Clínica de caninos e felinos

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Clínica de caninos e felinos Consultas: Sempre pesar o animal antes de entrar no consultório Primeira consulta: Vacinas, nutrição. medicamentos antiparasitários, banhos, etc. Vacinas: As disponíveis no mercado são comumente de vírus modificado, liofilizadas e de aplicação anual.( A de leptospirose foge a essa regra, sendo aplicada em animais de risco, ou em contato com ratos.) As vacinas habituais são para: Raiva, Cinomose, Parvovirose, Coronavirose, Tracheobronquite e Hepatite. A sêxtupla e a óctupla imunizam contra as mesmas doenças, mas a óctupla tem antígenos a mais. (2 ags. de traqueobronquite e leptospirose). Ambas imunizam contra todas as doenças citadas, exceto a raiva, que requer vacina anti-rábica. Garantias de boa imunização: Evitar falhas vacinais pelo cuidado na distribuidora, transporte, conservação e aplicação. A vacina deve ser conservada em temperatura por volta de 4C, no meio e fundo da geladeira. Boas vacinas têm grande carga antigênica, baixa passagem, garantindo que o efeito do vírus no organismo seja desejável. Vacinas recombinantes são de alta eficiência. Vacinas Éticas - são as vendidas somente a clínicas e hospitais veterinários e aplicadas pelo profissional. Datas de vacinações: Cães: - 45 dias: 1a dose, aplicada somente em condições especiais, como animais de canil, pouco ou não amamentados ou em contato com animais doentes. como portadores de cinomose, parvovirose e traqueobronquite. O animal ainda tem o sistema imune imaturo, e o excesso de antígenos pode levar a efeitos indesejáveis. Primeiras doses, por isso, têm poucos antígenos. - 60 dias, 90 dias e 120 dias (1a, 2a e 3a dose de sêxtupla ou óctupla). Uma quarta dose pode ser dada aos 150 dias no caso de o animal ser da raça Rotweiller, pois pode contrair gastroenterite hemorrágica se tomar apenas 3 doses. - A vacina anti-rábica deve ser aplicada 30 dias após a última dose, ou seja, aos 150 dias ou 180 dias. Importante fazer reforço anual.

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Notas em aula de Medicina VeterináriaClínica de cães e gatos

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Clínica de caninos e felinos

Consultas: Sempre pesar o animal antes de entrar no consultórioPrimeira consulta: Vacinas, nutrição. medicamentos antiparasitários, banhos, etc.

Vacinas: As disponíveis no mercado são comumente de vírus modificado, liofilizadas e de aplicação anual.( A de leptospirose foge a essa regra, sendo aplicada em animais de risco, ou em contato com ratos.) As vacinas habituais são para: Raiva, Cinomose, Parvovirose, Coronavirose, Tracheobronquite e Hepatite. A sêxtupla e a óctupla imunizam contra as mesmas doenças, mas a óctupla tem antígenos a mais. (2 ags. de traqueobronquite e leptospirose). Ambas imunizam contra todas as doenças citadas, exceto a raiva, que requer vacina anti-rábica.

Garantias de boa imunização: Evitar falhas vacinais pelo cuidado na distribuidora, transporte, conservação e aplicação. A vacina deve ser conservada em temperatura por volta de 4C, no meio e fundo da geladeira.Boas vacinas têm grande carga antigênica, baixa passagem, garantindo que o efeito do vírus no organismo seja desejável. Vacinas recombinantes são de alta eficiência. Vacinas Éticas - são as vendidas somente a clínicas e hospitais veterinários e aplicadas pelo profissional.

Datas de vacinações:

Cães:- 45 dias: 1a dose, aplicada somente em condições especiais, como animais de canil, pouco ou não amamentados ou em contato com animais doentes. como portadores de cinomose, parvovirose e traqueobronquite. O animal ainda tem o sistema imune imaturo, e o excesso de antígenos pode levar a efeitos indesejáveis. Primeiras doses, por isso, têm poucos antígenos.

- 60 dias, 90 dias e 120 dias (1a, 2a e 3a dose de sêxtupla ou óctupla). Uma quarta dose pode ser dada aos 150 dias no caso de o animal ser da raça Rotweiller, pois pode contrair gastroenterite hemorrágica se tomar apenas 3 doses.

- A vacina anti-rábica deve ser aplicada 30 dias após a última dose, ou seja, aos 150 dias ou 180 dias. Importante fazer reforço anual.

- Esquema americano de aplicação de vacinas: 3 doses de 21 em 21 dias ao invés de ser de 30 em 30 dias.

A janela imunológica dos animais pode ser diminuída com a utilização de vacinas potencializadas. A primeira dose serve apenas para neutralizar os anticorpos maternos, a segunda dose tem a primeira ação, e a terceira dá o boost.

Gatos:Doenças: Panleucopenia, Rinotraqueíte, Calicivirose.São dadas duas doses, aos 60 e 90 dias de idade. Anti-rabica deve ser aplicada também aos 150-180 dias de idade e reaplicada anualmente. Geralmente são aplicadas vacinas em locais passíveis de amputação, no caso de ocorrer carcinoma.

NutriçãoA ração fornece nutrição completa para os cães, e são organizadas em categorias. A primeira é a ração de combate, que alimenta mas não nutre corretamente. Deve-se indicar no mínimo uma ração standart (4 reais/quilo). Rações premium (7-10 reais/quilo) como Must, High Premium, Super Premium (ex: Eukanuba). Cuidado com a superalimentação. Uma quantidade pequena destas rações já fornece boa nutrição. Rações de combate são de baixa digestibilidade, o cão tem que comer mais, e produz um grande volume de fezes. Rações Super Premium devem ser indicadas, atentando para a quantidade indicada pelo fabricante. Rações terapêuticas são as de prescrição, para obesidade, diabetes, problemas renais, etc. Rações devem ser fornecidas em horários pré-determinados. Quanto mais novo o animal, mais vezes por dia. Em animais adultos, fornecer 2x por dia.

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Aparelho Respiratório

Doenças do aparelho respiratório costumam ter sintomas facilmente identificáveis e aparentes, como tosse e espirros, e dispnéias, estertoses, ortopnéia, etc.

Trato respiratório superior: Cavidade nasal, laringe e traquéia, e o Trato respiratório superior (TRI): Brônquios e pulmões.

Considerações anatomo-patológicas: o S. respiratório é o único que se encontra em contato permanente com o exterior, e por isso tem mecanismos de defesa eficientes. Está intimamente ligado com o sistema circulatório, o que acarreta risco de êmbolos bacterianos, humorais e parasitários.

Rinites: São mais frequentes no inverno, e a maioria delas são de origem viral. Em caninos jovens, os vírus são so da cinomose, parainfluenza, adenovírus canino tipo 2 e herpesvirus canino. Em gatos, é o vírus da rinotraqueíte felina e calicivirose. Causas bacterianas são variadas, causas fúngicas são mais raras (criptococcus, aspergillus) e geralmente não ocorrem em gatos. Causas parasitárias também são incomuns.

Corpos estranhos: Cães apresentam espirros agudos e irritação nasal. São compostos geralmente de material vegetal e semelhantes em radiodensidade aos tecidos circundantes. Podem ser identificados com endoscopia e removidos com pinça.

Laringites: Geralmente acompanham outras afecções do TR, como traqueobronquite. Provocam alterações no timbre do latido do animal. As alterações da mucosa revertem rapidamente quando são resolvidos os problemas adjacentes.

Paciente com tosse: Cão: Principais causas de tosse são Bronquite crônica, traqueobronquite infecciosa canina, processos inflamatórios e problemas cardiovasculares (obs: cuidado - Insuficiência cardíaca esquerda provoca edema pulmonar - animal tosse à noite)Gato: Bronquite alérgica felina a.k.a. 'asma felina' é comum no sul. Pneumonias, parasitas pulmonares (gatos têm focinho curto)

Traqueobronquite Infecciosa Canina (Tosse dos canis)Doença de caráter agudo do TR. Altamente infecciosa, atinge diversas faixas etárias e é zoonose. Fatores predisponentes são: juventude, estresse, aerosóis, produtos de limpeza. A etiologia mais frequente é Bordetella bronchiseptica, também Adenovírus canino tipo 2 e vírus da Parainfluenza canina.

Sintomatologia: Febre, conjutivite, tosse frequente (sonora), dispnéia, secreção nasal, apatia e anorexia. Deve ser diferenciada de cinomose.

Tratamento: A doença muitas vezes é auto-limitante, mas se a febre e leucocitose persistirem por mais de 10 dias, usar antibióticos. Recomenda-se também o uso de broncodilatadoresm cefalosporinas, antiinflamatórios (prednizolona 0,5-1mg/kg) e nebulização com gentamicina (2mg/kg + NaCl 0,09%)

Profilaxia: Vacinas não são de rotina. São a Bronchishield III (intranasal - 0,5mL/narina). Induz proteção efetiva 72 horas após a aplicação. E a Pneumodog, subcutânea ou Intramuscular (IM) - duas doses aos 60 e 90 dias e revacinação anual.

Bronquite Alérgica Felina (Asma felina)Representa emergência na clínica de felinos. É de etiologia desconhecida, geralmente inalação de alérgenos, como poeira, fumaça, agentes de limpeza. Os agentes se ligam à Imunoglobulina 'E', conjugadas a mastócitos, gerando reações de hipersensibilidade imediata tipo 1. A musculatura lisa da parede bronquial em gatos é mais espessa do que em outras espécies. Bronquíolos felinos são abundantes em células caliciformes e estimulação respiratória resulta em acúmulo de muco. Acredita-se que a asma seja um reflexo da hiperatividade bronquial com inflamação e contração da musculatura lisa do TR.

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Sintomatologia: Geralmente são assintomáticos, apresentam sinal em resposta ao alérgeno. Tosse acentuada e dispnéia, ascultação pulmonar ruidosa, com sibilos. Distensão do pescoço, boca aberta (aerofagia). Sintomas leves não alteram a qualidade de vida do animal. Moderadamente sintomáticos têm baixa tolerância a exercícios e tosse noturna. O diagnóstico se baseia no quadro clínico e no exame laboratorial, que apresenta eosinofilia exacerbada.

Dispnéia em gatos: Doenças cardíacas, doenças das vias aéreas, pneumotórax, hérnia diafragmática (pouco frequente), efusão pleural piotórax, doenças eritrocitárias, anemia.

Diferenciar Bronquite Alérgica Felina de Rinottraqueíte felina, que ocorre mais em jovens, relacionando-se à vacinação precária e promiscuidade. Sintomas clássicos de rinotraqueíte são semelhantes (febre, conjutivite, sons pulmonares anormais, etc) mas ela é mais comum em locais com muitos gatos.

Tratamento: O tratamento de Bronquite Alérgica Felina tem como objetivo estabilizar a função respiratória do paciente e reduzir reação inflamatória. Usa-se broncodilatadores, antiinflamatórios. Corticosteróides são bons a longo prazo, atenuam resposta inflamatória e reação de hipersensibilidade. Usa-se antibióticos para infecções secundárias (como infecção bronquial), que são frequentes.

Patogênese das infecções do trato respiratório inferior:1) Colonização por via aérea de bactérias presentes no TRI. Adesão às células ou retardo na limpeza das secreções permite a colonização. 2) Inibição do transporte mucociliar (superfície mucosa normal é coberta por fina camada de muco, propelido para a laringe a uma velocidade de 0,3-1cm/min). 3) É necessário que mais de 50% das células epiteliais ciliadas sejam destruídas para que ocorra redução no ritmo da limpeza mucociliar (infecções virais geralmente destroem mais de 50%)4) Alteração no transporte de íons no epitélio respiratório. Presença de hemolisina glicolipídica produzida por microorganismos causa alteração na condutância do cloro, resultando em secreções mais espessas e viscosas5) Estímulo da secreção mucosa

BroncopneumoniasCausas: Embólicas¹, Aspirativas², Hipostáticas ( mais frequente em animais convalescentes), gangrenosas.Sintomas: Inapetência, temperaturas elevadas, tosse, expectoração, secreção viscosa nasal bilateral, respiração superficial e abdominal, estertores respiratórios.

Edema pulmonar - Etiologia1) Diminuição da pressão oncótica plasmática: hipoalbuminose, por perda gastrointestinal (diarréia verminótica) ou nefropatia2) Sobrecarga vascular: Cardiogênica (insuficiência cardíaca congestiva esquerda) ou por hiperidratação. Em cães, é comum a insuficiência de válvula mitral, que leva à insuficiência cardíaca congestiva esquerda, levando ao edema pulmonar. 3) Permeabilidade vascular aumentada: pela ação de drogas ou toxinas, e inflamações, infecciosas ou não. 4) Outras causas: Afogamento, tromboembolismo.

Manejo de emergência no Edema Pulmonar- Oxigenoterapia: Aplicação de sedativos, se necessário, para reduzir o esforço respiratório- Broncodilatadores (aminofilina, terbutalina)- Promover diurese (furosemida)- Corticosteróides e digitalização, se for de origem cardiogênica.

Hérnia diafragmáticaDistúrbio do diafragma, permitindo entrada do conteúdo abdominal na cavidade torácica. A etiologia é congênita ou traumática. O diagnóstico é feito com radiografias torácicas. O tratamento é a estabilização do quadro ou cirurgia.

Abordagem diagnóstica do Aparelho RespiratórioExame Clínico: Ascultação, percussão.

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Exames complementares: Laringoscópio, exames de lavados bronquiais, hemograma, radiologia.

Análise citológica do líquido de lavagem bronquiolar:- Bronquite crônica: Neutrófilos com muco, associados a macrófagos e eosinófilos- Pneumonia micótica: Estruturas fúngicas intra e extracelulares e células inflamatórias (neutrófilos, macrófagos, eosinófilos e plasmócitos)- Bronquite asmática felina: Eosinofilia

Terapêutica do sistema respiratório:1) Antibióticos: Amoxicilina (22mg/kg), oral ou IM; Amoxicilina ácido clavulânico (8,75mg/kg) IM, SC2) Outras drogas: Analgésicos, antitussígenos (codeínas); broncodilatadores (aminofilina, terbutalina); descongestionantes (hidrocloreto de oximetazolina - Cl↑); Diuréticos (furosemida)

Sistema Cardiovascular

A incidência de doenças do sistema cardiovascular é maior em animais mais velhos e de pequenos porte. Alguns sinais são característicos: Cansaço, relutância em fazer exercícios, tosse seca noturna. As principais afecções têm caráter degenerativo, mas também há causas congênitas e inflamatórias. A principal consequência é a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC).

O diagnóstico deve contem o histórico, exame clínico detalhado, raio X, eletrocardiograma e ecodopplercardiografia. A avaliação do pulso em cães é feita na coxa interna.

Sinais característicos de alterações:- Alterações de pulso- Sopro- Alterações da mucosa- Arritmia- Tosse seca- Dificuldade respiratória- Intolerância a exercícios- Dispnéia- Ascite (pregueamento na coluna é sugestivo)- Aumento da silhueta cardíaca (raio X)

Baixo débito cardíaco (DC)Intolerância a exercícios físicos, uremia pré-renal (devido à congestão), edema subcutâneo, cianose (devido à deficiente circulação cutânea), arritmias cardíacas. ↓DC → Volume de sangue retido → CongestãoInsuficiência Cardíaca Esquerda → (pode levar à)→ Congestão do pulmão. (É mais fácil ICD levar a ICE do que ICE levar a ICD)

HipotensãoTaquicardia, pulso arterial mais fraco ou filiforme, tempo de enchimento capilar prolongado. Atitude deprimida (quase comatoso), intolerância ao exercício, animal fraco, com síncope.

Fatores pré-disponentes para arritmias:Cardíacos: Insuficiências valvulares¹, malformações, miocardiopatias, neoplasias, drogas (anestésicos), alterações inflamatórias.Não-cardíacos: Anemia, síndrome febril, choque elétrico, desequilíbrios hidro-eletrolíticos, uremia.

¹,² -> mais comuns

Defeitos septais atriais e ventriculares: No desenvolvimento cardíaco embrionário, átrios e ventrículos começam como uma câmara comum. Defeitos na divisão das câmaras e formação dos septos são comuns em cães e gatos. O diagnóstico baseia-se nos sinais clínicos, radiográficos (angiográficos) e ecocardiográficos. Prognóstico: depende do tamanho do defeito, mas quando vem à clínica por causa dos defeitos, é reservado a desfavorável.

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Alterações na Morfologia CardíacaDilatação Cardíaca: Aumento de volume do coração, devido ao impedimento da contração adequada. As paredes fibrilantes ficam finas, pois há aumento compensatório das câmaras cardíacas. (↑volume de sangue dentro do coração)Na dilatação, ocorre taquicardia, aumento da silhueta cardíaca ao exame radiológico. Pode-se observar o D invertido. Hipertrofia Cardíaca: Aumento do volume do coração devido ao aumento de volume de suas fibras em todos os sentidos. As câmaras podem estar diminuídas. Causas: fisiologia, estenose. (↑pressão sanguínea)Na hipertrofia, asculta-se hiperfonese de bulhas cardíacas, aumento da área de ascultação e percussão cardíacas. (desenhos p.13 caderno)

EtiologiasAfecções cardíacas congênitas - desvio, alteração de septo. Afecções do endocárdio: endocardite, endocardiose¹Afecções do miocárdio: miocardite, processos degenerativosAfecções do pericárdio: pericarditeAnemias crônicas e dirofilariose

Doenças Valvulares Adquiridas

Endocardiose¹: É a causa mais frequente de insuficiência cardíaca de cães de pequeno porte, manifestando-se quando têm mais de 7 anos. O fluxo de sangue é anormal por defeito valvular. Ocorre envolvimento da válvula mitral (62% dos casos), mitral e tricúspide (33%) ou só tricúspide (1%). Sinais clínicos comuns são sopro cardíaco, tosse seca e outros sinais gerais de insuficiência cardíaca.

Endocardite: Frequentemente bacteriana (60% gram +) como Staphylococcus spp., Streptococcus spp., Esherichia coli. O acometimentos da aorta e mitral é mais frequente (1-6%). Sinais clínicos são arritmias, infeccção sistêmica (a infeccção sistêmica é o sinal diferencial entre endocardite e endocardiose), sopro de insuficiência valvular, alterações de pulso, e outros sinais clínicos de insuficiência cardíaca.

Neoplasias: ocorrem em menos frequência nos cães.

Cardiomiopatia: Parede do coração torna-se fina e sem elasticidade. Ocorre principalmente em cães de grande porte, dos 3 aos 7 anos. Tem frequencia baixa.

Tratamentos de Doenças Cardíacas: Os 4 'D's: Dieta, Digitálicos, Diuréticos e Dilatadores devem ser usados em caso de insuficiência cardíaca. O tratamento de endocardites é feito com antibióticos: cefalosporina, cloranfenicol, amoxicilinas.

Pericárdio: Estrutura transparente em forma de cone que envolve o coração. O pericárdio possui uma camada fibrosa externa e interna, esta última dividida em pericárdio parietal e visceral. As funções do pericárdio são lubrificação, proteção contra processos infecciosos e inflamatórios adjacentes e contra dilatação exagerada.

Doenças adquiridas do Pericárdio:Hidropericárdio: Por hipoalbuminemia, hérnia peritônio-pericárdica-diafragmática. Pericardite: Infecciosa ou estéril (urêmica ou idiopática)Neoplasias: HemangiossarcomasLesões traumáticas: Hemopericárdio.

Doenças congênitas do Pericárdio: Cistos, malformaçõesConseguências: Insuficiência cardíaca congestiva direita, letargia, fraqueza e anorexia, aumento de volume abdominal, dispnéia.

Diagnóstico: Ao exame clínico, há pulso jugular positivo (o normal é não sentir), hepatomegalia e ascite, e o pulso está fraco. O raio x revela alteração da silhueta cardíaca. Fazer ecocardiografia.

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Sinais clínicos da Insuficiência Cardíaca Esquerda: Pulmões congestos e edemaciados, taquipnéia, tosse, cansaço e presença de estertores. Pode levar também a arritmias cardíacas e ICD secundária. (É mais fácil ICD levar a ICE do que ICE levar a ICD).

Consequências da ICCE: Os pulmões apresentam congestão e edema. Tosse seca ou expectoração rósea. Há hipóxia renal, uremia. Volume cardíaco diminuído. Pode haver também hipóxia cerebral

Sinais Clínicos da Insuficiência Cardíaca Direita: Congestão venosa sistêmica, derrame pericárdico, arritmias cardíacas, edema subcutâneo, congestão hepática e ascite.

Consequências da ICCD: A ICCD causa um retardo da circulação venosa sistêmica. Seus efeitos no fígado são a congestão, devido a transtornos degenerativos, aumento de volume à palpação, alterações da função hepática e ascite. Nos rins causa congestão e hipóxia renal. Além disso, o aumento do volume sanguíneo associado com retenção de água e eletrólitos pode levar a um edema, e a retenção de compostos nitrogenados, acarretando uremia. No cérebro, alterações encontradas são semelhantes às da ICCE - hipóxia cerebral. O baço pode se tornar perceptível à palpação devido à congestão. O estômago e intestinos também podem se apresentar congestos, e pode ocorrer vômitos e diarréia. De acordo com o grau da ICCD ocorre hidropericárdio, hidroperitônio e anasarca.

Diagnóstico da Insuficiência CardíacaDeve-se proceder uma anamnese com ênfase nos sinais observados pelo proprietário, observar a sintomatologia clínica através de ascultação criteriosa e radiografias do tórax. Exames complementares são a eletrocardiografia e ecodopplercardiografia. - Cão com cardiomiopatia dilatada e fibrilação atrial: grandes variações de fluxo e fluxos ausentes - ECO. - Doppler contínuo de um cão com regurgitação mitral (MR = RM) secundária à cardiomiopatia dilatada: Jato regurgitante de alta velocidade é registrado abaixo da linha-base durante a sístole. A área do jato regurgitado mitral pode ter grau I, II ou III.

Aplicação clínica do eletrocardiograma: Avaliação das alterações anatômicas, arritmias, do tratamento, prognóstico, evolução do processo e avaliações de rotina preventivas e antes de intervenções cirúrgicas com anestesia. - Ondas P com duração superior a 0,06λ indicam um átrio esquerdo aumentado. - QRS durando 0,06s indicam um aumento do ventrículo esquerdo.

Fases da cardiopatiaA cardiopatia é comum em cães grandes, entre 3 e 7 anos. 1) Animal com problema cardíaco sem insuficiência cardíaca2) Insuficiência cardíaca discreta3) Insuficiência cardíaca severa

Tratamento das Afecções CardíacasA terapia da insuficiência cardíaca visa diminuir o volume sanguíneo circulante, corrigir a vasoconstrição, corrigir o déficit de contratilidade e aumentar a sobrevida do animal. - Repouso parcial- Terapêutica dos 4 Ds (Dieta, digitálicos, dilatadores, diuréticos)

Dieta: constitui na diminuição na ingestão de sal: Dieta Especial Hills HD/ Purina CNM CV Formula ou Ração Senior (para casos mais brandos)Digitálicos: Digoxina p/ cães (0,022 a 0,055mg/kg de 12/12 horas. E para gatos, ¼ tablete de 0,125mg, de 24/24 horas; ou Lanatosídeo C (cedilanide) 7,5 a 10mg/kg de 24/24 horas. Observar reações de toxicidade, como vômitos e diarréia. Diuréticos: Furosemida (basix) em cães (2 a 4mg/kg de 6/6 a 12/12 horas) Hidroclorotiazidas (clorana) 40mg/kg de 12/12 horas para cães. Em gatos, 1 a 2mg/kg, de 6/6 a 12/12 horas.Dilatadores/Inibidores da E.C.A.: vasodilatadores, promovem aumento da sobrevida. Inalapril, disponível no nome comerical Fortektor comprimido 5 e 20mg. 0,5mg/kg 24/24 horas. Bloqueador B melhora a circulação coronariana. Dose 0,5-1,5mg/kg de 8/8h. Ou t Balcon comprimido de 30mg. Cardiopressores: para arritmias e fibrilações, dar Procainamidas - Nome comercial Procamie, 6-20mg/kg de 8/8h. Outros: Antibioticoterapia com cefalosporinas.

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Sistema renina-angotensina (deve ser bloqueado com inibidores da E.C.A.)O sistema renina-angiotensina promove vasoconstrição, através da liberação de aldosterona, que provoca retenção de sódio, potássio e água, liberação de ADH (hormônio anti-diurético), levando ao aumento da sensação de sede e possível progressão da doença cardíaca. Inibidores da enzima conversora de angiotensina promovem vasodilatação, venodilatação e diminição da aldosterona, aumentando a sobrevida de cães com Insuficiência Cardíaca Congestiva. Inibidores da ECA são mais indicados nas fases iniciais de insuficiência cardíaca pois diminuem a progressão da doença. Pacientes recebendo diuréticos devem receber também um inibidor de ECA.

Avaliação da terapia com vasodilatador:A frequência cardíaca deve estar diminuída, sem alteração ou com um leve aumento. O pulso arterial está com intensidade aumentada, o tempo de preenchimento capilar diminuído. A atitude deve estar alerta, com tolerância ao exercício melhorada ou mantida. A congestão venosa é diminuída, há menos edema pulmonar e menos dispnéia.

Controle de DirofilarioseA doença é transmitida por um mosquito que se alimenta no cão e deposita larvas na pele. deve-se eliminar as formas tissulares do verme (D. immitis) adquiridas anteriormente. Administrar Cardomec 30 dias antes do contato com o foco, durante o período e 30 dias depois.

Sistema Digestório

Sinais sugestivos de desordens gastrointestinais: vômitos, diarréias, disfagia, dificuldade de defecação, anorexia e perda de peso. No exame do aparelho digestivo deve-se considerar:1) exame funcional do sistema digestivo (salivação, alimentação, aparência e frequência de fezes)2) Exame dos órgãos em sequência lógica3) Apetite e fome, sede, preensão, salivação e mastigação, deglutição, defecação. Fazer exame de fezes, e pesquisa de sangue direto nas fezes.

Anorexia: Por lesões na cavidade oral, faringe, febreDisfagia: Por afecções na orofaringe provocando dor, obstrução mecânica ou déficit neurológico. Vômitos: Diferenciar de regurgitação, que ocorre logo após a ingestão e comida. O vômito requer o posicionamento de estender a cabeça, etc.:

Diferenciando regurgitação de vômito:- Somente o vômito é precedido por sialorréia e contrações abdominais- A regurgitação pode ser com o momento de eliminação do alimento imediato ou atrasado, e no vômito é sempre atrasado. - O alimento regurgitado é não-digerido, e o no vômito pode estar parcialmente digerido, com bile, etc. - O pH da regurgitação é neutro ou básico e o do vômito é ácido (pH < 4)

Diarréia: Observar o volume, coloração, odor, presença de elementos estranhos. Deve-se saber o tipo da diarréia. Algumas diarréias têm odores suis generis, bem característico. Diarréia com gases é viral ou bacteriana.

Distensão Abdominal: Observar se é gradual ou repentina, hábitos alimentares e de exercícios. Pode ser alimentos, gases, fezes, fluidos, ou neoplasias.

Dor Abdominal e pélvica: Abdômen agudo (em tabua, com dor intensa)

Afecções comuns:1) Cavidade Oral Estomatites, doença periodontal e neoplasias. 2) Esôfago: Esofagites, corpos estranhos, megaesôfago. 3) Estômago: gastrites, dilatação e torção gástrica (comum em grandes animais)4) Intestinos: Enterocolite, obstrução intestinal, retenção fecal.

Abordagem diagnóstica:

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1. Cavidade oral e esôfago: observar o histórico, sintomatologia. Fazer inspeção direta e indireta (com lanterna), palpação, raio X.2. Estômago: Histórico (vômito), sintomatologia clínica e endoscopia. A endoscopia visualiza as lesões e pode ser usada pra fazer biópsia. Requer treinamento. Raio X para estômago não funciona. 3. Intestinos: Inspeção, palpação, Raios X/enemas com contrastes simples e duplo. Exame de fezes e laparotomia (enterotomia) - Ultra-som não funciona para intestinos.

Doenças da Cavidade Oral- Doença periodontal, estomatites. - Doenças sistêmicas com manifestações bucais: Uremia, leptospirose, cinomose.- Doenças traumáticas: Corpos estranhos, fraturas de mandíbula e maxila. - Neoplasias: Epúlis, Papilomatose.

Doença periodontal em cães e gatosÉ uma das doenças mais frequentes em cães e gatos adultos. Dados de pesquisas revelam que 7 em cada 10 cães com idade superior a 10 anos apresentam doença periodontal. O pH elevado da saliva de cães previne a formação de cáries, porém favorese a precipitação de fosfatos de cálcio, levando à formação de tártaro. (pH do cão = 9,0; pH do homem = 6,5-7,5)Fatores pré-disponentes: gengivites, periodontites, abscessos e neoplasias. A doença periodontal tem estágios: discreta, moderada, acentuada.

Sinais Clínicos associados à doença periodontal:- Halitose¹ (sinal mais frequente)- Anorexia e dificuldade de mastigação- Ptialismo ou sialorréia- Formação de placas e cálculos- Mobilidade dentária.

Prevenção e tratamento da doença periodontal:- Escovações (o ideal é todo dia, ou 3x por semana. Ossos e biscoitos para cães ajudam)- Antibioticoterapia: Para pequenos animais, Stomorgyl 2©, para grandes, usar Stomorgyl 10©. Stomorgyl = Espiramicina + Tetronidazol; OU utilizar Spiraphar© da Virbac, 5 e 10, respectivamente. Spiraphar = Espiromicina + Dimetridazol. - Tartarectomia e outros procedimentos cirúrgicos- Dietas especiais: Ração T/D Hills.

EstomatitesInflamações da cavidade oral, que raramente indicam desordem de causa específica. Principais etiologias: doenças virais, bacterianas e micóticas, corpos estranhos, agentes químicos como pesticidas, ácidos, plantas, uremia. Tratamento: Identificação da causa primária. A terapia sintomática é geralmente mais eficaz. Limpeza mecânica da mucosa oral e língua. Uso de substâncias antissépticas, como clorexidina diluída (Periogard©) em água gelada. Antimicóticos e antibióticos tópicos, ou na forma de spray (facilita aplicação). Fonergim©, Micostatim©.

Classificação das afecções do esôfago:1) Esofagites: Primárias (raras) ou secundárias. Causas: Térmicas, ácidos, substâncias irritantes, esofagites de refluxo. 2) Corpos estranhos: Diagnóstico baseia-se no raio X.

Sintomatologia: O animal regurgita todos os sólidos e alguns líquidos. Ocorre aumento da salivação e repetidas tentativas de 'engolir a seco'. Pode ter complicações como perfuração do esôfago e pleurite. Tratamento: Remover com pinças e endoscopia. Tratar sequelas secundárias.

Causas de inflamações esofágicas: Vômitos persistentes, traumatismos, refluxo gastroesofágico. Sinais Clínicos: Halitose, disfagia, sialorréia. Tratamento: sintomático e tratamento da causa primária.

3) Megaesôfago:

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A patogenia do processo é muito discutida. Ocorre uma disfunção do sistema motor primário do esôfago, com ou sem disfunção secundária do esfíncter gastro-esofágico. Pode ser hereditária no cão e gato. Relata-se maior incidência em Pastor Alemão, Setter, cães SRD e gatos Siameses. Relata-se também o megaesôfago adquirido em algumas doenças sistêmicas que afetam o sistema nervoso ou músculos esqueléticos, como a cinomose e toxoplasmose.

Sintomatologia Clínica do Megaesôfago: perda de peso, regurgitação espontânea do conteúdo esofágico, logo após ou algumas horas após ingestão de alimentos, desidratação, distensão do esôfago cervical, podendo causar pneumonia aspiratória.

Diagnóstico: Pela sintomatologia clínica e exame radiológico simples e *contraste*. Observa-se o esôfago dilatado, deslocamento ventral da traquéia, e esôfago caudal torácico em forma de U.

Tratamento: Controle da dieta (tipo e frequencia), com elevação dos membros anteriores ao se alimentar. se não funcionar, o tratamento é cirúrgico, porém tem o prognóstico duvidoso.

Afecções do EstômagoPrincipais afecções são: gastrites (agudas e crônicas), corpos estranhos não lineares, dilatação e torção gástrica. GastritesPodem ocorrer desde o desmame até a vida adulta. Ocorre inflamação da mucosa gástrica devido a agentes agressores:1)Imprudências alimentares: Ingestão de alimento deteriorado e corpos estranhos2) Plantas e drogas (antiinflamatórios, aspirina, corticóides)

Gastrites agudas: Ocorrem geralmente devido á imprudências alimentares, uso prolongado de drogas e ingestão de substâncias tóxicas. Observar o aspecto do vômito, associando ao histórico e sintomas clínicos. Gastrites crônicas: Classificadas como erosivas (úlceras) por agentes lesivos. Atrófica, de etiologia desconhecida ou mecanismos imunomediados (mucosa gástrica se torna fina) e eosinofílica, uma resposta imune do hospedeiro a antígenos parasitários ou dietéticos, com infiltração do tecido fibroso.

Diagnóstico de Gastrite: Anamnese, sintomatologia clínica, raio X e endoscopia¹.

Tratamento de gastriteRestrição da dieta por 24-48h, retornando-se gradualmente a alimentação normal. Fluidoterapia (40-60mL/dia via parenteral). Controle do vômito com Metoclopramidas (Plasil©). Bloqueadores da secreção ácida estimulada por gastrina (antagonistas dos receptores N² das células parietais)

Cimetidina (5-10mg/kg 3-4x ao dia VO, IM, IV) Ranitidina (2mg/kg 3x ao dia VO para cães, e 3,5mg/kg 2x ao dia VO para gatos Omeprazol: usar até 4-6 semanas, não é recomendado a longo prazo.

Dilatação vólvulo-gástricaEtiopatogenia: Bactérias e carboidratos da dieta + HCl gástrico e bicarbonatos + Aerofagia = Acúmulo de gás e dilatação gástrica. Fatores desencadeantes do processo: Composição da dieta, grande volume de ingesta, relaxamento dos ligamentos gástricos (ligamentos hepatoduodenal e gástrico), raças de animais com tórax profundo, e exercício pós-prandial (após comer)

Radicais livres no complexo Dil. V/G canino: O principal ponto de ação dos radicais livres são ligaçõess sulfídicas de lipídeos, proteínas e nucleotídeos. Tecido esquêmico - Reperfusão sanguínea com lesões de reperfusão no estômago, fígado, baço, rins e coração. Agentes inibidores de radicais livres devem se utilizados dez minutos antes da descompressão, durante o procedimento e duas horas depois.

Deferoxamina (Desferal©) EV 10mg/kg Aloprurinol (Zylorec©) 2 a 10mg/kg/dia após refeições Sequestradores de radicais livres não-enzimáticos: Vit. C, E, A, beta-caroteno, e demais

"anti-oxidantes"

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Corpos estranhos gástricos não lineares: Cães são mais acometidos que gatos. Pode ocorrer vômito devido à obstrução gástrica ou irritações pelo corpo estranho. Alguns animais se recusam a comer. Fazer palpação, raio X e endoscopia. Tratamentos são a eliminação natural, remoção cirúrgica ou durante a endoscopia.

IntestinosPrincipais afecções: Enterocolites, obstruções, retenção fecal

EnterocolitesViral: Parvovirose, coronavirose, cinomose, panleucopenia felinaBacteriana: Leptospirose, salmoneloseProtozoários: Giardíase, Amebíase Coccidiose (T. gondii, Isospora)Fungos: Aspergilose (Aspergillus sp.)Helmintos: Toxocara canis, Ancylostoma sp., Dypilidium caninum.

Parvorírus canino → localização nas células da criptaContaminação fecal (filhotes)Sinais Clínicos: Diarréia sanguinolenta, vômitos, desidratação acentuada. Curso agudo. Isolamento e identificação: fezes refrigeradas e soro.Terapêutica:Restringir dieta, anti-eméticos (metoclopramida), fluidoterapia com Ringer lactato + Antibioticoterapia para afecções secundárias.

Coronavírus canino → localização nas células apicais das vilosidadesContaminação fecal (animais jovens)Sinais Clínicos: Diarreia (mais branda que na parvovirose) e vômitosIsolamento e identificação: fezes refrigeradas e soro.Terapêutica: Restringir dieta, anti-eméticos (metoclopramida), fluidoterapia com Ringer lactato + Antibioticoterapia para afecções secundárias.

Panleucopenia felinaContaminação fecalSinais Clínicos: Diarreia aquosa a hemorrágica, vômitos, desidratação leve.Terapêutica: Restringir dieta, fluidoterapia com Ringer lactato, anti-eméticos.

Cinomose → CloranfenicolContaminação: exsudatos respiratórios e secreçõesSinais Clínicos: Tosse, conjutivite, vômitos, diarreia e sintomas neurológicos.Diagnóstico: Raspado conjuntival, hemograma, soologia.Terapêutica: Antibióticos de amplo espectro, suporte, dieta controlada.

LeptospiroseContaminação: Água e alimentos contaminados por urinaSinais Clínicos: Icterícia, diarreia, vômitos. Diagnóstico: Soro, urina (microscopia de campo escuro → é inativado por urina ácida)Terapêutica: Restringir dieta, fluidoterapia, antibióticos (Dihidroestreptomicina)SalmonelloseContaminação: Fezes, água, alimentoSinais Clínicos: Diarreia aquosa com muco, vômitos, anorexia.Dianóstico: swab fecal, fezes, soro.Terapêutica: Semelhante às viroses: Sulfa + Trimetoprim.

Giardíase → zoonoseContaminação fecalSinais Clínicos: Diarréia intermitente, semi-formada e mucóide, perda de peso.Diagnóstico: exame de fezes (esfregaço ou flutuação)Terapêutica: Metronidazol (Flagil®); Desinfetar o ambiente com amônio quaternário. Vacinação (Giardevex®) a partir dos 2 meses.

Coccídios

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Contaminação: Ingestão de oocistos esporulados (alimentos)Sinais Clínicos: Diarreia mucóide (I.G.)Diagnóstico: Exame de fezes por flutuação, sorologia, pp toxoplasmose → Coletar fezes por 3 dias seguidos, 2x, com intervalo de 15 dias entre elas. Terapêutica: Sulfa + Trimetoprim, Clindamicida, Dalacin C®

Aspergilose ( + raro em cães)Contaminação: Solo, vegetação, detritos orgânicosSinais Clínicos: Diarréia aquosa (I.D. ou I.G.), (só causa diarréia quando é sistêmica) anorexia, perda de peso, rinite, necrose de corneto, despigmentação da narina, corrimento hemorrágico. Terapêutica: Tiabendazol, Cetoconazol, Itraconazol

Helmintoses (56% dos casos em filhotes, mas todas faixas etárias são acometidas)Contaminação: Meio ambiente, fezesSinais Clínicos:Diarréia, perda de peso, pêlos arrepiados e sem brilhoTerapêutica: Vermifugação (Drontal plus, Endal plus, Petzi plus, Canex, Helfine)

Infecções associadas (tríplices) por helmintos:- Ancylostoma spp. + Toxocara spp. + Dypilidium spp.- Ancylostoma spp. + Toxocara spp. + Trichuris spp.- Ancylostoma spp. + Dypilidium spp. + Trichuris spp.(Dypilidium requer presença de pulgas)

Obstruções Intestinais

Obstruções intestinais por corpos estranhosA obstrução pode ser parcial ou completa. Corpos lineares pontiagudos levam à peritonite. Sinais clínicos são vômito, diarréia, distensão e dor abdominal, perda de peso e apatia. O Diagnóstico é feito com histórico, palpação e raio X. O tratamento é a remoção cirúrgica.

Obstrução intestinal por intussepçãoCausada por motilidade intestinal anormal, devido à irritação da mucosa; parasitismo ou enterites virais/bacterianas. Sinais Clínicos: Massa cilíndrica à palpação, dor abdominal e vômitos; tenesmo. Pode ter prolapso retal (corrigir e dar vermífugo)Tratamento: investigar e remover causa primária. O tratamento cirúrgico pode ser necessário (enteroanastomose)

Retenção fecalRetenção fecal ou fecaloma resulta da mistura de fezes, ossos e pêlos não digeridos. Pode também ser causada por corpos estranhos. O animal tem históricos de dificuldade de defecação, e à palpação percebe-se uma massa firme. Diagnóstico: através do histórico, exame clínico (palpação), presença de fezes com muco ou sangue. Presença de sangue vivo indica fecaloma no I.G. Melena indica problema no I.D. Fazer raio X. Tratamento: Corrigir causa primária, dieta, uso de laxantes (nujol, "fleet enema"), fluidoterapia e, em alguns casos, cirurgia.

Parâmetros relacionando sinais clínicos com grau de desidratação→ Fazer a avaliação da elasticidade da pele na junção tóraco-lombar4%: Sem anormalidade. Falta de ingestão de água6%: Leve inelasticidade da pele, mucosas e pele secas8%: Pele sem elasticidade, tempo de reperfusão capilar acima de 3 segundos (3''). Olho profundo na órbita. Mucosa oral viscosa e seca, urina concentrada. 10-12 a >12%: Falta de elasticidade severa da pele, olho profundo, pulso fraco, convulsões, choque.

Hepatopatias e Doenças do trato biliarPrincipais Afecções: Hepatite, cirrose, tumores hepáticos, cálculos biliares

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Diagnóstico: Exames laboratoriais (FA, ALT, AST); raio X, ultrassom.Tratamentos: Deve-se cuidar da causa adjacente do dano hepático. Não há tratamento específico para lesões hepáticas, o fígado pode recuperar-se espontaneamente. Indica-se terapia de suporte. Neoplasias e cálculos biliares devem ser removidos cirurgicamente.

Dermatoses InfecciosasProf. Adriane Pimenta da Costa Val

Piodermite bacteriana: Foliculites e furunculoses, infecções bacterianas da pele→ Superficial: Foliculite - vai até a inserção do folículo piloso→ Profundo: Furunculose - atinge derme profundaAmbos têm grande gama de apresentações clínicas, lesões primárias ou podem ser secundárias. São comuns diagnósticos errôneos e tratamentos incorretos.

Colarete: Em humanos é sina de dermatofilose, de etiologia fúngica, já em animais é significativo de lesão bacteriana

Colarete (http://atlas.fmv.utl.pt/pele/pele_065.htm)

Foliculite

Etiologia: A bactéria mais frequentemente envolvida é o Staphylococcus intermedius, que é natural da flora da pele do cão. Causadores frequentes de furunculose são Escherichia coli, Protus spp., Pseudomonas spp., estes oriundos do ambiente, A Pasteurella multocida é importante em gatos.

Patofisiologia: Há alteração na integridade cutânea. Não precisa ser muito extensa. Maceração por exposição crônica à umidade. A flora bacteriana normal (que age impedindo a colonização por outras bactérias) é alterada. Há alteração também na imunocompetência do animal, especialmente de IgG A.

Infecções secundárias: 99% das vezes a infecção bacteriana será secundária a acontecimentos e doenças de base. Deve-se tratar com antibiótico e marcar retorno, avisando que a doença pode voltar, caso se trate de doença de base, portanto dar somente alta provisória.

Doenças de pele são muito comuns no cão pois ele tem extrato córneo fino, com material intercelular esparso e rico em lípides. Cães também não possuem o tampão lipídico-escamoso na abertura do folículo, tendo barreira de proteção menos eficiente. Isso se agrava se toma banho sem secar adequadamente o pêlo, ou com sabonete comum, com pH alcalino demais. Já nos gatos, tais infecções são raras.

O surgimento da doença pode ser agudo ou gradual. O prurido (coceira) é um sintoma variável. A doença pode se pruriginosa por si só ou agravada pela causa secundária. Na literatura há dados sobre a influência da raça, idade, sexo e tamanho do pelame, mas como raças de cães seguem modismos, não são considerados.

Procedimento sugerido: Se há prurido, não dar corticóide, pois os sintomas somem e a doença permanece. Trata-se a infecção bacteriana (foliculite) com antibiótico. Pouquíssimas doenças de pele são tratadas com corticóides, como a alergia atópica.

Apresentação Clínica:Foliculite: Há envolvimento generalizado do tronco. Lesões podem estar pouco evidentes ou encobertas pelo pelame. Apresenta lesões primárias e secundárias. Colarete: Lesão secundária que vem do rompimento das pápulas e pústulas, com descamação. É a lesão mais frequente da foliculite (pápulas e pústulas são lesões primárias, mas são efêmeras). O colarete pode ser completo, incompleto, hiperpigmentado, coalescente. Na citologia encontra-se cocos, diplococos e células de inflamação. Eritema: lesão primária comum, mas pouco frequente na foliculite.

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Pápulas e pústulas: Lesões primárias

Furunculose: Há envolvimento do queixo, focinho, pontos de pressão, calosidades e patas, Deve-se fazer obrigatoriamente o diagnóstico diferencial de demodicose, já que ambas doenças acometem o folículo piloso de forma profunda. Fazer raspado profundo para identificar a doença. Na furunculose, secreção serosanguinolenta é mais comum do que a secreção purulenta. Furunculose pode ser generalizada, sendo uma das poucas dermatoses que levam à morte do animal por septicemia.

Tratamento de foliculite:- Escolha empírica de antibióticos

Cefalosporinas: Cefalexina 30mg/kg de 12/12h por 20-30 dias (até 2 semanas após a cura clínica)

Amoxicilina-clavulanato (as bactérias causadoras de foliculite são produtoras de beta-lactamase, portanto deve-se associar o ácido clavulânico com a penicilina para se ter efeito)

Eritromicina (8/8h) e Lincomicina (12/12h) -> provocam vômitos, por isso a cefalosporina é preferida, quase não tem efeito colateral.

Gentamicina (cuidado com toxicidade renal) Sulfa-trimetoprim (pode causar CCS, hepatotoxicidade, depressão medular, causando

anemia e trombocitopenia)- Deve-se fazer tratamento tópico associado

Dar um banho prévio com sabão de bebê ou xampu, e depois colocar o xampu medicinal no pêlo molhado, massageando com a ponta dos dedos por 10 minutos. Xampus recomendados:

Clorexidina ( o + recomendado) - 2x/semana Peróxido de benzoíla (também é ceratolítico, podendo levar a seborréia seca.

É bom pra cão com pêlo oleoso) - 2x/semana Virbac Spherulites (não requer massagem e pode ser feito 1x por semana). O

banho tem ação antibacteriana e de remoção mecânica de debris. Não usar corticosteróides concomitantes ( causam resistência e recorrência)

Tratamento de furunculose:A escolha do antibiótico é feita com base em um teste de cultura e sensibilidade (fazer swab da secreção para o teste) Se forem isoladas 2 ou mais bactérias, fazer o teste escolhendo o antibiótico tendo como base a sensibilidade do Staphylococcus. Enquanto o resultado do teste não chega, dar Cefalexina (30mg/kg de 12/12h)- Banhos de hidromassagem: estimulam a drenagem do exsudato e remoção das crostas- Tratar por 2 semanas após a cura clínica (tempo total de tratamento: 2-3 meses)

Foliculites recorrentes:Retorno dias após o fim do tratamento: Escolha do antibiótico inadequada, utilização errada pelo proprietário ou uso de corticosteróides. Retorno meses após o fim do tratamento: Indica que a foliculite era secundária a doenças subjacentes.

Doenças que cursam sem prurido, ou em que o prurido se resolve quando o antibiótico é administrado: Demodicose e doenças hormonais. Doenças que cursam com prurido, mesmo após o uso de antibióticos: Escabiose e doenças alérgicas.

Se todos os exames e testes foram negativos e a doença permanecer → Foliculite idiopática Menos de 100 dias de antibióticos por ano: tratar somente nas crises Mais de 100 dias de antibióticos por ano:

o Pulsoterapia: ½ dose no dobro do tempo, associado a outros esquemas pelo resto da vida do animal.

o Imunomodulação: Vacina imunoestimulante que reduz as crises (não cura, e é muito cara)Imunomodulação - Staphage Lysate (SPL)1) Paciente alérgico- Teste de sensibilidade intradérmico: 0,5mL e 0,2 mL subcutâneo- Aumentar 0,2mL por semana, até 1mL, e manter a 1mL por semana durante 10-12 semanas.- Antibioticoterapia concomitante por 4-6 semanas.

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2)Paciente não-alérgico- Teste de sensibilidade não é necessário- 0,5mL SC 2x por semana, por 10-12 semanas- Antibioticoterapia concomitante por 4-6 semanas.

Pulsoterapia- Metade da dose no dobro do tempo. Dose total nos fins de semana, ou dose total 3x por semana por tempo indeterminado.

DermatofitosePatogênese: infecção por fungos dermatófitos: Microsporum canis, Microsporum gypseum, Tricophyton mentagrophytes, Epidermaphyton sp.

Sinais e áreas afetadas: Apesar de dermatofitose ser uma doença pleomórfica (de várias apresentações) lesões crostosas na face, dorso e patas são a lesão mais comum. A lesão característica é redonda, na face, semelhante a um colarete. Ornicomicose: unhas tortas e quebradiçasKírion: nódulos inflamados que denotam infecção aguda. Pode se resolver ou evoluir para lesão crostosa. No gato, a dermatofitse manifesta-se como dermatite miliar: pequenas crostas muito aderidas à pele. Rarefação pilosa também ocorre. Gatos dificilmente têm colaretes. A Dermatofitose é auto-limitante se o animal estiver com um bom sistema imune. É uma doença bastante pruriginosa.

Diagnóstico de Dermatofitose: Faz-se um raspado superficial, observa-se no exame direto com KOH os microsporos (forma vegetativa do fungo presente no pêlo). Mas o exame tem baixa especificidade, principalmente no cão. Usar lâmpada de wood (ilumina pêlos infectados com algumas cepas do Microsporum canis). Fazer cultura usando o meio DTM. Resultado positivo pra Microsporum ocorre quando o meio de cultura DTM muda de cor, de amarelo pra vermelho. Isso ocorre antes do crescimento da colonia, permitindo iniciar o tratamento rapidamente em seguida. Após o crescimento da colônia, deve-se identificar o dermatófito pela visualização do macrosporo (Dermatófitos não formam macrósporos nos tecidos) para determinar a fonte de infecção correta, importante para manejo da doença a longo prazo.

Tratamento de Dermatofitose: Tópico: Banho com xampu peróxido de benzoíla, duas vezes por semana Sistêmico: Igual o de todas as dermatoses superficiais:

Griseofulvina micronizada Cetoconazol (mais seguro) Fuconazol Itraconazol Leufenuron

A dose varia com o estado de saúde do animal, o tratemtno dura 80-90 dias. O tratamento só será interrompido após duas culturas negativas com intervalo de 20 dias.

MalasseziosePatogenia: É habitante normal da pele do gato. Infecção por Malassezia pachidermites é geralmente secundária a alergias e endocrinopatias.

Sinais: Áreas afetadas são face, patas, pinas (face interna das orelhas), pescoço ventral, abdome e perianal. O anima tem eritema, seborréia oleosa e mal cheiro (malassezia tem cheiro de chulé) e prurido MUITO intenso. Quando é crônico a pele se torna cinzenta e espessada.

Diagnóstico de Malasseziose: POr citologia, fazendo-se um esfregaço por aposição, raspado bem superficial ou mesmo usando fita adesiva. Cora-se e observa as leveduras em forma de 8.

Tratamento de Malasseziose: O prognóstico é favorável, mas as causas primárias devem ser tratadas. Cetoconazol oral Cetoconazol xampu (2x por semana) ou Clorexidina xampu.

Dermatoses parasitárias

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EscabioseEscabiose é uma doença infectocontagiosa causada pelo Sarcoptes scabiei var. canis ou pelo Notoedus cati (em gatos). A literatura afirma que é doença da infância, mas acomete todas idades, filhotinhos são somente mais expostos.

Patofisiologia: Os ácaros caminham pelo extrato córneo, cavando túneis e deixando pra trás pellets e ovinhos. Os animais têm ma reação de hipersensibilidade mediada por IgE, altamente pruriginosa, pela irritação mecânica, bioprodutos irritantes e secreção de substâncias alergênicas.

Sinais de escabiose: Escabiose se inicia com alopecia e eritema nos cotovelos, jarrete, abdome e peito. Lesões em margem de orelha, reflexo oto-podal positivo (Não é patognomônico, pois ocorre em toda doença pruriginosa). O animal se coça muito, é a doença mais pruriginosa de todas, chega a arrancar os próprios pêlos. Há também manifestações bizarras de escabiose. Escabiose crônica tem alopecia periocular e no tronco, costas, escoriações, linfoadenopatia. Cães banhados com frequência não apresentam lesões, pois o banho remove as crostas, mas continuam com o prurido.

A escabiose é uma zoonose, mas uma zoonose benigna, pois a infecção do humano com o Sarcoptes scabiei var. canis protege contra o Sarcoptes scabiei var. hominis.

Diagnóstico diferencial de escabiose: Alergia, Atopia, Malasseziose, Foliculite, Demodicose (demodicose é doença não pruriginosa, mas tem prurido intenso quando cursa com foliculite secundária). Faz-se um raspado de pele superficial bem amplo, pois o ácaro é migrante, difícil de ser encontrado. Corta-se o pêlo da área, passa a lâmina de bisturi no óleo mineral (não precisa danificar a pele, mas na maioria das vezes danifica). O encontro de 1 ácaro, ou 1 pellet ou 1 ovo já fecha o diagnóstico. Se não encontrar nada, fazer diagnóstico diferencial com resposta à terapia. A regra é: se não achou nada no raspado e há prurido, trata-se para escabiose.

Tratamento de Escabiose Ivermectina 0,2-0,4mg/kg SC ou PO por semana. Fazer 2 a 4 tratamentos. Cuidado: Pastor de

Shetland, Collie, Sheep Dog e seus mestiços não podem receber ivermectina. Salamectina (Revolution) - mais de duas aplicações Amitraz 250 ppm por 2-3 semanas (3 tratamentos) Monosulfato de tetraetiltiuran

Sabonetes diariamente banhos de imersão 1x por semana, 3 tratamentos.

Lavar bem paninhos e ambiente com água sanitária. Tratar até cessar a sintomatologia clínica Se após o final do tratamento cessar o prurido e permanecerem as pápulas, pode ser outra

doença.

Demodicose

Patogênese: É uma doença causada pela proliferação do ácaro Demodex canis. Nas primeiras 72 horas de vida a mãe transmite os ácaros para o filhotes. Eles também podem hereditariamente receber a incapacidade de controlar infecção por Demodex. Não é necessário que nenhum dos pais do filhote tenham tido Demodicose anteriormente para transmitir esta característica. No adulto, a Demodicose ocorre por imunossupressão, se tornando um círculo vicioso, pois a proliferação deste comensal na pele leva à subsequente imunossupressão parasitária. Fatores como doenças hormonais, neoplasias, diabetes, terapia com esteróides e quimioterapía podem predispor à Demodicose.

Sinais Clínicos: Os sinais podem ser academicamente divididos entre localizados ou generalizados, embora uma grande área afetada possa ser definida como lesão generalizada. A localizada é em até 5 horas. Sarna demodex é comumente chamada de sarna vermelha, pois causa eritemas. Há também descamação e alopecia, classicamente na face e nas patinhas. Pode ocorrer também edema e raramente formação de crostas.

Diagnóstico: faz-se um raspado de pele profundo, usando lâmina com óleo mineral. Em casos crônicos, quando há formação de tecido fibrosado, pode-se fazer biópsia, mas é bem raro. O resultado do raspado

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é considerado positivo quando há ovo, larva, ninfa e adulto, ou então grande quantidade de adultos presentes. Mas há casos de Demodex em que só se encontra um ácaro. Tratamento de Demodicose: A sarna demodex localizada, discreta, juvenil, pode ter cura espontânea, mas deve-se observar o

animal pra ver se evolui pra generalizada. Generalizada: Usar amitraz, selamectina ou ivermectina. Amitraz quase não é mais usado, devido ao

risco de intoxicação. Deve-se marcar bem a quantidade de produto com o proprietário, bem como o uso de luvas, máscaras, roupas cobertas (amitraz é hiperglicemiante, portanto diabetogênico). Secar o animal à sombra,sem usar toalha (use secador)

Ivermectina 600 microgramas/kg VO/dia ou injetar na boca do cão. O tratamento dura 6 semanas. Faz-se então o primeiro raspado. O término do tratamento é feito após 2 raspados negativos intervalados de 15-30.

Prognóstico do cão com Demodicose varia com a idade e o tipo da doença. Jovem localizada (melhor que) Jovem generalizada > Adulto localizada > Adulto generalizada. A pododemodicose sozinha é de difícil tratamento. Animais adultos têm demodicose por imunossupressão ou porque tem demodicose subclínica desde filhote, que agravou-se recentemente.

Dermatoses Alérgicas

A sintomatologia de dermatoses alérgicas pode variar. Pacientes com lesões pápulo-crostosas, eritema e paciente que se coça sem lesões, o típico alérgico. Deve-se fazer a anamnese para avaliar a presença e intensidade do prurido, para saber se o prurido é patológico. Manifestações do prurido podem ser: lamber, roçar, morder-se, esfregar-se.

Localização do prurido: Possível diagnóstico

Pina e otite externa: Atopia, alergia alimentar, parasitas e pênfigo foliáceo.Cabeça/face: Atopia, dermatofitose, hipersensibilidade a insetos, pênfigo foliáceoPatas: Atopia, alergia alimentar, traumas e pênfigo foliáceoBase da causa: Dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP)

DAPP (dermatite alérgica à picada de pulgas)

Reação de hipersensibilidade à antígenos presentes na saliva da pulga, com ou sem evidência da pulga e seus dejetos. Uma infestação por pulgas é identificada como grande quantidade de pulgas ou seus dejetos, com ou sem DAPP. Na DAPP, um hapteno de pequeno e 2 e grande peso molecular iniciam a reação alérgica. Alérgeno de peso molecular elevado forma o antígeno completo que se liga ao colágeno da pele, iniciando a reação de hipersensibilidade. Componentes semelhantes à histamina estão presentes na saliva da pulga. Animal com exposição contínua à pulga tem a doença de forma frequente, podendo ser confundido com animal qe tem a doença intermitente. Qualquer raça de cão ou gato é acometida. O animal deve ter mais de 6 meses de idade, para permitir contato com o Antígeno por tempo suficiente para ter uma reação de hipersensibilidade. O animal mais novo tem somente infestação por pulgas. A média da idade de surgimento é entre 3 e 6 anos, mas acomete qualquer idade. A severidade da reação pode depender da sazonalidade da exposição. Encontrar pulgas e dejetos auxiliam no diagnóstico, mas não são essenciais. Animais muito sensíveis têm manifestação grave com pequena exposição.

Sinais clínicos de DAPP: Área triangular na regiao lombossacra caudal dorsal, parte caudal das coxas. A lesão primária é a pápula, lesões secundárias são alopecia, descamação, ...(?) Foliculite secndária pode ocorrer, mas ocorre com mais frequência na alergia atópica e alergia alimentar. Na região lombossacral é onde os receptores do antígeno são mais presentes, daí a localização das lesões. Inicia na intersecção da cauda e se estende cranialmente e para as pernas. Em casos mais crônicos há hiperplasia e consequente formação de dobras na pele, predispondo a dermatite por dobras.

Em gatos os padrões são variados. O acometimento inicia na região lombossacral caudal dorsal, podendo acometer pescoço e cabeça, mas pode apresentar-se com frequência igual à dermatose miliar na dermatofitose (crostas muito agarradas na pele)

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Diagnóstico diferencial de DAPP: diferenciar de alergia alimentar, alergia atópica, escabiose e reações de queratinização. Testes diagnósticos são a erradicação de pulgas do animal e do ambiente, que também são o tratamento.

Tratamento de DAPP: Erradicação de pulgas do ambiente: Capstar a cada 12 dias (ataca adulto e ninfa) - via oral Program 1x ao mês por toda a vida (ataca larva e ovo) - via oral

O diagnóstico se confirma com a erradicação. prognóstico é excelente, mas não há cura definitiva. Paciente sem lesões: Suspeitar de atopia ou hipersensibilidade alimentar

Hipersensibilidade alimentarDoença pruriginosa, não sazonal, relacionada com a ingestão de uma ou mais substâncias. Sua patogênese não é bem compreendida, envolve reações imediatas e/ou tardias. Antígenos glicoproteícos são ingeridos e apresentados antes ou depois da digestão. A sensibilização ocorre na mucosa gastrointestinal. É a terceira doença pruriginosa mais comum no cão. Pode mimetizar outras hipersensibilidades, principalmente atopia. O animal coça a face, patas, axilas, pinas, abdome e área perianal e mordisca os coxins. Animal com hipersensibilidade alimentar apresenta pouca resposta a corticosteróides. Literatura antiga cita sinais gastrointestinais, mas é difícil que sejam um sinal. pois não é intolerância alimentar. A idade de surgimento pode ser qualquer uma, inclusive faixas extremas (A partir de 3 meses).

Sinais clínicos de hipersensibilidade alimentar e atopia são os mesmos: Escoriações causadas por prurido, eritema intenso na boca e espessamento dos lábios, pêlos ferruginosos em animal branco, pois lambe patinhas.

Diagnóstico de hipersensibilidade alimentar:Dieta de eliminação: uma proteína e um carboidrato por vez a que o paciente não tenha sido exposto anteriormente, por 4 a 13 semanas, para melhorar os sintomas. Cães são alérgicos a produtos de origem bovina, aves e suínos. Fornecer proteína como carne de peixe, rã ou coelho. Cozinhar em uma vasilha com água. O carboidrato é arroz ou batata. (3 partes de carboidrato para 1 parte de proteína), na mesma quantidade da ração que ele come. Não oferecer nenhum outro alimento, exceto uma fruta por dia para animal que esteja acostumado. Não usar ração hipoalergênica para diagnóstico. No início da dieta, dar 10 dias de prednisona para reduzir a coceira e melhorar o apetite. Cuidado com antígenos escondidos, como por exemplo o óleo usado para cozinhas. O animal que é alérgico terá uma melhora dos sintomas neste período. Após esse tempo faz-se o desafio: oferece novamente a ração anterior. Se o animal voltar a coçar, o diagnóstico está definido. Se não coçar, é atopia sazonal. De cada 20-25 animais, um tem alergia alimentar.

Tratamento de hipersensibilidade alimentar: Dietas comerciais Hills, Pedigree Sensitive, Eukanuba e Purina hipoalergênicos. Dietas caseiras

AtopiaPredisposição a tornar-se alérgico a substâncias normalmente inócuas: pólens, poeiras, ácaros domésticos, epitélio e mofo. Os animais sensibilizados pelos alérgenos ambientais produzem IgE, que se ligam aos receptores de mastócitos e em uma segunda exposição ou absorção percutânea degranulam os mastócitos. Degranulam histaminas, enzimas proteolíticas, citocinas e outros mediadores químicos. Estima-se que 3-15% da população canina tem atopia. É a segunda doença pruriginosa mais comum no cão. (A primeira, mais prevalente, é alergia a pulga) Acomete qualquer raça, mas há predisposição genética familiar. Inicia quando o animal tem 1 a 3 anos, percebida em média de 3 a 6 anos. A atopia tem resposta temporária aos corticosteróides. O início é discreto e gradual, e a doença de agrava com o tempo.

Sinais clínicos de Atopia:PRURIDO: Áreas mais afetadas são os espaços intedigitais, corpo e tarso, focinho, área perianal, axilas, virilhas e pinas.

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Lesões: pêlos partidos, coloração alterada pela saliva, pápulas, crostas, alopecia, hiperpigmentação e liquenificação, seborréia seca e oleosa, hiperidrose (suor) e escoriações. Otite externa reicidivante. O animal pode ter lesões causadas por coceira inclusive na córneaInfecções bacterianas e por leveduras são bastante frequentes. devido à sensibilidade da pele canina, que é 'incompleta', facilitando a adesão por Staphilococcus e Malassezia.

Diagnóstico de Atopia: Identificação de alérgenos (pólen, ácaro de poeira, esporos de mofo, epitélio) através de testes sorológicos ou intradermoreação.mAs somente teste sorológico está disponível no país. O diagnóstico da presença de Atopia é feito através da eliminação da DAPP e alergia alimentar.

Tratamento de AtopiaImunoterapia, uso de corticosteróides Prednisona ou Metilprednisona pela manhã. A dose inicial é igual. Reduz a dose em 25% a cada 4-7 dias para acertar a dosagem. Antihistamínicos são utilizados como auxiliares dos corticosteróides: Clorfeniramina (Polaramine), Difinidramina (Benadryl), Hidroxizine, Climastina** (Agasten)Drogas alternativas:- Banhos frequentes- Ácidos graxos Omega 6, Omega 3 (5 O6: 1 O3) competem com o ácido araquidônico, auxiliando na produção de leucotrienos 'menos inflamatórios'. - Antidepressivos tricíclicos - Amitriptina (dá sonolência)- Ciclosporina (caro, mas eficiente, dar junto de refeições) 5mg/kg/dia por 30 dias, depois a cada 48h, depois 2x por semana. No começo, pode reduzir a dose e usar associado com o cetoconazol.

Aspectos clínicos das afecções do sistema urinário

Prof. Júlio César Cambraia Veado ([email protected])

O sistema urinário é responsável pela excreção de produtos residuais do organismo. É fator importante na conservação da homeostase: Regula o equilíbrio da H2O, pH, pressão osmótica, níveis eletrolíticos, concentração de muitas substâncias.

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Microanatomia e fisiologia do néfron: O néfron é a unidade estrutural e funcional dos rins. Composto por :Glomérulo, cápsula de Bowman, túbulos contorcidos proximal e distal e alça de Henle.

CORPÚSCULO DE MALPIGHI: É o maior lugar para a filtração de líquidos do sangue. 1700 l de sangue passam pelos rins/dia - 180 litros se transformam em filtrado glomerular - 1 litro em urina

Distúrbios do trato urinário inferior

PROCESSOS INFLAMATÓRIOS - Principal distúrbio do T.U.I. - Pode ou não estar associada a bactérias ETIOLOGIA: Causada com freqüência por processos irritativos, urolitíases, neoplasias CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:Polaciúria (aumento da freqüência de micção)Disúria (dificuldade de urinar)Estrangúria (aumento do esforço de urinar)

Exame clínico: bexiga aumentada de volume, parede espessa com ou sem urólitos. A palpação deve ser feita com a bexiga cheia e vazia No caso da urolitíase: cateterismo diferencia e identifica a obstruçãoExame complementares: Rx simples e com contraste, Ultra-som, urinálise, cultura. Os distúrbios do trato urinário inferior são secundários a outros problemasNas obstruções, em geral, a correção é cirúrgica: fibroses, cálculos (próximos ao osso peniano), fraturas. Nas fêmeas as obstruções são raras. Machos têm ureteres com 10 a 35 cm de comprimento (0,6 a 0,9 cm Æ). Já fêmeas, 7 a 10 cm (0,5 cm Æ)

Urolitíase em cãesObservada quando há condições para a cristalização dos sais e formação de urólitos. Baixa prevalência - 1 a 2 %. Urólitos de: estruvita, oxalato de cálcio, urato, silicatos, cistina e mistos.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Dependem do número, tipo, localização. A maioria se localiza na bexiga: Sintomas de cistite: hematúria, polaciúria, disúria, tenesmo (espasmo doloroso do esfincter - anal ou vesical - com forte desejo de defecar ou urinar, com eliminação de mínima quantidade de fezes ou urina), estrangúria com micção gota a gota. Urólitos renais: Assintomáticos ou com hematúria e pielonefrite crônicaUrólitos ureterais: animais apresentam hematúria, obstrução unilateral, hidronefrose, dor.

DIAGNÓSTICO:Histórico e exame físico- Urinálise - Inflamação e infecção do T.U. (hematúria, piúria, aumento do número de células epiteliais e proteinúria) - O pH depende do tipo de cálculo. - Cristalúria depende da concentração, pH e temperatura.

PODE EXISTIR CRISTALÚRIA SEM URÓLITOPODE EXISTIR URÓLITO SEM CRISTALÚRIA

- Rx simples e com contraste

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- Ultra-som

TRATAMENTO:1. Alívio de qualquer obstrução e descompressão da bexiga

- Passagem de cateter- Cistocentese- Deslocamento do cálculo por hidropulsão- Extração por procedimento cirúrgico- Uretrostomia de emergência

2. Fluidoterapia: Restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico3. Indução da diurese: densidade específica da urina, concentração urinária de sais calculogênicos

Infecções do trato urinário inferior (I.T.U.I)Ocorre com mais freqüência em cães do que em gatos. As infecções bacterianas são mais comuns e as fúngicas e virais, mais raras.

ETIOLOGIA: Os agentes bacterianos mais comuns são: Echerichia coli , Staphylococcus , Streptococcus , Proteus e Klebsiella. Podem ser vistas infecções mistas- A maioria das ITUI bacterianas é causada pela flora cutânea ou intestinal normal ascendente.- A urina é, freqüentemente bacteriostática ou bactericida.- pH, altas concentrações de uréia e ácidos orgânicos reduzidos inibem crescimento bacteriano.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:- Polaciúria, disúria, estrangúria, hematúria.- Urinálise - alcalina, leucocitúria, proteinúria (pós-renal), bacteinúria, TRÍADE: proteinúria, leucocitúria e bacteinúria sem presença de cilindros.

DIAGNÓSTICO:- Histórico e exame clínico- Urinálise- Cultura e antibiograma

TRATAMENTO:A terapia com antibióticos é a base do tratamento.Agentes patógenos

• Escherichia coli (45%) - Gram -• Staphylococcus sp. (12%) - Gram +• Proteus sp. (10%) - Gram -• Klebsiela sp. (10%) - Gram -• Enterobacter sp. (8%) - Gram -• Streptococcus sp. (5%) - Gram +• Pseudomonas sp. (3%) - Gram -

Substâncias de escolha para o tratamento• Antibiótico: Cefalosporinas, amoxicilinas, ampicilinas• Quimioterápicos antimicrobianos: Sulfonamidas, quinolonas.

Sem a ajuda de um teste de sensibilidade bacteriana aos antibióticos pode-se considerar como escolha:E. coli - Sulfa-trimetoprim, gentamicina, cefalexinaProteus - Sulfa-trimetoprim, gentamicina, cefalexina, ampicilinaStaphylococcus - Sulfa-trimetoprim, gentamicina, cefalexina, ampicilinaStreptococcus - Sulfa-trimetoprim, gentamicina, cefalexina, ampicilinaEnterobacter - Sulfa-trimetoprimKlebsiella - CefalosporinaPseudomonas - Tetraciclina

Se não se conhece o tipo de bactéria, o tratamento deve-se basear nas características da coloração de gram. Gram positivas - ampicilinas e amoxicilinas. Gram negativas - sulfa-trimetoprim. O tratamento deve durar de duas a três semanas. Outro antibiótico eficaz contra E. coli, Klebsiella, Pseudomonas e Staphylococcus são as Quinolonas.

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Doenças do trato urinário inferior dos felinos (FLUTD) ETIOLOGIA: Idiopática (60%) Tampões uretrais (Precipitados de matriz colóide) (22%) Urolitíase (22%)Infecções virais ou bacterianas

SINAIS CLÍNICOS:- Hematúria- Disúria (dor ou dificuldade de urinar)- Polaciúria ( da frequência em pequenas quantidades)- Presença ou não de obstrução uretral2 categorias: - Ausência de cristalúria por estruvita (fosfato de amônia magnesiana) e ou urólitos de estruvita.- Presença de cristalúria e urólitos de estruvita.

CARACTERÍSTICAS:- Atinge tanto machos quanto fêmeas- Menos de 1 % dos gatos têm - Representa 4 a 10 % dos atendimentos- Predisposição - gatos que vivem dentro de casa- Idade de 2 a 6 anos de idade- Chance de 30 a 70 % de recidiva- Complicação: pielonefrite ascendente

Fatores predisponentes:- Alimentos ricos em cinzas- Alimentos ricos em magnésio- Alimentos secos ( Grande perda de líquido pelas fezes - diminuição do volume urinário - aumento da concentração de Mg)- Diminuição da freqüência urinária- pH alto (estruvita é solúvel em pH 6.4 - pH acima de 7.7 é fator para cristalúria e inflamação)

Cistite bacteriana por micoplasma irritativa, neoplasias, traumatismos, urólitos de oxalato e outros, processos extraluminais, divertículos vesicouracais - podem “imitar”os sintomas da FLUTD.

Infecções do trato urinário superior (I.T.U.S.) dos felinosETIOLOGIA:A mais comum é a glomerulonefrite, considerada a principal causa de insuficiência renal. Outras causas: amiloidose renal, nefrites, pielonefrites. A maioria das glomerulonefropatias é mediada por mecanismo imunológico: Deposição de complexos antígeno-anticorpo nos glomérulos

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:Os sintomas estão associados a gravidade da doença.- Proteinúria ligeira - letargia, perda de peso3,0 e 1,5 mg/dl- Proteinúria acentuada - atrofia muscular grave < 1,5 mg/dl : edema e ascite- A persistência de proteinúria (> a 3,5 mg/kg/dia - ++) resulta em sintomas clínicos de síndrome nefrótica: proteinúria significativa, hipoalbuminemia, ascite, edema e hipercolesterolemia.

DIAGNÓSTICO:Histórico, exame físico e urinálise- Urinálise: Proteinúria (a partir de 300 mg/dl - ++) sem hematúria ou leucocitúria.- Leve diminuição da densidade- Plasma: azotemia (presença de concentrações anormais de nitrogênio não proteico (uréia, creatinina e ácido úrico) no sangue, plasma ou soro.

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TRATAMENTO:- Correção de processos patológicos primários, como Leishmaniose, ehrlichiose, etc... (formam imunocomplexos)- Drogas imunossupressoras :Corticosteróides - Prednisona (Meticorten)0,5 mg/kg/b.i.dCiclofosfamida - (Genuxal - Asta Médica “antineoplásica)50 mg/m2/s.i.dAzatioprina - (Imuran - Glaxo Wellcome “imunossupressor)50 mg/m2/s.i.d ou em dias alternados. Verificar a literatura - grande variedade de tratamento de acordo com a causa primária.

Insuficiência renalAgudaResultado da diminuição da função renal, causada, em geral, por uma agressão de origem tóxica ou isquêmica sobre os rins, horas ou dias após a agressão. Ela se manifesta quando cerca de 2 a 3 quartos dos néfrons, de ambos os rins, param de funcionar. AGENTES NEFROTÓXICOS ( interferência nas funções) : Aminoglicosídeos, tetraciclinas, anfotericina B, acetaminofen, chumbo, mercúrio, cromo, pesticidas,herbicidas. CAUSAS DE ISQUEMIA( reduzida nutrição e hipóxia renal): desidratação, hemorragia, hipovolemia, hipotensão, hipo/hipertermia, traumatismos.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:Sinais inespecíficos: Letargia, depressão, anorexia, vômito, diarréia e desidratação. Ocasionalmente: respiração urêmica, úlceras na mucosa oral e aumento do volume dos rins.

DIAGNÓSTICO: Confirmado pela associação dos achados clínicos e laboratoriais.- Azotemia com ou sem isostenúria

(Concentrações anormais de nitrogênio não protéico no sangue)( Urina com densidade e osmolaridade similar à do plasma)Creatina - 0,5 -1,5 mg/dlUreía - 5-28 mg/dlDensidade - 1.015-1.045 (1.025 - cães)

1.020-1.040 (1.030 -gatos)

TRATAMENTO:- A IRA é, freqüentemente, iatrogênica, sendo a prevenção o melhor “tratamento”.- Numa fase inicial, as medidas terapêuticas podem reduzir a agressão impedindo o desenvolvimento

da IRA.- Uma vez instalada a IRA tem-se lesões tubulares e disfunção dos néfrons. As lesões tubulares

podem ser reversíveis se a membrana basal tubular estiver intacta e se estiverem presentes células epiteliais viáveis.

- Se houver suspeita de lesão renal, todas as drogas, potencialmente nefrotóxicas devem ser suspensas.

- vômito, lavagem gástrica e adsorventes intestinais.- Produção ideal de urina - 1 a 2 ml/kg/horaO objetivo do tratamento da IRA é: “PERMITIR TEMPO PARA A CORREÇÃO DAS LESÕES”: Correção das alterações hemodinâmicas renais e atenuação do desequilíbrio hidroeletrolítico. Resposta positiva do tratamento: aumenta TGF, aumenta Produção de urina.

A indução da diurese facilita o tratamento - diminui as concentrações de uréia e potássio, evitando hidratação excessiva.Hidratação forçada e aplicação de diuréticos: Furosemida (Lasix - Hoechst) 2,5 a 5,0 mg/kg/s.i.d. ou b.i.d. * A oligúria é comum na IRA

- As necessidades calóricas devem ser dadas através dos carboidratos sendo que as dietas devem ser pobres em proteínas.- A hemodiálise pode ser empregada, principalmente nos casos de:

- Superhidratação- Eliminação do tóxico- Diminuição da azotemia

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CrônicaETIOLOGIA: Difícil determinação - glomerulonefropatias, neoplasias, agentes nefrotóxicos, isquemias, processos inflamatórios infecciosos, cálculos renais, leptospirose, idiopáticos, etc.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:Lesões são, geralmente, irreversíveis - cicatrização e fibroseOcorre num período de semanas, meses ou anos, sendo causa de morte em cães e gatos.Ocorre hipertrofia compensatória dos néfrons - não suficiente para manter a função renal adequada.A reserva renal (percentual de néfrons necessários para manter a função renal normal) é de mais de 50 % em cães e gatos.- Os sintomas são relativamente brandos para a magnitude da azotemia- Perda de peso, poliúria (compensatória a diminuição da capacidade de concentrar urina), polidipsia, caquexia, anemia arregenerativa (diminuição da produção de eritropoetina).

TRATAMENTO:- Raramente causa melhora da função renal.- O tratamento adequado pode atenuar a gravidade dos sinais clínicos. - Estimular a polidipsia dando água à vontade para o animal.- Os quadros de desidratação (anorexia, vômito ou diarréia) devem ser revertidos prontamente.- A redução da ingestão protéica dietética é a base do tratamento da IRC, permitindo que o paciente viva mais confortavelmente, com função renal reduzida. A redução do nível de proteína leva á redução da concentração sérica de uréia e fósforo, reduzindo a gravidade dos sintomas e a mortalidade da doença.

Necessidades protéicas, mínimas para cães e gatosCÃES : 2,0 a 2,2 g/kg/diaGATOS : 3,3 a 3,5 g/kg/dia

- Alfa-cetoanálogos- Hemodiálise- Quelantes de fósforo- Eritropoetina recombinate humana

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IRA- Ocorre dentro de horas ou dias,- Rins aumentados,- Boas condições corpóreas- Sintomas clínicos graves- Hipercalemia- Acidose metabólica grave

IRCOcorre em semanas, meses ou anos- Rins pequenos- Perda de peso, caquexia- Sintomas clínicos brandos- Azotemia marcada- Poliúria, polidpsia