaacutemos por organizar um modelo tiacutepico de aula que consideramos

que funcionou positivamente A aula comeccedilava geralmente por um periacuteodo de revisotildees eou de

correccedilatildeo dos TPC posteriormente era recordado ou apresentado o problema filosoacutefico em

estudo e eram discutidas as questatildeo levantadas por esse problema Seguidamente e

procurando conhecer eventuais respostas ou soluccedilotildees dos alunos perante o tema eram

trabalhadas as teorias filosoacuteficas mais relevantes que respondiam ao problema principal bem

como os argumentos fundamentais e razotildees que os sustentavam Neste procedimento procurava

muitas vezes que os alunos chegassem agraves conclusotildees antecipadamente e que refletissem de

forma sistemaacutetica e criacutetica sobre os argumentos Para um melhor entendimento do processo

filosoacutefico e das proacuteprias teorias o decurso da aula terminava com as principais objeccedilotildees agraves

teorias em estudo Todo este trajeto decorria com a aplicaccedilatildeo dos recursos didaacuteticos jaacute

evidenciados e utilizando o meacutetodo dialoacutegico Seja como for haacute determinados recursos que

usaacutemos em praticamente todas as aulas como observar no anexo 3 onde consta a planificaccedilatildeo

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de 7 aulas da sub-unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia

convivencial Estamos a falar do uso frequente do manual escolar do quadro do caderno diaacuterio

da exposiccedilatildeo dialogada do questionamento de exemplos praacuteticos ou do powerpoint Outros

recursos como a visualizaccedilatildeo e anaacutelise de excertos de filmes a leitura e anaacutelise de textos

filosoacuteficos ou o uso de siacutenteses esquemaacuteticas foram utilizados apenas em algumas aulas

Para que todo o processo de ensino-aprendizagem seja eficaz a atenccedilatildeo tambeacutem se

deveraacute virar para o professor natildeo se ficando apenas pelos recursos pelas metodologias ou

pelos alunos Tambeacutem o professor deve investir em si e natildeo falamos apenas das suas

competecircncias mais didaacutetico-pedagoacutegicas de gestatildeo da sala de aula ou relacionais ele deve

procurar ter conhecimentos cientiacuteficos cada vez mais alargados Assim ldquoum professor de

filosofia do secundaacuterio que queira ser um bom professor teraacute de estudar por si teraacute de formar-se

em regime de autodidacta procurando os livros que o ajudem nessa tarefardquo (Murcho 2002

11) Ele natildeo pode ficar pelas aprendizagens da universidade ou pela leitura mais atenta do

manual O professor deve investir em si nas suas capacidades nos seus conhecimentos e

competecircncias pois soacute assim poderaacute ter a confianccedila e o respeito dos seus alunos Soacute assim

poderaacute cumprir plenamente a missatildeo que lhe destinaram a de educar os cidadatildeos do futuro os

homens e mulheres do amanhatilde E para isso tem que saber sempre mais do que aquilo que

ensina Partindo desta ideia procuramos sempre no planeamento das aulas trabalhar no

sentido da nossa melhor preparaccedilatildeo possiacutevel Investigando vaacuterios manuais e vaacuterios recursos

conseguimos obter conhecimentos adequados para a lecionaccedilatildeo e para nos sentirmos

confiantes nesta nova tarefa de trabalho

Passaremos de seguida a evidenciar a nossa primeira experiecircncia de lecionaccedilatildeo no

decurso do apoio ao Projeto de Educaccedilatildeo Sexual que correspondeu a uma colaboraccedilatildeo parcial

ou total em 4 aulas para posteriormente descrevermos a nossa praacutetica docente que decorreu

ao longo de 15 aulas e abarcou temaacuteticas na aacuterea da eacutetica poliacutetica e esteacutetica

27

221 O Projeto de Educaccedilatildeo Sexual (PES)

Apoacutes a primeira fase do projeto geral de intervenccedilatildeo fase de observaccedilatildeo da praacutetica letiva

das aulas da orientadora cooperante com todos os aspetos que lhe satildeo inerentes o primeiro

contacto de lecionaccedilatildeo com a turma do 10ordm O ocorreu com a nossa participaccedilatildeo no Projeto de

Educaccedilatildeo Sexual (PES) Tendo em conta a proposta da orientadora cooperante a nossa

participaccedilatildeo no PES ocorreu ao longo de 4 aulas entre 15 novembro de 2011 e 17 de janeiro

de 2012 Esta colaboraccedilatildeo foi obviamente norteada pelas sugestotildees da nossa orientadora

cooperante e foi desenvolvida conjuntamente com a nossa colega de estaacutegio Epifacircnia Oliveira

Na primeira e na terceira aula a nossa colaboraccedilatildeo foi parcial isto eacute a orientadora

cooperante iniciou a aula com as temaacuteticas relativas aos conteuacutedos especiacuteficos do programa de

filosofia e de seguida continuaacutemos a aula com os assuntos relativos ao PES aplicando os

conhecimentos adquiridos anteriormente pelos alunos e tendo em conta os conteuacutedos relativos agrave

primeira parte da aula A segunda e a quarta aula em que colaboraacutemos neste projeto foram

integralmente lecionadas por noacutes Esta metodologia de intervirmos apenas numa parte da aula

revelou-se interessante especialmente por 3 motivos Por um lado permitiu rentabilizar as aulas

ocupando uma aula para abordar duas temaacuteticas (os conteuacutedos do programa e a abordagem do

PES) por outro lado tornou essas aulas mais dinacircmicas pois havia assuntos diferentes com

momentos e estrateacutegias tambeacutem distintos usados por diferentes professores e por fim mas

natildeo menos importante permitiu comeccedilarmos a nossa intervenccedilatildeo de forma mais segura e

confiante pois num primeiro momento de menor agrave vontade com a turma e com a mateacuteria

lecionar cerca de 4050 minutos pode revelar-se mais gratificante e dar-nos mais seguranccedila do

que sermos responsaacuteveis pela totalidade da aula

O primeiro documento legal sobre a educaccedilatildeo sexual nas escolas surge com a Lei

nordm384 publicada em 24 de Marccedilo de 1984 O artigo 1ordm define o papel do Estado Portuguecircs

nesta mateacuteria ldquoO Estado garante o direito agrave Educaccedilatildeo Sexual como componente do direito

fundamental agrave Educaccedilatildeordquo enquanto o 2ordm artigo deste documento especifica ainda que ldquoos

programas escolares incluiratildeo de acordo com os diferentes niacuteveis de ensino conhecimentos

cientiacuteficos sobre anatomia fisiologia geneacutetica e sexualidade humanas devendo contribuir para a

superaccedilatildeo das discriminaccedilotildees em razatildeo do sexo e da divisatildeo tradicional das funccedilotildees entre

homem e mulherrdquo

Posteriormente a Lei nordm602009 de 6 Agosto e a portaria nordm196-A2010

regulamentaram a aplicaccedilatildeo da educaccedilatildeo sexual em meio escolar No ensino secundaacuterio os

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conteuacutedos lecionados nesta aacuterea tecircm que cumprir alguns objetivos miacutenimos entre os quais

destacamos os seguintes compreender eticamente a dimensatildeo da sexualidade humana refletir

sobre atitudes e comportamentos dos adolescentes na actualidade fornecer informaccedilatildeo

estatiacutestica sobre a idade de iniacutecio das relaccedilotildees sexuais em Portugal e na EU sobre as taxas de

gravidez e aborto em Portugal sobre os meacutetodos contraceptivos que estatildeo disponiacuteveis e que satildeo

utilizados sobre as consequecircncias fiacutesicas psicoloacutegicas e sociais da maternidadepaternidade

gravidez na adolescecircncia e aborto sobre as doenccedilas e infecccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis

suas consequecircncias e prevenccedilatildeo e sobre a prevenccedilatildeo dos maus tratos e aproximaccedilotildees

abusivas

O PES pretende essencialmente contribuir para a formaccedilatildeo integral dos alunos e para o

desenvolvimento de atitudes de responsabilidade pessoal e social tendo como principais

objetivos adquirir conhecimentos cientiacuteficos do funcionamento dos mecanismos bioloacutegicos

reprodutores inferir das consequecircncias negativas dos comportamentos sexuais de risco tais

como a gravidez natildeo desejada e as infeccedilotildees sexualmente transmissiacuteveis promover a melhoria

dos relacionamentos afetivos e sexuais incentivar a igualdade entre os sexos eliminar

comportamentos baseados na discriminaccedilatildeo sexual ou na violecircncia em funccedilatildeo do sexo ou

orientaccedilatildeo sexual valorizar uma sexualidade responsaacutevel e informada

Eacute de salientar que este projeto natildeo se desenvolve apenas no 10ordm ano ou exclusivamente

na disciplina de filosofia e que os assuntos que abordaacutemos se incluem de alguma forma em

temaacuteticas relativas agrave filosofia Para levar a cabo este projecto foi necessaacuteria a participaccedilatildeo de

professores de vaacuterias aacutereas disciplinares que ajudaram o aluno a construir o conceito de

sexualidade nas suas dimensotildees bioloacutegica social e espiritual interpretando-as por etapas ao

longo do seu crescimento com enfoque na gestatildeo de emoccedilotildees e na integraccedilatildeo de valores

A lecionaccedilatildeo do PES relativa agrave disciplina de filosofia no 10ordm ano insere-se na unidade II ndash

A acccedilatildeo humana e os valores e nas subunidades 21 ndash A accedilatildeo humana ndash Anaacutelise e

compreensatildeo do agir e 22 ndash Os valores ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia valorativa

Deste modo a estruturaccedilatildeo dos conteuacutedos das intervenccedilotildees centrou-se em componentes

especialmente relacionadas com a accedilatildeo humana e o comportamento sexual (1 e 2ordf aula) e com

a experiecircncia valorativa ndash os valoressentimentos e a sexualidade (3ordf aula) e o comportamento

sexual agrave luz de diferentes culturas (4ordf aula)

Tivemos uma preocupaccedilatildeo especial por elaborar materiais e atividades didaacuteticas que nos

pareceram interessantes e adequadas agrave temaacutetica em estudo ateacute porque este eacute o tema do nosso

29

projeto de intervenccedilatildeo Usamos powerpoints em todas as sessotildees para servir de guia

estruturador agrave exceccedilatildeo da segunda aula em que optamos pelo excerto de um filme e por uma

ficha de trabalho Atraveacutes dos powerpoints recorremos agrave exposiccedilatildeo de conteuacutedos de forma mais

atrativa e esquematizada mas tambeacutem recorremos a exemplos a imagens a muacutesicas a

documentaacuterios ou a exerciacutecios de aplicaccedilatildeo

Passamos a expor de forma resumida a nossa colaboraccedilatildeo no PES

Na primeira aula focamos a temaacutetica relativa agrave accedilatildeo humana e ao comportamento sexual

Comeccedilamos por questionar os alunos acerca do conceito de accedilatildeo e da forma como se explicam

as accedilotildees e explicitamos seguidamente usando um powerpoint de apoio estes conteuacutedos De

seguida evidenciaacutemos exemplificando toda a estrutura da accedilatildeo (motivo intenccedilatildeo finalidade

decisatildeo meios resultado e consequecircncias) Na continuidade e para promover a participaccedilatildeo e

o envolvimento de todos alunos utilizamos a teacutecnica da tempestade de ideias ou brainstorming

onde cada aluno tinha que definir numa palavra o conceito de sexualidade humana De seguida

foram anotadas no quadro as palavras de todos os alunos Esta teacutecnica foi bem acolhida e as

respostas dos alunos ocorreram dentro daquilo que seria de esperar (exemplos amor

confianccedila sexo amizade seguranccedila responsabilidade carinho prazer etc) Seguidamente

apresentaacutemos um viacutedeodocumentaacuterio denominado ldquoA Adolescecircncia e a Sexualidaderdquo

(selecionado e retirado da internet mais especificamente do youtube) com a duraccedilatildeo de cerca

de 10 minutos Neste viacutedeo vaacuterios agentes educativos de uma escola eram questionados para

dizerem numa palavra o que entendiam por sexualidade e as respostas anteriormente dadas

pelos nossos alunos coincidiram em grande parte com as do viacutedeo apresentado O viacutedeo segue

com uma entrevista sobre alguns aspetos da educaccedilatildeo sexual nas escolas Apoacutes a sua

visualizaccedilatildeo foi feita uma breve discussatildeo acerca das temaacuteticas abordadas Consideramos que

este recurso audiovisual foi uma mais-valia pois para aleacutem de ser a primeira vez que na aula de

filosofia se recorria a esta metodologia introduzindo recursos mais modernos e apelativos nele

estavam bem patentes mateacuterias e assuntos que foram trabalhados na aula e que fazem parte de

um assunto e uma linguagem que lhes eacute proacutexima ateacute porque o documentaacuterio foi feito por jovens

da idade deles Posteriormente foi analisado o conceito de sexualidade definido pela

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede e o conceito de educaccedilatildeo sexual Foram tambeacutem abordadas as

componentes da sexualidade humana com maior ecircnfase para a afectividade Finalizamos a

nossa intervenccedilatildeo trabalhando o tema da educaccedilatildeo para a afectividade e da educaccedilatildeo para os

valores questionando os alunos e dando alguns exemplos de valores associados agrave sexualidade

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Esta foi uma primeira aula introdutoacuteria sobre o tema onde se procurou fazer uma ligaccedilatildeo

entre o comportamento sexual e a rede concetual da accedilatildeo alertando para conceitos e valores

importantes na compreensatildeo da sexualidade humana

Na segunda aula continuaacutemos a tratar do tema relativo agrave sexualidade como accedilatildeo humana

Quanto agraves atividades implementadas optaacutemos pelo visionamento de um excerto do filme Juno

que aborda a temaacutetica da gravidez na adolescecircncia e pela apresentaccedilatildeo do guiatildeo do filme e de

uma ficha de trabalho sobre o mesmo (cf anexo 2) Posteriormente e apoacutes a resoluccedilatildeo da ficha

de trabalho procedeu-se agrave sua correccedilatildeo com a colaboraccedilatildeo dos alunos Nos momentos finais da

aula procedeu-se a um debate sobre problemaacuteticas relativas agrave sexualidade que foram focadas no

filme Os objetivos por traacutes destas atividades foram os seguintes identificar processos volitivos

relativos agrave sexualidade humana (curiosidade desejos incertezas inseguranccedilas atraccedilatildeo)

desenvolver atitudes de compreensatildeo e respeito pelos comportamentos e emoccedilotildees de cada um

Desenvolver a capacidade de reflexatildeo sobre o direito de cada pessoa decidir sobre o seu

proacuteprio corpo sensibilizar para a importacircncia do planeamento familiar e perceber que na

adolescecircncia se fazem escolhas que afetam o futuro Eacute de referir que tiacutenhamos preparado a

resoluccedilatildeo por escrito da ficha de trabalho tendo em conta as questotildees da mesma e os

objetivos especiacuteficos para esta aula Algumas questotildees pertinentes para orientar o debate final

tambeacutem foram preparadas Consideramos que as atividades implementadas e os recursos

utilizados foram adequados e suscitaram interesse e participaccedilatildeo Houve alunos que no final da

aula mostraram interesse e pediram para continuar a ver o filme Tal natildeo foi possiacutevel dada a

limitaccedilatildeo de uma aula de 90 minutos para tratar destes objetivos motivo pelo qual optaacutemos por

um excerto de cerca de 20 minutos e a respetiva ficha e debate para refletir e cimentar as

aprendizagens Como jaacute vimos na primeira parte deste capiacutetulo usar um recurso como por

exemplo um filme sem o tornar numa aprendizagem significativa em prol de determinados

objetivos natildeo faz qualquer sentido pois um recurso eacute um meio para a aprendizagem e natildeo um

fim em si mesmo

A terceira aula foi dedicada agrave temaacutetica dos valores e sentimentos associados agrave

sexualidade Pretendeu-se sobretudo desenvolver um conjunto de atitudes que proporcionem a

apreciaccedilatildeo criacutetica dos valores consensualmente partilhados pela comunidade educativa que

ajudem os jovens a compreender a necessidade de analisar criticamente os sentimentos que

lhes permitam reconhecer a importacircncia da afetividade na vivecircncia da sexualidade e desenvolver

uma abertura criacutetica para os diferentes comportamentos e orientaccedilotildees sexuais O

31

reconhecimento da sexualidade como fonte potencial de vida e a visatildeo da vida humana como

um valor fundamental tambeacutem faziam parte dos objetivos a desenvolver com as atividades

propostas Mais uma vez preparaacutemos um powerpoint bastante completo que serviu de guiatildeo a

todas as atividades da aula Comeccedilamos por recordar algumas ideias base de sessotildees

anteriores e seguidamente atraveacutes da exposiccedilatildeo dialogada apresentaacutemos a teoria relacional de

Martin Buber explicitando e comparando a relaccedilatildeo eu-tu e eu-isso Continuamos a aula

abordando alguns exemplos como o exemplo do laacutepis e do livro aplicados agrave teoria relacional e

utilizamos tambeacutem um estudo de caso (namoro de Joana e Rui) De seguida trabalhamos os

valores e os sentimentos associados agrave sexualidade (como a responsabilidade a relaccedilatildeo de

paridadeigualdade o respeito por si e pelo outro a liberdade a cordialidade a veracidade o

diaacutelogo etc) e efetuou-se um exerciacutecio sobre sentimentos emoccedilotildees e afetos (o que sinto

quando gostamnatildeo gostam de mim) Para finalizar a aula procedemos agrave audiccedilatildeo da canccedilatildeo

ldquoJurardquo de Rui Veloso e agrave reflexatildeo sobre a letra analisando os sentimentos patentes

Rematamos com uma siacutentese dos temas tratados Esta aula decorreu positivamente e apesar

de ter sido a uacutenica na nossa participaccedilatildeo no PES em que natildeo utilizaacutemos viacutedeos que datildeo sempre

uma dinacircmica diferente agrave aula os alunos aderiram de forma empenhada Seja como for outros

recursos foram utilizados para promover a aprendizagem motivada como a interaccedilatildeo professor

aluno o questionamento a solicitaccedilatildeo de participaccedilatildeo a utilizaccedilatildeo de powerpoints de imagens

de exemplos e de casos praacuteticos de muacutesica de esquemas etc

A quarta e uacuteltima aula inserida no tema da diversidade e diaacutelogo de culturas focou-se

especialmente na educaccedilatildeo para o comportamento sexual agrave luz de diferentes culturas O

relativismo cultural esteve patente ao longo da nossa exposiccedilatildeo nomeadamente sobre a atraccedilatildeo

fiacutesica a contraceccedilatildeo o sexo e a procriaccedilatildeo as doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis o

casamento e o adulteacuterio mas tambeacutem foi evidenciada na visualizaccedilatildeo de dois documentaacuterios

um sobre a poligamia e outro sobre a excisatildeo genital feminina Mais uma vez a nossa

participaccedilatildeo decorreu com sucesso e os alunos mostraram-se interessados e participativos o

que decorreu seguramente das metodologias utilizadas e dos recursos escolhidos

O balanccedilo final da participaccedilatildeo neste projeto foi bastante positivo Consideramos assim

que este momento inicial de lecionaccedilatildeo na turma foi de extrema importacircncia isto tendo em

conta que nos permitiu uma maior convivecircncia e proximidade com os alunos da turma um

maior conhecimento das suas formas de interagir um treino inicial no que respeita agrave gestatildeo do

ambiente de sala de aula (intervenccedilotildees eventuais comportamentos disruptivos etc) e agrave

32

metodologia dialoacutegica da filosofia a pesquisa e aquisiccedilatildeo de conhecimentos relativos agrave educaccedilatildeo

sexual e por fim possibilitou o treino de competecircncias relativas agrave elaboraccedilatildeo de materiais

pedagoacutegicos e de preparaccedilatildeo de planos de aula Estas aulas foram enriquecedoras na medida

em que pudemos contribuir para que os alunos ficassem mais informados e consciencializados

sobre vaacuterias temaacuteticas relacionadas com a sexualidade mas tambeacutem porque nos permitiram

trabalhar um assunto que eacute importante e interessante para todos professores e alunos onde

tiveram oportunidade de contactar com outras realidades de refletir de dar a sua opiniatildeo e

sugestotildees sobre um assunto praacutetico do dia a dia distante daqueles saberes que tantas vezes

lhe dizem pouco ou nada Os alunos participaram de forma ativa e empenhada nas aulas do

PES estiveram atentos e interessados deram a sua opiniatildeo e contaram alguns exemplos de

situaccedilotildees de que tinham conhecimento De uma forma geral mostraram grande receptividade

perante as metodologias da professora estagiaacuteria o que foi importante na lecionaccedilatildeo das

seguintes aulas

33

222 Eacutetica Filosofia Poliacutetica e Filosofia da Arte

A nossa atividade de lecionaccedilatildeo iniciou-se no dia 23 de fevereiro de 2012 e terminou no

dia 17 de maio do mesmo ano Ao todo foram lecionadas 15 aulas de 90 minutos onde

analisamos criticamente com os alunos os problemas as teorias os argumentos e objeccedilotildees

relativos agraves aacutereas filosoacuteficas da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica Este nuacutemero inclui 12 aulas onde

foram lecionados conteuacutedos e tambeacutem 3 aulas destinadas a revisotildees agrave realizaccedilatildeo de fichas de

trabalho e respectiva correccedilatildeo e agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Este subcapiacutetulo

dedica-se inteiramente agrave anaacutelise das aulas lecionadas e agrave forma como as estruturaacutemos

Ao longo da nossa lecionaccedilatildeo pretendemos sobretudo indagar a sensibilidade que os

alunos tecircm para os diversos tipos de metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos em filosofia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraacutemos utilizar as metodologias as estrateacutegias e os

recursos de ensino-aprendizagem que nos pareceram mais adequados agraves carateriacutesticas e

necessidades dos nossos alunos

Relembramos que a disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a

reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica e que por isso a discussatildeo

criacutetica de problemas e a anaacutelise reflexiva de questotildees filosoacuteficas faz parte da nossa estrateacutegia de

lecionaccedilatildeo Como nos diz Desideacuterio Murcho ldquoum ensino de qualidade da filosofia natildeo eacute possiacutevel

sem um espaccedilo para que o estudante discuta ideiasrdquo (Murcho 2002 28) Assim procuraacutemos

apostar em aulas dinacircmicas que motivem os alunos onde o diaacutelogo o debate e a opiniatildeo criacutetica

fundamentada sobressaiam e os recursos didaacuteticos variados apoiem essa aprendizagem Como

jaacute evidenciaacutemos optamos por incluir neste processo as metodologiasrecursos mais

tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese o uso do

meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro do manual ou do caderno diaacuterio mas

tambeacutem de meios de ensino mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a

powerpoints excertos de filmes imagens etc Queremos notar que o manual adotado A Arte de

Pensar constituiu um recurso chave que utilizamos tanto na preparaccedilatildeo das aulas como na

proacutepria lecionaccedilatildeo em sala de aula

Segundo orientaccedilotildees da professora cooperante iniciamos a nossa lecionaccedilatildeo na sub-

unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial As

temaacuteticas relativas agraves dimensotildees pessoal e social da eacutetica bem como parte do capiacutetulo relativo agrave

necessidade da fundamentaccedilatildeo moral foram lecionados pela orientadora No seguimento da

eacutetica utilitarista explicitada pela orientadora comeccedilaacutemos a nossa praacutetica letiva trabalhando a

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temaacutetica da fundamentaccedilatildeo deontoloacutegica da moral atraveacutes da lecionaccedilatildeo da eacutetica kantiana que

nos ocupou duas aulas

Como foi metodologia habitual comeccedilaacutemos a primeira aula a fazer revisotildees da sessatildeo

anterior neste caso revisitamos a moral utilitarista de Stuart Mill e as objeccedilotildees a esta teoria

Utilizamos ao longo da aula um powerpoint preparado para servir de guia da aula e para auxiliar

as aprendizagens dos alunos De seguida e relativamente agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant

explicitamos a questatildeo-problema que iria servir de orientaccedilatildeo para a nossa aula

- Em que se fundamenta a moral

- Seraacute que existe algum princiacutepio eacutetico fundamental

- Se existe em que consiste esse princiacutepio

Depois de colocado o problema comeccedilamos por esclarecer alguns dados biograacuteficos de

Kant para poderem ter um primeiro contacto com o filoacutesofo em estudo e explicitaacutemos

seguidamente de forma dialoacutegica o conceito de deontologia e de eacutetica deontoloacutegica

Mostraacutemos na continuidade que os defensores das eacuteticas deontoloacutegicas consideram que agir

moralmente natildeo eacute apenas uma questatildeo de produzir bons resultados e evitar maus resultados

Na avaliaccedilatildeo moral das accedilotildees segundo Kant interessa sobretudo determinar o motivo do

agente a intenccedilatildeo com que o agente realiza uma determinada accedilatildeo e natildeo as consequecircncias

desta Neste sentido as accedilotildees podem ser contraacuterias ao dever ou de acordo com o dever mas

para Kant soacute as accedilotildees que satildeo realizadas por dever satildeo verdadeiramente racionais e morais

Assim ldquoquando agimos por outros motivos por inclinaccedilatildeo como diz Kant estamos a agir em

funccedilatildeo de desejos natildeo racionais (hellip) que tiram todo o valor moral agraves nossas acccedilotildeesrdquo (Almeida et

al 2010 173) A explanaccedilatildeo dos tipos de accedilotildees nomeadamente das realizadas por dever foi

melhor compreendida com o estudo de um esquema do manual (paacutegina 173 volume I) muito

bem conseguido no nosso parecer e que facilitou a aprendizagem dos alunos Este esquema

distingue dando exemplos as accedilotildees contraacuterias ao dever e as accedilotildees de acordo com o dever

Estas uacuteltimas dividem-se em dois tipos accedilotildees meramente conformes ao dever e accedilotildees por

dever As accedilotildees em conformidade com o dever natildeo satildeo accedilotildees contraacuterias ao dever Contudo

nessas accedilotildees para cumprir o dever precisamos de razotildees suplementares (ex ajudar uma

pessoa por compaixatildeo ou interesse) As accedilotildees feitas por dever por sua vez satildeo accedilotildees em que o

cumprimento do dever eacute um fim em si mesmo (cumprir o dever pelo dever)

Para entender melhor esta mateacuteria usamos um exemplo praacutetico que facilitou a

compreensatildeo deste conteuacutedo Assim se o Rui devolveu a carteira que encontrou no recreio da

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escola com receio de mais tarde vir a ser descoberto ou simplesmente para ser elogiado pela

sua honestidade ele agiu meramente conforme o dever (ajudar uma pessoa por interesse ou

compaixatildeo) Se devolveu a carteira porque essa era a accedilatildeo correta ele agiu por dever ou seja

soacute houve um motivo a influenciar a sua accedilatildeo fazer o que devia ser feito Este exemplo ajudou

tambeacutem a perceber a diferenccedila entre legalidade e moralidade uma accedilatildeo eacute legal se agirmos de

acordo com o dever mas soacute eacute moral se for realizada por dever e natildeo meramente conforme o

dever Neste caso o Rui soacute agiria moralmente se devolvesse a carteira porque essa era a accedilatildeo

correta porque ao agir por dever faz o que devia ser feito Este exemplo bem como os que

foram utilizados para explicar as maacuteximas o imperativo hipoteacutetico ou as duas foacutermulas do

imperativo categoacuterico captam a atenccedilatildeo dos alunos e explicitam melhor os conteuacutedos

precisamente porque ilustram situaccedilotildees diaacuterias reais e faacuteceis de entender

Na continuidade explicitou-se o conceito de maacutexima enquanto regra pessoal de conduta

ou princiacutepio que nos indica o motivo dos agentes Na eacutetica deontoloacutegica de kant as maacuteximas satildeo

os princiacutepios que levam as pessoas a agir em ocasiotildees especiacuteficas Soacute fazemos algo com valor

moral quando agimos segundo maacuteximas ditadas pelo nosso sentido do dever como ldquoAjuda

quem precisardquo (Almeida et al 2010 173) O conceito de vontade boa tambeacutem foi elucidado O

que carateriza a vontade boa eacute cumprir o dever sem outro motivo ou razatildeo a natildeo ser fazer o que

eacute correto O que torna boa a vontade eacute a intenccedilatildeo que subjaz agrave sua accedilatildeo A vontade boa eacute a

vontade que age com uma uacutenica intenccedilatildeo Cumprir o dever pelo dever Aproveitando o exemplo

dado anteriormente explicaacutemos melhor este conceito e para melhor cimentar esta aprendizagem

foi analisado o texto 16 do manual A Vontade Boa (paacutegina 174175) Os conhecimentos

parecem estar a ser bem adquiridos e as vaacuterias estrateacutegias e recursos utilizados ao serviccedilo dos

mesmos conceitos parecem estar a surtir efeito pois os alunos vatildeo participando ativamente

respondendo agraves questotildees e colaboraccedilotildees solicitadas

Para terminar a aula foram explicitados os conceitos de imperativo hipoteacutetico e categoacuterico

Os primeiros dizem-nos o que fazer desde que tenhamos os desejos relevantes determinam o

que tem que ser feito como meio para se atingir um dado fim Mais uma vez recorremos agrave

exemplificaccedilatildeo da qual salientamos a seguinte situaccedilatildeo Uma pessoa que natildeo quisesse

melhorar o seu jogo de xadrez natildeo teria qualquer razatildeo para estudar os jogos de Kasparov ou

algueacutem que natildeo quisesse ir para a faculdade de Direito natildeo teria qualquer razatildeo para fazer os

exames de admissatildeo Uma vez que a forccedila de obrigatoriedade do laquodevesraquo depende de termos

ou natildeo o desejo sensiacutevel relevante podemos escapar agrave sua forccedila renunciando simplesmente ao

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mesmo Assim se deixarmos de querer ir para a faculdade de Direito podemos escapar agrave

obrigaccedilatildeo de fazer o exame ldquoSe queres isto entatildeo faz aquilordquo Haacute um meio para atingir um fim

Jaacute o imperativo categoacuterico eacute o princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental Para kant toda a

moral baseia-se neste princiacutepio racional e fundamental que se apresenta como uma obrigaccedilatildeo

absoluta e incondicional Este imperativo exige que a vontade seja exclusivamente motivada pela

razatildeo que seja independente em relaccedilatildeo a desejos interesses e inclinaccedilotildees particulares e

ordena que uma accedilatildeo seja realizada pelo seu valor intriacutenseco que seja querida por ser boa em

si e natildeo por causa dos seus efeitos laquoDiz a verdaderaquo eacute um exemplo de um imperativo

categoacuterico De seguida apresentaram-se maacuteximas para averiguar se o seu cumprimento se

relacionava com o imperativo hipoteacutetico ou categoacuterico (ex a laquoDeves ser honesto porque a

honestidade compensaraquo ou b laquoDeves ser honestoraquo) exerciacutecio que os alunos entenderam com

facilidade

Terminaacutemos a aula marcando os TPC (questotildees de revisatildeo da paacutegina 174) e fazendo um

breve resumo dos conceitos lecionados de forma a verificar as aprendizagens Obviamente que

houve alunos que denotaram um melhor entendimento da mateacuteria que outros ateacute porque o seu

interesse tambeacutem foi provavelmente diferente mas esta tambeacutem foi uma forma de se

reforccedilarem os conteuacutedos Agrave medida que a mateacuteria ia sendo explicitada iam-se inquirindo os

alunos acerca da importacircncia dos conceitos fomentando a sua reflexatildeo e o seu espiacuterito criacutetico

Jaacute evidenciaacutemos que as nossas aulas procuraram de alguma forma trazer para a praacutetica

letiva a tradiccedilatildeo socraacutetica ao assentaram na seguinte estrutura discussatildeo preacutevia com os alunos

sobre o problema problema inicial lecionaccedilatildeo de teorias e argumentos de alguns filoacutesofos que

tentaram resolver esse problema inicial discussatildeo sobre a plausibilidade destas teorias e

argumentos apresentaccedilatildeo de algumas limitaccedilotildees destas teorias e argumentos discussatildeo final

para analisar ateacute que ponto as teorias e argumentos estudados resolvem bem o problema inicial

e se resistem bem ou natildeo agraves objecccedilotildees As nossas planificaccedilotildees planos de aula e atividades de

lecionaccedilatildeo como podemos observar em anexo procuraram espelhar esta estrutura Seja como

for nem sempre se consegue tratar de um problema na sua totalidade ao longo de uma soacute aula

foi o que aconteceu neste primeiro momento de lecionaccedilatildeo onde apenas na segunda aula

conseguimos perceber melhor toda a estrutura do problema (com a explicitaccedilatildeo das duas

formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico) e analisar as objeccedilotildees agrave teoria Seja como for jaacute

conseguimos responder agraves questotildees-problema colocadas no iniacutecio da aula e que serviram de

guia agrave aprendizagem Se perguntarmos Em que se fundamenta a moral Seraacute que existe algum

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princiacutepio eacutetico fundamental Se existe em que consiste esse princiacutepio A resposta eacute oacutebvia Estaacute

na definiccedilatildeo do imperativo categoacuterico como princiacutepio eacutetico ou lei moral fundamental

Natildeo pretendemos nem o podemos fazer por uma questatildeo de limitaccedilatildeo espacial

descrever pormenorizadamente e explicar os conteuacutedos e a metodologia da totalidade das 15

aulas lecionadas Tal faccedilanha ultrapassaria o acircmbito deste relatoacuterio Uma vez que jaacute explicitaacutemos

a estrutura base desses momentos letivos agora apresentaremos as seguintes aulas de forma

mais sucinta e evidenciando de forma especial os conteuacutedosobjetivos e os recursos utilizados

Sempre que surgir algo inovador nomeadamente em termos de recursos didaacuteticos iremos focar

mais esses aspetos pois este eacute o nosso campo de accedilatildeo

Na segunda aula sobre a eacutetica kantiana explicitaram-se as duas formulaccedilotildees do imperativo

categoacuterico a foacutermula da lei universal e a foacutermula do fim em si De seguida foram explicitadas as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana e procedeu-se no final da aula agrave distinccedilatildeo entre moral

deontoloacutegica e moral consequencialista A estrutura da aula eacute semelhante agrave da aula anterior

apesar de haver atividades distintas Depois dos alunos escreverem o sumaacuterio e de saberem que

conteuacutedos iratildeo ser abordar durante a da aula eacute feita uma revisatildeo dos principais toacutepicos

abordados na aula anterior e satildeo corrigidas as questotildees de revisatildeo da paacutegina 174 do manual

Tambeacutem recorremos ao uso de powerpoints como em todas as aulas para auxiliar as

aprendizagens e servir de guia orientador Apoacutes uma revisatildeo sobre a eacutetica deontoloacutegica de Kant

tambeacutem evidenciada no powerpoint analisam-se as duas formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico e

datildeo-se exemplos o que facilita em muito a aprendizagem Aproveitaacutemos tambeacutem para ver um

exemplo no livro (paacutegina 176) convidando um aluno a ler e a explicitar esse exemplo Natildeo

podemos esquecer que o uso do manual que consideramos de boa qualidade deve ser

valorizado para alguma coisa os alunos o compraram Para ser usado

Passamos agrave avaliaccedilatildeo de maacuteximas onde vaacuterios exemplos satildeo valorizados inclusive o do

manual ao qual regressamos novamente (paacutegina 176) Terminaacutemos a aula compreendendo as

objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica kantiana para o efeito e para aleacutem da exposiccedilatildeo oral utilizamos o

powerpoint o manual (excertos das paacuteginas 178 179 e180) e excertos do filme O pianista

Utilizamos excertos de um filme pela primeira vez na nossa lecionaccedilatildeo e tendo em conta o

interesse causado e a dinacircmica que trouxe agrave aula esta foi uma experiecircncia que repetimos outras

vezes Os alunos visualizaram atentamente os minutos selecionados para anaacutelise e aplicaram

com facilidade as objeccedilotildees agrave teoria de Kant Este excerto estava relacionado com a objeccedilatildeo

relativa aos valores absolutos deveres absolutos pois uma dos protagonistas vivenciava uma

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situaccedilatildeo em que dois potenciais deveres absolutos entravam e conflito O uso deste recurso

pedagoacutegico foi produtivo e o debate que se proporcionou apoacutes a sua visualizaccedilatildeo tambeacutem foi

muito positivo A utilizaccedilatildeo do cinema na sala de aula desde que bem utilizado e com exemplos

pertinentes pode-se revelar num oacuteptimo recurso pois apela a algo que os alunos gostam o

cinema eacute um recurso audiovisual que junta som e imagem e por isso permite uma melhor

aprendizagem e refere-se muitas vezes a exemplos e situaccedilotildees do quotidiano o que permite

uma maior aproximaccedilatildeo agrave realidade e uma aprendizagem mais significativa Terminaacutemos a aula

com a realizaccedilatildeo de uma distinccedilatildeo entre a moral deontoloacutegica e a moral consequencialista

apoiados neste caso por uma esquema siacutentese (paacutegina 184 do manual) e por um exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo praacutetica tendo em conta um exemplo

Os esquemas siacutentese que utilizaacutemos pela primeira vez mas que tambeacutem seratildeo

repetentes satildeo materiais do agrado dos alunos que contribuem sempre para esquematizar e

cimentar de forma sucinta e simples os conceitos aprendidos Como jaacute foi evidenciado vaacuterias

vezes na explicitaccedilatildeo destas duas primeiras aulas para acompanhar a lecionaccedilatildeo dos

problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e da sua concomitante discussatildeo criacutetica

recorri vaacuterias vezes agrave pedagogia do exemplo Ou seja para facilitar tanto a compreensatildeo como a

discussatildeo da mateacuteria procurei ilustrar as ideias sempre com exemplos praacuteticos O exerciacutecio de

aplicaccedilatildeo que passei aos alunos a propoacutesito da comparaccedilatildeo entre a eacutetica utilitarista e a eacutetica

kantiana baseado na aplicaccedilatildeo da pedagogia do exemplo foi o seguinte

A Ana reparou que o Nuno ao pagar o seu lanche no bar deixou cair sem se aperceber

uma nota de 10euro A Ana vem de uma famiacutelia com posses mas o Nuno vive numa famiacutelia pobre

com poucos recursos financeiros A Ana apanhou a nota e que fez

A) Ficou com os 10euro

B) Devolveu os 10euro para ganhar reputaccedilatildeo de honesta

C) Devolveu os 10euro pelo simples facto de pertencerem ao Nuno

Questotildees

Se a Ana fosse defensora do utilitarismo o que faria

Se a Ana fosse defensora da eacutetica kantiana o que faria

Parece-te mais correcto ser utilitarista ou kantiano Justifica

Com este exemplo pretendi que os alunos fizessem uma revisatildeo da mateacuteria dada mas

tambeacutem que pensassem pessoal e criticamente na mateacuteria lecionada Um utilitarista diria que as

accedilotildees B) e C) satildeo corretas pois o maior benefiacutecio e bem-estar geral seria dar o dinheiro ao

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Nuno uma vez que o dinheiro eacute dele e eacute ele que precisa desse dinheiro mesmo que a

devoluccedilatildeo desse dinheiro visasse apenas a reputaccedilatildeo da Laura ou o ser bem vista por todos

(como no caso da accedilatildeo B) Um seguidor kantiano apenas escolheria o curso de accedilatildeo C) pois soacute

desta forma eacute que a accedilatildeo eacute realizada por dever desinteressadamente e eacute igualmente uma accedilatildeo

que passa no teste do imperativo categoacuterico tanto na formulaccedilatildeo da lei universal como na do fim

em si Esta pedagogia do exemplo natildeo eacute (nem foi) aplicada apenas a exerciacutecios escritos deste

tipo mas em muitas das ideias que satildeo expostas e discutidas

Eacute de referir que apesar de ser o desejaacutevel nem sempre haacute disponibilidade na parte final

da aula para fazer revisotildees da mateacuteria dada e foi o que aconteceu nesta segunda sessatildeo que

foi encerrada com a marcaccedilatildeo dos TPC (paacutegina 181 do manual)

Terminados os conteuacutedos mais no acircmbito da eacutetica iniciamos a filosofia poliacutetica focando

autores como Aristoacuteteles John Locke Rawls e Nozick e respetivas teorias filosoacuteficas

Na terceira aula primeira aula assistida pelo orientador da universidade a temaacutetica

abordada refere-se agora ao capiacutetulo da eacutetica direito e poliacutetica e foi analisada mais

concretamente a teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Tendo em conta

que para esta aula temos dois materiais em anexo um plano de aula (cf anexo 4) e uma siacutentese

textual (cf anexo 6) natildeo nos iremos estender em explicaccedilotildees Julgamos que a visualizaccedilatildeo

destes documentos permite perceber perfeitamente a dinacircmica da aula Iremos apenas referir

que esta foi uma aula tiacutepica no sentido de haver um problema o da justificaccedilatildeo do estado onde

satildeo colocadas questotildees - A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima essa

autoridade Onde satildeo apresentados argumentos a favor da teoria e objeccedilotildees agrave mesma

Consultando a siacutentese do anexo 6 podemos evidenciar toda essa dinacircmica e com o auxiacutelio do

plano de aula perceber melhor como esta foi estruturada

Gostariacuteamos de evidenciar que apesar desta ser uma aula observada pela orientadora

cooperante pelo supervisor da universidade e pela colega de estaacutegio bem como pelos alunos da

turma e da ansiedade ligada ao processo de avaliaccedilatildeo esta foi a primeira vez em que nos

sentimos realmente agrave vontade o que prova que uma boa preparaccedilatildeo e alguma praacutetica facilitam

a tarefa do professor e a sua confianccedila Eacute por isso de ressalvar que esta foi uma aula muito

completa com momentos estrateacutegias e recursos diversificados desde o habitual powerpoint ao

manual escolar a um esquema siacutentese agrave anaacutelise e interpretaccedilatildeo de um texto filosoacutefico ou agrave

anaacutelise de um excerto do filme Into the wild para evidenciar a importacircncia da vida em sociedade

para Aristoacuteteles

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A quarta e a quinta aula foram dedicadas ao estudo da teoria poliacutetica de John Locke Na

quarta aula procurou-se dar a conhecer a justificaccedilatildeo contratualista do estado de Locke e na

quinta foi a vez de trabalhar as criacuteticas ao contratualismo

A quarta aula da qual apresentamos um material de lecionaccedilatildeo em anexo (cf Anexo 5)

foi no nosso entender bastante diversificada quanto agrave utilizaccedilatildeo de recursos e momentos

letivos Mais uma vez utilizamos o quadro o caderno o manual de filosofia a anaacutelise de um

texto filosoacutefico o powerpoint quadros-siacutentese exemplos praacuteticos e excertos de um filme ldquoO

Senhor das Moscasrdquo Julgamos que esta forma de planificar e desenvolver as aulas facilita

sempre a aprendizagem pois daacute-lhes uma dinacircmica diferente e envolve os alunos Estes

diferentes recursos acabam sempre por promover o interesse as aprendizagens e a reflexatildeo dos

alunos Como se pode observar no referido anexo focou-se em primeiro lugar a questatildeo-

problema ldquoO que legitima a autoridade do estadordquo desenvolvendo-se de seguida a justificaccedilatildeo

contratualista de Locke com os respetivos argumentos Para este autor o estado tem origem

numa espeacutecie de contrato social em que as pessoas aceitam livremente submeter-se agrave

autoridade de um governo civil Esse contrato taacutecito daacute origem agrave transiccedilatildeo do estado de natureza

para a sociedade civil Por isso se diz que a teoria da justificaccedilatildeo do estado de Locke eacute

contratualista Analisaram-se ainda as principais diferenccedilas entre o naturalismo de Aristoacuteteles e o

contratualismo de Locke ou seja explicitou-se que para Aristoacuteteles o estado existe por natureza

pelo que se justifica em si e que para Locke o estado tem origem num contrato celebrado entre

pessoas livres com vista a preservar a propriedade (bens materiais vidas e liberdades) Se ateacute

ao momento era o powerpoint e o diaacutelogoexposiccedilatildeo oral que estavam na base da conduccedilatildeo da

aula na parte mais final foi utilizado o manual para analisar um texto filosoacutefico (Texto 22 paacutegina

212) sobre os fins da sociedade poliacutetica e do governo Vaacuterios textos filosoacuteficos tecircm sido utilizados

no sentido dos alunos se familiarizarem com a linguagem proacutepria dos textos e da filosofia Estes

podem constituir-se como um elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos e na reflexatildeo

dos alunos sobre as temaacuteticas em anaacutelise No final da aula observamos alguns excertos do filme

ldquoO Senhor das Moscasrdquo e fizemos um pequeno debate analisando o comportamento dos

indiviacuteduos em situaccedilatildeo de estado de natureza Atraveacutes dos excertos escolhidos os alunos

concluiacuteram que existem lacunas no estado de natureza e que uma vez que no seu interior natildeo

se garante a propriedade de todos os indiviacuteduos acaba por surgir a necessidade da sociedade

civil A necessidade de haver leis estabelecidas e a existecircncia de um poder suficientemente forte

para executar a lei e fazer cumprir sentenccedilas justas eacute uma realidade patente no filme Quando

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natildeo existem essas leis e essa autoridade pode dar-se o caso como acontece no filme da vida

da liberdade e dos bens materiais das pessoas ficarem em causa Mais uma vez a anaacutelise e

discussatildeo de excertos de filmes serviu para poder evidenciar como na praacutetica as teorias podem

ser aplicadas sendo que foi tambeacutem mais uma forma de promover a reflexatildeo e o debate de

questotildees filosoacuteficas

Na quinta aula desenvolveram-se as criacuteticas ao contratualismo de Locke Essas 3 criacuteticas

(o consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo os contratos podem ser injustos o contrato eacute

desnecessaacuterio) foram explicadas recorrendo agrave exposiccedilatildeo dialogada ao apoio de um powerpoint

ao uso do manual e recorrendo a exemplos praacuteticos No final da aula e tendo em conta a

proximidade do final do 2ordm periacuteodo e a posterior avaliaccedilatildeo por teste escrito procedeu-se agrave

entrega de uma ficha de trabalho para resolver nas feacuterias (cf anexo 7) Posteriormente na aula

8 e 9 dedicadas agrave preparaccedilatildeo do teste iremos corrigir esta ficha e dar uma segunda ficha de

trabalho com as teorias que iratildeo ser dadas nas proacuteximas aulas Estas fichas foram elaboradas

por noacutes em colaboraccedilatildeo com a nossa colega de estaacutegio Consideramos as fichas de trabalho um

bom recurso para os alunos trabalharem as mateacuterias e detetarem eventuais duacutevidas Eacute sempre

mais um instrumento que pode promover a aprendizagem dos alunos e cimentar os seus

conhecimentos

Nas aulas seguintes a aula 6 e 7 abordaacutemos essencialmente o estudo do problema da

justiccedila social Tiveram destaque neste acircmbito a resposta dada pela teoria da justiccedila como

equidade de John Rawls e as criticas feitas a esta teoria por Nozick Na aula 6 comeccedilamos por

apresentar a questatildeo problema O que eacute realmente uma sociedade justa Como eacute possiacutevel uma

sociedade justa Seguidamente no sentido de entendermos melhor esta questatildeo apresentaacutemos

de forma abrangente 3 teorias que debatiam este problema o libertarismo de Nozick que daacute

uma importacircncia primordial ao valor da liberdade individual e aos direitos de propriedade o

liberalismo social de Rawls que atribui uma importacircncia fulcral ao valor da justiccedila e considera

que uma desigualdade de liberdade oportunidade ou rendimentos soacute seraacute permitida se

beneficiar os menos favorecidos e por fim o igualitarismo de Marx que confere grande

importacircncia ao valor da igualdade considerando que numa sociedade justa o estado para evitar

grandes desigualdades transfere riqueza dos ricos para os mais pobres De seguida e antes de

explicitarmos a teoria da justiccedila de John Rawls analisaacutemos 3 imagens que patenteavam

situaccedilotildees de desigualdade social (riqueza e pobreza) e procuramos debater com os alunos a sua

opiniatildeo em relaccedilatildeo agraves situaccedilotildees apresentadas nomeadamente em relaccedilatildeo agraves causas que levam

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as pessoas a ter diferentes niacuteveis de vida e ao facto de merecerem os bens de que usufruem ou

de terem ou natildeo a oportunidade de trabalhar num determinado tipo de empregotrabalho Esta

estrateacutegia ateacute entatildeo pouco usada foi bastante bem recebida pois os alunos acharam as

imagens interessantes e discutiam com afinco diversas opccedilotildees refletindo e dando a sua opiniatildeo

Esta foi mais uma oportunidade de poderem analisar as teorias da filosofia e aplicaacute-las agrave

realidade agraves coisas do dia a dia a situaccedilotildees do nosso quotidiano Relembramos que um

assunto que veio agrave discussatildeo tendo em conta a imagem de uma formiga a trabalhar e de uma

cigarra a cantar foi a questatildeo dos subsiacutedios pagos a pessoas que natildeo trabalham e da eventual

justiccedila dessa situaccedilatildeo Os alunos deram a sua opiniatildeo de forma refletida e justificada e gerou-se

um ambiente interessante de debate e anaacutelise como requer o ensino da filosofia

Durante a aula 6 foi explicitado o que Rawls entende por uma sociedade justa e como este

autor considera que a riqueza deve ser distribuiacuteda na sociedade Na continuidade analisamos o

conceito de posiccedilatildeo original e de veacuteu de ignoracircncia bem como os princiacutepios da justiccedila de Rawls

As estrateacutegias valorizadas foram as do costume (exposiccedilatildeo dialogada debate uso de

powerpoint explicitaccedilatildeo de exemplos e leitura e anaacutelise de um excerto de texto filosoacutefico do

manual paacutegina 215216 - excerto de Uma Teoria da Justiccedila de John Rawls)

Na aula 7 desenvolvemos mais pormenorizadamente os princiacutepios da justiccedila de Rawls o

princiacutepio da liberdade o princiacutepio da oportunidade justa e o princiacutepio da diferenccedila e explicitaacutemos

a importacircncia do princiacutepio maximin na teoria de Rawls apoiados especialmente na explicaccedilatildeo de

exemplos para uma melhor compreensatildeo da mateacuteria A aula terminou com a apresentaccedilatildeo e

anaacutelise da criacutetica de Nozick agrave teoria de Rawls As estrateacutegias e recursos utilizados agrave exceccedilatildeo da

anaacutelise e debate de imagens foram idecircnticas aacutes utilizadas na aula anterior (aula 6)

Para um entendimento mais claro da sequecircncia de cada uma destas 7 aulas

apresentamos no anexo 3 a planificaccedilatildeo que efectuaacutemos para a sua lecionaccedilatildeo

As aulas 8 e 9 foram dedicadas agrave preparaccedilatildeo para o teste de avaliaccedilatildeo Foram feitas

revisotildees da mateacuteria dada esclarecidas algumas duacutevidas levantadas pelos alunos e resolvidas

duas fichas de trabalho Uma das fichas (a que foi entregue aos alunos na aula 5) focou-se mais

no problema da justificaccedilatildeo do estado e das teorias de Aristoacuteteles e Locke e a outra (entregue na

aula 8 e resolvida e corrigida na aula 9) centrou-se especialmente no problema da justiccedila social

e das teorias de Rawls e Nozick A realizaccedilatildeo e correccedilatildeo das fichas formativas serviu

essencialmente para esclarecer duacutevidas e consolidar conhecimentos para o teste No sentido de

motivar os estudantes para a aprendizagem efetuaacutemos tambeacutem um jogo didaacutetico para usar em

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sala de aula A turma foi dividida em grupos que atraveacutes de um porta-voz respondia a questotildees

sobre a mateacuteria dada A projeccedilatildeo das questotildees era feita atraveacutes de um powerpoint e era lida

pela professora que apoacutes a resposta dada clicava na opccedilatildeo escolhida fazendo surgir uma reaccedilatildeo

graacutefica e sonora agrave resposta dada (som e imagem de bater palmas) Os alunos participaram

ativamente na atividade e mostraram entusiasmo pela novidade que constitui este recurso

As seguintes 6 aulas foram dedicadas ao estudo da filosofia da arte Cinco delas

relativas agrave mateacuteria propriamente dita e a uacuteltima dedicada a uma ficha formativa Eacute de referir que

a nossa pela esteacutetica em detrimento da filosofia da religiatildeo nos parece oacutebvia isto tendo em

conta que esta eacute uma turma do agrupamento de artes visuais e que nesse sentido teraacute uma

maior motivaccedilatildeo e interesse em estudar e refletir sobre aspetos relativos agrave arte Esta unidade

despertou grande interesse nos alunos o que eacute compreensiacutevel pois foram retratados aspetos

relativos a algo que lhes eacute proacuteximo e para o qual tecircm uma apetecircncia especial nomeadamente a

niacutevel vocacional Durante as aulas foi patente o entusiasmo que se refletiu especialmente na

participaccedilatildeo nas atividades e no interesse por questionar alguns aspetos relativos agrave arte que

iam sendo focados na explicaccedilatildeo das mateacuterias Sempre que no decorrer da aula apareceram a

tiacutetulo ilustrativo obras de arte fossem esculturas muacutesica quadros poemas ou instalaccedilotildees

havia um interesse maior e surgiam algumas questotildees especialmente quando se tratavam de

obras que eles jaacute conheciam

Na primeira aula fizemos uma introduccedilatildeo agrave dimensatildeo esteacutetica Comeccedilamos por definir a

nossa questatildeo problema O que eacute a experiecircncia esteacutetica De seguida explicitaacutemos e

caraterizaacutemos os conceitos de esteacutetica e filosofia da arte comparando-os e falamos depois

sobre a atitude esteacutetica a experiecircncia esteacutetica e os juiacutezos esteacuteticos Os juiacutezos esteacuteticos (que satildeo

juiacutezos de valor e por isso avaliam) foram contrastados com os juiacutezos de facto (que descrevem a

realidade) e foram dados exemplos destes dois tipos de juiacutezos para que os alunos pudessem

perceber melhor estes conceitos De seguida os alunos realizaram um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo (cf

anexo 9) no qual perante uma determinada imagem apresentada numa projeccedilatildeo de um

powerpoint se identificaram as carateriacutesticas que melhor retratavam essas imagens observadas

De seguida e tendo em conta duas dessas imagens os alunos foram convidados a construir

duas frases de modo a obter juiacutezos esteacuteticos Este exerciacutecio de aplicaccedilatildeo foi do agrado geral dos

alunos o que levou agrave sua participaccedilatildeo interessada e a uma melhor compreensatildeo da mateacuteria

Terminaacutemos a aula explicitando o que eacute a experiecircncia esteacutetica para 3 filoacutesofos distintos Kant

Stolnitz Dick

44

Na segunda aula tratamos da questatildeo da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos Tendo em

consideraccedilatildeo a questatildeo problema A beleza estaacute nas coisas ou nos olhos de quem a vecirc

abordamos a perspetiva das teorias da justificaccedilatildeo dos juiacutezos esteacuteticos a saber do subjetivismo

esteacutetico moderado e radical e do objetivismo esteacutetico Falamos ainda de Hume e do conceito de

padratildeo do gosto e explicitaacutemos a teoria de Beardsley relativamente agraves propriedades esteacuteticas

Quanto agraves estrateacutegias e atividades e implementadas elas passaram pela exposiccedilatildeo dialogada

pela apresentaccedilatildeo de um powerpoint pela leitura de excertos do manual pela explicaccedilatildeo de

exemplos praacuteticos pela apresentaccedilatildeo de anaacutelise de imagens e de esquemas explicativos da

mateacuteria e pela apresentaccedilatildeo de uma ficha de trabalho Usamos uma atividade diferente e que

causou como era de esperar um impacto positivo Escolhemos duas muacutesicas que os alunos

ouviram observando o respectivo teledisco e solicitamos que eles analisassem o tipo de

experiencia esteacutetica que as diferentes muacutesicas lhe provocaram Esta foi uma atividade dinacircmica

que lhes permitiu refletir sobre as suas experienciam esteacuteticas permitindo uma melhor ligaccedilatildeo

entre a teoria e a praacutetica

Relativamente agrave aula 3 desta temaacutetica procuramos analisar o problema da definiccedilatildeo do

conceito de arte Seraacute que a arte pode ser definida Haacute autores que dizem que natildeo pois a arte eacute

um conceito aberto como refere Weitz Mas tambeacutem houve autores que se opuseram a esta

visatildeo e apresentaram objeccedilotildees defendendo que arte pode ser definida Seguidamente fizemos

uma introduccedilatildeo agraves 3 teorias da arte que acreditam que ela se pode definir a teoria da arte como

imitaccedilatildeo que defende que a arte passa pela imitaccedilatildeo da realidade a teoria arte como

expressatildeo que acredita que a arte eacute sobretudo expressatildeo de sentimentos e a teoria da arte

como forma que encara a arte como forma significante Quanto agraves estrateacutegias e aos materiais

utilizados a grande diferenccedila desta aula relativamente a outras refere-se agrave observaccedilatildeo e anaacutelise

de algumas criaccedilotildees artiacutesticas como pinturas esculturas monumentos poemas desenhos ou

instalaccedilotildees o que causou reflexatildeo e grande interesse aos alunos Esta atividade serviu sobretudo

para podermos aplicar alguns conceitos jaacute tratados Aproveitando que os alunos tinham

participado numa visita de estudo a Madrid no final do 2ordm periacuteodo levaacutemos alguns postais de

obras de arte que estavam expostas em alguns museus que eles visitaram A visualizaccedilatildeo

dessas imagens causou interesse aos alunos e permitiu-lhes tambeacutem refletir e falar das suas

experiecircncia e gostos na aacuterea artiacutestica

Apoacutes esta aula introdutoacuteria agraves teorias da arte (aula 3) nas aulas seguintes a aula 4 e 5

sobre a esteacutetica foram explicitados desenvolvidamente os argumentos e as objeccedilotildees das trecircs

45

teorias As aulas foram sempre acompanhadas com a visualizaccedilatildeo de obras de arte que

pudessem servir como ponto de reflexatildeo para um melhor entendimento da mateacuteria lecionada

Na aula 6 a uacuteltima relativa agrave temaacutetica da filosofia da arte os alunos responderam a uma

ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa (cf anexo 8) sobre a mateacuteria no sentido de percebermos se os

conteuacutedos ministrados tinham sido bem percepcionados e adquiridos

Eacute importante salientar que nesta unidade os conteuacutedos natildeo foram tatildeo exaustivamente

desenvolvidos isto tendo em conta o tempo limitado para esta unidade e tambeacutem o facto de

estes conteuacutedos natildeo serem objeto de uma avaliaccedilatildeo formal Os alunos da turma jaacute tinham a

esta data efetuado o seu uacuteltimo teste escrito de avaliaccedilatildeo agrave disciplina logo a monitorizaccedilatildeo das

suas aprendizagens foi levada a cabo atraveacutes da realizaccedilatildeo da ficha qualitativa Seja como for

foram abordadas as principais teorias e autores que se destacaram no campo da esteacutetica e

aproveitaacutemos para tornar as aulas mais dinacircmicas e reflexivas com a apresentaccedilatildeo constante

de obras de arte e dos respetivos comentaacuterios orientados Os resultados da ficha formativa feita

e corrigida por noacutes foram positivos e no sentido do esperado pois salvo raras exceccedilotildees os

alunos mantiveram as suas notas e alguns melhoraram ateacute o seu desempenho

Apesar de agrave medida que fomos expondo as nossas aulas acabarmos por fazer de

alguma forma uma avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo explicitaacutemos no capiacutetulo seguinte uma

anaacutelise mais reflexiva sobre a nossa lecionaccedilatildeo e o uso dos recursos didaacuteticos Esta avaliaccedilatildeo

teve por base as observaccedilotildees efetuadas nas aulas e um questionaacuterio de avaliaccedilatildeo da intervenccedilatildeo

(cf anexo 10)

46

CAPIacuteTULO 3 AVALIACcedilAtildeO DA INTERVENCcedilAtildeO

47

Refletindo sobre o nosso plano de intervenccedilatildeo e a sua concretizaccedilatildeo no acircmbito da

lecionaccedilatildeo fazemos um balanccedilo geral deste percurso com um saldo francamente positivo

Julgamos que tanto a niacutevel pessoal como acadeacutemico e profissional as aprendizagens foram

significativas e podem sem duacutevida ser transferidas e aplicadas para outras situaccedilotildees e

contextos da nossa vivecircncia Todo este processo se constituiu como um momento crucial para

empregarmos na praacutetica os conhecimentos e competecircncias que tiacutenhamos vindo a adquirir no

acircmbito do nosso mestrado Com esta uacuteltima etapa formativa a da realizaccedilatildeo do estaacutegio

profissional conseguimos desenvolver e melhorar as competecircncias proacuteprias da atividade

docente Se isto foi verdade num acircmbito mais geneacuterico ainda se concretizou com maior forccedila na

aacuterea da filosofia pois julgamos que as metodologias que ela usa apresentam algumas

especificidades pouco desenvolvidas noutras aacutereas disciplinares Foi esta oportunidade de

podermos fortalecer as nossas capacidades no ensino de filosofia que nos agradou

especialmente

No que respeita agrave implementaccedilatildeo do projeto com a turma consideramos tambeacutem que a

nossa intervenccedilatildeo foi muito positiva e que os objetivos que tiacutenhamos traccedilado foram atingidos

Como jaacute evidenciaacutemos foi especialmente atraveacutes da observaccedilatildeo que recolhemos parte da

informaccedilatildeo para avaliarmos este projeto Tal como fomos referindo ao longo do segundo capitulo

houve sempre uma preocupaccedilatildeo no decurso das aulas lecionadas por avaliar o impacto que os

recursos didaacutetico-pedagoacutegicos iam tendo no processo de ensino-aprendizagem da filosofia Neste

sentido uma grande parte dessa avaliaccedilatildeo foi jaacute explicitada anteriormente ao longo do capiacutetulo

anterior

Natildeo podemos deixar de relembrar que a escolha pelos recursos usados na nossa

lecionaccedilatildeo baseou-se em vaacuterios fatores Assim para aleacutem da nossa experiecircncia pessoal

nomeadamente na aacuterea do ensino e de alguma reflexatildeo sobre a literatura nesta aacuterea foi

sobretudo a partir da observaccedilatildeo das aulas da orientadora cooperante que tivemos informaccedilatildeo

relevante sobre o impacto que os recursos didaacuteticos tinham no ensino da filosofia nesta turma

especiacutefica Aquando da observaccedilatildeo comeccedilamos logo por nos aperceber que determinadas

estrateacutegias pareciam surtir mais efeito do que outras tanto no interesse como na aprendizagem

dos alunos Seja como for houve recursos novos que utilizamos e que natildeo tinham sido usados

anteriormente na lecionaccedilatildeo com esta turma Estamos a falar especialmente de recursos mais

dinacircmicos como a utilizaccedilatildeo de filmes jogos didaacuteticos imagens ou muacutesicas De uma forma

48

geral os alunos da turma reagiam positivamente tanto aos recursos mais tradicionais como aos

mais atuais

Como jaacute evidenciamos anteriormente houve determinados recursos e estrateacutegias que

foram usados de forma constante ao longo das aulas por noacutes lecionadas Referimos ateacute a

existecircncia de uma estrutura tiacutepica que percorreu a nossa lecionaccedilatildeo Assim alguns dos recursos

mais frequentes foram a exposiccedilatildeo dialogada debates de opiniatildeo o quadro o caderno o

manual de filosofia a anaacutelise de textos filosoacuteficos o powerpoint esquemas siacutentese excertos de

filmes explicaccedilatildeo de exemplos praacuteticos resoluccedilatildeo de fichas de trabalho e o questionamento O

impacto destes recursos foi francamente positivo e consideramos que o seu uso de forma

variada eacute importante para promover as aprendizagens Estes podem constituir-se como um

elemento facilitador na aquisiccedilatildeo de conhecimentos bem como na reflexatildeo e participaccedilatildeo dos

alunos em sala de aula

Se atraveacutes da observaccedilatildeo das aulas e com base na participaccedilatildeo e interesse dos alunos

concluiacutemos que o impacto dos recursos didaacuteticos foi positivo as proacuteprias notas da turma apesar

de nem todas serem de niacutevel positivo (4 alunos em 27 natildeo passaram agrave disciplina de filosofia)

estatildeo situadas num bom niacutevel Dos 23 alunos da turma que tiveram positiva cerca de metade

(onze alunos) teve uma nota final entre os 14 e os 19 valores

Para aleacutem da observaccedilatildeo mais ou menos formal tambeacutem utilizamos um inqueacuterito de

avaliaccedilatildeo da nossa intervenccedilatildeo (cf anexo 10) Passamos agora a apresentar os resultados desse

questionaacuterio

Quando os alunos foram questionados no sentido de indicar o grau de importacircncia

atribuiacutedo a algumas das estrateacutegias de ensino-aprendizagem utilizadas pela professora

estagiaacuteria algumas das estrateacutegias foram claramente preferidas como foi o caso da discussatildeo

de ideias e da leitura ativa seguida da exemplificaccedilatildeo e do questionamento ficando para uacuteltimo

lugar com um menor nuacutemero de cotaccedilotildees mais elevas nas respostas a exposiccedilatildeo oral Esta

preferecircncia mostra como as estrateacutegias que requerem uma maior participaccedilatildeo do aluno acabam

por ser as suas favoritas provavelmente porque satildeo estrateacutegias mais dinacircmicas e permitem

fomentar a aprendizagem significativa

Relativamente ao grau de importacircncia que os alunos atribuem aos recursosmateriais

didaacuteticos utilizados pela professora estagiaacuteria destacam-se as apresentaccedilotildees em powerpoint e

os esquemas siacutentese seguidos tambeacutem com elevados niacuteveis de preferecircncia pelo manual

adotado e pelos excertos de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios Como podemos constatar em

49

capiacutetulos anteriores estes foram alguns dos recursos que mais utilizamos e que jaacute se

evidenciavam desde as observaccedilotildees das aulas da orientadora cooperante como era o caso dos

powerpoints e do uso do manual Quanto agrave visualizaccedilatildeo de viacutedeosfilmesdocumentaacuterios

escolhidos criteriosamente de acordo com os conteuacutedos a estudar sempre foram da sua

preferecircncia e trouxeram consigo interessantes discussotildees criacuteticas As siacutenteses provavelmente

porque promovem o entendimento da mateacuteria e facilitam tambeacutem o estudo foram sempre

recebidas e explicadas com agrado e interesse

Questionados sobre se os recursos utilizados que facilitavam o processo de ensino-

aprendizagem da filosofia se os recursos promoviam uma aprendizagem mais motivada eficaz

e aprofundada e se levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de

reflexatildeo todos os alunos responderam positivamente Esta evidecircncia vai de encontro ao que

esperaacutevamos dada a importacircncia que sabemos que os recursos didaacuteticos podem ter na

aprendizagem participaccedilatildeo e reflexatildeo dos alunos

Quanto ao perfil da professora estagiaacuteria alguns toacutepicos foram mais evidenciados apesar

de todos eles terem uma avaliaccedilatildeo francamente positiva Destacaram aqui 4 itens a professora

estimulou o debate entre os alunos valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas esclareceu

bem as duacutevidas e as aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

Para finalizar foram feitas algumas questotildees de avaliaccedilatildeo geral da disciplina e da

professora estagiaacuteria Face agraves questotildees Consideras a disciplina de filosofia essencial para

desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

e Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores

(eacuteticos morais esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para

uma cultura mais alargada todos os alunos responderam positivamente Esta tendecircncia vai no

sentido de valorizar a importacircncia que os alunos datildeo agrave disciplina de filosofia e mostra o

conhecimento e a experiecircncia que eles tecircm relativamente aos objetivos desta disciplina no

ensino secundaacuterio

Questionados sobre a avaliaccedilatildeo geral das aulas da professora estagiaacuteria as respostas

variaram num niacutevel equitativo entre o Bom e o Muito Bom Em resposta a uma questatildeo aberta

sobre os aspetos positivos eou negativos nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria as

respostas foram geralmente no mesmo sentido e abarcavam basicamente as seguintes

opiniotildees a professora estagiaacuteria eacute simpaacutetica com os alunos tem uma boa relaccedilatildeo com os

alunos as aulas satildeo tranquilas divertidas e didaacuteticas oacutetimo esclarecimento de duacutevidas e muito

50

bom trabalho de powerpoint os powerpoints eram interessantes a professora eacute empenhada

exemplifica bem e tira as duacutevidas as aulas foram muito positivas e aprendemos muito correu

tudo muito bem gostei muito das aulas professora estagiaacuteria porque foram interessantes e

aprendemos muito todos os aspetos foram positivos a mateacuteria foi mais interessante e melhor

compreendida explica bem a uacutenica coisa que podia melhorar era falar mais devagar fala um

pouco raacutepido e agraves vezes eacute difiacutecil tirar apontamentos mas acho que este aspeto melhorou De

uma forma geral as reaccedilotildees foram bastante positivas e mesmo quando referiram uma algo

menos adequado como ldquofalar um pouco raacutepidordquo tiveram a preocupaccedilatildeo de tambeacutem evidenciar

algo bom como ldquoexplica bemrdquo ou ldquoeste aspeto melhorourdquo

Conclui-se portanto que a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos adequados e variados

inseridos em aulas bem preparadas e planificadas aleacutem de tornar as aulas mais agradaacuteveis e

dinacircmicas contribuiu para facilitar a compreensatildeo dos conteuacutedos e dos objetivos previstos

51

CONCLUSAtildeO

A missatildeo da educaccedilatildeo segundo a legislaccedilatildeo e as orientaccedilotildees relativas ao ensino resume-

se essencialmente a uma formaccedilatildeo que promova a autonomia a intervenccedilatildeo e o pensamento

criacutetico e criativo estimulando a emancipaccedilatildeo dos alunos de forma a facilitar a sua inserccedilatildeo e

vivecircncia em sociedade Neste sentido o ensino da filosofia deve valorizar o conhecimento dos

instrumentos baacutesicos do filosofar e deve levar os alunos a compreender e a discutir criticamente

os principais problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia no sentido de

desenvolverem pensamentos accedilotildees e teorias mais refletidas que facilitem a resposta aos

problemas do dia a dia e promovam o desenvolvimento de um pensamento mais autoacutenomo o

exame criacutetico e o questionamento permanente Defendemos que o ensino da filosofia deve ser

assente fundamentalmente na discussatildeo criacutetica numa discussatildeo intersubjectiva de ideias que

visa corrigir os erros dos nossos raciociacutenios particulares e procurar em diaacutelogo e em interaccedilatildeo

criacutetica com os nossos pares ideias mais racionais e refletidas A participaccedilatildeo e a discussatildeo

criacutetica na sala de aula para aleacutem de ser muito valorizada pelos alunos tambeacutem os poderaacute

preparar de certa forma para uma intervenccedilatildeo criacutetica na sociedade Desta forma se os alunos

forem capazes de pensar com rigor clareza e espiacuterito criacutetico estaratildeo mais apetrechados para

lidarem com os vaacuterios problemas que teratildeo que enfrentar no dia a dia bem como nos

problemas que se manifestem na sociedade

Um assunto especiacutefico esteve na base do nosso projeto geral de intervenccedilatildeo

supervisionada e procurou orientar todo o trabalho com ele relacionado O tema em anaacutelise

reporta-nos aos recursos didaacuteticos usados no processo de ensino-aprendizagem de filosofia no

ensino secundaacuterio Face ao nosso trabalho investigativo e pedagoacutegico podemos concluir agora

que o uso de determinadas metodologias teacutecnicas e materiais pedagoacutegicos parecem promover

uma aprendizagem mais eficaz e motivada da filosofia Assim ldquoos meios de ensino devem ser

utilizados para facilitar acelerar e intensificar a aprendizagem auxiliando o professor no papel

de facilitador no processo de aprendizagemrdquo (Barbosa 2001 25)

Como jaacute referimos consideramos que o ensino da filosofia deve orientar os alunos para a

compreensatildeo e discussatildeo de problemas teorias argumentos e conceitos da filosofia e deve ser

sobretudo uma atividade de discussatildeo criacutetica Neste sentido consideramos que as metodologias

as teacutecnicas e os materiais pedagoacutegicos utilizados no ensino da filosofia devem promover o

desenvolvimento destas competecircncias Desta forma consideramos que o ensinoaprendizagem

da filosofia seraacute beneficiado pelo uso de metodologias mais dialoacutegicas de um questionamento

52

constante da solicitaccedilatildeo para a participaccedilatildeo e intervenccedilatildeo dos alunos pelo uso de materiais

diversificados e que apelem agrave reflexatildeo e ao pensamento criacutetico

Apoacutes a experiecircncia de planificar implementar e avaliar o projeto geral de intervenccedilatildeo que

esteve na base do nosso estaacutegio profissional e da realizaccedilatildeo deste relatoacuterio apenas podemos

concluir que as aprendizagens adquiridas foram extremamente relevantes e marcaratildeo de forma

indeleacutevel o nosso futuro especialmente a niacutevel profissional Posso mesmo afirmar que no

decurso do proacuteprio estaacutegio e tendo em conta a minha atividade profissional de docente apliquei

jaacute algumas metodologias que no meu parecer estavam a surtir efeitos muito positivos no decurso

do processo de ensinoaprendizagem do ensino da filosofia no 10ordm ano de escolaridade Neste

momento apoacutes a realizaccedilatildeo do estaacutegio profissional e das muacuteltiplas aprendizagens efetuadas ao

longo das suas diversas etapas posso evidenciar que estas me permitiram sentir mais

capacitada para esta nobre missatildeo de ensinar sem no entanto esquecer que podemos sempre

aprender mais e melhor Considero que o contato com uma escola que nos eacute estranha desde o

espaccedilo fiacutesico aos seus recursos humanos sejam alunos professores ou funcionaacuterios nos ajuda

a preparar para as possiacuteveis circunstacircncias com que nos possamos deparar numa futura

colocaccedilatildeo numa escola tambeacutem desconhecida Tendo em conta que no presente ano letivo

estou a lecionar numa nova escola pela primeira vez julgo sinceramente que a experiecircncia

adquirida durante o estaacutegio me tem facilitado a integraccedilatildeo neste novo ambiente Confesso com

satisfaccedilatildeo que apesar de todos os esforccedilos aos mais variados niacuteveis me sinto recompensada

por esta aposta que considero ganha no meu percurso profissional Eacute bom saber e poder

constatar na praacutetica que depois de mais de uma deacutecada de trabalho dedicada ao ensino

lecionando em diferentes tipos de instituiccedilotildees a diferentes niacuteveis e diferentes disciplinas

conseguimos aprender novas competecircncias e aperfeiccediloar outras para nos tornarmos

profissionais cada vez mais conscientes e capacitados

Apesar das possiacuteveis vantagens no que diz respeito agrave praacutetica do estaacutegio profissional de jaacute

trabalharmos e termos experiecircncia na aacuterea da docecircncia a verdade eacute que tambeacutem podemos

evocar algumas desvantagens Podemos referir especialmente dois inconvenientes desta

realidade por um lado o facto de termos jaacute certos ldquoviacuteciosrdquo arreigados que podem constituir-se

como comportamentos menos adequados agrave lecionaccedilatildeo por outro o facto de trabalharmos longe

e muitas horas retirou-nos algum tempo e disponibilidade para investir em todo o processo

relacionado com o estaacutegio e o proacuteprio mestrado Consideramos ateacute que esta foi a maior

limitaccedilatildeo que sentimos no decurso desta etapa Temos a clara convicccedilatildeo e a perfeita noccedilatildeo

53

que o facto de algumas vezes natildeo podermos estar presentes tanto em algumas atividades do

estaacutegio profissional como na aulas das unidades curriculares do nosso mestrado pelo facto de

estarmos a trabalhar nos prejudicou tanto ao niacutevel da aquisiccedilatildeo de competecircncias como nas

respetivas avaliaccedilotildees onde a nossa presenccedila eacute sempre valorizada Seja como for e apesar de

conscientes das dificuldades e das consequecircncias dessa escolha assumimos sem

arrependimentos a opccedilatildeo que consideramos ser mais vantajosa a de continuarmos a trabalhar

Julgamos ter compensado alguma ausecircncia de presenccedila fiacutesica com um grande empenho e

esforccedilo suplementar de trabalho

Enquanto estudantes todos experienciaacutemos vaacuterios tipos de aulas com diversos geacuteneros

de professores que utilizavam diferentes metodologias que nos motivaram de distintas formas

levando a um maior ou menor sucesso educativo Toda esta experiencia nos levou muito

provavelmente a pensar uma ou outra vez nas carateriacutesticas do professor ideal ou da aula

ideal Seja como for tal como noutras circunstacircncias das nossas vidas eacute a praacutetica que nos daacute

uma visatildeo mais autecircntica de como as coisas satildeo na realidade Neste sentido consideramos que

a observaccedilatildeo da praacutetica docente da nossa orientadora cooperante os ensinamentos mais

teoacutericos das unidades curriculares do nosso mestrado bem como as pesquisas que efetuaacutemos

relativas a aspetos pedagoacutegicos e cientiacuteficos se revestiram de extrema importacircncia mas mais

valiosos se tormaram quando aplicados agrave nossa lecionaccedilatildeo Efetivamente julgamos que eacute a

praacutetica que satildeo as experiecircncias por noacutes vivenciadas na lecionaccedilatildeo que nos conferem o saber-

fazer que permitem o desenvolvimento da nossa identidade profissional que promovem a

confianccedila e nos datildeo acircnimo para continuarmos a investir nos nossos projetos e vontade para

aprender mais e melhor a cada dia que passa

Na formaccedilatildeo inicial de professores o contacto com os alunos e as situaccedilotildees educativas

reais eacute primordial para o processo de ensinoaprendizagem que se pretende estabelecer Assim

o trabalho de observaccedilatildeo que nos foi proposto natildeo se revela apenas necessaacuterio mas

imprescindiacutevel na nossa formaccedilatildeo enquanto professores enquanto futuros agentes educativos

Foi a partir dessa observaccedilatildeo do contacto com todo o excelente trabalho de preparaccedilatildeo

lecionaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo da nossa orientadora cooperante que ficamos a conhecer melhor a

turma onde implementamos o projeto e que nos permitiu entender melhor como devem

funcionar as aulas de filosofia e quais as estrateacutegias que melhor resultavam com aqueles alunos

especiacuteficos Apoacutes estas observaccedilotildees tambeacutem a praacutetica de lecionaccedilatildeo que levamos a cabo

constituiu um momento imprescindiacutevel e marcante na nossa formaccedilatildeo

54

Queremos efetivamente evidenciar a importacircncia do tempo que passamos na escola onde

decorrem os estaacutegios profissionais eacute aiacute que aprendemos a praacutetica seja como jaacute referimos

atraveacutes das observaccedilotildees de aulas do conhecimento do contexto escolar envolvente ou da

participaccedilatildeo em situaccedilotildees reais de lecionaccedilatildeo Apesar de todos sermos conscientes deste facto

julgamos que muitas vezes a formaccedilatildeo de professores menospreza esta condiccedilatildeo necessaacuteria na

preparaccedilatildeo dos futuros docentes preferindo sobrecarregaacute-los com unidades curriculares mais

teoacutericas Obviamente que muitos desses conhecimentos satildeo potencialmente importantes e nos

ajudam a efetivar a praacutetica e a ser melhores professores alguma coisa estaria mal se assim natildeo

fosse Seja como for e tendo em conta que o mestrado que confere habilitaccedilatildeo para a docecircncia

eacute composto por dois anos letivos com quatro semestres consideramos que o segundo ano e

mais especificamente o quarto semestre aquele em que devemos levar a cabo a atividade

docente deveria ser plenamente dedicado agrave escola e agrave preparaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do nosso

projeto e da respetiva lecionaccedilatildeo Julgamos que o uacuteltimo semestre deve ser um momento

dedicado especialmente agrave escola a colocar na praacutetica aquilo que aprendemos ateacute ao momento

a preparar implementar e a avaliar o melhor do nosso trabalho Neste prisma o trabalho

constante e exigente na universidade simultacircneo agrave natildeo menos exigentes tarefa de lecionaccedilatildeo

acaba por constituir uma tarefa que nos retira foco disponibilidade e capacidade de trabalho

para investir no trabalho da escola

Julgamos que eacute importante na formaccedilatildeo dos professores e na sua praacutetica docente o

desenvolvimento de competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas Se eacute verdade que a formaccedilatildeo

pedagoacutegica eacute uacutetil e necessaacuteria tambeacutem eacute preciso reconhecer que um bom professor eacute aquele

que tem um conhecimento profundo e refletido sobre a mateacuteria que leciona sobre os

conhecimentos de teor mais cientiacutefico Isto quer dizer que um bom mestre deve estar

duplamente capacitado ele deve por lado dominar as teorias e meacutetodos pedagoacutegicos mas por

outro tambeacutem deveraacute dominar os respetivos conteuacutedos disciplinares do saber que leciona Mas

falta entatildeo a cereja no topo do bolo falta pegar nestas competecircncias pedagoacutegicas e cientiacuteficas

e colocaacute-las em praacutetica aplicaacute-las em situaccedilotildees reais falta treinarmos os conhecimentos mais

teoacutericos para percebermos ateacute que ponto os conseguimos aplicar eficazmente Eacute praticando que

conseguimos melhorar as nossas aprendizagens e superar as nossas lacunas Consideramos

que os cursos de formaccedilatildeo de professores devem apostar de forma sistemaacutetica ponderada e

equilibrada nestes trecircs acircmbitos na formaccedilatildeo pedagoacutegica na formaccedilatildeo cientiacutefica e na praacutetica

efetiva de lecionaccedilatildeo

55

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formaccedilatildeo contiacutenua agraves praacuteticas Braga UM

MILL John Stuart (1859) Sobre a Liberdade Trad de Pedro Madeira Lisboa Ediccedilotildees 70 2006

MILL John Stuart (1861) Utilitarismo Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa Gradiva 2005

OBIOLS G (2002) Uma Introduccedilatildeo ao Ensino da Filosofia Ijuiacute Editora da UNIJUIacute

PILETTI C (1987) Didaacutetica Geral Satildeo Paulo Editora Aacutetica

POLOacuteNIO A Vaz F Madeira P (2010) Criticamente ndash Filosofia 10ordm Ano Revisatildeo cientiacutefica de

Joatildeo Cardoso Rosas Porto Porto Editora

RACHELS James (2003) Elementos de Filosofia Moral Trad de F J Azevedo Gonccedilalves Lisboa

Gradiva 2004

RACHELS James (2005) Problemas da Filosofia Trad de Pedro Galvatildeo Lisboa Gradiva 2009

RONCA A amp ESCOBAR V (1984) Teacutecnicas Pedagoacutegicas Domesticaccedilatildeo ou desafio agrave

participaccedilatildeo Petroacutepolis Editora Vozes

58

ANEXOS

59

ANEXO 1 ndash Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica Supervisionada

Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino Secundaacuterio

OS RECURSOS DIDAacuteTICOS NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FILOSOFIA NO ENSINO SECUNDAacuteRIO

UMA EXPERIEcircNCIA COM ALUNOS DO 10ordm ANO DE ESCOLARIDADE

Mestranda Claacuteudia Marina Teixeira Martinho

Professora Cooperante Drordf Maria Clara Gomes

Supervisor Doutor Artur Manso

Local Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Braga 07 Dezembro de 2011

60

ldquoCaminhante no hay camino se hace camino al andarrdquo

Antoacutenio Machado

I BREVE EXPOSICcedilAtildeO TEOacuteRICA DO PROJETO

Introduccedilatildeo

O presente trabalho intitulado ldquoOs recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem de filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo eacute o projeto de Intervenccedilatildeo

Pedagoacutegica Supervisionada que faz parte do Estaacutegio Profissional do Mestrado em Ensino de Filosofia no

Ensino Secundaacuterio que iraacute ocorrer na Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio durante o ano letivo

20112012 e seraacute executado na turma do 10ordm O ndash Curso Cientiacutefico-Humaniacutestico de Artes Visuais O

projeto iraacute desenvolver-se na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica mais precisamente nos

seguintes pontos do programa de filosofia do 10ordm ano 313 A necessidade de fundamentaccedilatildeo da moral -

anaacutelise comparativa de duas perspetivas filosoacuteficas 314 Eacutetica direito e poliacutetica - liberdade e justiccedila

social igualdade e diferenccedilas justiccedila e equidade 32 A dimensatildeo esteacutetica - Anaacutelise e compreensatildeo da

experiecircncia esteacutetica 321 A experiecircncia e o juiacutezo esteacuteticos

No decurso do nosso projeto trabalharemos essencialmente os recursos didaacuteticos no ensino-

aprendizagem da filosofia

Caraterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio1 (ESAS) estaacute situada na cidade de Braga mais concretamente na

freguesia de Satildeo Laacutezaro Esta escola que serve especialmente a zona centro e sul da cidade abarca uma

populaccedilatildeo estudantil diversificada e integra alunos de diferentes estratos sociais O seu horaacuterio de

funcionamento ocorre entre as 8h20m e as 24h00m de segunda a sexta-feira e possui um vasto

conjunto de estruturas de apoio aos alunos como bibliotecacentro de recursos salas de estudo

reprografiapapelaria bar cantina sala dos alunos e outros espaccedilos de desenvolvimento de atividades

de enriquecimento curricular (como desporto escolar oficinas clubes ateliers revista Defacto entre

outros) A niacutevel arquitetoacutenico a escola estaacute renovada e possui recursos novos e variados como os quatro

auditoacuterios disponiacuteveis ou os equipamentos instalados nas salas de aula (quadros interativos

computadores e projetores)

Eacute importante salientar que a ESAS recebeu ldquomuito bomrdquo em todos os paracircmetros do relatoacuterio de

avaliaccedilatildeo externa de 2007 e que ao niacutevel dos resultados se situa acima da meacutedia nacional Satildeo de

realccedilar os seguintes pontos fortes desta escola a lideranccedila forte e assente estruturalmente na

organizaccedilatildeo a oferta alargada de atividades de enriquecimento curricular a abertura agrave diversidade e agrave

mudanccedila e a cultura de inclusatildeo Poreacutem destacamos tambeacutem algumas debilidades como a

1 Cf Relatoacuterio de Avaliaccedilatildeo Externa - Inspeccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo

61

irregularidade da participaccedilatildeo dos pais e encarregados de educaccedilatildeo e o menor aproveitamento das aulas

de substituiccedilatildeo

Caraterizaccedilatildeo da Turma

O nosso projeto seraacute implementado na turma do 10ordm O ndash Artes Visuais da ESAS Esta turma eacute constituiacuteda

por 28 alunos 14 do sexo feminino e 14 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 14 e os

16 anos em que a maioria (17 alunos) tem 15 anos Quanto aos comportamentos e agrave participaccedilatildeo dos

elementos da turma podemos observar que parece ser uma turma mediana ao niacutevel dos resultados

cognitivos Conseguimos identificar dois grupos distintos de alunos um mais atento interessado e

participativo e outro mais desinteressado eou desatento com estudantes que estatildeo aparentemente

desligados das atividades da sala de aula Sublinhamos do mesmo modo um comportamento

interessante e compreensiacutevel os alunos parecem gostar mais de aulas dinacircmicas onde se possam

discutir filosoficamente problemas teorias e argumentos aplicar os conhecimentos mais teoacutericos e

abstratos onde haja uma questionamento constante e recursos didaacuteticos variados do que de liccedilotildees

meramente expositivas Notamos de forma geneacuterica que os alunos colocam poucas duacutevidas e que

alguns tecircm dificuldade em expor uma opiniatildeo clara coerente e devidamente fundamentada

Exposiccedilatildeo do Projeto

A filosofia natildeo eacute uma disciplina empiacuterica eacute antes uma disciplina a priori que se faz apenas pelo

pensamento (cf Murcho 2002) Ela tem como carateriacutesticas o refletir criticamente bem como

problematizar e solucionar problemas atraveacutes de teorias suportadas em argumentos o que implica

tambeacutem ir beber agrave fonte da tradiccedilatildeo Eacute uma arte que implica um espiacuterito de abertura no sentido de se

fundamentarem cada vez melhor as nossas ideias levando a uma compreensatildeo do mundo e da vida

mais ampla bem como do que plausivelmente desenvolve ontologicamente o ser humano ndash virtude que

faz da filosofia uma disciplina indispensaacutevel no curriacuteculo do ensino secundaacuterio Concomitante a esta

atividade criacutetica racional rigorosa que clarifica explica e apela ao valorativo estaacute a aquisiccedilatildeo de uma

cultura mais alargada fundamental para nos orientarmos na existecircncia e nos compreendermos melhor

Se analisarmos o nuacutecleo do curriacuteculo nacional manifesto na lei de bases do sistema educativo (cf artigo

3 e 9) constatamos que a disciplina de filosofia (no ensino secundaacuterio) fornece um contributo

fundamental na concretizaccedilatildeo dos objetivos que a lei de bases propotildee nomeadamente um cidadatildeo

integralmente formado com valores (esteacuteticos espirituais morais ciacutevicos democraacuteticos) com espiacuterito

reflexivo (criacutetico e aberto) e com uma cultura mais alargada

A disciplina de filosofia eacute essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a

argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica Tendo em conta que vivemos num mundo cada vez mais global com

acesso facilitado a muacuteltiplas informaccedilotildees e a recursos cada vez mais atrativos e variados ambicionamos

62

com o nosso projeto promover o ensino aprendizagem da filosofia na turma de 10ordm ano que nos foi

atribuiacuteda evidenciando a importacircncia da utilizaccedilatildeo dos expedientes mais adequados para a sua

lecionaccedilatildeo Acreditamos que os meacutetodos e as estrateacutegias mais atuais podem ser dinamizados com

meacutetodosestrateacutegias mais tradicionais em prol de uma aprendizagem mais motivada eficaz e

aprofundada Pretendemos neste sentido demonstrar a importacircncia de rentabilizar os recursos didaacuteticos

em benefiacutecio de um ambiente de aprendizagem mais rico desafiador e propiacutecio agrave melhoria das

aprendizagens na disciplina de filosofia (cf Ferreira 2009V)

II ESTRATEacuteGIAS DE INTERVENCcedilAtildeO

Metodologia

Como princiacutepio regulador da lecionaccedilatildeo procuraremos adaptar as metodologias e as estrateacutegias de

ensinoaprendizagem agraves carateriacutesticas e necessidades do aluno

Pretendemos utilizar a metodologia de investigaccedilatildeo-accedilatildeo e do trabalho de projeto por considerarmos

estarem mais de acordo com os objetivos do trabalho que iremos desenvolver Consideramos ainda

fundamentais no desenvolvimento do mesmo ter em conta aspetos como a interaccedilatildeo professor-aluno o

meacutetodo dialoacutegico a estrateacutegia do questionamento e a utilizaccedilatildeo de recursos didaacuteticos variados e

adequados

Tendo em conta a temaacutetica em estudo os recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no

ensino secundaacuterio pretendemos averiguar quais os recursos e materiais didaacuteticos que promovem o

ensinoaprendizagem de valores do espiacuterito reflexivo e da cultura mais alargada (como a lei de bases

sugere nos seus princiacutepios organizativos) em suma investigar que recursos facilitam o sucesso no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Pretendemos com o desenvolvimento do nosso projeto contribuir igualmente para a promoccedilatildeo de uma

cultura de liberdade participaccedilatildeo e reflexatildeo como eacute proposto no projeto educativo da ESAS onde

decorre o nosso trabalho

Pretendemos entatildeo indagar a sensibilidade que os alunos tecircm para os diversos tipos de

metodologiasestrateacutegias e recursosmateriais didaacuteticos em filosofia Neste processo pretendemos incluir

as metodologias mais tradicionais como a anaacutelise de textos filosoacuteficos a utilizaccedilatildeo de esquemas-siacutentese

o uso do meacutetodo dialoacutegico ou do questionamento do quadro ou do caderno diaacuterio mas tambeacutem de

recursos mais recentes como as tecnologias interativas recorrendo a powerpoints

viacutedeosdocumentaacuterios imagens muacutesica etc

63

Problemas Questotildees de Investigaccedilatildeo

Ao longo da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica propomo-nos responder agraves seguintes questotildees

Que representaccedilotildees tecircm os alunos sobre os diversos meacutetodosestrateacutegias e recursos didaacuteticos usados no

processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Quais as praacuteticas de ensinoaprendizagem mais eficazes em filosofia no campo da eacutetica da poliacutetica e da

esteacutetica

Quais os recursos didaacuteticos mais adequados no processo de ensinoaprendizagem em filosofia no

acircmbito da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Objetivos

Tendo em conta a nossa temaacutetica delineamos os seguintes objectivos

Analisar as representaccedilotildees dos alunos sobre os meacutetodos e recursos didaacuteticos utilizados na aula de

filosofia

Refletir sobre as melhores estrateacutegias didaacuteticas e metodoloacutegicas para o ensino da filosofia

Avaliar criticamente a utilizaccedilatildeo de diferentes recursos didaacuteticos na lecionaccedilatildeo da filosofia em contexto de

sala de aula

Utilizar recursos didaacuteticos eficazes na lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Estrateacutegias de accedilatildeo

Para implementar o nosso projeto usaremos entre outras as seguintes estrateacutegias

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente agraves metodologiasestrateacutegias e aos recursos didaacuteticos no

processo de ensino-aprendizagem

Reflexatildeo e anaacutelise criacutetica da literatura referente ao ensino da filosofia

Observar em sala de aula e por inqueacuterito quais os meacutetodos e recursos didaacuteticos que os alunos preferem

no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de filosofia

Aplicar as melhores metodologiasestrateacutegias e recursos didaacuteticos no ensino da filosofia no campo da

lecionaccedilatildeo da eacutetica da poliacutetica e da esteacutetica

Elaboraccedilatildeo de guiotildees utilizaccedilatildeo do manual de filosofia ldquoA Arte de Pensarrdquo de textos filosoacuteficos de outras

proveniecircncias de powerpoints de documentaacuteriosfilmes fichas de trabalho esquemas-siacutenteses que se

revelem pertinentes no decurso do projeto

Participantes

Os intervenientes diretos da nossa intervenccedilatildeo pedagoacutegica seratildeo a turma 10ordm O ndash Artes Visuais da

ESAS as mestrandas Claacuteudia Martinho e Epifacircnia Oliveira a professora cooperante Maria Clara Gomes e

o professor supervisor Artur Manso

64

Instrumentos (para recolha de informaccedilatildeo)

Tendo em conta os objetivos do nosso projeto iremos delimitar e selecionar as estrateacutegias que nos

parecem mais adequadas para recolher e posteriormente analisar a informaccedilatildeo Privilegiaremos diversos

instrumentos tais como grelhas de observaccedilatildeo e anaacutelise dos alunos em sala de aula questionaacuterios

sobre temas abordados intervenccedilotildees orais fichas de trabalho inseridas nas regecircncias e selecionadas

tendo em conta o material de estudo manuais e livros de apoio tarefas escritas de siacutentese para

compreender o tipo de conhecimento adquirido pelos alunos questionaacuterios sobre os recursos didaacuteticos

usados no ensino da filosofia (sobre o gosto e interesse que suscitam nos alunos a sua utilidade a

eficaacutecia no processo de ensinoaprendizagem)

Procedimento

Aulas de 90 minutos

Fases de Desenvolvimento

1ordf fase Observaccedilatildeo de aulas da professora cooperante e restantes aspetos que se prendam com a

totalidade da praacutetica letiva e da investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto

2ordf fase Implementaccedilatildeo do projeto atraveacutes de vaacuterias estrateacutegias materiais questionaacuterios fichas

recursos entre outros meios escolhidos para efeito

3ordf fase Anaacutelise e avaliaccedilatildeo do projeto implementado (processo e produto)

Calendarizaccedilatildeo

Observaccedilatildeo e investigaccedilatildeo teoacuterica dos temas do projeto ndash Outubro a Fevereiro

Implementaccedilatildeo ndash Fevereiro a Maio ndash planificaccedilotildees aplicaccedilatildeo dos instrumentos didaacuteticos e de recolha de

informaccedilatildeo construccedilatildeo do portefoacutelio Em aula questionaacuterios reflexotildees atividades didaacuteticas conversas

questionaacuterios de avaliaccedilatildeo etc

Avaliaccedilatildeo - Junho

Referecircncias Bibliograacuteficas

AAVV (2005) Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Versatildeo nova Consolidada Lei nordm 492005 de 30 de Agosto

AAVV (2007) Avaliaccedilatildeo Externa da Escolas ndash Relatoacuterio ndash Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio Inspecccedilatildeo-Geral da

Educaccedilatildeo

AAVV (2008) Projecto Educativo Escola Secundaacuteria Alberto Sampaio

Coutinho Clara Pereira et Al (2009) ldquoInvestigaccedilatildeo-accedilatildeo metodologia preferencial nas praacuteticas educativasrdquo Revista

Psicologia Educaccedilatildeo e Cultura pp 355-379

Ferreira Pedro (2009) Quadros interativos novas ferramentas novas pedagogias novas aprendizagens Braga

Universidade do Minho ndash IEP

Maria Manuela Bastos de Almeida (coord) (2001) Programa de Filosofia 10ordm e 11ordm Anos Cursos Cientiacutefico-

Humaniacutesticos e Cursos Tecnoloacutegicos Formaccedilatildeo Geral Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

Murcho Desideacuterio (2002) A Natureza da Filosofia e o seu Ensino Lisboa Plaacutetano

65

ANEXO 2 ndash Guiatildeo de Filme e Ficha de Trabalho

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - FILOSOFIA 10ordm ANO

PES - PROJETO DE EDUCACcedilAtildeO PARA A SAUacuteDE ndash EDUCACcedilAtildeO SEXUAL 2ordfAULA PROFESSORA ESTAGIAacuteRIA CLAacuteUDIA MARTINHO

Vencedor do Oacutescar de melhor argumento original

Ficha Teacutecnica

Tiacutetulo Original Juno

Geacutenero ComeacutediaDrama

Duraccedilatildeo 96 minutos

PaiacutesAnoEUACanadaacuteHungria

2007

Indicaccedilatildeo etaacuteria 10 anos

Realizaccedilatildeo Jason Reitman

Argumento Diablo Cody

Atores Ellen Page Michael

Cera Jennifer Garner Jason

Bateman Allison Janney JK

Simmons Olivia Thirlby Eillen

Pedde Rain Wilson Daniel

Clark

Muacutesica Matt Messina

SINOPSE

O filme relata a histoacuteria de uma adolescente de 16 anos - Juno MacGuff (Ellen Page) - que apoacutes descobrir estar

graacutevida de 9 semanas de Paulie Bleeker (Michael Cera) um colega de liceu pondera vaacuterias soluccedilotildees agrave sua

situaccedilatildeo A princiacutepio ela opta pelo aborto mas uma decisatildeo de uacuteltima hora faz com que mude de ideias

decidindo-se pela adoccedilatildeo Com a ajuda da sua melhor amiga Leah (Olivia Thirlby) Juno procura nos

classificados de um jornal pais adotivos que lhe pareccedilam ideais Juntamente com o seu pai Mac (JK Simmons)

visita os possiacuteveis pais adotivos da crianccedila Mark e Vanessa Loring (Jason Bateman e Jennifer Garner) Com o

passar do tempo Mark e Juno acabam por se tornar amigos com diversos interesses em comum Vaacuterias

complicaccedilotildees vatildeo surgindo desde a sua vida na escola passando pela vida familiar e amorosa

66

ESCOLA SECUNDAacuteRIA ALBERTO SAMPAIO - 10ordm ANO TURMA O - ARTES VISUAIS

Anaacutelise orientada dos primeiros 22m40s do filme JUNO

Tempo para a realizaccedilatildeo da ficha de trabalho 25 minutos

Apoacutes a visualizaccedilatildeo do excerto do filme Juno responda individualmente e de forma atenta e

ponderada agraves seguintes questotildees

1) O excerto do filme envolve trecircs temaacuteticas Identifique-as

2) Como eacute que Juno se sentiu ao descobrir o seu estado Justifique

3) Que alternativas pondera Juno para resolver a sua situaccedilatildeo

4) Qual a decisatildeo de Juno

5) Tendo em conta o excerto apresentado como avalia a relaccedilatildeo entre Juno e Bleeker

6) Considera que Juno e Bleeker estavam preparados para criar um filho de ambos

Porquecirc

7) Qual acha que foi a intenccedilatildeo de Juno ao ir a casa do Bleeker

8) Qual foi a reaccedilatildeo de Bleeker ao saber do estado da sua colega de turma

9) Abordam estes temas no vosso grupo de amigos ou em contexto familiar

10) Consideras que a situaccedilatildeo vivenciada por Juno e Bleeker pode acontecer com amigos

teus Justifique

Curiosidade ldquoJunordquo eacute o sexto mecircs do calendaacuterio gregoriano e tem 30 dias O seu nome

tem origem na deusa romana Juno mulher do deus Juacutepiter

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

67

ANEXO 3 ndash Exemplo de uma planificaccedilatildeo

Turma 10ordm O | Sub-Unidade A dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ndash Anaacutelise e compreensatildeo da experiecircncia convivencial - Duraccedilatildeo 7 aulas de 90m

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Esclarecer o conceito de eacutetica deontoloacutegica - Compreender e avaliar a conceccedilatildeo kantiana de agir por dever -Compreender a noccedilatildeo de vontade boa - Clarificar a relaccedilatildeo da maacutexima com a accedilatildeo - Caraterizar o imperativo hipoteacutetico e o categoacuterico

- A eacutetica kantiana agir por dever - Accedilotildees de acordo com o dever accedilotildees por dever e accedilotildees contraacuterias ao dever - Noccedilatildeo de vontade boa - Noccedilatildeo de maacutexima - A eacutetica kantiana o imperativo hipoteacutetico e o imperativo categoacuterico Conceitos Moralidade lei moral dever moral eacutetica deontoloacutegica maacutexima vontade boa autonomia imperativo hipoteacutetico e imperativo categoacuterico

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) -Revisotildees da aula anterior - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para uma melhor ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos - Anaacutelise do texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual) - TPCquestotildees de revisatildeo (paacuteg 174)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 16 - A Vontade Boa Immanuel Kant (p 174175 ndash do manual)

- Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto da paacuteg 174175 do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

1ordf aula 2302

- Apreender as formulaccedilotildees do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliar maacuteximas segundo as formas do imperativo categoacuterico - Compreender as principais objeccedilotildees agrave eacutetica deontoloacutegica de Kant - Distinguir a moral deontoloacutegica da moral consequencialista

- As foacutermulas do imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal e foacutermula do fim em si mesmo - Avaliaccedilatildeo de maacuteximas - Objeccedilotildees agrave eacutetica kantiana - Distinccedilatildeo entre moral deontoloacutegica e consequencialista Conceitos Imperativo categoacuterico foacutermula da lei universal foacutermula do fim em si mesmo deveres morais deveres absolutos responsabilidade moral moral deontoloacutegica vs moral consequencialista

- Exposiccedilatildeo oral (sumaacuterio e conteuacutedos a abordar) - Revisotildees da aula anterior - Correccedilatildeo dos TPC (paacuteg174) - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos para ilustraccedilatildeo dos conteuacutedos -Leitura e anaacutelise do manual - Analise do excerto do filme O Pianista (objeccedilotildees agrave eacutetica Kantiana) - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica - Marcaccedilatildeo dos TPC ( paacuteg 181)

- Manual ldquoA Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 9 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Excerto do filme O Pianista - Quadro siacutentese comparativo das eacuteticas consequencialista e deontoloacutegica

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo -Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo de excertos do manual - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

2ordf aula 2802

68

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

- Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado - Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado - Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado - Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

- A justificaccedilatildeo do estado segundo Aristoacuteteles - Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Conceitos Naturalismo aristoteacutelico estado governo autoridade famiacutelia aldeia cidade-estado vida boa

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 - do manual) - Analisar um Excerto do filme Into the Wild para avaliar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles - Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo (paacuteg204)

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Texto de apoio 21 - O estado existe por natureza Aristoacuteteles (p 204205 ndash do manual) - Excerto do filme Into the Wild

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Participaccedilatildeo ativa na leitura anaacutelise e discussatildeo do texto de apoio 21 - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

3ordf aula 1303

- Distinguir o contratualismo do naturalismo - Compreender uma posiccedilatildeo contratualista de justificaccedilatildeo do estado - Analisar e avaliar a perspetiva contratualista de Locke

- A justificaccedilatildeo contratualista de Locke - A lei natural e o estado de natureza (Lei natural lei positiva e lei divina) - O contrato social e a origem do governo Conceitos Contrato social contratualismo estado de natureza lei natural lei positiva e lei divina sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de Esquemas-siacutentese - Leitura do texto 22 ndash Os fins da sociedade poliacutetica e do governo (paacuteg 212 do Manual) - Visualizaccedilatildeo e discussatildeo de um excerto do filme O Senhor das Moscas - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquemas-siacutentese - Excerto do filme O Senhor das Moscas

Avaliaccedilatildeo formativa - Observaccedilatildeo direta - Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

4ordf aula 1503

69

Objetivos Conteuacutedos EstrateacutegiasAtividade MateriaisRecursos Avaliaccedilatildeo Aula

Compreender as criacuteticas ao contratualismo de Locke Avaliar as criacuteticas ao contratualismo de Locke

- Criacuteticas ao contratualismo de Locke - O consentimento taacutecito eacute uma ficccedilatildeo - Os contratos podem ser injustos - O contrato eacute desnecessaacuterio

Conceitos Contrato social consentimento taacutecito estado de natureza sociedade civil

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Marcaccedilatildeo de TPC

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

5ordf aula 2003

Compreender o problema da justiccedila social segundo Rawls - Compreender a teoria da justiccedila como equidade - Identificar e compreender os princiacutepios da justiccedila em Rawls - Perceber o argumento da posiccedilatildeo original

- Teoria da justiccedila como equidade de Rawls - Os princiacutepios da justiccedila - A posiccedilatildeo original Conceitos Justiccedila social justiccedila como equidade princiacutepios da justiccedila posiccedilatildeo original veacuteu de ignoracircncia

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees e correccedilatildeo dos TPC - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos atraveacutes de PowerPoint - Anaacutelise de imagens - Esquema siacutentese - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Anaacutelise do texto da pag 215-216 do manual

- Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Imagens

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo direta Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

6ordf aula 1004

Compreender e avaliar a teoria da justiccedila - Entender o princiacutepio maximin - Compreender a criacutetica de Nozick agrave teoria Rawlsiniana

- Princiacutepio maximin - A criacutetica de Nozick agrave teoria da justiccedila de Rawls Conceitos Princiacutepio da liberdade princiacutepio da oportunidade justa princiacutepio da diferenccedila princiacutepio maximin conceccedilatildeo padronizada direitos de propriedade

- Exposiccedilatildeo oral - Revisotildees da mateacuteria dada - Esquematizaccedilatildeo dos conteuacutedos - PowerPoint - Utilizaccedilatildeo de exemplos - Esquema-siacutentese - Anaacutelise do texto Redistribuiccedilatildeo dos direitos de Robert Nozick (p 223do manual) - Marcaccedilatildeo de TPC

Manual ldquo A Arte de Pensarrdquo Capiacutetulo 11 - Quadro marcadores - Caderno diaacuterio - PowerPoint - Computador - Projetor multimeacutedia - Esquema-siacutentese - Texto de apoio 25 ndash Redistribuiccedilatildeo dos direitos Robert Nozick (p 223do manual)

Avaliaccedilatildeo formativa Observaccedilatildeo directa Participaccedilatildeo - Problematizaccedilatildeo fundamentaccedilatildeo das suas ideias e opiniotildees - Postura ativa na revisatildeo e discussatildeo dos conteuacutedos - Impacto dos recursos didaacuteticos (materiais e metodologias) no ensino-aprendizagem da filosofia

7ordf aula 1204

70

ANEXO 4 ndash Exemplo de um plano de aula

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Sumaacuterio

O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Objetivos

Compreender o problema da justificaccedilatildeo do estado Entender a teoria naturalista aristoteacutelica acerca da existecircncia do estado Avaliar de forma criacutetica e pessoal a posiccedilatildeo naturalista face agrave justificaccedilatildeo do estado Compreender as objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico

Conteuacutedos

Conceccedilatildeo de estado Justificaccedilatildeo naturalista do estado para Aristoacuteteles Argumento central de Aristoacuteteles Formas de associaccedilatildeo natural do homem Ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Criticas ao naturalismo aristoteacutelico Momentos da aula Actividades Estrateacutegias

Apresentaccedilatildeo do sumaacuterio e dos conteuacutedos a abordar durante a da aula O problema da justificaccedilatildeo do estado A teoria naturalista de Aristoacuteteles para a justificaccedilatildeo do estado Criticas ao naturalismo aristoteacutelico

Dados biograacuteficos de Aristoacuteteles Questatildeo-problema Conceccedilatildeo de estado A justificaccedilatildeo aristoteacutelica do estado o estado justifica-se por si Argumento central em Aristoacuteteles Esquema siacutentese Duas ideias fundamentais em Aristoacuteteles

A natureza de uma coisa eacute a sua finalidade O todo eacute anterior agrave parte

Anaacutelise e interpretaccedilatildeo do Texto 21 O Estado Existe por Natureza ndash paacuteg 204205 do Manual

Objeccedilotildees ao naturalismo aristoteacutelico Anaacutelise de um excerto do filme Into the wild

(analisar a importacircncia da vida em sociedade para Aristoacuteteles) Revisotildees da mateacuteria dada Marcaccedilatildeo de TPC - Questotildees de revisatildeo - paacuteg 204

71

Plano de Aula -13 de Marccedilo de 2012 Eacutetica Direito e Politica

10ordm O ndash Artes Visuais ESAS Professora Claacuteudia Martinho

Materiais Recursos

Quadro canetas e apagador Caderno diaacuterio Manual A Arte de Pensar Computador Projetor multimeacutedia Powerpoint Texto 21 do manual A Arte de Pensar - O estado existe por natureza Excerto do filme Into the Wild

Conceitos

Naturalismo aristoteacutelico Estado Governo Autoridade Famiacutelia Aldeia Cidade-estado Vida boa

Avaliaccedilatildeo

De uma forma global averiguar se o aluno Sabe formular corretamente o problema em estudo Identifica compreende e avalia os principais argumentos Participa com relevacircncia filosoacutefica no debate e anaacutelise dos argumentos

Avaliar ainda A postura ativa na discussatildeo dos conteuacutedos trabalhados O impacto dos recursos didaacuteticos no ensino-aprendizagem da filosofia

72

ANEXO 5 ndash Exemplo de um material para lecionaccedilatildeo

73

74

75

76

ANEXO 6 ndash Exemplo de uma siacutentese textual

A TEORIA NATURALISTA DE ARISTOacuteTELES PARA A JUSTIFICACcedilAtildeO DO ESTADO

O problema da justificaccedilatildeo do estado [pp 201-202] A autoridade do estado eacute legiacutetima Se sim o que legitima a autoridade do estado A teoria aristoteacutelica e naturalista de justificaccedilatildeo do estado [p 202] O estado (cidade-estadopolis) existe por natureza pelo que se justifica por si A vida na cidade-estado corresponde a uma necessidade natural dos seres humanos portanto o

estado tem uma justificaccedilatildeo natural O ser humano natildeo se desenvolve isoladamente mas em comunidade sobretudo na comunidade

mais completa e perfeita a cidade-estado) Os argumentos e as ideias principais da teoria de Aristoacuteteles [pp 202-203 e 204-205] O argumento central de Aristoacuteteles P1 ndash Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades P2 ndash Essas faculdades soacute poderatildeo ser plenamente desenvolvidas vivendo na cidade-estado C ndash Logo faz parte da natureza humana viver na cidade-estado A cidade-estado eacute a comunidade mais completa e perfeita Porque eacute o fim para que todas as outras comunidades tendem conteacutem todas as outras eacute

autossuficiente e natildeo existe apenas para preservar a vida mas sobretudo para assegurar a vida boa que eacute o desejo de todos os seres racionais

A natureza de uma coisa consiste na sua finalidade A finalidade dos seres humanos eacute viver em comunidade (cidade-estado) Haacute um impulso natural dos seres humanos para passar da vida em famiacutelia para a vida em

aldeias e destas para a comunidade mais alargada e auto-suficiente a cidade-estado A cidade-estado eacute anterior ao indiviacuteduo Natildeo haacute indiviacuteduos autossuficientes e portanto fora da comunidade nem sequer poderiam existir

(Ver alegoria da matildeo separada do corpo) O ser humano eacute por natureza um animal poliacutetico Fora da cidade (polis) natildeo haacute verdadeiro ser humano uma vez que este natildeo consegue realizar a

sua natureza e ter uma vida boa fora da cidade sem a cidade apenas pode ser uma besta ou um deus

Objeccedilatildeo agrave teoria naturalista de Aristoacuteteles [p 203] P1 ndash Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute o resultado de uma espeacutecie de instinto natural (comparaacutevel com um desenvolvimento bioloacutegico sem qualquer intervenccedilatildeo da racionalidade) e assim a cidade-estado justifica-se por si mesma P2 ndash Mas a finalidade da cidade-estado eacute permitir a vida boa e este eacute um desejo racional C ndash Logo a cidade-estado eacute fruto da deliberaccedilatildeo racional (uma construccedilatildeo artificial) dos seres humanos e natildeo simplesmente de um impulso bioloacutegico ou natural A cidade-estado pelo facto de natildeo ser fruto de um mero impulso natural jaacute natildeo se justifica por si mesma Seraacute necessaacuteria outra justificaccedilatildeo

Bom estudo A professora Claacuteudia Martinho

77

ANEXO 7 ndash Exemplo de uma ficha de trabalho

Ficha de Trabalho de Filosofia ndash 10ordm O ndash Artes Visuais

Capiacutetulo 11 ndash Eacutetica Direito e Poliacutetica Marccedilo de 2012

1 Formula o problema da justificaccedilatildeo do estado

2 Que justificaccedilatildeo encontra Aristoacuteteles para a existecircncia do estado

3 Qual eacute a conceccedilatildeo que Aristoacuteteles tem da natureza das relaccedilotildees sociais e poliacuteticas

4 Aristoacuteteles defende que a cidade-estado eacute a forma mais elevada de comunidade humana Explica

porquecirc

5 O que leva Aristoacuteteles a dizer que a cidade eacute anterior ao indiviacuteduo

6 Aristoacuteteles no seacuteculo IV aC afirma que o homem eacute por natureza um animal poliacutetico Esclarece o

sentido da afirmaccedilatildeo

7 Explicita a principal criacutetica feita ao naturalismo poliacutetico aristoteacutelico

8 Considera o texto seguinte

ldquoSe o homem no estado natural eacute tatildeo livre como se tem dito se ele eacute senhor absoluto da sua proacutepria pessoa e dos seus bens igual ao maior e sujeito a ningueacutem para que fim cederaacute ele a sua proacutepria liberdade Para que fim renunciaraacute ele a este impeacuterio e se sujeitaraacute ao domiacutenio e agrave administraccedilatildeo de outro qualquer poderrdquo J Locke Ensaio sobre a Verdadeira Origem Extensatildeo e Fim do Governo Civil trad port Ed 70 1999 p 105 (adaptado)

81 Mostra como responde John Locke ao problema colocado

Orientaccedilotildees

ndash Formula o problema colocado no texto

ndash Relaciona a resposta com a teoria contratualista de Locke

82 Como se carateriza a vida do homem no estado de natureza

83 Enuncia os motivos que segundo Locke levaram o homem a trocar o estado de natureza pela

sociedade civil

9 Por que razatildeo pensa Locke que o poder poliacutetico soacute eacute legiacutetimo se tiver o consentimento das pessoas

10 Explica a criacutetica segundo a qual natildeo existe realmente consentimento taacutecito

11 Compara as propostas de Aristoacuteteles e Locke considerando o problema da legitimidade da autoridade

do estado

Bom trabalho A professora Claacuteudia Martinho

78

ANEXO 8 ndash Exemplo de uma ficha de avaliaccedilatildeo qualitativa

Ficha Formativa de Filosofia - 10ordm O Artes Visuais

Capiacutetulo 12 e 13 ndash A Dimensatildeo Esteacutetica Maio de 2012

Grupo I

1 Analisa cada afirmaccedilatildeo que se segue e indica agrave frente de cada uma se eacute verdadeira (V) ou falsa (F)

Grupo II Para cada uma das questotildees que se seguem seleciona uma que seja a alternativa correta

1 Em esteacutetica quando se fala de atenccedilatildeo desinteressada quer dizer quehellip

A AO desinteresse eacute compatiacutevel com o facto de haver interesse na obra B BO desinteresse eacute o interesse sem outros fins C CHaacute uma atenccedilatildeo sem interesse numa obra de arte D DAs opccedilotildees A e B estatildeo corretas

1 A esteacutetica eacute a disciplina que estuda os problemas relativos agrave proacutepria natureza da beleza e das artes

2 O termo ldquoesteacuteticardquo foi pela primeira vez usado em sentido filosoacutefico pelo grego Platatildeo para designar a disciplina que estuda o conhecimento sensorial

3 Baumgarten considerava que os mais perfeitos exemplos de conhecimento facultado pelos sentidos satildeo as belezas que podemos observar diretamente na natureza na arte e em outros artefactos

4 A arte apela unicamente aos oacutergatildeos dos sentidos

5 Para alguns autores a filosofia da arte ultrapassa o domiacutenio da esteacutetica

6 Um juiacutezo esteacutetico eacute a apreciaccedilatildeo ou valorizaccedilatildeo que fazemos sobre algo e que se traduz em afirmaccedilotildees como a relva eacute verde ou ldquoa relva eacute linda

7 O objetivismo esteacutetico defende que a beleza resulta do que sentimos quando observamos as coisas ou seja a beleza estaacute nos olhos de quem a vecirc

8 Os juiacutezos esteacuteticos satildeo juiacutezos de gosto pois o que estaacute em causa natildeo satildeo as propriedades dos objetos mas antes os sentimentos que estes despertam em noacutes

9 O ldquoProblema do Gostordquo debate a questatildeo de saber como conciliar o subjetivismo com a existecircncia de criteacuterios comuns de avaliaccedilatildeo

10 Para o subjetivismo esteacutetico as propriedades intriacutensecas dos objetos satildeo independentes dos sentimentos ou das reaccedilotildees de quem os observa

11 Para o objetivismo esteacutetico a beleza estaacute nas coisas e natildeo nos olhos de quem as vecirc

12 Todos os juiacutezos sobre a arte satildeo juiacutezos esteacuteticos

13 A imitaccedilatildeo pode natildeo ser uma condiccedilatildeo necessaacuteria para algo ser arte

14 Para kant a experiecircncia esteacutetica tem em vista a realizaccedilatildeo de uma necessidade praacutetica

79

2 2 Em qual dos seguintes comentaacuterios se pode encontrar um ponto de vista expressivista da arte A AAquela pintura eacute uma grande obra porque reproduz perfeitamente os tons carregados do ceacuteu antes de uma

tempestade B BEste romance eacute uma obra-prima pois a histoacuteria estaacute muito bem contada e as suas personagens satildeo muito ricas e

crediacuteveis C CO filme que acabei de ver eacute comovente D DA peccedila a que assisti natildeo eacute teatro nem eacute nada pois nem sequer tem histoacuteria

3Uma das criacuteticas apresentadas agrave teoria formalista da arte eacute que

A AHaacute arte que natildeo tem forma como a muacutesica B BHaacute obras de arte cuja forma estaacute ao serviccedilo de objetivos morais religiosos poliacuteticos e outros C CHaacute objetos de arte que natildeo se distinguem visualmente de outros que natildeo satildeo arte D DTodas as coisas sejam arte ou natildeo tecircm uma forma

4 Alguns filoacutesofos defendem que laquoarteraquo eacute um conceito aberto Isto significa que

A ANingueacutem sabe o que eacute arte B BCada pessoa tem o seu proacuteprio conceito de arte C CNatildeo haacute um conjunto fixo de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte D DO conjunto de carateriacutesticas comuns a todas as obras de arte eacute muito vasto e abrangente

Grupo III

1 Considera o texto seguinte

laquoTem-se comparado a obra de arte agrave abertura de uma janela sobre o mundo Contudo uma janela pode reivindicar toda a nossa atenccedilatildeo ou nenhuma Diz-se que se pode contemplar a vista sem nos preocuparmos minimamente com a qualidade a estrutura ou a cor do vidro Por meio desta analogia pode-se descrever a obra de arte como um simples veiacuteculo para experiecircncias um vidro transparente ou uma espeacutecie de monoacuteculo natildeo notado por aquele que o usa e usado apenas como meio para determinado fim Mas tal como podemos concentrar a nossa atenccedilatildeo no vidro e na estrutura do vidro sem repararmos na paisagem para aleacutem dele assim costuma dizer-se podemos tratar a obra de arte como uma estrutura formal laquoopacaraquo independente completa em si proacutepria e isolada por assim dizer de tudo o que lhe seja exterior Sem duacutevida que podemos olhar fixamente o vidro quanto tempo quisermos todavia uma janela fez-se para se olhar para o exteriorraquo

Arnold Hausser Teorias da Arte

a) O autor identifica as condiccedilotildees essenciais para podermos apreciar uma obra de arte Identifica-as

b) Esclarece o que entendes por experiecircncia esteacutetica Carateriza-a c) Seraacute que a arte pode ser definida Justifica

2 Sem expressatildeo de sentimentos natildeo haacute arte Concordas com esta afirmaccedilatildeo Justifica a tua resposta

Orientaccedilotildees ndash Formula o problema filosoacutefico em causa

ndash Carateriza a teoria da arte em causa

ndash Apresenta inequivocamente a tua posiccedilatildeo

ndash Argumenta a favor da tua posiccedilatildeo

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

80

ANEXO 9 ndash Exemplo de um exerciacutecio de aplicaccedilatildeo

Apoacutes observares a seacuterie de imagens apresentadas realiza com atenccedilatildeo as atividades que se seguem

1 Ao visualizares cada imagem deves completar o seguinte quadro estabelecendo a correlaccedilatildeo entre

a coluna 1 e a coluna 2 de modo a atribuir para cada imagem a carateriacutestica que melhor demonstra

aquilo que ela representa

2 Com as carateriacutesticas da imagem 2 e 5 constroacutei duas pequenas frases de modo a obteres juiacutezos

esteacuteticos

Bom trabalho

A professora Claacuteudia Martinho

Imagens

Imagem 1

Imagem 2

Imagem 3

Imagem 4

Imagem 5

Imagem 6

Imagem 7

Imagem 8

Carateriacutestica

Pobreza

Tristeza

Beleza

Harmonia

Equiliacutebrio

Feio

Elegacircncia

Alegria

81

82

ANEXO 10 ndash Questionaacuterio

No acircmbito do Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica que integra o Mestrado em Ensino de Filosofia no Ensino

Secundaacuterio da Universidade do Minho encontro-me a desenvolver uma investigaccedilatildeo relacionada com os recursos

didaacuteticos no ensino da Filosofia intitulada ldquoOs recursos didaacuteticos no ensinoaprendizagem da filosofia no ensino

secundaacuterio uma experiecircncia com alunos do 10ordm ano de escolaridaderdquo Eacute neste sentido que peccedilo a tua preciosa

colaboraccedilatildeo sincera e ponderada no preenchimento do presente questionaacuterio

Eacute importante referir que todos os dados e informaccedilotildees resultantes do seu preenchimento seratildeo tratados de forma

confidencial

Conto com a tua ajuda e desde jaacute agradeccedilo o tempo e a disponibilidade dispensados

I Caraterizaccedilatildeo sociodemograacutefica

1 Sexo Masculino Feminino

2 Idade ______

II Estrateacutegias de ensino-aprendizagem

3 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada uma das seguintes estrateacutegias de ensinoaprendizagem

utilizadas pela professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com

a legenda fornecida

Legenda 1Indiferente 2Nada importante 3Pouco importante 4Importante 5Muito importante

Estrateacutegias de ensinoaprendizagem 1 2 2 4 5

Exposiccedilatildeo oral dialogada

Discussatildeo de ideias

Exemplificaccedilatildeo (relaccedilatildeo com o quotidiano)

Questionamento

Leitura ativa

83

III RecursosMateriais didaacuteticos

4 Indica o grau de importacircncia que atribuis a cada um dos seguintes recursosmateriais didaacuteticos utilizados pela

professora estagiaacuteria ao longo das aulas assinalando com um ldquoxrdquo a tua opccedilatildeo de acordo com a legenda fornecida

Legenda 1 Indiferente 2 Nada importante 3 Pouco importante 4 Importante 5 Muito importante

5 Consideras que os recursos utilizados facilitam o processo de ensinoaprendizagem da filosofia

Sim Natildeo Natildeo sabe

6 Consideras que os recursos utilizados promovem uma aprendizagem mais motivada eficaz e aprofundada

Sim Natildeo

Natildeo sabe

7 Consideras que os recursos utilizados levam agrave promoccedilatildeo de uma cultura de liberdade de participaccedilatildeo e de reflexatildeo

Sim Natildeo

Natildeo sabe

RecursosMateriais didaacuteticos 1 2 3 4 5

Apresentaccedilotildees em PowerPoint

Manual adotado ldquoA Arte de Pensarrdquo

Textos filosoacuteficos

Fichas de trabalhoAtividades de aplicaccedilatildeo

Excertos de ViacutedeosFilmesDocumentaacuterios

Quadro

Esquemas-siacutentese

Imagens

Jogos didaacuteticos

84

IV Perfil da professora estagiaacuteria

8 Preenche a seguinte grelha tendo em conta a legenda que se segue

Legenda 1Nunca 2Quase nunca 3Agraves vezes 4Quase sempre 5Sempre

V Avaliaccedilatildeo global

9 Consideras a disciplina de filosofia essencial para desenvolver nos jovens a reflexatildeo criacutetica o questionamento e a argumentaccedilatildeo rigorosa e loacutegica

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

10 Consideras que a disciplina de filosofia contribuiu para o desenvolvimento dos teus valores (eacuteticos morais

esteacuteticos ciacutevicos democraacuteticos) do teu espiacuterito reflexivo (criacutetico e aberto) e para uma cultura mais alargada

Sim Natildeo Natildeo sabenatildeo responde

11 De um modo geral que avaliaccedilatildeo fazes das aulas da professora estagiaacuteria

Muito fraca Fraca Razoaacutevel Boa Muito boa

12 De um modo geral que aspetos positivos eou negativos apontas nas aulas dadas pela professora estagiaacuteria

Obrigada pela tua colaboraccedilatildeo

Claacuteudia Martinho

Perfil da professora estagiaacuteria 1 2 3 4 5

A professora estagiaacuteria fomentou o meu espiacuterito criacutetico

A professora estagiaacuteria deu instruccedilotildees concretas das tarefas a executar

A professora estagiaacuteria estimulou o debate entre os alunos

A professora estagiaacuteria valorizou as intervenccedilotildees dos alunos nas aulas

A professora estagiaacuteria esclareceu bem as minhas duacutevidas

A professora estagiaacuteria promoveu um bom relacionamento entre os alunos

possibilitando um ritmo de trabalho estaacutevel e progressivo

As aulas da professora estagiaacuteria foram interessantes e apelativas

  • CAPA Claudiapdf
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