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Linguagem da Banda Desenhada Corpos O corpo é uma pedra vital para a identidade da banda desenhada. Quase todos os desenhos terão uma espécie de personagem ou corpo, quer seja um humano cómico, estranho, caricaturado, quer seja um animal antropomórfico. 1

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Linguagem da Banda Desenhada

Corpos

O corpo é uma pedra vital para a identidade da banda desenhada. Quase todos os desenhos terão uma espécie de personagem ou corpo, quer seja um humano cómico, estranho, caricaturado, quer seja um animal antropomórfico.

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Rostos

Há uma quantidade imensa de formas e tamanhos diferentes de rostos e todos ostentam traços distintos.

“ Les Aventures de Paulette”, Wolinski

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Mãos e pés

As mãos e os pés podem ser tão expressivos como o rosto ou o corpo, com uma variedade de gestos que complementam as expressões faciais, tais como o punho cerrado, manifestando raiva, ou as mãos juntas com os dedos entrelaçados, representando súplica.

Mostra, dádiva

Mãos a cobrir o rosto sugerindo aflição, desespero (Gabriela Jones, a história de uma modelo)

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Distorções metonímicas

O corpo e o rosto humanos, na sua forma natural, podem ser adaptados, quando se desenha, para se criarem personagens mais interessantes ou divertidas. Este processo, conhecido como “distorção metonímica”, pega em certos aspectos da figura-padrão ou modular, e torce-os, aumenta-os ou redu-los.

Quarteto Fantástico, da Marvel Comics

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Expressividade do rosto

O rosto é a característica humana mais expressiva e mais importante que o artista tem de desenhar. Tudo, desde a raiva, a felicidade e o medo à confusão, à mágoa e à doença, pode ser expresso em poucos traços simples num rosto.

Sossego, serenidade

Marotice, diabrura

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Dragon Ball

Expressividade do corpo

Tal como o rosto, o corpo pode exprimir uma grande variedade de humores e emoções, e os dois juntos podem criar uma personagem poderosa. Diz-se, muitas vezes, que se pode dizer muito sem abrir a boca, simplesmente através da linguagem corporal. Também na BD se pode alterar ou fixar certo sentido, usando a comunicação não falada. Há dois tipos principais de linguagem corporal: (1) a postura (involuntária) e o gesto (intencional).

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Sugestão de força, confiança

Sensualidade

Alegria

Vestimenta

É uma área importante a ser explorada. Corrobora um sentido e a identidade da personagem.

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Capa da revista Can Can, nº 21

Tipos Sociais

Consiste em definir as personalidades e antecedentes, através da roupa, penteado e aparência geral de cada personagem e adaptando cada uma ao seu próprio papel social. Há uma variedade infinita de pessoas na sociedade, que importa codificar.

(1) Herói

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(2) Quem manda em casa?

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(3) Os compadres

(4) Alheamento do mundo; (5) Patrão e empregado

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(6) Confrontos polícia-bandidos

Prancha da 14.ª BD da série “Subversivos”, com roteiro de André Diniz e arte de Marco Paz, publicada na revista Wizmania.

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Animais

São sempre um elemento importante, quer como protagonistas (Bugs Bunny, Pato Donald, Tio Patinhas, Minnie, Daisy, Peninha…), quer como personagem secundária (Milu com o Tintin, Pluto com o Mickey, Mingau com a Magali…).

Cão

Snoopy (Schulz, 1950) sentado no telhado da sua casota

Ideiafix, o cão do Obélix (Albert Uderzo e René Goscinny, 1959)

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Dartacão, o amor de Julieta

Pluto (Disney, 1930), o cão do Mickey, que o acompanha sempre nas suas aventuras

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Scooby-Doo (Hanna-Barbera, 1969)

Monicão (Maurício de Sousa), cão que é a cara da dona

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Fungagá da Bicharada, nº9, 1976 – 15

A versão em banda desenhada do Pernalonga, da Warner Brothers. Distribuído pela Agência Dias da Silva.

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De Ruy Jobim Jobim Neto. Na BD de duas páginas, aparece Jarbas, uma personagem do autor, contracenando com Santos Dumont. O pai da aviação conta ao cãozinho que queria provar que os balões podiam ser dirigíveis.

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Efeitos Especiais

Um dos aspectos mais ricos da BD é tornar visível o que está invisível. Os desenhadores dispõem de todo um manancial para indicar emoções e estados de espírito e físicos diferentes, constituindo uma vantagem adicional. Entre estas técnicas, destacam-se os efeitos especiais.

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Sombra

Usar iluminação nos desenhos é sempre eficaz se se procurar mostrar tensão ou criar um ambiente. Muitos desenhadores usam luz e sombra para intensificar a experiência da leitura e, dependendo do uso que se faz da iluminação, este pode evocar muitas sensações no leitor.

A vinheta reproduzida pertence à BD clássica inglesa The Golden Eagle, intitulada em português O Voo da Águia. Esta série de grande beleza foi lançada na revista inglesa Golden (nº 1, de 8 Jan. 1938), e apareceu em Portugal nas páginas da revista infanto-juvenil O Mosquito (nº 205, de 14 Dez. 1939), dando a conhecer o ilustrador inglês Reg Perrott.

Movimento

A verdadeira arte de um desenhador de BD consiste em ser capaz de fazer com que uma imagem estática pareça “mexer-se”. Muitos artistas, desde Marcel Duchamp e os futuristas até aos desenhadores dos nossos dias, consideram um autêntico desafio.

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Fungagá da Bicharada, nº 9, 1976 – 12

Análise de BD

(1) Tintin

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Tintin é uma personagem criada pelo desenhador belga Hergé, a 10 de Janeiro de 1929. O nome surge em homenagem ao álbum de Benjamin Rabier, escrito em colaboração com Fred Isly, designado “Tintin Lutin” (1897). Assim, são explicáveis as parecenças entre Tintin e Onésime, a personagem do álbum referido.

Tipo social: Tintin é um jovem repórter, dotado de inteligência e de um espírito curioso e aventureiro. Envolve-se em aventuras – casos de investigação criminosa ou conspirações políticas – com o seu amigo Milu, um fox terrier, evidenciando a sua personalidade sadia, esperteza e perspicácia. Não abandona as suas aventuras, sem antes lhes delegar uma marca moral, uma lição de vida.

A personagem de Tintin reflecte a evolução da visão do mundo do seu criador e, de um modo geral, da sociedade ocidental: evidência de uma leve inclinação colonialista e eurocêntrica nas suas primeiras histórias para a posse de uma força de luta pela independência das antigas colónias.

Corpo e rosto: Rapaz de pele clara e olhos castanhos, com um característico topete.

Vestimenta: Vestia, em quase todas as histórias, um pullover de lã em cor azul e uma gabardine em cor bege. Contudo, consoante a parte do mundo em que se encontra, pode usar algum apetrecho ou peça de roupa típico desse local.

Elenco:

O cão Milu, seu fiel amigo, de pêlo branco. De entre os aliados, o Capitão Haddock, o arquétipo do marinheiro bêbedo, com bom coração. O Professor Girassol, o arquétipo do génio cientista/inventor das histórias de ficção, como o Professor Pardal, das histórias da Disney.

O Doutor J.W. Müller é um médico, cuja posição e qualificações camuflam actividades corruptas.

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Os Dupondt, embora sendo parecidos, não são gémeos, ostentando como diferença o bigode: o bigode de Dupont gira e o de Dupond é direito. São membros da segurança, mais tarde da polícia judicial, e encetam investigações com um desfecho genericamente feliz. Não são sábios, mas são discretos e extremamente desorganizados, reflectindo-se inclusive na linguagem.

Bianca Castafiore é uma diva da ópera, aplaudida em todo o mundo, menos pela maior parte das personagens da série, pois causa confusão. O Professor Girassol é um seu apaixonado.

Oliveira da Figueira é um comerciante oriundo de Lisboa, com uma forte facilidade em convencer: consegue vender a Tintin uma grossa quantidade de objectos inúteis.

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O português Oliveira da Figueira, na versão original de Os Charutos do Faraó

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Ver: http://aventures-tintin.com/

(2) Estrumpfes, smurfs, strunfs, les schtroumpfs

Personagens criadas, em 1958, pelo ilustrador francês Pierre Cullifor (Peyo).

Corpo e vestimenta: São pequenas criaturas azuis, semelhantes a duendes, que vivem em casinhas em forma de cogumelo, numa aldeia escondida no meio da floresta. Vestem barretes e calças de cor branca.

Tipo social: Os estrumpfes formam uma sociedade que divide os meios de produção, que não está segmentada em classes sociais, em que a moeda é inexistente e a propriedade é colectiva. São governados pelo Grande Estrumpfe, que tem um barrete vermelho, ao invés do popular barrete branco dos outros estrumpfes, aludindo a cor vermelha ao comunismo. Gargamel e o seu gato comporiam uma alusão ao imperialismo capitalista, sedento de exterminar a comunidade e transformar os estrumpfes em ouro, numa referência crítica ao capital que corrompe.

Elenco:

Grande Estrumpfe (Pai Smurf): O chefe da vila dos estrumpfes e o segundo mais velho. Tem um barrete vermelho. Conhece alquimia melhor que Gargamel, seu rival.

Smurfette: Originalmente a única estrumpfe feminina. Foi criada por Gargamel como um plano para atrair os estrumpfes para uma armadilha, mas resolveu ficar para sempre com estes.

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Vigoroso (Hefty Smurf): O mais forte dos estrumpfes. Tem um coração trespassado com uma flecha tatuado no braço.

Génio (Brainy Smurf): Estudioso. Aprendiz do Grande Estrumpfe. É também o mais maçador, estando sempre a corrigir os outros. Usa óculos.

Joca (Jokey): Prega peças e distribui presentes explosivos.

Ranzinza (Grouchy Smurf): É o resmungão: a sua opinião a respeito de qualquer assunto é: "Eu odeio".

Preguiça: Passa a vida a dormir.

Desastrado: Está sempre a tropeçar e a causar desastres.

Fominha: Glutão, guloso.

Gourmet: Cozinheiro, usa gorro de chefe e avental.

Vaidoso: Narcisista, tem uma florzinha no barrete e passa o tempo a admirar-se nos espelhos.

Prático: Inventa e conserta tudo. Usa lápis na orelha.

Assustado: Medroso.

Sujão: Adora sujidade.

Harmonia: Músico, mas sem talento. Sempre com o seu trompete.

Pintor: Usa paleta e avental de pintor e fala com sotaque francês.

Poeta: Declama poesias.

Natural: Usa uma pena no barrete.

Bebé Estrumpfe: Entregue na vila por uma cegonha.

Fazendeiro: Cultiva plantações.

Arquitecto: Cria as casas de cogumelos dos estrumpfes.

Avô Estrumpfe: O mais velho dos estrumpfes. Retorna à vila, depois de 500 anos de ausência.

Gargamel é o feiticeiro e alquimista que vive nos arredores da aldeia dos estrumpfes. Juntamente com o seu gato Azrael, persegue os estrumpfes. Inicialmente, intentava comê-los. Mais tarde, descobriu uma fórmula para obter dinheiro, que exigia seis estrumpfes. Após consecutivos fracassos, move-se pela simples vingança.

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Ver: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1347219&idCanal=14

(3) Garfield

Criado por Jim Davis em 1978, que baptizou a sua personagem (gato) com o nome do avô James Garfield Davis.

Corpo: Gato laranja listrado, apresenta traços disformes, bochechas enormes e pálpebras descaídas, sugerindo olhos pequenos.

Elenco:

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Garfield – Gato laranja. Preguiçoso, guloso, apreciador de televisão, sarcástico. Adora atirar Odie da mesa, caçar pássaros e carteiros e comer lasanha. Odeia a segunda-feira, dietas e caçar ratos (“lábios que tocam num rato jamais tocarão nos meus”).

Odie – É um cão idiota. Está sempre com a língua de fora. Frequentemente, vinga-se de Garfield.

Jon Arbuckle – É cartoonista. Dono de Garfield e Odie. Sem sucesso entre o sexo oposto, apresenta mau gosto para se vestir e geralmente cai nos truques do gato.

Arlene – Namorada de Garfield.

Liz Wilson – Veterinária de Garfield. Jon tenta conquistá-la e, quando saem, os desfechos geralmente são um desastre, porque Garfield também vai.

Balança: Possui um processador. Quando Garfield a usa, acaba no lixo, por proferir frases como: “Sou uma balança de casa-de-banho! Não peso cargas!”; “Quantos estão em cima de mim?”; “Parabéns! Está oficialmente interdito a passar em certas pontes!”.

Temas:

Tédio: Garfield não tem o que fazer e olha para o tecto, filosofando.

Televisão: Garfield adora televisão e, quando ocupa os seus tempos livres com ela, assiste a programas inqualificáveis, numa crítica do cartoonista (Jim Davis) à cultura pop.

Dieta: Garfield, que é guloso, está gordo e, por isso, é sujeito a dietas por Jon.

Segunda-feira: Apesar de ter nascido neste dia, odeia-o.

Natal: Assiste à armação da árvore, à queda da neve, mas o que ele adora mesmo é os presentes.

Veterinário: Não gosta de lá ir. Adora assistir aos nãos sucessivos da veterinária a Jon.

(4) Mafalda, a humanidade em tiras

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Símbolo de uma geração, Mafalda tornou-se conhecida com as suas tiras de desenhos, que resumem a humanidade. É comparada à personagem Charlie Brown (Charles Schulz), principalmente por Umberto Eco.

Mafalda é uma criação do cartoonista argentino Quino. Quino publicou, em 1963, com Miguel Brascó, o seu primeiro livro intitulado “Mundo Quino”, uma compilação de várias tiras humorísticas, sem palavras do autor, ao longo de anos de trabalho. Surgiu, então, uma proposta da empresa Siam Di Tella, para produzir algumas tiras de uma personagem que tivesse o nome com a letra inicial “M”, para promover uma publicidade, disfarçada na história, dos electrodomésticos Mansfields. Assim, nasceu a Mafalda! No início, a ideia da empresa italiana não teve o êxito esperado. Porém, a mais nova criação de Quino teve mais sorte e começou a ser publicada num jornal chamado “Leoplán”.

Elenco:

Mafalda é uma menina com seis anos, cujo principal traço é o questionamento puro e simples. Odeia sopa e adora os Beatles. Os seus pais, casal de classe média, padecem dos questionamentos da filha e concluem esse elo familiar criado pelo autor. A mãe, Raquel, é uma típica dona de casa, não completou os estudos (por isso é vista como medíocre pela Mafalda), entra em conflitos com a filha, quando prepara sopas e macarrão. O pai, Tomás, trabalha numa companhia de seguros, adora cultivar plantas no seu apartamento e entra em crise, quando repara na sua idade. Guille, “Gui”, é o pequeno irmão de Mafalda, esperto para a sua idade, é retratado como uma criança que começa a perceber o mundo.

Figuram, na BD, amigos da protagonista, como Felipe, Susanita e Manolito. Felipe, um sonhador sem igual, cujo maior problema é a escola. Susanita, uma perfeita “futura dona de casa”, sonha em se casar com o príncipe encantado e cuidar dos seus filhos. Susanita diverte-se a gozar de Manolito, um jovem empreendedor, que ajuda o seu pai no seu armazém.

Liberdade: Uma minúscula menina. Gosta das coisas simples da vida e os seus pais são jovens idealistas (a sua mãe é tradutora e o pai tem um “empreguinho”), por isso moram num apartamento pequeno.

Burocracia: Tartaruguinha oferecida por Tomás a Mafalda e Guille. Foi assim baptizada por ser vagarosa.

Temas:

Mas por que Mafalda é tão importante para a literatura mundial? Ao lermos as primeiras tiras deste legado de Quino, percebemos que ele resumiu toda a humanidade nas personagens.

Questionamento como: Por que as guerras? O que se passa com os judeus e palestinos? Por que o comunismo, o socialismo ou a democracia?, entre outras questões que afligem a humanidade, estão bem retratadas, com um toque de humor muito delicado e bem sarcástico.

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Perfil Social: Mafalda dá voz às inquietações da humanidade mais sensível e, com uma postura quase ingénua de menina, toca o dedo nas feridas.

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Tiras N°553:Mafalda-Quino!

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(5) Turma da Mônica

Elenco, Corpos e Vestimentas:

Mônica é uma menina forte, decidida, com momentos de feminidade e poesia. Veste-se de vermelho e tem os dentes incisivos proeminentes, o que lhe vale a alcunha de “dentuça”. Mora com os pais, tem um cão, o Monicão, e adora o seu coelhinho de peluche, que trata com todo o carinho e usa como arma de arremesso contra os meninos, principalmente o Cebolinha e o Cascão.

Cebolinha é um garoto com os cabelos espetados e que, quando fala, troca o “r” pelo “l”. Parceiro ou vítima das aventuras da Mónica.

Cascão é o menino sujo, que odeia banhar-se. Tem a cara com a marca da sujidade. Veste-se com uma t-shirt amarela e calções vermelhos aos quadrados.

Magali é a única que não se envolve em atritos com a Mônica. Dona de um apetite feroz, veste-se de amarelo (a cor da fome) e mantém, apesar da gula permanente, uma silhueta elegante. Adora melancias.

Ver:

http://www.monica.com.br/comics/seriadas.htm

http://www.youtube.com/watch?v=ywRj7H0yndo&NR=1

(6) Walt Disney

“Três Patos”

Elenco:

Peninha (Fethry Duck) foi criado por Dick Kinney e Al Hubbard (1964).

Tipo social: É um pato atrapalhado e destrambelhado. Tem alguns alter-egos, como o Morcego Vermelho (sátira ao Batman), Pena Kid e Pena das Selvas (sátira ao Tarzan).

Pato Donald é criado em 1934.

Corpo: É um pato branco, de pernas e bico alaranjados, veste sempre uma camisa e boné de marinheiro, não usando calças.

Tipo social: Tem voz grasnada. É vítima das ideias engenhosas de Peninha.

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Tio Patinhas é um rico avarento de Patópolis. Forreta ao extremo, procura disciplinar os sobrinhos, obrigando-os a trabalhar.

O seu nome original, Scrooge McDuck, baseia-se no avarento Ebenezer Scrooge, a personagem principal do Conto de Natal de Charles Dickens.

Entre os inimigos, contam-se Patacôncio, o segundo pato mais rico de Patópolis, a Maga Patalógica, uma bruxa que vive à beira do vulcão Vesúvio e vive obcecada por roubar a moedinha número 1 do Tio Patinhas, os Irmãos Metralha…

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Temas

(1) Impostos

Embora a temática dos “impostos” não seja muito corrente em BD, quando aparece, é inevitavelmente objecto de uma crítica mordaz. Goscinny, mestre na exploração da BD como arma de crítica social inteligente, quando no seu álbum “Asterix e o Caldeirão”, introduz a

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figura do “colector de impostos”, o resultado é verdadeiramente genial. Numa sequência hilariante, a personagem do "colector", que se caracteriza pelo seu ar sisudo e agarrado à sua pasta, cruza-se com Astérix e Obélix. Os diálogos que se estabelecem são verdadeiramente deliciosos. Atente-se que os balões de diálogo do "colector" apresentam-se no formato rectangular e as falas assumem a forma de formulários… mas a “piece de resistance” é na parte final do encontro, quando o “colector”, perante a evidência que vai ficar sem os seus sestércios, grita com Astérix para que este.... lhe assine "um recibo"! Verdadeiramente demolidor! Um retrato perfeito da burocracia, à qual facilmente associamos a palavra impostos!

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“Astérix e o Caldeirão” edição da Meribérica/Liber

Snoopy escreve ao IRS a solicitar que este cancele a sua subscrição.

(2) Violência

As figuras abonecadas conseguem um triplo efeito: a zaragata torna-se mais interessante. Sabemos que as personagens não se aleijam e o desenho torna-se mais expressivo. Apesar de

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as rixas entre cowboys se terem tornado um clássico do cinema, as violentas refregas das histórias de Lucky Luke (Morris e Goscinny, 1946) são uma referência na BD e os seus autores conseguem representar distintamente o ambiente enérgico de uma cena de pancadaria. Socos, olhos negros, vidros partidos, cadeiras a voar… até parece que ouvimos o ruído e participamos.

O pudor de Hergé leva-o a evitar as cenas de violência. Daí serem raras as cenas em que desenha a violência explicitamente: prefere minimizá-la, reduzindo-a a um mero soco ou a escondê-la com uma nuvem de poeira. Excepção é a vinheta supra d’O segredo do Licorne, em que o irascível capitão Haddock veste a pele do seu antepassado Francisco, Cavaleiro de Hadoque, para explicar ao seu amigo Tintin como venceu o pirata Rackham o Vermelho.

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As zaragatas em Gaston Lagaffe (André Franquin, 1957) originam-se exclusivamente nas suas asneiras, que fazem desesperar os seus colegas de trabalho, ao ponto de o agredirem selvaticamente ou pelo menos tentarem neutralizá-lo para que não faça mais. Quando atingido por uma das engenhocas de Gaston, qualquer um vê crescer, dentro de si, instintos assassinos…

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