Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista...

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António José de Oliveira Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII Volume I I Tese de Doutoramento em História da Arte Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto Orientador cientifico: Professor Doutor Manuel Joaquim Moreira da Rocha Dezembro 2011

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António José de Oliveira

Clientelas e Artistas em Guimarães

nos séculos XVII e XVIII

Volume I I

Tese de Doutoramento em História da Arte Portuguesa apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Orientador cientifico:

Professor Doutor Manuel Joaquim Moreira da Rocha

Dezembro 2011

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SUMÁRIO

Introdução……………………………………………………………………………….3

Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira……………………………………………….4

Convento de São Francisco …………………………………………………………....23

Convento de São Domingos ………………………………………………………...…27

Convento de Santo António dos Capuchos…………………………………….............38

Convento de Santa Marinha da Costa ……………………………………………….....41

Convento de Santa Clara……………………………………………………….............67

Convento do Carmo……………………………………………………………........... 78

Convento de Santa Rosa de Lima……………………………………………………..106

Convento da Madre de Deus………………………………………………………….127

Misericórida………………………………………………………………………….. 132

Ordem Terceira de São Domingos…………………………………………………... 215

Ordem Terceira de São Francisco…………………………………………………….219

Câmara ………………………………………………………………………………..231

Confrarias e Irmandades……………………………………………………………...236

Particulares…………………………………………………………………………....333

Diversos……………………………………………………………………………….428

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Introdução

Neste volume integramos o resumo de 190 documentos na sua maioria integrantes

nos livros de notas do fundo notarial e da Colegiada do Arquivo Municipal Alfredo

Pimenta. Integramos igualmente diversos contratos de obra, nas suas diversas

tipologias, do Arquivo da Santa Casa da Misericórdia, bem como dois documentos do

Arquivo Distrital do Porto. Para cada contrato de obra elaboramos um esquema regular,

que poderá sofrer algumas alterações, conforme a natureza do contrato notarial e o tipo

de informação que contém. Os documentos estão ordenados por encomendador, por

tipologia e ordem cronológica, seguindo-se o sumário tabeliónico, o artista ou artistas

que trabalharam em parceria, o encomendador, um resumo da obra, a quantia, forma de

pagamento, o prazo de execução, os fiadores, as testemunhas presentes na redação do

ato escrito e a fonte arquivística.

A numeração é seguida, independentemente dos diferentes núcleos de pesquisa,

para facilitar a consulta e a inerente transposição para o volume I. Adoptamos as normas

de transcrição propostas pelo Padre Avelino de Jesus da Costa1.

Algunss dos documentos aqui transcritos já o sido publicados anteriormente,

alguns na íntegra e outros parcialmente, para tal fizemos menção no vol. I, sempre que

nos referimos aos documentos.

1COSTA, Padre Avelino de Jesus da - Normas gerais de transcrição e publicação de documentos e textos

medievais e modernos, sep. das "Actas do V Encontro de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas

Portugueses", Braga, Oficinas Gráficas da Livraria Cruz, 1977.

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Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira

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Pedraria

Documento I

DATA: 1699.Jan.11.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que faz o Reverendo Cabbido com Andre

Machado mestre de pedraria“.

ARTISTA: André Machado, mestre de pedraria, morador no lugar da Fonte, freguesia

de São Romão de Arões, termo de Guimrães.

ENCOMENDADOR: Cabido da Colegiada de Guimarães.

OBRA: Feitura de umas escadas “pera a serventia do coro da dita Real Collegiada de

Nossa da Oliveira que sera tudo na forma da trasa que elle asinou e apontamentos

tambem por elle asinados e aqui declarados a saber a cornija sera a mesma que esta na

parede da igreja pera correspondencia da mais obra della a degraos da escada serão

de oito palmos e meio de largo livres e o mais que puder ser e de alto terão os degrãos

tres coartos de palmo e de paço tudo o que puder ser e pella parte do norte levara hum

baçel que faça meo corrimão pella parte de dentro da parte de fora e pella parte de

dentro da igreja sera de arcos como na traça piquena se mostra que elle asinou com o

Reverendo Arcediago e o Conigo João Vas Silveira e o corrimão sera de ferro por

conta da fabrica como tambem as grades de ferro das frestas que hao de ser robadas e

bem largas (...) a cal e saibro que necessaria for pera a dita obra (...) sera amaçada

por conta do mestre e escorar o coro? do orgão como tambem o emadeiramento que

oie esta e tendo necesidade levantallo ou baixallo sera conta da fabrica (...) telhar e

armar e sendo necesario levantar a parede de fora a respeito da jenella sobre a porta

(...)por conta aquelle lanço tudo sera por conta do mestre e pera esta obra toda se lhe

dara toda aquella pedra que esta a maes cada e paredes velhas e a mais que

necessaria for pera a dita obra elle dito mestre sera obrigado a polla por sua conta, e

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estas paredes serão de alvenaria em ordem pera pegar a cal do azulejo pera a parte da

igreja e dentro da escada e de fora sera na forma da parede que velha e o pavimento da

porta que ha de estar em sima da escada pera a serventia do coro ha de ser ao nivel da

porta do coro pera que tudo fique hemthe a genella que ha de ficar sobre a porta nova

travessa e a genella que fica sobre a porta travessa tera de alto des pera onze palmos

(...) e por antre as paredes da dita escada levara huma fiada pello meo de pedra des o

principio athe o fim por baixo dos escalleirois pera mais segurançae diante da porta

traveça da parte de fora hum patio de pedra com seus escalleiros de doze palmos (...)”.

QUANTIA: 410$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em quatro pagamentos: “a saber no principio da obra

sem mil reis e os duzentos pello tempo adiante e os sento e dez no fim da obra feita e

examinda pella traça e apontamentos”.

FIADOR: António de Andrade, escultor, morador nesta villa

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a quoal obra sera feita e acabada athe os santos muito

bem segura e forte e de seus aliserces a coal aruinando ce dentro de sindo annos elle

mestre a tornara a fazer a sua custa e risco”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Clautro de Nossa Senhora da

Oliveira, casas do Reverendo cabido.

TESTEMUNHAS: Jerónimo de Freitas, familiar de Domingos de Freitas e Sebastião

da Silva, oficial do Cabido.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., C-950 A , nota da Colegiada, fls.6-7 v.

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Documento II

DATA: 1771. Fev. 14.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de huma obra que faz Pedro

Lourenço ao Illustrisimo Cabbido desta villa de Guimarais”.

ARTISTA: Pedro Lourenço morador na rua do Espírito Santo (Guimarães).

ENCOMENDADOR: Cabido da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira.

OBRA: E

xecução do acréscimo da capela-mor da Colegiada segundo dois riscos e plantas e

apontamentos apresentados pelo Cabido da Colegiada. Nos apontamentos enunciados

neste contrato temos conhecimento que o artista se comprometia a alargar a capela-mor

e consequentemente a “alagar a parede e arcos do claustro e fazer os alicerces e tornar

a compor o pavimento do claustro e arcos do mesmo”, já que o tecto do claustro

ocupava então o espaço da traseira da capela-mor. Toda a obra seria revista por dois

mestres pedreiros “para verem se esta boa e segura e feita na forma das plantas e

apontamentos”.

QUANTIA: 345$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três fracções iguais.

FIADOR: Domingos Dias, lavrador, morador no lugar dos Moinhos (freguesia de Santa

Eulália de Fermentões).

PRAZO DE EXECUÇÃO: O artista comprometia-se a iniciar a obra a partir do dia 18

de Fevereiro “trabalhando sempre com os offeciaes precizos sem entermisam de tempo

athe que seja findsa com toda a brevidade”.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Claustro da Igreja da Colegiada de

Nossa Senhora da Oliveira.

TESTEMUNHAS: David António, alfaiate, da rua do Postigo; Jerónimo Gonçalves,

barbeiro, morador na rua Donais; e António de Sousa Fernandes, oficial do

Reverendíssimo Cabido, morador no Campo da Feira.

TABELIÃO: Jerónimo Dias de Paiva

FONTE: A.M.A.P., Nota da Colegiada, C-985, fl. 66-68v.

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Arte da talha

Documento III

DATA: 1572. Mai. 28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO:

ARTISTAS: Fernão Carvalho, imaginário, morador na rua Nova de São Bento, da

cidade do Porto.

ENCOMENDADOR: Reverendo Baltazar Gonçalves, arcipreste na Colegiada de

Guimarães.

OBRA: a feitura do retábulo do altar-mor da igreja de Nossa Senhora da Oliveira,

conforme “a huma amostra que que pera isso fez”. No programa construtivo é

mencionado que as figuras constantes no retábulo seriam feitas em talha.No que

concerne à imagem de Nossa Senhora que estava “na dita amostra ha não fara nem era

obrigado a isso porque a imagem de Nossa Senhora que ora esta na dita Colegiada

(…) no altar moor a mesma ha estar no dito retabullo”. Desta forma, a anterior

imagem, continuaria a ser exposta na capela-mor.

RISCO: Fernão Carvalho, imaginário.

QUANTIA: 120$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: quatro prestações iguais: o primeiro na feitura deste

contrato; o segundo que se lhe daria “quando tiver o banquo e o frizo do meio feitos”; o

terceiro “se lhe dara e entreguara quando tiver feito o friso de sima com as colunas”; e

os restantes quando obra for acabada e assentada.

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FIADOR: João de Avelar, forneiro, morador na vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: finalizar toda a empreitada e a assentá-la no dito altar-mor

“de tudo ho necesareo da feitura deste contrato” no dia de Natal do ano seguinte

(1573).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: pousadas do Reverendo Baltazar

Gonçalves, arcipreste na Colegiada (Guimarães).

TABELIÃO: Manuel Gonçalves.

FONTE: A.M.A.P., N-10 (nova cota), fls.200-203.

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Documento IV

DATA: 1687.Mai.12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Obriguassão a se fazer o retabollo do Altar mor da

Capella de Nosa Senhora da Oliveira que fez o Reverendo Cabido com o mestre Pedro

Coelho da freguezia de Gondar “.

ARTISTA: Pedro Coelho, mestre escultor, morador no lugar do Olival, da freguesia de

S. João de Gondar (Concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Reverendos Cônegos da Colegiada de Guimarães.

OBRA: O artista estava contratado para fazer a obra do retábulo-mor da igreja de Nossa

Senhora da Oliveira, “e o dar feito e de todo acabado e em sua perfeissao e obrado por

bons ofesiais e peritos na arte”. Uma vez concluída a obra, esta seria revista por

“mestres peritos na arte”, que a aprovariam ou rejeitariam conforme estivesse de acordo

ou não com a “trassa e apontamentos e rascunho”.

RISCO: segundo os rascunhos, apontamentos e traça, ”que para a tall obra se tem

feitos e estao asinados tanto por elle Pedro Coelho como pellos Reverendos Conegos e

Cabido”. Numa breve e lacónica notícia averbada num documento avulso, nada é dito

sobre o autor do risco. Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a

abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir de pagamento ao mestre

que rascunhou a traça do retábulo.

QUANTIA: 380$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a quoall obra elle mestre ha de dar de todo feita e

asentada no seu lugar a oito dias de antes de dia de Sam Joao de Nosso Senhor do

anno vimdouro de seiscentos e oitenta e oito annos”.

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FIADORES: O artista apresentou dois fiadores residentes na freguesia de Gondar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do Reverendo Cabido da

Igreja de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães

TABELIÃO: Domingos da Cunha

FONTE: A.M.A.P., N-366 , fls.23v-25.

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Documento V

DATA: 1688.Jan.4.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de Pedro Coelho escultor com o

Reverendo Cabido ao fazer dos retabollos de Murssa“.

ARTISTA: Pedro Coelho, mestre escultor, morador no lugar do Olival, da freguesia de

S. João de Gondar (Concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Cabido da Colegiada de Guimarães.

OBRA: feitura de três retábulos “para porem nas tres ygreiias de Murssa e anexas

delles tres retabollos com seus goarda pós e suas coartelas que hao de ser para a

ygreia matris e os retabollos hao de ser asentados e postos na ygreia de Nosa Senhora

de Fialhozo e na de São Sebastião do Popullo e na de Santa Maria Madalena de

Candeido e todo e quada cousa sera feito e asentado na forma das trassas e

apontamentos que lhe forão mostrados com suas colunas (...)”. Neste contrato notarial,

o cliente é exigente no que se refere à qualidade da madeira, que deveria ser “de boa e

limpa madeira”, o que possibilitaria um entalhe modelar por parte do artista.

QUANTIA: 54$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: concluída a obra até ao mês de Outubro de 1688.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casas do Cabido da Colegiada.

TABELIÃO: Domingos da Cunha.

FONTE: A.M.A.P.,N- 366 , fls.41-41 v.

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Documento VI

DATA: 1712.Jan.12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que faz Pedro Coelho escultor e morador

na freguezia de Sam Joao de Gondar ao Reverendo Cabbido da Insigne e Real

Colegiada de Nosa Senhora da Oliveira desta villa de Guimaraes “.

ARTISTA: Pedro Coelho, mestre escultor, morador no lugar do Olival, da freguesia de

S. João de Gondar (concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Cabido da Colegiada.

OBRA: “fazer os caixilhos e mais obras da capella mor desta dita Colegiada”.

QUANTIA: 160$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: três prestações iguais.

PRAZO DE EXECUÇÃO DA OBRA: dar “a obra feita posta e acabada athe o dia

de São Pedro deste dito ano”, pois caso não cumprisse o estipulado pagaria de pena por

cada dia que passasse desse prazo uma determinada quantia em dinheiro.

FIADOR: António de Andrade, escultor, morador nos extramuros de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no “claustro da Igreja da Insigne e

Real Colegiada da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira nella cazas do Reverendo

Cabbido ”.

TABELIÃO: Manuel da Silva.

FONTE: A.M.A.P.,N- 472 , fls.60-61.

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Documento VII

DATA: 1713.Abr.30.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obriguação que faz Pedro Coelho escultor morador

no Casal do Olival da fregresia de Gondar deste termo ao Reverendo Cabbido da Real

Colegiada de Nosa Senhora da Oliveira desta vila de Guimaraes “.

ARTISTA: Pedro Coelho, mestre escultor, morador no lugar do Olival, da freguesia de

S. João de Gondar (Concelho de Guimarães).

OBRA: obra das frestas da capela-mor da mesma igreja. Tratava-se de concluir o

revestimento em talha de toda a capela-mor. Sabemos que o número de frestas da

capela-mor seria de quatro, que levariam da “parte de dentro obra de talha em releição

de taboa grossa (...) de sorte que senão vião os topos da parte da capella que hao de

ser para a parte das vedraças e as frentes para a capella adonde levara lagolhos e

pasaros e sarafins rozas que mostrem variedade (...)”.

QUANTIA: Toda a ferragem seria por conta do Reverendo Cabido, que pagaria ao

artista 85$200 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: dando-lhe antecipadamente 34$000 réis “e mais se lhe

heia dando comforme correr a dita obra”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Esta obra tinha como prazo de conclusão o mês de Julho

do mesmo ano.

FIADOR: o seu genro Miguel Correia, entalhador, morador no lugar da Cabreira, da

freguesia de São Jorge de Cima de Selho (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no claustro da Igreja de N.S.da

Oliveira .

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FONTE: A.M.A.P., Nota da Colegiada, A-2-1-5 , fl.64-65.

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Documento VIII

DATA: 1714.Jul.23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçao que faz Francisco de Oliveira Caminhas

pintor morador na rua das Molianas arabalde desta villa de Guimaraes ao Reverendo

Cabido desta villa “.,

ARTISTA: Francisco de Oliveira Caminhas, pintor, morador na rua das Molianas

(arrabalde de Guimarães).

OBRA: “para o douramento da obra de talha que esta na capella mor desta dita

Insigne e Real Colegiada e suas frestas (...)”. Trata-se da obra de talha realizada por

Pedro Coelho.

Neste contrato, podemos observar algumas das técnicas e processos do douramento.

Analisemos alguns extractos:

“Toda a dita obra da dita capella mor sendo bem aparelhada de gesso e antes de bollo

que sera raspado he ligado sendo necessario pera que ajuste bem o ouro pera se

dourar e toda cuberta de ouro pulido por todas as partes donde a dita obra se posa ver

assim pelo direito como pelas avessas (...) burnidos os baixos aribeirados sobre ouro

fino na melhor forma que se possa fazer (...) e as flores e rosas se acharem em a talha

serao esmaltadas de modo que bem pareçao o que são (...)”.

Este contrato especifica o número de obreiros que iriam trabalhar no douramento – seis.

QUANTIA: O pintor receberia 385$000 réis. Para comprar os aparelhos, o Cabido

dava-lhe “logo coarenta e oito mil reis e o ouro se ha de pagar ao batefolha por ordem

delle Reverendo Cabbido”. Em suma, os aparelhos e o ouro seriam “por conta da dita

coantia dos trezentos e oitenta e sinco mil reis”.

FIADOR: Bernardo da Costa, bate-folha, morador na rua de Gatos arrabaldes de

Guimarães.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do Reverendo Cabido .

TABELIÃO: Manuel da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-473, fl.139-140v.

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Documento IX

DATA: 1775. Jul. 17.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam a fatura de huma obra que faz Manoel

Joaquim excultor desta villa ao Reverendo Conego Joaquim Martins fabricante”.

ARTISTA: Manuel Joaquim Proença, mestre escultor, morador em Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendíssimo Cónego João Lopes Martins, fabricante da

Colegiada

OBRA: obra de talha das duas naves da capela-mor da igreja da Colegiada de

Guimarães. Segundo os apontamentos apresentados, o artista faria esta obra de talha

“com o mesmo feitio mulduras e serafins e mais intalha (…) conforme o mais que se

acha feito mais para baixo”.

QUANTIA: 157$600 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: O encomendador obrigava-se a fazer o pagamento em

três prestações: o primeiro, de 52$000 réis, no início da obra; o segundo no meio da

empreitada; e o restante depois de “assentada vista e exzaminada por mestres

excultores”.

FIADORES: Domingos de Freitas e Manuel Soares Barroso, ambos da rua da Porta da

Vila (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: escritório do tabelião Jerónimo Dias

Paiva.

TESTEMUNHAS: António José Pereira de Carvalho, da rua de Santa Luzia, e José

Dias de Paiva, irmão do tabelião.

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TABELIÃO: Jerónimo Dias Paiva.

FONTE: A.M.A.P., nota da Colegiada, C-987 (nova cota), fls. 109v-110v.

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Documento X

DATA: 1789. Mai. 24.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Escritura de contrato ao feitio e segurança do

anteparo da porta prencipal da igreja de Nossa Senhora da Oliveira e fiança a seu

comprimento”.

ARTISTA: Manuel Alves de Araújo, mestre entalhador, morador no lugar de Santa

Marinha, da mesma freguesia, do couto de Landim

ENCOMENDADOR: Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira representada pelo

Reverendo Cónego José Coelho da Silva, fabriqueiro da fábrica do cabido da

Colegiada.

OBRA: obriga-se a executar o anteparo da porta principal da igreja de Nossa Senhora

da Oliveira. No contrato é especificado que o mestre utilizasse madeira de castanho lisa

e boa

RISCO: risco feito pelo mestre Dom Joaquim.

QUANTIA: 144$000 réis. Além desta quantia, o encomendador obrigava-se a fornecer

toda a ferragem, dobradiças e um varão necessários à obra.

FORMA DE PAGAMENTO: três pagamentos iguais.

FIADOR: Manuel Correia Requião, homem de negócio, morador no rossio do Toural,

de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO CONTRATO: claustro da Colegiada.

TABELIÃO: António Dias de Paiva.

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FONTE: A.M.A.P., nota da Colegiada, C-1003, fls. 86-87v.

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Convento de São Francisco

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Pedraria

Documento XI

DATA: 1679. 05.24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigasam que fes Andre Machado e João Ribeiro da

freguezia de Aroes a obra do dormitório do Convento de São Francisco de pedraria”.

ARTISTAS: André Machado morador no lugar da Fonte e João Ribeiro, ambos mestres

de obras de pedraria, moradores na freguesia de S. Romão de Arões.

ENCOMENDADOR: Convento de S. Francisco, de Guimarães.

OBRA: Obra da “reformasão” do dormitório do Convento de São Francisco. O contrato

refere com minúcia os apontamentos da obra.

QUANTIA: à braça e ao palmo

FIADOR: António de Andrade, escultor, morador na rua do Guardal (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua de S. Domingos (arrabalde de

Guimarães), nas casas do tabelião.

TABELIÃO: Bento da Cruz.

FONTE: A.M.A.P., N-355 (nova cota), fls. 99v-100.

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Carpintaria

Documento XII

DATA: 1733. Set. 24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçao de obra que fes Jeronimo Loppes de

Mesquita aos relegiozos de S.Francisco".

ARTISTA: Jerónimo Lopes de Mesquita, carpinteiro e ensamblador, morador na Rua

das Molianas (Guimarães).

ENCOMENDADOR: João Francisco Ribeiro em nome e "como Sindico do convento e

religiozos de Sam Francisco".

OBRA: "fazer (...) o forro por baixo do choro da igreja o coal forro tera dois arcos

hum da parte da escada que vai para o claustro e outro na soa comrespondencia da

parte da porta travessa os coais dois arcos ham de ser de madeira fingidos as imitaçao

de pedra (...) e o tapamento dos arcos para sima serao de tigollo (...) rebocado e

raspado a imitaçao de pedra e o forro sera pregedo nos barrotes do soalho do coro (...)

os paineis ham de ser de taboado liso e sera os rompantes de trave a trave tambem de

taboado (...) os rompantes gornecidos com soas mulduras de altura que pedir".

QUANTIA: 150$000 réis, sendo o primeiro pagamento feito logo de início para a

compra do "taboado", o outro no meio da obra, e o último no fim dela. As madeiras, os

pregos e os restantes materiais, eram por conta do mestre.

FIADOR: Brás Ribeiro, serralheiro (Guimarães).

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PRAZO DE ENTREGA: até ao mês de Fevereiro de 1734.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua dos Mercadores (Guimarães),

nas casas de João Francisco Ribeiro.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-827,fls.159-160v.

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Convento de São Domingos

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Pedraria

Documento XIII

DATA: 1678. Jun. 22.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fes Joam da Madre de Deos religiozo de

Sam Domingos com Andre Machado de Aroes mestre de pedraria”.

LOCAL DA OBRA: Convento de S. Domingos.

ARTISTA: André Machado, mestre de pedraria, morador na freguesia de Arões (termo

de Guimarães, atual concelho de Fafe).

ENCOMENDADOR: Reverendo padre Frei Bento de Santo Tomás, prior, e o

Reverendo Padre Pregador Frei João da Madre de Deus da Ordem do Patriarca S.

Domingos “conventual no convento de São Gonçallo de Amarante”.

OBRA: obra do dormitório do Convento de S. Domingos, dado que este ameaçava

ruína: “ estava imprefeito (...) senão ter acabado e sua pouca segurança (...) alguma

ruína e o dito convento não podia aremediallo por ter pellas poucas rendas que tem

muito pobre e assi elle Reverendo Frei João da Madre de Deos queria a sua propria

custa a vista da nesessidade que avia da dita obra mandalla fazer tanto de pedraria

como da carpintaria nesessaria”. Este contrato refere com minúcia os apontamentos.

Faria a “lavagem e limpeza das pedras e cal de seu asemtamento (...) Abriria uma janela

grande “conforme a da varanda que já se acha feita e fiqua pera a parte da serqua e

outra mais queria comforme as das outras janellas que se vão seguindo e do tamanho

das grandes das outras ja feitas não sendo das da sella do estudo levando seu alicerce

por sima na comrespondendia das que atras vem e as portas de dentro a que vem

adonde esta o cunhal ate a porta da casa do recolhimento dos mossos ira ate a altura

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da outra que se vem seguindo e em sima levara huma fresta do tamanho que couber

rasgada e a parede que vai ate o sobrado do dormitorio sera de alvenaria como a que

vem ate a casa dos ditos mossos e ambas huma e outra serão de alvenaria a todo o

cresser e sobre a parede que chega ate o dormitorio pella parte do dormitorio subira

hum propianho do mesmo (…) e altura em que vem o outro e todas as paredes virão em

grosura e direitura e altura em que vem as outras asentadas todas em igual, e as

janellas e frestas serão todas apilaradas por dentro e por fora a porta da sella sera na

forma das outras portas do dormitorio e a qual (...) se hão de fazer as paredes pera a

segurança dellas sera teresada sinquo alqueires de saibro (...) sem asistesia de

qualquer relegiozo (...) e as paredes levarão em quada huma brassa dellas sinquo

juntouros ao menos e nas de alvenaria não meterão entulho (...) e sera elle dito mestre

Andre Machado obrigado a lansar abaixo a parede da banda da orta e toda a que mais

pretender a obra e arumalla e se podera elle valler pera a mesma obra da pedra da

parede da orta e pera toda a dita obra pora elle dito mestre todo o saibro e qual

nesessaria e todas madeiras gindades e aprestos nesessarios (...) se obrigou a fazer e

desfazer os telhados asim da parte do dormitorio como da parte da sella e de novo

mandallos fazer e armar e a dita sella por bom offecial e de boas madeiras e forrar o

dormitorio (...) com madeiras sequas e limpas (...) a forrar a sella na forma que ja

estão as outras sellas com aqs traves barotes e solho nesessario e fortes e madeiras

sequas (...) e fara as janellas e portas da sella no feitio da madeira na forma em que

estão as outras (...) e toda a pregaria (...) e telha que faltarem sera por conta do dito

mestre (...) e a parede que vai da baranda ate a janella da serqua sera renobado tudo e

muito bem caiado”.

Contrato de pedraria e carpintaria. Obra seria revista por ofeciais peritos na arte.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao fim de Setembro do dito ano.”E logo que acabadas

forem as paredes metera o dito mestre logo offesiais que trabalhem na carpintaria asim

do telhado como se solho

QUANTIA: 220$000 réis.

FIADOR: António de Andrade, escultor, morador na rua do Guardal (Guimarães).

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TESTEMUNHAS: João Pinto e Jacinto Lopes barbeiro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Dentro do Convento de S.

Domingos.

TABELIÃO: Domingos da Cunha Guimarães.

FONTE: A.M.A.P., N-354 (nova cota), fls.80v-82v.

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Documento XIV

DATA: 1740. Nov. 4.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de obra dos Padres de S.Domingos ao

Mestre Thomas Felgueiras".

ARTISTA: Tomás Felgueiras, mestre pedreiro "da Naçam galega natural da villa de

Ponte vedra freiguesia de Santa Marinha".

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Francisco João do Rosário, superior Vigário

do convento, e os Reverendos Padres conventuais.

OBRA: Por a capela-mor “ser demasiadamente pequena e por presentemente se não

poderem cellebrar nella os ofícios devinos com toda a beleza que se deveria fazer”,

pretendia-se aumentar "a cappella mayor (...) sendo o arco da mesma cappella mor (...)

da altura dos arcos cruzeiros que ficam de fronte do Altar de Nossa Senhora do

Rozario e dos Terceiros (...)” as frestas que estão por trás do altar- mor, "seram direitas

e debayxo dellas ficara huma porta appilarada , que terá de largo seis palmos e meyo e

treze de alto e na conrrespondencia outra, da mesma parte, e tem o corpo da capella de

cada lado leverá coatro pés direitos, que ficharam em aboboda, com seus capitais,

entre os cais se meteram as frestas (…) aboboda sera forrada nos ditos arcos de tigello,

em coatro barretes de sem de cada lado da capella, haverá um arco tosco para nelles

se poderem acomodar a seu tempo os orgos que tem nas costas da cappella, na sua

frente ficara um arco tosco apropossionado conforme a sua altura e largura, para nelle

a seu tempo se meter a tribuna e as frestas". As frestas serão lavradas por dentro “a

moderna”. Neste contrato são especificados muitos pormenores dos apontamentos.

AUTOR DO RISCO E PLANTA: O próprio artista.

QUANTIA: 200$000 réis. O artista obrigava-se a fornecer toda a pedra que faltar, cal,

saibro “ e todos os mais materiais que forem necessarios para a dita obra”, bem como a

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madeira para os azimbres. O encomendador forneceria as grades de ferro para as novas

frestas. Se por ventura, o artista faltasse com a empreitada poderia o encomendador

“livremente meter offeciais a custa delle mestre a acabar a dita obra perdendo elle dito

mestre allem diso tudo o que nella tiver feito e obrado em empregado sem ter acção

alguma para os poder obrigar para asim ser a forma do dito contrato”.

FIADOR: “Como elle mestre não tem fianças que o abonace a elle e por ser de fora do

Reino não serão obrigados elles padres a lhe dar dinheiro algum senão depois de feitas

as paredes da dita capella que feitas ellas e revistas e vistas se estam seguras e

prefeitas se lhe dara a conta de seu preço e ajuste”.

FORMA DE PAGAMENTO: Só depois de feitas as paredes da dita capela e depois de

verificarem se estão seguras, é que lhe darão o dinheiro.

PRAZO DE ENTREGA: "quinze dias antes de quinta feira major prymeira vimdoura

(...) do mesmo anno".

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No convento de S. Domingos.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-842, fls. 43v-44v.

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Documento XV

DATA: 1767. Mar. 24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigacam de obra de pedraria do Mestre Vicente de

Carvalho da freguesia de Santa Maria aos Padres de S.Domingos."

ARTISTA: Vicente de Carvalho, mestre pedreiro, morador na freguesia de Santa Maria

de Fermentões (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Frei Manoel de Santa Maria Madalena da Ordem de S.

Domingos “e os ditos Reverendos rellegiozos do mesmo convento".

OBRA: "por cauza da Igreja estar ameasando ruina e ser precizo reparala",

mandaram fazer seus apontamentos e pôr a obra a lanços.

QUANTIA: 197$000 réis.

FIADOR: António da Cunha, mestre escultor, da "freguezia de Allais termo de

Barcellos", assistente em Guimarães.

FORMA DE PAGAMENTO: Sendo o primeiro pagamento feito logo no acto da

escritura e os outros "que mais faltam se lhe pagaram conforme a obra se estiver

fazendo."

PRAZO DE ENTREGA: Dará a obra acabada "por todo o mes de Junho", de 1767.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-929, fls.6v-8.

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Carpintaria

Documento XVI

DATA: 1737. Set. 11.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de Alexandre Pinto de Queiros aos

Relegiosos de S.Domingos".

ARTISTA: Alexandre Pinto de Queirós, mestre ensamblador, da freguesia de Santo

Estevão de Penso (termo de Braga).

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Frei Jerónimo de S.Gonçalo, prior do

Convento.

OBRA: estabeleceu os preceitos a que a obra do soalho e forro do claustro do convento

obedeceria.Vejamos alguns pormenores desta elucidativa obra de carpintaria: “ Jtem a

primeira trave do claustro que vai pella sanchrytia ha de ser toda esta trave soalhada

de novo aberta de macho e femia pondo se lhe por bayxo do dito soalho todos os

barrotes novos nesesarios da mesma groçura dos antigos Jtem a trave que vai pella o

coro da parte da samchrytia será tambem solhado de taboado novo e velho algum que

for capas de servir tambem do macho e femia Jtem a trave que corre pella parte do

refeitorio sera bolido a taboado ou folho della se asentar de macho e femia e o que

faltar será taboado de novo de sorte que ficara toda a varanda do dito claustro solhado

Jtem serão forrados por sima todos os coatro lanços das ditas barandas de novo feito

todo o (...) lizo ponde sse todalas madeiras em que ha de segurar o dito forro e telhados

como frichais e barrotes e tudo o mais nesesario e o forro velho sera pera ripas e

goarda po pondo tambem toda a ripage que faltar Item por se hão tres linhas de ferro

em cada hum dois lanços da varanda para major segurança ”.

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O documento prossegue com a descrição da obra, sendo dito que junto da torre, pela

parte do telhado de S.Gonçalo, o mestre colocaria quatro caleiros “embocadas em

calcarea a Mourisca”. No fim, a obra seria revista por dois “mestres peritos”.

É recomendado, que a madeira que se colocaria de novo, seria de castanho bravo e toda

a pregaria da obra tanto do soalho, como do forro e telhados e a “ferrage” necessária

para a segurança da obra, seria por conta do mestre carpinteiro. O artista teria de pagar

também as madeiras, cal, areia, telha e as linhas de ferro.

QUANTIA: 250$000 réis.

FIADOR: José de Azevedo Moreira, serralheiro, da rua Travessa (Guimarães).

FORMA DE PAGAMENTO: em três prestações: a primeira no acto desta escritura, a

segunda no meio da obra e a última depois de dar a obra feita e acabada.

PRAZO DE EXECUÇÃO: "acabada emfalivelmente emthe o fim do mes de Abril

primeyro vimdouro" de 1738. Se faltasse a este prazo perderia 50$000 réis.

TESTEMUNHAS: António Pereira de Abreu e Cunha "mosso da Botica deste dito

convento". João Lopes Ferreira "mosso da porta deste convento", e Manuel Ferreira,

assistente em casa de Joana de Melo e Silva, viúva da rua da Infesta (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na “caza da Cappella”, do convento

de S.Domingos

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-687, fls.1-2v.

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Arte da talha

Documento XVII

DATA: 1747. Mai. 17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ” Obrigação do retabollo dos Frades de São Domingos”.

LOCAL DA OBRA: Convento de São Domingos.

ARTISTAS: António da Cunha Correia Vale e seu irmão Manuel da Cunha Correia

Vale, mestre entalhadores, moradores no lugar da Barca, da freguesia de São Miguel de

Entre as Aves.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Francisco João do Rosário, prior do Convento

de São Domingos com os “mais Reverendo Padres Capitulares e nelle conventuais

todos juntos e congregados”.

OBRA: “mandaram faser de madeira a soa obra do retabollo e trebuna do coal a

capella mor mandaram faser seu risco e planta e conforme a ella, mandaram por a dita

obra a lanços nos dias que para isso asinaram e comforme os ditos lanços ficou no

ultimo delles mestres (…)a coal obra pello dito risco e planta sera bem feyta e acabada

e prefeita e com todo o primor da arte e devido e prometido como obra publica que

fica sendo e de boa madeira de castanho liza (…) e allem da dita obra outra da mesma

madeira farão elles ditos mestres outo sanefas para as frestas e portadas da capela mor

bem feitas e lavradas e emtalhadas tudo ao moderno com toda a prefeição e a dita obra

sera feita e prefeita e acabada posta e segura nos seus sitios (…) sem elles ditos Padres

e seu convento lhe concorrerem cousa alguma e só unicamente com os ditos tresentos e

sesenta mil reis (…)”.

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QUANTIA: 360$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Em tres pagamentos.

VISTORIA DA OBRA: Vista e revista por dois mestres peritos na arte: um nomeado

pelo encomendador, o outro pelos executantes. Sendo que estes peritos achassem que a

obra não estava bem feita e com algum defeito, o encomendador reteria o último

pagamento e elles mestres seriam obrigados a demoli-la e a refaze-la com todo o

primor.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Durante o mês de Maio de 1748.

FIADORES: António de Carvalho da Costa, mestre carpinteiro, morador no lugar da

Charneca, da freguesia de São Damião de Novais; Félix Ribeiro, ourives, morador em

São Paio, da vila de Guimarães; e José de Azevedo Moreira, serralheiro, morador na rua

Travessa, arrabalde de Guimarães.

ASSINATURAS DOS ARTISTAS: todos os artistas sabem assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Capitulo do Convento de

São Domingos.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., nota do tabelião, N-693, fls.185-186v.

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Convento de Santo António dos

Capuchos

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Pedraria

Documento XVIII

DATA: 1763. Abr. 20.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato que fas esta comonidade dos Rellegiozos dos

Capuchos desta villa com o Mestre Pedreiro Bernardo Joze da Sylva para a obra do

dormitorio e com o Mestre Pedreiro Vicente de Carvalho e Antonio da Cunha Correia

Valle mestres de obras de pedraria".

ARTISTAS: Bernardo José da Silva, mestre pedreiro, morador na Cidade do Porto;

Vicente Carvalho, mestre pedreiro, morador na freguesia de Fermentões e António da

Cunha Correia Vale, mestre entalhador, morador na rua de Santo António dos Capuchos

(Guimarães).

ENCOMENDADOR: a Comunidade dos Religiosos Capuchos na pessoa do síndico

desta instituição, o Padre Francisco Mendes morador na Praça da Oliveira

OBRA: Novo dormitório (responsabilidade de Bernardo José da Costa) e frontaria da

igreja (responsabilidade de Vicente Carvalho e de António da Cunha Correia Vale)

AUTOR DA PLANTA: Padre António Gomes morador na Rua Nova das Oliveiras

(novo dormitório).

FIADORES: de Bernardo José da Silva: Vicente de Carvalho mestre pedreiro,

morador na freguesia de Santa Eulalia de Fermentões; de Vicente Carvalho e de

António da Cunha Correia Vale: José Vaz, oleiro, morador na rua da Cruz de Pedra

(Guimarães).

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QUANTIA: a Bernardo José da Silva à braça; Vicente Carvalho e de António da

Cunha Correia Vale 448$400 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: a Bernardo José da Silva: “aos poucos”; Vicente

Carvalho e de António da Cunha Correia Vale:em quatro pagamentos, ficando

100$000 réis para o fim da obra, após esta ser revista por outros mestres; o primeiro

pagamento foi dado no momento da assinatura desta nota notarial.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Bernardo José da Silva: um ano; Vicente Carvalho e de

António da Cunha Correia Vale: no mês de Julho de 1764.

TESTEMUNHAS: Reverendo Padre António Gomes de Barros, da Rua Nova das

Oliveiras; Patrício José Dinis Correia morador "a Sam Lazaro desta villa"; e Amaro

José Farto, mestre pedreiro, morador na Rua Nova do Muro (Guimarães).

TABELIÃO: Luís Francisco Sampaio Varela.

FONTE: A.M.A.P., N-1044, fls. 40-42v.

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Convento de Santa Marinha da Costa

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Pedraria

Documento XIX

DATA: 1703. Fev. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de huma obra que se obrigou a fazer Andre

Machado mestre de pedraria fina aos religiosos do convento de Sam Geronimo da

Costa".

ARTISTAS: André Machado e António Pinto, mestres de pedraria fina.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Prior Frei António Machado e a maior parte

dos restantes religiosos do Convento de São Jerónimo da Costa.

OBRA: A obra da hospedaria e portaria do convento segundo o projecto de António de

Andrade. Os mestres comprometiam-se a construir sete janelas “rasgadas obradas de

pedra fina estas por sima no andar do sobrado”, pelo preço de 90$000 réis. Em relação

à cornija, friso e à arquitrave é especificado que seriam executadas conforme a traça e

pela quantia de 300 réis o palmo. A cornija levaria de cinco em cinco palmos um

“juntouro que tome a parede toda”. Da empreitada constava ainda a construção de

quatro janelas no andar terréo com as seguintes dimensões: sete palmos de altura e cinco

palmos de largura. Os mestres obrigavam-se a construir o portal e a fronteira segundo a

traça. O cliente estipula que a parede da fronteira fosse contruída em alvenaria “bem

direita da maneira que reseba cal”. O portal e a fronteira eram pagos à braça.

AUTOR DA PLANTA: António de Andrade.

QUANTIA: O preço total não é especificado. "sete janellas sam em preço de noventa

mil reis e cornige frizo e alquitrave conforme o traso a trezentos reis o palmo (...)

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quatro janellas (...) de dezaseis mil reis". Os religiosos forneceriam toda a pedra de

alvenaria necessária ao estaleiro2, embora os artistas se obrigassem a cortar e lavrar a

pedra. E “mais elles reverendos padres lhes darão as covas para a dita obra e o sarilho

e mais aprestos necesarios”.

PRAZO: Os artistas obrigavam-se a finalizar a obra até “dezoito dias do mes de Junho

deste prezente anno” sob pena de perderem 100$000 réis.

TESTEMUNHAS: Custódio da Silva, "requerente delles religiosos", e João Dias

Pereira morador na Rua da Fonte Nova (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na cela do Reverendo Padre Prior

Frei Antonio Machado, sita no real convento de S. Jerónimo da Costa.

TABELIÃO: Manuel Machado Gomes.

FONTE: A.M.A.P., N-646 (nova cota), fls. 117-117v.

2 No documento é referido “ao pe da obra”.

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Documento XX

DATA: 1751. Jun [16-21 ?] 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigacao da obra do Convento da Costa que fizerao

Joao da Costa e Antonio Ferreira da freguezia de adaufe termo de Braga e Joao

Ribeiro de Travasos."

ARTISTAS: António Ferreira (lugar do Vale) e João da Costa (lugar da Arca)4, ambos

da freguesia de Adaúfe (termo de Braga) e João Ribeiro da freguesia de Travassós, do

termo de Guimarães (actualmente concelho de Fafe),

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Frei José de Castro, prior do convento.

OBRA: a construção do pórtico axial da igreja do convento da Costa e a sua escadaria,

segundo o risco apresentado pelos religiosos.

QUANTIA: 15$500 cruzados.

FIADORES: Francisco Ferreira, lavrador, morador no lugar da Quinta, freguesia de

São Martinho de Sande (termo de Guimarães); José Ribeiro, lavrador, morador no lugar

do Castanheiro, freguesia de Travassós; e João Ferreira, lavrador, morador na freguesia

de São Vicente de Paços (termo de Guimarães).

3 Devido ao mau estado de conservação deste manuscrito notarial, não nos foi possível durante a sua

leitura e análise paleográfica, identificar o dia exacto da sua redacção. O exame dos instrumentos

notariais que precedem e seguem o contrato em referência na nota do tabelião sugerem que aquele foi

lavrado entre 16 e 21 de Junho do referido ano.

4 João da Costa era tio de António Ferreira.

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PRAZO: Os mestres comprometiam-se a finalizar a obra no mais breve espaço de

tempo, para evitar que a igreja estivesse “muito tempo aberta e ser prejuizo da

comunidade”.

TESTEMUNHAS: Padre João Luís de Abreu da vila de Guimarães e Manuel de Sousa,

requerente do convento.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento da Costa.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-738 (nova cota), fls.173v-175v.

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Carpintaria

Documento XXI

DATA: 1598. Fev. 2.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: " Contrato antre o prior da Costa he Adão Francisco

imaginario”.

ARTISTAS: Adão Francisco, imaginário, morador na rua do Gado (Guimarães).

ENCOMENDADOR: O Reverendo Padre Frei Marcos de Coimbra, prior do convento,

e o Padre Frei Jácome de Guimarães, vigário, juntamente com os restantes padres

conventuais.

OBRA: emadeiramento do tecto formando caixotões do claustro conventual, conforme

as indicações de Pero Afonso de Amorim, mestre de pedraria5. No programa construtivo

é explicitado que faria o forro do claustro com painéis de madeira, tendo “quada quadro

em duas ordens de paineis com seu rompante por meio antre painell e painell e com seu

frizo e alquitrave e cornija (…) e com seus florões nos cantos da quadra”.

QUANTIA: 140$000 reais e vinte alqueires de trigo. O cliente responsabilizava-se a

fornecer no estaleiro da obra toda pregadura e madeira necessária6.

FORMA DE PAGAMENTO: O encomendador obrigava-se a fazer o pagamento em

quatro prestações: o primeiro no início da obra e as restantes de três em três meses.

5 Este mestre pedreiro responsável pela obra de pedraria do claustro, encontrava-se presente no momento

da redacção deste contrato.

6 Em relação à madeira é especificado que esta seria “posta de serra em caza”.

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PRAZO: Adão Francisco comprometia-se a finalizar toda a empreitada durante o mês

de Dezembro do mencionado ano, sob pena dos religiosos contratarem oficiais para

concluírem a obra à custa do artista e dos seus fiadores.

FIADORES: Dois dias após a celebração desta escritura, o artista apresentou como

seus fiadores Pero Afonso, sapateiro, e sua mulher moradores na rua do Gado7.

TESTEMUNHAS: Fernão Afonso Leborão e André Peixoto moradores na vila de

Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: à porta da portaria do Convento de

Santa Marinha da Costa “que esta junto da villa de Guimarães”.

TABELIÃO: Cristóvão de Azevedo.

FONTE: A.M.A.P., nota do tabelião Cristóvão de Azevedo, N-50 (nova cota), fls. 129-

130.

7 A.M.A.P., nota do tabelião Cristóvão de Azevedo, N-50, fls. 131-131V. “Fiança que deu Adão

Francisco ao mosteiro da Costa".Contrato celebrado na casa dos fiadores. Testemunharam este acto:

Cosme Machado da Maia e Tomé da Maia.

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Documento XXII

1598, Fevereiro, 4 - Guimarães.

A.M.A.P., nota do tabelião Cristóvão de Azevedo, N-50, fls. 131-131V.

“Fiança que deu Adão Francisco ao mosteiro da Costa".

Em nome de Deos Amen. Saibam quoantos este estromento de fiança e obrigaçam

virem que no ano do nacimento de Nosso Senhor Jhesus Christo de mil e quinhentos e

noventa e oito anos aos quoatro dias do mes de Fevereiro do dito ano em ha villa de

Guimarães na rua do Gado della nas pouzadas de Pero Afonso capateiro estando elle ha

hi e sua molher Biatriz Fernández eu tabelliam prezentes as testemunhas ao diante

assinadas lhes li ho contrato que fizeram o prior e padres do mosteiro da Costa com

Adaam Francisco imaginário sobre as obras da Costa das crastas e lido por elles foi dito

que elles fiavam ao dito Adão Francisco no dito contrato e condições delle e o fiavam

como fiadores e principaes pagadores e renoviam sobre sy ha dita obriga // (fl.131v)

çam como principaes contrahentes e pera que tudo se faça e cumpra na forma do dito

contrato disseram que elles obrigavam suas pessoas e bens assi moveis como de raiz

avidos e por aver he em especial ipotecavam as suas cazas em que moram com seu

quintal que são de herdade dizimo a Deus com pauto de as nam venderem nem

enlhearem e pera cumprir as condições do dito contrato disseram que elles constituiam

por seu procurador a pessoa que servir de alquaide pequeno nesta villa pera que em sua

pessoa possam ser sitados e demandados assi no juizo como em caza do corregedor e

dada a sentença e requeridos pera se ha dita arremetaçam dos bens que lhe forem

tomados sem embargo da ordenaçam que manda que as tres sitações e requerimentos se

façam em pessoa das proprias partes a qual disseram que renunciavam e assi os dez da

ordenaçam e tempo de ferias ordinárias e repentinas nem serem houvidos com nenhuma

rezam de embargos sem primeiro depositarem na mão do prior e padres hou de seu

procurador tudo aquillo que disserem que elles gastaram hou receberam de perda hou e

nessessario pera se fazerem has obras declaradas no contrato feito por mim tabeliam que

lhe eu tabeliam li he elles prior e padres hou de seu procurador receberam sem dar a

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fiança porque ha iso os aviam por abonados em testemunho do que mandaram fazer o

prezente estromento de fiança e obrigaçam e elles Adão Francisco e sua molher se

obrigaram de tirarem ho elle seu fiador a paz e ha salvo desta fiança e obrigaçam he assi

ho outorgaram e asseitaram quada hum o que por elles fazia he eu tabeliam como

publica pessoa aseitante e estipulante ho asseitei em nome do prior e convento e das

pessoas a que tocar e lhe estipulei e desta nota pediram hum e muitos estromentos deste

teor e hos outorgaram e mandaram dar as partes a que tocar estando a todo prezente por

testemunhas Antonio Mendes crelligo de Ordens de Avangelho que assinou por elles a

seu rogo e foram testemunhas maes Cosme Machado da Maia e Tome da Maia que

todos assinaram aqui Cristovam d’Azevedo tabeliam.

(Assinado: ) ANTONIO MENDES assinei por elles mo rogarem.

(Assinado: ) ADOM FRANCISCO

(Assinado: ) TOME DA MAIA

(Assinado: ) MACHADO DA MAIA

(Assinado: ) COSME”

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Documento XXIII

DATA: 1689. Jan. 28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato entre o Reverendo Padre Prior da Costa e

mais rellegiozos com Manoel da Silva mestre de carpintaria (…)”.

ARTISTA: Manuel da Silva, mestre de obras de carpintaria.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Frei Martinho Martiniano de Castro, prior do

Convento e os mais religiosos.

OBRA: “de lhe acabar de forrar o seu dormitorio de toda a obra que lhe falta (...)

fazendo todo o custo que pera a dita obra for necessario por conta delle Manoel da

Silva as madeiras como ferrages, pregos colas e tudo o mais que a dita obra pedir (...)

so por conta delles rellegiozos (...) podar lhe todas as combotas de carvalhos que pera

ella forem necessárias (...) estas mandara o dito mestre cortar pela serqua deste

convento onde as achar (...) como tambem lhe darão todas as escoras que forem

necessários pera escorarem as traves dos tilhados, e abrir os buracos das cambotas e

frizo e o carregar per sua conta todas as madeiras que pera ella forem necessarias da

caza delle mestre pera este convento.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao dia de S. João de 1689.

QUANTIA: 260$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: no mês de Fevereiro lhe dariam 100$000 réis para a

compra das madeiras “e o mais lhe hirão dando asim como a obra for corendo athe o

fim della”.

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TESTEMUNHAS: André Fernandes, familiar do tabelião, e João Rodrigues do Vale,

familiar do convento.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento de Santa Marinha da

Costa.

TABELIÃO: Domingos de Freitas

FONTE: A.M.A.P., N-452 (nova cota), fls.31v-32v

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Arte da talha

Documento XXIV

DATA: 1734. Dez. 6.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de obra do Convento da Costa com o

Mestre Alexandre Pinto Ribeiro".

ARTISTA: Alexandre Pinto Ribeiro, mestre ensamblador, morador no lugar de

Soutinho da freiguezia de Santo Estevão de Penso, termo da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Frei Crispim da Conceição, Prioral Real do

Convento e mais os restantes Reverendos Padres.

OBRA: "fazer huma obra na Samchrestya dese Real Mosteiro presizamente nesesaria e

conduçente para melhoraçe a grandeza della". A sacristia será "lagiada por bayxo em

forma de xadres com soa rosa no meyo toda de pedra fina bem labrada e escodada",

com um degrau dos lados e outro no Nascente. A sacristia levará "dois amituarios",

cada um com treze palmos de altura e oito de largura, levando na parte de baixo "portas

com soas almofadas em forma de goanda roupa em cujo vão", se farão três andares de

gavetas ao alto, cada andar com quatro gavetas, "para sima ficará vão de dois palmos

de alto para acomodar as falizes cujo vão terá huma porta" que fecha para cima com

uma fechadura. Por dentro, "os amituarios seram" de madeira branca de castanho.

Também se farão "outo cajxoois coatro de cada parte que comessarão na quina dos

amistuarios e correrão para a parte do nasente (...) cada hum tera tres gavetois e cada

gavetão tres almofadas bem feitas (...) nos emtremejos das ditas gavetas se porão

humas cruzetas de bronze dourado (...) e porão hum escudo de bronze dourado (...)

levantado no mejo para emtrada da chave (...) as frentes desses cajxois hão de ser de

pao preto maçico (...) pella parte de traz emcostados aos lados da parede serão os

sobreditos cajxois sem espaldares nos coais se formarão colunas de coartois (...) feitas

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de boa talha com seus capiteis corintios". A sacristia levará azulejo e "coatro registos"

de bronze dourado nos dois lavatórios existentes. "No vão da parede que fica emtre a

porta que saj para a cappella major", se porão estantes de madeira de castanho para

guardar os missais e fará portas novas para o portal que liga os claustros à sacristia. "Se

porão dois espelhos de bom christal ao moderno na dita samchrestia à proproção das

paredes hum em cada lado della".

QUANTIA: Um conto e seiscentos mil reis, em quatro quartéis: quatrocentos mil réis

passados 8 meses, outros quatrocentos mil réis passados 8 meses e os últimos

quatrocentos mil réis depois de acabada. O artista comprometia-se a utilizar na obra

ouro que, "há de ser daquelee que custa a sete mil e quinhentos reis o milheiro (...) e

toda a mais obra ha de ser dourada a duas folhas de ouro".

PRAZO: Dentro de um ano, a contar do dia desta escritura e não a acabando no prazo,

o encomendador meterá mestres para a acabar à custa de Alexandre Pinto Ribeiro.

FIADOR: Custódio Pinto Ribeiro, pai do mestre, morador no lugar de Rio Mau, da

freguesia de Santo Estevão de Penso; João Pinto de Queirós, irmão do mestre, morador

na Rua do Campo da Feira, em Barcelos; e Manuel Ferreira Vale Mascarenhas, morador

"na soa quinta de mancoullas (...) termo de Barcelos".

TESTEMUNHAS: Custódio Pinto Ribeiro, pai do mestre, João Pinto de Queirós, seu

irmão, e Manuel Ferreira Vale Mascarenhas.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-684, fls.83v-87v.

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Documento XXV

DATA: 1779. Mar. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra de Jose da Cunha e Manoel

Joaquim aos relegiozos do mosteiro da Costa“.

ARTISTAS: mestres entalhadores vimaranenses José António da Cunha e Manuel

Joaquim Proença.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Frei Jeronimo do Nascimento, Dom Abbade

do real mosteiro da Costa e “os mais relegiozos delle”.

OBRA: construir a caixa do orgão de tubos destinada a albergar o conjunto

organológico, este último formado pelos foles, sistema mecânico e tubaria. Os mestres

obrigavam-se a utilizar na obra madeira de castanho “boa liza e sem podridão nem

carnas”.

QUANTIA: 150$000 réis.

FIADORES: Domingos Gomes Salgado, mestre carpinteiro, e Vicente José de

Carvalho, mestre pedreiro.

FORMA DE PAGAMENTO: O pagamento seria efectuado em três prestações: uma

no princípio da obra, outra no “tempo do desbaste da mesma obra” e a terceira depois

da obra assentada e posta no lugar. A obra seria revista por mestres peritos na arte.

PRAZO: Os artistas obrigaram-se a dar a empreitada finda num prazo de um ano.

TESTEMUNHAS: Luis de Barros e Antonio Ferreira, familiares deste mosteiro.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Real Mosteiro de Santa Marinha da

Costa.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1253 (nova cota), fls. 16v-17v.

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Documento XXVI

DATA: 1780. Fev. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra dos relegiozos de (...)8 Joze da

Cunha”.

ARTISTA: José António da Cunha, mestre entalhador.

ENCOMENDADOR: Por parte do encomendador encontrava-se presente o Reverendo

Padre Manuel da Graça, monge da congregação de São Jerónimo do Convento da Costa.

OBRA: feitura de um retábulo com tribuna de talha. Numa das cláusulas do contrato é

estipulado que o mestre utilizasse na empreitada apenas madeira de castanho “boa e são

e sem podridão ou carnas”. O artista comprometia-se igualmente a fazer os “caixoens

(…) para meter e empallear todas as peças da dita tribuna e numera las por ordem a

que não aja engano na postura e asentamento della em seus lugares respectivos”9.

QUANTIA: 120$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Esta quantia seria paga em 30 moedas de ouro,

repartidas em três pagamentos iguais: na feitura desta escritura; no meio e no fim da

empreitada.

FIADOR: Vicente de Carvalho, mestre canteiro, morador em Guimarães. Este pedreiro

não se encontrava presente durante a celebração desta nota notarial. Por esse motivo era

representado pelo seu procurador Miguel José Cosme, pintor, morador em Guimarães.

PRAZO: A obra deveria ter o seu fim até ao dia de S. João do referido ano.

8 Palavra de difícil leitura.

9 Para estes caixões o encomendador forneceria toda a madeira necessária.

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TESTEMUNHAS: os carpinteiros vimaranenses Manuel António e Francisco de

Macedo.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na rua de Santa Maria, casas de

João de Melo Sampaio.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1253 (nova cota), fls. 139v-140.

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Documento XXVII

DATA: 1784. Nov. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigaçam de huma obra dos Padres da

Costa e Joze Antonio da Cunha”.

ARTISTAS: José António da Cunha, mestre entalhador, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre Abade e religiosos capitulares do Convento de

Santa Marinha da Costa.

OBRA: a obra das cadeiras e espaldares do coro de cima e estante. As cadeiras seriam

de madeira de castanho “bom” sem podridão alguma, “tudo na forma do risco feito por

Carllos Luis Ferreira da Cruz da cidade de Braga fica asinado por elles entregando se

e por mim tabaliam”. A estante será feita de pau preto “bom com huma ferrage de

latam asim do mesmo modo que se há de riscado na planta pello mesmo autor”.

RISCO DE: Carlos Luís Ferreira da Cruz. No contrato é feita referência a um anterior

risco desenhado por Carlos Luís Amarante.

QUANTIA: 540$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “o primeiro ao fazer desta e o

segundo ao principio do asento da mesma obra e o terceiro posta a obra completa e

acabada de tudo sem falta alguma”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: fim de Agosto de 1785.

FIADORES: Vicente José de Carvalho, mestre canteiro, e António Francisco de

Macedo, mestre carpinteiro, ambos da vila de Guimarães.

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TESTEMUNHAS: Tomás António Gonçalves e Manuel de Araújo, ambos familiares

do mestre entalhador.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Real Mosteiro de Santa Marinha da

Costa.

TABELIÃO: José António da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1256 (nova cota), fls.119v-120.

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Arte da talha e ourivesaria

Documento XXVIII

DATA: 1697.Mai.28

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato entre o Padre Prior do Convento de Santa

Marinha da Costa com Miguel Mendes orives”.

LOCAL DA OBRA: Convento de Santa Marinha da Costa.

ARTISTAS: Miguel Mendes, ourives de prata, morador em Guimarães, e Pascoal de

Sousa, pintor da cidade do Porto.

ENCOMENDADOR: O Reverendo Padre Frei André Machado da Madre de Deus,

Prior, do convento da Costa.

OBRA DE OURIVESARIA: “por elle dito Padre Prior foi dito que elle estava

ajustado com o dito Miguel Mendes orives de este lhe fazer duas lampadarios de prata

fina he de ley cada hum dos quaes tera de pezo ao (…) vinte (…) marcos de pezo e (…)

sera dahy pera baixo e pera esta obra lhe tem ja dado entregue vinte e oito marcos de

prata fina de ley e a que faltar pora o dito orives de sua caza tambem fina e de ley

pagando se lhe o marco de prata que de mais pazarem dos ditos vinte he oito que se lhe

entregaram na forma da ley serão feitos os ditos dous lampadarios a imitação do que

esta na capella mor deste convento com quatro (…) cada hum de feitio com todo o

primor que a arte der de sy em porpoção do feitio comforme a boa arquetetura (...) com

suas esferas (...) feitio de cada marco de pezo se lhe dara mil e cem reis (...)”.

OBRA DE DOURAMENTO: “e logo por elle dito Pascoal de Souza pintor foi dito

que elle estava ajustado e contratado com o dito Reverendo Padre Prior de lhe dourar

o retabollo que esta no salão todo de ouro sobido e os passaros e sarafins todos

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estofados, e a pedraria que serqua o altar sera toda faxada de ouro com o milhor que

der de sy a arte e sera dourado o dito arco desde o frontal athe as armas que ficão no

alto e as portas? por dentro serão de brutesquo de ouro e o campo dellas pintado com

cor que elle Reverendo Padre Prior milhor lhe pareser e quizer (…) ditas portas

pintadas a oleo com huma crus e calvario do frontal pela parte liza sera pintado hum

frontal roxo e pela outra parte sera dourado como asima se dis e os campos serão

pintados de borcado e a imagem da Senhora do dito retabolo sera toda bordada? (…)

pedrarias o milhor que der de sy a arte como hoje se costuma”.

QUANTIA DO DOURAMENTO: ”dando se lhe de feitio do sobredito noventa mil

reis e de comer e de beber a elle mestre reção de relegiozo e aos obreiros que meter na

obra o que se costuma dar aos offeciais que trabalham neste convento e feita e acabada

a dita obra se meterão dous oficiais”.

PRAZO DE EXECUÇÃO DO DOURAMENTO:”se obriga por sua pessoa e bens a

dar feita e acabada a dita obra com toda a perfeição que a arte pede athe sete de

Setembro primeiro que bem deste anno “.

VISTORIA DOS DOIS LAMPADADARIOS: “seram vistos por dous orives que bem

o entendão pera declararem se estão feitos com todo o primor da arte e como se

declara atras e o esta a da capella mor”.

ASSINATURAS DOS ARTISTAS: o ourives e o pintor sabem assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento de Santa Marinha da

Costa.

TESTEMUNHAS: Costódio da Silva, requerente do convento e Jerónimo de Freitas,

familiar do tabelião.

TABELIÃO: Domingos de Freitas.

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FONTE: A.M.A.P., N-420 (nova cota), fls. 11v-12v.

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Ourivesaria

Documento XXIX

DATA: 1779. Dez. 19.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra de Manoel Francisco Esteves aos

Padres da Costa”.

ARTISTA: Manuel Francisco Esteves, ourives, morador em Guimarães.

ENCOMENDADOR: Padre Frei Jerónimo do Nascimento, abade do Convento da

Costa “junto com os mais relegiozos capitulares delle a diante asinados”.

OBRA: o ourives obrigava-se a executar quatro lâmpadas de prata com cerca de 35

marcos de peso cada uma. Estas quatro lâmpadas obedeceriam a um risco fornecido

pelo encomendador, cujo autor no documento não é explicitado. As lâmpadas seriam

feitos com a prata proveniente de “alampadas velhas que elles [religiosos] tinhão na

sua igreja”, cujo desenho, possivelmente, já antiquado não servia aos novos gostos dos

religiosos. Desta forma, o encomendador entregara ao executante, as referidas lâmpadas

que depois de fundidas pesaram 62 marcos, 5 onças e 6 oitavas. Durante a celebração

deste contrato, os religiosos deram-lhe mais duas lâmpadas, cuja prata depois de

derretida seria acrescentada às já entregues.

QUANTIA: O preço do feitio ficou estabelecido em 1$200 réis o marco.

PRAZO: Cada lâmpada teria de ser executada num prazo de três meses “mais dia

menos dia”, o que perfaz um total de doze meses.

FIADOR: Bento Pereira Pinto, mercador, morador em Guimarães.

TESTEMUNHAS: Manuel de Araújo e Jacinto Teixeira, familiares do convento.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Real Mosteiro de Santa Marinha da

Costa.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1253 (nova cota), fls. 107v-108v.

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Organaria

Documento XXX

DATA: 1778. Jan. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigação de Dom Francisco Solha mestre

organeiro aos relegiozos do Real Mosteiro da Costa”.

ARTISTA: Dom Francisco António Solha, mestre organeiro, morador na vila de

Guimarães.

OBRA: compromete-se a construir um orgão de tubos no coro de cima, lateralmente,

encostado à parede do lado esquerdo da igreja do convento. Pelos pormenores dos

apontamentos ficamos a saber que o instrumento tinha dois teclados, 2200 tubos e

quatro jogo de foles. Interessante é a descrição dos registos originais, quer do órgão

principal, quer do de eco. Interessante é a descrição dos registos originais, quer do órgão

principal, quer do de eco: “cujos apontamentos se seguem: apontamentos para o orgão

do Rial Mosteiro de Santa Marinha da Costa: mão esquerda e direita: registos de

vozes: flautado de doze; flautado de doze, oitava real, unizonos, tapadilho, duzena,

quinzena, dezanovena vintedozena, cimbala, rezimbala, nazardos, flautado de doze,

flauta trabeça, flauta napolitana, oitava real, duzena, quinzena dezanovena,

vintedozena, simbala, rezimbala, voz humana armonica, corneta rial, bélico, trombeta

rial, baixanzilho, dulcaina, trombeta real, voz humana belica, obue, clarim. Segundo

teclado dentro nos ceos, violão, oitava rial, vintena, dozena, dez e setena, vinte e

duzena, flautado flautado de doze, oitava real, pifano nazarte, quinzena e dezanovena

2, vinte dozena tres corneta ingleza sinco, bellico, dozaina, clarim. Registo para fazer

os claros: fora dos ecos para dar corpo rabecão, violan, flautim: levara tambores em

do la sol ré, com o lamire levara quatro folles de des palmos de comprido e sinco de

largo. E bem a levar o orgão na forma destes apontamentos duas mil duzentas e

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dezaseis vozes fora os tambores que com este faz duas mil duzentas e vinte sera de

oitava larga na mão esquerda e na direita chegara a la mi re”.

QUANTIA: o orgão custou 3500 cruzados, mais 20$000 réis pela ferragem. Os tubos

de estanho do órgão anterior seriam descontados ao preço estabelecido10

. Os religiosos

comprometiam-se a fornecer toda a madeira necessária “serrada conforme a medida e

vitolla que elle dito Dom Francisco lhe pedir”, bem como de beber e de comer ao

organeiro e seus oficiais. Se o organeiro não finalizasse a obra “por algum incidente”,

seria avaliado tudo o que já estivesse feito no órgão e o que faltasse seria retirado da

quantia estabelecida.

FORMA DE PAGAMENTO: três prestações iguais: a primeira no início da obra, a

segunda no meio e a terceira no fim da empreitada.

TESTEMUNHAS: João Alves Galé, pintor, e António Ferreira, familiar do mosteiro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Real Mosteiro de Santa Marinha da

Costa.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha

FONTE: A.M.A.P., N-1251 (nova cota), fls. 128v-130.

10

È estabelecido que cada arrátel de estanho do órgão velho valeria 70 réis.

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Convento de Santa Clara

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Pedraria

Documento XXXI

DATA. 1731. Fev. 8.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de obra de pedraria que fizerao a Madre

abbadesa e mais religiosas do convento de Santa Clara com os pedreiros Manoel Luiz

e Manoel da Costa".

ARTISTAS: Manuel Luís, mestre de pedraria, morador no lugar da Ponte de Moreira,

freguesia de Leça do Balio e o mestre pedreiro Manuel da Costa morador na freguesia

de Moreira da Maia

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Abadessa Inês Maria de Santa Rosa, "e mais

deputadas do governo".

OBRA: O encomendador explicitava que se tinham ajustado com estes mestres da

diocese do Porto, por terem notícia de que eram os melhores dos que havia “neste

contorno” e por terem arrematado a obra pelo lanço mais baixo de. Os artistas

comprometiam-se a acrescentar a capela-mor em 15 palmos, ao mesmo tempo que a

alteariam em 7 palmos. Os artistas obrigavam-se a reutilizar a pedra da antecedente

estrutura para a edificação da nova capela-mor.

A necessidade de aumentar a luz no interior da capela-mor, próprio do pensamento

religioso expresso nos valores sensitivos barrocos sobre cor e luz, conduzem as

religiosas a incluírem no seu programa construtivo o rasgar de duas frestas. Da

empreitada constava ainda a abertura de mais janelas que serviriam de tribuna para as

religiosas puderem ouvir as celebrações litúrgicas da casa da enfermaria e a abertura de

um portal de ligação entre a tribuna e a sacristia. É igualmente estipulado que os mestres

fizessem de novo a empena do arco cruzeiro com a sua cornija e a cruz correspondente à

da capela-mor. Além do acrescentamento desta, os mestres obrigavam-se ainda a

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ampliarem a casa da enfermaria e a sacristia do convento. Neste documento é feita

referência ao futuro revestimento interior a talha dourada como podemos deduzir no

seguinte extracto: “por detras da trebuna lhe faram as luses que o mestre do retabollo

lhe ensinar”.

QUANTIA: 660$000 réis, sendo o último pagamento feito sómente depois da obra

revista. Devido à deslocação mais ou menos prolongada dos pedreiros, própria da sua

itinerância até ao local da obra, as religiosas teriam de dar “o caldo” aos oficiais que

andassem na obra e para os mestres “huma resam de freira jnteira comforme elle o

quiser crua ou ya temperada”. No entanto, enquanto os oficiais estivessem no monte a

extrair a pedra necessária à empreitada, as religiosas forneceriam apenas o feijão que

eles mandariam cozinhar. O encomendador obrigava-se ainda a fornecer aos artistas, a

cal e o saibro necessário.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no palratório do Convento de Santa

Clara.

TESTEMUNHAS: Reverendo Cónego Padre antónio de Sousa Lobo de Braga, e o

Reverendo Padre Manuel Vaz, Capelão deste dito convento.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-725 (nova cota), fls. 24v-26.

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Carpintaria

Documento XXXII

DATA. 1731. Fev. 8.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam que fes Jeronimo Lopes desta villa ao

convento de Santa Clara desta villa”.

ARTISTA: Jerónimo Lopes Mesquita, carpinteiro, morador na rua das Molianas

(Guimarães).

ENCOMENDADOR: a Madre Abadesa e mais religiosas do Convento de Santa Clara.

OBRA: execução da obra de carpintaria da igreja, sacristia e casa da enfermaria. Esta

obra incluía “hum emadeiramento de paus altos para encostar o retábulo”. A este

artista competia, portanto, preparar a capela-mor para receber nas suas paredes a obra de

entalhe executada por Ambrósio Coelho.

QUANTIA: 300$000 réis. O cliente forneceria toda a ferragem e pregos necessários à

empreitada. Em contrapartida, o mestre carpinteiro responsabilizava-se pelo pagamento

das madeiras.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento de Santa Clara.

TESTEMUNHAS: o Reverendo Conego Padre Gonçalo Antonio de Sousa Lobo da

cidade de Braga e Ambrozio Coelho escultor da freguezia de Santa Crestina de

Sersedelo

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

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FONTE: A.M.A.P., N-725 (nova cota), fls.29v-30v.

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Vol.II

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Arte da talha

Documento XXXIII

DATA. 1731. Fev. 8.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Contrato sobre o retabollo que feseram a madre

abbadessa do convento de Santa Clara com Ambrozio Coelho de Santa Crestina de

Sersedelo”.

ARTISTA: Ambrósio Coelho, escultor e entalhador, com oficina em Serzedelo

(Guimarães).

ENCOMENDADOR: A Madre Abadessa Dona Inês Maria de Santa Rosa “e mais

deputadas do governo deste convento”.

OBRA: um retábulo, tribuna e dois anjos tocheiros.

RISCO DE : Ambrósio Coelho, escultor e entalhador.

QUANTIA: 600$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Ambrósio Coelho comprometia-se a iniciar toda esta

empreitada no dia de Páscoa de Flores, e a finalizá-la até ao fim do mês de Agosto de

1732.

FORMA DE PAGAMENTO: em três prestações: a primeira no início da obra; a

seguinte no meio; e a última depois da obra estar concluída e revista por mestres peritos

na arte.

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Vol.II

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: nas grades do Convento de Santa

Clara.

TESTEMUNHAS: Jerónimo Lopes Mesquita, carpinteiro, de Guimarães e o Cónego

Gonçalo António de Sousa Lobo, da cidade de Braga.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-725 (nova cota), fls.28v-29v.

Page 74: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

Vol.II

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Documento XXXIV

DATA. 1733. Jan. 13.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam que feseram Manoel Gomes desta villa e

Ambrosio Coelho ao convento de Santa Clara”.

ARTISTAS: Ambrósio Coelho, mestre escultor, morador no lugar de “Hurinhais”, da

freguesia de Santa Cristina de Serzedelo e Manuel Gomes de Andrade, mestre pintor,

morador na rua Caldeiroa (Guimarães).

ENCOMENDADOR: Dona Inês Maria de Santa Rosa, abadessa do convento de Santa

Clara e mais deputadas do governo.

OBRA: Apenas cinco meses após a estrutura retabilística da capela-mor entalhada por

Ambrósio Coelho estar assentada, inicia-se a fase do douramento e pintura, ao mesmo

tempo pondo em arrematação a talha das ilhargas da capela-mor. O mestre Manuel

Gomes de Andrade obrigava-se a executar o seguinte programa construtivo:

- Dourar, encarnar e estofar o retábulo, a tribuna e as ilhargas da capela-mor;

- Fazer um quadro no tecto da capela-mor “conforme lhe ensenuarem”;

- Fazer seis quadros nas ilhargas e um quadro na tribuna;

- Pintar um quadro na tribuna;

- Pintar um cortinado fingido na volta do arco do retábulo-mor, por cima, na parte

de dentro, com “seus rapazes pegando nele”;

- Dourar os anjos que estavam nas credências;

- Dourar as credências da capela-mor;

- Dourar o frontal e o primeiro banco do retábulo;

- Pintar de mármore fingido o lavatório da sacristia, as frestas, os ferros e as

portadas;

- Pintar de angelim ou de pau preto, um caixão “onde se ham de meter os

ornamentos da igreja”;

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- Pintar o tecto da sacristia que constaria de “coadros e estes teram os frisos com

seu filete dourado e os coadros pintados de brotesco com tintas finas e com toda a

prefeição pocivel”.

Por seu turno, o mestre de Serzedelo obrigava-se a executar as ilhargas da capela-

mor até ao mês de Maio, na forma da planta assinada por ele e pelo escrivão.

QUANTIA: Manuel Gomes de Andrade: O cliente é exigente no que se refere à

qualidade do ouro, especificando que deveria ser “ouro agemado e subido dos

melhores”. O preço do ouro não estava incluído no ajuste de 1250$000 réis, e corria por

conta do convento. O cliente ficava obrigado ao pagamento da empreitada em cinco

fracções: 100$000 réis para comprar os aparelhos;100$000 réis no início da obra;

100$000 réis quando a obra da tribuna estivesse a meio; 100$000 réis acabado o tecto e

assentado o retábulo; e a restante quantia quando finalizasse toda a obra. O mestre

pintor comprometia-se a executar toda esta empreitada, de acordo com a planta

apresentada pelo cliente, até ao dia de Santa Clara (12 de Agosto) ou em finais de

Outubro. Ambrósio Coelho: por toda a empreitada receberia 180$000 réis, que o

encomendador daria em duas fracções: metade no início da obra e a restante quando a

talha fosse colocada.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no palratório do Convento de Santa

Clara.

TESTEMUNHAS: Reverendo Cónego Gonçalo Antonio de Sousa Lobo, da cidade de

Braga e Francisco Duarte de Meireles, de Guimarães.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-728 (nova cota), fls.16v-18v.

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Documento XXXV

DATA. 1739. Jun. 4.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ““ Contrato de obrigação de obra que fizeram Antonio

Luis e Luis Lopes Pimenta ao convento de Santa Clara”.

ARTISTAS: António Luís, pintor, morador na rua de Santa Luzia, e Luís Lopes

Pimenta, morador na rua do Guardal.

ENCOMENDADOR: Dona Josefa de Jesus Maria e mais religiosas do Convento de

Santa Clara.

OBRA: pintar e dourar os dois altares colaterais. A nota notarial menciona como

especial referência que o modelo a seguir no douramento e pintura dos altares laterais

deveria ser idêntico ao adoptado pelo mestre Manuel Gomes de Andrade na obra que

havia efectuado para a capela-mor da igreja. Os mestres comprometiam-se ainda a

dourar as imagens dos altares.

QUANTIA: 220$000 réis.

FIADORES: Manuel Pereira Pimenta, mercador, morador na rua Nova do Muro e

Bernardo Gomes, ferreiro, morador na rua de Santa Luzia.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Os artistas tinham de dar a obra concluída até ao mês de

Agosto desse mesmo ano.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no palratório do Convento de Santa

Clara.

TESTEMUNHAS: o Reverendo Padre Manuel Vaz, capelão do convento, e Jerónimo

Ferreira Guimaraes morador na rua Nova do Muro (Guimarães).

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TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-733 (nova cota), fls.116v-118.

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Convento do Carmo

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Pedraria

Documento XXXVI

DATA:1718. Dez. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato feito entre as rellegiosas de nossa Senhora

do Carmo com João Pinto mestre pedreiro sobre o novo dormitorio".

ARTISTA: João Pinto, mestre arquitecto de pedraria, morador “no Pecoto de junto a

esta villa".

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Prioresa Ana de São João e as outras

religiosas do convento.

OBRA: "acresentar ao seu dormitorio fasendo no dito acrescentamento tudo o que lhe

for necesario (...) a braça da parede dobrada na mesma da parede antiga (...) fara as

janellas repostas adonde forem neseçarios (...) as cunhas de presente se achao no fim

do dormitorio velho as mudara elle mestre".

QUANTIA: O preço total da obra não é especificado: "em preço cada braça de coatro

mil reis (...) as janellas (...) cada huma por mil e oitosentos e sincoenta reis (...) serao

ellas rellegiozas a dar a dita cal e saibro como tambem asim todos os halicerces". A

pedra será cortada por conta do mestre, e as religiosas são obrigadas a dar o caldo ao

jantar e à noite ao mestre e aos oficiais que com ele andarem.

TESTEMUNHAS: António Luís Pinto de Sousa, irmão de João Pinto, morador na

freguesia de S. Lourenço de Cima Selho (termo de Guimarães) e o Reverendo Frei

Jerónimo Cardoso.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No Convento de Nossa Senhora do

Carmo.

TABELIÃO: António da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-518, fls. 138v-139v.

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Documento XXXVII

DATA:1723. Fev. 11.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de obrigação que fizerão as rellegiozas do

Carmo com João Pinto pedreiro desta villa de Guimarães".

ARTISTA: João Pinto, mestre de arquitectura, morador no lugar do Picoto, extramuros

de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Soror Benta de Jesus, prioresa e as outras

religiosas do convento.

OBRA: as religiosas “pretendião acrescentar aos dormitorios do dito convento pellas

áreas que tinhão detreminado (...) a braçada de parede mestra na forma e grosura do

dormitorio que estava feito, a coatro mil e quinhentos reis, e o perpianho de palmo e

dorno, cada braçada a tres mil e quinhentos reis, e o de palmo e meio a braçada a

coatro mil e quinhentos reis, a parede do aliceçe ou dobrada da mesma sorte, os arcos

do dormitorio de quinze palmos de altura, e de largura os que pedir a sua proporsam

sem se medir vão e por cheio com sua cornige e seu pe cada hum por dezaseis mil e

quinhentos as portas, jenellas e frestas na forma das que fes no dormitorio novo medido

o vão por cheio por cada huma dous mil e quinhentos reis, o palmo de aljeros a sento e

vinte reis, a meza do pulpito por coatro mil e oitosentos reis, a fonte do lavatorio com

duas bicas e a taça de seis por sete palmos, fara por nove mil e seiscentos reis, os

cachoros pera os asentos cada hum por coatrocentos e oitenta reis; alguns vãos que se

deixarem pera capella sem se medr vão por cheio por que se enche, ou as de perpianho,

dous mil e quinhentos, com só a obrigação de dar a comunidade cal e saibro e

madeiras de barrotes e taboados pera as estadas, e que fara a obra do coro por sento e

carenta mil reis, e com a obrigação de abrir duas janellas como a grande que o coro

tem, a par a piquena e fresta grande da igreja, o arco da igreja será de pedra fina

muito bem feito, tres janellas no coro pera as gradesde doze palmos de altura cada

huma tambem de pedra fina e o acrescentamento do mirante metendo no mesmo

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acrescentamento os sinos em toda esta obra rebatera alem dos preços mencionados

oito mil reis, toda a pedra do desmancho será do convento so a do coro do dito mestre

(...) e os entulhos e alicerces abertura delles serão por conta da comunidadee será

obrigado elle mestre a trazer sempre na obra entre serventes e ofeciais ao menos

quinze peçoas e ajudar nos guindastes a levar as traves asima e ellas rellegiozas seram

obrigadas a darem caldo ao jantar e a noute aos ofeciais que andarem na dita obra e a

elle mestre ou peçoa que andar em seu lugar lhe darão ellas rellegiozas de gentar a

coal obra elle mestre entrará logo a fazer e não parará com ella athe findar, que no

cazo que deixe de continuar com ella e vá fazer outra poderão ellas rellegiozas meter

outro mestre em seu lugar por conta delle dito mestre como tambem ellas lhe nam

faltarão com o dinheiro necessario pera elle mestre continuar, a coal obra fará com

toda a segurança de sorte que não venha aruinar que no cazo que se aruine em parte

ou em todo depois de feita dentro de anno e dia será outra ves feita a sua custa delle

mestre (...) que elle mestre gostar em mudar o campanário dos sinos pera onde for mais

conveniente se lhe pagara seus jornais e lhe daram os azimbres feitos e carpinteiro

pera o ajudar a asentar e pregar e com elle mestre entrava com igoal parte e com a

mesma obrigação seu irmão Antonio Pinto, tambem asistente nesta villa, e que darão

ellas rellegiozas cazas pera se recolherem os ofeciais “.

QUANTIA: O lavatório por 9$600 réis; a mesa do púlpito por 4$800 réis. A restante

obra de pedraria é ajustada ao palmo.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “mestre o coal sera obrigado a começar logo na dita obra

de sorte que o coro se faça paçados logo as oitavas de Paschoa e toda a obra asim do

como do dormitorio será elle mestre obrigado a dar acabada das suas mãos dentro de

oito mezes, e não a poderá trazer adiantados mais que sem mil reis”.

TESTEMUNHAS: António do Espírito Santo, donato no dito convento e João da

Costa, tecelão, da rua do Sabugal.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa do locutório do Convento

de São José do Carmo.

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TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-610 (nova cota), fl.s113-113v.

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Documento XXXVIII

DATA: 1732. Abr. 28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de obra feita entre convento do carmo com

Joao Pinto pedreiro e Antonio Pinto".

ARTISTAS: João Pinto, mestre pedreiro, morador "na rua de Janse e freguezia de

Penço" e António Pinto, pedreiro, morador no lugar da Bouça, da freguesia de S.

Lourenço de Cima de Selho (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Prioresa Maria Josefa de Belém, "e mais

deputadas do governo de grades adentro".

OBRA: Puseram a obra a lanços, para ser feita de acordo com uma planta e rascunho,

"querendo (...) este convento acrescentar ao coro e mirante e portaria e grades".

QUANTIA: Um conto e duzentos e cinquenta mil réis, pagos consoante fôr necessário.

Antes do dinheiro ser todo dado, a obra será revista. A pedra grossa é por conta das

religiosas e a pedra fina, é por conta dos oficiais. Os artistas comprometiam-se a trazer

no estaleiro pelo menos 25 oficiais. Por seu turno as religiosas obrigavam-se a dar o

caldo e “casa para os oficiais dormirem no convento que andarem na dita obra”.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: Abade Frei José da Conceição, capelão do convento, e João Dias.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No locutório do Convento de S.

José do Carmo.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-726, fl. 1-2.

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Documento XXXIX

DATA:1760. Mar. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato entre as relegiozas do Carmo com Visente

Carbalho Pedreiro".

ARTISTA: Vicente de Carvalho, mestre pedreiro, morador no Lugar de Caneiros,

freguesia de Santa Maria de Fermentões, do termo da vila de Guimarães

ENCOMENDADOR: Madre Josefa de S. Francisco Vitalia, prioresa do convento, e

juntamente com ela "as mais rellegiozas eleitas e deputadas para o bom goberno" do

convento.

OBRA: O mestre estava encarregado de fazer "uma obra de pedraria de huma caza

comunal na forma de duas pelantas e apuntamentos, que se aviham asinados por ellas

ditas relegiozas e elle dito mestre pedreiro e dentro da clausura deste dito seu

conbento". Obra esta feita com toda a segurança "bondade e firmeza".

QUANTIA: 263$200 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: quatro pagamentos iguais: "o primeiro logo no

principio da dita obra e o segundo no asuleirar della e o terceiro finda a parede na

altura de vinte e quatro palmos e o ultimo no fim de toda ela". Antes do artista receber a

última parte do pagamento a obra será "vista e revista por mestres que bem o entendem

se esta feita na forma da pelanta e apuntamentos."

PRAZO DE ENTREGA: Feita e concluída por todo "o mes de Julho primeiro

vimdouro deste prezente anno " (1760).

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa do locutório do convento

de S. José do Carmo.

TABELIÃO: Francisco de Sousa Lobo.

FONTE: A.M.A.P., N-959, fls. 33v-34v.

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Carpintaria

Documento XL

DATA: 1723. Ago. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Manoel da Silva da Ponte de Serves

a obra dos asentos do coro do mosteiro do Carmo desta villa”.

ARTISTA: Manuel da Silva, ensamblador, morador no lugar da Ponte de Serves, da

freguesia de S. Teodoro de Pedome (actual concelho de Vila Nova de Famalicão).

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Benta de Jesus, prioresa do convento do

Carmo.

OBRA: a obra do cadeiral e assentos do coro alto da igreja do convento do Carmo. O

mestre comprometia-se a executar toda esta empreitada, de acordo com risco

apresentado pelo cliente

QUANTIA: 95$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: O encomendador ficava obrigado ao pagamento da

empreitada em duas fracções: 40$000 réis no momento da assinatura desta nota notarial

“para comprar o que lhe for necessario”; os restantes 55$000 réis quando finalizasse e

assentasse toda a obra. Quanto a pormenores da empreitada, apenas temos

conhecimento que o mestre comprometia-se a executar a obra das cadeiras do coro e os

“banquos de diante das cadeiras”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: A obra teria de ser acabada “o mais depreça que puder

ser”, obrigando-se o artista a não “tomar outra enquanto não acabar esta”.

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FIADOR: António de Oliveira Barreto morador na Praça da Oliveira (Guimarães). Por

seu turno, como garantia de pagamento dos 55$000 réis, as religiosas apresentavam os

bens e rendas do seu convento.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO CONTRATO: Casa do Locutório do Convento de S.

José do Carmo.

TESTEMUNHAS: António do Espirito Santo, donato no dito convento e João da

Cunha Coutinho morador em Guimarães.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-609 (nova cota), fls.195-196.

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Documento XLI

DATA: 1725. Jun. 09.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçam e fiança a obra de carpintaria dos

dormitorios das rellegiozas do Carmo que deu Pedro Pinto mestre carpinteiro da

freguezia e honra de Cepains deste termo”.

LOCAL DA OBRA: Convento do Carmo, de Guimarães.

ARTISTA: Pedro Pinto, mestre carpinteiro, da freguesia de Cepães.

ENCOMENDADOR: Religiosas do Convento de São José do Carmo

OBRA: “por ellas rellegiozas foi dito que ellas tinham mandado por a pregam e lanços

a obra de carpintaria que pretendiam fazer de novo dormitorio e sellas na forma de

hum exordio que tinham a todo o mestre que a quizece fazer e andado a lanços

prezentes mestres que a elles forão o ultimo lanço que dera forão sento e noventa e

nove mil reis em dinheiro que elle Pedro Pinto lançara pella dita coantia fazer a dita

obra na forma do exordio que fora mostrado e lido e por não haver quem mais lançace

se lhe ouve por rematada (…) aprezentarão a mim tabaliam o dito exordio que hera do

theor seguinte: (…) na forma da obra em que a Senhora Madre Prioreza e mais

rellegiozas querem o seu dormitorio novo, a saber solhado e sobradado sobre traves de

macho femea, sellas dormitorio entre sellas que sam sete por banda feitas armadas de

madeira e asentado tijollo e revocar e expensillar e fazer huma porta em cada huma

sella e huma janella de duas, e logo por sima destas se segue outras setes por banda

com o dormitorio pello meio, que seram sobradadas sobre barrotes lavrados e

pranaidos como tambem o taboado sera prainado que sirva de forro as de baixo, serão

cada huma destes sellas de sima forradas de esteira, e o dormitorio de sima sera

armado de pernas a que chamão de coatro agoas sera forrado e tres paineis gornecido

com a meia cana e rompantes em grosura de taboa cada hum destes paineis sobre sy

com o comprimento que necessario for igoal a largura sobradara os corredores das

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janellas conventuais que seram coatro, fará as janellas delles de duas tanto as janellas

das sellas como as conventuais seram de duas portas de caixilhos ou sonsoheiras

daquillo que a Senhora Madre Prioreza acentar mais de seu gosto, armará este

dormitorio seguro e capas de levar a telha e telhará e porá o alyarós de cal guieiros e

cume (… ) e tudo por conta do ofesial que a tomar de mãos, e todo o cavedal que

necessario for pera ella hê por conta da caza e se desta obra que asima se falla ellas

Senhoras quizerem aprecentar mais será por sua conta (…)”.

QUANTIA: 199$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “em tres pagamentos principio, e outro no meio

(rasgado documento) (…) oito ofeciais (…) e se dará a elle mestre reção ao jantar

enquanto andar na dita obra tam somente e apozento ou cartel pera os ofeciais se

recolherem (…)”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “fazer a dita obra (…) com a mayor brevidade que possa

ser sem entrepollar dias alguns (…)”.

VISTORIA DA OBRA: “revista por mestres de sans concencias pagara elle mestre

toda a perda ou demenunhição que no concerto della resultar (…)”.

FIADOR: João Pinto, mestre de arquitectura, morador no Picoto, extramuros da vila de

Guimarães.

TESTEMUNHAS: Manuel de Miranda Machado, vizinho do dito mosteiro; e

Domingos Teixeira “familiar do convento”; e António Gomes Ribeiro, familiar do

tabelião.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No locutório do Convento de São

José do Carmo.

TABELIÃO:.Brás Lopes.

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FONTE: A.M.A.P., N-612 (nova cota), fls. 108v-110.

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Documento XLII

DATA: 1728. Mai. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato e obrigação de obra feito entre o convento de

Sam Jozeph do Carmo com Domingos Pinto carpinteiro de Aroes".

ARTISTA: Domingos Pinto, carpinteiro, morador no lugar de Agrelo, da freguesia de

Santa Cristina de Arões (termo de Guimarães, actual concelho de Fafe).

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Prioresa Mariana Baptista da Fé e “mais

deputadas do governo”.

OBRA: "emmadeiramento e telhados da cozinha despenza (...) e se faram (...) frestas e

nove armarios repartidos (...) sinquo portas e huma janella entre a despença e cozinha

(...) uma cobertura no labatoreo da cozinha e (...) dois portais em cada hum a sua porta

(...) telhara por sua conta o telhado da dita obra o coberto e thelhados que ficarem

debaixo do dromitorio a mourisca (...) os caleiros seram asentados sobre as paredes".

QUANTIA: 43$000 réis, pagando o carpinteiro as ferragens necessárias.

PRAZO DE ENTREGA: Até ao fim do mês de Agosto, "proximo vindouro".

TESTEMUNHAS: João Pinto, e João da Silva, pedreiro, "da Torre da freguezia de

Aroes".

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Quintal da Sobradela, convento de

S. José do Carmo.

TABELIÃO: Manuel da Silva.

FONTE A.M.A.P., N-721, fls. 9-10.

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Documento XLIII

DATA: 1733. Mai. 01.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçam que fez Domingos Pinto do lugar da

Agrella freguezia de Santa Cristina de Arois a obra de carpintaria no convento do

Carmo desta villa".

LOCAL DA OBRA: Convento do Carmo.

ARTISTA: Domingos Pinto, mestre de carpintaria, do lugar da Agrela, freguesia de

Santa Cristina de Arões, termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Dona Mariana Luísa, prioresa, do Convento do

Carmo, “e com ella as discretas e elleitas e deputadas pera o bom governo do dito

convento”.

OBRA: “mandando por a lanços a obra de carpintaria que pertendião de novo fazer

ce no dito convento a mestres que com mais comodo a fize ce nella lançara elle

Domingos Pinto, a faz ela e da la feita e acabada na forma dos apontamentos e exordio

que pera isso se aviam detreminado por preço de duzentos e sincoenta mil reis em

dinheiro de contado, e por não aver quem por menos a fizesse nem outro mestre em o

dito lanço se lhe ouvera por dada e rematada (…). Apontamentos da obra de

carpintaria que ha de fazer o mestre Domingos Pinto com cujo encargo se lhe rematou

no seu lanço de duzentos e sincoenta mil reis. Primeiramente catorze cazas de

palratórios todas com suas portas, e cada grade com huma rodinha como he estillo;

ham de ser todas estas cazas travejadas, sobradas e forradas; quatro corredores pera

as mesmas cazas que ham de ser forradas, de esteira, e suas portas pera entrada;

dezanove janellas que respeitam pera a parte da rua, e pera o interior do convento das

coais estam feitas as da parte da rua exseto hum que entra na obrigasam desta obra;

huma caza de portaria que ha de ser sobrada da terrea, e forrada de barrotes que ha de

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ter duas rodas grandes, e tres portas e duas janellas pera a parte interior do convento

sera mais forrado hum patim que leva na frente da portaria, e patio, todas as cazas

ham de ser armadas, caibradas e ripadas; as cazas de sima ham de levar as paredes de

entre meio, de tabique pera o coal sera o mestre obrigado a emadeira lo e o asentar o

tijollo por conta da comunidade, as rellegiozas serão obirgadas a dar toda a madeira

necessária, tijollo, pregos, e os mais materiais presizos pera a dita obra, sera o mestre

obrigado a serar a madeira pera traves freixais e terceiros a algum pau comprido,

seram as ditas rellegiozas obrigadas a dar ao dito mestre huma reção como he

costume; caldos aos ofessiais, caza pera asestirem, cama pera o mestre, e colmeiro e

cuberta pera os ofeciais; e todos os buracos que forem necessários pera traves e

achumbaduras de portas não sera o mestre obrigado por ser de pedreiro e os matereais

seram trazidos pera a obra por conta da comunidade”.

QUANTIA: 250$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “o dinheiro se lhe ira dando aos pagamentos de mes a

mes asim como elle mestre for sendo em seu travalho, de que passara seus recibos athe

ser pago da dita coantia”.

VISTORIA DA OBRA: “no fim de tudo querendo ellas rellegiozas mandar examinar

a dita obra por peçoas de sans consiencias que o entendam o poderão fazer ou

recebedores, e tendo algum erro, ou inperfeita será elle mestre obrigado a tudo

corrente a sua custa”.

PRAZO DE ENTREGA: “não sahirá da dita obra pera outras encoanto a não acabar

com a brevidade possível”.

TESTEMUNHAS: António Pinto de Sousa e seu irmão João Pinto, “mestres pedreiros

das obras do dito convento e Custodio Fernandes do mesmo oficio da freguezia de Sam

Romão de Mesam Frio deste termo”.

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ASSINATURA DO ARTISTA: Sabe assinar, bem como todos os outros três

pedreiros.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento de São José do Carmo.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-626 (nova cota), fls.83v-85.

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Documento XLIV

DATA: 1748. Ago. 11.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçam de obra que fes o Mestre Manoel

Francisco as relegiozas do Carmo".

ARTISTA: Manuel Francisco, mestre carpinteiro, morador na rua de Santa Cruz,

extramuros da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Madre Maria Madalena de Santo António, prioresa do convento

do Carmo e as mais religiosas.

OBRA: “a obra das barandas do dito seu convento mandaram fazer sua planta e

apontamentos (...) mandaram por a obra a lansos em dia pera hiso destinados a quem

com mais cómodo lhe fizece a referida obra e por ultimo lanso (...)”. Obra de

emadeiramento do claustro “não somente o andar de baixo senão tambem o andar de

sima” e dos telhados. Tudo de madeira de castanho boa e perfeita e sã. “Pera o andar de

baixo levara sete trabes de castanho (...) e solhera este andar de tabuado de castanho

tudo em preto mas sim de macho e femia e principiara desde a porta que fecha o

dormitório da parte das tribunas athe o outro dormitório que confina pera a parte dos

pasos, ou da serca”. É estipulado que toda a madeira velha que se tirar ou alagar ficaria

para a comunidade. No segundo andar, o mestre seria obrigado a deitar abaixo e a

soalhar de novo.O forro do telhado da última “baranda sera todo furrado desde o

principio de hum dormitório athe o outro”.

QUANTIA: 205$000 réis.As madeiras, chaves, fechaduras e madeiras seria por conta

do mestre execepto “as linhas que forem nececarias pera o tilhado”.

FORMA DE PAGAMENTO: “Se faram os pagamentos conforme a obra estiver feita

exceptuando sincoenta mil reis que ficarão pera o fim da obra pera ser vista e rebista

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por mestre que o entenda pera que a faltar que ouver ser reparada e aprefeisuada a

custa delle mestre e seus fiadores”.

FIADORES: Gregório Lopes, carpinteiro, morador na rua detrás o Muro (Guimarães) e

Domingos de Freitas hortelão “das rellegiozas do convento de Santa Clara desta villa”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Com a maior brevidade possível, até ao mês de Dezembro

do corrente ano.

TESTEMUNHAS: António Cerqueira e António Ferreira, pedreiros, de São Lourenço

de Gollães do termo de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa das grades do convento do

Carmo

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha

FONTE: A.M.A.P., N-881 (nova cota), fls.99v-101.

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Arte da talha

Documento XLV

DATA: 1746. Jun. 1.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: " Obrigação de obra que fez Jose Alvares de Araujo de

Braga as freiras do Carmo”.

ARTISTA: José Álvares de Araújo, mestre entalhador ou aparelhador de retábulos,

morador na rua dos Chãos, da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: “A Reverenda Madre Guiomar Michaella do Nasimento

prioreza actual no dito convento com as mais reverendas madres com ella deputadas

elleytas pera o seu bom governo todas juntas e congregadas em cappitullo e cappitullo

fazendo por elle chamadas e convocadas por som e voz de campa tangida segundo seu

bom uso antigo custume em semelhantes actos”.

OBRA: feitura do retábulo-mor11

, dos dois altares laterais12

e das sanefas da igreja.

Com esta obra de talha, as religiosas tinham como objectivo a beneficiação artística da

sua igreja e motivações religiosas, como podemos observar nestas elucidativas palavras

do contrato de obra: “ melhor açeo da dita igreja e culto devino ”.

QUANTIA: 930$000 réis. O encomendador comprometia-se durante o assento da obra,

a fornecer ao mestre “um reçam da comonidade feite e cozinhada e caza propiçoa ao

dito convento pera viver” e o caldo para os seus oficiais.

11

Neste retábulo, o artista teria de fazer uma tribuna “com todos os mais apendios”. 12

Tratam-se dos altares laterais dedicado a Santa Ana (lado Evangelho) e a Nossa Senhora do Carmo (lado Epístola).

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FORMA DE PAGAMENTO: Às religiosas competia proceder ao pagamento em duas

fracções: 600$000 réis depois do retábulo-mor e tribuna estarem assentados na igreja; a

última de 330$000 réis, no final de toda a empreitada.

PRAZO DE ENTREGA: O mestre comprometia-se perante o cliente, a executar o

retábulo-mor com a sua tribuna até ao mês de Fevereiro do ano seguinte. Por sua vez, os

altares laterais, as sanefas e “mais apendios” teriam de estar assentados até ao mês de

Fevereiro de 1748. No entanto, a obra só era dada por concluída depois de se proceder à

vistoria efectuada por dois mestres peritos, do mesmo ofício do artista: um por parte da

comunidade religiosa, outro pelo mestre. No momento desta vistoria, José Álvares de

Araújo era obrigado a apresentar as plantas e os apontamentos que recebeu durante a

assinatura da nota notarial13

. Se por ventura não tivessem sido cumpridas integralmente

as disposições que constavam da planta e dos apontamentos, o mestre bracarense era

punido através de uma multa de 100$000 réis. Prevendo-se o recurso à justiça, caso

algum problema viesse a ocorrer, seriam as respectivas demandas por parte do artista e

do seu fiador tratadas nas instâncias judiciais de Guimarães, e por parte das religiosas na

cidade de Braga.

FIADOR: António Luís, pintor, morador na rua de Santa Luzia (extramuros de

Guimarães).

TESTEMUNHAS: Frutuoso Mendes Brandão, carpinteiro, morador na rua de Santa

Luzia; o Padre António Gomes de Barros, morador na rua Nova das Oliveiras; e

Veríssimo Antunes, lavrador, residente no lugar do Assento, freguesia de S. Salvador de

Briteiros.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: numa das “cazas das grades” do

convento do Carmo.

TABELIÃO: José da Costa.

13

O documento não especifica qual o autor do risco, o que nos impossibilita de conhecermos este dado importante.

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FONTE: A.M.A.P., N-855 (nova cota), fls.143v-146.

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Documento XLVI

DATA: 1746. Jun. 22.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Declaração de escreptura do Carmo”.

ARTISTA: José Álvares de Araújo, mestre entalhador ou aparelhador de retábulos,

morador na rua dos Chãos, da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: “Muito Reverenda Madre Soror Guiomar Michaela do

Nascimento prioreza actual no dito convento com as mais reverendas madres com ella

deputadas pera o seu bom governo todas juntas e congregadas em cappitullo e

cappitullo fazendo a elle chamadas e convocadas por som e vos de campa tangida

segundo seu bom uso e antigo custume em semelhantes actos”.

OBRA: Poucos dias após a celebração do contrato de obra celebrada a 1 de Junho de

1746, é assinada no convento do Carmo, na presença da prioresa do convento, do artista

e do seu fiador, uma alteração ao contrato previamente celebrado, que consistiu na

substituição das plantas e apontamentos anteriormente cedidos ao artista para a feitura

da obra. As plantas e apontamentos que a prioresa e as restantes religiosas tinham

mandado elaborar, não tinham agradado ao arcebispo D. José de Bragança, seu prelado,

que de imediato mandou executar novo risco:

“esta não agradando a Sua Alteza o Serenissimo Dom Joze Arcebispo do Arcebispado

Primas Seu Prellado as ditas plantas e apontamentos mandou fazer novas plantas e

apontamentos com mais agudeza e açeo na sua prefeição que ao fazer desta escreptura

de declaraçam foram aprezentados”.

As novas plantas e apontamentos ordenados pelo Arcebispo D. José de Bragança, das

quais mais uma vez não é citado o autor do risco, foram assinadas pelo tabelião, pela

prioresa e pelo artista. Este último obrigava-se a executar a empreitada pelo mesmo

preço e condições estipuladas pela precedente escritura, mas na forma do novo risco.

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Note-se aqui, a ingerência e a influência de carácter artístico do arcebispo de Braga na

obra de talha deste convento e a sua preocupação em transmitir uma nova e melhorada

fisionomia à obra de talha, que correspondesse à dignidade do convento e do seu

próprio episcopado.

FIADOR: António Luís, pintor, morador na rua de Santa Luzia (extramuros de

Guimarães).

TESTEMUNHAS: António da Cruz, procurador dos negócios deste convento e Manuel

de Miranda Machado, vizinho do convento.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: numa das “cazas das grades” do

convento do Carmo.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-855 (nova cota), fls.164-165.

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Documento XLVII

DATA: 1754. Mar. 9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra de pintura que fizeram João

Pereira Cardozo e outros da cidade do Porto ao retabullo da jgreja do Carmo desta

villa “.

LOCAL DA OBRA: Convento do Carmo.

ARTISTAS: os mestres pintores portuenses: António José Pereira de Santa Ana, João

do Couto Teixeira, João Pereira Cardoso e Luís Pinto Leitão.

ENCOMENDADOR: “Madre Josepha Luiza de Santa Roza prioreza actual deste

mesmo convento com as mais rellegiozas decrestas para o regimen e todas pera o

prezente acto chamadas e convocadas por som e voz de campa tangida segundo huzo e

custume antigo e todas no fim deste publico instromento asinadas”.

OBRA: das várias etapas observadas na preparação prévia da madeira, que possibilitava

a aplicação da folha do ouro sob uma superfície lisa, neste documento é descrito

pormenorizadamente, uma das técnicas usadas nesta preparação: o aparelhamento.

Como a durabilidade do douramento dependia do número de mãos de gesso grosso,

gesso malte, do bolo arménio e do tipo de cola utilizada, o encomendador recomendava

que o aparelho fosse feito com três mãos de gesso grosso, quatro de gesso malte e

quatro de bolo arménio, num total de onze mãos, e que fosse utilizada boa cola de

retábulo. A responsabilidade dos mestres portuenses quando ao aparelho prolongava-se

por um período dilatado de cinco anos. Se por acaso, dentro desse prazo o ouro

ressaltasse por falta de aparelho, os artistas comprometiam-se a refazer toda a obra à sua

custa e risco.

Em relação ao ouro, é expresso que fosse utilizado ouro subido, fino e brunido, ou

seja, ouro de alta qualidade, polido e brilhante. Por parte do encomendador houve uma

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preocupação estética de transmitir uma variada policromia, que não se limitava ao

dourado, mas a um impacto visual mais realista, notório nos elementos decorativos do

retábulo como os “rapazes e serafins” que seriam “fuscados”.

Além da obra de talha executada pela oficina do mestre José Álvares de Araújo,

que incluía o retábulo-mor, dois altares laterais e as sanefas, os mestres pintores

comprometiam-se a dourar “toda a mais talha que se acha ornando a sua jgreja”, que

incluía os púlpitos, remates de portas, credências, o óculo do coro, e o retábulo da

sacristia.

Em relação às imagens existentes nos três retábulos, comprometiam-se a estofa-las

“ao moderno sobre ouro com ouro”, com excepção das imagens de Santa Ana e de

Santa Gertrudes. A imagem de Santo Cristo existente na sacristia, também seria alvo da

intervenção dos mestres portuenses devendo ser encarnada, isto é, os pintores

obrigavam-se a obter um colorido perfeito que imitasse a carne do corpo de Cristo. No

altar-mor, os artistas obrigavam-se igualmente a dourar algumas tábuas para se

colocarem castiçais quando se expusesse o Santíssimo Sacramento e o lugar do Senhor

que se encontrava debaixo do sacrário. No contrato é também estipulado que dourassem

os 230 “micheiros (...) que custuma servir nas funsois desta jgreja”. Por fim, os artistas

obrigavam-se a pintar os elementos escultóricos da belíssima frontaria da portaria do

edifício conventual constituído pelos três anjos e serafins, datada de 1732, da autoria de

João e António Pinto.

Entre o encomendador e o artista, é acordado que toda esta empreitada seria

realizada conforme a vontade e o agrado de D. José de Bragança, arcebispo de Braga. a

alimentação como a estadia eram por conta dos mestres portuenses.

QUANTIA: 920$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três prestações iguais: a primeira no início da obra, a

segunda no meio e a última quando a finalizassem.

FIADOR: Para maior segurança do cliente, os mestres portuenses davam as fianças

exigidas pelas religiosas e apresentavam para além disso, os seus fiadores: José da Silva

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Guimarães, homem de negócios e João Caetano Moura Queirós, cirieiro, ambos de

Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Os artistas obrigavam-se a iniciar a empreitada no dia de

S. José do corrente ano. A conclusão da obra da capela-mor estava prevista até ao mês

de Junto, enquanto que a restante empreitada tinha um prazo mais alargado – final mês

de Novembro.

VISTORIA DA OBRA: A empreitada só era dada por finalizada, após se proceder à

sua vistoria efectuada por dois mestres do mesmo ofício dos artistas, chamados para

esse efeito pelo arcebispo e pelas religiosas.

ASSINATURAS DOS ARTISTAS: todos os artistas sabem assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: locutório do convento do Carmo.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: A.M.A.P., nota do tabelião, N-886 (nova cota), fls.32-34.

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Convento de Santa Rosa de Lima

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Pedraria

Documento XLVIII

DATA: 1727. Fev. 6.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fizerão Manoel Fernandez da Sylva e

Andre Lopes a obra do dromitorio das Freiras de Santa Rosa”.

ARTISTAS: Manuel Fernandes da Silva, mestre de pedraria, morador Atrás de S.

Marcos (Braga); e André Lopes, mestre de pedraria, residente no lugar do Vale da

freguesia de Adaúfe (termo de Braga).

ENCOMENDADOR: A Reverenda Madre Catarina das Chagas, prioresa do convento

com “as mais religiosas profesas neste dito convento deputadas para o bom governo

delle ao diante asignarão em cappitullo e cappitullo fasendo a elle chamadas por som e

vos de campa tangida segundo o seu bom uso e antigo costume ”.

OBRA: Os mestres bracarenses comprometeram-se a fazer a obra de pedraria do

dormitório, refeitório e cozinha do convento “que he da regullar observancia do

Patriarcha Sam Domingos”. Na cozinha, os mestres teriam de construir uma chaminé,

conforme a planta apresentada pelas religiosas. A planta constava de “sinco papeis que

ficam rubricados por mim tabeliam com o meu breve nome que diz Costa”. No entanto,

não é mencionado o seu autor. O local a ocupar por estas dependências conventuais,

seria a zona da cerca do convento, “deste seu caminho a parte do poente contra o norte

e o sul ”. O encomendador teria de dar “ os caldos ao gentar ”, aos mais de vinte

oficiais que andavam na obra. O convento forneceria também toda a cal necessária,

enquando que o saibro seria extraído pelos artistas “na serca tornando a tapar os

buracos que fizerem e onde menos perda fizerem”.

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QUANTIA: Estes pedreiros bracarenses receberam antecipadamente 57$600 réis,

sendo a empreitada ajustada à braça e ao palmo.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: Agostinho Pereira da Silva, contador e distribuidor do juízo geral

de Guimarães e Manuel António, pedreiro, morador em Guimarães. Também assistiu a

este contrato o Reverendo Padre Frei António de Santa Rosa, prior no convento de S.

Domingos.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No locutório do convento de Santa

Rosa.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-817, fls. 60-62.

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Documento XLIX

DATA: 1734. Abr. 19.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obriguação a uma obra de pedraria que fizeram João

Moreira e outros as Relegiozas de Santa Rosa desta villa de Guimarães ”.

ARTISTAS: João Moreira Bouça, mestre pedreiro, morador no lugar da Aldeia de

Real, da freguesia de S. Salvador de Moreira, (termo do Porto); António Pereira, mestre

pedreiro, morador na rua Direita da freguesia de Santo Ildefonso extramuros da cidade

do Porto; Domingos da Costa, mestre pedreiro, residente no lugar de São Gemil da

freguesia de Santa Marinha de Vilar de Pinheiro (termo do Porto); e José Moreira da

Cruz, mestre pedreiro, morador na rua de S. Dâmaso (Guimarães).

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Águeda de Jesus Maria, prioresa no convento e

as restantes religiosas; e “ bem assim com ellas da mesma parte porem da banda de fora

das ditas grades o Muito Reverendo Padre Frei Joseph de Santo Thomas consultor do

Santissimo e exprevensial da Hordem dos Pregadores e vizetador comissario deste

convento de Santa Roza por comição do Muito Reverendo Padre aprezentado Frei Joze

de Souza consultor dos ditos Officios prior estignario geral da mesma Hordem dos

Pregadores neste Reino de Portugal como tambem o Muito Reverendo Padre Frei Luis

do Rozario e Freitas prior actual do convento de São Domingos desta villa e vigario

deste dito convento ”.

OBRA: Os mestres comprometeram-se a executar a obra da igreja e coro, que se

pretendia continuar e acabar no convento. Através da descrição da empreitada, temos

notícia de que a obra de pedraria da igreja já tinha sido anteriormente iniciada, ao nível

dos alicerces e da porta principal, por mestres que até ao momento desconhecemos.

Na descrição da obra, é feita referência ao dormitório construído em parceria por

Manuel Fernandes da Silva e por André Lopes, como atesta este extracto: “a esquadria

que for de picão meudo na melhor forma que se acha na obra do dormitorio”.

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Os mestres comprometiam-se a utilizar na empreitada apenas pedra dura e boa. O

encomendador obrigava-se a fornecer aos artistas a cal e o saibro, sendo este último

extraído dos alicerces. Se o saibro não fosse em quantidade suficiente, os artistas

mandariam tirá-lo à sua custa na cerca do convento. Por cada carro de pedra fina que o

cliente mandasse buscar, os mestres pagavam 80$000 réis.

QUANTIA: Não temos menção ao preço exacto, pois a obra foi ajustada à braça e ao

palmo.

FORMA DE PAGAMENTO: No fim da obra, depois de ser vistoriada pelo arquitecto

e estar de acordo com as exigências requeridas.

PRAZO DE ENTREGA: Não especifica uma data. Apenas é afirmado: “cuja obra

comesarão a fazer logo assim que entre o mes de Maio primeiro vimdouro deste

prezente anno e não a fazendo lhe pagarão elles mestres pedreiros toda a perda e

danno que ellas religiozas por esse respeito ressebesem ”.

FIADORES: José Pereira, alfaiate, morador na rua de S. Dâmaso e José Ferreira

Leitão, ferreiro, da rua de Santa Luzia, ambos de Guimarães.

TESTEMUNHAS: António da Costa, alfaiate, morador na rua das Molianas e João de

Crasto, bainheiro, vizinho do mosteiro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na “grade do choro debaixo da

igreia” do convento de Santa Rosa.

TABELIÃO: João Dias Vieira.

FONTE: A.M.A.P., N-829, fls. 177v-179v.

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Documento L

DATA: 1735. Nov. 9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Obrigação da obra que fizerão Antonio Pereira e

João Moreira mestres pedreiros ao convento de Santa Roza ”.

ARTISTAS: António Pereira, mestre pedreiro, morador na Rua do Bonjardim (Porto);

e João Moreira Bouça, mestre pedreiro do Lugar de Carvalhido, freguesia de S.

Salvador de Moreira.

ENCOMENDADOR: Reverenda Madre Soror Mariana da Encarnação, prioresa do

convento “ e mais deputadas do governo no fim deste publico instromento asinadas e o

Muito Reverendo Padre Superior Vigario em capita Frei João do Rozario conventual

no convento de São Domingos desta villa ”.

OBRA: O objectivo das religiosas, era que os mestres que andavam com a obra da

igreja, coro e capela-mor, fizessem o mirante e sacristia como era de utilidade deste

convento, debaixo do mesmo contrato de obrigação de obra anterior, na forma das

plantas que eles tinham visto. Neste contrato, as religiosas davam a cal, enquanto que os

artistas se comprometiam a fornecer o saibro. Os mestres obrigavam-se a continuar na

obra até a acabarem e a trazerem consigo mais de vinte oficiais.

QUANTIA: Não temos menção ao preço exacto, pois a obra foi ajustada à braça e ao

palmo.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: João de Crasto, bainheiro, morador em Guimarães e Diogo de

Freitas, pedreiro da Cruz da Pedra.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No locutório do convento de Santa

Rosa.

TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-729, fls. 60-61.

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Documento LI

DATA: 1737. Abr. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de uma obra das Domenicas desta villa que

fizerão Antonio Pereira e outros”.

ARTISTAS: António Pereira, mestre pedreiro, morador na freguesia de Santo

Ildefonso extramuros da cidade do Porto; João Moreira Bouça, mestre pedreiro,

morador no lugar do Carvalhido, da freguesia de S. Salvador de Moreira; e Nicolau

Moreira, mestre pedreiro, residente na freguesia de Vila Nova da Telha (concelho da

Maia) do termo do Porto.

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Mariana da Encarnação, prioresa no convento e

as restantes religiosas.

OBRA: Os mestres comprometeram-se a executar e acabar a obra do dormitório “que

esta principiado pella parte do sul emthe findar na jgreja e as escadas conventuais que

hao de ficar no mesmo dormitorio”. O encomendador obrigava-se a fornecer aos artistas

a cal, enquanto que o saibro era por conta dos mestres pedreiros.

QUANTIA: Não temos menção ao preço exacto, pois a obra foi ajustada à braça e ao

palmo.

FIADORES: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: João de Crasto, bainheiro e João Afonso da Costa, vizinhos do

convento.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa do locutório do convento

de Santa Rosa.

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TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-781, fls. 70v-71v.

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Carpintaria

Documento LII

DATA: 1735. Out. 17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obriguação de obra das relegiozas Dominicas com o

mestre Alexandre Pinto de Queiros e Moreira e outro ”.

ARTISTAS: Alexandre Pinto de Queirós, mestre ensamblador, morador no lugar do

Soutinho, da freguesia de Santo Estevão de Penso (termo de Braga); e João Moreira

Bouça, mestre de obras de pedraria “deste convento”, morador no lugar de Carvalhido,

freguesia de S. Salvador de Moreira (termo do Porto).

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Mariana da Encarnação, prioresa no convento e

as restantes religiosas.

OBRA: Os mestres obrigaram-se a executar “a obra de portas e cuberto de madejras

da nova jgreja que se anda fazendo neste convento”. As religiosas comprometiam-se a

alojar os dois mestres e os seus respectivos oficiais num quarto localizado “nas cazas

donde se recolhem os mestres pedreiros”. Quanto à alimentação dos mestres, é

estipulado que fornecessem cada dia que estivessem na obra, uma ração de carne e o

caldo ao jantar. Aos oficiais, as religiosas apenas dariam o caldo.

QUANTIA: 205$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Em três prestações: uma no princípio da obra, outra no

meio e a terceira no fim da obra.

FIADOR: José Ferreira Leitão, ferreiro, morador na rua de Santa Luzia. O fiador não se

encontra presente no momento da redacção deste contrato.

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TESTEMUNHAS: Dâmaso Ferreira e João de Crasto, bainheiros, vizinhos do

mosteiro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa da portaria do convento de

Santa Rosa.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-835 (nova cota), fls. 56-58.

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Documento LIII

DATA: 1736. Mar. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato da obra de carpintaria das religiozas de

Santa Rosa com os carpinteiros Antonio Carvalho e Antonio Queiros de Moreira (sic)

digo Moreira de Queiros de Ruibaes”.

ARTISTAS: António Carvalho e António Moreira de Queirós, carpinteiros, naturais da

freguesia de Ruivães, termo de Barcelos e assistentes em Guimarães.

ENCOMENDADOR: A Reverenda Madre Mariana da Encarnação, prioresa do

convento e as “ mais deputadas do governo no fim deste publico instromento asinadas

”.

OBRA: Obra de carpintaria do mirante e da sacristia. Estas dependências foram

soalhadas e forradas, e colocadas as três portas da sacristia. Toda a ferragem seria à

custa dos carpinteiros.

QUANTIA: 310$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Em três prestações: uma no início da obra, outra no

meio e a terceira no fim da empreitada.

PRAZO DE ENTREGA: Com a maior brevidade possível.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: O Reverendo Frei Jerónimo de S. Gonçalo, prior do convento de S.

Domingos e o Frei João do Rosário, subprior do mesmo.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No convento de Santa Rosa.

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TABELIÃO: Manuel Pereira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-729, fls. 106v-108v.

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Documento LIV

DATA: 1739. Jun. 2.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de huma obra de carpintaria que fes

Antonio Moreira de Queiroz as religiozas de Santa Rosa desta villa ”.

ARTISTAS: António Moreira de Queirós, mestre carpinteiro, morador no lugar de

Rebordelo da freguesia de São Salvador de Ruivães (termo de Barcelos).

ENCOMENDADOR: A Reverenda Soror Maria de Jesus, prioresa do convento e as

restantes religiosas.

OBRA: Os mestres ajustaram uma obra de carpintaria, que as religiosas pretendiam

fazer “no dormitorio frente ao mirante do convento”. O contrato esclarece quanto à obra

a executar: “Primeiramente se barrotara (...) o dormitorio, alem do que se acha feito

com barrotes de castanho com as grusuras necesarias, comforme o comprimento delles

(...).Alem destes, as soleiras de sobrados, serão de boas madeiras de castanho, (...) os

forros das sellas, se farão na forma dos atacamentos que se achao feitos, com suas

gornições, pellos quebres e por baixo de taboa grosa, o corredor ser forrado na forma

em que se acham os atacamentos com as mesmas gornições das sellas (...). A caza

comua sera tambem forrada (...) as portas das sellas serão feitas de carvalho de taboa,

e levarão duas almofadas cada porta e andarão em dobradiças (...).As genellas da caza

comunal e as do corredor serão tambem bem feitas (...) serão lizas e de boas madeiras,

bem lizas e secas e não chegando as taboas inteiras asim das mais serão bem colladas

para que não abrão ”.

O mestre encarregou-se de trazer para a obra a ferragem, fechaduras e as respectivas

chaves, enquanto que o “tijollo e cal e o asentar delle sera por conta dellas rellegiozas

como tambem as grades de ferro”. A obra seria revista por dois mestres do mesmo

ofício.

QUANTIA: 200$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: 100$000 réis, no início das obras para que o artista

comprasse as madeiras necessárias para a execução da empreitada; os restantes 100$000

réis em dois pagamentos iguais, no meio e no fim da obra.

PRAZO DE ENTREGA: Até ao fim do mês de Setembro de 1739.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelo próprio artista.

TESTEMUNHAS: José da Silva Ribeiro, escrevente da rua de Couros e João de

Crasto, bainheiro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No locutório do convento das

Dominicas.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-786, fls. 59v-61.

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Documento LV

DATA: 1746. Nov. 14.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra que fizerão Manoel da Costa e

Manoel Ferreira de Braga as Dominicas”.

ARTISTA: Manuel da Costa e Manuel Ferreira, mestres carpinteiros moradores na rua

dos Pelames da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Francisca de Jesus, prioresa juntamente com as

restantes religiosas dominicas.

OBRA: Ao mesmo tempo que se realizavam obras de pedraria durante o ano de 1746,

no convento das Dominicas, as religiosas puseram a lanços uma obra de carpintaria,

arrematada pelos mestres carpinteiros bracarenses. A nova obra de carpintaria seria feita

à semelhança dos emadeiramentos do dormitório grande. Somente os sobrados seriam

“bem juntos de macho e femia e não como os do dito dromitorio”. Os carpinteiros

teriam de arrecadar à sua custa as despesas inerentes da madeira e dos pregos, enquanto

que as ferragens, chumbo, tijolo e a telha seriam por conta das religiosas. As casas

velhas, a demolir, seriam por conta dos mestres, enquanto que a madeira que daí se

retirasse ficaria para o convento.

Acerca do alojamento e alimentação dos dois mestres e dos seus oficiais, era estipulado

que: “ querendo elles mestres e seus ofesiaes recolherem ce nas cazas do convento

donde se recolhe mais mestres pedrejros o poderam fazer e não querendo recolher ce

nas ditas cazas entam se recolheram onde lhes parecer sem ellas religiosas neste cazo

serem obrigadas a dar lhe cazas algumas nem a dar lhe sustento algum e so sim o caldo

a estes e ofesiaes que trouxerem ao gentar ”.

Neste extracto elucidativo, podemos novamente reparar, que na mesma altura além da

obra de carpintaria, se procedia a obras de pedraria por vários mestres pedreiros. No

estado actual dos nossos conhecimentos, desconhecemos quer o nome, quer a

proveniência geográfica destes mestres pedreiros referidos no manuscrito.

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QUANTIA: 300$000 réis.

PRAZO DE ENTREGA: Um ano, sob pena de os carpinteiros perderem 20$000 réis.

Se a obra não estivesse de acordo com a planta e os apontamentos apresentados pelo

encomendador, seria demolida à “custa e risco” dos carpinteiros.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: José Moreira, espingardeiro e o seu obreiro António de Araújo,

vizinhos do convento; o padre confessor das Dominicas; o padre subprior de S.

Domingos como vigário das religiosas; e José de Oliveira, estalajadeiro da rua da Fonte

Nova.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa das grades do convento de

Santa Rosa.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-856, fls. 55v-57v.

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Arte da talha

Documento LVI

DATA: 1745. Fev. 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de António da Cunha Correa e seu irmão

de Delães as religiozas de Santa Rosa”.

ARTISTAS: Mestres entalhadores, António da Cunha Correia Vale morador no lugar

do Loureiro da freguesia de S. Salvador de Delães e seu irmão Manuel da Cunha

Correia morador no lugar da Barca de Nuno da freguesia de S. Miguel de “Entre ambas

as Aves”, ambos do termo da vila de Barcelos.

ENCOMENDADOR: A Reverenda Madre Soror Maria de Jesus, prioresa do dito

convento “com as mais reverendas madres com ella deputadas pera o seu bom governo

todas juntas e congregadas em cappitulo fazendo a ellas chamadas e convocadas per

som e voz de campa tangida segundo seu bom uso e antigo costume em semelhantes

actos no fim deste publico jnstromento asignadas e declaradas ”.

OBRA: Os dois mestres entalhadores são contratados para fazerem os dois altares

laterais da igreja “ e mais preparos e aseos que faltavam pera a dita sua igreja a

respeito de sua entalha pera que tinham mandado fazer sua planta risco e

apontamentos conforme a coal planta e apontamentos (...) toda a dita obra a coal sera

feita perfeita e acabada com todo o primor da arte segura e asentada nos seus sitios”.

Quando os mestres montassem a estrutura retabilística na igreja as religiosas

comprometiam-se “a dar casas a elles mestres pera estarem e dormir e concorrerem

lhe com huma reçam de prato cada dia ao gentar (...) se vivendo elles mestres nas casas

que ellas lhe darem porque querendo elles hir viver a outra parte antam não seram

obrigadas ellas relegiozas a dita reçam ” .

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QUANTIA: 500$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: O montante seria pago no final da empreitada, depois de

mestres da arte verificarem que se encontrava nas condições acordadas.

PRAZO DE ENTREGA: Um ano após a assinatura desta escritura.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

TESTEMUNHAS: José Ferreira dos Santos, homem de negócios e Francisco Ribeiro,

tecelão, ambos moradores na rua de Gatos.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na casa das grades do convento de

Santa Rosa.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-692, fls.82v-84v.

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Documento LVII

DATA: 1776. Nov. 30.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Contrato e obrigaçam de obra que fazem as religiosas

de Santa Rosa desta villa com José Antonio da Cunha da mesma”.

LOCAL DA OBRA: Igreja do Convento de Santa Rosa.

ARTISTA: José António da Cunha, mestre entalhador, morador na rua Nova de Santo

António (Guimarães).

ENCOMENDADOR: A Madre Soror Lutgarda Josefa da Apresentação, prioresa

juntamente com as restantes religiosas dominicas.

OBRA: O artista comprometeu-se a construir a caixa do orgão de tubos destinada a

albergar o conjunto organológico, este último formado pelos foles, sistema mecânico e

tubaria. Segundo os apontamentos, a caixa ostentaria uma grande variedade de

elementos decorativos em talha dourada. Além da caixa, o mestre obrigava-se a fazer “

a baranda e bacia do orgão (...) conforme os riscos que asignarão neste auto, e que

ficam em poder do sobredito ”. Na descrição dos apontamentos faz-se referência ao

mestre organeiro: “ no lugar donde se achão os instromentos musicos levara huma

figura asentada conforme a determinação que deu o mestre organeiro ”.

QUANTIA: 116$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: 58$000 réis, no acto da escritura e o restante no fim da

obra, depois de vistoriada “por quem determinarem as mesmas religiozas”.

PRAZO DE ENTREGA: Até ao mês de Junho de 1777.

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FIADORES: Pedro Antunes, mestre carpinteiro, morador na rua da Madroa

(Guimarães) e Vicente José de Carvalho, morador no lugar da Calçada da freguesia de

Santa Eulália de Fermentões.

TESTEMUNHAS: Jerónimo Caetano de Almeida morador na rua de Santa Maria e

Manuel Lopes, cutileiro, morador na rua Travessa.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento de Santa Rosa.

TABELIÃO: José Borges de Azevedo.

FONTE: A.M.A.P., N-1012, fls.32-34v.

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Convento da Madre de Deus

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Pedraria

Documento LVIII

DATA: 1701. Nov. 19.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação e contrato que fes André Machado pedreiro

de Arões as religiosas do Convento dos Capuchos".

ARTISTA: André Machado, mestre de pedraria, morador no Lugar da Fonte, freguesia

de S.Romão de Arões (termo de Guimarães, actual concelho de Fafe).

ENCOMENDADOR: A Reverenda Madre Regente Francisca do Rosário de S.Caetano

e outras Irmãs do convento.

OBRA: "acabar e aperfeiçoar toda a obra de pedraria que faltava por acabar neste

convento (...) fara as paredes portas janellas (...) na forma que esta traçada e

principeada seus pillares e padreiras e duas escadas hum vao para o claustro e outro

para o comungatorio (...) todas a obra com suas sellas e portas lhe dar fim (...) obra

toda feita com pedra quebrada (...) cortada na quinta de Villa Nova ou do montinho de

Sam Roque que para baixo junto a dita quinta estando alguns penedos e nalguma parte

que seja necessario pedir licença para os cortar ella Madre Regente o mandara pedir

ou seu Padre Comisario", e se se perder alguma coisa com a queda e corte dos

pinheiros, será por conta das religiosas.

QUANTIA: 450$000 réis. Mas, se se souber, que o mestre anda a trabalhar noutra obra,

ele perderá 200$000 réis. Enquanto a obra durar, as religiosas têm de "dar os caldos ao

gentar". Os mastros, os carretos e a cal são por conta do convento.

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PRAZO DE ENTREGA: "acabada des dia dessa tal primeiro vindouro a hum anno

sem falta".

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Locutório do Convento das

Capuchas, arabalde da vila de Guimarães.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-566,fls.19v-20v.

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Pedraria e carpintaria

Documento LIX

DATA: 1719. Abr. 4.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçao e fiança que fizeram Antonio de Oliveira

pedreiro da freguezia de Joane e Manoel da Silva carpinteiro da freguezia de Ruibais a

Madre Abbadesa e mais rellegiozas do convento da Madre de Deos desta villa de

Guimaraes".

LOCAL DA OBRA: Convento da Madre de Deus.

ARTISTAS: António de Oliveira, pedreiro, morador no lugar de Cividade, da freguesia

de S. Salvador de Joane (actual concelho de Vila Nova de Famalicão) e Manuel da

Silva, carpinteiro, morador no Lugar da Pena, freguesia "de Ruibais (...) termo da villa

de Barcellos".

ENCOMENDADOR: Madre Luísa da Conceição, abadessa e fundadora do convento, e

Maria Juliana de S.Francisco, vigaria, e Ana Micaela, mestra.

OBRA: Obra de pedraria: António de Oliveira tinha arrematado a obra de um

dormitório. Obra de carpintaria: Manuel da Silva arrematou a respectiva obra de

carpintaria do dormitório. Na forma de uns apontamentos e plantas que para isso tinham

feito, tendo os apontamentos ficado nas mãos das religiosas e as plantas na mão dos

artistas. No final, a obra seria vista por outros oficiais.

QUANTIA: Obra de pedraria: 615$000 réis; obra de carpintaria: 385$000 réis. O

carpinteiro dava as madeiras, pregos, e ferragem das portas e das janelas.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

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FORMA DE PAGAMENTO: Em cinco pagamentos iguais: “o primeiro no principio

da obra e os mais conforme a obra for andando e so o ultimo cartel lhe não entregarao

enquanto a obra não esiver acabada e não for revista por outros ofeciais”.

VISTORIA DA OBRA: “ao dipois de feitas asim de carpintaria como de pedraria

serão revistas por outros ofeciais pera se saber se vão na forma das plantas e

apontamentos.

TESTEMUNHAS: O Reverendo Cónego Miguel de Freitas e seu sobrinho Miguel de

Freitas, moradores no Campo da Feira.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Convento da Madre de Deus.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-744 (nova cota), fls. 109-110.

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A Misericórdia

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Pedraria

Documento LX

DATA: 1675. Mai. 26.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Remataçam da obra da capella do Doctor João

Carneiro de Murais”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães, Capela do Doutor João

Carneiro de Morais.

ARTISTA: António Francisco morador na freguesia de Santa Cristina de Arões.

ENCOMENDADOR: “Irmains de primeira e segunda condiçam” da Misericóridia de

Guimarães.

OBRA: “obra da capella que esta Sancta Caza he obrigada a fazer ao doctor João

Carneiro de Murais setenta e tres mil reis, a qual obra andando a pregam muitos dias

não ouve quem por menos a fisesse, e por assim ser arrematou no dito lanso o dito

António Francisco obrigando se a fase la pello dito preço pondo, e carreando a pedra a

sua custa que pera a tal obra for necessária, e que lhe daria principio por todo o mes

de Julho; e este obrigou a fase la com toda a perfeiçam na forma da planta, que lhe foi

mostrada e do modo que he a capella de Francisco Jorge Mendes que está defronte, e

pellos ditos irmans da meza foi dito que elles por todos os bens desta Sancta Caza se

obrigavão a pagar ao dito Antonio Francisco o dito preço; e que a pedra que sobejar

da parede que se romper, e a mis que também sobejar será do dito Antonio Francisco”.

QUANTIA: 73$000 réis.

TESTEMUNHAS: Frutuoso de Crasto e Jerónimo de Sousa, hospitaleiro.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Machado de Miranda.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1665-1681), N-39,

fl.99v.

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Documento LXI

DATA: 1736.Jan.16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de Antonio Pinto mestre arquitecto a obra

da torre dos sinos”.

LOCAL DA OBRA: Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António Pinto14

, mestre de arquitectura de pedreiro, do lugar da Bouça,

freguesia de São Lourenço de Cima de Selho.

ENCOMENDADOR: Provedor e irmãos da mesa da Misericórdia de Guimarães “deste

prezente anno”.

OBRA: “fazer o acrecentamento da torre dos sinos pera se por hum de novo, que

pertendiam fazr a coal obra de pedraria seria na forma seguinte a saber, que elle

mestre alevantara mais a torre des o ultimo frizo pera sima vinte e hum palmos de alto

de parede dobrada com seus cunhais de pedra fina apillarados lavrados de escoda e

sizel, com coatro ventanas escodadas cada huma com treze palmos de alto e sinco e

meio de largi apilleradas e os cunhais que ha de levar pellos cantos, teriam dous

palmos e meio de largo, e por sima desta obra levaria hum frizo em redondo escodado

com a altura necessária e se lhe dara a achegadura da pedra e a cal necesaria e saibro

e caza pera os ofeciais

QUANTIA: 160$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “no principio da obra trinta mil reis, e sendo a pedra

chegada outros trinta mil reis, e meado a obra carenta mil reis, e no fim della sesenta

mil reis, que avistava a dita coantia de sento e sesenta mil reis”.

14 O mestre assina: António Pinto de Sousa.

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PRAZO DE EXECUÇÃO DA OBRA: até ao fim do mês de Abril do ano de 1736.

TESTEMUNHAS: O Reverendo Padre Capelão Manuel Lopes e Domingos Pereira,

servente.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1730-1736), N-48,

fls.158v-159v.

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Documento LXII

DATA: 1757.Nov.06.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ”Obrigação de obra da capella de Santo Andre de

Bouças que fés o mestre pedreiro Francisco Soares ao Provedor e mais irmãos da meza

da Caza da Sancta Mizericordia desta villa”.

LOCAL DA OBRA: capela de Santo André de Bouças, situada na freguesia de São

Lourenço de Gulaes (atual concelho de Fafe).

ARTISTA: Francisco Soares, mestre pedreiro, morador no lugar do Carvalho de Lobo,

freguesia de São Romão de Arões, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo Rodrigo de Sousa Lobo abade da “parochial egreja e

freguezia de Santa Comba de Regilde comisario do Santo Oficio e provedor actual

desta dita Caza da Santa Mizericordia com os mais irmãos de primeira e segunda

condição ao diante asignados”.

OBRA: “por elle provedor e mais irmãos da meza foi dito que elles heram senhores

admenistradores da capella de Santo Andre de Bouças cituada na freguezia de Sam

Lourenço de Gulaens deste termo a qual queriam mandar reedeficar na forma do risco

que se acha asignado por elle provedor escrivão e mais irmãos da menza desta Santa

Caza no que tam somente (…) a pedraria e na forma do dito risco lançou na dita obra

elle dito Francisco Soares na quanthia de setenta mil reis por cujo preço lhe foi dada

(…) facendo a elle dito mestre pedreiro tudo a sua custa de pedra carretos e cal e

grades de ferro tudo como dito fica na forma do dito risco e planta (…) obrigavão elle

provedor e mais irmãos os bens e rendas

QUANTIA: 70$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos iguais: “o primeiro que seria de

vinte mil reis logo no principio da obra e o segundo que seria de vinte mil reis dipois de

postas as padieiras na porta principal e o terseiro e ultimo depois (…) na dita obra e

depois de vista e revista haver satisfeita na forma de seu ajuste e risco della”.

FIADOR: Nicolão Fernandes, sapateiro, morador no lugar do Carvalho de Lobo, da

freguesia de São Romão de Arões.

PRAZO DE EXECUÇÃO DA OBRA: “tudo feito e acabado emthe o Sam João

primeiro vindouro do anno que ha de vir de mil e setecentos e sincoenta e oito e cazo

athe o tal tempo a não de prompta feita e acabada sem andar a fazer acabar a sua

custa delle mestre pedreiro”.

TESTEMUNHAS: Pedro Pereira, familiar do sargento-mor da comarca Pedro Pereira

Guimarães; e Manuel Antunes, caixeiro de Manuel de Freitas, mercador e moradores na

vila de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1753-1763), N-51,

fls.145-146v.

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Documento LXIII

DATA: 1758. Mai. 20.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ” Obrigação de obra da capella mor da Caza da anta

Mizericordia desta villa que a elle fes o mestre pedreiro Pedro Antonio Vidal da

freguezia de Penna Cova deste termo”.

LOCAL DA OBRA: igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Pedro António Vidal, mestre pedreiro, morador na “sua fazenda de Sima de

villa da freguezia de Sam Martinho de Pena Cova deste termo”.

ENCOMENDADOR: Reverendo Rodrigo de Sousa Lobo, abade da igreja paroquial de

Santa Comba de Regilde, comissário do Santo Oficio e provedor “actual desta dita

Caza da Santa Mizericordia com os mais irmãos de primeira e segunda condiçam”.

OBRA: “por elle provedor e mais irmãos da menza foi dito que como se precizava

muito de reformar a capella mor desta Caza da Santa Mizericordia por se achar

aruinada e detreminado fazer a dita obra com efeito se mandou por a lanços sendo ella

feita na forma dos apontamentos que pera esse efeito se fizerão os quais se achão e

ficão no cartório desta Santa Caza asignados pella menza della e por mim tabeliam

mestre pedreiro e fiadores por seu lanço ficar e na forma delles se obrigou a fazer toda

a obra declarada nos ditos apontamentos e em preço e quanthia de cento e sincoenta

mil reis em dinheiro ”

QUANTIA: 150$000 réis, “como tambem lhe pagarão elle provedor e mais irmãos ou

menza vindoura oito mil reis por cada braça fora do ajuste asima que serão medidas as

ditas braças de pedra pagas no fim da dita obra sendo primeiro toda ella vista e revista

por mais mestres haver serta feita na forma dos ditos apontamentos”.

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FORMA DE PAGAMENTO: três pagamentos: “a saber o primeiro asim que tiver

decido o arco ou abobeda e o segundo no meio da obra e o terseiro e ultimo depois

della feita e acabada”.

FIADOR: José Machado, lavrador, morador no lugar de Lamas, freguesia de São Pedro

de Borrados, “concelho de Felgueiras desta comarqua” e António da Cunha Correia15

,

escultor, morador na rua dos Palheiros, extramuros da vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “fazendo tudo elle mestre pedreiro com a prefeição devida

e com a brevidade pocivel (…) e que elle a de feita e acabada com toda a promtidão e

na forma dos apontamentos della com a segurança e clauzullas que se declarão nos

ditos apontamentos”.

TESTEMUNHAS: António de Crasto Guimarães morador na rua da Ferraria, Manuel

da Costa, oficial de porteiro da vila de Guimarães e Manuel Gomes de Sousa,

circurgião. Todos moradores na vila de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1753-1763), N-51,

fls.167-169.

15 Assina: “António da Cunha Correia Valle”.

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Documento LXIV

DATA: 1762.Nov.12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra do camarim do mestre pedreiro

Antonio Peixoto de Santa Maria de Vila Nova”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António Peixoto, mestre pedreiro, da freguesia de Santa Maria de Villa

Nova das Infantas, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: “o muito Reverendo Joseph Antonio Rebello conigo prebendado

na Insigne e Real Collegiada de Nossa Senhora da Oliveira e provedor atual desta dita

Santa Caza com os mais irmãos da primeira e segunda condisa, ao diante nomiados e

asinados”.

OBRA: “logo por elles provedor e mais irmãos foi dito que na fatura do novo retabollo

(…) fazer para o altar mor da igreja desta Santa Caza e para se fazer o asentamento

com mais aria e largura se precizava muito o romper ce a parede (…) da capella mor

para nella se fazer hum camarim de pedra; e para tal isto se efatuar a sua fatura a

menos custo se procedeo a lansos no patio desta Santa Caza por muitos mestres

pedreiros que no ato do lançamento da obra se acharão põe não haver mestre pedreiro

que menos lança ce da quantia de tres mil e seiscentos reis por cada huma braça que

na mesma quoantia lansou o mestre pedreiro Antonio Peixoto e se lhe ouve por

rematada e entregado o ramo na forma do estillo como tudo se vir fiquou pello termo

de (…) rematação (…) por mim tabaliam aos vinte e oito de Outubro próximo do

prezente anno pello coal se obrigou elle mestre de fazer (…) aos apontamentos que me

aprezentaram para aqui copiar para a todo tempo constar da verdade de seu ajuste e

contrato e cujo thior delles a de verbo a de verbo he o seguinte: apontamentos do

acresento da capella maior da Santa caza da Mizericordia: abrir ce há por meio do

outão? da capella mor hum buraco que tenha vinte e oito palmos de largo e de alto des

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de o livel do pavimento do lagiado e de dentro da mesma capella athe a bolla do arco

que há de levar por sima para sustentar a mais parede que fica delle para sima como

tambem sincoenta e hum palmos e terá de sacada para tras da parede do dito outam

hum palmos entrando nestas (…) honze palmos a grosura da parede das costas do

camarim que terá de groço tres palmos e meyo da mesma grosura teram os da parede

dos lados do dito camarim (…) abrir se há de alicerce e na altura e largura que for

nesesaria para a segurança da dita obra este alicerce todo tambem todo o vam do dito

camarim será todo no siso de pedra e cal athe a altura do livel do lagiado de dentro da

capella mayor e da hy para sima ficara em vão e se devidirão as tres paredes as duas

dos lados e a das costas na grosura dos ditos tres palmos e meio e nas duas paredes

dos lados em a altura de oito palmos levada de cada parte huma fresta piquena que

tenha dois palmos de largo e quatro de alto para dar luz a escada que da serventia ao

camarim da tribuna em altura de oito palmos a soleira da dita fresta asima do livel do

lagiado da capella mayor; tambem levará huma janella na parede das costas que tenha

de largo tres palmos e de alto sinco o seu vam fiquara a soleira desta janella pellas

medidas que a seu tempo se derem esta janella como tambem as duas frestas han de

levar sua grade de ferro tambem se farão as ditas tres paredes do dito camarim athe a

altura sufuciene que for nessessaria para se armar de madeira (…) que se o possa forra

o dito camarin e fique o forro (…) para ficar o tilhado de duas agoas por ter o camarim

mais largura que retiro para tres (…); toda esta obra será sentatada em cal por ser

muito nessessaria para sua segurança. Item fiquara nas paredes buracos abertos para

se meter nas naves para se meter nas traves (…); e nos ditos apontamentos que copiei

na verdade que tornei a entregar (…) a elle mestre pedreiro para se governar por elles

(…)”.

VISTORIA DA OBRA: “será bem feita firme segura; de forma que ha de ser vista e

revista por dois homens mestres pedreiros de sua arte para ver se está conforme os

apontamentos e com toda a segurança perpetuamente para o feturo; que nam a estandi

o fará e refará a sua própria custa delle mestre pedreiro”.

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QUANTIA: 3$600 réis por cada braça.” Com declaração que cada huma braça vam

por cheio será medida; e por ofeciais emtellegentes; por ser asima forma de seu ajuste

e contrato”.

FORMA DE PAGAMENTO: “e os pagamentos se lhe faram conforme a obra for

meresendo”

PRAZO DE EXECUÇÃO: “e a dita obra a dará finda e acabada de todo para dia de

Páscoa de Flores do ano primeiro vindouro de mil e setecentos sesenta tres annos”.

FIADORES: António da Cunha Correia Vale “desta villa”.

TESTEMUNHAS: O Padre António da Costa e Pedro Gomes Carvalho, servente da

Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1759-1763), N-52,

fls.147v.-150.

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Documento LXV

DATA: 1764. Mar. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obriguação da obra de pedraria pera os canos e

alcatruzes da agoa da Santa Caza”.

LOCAL DA OBRA: alcatruzes de pedra da água da Misericórdia.

ARTISTA: António Peixoto, mestre pedreiro, do lugar de Sebelo, freguesia de Vila

Nova das Infantas, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Doutor António de Sousa Silveira, cavaleiro professo na

ordem de Cristo do Desembargo “de Sua Majestade que Deos guarde juiz do Tombo da

Coroa com alsada nesta comarca e nas de Aveiro e Vizeo provedor atual desta Santa

Caza com os mais irmãos da primeira e segunda condisam”.

OBRA: “e logo por elle Doutor provedor e mais irmãos foi dito que a respeito da agoa

que descorre para os tanques que lanção no patio desta Santa Caza e cozinha della que

principia seu registo por tras das igreja de Sam Payo da agoa da villa na forma de sua

posse emmemorial; e pellos alcatrozes que descorria a dita agoa serem de barro; e se

comrumpia com efeito todos os anos se andava no conserto delle; de forma que esta

Santa Caza fazia grandes despezas; e por elle Doutor Provedor e mais irmãos

quererem com seu zello atalhar a elleas se achavam ajustados e contratados com elle

mestre pedreiro deste lhe fazer alcatruzes de pedra que so asim ficaria de propriedade

para sempre e evitarem os enconvenientes dos gastos a mais que faziam com os tais

alcatruzes de barro; para cuja obra haviam feito seus apontamentos para por elles o

mesmo mestre se guiar; e vsito depois de se proceder a lansos a mesma obra no patio

desta Santa Caza na forma e estillo; cujos apontamentos me foram aprezentados para

aqui o copiar e a todo o tempo constar que seu thior de verbo a de verbum são os

seguintes: apontamentos da obra de pedraria que se pertende fazer na agoa da Santa

Caza desta villa será toda esta obra feita de cal e atrazes? de pedra fina que teram de

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cumprido cada alcatras cinco palmos e de menos e teram de groço palmo a tres?

coartos em coadro e teram o meio palmo de bão (…) por donde ha de correr a agoa

que será (…) de bolta do (…) e toda esta pedraria dos alcatruzes sera bem san e que

não tenha cabellos nem beiras que se posam comromper (…) será o chão que há de ser

aberto de bam estes alcatruzes (…) de modo que fiquem as juntas livres para todo

tempo se poderem betumar e seram as pias cobertas com pedras por sima que cumbram

as pias todas por sima e que sintão na boca a pia (…) todos estes juntouros seram

asentados em terra firme e nam achando terra firma levaram pedra por baixo para

milhor seguransa e abrirem buracos nos alcatruzes para se poderem betumarem e será

toda esta pedra tanto as das pias como as dos alcatruzes bem duara para mais (…) a

agoa por ellas fora (…) toda esta obra será a seco tudo por conta do mestre (…)

tambem será o mestre obrigado a fazer e por todos os materiaes e azeites para os

batunes que seram bem feitos (…) de sorte que se não posão corrumper e sendo

necesario poderá elle provedor mandar asistir a por os betunes e a despeza delles fará

o tal mestre de sorte que a Santa Caza nem concorrera para couza alguma; a pia que

ouver de eficar junto da campra? da agoa que esta atrás de Sam Payo será bem grande

e nella ficar hum raro para hir a agoa limpa para o alcatras e seguira outro raro na

caixa da villa e ficara a dita pia bem cuberta e as pedras da cubertoura bem juntas (…)

VISTORIA DA OBRA: “obra será vista e revista por dois mestres da arte da

arquitetura para verem e examinarem se esta comforme os tais apontamentos que não

estando fará elle a mesma obra a sua custa e despeza de forma que esteja e fique com

toda a firme segurança para o feturo”.

QUANTIA: 144$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: 1 pagamento, depois de finda a obra.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até 15 de Junho de 1764, e “nam a dando no dito tempo

perderia a dita coantia de sento e quarente e coatro reis”

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TESTEMUNHAS: Bento da Silva, servente da Misericórdia e José António, filho do

tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1763-1769), N-53,

fls.43-45.

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Documento LXVI

DATA: 1764. Ago. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Paga raza que deo Antonio Peixoto pedreiro da

freguesia de Villa Nova das Infantas a Santa Caza da Mizericordia da obra de pedraria

do cano da agoa”.

LOCAL DA OBRA: alcatruzes de pedra da água da Misericórdia.

ARTISTA: António Peixoto, mestre pedreiro, do lugar de Sebelo, freguesia de Vila

Nova das Infantas, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Reverendo Doutor José António Rebelo, cónego prebendado

na Insigne e Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira e provedor da Santa Casa

“com os mais irmãos da primeira e segunda condisam”.

RESUMO DO DOCUMENTO: “foi dito que a menza pasada mandou por a lansos a

obra de pedraria por os cannos de agoa que descorre para os tamques do patio desta

Santa Caza e cozinha della que (…) elle mestre lansou e rematou na quoantia de sento

e coarenta e quatro mil reis do qual fez contrato de obriguasam da dita obra por

escritura nesta mesma nota a folhas quarenta e sinco como della milhor ser verificava;

de cuja coantia disse confesou elle dito mestre Antonio Peixoto a mim tabeliam

prezente as testemunhas deste instromento o ter recebido tudo da mam do thizoureiro

atual do cofre desta Santa Caza em dinheiro de contado moeda corrente neste reino

sem duvida erro nem enganno alguma de cuja confisam dou fee eu tabeliam prezente e

as testemunhas desta escretura”.

TESTEMUNHAS: Pedro Gomes de Carvalho e José António Hipólito da vila de

Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

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ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1763-1769), N-53, fls.

64-65.

Page 149: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento LXVII

DATA: 1766. Mar. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigasam da obra de pedraria das nesesarias do

hospital da Santa Caza que fizerão os mestres pedreiros Domingos de Pasos e seu

companheiro Bernardo José”.

LOCAL DA OBRA: Hospital da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: Domingos de Passos, mestre pedreiro, morador na rua das Lages, de

Guimarães, natural da freguesia de São Miguel do Marcão, termo da vila de Pontevedra,

arcebispado de Santiago, reino da Galiza16

.

ENCOMENDADOR: António Manuel Vaz Vieira de Melo e Alvim, professo na

Ordem de Cristo, fidalgo da Casa de Sua Majestade “que Deos Guarde mestre de

Campo de Infantaria (…) nesta mesma villa e provedor atual desta Santa Caza da

Mizericordia com os mais irmãos de primeira e segunda condisam”.

OBRA: “foi dito que este hospital carecia muito das nesesarias para as pesoas

emfermas que a elle se recolhiam e querendo usar de seu zello e caridade com os

pobres; se mandou por a lansos por mestres pedreiros no patio da Santa Caza e por

ultimo lanso rematou elle dito mestre Domingos de Pasos na dita obra das nessessarias

na forma do estillo a razam de honze mil e quinhentos reis cada por cada; e por cada

braça de parede e legiados em preço de tres mil e trezentos e a sincoenta reis e tudo o

mais na forma dos apontamentos que por elles e elle dito mestre quer fazer a mesma

obra das necesarias e a obrigar ce por este instromento a sua satisfasam os quais me

foram aprezentados para aqui copiar os quaes thomei e se seguem (…): apontamentos

para a obra de pedra para as nesesarias dos hospitais da Santa Caza da Mezericordia

16 No manuscrito podemos ler: “ Domingos de Pasos e seu companheiro Bernardo José mestre pedreiros

digo (sic) Domingos de Pasos mestre pedreiro morador na rua das Lagens desta villa e natural da

freguezia de Sam Miguel do Marcão termo da villa de Pontevedra arcebispado de Samthiago reino da

Galiza”.

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desta Villa. Jtem serão abertas duas portas para a rua da Aruchela cada huma no seu

lugar suficiente donde se pedir da largura de sinco palmos, e altura na suleria

comforme a arte com suas faixas apillaradas bem seguras (…); Jtem que pella parte de

dentro ficara lagiada toda a largura que se pedir com o arco da abobada he a altura do

sobrado da emformaria debaixo donde ficara na emformaria do (…) asentos para as

nesesarias dos homens e molheres comdeizam no repartimento das mesmas

emformarias debaixo e continuara de porpianha de palmoe meyo de groso a buscar a

nesesarias da emformaria de sima com a largura nesesaria athe o sobrado cujo

prepianho será asentado em argamasa de areya sendo a cal por conta da Santa Caza e

a areia por conta do mestre bem trabalhada e capas na sua segurança metendo se nas

juntas das paredes a pedra de prepianho que se precizarem para a obra segurança;

Jtem que o diametro dos bitumes? de (…) será lagiado na altura que for precizo de

pedra lavrada bem justa nas juntas. Jtem que se farão as outras nesesarias para os

homens que se lhe detreminar da mesma forma que se declara so como de (…) de ficar

embaixo hum asento para a nesesaria cumua? dos serventes e ospitaleiros e dahy

continuará para sima a buscar a informaria dos homens com a mesma segurança na

parede que fica declarado e asenta de cal e área e da mesma forma pello que respeyta

a porta para a rua daruchela; Jtem que todo o prepianho será como fica dito de palmo

e meyo desbastado pella parte de dentro e pella parte de fora lavrado com as juntas

bem justas;

VISTORIA DA OBRA: “tudo bem feito seguro e acabado com todas as seguranças

nesesarias visto revisto por mestres peritos na arte e mais pesoas que o entendão”.

QUANTIA: “estillo a razam de honze mil e quinhentos reis cada por cada; e por cada

braça de parede e legiados em preço de tres mil e trezentos e a sincoenta reis e tudo o

mais na forma dos apontamentos (…) tudo será pago a braça salvo as portas que seram

por hum tanto ajustadas (…) e tudo será por conta do dito mestre e so a Santa Caza lhe

dara unicamente a cal sem mais (…) cuja rematasam asim fez a razam de honze mil e

quinhentos cada portada na forma dos apontamentos de pedra de Gonsa (…) e cada

braça de purpianho e parede dobrada na forma dos apontamentos a tres mil trezentos e

sincoenta reis como obrigasam de dar feytas as juntas que ficam na infermaria do (…)

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e das mulheres na informaria de sima athe quinze de Abril sobredito primeiro que bem

e da outra na forma dos apontamentos17

athe o fim de Mayo proximo feturo”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao dia 15 de Abril de 1766.

TESTEMUNHAS: José Ferreira, vizinho do tabelião; Paulo de Sousa e Lobo, do

Campo da Feira

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: Domingos de Passos, sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1763-1769), N-53,

fls.98-100v.

17 Os apontamentos copiados pelo tabelião são de 11 de Março de 1766.

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Documento LXVIII

DATA: 1775. Jun.1.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de huma obra de pedraria que faz

Pedro Lourenço”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: Pedro António Lourenço, mestre pedreiro, morador na rua do Espírito

Santo, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Dom Rodrigo José António de Noronha e Meneses, provedor da

Misericórdia “e com elle os mais irmãos a menza delle de primeira e segunda

condisão”.

OBRA: “foi dito que mandando por a lanços a obra de pedraria queriam fazer no

corpo da igreja desta Santa Caza da Mezericordia e por ultimo lanso se ajustarão e

contratarão com elle dito Pedro Antonio digo (sic) lanso que ouve não ser conveniente

a Santa Caza se resolverão ajustar esta obra juntamente com os caixilhos das

sepulturas do corpo da igreja e com efeito se ajustarão com elle dito metre pedro

António Lourenço de lhe fazer a obra de pedraria do corpo da dita igreja na forma da

pilanta e apontamentos della cujos apontamentos e planta ficão asinados pella meza e o

dito mestre e por mim tabelião alem desta fará mais elle mestre os caixilhos das

sepulturas de pedra fina feita em nos emeiramentos das sepulturas que portadas são

oitenta e sete piquenos e grandes com seus frizos de redor e faixas necesarios cujas

sepulturas serão da mesma largura e cumprimento e rasgos e em tudo comforme as que

se achão feitas no convento de São Francisco de grades (…) no que respeita as grandes

e nas piquenas repetivamente comforme o terreno que ouver com declaração que a

porta principal e travessa as sepulturas que jazem feitas de tampa de pedra e a meza o

quiser se farão dará a meza pedras pera as tampas por cada huma das ditas sepulturas

de tampa lhe dará a meza pello feitio de cada huma dellas quatrocentos reis alem do

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ajuste ao diante declarado de toda a obra (…) se ajustarão a elle dito mestre de lha

fazer na forma (…) apontamentos e planta pella quoantia de seiscentos e setenta e tres

mil reis

VISTORIA DA OBRA: “vista e revista por mestres”.

QUANTIA: “por cada huma das ditas sepulturas de tampa lhe dará a meza pello feitio

de cada huma dellas quatrocentos reis alem do ajuste ao diante declarado de toda a

obra (…) se ajustarão a elle dito mestre de lha fazer na forma (…) apontamentos e

planta pella quoantia de seiscentos e setenta e tres mil reis”.

FORMA DE PAGAMENTO: “no principio da obra da planta e apontamentos lhe

dara a meza a quanthia de cento e vinte e tres mil reis e no meyo da obra outra tanta

quanthia e no fim da obra da dita planta e apontamentos outra tanta quanthia e asim

tambem no principio da obra das sepultutas lhe dara a meza a quanthia de cem mil reis

e no meyo desta dara outros sem mil reis e no fim della se lhe pagara todo o restante

depois de vista e revista por mestres e aprovada pella meza e asim mais declararão que

as pedras das sepulturas do corpo da igreja e carneiros? della se ajustara entre a meza

e elle mestre e não se ajustando o seu valor será louvada entre dous mestres pedreiros

ao seu produto por ajuste ou louvação se compensara no ajuste desta obra asima

raziando o seu valor nos tres pagamentos das sepulturas ”.

FIADOR: António Francisco Penedo morador na rua de Trás dos Oleiros, da vila de

Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “enthe o Natal vindouro deste anno e quanto as sepulturas

as fara com toda a verbidade “.

TESTEMUNHAS: Manuel José de Sousa, servo da Misericórdia e o capitão João da

Costa e Sampaio, morador a São Paio (vila de Guimarães).

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.13v-14v.

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Documento LXIX

DATA: 1775. Out. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura da obra do arco do coro que faz

Pedro Antonio Lourenço”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Pedro António Lourenço, mestre pedreiro, morador na rua do Espírito

Santo, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: o provedor e irmãos da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “por elle dito provedor e mais irmãos da Santa Caza foi dito que pera milhor

do culto devino da igreja desta Santa Caza tinhão detreminado alem das mais obras

que tinhão ( …) de mandarem fase mais o arco do coro de pedraria na forma da planta

e risco que tinhão mandado fazer e estavão contratado com elle dito mestre pedreiro

Pedro Antonio Lourenço de fazer a dita obra do arco cruzeiro na forma da dita planta

e risco e bem obrada com seus (…) que mostrão na primeira planta que serão feitos

athe os capiteis com as mesmas mulduras que mostrão (…) que a trave do coro há de

sahir dos seu lugar e escurar ce o que for necesario a fazer o azimbre a sua segurança

que tudo elle mestre apresentara a custa desta Santa Caza (…) a cal e saibro será por

conta desta Santa Caza”.

QUANTIA: 240$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “pagos em tres quartéis hum na fatura deste outro no

meyo da obra e o terceiro depois de feita revista pella meza e logo se lhe fes entrega de

outenta mil reis que elle Pedro Antonio Lourenço (…) em seu poder desta quanthia deu

paga a esta Santa Caza”.

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VISTORIA DA OBRA: “depois de feita revista pella meza“.

TESTEMUNHAS: O licenciado João Lopes Peixoto; e José Pinto, da rua de São

Domingos.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DOS ARTISTAS: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.27-27v.

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Carpintaria

Documento LXX

DATA: 1758.Abr.16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ”Obrigação de obra da carpintaria do hospital desta

Santa Caza com o mestre carpinteiro Manoel Francisco”.

LOCAL DA OBRA: hospital da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Francisco, mestre carpinteiro, morador “a Santa Cruz extramuros

desta dita villa”.

ENCOMENDADOR: o Muito Reverendo Rodrigo de Sousa Lobo abade da “parochial

egreja e freguezia de Santa Comba de Regilde comisario do Santo Oficio e provedor

actual desta dita Caza da Santa Mizericordia com os mais irmãos de primeira e

segunda condição ao diante asignados”.

OBRA: “sendo lhe nessessario mandar reedeficar a emfermaria desta dita Santa Caza

(…) cuja obra se precizava fazer e por asim se a mandaram por a lanços na forma de

seus apontamentos (…) ma forma delles lançou na dita obra elle mestre Manoel

Francisco a quanthia de duzentos e corenta mil reis (…) que fara elle mestre a dita

obra da emfermaria em todo o seu cumprimento rearmar e forrrar com forro seco e

toda a obra de madeira de castanho bom sem podridão e os frichais terão de groço tres

coartos de palmo e de largo palmo e meio serão emmendados em sinco peças em todo o

cumprimento da emfermaria (…) e levara este forro no seu emtabalamento sua cornigia

(…) e sera obrigado elle mestre a fazer a dita obra bonna perfeita e acabada com toda

a segurança e tambem a tirar a telha e armação velha a sua custa e tornar a po la a

sua custa (…) obra sem cal e se faltar alguma telha nova elle provedor e mais irmãos

lha darão a elle mestre a porá em sima na forma sobredita e rezervam elle provedor e

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mais irmãos pera si toda a madeira velha que se acha na dita obra e so elle mestre se

podera utelizar de todo o forro velho pera ripas da mesma obra e tambem de coatro

linhas da que tem a obra velha e todas as mais como a mais madeira será tudo pera a

Santa Caza que tudo rezervam pera armar a capella de Santo Andre da Ponte de

Bouças (…) se obrigavam elle provedor e mais irmãos a dar a elle mestre todas os

pregos como linhas de ferro e gatos que forem nessessarias pera toda a dita obra

metendo elle mestre e pregando os gatos e linha”.

QUANTIA: 240$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em cinco pagamentos iguais. “hum no principio logo da

obra e os tres no tempo em que elles partes se detreminaram e o ultimo pagamento

depois de feita e acabada a dita obra e depois de vista e revista”.

TESTEMUNHAS: Reverendo Domingos Pereira e Bento da Silva, servente da Santa

Casa.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Domingos Pereira Mendes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1753-1763), N-51,

fls.164-165.

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Documento LXXI

DATA: 1759. Jun. 06.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato de obra de carpintaria da capella de Santo

Andre de Bouças”.

LOCAL DA OBRA: “capella de Santo Andre da Ponte de Bouças situada no limites

do concelho de Montelongo”.

ARTISTA: Manuel Francisco, carpinteiro, morador a Santa Cruz.

ENCOMENDADOR: Fernando Peixoto do Amaral e Freitas, cavaleiro professo na

Ordem Cristo e provedor da Misericórdia “com os mais irmãos da primeira e segunda

condisam”.

OBRA: “andando a lanssos a obra de carpintaria da capella de Santo Andre da Ponte

de Bouças situada no limites do concelho de Montelongo de que esta Santa Caza he

senhora e ademenistradora e na dita obra havia lançado o dito mestre Manoel

Francisco na coantia de noventa e coatro mil reis e na mesma (…) houve por rematado

e entregado o ramo para cuja obra haviam feito seus apontamentos (…) os coais lhes

thomei e aqui copiei cujo thior delles de verbo a de verbum he o seguinte:

apontamentos da obra de carpintaria da capella de Santo Andre da Ponte de Bouças.

Todo o mestre que fizer esta obra a fara toda de madeira de castanho bom e capaz, sem

podridão algum, as solleiras, caibros, olives, cambotas, forro, tudo sera pellas grosuras

que a planta mostra como tambem a cornigia do mesmo forro que seu riscado tudo na

mesma planta, tambem o mestre sera obrigado a sua custa como tambem as vidraças

redor redes das tres frestas da mesma capella e a fazer tambem a porta principal a coal

será huma porta liza bem feita e as couseceiras travessas, tábuas de toda a arte e fato

desta porta seram de boa madeira bem sequa e bem liza como tambem que o mesmo

forro e cornigias e a porta sera toda liza sem almofadas (…) e duas portas e levara tres

lemes de cada banda cada huma das partes chumbadas na parede e se for nessessario

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levara coatro lemes cada porta e tambem para mais segurança da mesma porta levara

em huma das meias portas hum pedres em baixo, outro em sima e no meyo huma

tranqueta de ferro e na outra meya porta huma fichadura grande com toda a segurança

com sua chave tudo bem feito e seguro e tambem será o mestre obriguado acabar de

telha nova a mesma capella e (…) aproveitar da telha velha que estava na capella velha

se entende a telha que for capas para misturar com nova para cobrir a capella e a telha

velha que ficar ficará a Santa Caza e tambem o mesmo mestre revocara ou mandara

rebucar a sua custa toda a capella pella parede de dentro e de fora e tambem revoquar

o tilhado com cal boa como se custuma fazer nas boas obras (…) e declaram elles

partes no que respeita as cambotas e corniges não fiqua obrigado elle mestre a faz elos,

como tambem no que respeita a porta principal levara somente hum so ferro, pedres e

traviquilha), tudo o mais elle mestre observará na forma dos apontamentos”.

VISTORIA DA OBRA: “que será vista e revista por dois homens mestres pedreiros

de sua arte pera averem se esta comforme o seu ajuste e apontamentos que não estando

elle mestre carpinteiro a faria e refaria a sua propria custa e despeza sem que a Santa

Caza concorra de couza alguma”.

QUANTIA: 94$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos iguais:” o primeiro pagamento no

principio da obra e o segundo no meio della e o terceiro e ultimo no fim de vista e

revista”.

TESTEMUNHAS: Domingos Pereira e Bento da Silva, ambos serventes da

Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

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FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1759-1763), N-52,

fls.8v.-10.

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Documento LXXII

DATA: 1758. Mai. 23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra de carpintaria da capella mor da

Santa Caza da Mizericordia desta villa quea ella fes o mestre carpinteiro Manoel

Francisco morador a Santa Crux desta villa”.

LOCAL DA OBRA: igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Francisco, mestre carpinteiro, morador “a Santa Crux arabalde

desta dita villa”.

ENCOMENDADOR: Reverendo Rodrigo de Sousa Lobo, abade da igreja paroquial de

Santa Comba de Regilde, comissário do Santo Oficio e provedor “actual desta dita

Caza da Santa Mizericordia com os mais irmãos de primeira e segunda condiçam ao

diante asignados”.

OBRA: “por elle provedor e mais irmãos da menza foi dito que como se andava

reformando a capella mor desta dita caza da Santa Mizericordia por ser muito precizo

sua reforma della e já comesado se havia dado a obra de pedraria della e a da

carpintaria tambem de prezente se havião ajustado e contratado com elle mestre

carpinteiro de lha haver de fazer na forma e clauzullas ao diante declaradas e pello

preço e coantia de trezentos e vinte mil reis sendo feita a dita obra na forma e

condições seguintes que elle mestre tudo asim havia aseitado, a saber que sera

obrigado elle mestre carpinteiro a fazer a obra da carpintaria da dita capella mayor e

azimbre da abobeda della pondo tuda a madeira a sua custa bona e capaz e o dito

azimbre sera a medida que o mestre pedreiro lhe disser e acabara o azimbre do arco

que se acha principiado e sendo tambem a medida que o pedreiro lhe disser e decem

madeira da armação velha e decera a velha a sua custa e tornara a abrir? ao guarnel

rezervando pera sy a Santa Caza a madeira que se acha na dita capella mor e tornar a

elle mestre a emmadeirar de novo a saber os frinchais que terão dous palmos de largo

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e hum de alto (…) com barrotes terão mais de palmo de alto e tres coartos de groço

(…) com seu guardape sobre o caibro e ripado sobre o dito guardape e mais sera

obrigado a fazer de madeira combotas de castanho de largura de huma a outra de hum

palmo e meyo e sera faiscado de ferro e meyo de pinho que ha no arco pera (…)

tambem lhe dara toda a pregaye e ferraye nessessaria pregando elle mestre as linhas

de ferro na dita obra que a Santa Caza lhe der e de feito o arco o azimbre que se acha

feito o tornara elle mestre a fazer a sua custa a medida que o pedreiro lhe disser dando

outrosim conta de seis dúzias e meya de taboas de pinho que se achão na citada da

obra do dito arco (…) “.

QUANTIA: 320$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “sincoenta mil reis asim que comessar a obra do

azimbre logo no principio e sincoenta mil reis asim que acabar e os duzentos e vinte mil

reis serão pagos em tres pagamentos iguais a saber sesenta mil reis logo no principio

asim que comessar a destelhar e o segundo asim que estiver cuberta e o terceiro que

serão cem mil reis no fim de toda a obra depois della e sera revista por mais mestres ha

ver se esta feita na forma mencionada e com a segurança e perfeição devida”.

TESTEMUNHAS: Domingos Pereira, Bento da Silva, servente da Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA:

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1753-1763), N-51,

fls.169v-170v.

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Documento LXXIII

DATA: 1763. Jul. 26.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigasam de obra de carpintaria da informaria do

hospital do carpintiro Manoel Gaspar desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Hospital da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Gaspar, mestre carpinteiro, morador “as portas (ou hortas?) do

prior desta villa”.

ENCOMENDADOR: O Doutor António de Sousa Silveira, cavaleiro professo na

ordem de Cristo do Desembargo “de Sua Majestade Fidelíssima juiz do Tombo da

Coroa com alssada desta comarca e nas de Aveiro e Vizeo provedor atual desta Santa

Caza om os mais irmõas da primeira e segunda condisão”.

OBRA: “e logo por elle Doutor Provedor e mais irmãos foi dito que no patio desta

Santa Caza andando a lanços a obra de carpintaria da emformaria do hospital desta

Santa Caza donde recidem os homens emfermos que ao mesmo vam curace por

nececitar de redeficasão e depois de proceder a varios lansos por varios mestres

carpinteiros que no mesmo ato estavam do lansamento na mesma obra lansou por

oltimo lanso delle dito Manoel Gaspar a quoantia de cento e corenta e coatro mil reis e

na mesma se lhe ouve por rematada e entregadi o ramo na forma do estillo como tudo

se verificou do termo de lançamento e rematação lavrado por mim tabaliam que elle

mestre carpinteiro asima e por elle se obrigou a fazer este instrumento de obrigasois

que nessessarias fasem para o cumprimento e satisfaçam da dita obra o coal termo (…)

que se acha no archivo desta Santa Caza e na obsevancia do quoal logo por elle

Manoel Gaspar foi dito (…) como se obrigou por sua pessoa e bens moveis e de raiz

devidos e por aver e tersos de sua alma a fazer a dita obra boa segura firme em boa

madeira e sem podridão liza, que tudo obrara na forma dos ditos apontamentos que se

achão feitos e asinados que elle muito bem sabe vio e examinou (…)”.

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VISTORIA DA OBRA: “obra será vista revista depois de feita por dois mestres

carpinteiros por a ver se esta comforme a arte e apontamentos, que não a estando e

faltando lhe alguma circonstancia a refará e tornara a fazer a sua própria custa sem

que elle Doutor Provedor e mais irmãos serem obrigados a couza que mais que

tamsomente a dar lhe a dita coantia dos cento e corenta e coatro mil reis pagos em

(…)18

.

QUANTIA: 144$000 réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1759-1763), N-52,

fls.187-187v.

18 “Não teve efeito”. ASSINADO: ROCHA.

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Documento LXXIV

DATA: 1763. Ago. 5.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigasam de obra de carpintaria que fez o mestre

Domingos Gomes para a emformaria do hospital”.

LOCAL DA OBRA: Hospital da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Domingos Gomes, mestre carpinteiro, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Doutor António de Sousa Silveira, cavaleiro professo na

ordem de Cristo do Desembargo “de Sua Majestade Fidelíssima juiz do Tombo da

Coroa com alsada nesta comarca e nas de Aveiro e Vizeo provedor atual desta Santa

Caza om os mais irmãos da primeira e segunda condisão”.

OBRA: “e logo por elle Doutor provedor e mais irmãos foi dito que nesecitando muito

de ser comcertado o teto da emformaria do hospital desta Santa Caza donde rezidem os

homens emfermos que ao mesmo vão curar ce; se aviam ajustado de contratar com elle

dito mestre de fazer redificar a dita obra tudo na forma dos apontamentos que para

esse efeito se fizera que elle dito mestre vio e examinou e aceyteou; e tudo no preço e

quoantia de sento e corenta e coatro mil reis em dinheiro de contado”.

VISTORIA DA OBRA: “cuja obra sera bem feyta e perfeita e segura comforme pedir

a arte; a coal será vista e revista por dois mestres pedreiros; para verem se esta

conforme aquela segurança e apontamentos devida (…); serta e segura, que nam

estando e faltando lhe algum requesito elle mestre a fará e refará a sua própria custa e

despeza sem que a dita Santa Caza seja obrigada a couza alguma”.

QUANTIA: 144$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: no fim da obra.

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PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao dia de São Miguel de Setembro de 1763, “e nam a

dando feita no dito dia se lhe dará somente vinte e sinco moedas de ouro”.

TESTEMUNHAS: Pedro Gomes de Carvalho, servente da Misericórdia e João Marcos

da Costa, boticário da Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1759-1763), N-52,

fls.188-188v.

Page 168: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento LXXV

DATA: 1775. Jul.9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura da obra de carpentaria que faz

Pedro Antunes”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Pedro Antunes de Araújo, mestre carpinteiro, morador na Madroa,

arrabaldes da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Dom Rodrigo José António de Noronha e Meneses, provedor da

Misericórdia “e com elle os mais irmãos a menza delle de primeira e segunda

condisão”.

OBRA: “por elle dito provedor e mais irmãos foi dito que elles pello zello que tinha na

sua igreja tinhão detreminado mandado fazer toda a obra de carpentaria na forma dos

apontamentos risco e planta que fica asinado pello escrivão desta Santa Caza e por elle

mestre carpinteiro estavão contratados com elle dito Pedro Antunes de lhe fazer toda a

dita obra de carpintaria exceto a tampa das sepulturas na forma dos mesmos

apontamentos risco e plana (…)”.

QUANTIA: 390$000 réis, “sendo por conta desta Santa Caza a ferrage e pregos

menos a da escada e capitel do arco”.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “o primeiro ao fazer da obra e o

segundo no meyo e o terceiro depois de vista e revista pera ver se esta a contento da

meza na forma dos mesmos apontamentos risco e planta e logo pello thizoureiro do

cofre foi lançado sobre huma meza o primeiro quartel de cento e trinta mil reis em bom

dinheiro que elle mestre carpinteiro contou e achou serto e a seu poder levou de que

dou fe (…) ”.

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FIADOR: João Fernandes, “homem de negocio”, morador ma rua Caldeiroa e António

José Gomes “homem de negocio”, morador no rocio do Toural, da vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: 6 meses “que correrão asim que se acabar de fazer a obra

de pedraria”.

VISTORIA DA OBRA: “vista e revista pera ver se esta a contento da meza na forma

dos mesmos apontamentos risco e planta”.

TESTEMUNHAS: José Madeira Coelho, alfaiate; e Manuel de Sampaio, mestre

entalhador, de Landim.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.19-20.

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Documento LXXVI

DATA: 1775. Set.24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura dos taburnos das sepulturas que

faz Pedro Antunes de Araujo carpenteiro”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Pedro Antunes de Araújo, mestre carpinteiro, morador na Madroa,

extramuros da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: o provedor e irmãos da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “por elle dito provedor e mais irmãos da meza foi dito que estavão ajustados e

contratados com elle dito Pedro Antunes de lhe fazer de madeira grossa seca capas as

tampas de pão das sepulturas da igreja desta Santa Caza na forma das que estão feytas

na igreja do convento de São Francisco desta villa e por preço cada huma das grandes

mil e duzentos reis e as piquenas que o fará a metade das grandes a oitocentos reis que

elle mestre carpenteiro pellos ditos preços asima se obrigou a fazer e executar de boas

madeiras e serão bem feitas e logo a faz elas e as entallas asim que estiverem asentados

os caixilhos de pedra (…)“.

QUANTIA: as sepulturas: “ preço cada huma das grandes mil e duzentos reis e as

piquenas que o fará a metade das grandes a oitocentos reis”

FORMA DE PAGAMENTO: “logo elle mestre carpenteiro recebeo trinta e tres mil

reis e seiscentos reis em bom dinheiro e delle deu paga a esta Santa Caza que he o

primeiro pagamento e o segundo se lhe pagara no meyo da obra e o terceiro

pagamento no fim da obra depois de vista pella meza “.

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VISTORIA DA OBRA: “no fim da obra depois de vista pella meza “.

TESTEMUNHAS: Manuel Fernandes Novais, entalhador, da freguesia de São Miguel

das Aves e Manuel José de Sousa, servo da Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.22v-23.

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Documento LXXVII

DATA: 1781. Jun. 17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra que faz Manoel Pinto do lugar de

Capareira freguezia de Santa Cristina de Aroens deste termo ao provedor e mais

irmãos da Santa Caza da Meziricordia desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Pinto, carpinteiro, do lugar de Capareira, freguesia de Santa

Cristina de Longos19

, termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

ordem de Cristo, escrivão da meza “que se acha servindo de provedor nella e na

abzencia do actual com os mais irmãos da meza”.

OBRA: “ por elle provedor e mais irmãos da meza foi dito que elles detreminarão

mandar fazer para a sua igreja hum anteparo fixado, que terão as portas do mesmo

anteparo na fronteira de alto des a sete palmos, des de porta e sete de vidraças, como

melhor aceo, no dar que por tudo fará a altura de dezasete palnmos, e as portas dos

lados serão da mesma altura da principal com vidraças na forma da mesma principal

de largo terá a porta principal doze palmos e as dos lados sinco e por sima da porta

principal do mesmo anteparo levara hum aparelho conforme (…) que fixam com huma

vidraça para debaixo se poder gozar a vista do estuque debaixo do coro, e será toda

esta obra de duas faces, e com toda a sigurança e bem feita, e tudo isto e o mais que

toca a por corrente de madeira e caixilhos a lanços para quem por menos a fizece; e

porque entre muitos lanços que ouverão o menor e mais diminuto que ouve foi o da

quantia de sincoenta e sete mil e seiscentos reis que deo elle Manoel Pinto;por hiso se

achavão elles provedor e irmãos da meza em que elle fizer a referida obra; bem feita

completa e acabada na forma sobredita (…) e que o chumbo para os chumbadouros e

19 O tabelião no cabeçalho escreveu: Santa Cristina de Aroes.

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ferragens para o dito anteparo e pregaje será tudo por conta desta Santa Caza (…) os

vidros para o referido anteparo serião por conta desta Santa Caza (…) e declararão

elles partes que esta obra de anteparo já estava contratada com elle Manoel Pinto

desde o mes de Outubro elle tinha dado principio da obra, e não acabou por conta de

moléstia; e porque para a completar perfeitamente lhe hera percizo todo o referido

tempo, e já tinha resebido no principio da obra trinta mil reis; e agora outra igual

quantia na forma digo (sic) agora resebeo vinte e sinco mil e seiscentos reis delle

provedor e mais irmãos que lhe fizerão neste acto intregua que elle mestre carpinteiro

contou e mandou contar”.

QUANTIA: 57$600 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: recebeu toda a quantia no momento da assinatura deste

contrato.

FIADOR: António José Ribeiro, ourives, da rua Sapateira, da vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao dia de Todos os Santos de 1781.

TESTEMUNHAS: Manuel Pinto, Bartolomeu da Costa e Manuel José de Macedo,

todos da vila de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.81v-82.

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Arte da talha

Documento LXXVIII

DATA: 1759.Jun. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam da obra do retabollo da capella mor da

igreja desta Santa Caza que fez António da Cunha Correa Valle desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António da Cunha Correia Vale, “mestre carpinteiro ou entalhador”,

morador nos Palheiros da vila de Guimarães e o seu irmão20

.

ENCOMENDADOR: Fernando Peixoto do Amaral e Freitas, cavaleiro professo na

Ordem Cristo e provedor da Misericórdia “com os mais irmãos da primeira e segunda

condisam”.

OBRA: “logo por elle provedor e mais irmãos foi dito que andando a lanços a obra do

retabollo da capella mor desta dita igreja da Santa Caza no dia dez do prezente mes

nella lançou elle dito Antonio da Cunha Correa na coantia de hum conto e trezentos mil

reis em que estava tambem oyto sanefas de grão? bem feito para as oyto frestas da

mesma igreja em que tudo pella dita coantia se lhe ouve por rematada e entregado o

ramos depois de proceder a varios lansos de outros mesteres entalhadores que no

mesmo acto estavam, e asim disse que por este publico instromento na milhor forma

avia direito se obrigava a sua pessoa e seus bens moveis e de raiz havidos e por aver e

tersos de sua alma direitos e acois de tudo cumprir fazer e goardar na forma que ficar_

20 O seu irmão é seu assistente na obra: “e no mesmo acto apareceo Manoel da Cunha Correia irmão

delle dito mestre Antonio da Cunha e com elle asistente e por elle foi dito que na mesma forma se

obrigava a dar enteiro e pleno cumprimento a dita obra junto com o dito seus irmão debaixo das

condisoes (…) expresadas e preço da dita rematação tudo por sua pesoa e bens moveis e de raiz havidos

e por aver e tersos de sua lama que se obrigavam ambos juntos e cada hum insollidum (…)”.

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o risquo ou planta que asinada pella menza desta Santa Caza provedor e mais irmãos

delle e será feito o dito retabollo e sanefas de boa madeira de castanho sem podridam

algum e depois de tudo feito e acavado e posto em seu lugar na forma das medidas que

declara o risco e tudo a custas delle rematante mestre e sera visto e revisto por dois

mestres que bem o entendão e profesores da arte (…).”

VISTORIA DA OBRA: “e depois de tudo feito e acavado e posto em seu lugar na

forma das medidas que declara o risco e tudo a custas delle rematante mestre e sera

visto e revisto por dois mestres que bem o entendão e profesores da arte (…).”

QUANTIA: 1300$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “será a Santa Caza obrigada a dar lhe para comprar

madeiras trezentos mil reis athe dia de Santa Isabel deste prezente anno e o mais que

falta hum conto de reis se lhe fará pagamentos comforme a obra o mereser ficando

reservado para o ultimo trezentos mil reis ”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “mestre fiqua obrigado a da la corrente e asentado e

sanefas (…) seus lugares no tempo de tres annnos e nam mais”.

FIADORES: “e no mesmo acto apareceo Manoel da Cunha Correia irmão delle dito

mestre Antonio da Cunha e com elle asistente e por elle foi dito que na mesma forma se

obrigava a dar enteiro e pleno cumprimento a dita obra junto com o dito seus irmão

debaixo das condisoes (…) expresadas e preço da dita rematação tudo por sua pesoa e

bens moveis e de raiz havidos e por aver e tersos de sua lama que se obrigavam ambos

juntos e cada hum insollidum, a (…) deste instromento e para maior segurança delle

aprezentaram por seus fiadores e prencepais pagadores a Jose Vaz mestre oleiro da

rua da Cruz da Pedra desta villa e Antonio Carvalho da Costa mestre carpinteiro da

freguesia de Sam Simão de Novais termo da villa de Barcellos os coais por estarem

prezentes (…) suas proprias e livres vontades fiavam e abonavam a elles ditos mestres

Antonio da Cunha Correia e seus irmão Manuel da Cunha Correia (…) ficando na

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escolha desta Santa Caza o pegar e puxar para seu cumprimento por elles mestres ou

para algum de seus fiadores”.

TESTEMUNHAS: Domingos Pereira e Bento da Silva, serventes da Misericórdia;

Manuel Francisco da Cruz, mercador da vila de Guimarães e Miguel Fernandes,

hospitaleiro da Santa Casa.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabem assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1759-1763), N-52,

fls.14.-15.

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Documento LXXIX

DATA: 1764.Mar. 30.

SUMÁRIO TABELIÓNICO:”Pagua raza que deo Antonio da Cunha Correa do

emporte da obra da tribuna da capella mor e mais obra de que consra a escritura da

obrigasão lavrada na nota livro 17 a folhas 14”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António da Cunha Correia Vale, mestre de entalhador, morador na rua dos

Palheiros ou rua de Santo António (Guimarães).

ENCOMENDADOR: O Doutor António de Sousa Silveira, cavaleiro professo na

ordem de Cristo do Desembargo “de Sua Majestade que Deos guarde juiz do Tombo da

Coroa com alsada nesta comarca e nas de Aveiro e Vizeo provedor atual desta Santa

Caza com os mais irmãos da primeira e segunda condisão”.

RESUMO DO DOCUMENTO: “e logo pello Doctor Provedor e mais irmãos foi dito

que a menza pretérita sendo provedor Fernando Peixoto da Amaral de Freitas e mais

irmãos que emtam serviam haviam dado a obra do retabollo da capella mor da igreja

desta Santa Caza e oito sanefas das frestas por preço e quoantia de hum conto e

trezentos mil reis em dinheiro livres ao dito Antonio da Cunha que a thomou e rematou

de que se fez escritura publica estipullada por mim tabaliam na nota desta Santa Caza

livro dezacete a folhas catorze; (…) de que tinha dado cumprimento e satisfação a dita

obra elle dito mestre Antonio da Cunha; e tinha recebido hum conto de reis em dinheiro

e asim confesou a mim tabeliam e testemunhas a que dou fee; e se lhe estava devendo

de ultimo (…) trezentos mil reis e por elle Doutor provedor e mais irmãos lhe quererem

satisfazer com efeito logo pelo irmão do cofre foi lansada a dita coantia em sima de

huma menza em dinheiro de contado moeda corrente neste reino que elle Antonio da

Cunha contou e achou serto e a seu poder levou recebeo sem duvida alguma em minha

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prezença e testemunhas de que dou fee e asim que recebido teve a dita coantia ultimo

resto disse de tudo dava sua paga raza plenissima (…)”.

TESTEMUNHAS: João Feliz e Manuel José da Costa, ambos boticários da

misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Misericórdia de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1763-1769), N-53,

fls.42-43.

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Documento LXXX

DATA: 1775.Jun. 27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura das caixas dos orgãos que faz

Antonio da Cunha”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: António da Cunha Correia Vale, mestre entalhador, morador na rua dos

Palheiros, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Dom Rodrigo José António de Noronha e Meneses, provedor da

Misericórdia “e com elle os mais irmãos a menza delle de primeira e segunda

condisão”.

OBRA: “por elle dito provedor e mais irmãos da menza desta Santa Caza foi dito que

elles tinhão detreminado mandar por na sua igreja hum orgão pera milhor veneracem o

culto devino e que pera ho averem de fazer as caixas do mesmo orgão estavam justos e

contratados com elle dito mestre entalhador Antonio da Cunha de lhe fazer as caixas

pera o mesmo orgão tudo bem e corrente na forma dos apontamentos que se achão

feitos que ficão asinados pello escrivão desta Santa Caza e por elle mestre entalhador”.

VISTORIA DA OBRA: “depois de estar asentadas as caixas e depois de vista e

revista pera ver se esta feita na forma dos mesmos apontamentos”.

QUANTIA: 400$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “hum ao fazer desta escreptura outro no meyo da obra

e o terceiro no fim da obra depois de estar asentadas as caixas e depois de vista e

revista pera ver se esta feita na forma dos mesmos apontamentos e logo por elle

thizoureiro do cofre foi lansado sobre huma meza a quanthia de cento e trinta e tres mil

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e tresentos e trinta e tres reis em bom dinheiro que he o primeiro pagamento que elle

mestre entalhador Antonio da Cunha contou e achou serto e a seu poder levou de que

dou fe e da dita quanthia deu paga a esta Santa Caza e que do segundo pagamento de

sucratanta? quanthia se lhe satisfaria no meyo da obra e o terseiro depois de feita e

acabada estando asentadas as caixas tudo corrente sendo primeiro vsita e revista por

mestres a contento da meza na forma dos apontamentos que elle dito mestre entalhador

se obrigaria a cumprir e fazer na forma asinada e detreminada e na forma dos mesmos

apontamentos ”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “feito no tempo de hum anno”.

TESTEMUNHAS: Manuel José de Sousa, servo da Misericórdia; Pedro António

Lourenço, mestre pedreiro e Joaquim Fernandes da rua da Fonte Nova (vila de

Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.17-18.

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Documento LXXXI

DATA: 1775. Jun. 27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura dos quatro altares colatraes que

faz Manoel de S.Paio mestre entalhador”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel de Sampaio, mestre entalhador, morador no lugar da (…), da

freguesia e couto de Santa Maria de Landim (atual concelho de Vila Nova de

Famalicão), termo da vila de Barcelos.

ENCOMENDADOR: Dom Rodrigo José António de Noronha e Meneses, provedor da

Misericórdia “e com elle os mais irmãos a menza delle de primeira e segunda

condisão”.

OBRA: “por elle dito provedor e mais irmãos da menza foi dito que elles pera milhor

veneração do culto devino da sua igreja tinhão detreminado mandar em fazer quatro

altares colaterais na mesma igreja e estavão contratados com elle mestre entalhador de

lhe fazer dentro de anno e meyo os ditos quatro altares colatraes na forma dos

apontamentos e risco e planta que fica asinado pelo escrivão desta Santa Caza e por

elle mestre entalhador (…) “.

QUANTIA: 336$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “em tres pagamentos e logo por elle thizoureiro do

cofre foi lansado sobre huma meza o primeiro pagamento de cento e doze mil reis em

bom dinheiro que elle mestre entalhador coutou e recebeo e desta quanthia em paga

(…) que os mais pagamentos se obrigou elle provedor e mais irmãos a da llos a elle

mestre o segundo no meyo da obra feita e o terseiro no fim da obra depois desta bem

asentada de todo os ditos quatro altares colateraes”.

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FIADOR: Manuel Alvares de Araújo, mestre entalhador, morador no lugar do Monte,

da freguesia de Santa ______ “a mesma de Santa Maria de Landim”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “dentro de anno e meyo”.

TESTEMUNHAS: Manuel José de Sousa, servo da misericórdia e o Doutor João

Caetano Pereiro Soares, professo na Ordem de Cristo, morador na rua Caldeiroa

(Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.18-19.

Page 183: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento LXXXII

DATA: 1775.Out.9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de obra que fazem Antonio da

Cunha e Manuel Fernandes”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: os mestres entalhadores António da Cunha Correia Vale morador na rua

dos Palheiros (vila de Guimarães) e Manuel Fernandes Novais, da freguesia de São

Miguel de Entre-as-Aves, termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: o provedor e irmãos da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “por elle dito mestre entalhador Antonio da Cunha Correa Valle foi dito que

elle por escriptura estipulada neste livro a folhas dezasete havia termo da fatura das

caixas dos orgaos e valautes do coro e navias da igreja desta Santa Caza pello preço

de quatrocentos mil reis e que por ser obra grande e necessitar nella (…) novamente se

contratou (…) meza com elles ditos mestres Antonio da Cunha Correa Valle e Manoel

Fernandes de estes tornarem toda a dita obra pella dita quoanthia de quatrocentos mil

reis que ambos os ditos mestres se obrigavão (…) hum fazer a metade da mesma obra

que elles mestres repartorião? amigavelmente e a meza será obrigada a dar a cada

hum dos ditos mestres duzentos mil reis e feito tudo e pago com as clausullas e

condisoes extipuladas na mesma primeira escreputura ficando nelle em seu vigor tão

somente a obrigação da fiança feita a obra será vista pera ver se esta feita na forma do

risco e apontamentos por mestre”.

QUANTIA: 400$000 réis: 200$000 réis para cada artista.

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FORMA DE PAGAMENTO: “e a conta do preço da dita obra já elle mestre Antonio

da Cunha recebeo na primeira (…) cento e trinta e tres mil trezentos e trinta e tres reis

e em a dita quanthia se ajustarão de a dita Santa Caza enteirar cem mil reis a cada

hum que logo a mesma Santa Caza lansou mais sobre huma meza sesenta digo (sic)

meza o dinheiro que faltava pera se enteirar os duzentos mil reis e cada hum delles

mestres recebeo sem mil de que derão paga a esta Santa Caza e que os outros duzentos

mil reis o receberão no fim da obra “.

VISTORIA DA OBRA: “feita a obra será vista pera ver se esta feita na forma do

risco e apontamentos por mestre “.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “feita e acabada e asentado em seu lugar pera o dia de

Natal do anno que há de vir de mil e setecentos e setenta e seis”.

TESTEMUNHAS: José da Cunha, mestre entalhador, e Pedro António Lourenço,

pedreiro desta vila.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DOS ARTISTAS: sabem assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.23v-24.

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Documento LXXXIII

DATA: 1775. Out. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de quatro urnas pera os retabollos

colateraes que faz Manoel de S. Payo”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel de Sampaio, entalhador, morador na freguesia de Santa Maria de

Landim, termo da vila de Barcelos.

ENCOMENDADOR: o provedor e irmãos da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “de lhe fazer mais quatro urnas pera os retabollos colateraes dos mesmos

altares que serão bem feitos bem obrados de boa madeira de castanho conforme o

modello que esta junto com os ditos retabollos (…)”.

QUANTIA: “pello preço de cada hum por quatro moedas de ouro que fazem a soma de

dezaseis moedas de ouro de quatro mil e oitocentos reis cada huma de contado que o

dinheiro logo elle mestre entalhador recebeo vinte e sinco mil e seiscentos reis que he o

primeiro pagamento e desta coanthia deu paga a esta Santa Caza e outro pagamento

sera feito no meyo da obra e o terseiro depois de feita e asentada sendo vista pella

meza”.

FORMA DE PAGAMENTO: “que o dinheiro logo elle mestre entalhador recebeo

vinte e sinco mil e seiscentos reis que he o primeiro pagamento e desta coanthia deu

paga a esta Santa Caza e outro pagamento sera feito no meyo da obra e o terseiro

depois de feita e asentada sendo vista pella meza”.

VISTORIA DA OBRA: “sendo vista pella meza”.

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TESTEMUNHAS: Jacinto José Monteiro, alfaiate e (…) Costa, da rua do Carmo.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DOS ARTISTAS: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.25-25v.

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Documento LXXXIV

DATA: 1776. Out. 9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra que faz Manoel Joaquim Proenssa

desta villa a Santa Caza da Mizericordia da mesma””.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Joaquim Proença, imaginário, morador na rua do Campo da Feira

(vila de Guimarães).

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

orde de Cristo, provedor da Misericórdia “com os mais irmãos da meza della de

primeira e segunda condissão”.

OBRA: “foi dito que elles para as obras que presentemente andavão fazendo na igreja

da dita Santa Caza da Mizericordia, presizavão de fazer balautes para a coxia, e

confessionários, e seus apilarados com seus corrimoins de sima e de baixo, tudo na

forma de huma planta que pera esse menisterio se tinha feito a qual foi apresentada

neste ato e fica asinada no fim com o nome de mim tabelião; e por isso se achavão

ajustados e contratados com elle Manoel Joaquim Proensa de haver de este lhe fazer

toda a referida obra no modo seguinte, a saber, que o balautes que forem nessesarios

serão feitos em (…) de fora, arte, a preço de oitocentos reis cada hum, que serão todos

os que forem precizos, e toda a mais obra que bem a ser confessionários apilarados

com talha, corrimoins de alto a baixo na forma do risco e modelo que fiquem com

intalha capas e os apilarados, e com tudo conforme a planta que pedira será feito pello

presso de secenta mil reis, cuja quanthia he a bem do importe dos balaustes, que são

separados do dito presso, e junto hum com outro (…)”.

QUANTIA: balaústres pelo preço de $800 réis cada um; os confessionários por 60$000

réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: 2 pagamentos: “será o primeiro a doze do mes de

Novembro deste corrente anno, e o outro no fim da obra, ficando todo o gasto das

ferrages (…) por conta da mesma Santa Caza”.

FIADOR: Manuel Soares Barroso, “homem de negocio”, morador a porta da vila.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “obra porá feita e acabada na forma dos risco (…) dentro

do tempo de (…) oito meses que prencepião a correr do dia de hoje em diante”.

TESTEMUNHAS: Manuel José de Sousa, servo da misericórdia e João Duarte de

Sousa, alfaiate, da rua dos Trigais (vila de Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DOS ARTISTAS: sabe assinar.

TABELIÃO: José Borges de Azevedo.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.34v-35v.

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Documento LXXXV

DATA: 1780. Nov. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra dos castiçais de Francisco Joze de

Araújo da freguezia de São Miguel das Aves deste termo ao digo (sic) do termo de

Barcellos ao provedor e mais irmãos da meza desta Santa Caza”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Francisco José de Araújo, imaginário, do lugar da Tocha, freguesia de São

Miguel das Aves, termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

ordem de Cristo, escrivão e provedor da Misericórdia “com os mais irmãos da meza

della de primeira e segunda condissão”.

OBRA: “por elles provedor e mais irmãos da meza foi dito que elles para o ornato da

sua igreja percizão de vinte e dous castiçais de medeira e para este efeito procurarão

quem digo (sic) dois castiçais e sinco cruzes tambem de madeira para se efectuar esta

obra mandarão procurar quem mais em conta o fizesse e porque elle Francisco Joze de

Araujo fora o que por menos quanthia tomara a referida obra por hiso logo elle

Francisco Joze de Araujo disse que por este instromento e na milhor forma de direito se

obriga a dar e fazer a dita obra de vinte e dois castiçais, sem micheiros e sinco cruzes

sem imagens tudo porporção e quantia cada peça de mil duzentos e sincoenta reis, e os

castiçais sem micheiros, e feito tudo por hum risco que elle em meza apresentou e vaya

asignado pello dito provedor e por mim tabelião com declaração porem que os castçais

do altar mayor que são seis serão mais altos algumas couza que os dois altares

colatrais, e os destes serão da mayor quem digo (sic) de mais altos que os castiçais

tudo a purpurção (…)”.

QUANTIA: “quantia cada peça de mil duzentos e sincoenta reis”.

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FORMA DE PAGAMENTO: “a conta da qual obra logo o irmão thizoureiro do juro

o Doutor Agostinho Leite Ferreira lansou sobre huma meza a quantia de dezaseis mil

reis em dinheiro de contado bom e corrente neste Reino que elle Francisco Joze de

Araujo contou e mandoi contar e pella achar certa as mãos e poder levou e recebeo

sem a minima falta na minha prezença e das ditas testemunhas (…); e logo por elle

porvedor e mais irmãos da meza foi dito que o resto da dita obra obrigão os bens e

rendas desta Santa Caza”.

FIADOR: Jerónimo Alves Pereira, mercador do Postigo de São Paio, da vila de

Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “dará a dita obra finda em Domingos de Ramos, do anno

que há de vir”.

TESTEMUNHAS: José Soares Pereira, da rua de Santa Luzia (vila de Guimarães) e

António Francisco Vieira, servo da Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.71v-72v.

Page 191: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento LXXXVI

DATA: 1781. Mai. 26.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam a obra que faz Antonio da Cunha ao

provedor e mais irmãos da Santa Caza da Mizericordia desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António da Cunha, entalhador, morador no lugar do Loureiro, da freguesia

de Delães, termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

ordem de Cristo, escrivão da meza “que atualmente se acha servindo de provedor na

abzencia do actual com os mais irmãos da meza desta Santa Caza”.

OBRA: “foi dito que elles para maior culto devino da sua igreja intentarão mandar

fazer dous pulpitos de talha com sanefas por sima insto na forma de hum risco que elles

tem para o que puzerão a referida obra lanços para se fazer pello pessoa que por

menos o fize se, e porque elle Antonio da Cunha entre outros lansos que ouverão foi o

que deu o minimo lanço que foi o da quantia de corenta e tres mil e duzentos reis e por

não haver outro lanço mais baixo por hiso se achavão elles provedor e mais irmãos

contratados com elle Antonio da Cunha em este lhe fazer a referida obra pello diton

preço e pello risco que fica asignado por elles provedor digo (sic) que vai asignado por

elle provedor; com declaração que não executara o risco inteiramente mas sim o

acomodaa pella melhor forma que poder para melhor perfeição da obra e será feita de

madeira seca e Bona, e hum púlpito com sanefa estará posta em dia de Santa Isabel do

prezente anno (…) e o outro o mais breve”.

QUANTIA: 43$200 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: “a conta do qual preço logo elle provedor lançou sobre

huma meza a quantia de vinte e coatro mil reis em dinheiro de contado bom e corrente

neste reino que elle Antonio da Cunha contou e mandou contar e pella achar certa as

suas maos e poder levou e resebeo sem a minina falta na minha prezença das ditas

testemunhas (…) dizendo mais elle provedor e mais irmãos que posto que seja o outro

púlpito e sanefa lhe satisfarão a elle Antonio da Cunha a outra metade digo (sic) da

Cunha o resto da dita obra que he somente a quantia de dezanove mil e duzentos reis “.

FIADOR: Pedro António Lourenço, mestre pedreiro, morador na rua do Espírito Santo,

da vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “hum púlpito com sanefa estará posta em dia de Santa

Isabel do prezente anno (…) e o outro o mais breve”.

TESTEMUNHAS: José Soares Pereira, “cartorario desta Santa Caza” e António

Francisco Vieira, servo da misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar21

.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.79-79v.

21 O artista assina: “ANTONIO DA CUNHA CORREA VALLE”.

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Documento LXXXVII

DATA: 1780. Nov. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra dos castiçais de Francisco Joze de

Araújo da freguezia de São Miguel das Aves deste termo ao digo (sic) do termo de

Barcellos ao provedor e mais irmãos da meza desta Santa Caza”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Francisco José de Araújo, imaginário, do lugar da Tocha, freguesia de São

Miguel das Aves, termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

ordem de Cristo, escrivão e provedor da Misericórdia “com os mais irmãos da meza

della de primeira e segunda condissão”.

OBRA: “por elles provedor e mais irmãos da meza foi dito que elles para o ornato da

sua igreja percizão de vinte e dous castiçais de medeira e para este efeito procurarão

quem digo (sic) dois castiçais e sinco cruzes tambem de madeira para se efectuar esta

obra mandarão procurar quem mais em conta o fizesse e porque elle Francisco Joze de

Araujo fora o que por menos quanthia tomara a referida obra por hiso logo elle

Francisco Joze de Araujo disse que por este instromento e na milhor forma de direito se

obriga a dar e fazer a dita obra de vinte e dois castiçais, sem micheiros e sinco cruzes

sem imagens tudo porporção e quantia cada peça de mil duzentos e sincoenta reis, e os

castiçais sem micheiros, e feito tudo por hum risco que elle em meza apresentou e vaya

asignado pello dito provedor e por mim tabelião com declaração porem que os castçais

do altar mayor que são seis serão mais altos algumas couza que os dois altares

colatrais, e os destes serão da mayor quem digo (sic) de mais altos que os castiçais

tudo a purpurção (…)”.

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Vol.II

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QUANTIA: “quantia cada peça de mil duzentos e sincoenta reis”.

FORMA DE PAGAMENTO: “a conta da qual obra logo o irmão thizoureiro do juro

o Doutor Agostinho Leite Ferreira lansou sobre huma meza a quantia de dezaseis mil

reis em dinheiro de contado bom e corrente neste Reino que elle Francisco Joze de

Araujo contou e mandoi contar e pella achar certa as mãos e poder levou e recebeo

sem a minima falta na minha prezença e das ditas testemunhas (…); e logo por elle

porvedor e mais irmãos da meza foi dito que o resto da dita obra obrigão os bens e

rendas desta Santa Caza”.

FIADOR: Jerónimo Alves Pereira, mercador do Postigo de São Paio, da vila de

Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “dará a dita obra finda em Domingos de Ramos, do anno

que há de vir”.

TESTEMUNHAS: José Soares Pereira, da rua de Santa Luzia (vila de Guimarães) e

António Francisco Vieira, servo da Misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: assina de cruz.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.71v-72v.

Page 195: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

Vol.II

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Documento LXXXVIII

DATA: 1781. Mai. 26.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam a obra que faz Antonio da Cunha ao

provedor e mais irmãos da Santa Caza da Mizericordia desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: António da Cunha, entalhador, morador no lugar do Loureiro, da freguesia

de Delães, termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: O Doutor Francisco José Fernandes Silva, cavaleiro professo na

ordem de Cristo, escrivão da meza “que atualmente se acha servindo de provedor na

abzencia do actual com os mais irmãos da meza desta Santa Caza”.

OBRA: “foi dito que elles para maior culto devino da sua igreja intentarão mandar

fazer dous pulpitos de talha com sanefas por sima insto na forma de hum risco que elles

tem para o que puzerão a referida obra lanços para se fazer pello pessoa que por

menos o fize se, e porque elle Antonio da Cunha entre outros lansos que ouverão foi o

que deu o minimo lanço que foi o da quantia de corenta e tres mil e duzentos reis e por

não haver outro lanço mais baixo por hiso se achavão elles provedor e mais irmãos

contratados com elle Antonio da Cunha em este lhe fazer a referida obra pello diton

preço e pello risco que fica asignado por elles provedor digo (sic) que vai asignado por

elle provedor; com declaração que não executara o risco inteiramente mas sim o

acomodaa pella melhor forma que poder para melhor perfeição da obra e será feita de

madeira seca e Bona, e hum púlpito com sanefa estará posta em dia de Santa Isabel do

prezente anno (…) e o outro o mais breve”.

QUANTIA: 43$200 réis.

Page 196: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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FORMA DE PAGAMENTO: “a conta do qual preço logo elle provedor lançou sobre

huma meza a quantia de vinte e coatro mil reis em dinheiro de contado bom e corrente

neste reino que elle Antonio da Cunha contou e mandou contar e pella achar certa as

suas maos e poder levou e resebeo sem a minina falta na minha prezença das ditas

testemunhas (…) dizendo mais elle provedor e mais irmãos que posto que seja o outro

púlpito e sanefa lhe satisfarão a elle Antonio da Cunha a outra metade digo (sic) da

Cunha o resto da dita obra que he somente a quantia de dezanove mil e duzentos reis “.

FIADOR: Pedro António Lourenço, mestre pedreiro, morador na rua do Espírito Santo,

da vila de Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “hum púlpito com sanefa estará posta em dia de Santa

Isabel do prezente anno (…) e o outro o mais breve”.

TESTEMUNHAS: José Soares Pereira, “cartorario desta Santa Caza” e António

Francisco Vieira, servo da misericórdia.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar22

.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.79-79v.

22 O artista assina: “ANTONIO DA CUNHA CORREA VALLE”.

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Organaria

Documento LXXXIX

DATA: 1775.Jun. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura do órgão que faz Dom Francisco

Solha”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: Dom Francisco António Solha, mestre organista, morador na rua da Fonte

Nova, extramuros de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Dom Rodrigo José António de Noronha e Meneses, provedor da

Misericórdia “e com elle os mais irmãos a menza delle de primeira e segunda

condisão”.

OBRA: “elle dito provedor e mais irmãos da menza desta Santa Caza foi dito que elles

com seu definitorio tinhão gosto de grande zello da sua igreja e querião por seu órgão

na sua igreja estavão contratados com elle dito Dom Francisco Solha de lhe fazer pera

a dita igreja hum orgão na forma remate e apontamentos que se acha asinada pello

escrivão desta Santa Caza e pello escrivão digo (sic) e pello mesmo Dom Francisco e

alem disto mais será obrigado elle Dom Francisco a por lhe no mesmo orgão o registo

do rabecão que elle Dom Francisco se obrigou a fazer e por corrente na forma

detreminado na mesma planta e apontamentos com todo o necesario e ferrage e tudo o

mais que for nesesario e posto e acresentado no lugar que se destinar (…) e declararão

que a caixa do orgão bacia e varandas não he por conta delle Dom Francisco”.

QUANTIA: 600$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: “logo o theizoureiro (…) foi lansado em sima de huma

meza a quanthia de dusentos mil reis em bom dinheiro que elle Dom Francisco conto e

achou serto e a seu poder levou de que deu fe e da dita quanthia deu paga a elle

provedor e irmãos e que os quatrocentos mil reis que faltão se lhe satisfarão em dous

pagamentos hum no meio da obra e o segundo no fim depois de asentado o mesmo

orgão”.

TESTEMUNHAS: Domingos Freitas Vale e Bento Antunes, livreiro “desta rua”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: Sabe assinar23

.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.16-17.

23 O artista assina: Dom Francisco António Solha.

Page 199: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Fundição de sinos

Documento XC

DATA: 1718. Fev. 13.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Manoel Ferreira Gomes sineiro da

cidade de Bragua”.

LOCAL DA OBRA: Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: Manuel Ferreira Gomes, sineiro, da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: “o provedor Fernando Peixoto da Silva com os mais irmãos da

primeira e segunda condição que com elle servem todos abaixo asinados”.

OBRA: “se obrigou a fundir o sino grande desta Misericordia em preço de des moedas

de ouro, sendo os guastos todos de o levar, e trazer a esta villa, por sua conta e risco

posto no patio da dita Misericordia, (…) a dar hum segoro por outro que tinha feito a

alguns annos pera esta caza da Misericordia por não cer a contento da Irmandade, e

que este signo não será demuido no pezo antes com exseço no pezo, com tal exceço se

lhe paguara na forma sobredita de trezentos e sesenta reis o aratel, a que tudo daria

enteira satisfação em tempo de hum mes, a contento delle dito Provedor e mais irmãos,

porque não sendo asim, sera elle dito sineiro obriguado a torna los a levar e fundir

outros sempre a contento delle dito provedor e mais irmãos pera a que tudo elle dito

sineiro a obriguava (…) sua pessoa e todos seus bens moveis (…) avidos e por aver e

terços de sua alma”.

QUANTIA: 10 moedas de ouro.

PRAZO DE EXECUÇÃO: um mês.

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TESTEMUNHAS: João Monteiro da rua da Fonte Nova e Francisco Pinto morador na

rua de Santa Maria.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Antonino Pereira da Cunha, escrivão da Mesa.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1716-1729), N-46, fl.

35-35v.

Page 201: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento XCI

DATA: 1736.Jan.9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Joze Rodrigues sineiro da cidade

de Braga, a fazer hum sino de novo pera esta Santa Caza”.

LOCAL DA OBRA: Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: José Rodrigues, mestre sineiro, morador na “rua da Agua a Sam Lazaro”

da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: Provedor e irmãos da mesa da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “aver de fazer e fundir hum sino de novo pera esta Santa Caza de trinta arobas

de metal pouco mais ou menos, o coal metal se lhe avia de dar que fosse necessário

pera a fundição do dito sino e o faria por sua conta delle mestre e todos os gastos e por

seu travalho se lhe avião de pagar a dous vinteis por cada aratel, feito nesta villa

quinze dias antes de se fazer o citio da torre pera se por, o coal sino seria bom bem

feito, e de boas vozes e não o sendo, ou cobrando em coatro annos, elle mestre o tornar

a fundir a sua custa, dando lhe ce lhe, o necessário pera a fundição delle; pera seu

sustento e de dous ofeciais (…)”.

QUANTIA: “dous vinteis por cada aratel”.

FIADORES: André Vieira, do lugar de Cacherneda, da freguesia de São Lourenço de

Sande (termo de Guimarães) e José Ferreira, sombreiro, morador “ao pe da torre de

Nossa Senhora da Graça da parte de fora desta villa”

TESTEMUNHAS: Jerónimo de Macedo e Domingos Pereira, serventes da Santa Casa.

Page 202: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1730-1736), N-48,

fls.156-157.

Page 203: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento XCII

DATA: 1737.Nov.24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO:”Obrigação do mestre signeiro ao signo”.

LOCAL DA OBRA: Misericórdia de Guimarães.

ARTISTA: José Rodrigues, mestre sineiro, morador na “rua da Agua a Sam Lazaro”

da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: Provedor e irmãos “da primeira e segunda condiçam que

servem“ da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “por elles dito provedor e mais irmãos da meza desta Caza da Sancta

Mizericordia foi dito se aviam ajustado e contratado com elle dito mestre Joseph

Rodrigues (…) hum signo pera se por na torre desta dita caza da Sancta Mizericordia o

coal signo tera de pezo trinta e coatro arobas e oito arateis o coal se lhe dara em

dinheiro trinta e oito mil e coatrocentos reis (…) se lhe pagara a elle dito mestre alem

dos trinta e oito mil e coatrocentos reis asima declarados a duzentos e coarenta reis

cada aratel que demais tiver das ditas trinta e coatro arobas e oito arateis, e ficando de

menos que as ditas trinta e coatro arobas e oito arateis se lhe descontara por cada

aratel que menos tiver nos ditos corenta e outo mil reis duzentos e corenta reis e a

condição do dito signo velho pera Braga e condução do signo novo de Braga pera esta

villa e o mesmo risco athe o pee da torre sera por conta delle dito mestre sendo o dito

sino bem limpo prefeito e acabado e sem maculla alguma tanto na sua prefeiçam como

_____ e sendo que o dito sino quebre dentro deste principaio coatro annos comessados

a correr do dita que este chegar ao pee da torre em diante sera obrigado elle dito

mestre a torna lo a fundir do mesmo pezo a que ficar por soa conta risco e travalho sem

pera iso esta dita Caza da Sancta Mizericordia lhe concorrer com couza alguma nem

dar ajuda nem favor algum (…) e o deser do sino e o sobir sera por conta desta dita

Page 204: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Caza da Sancta Mizericordia e sera posto e desfeito no cham o sino mencionado a dois

do dito mes de Dezembro (…)

QUANTIA: 38$400 réis.

FIADORES: José Ferreira, sombreiro, morador na rua Nova de Santo António “aos

palheiros”, “extramuros desta dita villa “ e André Vieira, lavrador, morador no lugar de

Chuchoro, freguesia de São Lourenço de Sande (termo de Guimarães)

PRAZO DE EXECUÇÃO DA OBRA: “dara feito e posto ao pee da torre desta dita

Caza da Sancta Mizericordia athe outo do mes de Dezembro primeiro vindouro deste

dito anno de mil e setecentos e trinta e sete annos e faltando no dito dia com a dita obra

perdera elle dito mestre todo o emporte dos ditos trinta e outo mil reis que de fazer a

dita obra se lhe da esta dita Caza da Sancta Mizericordia fazendo o antam logo

brevemente a soa custa na forma desta escreptura sem esta dita Caza da Sancta

Mizericordia lhe concorrer com couza alguma

TESTEMUNHAS: Domingos Pereira, servente na Santa Casa e João Barboso,

ferrador, de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1736-1743), N-49,

fls.54-55v.

Page 205: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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SERRALHARIA

Documento XCIII

DATA: 1775. Out. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura da obra que faz Andre de

Freitas”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da Misericórdia de Guimarães.

ARTISTAS: André de Freitas, ferreiro serralheiro, morador na rua de Santa Luzia, da

vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: o provedor e irmãos da Misericórdia de Guimarães.

OBRA: “elle dito provedor e mais irmãos da menza foi dito que elles estavão ajustados

com elle dito Andre de Freitas de lhe fazer toda a obra das grades das friestas e toda a

mais ferrage se (…) a igreja desta Santa Caza pello preço e quanthia a saber a ferrage

das grades a mil e quinhentos reis cada aroba de ferro obrado e a mais ferrage pello

risco em que se ajustar e tudo feito bom e capas nas forma que se lhe detreminar e

pellas medidas que se lhe derem “.

QUANTIA: “ferrage das grades a mil e quinhentos reis cada aroba de ferro obrado”.

FORMA DE PAGAMENTO: “logo elle Andre de Freitas recebeo delle provedor e

mais irmãos quarenta e oito mil reis que leveo em seu poder e da dita quanthia deu

paga nesta Santa Caza e que mais dinheiro se lhe dará no fim da obra que elle mestre

serralheiro se obrigou a cumprir e satisfazer”.

TESTEMUNHAS: João da Silva, alfaiate, e António Dias, da rua de Couros.

Page 206: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Misericórdia

de Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: Arquivo Misericórdia de Guimarães, Livro de Notas (1775-1799), N-55,

fls.24-24v.

Page 207: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Ordem Terceira de São Domingos

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PEDRARIA

Documento XCIV

DATA: 1750. Agos. 20.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ 24

Obrigação de obra da cappella mor dos Terceiros //

(fl.2) dos Terceiros do Patriarcha Sam Domingos desta villa de Guimaraes que fes o

mestre pedreiro Amaro Jose Farto asistente na rua da Ramada do Campo da Feira desta

villa”.

ARTISTA: Amaro José Farto, "mestre de obras de pedraria e natural do Reyno de

Galiza e asistente na rua da Ramada do Campo da feira extramuros desta dita villa".

ENCOMENDADOR: António de Figueiredo, procurador bastante do Prior e mais

adjuntos da Venerável Ordem Terceira de S. Domingos, morador na rua da Fonte Nova.

António de Figueiredo apresentou uma procuração “feita de mão”, da qual o tabelião

transcreve em cópia

OBRA: “Antonio de Figueiredo foi dito em nome e como procurador dos ditos seus

constetuhintes e prior e mais adejuntos da dita Veneravel Ordem Terceira do

Patriarcha Sam Domingos que determinando continuar com as obras da sua cappella a

fazerem a cappella mor della na forma da planta e apontamentos que pera hiso

mandarão fazer e comforme a planta que havia da obra da dita cappella no que

respeyta a asima declarada da cappella mor a mandarão por a lanços nos dias que

pera hisso determinarão a mestres // (fl.2v) a mestres que lha houvessem de fazer e

comforme a hiso ficou no ultimo lanço delle dito mestres Amaro Jose Farto e estavão

ajustados e contratados delle fazer a dita obra tudo na forma da dita planta a saber e

24 Acresentado na margem esquerda “Não teve efeito vay adiante”.

Page 209: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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mais declaração seguinte que a parede da (...)25

da cappella tera seis palmos de

grossura cada banda tera sinco palmos e meyo e as portas della serão da parte de

menor feytio toda a quamtaria da parte de fora sera de pedra de galho ou grossa porem

sera emendada que se contem cunhais frestas frizos cornige e portas com declaração

que a da parte do convento sera toda de pedra fina e toda a cornige da parte de fora e

empena sera de papo de rolla, as frestas da parte de fora terão as soleyras de sorte que

nellas se metão as grades no meyo da parede escoadas pera deitar as agoas fora honde

se metem as grades no meyo da parede sera em pedra segura de alvernaria na empena

levara huma cruz a Patriarchal da altura necesaria de pedra fina mas sem piramides

levara da parte da samchristia huma porta de pedra grosa pera hir pera a tribuna com

seu pilar da parte de fora e da parte dos quintais huma fresta de pedra grosa apilarada

da parte de fora pera dar luz ao retabollo da altura necesaria levara nas costas da

cappella hum arco da altura necesaria pera meter a tribuna com sua cachorada sahida

pera fora que a cresa dous palmos fora da grossura da parede e de ahy levara

prepianho de palmo e meyo que toque todo o arco, o arco cruzeiro portas frestas asima

lho pora parte de dentro sera tudo de pedra fina como declaravão que asima lho sera

de feytio da jgreja das freyras do Carmo na altura que a arte der e se puder acomodar

o que se entende de frizo arquitrave e cornige e como declaração que se nesta obra

houver algum acresimo sera elle dito mestre obrigado a declara lo pera ajustar antes

de se fazer e toda ella sera bem feyta acabada como da a perfeição que se custuma e

bem segura com seu juntouros e segurança necesaria, e sera elle dito mestre obrigado

a por todos os materiais a sua custa e tudo bem seguro e com toda a cal necesaria pera

// (fl.3) pera a sua segurança e que podera tirar na terra que for da Ordem todo o

saibro que lhe for nesesario pera esta obra em parte que não de prejuizo a qual obra

elle dito mestre fara com toda a segurança e primor da arte (…)e asim de parte a parte

elle procurador em nome da dita Veneraval Ordem Terceira sua constetuhinte e elle

dito mestre pedreiro hum pera outro e outro pera outro cum // (fl.3v) cumprirem e

guardarem e tudo fazerem bom pagarem e satisfazerem e a nada faltarem obrigavão

elle dito procurador em nome da dita sua Veneravel Ordem todos os bens della

prezentes e feturos e o mais bens pasado delles e elle dito mestre se obrigava por sua

pesoa e todos seus bens moveis e de raiz havidos e por haver e tersos de sua alma

25 Falta transcrever uma palavra ilegível.

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direitos (...)26

de tudo a cumprirem e pagarem e tudo fazerem bom na forma

mencionada este jnstromento e pella sua (…) (fl.4) elle dito mestre que elle se obriga a

tirar a pax e a salvo por seus bens desta fiança a elles seus fiadores e lhe pagar toda a

perda que por cauza delle lhe seya rezultada e por todo o cumprimento e satisfação

deste jnstromento se obrigavão responder nesta villa de Guimaraes perantar o Doutor

juiz de fora della ou quem seu poder tiver pera honde diserão se dee aforavão de juizes

e justiças de seus foros e renunciavão todas as leis ferias privellegios e liberdades que

em seus favores fasão seyão das qualidades que forem e os des dias da lei asignados a

hescripturas publicas e os nove de doentes enojados que sem embargo de tudo

responderião no dito juizo breve e sumariamente pera asim cumprirem a de

jnstromento como nelle se comthem e logo por elle procurador me foy aprezentado a

procuração de seus constetuhintes da qual o seu theor de verbo ad verbum he o

seguinte : O prior e mais jrmãos da meza da Veneravel Ordem Terceira de noso Padre

Sam Domingos desta villa de Guimaraes pella prezente fazemos nosso bastante

procurador ao nosso thizoureiro actual o nosso jrmão Antonio de Figueiredo pera que

em nosso nome como se nos prezentes fossemos possa fazer e asistir a hescriptura de

ajuste da obra da cappellla mor que pretendemos fazer cada nos juntos com o mestre

pedreiro Amaro que nos fes os alicerces da mesma cappella na forma da planta e

apontamentos que emenda o dito procurador ha de aprezentar pera na forma delle se

estipullar na hescriptura a que o dito mestre pedreiro dara fianças e (...)27

e abonadas

a segurança da dita obra e fazella na forma declarada nos ditos apontamentos pella

quanthia de seiscentos e sesenta mil reis em com o dito mestre estamos ajustados e

cento e sincoenta carros de pedra fina ordinarios que se entende o carro delles e nesta

forma podera o dito nosso procurador asignar a dita hescriptura e tambem lhe

consedemos possa obrigar a nossa ordem per sy e seus bens a fazer lhe bom o dito

ajuste cumprimento o dito mestre a satisfação da obra na forma expressa // (fl.4v)

expressa nos ditos apontamentos pera o que lhe damos todos os nossos poderes em

direito nesessarios Guimaraens em meza ao Agosto sete de mil e setecentos e sincoenta

annos e eu o Padre Thomas Gomes da Silva secretario da dita ordem que a escrevi e

asignei. O Padre Estevam Luis Ferreira de Santa Anna prior.Ciprianno Pereira Vaz

26 Falta transcrever uma palavra ilegível. 27 Falta transcrever uma palavra ilegível.

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subprior. O Padre Thomas Gomes da Silva secretario. O Padre Joze

Fernandes.Thomas Peixoto da Silva.Venancio de Oliveira. Domingos da Silva.De

Pedro Pereira signal huma cruz.Bento Francisco.E não se conthinha mais na dita

procuração que aquj treslladei bem e fielmente e tornei a entreguar a elle dito

procurador que abaixo asignou de como a recebeo e a ella me reporto em testemunho

de verdade asim a outorgaram diseram e aseitaram de parte a parte e nesta nota

mandaram ser feito o prezente jnstromento e delle consederão os tresllados necessarios

deste thior que prometerão cumprir que eu tabelliam como pesoa publiqua e

estipullante e aseytante que sou tudo estipullei e aseitei em nome de quem aseitação

delle mais tocar possa não prezente e declaro que se pondo este jnstromento vai

continuado nas moradas de mim tabeliam foy asignado e outorgado nas moradas delle

dito procurador Antonio de Figueiredo ao que tudo forão testemunhas prezentes.

Não teve efeyto vai adiante 28

//

(fl.5) Não teve effeyto a hescriptura atraz vai adiante.

QUANTIA: “cujo lanço delle dito mestre e quanthia em que se havia ajustado com a

dita Veneravel Ordem Terceira he a quanthia de seiscentos e sesenta mil reis em

dinheiro quitavel e alem disto lhe porão por sua conta cento e sincoenta carros de

pedra fina que entende o carreto delle postos ao pee da obra como declaravão que

serão carrros ordinarios e elle dito mestre a cobrara no monte por sua conta e sendo

cazo que a dita Veneravel Ordem lhe ponha mais carros de pedra fina ordinaria alem

dos ditos cento e sincoenta por quada hum descontara o dito mestre trezentos reis a

quanthia do dito dinheiro asima”.

FORMA DE PAGAMENTO: o encomendador daria em prestações, enquanto fosse

decorrendo a obra. O último pagamento “sera ao dipois de perfeyta e acabada a dita

obra sendo primeiro revista por mais mestres na forma dos apontamentos e planta”

28

Esta frase está escrita num tamanho de letra muito maior ocupando todo o resto deste fólio.

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PRAZO DE EXECUÇÃO: “a qual o dito mestre dara feyta acabada no termo e tempo

de tres annos que comesão des o dia de hoje e factura desta hescriptura”

VISTORIA DA OBRA: “o ultimo pagamento sera ao dipois de perfeyta e acabada a

dita obra sendo primeiro revista por mais mestres na forma dos apontamentos e planta

e quando se ache que não esta na forma que neste jnstromento se declara e na dos ditos

apontamentos e planta e segurança devidas sera demolida a custa delle mestre a quall

fara e continuara logo com a brevidade comforme a dita Ordem lhe for dando o

dinheiro porem de sorte que sempre nella traga ofeciais se sendo cazo que a dita

Veneravel Ordem lhe possa dar toda a dita quanthia e ajuste de seiscentos e sesenta mil

reis antes do tempo de tres annos tambem elle dito mestre tera obrigação de dar feyta e

acabada a dita obra mais sedo e antes do tempo dos ditos tres annos e asim a dita tera

a forma deste seu contrato e obrigação com elle dito mestre”

Fiadores: Vicente Rodrigues, mestre ferreiro, morador na rua de Santa Luzia

(extramuros de Guimarães) e Manuel de Oliveira, alfaiate, morador na rua do Espiriro

Santo (Guimarães).

LOCAL DE EXECUÇÃO DO CONTRATO: rua de Entre os Regados extramuros de

Guimarães no escritório do tabelião.

TESTEMUNAS: Como o contrato não teve efeito, não são mencionadas as

testemunhas.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes

FONTE A.M.A.P., nota do, N-983, fls.1v-5.

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Documento XCV

DATA: 1750. Set. 8.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de obra da cappella Mor dos terceiros do

Patriarcha Sam Domingos desta villa de Guimaraes que fes o Mestre Pedreiro Amaro

Jose Farto morador na Rua da Ramada do campo da feira desta dita villa".

ARTISTA: Amaro José Farto, "mestre de obras de pedraria natural do reino de Galiza

e asistente na rua da Ramada do Campo da feira extramuros desta dita villa".

ENCOMENDADOR: António de Figueiredo, tesoureiro da Ordem Terceira de S.

Domingos, morador na rua da Fonte Nova e Domingos da Silva, oleiro, morador atrás

Gaia Fornos, ambos como procuradores da referida ordem.

OBRA: "detreminando continuar com as obras da sua cappella a fazerem a cappella

mor della", de acordo com a planta e os apontamentos que para isso mandaram fazer e

comforme a planta que havia da obra da capela existente, "a qual obra elle dito Mestre

fara com toda a segurança e primor da arte (...) e quando se achar que nao esta na

forma delles(...)sera demolida a custa delle mestre e na continuação da dita obra se for

precizo emmendar alguma couza que na planta e apontamentos nao esteja a gosto della

dita veneravel ordem (...) elle mestre dara conta a menza da dita veneravel ordem

terceira". O mestre comprometia-se a trazer sempre no estaleiro oficiais “capazes”.

Alguns dias antes da celebração deste contrato que acabámos sumariamente de analisar,

encontrámos no mesmo livro de notas do tabelião Domingos Ferreira Mendes, um

contrato não assinado nem concluído, com a declaração de que “Não teve efeito vay

adiante”, que se reporta à mesma obrigação de obra. Este primeiro contrato redigido a

20 de Agosto, por motivos que desconhecemos não foi validado pelo tabelião, quer

pelas partes intervenientes, quer pelas testemunhas, mas revela-nos importantes dados

em que o contrato posterior é omisso.Efectivamente, neste documento os apontamentos

são verdadeiramente preciosos, pois mostram-nos que o artista em toda a obra seguiria

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determinadas directrizes. O dado de maior relevo artístico a registar, uma vez que é

omitido nos dois documentos a que nos reportamos, a autoria do risco e dos

apontamentos, é o esclarecimento de que alguns elementos decorativos da capela-mor

da Ordem Terceira de S. Domingos teriam como modelo a igreja do convento do Carmo

de Guimarães, revelador, portanto, de uma influência formal, entre aquele edifício

monástico feminino, e este novo a construir.

Através do traslado da procuração inserida neste contrato que não teve efeito, temos

conhecimento que Amaro José Farto foi igualmente o construtor dos alicerces da

mesma capela29

. Neste manuscrito, o mestre galego apresentava como seus fiadores e

principais pagadores Vicente Rodrigues, mestre ferreiro morador na rua de Santa Luzia

e Manuel de Oliveira, alfaiate residente na rua do Espírito Santo, ambos de Guimarães.

QUANTIA: 660$000 réis. O encomendador colocaria à sua custa 150 carros de pedra

fina ordinária ao “pee da obra”, que o mestre “cobrará no monte à sua custa”. No caso

de além dos referidos carros, ser necessária mais pedra fina, seriam descontados à

quantia a receber pelo mestre, 300 réis por cada carro. Todo o saibro necessário poderia

ser extraído “na terra que for da ordem”.

FORMA DE PAGAMENTO: o encomendador daria em prestações, enquanto fosse

decorrendo a obra.

FIADOR: Para maior segurança do encomendador foi exigido que o artista hipotecasse

“todos os seus bens moveis e de rais havidos e por haver prezentes e feturos e tersos de

sua alma”, que responderiam pelo cumprimento da obra.No entanto, não foi exigida a

apresentação de qualquer fiador. Por sua vez, a ordem como garantia do pagamento ao

artista dos 660$000 réis, obrigava todos os seus bens.

PRAZO DE EXECUÇÃO: A construção da capela-mor deveria estar concluída num

prazo de três anos.No entanto, se a Ordem Terceira lhe pudesse dar toda a quantia

29Esta procuração está datada de 7 de Agosto. Não esqueçamos que no contrato firmado em 1749, o

mestre galego era assistente na rua de S.Domingos, o que possivelmente atesta que se encontrava nessa

data a construir os alicerces da referida capela.

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ajustada antes do referido prazo, o mestre anteciparia a conclusão da empreitada.Os

trabalhos só seriam dados por finalizados, após serem vistoriados e avaliados por

mestres segundo os apontamentos e planta apresentados.No caso de serem detectadas

quaisquer deficiências, o mestre ver-se-ia obrigado a refazê-la à sua custa.

LOCAL DE EXECUÇÃO DO CONTRATO: rua de Entre os Regados extramuros de

Guimarães no escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: Gonçalo Pereira da Costa, sapateiro, morador na rua das Molianas

extramuros de Guimarães; Manuel Gonçalves, sapateiro, vizinho do tabelião e José

António tambem sapateiro e filho de Antonio Ribeiro morador nesta rua de Entre os

Regatos.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes

FONTE A.M.A.P., nota do, N-983, fls.10v-13.

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Documento XCVI

DATA: 1776. Out. 2.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de obrigação de huma obra de pedraria que

faz a meza da Ordem 3ª de Sam Domingos desta villa com Francisco Portela da

freguezia de Santa Eulalia de Fermentões ".

ARTISTA: Francisco Portela, mestre pedreiro, morador no lugar da Calçada, freguesia

de Santa Eulália de Fermentões

ENCOMENDADOR: José de Freitas do Amaral, fidalgo da Casa Real, prior da mesa

da Venerável Ordem Terceira de S. Domingos, Padre Director Frei Caetano Lourenço

de S. José e os mais irmãos da mesa.

OBRA: “tinhão entre si ajustatado e contratado de dar a fazer a obra de pedraria

desta capela da Ordem Terceira a elle dito Francisco Portella na forma e maneira

seguinte que elle mestre pedreiro fará a obra de pedraria da frente desta capela

colocada do Poente aos palmos, e na forma do risco que se escolheu e vai asinado com

o nome de mim tabeliam, e em logar da fresta do meio será nicho com sua pianha na

forma do risco do outro lado; e em logar da fresta por sima da porta levará as armas

que se (…) no outro risco que está no lado do mesmo papel, e tudo o mais na forma que

mostra o dito risco que vai asinado com o meu cognome e cada palmo em preço de

vinte mil reis metido pela parte de dentro a respeito da altura das paredes, e paredão

da parte debaixo será na forma e com os mesmos feitios que está já feita da parte de

sima, e os arcos do choro não sera elle dito Francisco Portella obrigados a faze lós,

mas tão somente até o mesmo sitio aligeirado que está feito do mesmo lado de sima

com a primeira adoêla, e no meyo do paredão debaixo que se edeficar fará huma

escada que dará servidão ao pulpito e ao choro, tudo por dentro do mesmo paredão na

qual meterá a pedra do pulpito em comrespondencia da outra de lado de sima, sem que

a Ordem Terceira para esta obra faça despeza alguma porque pellos ditos vinte mil reis

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de cada palmo fica elle dito Francisco Portella obrigado a faze lla dando todo o

cabedal, e material precizos sem que a Ordem Terceira faça despeza alguma de cal

carretos, nem outra que seja (...) e o paredam da parte debaixo que se edificar será na

mesma forma que esta o outro que vem da capella mor pera baixo quanto a cantaria

pela parte exterior; e com declaração que em todo o tempo que a Ordem o mandar

suspender na obra não continuará elle com ella e querendo a mesma Ordem continuar

outra athé se finalizar comtanto que a Ordem lhe dará parte seis mezes (…) para elle

se aparelhar e vir finalizar, ou fazer parte della, e por falecimento delle dito Francisco

Portella ficará extinta esta obrigação para se não poder obrigar a fazella por seus

erdeiros e fiador (...) este contrato só tera effeito ate a obra chegar á altura de trinta

palmos, e depois se quizer ficar em seu effeito o contrato até se completar a obra se

fará nova escritura e estes palmos hé por toda a obra (...)”.

QUANTIA: 20$000 réis o palmo.” O pagamento de obriga esta Ordem a fazer-lho de

palmo em palmo tanto que estiver feito na sua altura e por toda a obra”.

VISTORIA DA OBRA: “será revista a referida obra depois de feita por dous mestres

pedreiros que serão nomeados hum por parte da Ordem e outro por parte delle

sobredito Francisco Portella, e no cazo que senão ache comforme o risco e com as

boas seguranças e firmeza que pede a obra e riscoa reformara elle mestre pedreiro a

sua custa e despeza”.

FIADOR: Vicente José de Carvalho, mestre pedreiro, do lugar da Calçada de Santa

Eulália de Fermentões.

TESTEMUNHAS: Francisco Pinto, mestre bainheiro, da rua Travessa de Sam

Domingos, Francisco José de Sousa, estudante, da rua Nova das Oliveiras e António

Xavier de Azevedo Proença, boticário, da rua das Lages do Toural.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Ordem

Terceira de S. Domingos, de Guimarães.

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TABELIÃO: Niculão António Pereira.

FONTE: A.M.A.P., N-1084, fls.131-133.

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Ordem Terceira de São Francisco

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PEDRARIA

Documento XCVII

DATA: 1743. Out. 27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação a obra de pedraria que faz Silvestre da

Grana a ordem Terceira de S.Francisco desta villa de Guimaraes".

ARTISTA: Silvestre da Grana, mestre pedreiro, natural do Reino da Galiza e morador

na vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Padre Francisco António de Santa Joana, Comissário da

Ordem Terceira de S. Francisco e Jerónimo Bravo Pereira, ministro da mesma ordem.

OBRA: Obras na "caza da Samchristia e toda a capella-mor, (...) na forma das plantas

e apontamentos", apresentando no fim da obra as 4 plantas, para se ver se a empreitada

está de acordo com ellas.

QUANTIA: 655$000 réis, "aos coarteis (...) carenta mil reis cada mes em forma que

ficarão pera ultimo e ao depois da obra feita ficarão sento e vinte mil reis enthe a obra

ser vista por mestres pedreiros para ver se esta comforme as plantas e apontamentos".

PRAZO DE ENTREGA: "cuja obra entrara elle (...) pedreiro a principiar enthe o

principio do mes de Novembro deste presente ano".

FIADOR: Manuel do Couto, ourives, morador no Terreiro de S.Paio, e João Fernandes

Gonçalves, solteiro, morador "junto a Alfandega desta villa".

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TESTEMUNHAS: Bento Martinho da Costa, morador "frente a Alfandega desta villa",

Domingos da Costa, morador na Rua de S.Francisco e Diogo de Freitas, morador na rua

de Cucos (Guimarães).

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-795, fls.135-136v.

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Documento XCVIII

DATA: 1750 Mar. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação da capella dos Terceiros do Sarafico Padre

Sam Francisco desta villa de Guimarães que fizerão Joze da Silva Matos e Antonio da

Cunha Valle”.

ARTISTAS: José da Silva Matos, mestre de obras de pedraria, morador na freguesia de

São João de Areias em Vilar de Frades e António da Cunha Correia Vale morador no

lugar do Loureiro da freguesia de Salvador de Delães termo da vila de Barcelos.

ENCOMENDADOR: Reverendo Ministro e mais adjuntos da Ordem Terceira.

OBRA: “detreminando continuar com as mais obras da sua capella a acaballa da todo

na forma dos riscos e apontamentos e conforme as plantas que havia de toda a obra

desta dita capella no que respeita asima declarada a mandarão por a lanços nos dias

que pera hiso detreminarão a mestres que lha houvessem de fazer e conforme a hisso

ficou no ultimo lanço delles ditos mestres (...). Fazerem a dita obra na forma das ditas

plantas as quais são coatro e apontamentos que pera hiso se fizerão que forão

apresentados no acto desta escreptura”. É estipulado que os artistas fizessem a obra

com toda a segurança e primor da arte.

QUANTIA: três mil cruzados e 350$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: conforme fosse correndo a obra. O ultimo pagamento

que seria de 250$000 réis “seria ao dipois de prefeita e acabada a dita obra sendo

primeiro e revista na forma dos mesmos apontamentos e plantas e quando se ache que

não esta na forma dos ditos apontamentos e plantas e segurança devidas sera demolida

a custa delles mestres e na continuação da dita obra se for precizo emmendar alguma

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couza que na dita planta e apontamentos não acheia a gosto delle dita Venerável

Ordem Terceira e com a prefeição devida elles mestres darão conta a meza da dita

Venerável Ordem Terceira que consultarão com quem lhe paresser e com sua vontade

se votara fora das plantas e apontamentos no que for precizo pera segurança e mais

prefeição da dita obra”.

FIADORES: Manuel de Sousa de Freitas morador na freguesia de S. Miguel de Entre

Ambas as Aves termo da vila de Barcelos e Manoel Francisco, mestre ferreiro, morador

na rua da Cruz de Pedra, da freguesia de S. Miguel de Creixomil.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Os mestres comprometiam-se a trazer no estaleiro

“offeciaes bastante capazes pera executarem a factura da dita obra com toda a

brevidade possível”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: Capela da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco.

TESTEMUNHAS: Francisco Ribeir, tecelão, morador na rua de Entre os Regatos,

extramuros de Guimarães e Bento Mendes da Rocha morador na rua das Molianas

extramuros de Guimarães.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes.

FONTE: A.M.A.P., N-961 (nova cota), fls.130v-132v.

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CARPINTARIA

Documento XCIX

DATA:1773. Set. 01.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação a fatura de huma obra de carpintaria que

faz Francisco de Macedo com a Venerável Ordem Terceira de S. Francisco".

LOCAL DA OBRA: Capela e Casa do Despacho da Venerável Ordem Terceira de S.

Francisco.

ARTISTA: Francisco de Macedo, carpinteiro, morador na rua de Santa Maria

(Guimarães).

ENCOMENDADOR: O Padre José Dias Carneiro morador na rua Caldeiroa em nome

e como procurador e “atualmente secretario do Ministro e mais vogaes da meza da

Venerável Ordem Terceira do Patriarca São Francisco desta villa como mostrou por

huma procuração ao diante copiada”.

OBRA: “fazer a obra de carpintaria na capella e caza do despacho por estar acabada

de pedraria detreminarão fazer os apontamentos que na procuração se seguem:

apontamentos pellos quais se deve governar o mestre carpinteiro que tomar a obra de

carpintaria da Ordem Terceira desta villa de Guimarães cuja obra será obrigado a

fazer e executar na forma aqui declarada: as soleiras serão em volta de todas as salas

serão de castanho de hum palmo de alto e de largo palmo e quarto e terão todo o vão

de cada salla sem ser emmendadas e com a mesma vitolla e ficarão com boas cabesas e

levarão nos cantos em cada hum delles seu quadrado pregados com cavilhas de ferro e

tambem nas mesmas soleiras levarão cavilhas de ferro. Na parede que devide as sallas

levará duas soleiras da mesma largura e altura das outras de malhete nas da volta das

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sallas e os quadradosasima ditos ficarão em modo que não embarasem a armasão do

estuque. Item será armada de pernas que serão de castanho bem seco e lizo sem falhas

nem broca nem galho repassado e terão de alto tres quartos e de largo meio palmo e

(…) na mesma grossura serão pregados de orelha? e ao fazer das pernas o mestre que

fizer a dita obra tirará o risco do estuque pera se acomodar a volta na milhor forma

que poder ser e a meza detreminar e terão de passo huma da outra palmo e meio e será

o emmadeiramento na perporção que pedir a mesma obra e será armado como se fosse

huma só salla levando de hum e outro lado por baixo do _____ duas freseiras bem

escudadas onde a obra der milhor lugar. Item os guieiros dos cantos terão de alto hum

palmo e de largo tres quartos. Item será forrado por sima dos caibros de bom forro de

castanho são sem podridão nem boracos (...). Item levará segunda armasão de barrotes

de castanho bem seco lizos e sem podridão nem boracos (...). Item solhará a salla que

esta por baixo da salla grande que se acha já travisada cujo solho sera de castanho

bem seco e lizo sem podre nem boracos junto de macho e fêmea tirado tudo por huma

só vitolla (...). Item solhará a salla da entrada em que sobe a escada levará tres traves

de castanho que terá cada huma hum palmo e quarto de alto e hum palmo de largo as

quaes serão todas lizas quadradas e aplainadas por todos os lados e ficarão em tal

distancia humas das outras que forme quartro espassos iguais entre as paredes sem que

tenhão casqueira alguma (...). Item fara todas as portas necessarias e genellas tambem

as das frestas das loges da parte da fronteira e da parte da sachristia as quaes serão

feitas todas de bom castanho bem seco e bem lizo (...).” São especificados todos os

pormenores em relação à feitura das portas e janelas. Uma das portas seria feita “ coasi

a semelhança das da porta travessa da igreja de São Domingos”. “Item solhara o coro

de bom castanho aparilhado na forma dos mais e será embarrotado de forma que

fiquem os barrotes levantados do estuque a altura de tres dedos e os barrotes terão de

alto tres quartos e de largo meio palmo (...). Item fara o frizo da parede da capella de

madeira da mesma forma que a da pedra pera reseber o estuque (...)”.

QUANTIA: 300$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: no fim da empreitada, sem pagamentos antecesentes.

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VISTORIA DA OBRA: “será vista e examinada por dous mestres que a intendão hum

pella parte da ordem e outro pella parte delle mestre”

TESTEMUNHAS: Domingos Gomes Salgado, carpinteiro, morador na rua de Santa

Maria e João Mendes Ribeiro, filho do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua de Couros, extramuros da vila

de Guimarães, no escritório do tabelião.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-956 (nova cota), fls.168v-171v.

ARTE DA TALHA

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Documento C

DATA: 1702. Mai. 8.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação ao douramento do retabollo da Ordem

Terceira desta villa de Guimarães".

ARTISTA: Domingos Alves do Canto, pintor, morador junto à Torre de Nossa Senhora

da Graça “da parte de dentro”, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Ordem Terceira de São Francisco.

OBRA: douramento do retábulo da Capela da Venerável Ordem Terceira do Convento

de São Francisco.O artista obrigava-se a dourar todo o retábulo de “bom ouro (…) e os

santos delle todos estofados e dourados capazes de a por e serem em hum perfeição por

que tambem ha de ser dourados por detraz e as cortellas de baixo que são de pedra

serão na forma em que estão as do retabollo de Nossa Senhora do Rozario do convento

de Sam Domingos desta villa (…) e tera seu prinsipio da feitura desta escriptura (…)”.

O ouro seria “hum e da mesma cor e bem pulido”.

QUANTIA: 200$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: um antes de começada a obra; o

outro no meio da obra; e o último depois da obra estar acabada e examinada.

PRAZO DE EXECUÇÃO: 6 meses.

VISTORIA DA OBRA: “sendo acabada e prefeiçoada esta obra se meterão dois

douradores nella pera que a revejão e exziminem com a que has circunstancias

nesesarias em semelhantes obras achando se alguma duvida elle Domingos do Canto a

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prepara a sua custa em termo de hum mes com pena de perdimento de sem mil reis

alem de todos os mais gastos e despezas que outros oficiais nella fizerem (…)”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: nas pousadas do tabelião, sita na Rua de São

Domingos, .

TESTEMUNHAS: António Cardoso, oleiro, da vila de Guimarães

TABELIÃO: Agostinho Teixeira da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-532, fls.10v-11.

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Documento CI

DATA: 1782. Set. 19.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de Joze Antonio da Cunha a Ordem 3ª

desta villa".

ARTISTA: José António da Cunha, mestre entalhador.

ENCOMENDADOR: Reverendo Padre, Ministro, secretário e “mais da meza desta

Venerável Ordem Terceira de São Francisco ao diante asignados”.

OBRA: “huma tribuna da capella mayor para a igreja desta venerável ordem pello

risco que lhe foi dado na minha prezença que vay asinado por todos e por mim tabelião

(...) de boa madeira de castanho e sem podridam ou carnas”.

FORMA DE VISTORIA: “sera vista e examinada por profesores da mesma arte

tanto a respeito da madeira como de sua prefeição a que se obrigou”.

QUANTIA: 136$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos de 45$37 réis: “primeiro ao fazer

deste instromento que recebera na minha prezença (...) segundo estando a dita obra a

meio e o ultimo estando posta e asentada em seu lugar que sera no dia prefixo de trinta

e hum de Janeiro (...) que bem de mil e setecentos oitenta e tres”.

PRAZO DE ENTREGA: 31 de Janeiro de 1783.

FIADOR: Vicente José de Carvalho, mestre canteiro, da freguesia de Santa Eulália de

Fermentões.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Venerável

Ordem Terceira de S. Francisco.

TESTEMUNHAS: Jerónimo de Sousa, da mesma Ordem e João Inácio de Freitas,

estudante “desta mesma”.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1255 (nova cota), fls.93-93v.

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Câmara

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PEDRARIA

Documento CII

DATA: 1696. Fev. 22.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ”Fiança e contrato que fes João Pereira pedreiro

morador ao Portelo das Ortas para consertar as agoas dos chafarizes desta villa ao

preço de 30$500 réis com 30 braças de alcatruzes fiador Sebastião Pereira escrivão

dos (…)”.

ARTISTA: João Pereira, pedreiro, morador ao Portelo das Ortas do Campo da Feira.

ENCOMENDADOR: oficiais da Câmara.

OBRA: consertar os chafarizes “pora trinta vazados de alcatruzes novos”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: fim de Dezembro do presente ano.

DIVULGAÇÃO DA OBRA: “dando a pregar na praça pello pregoeiro e por não

haver quem por menos o fizesse senão elle dito João Pereira”.

QUANTIA: 35$500 réis

FIADORES: Sebastião Pereira, escrivão dos (…).

TESTEMUNHAS: Brás Lopes, escrivão do judicial e Domingos Francisco, guarda da

Câmara.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa da Câmara.

TABELIÃO: Domingos Peixoto do Amaral, escrivão da Câmara.

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FONTE: A.M.A.P., M-618, Livro de notas do escrivão da Câmara, fls.72-72v.

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CARPINTARIA

Documento CIII

DATA: 1677. Set. 23

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigasão e fiansa que deu Francisco de Passos

carpinteiro desta villa a obra da casa da Camara e da Audiensia desta villa”.

ARTISTA: Francisco de Passos, carpinteiro, morador na “Praça desta villa”.

ENCOMENDADOR: Provedor da Câmara de Guimarães Doutor Francisco de Morais

Sarmento.

OBRA: “A Casa da Camara e da Audiência serão solhadas de novo bem traveiadas no

modo em que estavão dantes e as armasois dos telhados de ambas as casas se farao

todas de novo muito bem feitas de modo que possão com o forro que serão de coatro

agoas e estas duas casas serão bem foradas de foro lizo com seus paineis e levarão

seus rompantes (...) e as janellas da casa da Camara e da Audiência se farão em

madeira nova que serão emcaixilhadas com soas almofadas do feitio que estavão as

velhas e se lhe pora toda a feragem nesessaria e as portas destas duas casas se farão de

novo e bem seguras com suas almofadas e se lhes pora toda a feragem nesessaria e

seus ferolhos (...) casa da Camara se farão todos os asentos de novo no modo que estão

(...) e se farão de novo dous banquos de encosto muito bem feitos (...) na casa da

Audiência se fara de novo a trebuna do juiz (...) na casa da Auidiencia se fara de novo

a mesa pera o escrivão com seus asentos e tambem levara seus asentos ao redor da

parede e se farão humas grades torneadas pera se repartir pello meio da casa da

Audiência tudo na forma que estava dantes (...) as madeiras serão boas e de reseber e

bem sequas

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FORMA DE DIVULGAÇÃO DA OBRA: “Andando em pregão por ordem de Sua

Alteza na prassa desta villa a obra da casa da Audiência e Camara da villa de

Guimarães aos lansos dos offesiais que por ella menos desse o menor foi o que elle

Francisco de Passos avia dado da fazer a obra (...) carpintaria”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a coal de carpintaria pegara e comesara logo que fora

acabada a que se ha de fazer de pedraria dando a de todo acabada dentro de coatro

meses”.

QUANTIA: 320$000 réis

FIADOR: Domingos de Freitas, tabelião, morador na rua de Santa Maria.

TESTEMUNHAS: Francisco Couto, mercador e Jerónimo Fernandes, tabelião, em

Guimarães.

ASSINATURA DO ARTISTA: Francisco de Passos assina de cruz.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casa do Doutor Francisco de Morais

Sarmento, provedor na Camara de Guimarães.

TABELIÃO: Domingos da Cunha Guimarães.

FONTE: A.M.A.P., N-354 (nova cota), fls.18-19v

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Confrarias e Irmandades

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Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira,

sita na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira

OURIVESARIA

Documento CIV

DATA: 1771. Jan. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigação a fatura de huma obra que faz

Manoel Jozé de Faria com o Sacretario e mais bugais da meza da Irmandade de Nossa

Senhora da Oliveira desta villa”.

ARTISTA: Manuel José de Faria, ourives, assistente na casa de Vila Pouca (arrabalde

de Guimarães).

ENCOMENDADOR: irmandade de Nossa Senhora da Oliveira, sita na Igreja da

Colegiada.

OBRA: A Irmandade pretendia que o ourives fizesse o trono e o camarim da Senhora

da Oliveira “de pesas de prata de chapa na forma do risco que se acha asinado pello

Excellentissimo Senhor Dom Prior”. O encomendador explicitava que as chapas de

prata deveriam cobrir toda a estrutura de madeira.

Anteriormente à celebração desta escritura notarial foi proposto pelo Dom Prior

Domingos de Portugal e Gama à mesa da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira, que

no altar da Senhora da Oliveira se “fizesse hum trono, e camarim ao modo, que

mandava o risco, que se aprezentou na mesma meza, o qual determinou se fizesse de

prata, com a mayor perfeição”. Nesse termo lançado a 25 de Novembro de 1770, no

livro da irmandade pelo seu secretário Cónego Manuel dos Reis da Costa Rego é

estabelecido que para a feitura do trono e camarim de prata no altar de Nossa Senhora

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“se convocasse os ourives pera na dita obra dar os seus lanços, e que do ajuste se fazia

escriptura”. A 3 de Dezembro do referido ano, estando presente o secretário da

irmandade e mais adjuntos da mesa, apareceram os oficiais e mestres ourives “que se

ajuntarão pella noticia que tiveram pera lançarem na obra, que determinarão fazer de

prata do trono e camarim pera mais veneração de Nossa Senhora”. Nesse momento, a

obra foi arrematada por Manuel José de Faria, assistente na casa de Rodrigo de Sousa da

Silva.

QUANTIA: Por toda esta empreitada o ourives receberia por cada marco de prata

utilizado a quantia de 6$400 réis e de feitio cada marco de prata 1$200 réis. No compito

da prata não entrariam os parafusos de latão presentes na obra. Toda a obra depois de

finalizada seria vista e examinada por dois ourives.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Claustro da Colegiada de

Guimarães.

TESTEMUNHAS: José Dias de Paiva, Irmão do tabelião, e Roque de Freitas, violeiro,

morador na rua dos Trigais, ambos de Guimarães.

TABELIÃO: Jerónimo Dias de Paiva.

FONTE: A.M.A.P., Nota da Colegiada, C-985 (nova cota), fls.64v-66.

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ARTE DA TALHA

Documento CV

DATA: 1780. Jun. 10.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Contrato que faz a meza da Irmandade de Nossa

Senhora da Oliveira desta villa com Luis Pinheiro de Azevedo Lobo mestre pintor

assistente nesta villa”.

ARTISTA: Luís Pinheiro de Azevedo Lobo, mestre pintor e dourador, assistente na

vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: José Fernandes Guimarães, “procurador bastante que mostrou

ser da meza da Irmandade de Nossa Senhora da Oliveira desta ditta villa30

.

OBRA: douramento do retábulo, camarim e mais pertenças da tribuna da Nossa

Senhora da Oliveira.

QUANTIA: 600$000 réis. No douramento, o mestre obrigava-se a utilizar bom ouro de

preço de 7$000 réis. O metal precioso seria comprado pelo tesoureiro da irmandade que

“se lhe irá dando conforme for trabalhando, e será pago por conta do dito dourador

por conta do preço”. Numa das cláusulas do contrato é estipulado que após o dourador

ter colocado quatro ou cinco milheiros de ouro no douramento, a mesa da irmandade

mandaria chamar dois ou três douradores “ou quem muito lhes pareser examinar se o

referido dourador fizer a obra na forma dos apontamentos e segurança estipulada nos

ditos apontamentos”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: escritório do tabelião Nicolau

António Pereira

30

Procuração datada de 28 de Agosto de 1780.

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TESTEMUNHAS: : Francisco Leite, mestre barbeiro, da rua Travessa, e António

Machado, ourives, “que foi nesta villa e morador na rua da Fonte Nova”.

TABELIÃO: Nicolau António Pereira.

FONTE: A.M.A.P, N-1090 (nova cota), fls. 108-109v.

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Irmandade das Chagas e Cordão, sita no

Convento de São Francisco

PEDRARIA

Documento CVI

DATA: 1691. 11.28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato entre o juiz e mais oficiaes da Irmandade do

Cordão de Sam Francisco com Francisco João mestre de pedraria”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de S.Dâmaso.

ARTISTA: Francisco Luis, mestre de pedraria, morador na freguesia de S. Tiago de

Candoso.

ENCOMENDADOR: “ Gonçalo Lopes de Carvalho Fonseca e Camoões fidalgo de

Sua Majestade e Cavaleiro profeso da Ordem de Christo (...) juiz da Irmandade das

Chagas e Cordão situado no Convento de Sam Francisco desta villa”,e os mais oficias

da Irmandade.

OBRA: “foi dito que a capella de Sam Dâmaso sita atras do muro desta villa (...) he

obrigada a fabricar esta pera não se aroinar e cahir no chão”, pelo menor lanço deste

mestre se tinham ajustado na feitura da capela-mor. Refere-se a feitura da abobada da

capela-mor e arco-cruzeiro.

QUANTIA: 334$500réis.

FIADOR: seu filho Francisco João morador na freguesia de S.Tiago de Candoso.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: “nesta villa de Guimarães (...)

cazas e pousadas de Gonçalo Lopes de Carvalho Fonseca e Camões fidalgo de Sua

Majestade e Cavaleiro profeso da Ordem de Christo”.

TESTEMUNAS: António de Carvalho e Manuel Soares, criado de Gonçalo Lopes de

Carvalho Fonseca e Camões.

TABELIÃO: Niculão de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-439 (nova cota), fls. 104-105v.

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Documento CVII

DATA: 1693. Jun. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ”Contrato que fes João Peixoto pedreiro morador em

(…) da freguezia de Sam Lourenço de Gulais com a Irmandade do Cordão de como se

avia de lagear a capella de Sam Damaso desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Dâmaso.

ARTISTA: João Peixoto, pedreiro, morador na sua devesa, da freguesia de São

Lourenço de Gulães.

ENCOMENDADOR: “estando ahi em meza da Irmandade o juiz Doutor Francisco

Pinto da Cunha e escrivão Francisco Antunes Gomes e thizoureiro Francisco Luis

Portella e mais ofisiais abaixo asinados que de prezente servem a Irmandade”.

OBRA: “de lhe aver de lagiar o corpo da Igreja de Sam Damaso que esta por lagiar

que bem a ser das portas travesas pera baixo (...) sera lagiado feito em sepulturas na

forma e estillo que esta a de Santo Antonio do Convento dos Padres Capuchos desta

villa. Item que serão as sepulturas todas encaixilhadas em seus caixilhos como tambem

ao redor da parede levara tambem o mesmo caixilho (sic) digo huma fiada central?

comesara a correr o caixilho que o dito caixilho sera de fase pella vanda de sima hum

palmo de largo e por vaixo lhe fara o desconto nesessario que segure as sepulturas.

Item as sepulturas serão de tres ou quatro palmos de vam (…) desgonçadas pera

asentarem nos caixilhos em grosura de qoatro (...)”.

QUANTIA: 79$00 réis.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

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TESTEMUNHAS: António de Freitas de Carvalho e João Francisco de Carvalho,

filhos do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na igreja de São Damaso “arabalde

della”.

TABELIÃO: Manuel de Freitas.

FONTE: A.M.A.P., N-529 (nova cota), fls.29-30.

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Documento CVIII

DATA: 1784.Abr.15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de Vicente Joze de Carvalho e seu filho a

Irmandade do Cordam e Chagas”.

ARTISTAS: Vicente José de Carvalho e seu filho João Manuel de Carvalho e

Francisco Portela de Carvalho, mestres canteiros, da freguesia de Santa Eulália de

Fermentões.

ENCOMEMDADOR: Francisco Ribeiro, ourives, desta vila, procurador da Irmandade

de Cordão e Chagas situada na capela de S. Dãmaso.

OBRA: Fazer uma torre na igreja de S. Dâmaso de Guimarães. Este documento contém

importantes descrições dos apontamentos a seguir pelos mestres.

QUANTIA: 680$000 réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no escritório do tabelião sito em

Guimarães.

TABELIÃO: José António da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1256 (nova cota), fls.69v-72.

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ARTE DA TALHA

Documento CIX

DATA: 1693. Mai. 7.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fes Pedro Coelho escultor de como se

avia de obrar este retabollo da igreja de Sam Damaso sita atras o muro desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Damaso.

ARTISTA: Pedro Coelho, escultor, morador no Olival, da freguesia de Gondar, do

termo de Guimarães..

ENCOMENDADOR: Irmandade do Cordão sita na Igreja de São Francisco, de

Guimarães.

OBRA: “por elle foi dito que era verdade que elle estava composto e consertado por

hum lanço publico que deu diante da mesa da Irmandade do Cordão sita na Igreja de

Sam Francisco desta villa como adeministradora do hospital de Sam Damaso, lhe aver

de fazer este trabalho da capella maior da dita igreja em presso e coantia de cento e

oitenta e sinquo mil reis (...) na forma de huma trassa que pera iso lhe derão que vai

assinada por elles ditos oficiais da mesa (...) mais huns apontamentos que lhe derão

cujo theor he o seguinte: (...) a dita obra seria feita (...) de boas madeiras (...) pera a

entrada das portas que hao de abrir pera dentro, e se metera huma escada pera servir a

tribuna (...) com huma porta de cada parte encaixilhadas e nos quatro cantos dellas

terao quatro pillares (...) seus paineis lavrados na milhor forma que possa ser (...) a

talha sera a romana (...) com suas pereiras e com seus passaros (...). É feita referência

à abobada da tribuna.

QUANTIA: 185$000 réis.

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VISTORIA DA OBRA: a obra seria revista por oficiais peritos na arte.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua de São Damaso, nas casas da

morada do tabelião.

ASSINATURA DOR ARTISTA: sabe assinar

TESTEMUNHAS: António de Freitas de Carvalho e (…) inquiridor desta vila.

TABELIÃO: Manuel de Freitas.

FONTE: A.M.A.P., N-371 (nova cota), fls.148-148v.

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Documento CX

DATA:1698. Mai. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato que fazem os irmães da Irmandade do

Cordão desta villa com Manoel de Freitas pintor".

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Dâmaso.

ARTISTA: Manuel de Freitas Padrão, pintor, morador na vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: “o juiz e mais oficiais da Irmandade das Chagas cita no

convento de Sam Francisco”.

OBRA: “Manoel de Freitas pintor e morador nesta villa (…) tinha tomado e rematado

o douramento da obra da capella maior da igreja de Sam Damaso (…) a dita obra ouro

subido (…) encarnados e as asas dos sarafins e (…) passaros serão estofados de

bonnas cores e finas a escultura maior sera estofada com a cores que a arte pedir (…)

tambem seram os padrastais em que asenta a dita obra que são de pedra estes terão os

filletes dourados (…) tambem entram os degraos que entram pera a tribuna e tambem o

púlpito da dita igreja será pintado asim as grades como a pedra (…) e mais contratou

com a dita meza (…) a pintar e dourar o tumullo em que estão os ossos do instituidor

da dita capella Lucas Rabello que este sera todo perfilhado de ouro com suas letras que

tambem serão dourados e os campos seram de jaspe como tambem o portal em que esta

o dito tumollo que lhe fara hum brutesco muito bem feito de ouro e mais fara hum

painel pera a samcrestia da dita igreja de oito palmos de alto e a largura sera a que

painel pedir que a dita irmandade mandara fazer a qual tera pintado hum Cristo

crusificado com São João e Nossa Senhora e Madalena com seus caixilhos que seram

pintados de (…) he ao redor do dito painel fara hum targons (…) e mais pintara os

caixons e portas da samcristia com suas almofadas de cores (…)”.

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QUANTIA: 380$000 réis.

FIADOR: Domingos de Freitas escrivão do Judicial.

VISTORIA DA OBRA: “a qual obra depois de feita sera vista por dous oficiais”.

TESTEMUNHAS: Domingos Lopes, caixeiro de Manuel? Soares e Domingos Robalo,

caixeiro de Jerónimo Lourenço.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: “capella de Sam Damaso cita atras

do Muro desta villa”.

TABELIÃO:

FONTE: A.M.A.P., N-556 (nova cota), fls. 47v-48v.

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Documento CXI

DATA:1702. Set.20.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Pedro Coelho escultor da freguesia de

Sam Joao de Gondar a Irmandade do Cordao de Sam Francisco desta villa “.

ARTISTA: Pedro Coelho, escultor, morador no Olival, da freguesia de São João de

Gondar (concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: “ juiz e mais oficiais e tizoureiro da meza da Irmandade do

Cordão das Chagas de Cristo cituada no Convento de Sam Francisco desta villa “.

OBRA: feitura dos quatro altares laterais, da Igreja de São Dâmaso, de Guimarães.

Observemos a descrição pormenorizada que é feita dos retábulos:

“(...) cada hum dos ditos retabollos tera coatro collunas com seus pillares e seu

banquo e frizo de folha de cardo e as collunas serao sellamoniquas e pora mais em cada

retabollo doiz padrastais e duas corsellas a saber da parte de dentro as ditas corsellas e da

parte de fora os dois padrastais e ao redor do retabollo levarao hum pilar de meio palmo

todo de talha e por sima das collunas levarao seus socos donde no serao dois arcos

sallamoniquos vestidos com suas he prezos que dividirao os arcos os coais serao coatro e

feitos per modo de meter e os arcos serao por sima vestidos com seus rendados (...) ” .

Para se obter um bom trabalho , era necessário que se fizesse uma boa escolha das

madeiras destinadas ao entalhe e que passassem por uma cuidada preparação.Desta forma

, a Irmandade do Cordão de Cristo , recomendou que toda a obra fosse feita “ na forma da

arte com toda a perfeição da madeira de castanho liza e sem folhas nem podridao algum e

ao contento de elle juiz e tizoureiro e oficiais da meza da dita Irmandade ”, sob pena de o

artista colocar outros retábulos à sua custa .

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QUANTIA: 120$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três “coartos a coarenta reis em cada coarta ”31

.

PRAZO DE EXECUÇÃO: O mestre escultor teria de dar concluída esta obra , até ao fim

do mês de Janeiro de 1703.

TABELIÃO: Manuel Machado Gomes.

FONTE. A.M.A.P. , N- 642, fls.75-75v.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

31 O segundo pagamento seria dado “ ao meio da obra e os últimos coarenta reis depois della estar

asentada e feita “ .

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Documento CXII

DATA: 1705. Jun.23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fizeram os confrades da Irmandade do

Cordao com Francisco da Silva pintor “.

ARTISTA: Francisco da Silva, pintor, morador na rua de Santa Maria.

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego Miguel de Freitas da Cunha, Juíz da

Irmandade do Cordão e pelos seus confrades.

OBRA: Douramento e pintura dos altares laterais da Igreja de São Dâmaso. Este pintor

vimaranense, daria os retábulos laterais “ dourados de ouro pulido e os dous arcos lavrados

de ouro mate sobre branco assim por fora como por dentro”.

QUANTIA: 135$000 réis . Dessa quantia , o tesoureiro da Irmandade Francisco de Araújo

, entregou imediatamente 60$000 réis para o pintor dar início ao douramento. Francisco da

Silva pagaria as tintas e aparelhos por sua conta.

VISTORIA DA OBRA: a obra seria revista por “peçoas que o entendao”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Recomenda-se ao pintor , para que logo que inicie esta obra

“ não sahira pera outra ocupaçao sem primeiro a deixar acabada ” .

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A..M.A.P.,N-559 , fls.132-133.

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Irmandade de Nossa Senhora da Guia, de

Guimarães

PEDRARIA

Documento CXIII

DATA: 1791. Nov. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçam de obras de João Manoel de Carvalho e

Almeida mestre pedreiro a Irmandade de Nossa Senhora da Guia32

".

LOCAL DA OBRA: Capela de Nossa Senhora da Guia (vila de Guimarães).

ARTISTA: João Manuel de Carvalho e Almeida, mestre pedreiro, do lugar da Calçada,

freguesia de Santa Eulália de Fermentões, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: João Batista Pereira morador na rua Escura, da vila de

Guimarães e Cristovão Francisco Barroso, da rua Nova do Muro (Guimarães), “ambos

em nome e como procuradores bastantes para o prezente acto do juis e mais vogais da

meza da Irmandade de Nossa Senhora da Guia desta mesma villa como consta de hum

termo feito pella referida irmandade no livro do conpermisio ou estatutos da mesma

irmandade a folhas vinte e sete verso e vinte e oito pello qual se acham constetuintes

pella referida irmandade com a faculdade percioza para ademinstradores da obra da

capella que se anda fazendo”.

OBRA: “ por elles João Baptista Pereira e Christovam Francisco Barrozo por ambos

juntos e cada hum insolidum foi dito que uzando dos puderes do dito termo fizeram por

a lanços a obra da capella mor da sua irmandade pera nella culucarem a Santa

32 Este documento trata-se de um traslado passado a 7 de Janeiro de 1792.

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Imagem de Nossa Senhora da Guia e com efeito entre muitos lanços que ouveram o

ultimo e mais deminuito que ouve foi o da quantia de quatrocentos e setenta mil reis a

vista do risco asignado pello juis e secretario da dita meza o qual lanço dera o dito

João Manoel de Carvalho e Almeida (…) que sera feito de pedraria na forma seguinte:

sera aligada por sima dos insuleiramento que se acha feito em cumprimento e largura e

grosuras de paredes todo o que se poder aproveitar (…) no ensuleiramento que se acha

feito não deixando corte no dito soleiramento da parte de dentro e de fora o que for

percizo para os aburamentos e resaltos do embazamento isto se entende da parte do

Nascente. E sera esta obra feita na altura e largura na forma do risco sem que a

largura da obra e cumprimento (…) ao alicerce. Toda a cantaria sera de pedra fina

cunhais, simalhas, arco, frestas, e porta para o curredor, e defronte tapada de

perpianho e os pilares tambem de pedra fina ficando para guarda roupa com o fundo

que poder ter. Seram as piramidas e cruzes de pedra fina e as faixas que mostram o

risco da parte interior e exterior tambem seram de pedra fina. As empenas que constam

da capella mor sera a purpurçam do seu corpo e feitas a conta do mestre pedreiro com

a sua curnige tudo de pedra fina que esta curnige ha de ser feita digo (sic) de ser ao

feitio que tem a empenna da trazeira da capella do Campo da Feira por sima do arco

levara huma parede que devida o curredor que sera de perpianho de dois palmos de

grussura tera esta huma porta e friesta33

para dar luz ao corredor. No fim do perpianho

que devide o curredor que faz costam? a capella mor levara huma padieira em altura

de des palmos a pegar na parede do muro e na outra parte no perpianho e da hi para

sima athe a altura da curnige da parte de dentro; este repartimento sera de palmo e

quarto levara na parede detras no outam huma porta pegada ao muro e outra no meyo

do outam da capella mor esta sera tapada de perpianho de palmo e huma pulgada.

Estas portas seram de pedra groça apelaradas e no mesmo outam levara duas frestas

de pedra groça; altura e largura seram do das portas e frestas do dito outam ou ao

arbitrio dos inspectores; as paredes que topam no muro levara huma pedra metida e

outra não no mesmo muro para que os mesmos inspectores ham de alcançar a licença

perciza e das pedras que sahirem do muro o dito mestre pedreiro se não utelizar dellas

nem da mais que la se achar so sim a que lhe servir sera abaluada como de custume

33

Escrito na margem direita, em letra diferente: “E isto me perguntou o mestre Bicente se abia de cer tapada a outra fresta e eu lhe dice que fosse aberta”.

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para esta obra de pedraria; que he so o que se dar a irmandade (…) ha de mandar por

o saibro e cal que for perciza e igualmente a mesma irmandade ha de dar as grades e

ferros que percizos forem e tambem para a sigurança da mesma obra; e os carretos de

pedraria ham de ser por conta do mestre pedreiro e se haverem alguns acresimos de

frestas portais ou outro qualquer seram pagos pello seu valor ou seram justos antes de

se fazerem (…) declaram elles partes que havendo demenuiçam de alguma obra; isto he

de porta fresta ou parede se abatera pello justo preço cumprimento largura ou alturas

na forma dos alicerces que estam feitos”.

QUANTIA: 470$000 réis.

FIADOR: O seu pai Vicente José de Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar da

Calçada, da freguesia de Fermentões; e o seu tio Francisco Portela, mestre pedreiro,

morador no lugar da Conceição, da freguesia de Fermentões.

FORMA DE PAGAMENTO: “ e sera pago o dito preço na forma seguinte para o

principio da obra a quantia de sincoenta mil reis e os mais conforme o estado da obra;

ficando o ultimo pagamento dipois de finda a obra a quantia de sincoenta mil reis para

esta ser revista e examinada na forma do custume com dois mestres hum pella parte da

irmandade e outro pella do mestre pedreiro”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “sera a obra concluida athe o fim do mes de Junho

vindouro do prezente anno e no cazo em que não dé a obra finda no referido tempo se

abatera em todo o preço deste arendamento a quantia de sincoenta mil reis isto de

penna”.

TESTEMUNHAS: Jacinto José Pereira, boticário, da rua da Tulha (Guimarães); e José

António Marques, caixeiro de Domingos José de Macedo, do terreiro de São Paio.

ASSINATURA DO ARTISTA:

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no escritório do tabelião, sito no

Campo da Feira (Guimarães).

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., 10-23-1-54-1 (doc.avulso, constituído por 8 folhas. Na primeira

folha está escrito: “escritura da obra da Irmandade da Guia”34

).

34

No final do documento, noutro tipo de letra foi acrescentado posteriormente o seguinte: “Recebi do Senhor Cristobam Francisco Balozo como espetor da obra da Senhora da Guia o resto desta escritura que som quarenta sete mil e coatrocentos em esta conta entram desanove mil e oitocentos de cresimos na dita obra que o resto que se me devia eram nobenta e sete mil quatrocentos porem nesta conta me abateram sinquenta mil reis por nam dar a obra feita no tempo detriminado que declara a escritura. Para sua clareza pasei esta clareza. Guimarães, 16 de _______________ de 96. (ASSINADO): FRANCISCO PORTELLA”

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Confraria do Santíssimo Sacramento, da

freguesia de Nossa Senhora da Oliveira

PEDRARIA

Documento CXIV

DATA: 1707. Jul. 30.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação que fazem os juizes e mais ofessiais da

meza da Irmandade do Santissimo Sacramento da freguezia de Nossa Senhora da

Oliveira ao Reverendo Cabido da dita Igreja".

LOCAL DA OBRA:. Capela do Santissimo Sacramento da Colegiada de Guimarães.

ARTISTAS: António Pinto, pedreiro, morador na freguesia de São Lourenço de Cima

de Selho.

ENCOMENDADOR: Confraria do Santissimo Sacramento da freguesia da Oliveira.

RESUMO DO DOCUMENTO: Estava presente “o Reverendo Antonio de Souza de

Mesquita Conego Prebendado na dita Colegiada e como asim Luis Pimenta de Távora

ambos moradores na dita villa juízes que de prezente estão servindo na Confraria do

Santissimo Sacramento desta dita freguezia e Francisco de (…) escrivão della e João

Fernandes Branco thezoureiro della (...) por elles juízes escrivão e thezoureiro e os

mais congregados da dita confraria ao diante asinados foi dito que elles com bom zello

que tinham e ser mais util pera a capella do Santissimo Sacramento desta igreja por

(...) pequena (...)requeriam e a esse fim adeficarem acresentar a alargarem pera que

fique mais (…) pera o serviço do dito Senhor por (..:) a capella maior de Nossa

Senhora da Oliveira de que o Reverendo Cabido della esta por senhor e administrador

(...) da obra que se pretende fazer (...) na dita capella maior aver algum nauflagio e

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esta se aruinarem parte ou em todo requererão em que se fezesse a dita nova obra sem

que com hefeito elles juízes e mais offesiais da meza se obrigassem a que toda a ruína

que por (...) della lhe for resultada(...) asim nella como na aboboda da dita capella

maior (...) a que as frestas que nella estão feitas se lhe não (...) e fazerem a dita obra

disserão todos cada hum insolidum que elles se obrigavão por suas pessoas e todos os

seus bens moveis ou de rais (...) que a dita nova obra que pertendiam fazer e de que

atras se faz menção aia alguma ruína na dita capella maior em que (...) se obrigavão

como obrigados ficão juntamente pellos mesmos bens da dita confraria a tudo fazerem

ao dito Reverendo Cabido e repondo lhe tudo na forma em que de prezente esta (...)

Antonio Pinto pedreiro morador na freguezia de São Lorenço de Sima de Selho deste

termo (...)por elle foi dito que elle se obrigava como obrigou sua pesoa (...) a fazer a

obra que elle juizes e mais offessiais da meza pertendem fazer sem que corra risco a

capella maior da dita igreja (...) que fique segura como dantes estava e esta no caso

por alguma via a respeito da nova obra a dita capella maior tenha algum detrimento

elle se obrigava como obrigado fica a tudo por corrente e no mesmo estado em que se

acha de prezente sem que por iso a dita confraria nem seus ofesiais sejam obrigados a

couza alguma (...)”.

QUANTIA: ?

TESTEMUNHAS: Reverendo Padre Manuel Teixeira, sacristão da Colegiada de

Guimarães e Reverendo Padre Luis de Mesquita, cura da Igreja da Colegiada.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na igreja da Colegiada de

Guimarães.

TABELIÃO: Manuel da Silva

FONTE: A.M.A.P., N-469 (nova cota), fls. 34v-35v.

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ARTE DA TALHA

Documento CXV

DATA: 1711.Abr.14.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato de obrigasam que fizeram os ofesiais do

Santissimo Sacramento com Dionizio Lopes e Domingos Cardozo pintores para dourar

huma obra todos desta villa de Guimarães”.

ARTISTAS: os pintores: Dionísio Lopes, morador na rua Caldeiroa, e Domingos

Cardoso, morador na rua Travessa (Guimarães).

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego da Colegiada, Pedro Barroso, juiz da

Confraria do Senhor da dita Colegiada35

, Pedro Francisco de Mesquita, escrivão da

Confraria, e Domingos Fernandes, tesoureiro da mesma36

,

OBRA: douramento do retábulo da Capela do Santíssimo Sacramento, sito na Igreja da

Colegiada. Observemos a descrição pormenorizada que é feita dos elementos

decorativos do retábulo e da capela e da forma como seria executado o seu douramento

e pintura:

“sera o dito retavollo todo dourado de houro subido e os baixos arubinados na forma

que esta a capella do Ilustrisimo Senhor Arsebispo de Braga he os arquos da habobeda

da dita capella seram brutesquados de houro e as cores dos baixos seram a despusisam

da meza e os comquebos da dita abobeda seram de tintas e cores na forma do teto da

capella do Senhor Arsevispo de Braga he a fresta e pedestal da porta sera na mesma

forma forma dos ditos arquos he a porta de madeira sera pintada e repartida com

35 O contrato notarial foi celebrado na casa do Cónego Pedro Barroso. A casa localizava-se “em a rua da

porta de Santo António da parte de dentro desta dita villa”.

36 Residia na rua da Infesta (Guimarães).

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almofadas com algumas faixas de houro e mais sera huma himagem de hum Cristo

Resusitado emcarnado com sua capa dourada e aprabinada que ha de fiquar em sima

do sacrario sera o sacrario pratiado como tambem sera o arquo grande com o seu

pedestal athe baixo na forma dos outros athe baixo como tambem as grades com

algumas tintas reformadas”.

Como podemos constatar, por parte do encomendador houve uma preocupação estética

de transmitir uma variada policromia, que não se limitava ao dourado, mas a um

impacto visual mais realista, notório nos elementos decorativos do retábulo, do tecto da

abóbada, da porta e do sacrário. Na própria imagem de Cristo Ressuscitado seria

utilizada o encarnado e a técnica do estufado. Em relação ao ouro, é expresso que fosse

utilizado ouro subido, ou seja, ouro de alta qualidade, polido e brilhante. Além dos

apontamentos, os dois mestres eram obrigados a seguir um modelo já executado na

capela do Arcebispo de Braga. Podemos desta forma aferir da difusão artística que se

efectuava entre a cidade de Braga e de Guimarães.

QUANTIA: 135$000 réis.

FIADORES: Luís Pimenta Távora, morador no terreiro das freiras de Santa Clara de

Guimarães, e André da Costa, morador na rua do Gado.

FORMA DE PAGAMENTO: O pagamento seria dado no decorrer da empreitada.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Os ditos artistas arrematantes, fariam o seu trabalho

segundo os apontamentos, devendo ficar a obra “finda e acavada para o dia da festa do

Senhor da dita Collegiada deste prezente anno de setesentos e honze annos”. Entre o

encomendador e os artistas é acordada uma cláusula referente à vistoria da empreitada.

Esta seria revista por dois oficiais “peritos na sua arte”: um, por parte da mesa, e outro,

pelos executantes.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO:

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TESTEMUNHAS: António de Oliveira, sapateiro, e António da Costa, familiar do

Reverendo Cónego.

TABELIÃO: Salvador Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-663 , fls. 20v-21v.

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Confraria do Senhor da Agonia, sita na

igreja de Nossa Senhora da Oliveira

ARTE DA TALHA

Documento CXVI

DATA: 1730.Fev.17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fez Manoel da Costa mercador como

thezoureiro do Senhor da Agonia desta villa com Ambrosio Coelho escultor”.

ARTISTA: Ambrósio Coelho, mestre escultor, com oficina na freguesia de Santa

Cristina de Serzedelo (termo de Barcelos).

ENCOMENDADOR: Manuel da Costa, mercador, tesoureiro da Confraria do Senhor

da Agonia.

OBRA: um retábulo para a capela da Confraria do Senhor da Agonia, sita na Igreja de

Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães.

QUANTIA: 115$200 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Esta quantia seria paga pelo encomendador em três

pagamentos iguais: 38$400 réis, no momento da assinatura desta escritura; o segundo,

no mês de Maio; e os restantes 38$400 réis, no mês de Agosto quando o retábulo

estivesse assentado na capela.

Ambrósio Coelho obrigava-se a assentar o retábulo no altar à sua custa, segundo a

planta apresentada pela confraria e assinada pelas partes intervenientes. Após a

celebração desta escritura, o artista a “seu poder [a planta] levou pera na forma della a

dar corrente finda e acabada com a perfeição que nella se contem”.

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FIADORES: Lourenço Antunes, morador na rua das Molianas, e Inácio Rebelo,

residente na rua de Entre os Regatos, ambos de Guimarães. Se porventura o artista

“soseda fallecer da vida prezente ou estar infermo em forma que não possa fazer a dita

obra como dita estava por todo o mes de Agosto e seguinte” os fiadores apenas

ficariam obrigados ao pagamento das prestações que o mestre tivesse até aí recebido.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casa de Manuel da Costa, mercador,

tesoureiro da Confraria do Senhor da Agonia, sita na rua dos Mercadores.

TESTEMUNHAS: António Antunes e Domingos Rodrigues, familiares do tesoureiro

da Confraria do Senhor da Agonia.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-684, fls. 69v-71.

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Irmandade de Nossa Senhora do Rosário,

sita na Igreja do Convento de São Domingos

de Guimarães

ARTE DA TALHA

Documento CXVII

DATA: 1690. Fev. 01.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: Não possui sumário.

LOCAL DA OBRA: Convento de São Domingos.

ARTISTA: Damião da Costa Figueiredo, escultor, morador na cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: João Rebelo Andrade, escrivão da mesa da Irmandade de Nossa

Senhora do Rosário, do Convento de São Domingos e Francisco Antunes Torres,

tesoureiro da mesma.

OBRA: “pello dito João Rebello de Andrade foi dito os offeciais da dita irmandade

aviam contratado com o dito Damiam da Costa de elle lhe fazer hum retabollo pera ho

altar da dita Senhora de que fizeram hum contrato nas notas do tabeliam Thomas

Moreira de Souza desta villa he porque ao fazer delle não lhe derão dinheiro algum,

agora pera principio de paga lhe davam sem mil reis, a elle Damiam da Costa

Figueiredo por conta dos trezentos em que com elle aviam contratado de lhe fazer o

retabollo dando elle fiança a que no cazo a não de satisfaçam a obra do retabollo na

forma da escritura que fes o dito tabeliam os tornar a entregar a dita irmandade”.

QUANTIA: 300$000 réis.

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FIADOR: “e logo por elle dito Damiam da Costa Figueiredo foi aprezentado por seu

fiador e principal pagador e fiel depozitario pera receber os ditos sem mil reis a João

Gomes Leitam mercador morador na rua Sapateira desta villa

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua das Flores “cazas da morada em

que vive João Rebello de Andrade”.

ASSINATURA DOR ARTISTA: Sabe assinar.

TESTEMUNHAS: Manuel Rebelo de Andrade e António de Freitas, familiares de

Francisco Antunes Torres.

TABELIÃO: Tomás da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-460 (nova cota), fls. 122-123.

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Documento CXVIII

DATA: 1768. Mar. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contratto e obriguassão que faz a Jrmandade do

Rozario desta villa com Domingos Francisco Vieira da cidade do Porto sobre o

douramento do altar da mesma irmandade”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de S. Domingos.

ARTISTA: Domingos Francisco Vieira, pintor, morador na Porta do Olival. Não estava

presente. Foi seu procurador o capitão Jerónimo Fernandes Guimarães.

ENCOMENDADOR: Cristóvão Alves de Melo, tesoureiro da irmandade de Nossa

Senhora do Rosário, morador na praça de S. Tiago.

OBRA: Dias antes, a mesa da irmandade tinha posto a lanços esta obra que foi

rematada pelo lanço mais baixo do mestre portuense. Segundo os oficiais da irmandade,

esta empreitada tinha como objectivo a “milhor edeficasam e veneraçam ha mesma

Senhora e suas funçois”. Através da leitura dos apontamentos assinados pelos oficiais

da mesa, temos notícia de que o artista na pessoa do seu procurador obrigava-se a

executar esta empreitada na forma seguinte:

“o mesmo altar todo dourado e o acresimo da piania delle sem fosco algum e isto

com ouro subido e tambem dourasse a jinela do pulpito e seus castiçais a romana e os

coatro anjos grandes e dois piquenos reformados de novo e a piania emvernizada toda

a verniz subido”

Neste contrato é estipulado que o mestre pintor somente poderia aplicar o douramento

em toda a obra na presença dos membros da irmandade para verificarem se o ouro

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estava “capas”. A obra só era dada por concluída, após ter sido vistoriada por mestres

peritos, chamados para esse efeito. O artista seria punido caso não tivessem sido

cumpridas na íntegra todas as disposições constantes nos apontamentos, ou se no prazo

de quatro anos o ouro ressaltasse. Essa punição resumia-se no pagamento de um novo

douramento executada por outro mestre.

QUANTIA: 399$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: A irmandade comprometia-se a pagar a empreitada em

três fracções, a última das quais após se ter realizado a vistoria final.

FIADOR: José Vicente Antunes Pereira morador na cidade do Porto que também não

se encontrava presente. Ambos eram representados pelo Capitão Jerónimo Fernandes

Guimarães, que no acto da assinatura desta nota notarial apresentou as duas procurações

dos seus constituintes assinadas em Guimarães e datadas de 11 de Abril de 1768.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no escritório do tabelião Bento de

Sousa Guimarães.

TESTEMUNHAS: Manuel José Mendes, escrevente do tabelião, e José António de

Souza, estudante, filho do tabelião.

TABELIÃO: Bento de Sousa Guimarães.

FONTE: A.M.A.P., N- 996 (nova cota), fls. 195v-197v.

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Irmandade de Santo António, sita na Igreja

do Convento de São Francisco de Guimarães

ARTE DA TALHA

Documento CXIX

DATA: 1719. Mai. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a obra do retabollo de Santo Antonio desta

villa de Guimarães”.

ARTISTAS: António Gomes, imaginário, morador na cidade do Porto à Porta de

Carros e Filipe da Silva, imaginário, morador na rua do Calvário Velho da mesma

cidade.

ENCOMENDADOR: O juiz37

, escrivão38

e irmãos39

da Irmandade de Santo António.

OBRA: A Irmandade de Santo António pretendia que estes dois imaginários

portuenses, lhes fizessem uma tribuna “por ser necessario e de muita beneração do

glorioso Santo Antonio”, no seu altar da capela de Santo António, localizada na igreja

do convento de S. Francisco. O encomendador explicitava que se tinham ajustado com

António Gomes e Filipe da Silva, por se terem informado que eram “mestres peritos na

arte”, o que demonstra a fama de que estes dois artistas gozavam na época. Os artistas

37

Trata-se de Francisco de Abreu Soares, designado de fidalgo da Caza de Sua Majestade cavaleiro profeso da Ordem de Cristo morador nesta villa” 38

Trata-se do Reverendo Beneficiado José Bravo Pereira. 39

Como irmãos surgem-nos os seguintes elementos : António Mota, Luís de Magalhães Pereira, o Padre Paulo Borges, Francisco da Rocha, Manuel de Oliveira, André Teixeira, Francisco Ribeiro, Domingos Cardoso.

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comprometiam-se a fazer a obra segundo o projecto apresentado pelo cliente, como se

pode depreender pelo documento:

“a fizecem na forma da planta que pera esse efeito asinavam na meza sem lhe

faltar couza alguma (...) e tambem levaram a planta por elles juiz e irmãos asinadas

pera por ella fazerem a dita obra, e tambem se obrigaram a traze lla com a mesma

obra pera se ver, e comferir” .

Para se obter um bom trabalho era necessário que se fizesse uma boa escolha das

madeiras destinadas ao entalhe. Desta forma, o encomendador estipulava que toda a

empreitada fosse feita de “boa madeira de castanho”, ao mesmo tempo que fosse “toda

asentada e perfeita na capella do dito santo”. Em relação à descrição da decoração que

esta obra de entalhe continha, o presente documento notarial revela-se omisso. Para

termos uma ideia mais precisa da obra de talha executada por estes mestres portuenses,

temos de recorrer aos apontamentos referidos no contrato de douramento datado de

1723, que segue um procedimento estético que se insere no barroco nacional, com

referência a pássaros, flores, cachos de uvas, serafins e rapazes.

QUANTIA: 270$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: três prestações: o primeiro de 100$000 réis no momento

da assinatura desta escritura, de que deram quitação; o segundo de 70$000 réis passados

seis meses e os restantes 100$000 réis, aquando da colocação do retábulo na capela.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Esta obra teria de estar concluída no dia de S. Miguel do

ano seguinte.

FIADOR: o juiz da irmandade - Francisco de Abreu Soares - que “disse os fiava e fiava

por elles em toda a dita satisfação como tambem elles irmãos pellos rendimentos da

dita irmandade a pagar ce lhe a dita coantia de sento e setenta mil reis”.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na capela da Ordem Terceira de S.

Francisco.

TESTEMUNHAS: António Ferreira das Molianas e Manoel Pereira Luis morador no

Campo da Feira.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-600, fls. 141-142.

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Documento CXX

DATA: 1723. Set. 7.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação e fiança que deu João da Costa pintor ao

douramento do retabollo de Santo Antonio desta villa”.

ARTISTA: João da Costa, pintor, morador na rua de Gatos.

ENCOMENDADOR: Bento de Sousa, pasteleiro, morador na praça de Santiago, como

tesoureiro da Irmandade de Santo António.

OBRA: o douramento e pintura dos diversos elementos de madeira entalhada do

retábulo de Santo António executados em 1719 pelos mestres portuenses António

Gomes e Filipe da Silva.

Observemos a descrição pormenorizada que é feita dos elementos decorativos do

retábulo e da forma como seria executado o seu douramento e pintura:

“retabollo todo dourado a ouro bornido e subido os passaros he flores estufados e

os cachos, e pedras arubinados e nas mais parte adonde o pedir a dita obra e os

seraphins e rapazes emcarnados e os cabellos tambem dourados e fuscados e toda a

dita obra sera bem dourada”.

Como podemos constatar, por parte do encomendador houve uma preocupação estética

de transmitir uma variada policromia, que não se limitava ao dourado, mas a um

impacto visual mais realista, notório nos elementos decorativos do retábulo, com a

utilização do encarnado e da técnica do estufado. Em relação ao ouro, é expresso que

fosse utilizado ouro subido e brunido, ou seja, ouro de alta qualidade, polido e brilhante.

QUANTIA: 240$000 réis.

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FIADOR: João Luís, espadeiro, morador na rua de Couros da vila de Guimarães.

FORMA DE PAGAMENTO: três prestações iguais: a primeira no acto da assinatura

desta escritura40

, a segunda no meio da obra e a última quando a finalizasse.

PRAZO DE EXECUÇÃO: obra concluída até ao dia de Natal desse mesmo ano. A

obra seria revista por um oficial “perito que bem emtenda”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do tabelião Jerónimo Luís

Machado sita na rua de S. Dâmaso.

TESTEMUNHAS: António de Oliveira, albardeiro, e Manuel Lopes, seleiro,

moradores na rua de S. Dâmaso.

TABELIÃO: Jerónimo Luis Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-748, fls. 75-76.

40

O pintor deu plena quitação, dessa quantia de 80$000 réis em moedas de ouro e prata que recebeu do tesoureiro da irmandade.

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OURIVESARIA

Documento CXXI

DATA: 1773. Out. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam e contrato de Manoel Francisco oirives

desta villa com o juis e mais irmãos da meza de Santo Antonio da mesma”.

ARTISTA: Manuel Francisco, ourives, morador em Guimarães.

ENCOMENDADOR: António José Gomes, tesoureiro e procurador da Irmandade de

Santo António41

.

OBRA: o ourives ficou obrigado a fazer dois lampadários de prata com cerca de 50

marcos de peso cada um, para o altar de Santo António erecto na igreja de S. Francisco.

Estes dois lampadários obedeceriam a um risco fornecido pelo encomendador, cujo

autor no documento não é explicitado. A prata utilizada pelo executante da encomenda

seria revista por ourives escolhidos pela mesa da irmandade. No que respeita a

pormenores de execução da obra é mencionado que as “fitas seram triangollares

bazadas em tres e levantadas”, sendo os parafusos utilizados de prata. Os dois

lampadários seriam feitos com a prata proveniente de outras alfaias, cujo desenho,

possivelmente, já antiquado não servia aos novos gostos da irmandade. Desta forma, o

encomendador entregou ao executante, os seguintes objectos em prata: dois

lampadários, os “selafrarios” e um friso. Estes bens móveis, que se encontravam

acondicionados no “goarda roupa” da irmandade pesaram na totalidade 56 marcos, 5

onças e 8 oitavas e meia. Pelo preço de 6$400 réis cada marco de prata, estes bens

41

No contrato, a procuração apresentada pelo tesoureiro da irmandade é reproduzida na íntegra. Nesse acto notarial redigido a 10 de Outubro, o juiz e mais irmãos da mesa delegavam os seus poderes aos Doutores Agostinho Leite Ferreira e António José Soares Pereira, ao tesoureiro António José Gomes e ao procurador Bento Ribeiro Gomes, para que estes pudessem assinar uma escritura de contrato e fiança do dinheiro e da prata anteriormente entregues ao ourives.

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renderam 363$750 réis ilíquidos42

. Além destas peças de ourivesaria, Manuel Gomes de

Macedo, tesoureiro da mesa anterior, entregou 96$000 réis ao ourives.

QUANTIA: foi estabelecido o preço do feitio de 1$450 réis o marco. Por sua vez, cada

marco de prata custava 6$400 réis de peso. No momento da assinatura da nota notarial

Manuel Francisco recebeu 199$180 réis em “dinheiro de contado meudo e corrente

neste Reyno”, das mãos do tesoureiro António José Gomes. Por essa ocasião, o ourives

deu plena quitação da quantia de 649$585 réis, provenientes da prata e do dinheiro que

recebeu do tesoureiro actual e do seu antecessor.

FIADOR: Manuel José da Costa, ourives, morador em Guimarães.

PRAZO DE EXECUÇÃO: entregue até meados do mês de Maio do ano seguinte, o

que totaliza um prazo de execução de apenas sete meses.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: escritório do tabelião Domingos

Fernandes Machado.

TESTEMUNHAS: Manoel Pereira e Manuel Ribeiro ambos familiares de Bento

Ribeiro Guimarães, mercador, referido na procuração.

TABELIÃO:

FONTE: N-913 (nova cota), fls. 29-30v.

42

Não convém esquecer, que a esta quantia foram abatidos 9$345 réis da lei, o que perfez a soma de 354$405 réis líquidos

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Confraria de Nossa Senhora da Consolação,

sita na Capela de Nossa Senhora da

Consolação, do Campo da Feira, de

Guimarães

PEDRARIA

Documento CXXII

DATA: 1769. Jun. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de huma obra de pedraria que faz Bartolo

Domingues a Antonio Francisco e Miguel Carvalho de Arões”.

ARTISTAS: Bartolo Domingues, pedreiro, morador no lugar de Real da freiguezia de

São Miguel de Gonça (termo de Guimarães); e Antonio Francisco e Miguel Carvalho,

pedreiros da freguesia de São Romão de Arois (Termo de Guimarães)43

OBRA: “por elle dito Antonio Francisco e Miguel Carvalho foi dito que elle por

escriptura estypulada por mim tabalião havião tomado parte da obra do Senhor do

Campo da Feira desta villa na forma dos apontamentos e escriptura que fes com a

mesma Jrmandade e estão contratados com elle dito Bartolo Domingues de lhe cobrar

toda a pedra fina que a dita obra levar na forma da mesma escriptura a qual se obriga

elle Bartolo Domingues a cobrar no Monte de Gonça em bom carreto e se obriga a

carregar toda a pedra em carreadas como bondamia? que a dita obra e isto será pedra

boa bem desbastada e pedra branca capas de receber e no caso que os ditos mestres

tenhão algum prejuiso por falta de não digo por falta da quebra da pedra elle dito

mestre Bartolo Domingues pagará toda a pedra que os ditos mestres tiver por falta de

43 Atualmente concelho de Fafe.

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não dar a tempo (...) a pedra quebrada pagando se a pedra como ajuste como ajuste de

dinheiro abaixo declarado e esto penna se entende não a tendo elles cortada e (...)

descarregar a qual pedra se obriga elle Bartolo Domingues a quebrar e carregar pello

preso e coanthia de oitenta e tres mil e quinhentos reis que lhe serão comforme o

recebimento da obra e a conta desta coanthia logo elle dito Bartolo Domingues recebeo

de coanthia de dose mil e oitocentos reis que elles mestres lhe entreguarão e desta

coanthia dece paga a elles mestres e por elle dito Bartolo Domingues foi dito que pella

dita coanthia se obriga a quebrar a dita pedra e carregalla na forma asima pera o que

tambem disse obrigava sua peçoa e bens moveis e de rais e terços de sua alma e pera

mais segurança apresentou por seu fiador (...)”.

QUANTIA: 83$500 réis.

FIADOR: Francisco Fernandes “(...) freguezia de S. Torcato”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: na rua de Couros, extramuros da vila de Guimarães

“escriptorio de mim tabalião”.

TESTEMUNHAS: Lucas Fermandes e José Luis da rua de Couros.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-951 (nova cota), fls.13-13v.

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Documento CXXIII

DATA: 1773. Mai. 31.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de huma obra de pedraria que faz

Vicente Jozé de Carvalho a Irmandade da Senhora da Consolação e Santos Passos”.

ARTISTA: Vicente José de Carvalho, mestre pedreiro, morador na Calçada, freguesia

de Santa Eulália de Fermentões (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: João Pereira Caetano morador em Vila Pouca em nome e como

Tesoureiro e Procurador do ilustríssimo Provedor e mais vogais da mesa da Irmandade

de Nossa Senhora da Consolação e Santos Paços “colocada na Capella do Campo da

Feira”.

OBRA: A irmandade pretendia finalizar a obra de pedraria das duas naves do corpo da

igreja e o frontispício da capela-mor da “capela ou igreja do Campo da Feira”. Puserão

a obra a “pregão varios dias no sitio da mesma igreja”. “Ele mestre continuara as

naves do corpo da igreja na forma do risco e apontamentos tudo conforme a obra que

se acha feita e no que dis respeito a fronteira em lugar das piramides serão apóstolos

que se lhe dará o nome delles os quaes terão altura suficiente que comresponda a

altura em que ficão (...) aquela fresta que se acha por sima da padeiria da porta

principal será aberta e rotta por dentro pera dar luz a igreja por baixo da aboboda do

coro estando a porta fechada como mostra a planta. E interior dos lados da igreja =

Mais o que diz respeito as colunas do pórtico e seus pedestaes suporte que a planta do

fundamento as mostre direitas em linha reta com a fronteira estas a seus pedestaes

serão levantadas pera os lados em modo proporcionado que dezafogue a entrada da

porta principal”.

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QUANTIA: dez mil cruzados. A Irmandade forneceria a cal e o saibro necessários à

empreitada.

FORMA DE PAGAMENTO: na feitura desta escritura dar-lhe-iam 200$000 réis; “o

mais se lhe hira dando conforme a obra que estiver feita atendendo ao cabedal que

pronto estiver pera ella e os mais apontamentos”.Ficando para o fim da obra 800$000

réis

FIADOR: Antônio Macedo de Azevedo, homem de negócios, morador no Toural e

rexio da vila de Guimarães.

TESTEMUNHAS: José de Oliveira, meirinho e vizinho do tabelião e joão Mendes

Ribeiro, filho do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: Rua de Couro, extramuros de Guimarães, no escritório

do tabelião.

TABELIÃO: José Ribeiro

FONTE: A.M.A.P., N-959 (nova cota), fls.116v-118v.

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Documento CXXIV

DATA: 1790. Out. 7.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra da Capella Mayor da Igreja do

Senhor dos Pasos desta villa que faz Vicente Joze de Carvalho da freguezia de Santa

Eulalia de Fermentoens deste termo a meza da Irmandade do mesmo Senhor”.

ARTISTA: Vicente José de Carvalho, mestre pedreiro, morador na Calçada, freguesia

de Santa Eulália de Fermentões (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Pedro Alexandre Salgado, “negociante nesta villa”, morador na

Praça de Nossa Senhora da Oliveira, em nome e como procurador bastante para o

prezente acto do Provedor e mais irmãos da mesa da Irmandade de Nossa Senhora da

Consolação e Santos Paços de Guimarães.

OBRA: Feitura da capela-mor da igreja. Fazer “a obra de pedraria desde superficie, do

sobreleito das suleiras (...) a altura que mostra o risco do corpo da capella mor, e sera

feita no cumprimento largura e altura e grossura de paredes segundo mostram as

plantas e suposto falte as plantas da parte exterior, os cunhais serão ornados com o seu

embazamento e capiteis e simelhas como pella parte exterior (...) mostra o corpo da

igreja que se acha feito e tambem a empena da dita capella mor sera feita da forma que

se acha a do corpo da igreja com suas piramides, e cruz, a porpurçam da altura do seu

corpo, e suposto se diga que falta a planta da parte exterior e como esta existe se

executara a obra, na forma da mesma planta. E pella parte emterior serão feitas as

portas, frestas, simalhas degraos do prespiterior conforme mostrão as plantas

enteriores do corpo da igreja e capella mor (...) e toda a cantaria que se intenda e

mostrar o risco interior e exterior. (...) duas portas travessas e quatro frestas será tudo

feito de pedra finnas tanto pella parte interior como pella parte exterior. (...) E toda

esta obra sera feita com todas as precizas seguranças levando os juntouros de sinco em

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sinco palmos que atravesem todas a largura das paredes conservando a mesma

distancia”.

QUANTIA: 1 conto duzentos oitenta e nove mil réis.A irmandade era obrigada a dar-

lhe os alicerces feitos e “insaleirados”, e toda a cal e saibro necessário à obra.

FORMA DE PAGAMENTO: em seis pagamentos. O primeiro a “factura da escritura,

e os mais pello valor e merecimento da obra que se achar feitas, deixando sempre o

ultimo para a revista”.

PLANTAS: “E declaro que os risco e plantas que sam tres, a saber planta baixa,

interior ee exterior, todas vão asignadas por mim tabaliam e pello dito mestre pedreiro

que dou fe”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “elle mestre sera obrigado a dar a obra completa de

pedraria dentro em dois annos contados des o dia que finalizaram os alicerses sendo

obrigado tambem a aceitar e descontar no preso do seu ajuste os carretos e pedras que

a Irmandade os bem feitores lhes derem por esmolas”.

FIADORES: Domingos Machado, lavrador, morador no lugar de Sapos?, da freguesia

de São João de Pencelo e Francisco Portela, mestre pedreiro, morador no lugar da

Conceição, freguesia de Santa Eulália de Fermentões (termo de Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: Campo da Feira no escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: Manuel Pereira Ribeiro, morador na freguesia de Brito (termo de

Guimarães) e António José de Abreu, filho do tabelião.

TABELIÃO: Luis António de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-1222 (nova cota), fls.153-155v.

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ARTE DA TALHA

Documento CXXV

DATA. 1737. Jan. 18.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra da Senhora da Consolaçam”.

LOCAL DA OBRA: Capela de Nossa Senhora da Consolação.

ARTISTAS: João da Costa, mestre pintor, morador na rua de Gatos, arrabalde de

Guimarães.

ENCOMENDADOR: Manuel Francisco de Oliveira morador na rua Nova do Muro e

juiz da Confraria de Nossa Senhora da Consolação sita “na soa capella arabalde desta

villa”, o escrivão Manuel de Magalhães, tabelião de Guimarães e o tesoureio o Padre

Domingos da Costa, todos da vila de Guimarães.

OBRA: “por elles ditos juiz escrivão e thezoureiro da dita Confraria de Nossa Senhora

da Consolaçam foi dito que determinando mandar dourar e pintar o teto da capella

mor da dita capella ou igreja fizerem seus apontamentos e dehinharam o modo como

avia de ser feita e prezentes estes a mandaram por a pregão em dia que iso foi

primeiramente asignado e com effeito havendo varios lanços por ultimo ficou no lanço

delle dito mestre pintor João da Costa em preço de cento e doze mil reis (...) lhe fazer a

dita obra conforme seus apontamentos e modo como ha de ser feita he na forma

seguinte: Item a obra do douramento do teto da capella mor será tudo o que for

entalhado de talha levantada seja dourado de ouro fino burnido e os baixos ou claros

de vermelho fino com xarão por sima e todos os claros que forem largos e nelles

couberem flores de ouro se lhe meterão a estrangeira. Item as flores da mesma talha e

fintas se as fizer todas seram douradas e pintadas de estofo que fiquem abertas de sorte

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que se lhe preceba o dourado. Item hum facho que está da parte da Epistolla será

dourado na talha e baixos na forma do teto. Item a grade que está no choro será feita

de vermilhão frio com flores de ouro estrangeiro regraxada de xarão por sima: o que

na dita grade ou onde ella esta metida que for pedra tanto por fora como por dentro

será feito de tintas e dourado como as frestas que estão defronte. Item as pedras da

porta na forma da janella das grades asima. Item a porta da sachristia toda será

pintada de vermelhão fino com flores de ouro a estrangeiro e com xarão as mulduras e

frizos e travessas ou rasgos corrigidos hão de ser dourados e bornidos e se lhe fingirá

na porta almofadas. Item as mulduras das vidraças que estão pintadas de vermelho se

lhe meterão flores de ouro na forma das vidraças do corpo da capella. Item as

mulduras que estão ao redor dos cadros ham de ser todos dourados e toda a dita obra

sera bem feita e acabada com todo o primor da arte (...)”.

QUANTIA: 112$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO:”pago em tres carteis hum logo ao fazer desta

escreptura que logo a vista de mim tabeliam e das testemunhas della lhe entregaram

por dinheiro de contado corrente neste Reino (...) e outro no meio da obra e o outro

acabado e perfeita “.

FIADORES: “seu cunhado Bento Vas da Silva ferrador e morador na rua do Gardal

extramuros desta villa”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “e toda a dita obra sera bem feita e acabada com todo o

primor da arte (...) perfeita e acabada e concluida (...) São João Baptista primeiro

vindouro deste dito anno de mil e setecentos e trinta e sete annos (...) sem elles ditos

juiz e mais oficiais e soa confraria lhe darem ajuda nem favor algum mais do dito preço

principal de cento e doze mil reis em que elle dito mestre avia arematado a dita obra

(...)”.

VISTORIA DA OBRA: “depois de feita e acabada a dita obra será vista e revista

por pessoas que o entendão e achandosse que tem algum defeito ou erro será o tal

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desfeito e composto por elle dito mestre pintor e a soa custa risco e despeza e faltando

elle a todo o sobredito ou não dando a dita obra feita e acabada pera o tempo

detreminado elle dito juiz e mais ofeciais e soa confraria teram a (...) de mandar

acabar a dita obra por mestres peritos tudo a custo risco e despeza delle dito mestre e

seu fiador (...)”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua Nova das Oliveira, extramuros

da vila de Guimarães, nas “cazas da morada do tabelião”.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TESTEMUNHAS: o Reverendo Padre José Lopes da Maia e Agostinho Teixeira da

Silva, Contador e Distribuidor do Juízo do Geral da vila de Guimarães, ambos de

Guimarães.

TABELIÃO:. José da Costa

FONTE: A.M.A.P., N-836 (nova cota), fls.120-122.

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Confraria do Santíssimo Sacramento, sita na

Igreja de São Sebastião, de Guimarães

ARTE DA TALHA

Documento CXXVI

DATA: 1698. Out. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fazem o juis e mais offeciaes do

Santissimo de S. Sebastiam desta villa com Luis Vieira da Cruz da cidade de Braga”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Sebastião.

ARTISTA: Luís Vieira da Cruz, entalhador, morador na cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: “o juis e mais offeciais da Confraria do Santissimo Sacramento

de Sam Sebastiam desta villa a saber o Reverendo Beneficiado Thomas Moreira da

Silva e o Reverendo Thomas Ribeiro de Freitas e Antonio de Oliveira thezoureiro”.

OBRA: “por na dita igreja de Sam Sebastiam necesitar de caza da tribuna e pianha

por ser de muita utilidade e conveniencia pera o Santissimo Sacramento e ornato delle

trataram todos os offeiciaes da dita confraria e asentaram de conformidade em que se

fizece por asim ser bem e com efeito se puzera a dita obra a lansos na mesma igreia a

quem por menos custo a fizece na forma da trasa que se avia feito e o menor lanço que

dera fora o dito Luis Vieira da Crus da cidade de Braga que dera seu lanso pera fazer

a dita obra por preço e quantia de sento e des mil reis (…) fazendo tudo a sua conta e

risco de todo o necessario exseto as ferreyes (…) apontamentos na maneira seguinte:

tera a caza da tribuna doze palmos de largo e de retiro da boca da tribuna pera dentro

dez palmos e de alto dezoito, esta sera revestida na forma em que estam os frizos da

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obra de fora com tres pillares e duas portas de arco em cada ilharga serão estes

pillares inteiros pella grossura do vivo da calleira os quoais serão muito bem

entalhados e as portadas encailhadas com mulduras (…) o teto sera repartido em des

paineis que seram revestidos com targes e os rompantes entalhados com os pillares do

pe direito com que fique tudo com correspondencia huma couza com outra e os

respaldo atras levara hum caixilho a redor com mulduras (…)”.

QUANTIA: 110$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “darem logo ao fazer deste instromento vinte sinco mil

reis pera elle preparar de madeiras (…) e o mais dinheiro que falta (…) lhe daram no

fim da dita obra”.

PRAZO DE EXECUÇÃO:

FIADOR: Miguel Dias da Silva morador “as Lages do Toural desta villa”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua de Nossa Senhora da Graça “da

banda de dentro della cazas da morada de mim publico tabeliam”.

ASSINATURA DOR ARTISTA: sabe assinar

TESTEMUNHAS: O Reverendo Padre António de Andrade morador “Atrás Sam

Sebastiam”, e José Ribeiro, sapateiro das Molianas, e António, solteiro, familiar do dito

Miguel Dias da Silva.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-419 (nova cota), fls.108v-110.

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Irmandade das Almas, sita na Igreja de São

Paio, de Guimarães

ARTE DA TALHA

Documento CXXVII

DATA: 1717. Abr.17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigasão que fizerão Pedro Coelho e seu

genrro Miguel Correia emtalhador da freguezia de São João de Gondar com o juis e

mais ofesiais da Irmandade das Almas desta villa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de S. Paio.

ARTISTA: Pedro Coelho e ao seu genro Miguel Correia, ambos entalhadores e

moradores no lugar do Olival, de S. João de Gondar.

ENCOMENDADOR: Irmandade das Almas da igreja de S. Paio, representada por

Domingos Lopes da Cunha “hum dos imfansois e governansa delle o juis que de

presente serve da jrmandade das almas”, e Bernardo da Costa bate-folha e tesoureiro e

mais oficiais da mesma.

OBRA: a obra do retábulo da Irmandade das Almas“ tudo na forma de huma planta e

apontamentos e na forma do petipe que estava riscado e dos apontamentos que todos avião

de asinar de sorte que escolherião o que fose milhor pera o intento e comvenemsia da dita

obra ”. Os dois artistas obrigavam-se a fazer a obra com “toda a perfeisão em todo o

contento dos ditos ofesiais da meza da dita jrmandade ”.

QUANTIA: 100$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: Receberam adiantados 40$000 réis44

, sendo a restante

quantia entregue no final da empreitada.

FIADOR: “se obrigavam como logo obrigaram ambos juntos e cada hum de persi

insolidum por suas pessoas e por todos os seus bens coantos pesuhiao moveis e de rais

prezentes e feturos e tersos de suas almas que tudo aviao por obrigado a fazerem ” .

PRAZO DE EXECUÇÃO: Toda a obra estaria terminada para o mês de Outubro desse

mesmo ano (1717), sob pena de perderem 20$000 réis do preço total da obra.

TESTEMUNHAS: Cristovão da Silva, familiar do tabelião, Francisco Gomes,

sirgueiro e Domingos Cardoso ourives de prata, todos vizinhos do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do tabelião, sita na rua da

Alcobaça.

TABELIÃO: José de Sousa.

FONTE: A.M.A.P., N-597, fls.159-159v.

44

“(...) e llogo pello dito Bernardo da Costa thizoureiro foi lansado em sima de huma meza a dita

coanthia de corenta mil reis tudo por moedas de ouro e prata dinheiro bom e corrente neste Reino a coal

coanthia elles Pedro Coelho e o dito Miguel Correia seu genrro contarão e acharão certa e em suas

mãos e poder o llevarão e receberão sem quebra falta nem demenuisão alguma (...)” .

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Irmandade de Santo Homem Bom, sita na

Igreja de São Paio, de Guimarães

ARTE DA TALHA

Documento CXXVIII

DATA: 1741. Abr. 28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra do Mestre Giraldo Maachado a

Irmandade de S.Homem bom”.

ARTISTA: Giraldo Machado, mestre entalhador, morador no lugar de Selho da

freguesia de Santa Eulalia de Framentaos (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Domingos de Crasto, tecelão, juiz da Irmandade de Santo

Homem Bom, situada na Igreja S. Paio de Guimarães, morador na rua de Gatos,

arrabalde de Guimarães; António de Portella, escrivão da irmandade, morador na Rua

Sapateira; Manuel Dias de Crasto, tesoureiro da irmandade, morador atrás da Igreja de

S.Payo; e Antonio Machado, ourives no Terreiro de S. Paio, procurador da irmandade

juntamente com os mais mordomos.

OBRA: “detreminaram e concordaram o mandarem fazer hum retabollo ao moderno",

pois o que existia era muito antigo. A obra foi posta a pregão em dias destinados. O

mestre ia pôr nos nichos dos lados S.Bartolomeu que pertencia ao altar antigo, e um

outro feito na encomenda. No nicho do meio punha S. Homem Bom. No final a obra

seria vista por dois mestres peritos na arte escolhidos pela Irmandade e um por parte do

mestre, e estando imperfeita seria o mestre e seu fiador obrigados a aprefeiçoa-la à sua

custa.

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AUTOR DO RISCO E PLANTA: Giraldo Machado, mestre entalhador.

QUANTIA: 195$000 réis, em três pagamentos. O primeiro "estando a dita obra meja

feita e o segundo quasi de toda feita e o terceyro", posta e segura no seu sítio.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Véspera de Páscoa do ano de 1742.

FIADOR: António Luís, pintor, morador na Rua de Santa Luzia (extramuros de

Guimarães).

LOCAL DE EXECUÇÃO DO CONTRATO: rua Nova das Oliveiras (extramuros de

Guimarães) na casa do tabelião.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-842 (nova cota N- 843), fls. 122v-124v

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Documento CXXIX

DATA: 1746. Set. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigassão de obra de dourarnento de Retabollo de

Sam Homem Bom que fazem Manoel Gomes e outros pintores desta villa de Guimarães

a Irmandade do mesmo Santo situada na Igreja de Sampayo della“.

ARTISTAS: Os pintores: Manuel Gomes de Andrade morador na rua Caldeiroa; João

da Costa morador da rua de Gatos; Antonio Luís morador na rua de Santa Luzia; e João

de Freitas Baptista morador na Praça todos pintores da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Francisco de Almeida Bravo, mercador, morador na rua da

Tulha desta vila, tesoureiro “que de prezente estava servindo da Irmandade de Sam

Homem Bom situada na Igreja de Sam Payo desta villa em nome e como procurador

bastante da dita Irmandade”.

OBRA: obra do doutoramento do retabollo da irmandade de Santo Homem Bom. A

obra obedeceria aos seguintes apontamentos: “primeiramente avião de aparilhar o dito

retabollo com as mãos necessarias de gesso grosso e mate e bollo e bonnas collas de

retalho de aurencia para que fique bem lizo e seguro e sera bem dourado tudo com

ouro subido com seos foscos de barias cores hum mais corados e outros menos

conforme o pedir a talha e com seos robins azuis e bermelhos e berdes donde os pedir e

os sarafins as azas estofadas sobro ouro e o pabilhão tingido huma seda sobre ouro e

os anjos serão estofados com boas sedas finzidas tudo sobre ouro e os sarafins tudo

sobre ouro e os sarafins e meninos seram incarnados ou dourados e foscados como se

costuma e o gardapo sera dourado e por sima do ouro levara humas flores e passaros

pintados que pareça huma seda e os lizos dos resplandos dos santos serão da mesma

sorte feitos e mais nas pedras do asento do retabollo serão como as das Almas”.

QUANTIA: 180$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “o primeiro dando principio a

obra do retabollo para se dourar lhe darão sincoenta mil reis e outros sincoenta mil

reis no meio da obra e o resto no fim da obra achandosse estas capas depois de vista e

revista por pintores capazes e não estando capas em tal cazo não cobrarão o último

pagamento de oitenta mil reis e se obrigavão todos por hum e hum por todos a fazer a

dita obra capas e faltando ou cumprindo o ouro pello decurso do tempo na tal obra se

obrigavão elles sobreditos a sua custa e dinheiro que se lhe for dando sera na prezenca

de todos os sobreditos de que pacarão recibo do que reçeberem asinando todos nelle."

PRAZO DE EXECUÇÃO: até à semana Santa do ano de 1747. Não a dando acabada

no dito tempo perderiam 80$000 réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na residência do tabelião sita na rua

Nova das Oliveiras (Guimarães).

TABELIÃO: João Pereira de Carvalho Guimarães.

FONTE: A.M.A.P., N-854 (cota antiga: N-853), fls.185-186v.

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Confraria do Santíssimo Sacramento, sita na

Igreja de São Paio, de Guimarães

PEDRARIA

Documento CXXX

DATA: 1787. Set. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “ Obrigação de obra que faz Vicente Joze de Carvalho

e outros a Confraria Santissimo Sacramento da freguezia de Sam Payo”.

ENCOMENDADOR: o juiz da Confraria do Santissimo Sacramento Francisco

Cardoso de Meneses Barreto, juntamente com os oficiais da mesa “ao diante asinados”.

ARTISTAS: Vicente José de Carvalho, mestre canteiro; Manuel Alves da Costa,

mestre carpinteiro; e Mateus Pereira, mestre estuqueiro, da vila de Guimarães.

OBRA: “achavam contratados e justos com elles mestres destes lhe fazerem a obra que

pretendem fazer na Igreja de Sam Payo e capella mor conforme os apontamentos e

risco que se lhes deu e lhe for mostrado os quais ficam asinados pela meza e por elles

mestres a saber elle mestre canteiro Vicente Joze de Carvalho fará a sua obra

conforme lhe derem os seus apontamentos (…) pello preço de duzente oitenta oito mil

reis e a fronteira da igreja pello preço de oitenta mil reis pagos em tres pagamentos

(…) o terceiro (…) para a revista que se fizer da obra (…). Manuel Alves mestre

carpinteiro deste lhes fazer a obra da capella mor e capa? da igreja conforme os

apontamentos (…) preço e quoantia de trezentos dez mil reis pagos da mesma forma

asima (…) e tambem estava ajustada a meza com elle Mateus Pereira deste lhes fazer a

obra da dita igreja de estuque conforme os apontamentos que lhe for entregue (…)

pello preço e quoantia de duzentos trinta mil reis (…) e mais dez mil reis para retucar a

fronteira (…)

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QUANTIA: Vicente José de Carvalho, mestre canteiro: 280$000 réis, mais 80$000

réis pela fronteira da igreja. Manuel Alves da Costa, mestre carpinteiro: 310$000

réis.Mateus Pereira, mestre estuqueiro: 230$000 réis, pela obra de estuque da igreja

e mais 10$000 réis para “retucar a fronteira”.

FIADORES:

- Vicente José de Carvalho, mestre canteiro: Francisco Portela;

- Manuel Alves da Costa, mestre carpinteiro: Pedro Antunes, mestre carpinteiro da

vila de Guimarães;

- Mateus Pereira, mestre estuqueiro: Bento Pereira Pinto, mercador, da vila de

Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa do Despacho da Confraria do

Santissimo, da freguesia de São Paio, de Guimarães.

TESTEMUNHAS: João Francisco, ourives, e João da Silva, contratador “desta igreja”.

ASSINATURA DO ARTISTA: todos os três artistas sabem assinar.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1257 (nova cota), fls. 106-107.

Page 294: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e

Homens das Falas, sitas na Igreja de Santa

Maria de Guardizela (concelho de

Guimarães)

FUNDIÇÃO DE SINOS

Documento CXXXI

DATA: 1791. Nov. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fazem o juiz e homes das Falas da

freguezia de Santa Maria de Goardizella do termo de Barcelos e o juiz e mais ofeciais

da Irmandade de Nossa Senhora do Rozario da mesma freguezia a Jose Felix Pereira

dos Santos da cidade de Braga”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de Santa Maria de Guardizela (actual concelho de

Guimarães).

ARTISTA: José Feliz Pereira dos Santos, fundidor de sinos, da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: “Manoel Dias Pereira do lugar de Villa Verde e juiz do Subsino

da freguezia de Santa Maria de Goardizella e Manoel Jose da Cunha e Jose Antonio da

Cunha homens das Falas da mesma freguezia, e o juiz da Irmandade de Nossa Senhora

do Rozario e Manoel Costodio Pinto Machado e Francisco Jose Pontes escrivam da

mesma irmandade e Manoel Martins thezoureiro da mesma e Antonio de Sousa e

Cunha procurador geral da mesma e Jose da Cunha Dias (…) defenidor da mesma”.

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OBRA: “logo por elles ofeciais de hum e outra confraria asima declaradas por todos

juntos e por cada hum insolidum foi dito que elles estavam juntos e contratados com

elle Jose Felix Pereira dos Santos (…) lhe fazer dois sinos hum pera a freguezia, e

outro pera a Irmandade de Nossa Senhora do Rozario, a saber o da freguezia terá de

pezo vinte e sinco arobas mais aratel menos aratel e o da Senhroa athe trinta e nove

arobas, a preço o aratel de cada hum dos sinos, de trezentos reis, e postos os sinos a

tocar lhe satisfarão o importe dos seos aparelhos e o importe dos ditos sinos em tres

pagamentos (…)

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “a saber a terça parte completos

tres meses; e as duas partes em dois quarteis, hum no fim de seis meses e outro no fim

do anno, cujo tempo principiará a correr do dia da postura dos sinos”.

VISTORIA DA OBRA: “ os quais hão de ficar a contento delles oficiais e homens

purdentes que bem o intendão pello tempo de seis mezes, e cazo elles não agradem nos

fundirá outro, e se quebrar dentro do dito tempo será por conta delle sineiro (…) e cazo

algum dos ditos sinos de ambos se lhe regeite por manter as vozes conforme o seu pezo

será elle sineiro obrigado a pagar (…) por sua conta (…) e não agradando o primeiro e

segundo sino (…) ficarão elles oficiais em liberdade de poderem ajustar com outro e

com mais condição que a aprovação dos sinos será somente dos oficiais de meza e não

de outras peçoas mestres e louvados””.

TESTEMUNHAS: José Bento da Cunha, filho de José da Cunha, morador no lugar de

de Baixo, da freguesia de Guardizela, e António José da Cunha, filho do mesmo, e

morador na mesmo lugar e freguesia.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: “no lugar do Sitio do Senhor

Padram desta villa de Guimarães”.

TABELIÃO: José Pedro de Barros Costa.

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FONTE: A.M.A.P., N-1046 (nova cota), fls. 123-124.

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Confraria do Subsino e Homens das Falas,

sitas na Igreja da freguesia de São Mateus de

Oliveira (concelho de Vila Nova de

Famalicão)

PEDRARIA

Documento CXXXII

DATA: 1796. Abr. 2.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra que faz Bento Antonio Hourinho

mestre pedreiro a José Antonio da Silva e João Manuel Moreira juiz do Sossino e home

das falla da freguezia de São Matheos de Oliveira”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Mateus de Oliveira (actual concelho de Vila Nova

de Famalicão)

ARTISTA: Bento António Hourinho, mestre pedreiro, “morador de prezente no lugar

da Baliosa”, da freguesia de São Mateus de Oliveira.

ENCOMENDADOR: José António da Silva, juiz do Sossino, da freguesia de São

Mateus de Oliveira, termo da vila de Barcelos, morador no lugar de Linhares; e João

Manuel Moreira morador também no lugar de Linhares e homemda Fala, da freguesia

de São Mateus de Oliveira.

OBRA: “pretendem fazer a obra do corpo da igreja da mesma sua freguezia e para a

fatura della tinham mandado fazer o seo risquo e planta e apontamentos e para se por

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em execussão a referida obra pozerão editais publicos pera haver de se rematar a quem

por menos a fizesse e nella lansou em ultimo lanso elle dito outorgante Bento Antonio

Hourinho a coanthia de coatrocentos e corenta mil reis (…) que tera de comprido o

dito corpo da igreja sessenta e sete e dous coartos e de largo em desvão vinte e seis

palmos e de quina a quina por fora trinta e coatro palmos e dous coartos (…) e o arco

cruzeiro tera de altura trinta palmos (…) as quaes paredes levarão sua cornige por

fora e por dentro e da parte de dentro ficara na forma que possa levar estuque ou forro

(…) e tambem de cada lado ficara huma porta trabessa que terão de largo sinco palmos

de largo e des de alto e tambem apilarados (…) elle dito mestre fara hum pulpito em

cada hum dos lados da dita igreja como se acha na planta e na parede da mesma igreja

ficara metido em cada huma dellas hum confessionario que terão coatro palmos de

largo e oito de alto e tres de retiro e hum degrau e dous arcos pera dous altares

coletrais e a fronteira levara huma porta principal que tera nove palmos de largo e

dezoito de alto podendo acomodar debaixo do coro a qual porta sera apilarada por

fora e por dentro (…) e na mesma fronteira ficara huma fresta de tres palmos e meo de

largo e sete de alto (…) .

QUANTIA: 440$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: 4 pagamentos iguais: “sendo o primeiro que hoje se

satisfazia ao principio da dita obra repartido em dous pagamentos a saber a metade

delle no dito principio da obra, e a outra metade quando o arco cruzeiro estiver em

meio, e os outros tres pagamentos se lhe satisfarião a saber o primeiro quando der

principio ao corpo da igreja e o segundo quando se achar a metade do corpo feita e o

ultimo quando se acha acabada de todo a mesma obra”.

VISTORIA DA OBRA: “a qual obra depois de finda e acabada sera vista he

examinada por mestres que disso bem entendão pera verem se esta na forma declarada

nesta escriptura “.

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FIADORES: o seu pai Paulo António Hourinho, mestre pedreiro, “com elle morador”,

e Manuel António Rios, mestre pedreiro, morador no lugar de Freixieiro, da freguesia

de Santa Maria de Guardizela.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: na rua de Couros, escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: Mateus Moreira e António José de Carvalho, do lugar de Sulhães,

ambos da freguesia de São Mateus de Oliveira.

ASSINATURA DO ARTISTA: o artista e os seus fiadores sabem assinar.

TABELIÃO: João Mendes Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-1279 (nova cota), fls.74v-76.

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Irmandade dos Sacerdotes de Santo António,

sita na capela de Santo António, da freguesia

de São Tomé de Caldelas (concelho de

Guimarães)

ARTE DA TALHA

Documento CXXXIII

DATA: 1710. Ago. 7.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Luis Vieira da Crus da cidade de

Braga ao retabollo da Cappella de Santo Antonio da Taipa”.

ARTISTA: Luís Vieira da Cruz, mestre escultor, morador no Campo de Nossa Senhora

a Branca (Braga).

ENCOMENDADOR: o Reverendo Padre Jerónimo da Silva, vigário de Salvador de

Balazar, juíz da Irmandade dos Sacerdotes de Santo António com sede na referida

capela e os restantes oficiais da mesa da irmandade45

.

OBRA: O artista comprometia-se a executar o retábulo da capela de Santo António sita

no lugar da Taipa, freguesia de S.Tomé de Caldelas com as suas peanhas e “mais

couzas”, de acordo com a planta mandada fazer para o efeito pelo cliente. Embora os

apontamentos sejam imprecisos, o documento revela-nos que a irmandade ficava

obrigada a mandar buscar o retábulo à oficina do mestre entalhador Luís Vieira da Cruz

e a sustenta-lo e aos seus oficiais “no tempo que se ocuparem na dita capella asentar o

45 Como oficiais desta instituição, que assinam no final do documento, estavam presentes o Padre João de

Barros Carvalho (tesoureiro), o Padre Gabriel de Matos e o Padre Domingos Fernandes.

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dito retabollo”. Em contrapartida, o mestre era obrigado a montar toda a estrutura

retabilística na capela, sendo também à sua custa todos os pregos e escápulas

necessárias. Em relação às escápulas ficava estabelecido que se a mesa da irmandade

pretendesse que fossem de ferro, elas seriam à sua custa. Quanto às madeiras a utilizar

pela oficina do mestre, é especificado que fossem “ bem sequas e sans sem que tenhão

moculos alguns ”.

QUANTIA: 60$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em dois pagamentos: no momento da assinatura desta

escritura 20$000 réis 46

e os restantes 40$000 réis quando o retábulo estivesse assentado

na capela.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao mês de Maio de 1711, sob pena de perder 20$000

réis, “salvo se constar claramente de doença grave que tenha ou outro coalquer lezo

frutuito que o desculpe não podendo acodir a dita obrigação”. Podemos verificar que a

Irmandade dos Sacerdotes de Santo António, contrariamente ao que sucedia com a

maioria dos clientes, era flexível quanto a impedimentos físicos que pudessem obstar o

mestre de ter a obra concluída no prazo pré-estabelecido. Os trabalhos só seriam dados

por finalizados, após serem vistoriados e avaliados por dois mestres peritos na arte. No

caso de serem detectadas quaisquer deficiências, o mestre ver-se-ia obrigado a refazê-la

à sua custa.

FIADOR: Para maior segurança do encomendador foi exigido que o artista hipotecasse

“todos os seus bens moveis e de rais avidos e por aver e tersos de sua alma”, que

responderiam pelo cumprimento da obra.No entanto, não foi exigida a apresentação de

46 “e logo por elles juis e mais ofeciais da meza forão lançados sobre hum bosete os tais vinte mil reis que

elle Luis Vieira da Crus contou e achou sertos e o seu poder os levou em dinheiro de contado bom e

corrente neste Reino de Portugal sem nelles aver falta quebra nem demenuição alguma ”. Desta quantia

que recebeu antecipadamente, o artista deu uma quitação particular que valeu como se tratasse de uma

escritura pública.

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fiador. Por sua vez, a irmandade como garantia do pagamento ao artista dos 40$000

réis, obrigava todos os seus bens e rendas.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa da residência da igreja de

S.Cláudio do Barco

TESTEMUNHAS: o Reverendo Padre António de Barros Carvalho, vigário em Santa

Cristina de Longos; o Reverendo Padre Daniel Dias de Azevedo, abade de Salvador de

Briteiros; e Jerónimo Francisco, do lugar de Barqueiro, de S.Cláudio do Barco.

TABELIÃO: Agostinho Pinto da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-542, fls.53v-54.

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Confraria do Subsino, sita na freguesia de

Santa Maria de Mogege (concelho de Vila

Nova de Famalicão)

PEDRARIA

Documento CXXXIV

DATA: 1760. Jun. 29.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de Manoel da Cunha pedreiro da Freguezia

de Villa Nova de Sande deste termo com os ofesiais do termo da Freguezia de Mogeje

do termo de Barcelos".

ARTISTA: Manuel da Cunha, pedreiro, da freguesia de Vila Nova de Sande (termo de

Guimarães).

ENCOMENDADOR: Félix de Azevedo, Juiz da confraria do Subsino da freiguesa de

Santa Maria de Mogege, do termo da villa de Barsellos (actual concelho de Vila Nova

de Famalicão) e António de Oliveira morador no lugar do Covelo e Manuel da Silva

residente no lugar da Portela, ambos da freguesia de Mogeje.

OBRA: Fazer "huma Igreja da sua freguezia que tera nove de compremento de setenta

palmos pela parte de fora e de largo trinta e quatro tambem pela parte de fora e de alto

vinte e sinco de suleiras asima (...) para major seguranca a fazer a dita obra na forma

dos apuntamentos (...) levara a parede de largo tres palmos e mejo e sinco palmos de

largo, nos aliserses levara os quatro cunhais apilarados e as cornigeis seram de meja

cana". O mestre fará uma porta principal com "hum oculo redondo que tera dois palmos

no vidro e (...) huma porta trabesa de des palmos de alto e seis de largo (...) portas e

frestas seram apilarados pela parte de fora (...) o campanario ficara no meio da

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fronteira da Igreja e sera feito de novo". O púlpito e as pias de água benta seriam as da

Igreja velha. É espipulado que a pedra da anterior igreja seria reaproveitada excepto as

das campas.

QUANTIA: 158$000 réis e o "primeiro pagamento nam serao elles ofesiais a fazer lhe

sem nam tendo elle mestre pedreiro feito obra que valha".

PRAZO: "dentro de des mezes que principiaram dentro de quinze de Julho primeiro

vimdouro “e se o pedreiro não der a obra feita dentro do dito tempo, perderá 20$000

réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na residência do tabelião

(Guimarães).

TABELIÃO: Francisco de Sousa Lobo.

FONTE: A.M.A.P., N-959, fls.117-120.

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Confraria do Subsino, sita na Igreja de

Santa Leocádia de Briteiros (concelho de

Guimarães)

PEDRARIA

Documento CXXXV

DATA: 1742. Jan. 31.

SUMÁRIO: "Fiança e obrigaçam de obra da Igreja para se fazer que deu francisco

gonsalvez do reino da Galiza a comfraria do sosino de Santa Leucadia de Briteiros

termo desta villa de Guimarães".

ARTISTA: Francisco Gonçalves, mestre pedreiro, do reino da Galiza.

ENCOMENDADOR: Confraria do Subsino de Santa Leocádia de Briteiros.

OBRA: obra posta a lanços no adro da igreja. "há de ter esta Igreja de comprido em

desbam setenta e sinco palmos e de largo (...) trinta palmos e de alto vinte e sete de

soleiras acima, com seus cunhais apillarados com suas vazias e capiteis compostos com

seu Arco de catorze palmos de largo (...) e a Igreja com sua cornige de papo de rolla

(...) e (...) coatro frestas duas de cada parte (...) apillaradas (...) na fronteira seu ocollo

redondo apilarado (...) e tres portas huma prinçipal e duas travessas (...) e(...) tres pias

para agoa Benta huma em cada porta traveça outra na prinçipal (...) e (...) hum nicho

para os santos oleos e servirá o pulpito que estava feito".

No final, a obra seria revista por dois mestres. Denotando algum erro "sera desfeito (...)

a custa do mestre".

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QUANTIA: 170$000 réis E se "os freiguezes que não levarem a pedra e que por essa

falta esteyão os mestres de vago sem terem em que travalhar lhe pagarião a duzentos

reis por dia a cada hum que não travalhar por falta da pedra".

FORMA DE PAGAMENTO: sendo "hum cartel " no princípio da obra, o segundo no

meio dela e o terceiro depois de concluída.

PRAZO DE ENTREGA: Feita durante o mês de Setembro, "primeiro vindouro" de

1742.

FIADORES: Bernardo da Rocha, morador na sua propriedade de Pedraído, freguesia

de Santa Eufémia, Marçal da Silva, lavrador, do Lugar da Telha e Cosme de Barros

morador na Praça de S.Tiago (Guimarães).

TESTEMUNHAS: João Barbosa, mestre ferrador, da rua da Fonte Nova, Bento da

Costa, caixeiro de José Ribeiro mercador, e Francisco Dias dos Santos, escrevente,

todos da vila de Guimarães.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-637, fls. 83v-85v.

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Confraria do Subsino, sita na Igreja de São

Martinho de Gondomar (concelho de

Guimarães)

CARPINTARIA

Documento CXXXVI

DATA: 1711. Jan.7.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato do forro da igreja de Sam Martinho de

Gondomar que arematou Francisco Martins da freguezia de ? ".

ARTISTA: Francisco Martins Vieira, mestre carpinteiro, do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: João Lopes morador no lugar de Requião, juiz Subsino da

freguesia de Sam Martinho de Gondomar, Manuel Antunes do Lugar de Salgueiro,

Amaro Rodrigues e António Gonçalves, do Lugar de Carvalho, todos da referida

freguesia

OBRA: Tendo sido posta a lançosficou de se forrar e apainelar o forro da igreja de São

Martinho de Gondomar com madeiras lisas e boas, para "adorar o culto Devino".

QUANTIA: 43$000 réis

FORMA DE PAGAMENTO: "em carteis ou em duas pagas ou do modo que elle dito

Francisco Martins o quizer".

FIADOR: Bento Rodrigues da Silva morador na freguesia de Gondomar.

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TESTEMUNHAS: António Francisco, cutileiro, e António Francisco morador na Praça

de S.Tiago (Guimarães)

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casas da morada do tabelião Manuel

Machado Gomes, sitas na rua de S. Domingos (Guimarães).

TABELIÃO: Manuel Machado Gomes.

FONTE: A.M.A.P., N-646, fls.39v-40v.

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Homens das Falas, da freguesia de São

Salvador de Tagilde (concelho de

Guimarães)

PEDRARIA

Documento CXXXVII

DATA: 1776. Jan. 17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de nova obra de huma Torre que se fas nesta

freguesia de S.Salvador de Tagilde e obrigação e feansam".

ARTISTAS: Os mestres pedreiros: Manuel Martins morador no lugar das Quintas

(freguesia de Tagilde), João de Novais da mesma freguesia e Miguel Pereira de

Carvalho morador na freguesia de S.Romão de Arões.

ENCOMENDADOR:"o Juiz e homens de fallas (...) todos desta freguesia” de Tagilde.

OBRA: Para o “efeito de se ouvir mais as vozes dos sinos e convocar os freguezes para

a caza de Deos”, foi dito que era preciso fazer uma nova torre de pedraria. Daí terem

suplicado "por petição ao Doutor Provedor desta comarca (...) para (...) lhe

conçederem licenca para a dita obra". Primeiro se "farão os alicerse com largura de

sete palmos e meyo (...) sera junteirada em seus licerses de pedras grocas e duras e

com juntouras de sinco em sinco palmos", e se farão duas frestas de acordo com a

largura da torre. Levará duas portas, dando a primeira para o coro e a outra para fora,

levando por dentro um arco. A "soleira para as sineiras sera de tres palmos asima as

que se acham hoje (...) serao obrigados elles mestres pedreiros a deçerem o

campanário e fazerem huma cruz e padrestal". Quanto à pedra, eles a "cobrarão no

monte de Sam Bento (...) e (...) fara no ladrilho das signeiras de pedra e na Torre hum

boraco para o ponteiro do relógio".

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QUANTIA: 230$000 réis "em bom dinheiro da moeda corrente neste reino".

PRAZO DE EXECUÇÃO: Teria de ser feita até "o dia de Santo Andre do prezente

anno com declarasão que dos quinze de Setembro lhe findar a vindima não

trabalharam na dita obra e se levantaram quazi a não tinham finda e pasada a vendima

seguiria a dita obra em lhe o dito dia de Santo Andre".

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casa da residência do Reverendo

João Francisco de Oliveira, abade da freguesia de Tagilde.

TABELIÃO: André de Freitas.

FONTE: A.M.A.P., N-1042, fls.33v-35v.

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Documento CXXXVIII

CARPINTARIA

DATA:1736. Abr. 14.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação da obra de carpintaria de Tagilde".

ARTISTAS: Alexandre Pinto de Queirós, mestre de carpintaria e emxambraria, da

freguesia de Santo Estevão da Veiga de Penso, termo da cidade de Braga, “e ora

assistente na rua Travessa arabalde da dita villa”.

ENCOMENDADOR: o juiz, o procurador e os homens das Falas da freguesia de São

Salvador de Tagilde.

OBRA: “fazer a obra de carpintaria da sua nova igreja que se faz a mandarão por a

lanços convocando mestres pera isso conforme a planta ou forma della ou sua

formadura ficou no lanço delle dito mestre Alexandre Pinto de Queirós (...) lhe fazer a

dita obra pella forma e direcção seguinte a saber: Item sera obrigado elle dito mestre a

emmadeirar todo o corpo da dita igreja de pernaria que cada perna sera de alto dois

coartos e meyo na parte baixa e de groço terá meio palmo e na parte alta será de meyo

palmo em coadra e levarão de vão entre hum e outra perna palmo e meyo (...) sera

obrigado elle dito mestre a forrar de garda po por sima da perna ficando asentado o

forro de escama de peixe e por sima deste tal forro será ripado de ripas direitas em

desvão de meio palmo entre ripe e ripe (...). Item sera obrigado elle dito mestre a

segurar os frechais com hum gato de ferro em cada ponta dos ditos frechais ao arco

cruzeiro e a porta principal (...). Item sera obrigado elle dito mestre a telhar pondo lhe

a telha que for necesaria ao pe da obra por conta da freguezia. Item sera obrigado elle

dito mestre a fazer o coro que terá de largo dezouto palmos situado em duas traves de

castanho que cada huma terá de groço hum palmo e meio (...) e levara a soa grade feita

ao torno metida na arte e levará esta grade coatro pillares com soa talha (...) os dois

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púlpitos cada hum levará soa grade torniada com seus pillares com bazas e capiteis

com seu frizo (...) porá elle mestre duas tarajas de ferro pera as lampadas dos altares

coletrais e tambem toda a madeira desta obra sera de castanho bonna tudo por conta

delle dito mestre como tambem toda a ferraje declarada pregos e cavilhas nesesarias

pera pregaje e segurança da dita obra (...)“.

QUANTIA: 235$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em 3 pagamentos: 50$000 réis num prazo de 15 dias da

feitura da assinatura da escritura; os seguintes em igual quantia no meio e no fim da

empreitada, “e faltando aos ditos pagamentos folgara elle mestre e seus officiais a

conta da freguezia”.

FIADOR: o seu pai Costódio Pinto Ribeiro morador “na dita soa freguezia no lugar de

Rio Mau”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a dita obra a respeito de armas e portas será feito no

termo de coatro mezes comesados a correr do dia que se acabar a pedraria em diante a

toda a mais obra no termo de outo mezes comesados a correr acabado que seja a dita

pedraria e faltando ao sobredito pagará elle mestre de penna sincoenta mil reis”.

FORMA DE ARREMATAÇÃO: “fazer a obra de carpintaria da sua nova igreja que

se faz a mandarão por a lanços convocando mestres pera isso conforme a planta ou

forma della ou sua formadura ficou no lanço delle dito mestre Alexandre Pinto de

Queirós (...)”.

VISTORIA DA OBRA: “depois de feita prefeita e acabada será vista e revista por

mestres da arte que o intendão e achando se ter algum erro ou defeito na soa perfeição

na forma desta escreptura sera tudo desfeito prefeito e acabado na forma della por

conta delle dito mestre sem elles juiz em hum nem outro termo lhes concorrer com

couza material ou artífice algum com só lhe darem em preço e satisfação de toda a dita

obra duzentos e trinta e sinco mil reis (...) e todas as madeiras da igreja velha (...)

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excepto o forro e portas que reserva pera sy elle juiz (...) e mais lhe daram cazas pera

elle mestre se recolher com seus officiais perto da obra”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: No escritório do tabelião, sito na

rua Nova das Oliveiras.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

testemunhas: Domingos da Silva Carvalho, vizinho do tabelião, e Manuel Francisco

Lopes morador no lugar da Porta da dita freguesia de São Salvador de Tagilde.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-836 (nova cota), fls.3-4v.

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Confraria do Subsino, da freguesia de Santa

Eulália de Nespereira (concelho de

Guimarães)

PEDRARIA

Documento CXXXIX

DATA: 1768. Ago. 20.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de obra que fes Domingos de Freitas

pedreiro morador no lugar de Aguiar freguezia de S.Cristina de Arois da parte do

couto e honra de Sepais ao juiz e mais irmãos da freguezia de Santa Eulália de

Nespereira."

LOCAL DA OBRA: Igreja da freguesia de Santa Eulália de Nespereira (concelho de

Guimarães).

ARTISTA: Domingos de Freitas, pedreiro, morador no lugar de Aguiar, da freguesia de

Santa Cristina de Arões, da parte do couto e honra de Cepães.

ENCOMENDADOR: Jerónimo Francisco, juiz do Subsino da freguesia de Santa

Eulália de Nespereira, morador no lugar do Passo, da mesma freguesia; Manoel Alvares

de Abreu, procurador, morador no lugar do Covelo; Manuel de Abreu, do lugar de

Martim; Manuel Francisco morador no lugar da Beira; Manuel de Sousa morador no

lugar da Vinha; João Fermandes Teixeira morador no lugar de Sá; e Francisco Ribeiro

morador no lugar de Sesim, todos homens das Falas do Subsino.

OBRA: “estavam contratados e ajustados com elle dito Domingos de Freitas de este

como oficial de seu oficio de pedreiro e oficiais que actualmente estava exercitando lhe

fazer a obra seguinte na igreja da dita sua freguezia a saber o acresimo que pertendem

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fazer na dita igreja da mesma sua freguesia de Santa Eulália de Nespereira (...) em que

esta a parede velha cresendo para diante quinze palmos na grosura da mesma parede e

o portal sera feito pello tamanho das portas e padieira que nella se acha e rasgado, o

servira o mesmo limpo com a mesma grade e levara a obra tres frestas huma na

parede velha e as duas na parede nova aredadas da trave? do coro tres palmos e serão

de altura de seis palmos e de largura tres e levarahuma porta no coro na forma da

velha e servira a mesma, e com suas escadas (...) na forma mais conveniente e ficara a

dita obra no acresimo da dita igreja com coatro cachoros por dentro para acentar as

traves do coro e as frestas serão de vidro berde e ferros e grades na forma da que esta

na samchristia, o campanário sera a romana como o he o da igreja de Polvoreira e

levara o campanário no asularamento? hum frizo de palmo e meio (...) e sera a dita

obra caliada por todas as juntas (...) e com dois barotes? para meter os frichais no cazo

que se faça cabido, e outrosim fara na parede hum arco para meter a pia batismal

comrespondente a mesma pia (...) concorrendo elle dito mestre com tudo o que for

nesesario para a dita obra (...) e no cobrar da pedra como para a condusão della para

a dita obra (...) e declaravão elle partes que elle dito mestre pedreiro lhe fara e deixara

huma pilheira ao phé da pia adonde detreminar o Reverendo Vigario para nella se

meterem os santos oleios que hé para a pia batismar, e quando elle mestre pedreiro

meter a fresta na parede velha e esta se aruinar sera a factura da mesma parede por

conta dos freguezes da mesma freguezia, porem elle dito mestre pedreiro se avera

sempre com muita cautella para se evitar tal prejuízo, e os ditos juiz e procurador e

homens das fallas lhe daram coartel encoanto durar a dita obra, para se recolher”.

QUANTIA: 89$000 réis.

forma de pagamento: em três pagamentos: 30$000 réis “logo que elle mestre pedreiro

entrar na cobransa da pedra pera a dita obra e outro asim que a dita obra estiver meia

feita, e outros trinta mil reis, e o ultimo dos pagamentos que he de vinte e nove mil reis

no fim da mesma obra”.

FIADOR: Manuel de Freitas morador no lugar do Outeiro, da freguesia de Santa

Cristina de Arões.

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PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao dia de Natal de 1768. Sendo caso que o mestre e o

seu fiador não satisfazam a empreitada no referido prazo, o encomendador “podia

livremente meter oficiais”

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Praça de Santiago, nas moradas do

tabelião.

TESTEMUNHAS: José Pinto morador no lugar da Machanela?, e Manuel de Abreu

morador no lugar da Beira, ambos da freguesia de Santa Eulália de Nespereira.

TABELIÃO: José António Rodrigues.

FONTE: A.M.A.P., N-1049, fls. 169-171v.

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Confraria do Subsino, da freguesia de São

Vicente de Oleiros (concelho de Guimarães)

Documento CXL

DATA: 1784.Nov. 21.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato de huma obra de pedraria que fazem o Juiz e

homens de fallas da freguezia de S.Vicente de Oleiros com o mestre pedreiro Joao de

Novais da freguezia de Sao Salvador de Tagilde".

ARTISTA: João de Novais, mestre pedreiro, morador no lugar do Souto da Cruz,

freguezia de Sam Salvador de Tagilde do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: António Ferreira, lavrador, morador no Lugar do Paço, "juiz do

susino que se acha servindo (...) a sua freguezia de Sam Vicente de Oleiros do termo

desta villa, como tambem os homens de fallas", Francisco Xavier e José Bento, ambos

da freguesia de S.Vicente de Oleiros.

OBRA: "em cappitulo de vezita pasada se detreminou (...) que se fezese e reformase a

fronteyra da Igreja da sua freguezia ". A fronteira será deitada a baixo, far-se-aõ novas

frestas e o campanário será mais alto. Os encomendadores serão obrigados a "por lhe

promto as madeiras todas que forem persizas para a (...) obra e (...) seram obrigados a

lhe dar (...) a cal nesesaria".

QUANTIA: 44$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em dois pagamentos: o primeiro no meio da obra e o

outro no fim da obra ser revista, para ver se está capaz e segura.

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PRAZO de execução: "dentro do termo de seis mezes que tera principio no mes de

Março e findará no mes de Agosto".

TESTEMUNHAS: João Nogueira, pedreiro, morador na freguesia de S. Romão de

Arões.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do tabelião, sita na rua de

Couros (Guimarães).

TABELIÃO: André de Freitas.

FONTE: A.M.A.P., N-1047, fls. 46v-48.

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Confraria do Subsino, da freguesia de São

Miguel de Gonça (concelho de Guimarães)

PEDRARIA

Documento CXLI

DATA:1717. Abr. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato feito sobre a feitura da igreja nova de Sam

Miguel de Gonça".

ARTISTA: Custódio Fernandes, mestre pedreiro, morador no lugar da Pedreira da

freguesia de Salvador de Donin (concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Joao Lopes, lavrador, morador no lugar de Villarinho, Juiz do

sobsino que “de prezente serve na sua freguezia e os homens de folleos", Jerónimo

Gomes, lavrador, morador no casal de Passos; Gonçalo Nunes; António Gonçalves,

lavrador; Manuel Pereira; o Procurador João de Freitas; "e o mordomo desta igreja Joao

Gonçalves e os mais moradores da dita freguezia".

OBRA: Por capítulo de Visitação do Reverendo Pedro Villas Boas, ficou determinado

que se mudaria "a igreja desta freguezia de Sam Miguel de Gonça mais abaixo donde

ella esta (...) no lugar donde se pretende fazer a igreja nova he demais utilidade pera

todos os freguezes della (...) tera (...) a dita igreja tres portas a principal e duas

travesas (...) na frontaria seu ocollo redondo que no meio tinha dous palmos de alto". O

contrato contém imensos pormenores acerca dos apontamentos.

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QUANTIA: 190$000 réis. O barro e a cal "para asentar os cunhais e arquo e portais"

era por conta da freguesia. Enquanto a obra decorrer, a freguesia encarregar-se-ia de dar

o jantar e cama ao mestre e seus oficiais.

FORMA DE PAGAMENTO: recebendo logo 20$000 réis e o resto em quatro

quartéis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: A obra começaria no dia 18 de Maio, "primeiro vindouro

deste prezente anno (...) athe de todo ter feita".

FIADOR: João da Silva, cirurgião, morador na freguesia de Donim.

TESTEMUNHAS: Constantino da Fonseca de Barros, filho do Capitão João da

Fonseca de Barros, morador na Quinta da Pena, freguesia de S.Cosme; Pedro da Silva,

carpinteiro, da freguesia de S.Torcato (concelho de Guimarães) e o Reverendo

Francisco da Fonseca de Araújo, abade da freguesia de Gonça (concelho de Guimarães).

TABELIÃO: António da Silva.

FONTE: A.M.A.P., N-517, fls.77-78v.

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Confraria do Subsino, da freguesia de São

Lourenço de Sande (concelho de Guimarães)

CARPINTARIA

Documento CXLII

Data: 1728. Fev. 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçao a obra de carpintaria do corpo da igreja de

Sam Lourenço de Sande que fes Antonio da Silva da freguezia de Sam Joao de Ponte".

ARTISTA: António da Silva, carpinteiro, morador em Fonte Cova e Domingos

Ribeiro, carpinteiro, do lugar da Boucinha, ambos da freguesia de S. João de Ponte

(concelho de Guimarães)

ENCOMENDADOR: Domingos Ribeiro, Bartolomeu João, e Pedro Francisco da

freguesia de S.Lourenço de Sande "eleitos Juiz do Subsigno da dita freguezia".

OBRA: "obra de carpintaria do corpo da igreja de Sam Lourenço de Sande (...) toda a

dita obra de novo e de castanho bravio boas soleiras do dito castanho bravio que seja

seguras e capazes e de receber sinco tirantes bem direitos e cadrados que nao tenham

falhas em toda a altura necesaria que tambem sera de castanho bravio em seu filete por

baixo bem encabessados nas soleiras e pregados todos nas cabeças com cavilhas boas

e capazes as pernas necesarias bem direitas e cada com seu filete por baixo e seus

oliveis da mesma sorte pregados de crelha bem ajustados de sorte que senao conheçam

faltas em distancia (...) e a gressura das pernas largura sera a necesaria na forma da

arte sera toda forrada per sima das pernas de bom forro prainado com sua mesa cana

per baixo escama de peixe com suas sintas necessarias e ha de ser forrada athe o cume

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e desde oliveis pera sima sera de forro velho desta mesma igreja (...) ser ripada por

sima de forro de boa ripage basta pera asentar bem a telha e ha de ter tres portais

huma principal e dous travessos de boas madeiras e lizos boas cusoeiras e bons

batentes todos lizos e bem emtranglados (...) todas as madeiras velhas que seburarem e

portas velhas serao pera o carpinteiro", e toda a obra será bem pregada. Depois de

feita, dois oficiais de carpintaria iria revê-la.

É feita menção à obra de pedraria.

QUANTIA: 54$500 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao fim de Dezembro do presente ano.

TESTEMUNHAS: Gregório Lopes, carpinteiro, e António Carvalho de Oliveira,

ambos residentes na rua de S. Dâmaso (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casa do tabelião sita na rua de S.

Dâmaso, extramuros da vila de Guimarães.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-762, fls. 24v-25v.

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Confraria do Subsino, da freguesia de Santa

Maria de Airão (concelho de Guimarães)

PEDRARIA

Documento CXLIII

DATA: 1744. Mar.26.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Escreptura de obrigação e contrato que fez o juis do

Sosino e homens do acordo desta freguezia de Santa Maria de Airão com os mestres

pedreiros Antonio de Oliveira da freguezia de Joane e outro em 26 de Março 1744 ”.

ARTISTAS: João da Silva, mestre pedreiro, morador no lugar da Ribeira da freguesia

de S. Martinho de Sande (termo de Guimarãeses) e António de Oliveira, mestre

pedreiro, morador no lugar de Cividade, freguesia de S. Salvador de Joane (actual

concelho de Vila Nova de Famalicão).

ENCOMENDADOR: juiz do Subsino da freguesia de Santa Maria de Airão.

OBRA: “fazer a igreja de novo” de Santa Maria de Airão (Guimarães).

QUANTIA: 264$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: seis pagamentos iguais.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: couto de Landim, na casa do

tabelião.

TABELIÃO: Joaquim Francisco de Araújo.

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FONTE: A.D.B. = Arquivo Distrital de Braga (Braga), nota Famalicão, nº57, fls.89v-

91

Confraria do Subsino e Homens das Falas,

da freguesia de São Martinho do Campo

(concelho de Santo Tirso)

PEDRARIA

Documento CXLIV

DATA: 1705. Mar.5.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que fizerão o juiz do Sosino da freguezia de

Sam Martinho do Campo e mais homes do cavido com Andre Machado mestre pedreiro

pera se fazer huma jgreja nova em Sam Martinho do Campo em 5 de Março de 1705 ”.

ARTISTA: André Machado, mestre pedreiro, morador no lugar da Fonte, da freguesia

de S.Romão de Arões, termo de Guimarães (actual concelho de Fafe).

ENCOMENDADOR: João Francisco, juiz do Subsino da dita freguesia, morador no

lugar da Ponte de Negrelos e dos restantes Homens das Falas.

OBRA: “pera se fazer huma jgreja nova na dita freguezia”. Em relação às paredes de

alvenaria é mencionado que seriam “emcorporadas e desempenada como as paredes da

jgreja de Guardizela da parte de fora e por dentro”, revelador portanto, de uma

influência formal entre aquele templo do termo de Guimarães já existente, e este novo a

construir.

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O mestre comprometia-se a fazer os alicerses da obra em “boa pedra grande” e em terra

firme, tendo o corpo da igreja 90 palmos de comprido, por 32 de largura e 30 de alto.

A fachada principal do templo teria uma porta de 9 palmos de largura e 15 de alto e um

degrau exterior de 4 palmos de passo, fazendo uma cornija dórica por cima da padieira

da porta, com sua empena romana que seria encimada no meio por uma cruz. No meio

desta frontaria faria um “espelho redondo” com 4,5 palmos de vivo, exigindo o cliente

que esta abertura que daria toda a luz necessária ao coro fosse “muito bem rasgada pera

fora e pera dentro”.Toda esta fachada seria coberta com cornija toscana.O mestre seria

obrigado a construir um campanário à direita da fachada principal “a romana muito bem

obrado”.No interior faria a pia baptismal “em porposão devida” e quatro pias de água

benta “bem feitas”, duas junto à porta principal e as restantes junto das portas travessas,

com capacidade para três canadas de água. Próximo de uma das portas travessas ficaria

o púlpito. É igualmente estipulado que o artista fizesse o arco cruzeiro que seria

asentado sobre “hum degrão grosso” e o coro. Na parte do poente, o mestre obrigava-se

a abrir mais uma porta para o coro-alto que teria as seguintes dimensões: 8 palmos de

alto e 4 de largura.

André Machado comprometia-se a utilizar na empreitada apenas pedra de boa

qualidade, que seria extraída do monte de Lombom, ficando acordado que o calabre

seria por sua conta. Os fregueses obrigavam-se a fornecer ao artista os pregos para os

cimbres, pagando no entanto André Machado aos mestres carpinteiros. Os oficiais do

Subsino forneceriam “todas as achegas nesesarias a dita obra”, com excepção dos

“homes ocupados no serviço de Sua Majestade”. Somente as paredes da igreja velha

seriam utilizadas na construção do novo edifício e do campanário, enquanto que os

ladrilhos e campas ficariam na posse dos fregueses.

André Machado não pôde prosseguir nem tão pouco “dar comprimento a dita igreja”,

porque foi supreendido com a morte, poucos dias após a assinatura da obrigação de obra

RISCO DE: o risco desta obra de pedraria foi da autoria do próprio executante, que

num documento é denominado de mestre de arquitectura.

QUANTIA: 340$000 réis.

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FIADORES: João Nogueira morador no lugar de Sabarigo, da freguesia de Rendufe,

termo de Guimarães e Francisco da Costa, de S. Tiago de Areias.

FORMA DE PAGAMENTO: encomendador daria em prestações, enquanto fosse

decorrendo a obra.

PRAZO DE EXECUÇÃO: O mestre iniciaria a empreitada no dito mês de Março, aí

trabalhando continuadamente até a acabar.

TESTEMUNHAS: Manuel Rebelo de Andrade morador na Quinta de Rubais da dita

freguesia e Manuel da Costa morador na freguesia de São Salvador de Moreira

(concelho da Maia) e Manoel Jorge da freguesia de (...)47

(concelho da Maia).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no adro da igreja de S. Martinho do

Campo.

TABELIÃO: tabelião António da Costa Rodrigues.

FONTE: A.D.P.= Arquivo Distrital do Porto (Porto), C.N.S.T.S. 1, Livro nº 104,

fls.125-128v.

47

Palavra de difícil leitura.

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Documento CXLV

DATA: 1705. Abr.17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação e contrato que fizerão Costodio de Mello

da freguezia de Sam Vicente de Paços e Francisco da Costa da freguezia de Sam Tiago

de Areas couto de Landim termo de Barcellos a obra da igreja de Sam Martinho do

Campo”.

ARTISTAS: André Machado não pôde prosseguir nem tão pouco “dar comprimento a

dita igreja”, porque foi supreendido com a morte, poucos dias após a assinatura da

obrigação de obra.A 17 de Abril do mesmo ano, Francisco da Costa fiador de André

Machado, morador em S.Tiago de Areias, couto de Landim e termo de Barcelos,

juntamente com Custódio de Melo residente em S.Vicente de Passos, termo de

Guimarães, ambos oficiais de arquitectura, ajustaram a continuação da empreitada.

ENCOMENDADOR: João Francisco, lavrador, morador junto da ponte de Negrellos

da freguesia de São Martinho do Campo em nome e como juiz da Confraria do Sosino

da dita freguesia.

OBRA: Estes dois oficiais assumiram compromisso para “com a dita confraria de lhe

darem a dita obra feita na forma em que estava traçada e pello mesmo preço e compito

asim e da maneira que o dito Andre Machado a tinha tomado declarado na dita

escritura”. À morte de André Machado, os trabalhos iam certamente pouco adiantados

dado o escasso tempo que media entre a assinatura das duas escrituras.

Esta segunda escritura lavrada em Guimarães, na casa do tabelião Brás Lopes, revela-se

omissa em relação às claúsulas e descrição dos apontamentos da obra, apenas referindo

que André Machado “mestre que foi de arquitatura” estava obrigado “a fazer a obra do

corpo da igreja que se pretende reformar na dita freguezia de Sam Martinho do

Campo”. Para maior segurança do encomendador foi exigido que os dois artistas

hipotecassem “todos os seus bens moveis e de rais avidos e por aver e tersos de sua

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alma todos em geral e cada hum em espicial”, que responderiam pelo cumprimento da

obra.Desta forma, a viúva de André Machado e todos os bens do falecido ficariam

desobrigados das cláusulas, penas e obrigações declarados na anterior escritura.

Este último contrato revela-se de extrema importância para o conhecimento dos

verdadeiros executantes da igreja em estudo, pois revela-nos que contrariamente ao que

o primeiro contrato poderia induzir em erro, foi um dos fiadores de André Machado

juntamente com Custódio de Melo que intervieram na fachada, corpo e campanário do

templo, apesar de terem de seguir a traça elaborada pelo mestre de S.Romão de Arões.

Estes dois contratos de obra são muito significativos, porque colocam um verdadeiro

problema relativo à fiabilidade dos documentos notariais, que se depara ao investigador

que consulta este tipo de documentação.De facto, pode acontecer que mesmo

existindo um documento escrito relativo a uma empreitada, esta pode não ter sido

efectivamente levada à prática, ou então executada por outro pedreiro.

FIADORES: Francisco da Costa: João Nogueira que fora juntamente com ele fiador

de André Machado; Custódio de Melo: João da Costa, lavrador, morador no lugar da

Velheira, de S.Vicente de Passos.

TESTEMUNHAS: Domingos Martins e Domingos Francisco moradores no lugar de

Louredo da freguezia de Gullais (termo de Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casa do tabelião (Guimarães).

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-559, fls.79v-81.

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Irmandade das Almas, sita na freguesia de

São Miguel de Creixomil (concelho de

Guimarães)

ARTE DA TALHA

Documento CXLVI

DATA: 1728. Jun.22.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Aseitação e obrigação de obra que fes Miguel Correa

a Irmandade das Almas de Creixomi”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Miguel de Creixomil.

ARTISTA: Miguel Correia, mestre entalhador, morador no lugar da Cabreira, da

freguesia de S. Jorge de Selho.

ENCOMENDADOR: a irmandade das Almas, sita na Igreja de S. Miguel de Creixomil

(termo de Guimarães)

OBRA: um retábulo “fabricado e esmaginado em madeira”. Para a execução da

empreitada, a irmandade mandou executar previamente as plantas. No contrato é

especificado, que o retábulo seria executado na forma de duas plantas, do seguinte

modo: “fosse feita esta obra tirada parte de huma e parte de outra”. Estas plantas

apresentadas no momento da celebração deste contrato, foram assinadas e numeradas

pelo tabelião. No contrato mais é dito que a obra seria feita com elementos das duas

plantas:” na forma da primeira planta que leva numero primeiro athe a bolta principio

do arco e este arco ha da ser feito na forma da segunda planta que leva numero

segundo e no meio desta obra ha de levar hum painel feito de meio releve na forma que

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se acha metida na primeira planta”. Este painel48

seria feito segundo o modelo já

executado do altar das Almas da Sé de Braga49

. Podemos desta forma verificar a difusão

artística que se efectuava entre a cidade de Braga e outras freguesias que compunham o

seu arcebispado.

QUANTIA: 68$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: a obra teria de estar concluída até ao fim do mês de

Janeiro de 1729; não a dando pronta até esse prazo estipulado, o entalhador era

“obrigado a meter mestres intilegentes e sufesientes”para a concluírem, sendo tudo isto

à sua custa.

TESTEMUNHAS: José Vaz, oleiro, morador Atrás Gaia Fornos e Manuel Francisco,

campeiro da irmandade, morador no lugar da Boavista, e Manuel Vaz, todos de

Creixomil.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-820, fls.61v-64.

48

O painel teria as seguintes dimensões: 9 palmos de altura e seis palmos de largura. 49

“ feito com as mesmas figuras galhardias e mimo como se acha o altar das Almas da Santa See da cidade de Braga que elle dito mestre disse bem entendia e muitas vezes tinha visto e nelle curiozamente por ser couza da sua arte e tocante a nossa relegiam Christam tinha reparado muito bem examiginado”.

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FUNDIÇÃO DE SINOS

Documento CXLVII

DATA: 1789. Fev. 09.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato que faz a meza da Irmandade das Almas da

freguezia de S.Miguel de Creixomil deste termo com Jozé Feliz Pereira dos Santos

fundidor de sinos na cidade de Braga”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de S. Miguel de Creixomil.

ARTISTA: José Feliz Pereira dos Santos, fundidor de sinos, da cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: Domingos José Mendes da rua Nova das Oliveiras, João

Cardoso, sombreireiro, e João Mendes, negociante, da rua da Cruz de Pedra, arrabalde

de Guimarães, escrivão, tesoureiro e procurador da Irmandade das Almas da freguesia

de S. Miguel de Creixomil.

OBRA: A Irmandade pretendia “hum sino novo feito para a torre que a mesma

irmandade tem na dita freguezia de Sam Miguel de Creixomil feito com o primor que a

arte pede que tenha de pezo de vinte e cinco até vinte e seis arrobas pouco mais ou

menos, e para o fazer estavão juntos e contratados com elle Jozé Feliz Pereira dos

Santos com as condições e clauzulas seguintes: que terá de vinte e cinco até vinte e seis

arrobas pouco mais ou menos como dito hé, e feito elle conduzido à custa da

irmandade e delle fundidor à dita freguezia de Sam Miguel de Creixomil ao sitio da

torre, e posto nella será esperimentado o tempo de hum mes tocando se com elle, e

sahindo de bonas vozes à proporção de seu pezo (...)”

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QUANTIA: “dará a irmandade a elle fundidor por cada arroba a nove mil e

seiscentos reis, e receberá o mesmo fundidor o sino velho a desconto que abonará a

razão de seis mil e quatrocentos a arroba”.

FORMA DE PAGAMENTO: em dois pagamentos iguais: o “primeiro pagamento ao

pôr do sino na torre, e o segundo pagamento no fim do mês que se dá para ser

esperimentado; e acontecendo dentro do dito mês quebrar o sino no exercicio natural

de o tocar ficará elle fundidor obrigado a fundir outro com as mesmas circunstancias;

e acontecendo não sahir bom o dito sino ou por falta de vózes, que não sejão

porprocionadas ao seu pezo, ou por outro algum defeito conhecido o poderá a

irmandade repudiar até que lhe seja feito com a prefeição e primor que cabe na

pesubilidade da arte, e o sino velho o receberá de modo que dito hé a pôr do sino

novo,e a despeza da condução do sino velho será igualmente de premio”.

TESTEMUNHAS: António Luís de Oliveira, escrevente na vila de Guimarães,

Sebastião Bernardo Vieira, da rua da Madroa e Gonçalo Pereira da Costa, pai do

tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: escritório do tabelião, sito na rua

Nova das Oliveiras.

TABELIÃO: Nicolau António Pereira.

FONTE: A.M.A.P., N-1107 (nova cota), fls. 99v-100v.

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Particulares

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PEDRARIA

Documento CXLVIII

DATA: 1683. Mar. 28.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato do Reverendo Conego Antonio Dias Pimenta

com coatro pedreiros pera lhe fazerem as casas da quinta de Aveleira de Pensello".

LOCAL DA OBRA: Quinta da Aveleira, na freguesia de Penselo, termo de Guimarães.

ARTISTA: Domingos da Costa morador na Vinha, António Gonçalves e Miguel

Nogueira morador na Fonte, todos da freguesia de São Romão de Arões, termo de

Guimarães e Domingos da Costa morador no lugar da Aldeia de Crasto, freguesia de

Santa Eufémia antiga do concelho de Monte Longo.

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego António Dias Pimenta.

OBRA: “e por quada hum delles de per sy insolidum foy dito que elles todos juntos (...)

e de hum por todos e todos por hum estão compostos consertados e contratados com

elle dito Reverendo Coneguo Antonio Dias Pimenta de lhe fazerem de novo huma caza

junta e mistiqua e enleada com a outra caza antigua que esta na Quinta da Aveleira na

freguezia de São João de Pensello a quoal caza nova ha de ter de seu comprimento

setenta e cinquo palmos entrando nelles a grusura das paredes que lhe servira de outão

e tera de largura vinte e hum palmos e meio de vão pera dentro e tera em redondo vinte

e sinquo palmos de alto? que fique na mesma altura da outra caza a que se ha de

encostar e tera nas logeas repartimentos de duas paredes de altura de quinze palmos e

de comprimento vinte e hum palmos e meya quer seja de proprianho quer dobrada, as

coais duas paredes fiquam pera serventia de hum coredor terrreiro onde ha de ter

huma porta de quada (...) quada dellas de largura de des palmos feitas de pessas como

huma que esta no claustro de Nossa Senhora da Oliveira junto a Santo Estevão. E as

paredes desta caza nova ha de ter a largura e grosura que se achar a bem a das

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genellas e de mais farão des portais alem das duas asima em que as genellas que terão

de (…) no lugar donde elle Reverendo Conego mandar fazer que vem a ser no todo

dozer portaes e mandodo se fazer mais portas ou genellas as fara (...) por presso de mil

quada huma dellas (...) elles faram mais no sobrado dous guarda roupas e huma

cantareira metida nas paredes (...) repartida pello meio com padieira da altura e

largura que pedir a obra e lhe tornearão mais huma chamine na altura da parede

somente? e paguar se a de feitio asim de quada cantareira goarda roupa e chamine a

vinte reis por quada hum medindo vão por cheio e os doze portais e genellas (...) que

vão metidos sem feitio no presso da obra não tem outra paga somente as que demais

delle (...) se ha de pagar a mil reis de feitio como asima fiqua declarado.

QUANTIA: “a quoal obra de parede toda e doze seus portais ha de ser feita em presso

e coantia de oitenta e dous mil e quinhentos reis, com declarasão que o que passar de

vinte e sinquo palmos de altura da soleira do chão ate o telhado lhe paguara de mais a

mais elle Reverendo de mil e quinhentos reis a brasa e não chegando aos vinte e sinquo

palmos lhe abaterão elles mestres nos ditos oitenta e dous mil e quinhentos reis ao

respeito do preso de mil e quinhentos reis a brasa fiquando por conta delles mestres o

quebrar a pedra e acareta la e lavra la ate a acabarem de a por em toda a sua

perfeisão na mesma forma em que se acha a parede da dita caza velha, tanto por fora

como por dentro (...) as juntas da parede que elles mestres por sua conta o farão e a

parede grossa entulharão tambem de barro amasado elles mestres por sua conta, e por

conta delle Reverendo Coneguo se abrira os cunhais da caza velha pera se fazer nella

os encalementos da parede nova, como tambem por conta delle Reverendo Coneguo se

hão de abrir os alisesses e entulhos ate se asentarem nelles as soleiras, como tambem

por sua conta se fara o algerozes dando lhe elles ofesiais a pedra capas pera iso

quebrada no monte e desgastada nelle.

FORMA DE PAGAMENTO: “trabalhando na obra se lhe fara paguamentos dos

ditos oitenta e dous mil e quinhentos reis e della não levantarão mão ate que de todo a

dem acabada e por sua perfeisão”.

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FIADOR: fiadores uns dos outros.

TESTEMUNHAS: António da Silva e Domingos Eanes, familiar do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua da Infesta “em pousadas donde

vive o Reverendo Conego Antonio Dias Pimenta”.

TABELIÃO: Domingos da Cunha.

FONTE: A.M.A.P., N - 361 (nova cota), fls. 82v-84.

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Documento CXLIX

DATA: 1697. Mai. 8.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Contrato que fes Gonçalo Peixoto da Silva desta villa

como tutor de seu neto com João Moreira e Manoel Fernandez mestres de pedraria

sobre a capella da sachristia de Sam Domingos”.

LOCAL DA OBRA: Convento de S. Domingos.

ARTISTAS: João Moreira morador na freguesia de Vila Nova da Telha (concelho da

Maia) e Manuel Fernandes morador na cidade de Braga, ambos mestres de obras de

pedraria.

ENCOMENDADOR: Gonçalo Peixoto da Silva de Macedo de Carvalho, fidalgo da

Casa do rei D. Pedro II e donatário do concelho de Penafiel, morador em Guimarães,

Este projecto integrava-se numa verba testamentária de Gonçalo Lopes de Carvalho e

Camões, já falecido, na qual mandava que na mencionada sacristia se fizese uma capela

para nela se colocarem os seus ossos e os da sua primeira mulher Jerónima Ferreira de

Eça. Como tutor dos seus filhos dirige a empreitada o seu sogro e tio Gonçalo Peixoto

da Silva de Macedo de Carvalho.

OBRA: A descrição da obra no registo notarial estende-se em apontamentos

apresentando vários dados de natureza técnica e estética. Os mestres obrigavam-se a

executar uma escada de pedra fina de seis palmos e meio de largo, com o respectivo

corrimão e “moldura corrida nelle e quartella no principio”. No fim desta escada que se

“despede na varanda” do claustro, seria construído um portal de pedra fina de capitéis,

pilares e arcos lisos. Do programa construtivo constava ainda a abertura de um portal de

pilares, capitéis e “baras” dóricas. Enconstado à parede do claustro, os mestres

comprometiam-se a fazer um lavatório “semelhante ao risco dos tumbullos” com a

respectiva pia e carrancas. A sacristia levaria uma pequena pia para a água benta.

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A intervenção abrangia a feitura de uma abóbada de tijolo rebocada. No vértice do tecto

abobadado com arco ao meio de pedra de galho, seriam gravadas as armas do testador.

Em relação à armação do telhado da sacristia é estipulado que a abóbada “receba as

madeiras em hordem que possa caber hum homem ainda que se abaixe em parte pera

thomar por dentro alguma pingua de agoa se chover”.

As dimensões do interior mencionadas no contrato eram de 50 palmos de comprimento,

26,5 palmos de altura, enquanto que se mantinha a largura “que agora tem”. Em

relação, ao friso existente junto das ilhargas, este teria 4 palmos de altura. Os mestres

comprometiam-se ainda a lagear a sacristia em fiadas de pedra fina.

A 2 de Dezembro de 1697, temos conhecimento que a capela e sacristia estava quase

concluída, visto Gonçalo Peixoto da Silva de Macedo de Carvalho, tutor dos seus netos

Tadeu Luis António e Paula Jerónima, ter declarado que estava em condições de

proceder ao adorno do interior50

. Em relação às obras exteriores, Gonçalo Carvalho

afirmava que os custos fossem incluídos com as restantes obras da sacristia, obrigando-

se desta forma a paga-las segundo o valor avaliado por dois mestres que “o entendão”.

Assim contrariamente ao estipulado, os gastos das obras exteriores não seriam pagas na

totalidade pela comunidade religiosa, mas divididas entre ambos.

Como contrapartida impunha que na capela e sacristia fosse sepultada Dona Guiomar

Bernarda da Silva, segunda mulher de Gonçalo Camões, também estipulando que

apenas aí fossem sepultados os seus netos e descendentes. Outra condição seria de que

os descendentes de Gonçalo Camões e de sua mulher D. Guiomar Bernarda fossem os

padroeiros da capela, colocando-se “nella hum letreiro pera se conserve a sua

memoria”.

Por seu turno, os religiosos concordavam com esta empreitada, pois era um

melhoramento de que necessitavam há muitos anos. No documento surge-nos ainda a

transcrição da licença de construção da sacristia, datada de 19 de Maio de 1695, e

redigida no convento de S. Domingos, em Lisboa.

AUTOR DO RISCO E PLANTA: António Andrade, imaginário.

50 Como se denota neste extracto do documento: “e a adorna la com caixoins e vidraças nas frestas

portas retabollo pera o santuario dourado com sua meza pera por os calices com suas gavetas pera os

sanguinhos e corporaes e tres tamboretes pera dous confesores”.

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QUANTIA: 430$000 réis. O encomendador obrigou-se a fornecer aos artistas diversos

materiais construtivos: a cal, as madeiras preparadas para o azimbre da abóbada, o tijolo

a utilizar para a abóbada, o saibro e as despesas do transporte da pedra que fosse

necessária51

. Neste contrato não estava incluída a construção dos dois túmulos.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

FORMA DE PAGAMENTO: No momento da assinatura desta escritura, os

executantes receberam antecipadamente 100$000 réis, enquanto que a restante quantia

seria entregue no decuros da obra.

PRAZO DE ENTREGA: no termo do mês de Março do ano seguinte (1698).

TESTEMUNHAS: Manuel Soares, familiar de Dona Guimarães Bernarda e Antonio de

Andrade escultor da vila de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: “nas cazas da morada em que vive

Dona Guiomar Bernarda veuva que ficou de Gonçalo Lopes de Carvalho Fonseca e

Camoins” sitas na rua da Cadeia (Guimarães).

TABELIÃO: António Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-556, fls. 22-23v (nova cota).

51

No entanto, eram por conta dos mestres “lavrar a pedra e obrar de maõs e quebra la he pera isso se aproveitarão elles mestres da pedra que ouver da dita sachristia”.

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Documento CL

DATA: 1713. Abr. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato que faz Manoel Correia de Afonsequa

morador nos Pombais do arabalde desta villa com João Pinto de Sousa mestre de

pedraria desta villa".

LOCAL DA OBRA: Casa dos Pombais, Guimarães.

ARTISTAS: João Pinto de Sousa, mestre de pedreiro, morador na rua do Gado, da vila

de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Manuel Correia de Afonseca morador nos Pombais, do

arrabalde da vila de Guimarães.

OBRA: “fazer huma fronteira de humas cazas no mesmo lugar dos Pombais de

pedraria pera o que estava ajustado e contratado com o sobredito João Pinto de Sousa

mestre da dita arte de lhe fazer a dita fronteira na forma seguinte que elle lhe faria

huma fronteira de sesenta palmos de comprido com sua acentasão no meio pera duas

salas e que a dita fronteira lhe faria na loge dois portais de entrada grandes e duas

genellas de peitoril e por sima coatro portais desolada? com dois cunhais apilarados

com seu feitio alquitrave e cornige e seus capiteis e rosas? e que elle lhe daria mais tres

portais de sacada feitos e apirelhados na mesma forma dos outros que elle dito Manoel

Correia os mandar asentar por sua conta aonde milhor lhe pareser e lhe fazia mais elle

mestre a parede que vai pella estrada pera a parte da Codeseira os (…) o preso cada

hum de des portais de pedra que esta na mesma parede de sorte que condiga com a

outra com seu feitio alquitraves e cornige por preso em que ambos se ajustarem dando

elle dito Manoel Correia os lisesios de toda a dita obra abertos por sua conta e elle dito

mestre os atupira por sua conta deixando lhe as soleiras das loges digo (sic) as soleiras

dos portais das loges tres palmos de alto asima da terra e outro sim lhe fazia mais por

elle pella parte da orta da mesma caza na forma a preso das ha de fazer da parte de

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Pedro Fernandez e que toda esta obra lhe fazia com o labrage como custuma e feita

toda a dita obra asima declarada na forma e que estão feitas as cazas de Carllos

Cardozo que se fizerão na rua do Cano de Sima asim em labrage como em pranta? de

torre? que fiquem na mesma forma sem diferensa alguma asim os portais como toda a

mais obra pera o que elle dito Manoel Correia de Afonsequa lhe daria por a dita

fronteira com os tres portais tudo feito e acabado a custa delle dito mestre João Pinto

asim de carretos como de tudo o mais que for nesesario exceto a cal e saibro e barro

que iso seria por conta delle Manoel Correia (...) as genellas levariam por sima suas

simalhas na forma das ditas cazas do Canno ”. O mestre comprometia-se a trazer no

estaleiro sempre oito oficiais ou mais.

QUANTIA: 190$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em cinco ou seis pagamentos.

FIADOR: Domingos Lopes da Cunha da vila de Guimarães.

TESTEMUNHAS: João Ribeiro, familiar do tabelião e Domingos Cardoso, ourives,

vizinho do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: nas pousadas do tabelião.

TABELIÃO: José de Sousa

FONTE: A.M.A.P., N-698 (nova cota), fls. 107-107v.

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Documento CLI

DATA: 1720. Abr. 09.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação que fes Antonio de Oliveira pedreiro

freguezia de Joane termo da villa de Barcelos ao Excelenticimo Conde de (…) Dom

Felipe Mascarenhas”.

LOCAL DA OBRA: Capela-mor e sacristia da Igreja de S.João de Castelãos.

ARTISTAS: António de Oliveira, pedreiro, morador no seu casal de Cividade, da

freguesia de S. Salvador de Joane (actual concelho de Vila Nova de Famalicão).

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego Miguel de Freitas da Cunha como

procurador bastante do Excelentissimo Dom Filipe Mascarenhas, conde, morador na

cidade de Lisboa52

.

OBRA: obra da capela-mor e da sacristia da Igreja de S. João de Castelões. Não são

especificados pormenores da empreitada.

QUANTIA: 70$500 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “o primeiro no principio da obra e

os mais conforme a obra for andando e o ultimo lhe não entregara enquanto a obra não

estiver acabada e não for revista por outro ofecial e estando a seu contento na forma

dos apontamentos lgo lhe acabara de satisfazer tudo os quais quartéis serão todos

higoais”.

VISTORIA DA OBRA: “depois de feita sera revista por outros ofeciais pera saber se

vai na forma dos apontamentos”.

52 A procuração é trasladada nesta nota.

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TESTEMUNHAS: Domingos da Costa, alfaiate, morador no Campo da Feira e

Francisco da Cunha, alfaiate, morador no mesmo lugar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Campo da Feira, nas casas da

morada do Reverendo Cónego Miguel de Freitas da Cunha.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-606 (nova cota), fls. 22v-23v.

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Documento CLII

DATA: 1721. Fev. 13.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação que faz Antonio de Oliveira pedreiro da

freguezia de Joane termo de Barcelos a huma obra de humas cazas de Luis Mendes

Guimarães desta villa de Guimarães".

LOCAL DA OBRA: Casas de Luís Mendes Guimarães, sitas na rua Nova do Muro

(Guimarães).

ARTISTAS: António de Oliveira, pedreiro, morador “na sua fazenda da Sevidade”, da

freguesia de S. Salvador de Joane (actual concelho de Vila Nova de Famalicão).

ENCOMENDADOR: Luís Mendes Guimarães morador na rua Nova do Muro, de

Guimarães.

OBRA: “huma obra de pedraria das suas cazas em que vive que estão comessadas da

parte que bem correndo na forma própria das outras e declarando que da fronteira

levara suas vazas toscanas e cunhais trepillarados levara dous portais pera a fronteira

da rua Nova e duas genellas rasgadas no prumo proprio delles com sua sacada e seus

cachorros e esta fronteira correra da parte da rua Nova com seu alyares de papo de

rolla de cunhal a cunhal e a mais alvenaria sera feita na forma da que se esta vendo na

mesma obra declarando mais que da parte donde a obra vai correndo ha de levar hum

portal e hum taboleiro em baixo e em sima duas genellas na forma que estão as outras

e isto declarando que a fronteira sera metida de seu picão miudo na forma da arte e

esta obra sera feita de pedra de galho não sendo da mais ruim senão do mais alvo e

mais claro que se puder haver e a grosura das paredes do primeiro sobrado na forma

da nova que esta feita e dahi pera sima o perpianho como ho mesmo que esta feito e de

alto correra na mesma forma e na loge ficara hum vão pera huma goarda roupa aonde

milhor se poder acomodar e hum vão pera meter hum cantaro de agoa e toda a pedra

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que houver sera pera elle dito Antonio de Oliveira pera continuar na obra excepto o

perpianho da fronteira que elle sera pera o dito Luis Mendes Guimarães como tambem

a mais pedra que se achar na fronteira da rua Nova”.

QUANTIA: 148$800 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: no inicio da obra de 11 moedas de

ouro; o segundo no meio da obra de 10 moedas de ouro e o terceiro no fim da

empreitada de 10 moedas de ouro.

VISTORIA DA OBRA: “sera revista por outros offeciais pera se saber se esta na

forma que dito fica estando logo lhe dara ho dito coartel sem demora alguma”.

PRAZO DE EXECUÇÃO DA OBRA: até ao meio do mês de Abril.

TESTEMUNHAS: Francisco de Abreu, do lugar das Bouças, da freguesia de Infias e

Domingos Teixeira do lugar da Boavista e Manuel Fernandes, do Pinheiro, ambos da

freguesia de ?, do termo de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua de São Dâmaso, nas pousadas

do tabelião.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-746 (nova cota), fls. 97v-99.

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Documento CLIII

DATA: 1736. Abr. 6.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação da obra de pedraria de Tagilde”.

LOCAL DA OBRA: Igreja da freguesia de S. Salvador de Tagilde (concelho de

Guimarães).

ARTISTAS: Domingos de Freitas de Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar de

Aguiar, da freguesia de Santa Cristina de Arões “da parte da honra de Sepais”; e João

de Novais, mestre pedreiro, morador no lugar de Crasto, da freguesia de Santo Adrião

de Vizela, também do termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo Estevão Falcão Cota, abade na Igreja e freguesia de

S. Salvador de Tagilde.

OBRA: “por elle dito reverendo Abade Estevão Falcão Cota foi dito que levado elle do

milhor cómodo desta sua igreje que o corpo della suposto que de novo se achava feito a

custa dos freguezes della por algum modo contra a vontade se fes no sitio em que de

prezente se acha com cuja mudança ficando a terra em que sempre esteve (…) e

devação e sogita a outros incómodos e sendo terra benzida pera evitar a todos o

sobredito e a facer a vontade a seus freguezes levado de seu bom zello e intento se

resolveo a soa própria custa mudar a dita igreja ou corpo della feito de novo e situado

no sitio e terrentorio da igreja velha de soa pedraria pera o que mandou por a dita

obra a lanços e conforme a planta e apontamentos pera isso concordaram e se

patentiaraõ ficou no lanço delles ditos mestres Domingos de Freitas de Carvalho e

João de Novais (...) serão elles ditos mestres obrigados a mudar toda a dita igreja ou

corpo dellas que se acha de novo feito e na mesma forma situalo no corpo da igreja

velha porem sapalturas se (…) pellas adentaçois do arco cruzeiro ou cunhais se acham

feitos na capella mor da dita igreja velha (…) de governarem na comrespondencia de

sua largura e o comprimento sera de sesenta e sinco palmos em desvão ea respeito dos

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altares colaterais não serão feitos na forma em que estão feitos na dita obra nova mas

sim feitos de mea laranja na forma que se achão feitos os da freguezia de São João das

Caldas mais a altura e proporção delles sera a gosto delle dito Reverendo Abade a dita

obra sera mudada com seus púlpitos escadas e escada do coro tudo na forma que de

prezente se acha a obra de novo feita e por esta escreptura mudada, com as mesmas

portas e frestas na mesma propoção e lugar abrindo de mais a mais hum portal entre o

pulpito e o altar colateral do lado do Evangelho a coal será da largura e altura e

vontade delle dito Reverendo Abade e de mais a mais no lado que se puzer a pia de

baptismo será o arco de cómodo desta da largura de nove palmos feito pella forma que

se acha feito de prezente na obra nova de sorte que sirva do dito mistério e de

confecionario e na comrespondencia deste se pora o que de prezente se acha pera o

dito effeito pella mesma forma de sorte que sirva de conficionario que possa levar dois

asentos hum em cada lado dentro dos ditos arcos porem não levara patio mas sim soa

soleita e o patio que se acha feito sera com o acresentamento nesesario conforme a

aviada da igreja e a gosto delle dito Reverendo Abade e se pora tambem o mesmo nicho

dos Santos olios e a respeito da escada do coro sera lançada conforme o der o lugar e

da igreja se poram os cachorros que ham de andar as traves do coro tanto de diante

como detras na mesma forma que se acham feitos ou postos na obra nova por esta

escreptura mudada com os mesmos buracos sobre os mesmos cachorros e as duas pias

que se acham de prezente feitas da agoa benta seram postas na obra mudada nos

mesmos lugares porem serão mais abertas o que puder ser pera receber mais agoa

tambem a gosto delle Reverendo Abade e nas portas travessas pello meio da parede

ficaram seus buracos ou desvãos pera levar cada huma sua tranca (...) a respeito das

duas portas travessas e o mesmo campanário dos sinos ficara no mesmo sitio que se

acha ou pella forma que se acha na obra nova mudada pera a obra mudada e a

fronteira da igreja sera toda emtulhada de cal e salão com toda a segurança e toda a

dita obra da mesma cal e toda a mais obra entulhada de barro mais com toda a

segurança e cada altar coletral terá seu degrao boleado com seu brocel feito a

contendo delle dito Reverendo Abade e todas as pedras ou mulduras que com esta

mudança se desquinarem ou cobrarem elles elles mestres seram obrigados a tudo de

novo meter em na escoadria e arte na mesma forma que se acham feitas de sorte que

toda esta obra mudada feita fique com toda a prefeição e primor da arte e tambem elles

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mestres serão obrigados alagar tanto a igreja nova como a velha e arumar as pedras

que forem nesesarias pera correr com a soa obra, e pera elles se aproveitaram da

pedra que lhes parecer em toda a pedra que sobrar da nova e velha ficara no mesmo

sitio donde se acha pera elle Reverendo Abade della dispor o que lhe parecer porem no

tirar das madeiras e telhas e signos sera por conta delle Reverendo Abade e seus

freguezes e tudo sera arumado de sorte que não prejudique a façam da dita obra que

sera feita e mudada pella sobredita forma a custa e risco delles ditos mestres sem elle

dito reverendo Abade concorrer com couza ou ajuda algum material nem artífice algum

e só unicamente com lhe mandar elle dito Reverendo Abade chegar o (…) e barro

nesesario sendo acabado e tirado por conta delles ditos mestres como tambem de lhe

mandar dar os azimbres que forem nesesarios pera os arcos e outra couza não (...) elle

dito Reverendo Abade lhe dará a elles mestres caza pera se recolharem e cozinhar e

terra pera a sua orta que elles mestres mandarão por hum pão pera o guindaste”.

QUANTIA: 140$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “ao comesar da dita obra trinta mil reis e os mais

pagamentos conforme for correndo a dita obra ficando sempre correnta mil reis na

mao delle dito Reverendo Abade pera os dar finda acabada e prefeita a dita obra”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “feita prefeita e acabada por todo o mes de Septembro

primeiro vindouro deste prezente anno (...) e faltando ao sobredito hum dia que seja

perderam elles mestres sincoenta mil reis de penna convencional pera elle dito

Reverendo Abade”.

TESTEMUNHAS: o Reverendo Manuel Pinheiro de Sousa, abade encomendado da

freguesia de São João das Caldas e Manuel Lopes Pinheiro morador na Riconha e o

Padre Manuel de Miranda, ambos da freguesia de Tagilde.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: residência da Igreja de S. Salvador

de Tagilde, termo de Guimarães.

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TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-835 (nova cota), fls. 132v-134.

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Documento CLIV

DATA: 1740. Mai. 25.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de huma obra de carpintaria que fes

Antonio Moreira de Queiroz a Manoel Cardozo Gonçalves testamenteiro defunto João

Salgado Guimarães ”.

LOCAL DA OBRA: Capela de Santo André, arrabalde da vila de Guimarães.

ARTISTAS: António Moreira de Queirós, mestre carpinteiro, morador na rua Travessa

de Guimarães, natural da freguesia de São Salvador de Ruivães (termo de Barcelos).

ENCOMENDADOR: Manuel Cardoso Guimarães, homem de negócio, morador às

Lagens do Toural, testamenteiro de João Salgado Guimarães, da rua da Cruz de Pedra,

arrabalde de Guimarães

OBRA: “por elle dito Manoel Cardozo Guimarães foi dito que no testamento com que

falleçera João Salgado Guimarães da rua da Crus da Pedra arabalde desta villa

deixara setenta e sinco mil reis pera se fazerem humas portas e forrar a capella de

Santo Andre arabalde desta mesma villa cuja esmolla hera pera ajuda da dita obra

dentro de hum anno e não se fazendo revogaria a tal deixa e nesse cazo se daria pera a

redempção dos cappitullos se pode melhor e mais claramente constaria da dita verba

de testamento e querendo elle Manoel Cardozo Guimarães como testamenteiro do dito

defunto dar inteira satisfação ao dito testamento mandara por a pregão (…) a qual

obra ha de ser na forma seguinte em primeiro lugar o corpo da igreja sera forrado todo

de forro de castanho bom e bem lizo de camiza e saya com seus rompantes de taboa de

feitio do da capella mor e milhor se poder ser capas nella do nos claros dos tirantes e

lhe pora coatro cunhas novas bonnas e seguras de csatanho lizas de hum palmo de alto

e hum fureo de largo com as quinas novas e levarião suas escapollas de ferro nas

cabessas das cunhas para major segurança e lhe pora as portas da dita capella novas

lizas de madeira de castanho bem liza e quada portal de duas portas e cada porta de

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duas consoeyras que serão das mesmas cunhas que sahirem da capella por serem mais

secas e cada porta com tres dobradiças bem fortes e seguras e na principal coatro as

qoais serão chumbadas na pedra e de torneis e na porta principal sua tranca segura

com huma argolla que atravese com seu fecho e tambem ficara nella a mesma aldrava

que tem e na porta travesa huma fechadura mourisca que so feche por fora com sua

tranquilha de ferro pella parte de dentro e na porta principal acabara o rasgo da

parede (sic) digo principal fara o rasgo na parede aonde hão de andar as portas e o

qiue esta feito se bota fora e que tambem telhara o telhado emcumeado e embeirado de

argamaço de cal e areia de sinco em sinco carrejras e o mesmo fara na capella mor e a

pinzellara por dentro a capella toda e na capella mor pora huma taboa de forro no

lugar de huma que apodreçeo e toda a telha que faltar a pora sua custa tanto na igreja

como na capella mor e que a telha não poderá ser mais alargada os carreiros do que

forma que aparecem na bolta do tilhado pella parte de fora, e que outro sim ao dipois

de thomada e rematada a obra referida se contratou mais elle Manoel Cardozo

Guimarães com elle António Moreira de Queiroz de que elle fara mais na dita capella

pella parte de fora toda em redondo excepto da parte da Crus da Pedra precintada toda

pellas juntas na forma em que se acha a igreja de Sam Sebatião pella parte de fora

pella quoal obra de novo acrecentada lhe dara seis mil reis que com a coantia atras foi

tudo sincoenta e sinco mil e quinhentos reis”.

QUANTIA: 49$500 réis (arrematação da obra) mais 6$000 réis (após rematação obra).

Total : 55$500 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: Em dois pagamentos: “logo lhe entregou vinte e oito

mil e oitocentos reis em bom dinheiro corrente neste Reyno que elle Antonio Moreira de

Queirós recebeo e levou no seu poder (…) e o mais que faltava pera ajuste da dita

quoanthia que herão vinte e seis mil e setecentos reis lhe dara elle Manoel Cardozo

Guimarães no fim da dita obra”.

PRAZO DE ENTREGA: Até ao fim de Outubro do presente ano e “não a fazendo

dentro do dito tempo tornara a dita quoantia que agora leva e perdera toda a obra que

tiver feito”.

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DIVULGAÇÃO DA OBRA: “mandara por a pregão a dita obra a quem por menos a

fizece na forma de huns apontamentos que pera hisso mandara fazer e entre outros

muitos lanços que na dita obra se derão o ultimo lanço fora o do dito Antonio Moreira

de Guimarães que forão corenta e nove mil e quinhentos reis”.

FIADOR: Brás Ribeiro, serralheiro, morador na rua Nova das Oliveiras, de Guimarães.

TESTEMUNHAS: o capitão Francisco de Meireles morador na rua de Santa Maria,

Francisco Fernandes Tinoco, sombreireiro, morador às Lagens do Toural e Domingos

da Silva, tecelão, morador na rua das Molianas.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Às Lagens do Toural, nas casas da

morada de Manuel Cardoso Guimarães, homem de negócio.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-789, fls. 62-63v.

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Documento CLV

DATA: 1742. Nov. 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Fiança e obrigação da obra de pedraria das cazas da

Rezidencia de Sam Thome da vação que fes Joachim de Souza Pedreiro a Joze

Ferreira".

LOCAL DA OBRA: residência paroquial de São Tomé de Abação (concelho de

Guimarães).

ARTISTA: Joaquim de Sousa, mestre pedreiro, morador no rio de Selho e lugar das

Lagens (S. Miguel de Creixomil-Guimarães) e “seu companheiro” Marçal António,

mestre pedreiro, morador na Rua da Cruz da Pedra (freguesia de Creixomil).

ENCOMENDADOR: José Ferreira de Sampaio morador no Lugar S. Gens de Calvos

(concelho de Lanhozo) “comarca desta villa".

OBRA: José Ferreira de S.Paio arrematou esta obra, mas "por ter outras ocupaçois a

que acodir presizas se avia aystado e contratado" com Marçal António para lhe

trespassar a obra. A casa da residência "por estar amiaçando roinar" tinha de ser feita

de novo. Fará "tres sallas cada huma de vinte palmos (...) tambem a cozinha tera vinte

palmos (...) e o mais de janellas e portas e revocamentos e serventias das sallas", serão

na forma dos ditos apontamentos. Esta empreitada andou a lanços na Casa do Despacho

da cidade de Braga.

QUANTIA: 210$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em pagamentos iguais: um no princípio da obra, outro

no meio e outro no fim.

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PRAZO DE EXECUÇÃO: feita e acabada, nos 6 meses seguintes. Se tiver algum

defeito, será aperfeiçoada por conta do mestre.

FIADOR: Francisco Manuel e Jacinto Francisco moradores na freguesia de S. Miguel

de Creixomil.

TABELIÃO: Brás Lopes.

FONTE: A.M.A.P., N-638, fls.37-38.

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Documento CLVI

DATA: 1747. Set. 24.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação de huma obra que fas Jozé da Sylva Matos

ao Doutor Fernando Antonio da Sylva Vaz desta villa."

LOCAL DA OBRA: casas do doutor Fernando António da Silva Vaz (Guimarães)

ARTISTA: José da Silva Matos, mestre pedreiro, morador na freguesia de Vilar de

Frades (termo da vila de Barcelos).

ENCOMENDADOR: Fernando António da Silva Vaz.

OBRA: Fazer uma obra nas suas casas e quintal, de pedraria sitas em Guimarães. As

janelas hão de ser de peitoril "e toda a escodria de porta e jenellas sera apillarado (...)

as frestas (...) hão de ser apilaradas e da largura das jenellas de sima". O

encomendador tinha de dar o jantar aos pedreiros que lá estivessem a trabalhar.

QUANTIA: Não refere a quantia total. A cal e o saibro são por conta do mestre, assim

como a abertura dos alicerces, também é por conta dele.O encomendador pagará por

cada braça de parede, 2$700 réis e por cada braça de "perpianho", 3$100 reis. Por cada

porta e janela 4$000 réis. Por cada "fresta na forma referida" 2$000 réis.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-806, fls.24v-26.

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Documento CLVII

DATA: 1749. Set. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obra que fes o mestre pedreiro Joze Farto de humas

cazas da rezidencia da Abbadia de Santa Maria do Souto deste termo”.

LOCAL DA OBRA: casas da residência do abade de Souto (Santa Maria) (concelho de

Guimarães).

ARTISTA: Amaro José Farto, mestre pedreiro, natural do reino da Galiza e assistente

na rua de S.Domingos em Guimarães.

ENCOMENDADOR: Domingos da Torre, abade de Santa Maria de Souto

(Guimarães).

OBRA: construção de três casas “continuadas citas no asento da sua rezidencia de que

elle abbade pera as fazer se havia contratado com elle dito mestre pedreiro”. Como

testemunha a nota notarial, a casa da residência do abade é de construção anterior, pois

o mestre reutilizaria elementos dessa antecedente estrutura para a edificação das novas

três casas mencionadas no acordo.

As duas primeiras casas seriam edificadas a partir das portas do pátio da residência do

abade, ao longo da estrada ou caminho do Outeiro de Ramos. A terceira e maior casa

seria “continuada como as primeiras duas pelo que respeita a largura, e pello que

respeita ao cumprimento atrabesará pelo pasal dele reverendo abdade”.

No momento da elaboração do contrato notarial houve a preocupação de referir as

dimensões das três casas a construir, como podemos verificar no quadro seguinte:

DIMENSÕES DAS CASAS A EDIFICAR

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Casas Nº Dimensões Área (m2)

53

Sobrados Palmos54

Metros

1ª casa 1 Alt.=27

Comp.=21

Larg.=21

Alt.=5,4

Comp.=4,2

Larg.=4,2

17,64

coberta=35,28

2ªcasa 1 Alt.=27

Comp.=21

Larg.=21

Alt.=5,4

Comp.=4,2

Larg.=4,2

17,64

coberta=35,28

3ªcasa 1 Alt.=27

Comp.=40

Larg.=17

Alt.=5,4

Comp.=8

Larg.=3,4

27,2

coberta=54,4

TOTAL: 62,48

coberta=124,96

Eram casas contíguas constituídas por um sobrado (rés-do-chão e 1 sobrado), com a

altura total de 27 palmos (5,4 m), regulada pelo cimo da soleira do portal da casa do

meio. Na primeira casa, o mestre comprometia-se a fazer uma escada que permitia o

acesso ao interior do primeiro piso. Quanto à área total destas três casas, os valores

extremos medeiam entre os 35,28 m e os 54,4 m, sendo as duas primeiras casas de

dimensões iguais, embora de superfície inferior à terceira. Relativamente à espessura

das paredes exteriores das casas, é acordado que tivessem 4 palmos (0,8m) no rés-do-

chão, recolhendo meio palmo no piso superior. Devido às suas grandes dimensões, o

interior do piso térreo da terceira casa seria dividido por uma parede que teria de largo 3

palmos (0,6 m). É estipulado que todas as paredes interiores “serão de toda a

quoalidade de pedra pera se poderem cayar”.

Quanto à estrutura da fachada, o documento refere um total de 14 portais, “rasgados de

rebate, os coais serão lavrados como a que tem a estrabaria que esta no patio delle

53 Em segundo lugar colocamos a área coberta, pois nas casas com um sobrado a área coberta é uma vez

superior.

54 De acordo com A.H. de Oliveira Marques, 1 palmo equivale a 0,20 m (“ Pesos e medidas”, in

Dicionário de História de Portugal, dir. por Joel Serrão, vol.5, Porto, Liv.Figueirinhas, 1985, pp.67 - 72

).

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reverendo”.Esses portais que dominavam a fachada sudividiam-se em 9 portas e 5

janelas.Todos estes portais teriam 10 palmos (2 m) de alto de “vivo fora o rasgo”, sendo

o portal da loja da casa do meio de 9 palmos de largo.Os “portais do chão” seriam

quatro, bem como os restantes “portais altos que ficão das trabes pera sima ” colocados

onde o encomendador entendesse.

Além dos referidos portais, na casa de maior dimensões seria aberta uma janela pequena

de rebate que “tera de alto coatro palmos com soleira rasgada” . Em relação, a outras

aberturas é acordado que para a estrada do Outeiro de Ramos, a loja da primeira casa

teria uma fresta de 3 palmos de alto e 4 dedos de largura, enquanto que as restantes lojas

das casas para o mesmo lado tivessem cada uma a sua fresta de “rebate com soleira

raza que levarão sua cruz de ferro alto e baixo”.

QUANTIA: 93$700 réis. O mestre era obrigado a cortar a pedra, lavrá-la e a assentá-la,

embora o seu transporte fosse por conta do abade.O encomendador comprometia-se a

fornecer os aparelhos necessários para a obra55

e “os caldos pella manhãa e a noyte ”ao

mestre e aos seus oficiais. O pedreiro podia retirar à sua custa toda a pedra necessária

para as três casas na residência do abade “athe onde o mestre Antonio de Lemos cobrou

dos portais pera ellas”. Além da reutilização da pedra e de alguns elementos

construtivos da residência paroquial, o mestre podia utilizar a pedra do moinho da rua,

excepto as pedras de moer o pão e uma padieira, que o abade reservava para si.Toda a

pedra e os portais que sobrassem seriam para o abade, bem como as padieiras dos dois

portais que pertenciam à estrebaria e à casa do meio em que vivia. Entretanto, se o

mestre ou os seus oficiais quebrassem alguma da pedra fornecida pelo encomendador,

ficavam obrigados a colocar outra semelhante na empreitada.

FIADOR: Vicente Rodrigues, mestre ferreiro, morador na rua de Santa Luzia, arrabalde

de Guimarães.

55 Durante a obra, o encomendador daria um ferro, uma enxada, quatro tábuas, quatro caibros e dois paus

de 15 palmos e um guindaste “pello que toqua a madeira”, sendo os respectivos “cabo e a cadeia” à custa

do mestre.

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FORMA DE PAGAMENTO: em três prestações, conforme fosse decorrendo a

empreitada.

PRAZO DE EXECUÇÃO: A equipagem trabalharia continuamente na construção das

casas, até acabar a empreitada, cujo prazo expirava no mês de Abril do ano seguinte,

sob pena de perder 4 moedas de ouro.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO:

TESTEMUNHAS: João Barboza, ferrador, morador a Fonte Nova; Manoel Pereira

Pimenta homem de negócio, morador a Rua Nova do Muro; e Jeronimo Leyte Pereira,

mercador, todos de Guimarães.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-885, fls.75-78.

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Documento CLVIII

DATA: 1749.Dez.3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de huma obra que fez o mestre pedreiro

Antonio de Lemos da freguezia de Santa Maria de Souto ao Excelentissimo Conde

Comendador da Comend do mosteiro de Souto”.

LOCAL DA OBRA: casas da residência da freguesia de Salvador de Louredo

(concelho de Póvoa de Lanhoso)

ENCOMENDADOR: Reverendo Manuel José da Silva, cónego prebendado na Insigne

e real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, em nome e como procurador bastante do

Ilustríssimo e Excelentíssimo Conde de Asumar Dom Pedro de Almeida Portugal, do

Conselho de Sua Majestade e mestre de Campo General dos seus Exércitos, e Director

General da Cavalaria do Reino e Comendador da Comenda de São Salvador do

mosteiro de Souto da Ordem de Cristo.

ARTISTA: António de Lemos, mestre pedreiro, morador no lugar das Casas Novas, da

freguesia de Santa Maria de Souto, termo de Guimarães.

OBRA: “por ser necessario fazer se cazas de rezidencia na freguezia do Salvador de

Louredo do concelho de Lanhozo pera o reverendo vigario della por ser pertença da

sua Comenda de Salvador do Mosteiro do Souto e ter obrigação o dito comendador seu

constetuhinte de as mandar fazer puzera a dita obra a lanço na forma de huns

apontamentos que pera hisso se havião feyto a quem por menos a fizesse e o ultimo

lanço que se dera fora o do dito Antonio de Lemos”.

QUANTIA: 157$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: três pagamentos: no início, meio e término da obra.

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FIADOR: Jerónimo Rodrigues, lavrador, morador no lugar da Laje, freguesia de Santa

Maria de Souto.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Nas casas do Priorado, onde vive o

Reverendo Manuel José da Silva, cónego prebendado na Insigne e real Colegiada de

Nossa Senhora da Oliveira

TESTEMUNHAS: Manuel Vieira de Lemos, Meirinho, morador no Campo da Feira,

extramuros da vila de Guimarães e Agostinho Correia, cavaleiro, morador “defronte da

Collegiada de Nossa Senhora da Oliveira”.

TABELIÃO: Domingos Ferreira Mendes.

FONTE: A.M.A.P., N-961 (nova cota), fls.83-86.

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Documento CLIX

DATA: 1751. Ago. 7.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra dos mestres João da Costa e seu

sobrinho ao abbade de Esthurãos e seu irmão Conego”.

LOCAL DA OBRA: casa e quinta da Tojeira (freguesia de Santiago de Faia,

Cabeceiras de Basto)

ARTISTAS: João da Costa e seu sobrinho António Ferreira, ambos mestres pedreiros

da freguesia de Santa Maria de Adaúfe (termo de Braga).

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego António da Costa Pereira, juntamente com o

seu irmão o Reverendo João da Costa Barroso, abade da igreja paroquial de S.Tomé de

Esturãos (concelho de Montelongo).

OBRA: “foi dito que entre ambos concordando e ajustando mandaram fazer humas

cazas bonas na usa caza e quinta da Togeyra da freguezia de Sam Tiago de Faia

conselho de Cabeceiras de Basto”, conforme a planta e apontamentos que mandaram

fazer.

QUANTIA: 1600$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: pagamentos efectuados conforme decorresse a obra,

ficando para o final o pagamento de 400$000 réis.

FIADOR: João Ribeiro, mestre de obras, do lugar da Castanheira, freguesia de S.Tomé

de Travassós, do termo de Guimarães (actual concelho de Fafe).

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PRAZO DE EXECUÇÃO: dois anos a começar da feitura desta escritura, portanto até

ao início do mês de Agosto de 1753.

TESTEMUNHAS: Pascoal Rodrigues Pereira, carpinteiro e Manuel Teixeira, alfaiate,

ambos da rua de S.Miguel do Castelo (Guimarães).

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: O contrato foi assinado, “nas cazas

da morada ” do Reverendo Cónego António da Costa Pereira, na rua de S.Miguel do

Castelo (Guimarães).

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-863, fls.95-96.

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Documento CLX

DATA: 1751.Out.12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obriguação de obra do Mestre Pedreiro Damazo

Ribeiro Mendes de S. Martinho de Sylvarez da fronteyra de humas cazas de António

Machado desta villa".

LOCAL DA OBRA: casas de António Machado, ourives (Guimarães).

ARTISTA: Dâmaso Ribeiro Mendes, mestre pedreiro, morador no lugar de Requeixo,

freguezia de Sam Martinho de Silvares (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: António Machado, ourives, morador na Rua da Fonte Nova.

OBRA: "fazer huma propriedade de cazas na Rua da Fonte Nova (...) a fronteyra de

pedra (...) boa e fina e tudo o mais mencionado na forma de huns apontamentos e

risco". A pedra a usar será "bem lavrada e escodada do monte de Rendufe ou de gonsa".

QUANTIA: 125$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em dinheiro pago em três pagamentos: "trinta e oyto mil

e coatrocentos reis ao fazer desta escritura e o segundo pagamento no meio da obra e o

treseiro no fim della".

PRAZO DE EXECUÇÃO: Acabada para "o dia de Pascoa de Flores primeyra que

bem do ano de mil setecentos e sincoenta e dois".

TESTEMUNHAS: João Francisco Guimarães e seu irmão José Francisco, ambos

mercadores moradores no Terreiro de S.Paio.

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FONTE: A.M.A.P., N-886, fls. 139v-141v.

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Documento CLXI

DATA: 1754. Jun. 08.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigação e contrato de huma obra de pedraria e

carpintaria que faz Antonio Francisco da freguezia de Aroins a Dom Manoel de Souza

da cidade de Lisboa”.

LOCAL DA OBRA: Casa da Residência de Moreira do Castelo, de Celorico de Basto,

anexa da Comenda de São Salvador de Infesta.

ARTISTA: António Francisco, mestre pedreiro, morador no lugar da Portela, da

freguesia de São Romão de Arois, termo da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: O Reverendo Cónego Manuel José da Silva “em nome e como

procurador de Dom Manoel de Souza do Conselho de Sua Majestade Depotado da

Junta dos Tres Estados e Comendador das Comendas de Santa Maria de Belmonte e

Sam Salvador da Infesta como assim o mostrou ser por huma procuração cuja copia

vai ao diante (...). A Procuração firmada em Lisboa está datada de 20 de Abril de 1754

OBRA: “estava ajustado e contratado de lhe fazer a obra de pedraria e carpintaria

que se pretende fazer na Caza da Regidencia de Moreira do Castello de Selorico de

Basto anexa da Comenda de Sam Salvador da Infesta de que elle dito Dom Manoel de

Souza he comendador a qual obra fora mandada fazer em capitullos de vizita e pella

meza da Consciencia (...).

Apontamentos da obra de pedraria: “sera a fronteira feita a fundamentos athe a

porta da despença levara esta fronteira dois portais de cantaria de sinco palmos de

largo e altura que lhe for necessaria e cada hum delles sera metido na forma que fique

conveniente e cada hum delles na sua sala (...) e a dita obra parte debaixo frecha

aruinada da padieira das lojeas pera sima athe hy sera toda descida e feita de novo na

forma em que se acha feita com boa perfeição e segurança que fique capas e bem

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ajuntonada que fique bem segura e nesta parte levara tres janelas de peitoril (...) as

tres janelas serão tambem feitas de cantaria e serão as ditas janelas de altura e largura

que for necessaria e mais na primeira salla se metera outra janela de peitoril de

cantaria como as dita asima e esta ficara pera a parte do nascente e estas duas sallas

serão alevantadas mais dous palmos da altura que se acha por serem muito baixos e o

repartimento do meyo que está na lojea sera feito de novo a fundamentos por se achar

arruinado e huma escada que vai da cozinha pera a despeça sera composta por estar

arruinada de tal forma que fique esta caza e rezidencia reparada de tudo o que for

necessario de paredes na forma que se acha e edificada e de foros sobrados portas e

janellas como se declara nos apontamentos que vão adiante ferrages chaves e tudo o

mais como era a dita caza por assim o resulver o tribunal da meza da Consciencia por

despacho seu e provisão que se pasou pera o dito Comendador (....).

“Vai adiante os apontamentos de carpintaria (...) soleiras terão hum palmo e

meyo de largo e hum furo? de grosso e onde forem emendadas levarão pella parte de

fora hum contraforte que terá ao menos des palmos de comprido da mesma grossura da

soleira e esta sera pregada em cavilhas e duas brasadeiras de ferro (...) levara huma

beirada de cachoros com seu entabalamento e atabicados serão forradas as duas salas

e coarto de camiza saia de bom forro bem lizo e bem lavrado e com suas mulduras

necessarias portas das fronteiras serão tres novas de boa madeira liza e bem seca e

duas das lojeas bem consertadas ginellas coarto novas (...) e mais huma que se acha na

cuzinha (...) solhos serão solhados de bom taboado metido de macho e femea e levara

hum repartimento de tijollo asentados em cal pera dividir as duas sallas e neste

repartimento levará huma porta de huma sala pera a outra e levara mais dous coartos

repartidos de taboado de macho e femea (...) e tudo sera madeira de castanho seco (...)

exceto traves e soleiras declara que as madeiras que na dita obra se achão se

aproveitara o dito mestre dellas e na dita obra gastara que for capas tilhados serão na

forma que se achão e o mestre dara a telha que faltar (...) pella parte de fora sera a

fronteira toda rebocada athe a cuzinha e pella parte de dentro serão as duas sallas e

coartos rebocados (...) por elle dito mestre pedreiro Antonio Francisco foi dito que elle

na forma dos mesmos apontamentos se obrigava a fazer e por a dita obra corrente e

capaz assim de pedraria como de carpintaria madeiras ferragens e telha e tudo o mais

nesessario com a chave na mão na forma dos apontamentos (...)

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QUANTIA: 240$000 réis. Tudo “he por conta do dito mestre”.

FORMA DE PAGAMENTO: “em tres pagamentos a saber noventa mil reis ao fazer

desta que logo recebeo da mão de Domingos Gonçalves Leiras desta villa como

depozitario do suquestro que se fez nos frutos da igreja anexa da dita comenda atras

declarada pera o conserto da caza da rezidencia do parocho della (...) o segundo

coartel sera pago no meio da obra que sera de corenta e oito mil reis e o terseiro

coartel sera de noventa e seis mil reis no fim da obra feita e acabada que sera com a

chave na mão “.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “feita e acabada que sera com a chave na mão de tudo

dentro de seis mezes que principiarão a correr desde quinze deste prezente mes de

Junho”.

VISTORIA DA OBRA: “sera a dita obra depois de acabada vista e examinada pera

ver se esta na forma dos apontamentos della (...)”

FIADORES: Domingos de Oliveira do lugar da Portela, lavrador; e Francisco de

Freitas do Lugar dos Outeirinhos, ambos da freguesia de São Romão de Arões.

TESTEMUNHAS: O Padre José Ferreira da Silva e o Padre António Ribeiro de

Castro, ambos capelães da Real Colegiada.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: “nesta villa de Guimarães na Caza

do Priorado”.

TABELIÃO: João Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-933 (nova cota), fls. 115v-118v.

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Documento CLXII

DATA: 1767. Abr. 5.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigacam de obra dos mestres pedreiros Amaro

Farto e Miguel Pinto desta villa."

LOCAL DA OBRA: casas de Manuel José da Costa, ourives (Guimarães)

ARTISTA: Amaro Farto e Miguel Pinto, mestres pedreiros (ambos de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Manuel José da Costa, ourives, de Guimarães.

OBRA: Manuel José da Costa, ourives de Guimarães, pretendia que lhe reconstruíssem

umas casas que lhe pertenciam, localizadas na rua do Cano, freguesia de S.Pedro de

Azurém. Estas casas que se encontravam “aruynadas e danificadas e carecerem de

redificacam”, foram previamente vistas e examinadas pelos mestres, que elaboraram os

respectivos apontamentos. No final, a obra seria revista por “ dois homens mestres

pedreiros da arte”.

QUANTIA: 115$000 réis, "em dinheiro e nada mais".

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelos próprios artistas.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao fim do mês de Julho de 1767.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no escritório do tabelião sito na rua

de Alcobaça (Guimarães).

TESTEMUNHAS: Manuel Gomes da Silva da rua de Sam Domingos e Faustino

Rodrigues alfaiate da mesma.

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Vol.II

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TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-929, fls. 21-22.

Page 371: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

Vol.II

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Documento CLXIII

DATA: 1768. Dez.18.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Paga e quitação que deo Vicente de Carvalho e seu

irmão Andre de Carvalho mestres pedreiros a Manoel Lopes da Cunha Velho ".

ARTISTA: Vicente Carvalho e seu irmão André Carvalho, mestres pedreiros

moradores na freguesia de Santa Eulália de Fermentões.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São João de Brito (concelho de Guimarães).

ENCOMENDADOR: Manuel Lopes da Cunha Velho, mordomo da vila?, em nome e

como procurador de Gonçalo e Amaral “antiguo almotacé mor do Reyno e

Comenadador da Comenda de Brito”.

OBRA: “por elle Manoel Lopes da Cunha Velho foy dito que em nome do seu

constetuinte que tinha dado a obra da capella mor e samchristia della da igreja de Sam

João de Brito que o dito seu constituinte comenadador de pedraria a elles ditos mestres

pedreiros pella coantia de sento e oitenta e sinco mil novesentos e vinte reis a saber do

primeiro ajuste cento e setenta e sinco mil reis e de hum lagiado da dita capella e

outros acresimos vinte mil e novecentos e vinte reis que tudo foi a quoantia asima

referida dos cento e oitenta e sinco mil novencentos e vinte reis a conta da quoal

deseram elles mestres pedreiros tinham recebido da mam do dito Manoel Lopes da

Cunha Velho a quoantia de sento e vinte sinco mil e seiscentos reis em dinheiro putavel

e corrente neste Reyno e asim o confesaram a mim tabelião e testemunhas de que dou

fee e elle estava devendo de ultimo (…) sesenta mil e trezentos e vinte reis que logo por

elle Manoel Lopes da Cunha Velho foy lançado em sima e ha mam (…) em dinheiro de

contado corrente neste Reyno (…)”.

QUANTIA: 185$920 réis.

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Vol.II

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TESTEMUNHAS: Manuel Cardoso de Macedo de Portugal cavaleiro professo na

Ordem de Cristo “desta villa” e Teodósio José, de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Na rua de Alcobaça, escritório do

tabelião.

TABELIÃO: Domingos Fernandes Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-905, fls.142v-143v.

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Documento CLXIV

DATA: 1771. Mai. 18.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Obrigação a fatura de huma obra que faz Vicente Jozé

de Carvalho a João Antonio Ribeiro Dias”.

LOCAL DA OBRA: levada no rio da Choscas? na freguesia de Santa Maria de Vilela,

termo de Arcos de Valdevez, no sítio da Ponte de Baixo.

ARTISTA: Vicente José de Carvalho, mestre, morador na Calçada da freguesia de

Fermentões.

ENCOMENDADOR: João Ribeiro Dias morador no lugar de Bairro da freguesia de

Fermentões “como procurador e correspondente de seu irmão António Ribeiro Dias da

mesma e este como correspondente de Francisco Barboze aubzente no Brasil e natural

do Terreiro da villa dos Arcos”.

OBRA: “por elle dito João Ribeiro Dias foi dito como correspondente do dito seu

irmão António Ribeiro Dias que o dito Francisco Barboza tem determinado mandado

fazer e com effeito se ajustou com elle dito Vicente Joze de Carvalho de lhe fazer (…)

huma obra de pedraria de huma levada no rio da Choscas? na freguezia de Santa

Maria de Vilella termo de Arcos de Valdevez no sitio da Ponte de Baixo da Ponte de

Vilella (…) se obrigou a fazella segura e tendo alguma denificação por tempo de tres

annos se obriga elle mestre por sua pessoa e bens a dita dameficação contante que não

haja alguma chea muito grande de delubio”.

QUANTIA: 440$000réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: “ha fatura desa cento e setenta mil

reis que logo elle João Ribeiro Dias como correspondente do dito seu irmão lansou (…)

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segundo pagamento será feito no meyo da obra de outros sento e setenta mil reis e o

terceiro pagamento será de cem mil reis no fim da obra”.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua de Couros, extramuros de

Guimarães, no escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: João António Pereira morador na Praça de Santiago e Bento José

do Souto (…) da freguesia de São Miguel de Creixomil.

FONTE: A.M.A.P., N-954 (nova cota), fls. 7v-8.

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Documento CLXV

DATA: 1777. Mar. 2.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Paga que da Vicente Carvalho aos herdeiros de

Antonio Ribeiro Dias ".

LOCAL DA OBRA: : levada no rio da Choscas? na freguesia de Santa Maria de

Vilela, termo de Arcos de Valdevez, no sítio da Ponte de Baixo.

ARTISTA: Vicente José Varvalho, mestre pedreiro, morador na Calçada, freguesia de

Santa Eulália de Fermentões

ENCOMENDADOR: José Ribeiro Dias do lugar do Paço, freguesia de São João de

Ponte “seu nome e como correspondente de seu irmão Domingos Ribeiro Dias dos

Estados do Brasil e João Ribeiro Dias morador no lugar do Bairro e Francisco Ribeiro

Dias do lugar da Pereira ambos da mesma freguezia de Santa Eulalia de Fermentões”.

OBRA: “Jozé Ribeiro Dias do lugar do Passo de Baixo freguezia de São de Ponte seu

nome e como correspondente de seu irmão Domingos Ribeiro Dias dos Estados do

Brasil e João Ribeiro Dias morador no lugar do Bairro e Francisco Ribeiro Dias do

lugar da Pereira ambos da mesma freguezia de Santa Eulalia de Fermentões por elle

dito Vicente Joze de Carvalho foi dito que elles por escritura de dezoito de Mayo do

anno de mil e setecentos setenta e hum lavrada neste oficio pello taballião João Ribeiro

havia tomado da mão de Antonio Ribeiro Dias a fatura de huma obra de pedraria fina

feita na lebada do rio das Chazas? da freguezia de Santa Maria de Vilela termo dos

Arcos pello presso de coatrocentos e corenta mil reis cuja obra fez elle mestre pedreiro

na forma da escritura que se acha feita a perto de seis annos e a conta do presso della

teve lhe o mestre pedreiro recebido da mão do defunto o dito Antonio Ribeiro Dias

coatrocentos e coatro mil reis de que passados suas pagas e que os trinta e seis mil reis

que faltão pera completar ao dito presso logo os sobreditos João Ribeiro e seus irmãos

Francisco Ribeiro e Joze Ribeiro Dias em seu nome e do dito seu irmão auzente como

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herdeiros do dito defunto cada hum foi lanssado em sima de huma meza os ditos trinta

e seis mil reis em que elle Joze Ribeiro em seu nome e de seu irmão auzente lanssou

dezoito mil reis e os outros dous seus irmãos nove cada hum os coaes trinta e seis mil

reis elle mestre pedreiro contou e achou certo e a seu poder levou de que dou fee e que

de toda a dita coantia de coatrocentos e coarenta mil reis dise dava paga raza e plena

quitação “.

QUANTIA: 440$000 réis.

TESTEMUNHAS: João Ribeiro, escrivão “morador nesta rua” e Manuel José Pereira,

inquiridor “desta villa”

FONTE: A.M.A.P., N-1260, fls. 65-66.

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Documento CLXVI

DATA: 1783.Ago.27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra que faz João Manoel de Carvalho

a António Lourenço de Afonseca”.

LOCAL DA OBRA: casas da residência da freguesia de Santa Maria da Torre e a

capela-mor da igreja da mesma freguesia (concelho de Amares)

ENCOMENDADOR: António Lourenço de Fonseca, morador na freguesia de Prado,

em nome e como procurador bastante de Marquês de Nisa D. Rodrigo Xavier.

ARTISTA: João Manuel de Carvalho, mestre canteiro, morador na freguesia de Santa

Eulália de Fermentões (termo Guimarães).

OBRA: Obra das casas da residência da freguesia de Santa Maria da Torre anexa a de

S. João Coucieiro comenda do mesmo Marquês de Nisa, bem como a capela-mor da

igreja da mesma freguesia. Primeiramente faria as casas da residência e só depois a

capela-mor da igreja.

QUANTIA: 540$000 réis (obra da residência). 340$000 réis (obra da capela-mor).

FORMA DE PAGAMENTO: em quatro pagamentos: o primeiro ao efectuar esta

escritura, o segundo e o terceiro enquanto fosse decorrendo a obra e o último depois da

obra feita e revista (obra da residência).

FIADORES: Vicente José de Carvalho da freguesia de Santa Eulália de Fermentões e

Pedro António do concelho de Amares.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Escritório do tabelião sito na vila de

Guimarães.

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TESTEMUNHAS: João Lopes de Abreu morador na freguesia de Santa Eulália de

Fermentões e António Manuel de Azevedo, ourives, morador em Guimarães.

TABELIÃO: José António da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1256 (nova cota), fls.3v-5.

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Documento CLXII

DATA: 1788.Ago. 10.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Escritura de distrate paga e quitação de seu preço do

Reverendo Cabbido com João Pires mestre pedreiro da obra das cazas em que vive o

Reverendo Vigario de Rendufe”.

LOCAL DA OBRA: casas da residência da freguesia de São Romão de Rendufe

(concelho de Felgueiras)

ENCOMENDADOR: Muito Reverendo Francisco Álvares Vellozo, cónego

prebendeiro, na Colegiada de Guimarães e fabriqueiro da igreja de São Romão de

Rendufe.

ARTISTA: João Pires, mestre pedreiro, da freguesia de São Salvador de São Gil, termo

de Balazares, comarca de Valença e “de prezente asistente na freguezia de Sam Thome

de Trabaços termo desta villa”.

OBRA: Obras da casa da residência da freguesia de São Romão de Rendufe “por

escritura feita na nota do Dom Priorado desta villa no livro do anno de mil e

settecentos e oitenta e sinco lavrado por mim escrivão em os dous dias do mes de

Novembro do anno de mil e settecentos e oitenta e sette”.

RESUMO DOCUMENTO: o artista dava plena quitação da quantia de 140$000 réis.

QUANTIA: 140$000 réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Casas da morada do Muito

Reverendo Francisco Álvares Vellozo, cónego prebendeiro, na Colegiada de Guimarães

e fabriqueiro da igreja de São Romão de Rendufe.

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TESTEMUNHAS: Manuel José de Sousa morador na Praça de Nossa Senhora da

Oliveira e Cosme Francisco de Sousa, sapateiro, morador na rua de Donais.

TABELIÃO: António Dias de Paiva.

FONTE: A.M.A.P., C-1003, nota da Colegiada, fls.31-31v.

Page 381: Clientelas e Artistas em Guimarães nos séculos XVII e XVIII · Apenas é referido que o artista de Gondar comprometia-se a abater ou pagar determinada quantia com o intuito de servir

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Documento CLXVIII

DATA: 1790. Jul. 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: ”Obrigaçam de obra de João Manoel de Carvalho da

freguezia de Salvador de Briteiros deste termo digo (sic) da freguezia do Salvador de

Briteiros digo (sic) da freguezia de Salvador de Briteiros digo (sic) obrigaçam de obra

de pedraria de João Manoel de Carvalho da freguezia de Santa Eulalia de Briteiros

digo (sic) de Santa Eulalia de Fermentoens deste termo, ao Doutor Antonio da Costa

Abreu desta villa e João Antunes Guimarães do Salvador de Briteiros deste termo”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de Domin (concelho de Guimarães)

ARTISTA: João Manoel de Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar da Calçada,

freguesia de Santa Eulália de Fermentões (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: João Antunes Guimarães, cavaleiro professo da Ordem de

Cristo, morador na sua Quinta do Assento da Igreja, freguesia do Salvador de Briteiros,

deste termo.

OBRA: O Padre Jerônimo Ferreira do Vale, natural da freguesia de São Salvador de

Donin, deste termo, e assistente nos Estados da América, como testamenteiro de seu

falecido irmão Joze Ferreira do Vale “pretendia que se fizese hum altar, ou capella na

Igreja da dita freguezia de Domin em satisfazendo testamento com que falleseu o

mesmo Joze Ferreira do Vale”. Puseram a obra a lanços. Fazer também um torrião ou

campanário. O campanário “levara huma escada de seis palmos de largo com seu

currimam, e no patio levara parapeito o patio ficará de nível com a suleira da porta

com o coro; a soleira da porta fará hum degrau para o coro; e o cunhal da igreja

servira para o torriam. Fara huma escada que pegara da parte da capella encustada a

(...) da igreja,a reganhar, ou vencer as alturas do pulpito, abrira huma porta para

intrar para o pulpito na parede da igreja. E dentro da capella fara hum degrau com

toda a largura que este ha de servir para o sopedario do altar, e sera toda a capella

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ladrilhada de cantaria, e no vam do arco da dita capella levara outro degrau para

acentar as grades. Toda esta obra sera bem feita com todas as siguranças

nesesarias.Mudara elle mestre pedreiro a fresta que esta por cima do pulpito, e apiara

o pulpito de pedra, como tambem a escada, e a pedra que sahir de toda esta obra, elle

mestre pedreiro se aproveitara della. E fara huma parede de perpianho para ficar

tapada a porta do pulpito; e abrira a porta do coro com oito palmos de alto e quatro de

largo; que a altura da capella sera a purpusam do arco que a volta do forro ou estuque

na sua volta perfeita”.

QUANTIA: Torrião ou campanário: 140$000 réis; capela: 150$000 réis. Total:

290$000 réis. Toda a cal, saibro, madeiras e “estadas” seriam dados pelo encomendador

independentemente dos lanço do mestre.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos iguais: “o primeiro a fatura desta”;

o segundo estando a obra a meio; e o terceiro no final da empreitada.

FIADORES: Domingos Machado, morador no lugar de Sapos, da freguesia de São

João de Penselo (termo de Guimarães), e Vicente José de Carvalho, pai do mestre

pedreiro, morador na freguesia de Fermentões.

TESTEMUNHAS: José António Fernandes do Paço morador na freguesia de Gonça

(termo de Guimarães) e Francisco Portela morador na freguesia de Fermentões.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Terreiro da Misericórdia, nas casas

da morada do doutor João Antunes Guimarães.

TABELIÃO: Luis António de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-1222 (nova cota), fls.41-42v.

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Documento CLXIX

DATA: 1795. Mai. 23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra que faz Miguel Carvalho mestre

pedreiro ao alferes Joze Peixoto e Antonio Joze Francisco de Villa Nova das Infantas”.

LOCAL DE OBRA: igreja de Vila Nova das Infantas (concelho Guimarães)

ARTISTA: Miguel Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar da Torre, da freguesia

de São Romão de Arões, termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: o alferes José Peixoto morador no lugar da Retorta, da freguesia

de Santa Maria de Vila Nova das Infantas; e António José Francisco morador no lugar

de Sebelo, da freguesia de Vila Nova das Infantas.

OBRA: “ pretendem fazer a obra da igreja e torre da dita sua freguezia e para a fatura

della tinhão mandado fazer o seo risco e planta e apontamentos (…) pozerão iditais

publicos pera haver de rematar a quem por menos o fizesse e nella lansou em ultimo

lanso o dito outorgante Miguel Carvalho a coanthia de seiscentos e setenta mil reis e

isto no cazo de se acabar de todo a torre da referida igreja porque sendo a mesma torre

feita athe a altura da mesma igreja antão se lhe satisfarião e pagarião tão somente a

coanthia de coatrocentos e setenta mil reis (…) as paredes da dita igreja terão de

grossura tres palmos e tres coartos do ensoleirado para sima ficando em cada parte

das ditas paredes duas frestas e estas terão de alto oito palmos, e coatro de vão, e

levara seo soco pella parte de fora (…) levara huma porta trabessa de honze palmos de

alto e sinco e meio de largo (…) e a torre sera na forma do risco e elle mestre sera

obrigado a dar a cal pera asentar a esquadria (..) e os carretos serão todos por conta

da freguezia e a pedra a tirarão da estrada sobre o (…) para baixo e o alissersse da

igreja sendo precizo fazersse sera feito a custa da freguesia menos a do acressimo da

igreja e torre, e a igreja cressera pera fora sinco palmos e sera acabada, e a torre não

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havendo dinheiro sera feita emthe a altura da dita igreja, e havendo dinheiro se

acabara logo com toda a sua altura na forma do risco, e toda a pedraria da igreja

ficara para a mesma obra, e tera de comprido a dita igreja de quina a quina pella parte

de fora sessenta e tres palmos, e levara hum amostrador como a da torre de São Paio

desta villa que tera oito palmos de leito a sobre leito em volta redonda e levara hum

caxorro novo pera o pulpito, (…) e os dous altares que estão metidos na parede ficarão

no seo lugar competente, e levara a pia batismal que sera metida em meia parede e

levara seo caixão pera os santos olios , e levara huma pia a porta trabessa pera a agoa

benta que sera grande e bem feita, e toda a pedra que se poder tirar no monte da

Retorta se tirara e os carretos que forem precizos para a obra os fara a freguezia sendo

de dentro de meia legoa athe Guimaraes, e os alisserces que forem precizos e se

ouverem de fazer para a dita obra tanto da igreja como da torre serão fundados (…) o

duro com firmeza capaz de resseber o pezo necessario os quaes terão sete palmos de

largo coadrados (…) e sera a cal por conta delle mestre e toda a dita torre sera

entulhada de cal e saibro a saber coatro sestos de saibro e hum de cal (…)”.

QUANTIA: 670$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “dando lhe logo na fatura desta escritura pera

principio da obra a coanthia de doze mil e oitocentos reis, e o mais dinheiro se hira

satisfazendo a elle dito mestre no fim de cada mes conforme se for vencendo”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a dita obra sera finda e acabada na forma que dito fica

dentro de dous annos des o principio della em diante com a condição de que não a

dando finda no dito tempo se meterem mestres a sua custa delle Miguel Carvalho”.

VISTORIA DA OBRA: “a qual obra depois de finda e acabada sera vista e acabada

por mestres que disso bem entendam para ver se esta na forma do risco e

apontamentos”.

FIADORES: Domingos de Freitas e seu filho Bento de Freitas moradores na freguesia

de São Lourenço de Gulães.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO: rua de Couros, escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: José Ribeiro Guimarães morador “detras de São Paio desta villa” e

Jerónimo Luís Moreira, do lugar do Monte, da freguesia de São Tiago de Lordelo.

TABELIÃO: João Mendes Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-1278 (nova cota), fls.56-58 .

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Documento CLXX

DATA: 1795. Mai. 23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra que faz Miguel Carvalho mestre

pedreiro ao alferes Joze Peixoto e Antonio Joze Francisco de Villa Nova das Infantas”.

LOCAL DE OBRA: igreja de Vila Nova das Infantas (concelho Guimarães)

ARTISTA: Miguel Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar da Torre, da freguesia

de São Romão de Arões, termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: o alferes José Peixoto morador no lugar da Retorta, da freguesia

de Santa Maria de Vila Nova das Infantas; e António José Francisco morador no lugar

de Sebelo, da freguesia de Vila Nova das Infantas.

OBRA: “ pretendem fazer a obra da igreja e torre da dita sua freguezia e para a fatura

della tinhão mandado fazer o seo risco e planta e apontamentos (…) pozerão iditais

publicos pera haver de rematar a quem por menos o fizesse e nella lansou em ultimo

lanso o dito outorgante Miguel Carvalho a coanthia de seiscentos e setenta mil reis e

isto no cazo de se acabar de todo a torre da referida igreja porque sendo a mesma torre

feita athe a altura da mesma igreja antão se lhe satisfarião e pagarião tão somente a

coanthia de coatrocentos e setenta mil reis (…) as paredes da dita igreja terão de

grossura tres palmos e tres coartos do ensoleirado para sima ficando em cada parte

das ditas paredes duas frestas e estas terão de alto oito palmos, e coatro de vão, e

levara seo soco pella parte de fora (…) levara huma porta trabessa de honze palmos de

alto e sinco e meio de largo (…) e a torre sera na forma do risco e elle mestre sera

obrigado a dar a cal pera asentar a esquadria (..) e os carretos serão todos por conta

da freguezia e a pedra a tirarão da estrada sobre o (…) para baixo e o alissersse da

igreja sendo precizo fazersse sera feito a custa da freguesia menos a do acressimo da

igreja e torre, e a igreja cressera pera fora sinco palmos e sera acabada, e a torre não

havendo dinheiro sera feita emthe a altura da dita igreja, e havendo dinheiro se

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acabara logo com toda a sua altura na forma do risco, e toda a pedraria da igreja

ficara para a mesma obra, e tera de comprido a dita igreja de quina a quina pella parte

de fora sessenta e tres palmos, e levara hum amostrador como a da torre de São Paio

desta villa que tera oito palmos de leito a sobre leito em volta redonda e levara hum

caxorro novo pera o pulpito, (…) e os dous altares que estão metidos na parede ficarão

no seo lugar competente, e levara a pia batismal que sera metida em meia parede e

levara seo caixão pera os santos olios , e levara huma pia a porta trabessa pera a agoa

benta que sera grande e bem feita, e toda a pedra que se poder tirar no monte da

Retorta se tirara e os carretos que forem precizos para a obra os fara a freguezia sendo

de dentro de meia legoa athe Guimaraes, e os alisserces que forem precizos e se

ouverem de fazer para a dita obra tanto da igreja como da torre serão fundados (…) o

duro com firmeza capaz de resseber o pezo necessario os quaes terão sete palmos de

largo coadrados (…) e sera a cal por conta delle mestre e toda a dita torre sera

entulhada de cal e saibro a saber coatro sestos de saibro e hum de cal (…)”.

QUANTIA: 670$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “dando lhe logo na fatura desta escritura pera

principio da obra a coanthia de doze mil e oitocentos reis, e o mais dinheiro se hira

satisfazendo a elle dito mestre no fim de cada mes conforme se for vencendo”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a dita obra sera finda e acabada na forma que dito fica

dentro de dous annos des o principio della em diante com a condição de que não a

dando finda no dito tempo se meterem mestres a sua custa delle Miguel Carvalho”.

VISTORIA DA OBRA: “a qual obra depois de finda e acabada sera vista e acabada

por mestres que disso bem entendam para ver se esta na forma do risco e

apontamentos”.

FIADORES: Domingos de Freitas e seu filho Bento de Freitas moradores na freguesia

de São Lourenço de Gulães.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO: rua de Couros, escritório do tabelião.

TESTEMUNHAS: José Ribeiro Guimarães morador “detras de São Paio desta villa” e

Jerónimo Luís Moreira, do lugar do Monte, da freguesia de São Tiago de Lordelo.

ASSINATURA DO ARTISTA:

TABELIÃO: João Mendes Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-1278 (nova cota), fls.56-58 .

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Documento CLXXI

DATA: 1796. Fev. 27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigaçam de obra que faz Bento Antonio Hourinho

mestre pedreiro aos rellegiozos do convento de Sam Vicente de Fora da cidade de

Lisboa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Mateus de Oliveira (actual concelho de Vila Nova

de Famalicão)

ARTISTA: Bento António Hourinho, mestre pedreiro, morador no lugar do Assento da

freguesia de Santiago de Castelões, do termo de Barcelos.

ENCOMENDADOR: “Manoel Carvalho de Matos morador no lugar do Mosteiro da

freguezia de Santa Maria de Oliveira termo da villa de Barsellos em nome e como

procurador bastante do Dom Prior e mais rellegiozos do convento de São Vicente de

Fora da cidade de Lisboa como asim mostrou ser pella procuração ao diante copiada”.

OBRA: “por elle dito Manoel Carvalho foi dito que elle como procurador dos ditos

seus constituintes estava ajustado e contratado com elle dito Bento Antonio Hourinho

deste fazer a obra de pedraria da capella mor da igreja da freguezia de São Matheus de

Oliveira do mesmo termo de Barsselos de que os mesmos seos constethuintes são

senhores pera o que se tinha mandado fazer o seus risco planta e apontamentos (…)

pera haver de ser rematada a quem por menos a fizesse e nella lanssou em ultimo

lansso elle dito Bento Antonio Hourinho a coanthia de duzentos e noventa mil reis (…)

a referida capella mor tera de comprimento, largura, altura e grossura na forma do

risco e planta que se havia feito para a mesma obra e que as paredes sera ajuntourado

de sinco em sinco palmos e os cunhaes portas e frestas sera tudo apilarado na forma da

mesma planta e as frestas da dita capella mor serão feitas asim como as da capella de

Sima de Oliveira (…) e pera a dita obra se lhe dara a elle dito mestre a pedra da

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capella mor velha e o terrreiro da mesma capella mor sera ladrilhado de pedra e no

meio della lhe fara elle mestre huma sepultura de nove palmos de comprido e tres e

meio de largo, e a mesma sepultura sera coberta por sima com tres pedras e os degraos

da mesma capella mor serão de fora a fora e a sanchristia della tera de alto doze

palmos pella parte de dentro e so de huma agoa e os ferros das grades da dita capella

mor e sanchristia e a cal e carretos da pedra sera tudo por conta delle dito mestre

(…)”.

QUANTIA: 290$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: “em tres pagamentos a saber hum logo no principio da

mesma obra e o segundo no meio da mesma e o ultimo derradeiro no fim della”.

VISTORIA DA OBRA: “a qual depois de finda e acabada sera vista e examinada por

mestres que disso entendão pera verem se esta na forma dos apontamentos e risco

como nellas se declara”.

FIADOR: Manuel António Rios morador no lugar de Freiaceiro, da freguesia de Santa

Maria de Guardizela.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO: “na rua de Couros escritorio de mim tabeliam”.

TESTEMUNHAS: Manuel Dias “do dito lugar e freguesia do Mosteiro de Oliveira” e

José Fernandes da Silva, da rua da Tulha (vila de Guimarães).

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

TABELIÃO: João Mendes Ribeiro.

FONTE: A.M.A.P., N-1279 (nova cota), fls.58-59v.

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PEDRARIA E CARPINTARIA

Documento CLXXII

DATA: 1711. 09. 11.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato de huma obra que faz Domingos Lopes da

Cunha como procurador do Conde de Vimiozo com Manoel Rodrigues e Luis da Silva e

João da Silva da freguezia de Sam Clemente de Sande”.

LOCAL DA OBRA: residência paroquial de São Clemente de Sande (concelho de

Guimarães)

ENCOMENDADOR: Domingos Lopes da Cunha na qualidade de procurador de

D.Francisco de Portugal, Conde de Vimioso, administrador das igrejas de São Clemente

de Sande e de S.Martinho de Sande.

ARTISTAS: os mestres carpinteiros Manuel Rodrigues e Luís da Silva residentes na

freguesia de S.Clemente de Sande e o mestre pedreiro João da Silva da freguesia de São

Martinho de Sande.

OBRA: CARPINTARIA: Os dois mestres carpinteiros comprometiam-se a reformar o

forro interior da casa através da utilização de traves, tabuado e barrotes novos.Todos os

repartimentos de taipa seriam refeitos e caiados de novo. O encomendador recomendava

que o soalho levaria oito traves de carvalho e duas de castanho. Também as duas

câmaras da casa seriam forradas e barrotadas.Os carpinteiros obrigavam-se a colocar de

novo três janelas, bem como a janela do aposento onde dormia o reverendo vigário. No

documento é mencionado, que os artistas comprometiam-se a colocar novas portas, nos

seguintes repartimentos: na sala, na cozinha, na adega, no lagar e na loja (neste último

seriam duas portas). Os mestres carpinteiros obrigavam-se ainda a assentar os dois

portais de fora. Os mestres colocariam à sua custa todas as fechaduras, chaves, argolas e

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trincos necessários nas portas.O portal do carro seria refeito tanto de portas como de

alpendre e telhas.Na cobertura do edifício, os mestres assentariam ainda à sua custa

todas as telhas necessárias e caiariam os beirais do telhado.Toda a madeira velha que

sobrasse, ficaria para os dois carpinteiros.Os artistas receberiam por toda esta

empreitada 90$000 réis. O encomendador entregou antecipadamente 19$200 réis, dos

quais os artistas deram plena quitação.

PEDRARIA: Por seu turno, o mestre pedreiro João da Silva obrigava-se a reconstruir o

portão da residência “que esta pera a banda do caminho que vai pera a igreja” todo de

alvenaria, com duas janelas mais altas do que as anteriores. A sua intervenção abrangia

ainda a reconstrução do portal do carro. O encomendador estipulava que o mestre

pedreiro abrisse uma janela na parede da alcova do revendo vigário, virada para o local

onde existia uma oliveira.Na sala, faria duas copeiras de 7 palmos de alto e 6 de

largo.Entre a cozinha e o lagar, faria também duas copeiras.A parede da cozinha ficaria

mais alta dois palmos para “milhor luz”.Igualmente se determinava que o mestre

pedreiro caiasse a cozinha. Toda esta empreitada seria por conta do artista, desde “o

erguer das paredes”, os carretos, a cal e as estadas. Como pagamento, o mestre

receberia 50$000 réis.Desta quantia, recebeu antecipadamente 12$000 réis que deu

plena quitação. Para maior segurança do encomendador, os dois carpinteiros e o

pedreiro apresentavam como seu fiador Gonçalo da Silva, cutileiro, morador na rua de

S.Domingos da vila de Guimarães.No entanto, se o fiador não cumprisse a sua

obrigação contraída neste contrato, Manuel Gonçalves, lavrador, morador no lugar de

Tarrio da freguesia de S.Martinho de Sande, “fiava e abonava a pesoa do dito João da

Silva”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: os carpinteiros e o pedreiro comprometiam-se a dar toda a

obra de carpintaria e de pedraria pronta até ao mês de Janeiro do ano seguinte, sob pena

de perderem cada um 10$000 réis.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na casa do tabelião Manuel

Machado Gomes sita na rua de S.Domingos (arrabalde de Guimarães).

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TESTEMUNHAS: Francisco Gomes, sirgueiro, e Cristovão da Silva, respectivamente

vizinho e familiar do tabelião José de Sousa.

TABELIÃO: José de Sousa

FONTE: A.M.A.P., N-697, fls.153v-154.

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CARPINTARIA

Documento CLXXIII

DATA: 1713. Mar. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato entre Andre de Abreu mercador desta villa e

Andre digo (sic) Gaspar de Passos carpinteiro da mesma ".

LOCAL DA OBRA: Casas de André de Abreu, mercador, na rua das Flores.

ARTISTA: Gaspar de Passos, mestre carpinteiro, morador na rua dos Fornos, da vila de

Guimarães.

ENCOMENDADOR: André de Abreu, mercador, morador na rua das Flores, da vila

de Guimarães. Apresentava por seu fiador pelo pagamento da empreitada, o seu sogro.

OBRA: “as suas casas que (...) na dita rua as tinha mandado fazer de pedraria de que

estavão (...) acabadas e agora pera a obra de carpintaria estava ajustado e contratado

com elle Gaspar de Passos mestre da dita carpintaria de lhe fazer nas ditas casas a

obra de sua arte a coal hia já continuando debaixo de hum borrão tinhão feito o coal

querião declarar por escritura publica pera com mais firmeza se comprir cujo theor e

forma do borrão era o seguinte que elle continuaria com as obras das ditas casas na

forma seguinte que elle Gaspar de Passos lhe fara as traves labradas e forradas e

sobrados plainados por baixo e por sima e os mora? as ditas casas que fiquem bem em

ponto e fora mais os tilhados por sentados e acabados de tudo na forma que se pedirem

e fora mais o outam da parte de Pero Ribeiro acabado de tudo e fora mais dois

repartimentos pello meio de cabo a cabo pella forma que pedir e fora a loge do

contrato na forma da de Maria de Almeida e fora mais o escritório de barrotes

labrados e aplainados e atabicados e albordilhados na forma que se pedir isto se

conthem na casa do escritório e na loge da entrada e do corredor da loge na mesma

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forma asima fara mais a escada na forma que se pedir mais fara vinte e oito portais que

se contem pera a parte da rua coatro nas loges com suas bandeiras por sima que se

conthem serem lizos com suas almofadas por sima como pedirem mais coatro genellas

por sima do sobrado feitas de almofadas todas e bandeiras e postigos na forma que se

uza e pedir mais fora as portas da salas que condigão com as genellas da rua mais

fara a porta do escritorio e tabolleiro na forma que se pedir e fara mais a armasão de

forrar as ditas salas mais pregara todas as ferragens desta dita obra e fara mais duas

(…) fronteiras dellas e na forma das de Manoel de Passos e ambos por sima e os

repartimentos dellas (...) fazia elle dito Gaspar de Passos carpinteiro somente das suas

mãos e todas as fabricas das ditas obras asim de madeiras ferrages cal e tijollo e mais

fabrica da dita obra tudo por conta do dito Andre de Abreu e que somente elle Gaspar

de Passos carpinteiro a fazia de suas mãos tudo bem feito e acabado e capas de se ber

(...)”.

QUANTIA: 115$000 réis “em dinheiro pello trabalho de suas mãos de toda obra

asima declarada com tal condisão que elle Gaspar de Passos carpinteiro lhe daria toda

a obra referida feita e acabada athe o fim do mes de Julho que bem deste prezente

anno”.

FORMA DE PAGAMENTO: “dando lhe elle dito Andre de Abreu os sabados o

dinheiro que elle lhe pedir pera pagamento dos ofisiais de que lhe ira dando pagas do

que reseber”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao mês de Julho do presente ano.

FIADOR: Manuel Gonçalves, mercador, morador em rua de Gatos.

TESTEMUNHAS: António Ferreira Pinto, mercador, vizinho do tabelião, Francisco de

Oliveira, mercador, morador na rua dos Mercadores e José Pinto Ferreira morador na

rua Caldeiroa

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: nas pousadas do tabelião José de

Sousa.

TABELIÃO: José de Sousa.

FONTE: A.M.A.P., N-698 (nova cota), fls.84v-85.

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Documento CLXXIV

DATA: 1721. Mai. 16.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fizerão Domingos Antunes carpinteiro

e Pedro de Crasto pedreiro a obra de pedraria e carpintaria da saochristia da Igreja de

São Vicente de Felgueiras e cazas da rezidencia”.

ENCOMENDADOR: Doutor Provedor.

LOCAL DA OBRA: igreja de São Vicente de Felgueiras e a casa da residência.

ARTISTAS: Domingos Antunes, carpinteiro, morador no lugar da Atalaia e Pedro de

Crasto, pedreiro, morador no lugar do Requeixo, ambos da freguesia de São Tomé de

Travassos, termo de Guimarães.

OBRA: obra de carpintaria e pedraria “bona e capaz”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: fim do mês de Agosto do presente ano. Caso a não

terminem o Doutor Provedor poderia “meter ofeciais de pedreiro e carpintaria pera a

acabar as ditas obras pagos a quinhentos reis cada hum por dia a elles remantantes

sem a hiso poderem por nem alegar duvida alguma”.

FORMA DE ARREMETAÇÃO: “elles havião rematado perante o Doutor Provedor

desta comarca por vertude de huma provizão da meza da conciencia a obra da

samchristia e concerto das cazas da rezidencia da Igreja de São Vicente de Felgueiras

deste mesmo termo na forma dos apontamentos que se achão juntos aos outros autos de

rematação asignado pelo Doutor Provedor a quoal igreja (...) he da comunidade de

Trabasos”.

QUANTIA: 158$000 réis.

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VISTORIA DA OBRA: seria revista por outros oficiais “dous de pedreiro e dois de

carpintaria pera ver se esta bonna e segura e na forma dos apontamentos por onde

havião rematado”.

FIADORES: Tomé de Oliveira, lavrador, morador no lugar de Requeixo, da freguesia

de Travassos e Manuel de Oliveira, lavrador, morador no lugar de Crasto da freguesia

de São Vicente de Paços, ambos do termo de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua de São Dámaso, extramuros de

Guimarães, nas pousadas do tabelião.

TESTEMUNHAS: Reverendo Padre Jacinto de Fonseca Ribeiro, vigário da freguesia

de São Vicente de Felgueiras, do termo de Guimarães e António Pinto, pedreiro,

morador na rua do Cano de Cima e Manuel de Freitas, tecelão, assistente na rua de São

Dámaso.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado

FONTE: A.M.A.P., N-746, fls. 177v-178v.

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Documento CLXXV

DATA: 1730. Jan. 3.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçao a huma obra de carpintaria que fes

Gregorio Lopes carpinteiro desta villa a Antonio Monteiro sapateiro da mesma villa".

ARTISTA: Gregório Lopes, carpinteiro, morador na Rua de S.Dâmaso (Guimarães).

LOCAL DA OBRA: Casa de António Monteiro, sapateiro (Guimarães)

ENCOMENDADOR: António Monteiro, sapateiro, morador na Rua Nova do Muro

(Guimarães).

OBRA: "de carpintaria nas suas cazas em que de prezente vive". (...) e as cazas serao

levantadas de dois sobrados e o primeiro sera barrotado e solhado (...) e levara sacada

de banda a banda (...) cada sacada do segundo sobrado (...) levara coatro portais

rasgados com suas genellas de almofadas e seus pilares e frizos (...) e a primeira salla

de baixo sera toda barrotada e solhada de novo (...) levara no repartimento do meio

dois portais (...) levara na fronteira sua cashorrada danada muito bem forrada e bem

segura e os tapamentos da caza de huma parte e da outra des o principio entre o cabo

serao feitos de tijollo (...) e na loge levara tres traves novas de carvalho e levara em

baixo e em sima suas escadas com seus tapamentos". A madeira velha que não servir

para as ditas casas, ficará para António Monteiro. No final, a obra será revista por

oficiais.

QUANTIA: 105$600 réis. Gregório Lopes recebeu logo 19$200 réis "em moedas de

ouro", seguidos de "dezanove mil e setesentos e trinta reis de madeira que lhe vendeo",

e depois o restante no meio e no fim da obra.

FIADOR: A responsabilidade era suportada pelo próprio artista.

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TESTEMUNHAS: António Carvalho de Oliveira e António Vieira.

TABELIÃO: J erónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-765, fls. 26v-28.

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Documento CLXXVI

DATA: 1730. Jul. 27.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Distrato de escriptura e quitação que deu Gregório

Lopes carpinteiro desta villa a Antonio Monteiro da mesma".

ARTISTA: Gregório Lopes, carpinteiro, morador na Rua de S.Dâmaso.

RESUMO: Como podemos ver, este documento refere-se à paga da obra que Gregório

Lopes se comprometeu a fazer, no documento anterior. António Monteiro "lhe havia

pago (...) em bom dinheiro como eu tabeliam dou feeo confeça lhe elle asim em

prezença das testemunhas desta escriptura e per asim de tudo estava pago e satisfeito

disso lhe dava paga razae plenicima quitaçao de hoje deste dia pera todo o sempre

pera nunca mais lhe tornar ha pedir couza alguma".

TESTEMUNHAS: António Machado de Oliveira e Domingos Antunes, alfaiate,

morador no Campo da Feira.

TABELIÃO: Jerónimo Luís Machado.

FONTE: A.M.A.P., N-752, fls. 57v-59.

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Documento CLXXVII

DATA: 1732. Nov. 17.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Contrato que fes Joseph da Costa e soa molher com

Jeronimo Ribeiro de Brito”.

LOCAL DA OBRA: Casas do tabelião José da Costa, sitas na rua Nova das Oliveiras.

ARTISTA: Jerónimo Ribeiro, carpinteiro, morador no lugar de Ribeiro, da freguesia de

São João de Brito, termo de Guimarães.

ENCOMENDADOR: José da Costa, tabelião e sua mulher .

OBRA: “lhe fazer estas suas cazas de novo pella forma seguinte: Jtem primeiramente

na logea pera o sobrado fara huma escada nova de largura de sinco palmos e meo (…)

tera de largo quoando não possa ser mais a menos sera da largura em que se achao a

da escada velha que agora de prezente esta e fora tapada (…). Item fará estas ditas

cazas de dois sobrados de taboado no comprimento de prezente se acha (…)”.

Faria igualmente portais e janelas a rua e quintal.

QUANTIA: 80$000 réis.

PRAZO DE ENTREGA: Até ao mês de Junho de 1733.

TESTEMUNHAS: Domingos da Silva, da rua Nova das Oliveiras e Francisco de

Crasto, familiar de José da Costa e sua mulher.

ASSINATURA DO ARTISTA: Sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua Nova das Oliveiras, casas do

tabelião José da Costa.

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TABELIÃO: Jão Dias Vieira56

.

FONTE: A.M.A.P., N-828 (nova cota), fls.164-166.

56 Este livro de notas é do tabelião José da Costa.

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Documento CLXXVIII

DATA: 1787. Maio. 15.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra de Pedro Antunes de Araujo desta

villa a Joaquim Ferreira da cidade do Porto.

LOCAL DA OBRA: rua dos Trigães (Guimarães).

ARTISTA: mestre carpinteiro Pedro Antunes de Araújo morador na rua da Madroa,

arrabaldes de Guimarães

ENCOMENDADOR: Joaquim Ferreira de Veras, da cidade do Porto.

OBRA” por elle Joaquim Ferreira de Veras foi dito que elle com licença do

Magistrado desta villa, tinha detreminado mandar fazer huma caza toda de madeira

nesta rua para nella se reprezentarem comedias, na forma de dois riscos, que ficam,

asignados por mim tabeliam, e por elles partes, cuja obra a habia tumado elle Pedro

Antonio de Araujo, a elle Joaquim Ferreira de Veras cuja caza tera, dois andares de

camarotes, e sinco na frente da mesma caza, com tres portas na fronteira, huma para a

servidam da plantea, e duas para a servidam dos camarotes, com os bancos, e cadeiras

que se puder fazer dentro da mesma platea, acumudando se tudo de forma que senão

cortem aos cumprimentos das madeiras, so sim as que forem percizas pera as escadas

tudo na forma dos sobreditos risco e esta (sic) digo riscos que ficam em poder delle

mestre carpinteiro, o qual desde logo continuará com a referida obra com toda a

brevidade posivel para cuja obra elle Joaquim Ferreira de Veras, enquanto a mesma

durar, lhe dara dois oficiais sem que sem que elle mestre pedreiro (sic) digo mestre

carpinteiro lhe dé”.

QUANTIA: 140$000 réis.

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FORMA DE PAGAMENTO: “em dois pagamentos hum no meio da factura da obra,

e o ultimo, no fim do primeiro, mes, o qual terá principio no dia em que se reprezentar

a primeira comedia, cuja caza existira em ser dois mezes e meio, do dia em que se

reprezentar a primeira comedia, findos os quais querendo elle Joaquim Ferreira de

Veras, que se continue na reprezentaçam das cumedias, este de aluguar pagará ao

mestre carpinteiro57

por cada hum mez, cinco muedas de ouro”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “continuará com a referida obra com toda a brevidade

posivel”.

ASSINATURA DO ARTISTA: Sabe assinar.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na estalagem dos Pintos, sita na rua

dos Trigães (vila de Guimarães).

TESTEMUNHAS: Luis Antonio de Menezes, da rua de Santa Maria, e José Francisco

Pereira da Silva Alto, da rua Nova das Oliveiras, ambos da vila de Guimarães.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-1213 (nova cota), fls.185v-186.

57 A palavra “carpinteiro” foi acrescentada.

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ARTE DA TALHA

Documento CLXXIX

DATA: 1690. Mai. 06.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação que fes Goalter de Freitas pintor desta

villa”.

LOCAL DA OBRA: S. João de Castelãos.

ARTISTA: Gualter de Freitas, pintor, morador Atrás São Paio.

ENCOMENDADOR: Jerónimo de Matos Feio, Fidalgo da Casa de Sua Majestada,

Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo, como procurador do administrador da Comenda

de São João de Castelãos.

OBRA: “fizece a obra do retabollo de São João de Castelãos do termo desta villa de

Guimarães”.Trata-se do douramento.

QUANTIA: 52$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao ano de 1691.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: na vila de Guimarães,, arrabalde,

casa e pousadas de Jerónimo de Matos Feio, Fidalgo da Casa de Sua Majestada,

Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo.

ASSINATURA DOR ARTISTA: sabe assinar.

TESTEMUNHAS: Giraldo Bastos, familiar do tabelião.

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TABELIÃO: Nicolau de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-438 (nova cota), fls. 135-136.

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Documento CLXXX

DATA: 1693. Jun. 09.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato do Reverendo João Pereira Pinto abade de

Sam Vicente de Sousa com Pedro Machado pintor”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Vicente de Sousa, concelho de Felgueiras, comarca

de Guimarães.

ARTISTA: Pedro Machado Gomes, pintor, morador no Terreiro da Misericórdia, de

Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo João Pereira Pinto, Abade da Igreja de São Vicente

de Sousa, concelho de Felgueira, comarca de Guimarães.

OBRA: “dourar o retabollo todo dourado e tambem os pillares que estão detras as

collunas e do pillar lizo (...) dourado de ouro subido e burnido (...) o forro ou tecto da

capella mor pintado todos os paineis delle da vida e martirio de Sam Vicente (...)

portas da sacresthia (...) e pera pintar os os passos de Sam Vicente levara elle Pedro

Machado ao pintor Manoel de Freitas desta villa ”. O artista comprometia-se por um

prazo de dez anos a reformar a obra por sua conta se por ventura “repulsar ho ouro“.

QUANTIA: 120$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: 40$000 réis, imediatamente na feitura desta escritura; os

restantes 80$000 réis no fim da empreitada.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “feita e acabada athe quinze dias do mes Setembro do

corrente anno (...) e pera pintar pintar os passos da vida do martirio de Sam Vicente

nos paineis do forro da dita capella levaria desta villa ho pintor Manoel de Freitas

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Padrão os pinte tirando os da vida de Sam Vicente com as figuras que pedir cada passo

(...) e sendo cazo que elle Pedro Machado (...) não dar feita e acabada athe o dito

tempo pudera o dito Reverendo Abade manda lla continuar e acabar por quem lhe

parecer por conta delle Pedro Machado (...).

FIADOR: João Oliveira Leite.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua dos Mercadores, na casa de

João Oliveira Leite, mercador “desta villa”.

ASSINATURA DOR ARTISTA: sabe assinar

TESTEMUNHAS: Amaro Ribeiro, familiar do tabelião e Manuel Oliveira irmão de

João de Oliveira Leite.

TABELIÃO: Jorge Lobato.

FONTE: A.M.A.P., N-412 (nova cota), fls.105-106.

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Documento CLXXXI

DATA: 1693. Out. 23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigassão e reteficassão e escritura que fes Pedro

Machado Gomes pintor ao Abade de São Vicente de Sousa”.

LOCAL DA OBRA: Igreja de São Vicente de Sousa, concelho de Felgueiras, comarca

de Guimarães.

ARTISTA: Pedro Machado Gomes, pintor, morador no Terreiro da Misericórdia, de

Guimarães.

ENCOMENDADOR: João Pereira Pinto, Abade da Igreja de São Vicente de Sousa.

OBRA: “estava contratado com o Reverendo João Pereira Pinto abade da igreja de

São Vicente de Sousa (...,) de lhe fazer a obra da capella mor (...) da la feita e acabada

athe quinze dias do mes de Setembro proximo passado como constaria de huma

escreptura do dito contrato que eu tabaliam fizera em minhas notas em os nove dias do

mes de Junho do corrente anno neste meu livro a folhas cento e sinco (...)”. Dado que a

empreitada “não ficaria feita com segurança (...) na sobredita escreptura de contrato se

obrigou a segurança da dita obra por tempo de dez annos (...) se obrigou a segurança

da dita obra por outros dez annos (...) obriga a refalsar ho ouro ou tiver a obra algum

defeito”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: Até ao mês de Novembro de 1693, sob pena de perder

20$000 réis.

FIADOR: Manuel Machado Gomes e sua mulher Catarina da Silva, moradores no

Barreiro, freguesia de Nespereira, termo de Guimarães.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: rua do Gado, na casa do tabelião.

ASSINATURA DOR ARTISTA: sabe assinar

TESTEMUNHAS: Amaro Ribeiro, familiar do tabelião eFrancisco de Crasto, alfaiate,

vizinho do tabelião.

TABELIÃO: Jorge Lobato.

FONTE: A.M.A.P., N-412 (nova cota), fls.138-139.

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Documento CLXXXII

DATA: 1716. Mar.10.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigasam que fes Pedro Coelho mestre

entalhador da freguezia de Sam Joao de Gondar com o Padre Domingues Ferreira

cura da igreja de Sam Martinho do Campo do termo do Portto como procurador do

Reverendo abbade da dita freguezia”.

LOCAL DA OBRA: igreja de São Martinho do Campo (concelho de Santo Tirso).

ARTISTA: Pedro Coelho, mestre entalhador, morador no lugar do Olival, da freguesia

de São João de Gondar (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: o Padre Pedro Domingues, cura da igreja de S.Martinho do

Campo na qualidade de procurador do Reverendo João Nunes Xavier, abade de

S.Martinho do Campo e secretário do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa58

.

OBRA: O mestre entalhador estava contratado de efectuar a obra do retábulo e tribuna

da igreja de S.Martinho do Campo, segundo o projecto apresentado pelo cliente, como

se pode depreender pelo documento:

“forma de huns apontamentos em que elle Pedro Coelho e ho dito reverendo

procurador estavão asinados e mais na forma de huma planta que lhe derão e tudo

muito bem entalhado e o moderno e feita a dita obra a imitasão da de Santa Rita do

Popollo da cidade de Braga se entendia a talha ”.

Além dos apontamentos e da planta, Pedro Coelho era obrigado a seguir um modelo já

executado da igreja de Santa Rita do Pópulo de Braga. Podemos desta forma verificar a

58 Esta procuração apresentada pelo Padre Pedro Domingues no momento da celebração da escritura,

datada de 30 de Novembro de 1715, foi trasladada pelo tabelião.

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difusão artística que se efectuava entre a cidade de Braga e outras freguesias que

compunham o seu arcebispado.

O artista não interferiu apenas no interior do espaço sagrado do templo, mas igualmente

se responsabilizou a executar “hum caixon pera a sanchristia com suas gabettas e

ferragens estanhadas e com suas almofadas nas gabettas e que este chegaria desde a

porta athe a parede e se obrigava mais a fazer duas tocheiras muito bem feitas com seu

triangulo na forma dos ditos apontamentos asinados que elle Reverendo procurador

tinha em seu poder .”

QUANTIA: 188$000 réis. As madeiras eram por conta do entalhador, que apresentou

por fiador. Por seu turno, o encomendador “obrigava a pessoa e bens do seu

constetuinte e a mesma renda do seu beneficio a lhe dar e pagar ” a dita quantia.

FORMA DE PAGAMENTO: em quatro prestações.

FIADOR: seu genro Miguel Correia, mestre entalhador, morador no lugar da Cabreira

de S.Jorge de Cima de Selho.

PRAZO E EXECUÇÃO: O arcaz da sacristia onde se guardam os paramentos

sacerdotais e os utensílios de culto, teria de estar pronto “ athe dia de pascoa e flor ” do

ano em curso.Se porventura não o concluísse até essa data, perderia 2$000 réis.Toda a

restante empreitada teria de estar acabada e assentada até ao final do mês de Janeiro de

1717, sob pena de perder 20$000 réis.

TESTEMUNHAS: Manuel Coelho de Vasconcelos, cavaleiro profeso da Ordem de

Cristo e seu irmão João Coelho de Vasconcelos moradores em Guimarães e Cristovão

da Silva familiar do tabelião.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: casa do tabelião sita na rua da

Alcobaça (Guimarães).

TABELIÃO: José de Sousa.

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FONTE: A.M.A.P., N-592, fls.140-141v.

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Documento CLXXXIII

DATA. 1731.Mar. 12.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigação de obra que fez Miguel Correa

de Sam Jorge de Sima de Selho ao Reverendo Abade de Sam Faustino”.

LOCAL DA OBRA: igreja paroquial de São Faustino de Vizela

ARTISTA: Miguel Correia, entalhador, morador no lugar da Cabreira, da freguesia de

S. Jorge de Cima de Selho (termo de Guimarães).

ENCOMENDADOR: O Reverendo Abade José de Moura, abade da igreja paroquial

de São Faustino de Vizela.

OBRA: pretendendo fazer “huma obra de trebuna na capella maior (…) mandou

chamar a dita soa igreja elle dito Miguel Correa por entender na façao da dita obra

(...) vendo elle dito mestre o sitio e grandesa da dita capella e onde se avia de assentar

nella a dita obra conforme a soa largura e altura meuda (…) se ajustaram em que

havia de ser feita a dita obra”. Deste modo, a 12 de Março de 1731, através de ajuste

directo, o encomendador estabelece com o mestre a feitura da obra através de contrato

notarial celebrado no escritório do tabelião José da Costa. Este contrato é riquíssimo

quanto a pormenores descritivos da obra de talha a realizar. Apenas citamos, a título de

exemplo, a descrição do trono:

“dentro da trebuna levara hum trono com seus bojos e meas canas tudo muito bem

entalhado com seus dois anjos no fim do trono cujos anjos emtaram com seus castiçais

aremeço de alumiarem muito bem feitos e trapejados com soas portas para acenderem

lume em a dita trebuna e seram as portas bem entalhadas com sua talha olandesa como

tambem por dentro toda a casa da dita trebuna de modo que nella coando for nesecario

se possa expor o santicimo (…)”.

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É também referido que a tribuna levaria dois nichos com suas correspondentes pianhas

para se colocarem imagens de santos.

QUANTIA: 80$000 réis.

PRAZO DE EXECUÇÃO: A obra teria de estar assentada até ao mês de Junho sob

pena de o executante pagar ao reverendo “em dobro”

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no escritório do tabelião José da

Costa, sito na rua Nova das Oliveiras.

TESTEMUNHAS: Domingos da Silva e Carvalho, vizinho do tabelião, João Ferreira,

sapateiro, também vizinho do tabelião e António Pereira do Lago, meirinho da vila de

Guimarães.

TABELIÃO: José da Costa.

FONTE: A.M.A.P., N-825, fls.5-6.

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Documento CLXXXIV

DATA: 1771. Nov. 30.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Paga e quintaçam que deo Boaventura Jose da Silva

mestre pintor da cidade de Braga a Manoel Lopes da Cunha Velho como procurador

do almotace mor do Reyno”.

LOCAL DA OBRA: igreja de S. João de Brito, no termo de Guimarães.

ARTISTAS: Boaventura José da Silva, mestre pintor, residente na cidade de Braga.

ENCOMENDADOR: Manuel Lopes da Cunha como procurador de Lourenço

Gonçalves da Câmara Coutinho, comendador da igreja de S. João de Brito.

RESUMO DO DOCUMENTO: temos notícia de que, o artista nessa data, tinha já

concluído a obra de pintura do retábulo e do tecto da capela-mor da igreja de Brito.

Trata-se do pagamento de 34$800 réis, que deu Manuel Lopes da Cunha como

procurador de Lourenço Gonçalves da Câmara Coutinho, comendador da igreja de S.

João de brito, depois de terminada a obra de pintura realizada por Boaventura José da

Silva.

Contrariamente à maioria dos documentos mencionados neste trabalho, não

encontramos o contrato de obra, mas encontramos sim, o instrumento de paga e

quitação. Esta escritura revela-se de grande importância, pois fornece-nos elementos

seguros de como a empreitada teve efeito e o prazo da sua execução.

TESTEMUNHAS: o Doutor Francisco José Teixeira e o Padre José Pereira.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO:

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

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TABELIÃO: Domingos Ferreira da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-936, fls.2-2v.

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Documento CLXV

DATA: 1778. Nov. 9.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Contrato e obrigação que faz Joze da Cunha mestre

emaginario desta villa com o Reverendo Abbade de Villa Fria (…)“.

LOCAL DA OBRA: Igreja de Santa Maria de Vila Fria (concelho de Felgueiras).

ARTISTA: José António, mestre imaginário, desta vila.

ENCOMENDADOR: Custódio Leite de Faria e Sousa morador na sua quinta das

Portas?, freguesia de Santa Maria de Vila Fria, como procurador do Reverendo Abade

Francisco da Cunha Sampaio, da mesma freguesia.

OBRA: Altar de Nossa Senhora do Rosário da igreja de Vila Fria.O artista

comprometia-se ainda a fazer “hum caixilho a seu custo para incaixar a vidraria do

nicho da Senhora”.

QUANTIA: 70$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em três pagamentos: início, meio e fim.

FIADOR: Vicente José de Carvalho, mestre pedreiro, morador no lugar da Conceição,

arrabalde de Guimarães.

TESTEMUNHAS: Manuel Leite de Faria e Custódio Ferreira, espingardeiro, da rua

Nova das Oliveiras.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua Nova das Oliveiras, na casa de

Manuel Leite de Faria, advogado nos auditórios de Guimarães.

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TABELIÃO: Bento de Sousa Guimarães.

FONTE: A.M.A.P., N-998 (nova cota), fls. 58-60.

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Documento CLXVI

DATA: 1780. Jan. 10.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra de Joze da Cunha ao Abbade

Domingos da Costa Lima”.

LOCAL DA OBRA: igreja de São Tomé de Esturões (concelho de Fafe).

ARTISTA: José da Cunha, mestre entalhador, da vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo Cónego Francisco Alves Veloso como procurador do

Reverendo Abade Domingos da Costa Lima, da freguesia de São Tomé de Esturãos,

termo de Montelongo.

OBRA: tribuna e retábulo da capela-mor da igreja de São Tomé de Esturãos “conforme

risco que lhes tem dado; o qual se acha asinado por elles ambos e por mim tabeliam

QUANTIA: 103$200 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: três pagamentos: “o primeiro logo na fatura deste de

trinta e tres mil e seiscentos reis e o segundo pella Pascua vindoura e o terceiro

compeleta a obra de asentar que he no mes dito asima; com a condição que não dando

a obra no dito tempo e mes de Junho, deste dito anno perderá o ultimo pagamento”.

FIADOR: Vicente José de Carvalho morador no lugar da Calçada, freguesia de Santa

Eulália de Fermentões

PRAZO DE EXECUÇÃO: “acabado de asentar athe o dia quinze do mes de Junho

deste prezente anno, pouco mais ou menos”.

TESTEMUNHAS: Domingos Vale e Manuel António da freguesia de Esturões.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: Rua do Gado, na casa da morada do

Reverendo Cónego Francisco Alves Veloso (Guimarães).

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1253 (nova cota), fls. 123-124.

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Documento CLXXXVII

DATA: 1788. Mar. 22.

SUMARIO TABELIÓNICO: “Obrigação de obra que faz Luis de Souza a Sebastiam

Correia de Sá”.

LOCAL DA OBRA: Igreja do Convento de Nossa Senhora da Madre de Deus

(Guimarães).

ARTISTA: Luís de Sousa, mestre entalhador, do lugar da Ponte Velha, termo do Porto.

ENCOMENDADOR: João Batista Pereira, procurador de Sebastião Carvalho de Sá,

da vila de Guimarães.

OBRA: “lhe fazer huma tribuna e retabullo para a capella mayor da igreja de Nossa

Senhora da Madre de Deos do convento das Capuchas desta villa conforme o risco que

lhes for dado o coal elle mesmo tem (…) a qual tribuna fara de madeira de castanho

sem podridam ou carnas e segura (…) asentada na mesma igreja tudo a sua custa tudo

pello preço e quanthia de cento setenta mil reis (…) a tribuna levara no remate os

ornatos de Sam Francisco e no lugar da urna (…) será de frontal com sua talha e

franja (…) e lhes porá duas pianhas dentro do camarim pera por Sam Francisco e

Santa Clara (…) e a servidam sera pella serventia da mesma igreja

QUANTIA: 170$000 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em dois pagamentos: “o primeiro tendo a obra em meyo

e o ultimo asentada e posta a dita tribuna no lugar”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: até ao fim de Outubro de 1788.

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TESTEMUNHAS: Cosme de Oliveira Ferreira, boticário, da vila de Guimarães, e

António Manuell de Azevedo Vargas , da vila de Guimarães.

LOCAL DE CELEBRAÇÃO CONTRATO: no escritório do tabelião.

TABELIÃO: José António Hipólito da Rocha.

FONTE: A.M.A.P., N-1257(nova cota), fls. 155v-156.

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Documento CLXXXVIII

DATA: 1796. Ago. 23.

SUMÁRIO TABELIÓNICO: "Obrigaçam de pintura que deo Paulo Jose Peixoto e

Antonio Jose da Costa desta villa do Reverendo (sic) digo de pintura de Antonio Jose

Peixoto (sic) digo de pintura de Antonio Jose da Costa ao Reverendo Francisco Jose

Ribeiro vigário da freguezia de Sam Jorge de Sima de Selho deste termo".

LOCAL DA OBRA: igreja de São Jorge de Cima de Selho (concelho de Guimarães).

ARTISTA: António José da Costa, mestre pintor, morador na rua de Santa Maria, da

vila de Guimarães.

ENCOMENDADOR: Reverendo Francisco José Ribeiro, vigário da freguesia de São

Jorge de Cima de Selho, do termo de Guimarães.

OBRA: “por elle Reverendo (…) foi dito que elle tinha posto a lanços a obra da

pintura do corpo da sua igreja e hum altar colateral e com efeito o ultimo tinha, e mais

diminuito lanço que ouvera fora o do predito Antonio Joze da Costa a quanthia de

oitenta e seis mil e quatrocentos reis pello qual preso lhe havia dado a dita obra (…)

será feita na forma seguinte: será o arco cruzeiro pintado a oleo a saber duas maus

(…) fingido de almofada de pedras embutidas e os filetes dos capiteis do mesmo arco

dourados (…) segundo lugar será o teto todo pintado a óleo com quatro maus a saber

duas de grosso e duas de fino e no meio lhe pora huma targa, a purpurçam do corpo da

igreja, e no meio della levara a pintura de hum Sam Jorge a cavalo e por sima das

cornigas se lhe fara hum peitoril de jardim com seus pilares de tempos em os quatro

pilares as quatro virtudes cardeais e nos mais pilares que se seguirem no meio se lhe

poram por sima seus vazos de flores (…) e nos caixilhos dos ditos seram feitos de

continhas e a meio se lhe poram o martirio do Senhor e a curniga fingida de pedras, e

isto tudo feito com tintas finas e todas a perfeição. Seram as grades do coro fingidas de

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madeira, e todo o teto do coro pintado todo a oleo (…). O anteparo tambem pintado, e

fingido de madeira e a meio do dito anteparo se lhes pora a figura da Fe. Seram as pias

baptismal e da agoa benta pintada a oleo fingido de pedra e o nixo dos Santos Oleos da

mesma sorte. Serão as portas do corpo da igreja por detras todas pintadas a oleo

fingido de madeira e grade do corpo da igreja e os confecionarios todos e oito bancos.

Toda a pedraria que vem a ser por tras as portas, e friestas (…) das ditas portas e

frestas pintadas e a oleo (…) e a escada do coro (…) e a pedra do púlpito tambem

pintada e fingida de pedras. Tambem se fara hum faxiado ao redor de toda a igreja a

oleo de altura de huma vara com ornatozinho por sima (…). Será a escada do sino

pintada com duas maus (…). Será o altar do Senhor (…) quatro maus de gesso grosso e

quatro de mate e se lhe levara ao depois de aparelhado (…) e o nixo do Senhor (…) e

dentro a imagem (…) e os dous santos estofados de novo que sam a Santa Quiteria e

Nossa Senhora da Conceiçam e encarnadas (…). Será o caixam que está no coro

tambem pintado a oleo e fingido de madeira e o Sam Jorge que se acha no coro (…). E

serão as quatro lanternas oleadas e os seus pes de sera. E será o altar do Rozario

depois de bem limpo e espanado axaruado? e a imagem da Senhora estofada (…) ”.

QUANTIA: 86$400 réis.

FORMA DE PAGAMENTO: em dois pagamentos iguais, a saber: “o primeiro no

principio da obra e o ultimo depois de completa e revista sem que elle Reverendo

Vigario nada ha de satisfazer do ultimo pagamento”.

PRAZO DE EXECUÇÃO: “a qual obra elle mestre pintor dará feita dentro em tres

mezes contados do dia de hoje, e sera tudo bem feito e executado pello milhor modo”.

TESTEMUNHAS: José Mendes do lugar de Brandiam, freguesia de Gondar, e Luís

António Alves, da freguesia de São Clemente de Sande.

ASSINATURA DO ARTISTA: sabe assinar.

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LOCAL DE CELEBRAÇÃO DO CONTRATO: no Campo da Feira, escritório do

tabelião.

TABELIÃO: Luís António de Abreu.

FONTE: A.M.A.P., N-1237 (nova cota), fls. 102-103v.

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Diversos

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Documento CLXXXIX

1734, Abril, 29 – Porto.

Contrato de sociedade entre mestres pedreiros da diocese do Porto.

A.D.P.= Arquivo Distrital do Porto, nota do tabelião António Mendes de Matos,

PO-9º, 3ª série, nº34, fls.12v-13v.

“Sociedade entre João Moreira Bousa pedreiro da freguezia de Moreira e Antonio

Pereira e outros, aos 29 de Abril de 1734.

Distratado aos 4 de Majo de 173759

.

Em nome de Deos Amem.Sajbão quantos este publico instromento de contrato e

sociedade virem que no ano do nacimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil e

setesentos e trinta e coatro annos aos vinte e nove de Abril do dito anno nesta cidade do

Porto, pousadas de mim tabeliam, apareseram João Moreira // (fl.13) Moreira Bousa

mestre pedreiro da aldea de Real freguezia de São Salvador de Moreira, e Antonio

Pereira e Caetano de Sousa Teixeira e Francisco Ferreira da freguezia de Santo

Ildefonso e Simão Lopes da rua do Bomjardim, e Domingos da Costa, da aldea de São

Gemil, freguezia de Villar de Pinheiro, e Baltazar Francisco da mesma Aldea de

Sestello, e Niculão Moreira da freguezia de Villa Nova da Telha, e Manoel Moreira

Bousa da aldea do Carvalhido, da dita freguezia de Moreira, conhecidos das

testemunhas, estas de mim tabeliam pelos mesmos presentes os coais por todos junto e

cada hum per sy foi dito que os ditos João Moreira e Antonio Pereira, e Domingos da

Costa, e Joseph Moreira Tomar (sic) digo Moreira da Crux da villa de Guimarães

tomaram a obra da igreja e coro das rellegiozas do convento de Santa Roza da villa de

Guimarães, tocante a pedraria, e entre sy ajustaram que os ditos Caetanos de Souza

Teixeira, e Francisco Ferreira, e Simão Lopes, e Baltazar Francisco e Niculão Moreira,

e Manuel Moreira Bousa, seriam todos socios, e companheiros a dita obra, e a todas as

mais que de hoje em diante se tomassem asim na dita villa de Guimarães como nesta

59 Posteriormente acrescentado, no mesmo tipo de letra.

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cidade, e em coalquer parte que asim fazem, concorrendo cada hum de per sy com o que

for necesario, e asim faziam esta sociedade, de sorte que havendo perda, cada hum dehe

a caza e fazenda satisfazella, e havendo ganho, que assistirem igualmente, e aquelles

delles mestres que asistir nas ditas obras, sera obrigado de dar conta quando se lhe

pedir, e sendo que em preço algum dinheiro pera as tais obras, e que elles mestres não

posam logo concorrer, e pedindo a juros, cada hum satisfasa, o que lhe tocar e que o dito

Joseph Moreira da Crux só hé socio na obra arematada das ditas relligiozas, e assim

cada hum com a gente que tem concorerão pera as referidas obras, e não poderão tomar

obras, (sic) digo obras, e todas as coaisquer obras que tomar se darão parte huns a

outros, e o prejuizo que ouver conta de todos, e o lucro repartirão quando se lhe pedir

contas, dando os por seus lucros e roes? e não poderão por duvida quando se lhe quizer

tomar as tais contas, e asim de parte a parte fazem esta sociedade, a coal durara

enquanto durasem as obras das ditas rellegiozas, da villa de Guimarães, ao que cada

hum obriga sua pesoa, e bens, e asim outorgaram e aseitaram de parte a parte de tudo

(...) e traslados necessarios, como pesoa publica estipullante, e aseitante, estipulei e

aseitei delles mestres (...) rezão de meu officio e aqui asinaram depois de lida com as

testemunhas prezentes, Domingos da Silva pedreiro, da freguezia de Moreira da dita //

(fl.13v) da dita aldea de Carvalhido, e Manoel Ferreira da dita Aldea e freguezia, e eu

Antonio Mendes de Matos tabeliam o escrevi.

(Assinado:) JOÃO MOREIRA BOUSA

(Assinado de cruz:) de ANTONIO + PEREIRA

(Assinado:) CAETANO DE SOUZA TEIXEIRA

(Assinado de cruz:) de SIMÃO + LOPES

(Assinado:) NICULÃO MOREIRA

(Assinado:) BALTAZAR FRANCISCO

(Assinado:) DOMINGOS DA COSTA

(Assinado de cruz:) de FRANCISCO + FERREIRA

(Assinado de cruz:) de MANOEL + MOREIRA BOUÇA

(Assinado:) MANOEL FERREIRA

(Assinado:) DOMINGOS DA SILVA ”

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Documento CXC

1737, Maio, 4 – Porto.

Distrato de sociedade entre vários mestres pedreiros da diocese do Porto.

A.D.P., nota do tabelião António Mendes de Matos, PO-9º, 3ªsérie, nº36-D, livro

nº46, fls.116v-117.

“Saybam todos quantos este publico, instromento de distrato de escritura virem que

no anno do nacimento de Nosso Senhor Jezus Cristo de mil e setesentos e trinta e sete,

aos coatro de Mayo do dito anno, nesta cidade do Porto, pousadas de mim tabeliam,

apareceram João Moreira Bousa, mestre pedreiro da aldea de Real, freguezia de São

Salvador de Moreira, e Antonio Pereira, e Caetano de Souza Teixeira, e Francisco

Ferreira, da freguezia de Santo Ildefonso, e Simão Lopes da rua do Bomjardim, e

Domingos da Costa da aldea de São Gomil (sic), freguezia de Villar de Pinheiro, e

Baltazar Francisco da mesma aldea (sic), digo da mesma freguezia aldea de Sestello, e

Niculão Moreira, da freguezia de Villa Nova da Telha, e Manoel Moreira Bousa da

aldea de Cravalhido da dita freguezia de Moreira, conhecidos das testemunhas e estas de

mim tabeliam, pelos mesmos, prezentes os coais por elles partes juntos, e cada hum de

per sy insolidum foi dito, que em minhas notas a vinte e nove de Abril, de mil e

setesentos e trinta e coatro fizeram entre sy huma sociedade, e contrato, o coal por esta

ajustam cou // (fl.117) couzas, queriam distratar, como distratam per este instromento,

como se feita não fora, e que as obras que estão tomadas por escritura, como he a das

rellegiozas de Santa Roza da villa de Guimarães e na dita villa, hum pouco de propianno

nas cazas do concelho, e da igreja de Santo Ildefonso, a das cazas de João Pereira

Ribeiro Caximbo na viela do Correio mor, a do Licenciado Bartolomeu Moreira do

Couto, nas ortas a de Jose da Costa Ferreira de Roriz e a de humas cazas de Antonio

Moreira aos ferradores que estão na freguezia de Nugueira nestas obras todos ficam

elles mestres socios na perda e no ganho, e a dar contas da perda ou ganho que ouver, e

findas (sic) digo ouver, e quando se pedir contas coalquer dos companheiros se lha dara,

mas de hoje e em diante coalquer dos ditos mestres podera tomar as obras que lhe

parecer sem haver sociedade como havia pella dita escritura, e que assim o cumprir

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obriga cada hum soa pesoa e bens, asim o outorgaram e (...) razão de meu officio e aqui

asinaram depois de lido com as testemunhas prezentes Manoel Ferreira da Costa

asistente de mim tabeliam, e Manoel Vasques da aldea (sic) digo Vasques morador

defronte do convento do Carmo desta cidade e Antonio de Souza pedreiro, morador de

fora da porta do Carmo extramuros desta cidade, e eu tabeliam Antonio Mendes de

Matos o escrevi.

(Assinado:) JOÃO MOREIRA BOUSA

(Assinado:) CAETANO DE SOUZA TEIXEIRA

(Assinado:) DOMINGOS DA COSTA

(Assinado de cruz:) de ANTONIO + PEREIRA

(Assinado:) NICULÃO MOREIRA

(Assinado de cruz:) de SIMÃO + LOPES

(Assinado de cruz:) de FRANCISCO + FERREIRA

(Assinado:) BALTAZAR FRANCISCO

(Assinado de cruz:) de MANOEL + MOREIRA BOUSA

(Assinado:) MANOEL FERREIRA DA COSTA

(Assinado de cruz:) de MANOEL + VASQUEZ

(Assinado de cruz:) de ANTONIO + DE SOUZA”