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ECONOMIA Manuela Ferreira Leite 2309 28 de janeiro de 2017 expresso.sapo.pt IMOBILIÁRIO & EMPREGO Expresso OPINIÃO PESSOAS Um antepassado de Trump BARRY EICHENGREEN E39 A vitória das redes sociais nos EUA JOSÉ MIGUEL LEONARDO E35 E se em 2018 não houver a ‘mão visível’ do BCE para comprar a dívida? RICARDO CABRAL E36 A s cantinas sociais foram originariamente criadas para apoiar a população sem- -abrigo ou que, por algum motivo, não conseguia preparar as suas refeições. Durante a nossa recente crise social o número destas instituições cresceu muito significativamente para apoiar um crescente número de famílias necessitadas por novos motivos. Referimos várias vezes a utilidade de avaliar o impacto de medidas de redução de rendimentos que, ao redundarem em despesas de apoio social, anulavam parte do hipotético benefício orçamental que se procurava. O Governo avaliou agora aquele programa e lança dúvidas sobre os critérios de carência económica utilizados e quanto ao equilíbrio da oferta entre diferentes localidades. Daí a proposta de substituir este apoio, gradualmente, por distribuição de cabazes alimentares pagos por fundos europeus. A proposta de alteração não invoca o que devia ser a sua principal razão porque na área da solidariedade não é indiferente a forma de que se revestem os apoios. A preocupação devia ser a de tentar minorar o sentimento de fracasso e mesmo de humilhação a quem precisa publicamente de se alimentar numa cantina social, o que seria para muitas famílias a recuperação de uma dignidade ferida. Espero que esta alteração não tenha apenas por finalidade enquadrar-se nos requisitos de acesso ao financiamento europeu. Cantinas sociais A preocupação devia ser a de tentar minorar o sentimento de fracasso e mesmo de humilhação > Katharina Schlaipfer é a nova diretora-geral do Conrad Algarve E35 > Dicas O que procura quem contrata nas redes sociais? E35 VAI NASCER UM MEGASSUPERVISOR Carlos Tavares foi convidado para estudar alterações ao modelo de supervisão. Em cima da mesa está a hipótese de criar uma estrutura que coordene todas as áreas — seguros, bolsa e banca E11 Novo Banco põe edifício do Marquês à venda por €50 milhões O Novo Banco tem à venda 60 edifícios, entre eles o do Marquês de Pombal, em Lisboa. Banco beneficiará ainda da venda da sede da Ongoing. Há outros grupos financei- ros a otimizar o seu património imobiliário. E23 E E11 Lisboa com 170 eventos e congressos em 2017 E13 Alargar acordos coletivos custa emprego E32 Manutenção de aviões chineses na OGMA E17 PATRICK MONTEIRO DE BARROS ‘‘A RESOLUÇÃO DO BES FOI UMA ESTUPIDEZ MONSTRUOSA’’ E20 FOTO NUNO BOTELHO Empresários nacionais querem juntar-se à Lone Star Grupos portugueses manifestaram interesse em juntar-se ao fundo norte-americano para comprar Novo Banco O Banco de Portugal conti- nua em negociações inten- sas para finalizar a venda do banco. A Lone Star já reuniu com parceiros portugueses, mas falta o mais importan- te: a retirada das garantias públicas. E10 Bancos batem recorde na dívida pública Depois de uma forte re- tração durante os anos da troika, os bancos nacionais voltaram em força ao finan- ciamento das administra- ções públicas. A compra de dívida em 2016 foi a maior desde 2000. E6 A banca portuguesa comprou €14,2 mil milhões em títulos até novembro Governo dá apoios para estudantes trabalharem na agricultura > Benefícios no IRC para empresas e no IRS para os jovens > Investimento recorde na agricultura em 2016 > Frio afeta preços dos legumes na Europa > Produção em Portugal também sofre E14 Outsourcing www.basf.pt App Santander Totta No seu dia a dia digital conheça as nossas soluções de crédito simples. Já está! © Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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E C O N O M I A

Manuela Ferreira Leite

230928 de janeiro de 2017

expresso.sapo.pt

IMOBILIÁRIO & EMPREGO

Expresso

OPINIÃO PESSOAS

Um antepassado de TrumpBARRY EICHENGREEN E39

A vitória das redes sociais nos EUAJOSÉ MIGUEL LEONARDO E35

E se em 2018 não houver a ‘mão visível’ do BCE para comprar a dívida?RICARDO CABRAL E36

As cantinas sociais foram originariamente criadas para apoiar a população sem- -abrigo ou que, por

algum motivo, não conseguia preparar as suas refeições.

Durante a nossa recente crise social o número destas instituições cresceu muito significativamente para apoiar um crescente número de famílias necessitadas por novos motivos. Referimos várias vezes a utilidade de avaliar o impacto de medidas de redução de rendimentos que, ao redundarem em despesas de apoio social, anulavam parte do hipotético benefício orçamental que se procurava.

O Governo avaliou agora aquele programa e lança dúvidas sobre os critérios de carência económica utilizados e quanto ao equilíbrio da oferta entre diferentes localidades.

Daí a proposta de substituir este apoio, gradualmente, por distribuição de cabazes alimentares pagos por fundos europeus.

A proposta de alteração não invoca o que devia ser a sua principal razão porque na área da solidariedade não é indiferente a forma de que se revestem os apoios.

A preocupação devia ser a de tentar minorar o sentimento de fracasso e mesmo de humilhação a quem precisa publicamente de se alimentar numa cantina social, o que seria para muitas famílias a recuperação de uma dignidade ferida.

Espero que esta alteração não tenha apenas por finalidade enquadrar-se nos requisitos de acesso ao financiamento europeu.

Cantinas sociais

A preocupação devia ser a de tentar minorar o sentimento de fracasso e mesmo de humilhação

> Katharina Schlaipfer é a nova diretora-geral do Conrad Algarve E35

> Dicas O que procura quem contrata nas redes sociais? E35

VAI NASCER UM MEGASSUPERVISOR Carlos Tavares foi convidado para estudar alterações ao modelo de supervisão. Em cima da mesa está a hipótese de criar uma estrutura que coordene todas as áreas — seguros, bolsa e banca E11

Novo Banco põe edifício do Marquês à venda por €50 milhões

O Novo Banco tem à venda 60 edifícios, entre eles o do Marquês de Pombal, em Lisboa. Banco beneficiará ainda da venda da sede da Ongoing. Há outros grupos financei-ros a otimizar o seu património imobiliário. E23 E E11

Lisboa com 170 eventos e congressos em 2017 E13

Alargar acordos coletivos custa emprego E32

Manutenção de aviões chineses na OGMA E17

PATRICK MONTEIRO DE BARROS ‘‘A RESOLUÇÃO DO BES FOI UMA

ESTUPIDEZ MONSTRUOSA’’ E20

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Empresários nacionais querem juntar-se à Lone Star

Grupos portugueses manifestaram interesse em juntar-se ao fundo norte-americano para comprar Novo Banco

O Banco de Portugal conti-nua em negociações inten-sas para finalizar a venda do banco. A Lone Star já reuniu com parceiros portugueses, mas falta o mais importan-te: a retirada das garantias públicas. E10

Bancos batem recorde na dívida pública

Depois de uma forte re-tração durante os anos da troika, os bancos nacionais voltaram em força ao finan-ciamento das administra-ções públicas. A compra de dívida em 2016 foi a maior desde 2000. E6

A banca portuguesa comprou €14,2 mil milhões em títulos até novembro

Governo dá apoios para estudantes trabalharem na agricultura

> Benefícios no IRC para empresas e no IRS para os jovens > Investimento recorde na agricultura em 2016 > Frio afeta preços dos legumes na Europa > Produção em Portugal também sofre E14

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA02

Faria sem pressões, Maria Luís sem interferência na CGD

O ex-presidente e chairman da Caixa Geral de Depósitos entre 2008 e 2010, Faria de Oliveira, negou terem sido autorizados ‘créditos de favor’ ou havido pressões do Governo de José Sócrates. Fê-lo durante a audição na Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização e gestão do banco público. E justifica que as imparidades (perdas) contabilizadas nos últimos anos se deveram à crise de 2008. Já a ex-ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, garantiu nunca ter interferido em negócios específicos da Caixa e também nunca ter havido qualquer iniciativa para privatizar o banco.

ALTOSAntónio Vieira MonteiroPresidente do Santander Totta

2006 foi mais um ano em cheio para o Santander em Portugal. E com honras de destaque in-ternacional, pois, como notou o “Financial Times”, Portugal li-derou, no ano passado, o cresci-mento dos lucros dentro do gru-po, graças ao aumento de 35% dos seus resultados, para €395,5 milhões.

Ana Mendes GodinhoSecretária de Estado do Turismo

Mais boas notícias no campo do turismo: os hostels portugueses, em especial os de Lisboa, mas também os do Porto, voltaram a ser distinguidos como os melho-res do mundo pela plataforma online hosterworld.com, o que já dura há alguns anos. E a cap-tação de congressos e eventos similares vai de vento em popa. Para já, estão confirmados 170.

Rodrigo RosaPresidente da OGMA

Depois de em 2015 o volume de negócios ter aumentado 13%, a OGMA voltou a crescer no ano passado, desta vez 4%, com avan-ços na sua estratégia de diversi-ficação de mercados e negócios: a maior empresa portuguesa do sector aeronáutico tem conse-guido reduzir a dependência fa-ce ao negócio da manutenção, com uma maior aposta na pro-dução de componentes, e con-quistou o seu primeiro contrato na China e no Cazaquistão.

E BAIXOSAntónio CostaPrimeiro-ministro

Assinar um acordo de concerta-ção social sem ter o apoio parla-mentar necessário, conseguin-do momentaneamente atirar as culpas para cima do PSD, até foi uma estratégia política habi-lidosa mas que se esgotou rapi-damente. E por isso o chumbo da descida da taxa social única (TSU) no Parlamento, na quar-ta-feira, não deixou de ser uma derrota significativa do Gover-no, expondo as divergências en-tre PS, PCP e Bloco de Esquerda. Até porque parece certo que, de-pois desta, outras guerras virão.

Pedro [email protected]

497MILHÕES DE EUROS A MENOS NO DÉFICEO défice das contas públicas foi de €4255,7 milhões no ano passado, segundo a Direção-Geral do Orçamento. São menos €496,8 milhões face a 2015 e, diz o Governo, o défice de 2016 não deverá ser superior a 2,3% do Produto Interno Bruto. A receita fiscal gerou €40.224 milhões, mais 3,5% em termos homólogos, embora aquém das expectativas do Executivo. Houve dois grandes empurrões para a receita: o regime extraordinário de reavaliação de ativos (rendeu cerca de cem milhões de euros) e o plano para regularização de dívidas ao fisco e à Segurança Social (€512,7 milhões).

O trabalho de um robô industrial custa, em média, €5 por hora, estima a Kuka AG, fabricante alemã de robótica (recentemente adquirida pela China Midea Group). Já o esforço de um operário fabril é recompensado entre €50 (na Alemanha) e €10 (na China) por hora. Não admira que, na procura de eficiência, os grandes fabricantes mundiais estejam a apostar na instalação de mais robôs (que, em 2016, aumentou 15%). Em Portugal, já há 45 robôs para cada 10 mil operários. A nível mundial é a Coreia do Sul o país com a indústria mais automatizada. A China mantém-se dis-tante, mas a sua atual velocidade de instalação irá, nos próximos anos, alterar este cenário. A nível global, existem 69 robôs por cada 10 mil trabalhadores.

HÁ CADA VEZ MAIS ROBÔS A TRABALHAR EM FÁBRICAS

ILU

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ÃO

PA

ULO

BU

CH

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O

CANADÁ136

REINO UNIDO

71

ESPANHA150

HOLANDA 120

BÉLGICA169

FRANÇA127

SUÍÇA119

ÁUSTRIA128

ESLOVÉNIA 110

HUNG.57

R. CHECA93

ESLOVÁQUIA93

ALEMANHA301

DINAMARCA188

SUÉCIA212

COREIA DO SUL531

SINGAPURA531

FINLÂNDIA 126

NORUEGA47

POLÓNIA 28

ROMÉNIA 11

CHINA49

TAI.52

ESTÓNIA 8

GRÉCIA 17

ITÁLIA160

ÁFRICA DO SUL23

BRASIL 11

ARGENTINA 16

CROÁCIA 5

MALÁSIA 33

TUR. 19

IRÃO 1

ÍNDIA 2

ISRAEL 28

PORT.45

MÉXICO33

EUA176

AMÉRIC A

ÁSIA

E OCEÂNIA

EUROPA

E ÁFRIC A

ROBÔS INDUSTRIAISPOR 10.000 TRABALHADORES

Dívida da TAP foi renegociada para permitir aumentar participação do Estado

O empréstimo de €120 milhões que a TAP teria de pagar este ano foi esta semana renegociado com os bancos credores (Millennium bcp, Caixa Geral de Depósitos e Novo Banco), alargando o prazo de pagamento por mais cinco anos, até 2022 e reduzindo a taxa de juro média em 1%. Esta operação é decisiva para o Estado reconquistar a posição de maior acionista da TAP, com 50% do capital, revertendo a atual participação de 61% do consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David

Neeleman — detida desde novembro de 2015 —, que baixará para 45%. Ainda vão restar 5% das ações da TAP destinadas aos trabalhadores, que serão vendidas no primeiro trimestre, numa operação que o Governo terá de detalhar e em relação à qual são desconhecidas as expectativas dos colaboradores sobre a compra de todas as ações disponíveis. A fase seguinte será a nomeação de novos órgãos sociais da TAP, cabendo ao Estado escolher o presidente do conselho de administração.

Macedo entra na Caixa em fevereiro

Paulo Macedo vai tomar posse como presidente da Caixa Geral de Depósitos a 1 de fevereiro. O Banco Central Europeu (BCE) deu ‘luz verde’ a todos os nomes da equipa executiva do ex-ministro da Saúde de Pedro Passos Coelho. Emílio Rui Vilar toma posse como presidente do Conselho de Administração. E entram também como administradores executivos

Francisco Cary, João Tudela Martins, José de Brito, José João Guilherme, Maria João Carioca e Nuno Martins. Uma das primeiras missões da nova equipa será aprovar as contas de 2016. Desconhece-se os nomes propostos como administradores não executivos, que terão de ser avaliados também pelo BCE.

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 03

Bloco de Notas

João Vieira [email protected]

JOÃO VIEIRA PEREIRAESCREVE NO EXPRESSO DIÁRIO ÀS QUARTAS-FEIRAS

Coincidências A vida corre bem à Fyi Digital, uma empresa de sites e redes sociais que passou de uma receita de €20,3 mil (2012) para €343,5 mil (2015). Pelo meio, fez a campanha de Rui Moreira à Câmara do Porto e depois ganhou 10 ajustes diretos do universo municipal que, em 2014 e 2105, somaram €142 mil. Por coincidência, um dos fundadores da Fyi (Pedro Torres) é amigo e sócio de Gonçalo Moreira, filho do presidente da autarquia, na empresa Zercacatto — Online Services, entretanto liquidada.

Afinal o cheque não é careca Era um mero pormenor, sem grande problema — afinal pode acontecer a qualquer um — mas a Pharol desmente categoricamente que tenha havido qualquer cheque careca de €900

para pagar jornais e revistas. Dizem mesmo que nem sequer usam cheques...

Sara continua viciada nos sapatos A ligação de Sara Jessica Parker aos sapatos terá começado com Carrie Bradshow, a personagem que a atriz interpretou na série “O Sexo e a Cidade”, mas acabou por passar do ecrã para a vida real. A prova de que o vício dos sapatos veio para ficar é a SJP Collection, uma coleção de sapatos de cerimónia em que Sara deixa, agora, a sua marca na indústria do calçado. Falta apenas saber se conseguirá rivalizar com Manolo Blahnik, o estilista de eleição de Carrie, ou até com a cantora Rihanna, a primeira mulher a vencer o prémio de “Sapato do Ano” da Footwear News com as suas sapatilhas Fenty Puma Creeper.

Em Off

Centeno 2.0

A versão Mário Centeno 2.0, revista e melhorada, foi a Bruxelas com o rei na barriga e um défice de 2,3% debaixo

do braço. A imagem meio goofy do ministro das Finanças mandou calar os seus colegas do Eurogrupo, pediu para terem juízo e pensarem duas vezes quando se trata de falar sobre Portugal. Não era para menos. Há um ano Centeno tinha sido massacrado ao apresentar a primeira versão do Orçamento. Depois da chuva de críticas, foi obrigado a rever em baixa o défice que apresentou e a pensar numa nova estratégia.

Cerrou os dentes e deitou fora tudo o que até então tinha planeado, e muito provavelmente tudo aquilo em que acredita. Um perdão fiscal, uma ajudinha extra dos dividendos do Banco de Portugal e outra do Fundo Europeu de Estabilidade, o que a somar a um corte a fundo no investimento e despesa dos ministérios é igual a 2,3%. Eis a receita do Governo para o défice mais baixo de sempre.

A mezinha funcionou. O capital conquistado por Centeno junto de Bruxelas é hoje o maior desde há muito. Se Schäuble voltar a pedir mais reformas, mais austeridades e menos défice estrutural, Centeno só tem de levantar as mãos e fazer com os dedos o número 2 seguido do 3.

Se é inegável a vitória de Centeno, e de António Costa, também é impossível esconder que os problemas estruturais da economia permanecem. O défice estrutural não deverá descer como seria de esperar e, na realidade, esta vitória pode muito bem ser de curta duração.

A queda do investimento público, a maior desde que há memória, vai ter impacto na economia; os serviços públicos estão à beira da rutura financeira e, depois de um ano, já deixou de ser possível dizer que os problemas da banca são da responsabilidade do anterior Governo ou até do governador do Banco de Portugal. A estabilidade financeira da Caixa, a venda do Novo Banco e a constituição de um ‘banco mau’... está tudo por resolver.

E os investidores sabem disso ao ponto de fugirem da dívida portuguesa. Só os bancos nacionais compram as obrigações emitidas pelo Governo (ver pág. 6) tendo no ano passado batido um novo recorde absoluto no valor das compras.

Dívida pública a subir, défice aparentemente controlado, crescimento económico miserável, baixas taxas de juro, taxas de poupança em mínimos e consumo sustentado em crédito a subir. Esta foi a receita que na primeira década do século XXI nos levou para o abismo. E é igualzinha à que temos agora.

Ou o renascido ministro das Finanças consegue tirar mais uns quantos coelhos da cartola para este ano ou rapidamente vai perder a boa disposição que agora o acompanha. O último ministro que foi considerado um génio do défice acabou por ter de pedir ajuda internacional. Este ano, se a economia não começar a crescer, não vai haver perdão fiscal que nos valha.

É banco, é mau, é banco mau!António Costa queria que o veículo para o crédito malparado da banca fosse criado em 2016, mas ainda não há solução à vista

1 Sempre existirá um ‘banco mau’?

É quase uma inevitabilidade. Há, aliás, um grupo de estudo, liderado pelo economista Vítor Escária (assessor de António Costa), que está a trabalhar numa solução para tirar o crédito malparado, os chamados non performing loans dos bancos. E o primeiro-ministro já disse numa entrevista à TVI, em outubro do ano passado, que queria ter uma solução para aliviar os bancos e o sistema financeiro dos ativos tóxicos preparada até ao final de 2016. António Costa estava na prática a falar do ‘banco mau’. Mas até agora o projeto não viu a luz do dia. A Direção-Geral da Concorrência Europeia disse ao Expresso que ainda não foi feita qualquer proposta concreta nesse sentido à Comissão. Mas sublinhou que “a Comissão está sempre disposta a discutir as propostas dos Estados-membros”. Os bancos têm-se oposto à criação do ‘banco mau’, até porque temem que obrigue mais tarde a fazer aumentos de capital.

2 Qual será o modelo a aplicar?

Por enquanto, não se sabe. Mas têm sido apresentadas informalmente ao Banco de Portugal e ao Ministério das Finanças propostas de investidores privados. Até agora nenhuma foi aceite. Uma delas é representada pelo ex-sócio da Goldman Sachs, o português António Esteves, em parceria com o TPG. O gestor, noticiou o “Público”, tem disponíveis €15 mil milhões para ‘limpar’ créditos tóxicos. A proposta, assessorada pela Deloitte e o escritório de advogados Vieira de Almeida, prevê que os ativos sejam comprados (por um veículo que os irá gerir) pelo valor de balanço, para que os bancos não registem uma perda imediata; e contempla um investimento em títulos emitidos com garantia pública. Não é a única proposta, há mais. Uma delas inclui o fundo Stornharbour e o português Anónio Caçorino. Outra envolve garantias europeias e está a ser trabalhada com o apoio do deputado do PS, João Galamba.

3 A quanto ascende o malparado na banca portuguesa?

É um tema tabu e crítico para a estabilidade do sistema financeiro português. Os valores variam consoante as fontes. Mas tem-se falado em números que rondam os €30 mil milhões de crédito tóxico, sendo que metade deste valor já estará provisionado. Falta a cobertura de €15 mil milhões para ativos, que valem cerca de metade, ou seja, €7,5 mil milhões. O campeão do malparado é o Novo Banco (€4,2 mil milhões). A CGD vem logo a seguir (€4 mil milhões). Em terceiro lugar fica o BCP (€3,250 mil milhões). E depois o Montepio (€2 mil milhões). Desde que rebentou a crise financeira em 2008, os bancos portugueses, especialmente os maiores, têm registado e considerado imparidades de centenas de milhões de euros.

4 Como estão os resultados dos bancos?

É esperar para ver, mas os que saíram até agora são muito positivos. O Santander Totta, que comprou parte do Banif no final de 2015, obteve um lucro de €395,5 milhões em 2016, um crescimento de 35,8% face ao ano anterior. O aumento da margem financeira (31%) e das comissões líquidas (16,1%) justificam parte dos ganhos. Já o BPI, sob uma oferta pública de aquisição (OPA) do Caixabank, viu o lucro subir 32,5%, para €313,2 milhões em 2016. O banco continua a beneficiar do desempenho do Banco Fomento de Angola (controlado em 50,1% pelo BPI em 2016), cujo lucro individual ascendeu a €338,2 milhões. O Bankinter, que comprou o Barclays em abril de 2016, teve um resultado de €96,3 milhões. Resta saber se os outros bancos, especialmente BCP e Caixa, seguem a tendência. A ansiedade é grande. Tem-se admitido que o prejuízo da CGD chegará a €3 mil milhões.

Descodificador por Anabela CamposE ainda... > OUTSYSTEMS COM

VENDAS DE €93 MILHÕESAs vendas da OutSystems ultrapassaram a “barreira dos 100 milhões de dólares” (€93 milhões) em 2016, ano em que a empresa contratou 200 novos colaboradores, dos quais 55 em Portugal.

> COIMAS DE €8,2 MILHÕES NA ENERGIAA Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) instaurou 38 processos de contraordenação e aplicou coimas de €8,2 milhões em 2016, valor correspondente a 12 decisões condenatórias.

> A COBERTURA DA TDT É INSUFICIENTECerca de 16% das famílias dependem da Televisão Digital Terrestre (TDT) e são mal servidas, de acordo com a DECO — Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor. Numa amostra de 10 regiões, o bom sinal só foi encontrado em duas.

> VILA GALÉ INVESTE €78 MILHÕESO grupo Vila Galé espera abrir cinco novos hotéis em Portugal e um no Brasil em 2018, num investimento de €78 milhões. Estão os anunciados investimentos em Sintra, Elvas, Porto e Braga.

> PIB CRESCEU ENTRE 1,2% E 1,4% EM 2016Os bancos BBVA e Montepio estimam um crescimento do PIB português de 1,2% em 2016, enquanto o ISEG prevê 1,4%. O Governo estima um crescimento de 1,2%.

> BIAL INVESTE €37,4 MILHÕES NA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICAA farmacêutica Bial e o Estado assinaram um contrato de €37 milhões para investigação científica nas áreas dos sistemas nervoso central e cardiovascular.

> CONCORRÊNCIA DECIDE NEGÓCIO DA TEIXEIRA DUARTEA saída do Grupo Teixeira Duarte da área da energia através da venda de 50% da holding da área do gás TDarcol à OZ Energia, empresa do grupo Gestmin, de Manuel Champalimaud, foi notificada há uma semana à Autoridade da Concorrência (AdC).

> AUMENTO DE 0,75% NO CRÉDITO AGRÍCOLAOs trabalhadores das instituições do Crédito Agrícola Mútuo vão ter aumentos de salários de 0,75% em fevereiro, segundo disse fonte sindical à agência Lusa.

> REUNIÃO DO PROVEDOR DO OUVINTE DA RTP A 3 DE FEVEREIROA reunião do plenário do Conselho de Opinião da RTP sobre o ‘chumbo’ de João Paulo Guerra para provedor do ouvinte foi convocada para 3 de fevereiro.

> CADASTRO DE TERRENOS É URGENTEAssociações de agricultores e da gestão florestal consideram o cadastro dos terrenos necessário e urgente, mas alertam para a complexidade do processo e querem saber quem é que vai pagar o registo.

> HILL+KNOWLTON E FXT JUNTAM-SEAs agências de comunicação H+K e a FXT vão fundir-se. A nova empresa funcionará com o nome Hill+Knowlton Strategies Portugal e contará com Francisco Teixeira como diretor-geral e sócio minoritário.

HÁ CADA VEZ MAIS ROBÔS A TRABALHAR EM FÁBRICAS

COREIA DO SUL531

SINGAPURA531

JAPÃO305

TAIWAN190

AUSTR.86

N. Z.41

RÚSSIA3

FILIPINAS 4

INDONÉSIA 6

FONTE: INTERNATIONAL FEDERATION OF ROBOTICS

25 ideias para investir

2017 apresenta-se como um ano de muitas oportunidades, mas também de... riscos e incertezas. Diversificar a carteira de investimento continua a ser a chave, enquanto a nova palavra da moda é ‘flexibilidade’. Leia 25 dicas para rentabilizar as suas poupanças na edição de fevereiro da “Exame”, já nas bancas.

Grande Entrevista M. Ayhan KoseO economista do Banco Mundial explica porque é que a retoma económica posterior à grande crise global de 2008 e 2009 está a ser adjetivada de lenta, anémica e medíocre

Negócios de chocolateO aroma adocicado do cacau paira de norte a sul do país e deixa adivinhar novos investimentos na frente industrial, em lojas e até em roças

O petróleo português é lilásProcura internacional de lítio subirá mais com a massificação dos carros elétricos. Portugal é o 6º produtor mundial e tem a 5ª maior reserva

Nem doutores, nem engenheiros!Desistiram da universidade ou nem a frequentaram, mas lideram negócios de milhões

A força do gradilA Cobermaster reinventou o negócio e tornou-se o único fabricante de gradil tridimensional

Marcas com novos poderesA inteligência artificial é cada vez mais aproveitada pelas equipas de marketing

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA04

Agora o seu gestor vai ter consigo.

O BPI GoBanking foi o vencedor do prémio “Innovation in the delivery of financial products - planning and advice” nos Financial Innovation Awards 2016. Prémios que distinguem os melhores projectos na indústria financeira e são atribuídos pelo The London Institute of Banking & Finance e pela British Banking Association.

O BPI GoBanking é uma nova plataforma comercial desenvolvida com o objectivo de melhorar a qualidade de serviço, a conveniência e a proximidade entre os gestores comerciais do BPI e os Clientes. Com esta solução inovadora, os gestores comerciais do BPI podem exercer a sua actividade em qualquer lugar, onde for mais conveniente para o Cliente.

O BPI foi ainda nomeado finalista em outras 4 categorias, com a App BPI Empresas, App BPI Poupança, o Serviço de Abertura de Conta Digitale o Facebook BPI Solidariedade.

Este prémio é da exclusiva responsabilidadeda entidade que o atribuiu.

BPI GoBanking

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 05

Cem por CentoNicolau Santos [email protected]

NICOLAU SANTOS ESCREVE NO EXPRESSO DIÁRIO ÀS SEGUNDAS E SEXTAS-FEIRAS

Fundação Gulbenkian, o estado da artede se reinventar e de se reposicionar, que tem vindo a abandonar a matriz cultural e artística em detrimento da saúde e do terceiro sector, que funcio-na com uma estrutura administrativa demasiado pesada e que se tornou um espaço clientelar e familiar para pes-soas com ligações aos membros dos conselhos de administração, conselho esse que se encontra envelhecido e se tornou uma prateleira dourada para ex-políticos.

É evidente que a Gulbenkian con-tinua a ser incontornável em mui-tas áreas artísticas. É também uma parceira constante de fundações in-ternacionais. E os grandes bailados, excelentes exposições, músicos e or-questras de todo o mundo, além de muitos estudantes, investigadores,

cientistas, professores e artistas pas-sam regularmente pelo edifício de referência da Avenida de Berna. Ape-sar do menor desafogo, a Gulbenkian continua a dispor de muito dinheiro para apoiar bolsas de estudo, projetos de investigação, editar livros, equipar hospitais ou desenvolver projetos que contribuam para combater doenças ou a exclusão. Por outras palavras, em seis décadas de existência, muita gente deve muito ou quase tudo à Gulbenkian.

Contudo, nos últimos anos, o conse-lho de administração da Gulbenkian cometeu dois erros: aceitou ter um presidente a meias com um banco e apostou todas as fichas em António Guterres para suceder a Artur San-tos Silva. No primeiro caso, apesar

Não há maneiras agradáveis de dar notícias desagradáveis. O facto é que há um silêncio ensurdecedor sobre a escolha

de Isabel Mota para dirigir a Funda-ção Gulbenkian a partir de 2017. E isso só pode dizer que há enormes dúvidas sobre a sua capacidade para dar a volta a uma fundação que, até meados dos anos 80, foi o verdadeiro Ministério da Cultura do país. Segu-ramente por isso, a primeira coisa que impressiona quando se quer falar com alguém sobre a Gulbenkian é a exigência do anonimato por parte de pessoas com peso próprio na socie-dade portuguesa. E a segunda é que há gente que pensa que a Gulbenkian está sem rumo e sem projeto a médio/longo prazo, que perdeu a capacidade

A primeira coisa que impressiona quando se quer falar sobre a Gulbenkian é a exigência do anonimato por parte de pessoas com peso próprio na sociedade portuguesa

de todos os esforços, de alguma fal-ta de atenção do presidente se terá ressentido a Fundação; no segundo, ficou sem estratégia de sucessão. É injustíssimo que o ónus desta situação caia sobre Isabel Mota, que foi uma combativa e competente secretária de Estados dos Assuntos Europeus e que, na Fundação, tem desenvolvido um trabalho persistente e muito me-ritório na área do desenvolvimento humano. Mas agora o desafio é bem maior. Aguarda-se que Isabel Mota diga ao que vem. E que surpreenda. Porque a Fundação não pertence à administração mas aos portugueses e a Portugal. Foi essa a intenção de Calouste Gulbenkian, é esse o objetivo que o conselho de administração tem de cumprir.

Cultura valoriza hotéis

O Grupo Vila Galé vai investir quase €50 milhões este ano em Portugal em cinco novos projetos, onde já controla

20 hotéis. Mais do que assinalar o facto de haver investidores priva-dos que continuam a apostar no país apesar da burocracia (o Vila Galé Sintra é um sonho com quase 20 anos, que se vai concretizar em 25 de abril de 2018), salientem-se dois factos: 1) a indústria hotelei-ra nacional conta atualmente com grupos sólidos, que crescem susten-tadamente no mercado interno e se internacionalizaram com sucesso (Grupo Pestana, Vila Galé, Porto Bay, Altis, Amorim; 2) é uma mon-tra avançada dos produtos nacio-nais: vinhos e gastronomia, têxteis, cerâmica, cortiça, artesanato, cute-laria, etc. Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Vila Galé, junta-lhe outra característica: a cultura, es-sencial para que Portugal encontre a sua marca diferenciadora. O sec-tor está bem entregue.

37DIAS PARA O BCE AVALIAR OS ADMINISTRADORES DA CGD O BCE demorou 37 dias para dar o seu aval aos sete membros da comissão-executiva da CGD e ao presidente do conselho de administração, faltando ainda avaliar os administradores não-executivos. É extraordinário que o BCE, que recebeu os nomes a 19 de dezembro, ache importantíssimo fazer este escrutínio até à medula mas não o incomode que, por sua exclusiva responsabilidade, o maior banco português esteja mais de um mês sem poder tomar decisões de fundo. Vá lá que desta vez não manda ninguém fazer cursos de formação. Ou Paulo Macedo escolheu melhor ou houve má vontade contra António Domingues.

O talento que sai do hambúrguer

A McDonald’s vendeu 80% do seu negócio na China e Hong Kong por €1,6 mil milhões. É um dos maiores

negócios mundiais de franchising, criando o maior franchisado da ca-deia de hambúrgueres; e é a maior transação de sempre no sector da restauração na Ásia e Pacífico. O interessante é que o negócio foi li-derado por João Noronha Lopes, o primeiro português a assumir a fun-ção de diretor-geral da McDonald’s em Portugal e que é atualmente vice-presidente e responsável pela estratégia de franchising para os 36.000 restaurantes da marca es-palhados pelo mundo. Mas Noronha Lopes foi apenas o primeiro. Da Mc-Donald’s Portugal já saíram outros seis quadros para ocuparem cargos mais importantes na organização, devido ao excelente desempenho em matéria de inovação da filial portuguesa. Parafraseando Valter Hugo Mãe, a McDonald’s Portugal é uma máquina de fabricar talentos.

FOT

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Falo de um homem que possuía livros de poemas. Foi talvez o único real leitor de poesia. Ele abria os livros, um livro. Escolhia um poema. Era um ritual misterioso. Porque ele raspava as letras da página, cuidadosamente, como para conservar a integridade do papel. Raspava e reunia os pedaços negros. Aquecia então água com o vagar próprio da vertigem. Uma estranha ciência de vapores.

A infusão sucedia: escura substância do poema misturava-se mais e mais com o fervor da água, até ao ponto em que tudo aquilo era vivo. O homem bebia então o poema e o poema flutuava no sangue, atingindo todos os lugares do corpo, reclamando todos os lugares do corpo. Não era previsível o efeito do poema. Cada poema dissolvido, sorvido, feito homem, trazia consigo uma possibilidade própria. O homem crescia com o poema, crescia mais para si, mais para o poema.

O homem que possuía livros de poemas, possuía uma biblioteca em branco. Páginas e páginas de poemas arrancados sem vestígios, um crime perfeito. Era uma biblioteca poética. Uma biblioteca que podia arder.

Vasco Gato, ‘Falo de um homem’, in “Contra Mim Falo — Poesia reunida”, Coleção Plural, Imprensa Nacional-Casa da Moeda 2016

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA06

Massa Crítica

Luís [email protected]

DÍVIDA

Banca compra valor recorde de dívida pública nacional em 2016

Bancos nacionais investiram €14,2 mil milhões em títulos emitidos pelo Estado até novembro. É o valor mais alto desde 2000, quando se inicia a série do Banco de Portugal

Ficou célebre a visita dos principais banqueiros portugueses ao Banco de Portugal, em abril de 2011, a poucos dias do pedido de resgate, a dar conta ao governador de que iriam fechar a torneira ao Estado. Naquela altura, quando as taxas de juro (yields) da dívida no mercado secundário esta-vam já em valores proibitivos, eram os bancos portugueses que estavam a assegurar uma parte significativa do financiamento público. Depois veio a troika, os bancos ‘livraram-se’ de mui-tos destes títulos e durante três anos (2012-2014) reduziram significativa-mente a sua posição. Isso alterou-se a partir de 2015. Os bancos voltaram a emprestar em força ao Estado, prin-cipalmente comprando títulos nas emissões de Bilhetes e Obrigações do Tesouro, a níveis que não se viam há vários anos. Em 2016, mesmo sem ter ainda os dados de dezembro, já que o Banco de Portugal apenas divulgou estatísticas até novembro, a banca nacional já comprou dívida pública no valor de €14,2 mil milhões.

É o valor mais alto desde, pelo me-nos, o ano 2000, quando se iniciam as estatísticas do banco central por-tuguês. Trata-se de um montante que bate o já elevado montante de 2015 — de €11,2 mil milhões — e até o anterior recorde atingido em 2010 nos €13,6 mil milhões. No total das várias for-mas de financiamento, onde entram outras operações como empréstimos e que caíram, o contributo dos bancos nacionais foi de €8,7 mil milhões, o que fica atrás dos dois anos de maiores montantes: 2010 (€14,8 mil milhões) e 2015 (€12,8 mil milhões).

Esta inversão do comportamento dos bancos nacionais coincide com o período do programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE) que arrancou em março de 2015 e tem ajudado a dar liquidez aos títulos. Liquidez que se traduz em taxas de juro mais baixas no mercado e, porque variam em sentido inverso, em cotações mais elevadas. Ainda assim, deter Obrigações do Tesouro

português com taxas positivas é um ‘luxo’ numa zona euro onde vários emitentes soberanos, a começar na Alemanha mas não só, pagam taxas negativas em vários prazos.

Regresso ao passado

Trata-se, em qualquer caso, de uma espécie de regresso ao período 2009-2010. Nesses dois anos, com a crise financeira internacional e com o de-flagrar dos problemas na Grécia que contagiaram vários países da moeda única, a banca portuguesa reforçou fortemente o seu papel como financia-dor do Estado, algo que não acontecia até 2008. Antes eram essencialmente credores internacionais — bancos e outras entidades financeiras, como fundos — a emprestar ao Tesouro português (ver gráfico com as fontes de financiamento do Estado). Foi a partir desse momento que tudo se alterou. Em 2009, a banca nacional contribuiu com €7013 milhões, dos quais €5,7 mil milhões em títulos. No ano seguinte bateu-se um novo recorde com um financiamento de €14,8 mil milhões, a larga maioria em títulos (€13,6 mil milhões).

A subida das yields nas últimas se-manas na zona euro — onde Portugal se destaca mas está longe de ser o único afetado — tem também a ver com esta alteração de comportamento dos investidores. Enquanto a banca nacional está a comprar em força e o BCE, mesmo com a travagem visível no ritmo de compras, continua a dar o seu contributo, de fora do continente europeu tem havido uma retirada de investimentos. Em dezembro, houve mesmo uma retirada de capitais em termos líquidos. Algo que não acon-tecia desde 2012 (ver gráfico).

Claro que o comportamento da dí-vida portuguesa não se deve apenas a movimentos internacionais de ca-pitais. O próprio BCE está a afetar os juros nacionais. Portugal foi o peri-férico da zona euro que maior corte sofreu em dezembro nas compras de

dívida pública. O ritmo de aquisições mensais desceu de €1023 milhões em novembro para €726 milhões. Uma redução de 29% que contrasta com um corte global de 21,5% no total do programa. A Irlanda registou um corte muito baixo, de apenas 2%. As reduções foram de 19% para Itália e 21% para Espanha. No caso da Fin-lândia, a redução foi de 21,7%. Este país nórdico, que não é considerado periférico da moeda única, tem sido apontado, juntamente com Portugal e a Irlanda, como correndo o risco de mais rapidamente esgotar a dívida elegível para ser adquirida pelo BCE até final do ano. Neste grupo de três mais vulneráveis, Portugal foi o mais penalizado pelo corte.

Esta espécie de ‘resgate’ ao país realizado pelo BCE, através do programa de compras lançado em março de 2015, somava €24,6 mil milhões no final do ano passado, um valor já superior às dívidas de €24,3 mil milhões junto do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSM, em inglês) e de €16,3 mil milhões ao Fundo Monetário Internacional. Ainda abaixo do saldo em dívida de €27,3 mil milhões ao outro fundo de resgate, o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, em inglês). Mas, se se adicionar a carteira de títulos que ainda detém das compras realizadas entre 2010 e 2012 ao abrigo do programa conheci-do pela sigla SMP, o BCE — e o Ban-co de Portugal, como seu principal comprador em nome de Frankfurt — deterá cerca de €31,5 mil milhões, mais de 13% do total da dívida portu-guesa. Em suma, o BCE é o principal credor oficial do país. A dependência do Tesouro português em relação a Frankfurt atingiu um máximo desde o resgate da bancarrota em 2011. A vulnerabilidade do país a oscilações ou mudanças da política monetária em Frankfurt é muito elevada.

João Silvestre e Jorge Nascimento Rodrigues

[email protected]

O ‘novo normal’ na dívida de longo prazo é um custo de financiamento de 4% a 5%

Juros continuam a subir

Os juros das Obrigações do Tesouro (OT) português regis-taram no mercado secundário uma subida nesta primeira se-mana da nova Administração Trump nos EUA. Nos prazos mais longos, os juros situam-se entre 4% e 5%. Na nova linha de OT a 10 anos, com vencimento em abril de 2027, os juros subi-ram para 4,4% na quinta-feira, depois da taxa registada na co-locação sindicada a 11 de janei-ro ter fechado em 4,227%. Na linha de OT que vence em 2026, e que continua a ser usada como referência nas comparações in-ternacionais, os juros já estão, de novo, acima de 4% (ver grá-fico). Nos prazos mais longos, a 15 e 20 anos, os juros no mer-cado secundário situavam-se, na quinta-feira, em 4,6% e 4,8% respetivamente.

O movimento de subida abran-ge toda a zona euro, com mais incidência nos casos de Portugal e Itália. Relativamente às obriga-ções a 10 anos destes dois países, os juros subiram 22 e 21 pontos--base, respetivamente, desde a tomada de posse de Trump. Subidas de dez pontos-base registaram-se na Irlanda e em França no mesmo período. Na-quela maturidade, os juros estão, agora, acima de 1% para França e Irlanda e acima de 2% para Itá-lia. Os investidores aguardam agora que a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pú-blica (IGCP) avance com os pri-meiros leilões de obrigações do ano, com data provável para 8 de fevereiro. “Estes leilões vão ser seguidos de muito perto pe-los investidores, especialmente no caso da nova linha a 10 anos, que regista yields de 4,3%. O que aponta para uma seleção não agressiva de maturidades, pelo que deverá ser lançado um leilão simultâneo para as OT com ven-cimento em 2022”, afirma David Schnautz, do Commerzbank, em Londres. J.N.R.

FONTE: FT

2012 2013 2014 2015 2016

VARIAÇÃO DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO EM DÍVIDA DA ZONA EUROValores em milhares de milhões de euros

150

100

50

0

-50

FONTE: BANCO DE PORTUGAL *ATÉ NOVEMBRO DE 2016

2016*

2005 2006 2007 2008 20092010 201520142013

2012

2011

Resto do mundoOutros sectoresBancos Total

JUROS DA DÍVIDA A 10 ANOS ACIMA DE 4%Valores da yield em percentagem

2 JAN. 2017

26 JAN.

FONTE: REUTERS

4

3,5

O. T. que vence em 2027

O. T. que vence em 2026

Emissão sindicada4,227%

11 JAN.

FINANCIAMENTO DAS ADMINISTRAÇÕES PÚBLICASValores em milhares de milhões de euros

20

10

0

-10

-20

BCE comprou dívida da EDP

A EDP realizou esta semana uma emissão de dívida no valor de €600 milhões, através da colocação de títulos que vencem em setembro de 2023 e que pagarão um cupão de 1,875%, informou a empresa em comunicado à CMVM. Segundo o “Jornal de Negócios”, a operação atraiu cerca de 200 investidores, encontrando-se entre eles o Banco Central Europeu (BCE), que já tinha selecionado a EDP como uma das companhias portuguesas elegíveis para o seu plano de compra de dívida de empresas privadas. “Esta emissão destina-se a financiar as necessidades decorrentes da atividade normal da empresa, permitindo alongar o seu prazo de maturidade e reforçar a flexibilidade financeira”, informou a EDP, cuja dívida líquida ascendia, em setembro, a €15,9 mil milhões. Além da elétrica, também a REN — Redes Energéticas Nacionais e a Brisa têm rating para figurar na lista de empresas em cuja dívida o BCE poderá investir. M.P.

Os dirigentes das quatro confederações patro-nais encontraram-se na SIC Notícias na pas-

sada quarta-feira, dia em que foi chumbado no Parlamento o decreto-lei da TSU. E o que disseram os representantes da indústria, da agricultura, do comércio e do turismo? Algo muito diferente da berraria que por aí vai, na qual o PSD é crucificado por ter inviabi-lizado uma medida aprovada pela concertação social. Vale a pena sintetizar os argumentos expostos.

Primeiro: o Conselho de Concertação Social (CCS) é um órgão constitucional onde quem tem assento é o Gover-

no, não os partidos. Segundo: quem tinha a obrigação de ga-rantir que a medida aprovada pelo CCS passaria nos outros órgãos de soberania (Presidên-cia da República e Parlamen-to) era o Governo. Terceiro: o chumbo do Parlamento à medida de baixar a TSU para as empresas com trabalhado-res a receber o salário mínimo abre, por responsabilidade do Governo, uma fase de descon-fiança entre os membros do CCS.Como sublinhou João Ma-chado, da CAP, é a primeira vez na história da concertação social que isto acontece. É por-tanto inédito e grave. Grave na medida em a política pre-valeceu sobre o histórico da

concertação social, deixando os respetivos parceiros patro-nais numa dúvida de confiança sobre futuras negociações. No plano político, a responsabili-dade é do Governo e de mais ninguém. No plano partidário, as guerras e guerrinhas que tanto animam o ‘circo medi-ático’, é outra coisa. Dá jeito para disfarçar, tentar fragilizar adversários, dar protagonismo a algumas “boas consciências”, mas não passa disso.

O Governo começou por im-por aos patrões o salário míni-mo de 557 euros para garantir o apoio dos seus parceiros de coligação. É política. A seguir negociou a baixa da TSU sa-bendo perfeitamente que es-

ses mesmo parceiros não a aceitariam. É política. Por fim achou que o PSD, hipotético representante político do pa-tronato, jamais votaria contra. É política. Ou seja, desde o início ao fim desta atribulada negociação foi sempre a polí-tica que esteve no comando, sem preocupação de um real consenso de todas as partes, patronais ou partidárias.

É claro que o Governo ar-

ranjará forma de substituir esta medida, a baixa da TSU, por outra(s) que compensem as empresas e as IPSS. Não é sequer um exercício muito di-fícil, como se verá. O que este episódio revela é a dificuldade de conjugar dois mundos com visões opostas sobre a eco-nomia e as empresas. O que esta trapalhada mostra é a di-ficuldade de adotar políticas coerentes e de longo prazo, amigas do investimento e das empresas, que aliviem a pe-sada carga fiscal que as tolhe, que eliminem a burocracia que as asfixia, que reduza os cha-mados “custos de contexto”, que estimule, enfim, quem in-veste e cria emprego.

Pontos nos is

O que esta trapalhada da TSU mostra é a dificuldade de adotar políticas coerentes e de longo prazo

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 07

ECONOMIA

REPÚBLICA PORTUGUESA

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA08

Jorge Nascimento Rodrigues

As ‘trumponomics’ têm duas faces. Am-bas de risco. O paco-te expansionista que pretende impulsio-nar internamente a economia norte--americana tem muito de “fantasia

da Disneylândia”, como ironizam mui-tos analistas. As medidas que surgem como braço económico da política ex-terna podem ser o tiro de partida de uma guerra comercial global. Ainda por cima, num momento em que as relações entre as duas maiores econo-mias do mundo, EUA e China, estão em plano acelerado de degradação política.

A primeira semana da Administração Trump ficou marcada por duas primei-ras medidas de rutura geoeconómica, uma afetando a Ásia e outra os dois vizinhos. Dois dos primeiros decretos executivos do novo Presidente Donald Trump instituíram a saída dos Esta-dos Unidos da Parceria Trans-Pacífico (TPP, no acrónimo em inglês), que en-volvia outros 11 parceiros da região, e a renegociação do Tratado Norte-Ame-ricano de Comércio Livre (NAFTA, no acrónimo em inglês) com os dois vizinhos, Canadá e México.

O NAFTA é o maior tratado comercial existente e Trump já designou para a renegociação três dos seus magníficos da equipa económica — o secretário do Comércio Wilbur Ross, o negociador chefe Robert Lighthizer, e o chefe do recém-criado Conselho de Comércio da Casa Branca, Peter Navarro. No caso do TPP, este tratado ainda não tinha sido aprovado pelo Congresso norte-ame-ricano e dos seus fundadores apenas o Japão o ratificou até à data.

Trumponomics O ‘pai’ de todos os grandes riscos de 2017 iniciou os primeiros 100 dias agitando os vizinhos e o Pacífico

A economia nunca mais será a mesma

Trump batizou esta parte da sua polí-tica externa como “Política Comercial América Primeiro” (America First Tra-de Policy, no original). A ideia por detrás das duas medidas prioritárias anuncia-das em política económica externa é o regresso às negociações bilaterais entre potências económicas, colocando um ponto final em negociações multilaterais e em tratados de cooperação e media-ção de dimensão regional. O Presidente norte-americano já agendou reuniões em separado com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, e com o Pre-sidente mexicano, Enrique Peña Nieto. Trudeau já afirmou que poderá estar interessado apenas num acordo bilate-ral e Nieto já ameaçou com retaliação equivalente se forem impostas tarifas aduaneiras de 35%. A própria renegocia-ção pode ser um tiro no pé para os EUA. O acordo contribuiu com um aumento de 0,5% anualmente para o crescimento dos EUA desde que entrou em vigor em 1994, refere Kimberley Amadeo, presi-dente do WorldMoneyWatch.

As opções no domínio do comércio

externo não estão desligadas do reposi-cionamento geopolítico que a nova Ad-ministração quer iniciar, como sublinha o economista Dan Steinbock, fundador da consultora Difference Group, que, na semana de Davos, publicou vários ar-tigos no “China Daily” que provocaram polémica (ver Perguntas a).

Presidente ‘disjuntivo’

“Há a possibilidade do regresso a uma nova divisão do mundo em esferas de in-fluência, um cenário que estudo no livro que vou publicar ‘A Economia Política do Amanhã’”, diz, por seu lado, Marc Chandler, analista financeiro da Brown Brothers Harriman, em Nova Iorque.

Scott Lemieux, professor de ciência política no College of Saint Rose em Al-bany, nos EUA, já apontou Trump como “um presidente disjuntivo”, tal como Herbert Hoover entre 1929 e 1933, em cujo mandato foi promulgada a segun-da mais pesada legislação protecionista da história norte-americana (ver arti-go). Mas todas as decisões de rutura na cena mundial abrem oportunidades a outros. A Austrália e a Nova Zelândia já propuseram aos restantes nove signatá-rios do TPP — entre eles Canadá, Japão e México — a continuação do tratado, mesmo sem os EUA, procurando atrair a ele a China e a Indonésia.

Trump começou por prometer no debate eleitoral fazer crescer a econo-mia norte-americana a “5% ou 6%” ao ano. Depois reviu em baixa o objetivo, e passou a apontar para 3,5% a 4%, mesmo assim acima da média de 2,4% projetada para 2017 e 2018 pelo Fundo Monetário Internacional. O que aproxi-maria a dinâmica da retoma económica a partir do início do seu mandato das médias obtidas em 1982/89 e 1991/98 e acima da verificada entre 2001 e 2007 (ver gráfico).

O ingrediente para conseguir essa aceleração é um plano de corte de im-postos de contribuintes singulares e em-presas. A nível empresarial calcula-se que a redução de impostos permitiria um ganho de mais de 8% por ação nas cotadas, com destaque para os sectores que fornecem bens de consumo básicos e não essenciais (ver infografia). Mesmo sem as medidas fiscais e de desregula-ção financeira estarem anunciadas, a euforia tomou de assalto Wall Street nesta primeira semana de Trump na Casa Branca. O mais importante índice, o Dow Jones, ultrapassou a marca sim-bólica dos 20.000 pontos.

O ponto fraco

O ponto fraco da estratégia Trump pode estar onde menos se tem falado — no posicionamento e na liderança da quarta revolução tecnológica iniciada na déca-da de 90 do século passado.

“Apesar de os EUA terem gerado e do-minado as principais tecnologias deste novo ciclo ascendente, não abraçaram, ainda, a ideia da indústria 4.0 — criada na Alemanha —, pouco usam essa desig-nação, não avançaram com uma ação coordenada nesse campo e tudo indica que as metas da nova Administração pa-recem estar orientadas para relocalizar no território indústrias empregadoras de mão de obra que se haviam deslo-calizado”, chama a atenção Tessaleno Devezas, professor da Universidade da Beira Interior, especialista em revolu-ções tecnológicas.

Trump pode vir a ficar na história do pós-guerra como o presidente norte--americano que, enfrentando um “mo-mento de bifurcação”, optou errada-mente, conduzindo os EUA a perderem a nova janela de oportunidade tecnoló-gica, conclui Devezas.

[email protected]

EUA

O ÍNDICE DOW JONES PASSOU, NESTA PRIMEIRA SEMANA DE TRUMP NA CASA BRANCA, A BARREIRA DOS 20 MIL PONTOS

CINCO PERGUNTAS A

Dan SteinbockFundador do Difference Group, Centro União Europeia, Singapura

P O que pretende Donald Trump com as primeiras medidas no comércio internacional? R Essa dimensão da política externa

de Donald Trump é uma extensão da sua política interna. A saída do TPP e a renegociação da NAFTA destinam-se a encostar à parede os parceiros comerciais para lhes arrancar bilateralmente melhores termos para os EUA.

P Isso pressupõe alvos cirúrgicos ou um rompimento global? R Trump trabalhou com a sua equipa

para definir os principais países que contribuem para o défice comercial norte-americano, particularmente China, Alemanha, Japão, México e Canadá.

P Essa estratégia de alvos não é arriscada? R No imediato, os maiores riscos

globais vêm exatamente da dimensão externa do ‘América Primeiro’. Como o comércio internacional e o investimento internacional estagnaram num planalto [de crescimento], a globalização chegou a um impasse. A política aduaneira da Administração Trump pode exacerbar estes riscos. O que coincide com um facto que não se

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 09

A economia nunca mais será a mesma

EUA

Trump promulga a primeira medida de ‘revolução’

nos acordos económicos internacionais, a saída

da Parceria na Ásia Pacífico FOTO RON SACHS/EPA

Os alvos são os cinco principais fornecedores mundiais que registam excedentes nas relações com os EUA

Protecionismo é uma arma da geopolítica

“‘Trumpear’ o comércio mundial é uma péssima ideia, mas o momento em que surgem estas decisões prote-cionistas é ainda pior”, refere-nos o economista finlandês Dan Steinbock, responsável pela firma de consultoria Difference Group. O crescimento do comércio mundial deve ter caído para 1,9% em 2016, segundo as estimativas mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Depois de uma recuperação forte em 2010 e 2011, com um crescimento médio de quase 10% após a derroca-da de 2009, o ritmo baixou para o patamar dos 3% e desacelerou ainda mais em 2015 e 2016. Uma vaga de protecionismo global em 2017 e 2018 dará uma machadada nas projeções do FMI, que apontam para uma ace-leração para 3,8% e 4,1%.

A estratégia comercial da Adminis-tração Trump é uma arma de realpoli-tik, alerta Steinbock. Os destinatários principais do protecionismo são as economias que registam maiores ex-cedentes comerciais nas trocas com os EUA — China, Alemanha, Japão, México e Canadá (ver tabela) — e que são, simultaneamente, alvos geopo-líticos muito claros (China e Alema-nha) ou geoeconómicos (Canadá, Ja-pão e México). A China domina mais de 40% do défice comercial dos EUA, em que muitas das exportações são realizadas por multinacionais norte--americanas que se deslocalizaram.

A crítica violenta dos défices comer-ciais dos EUA e, em contrapartida, dos excedentes registados por parte de alguns parceiros serve largamente o objetivo de minar o pilar central da União Europeia (e daí as recentes declarações do já Presidente Trump visando a Alemanha), travar a emer-gência global da China, prejudicar as reformas no Japão e obrigar os dois vizinhos, a norte e a sul, a renegoci-arem o acordo da NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), sublinha o economista finlandês.

O sector automóvel tem estado na ribalta como um dos alvos da estratégia protecionista, pretendendo obrigar os exportadores para os EUA — mul-tinacionais norte-americanas ou es-trangeiras — a relocalizarem para solo norte-americano. O sector automóvel está profundamente inserido nas ca-deias mundiais de produção e é o se-gundo mais importante segmento de importações (ver tabela). Automóveis e aviões comerciais são importantes componentes da exportação dos EUA que poderão ser afetadas pelas vagas de retaliação (ver tabela). No quadro da NAFTA, as principais importações são de petróleo, de gás de xisto do Canadá (um forte produtor nesta área, concor-rente dos EUA) e de crude do México.

Precedente histórico

“Tudo isto nos deixa uma sensação de já visto. O protecionismo de Trump tem um precedente histórico no século XX. A Lei sobre Tarifas Smoot-Hawley de 1930”, sublinha Steinbock. A legis-lação protecionista da presidência do republicano Herbert Hoover abrangeu 20 mil produtos importados, que so-freram uma taxa de importação média de 20%. Na ocasião, 1028 economistas apelaram ao veto presidencial, mas Hoover fez orelhas moucas. O econo-mista Joseph Schumpeter considerou este expediente como “o remédio ca-seiro” típico dos republicanos. O histo-riador das crises, Charles Kindleberger, disse que aquela decisão foi “um ponto de viragem”. O seu impacto geopolítico foi devastador e o seu efeito económico agravou a Grande Depressão.

A legislação gerou uma onda de re-taliações. Primeiro Espanha, revoltada contra os impostos aduaneiros sobre alhos, cortiça, laranjas e uvas. Depois Suíça, afetada nos relógios e sapatos, que avançou para um boicote a tudo o que era made in USA. Mais tarde Canadá, Itália, Cuba, México, França, Austrália e Nova Zelândia. A região mais afetada pela medida foi a Europa. Este pacote protecionista foi o segun-do mais grave da História dos EUA. O maior foi promulgado em maio de 1828 pelo Presidente John Quincy Adams, impondo uma taxa média de 62% a 92% aos produtos importados. A deriva de Hoover só foi travada em 1934, na Administração de Franklin D. Roosevelt, que promulgou a Lei de Acordos de Comércio Recíprocos, que reduziu as tarifas e promoveu o comércio internacional. J.N.R.

OS ‘PAIS’ DE UM ERRO HISTÓRICO O senador Reed Smoot (à direita) e o representante Willis C. Hawley (à esquerda), ambos congressistas republicanos, deixaram os seus apelidos inscritos na História norte-americana ao apresentarem o segundo maior pacote protecionista desde a independência dos EUA. A Lei sobre Tarifas Smoot-Hawley, tendo sido aprovada na Câmara dos Representantes em maio de 1929, passou depois no Senado, com 44 votos a favor e 42 contra, em março de 1930. Foi promulgada em junho daquele ano pelo então Presidente Herbert Hoover (republicano, com mandato entre 1929 e 1933)

CINCO PERGUNTAS A

verificava desde 1970, a divergência de interesses entre EUA e China.

P Essa ‘mistura’ pode ser explosiva? R Pode originar o que tenho chamado

de círculo vicioso de ‘anomalias’ com potencial adverso. Não só uma acumulação de cisnes negros, de acontecimentos ‘anormais’, mas um ‘novo normal’, cada vez mais sistémico.

P A estratégia de Trump é uma estreia nos EUA? R Não. Há um precedente, pelo menos

no que toca ao protecionismo: a Lei Smoot-Hawley impondo tarifas em 1930 na presidência Hoover. Parecendo funcionar inicialmente, rapidamente gerou uma cadeia de retaliações. O que agravou, então, a Grande Depressão e abriu o caminho para uma nova guerra.

NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS

Trump já foi criticado por querer ter sol na eira e chuva no nabal. Se ataca num lado, candidata-se a sofrer retaliações noutro. E dispara em várias direções

CRESCIMENTO EM BAIXA NAS ÚLTIMAS RETOMASMédia anual de crescimento real do PIB. Valores em percentagem

4

2

0

FONTE: EL ECONOMISTA

SORTUDOS DO PACOTE FISCAL DE TRUMPValores em percentagem

Quanto aumentarão os ganhos por ação de empresa cotada

30% (+ 21,5%)

CONSUMO BÁSICO

25,8% (+ 14,6%)

NÃO ESSENCIAL

25,2%(+ 13,6%)

TELECOMUNICAÇÕES

24,5%(+ 12,6%)

MATERIAIS BÁSICOS

23,1%(+ 10,6%)

INDÚSTRIAS

22,3% (+ 9,4%)

SAÚDE

Quanto pagam de impostos

FONTE: SARA FROSTENSON, VOX

1982-1989 1991-1998 2001-2007

4,5

2009-2016

4,2

2,82,1

Alemanha$75

MIL MILHÕES

Japão$69

MIL MILHÕES

México$61

MIL MILHÕES

Canadá$16

MIL MILHÕES

PAÍSES COM MAIORES EXCEDENTES NA BALANÇA EXTERNA DOS EUAValores de 2015 em mil milhões de dólares

ALVOS DO PROTECIONISMO DE TRUMP

PRINCIPAIS IMPORTAÇÕES DOS EUAValores de 2015 em mil milhões de dólares

China$367

MIL MILHÕES

Máq. e equip. industriaisAutomóveis e componentes

PetróleoServiços a empresas

Telemóveis e TV

173152

87119128

Serviços a turistasAutomóveis

Royalties e licençasAviões comerciais

Tarifas a passageiros

PRINCIPAIS EXPORTAÇÕES DOS EUAValores de 2015 em mil milhões de dólares,

FONTE: KIMBERLY AMADEO, THE BALANCE.COM

ESTIMATIVA 2016 PROJEÇÃO 2017

Crescimento PIB (%) 1,6 2,3Inflação anual (%) 1,2 2,3Desemprego (%) 4,9 4,8Dívida (em % do PIB) 108,2 108,4Défice externo (em % do PIB) -2,5 -2,7Défice orçamental (em % do PIB) -4,1 -3,7

RADIOGRAFIA DOS EUA

FONTE: FMI

486348

137169180

21,5%(+ 8,2%)

2 JAN. 2017 9 16 23

0,93

FONTE: XE.COM

08 09 10 17

FONTE: REUTERS

11 12 13 14 15 16

20.069

DÓLAR CAI 2% DESDE O FINAL DE 2016Contravalor do dólar em euros

0.965

0.955

0.945

0.935

0.925

DOW JONES ULTRAPASSA MARCA DOS 20 MILÍndice em milhares de pontos, 2008-2017

20

15

10

5

0

Portugal: fornecedor com excedente

Portugal é um pequeno fornecedor dos EUA, mas é um dos países que registam excedente comercial com a economia americana. Em 2015, ocupou a 79ª posição como cliente e a 58ª como fornecedor da grande potência. Registou um excedente comercial de €1,5 mil milhões entre janeiro e setembro de 2016, segundo a AICEP. Na nossa balança com os EUA, o rácio de cobertura do que exportamos em relação ao que importamos é de quase 290%. Os dois ‘czares’ do programa económico de Trump, Wilbur Ross e Peter Navarro, definiram como ‘alvo’ da política comercial os fornecedores que registem excedentes. Mas Portugal tem uma posição marginal nesse campeonato. No entanto, qualquer oscilação na política aduaneira dos EUA, que atinja os membros da União Europeia (UE), terá repercussão. Os EUA passaram de 8º para 5º cliente de Portugal entre 2011 e 2015. São o principal destino fora da UE. Aquele mercado representa 5,1% das exportações portuguesas; quatro anos antes valia apenas 3,9%. As principais exportações foram os combustíveis (a partir das refinarias da Galp), que representaram 26,1% do total, seguindo-se, a grande distância, máquinas e aparelhos, produtos químicos, matérias têxteis, e madeira e cortiça.

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA10

“Confusion de Confusiones”

João [email protected]

José Félix Morgado diz que não é necessário injetar mais capital para já. Holding para África deverá estar pronta até junho

Montepio quer voltar aos lucros em 2017

Um ano e meio depois de che-gar à liderança do Montepio, José Félix Morgado afirma que “2016 foi um ano de viragem para preparar o banco para os desafios que se avizinham e em 2017 o objetivo é regressar aos lucros”.

O presidente da Caixa Eco-nómica Montepio Geral refere que a isso não foi alheio o facto de ter encetado uma “redefi-nição em termos de mercado, focalizando o negócio do ban-co nas famílias e em pequenas e médias empresas, afastando do balanço o peso da exposição ao crédito imobiliário”.

Segundo Félix Morgado, que sucedeu a Tomás Correia na li-derança do Montepio em agos-to de 2015, “o esforço em ter-mos de desalavancagem tem tido resultados positivos, o que permitiu reforços ao nível da li-quidez e do capital”. Em suma, esta estratégia “permite uma gestão de risco mais de acordo

com o balanço do Montepio”. Uma reestruturação que tem sido feita ao nível do corte de custos e emagrecimento da rede comercial.

Quando questionado sobre um reforço de capital este ano, Félix Morgado afasta esta necessidade, embora com cautelas. Afirma que o rácio de capital, CET1, está nos 11% e o rácio de capital total nos 10,43%, para dizer que, “se e quando houver necessidades de capital, isso será discutido e analisado pelo acionista único [a Associação Mutualista]. Até agora não existem necessida-des de capital”. Até porque, como recorda, em 2015 a dona do banco injetou €270 milhões, através da subscrição de Unida-des de Participação, detendo a mútua mais de 60% no Fun-do de Participação (criado em 2013 para reforçar o capital do banco através de participações de particulares, que apenas po-derão receber algum retorno quando o banco der lucros).

Da reestruturação que lide-rou, Félix Morgado adianta alguns números sobre pou-panças em curso, como 5% de corte na massa salarial dos

trabalhadores face a 2015 (em 2016 não foram atualizados salários e em 2017 também não o serão, por via do acordo com os sindicatos, de forma a que não sejam necessários mais despedimentos), cortes entre 10% e 12% em contratos de outsorcing (telecomunica-ções, seguros e eletricidade, entre outros) e redimensiona-mento da rede (arrendamen-tos que deixaram de existir e concentração de serviços em edifícios do Montepio), que so-mam cerca de €14 milhões, em velocidade de cruzeiro.

Ainda assim, o banco lide-rado por Félix Morgado vai fechar o ano de 2016 com prejuízos. Até ao terceiro tri-mestre, as contas foram nega-tivas em €67,5 milhões, mas verificou-se já um resultado positivo de €144 milhões entre julho e setembro. Félix Morga-do sublinha que os principais indicadores estão a melhorar e exemplifica que a margem financeira e o produto bancá-rio evidenciaram melhorias já no terceiro trimestre, e a tendência é para manter este caminho.

Quanto à ideia protagoniza-da pelo presidente da Asso-ciação Mutualista Montepio, Tomas Correia, sobre a pos-sibilidade de o Montepio se associar a investidores para ficar com o Novo Banco e fazer deste um banco social, Félix Morgado afirma que o banco a que preside também é de cariz social e que no caso de a ven-da em curso falhar a solução mais adequada será pedir mais

tempo para que o Novo Banco possa ser vendido para lá do prazo de 6 de agosto. “Parece -me ser esta a solução melhor, se as autoridades europeias o permitirem.”

Uma holding para Angola e Moçambique

A exposição a África, onde tem 51% do Finibanco Ango-la e 45,8% do moçambicano Banco Terra, vai passar para uma holding que resultará de uma parceria internacional e que deverá estar concluída até junho. Uma estratégia que se enquadra no âmbito da re-estruturação do Montepio e que permitirá, segundo Félix Morgado, “ganhos em termos de rácios de capital e acesso a mercados da África Subsa-ariana, onde o Montepio não estava”.

A holding chama-se Arise e terá como parceiros os holan-deses do Rabobank e do banco de fomento FMO e o fundo norueguês Norfund. Esta par-ceria aguarda a aprovação de vários bancos centrais, já que estará presente em 20 países de África. O montante de ati-vos ascende a 660 milhões de dólares, e o Montepio ficará com 5% a 7% da holding atra-vés da entrega da posição no Finibanco Angola e do Banco Terra. Desta forma, “mitiga-mos o risco operacional e a ex-posição e podemos crescer em conjunto num mercado mais alargado”.

Isabel [email protected]

José Félix Morgado diz que a reestruturação do Montepio está a correr bem FOTO ALBERTO FRIAS

€6 milhões em balcões novos

Os desafios do Montepio nos próximos três anos passam por uma transformação digital, à semelhança do que estão a fazer outros bancos. Adaptar a rede de balcões às necessidades dos clientes é uma mudança que vai começar a ser visível a partir de 6 de fevereiro em algumas agências do Montepio (a começar pelo balcão na Rua Castilho e na Avenida Almirante Reis, em Lisboa). Para isso, o banco tem um orçamento conservador de €6 milhões. O objetivo passa por criar novas funcionalidades nos balcões e “facilitar, simplificar e flexibilizar a vida dos nossos clientes”, afirma José Félix Morgado. A modernização nos 327 balcões do Montepio (em 2016 ficou concluído o redimensionamento com o fecho de 100 balcões) é o primeiro sinal de reposicionamento no mercado de retalho do Montepio e visa “reformular todos os canais, melhorando os existentes e construindo de raiz os que nos faltam”, diz Félix Morgado. O objetivo é “estar mais próximo do cliente e facultar-lhe as ferramentas necessárias às suas necessidades, num ambiente em que a digitalização é um caminho onde temos de investir”, acrescenta. Com a modernização das agências, o Montepio espera captar mais clientes e melhorar a relação com os existentes, não descurando a necessidade de investir também nos canais digitais. Contudo, o que se pretende, segundo o presidente do banco, é estreitar pontes com o cliente, e também por isso em 2016 o Montepio investiu na formação dos seus quadros 51 mil horas.

Corria o rumor de que uma alma penada fazia milagres a quem, à meia--noite, fosse ao cemité-

rio. As curas eram fantásticas. O marreco, desde sempre go-zado pela bossa que ostentava, chega um dia à tasca, escorreito e aprumado, e proclama que a mão fria da alma do outro mun-do lhe havia tocado a corcun-da, sumindo-lha para sempre. O coxo que por ali andava sai disparado, a roer-se de inveja, direito ao sepulcrário, na ânsia de um encontro com a alma mi-lagrosa. “Quem vem lá?” “Sou eu...” “Eu quem?” “O coxo!”, responde ele, na expectativa de mais um milagre. “Ai sim? Então toma lá uma marreca!”

O Governo, sentindo que ti-nha acordado com a esquer-da, sua apoiante parlamentar, o aumento do salário mínimo nacional para os €557 mas ten-do consciência (Mário Centeno tem artigos científicos publi-cados sobre o assunto) de que uma subida desta grandeza colocaria em causa a competi-tividade das empresas, aceitou compensá-las com uma descida dos encargos sobre remunera-ções no que excedesse os €550.

Perante o chumbo desta pro-posta no Parlamento, o Gover-no avançou então com outra compensação: baixar o valor mínimo a pagar em sede do pa-gamento especial por conta e alterar a forma de cálculo do mesmo. Porém, na prática, esta medida tem três característi-cas: apenas dilata no tempo a data de pagamento do IRC das empresas lucrativas, beneficia as empresas que apresentem sucessivos prejuízos (não ima-ginava que para a esquerda se devia premiar tais empresas...), e todos estes benefícios têm (sempre) a mesma origem: o Orçamento do Estado.

Esta medida aproveita as empresas que pagam o salário mínimo aos seus empregados? Não. A medida compensa as empresas que são afetadas na sua produtividade pelo aumen-to do salário mínimo nacional? Não. A medida compensa quem nada tem a ver com o salário mí-nimo nacional? Sim. Não serão apenas as microempresas que vão beneficiar desta medida? Não. Esta medida faz repercutir nos cidadãos o benefício que as empresas vão obter? Sim. Esta medida beneficia “o ca-pital” e penaliza o cidadão que paga impostos? Sim. O Bloco e o PCP não rejeitaram a desci-da da TSU porque beneficiava as empresas à custa da Segu-rança Social e em último caso o Orçamento do Estado que a compensaria pela perda? Sim. A medida que tem o mesmo efeito que a anterior, porque se verte no Orçamento o benefício em-presarial, tem agora o apoio e a compreensão do Bloco e do PCP? Sim.

Em suma, afetam-se umas empresas e compensam-se ou-tras, sempre à custa de quem paga impostos. Não podendo compensar os coxos, o Gover-no decide beneficiar os marre-cos. O que é óbvio! Não se está mesmo a ver que os coxos são marrecos e que, ao beneficiar os corcundas, estamos obvia-mente a beneficiar os mancos! Confusion de confusiones...

Os coxos e os marrecos

BANCA

Lone Star admite juntar grupos nacionais à ofertaNegociações continuam intensas mas sem luz ao fundo do túnel. Garantias públicas ainda não caíramO fundo norte-americano Lone Star não desiste de com-prar o Novo Banco mas pode não ir sozinho. O Expresso sabe que a Lone Star tem sido contactada por alguns dos maiores grupos empresariais portugueses, que se mostra-ram disponíveis para integrar a proposta de compra pelo an-tigo BES. Entre a Lone Star e

estes grupos ocorreram já re-uniões de trabalho, e, apesar de os americanos admitirem que não precisam de ajuda, a entrada de capital português é bem vista, até porque pode aumentar as probabilidades de sucesso da operação.

O problema continua a ser o mesmo de sempre: contor-nar a questão das garantias

públicas. Apesar das negoci-ações estarem ativas, a con-tragarantia pública de €2,5 mil milhões pedida pela Lone Star para fazer face a pos-síveis perdas com os ativos não estratégicos que foram colocados numa espécie de side bank, ainda não foi reti-rada. Entre estes ativos estão os interesses imobiliários do

ex-BES e outras participações para serem alienadas, além de créditos concedidos sem qualquer tipo de garantia dos clientes.

O mesmo se passa com as negociações intensas que o Banco de Portugal (BdP) e Sérgio Monteiro têm tido com o consórcio liderado pelo fun-do norte-americano Apollo com a Centerbridge. Porém este concorrente não assinou ainda o memorando de en-tendimento para que a sua oferta possa ser considerada vinculativa. Também a Apollo tem na sua oferta a exigência de garantias públicas.

Em contrarrelógio

Os contactos estão a decor-rer o mais rápido possível, até porque existe urgência em fechar as negociações com o BdP. A expectativa é que nos próximos 15 dias seja envia-da ao Governo uma propos-ta melhorada. Isto embora o

BdP não tenha nesta fase de conversações colocado uma data limite para apresentar uma proposta ao Governo.

Ambos os candidatos, os fundos Lone Star e Apollo/Centerbridge têm a seu lado investidores portugueses que manifestaram interesse em avançar para a compra do Novo Banco. No caso da Apollo, o grupo Violas, maior acionista português do BPI, já o assumiu. Os candidatos disputam entre si parecerias com investidores portugue-ses para mostrarem que não querem desmantelar o banco.

Em cima da mesa estão ou-tras alternativas, umas mais criativas do que outras, mas ainda nenhuma com pernas para andar. Entre elas está a chamada de obrigacionistas institucionais, como referiu o Expresso na última edição, ou uma solução mista de venda.

João Vieira Pereira e Isabel Vicente

[email protected]

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 11

REGULAÇÃO

Reforma da supervisão financeira a caminho

Tavares lidera grupo de trabalho que prepara a criação de uma estrutura de supervisão macroprudencial, para coordenar banca, bolsa e seguros

Depois de 11 anos à frente da Comissão do Mercado de Valo-res Mobiliários (CMVM), Carlos Tavares vai agora coordenar o grupo de trabalho que irá de-dicar-se à reforma do modelo de supervisão financeira portu-guesa. As debilidades da arqui-tetura da regulação financeira em Portugal e as falhas ao nível da supervisão, postas a nu pelos sucessivos casos que têm afe-tado a banca portuguesa, e de que o colapso do BES e a nacio-nalização do BPN são exemplos claros, ditaram a necessidade de reformar o sistema.

O grupo de trabalho tem como missão “avaliar o atual modelo e propor a competente reforma”, diz o despacho do ministro das Finanças, onde é nomeado o grupo que irá dar corpo ao projeto. A criação de uma supervisão macropru-dencial será na prática uma estrutura que coordene toda a supervisão financeira: banca, bolsa e seguros. A tarefa será dura, já que a reforma — cujo modelo ainda está por definir — irá certamente mexer com

os poderes do Banco de Por-tugal (BdP), da CMVM e da Autoridade de Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASSFP).

Carlos Tavares coordenará uma equipa constituída por mais dois elementos: Maria Luísa Azevedo, diretora adjun-ta da CMVM e o jurista Pedro Siza Vieira. Este último, próxi-mo do primeiro-ministro An-tónio Costa, faz parte também do grupo de trabalho que está a estudar a solução para o cré-dito malparado, e que poderá culminar com a criação de um ‘banco mau’. Uma equipa che-fiada pelo economista Vítor Es-cária, e que tem, além de Pedro Siza Vieira, o advogado Diogo Lacerda Machado e Esmeralda Dourado. Os membros do gru-po de trabalho para a reforma da supervisão financeira não irá auferir qualquer remune-ração ou abono pelo exercício destas funções, deixa claro Má-rio Centeno no despacho de nomeação.

Dois meses depois de consti-tuído, o grupo de trabalho de-verá apresentar um anteprojeto de documento de consulta pú-blica, onde estarão contidas as linhas fundamentais da refor-ma a propor. Ou seja, no final do março este documento já deverá estar pronto.

O despacho do ministro lem-bra o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito ao processo do BES, onde foi re-comendada “inequivocamente a reavaliação do atual modelo de supervisão financeira e a in-trodução das mudanças neces-sárias ao reforço da sua eficácia e da coordenação dos supervi-sores”. Na altura, em abril de 2015, foi sugerida a constitui-ção de um Conselho Superior do Sistema Financeiro, “voca-cionado para promover uma visão holística e congregadora de todas as partes relevantes num adequado funcionamen-to do sistema financeiro”. O BdP, a CMVM e a ASSFP terão de prestar colaboração, sem prejuízo da salvaguarda dos deveres de sigilo a que estão obrigados. A.C. e J.V.P.

Carlos Tavares tem a cargo uma reforma que irá mexer com os poderes do Banco de Portugal e da CMVM

Sede da Ongoing na Rua Vítor Cordon em Lisboa foi vendida e a receita dividida entre Nuno Vasconcellos e o banco

Edifício rende milhões a Vasconcellos e Novo Banco

O edifício sede da Ongoing, na Rua Vítor Cordon, em Lisboa, estava à venda desde 2013, numa altura em que já começa-va a ficar claro que o grupo lide-rado por Nuno Vasconcellos iria ruir. Foi vendido nas últimas semanas, soube o Expresso. O preço de venda terá rondado os €8 milhões. Deste montante, parte, quase €2 milhões, irão parar às mãos de Nuno Vascon-cellos. Os restantes €6 milhões serão encaminhados para o Novo Banco, por penhora e dívi-das da proprietária do edifício.

Situado a dois passos do cora-ção do Chiado, com vista para o Tejo, o edifício, onde outrora se situava o quartel-general do grupo liderado por Nuno Vas-concellos e Rafael Mora, en-

tão acionista da PT e dona do “Diário Económico”, era agora propriedade da Ongoing VC 19, uma sociedade imobiliária em processo de dissolução que terá migrado do universo da Ongo-ing Strategy Investments SGPS. A VC 19 é detida em 99,9% pela imobiliária Rocksun, SA, de que Nuno Vasconcellos é presidente e principal acionista — a Ongo-ing detém 30%. A Rocksun tem um capital próprio negativo de €5,7 mil milhões e declara um ativo total de €8,1 milhões. Des-conhece-se quem foi o compra-dor da sede.

Vai Nuno Vasconcellos embol-sar mesmo os quase €2 milhões conseguidos com a venda da sede da Ongoing, ficando com a diferença entre o preço de venda

ONGOING

(€8 milhões) e a hipoteca sobre o imóvel do Novo Banco (€6 mi-lhões)? Um credor da Ongoing desconfia que este é um cenário que está em cima da mesa e en-tregou ao juiz do Tribunal do Comércio, responsável pelo pro-cesso, um requerimento para travar a operação e pedir ao ges-tor judicial que investigue a sua veracidade. Se se confirmar que Vasconcellos “pôs ao fresco” a joia da coroa, desviando a “car-ne dos ossos”, que ficaram na massa falida, é “desesperante e frustrante”, afirma o advogado Luís Carreira Graça, represen-tante de um credor da Ongoing, em processo de insolvência.

A denúncia do advogado su-blinha que a transação “privi-legia um credor da Ongoing” ,

o Novo Banco, e permite “à fi-gura proeminente” e principal responsável pelo colapso, Nuno Vasconcellos, “receber avulta-da quantia monetária”. O crime parece que compensa, defende.

Diz o requerimento que a VC 19 já celebrou um contrato pro-messa para vender por €8 mi-lhões a sede, depois de o Novo Banco libertar a hipoteca (€3,8 milhões) e receber a dívida da Rocksun (€2,4 milhões). A di-ferença fica no universo pesso-al de Vasconcellos. O advogado recorre ao latim, fumus boni juris, para alertar que, nestas coisas, não há fumo sem fogo.

É de admitir que, “através de diligências de licitude duvido-sa”, a sede da Ongoing tenha sida desviada do perímetro da

insolvente, reduzindo as garan-tias patrimoniais, “com mani-festo prejuízo dos credores e trabalhadores da Ongoing”, lê-se no requerimento. Deverá o administrador de insolvência “levar a cabo as diligências que

permitam apurar se a Ongo-ing VC 19 pertenceu à Ongoing SGPS, quando deixou de per-tencer, bem assim como todos os procedimentos” que tenham eventualmente permitido que deixasse de ser. Se assim for, deverá haver uma “reversão” da posse e a reposição da situa-ção que proteja a comunidade de lesados da Ongoing.

O liquidatário judicial, Fer-nando Silva e Sousa, respondeu ao Expresso que “não fala so-bre os processos” em que está envolvido. O Novo Banco tam-bém não esteve disponível para esclarecer a operação. Da VC 19 ninguém atendeu o telefone.

Abílio Ferreira e Anabela Campos

[email protected]

NEGÓCIO

€8milhões é quanto terá rendido a venda da sede da Ongoing

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA12

A autora escreve todas as sexta-feiras em expresso.sapo.pt

&conomia

Sandra [email protected]

AUTOMÓVEIS

Tesla em Lisboa sem gigafábrica

A sofisticada marca de ‘elétricos’ chegou a Portugal com a sua rede de carga de bateriasA Tesla chegou a Portugal. Mas não vem com uma gigafábrica, ao contrário do que se chegou a pensar. A constru-ção de uma fábrica na Europa alimen-tou expectativas em vários países, e Portugal não foi exceção. Houve movi-mentos na internet e, inclusivamente, notícias dando conta do interesse de Portugal em captar este investimento. A 18 de novembro, o “Jornal de Ne-gócios” dizia mesmo que “a Tesla já abordou o Governo português e houve conversações nesse sentido”, citando fonte do Ministério da Economia.

Mas agora o responsável da Tesla pe-los mercados de Portugal e Espanha, Jorge Milburn, refere ao Expresso que o tema da fábrica na Europa não existe. Confirmando os contactos de vários governos europeus, diz no en-tanto que não foi tomada qualquer decisão de instalar uma fábrica na Europa: “Atualmente, ainda não co-meçámos a procurar uma localização para essa fábrica.” E, por isso, recusa falar da hipótese de Portugal captar esse investimento, que, explica, só se justificará quando os mercados es-

tiverem maduros. Acredita que, “no futuro, vamos procurar um local para instalar fábricas na Europa e na Ásia, para ter capacidade de produção junto dos mercados principais desses conti-nentes”. Mas, garante, ninguém sabe “quando será tomada essa decisão”. De resto, esta questão da fábrica não foi empolada só em Portugal. “Aconte-ceu em toda a Europa, desde Espanha à República Checa. Em todos os países houve manifestações de interesse em captar a gigafábrica”, comenta a res-ponsável pela comunicação da Tesla, Raquel Durá.

O Ministério da Economia recusou esta semana fazer comentários sobre este assunto. Mas, no final de dezem-bro, o secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Mendes, já tinha reconhecido ao Expresso que “sobre o projeto da gigafábrica da Tesla não há nada”.

Afinal, o que traz agora a Tesla para Portugal? Para já, passou a ter presen-ça direta em Lisboa, com uma equipa própria. No segundo semestre terá um stand da marca e uma oficina para

manutenções, com técnicos especiali-zados nos seus carros elétricos. Além disso, terá três supercarregadores Tesla instalados nas autoestradas de acesso ao Norte e ao Sul. Isso permitirá que um automóvel Tesla matriculado em Portugal possa viajar pela Europa até ao Círculo Polar Ártico carregando a bateria em postos desta marca.

A Tesla também terá uma rede de carregamentos elétricos dispersa em museus, hotéis, centros comerciais, recintos desportivos ou outros locais semelhantes. Trata-se do “Programa Carga-Destino”, que “já é um êxito na Europa”, diz Jorge Milburn. “Co-meçámos em abril e já chegámos aos mil pontos de carregamento”, refere. “Em Portugal vamos começar de forma gradual, mas acredito que este progra-ma também vai ter um crescimento rápido, como aconteceu no resto da Europa.”

O “Programa Carga-Destino” cria uma rede de pontos de carregamento elétrico da Tesla visível no mapa online disponível nos ecrãs dos carros da mar-ca. Outra novidade é a introdução da garantia da Tesla em Portugal. “Damos uma garantia de quatro anos e 80 mil quilómetros sobre todos os veículos e de oito anos para a bateria e os mo-tores, sem limite de quilometragem e com ciclos de carregamento ilimita-dos”, refere Jorge Milburn.

A marca americana também apre-sentou o seu sistema de financiamento para Portugal, com “taxas de juro que começam em 4,19%, o que tornará os veículos mais acessíveis”, diz. No mer-cado português, o Tesla Model S custa €76.300 e o novo Model X é proposto a €107.000.

João [email protected]

Jorge Milburn, de 28 anos, responsável da Tesla em Portugal, com José Afonso, de 82 anos, ‘decano’ dos trintanários, no Hotel Palácio do Estoril, a abrir a porta traseira do Tesla Model X FOTO TIAGO MIRANDA

NÚMERO

3é o número de supercarregadores da Tesla que serão instalados no segundo semestre em estações de serviço do Norte e do Sul ainda não identificadas

A DIFERENÇA DA TESLA

^^ A^autonomia^dos^Tesla^é^um^dos^grandes^trunfos^destes^veículos^elétricos,^atendendo^a^que^o^Model^S^100D^anuncia^632^quilómetros^de^autonomia^com^a^mesma^carga^de^bateria

^^ A^marca^oferece^aos^clientes^400^KW/hora^por^ano^para^carregar^cada^veículo,^o^que^servirá^para^assegurar^as^viagens^anuais^da^média^dos^proprietários^destes^veículos

^^ Cada^Tesla^carrega^a^bateria,^em^média,^uma^vez^por^semana,^o^que^permite^fazer^todos^os^trajetos^diários

^^ A^Tesla^dá^uma^garantia^de^oito^anos^para^a^bateria^e^os^motores^elétricos,^sem^limite^de^quilometragem^e^com^ciclos^de^carregamento^ilimitados

Nestlé Portugal investe €4 milhões

A empresa vai ampliar o seu principal centro de distribuição no nosso país, instalado em Avanca

A Nestlé Portugal vai investir €4 milhões na remodelação e ampliação do centro de distribu-ição de Avanca, a sua principal unidade logística em território nacional, responsável pela expe-dição de 80% dos produtos que a empresa vende.

O investimento irá criar uma nova nave com 4100 metros quadrados, além de modernizar o complexo que existe junto à principal fábrica que a multi-nacional suíça tem em Portu-gal, em Avanca, no concelho de Estarreja. Esta fábrica produz marcas como Cerelac, Nestum, Chocapic e Mokambo e exporta 50% da sua produção.

A empresa estima concluir os trabalhos de ampliação do centro logístico de Avanca no final de 2018.

“Ao aprovar este considerá-vel investimento no nosso cen-tro de distribuição de Avanca, a Nestlé SA está a reconhecer a excelência das nossas ope-rações logísticas locais e a im-portância do polo de Avanca na estrutura industrial da Nestlé em Portugal”, sublinha Jörg Deubel, diretor de operações logísticas da Nestlé Portugal.

Segundo a Nestlé, a obra con-tribuirá para uma maior efici-ência na cadeia de produção, reduzindo as movimentações de carga.

Pelo centro de distribuição de Avanca passam as principais marcas que a Nestlé produz em solo nacional para consu-mo interno mas também para exportação. Deste polo saem diariamente produtos com des-tino a 36 países espalhados pela Europa, Ásia e África.

Presente em Portugal des-de 1923, a Nestlé emprega no mercado nacional 1732 traba-lhadores e gerou em 2015 um volume de negócios superior a €462 milhões.

A empresa, com sede em Lin-da-a-Velha, opera fábricas em Avanca, no Porto e nos Açores, além do centro de Avanca e de cinco delegações comerciais espalhadas pelo continente e ilhas. O grupo tem cerca de 90 marcas, que vão da nutrição in-fantil aos cafés, passando pelos cereais e os chocolates, entre outras áreas.

Miguel [email protected]

LO GÍSTICA

Nuno Carvalho, sócio ge-rente da Padaria Por-tuguesa, incendiou os “social media” quando

opinou, para a SIC, sobre a re-dução da TSU e aumento do salário mínimo. Nada que es-pante, mas deixou claro que o que Portugal precisa é de uma “legislação laboral que promo-va a produtividade e que faça os trabalhadores receberem mais dinheiro à medida que os negó-cios evoluem” e que a melhor forma de o fazer é através da “flexibilização da contratação, do despedimento e do horário extra de trabalho”.

É verdade que o mercado do pão e bolos é bastante compe-titivo e que, em grande parte, a sobrevivência neste mercado

passa por preços baixos, que são alcançados quanto mais ba-ratos forem os fatores produti-vos. Mas a redução de salários pode não ser tão eficaz quanto aparenta.

Salários baixos e contratos precários desmotivam os tra-balhadores e desvalorizam o valor do posto de trabalho criando condições para que o trabalhador não se empenhe tanto. Como as empresas não conseguem supervisionar na perfeição o esforço dos seus trabalhadores, uma forma de desincentivar o mau desempe-nho é tornar o emprego mais atrativo para os trabalhadores. O receio de perder um bom emprego leva a um melhor de-sempenho.

A pressão por maior produti-vidade e competitividade tem levado as empresas a implan-tarem políticas salariais que estimulam a permanência de trabalhadores mais especia-lizados, reduzindo os custos com formação e contratação. A qualidade média da força de trabalho está diretamente li-gada ao que se paga aos traba-lhadores. Se a empresa baixar salários, os melhores trabalha-dores eventualmente sairão, ficando na empresa aqueles com menos oportunidades no mercado de trabalho, em geral os menos produtivos.

Esta “teoria do salário de efi-ciência,” de George Akerlof, tem sido testada em experiên-cias laboratoriais e de campo.

semelhantes, devessem consi-derar a ordem das coisas que defendem. Menos precarieda-de pode ser o caminho para maior produtividade. Mais, se consideram que a discussão sobre o salário mínimo não é estrutural mas apenas política, proponham também modos de produção alternativos, pro-dutos mais diferenciados de maior valor acrescentado, para que a tónica da discussão não seja tanto na produtividade e na precariedade do trabalho. É que com farinha do mesmo saco Portugal já não vai lá.

Farinha do mesmo saco

Talvez Nuno Carvalho e outros gestores com opiniões semelhantes, devessem considerar a ordem das coisas que defendem

Os resultados confirmam que as empresas que escolhem confiar nos trabalhadores, pagando salários mais altos, recebem em troca maior de-sempenho, e os ganhos com-pensam o acréscimo do custo de trabalho.

Talvez Nuno Carvalho e ou-tros gestores com opiniões

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 13

Novo modelo Kodiaq da Skoda é testado na Herdade dos Salgados por 10 mil vendedores da marca até 10 de março

Algarve na rota dos lançamentos automóveis

É mais um modelo automóvel a ser testado e lançado no Algar-ve antes de ir para o mercado: o novo Kodiaq da Skoda, que faz parte do grupo Volkswagen, vai

centenas de vendedores da Skoda, para ensaios de estrada e também em ambiente de todo o terreno que decorrem dentro do complexo turístico do con-celho de Albufeira, gerando ao todo 14 mil dormidas.

Novos carros na calha para os Salgados em 2018 e 2019

“Já somos no Algarve dos mais conhecidos destinos do mun-do para lançamentos automó-veis”, salienta Mário Ferreira, presidente executivo da cadeia NAU, que integra a Herdade dos Salgados, lembrando que não é a primeira vez que o com-plexo turístico com quatro ho-téis e três mil camas fecha no inverno para receber grandes eventos automóveis. O maior

de todos ocorreu em 2014, quando foram lançados quatro novos modelos da Mercedes--Benz, que gerou 42 mil dor-midas na Herdade dos Salga-dos. Mas também se destacou o lançamento mundial do novo Tiguan em 2016, que assegurou 50% das receitas do complexo hoteleiro na época baixa, que continua a apostar nos eventos associados à indústria automó-vel como arma para atenuar a sazonalidade da operação.

“E já estamos em negocia-ções com vista a novos lança-mentos de marcas automóveis na Herdade dos Salgados para 2018 e 2019”, adianta Mário Ferreira, sem querer nesta fase detalhar as marcas envolvidas.

No Palácio de Congressos do Algarve, que integra o comple-

xo dos Salgados, o calendário de eventos para 2017 prevê-se recheado. “Logo a seguir ao evento da Skoda vamos ter o Campeonato da Europa de Bilhar, para o qual são espe-radas 1200 pessoas, e depois o congresso da Remax, com 1500 pessoas”, enumera o pre-sidente executivo da NAU. “Va-mos ter também o congresso

português de cardiologia, com mil pessoas, ou o de medicina geral, com 1500. No total de ja-neiro a final de abril, vão passar pelo Palácio de Congressos do Algarve 20 mil pessoas.”

Nos eventos, a região tem ex-pectativas reforçadas em 2017 também com a 43ª edição da Volta ao Algarve em Bicicle-ta, de 15 e 19 de fevereiro, que este ano pela primeira vez é transmitida por TV e em direto para toda a Europa — além do regresso aos campos de golfe algarvios em maio, e após 11 anos de ausência, do Open de Portugal, prova da primeira di-visão do golfe profissional no European Tour. “Como se vê, não é só Lisboa e Porto, tam-bém há eventos no Algarve”, frisa Mário Ferreira. C.A.

O Campeonato da Europa de Bilhar é o que se segue no Palácio de Congressos do Algarve, que até abril vai receber eventos com 20 mil pessoas

ser apresentado na Herdade dos Salgados aos 10 mil vende-dores da marca a nível interna-cional, para formação e testes, num evento que se prolonga até 10 de março.

Os primeiros participantes começaram a chegar esta se-mana aos Salgados, por onde vão passar diariamente, e de forma rotativa, cerca de três

TURISMO

Lisboa espera este ano 160 mil congressistasEstão já confirmados 170 eventos em 2017. Taxas turísticas vão ser usadas para apoiar mais congressosPrevê-se mais um ano em alta para congressos. Lisboa já tem confirmados 170 eventos em-presariais em 2017, envolvendo ao todo 160 mil participantes, o que além de congressos in-ternacionais e cimeiras como a Web Summit também en-globam reuniões de empresas, lançamentos de marcas ou outras iniciativas associadas a negócios. Entre estes, e segun-do o Turismo de Lisboa, 76 in-cluem-se nos critérios da ICCA, a Associação Internacional de Congressos e Convenções, re-presentando um crescimento face a 2016, ano em que os con-gressos e eventos empresariais totalizaram na região cerca de 120 mil participantes.

Atrair ainda mais congres-sos, e já este ano, é a meta do Turismo de Lisboa, com o novo programa apoiado pelo fundo que resulta das taxas turísti-cas cobradas nos hotéis e que tem para 2017 uma dotação de €350 mil. “Vai ser mais um ins-trumento de incentivo que va-mos começar agora a trabalhar, e ainda há muitos eventos em fase de candidatura”, adianta Paula Oliveira, diretora execu-tiva do Turismo de Lisboa. “A ideia é conseguir captar mais congressos para Lisboa e privi-legiando a época baixa.”

35 eventos com 100 mil pes-soas já contratados até 2023

O novo programa em Lisboa vai subsidiar eventos associa-tivos a partir de 50 pessoas, variando os apoios entre €4 mil e €40 mil (neste último caso, a partir de 40 mil participan-tes), sendo mais elevados de novembro a março. Vão com-plementar os apoios de âmbi-to nacional, concedidos pelo Fundo Nacional de Captação e Realização de Congressos em Portugal, que se aplicam a eventos corporativos geradores de 300 dormidas no mínimo (600 no caso de Lisboa).

O Turismo de Lisboa já tem 35 eventos confirmados de 2018 a 2023, envolvendo 100 mil participantes. “O turismo de negócios é fundamental para Lisboa, onde já pesa 35%, e os congressos trabalham-se com muita antecedência”, frisa Paula Oliveira.

Sobre a Web Summit, consi-dera que foi “um evento muito grande em Lisboa em 2016 e conseguimos passar essa pro-va, não podia ter corrido me-lhor”. Vai decorrer este ano pela segunda vez, e “o mais importante é que nos trouxe uma grande visibilidade num ambiente internacional das no-vas tecnologias e startups, que

nos vai ajudar a captar mais eventos dessa natureza, pois Lisboa já entrou neste mapa”.

“A partir de agora, o desafio é o crescimento da própria Web Summit. Se no ano passado teve quase 55 mil participan-tes em Lisboa, este ano poderá ter 65 mil. Trabalhamos em conjunto com a organização e facilmente conseguimos atin-gir esses números”, adianta a diretora do Turismo de Lisboa.

Além da Web Summit, outro

grande evento em 2017 será o da Associação Europeia do Estudo da Diabetes, que se es-treou na capital portuguesa em 2011 (considerado o maior con-gresso médico alguma vez rea-lizado em Portugal) e vai voltar de 11 a 15 de setembro, com 18 mil a 20 mil participantes. É o maior dos 10 congressos que vão decorrer nas instalações da FIL (Centro de Exposições e Congressos de Lisboa), que já tem 19 eventos internacionais confirmados para 2017, envol-vendo um número recorde su-perior a 117 mil participantes.

A Web Summit não é consi-derada um congresso, por não vir de uma associação empresa-rial, mas sim “uma cimeira ou uma grande conferência com patrocinadores”, como explica Maria João Rocha de Matos, diretora geral da FIL, adiantan-do ter ainda 20 eventos inter-nacionais em negociação para 2017 e oito já confirmados para os próximos anos.

Num critério mais fino, que envolve eventos apoiados pelo Fundo de Captação de Con-gressos, geradores de 300 dor-

midas no mínimo, o Turismo de Portugal adianta ter contrata-dos 42 congressos internacio-nais para o país em 2017.

Congressos também no Por-to, Açores ou Torres Vedras

A prioridade do fundo nacio-nal é atrair congressos fora da época alta e com dispersão geográfica pelo país. “Tento evangelizar os promotores de eventos para este objetivo, mas não vamos ser falsos profetas: 90% dos congressos vêm para Lisboa”, refere Joaquim Pires, responsável pela área de con-gressos e incentivos do Turis-mo de Portugal.

Mas nos congressos para 2017, Joaquim Pires destaca a realização nos Açores, em junho, da convenção anual da ABTA, a associação das agên-cias de viagens britânicas, ou o festival europeu de promo-tores de eventos (prémios Eu-Bea), “que vai trazer ao Porto 400 potenciais promotores de eventos que podem dar gran-de visibilidade a este destino”. Também chama a atenção para

o Civitas Forum, que vai de-correr em setembro em Torres Vedras com 400 pessoas, um evento sobre cidades e pla-neamento, “em parceria com a União Europeia, que identi-ficou Portugal como exemplo de boas práticas nas cidades”. Chama também a atenção para o facto de Lisboa receber este ano o Financial Times Business of Luxury Summit, evento in-ternacional sobre marcas de luxo organizado pelo “Finan-cial Times”, com 400 pessoas, de 14 a 16 de maio.

“Tenho já um conjunto consi-derável de eventos finalizados até 2023”, avança o respon-sável do Turismo de Portugal, garantindo que o nosso país deu um salto de visibilidade, mas internamente também se está a profissionalizar cada vez mais em matéria de congres-sos internacionais. “O que há cinco anos era muito difícil de captar, já nos obriga hoje a ser seletivos. Estamos com uma boa aura. Portugal está mesmo na moda.”

Conceição [email protected]

Paddy Cosgrave fotografa a mole humana em Lisboa na Web Summit, que este ano pode subir para 65 mil participantes, segundo o Turismo de Lisboa

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TURISMO DE NEGÓCIOS

^ €350 mil das verbas geradas com as taxas de dormidas em Lisboa vão ser canalizadas para atrair mais eventos em 2017

^ Lisboa está em 9º lugar entre as cidades no mundo onde se realizam mais congressos, segundo o ‘top 10’ da ICCA, a Associação Internacional de Congressos e Convenções

^ Novos apoios em Lisboa vão complementar os do Fundo Nacional de Captação e Realização de Congressos, que se aplicam a eventos corporativos internacionais, geradores de 300 dormidas no mínimo, variando os apoios entre €10 mil e €50 mil (neste caso, a partir de 7200 dormidas) e que em 2016 se estenderam a eventos nacionais

CIDADE EVENTOS

1 Berlim 1952 Paris 1863 Barcelona 1804 Viena 1785 Londres 1716 Madrid 1717 Singapura 1568 Istambul 1489 LISBOA 14510 Copenhaga 138

LISBOA NO ‘TOP 10’ MUNDIAL EM CONGRESSOS

FONTE: ICCA — ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE CONGRESSOS E CONVENÇÕES, DADOS DE 2015

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA14

O cenário está longe daquele que os consumidores britânicos têm vivido nas últimas semanas, com algumas cadeias de distribuição com as pra-teleiras de legumes vazias, sobretu-do nas que, antes, costumavam estar repletas de curgetes — uma hortícola praticamente desconhecida há uma década mas cujo consumo tem dis-parado nos últimos anos, devido às suas propriedades ricas em vitaminas e minerais e baixas em calorias. Em Portugal, nas grandes superfícies co-merciais e nas pequenas mercearias, é possível encontrar cabazes repletos deste vegetal, ainda que os preços in-dicados nas etiquetas façam os consu-midores olhar (e pensar) duas vezes. O Expresso fez uma ronda por vários operadores, a meio da semana, e os preços estavam a rondar os €5 por quilo, um valor muito acima daquele que costuma ser praticado, mesmo nos meses mais invernosos, quando as hortofrutícolas escasseiam: em épocas mais quentes, é possível comprar cur-getes, de origem portuguesa, a menos de €1; no inverno, são quase todas de Espanha, e os preços praticados po-dem ultrapassar os €2,50.

Na última semana, os jornais britâ-nicos têm dado conta da falta de for-necimento de hortaliças e fruta, assim como dos preços altamente inflacio-nados, com embalagens de cinco qui-los de curgetes a custarem 20 libras (cerca de €23), mais 300% do que o normal. Alfaces, brócolos, beringelas,

Onda de frio afeta produção e preços dos legumespimentos, tomates e outros vegetais também têm desaparecido dos super-mercados ingleses, com as grandes cadeias de retalho, como a Tesco, a admitirem dificuldades no abasteci-mento. Tudo por causa do mau tempo que tem assolado a Europa do Sul, com temperaturas negativas, geadas e nevões. Só nas principais zonas espa-nholas produtoras de hortofrutícolas (espalhadas por Andaluzia, Valência e Múrcia, que se estima, durante o in-verno, serem responsáveis por 80% do abastecimento de frescos no mercado europeu), a quebra rondará entre 30% e 50%, de acordo com as associações de produtores.

Em Portugal, as cadeias de distri-buição admitem “ajustes de preços” devido à maior concorrência inter-nacional, sobretudo pela curgete, e notam um fornecimento de legumes “mais lento do que o habitual”, mes-mo para esta época do ano. É a lei da oferta e da procura a funcionar a nível europeu: “Os produtores por-tugueses estão a colmatar falhas de abastecimento a outros países, o que leva ao aumento do preço de custo no mercado nacional”, explica Aníbal Marques, diretor de Produtos Frescos da Auchan Portugal (Jumbo).

Portugal também sofre

Todavia, a onda de frio que passou por Portugal na semana passada “está a afetar o crescimento das culturas, sobretudo nas instaladas ao ar livre, nomeadamente culturas de folhas, como couves, nabiças ou grelos. Mas também em legumes como cenouras, nabos e até culturas de fruta, como a framboesa”, explica fonte oficial da Sonae Distribuição, dona do Conti-

AGRICULTURA

No Reino Unido, faltam curgetes. Em Portugal, os preços dispararam e há produções também afetadas pelas baixas temperaturas sentidas na última semana e meia

VALORES QUE MEXEM COM O SECTOR

700euros é quanto algumas empresas agrícolas pagam por mês a quem quiser trabalhar na apanha da fruta. Mas nem assim conseguem recrutar trabalhadores em Portugal. Têm de recorrer a mão de obra importada do Nepal, da Tailândia, do Paquistão e de outros países asiáticos

50mil é o número de trabalhadores com contrato permanente atualmente afetos ao sector agrícola. Com a mecanização de processos são cada vez menos, mas o sector necessita de mais — nas colheitas —, pois está em expansão

DIZ QUEM SABE

“Não há volta a dar. É mesmo preciso ter gente para desempenhar certas tarefas”Luís Capoulas SantosMinistro da Agricultura

“Já não há muito a fazer. Os portugueses não querem trabalhar na agricultura”João MachadoPresidente da CAP

Governo estuda incentivos para atrair estudantes para as colheitas

‘Se tens mais de 16 anos, és es-tudante, tens gosto pela vida ao ar livre e queres ganhar algum dinheiro, podes vir a ser um dos próximos trabalhadores da agricultura’. Este bem podia ser o slogan de uma campanha lançada pelos patrões da lavou-ra e pelo Governo, que estão a preparar o terreno para que seja legal e atrativo ter jovens estudantes — em férias — a de-sempenharem certas tarefas que mais ninguém quer fazer. No fundo, está em curso uma alteração ao Código do Traba-lho, ao Código Contributivo e ao Código do IRS.

A discussão do assunto já dura há seis meses e tudo in-dica, segundo fontes ligadas ao processo, que em fevereiro as alterações possam finalmente ser aprovadas pelo Governo, de forma a entrarem de ime-diato em vigor. O objetivo é que na próxima época de colheitas tanto os empresários agrícolas como os jovens estudantes que assim entenderem possam ade-rir ao novo regime de trabalho (sazonal).

O que se passa é que o sec-tor agrícola debate-se desde há muitos anos com um proble-ma de base que não para de se agravar: a falta de mão de obra, sobretudo para a época da apa-nha da fruta, que em grande parte coincide com o verão. Ou seja, com as férias escolares.

Se é verdade que, em secto-res como o olival (em sebe), uma máquina pode colher tanta azeitona num dia como um grupo de 200 trabalhado-res, não é menos evidente que há outras culturas, como a da maçã, da pera rocha, da uva, do melão, da melancia e da abóbo-ra, dos frutos vermelhos e das hortaliças em geral, em que a intervenção humana é absolu-tamente fundamental.

Dificuldade de captar mão de obra em Portugal

“Não há volta a dar. É mesmo preciso ter gente para desempe-nhar certas tarefas”, diz Capoulas Santos, ministro da Agricultura. E não é fácil captar o interesse da mão de obra nacional disponível em zonas como Alentejo, Ribate-jo, Beiras e Trás-os-Montes para trabalhar — ainda que tempora-riamente — em certas atividades agrícolas.

Para cargos de gestão, mar-keting ou funções mais técnicas e especializadas ainda é relati-vamente fácil recrutar licen-ciados em Economia, Gestão e Engenharia, até porque po-dem auferir ordenados acima de €2 mil ou €3 mil. “Mas para apanhar fruta ou trabalho de podas, por exemplo, é cada vez mais difícil, para não di-zer impossível”, sublinha João Machado, presidente da Con-

federação dos Agricultores de Portugal (CAP).

A solução tem sido o recurso crescente à importação de mão de obra de países longínquos. Primeiro começaram por vir trabalhadores de países do Les-te europeu, mas agora já é pre-ciso ir buscar pessoas a latitu-des como o Nepal, a Tailândia, o Paquistão e outras nações asi-áticas. É vulgar encontrar gente destas nacionalidades a colher uvas no Douro ou a apanhar fruta na zona Oeste ou mesmo no Alentejo.

João Machado conclui que “já não há muito a fazer. Os portu-gueses não querem trabalhar na agricultura”. Pelo menos pelos valores praticados nos trabalhos da apanha: entre o ordenado mínimo e os €700.

Trabalhar a partir dos 16 anos em vez dos 18

Como é cada vez mais difícil ir buscar trabalhadores em nú-mero suficiente àqueles países nas alturas em que é necessá-rio, a CAP e o Governo estão a trabalhar na criação de um quadro legal que permita o recrutamento temporário de jovens estudantes em férias, a partir dos 16 anos — contra os 18 anos ainda em vigor.

As empresas agrícolas de-verão ter isenções em sede de IRC, ficando apenas responsá-veis pelo pagamento das contri-buições sociais. O trabalho dos estudantes não será taxado e os seus ganhos não agravarão o IRS dos pais.

Por outro lado, este período de trabalho não contará como está-gio profissional, pelo que deixará em aberto a hipótese de os estu-dantes que aderirem poderem vir a beneficiar — sem qualquer prejuízo — de estágios noutras áreas, de acordo com o regime em vigor para este efeito. O as-sunto está a ser trabalhado entre os Ministérios das Finanças, do Trabalho e a própria CAP.

Não se trata de nada que não exista já noutros países e que Portugal também pode vir a ter, “se possível a tempo das próxi-mas colheitas”, nota o presiden-te da CAP. No verão de 2016, foram várias as explorações no Alentejo e no Ribatejo que tiveram de deixar ficar fruta nos campos por falta de mão de obra para a apanhar.

Empresários agrícolas con-tactados pelo Expresso garan-tem que já não é a primeira vez que, perante o cenário de falta de mão de obra, empresas es-trangeiras que se preparavam para investir em Portugal — em especial no Alentejo — acaba-ram por ‘desviar’ os seus pro-jetos para Marrocos, onde esse problema não se coloca.

Vítor [email protected]

Vêm aí isenções de IRC para empresas agrícolas, de IRS para jovens que queiram trabalhar nas férias e nenhum agravamento para o imposto dos pais

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 15

Onda de frio afeta produção e preços dos legumesnente. As couves (como a couve-flor ou os brócolos) estão a levar mais tem-po a crescer, devido às geadas que têm caído e que estagnam o desenvolvi-mento das plantas: “O que leva quatro meses a crescer no inverno está agora a demorar seis meses”, explica fonte do grupo Jerónimo Martins.

Na zona Oeste, Lino dos Santos, que lidera a Primores do Oeste, um agrupamento de cerca de uma cen-tena de produtores da região, diz que não se lembra “de dias assim, com 7 graus negativos e os campos cobertos de gelo. Hoje [quarta-feira], estavam 2 graus negativos. Neste momento, estamos na campanha avançada de tomate e tivemos de subir a tempe-ratura da estufa de 7 para 15 graus. É um consumo de energia brutal e, naturalmente, encarece o produto”. Como tal, explica, este aumento de preços vai continuar a refletir-se nos próximos tempos. Mesmo quando o tempo melhorar, os preços vão estar mais altos até os níveis de produção voltarem a normalizar.

Atualmente, o preço de compra (da Grande Distribuição aos produtores) da curgete ronda os €4 por quilo, quando, “nos outros anos, anda pelos 50 ou 60 cêntimos. Nos pimentos, paga-se agora €1,70 por quilo, quando em situação normal não passa dos 90 cêntimos. Os tomates estão a €2 e costumam rondar os 80 ou 90 cên-timos. Estamos a falar de subidas de mais de 100%”, contabiliza o produtor. “Para conseguirmos escoar o produto a este preço, nem a produção nem a distribuição estão a colocar grandes margens. Se não, não vendemos”, de-sabafa. Por agora, diz, não vai fazer contas: estamos no princípio do ano e, na imprevisibilidade da agricultura, só

no final de 2017 se perceberá se esta quebra na produção não conseguirá ser neutralizada “pelas vendas em quantidade, mais lá para a frente”.

Segundo fonte oficial do Ministério da Agricultura, “sendo certo que o país está a atravessar uma vaga de frio mais intenso do que o habitual, não foram ainda relatadas situações de perda de culturas na sequência de fenómenos extremos, como a ocorrên-cia da chamada ‘geada negra’. Tendo em conta a estação do ano que atra-vessamos, as temperaturas baixas são previsíveis, razão pela qual os agricul-tores programam o seu trabalho em função dessa circunstância”.

Mas no Ribatejo, a fábrica portu-guesa da Bonduelle, multinacional do sector dos legumes congelados e em

conserva, também sente os efeitos do frio, que está a atrasar e a paralisar o desenvolvimento dos brócolos, a única campanha que, por esta altura do ano, decorre. António Manso, administra-dor, sente ainda outro impacto: com a quebra da produção europeia de verduras e hortaliças, o mercado dos frescos está a desviar para si áreas de cultivo que já tinham sido contratadas à agroindústria. “Temos de ceder pro-dução, e o sector está a sentir maior pressão”, aponta.

Para sul, em Odemira, a Vitacress também tem motivos de queixa do frio. Luís Mesquita Dias, que lidera a empresa especializada na produção e embalamento de hortícolas frescas e embaladas prontas a consumir, nota que as alfaces e outras folhas verdes não estão a crescer. A produção de agrião da empresa, em campos al-garvios, na zona de Loulé, está pa-rada: “Há uma semana que a terra está branca, com a geada. Claro que o produto não cresce”, afirma o diretor geral da Vitacress Portugal. A empre-sa é pertença do grupo luso RAR, que comprou a britânica Vitacress Salads em 2008. Está sedeada no Reino Uni-do, para onde vende 25% da produção. Contudo, em janeiro, as vendas dis-pararam (entre os 20% a 30%): “Não tem sido, para nós, uma situação fácil de gerir”, conta Mesquita Dias. Para conseguir responder ao aumento da procura por parte deste mercado, a empresa escolheu manter as vendas para Portugal (valem 60%) e sacrifi-car as vendas para outros mercados, nomeadamente os nórdicos.

As baixas temperaturas deste janei-ro de 2017 seguem-se a um 2016 me-nos frio e menos produtivo em termos agrícolas. Segundo as últimas previ-

AGRICULTURA

Temperaturas baixas, nevões, chuva intensa e diminuição de horas de exposição solar estão a afetar a agricultura da Europa do Sul FOTO GETTY

sões agrícolas do Instituto Nacional de Estatística (novembro do ano pas-sado), observaram-se “decréscimos de produção para a generalidade dos pomares, vinha e olival”. A falta de frio no inverno e as deficientes con-dições de polinização e vingamento dos frutos afetaram, por exemplo, as produções de maçã (-30%) e de pera (-20%). Uma dor de cabeça para empresas como a Sumol Compal, que sentiu “alguma redução na quantida-de disponível” de maçã e pera rocha.

Contudo, o maior problema acon-teceu com as variedades de laranjas do Algarve, próprias para o fabrico de sumo (como a variedade ‘valência late’), que, a par das difíceis condições climatéricas, com temperaturas altas e falta de chuva, ainda sofreram uma procura por parte dos produtores espanhóis de sumo, que desviaram para o país vizinho grande parte da produção algarvia. João Nuno Pin-to, diretor de marketing da Sumol Compal, explica que, “durante 2016, a produção do Compal Laranja do Algarve foi consequentemente mais baixa, e vimo-nos forçados a deixar de abastecer o mercado nas emba-lagens de Tetra Pak 1 litro e 200 ml. Mantemos no entanto disponíveis as embalagens de garrafa 200 ml e Tetra 330 ml, vendidas principalmente em pastelarias e em cafés”, explica João Nuno Pinto, diretor de marketing da Sumol Compal. A companhia criou, até, uma página online para manter os consumidores informados sobre a data do regresso desta referência e, em dezembro passado, lançou o Compal Laranja do Brasil para col-matar a oferta.

Joana Madeira [email protected]

As curgetes espanholas estão mais caras e as couves portuguesas mais pequenas. Distribuição admite fornecimento mais lento do que é habitual

A falta de laranjas do Algarve, devido ao calor no inverno e à concorrência espanhola, levou a Compal a suspender grande parte da produção deste sumo

Mais de 32 mil candidaturas apresentadas, mais de 11 mil aprovadas e 8125 contratadas

Investimento recorde em 2016

Nunca o investimento anual em agricultura foi tão eleva-do em Portugal. Até final do ano passado foram apresen-tadas 32.135 candidaturas a projetos de investimento, no valor de €4,8 mil milhões. Os serviços do Ministério da Agricultura analisaram mais de 27 mil daquelas candida-turas, tendo-se pronunciado sobre mais de 15 mil. Azar para 4772, que tiveram pare-cer desfavorável, e sorte para 11.021, que convenceram os decisores. Destas, 8125 foram já contratadas, ou seja, já têm financiamento aprovado.

“Atenção que o facto de estar aprovado não significa que es-teja pago aos agricultores. Os apoios públicos [vindos da Uni-ão Europeia e do Orçamento do Estado] hão de chegar mais tarde, assim que os investidores forem apresentando as faturas dos respetivos custos do inves-timento”, nota fonte oficial do Ministério da Agricultura.

Ainda assim, e segundo a mesma fonte, 2016 foi também um ano recorde nos pagamen-tos efetuados para os projetos agrícolas que já vinham de anos anteriores. Mais de €586 mi-lhões, contra €395 milhões em 2015 e apenas €108 milhões no ano anterior.

€90 milhões de ajudas nacionais

Os pouco mais de €586 milhões financiados — entre verbas da UE (€496 milhões) e do Or-çamento do Estado (€90,3 milhões) — acabaram por ala-vancar investimentos totais na ordem dos €1000 milhões.

Na verdade, nunca, num só ano, se investiu tanto na agri-cultura. A determinada altura — há cerca de dois/três anos — chegou a dizer-se que estava na moda, mas, na verdade, para muitos pequenos empresários a aposta na agricultura acabou por ser uma saída para o de-semprego. Essa é a perceção de vários consultores agrícolas contactados pelo Expresso.

O sector esteve tão bem de 2012 para cá que cresceu pra-ticamente o dobro do resto da economia, na ordem dos 2,7% ao ano — com as exportações a crescerem entre 8% a 10%. Os dados oficiais de 2016 ainda não são públicos, mas o Expres-so apurou que o crescimento terá ficado em linha com os anos anteriores.

Quem não está muito con-vencido é João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Considera que se sentiu um excesso de burocracia, ao longo de todo o ano passado, que não foi inocente: “Houve ali claramente uma contenção nos pagamentos com origem em verbas do Orçamento do Estado, para que o défice fos-se cumprido.” O ministro da Agricultura garante que não aconteceu nada disso e que os números falam por si.

A verdade é que foram várias as fontes do sector contactadas pelo Expresso a queixarem-se de que “começa a haver um cer-to mau ambiente”. Garantem que há atrasos nos pagamentos dos subsídios estatais e que as pessoas que querem investir não conseguem. Muitas aca-bam por desistir. V.A.

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA16

CALÇAD O

A conquista da América está a começarOs sapatos portugueses lançam ofensiva nos EUA. O ataque começa em 2018, em Nova Iorque e Las Vegas

À espera dos números finais de 2016 para confirmar o sétimo recorde consecutivo nas expor-tações, a indústria portuguesa de calçado está já a preparar uma nova etapa de crescimen-to, agora nos Estados Unidos, o terceiro vértice no triângulo estratégico de promoção inter-nacional da fileira, depois da Europa e América Latina.

Os alvos foram escolhidos com base num critério simples. A APICCAPS — Associação dos Industriais do Calçado identifi-cou como potenciais clientes no mundo 800 milhões de pessoas com rendimentos anuais su-periores a 30 mil dólares (€21 mil). Depois, constatou que 2/3 destes clientes potenciais, no topo da pirâmide de ren-dimentos estão concentrados na Europa e Estados Unidos e decidiu fazer apostas cirúrgicas em cidades com mais de um mi-lhão de habitantes no patamar definido.

Nos EUA, onde a venda de sapatos portugueses aumentou 370% em cinco anos, o ataque começa em Las Vegas e Nova Iorque, mas há outras fren-tes de batalha em estudo, de Washington a Boston ou Chica-go. O objetivo é colocar o país entre os cinco maiores mer-cados dos sapatos nacionais, aproximando-o de Espanha, Holanda, Alemanha e França, todos com valores superiores

a €200 milhões, mais do dobro das vendas projetadas para os EUA este ano.

Numa altura em que o Presi-dente Donald Trump assumiu como regra, logo no discurso de tomada de posse, “comprar americano, contratar america-no”, a viragem para a América pode parecer de alto risco, mas mesmo sem a concretização do Acordo de Parceria Transatlân-tica de Comércio e Investimen-to, a APICCAPS acredita que este é “o momento certo para avançar” até porque a oferta lusa, tradicionalmente assente em modelos clássicos, de cou-ro, tem vindo a reinventar-se, a adaptar-se às tendências de mercado, e abriu as portas a mais um estilo, à medida dos pés norte-americanos, que cal-çam maioritariamente (85%) sapatos desportivos.

É um caminho seguido por empresas de referência do sector, como a Carlos Santos

Shoes, que alargou a sua co-leção para introduzir a linha CS Sport Shoes, ou Luís Ono-fre, que decidiu passar a fazer, também, sapatos de homem e não se esqueceu dos modelos desportivos.

Nesta investida nos EUA, os sapatos portugueses devem aplicar mais de 10% do orça-mento anual de €14 milhões usado na sua promoção exter-na, numa lógica de intervenção integrada que combina feiras, assessoria de comunicação, campanhas orientadas, pre-sença em eventos de moda e a contratação de um represen-tante no país.

É um trabalho sem ruturas com o caminho que o sector tem seguido, empenhado em crescer em destinos como o Ja-pão, Colômbia, Chile ou Peru, e que pode aproveitar a dinâ-mica criada por empresas já a trabalhar nos EUA. A Kyaia, o maior grupo português de

calçado, tem aqui o seu mai-or mercado, abriu uma loja da Fly London em Manhattan, em 2014, e assume a ambição de anunciar novas inaugurações no país. A Josefinas também tem nos EUA o seu principal mercado e abriu uma loja em Nova Iorque, no ano passado, com assinatura de Christian Lahoude, arquiteto que já tra-balhou em projetos da Gucci, Tiffany & Co., Jimmy Choo e Alexander Wang.

As exportações portuguesas de calçado cresceram 44% em cinco anos, para atingir €1,9 mil milhões em 2015, mas o ritmo tem vindo a abrandar e em 2016, até novembro, a su-bida estava nos 3,2%. A quota nos mercados fora da Europa atingiu os 14% (€255 milhões) em 2015 e, para cumprir as pro-jeções, terá de chegar aos €500 milhões em 2020.

Margarida [email protected]

As marcas portuguesas Fly London e Josefinas abriram lojas próprias em Nova Iorque e já têm nos EUA o seu maior mercado

ESTRATÉGIA Na frente internacional, a indústria portuguesa de calçado escolheu como alvo prioritário cidades que têm mais de um milhão de habitantes com rendimentos anuais acima dos 30 mil dólares, o que coloca diretamente os EUA no seu radar. A oferta já se adaptou ao mercado e tornou-se mais desportiva, à medida do pé norte-americano FOTO D.R.

A MARCHA DOS NÚMEROS

14milhões é o investimento anual da fileira na promoção externa. Os EUA vão absorver €1,5 milhões em 2018

100milhões de euros é a previsão das exportações para os EUA em 2017. Em 2015 somaram €67 milhões. Em 2016 cresceram 16% até outubro, para €65 milhões

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 17

INDÚSTRIA

China contrata manutenção de aviões em Alverca

OGMA vai investir €14 milhões este ano e continuará a contratarHá novos países no cardápio da OGMA — Indústria Aeronáu-tica de Portugal. E estão loca-lizados a oriente. A empresa assinou recentemente um con-trato de três anos para a manu-tenção geral de 15 aeronaves. Mas a grande ‘lança’ na Ásia é a China: foi firmado um contrato, também de três anos, com um operador chinês para manuten-ção dos trens de aterragem de uma frota de 20 aviões E-Jets de médio curso da Embraer.

Quase com 100 anos de ati-vidade — que completará em 2018 —, a OGMA continua a crescer, captou novos clientes internacionais e aumentou as suas valências com uma nova área de pintura de aviões, que começará a funcionar no iní-cio do ano (ver texto ao lado). Por isso, em 2017 vai contra-tar mais trabalhadores (tem atualmente 1734 funcionários) e também este ano prevê in-vestir €14 milhões para se pre-parar para a robotização — a designada indústria 4.0.

Rodrigo Rosa, presidente da OGMA, diz que 2016 “correu bem”, com um crescimento de 4% no volume de negócios face aos €188 milhões registados em 2015, ano em que a empresa apresentou um lucro recorde de €11,6 milhões, e acredita que “2017 terá um desempenho ainda melhor, com o contributo de novas áreas”.

“Temos investido na eficiên-cia operacional da OGMA, de-senvolvemos novos mercados nos segmentos de manutenção e aeroestruturas e reforçámos a área comercial para conso-lidar crescimentos futuros”, explica Rodrigo Rosa.

“Isso não foi simples e im-plicou muitos contactos em diversas geografias”, refere. Em 2016, a OGMA teve de contornar os efeitos da crise internacional — sobretudo para minimizar o impacto da restruturação operada no fa-bricante de motores de avião Rolls-Royce (RR), que é um dos seus maiores clientes —, adaptando-se “aos desafios do mercado”.

Além de ter investido na mo-dernização, a OGMA evitou de-pender das encomendas vindas da RR — que viveu dificuldades durante o processo de restru-turação interna. Para tal, abor-dou diretamente companhias cujos aviões utilizam motores RR que precisam de fazer revi-sões ou reparações. “Fizemos isso dentro do nosso contrato

de serviço, porque a OGMA é um centro autorizado da RR”, comenta o gestor. Rodrigo Rosa reconhece que “a queda de ati-vidade da RR não foi tão grave como tinham previsto, mas, mesmo assim, a OGMA teve de ir ao mercado para manter o volume de negócios nas repa-rações de motores RR”.

Relativamente aos receios de consequências negativas do ‘Brexit’, Rodrigo Rosa explica que “a área da RR que é clien-te da OGMA é uma empresa dos EUA, e o nosso relaciona-mento é direto com os EUA, com quem mantemos uma re-lação estabilizada há muitos anos, com grande satisfação do cliente”.

Entre novos clientes, em 2016, a OGMA conquistou a manutenção de aeronaves com motores RR, como os Embraer 145, os C-130 e ainda os mo-delos da nórdica SAAB. E fez contratos de todo o tipo, des-de as manutenções pontuais de duas e três semanas até aos contratos de longo prazo, seja com operadores civis, seja com Forças Aéreas, com validades de três ou de cinco anos.

“Os contratos mais difíceis de captar são os de longo prazo — que sempre foram difíceis —, como o contrato de 1993, que surgiu quando a Embraer lan-çou no mercado o modelo 145”, referiu o gestor, comentando que “os grandes fabricantes procuram os centros de manu-tenção autorizados no início de vida das aeronaves”.

Entre os contratos da Lo-ckeed Martin, da Agusta Westland, da RR e da Eurocop-ter (que fabrica os helicópteros da Airbus), o responsável da OGMA reconhece que “o con-trato de 23 ou 24 anos da RR é muito importante, apesar de ter tido uma grande variação no volume de negócios ao longo da sua vigência”.

No entanto, diz que “à medi-da que o tempo passa, os moto-res vão ficando com mais anos de voo, o que implica maior manutenção, com marcações mais programadas”. Enquanto os motores RR são entregues em Alverca diretamente pelo fabricante britânico, nos con-tratos da Lockeed são as mais diversas Forças Aéreas que trazem a Alverca os F-16 e os C-130, nos quais a OGMA tem competências históricas.

João Palma-Ferreira e Pedro Lima

[email protected] Rodrigo Rosa num dos hangares onde a OGMA faz manutenção de aviões FOTO TIAGO MIRANDA

Fuselagem do KC-390 já foi entregue ao Brasil

Portugal deu um salto de gigante na indústria aeronáutica ao produzir os componentes estruturais do avião militar KC-390

O maior projeto de constru-ção de um avião militar em que Portugal participa — o novo birreator KC-390 — teve o seu primeiro marco histórico ‘real’ no final de 2016. Segundo a OGMA, responsável pela cons-trução de vários componentes desta aeronave, foi formalmen-te entregue a primeira fusela-gem central, com 10,5 metros de comprimento, destinada ao primeiro KC-390 que está a ser construído em série. Para o presidente da OGMA, Rodrigo Rosa, é “um momento histórico para a indústria aeronáutica portuguesa”.

Esta estrutura corresponde ao corpo principal do avião KC-390, mas são igualmente fabricadas em Portugal as ca-renagens do compartimento do trem de aterragem, que têm 12 metros de dimensão — desig-nadas sponsons —, bem como o leme de profundidade.

Rodrigo Rosa recorda que foi criada uma empresa por-tuguesa para gerir o programa KC em Portugal, que engloba não só a OGMA mas também a parte de engenharia do Centro de Excelência e Inovação para a Indústria Automóvel (CEiiA) e as restantes partes construí-das nas fábricas da Embraer em Évora.

A OGMA espera que o novo avião possa substituir alguns C-130 da Força Aérea Portu-guesa. “Esperemos que sim”, refere Rodrigo Rosa, recordan-do que “no início do projeto o Governo português assinou uma carta de intenções para comprar algumas aeronaves”.

Na modernização das unida-des da OGMA em Alverca foi criado um hangar de pintura, que começa a trabalhar em 2017. A repintura é um serviço complementar à remodelação interior dos aviões aprovada pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA).

Alverca passa a ser um centro de serviços de aeronáutica de-signado por one stop shop, onde se assegura um serviço de repa-ração e manutenção completo a um avião.

O negócio da repintura “tem um potencial acima dos €3 mi-lhões”, admite Rodrigo Rosa. E já está preparado para o fu-turo, para receber tecnologias que capacitem uma maior efi-ciência na pintura, com o nível de robotização disponível no sector, dentro do conceito da indústria 4.0.

95% para mercados externosO mercado externo pesa 95% na OGMA. A manutenção representa 70% do volume de negócios e as aeroestruturas 30%. O mercado interno pesa 5%, com clientes na Força Aérea Portuguesa, na White e na TAP Express.

Embraer controla 65% da OGMAO capital da OGMA é detido maioritariamente (65%) pela sociedade Airholding, controlada a 100% pela brasileira Embraer, enquanto a Empresa Portuguesa de Defesa (Empordef), que pertence ao Estado português, tem 35%.

Empregados com €13,5 milhões dos lucrosNo acumulado de 2006 a 2015, os empregados da OGMA obtiveram uma participação de €13,5 milhões nos lucros.

Entregou mais de 1400 PilatusA OGMA tem um contrato com a Suíça para manutenção do avião Pilatus PC-12 com motor Pratt & Whitney — da Suíça seguem para a América do Norte. Nos últimos 20 anos entregou mais de 1400 unidades do PC-12.

Contrata 140 trabalhadoresDe 2015 para 2016, a OGMA contratou 140 trabalhadores, aumentando os efetivos para 1734. Privilegia recém-formados em Engenharia e tem uma parceria com o IEFP para formar desempregados para trabalharem na indústria aeronáutica.

Norte da Europa é cliente fielA OGMA tem clientes fiéis no Norte da Europa, conseguindo contratos com prazos dilatados, apesar de ser “um mercado maduro”. Isso deve-se à “eficiência dos serviços” da OGMA, apreciada por clientes da Noruega, Holanda e Suécia.

RADIOGRAFIA DA OGMA

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA18

BREVES

1980-1990

1991-2000

2001-2010

2011-2016

2017

CANADÁ

CABO VERDENIGÉRIA

IRÃOLÍBANO

Macau e Hong Kong

Lesados querem mais queixas

BANIF A Associação de Lesa-dos do Banif anunciou que vai criar um grupo de traba-lho para ajudar os ex-clien-tes a formalizar queixas por “venda fraudulenta” de pro-dutos junto da Comissão do Mercado de Valores Mobi-liários, de forma a aumentar o número de queixas (que atualmente ronda as 400) e dar mais visibilidade ao caso.

O BANCO CTT ARRANCOU ESTA SEMANA COM UMA OFERTA DE CRÉDITO À HABITAÇÃO ATRAVÉS DA DOMICILIAÇÃO DO SALÁRIO E DA SUBSCRIÇÃO DOS SEGUROS DE VIDA E MULTIRRISCOS HABITAÇÃO. A OFERTA ESTÁ DISPONÍVEL NESTA FASE EM 50 LOJAS, MAS CHEGARÁ A TODA A REDE (202 AGÊNCIAS) ATÉ FINAL DE FEVEREIRO

Revive candidato a prémio da OMT

TURISMO O programa Revi-ve, destinado a concessões turísticas em património público sem utilização, viu a sua candidatura entrar na lista de favoritos (short list) ao prémio da Organização Mundial do Turismo (OMT) que distingue a sustentabili-dade em turismo. O prémio da OMT deverá ser conheci-do na próxima semana.

EDP aumenta produção em 10%

ENERGIA A EDP fechou 2016 com um crescimento de 10% na sua produção global de eletricidade, suportada por maiores recursos hídricos na Península Ibérica e pelo aumento da capacidade de produção de energia eólica. As duas fontes renováveis combinadas representaram no ano passado 65% da pro-dução elétrica da EDP. Os restantes 35% vieram das centrais a carvão e a gás na-tural e, ainda, do nuclear.

O NÚMERO DE NOVOS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO DE CRÉDITO CAIU 3% EM 2015, PARA 599, SEGUNDO O BANCO DE PORTUGAL. NO ANO ANTERIOR TINHAM SIDO INICIADOS 616 PROCESSOS (QUE DIZEM RESPEITO A PEDIDOS DE MEDIAÇÃO RELACIONADOS COM PRODUTOS OU COM NEGOCIAÇÃO OU OBTENÇÃO DE CRÉDITO)

APDC alerta para ilegalidade

TAXAS A cobrança de taxas em pagamentos com cartões de crédito, feitos em territó-rio nacional, é “ilegal”, afir-ma a Associação Portugue-sa de Direito do Consumo, exigindo a intervenção do Banco de Portugal. A posi-ção é assumida após saber-se que as companhias aéreas da Lufthansa vão aplicar taxa sobre os bilhetes pagos com cartão de crédito, emitidos em Portugal, com viagens a iniciar no país.

6dos melhores 10 hostels do mundo estão em Portugal — e todos em Lisboa. O Home Lisbon ficou em primeiro lugar nos ‘Hoscars’ da Hostelworld, o Yes Lisbon Hostel em segundo, o Lost Inn Lisbon em terceiro, o Goodmorning Lisbon Hostel em quarto, o Lisbon Destination Hostel em sexto e o Lisboa Central Hostel em nono.

COMPETIÇÃO

Ideia portuguesa com expansão mundialInternacionalização tem sido um dos objetivos do Global Management Challenge, iniciativa que está em 33 países

O lançamento do Global Ma-nagement Challenge, organiza-do pelo Expresso e pela SDG, deu-se no verão de 1979. Em 1980 realizou-se a sua primei-ra edição e esta competição de estratégia e gestão depressa galgou as fronteiras nacionais e espalhou-se pelo mundo. O processo de internacionaliza-ção começou no Brasil em 1981 e hoje está em 33 países, Portugal incluído, espalhados por quatro continentes.

“Com o lançamento da 1ª edição em Portugal foi preci-so reunir esforços para que o acontecimento fosse um sucesso”, explica Luís Alves Costa, presidente da SDG e fundador deste desafio. No arranque participaram 120 equipas o que foi um sucesso e “surgiu de imediato a ideia da internacionalização, o que na altura era pouco comum, com-parado com os dias de hoje”, explica Luís Alves Costa.

O Brasil foi o destino mais lógico para a expansão, pela relação histórica e a língua. “O nosso atual Presidente da República, Marcelo Rebelo

CRESCIMENTO O Global Management Challenge começou em Portugal em 1980. Com o Canadá, Cabo Verde, Nigéria, Líbano e Irão a iniciarem a prova este ano, são 33 os países onde este desafio está presente INFOGRAFIA RITA ISABEL PARDAL

de Sousa, na altura diretor do Expresso, estabeleceu de imediato contactos com a ‘Gazeta Mercantil’, conside-rada nessa época o ‘Finan-cial Times’ do Brasil e que assumiu a organização nesse país em 1981”, lembra o pre-sidente da SDG. Entre 1980 e 1990 o Global Management

Challenge saiu de Portugal e rumou ao Brasil, Espanha e Grécia.

A chegada à China

Entre 1991 e 2000 foi a vez de França, México, China, Macau, Marrocos e Polónia. Foram anos de entrada em

países estratégicos. Conta Luís Alves Costa: “Sempre me impressionou a máxima de Deng Xiaoping que dizia ‘um país, dois sistemas’, ten-do colocado em prática refor-mas económicas que fariam da China o país com maior crescimento económico do mundo e então pensei se um

dos sistemas é capitalista, tí-nhamos um grande mercado para simular a gestão de um empresa industrial cotada na bolsa de valores.” E estava certo, tendo em conta que este é hoje um dos melhores mercados desta prova onde anualmente competem cerca de duas mil equipas.

Ainda neste período, em 2000, a chegada à Polónia marcou a entrada no Les-te Europeu. E entre 2001 e 2010 aderiram a República Checa, Eslováquia, Hong Kong, Roménia, Rússia, An-gola, Turquia, Letónia, Gana e Índia. Neste último país a prova desenvolveu-se apenas no seio de uma associação empresarial até que no ano passado foi alargada a todo o território. É ainda de sali-entar que a Rússia a par com a China é também um dos países com mais equipas ins-critas.

De 2010 a 2016 entrou para a rede de países que desen-volvem esta competição a Estónia, Costa do Marfim, Kuwait, Camarões, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Quénia e Senegal. E este ano, Canadá, Cabo Verde, Nigé-ria, Líbano e Irão vão dar iní-cio à sua primeira edição. “A nossa aproximação ao Médio Oriente tem sido um sucesso e a próxima final internacio-nal, que se realiza em abril, vai realizar-se no Qatar”, re-fere Luís Alves Costa. Alema-nha, Austrália, Itália, EUA, Colômbia, Argentina, África do Sul, Indonésia, Cazaquis-tão e Japão são destinos que a organização tem em mira para uma futura expansão.

Maribela [email protected]

Rentabilidade Anualizada e Classe de Risco até 23/01/2017

Rentabilidade / Classe de Risco (classe de risco entre mínimo de 1 e máximo de 7)

Data de Desde o Últimos Últimos Último Lançamento Lançamento 5 anos (a) 3 anos (b) ano (c)

Os valores referem-se a rentabilidades registadas no passado que não consideram o imposto sobre os rendimentos no resgate (líquidas de comissão de gestão e depositário), pelo que não constituem qualquer garantia de rentabilidades futuras porque o valor do investimento pode aumentar ou diminuir em função do nível de risco que varia entre 1 (risco muito baixo) e 7 (risco muito alto). Para os períodos considerados não existe comissão de resgate em nenhum produto. O regime fiscal dos fundos de investimento foi alterado a partir de 1 de Julho de 2015 (excepto para fundos de poupança fiscal). Neste quadro as unidades de participação detidas até 30/06/2015 são líquidas de imposto e após esta data passaram a ser brutas. O BPI adverte que, em regra, a uma maior rentabilidade está associado um maior risco. A rentabilidade apenas seria obtida se o investimento fosse efectuado durante a totalidade do período de referência. O valor das unidades de participação dos fundos pode aumentar ou diminuir em função da avaliação dos activos que integram o património desses fundos. A Classe de Risco, calculada com base nas volatilidades registadas, tem o seguinte nível de risco: (1- Muito Baixo - 0% a 0,5%); (2- Baixo - 0,5% a 2%); (3- Relativamente Baixo - 2% a 5%); (4- Médio - 5% a 10%); (5- Relativamente Alto - 10% a 15%); (6- Alto - 15% a 25%); (7- Muito Alto - Superior a 25%). As Informações fundamentais destinadas aos investidores (IFI) e os Prospectos Completos encontram-se disponíveis aos Balcões dos Bancos Colocadores e na Sociedade Gestora. (a) 23/01/2012; (b) 23/01/2014; (c) 22/01/2016; (d) Em virtude do Fundo ter alterado a sua política de investimento, o histórico apresentado até 18 de Setembro de 2000 não corresponde à sua actual política de investimento; (e) Em virtude de o Fundo ter alterado a sua política de investimento, o histórico apresentado até 03/12/2012 não corresponde à actual política de investimento; (f) As rentabilidades não consideram o benefício da dedução à colecta de IRS. O tratamento fiscal dos produtos depende das circunstâncias individuais de cada Cliente e está sujeito a alterações. A presente mensagem tem natureza publicitária e é prestada pelo Banco BPI, S.A. e BPI Gestão de Activos – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S.A. (entidades autorizadas pelo Banco de Portugal a exercer as actividades de intermediação financeira compreendidas no respectivo objecto e encontram-se para esse efeito registadas junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários [www.cmvm.pt]). Para mais informações sobre o Grupo BPI, os serviços prestados e os custos e encargos associados, bem como sobre a natureza e os riscos dos instrumentos financeiros, poderá consultar o Manual do Investidor disponível nos Balcões e Centros de Investimento BPI ou em www.bancobpi.pt BPI Gestão de Activos - Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Mobiliário, S.A. - Capital Social: € 2.500.000 - CRC Lisboa e Contribuinte n.º 502 443 022.

Fundos de Investimento Mobiliário

Fundos Flexíveis BPI Global 03/02/1997 1,3% / 4 2,3% / 4 1,0% / 4 2,2% / 4BPI Brasil 08/02/2000 3,2% / 6 -3,5% / 6 6,1% / 7 84,6% / 6BPI Moderado 13/07/2015 -1,6% / 3 0,3% / 3BPI Dinâmico 13/07/2015 -3,1% / 4 1,0% / 3BPI Agressivo 13/07/2015 -5,7% / 5 2,6% / 4Fundo de Curto PrazoBPI Liquidez 18/03/1996 1,9% / 1 0,6% / 1 0,3% / 1 0,2% / 1Fundo Monetário de Curto PrazoBPI Monetário Curto Prazo 15/09/2010 0,9% / 1 0,6% / 1 0,1% / 1 0,0% / 1Fundos de FundosBPI Selecção (Fundo de Fundos Misto de Acções) 13/09/2007 0,6% / 5 3,9% / 4 3,3% / 4 11,7% / 4BPI Universal (d) 27/06/1995 1,8% / 4 2,7% / 4 -0,2% / 4 6,4% / 4Fundos de ObrigaçõesBPI Obrigações Mundiais (e) 25/10/1994 1,9% / 3 2,8% / 3 4,5% / 3 13,6% / 3BPI Euro Taxa Fixa 26/04/1993 4,7% / 3 4,7% / 3 3,0% / 2 0,0% / 2BPI Obrigações de Alto Rendimento Alto Risco 01/09/1999 4,6% / 4 6,7% / 3 4,2% / 3 14,7% / 3Fundos de AcçõesBPI Portugal 03/01/1994 3,8% / 6 4,7% / 6 -5,7% / 6 -5,1% / 6BPI Europa 11/06/1991 6,2% / 6 6,8% / 6 2,2% / 6 8,7% / 6BPI Euro Grandes Capitalizações 01/06/1992 3,8% / 6 5,3% / 6 1,3% / 6 12,7% / 6BPI América - Classe D 16/08/1993 2,0% / 6 11,0% / 6 12,4% / 6 18,4% / 6BPI Reestruturações 04/12/2000 3,3% / 5 3,2% / 6 5,6% / 5 26,8% / 5BPI África 03/12/2008 2,7% / 6 -1,5% / 6 -3,0% / 6 17,4% / 6BPI Ibéria 19/01/2010 -1,2% / 6 2,9% / 6 -3,2% / 6 0,9% / 6 BPI Ásia Pacífico 21/09/2011 4,9% / 5 3,6% / 5 6,1% / 6 16,5% / 5Fundo de Investimento AlternativoBPI Brasil Valor 13/10/2010 -8,2% / 7 -4,3% / 7 6,2% / 7 115,1% / 7Poupança Fiscal (f)BPI Reforma Acções (PPR) 22/06/2005 3,1% / 4 1,7% / 4 0,8% / 4 2,4% / 4BPI Reforma Investimento (PPR) 02/12/1991 4,4% / 3 2,2% / 3 1,1% / 3 1,2% / 3BPI Reforma Segura (PPR) 28/11/1991 4,2% / 2 2,2% / 2 1,7% / 2 1,7% / 2

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 19

TRÊS PERGUNTAS A

Adelino MatosTomou posse na semana passada como presidente da Associação Nacional dos Jovens Empresários (ANJE), o sexto em 30 anos de associação

P O que o levou a aceitar a presidência e o que pode acrescentar à ANJE? R Aceitei pelo desafio e espírito

de missão. O empreendedorismo tem estado adormecido. Os jo-vens devem estar bem represen-tados, através de uma voz incisiva e pragmática. Posso acrescentar dinamismo, replicando na asso-ciação os valores da empresa que dirijo. A ASM Industries conta com uma equipa jovem e expe-riente e tem conseguido, apesar de os impostos salariais serem um entrave, atrair jovens portu-gueses que fizeram carreira no estrangeiro.

P O que se deve fazer para a economia crescer? R O país precisa de empreende-

dores que tenham capacidade para potenciar o seu negócio e globalizá-lo. A indústria deve pensar global, aliar um pensa-mento estratégico à confiança. Faz falta uma visão mais am-pla, que concilie a indústria 4.0 com os sectores tradicionais. É preciso aperfeiçoar processos, melhorar produtividade e rein-ventar a indústria numa lógica de competição mundial.

P De que se queixa como industrial? R Da teia burocrática. Os in-

vestimentos são acarinhados, os empresários apoiados mas depois surgem os bloqueios que travam os projetos. O país precisa de um rumo estratégico, definir onde quer estar a 10 ou 15 anos e que caminho deve ser seguido. Não pode viver ao sabor de ciclos go-vernativos.

MAIS ALTO, MAIS FORTE

900torres fabricadas em 10 anos (150 em 2016) pela ASM Energia, um dos 10 maiores produtores europeus. Em 2017, a meta são 200 torres. Com a expansão, o universo laboral sobe para 140 assalariados

50milhões de euros é a faturação estimada pela ASM Industries para 2020, impulsionada pelo negócio oceânico. Em 2017, a meta são os €20 milhões (+33% face a 2016). A produção está tomada até agosto

95por cento é a quota de exportação da ASM Industries, em especial para o mercado europeu e sul-americano. A empresa lida com dois clientes, as alemãs Enercon e Senvion

Uma sucessão salomónica

Quando, há dois anos, Adelino Silva Matos resolveu a sucessão do grupo metalomecânico que fundara adotou uma solução inspirada na sabedoria de Salomão. Se eram três os eleitos e três as subholdings do templo empresarial, afigurou-se sensato que cada um exercitasse os seus talentos num domínio específico. Cláudia, 45 anos, Pedro, 43, e Adelino, 35, pedalam a sua própria bicicleta. Mas, correm na mesma pista, alinhados com o espírito e desígnio do universo familiar. O conglomerado faturou, em 2016, €50 milhões, exportando 80% da

produção de oito unidades fabris, centradas em Sever do Vouga, e uma base de cisternas em São Paulo (Brasil). Cláudia, engenheira, conduz o negócio tradicional da família — a ASM Metal, líder europeu no fabrico de tanques de gás. Pedro, engenheiro, tem a seu cargo ASM Global Engineering (cisternas rodoviárias), a divisão que mais receita gera (€20 milhões em 2016), igualando o grau exportador (95%) da ASM Industries, dedicada às renováveis e dirigida pelo irmão Adelino, que se iniciou pela engenharia e acabou licenciado em gestão.

EXPANSÃO

O senhor das eólicas

ASM Energia reforça capacidade e investe €25 milhões em polo para plataformas no mar

Quando na base da ASM Ener-gia, em Sever do Vouga, se fala em aplicações offshore, é de um outro paraíso que se trata. O paraíso das eólicas em alto mar que se anuncia como o negócio de prosperidade futura para quem se move na indústria das renováveis. Pioneira no seg-mento oceânico, a ASM pre-para um investimento de €25 milhões no biénio 2017/18 para fornecer torres e plataformas aos parques eólicos em projeto por essa Europa fora, em espe-cial no mar do Norte.

O polo fabril ficará num lote de sete hectares do porto de Aveiro e contará com uma ex-tensão de montagem no com-plexo da Lisnave. Em 2020, a ASM conta que este negócio re-presente dois terços da fatura-ção de €50 milhões, triplicando a receita de 2015 (€15 milhões).

O desafio offshore é uma in-jeção de entusiasmo que esti-mula o espírito vanguardista de Adelino Costa Matos, o jovem industrial que em 10 anos se tornou no senhor das torres eólicas. Ele dirige a ASM In-dustries, o maior fabricante nacional de torres, uma das subholdings do conglomerado fundado pelo seu pai, Adelino Silva Matos.

A paixão eólica de Adelino tem uma segunda face, repre-sentada pelos parques em solo firme. Nesta frente, a ASM inaugura em fevereiro uma segunda linha que reforça a capacidade com torres de nova geração — maior diâmetro, tonelagem e comprimento. O investimento de €5 milhões in-cluiu a construção de uma nova nave e gera mais 40 empregos.

A ASM lida com dois clientes as alemãs Enercon e Senvion, fornecendo as centrais que as multinacionais instalam por esse mundo fora, do Reino Uni-do ao Canadá ou Uruguai. A expansão (mais 40%) “acon-tece num momento em que na Europa se assiste à redução de capacidade”, nota Adelino. Os fabricantes europeus sofrem com a “concorrência desleal”

da indústria chinesa e da “polí-tica desajeitada” da União Eu-ropeia. A Europa, para com-bater o dumping e proteger a siderurgia, castigou a chapa de aço asiática com um imposto de 70%. Resultado: os asiáticos passaram a exportar produto acabado.

A dimensão conta

Este é um investimento “em novas tecnologias de inspira-ção finlandesa que permite oti-mizar a produção, aperfeiçoar a competitividade e resolver restrições logísticas, ditadas pelas dimensões das peças”, explica Adelino, na visita guia-da pelo centro fabril. A ASM Energia transforma a chapa de aço em anéis que são depois aparafusadas no local - uma torre agrupa quatro ou cinco

secções. No equipamento da se-gunda linha, há uma máquina já instalada que massaja o or-gulho do industrial. É a maior calandra (máquina de dobra-gem) instalada em Portugal e permite dobrar chapas de 10 cm de espessura, um avanço face aos 7 cm atuais. A reor-ganização fabril conduziu à transferência da operação de decapagem e pintura para um novo pavilhão.

A inovação nas torres eólicas, seguindo o espírito olímpico do “mais alto e mais forte”, tem uma sigla: LDST — Large Dia-meter Steel Tower. Quando o perfil do parque exige torres mais volumosas, o fator crítico reside no diâmetro por causa das pontes das estradas (4,8 metros de altura). A solução reside em cortar as secções em duas meias luas, reduzindo o

diâmetro para metade. A nova linha permite fabricar secções com 40 metros de comprimen-to e 6 metros de diâmetro. A ASM sobe na cadeia de valor e abrilhanta o catálogo com tor-res que batem os 100 metros de altura e as 250 toneladas.

A vocação energética da ASM Industries decorre da sua par-ticipação do consórcio EDP/Enercon que liderou o cluster eólico. Cimentou uma bela ami-zade comercial com a Enercon, seguindo a multinacional de Viana do Castelo nos mercados de exportação. A Senvion sur-giu depois. Dois clientes, dois modelos de negócio. A Enercon trata da compra e transporte da chapa. Com a Senvion, a despesa do aço (representa 50% do custo final) fica a car-go do fabricante. A margem é a mesma, mas a diferença de modelo não é neutra. Com o aço a cargo do cliente, a ASM reduz em €7 milhões o fundo de maneio e simplifica stocks e inventários.

Superado o primeiro desafio, a ASM aventurou-se pelos ma-res nunca dantes navegados das torres e fundações offsho-re, associando-se ao consórcio Principle Power (EDP e Repsol) e ao projeto Windfloat que em 2011 instalou ao largo da Póvoa uma plataforma flutuante para avaliar o potencial eólico do oceano. Até 2019, serão instala-das mais três plataformas. Um segundo ato desta peça terá Sines como palco e a instalação em julho de uma plataforma suportada por um tripé de aço e sapatas de betão. O vanguar-dismo da ASM concede-lhe credenciais e currículo para negociar fornecimentos com os principais operadores, como a dinamarquesa Dong, de par-ques offshore. O negócio oceâ-nico vai explodir, mas “preci-sa de baixar custos, abrindo oportunidades a fabricantes que dominem a tecnologia a preços adequados”. É esse o novo desígnio da ASM Energia.

Abílio [email protected]

Adelino Costa Matos, 35 anos,

investiu na expansão

da base fabril FOTO LUCÍLIA

MONTEIRO

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA20

Textos Miguel Prado Foto Nuno Botelho

Aos 71 anos, Patrick Monteiro de Bar-ros reparte o tempo entre a vela, a ges-tão do seu património e novos investi-mentos, como o que fez na empresa suíça Seas, que produz equipamento que converte a humidade do ar em água potável. Esta semana recebeu o Expresso em Cascais para falar de combustíveis e da Galp, de que foi acionista até 2000.

PP APposiçãoPdaPGalpPnoPmercadoPpor-tuguêsPdePcombustíveisPdá-lhePprivi-légiosPparaPdefinirPpreçosPePmargens?

R Portugal não tem dimensão para de-finir preços num mercado internacio-nal como o dos combustíveis. Os preços são definidos na Europa e no resto do mundo pelas cotações internacionais. A Galp, se quer conseguir vender os seus produtos, tem de competir com os outros. A cotação do petróleo bruto também é internacional, de onde resul-ta uma eventual margem na refinação. A razão de os preços ao consumidor em Portugal estarem acima da média europeia é essencialmente devido aos impostos, que são dos mais altos. Nos negócios não há milagres.

PP EPemPrelaçãoPàPlogísticaPdepoisPdaPrefinação,PaPquePoPex-presidentePdaPENMCP[EntidadePparaPoPMercadoPdePCombustíveis],PPauloPCarmona,PsePreferiu?

R A logística? A Galp vende os seus produtos à porta da refinaria.

PP OPfactoPdePaPGalpPterPposiçãoPdePcontroloPnaPCLCP[quePdetémPoPoleodu-toPdePSinesPaPAveiras]PnãoPaPbeneficia?

R Não. Ela não pode faturar de qual-quer maneira.

PP OPGovernoPprevêPavançarPcomPoPunbundlingP[separaçãoPpatrimonial]PdoParmazenamentoP eP logísticaP dePcombustíveis.PComoPavaliaPaPopção?

R O pipeline de Sines para Aveiras e a armazenagem foram construídos e pagos pela Petrogal [hoje Galp] depois de as suas instalações de Cabo Ruivo terem sido expropriadas e inviabiliza-das pela Expo-98. A logística pertence a quem a constrói. O unbundling não passa de uma manobra política para dar acesso ao mercado a operadores que não podem ou não querem in-vestir, sem esquecer a necessidade de reservas estratégicas. Separar a logís-tica é um erro. O mercado funciona, e temos de ter a noção do tamanho do país. Quantas instalações para entrada de produtos no país existem de Norte a Sul? Viana, Leixões, Aveiro, Lisboa, Setúbal, Sines. E o lado espanhol tem toda a fronteira servida. Não acredito que essas opções baixem a fatura dos clientes, antes pelo contrário.

PP NãoPháPconstrangimentos? R Não. O que há é operadores que

querem ser distribuidores sem fazer investimentos.

PP EmPmatériaPdePconcorrência,PaPGalpPalegaPquePjáPnãoPéPmaioritária,PporquePfoiPultrapassadaPpelosPhipermercados.PNaPsuaPopinião,PnãoPháPproblemasPcon-correnciaisPnoPmercadoPportuguês?

R O preço dos combustíveis, gasolina e gasóleo, na bomba é superior à mé-dia europeia...

PP Fiscalidade? R Claro. Temos uma fiscalidade bru-

tal, das mais altas da União Europeia.

PP EPpodiaPserPdiferente?PQualquerPgoverno,PumaPvezPcriadosPosPimpostos,PtemPdificuldadePemPrevertê-los.

R É um maná. Quase 70% do preço de venda são impostos. No passado houve casos em que até a fórmula dos preços

foi manipulada pelo Governo para não haver aumentos nem descidas. Há um preço político, só que disso não se fala.

PP DesdePquePsaiuPdaPGalp,PaPempresaPtevePváriasPalterações.PAPestratégiaPdePapostarPsobretudoPnaPexploraçãoPePproduçãoPtemPsidoPacertada?PHojePgostariaPdePserPnovamentePacionistaPdePreferênciaPdaPGalp?

R Certamente que gostaria de ser novamente acionista de referência se pudesse, mas também não posso es-quecer que foi o próprio Governo por-

ENTREVISTA

Patrick Monteiro de Barros Empresário

“A fiscalidade dos combustíveis é um maná”

“SEPARAR A LOGÍSTICA DOS COMBUSTÍVEIS ÉPUMPERRO. O MERCADO FUNCIONA”

tuguês, com Guterres e Pina Moura, que obrigou em 2000 o acionista por-tuguês Petrocontrol a ceder a sua posi-ção à Eni, a qual, ainda por cima, tinha uma opção de vir a controlar a Galp. A saída do Estado da Galp, obviamente, atraiu investidores. A estratégia de dar prioridade à exploração e produção é acertada, tanto mais que a refinação na Europa atravessa um período difícil.

PP HojePvêPalgumaPpossibilidadePdePvoltarPaPserPacionistaPdePreferência?

R Penso que não há condições. Tenho muita consideração pelo senhor Amo-rim, porque foi ele que evitou que a Eni ficasse dona da Galp. A Galp, que era um refinador-distribuidor, tornou--se uma míni major [nome dado às maiores companhias petrolíferas]. O acesso ao petróleo bruto é acertado. E o que atrai os investidores estran-geiros é o seu perfil completo.

PP TemPrelevânciaPoPfactoPdePoPacionis-taPmaioritárioPdaPGalpPserPportuguês?

R A maioria do capital da Galp é de-tida por investidores estrangeiros. Há um acionista português com um terço do capital, mas isto é que marca a identidade e independência da em-presa, mantendo a raiz portuguesa. É óbvio que para o país e para a Galp,

que é possivelmente a maior empresa nacional, há todo o interesse em que o acionista de relevância seja português.

PP UmPacionistaPportuguêsPtemPaPpro-ximidadePcomPoPGovernoPquePumaPmultinacionalPestrangeiraPnãoPtem?

R Hoje em dia a Galp é uma empresa internacional que tem uma participa-ção portuguesa relevante. Acho que é melhor ter uma participação portu-guesa relevante do que não ter nada.

PP SobrePaPquestãoPdePhaverPouPnãoPacionistasPportuguesesPnasPgrandesPempresas...Pfalta-nosPcapital?

R A situação económica e financeira de Portugal nos últimos anos deterio-rou-se. Portanto, há dificuldade hoje em dia em reunir grupos que tenham arcaboiço financeiro para grandes em-preitadas. A Galp tem tido uma gestão muito cuidadosa e o seu endividamento é perfeitamente normal. Mas há, a ní-vel nacional, certamente uma grande carência de capital para investimento.

PP VêPissoPcomoPumaPfatalidade?POuPéPpossívelPquePaPsituaçãoPsejaPrevertida?

R A refinação na Europa está a passar um momento muito difícil. Já fecharam um monte de refinarias, entre as quais a Petroplus (que fechou também por ou-

tras razões), mas não há dúvida de que a refinação atravessa tempos difíceis, com margens muito fracas. Com a glo-balização, [a Europa] tem de competir com produtos refinados e importados do Médio Oriente, do Golfo, de países emergentes. Os custos de uma refinaria ultramoderna na Índia são muito infe-riores aos custos europeus.

PP Porquê? R Compare os ordenados e outros

encargos. Todas as alcavalas que são metidas aqui não existem nesses paí-ses. Em França têm seis semanas de férias. Na Índia têm duas.

PP NoPmeioPtermoPestáPaPvirtude? R Não, não, não é meio termo. Se quer

globalização, tem de ter concorrên-cia. A Índia tem três refinarias ultra-modernas que estão a produzir para vender na Europa, onde os produtos entram sem direitos e limitações.

PP DefendePoPprotecionismo? R Não é uma questão de protecionis-

mo. Com um mercado aberto e um handicap nos custos, como é que posso competir? Não há milagres. Hoje um jovem diplomado numa refinaria eu-ropeia deve ganhar à volta de 75% do ordenado do diretor geral de uma des-

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 21

ENTREVISTA

Patrick Monteiro de Barros Empresário

“A fiscalidade dos combustíveis é um maná”

“O IMPOSTO SOBRE O SECTOR ENERGÉTICO É UM ESCÂNDALO, MATAQUALQUER PROJETO DE INVESTIMENTO”

sas refinarias. A única hipótese que há é investir e melhorar tecnicamente a produção. A Galp tem feito um grande esforço nesse sentido ao fio dos anos.

P Uma das principais refinarias da Petroplus, Petit-Couronne, ganhou no ano passado uma nova vida, mas sem refinação. Na Europa, este é um negócio sem viabilidade?

R Houve muitas refinarias a fechar nos últimos anos. A Europa precisa de ser competitiva com os mercados vizinhos. Seguramente que mais refinarias vão

fechar, mas a Europa precisa de man-ter a sua independência energética. As refinarias em Portugal têm conseguido responder ao desafio da sobrevivência à custa de muito investimento. Continuar a sobreviver depende do controlo dos custos operacionais e de o Estado não prejudicar quem investe. Porém, não parece ter sido essa a visão do Governo de Passos Coelho, que instaurou o im-posto especial sobre o sector energético de 0,85% sobre o valor dos ativos.

P Fala da Contribuição Extraordiná-ria sobre o Sector Energético [CESE].

R Um escândalo! Isto mata qualquer projeto de investimento.

P Também já havia uma contribuição na banca, na indústria farmacêutica...

R Estou a falar de um imposto de 0,85% do ativo. Uma empresa como a Galp investiu mais de um milhar de milhões de euros na refinação para torná-la mais competitiva numa con-juntura muito difícil e garantir em-prego e depois leva com este imposto que era provisório, por um ano, mas já vai em três. Isto é inadmissível, mata a confiança. No dia em que você põe impostos especificamente sobre o ati-vo desmotiva o investimento.

[email protected]

À beira do 72º aniversário e depois de ter vencido uma batalha contra o cancro, Patrick Monteiro de Barros continua a defender o recurso à energia nuclear

“A resolução do BES foi uma estupidez monstruosa”Patrick Monteiro de Barros foi durante vários anos um aliado do Grupo Espírito Santo (GES), que abandonou em julho de 2014. Admite que o grupo teve problemas de gestão, mas o foco das críticas é a supervisão.

P Em 2011, numa entrevista ao “Jornal de Negócios”, disse: “O poder económico está de cóco-ras perante o poder político.” Mantém essa avaliação?

R Mais do que nunca. Veja o que se passa com o salário mí-nimo e a TSU.

P Como olha para o desem-penho do atual Governo e os acordos com o Bloco e o PCP?

R Não faço comentários polí-ticos.

P Prefere não partilhar as suas opiniões?

R É uma situação que... é sui generis. Temos um Governo de maioria socialista que está dependente do Partido Comu-nista e do Bloco de Esquerda. Até quando? Já se começa a ver sinais. Há um momento em que as ideologias políticas vêm ao de cima. E acho que estão a vir.

P Teve uma relação conheci-da com Ricardo Salgado, seu amigo. O que é que falhou para provocar o colapso do GES?

R Primeiro, 2008 foi sem dúvi-da o ano da maior crise econó-mica e financeira desde 1929. Segundo, o Governo não teve visão, e o Banco de Portugal [BdP] teve uma atuação profun-damente errada.

P A crise foi transversal, afe-tou vários bancos, mas nem todos caíram como caiu o BES...

R Há uma diferença. É preci-so ver bem o relacionamento BES/GES. O GES foi, indiscuti-velmente, vítima da crise. Com certeza que terá tido proble-mas de gestão, mas isso todos têm. O que a meu ver falhou foi uma análise crítica do Gover-no. Se eu tenho um grupo que emprega dezenas de milhares de trabalhadores e está em di-ficuldade, o que é que se passa?

P O Governo devia ter salvo o GES?

R Deveria ter primeiro avalia-do a situação e depois analisado quais eram as hipóteses reais de recuperação, tanto mais que consultores independen-tes confirmavam que o GES era viável a prazo, com uma reestruturação profunda. Era preciso tempo... Por outro lado, há a posição do BdP, que pas-sou a ser um pau mandado de Frankfurt e adotou uma estra-tégia completamente errada.

P A medida de resolução que criou o Novo Banco...

R Uma estupidez monstruosa. Aliás, é uma experiência inédi-ta. Portugal foi cobaia. Foi uma ideia que nasceu em Frankfurt, e eles disseram ao senhor Cos-ta: “Faça assim.”

P O que poderia ter sido feito? R Eu não estava envolvido. O

BdP quis evitar que houvesse uma falência do BES, veio com uma coisa chamada ring-fen-cing [separação de ativos para proteger o banco dos riscos do ramo não financeiro]. Num de-terminado momento exige um aumento de capital. O banco vai para o mercado interna-cional. O aumento de capital é subscrito em 180% [a operação ficou concluída a 16 de junho de 2014]. Se for ver o prospeto, to-dos os problemas do BES, ESI, etc., estão lá escarrapachados. Obviamente, na sua ativida-de, o banco tinha financiado várias empresas do GES. Mas está lá tudo. As pessoas, ainda assim, subscrevem 180%. De-pois, o BdP diz à administração do banco: “Os senhores têm de sair”. A administração propõe uma lista da nova gestão, que inclui os quadros que efetua-ram o aumento de capital e tem a confiança dos mercados, que

é aceite pelo BdP, e passados dois dias o senhor Costa tira o tapete e diz: “Vamos ter de pensar nisso...” A partir do mo-mento em que a nova adminis-tração, que fez o aumento de capital, é desaprovada e o BdP dá o dito por não dito em re-lação às pessoas, os mercados perderam a confiança e o título ruiu. Também não se percebe o BdP não aceitar a garantia soberana emitida pelo banco central de Angola. É hoje públi-co que a atuação do BdP foi pés-sima, e as recentes declarações do primeiro-ministro sobre o BES/Novo Banco não deixam margem para dúvidas.

P Para si foi mais relevante a intervenção do BdP do que os problemas de gestão?

R Os problemas da parte não fi-nanceira do grupo eram impor-tantes, mas há relatórios que provam a viabilidade do GES com um certo número de medi-das. Só que era preciso tempo. Eu não estava por dentro, mas julgo que naquele momento três quartos do papel comercial já estavam resolvidos. Quando há um problema destes, é pre-ciso ter gente competente.

P Um banco vender aos seus balcões títulos de dívida da Rio-forte, do braço não financeiro do GES, é uma opção acertada?

R Não. Há um aspeto que acho que falha na análise. Salvo erro, foi um ano antes que Bruxelas e o BCE passaram uma diretiva que fixava que os bancos não podiam ter uma participação de mais de x por cento nos con-glomerados mistos. Até essa data havia uma interligação fortíssima entre BES e GES. Esta limitação criou um pro-blema. Mas a venda de papel comercial foi aprovada pelo BdP, pela CMVM e por todos. E o papel comercial tem lá tudo escrito. Quando tem o imobi-liário nas ruas da amargura e tudo começa a andar mal... é evidente que os problemas se acumulam. Houve indiscuti-velmente problemas de gestão, mas todos os têm.

Para o empresário, “o GES foi, indiscutivelmente, vítima da crise”

Nuclear: “A maioria nada sabe”O empresário diz que o debate sobre Almaraz está “altamente politizado”. E que a aposta na renovável é um jogo de casino.

P Em Portugal tem havido con-testação ao prolongamento da central nuclear de Almaraz. Como tem seguido o tema?

R Com a preocupação natural de ver que o país não retira os benefícios que a energia nucle-ar poderia trazer. É um debate altamente politizado, em que a maioria dos participantes pou-co ou nada sabe do assunto. O Governo espanhol com certeza que não vai prolongar a vida da central se houver o mínimo risco de um acidente. A indústria nu-clear é mais segura. Não houve uma só vítima por acidente no mundo ocidental. Chernobyl foi, na União Soviética, fruto de er-ros que não seriam possíveis no Ocidente. No Japão, um tsunami ultrapassou todas as previsões, mas também não houve vítimas.

P Portugal encetou uma opção assente em renováveis. Chegou a haver um manifesto em defe-sa da consideração do nuclear, que não vingou. O nuclear faria sentido em Portugal?

R A formulação da política energética portuguesa foi um desastre. Quer o Governo de Sócrates, com o ministro Pi-nho, quer o de Passos Coelho, com o ministro Moreira da Sil-va, apostaram cegamente nas renováveis como se se tratas-se de um casino e recusaram, sistematicamente, sequer avaliar outras alternativas, nomeadamente o nuclear. O manifesto avisava em boa hora para o risco de ter uma ener-gia muito cara e pretendia uma avaliação independente e transparente de todas as al-ternativas. Portugal ignorou por completo a alternativa nuclear. Hoje é tarde demais, porque temos eletricidade que sobra em grande parte

da fonte renovável altamente subsidiada. O triste resultado é que temos das energias mais caras da Europa e um défice tarifário superior ao preço da venda da EDP à China Three Gorges. Quem sai prejudicado é o consumidor e a economia nacional. Acerca da hipótese nuclear, eu disse ao primeiro--ministro Sócrates: “Estude, compare e depois ponha a re-ferendo.”

P Se fosse a referendo passava? R Não sei. O seu jornal fez um

inquérito público na altura que dava maioria ao ‘sim’. O que está aqui em questão é com-petitividade. Há outra ques-tão importante: Portugal é dos poucos países da Europa que têm matéria-prima. Nós temos urânio. Apostou-se nas renová-veis. O que eu condeno e censu-ro veementemente é o facto de os governos nem sequer terem olhado para o dossiê.

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA22

BREVES

UM SECTOR DEFICITÁRIO

500são as toneladas de caracóis produzidas anualmente em Portugal

48projetos de helicicultura prontos a avançar na região Norte

1,9milhões de euros foram importados em 2015. As exportações ficam nos €81 mil

CO OPERATIVA

14 produtores de caracóis do Norte unidosJunção de esforços visa vencer no mercado externo. Para este ano estão previstas 120 toneladas

Para muitos dos que vivem a norte do Douro, comer caracóis pode ser coisa de franceses, lis-boetas, alentejanos e algarvios, mas a verdade é que produzir estes pequenos animais parece ser um negócio cada vez mais apetecível, como prova o grupo de 14 produtores fundador da Widehelix, a primeira coopera-tiva de helicicultores da região.

Concentrados no eixo Por-to-Braga, com um desvio até Mangualde, comercializaram 12 toneladas nos primeiros três meses de atividade e preveem fechar 2017 com 120 toneladas de caracóis frescos, cozidos e ultracongelados, a que juntam subprodutos como o paté de caracol.

Com explorações entre os 2500 metros quadrados e os 7500, querem “valorizar o sector, garantir mais qualida-de ao produto, impulsionar a produção e o volume de vendas, valorizar a oferta”, explica Mi-guel Oliveira, fundador e ad-ministrador desta cooperativa que tem a sua sede e estrutura logística em Famalicão.

O objetivo é ganhar escala para atacar o mercado interna-cional e, depois das primeiras

toneladas vendidas em Itália, França e Espanha, a Widehelix olha já para o Canadá, Estados Unidos e Reino Unido, animada pelo facto de ter ultrapassado a sua previsão para o preço mé-dio de venda. “Apontámos para os €3,20 por kg, mas passámos os €4,10, o que significa que podemos ficar acima do volu-me de negócios de €380 mil projetado para 2017”, sublinha Miguel Oliveira, sem se esque-cer de comparar estes números “com o preço médio inferior a

€3/kg praticado no mercado nacional”.

Todos trabalham em equipa, “com organização e espírito de entreajuda”, de forma a asse-gurarem o funcionamento das suas explorações e da coope-rativa sem criarem postos de trabalho adicionais. Cada um dos 14 investiu uma média de €4300 e assumiu o compromis-so de vender os seus caracóis em exclusivo à Widehelix, onde controlam todo o processo do negócio, desde a produção à

comercialização. A transfor-mação é feita em outsourcing, numa empresa certificada.

A justificar o otimismo do grupo, a par dos números do negócio, Miguel Oliveira refere “os pedidos diários de adesão de novos membros” e explica que o alargamento da base da cooperativa neste momento não é possível. “A ideia é ter toda a máquina bem oleada antes de pensarmos na expan-são”, mas esse será o caminho inevitável porque “a ideia é

crescer e responder às enco-mendas, sempre de forma a ga-rantir o escoamento de toda a produção, mas sem aumentar-mos a dimensão das 14 explora-ções porque isso implicaria ter custos acrescidos, desde logo com pessoal”, explica.

Do laboratório à quinta

O que fazem individualmente e em grupo é criar caracóis bebés (alevins) que vão para estufas, ou parques ao ar livre para engorda. Depois, apanham os animais, vendem 95% para o exterior e usam ou vendem os restantes como reprodutores.

No caso de Miguel Oliveira, um gestor de 46 anos que tro-cou a direção de um laborató-rio farmacêutico em Lisboa por um negócio próprio no sector primário, os caracóis impuse-ram-se como uma escolha na-tural, depois de ter começado por analisar outras hipóteses como os frutos vermelhos ou o vinho. Procurou formação e informação e avançou há seis anos, quando arrendou a Quin-ta da Figueira, em Avintes, Vila Nova de Gaia, de forma cau-telosa, com um investimento

EXPORTAÇÃO Há seis anos, Miguel Oliveira trocou a direção de um laboratório farmacêutico, em Lisboa, por um projeto próprio de criação de caracóis em Avintes, onde começou por investir €13 mil e já criou uma maternidade. Agora, juntou mais 13 jovens produtores da região Norte numa cooperativa que tem como prioridade as vendas no mercado externo e a valorização do produto. Em três meses venderam 12 toneladas. Num ano querem chegar às 120 FOTOS LUCÍLIA MONTEIRO

de €13 mil, para garantir as infraestruturas mínimas e ir conhecendo a fileira.

Hoje tem 5500 metros qua-drados, metade dos quais numa estufa, montou uma materni-dade para garantir o ciclo com-pleto, da reprodução ao produ-to final, dentro de portas, tem vendas de €40 mil, submeteu um projeto a financiamentos do Proder — Programa de Desen-volvimento Rural, e já investiu uns €80 mil nos seus caracóis, concentrando a oferta nas ca-racoletas Maxima e Petit Gris.

E faz quase tudo sozinho. “Aqui tenho apenas o meu posto de trabalho, o que signi-fica estar quase a tempo intei-ro na maternidade e dar duas a três horas por dia à fase da engorda”, diz o produtor. Nos períodos em que a atividade exige mais, como na fase da apanha dos caracóis, a solu-ção sempre foi a entreajuda e o trabalho conjunto com ou-tros helicicultores. E explica: “Calendarizamos tarefas. Eles vêm ajudar-me e eu também os ajudo, o que significa conviver, trocar experiências, aprender.”

Margarida [email protected]

Investimento das empresas desacelera

INQUÉRITO O investimento empresarial deverá desace-lerar para 3,8% este ano, de-pois de em 2016 ter crescido 6,5%, acima das perspetivas, segundo o Inquérito de Con-juntura ao Investimento di-vulgado pelo Instituto Nacio-nal de Estatística (INE). De acordo com as intenções ma-nifestadas pelas empresas na última edição do inquérito, o aumento de 6,5% do investi-mento no ano passado tra-duz “uma ligeira revisão em alta face às perspetivas reve-ladas no inquérito anterior”.

EDP recorre em EspanhaENERGIA A EDP interpôs um recurso no Supremo Tribunal de Espanha contra o decreto-lei que estabeleceu a nova meto-dologia de cálculo das margens comerciais das empresas res-ponsáveis pelo fornecimento de energia elétrica aos clientes da tarifa regulada em Espanha. O “Boletim Oficial do Estado” espanhol (equivalente ao “Diá-rio da República” em Portugal) revela que o Tribunal Supre-mo aceitou na segunda-feira o processo com o recurso contra o “Real Decreto” de 18 de no-vembro que modificou a meto-dologia de cálculo dos custos de comercialização.

Worten investe €12 milhões em lojasDISTRIBUIÇÃO A Worten vai investir €12 milhões de euros em renovações e na abertu-ra de nove lojas no mercado português em 2017. A loca-lização das lojas ainda não está definida. A intervenção no parque de lojas deverá atingir 70 unidades. Já em Espanha, existe um plano de expansão de 10 novas lojas, estando previsto um inves-timento de €11 milhões em novas aberturas e remode-lações. Atualmente, a Wor-ten conta com 179 lojas em Portugal, das quais 36 são Worten Mobile, e 53 unida-des em Espanha.

A AMORIM CORK VENTURES, INCUBADORA DA CORTICEIRA AMORIM, LANÇOU A SUA SEGUNDA STARTUP, A TD CORK — TAPETES DECORATIVOS COM CORTIÇA, QUE SE APRESENTA AO MERCADO COM A MARCA SUGO CORK RUGS. EM CAUSA ESTÁ UM MÉTODO INOVADOR DE PRODUÇÃO DE TAPETES QUE PARTE DAS TÉCNICAS TRADICIONAIS DE TECELAGEM, JÁ DEU ORIGEM A UM PEDIDO DE PATENTE E COMBINA A CORTIÇA COM LÃ NACIONAL E ALGODÃO RECUPERADO DE GRANDES PRODUÇÕES INDUSTRIAIS.

22É o volume de gigawatts hora (GWh) que o Banco de Portugal contratou à Energia Simples como novo fornecedor de eletricidade para os próximos dois anos. A Energia Simples, marca da empresa portuguesa PH Energia, foi criada em 2014 para operar no mercado liberalizado de eletricidade

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 23

IMOBILIÁRIO

37 anos depois, sede do antigo BES abre balcões na Avenida da Liberdade

Foram quase quatro décadas de costas voltadas para a Avenida da Liberdade, a principal artéria de Lisboa e do país. Agora vai mudar. O edifício sede do Novo Banco, antigo BES, está em obras e vai abrir muito em breve um balcão virado para a Avenida da Liberdade, com um visual que permitirá dar-lhe grande visibilidade. Uma novidade, já que o balcão esteve desde sempre situado na Rua Barata Salgueiro, numa zona pouco visível, junto à garagem por onde costumava entrar a administração do BES e Ricardo Salgado, o ex-presidente do banco. A decisão foi de António Ramalho, o atual presidente do Novo Banco, e foi tomada no âmbito da racionalização e otimização dos espaços do banco, com a concentração de serviços administrativos na Avenida da Liberdade. As obras no edifício sede, situado na esquina da Avenida da Liberdade com a Barata Salgueiro, representam um

investimento de cerca de 350 mil euros, segundo confirmou fonte oficial do banco. A abertura do balcão na Avenida da Liberdade permitirá ao Novo Banco abandonar o que hoje está no edifício do Marquês do Pombal, atualmente à venda. Não se encontra uma explicação para o facto de o BES nunca ter tido um balcão virado para a Avenida da Liberdade. O edifício foi, recorde-se, inaugurado em 1980 pelo então presidente do Banco Espírito Santo Comercial de Lisboa (BESCL), Francisco Veloso. O Novo Banco tem estado a concentrar na sede e nas instalações do Tagus Park, em Oeiras, alguns serviços que durante anos estiveram dispersos por outros edifícios. As obras que estão a ser feitas na sede do antigo BES permitirão aumentar entre 15% a 20% o espaço de trabalho disponível. Estas alterações permitirão também libertar o edifício da Avenida Álvares Cabral. A.C.

Tendência Novo Banco vende carteira de imóveis, Santander tem nova sede e BCP centraliza serviços

Património dos bancos anima mercado imobiliário

Texto Anabela Campos, Margarida Cardoso, Marisa

Antunes e Sónia Lourenço Foto Tiago Miranda

As intensas movi-m e n t a ç õ e s q u e tomaram conta do mercado imobiliá-rio em Lisboa e no Porto estão a che-gar à banca e ao seu património institu-cional. Centraliza-

ção de serviços em edifícios próprios, aposta em novas sedes ou venda das antigas joias da coroa fazem parte do cenário atual do sector.

Um dos exemplos vem do Novo Ban-co. O emblemático edifício onde está situada a galeria de arte do antigo BES, no Marquês do Pombal, está à venda. Situado do lado esquerdo da rotunda do Marquês do Pombal, quem sobe a Avenida da Liberdade, o imóvel está à venda por cerca de 50 milhões de euros, sabe o Expresso. O edifício faz parte de um portefólio de 60 ativos do Novo Banco que estão no mercado, à espera de encontrar um comprador, desde há sete meses. Contactada, fon-te oficial do Novo Banco preferiu não comentar.

A venda está a ser feita pela GNB — Gestão de Ativos, empresa do Novo Banco que na altura em que o BES era controlado pelo Grupo Espírito Santo se chamava ESAF. Ao que o Expresso apurou, os 60 edifícios estão situados de norte a sul do país e estão à venda por um valor acumulado que ronda os €180 milhões. Montante que mostra bem o peso que o edifício do Marquês de Pombal tem no portefólio de imobiliário.

A venda iniciou-se no ano passado e, segundo apurou o Expresso, susci-tou a atenção de vários interessados,

tendo a GNB chegado já à fase final de negociações com um fundo ameri-cano. O processo só não fechou ainda por entraves jurídicos provocados por alguns inquilinos que querem exercer o direito de preferência em alguns desses imóveis.

No Santander, a opção não é a venda mas o investimento. Na próxima se-mana será inaugurado o novo edifício Centro Santander Totta — onde já se encontram a trabalhar perto de 900 pessoas —, junto à mesquita de Lisboa

e à outra torre do banco, construída há cerca de 13 anos e onde se encon-tram outros 1300 trabalhadores.

O projeto do arquiteto Frederico Valsassina, com 9500 metros quadra-dos, implicou um investimento de €27 milhões e dois anos de obras. Agora, será a sede operacional do banco, ape-sar de a sede institucional se manter no edifício da Rua do Ouro, na Baixa de Lisboa. Um imóvel que o Santander Totta vai manter para eventos e ques-tões protocolares.

O edifício do Novo Banco localizado no Marquês de Pombal faz parte de um

portefólio de 60 imóveis que está a ser vendido por €180 milhões

FOTO TIAGO MIRANDA

Para manter é também o imóvel na Rua Augusta, na Baixa de Lisboa, que foi objeto de recuperação. Contudo, outro edifício do banco em Lisboa, na Avenida Miguel Bombarda, de onde foram transferidos trabalhadores para o novo espaço junto à Praça de Espanha, ficará liberto e será vendido.

Com três blocos semienterrados em redor da torre já existente e todos interligados, o edifício Centro San-tander Totta privilegia a luz natural, aproveitando o desnivelamento do terreno. Com dois auditórios, espaços sociais e ginásio, aposta numa nova forma de organização do espaço de trabalho, muito mais informal.

A Baixa é para eventos

No universo Millennium BCP, a apos-ta é na concentração de serviços. Os trabalhadores dos serviços centrais da instituição estão maioritariamente no Tagus Park, no concelho de Oeiras, em 12 edifícios. Aqui trabalham 2400 funcionários.

Já no Porto, onde continua a fun-cionar a sede social do banco, 750 pessoas distribuem-se pelos edifícios D. João I e Gonçalo Sampaio.

Também o BCP tem dois edifícios emblemáticos localizados na Baixa lisboeta, zona que está sob gran-de pressão imobiliária. O frenesim provocado pelo turismo tem gerado uma movimentação significativa em toda a envolvente com a abertura de vários hotéis e novos estabelecimen-tos comerciais. O Terminal de Cru-zeiros que está a ser construído em Santa Apolónia promete duplicar o número de pessoas que entram na capital pela via marítima. O tráfego atual de cruzeiros na capital é de 550 mil passageiros, mas os respon-sáveis do Porto de Lisboa preveem que o número possa duplicar nos próximos 10 anos.

Factos que estão a sobrevalorizar os imóveis da zona. O Millennium BCP tem um edifício próximo do arco da Rua Augusta onde está centralizada a operação de private banking do grupo e ainda uma parte reservada a apoio da administração. O outro edifício está situado na Rua do Ouro e acolhe a Fundação Millennium BCP e vários eventos. “No passado houve vários potenciais interessados, mas de mo-mento não está nos planos do banco vender este edifício (nem o edifício sede na Rua Augusta)”, assegura fonte oficial da instituição.

No Porto, também o Banco Carre-gosa está a reforçar o seu património imobiliário, continuando a apostar na zona da Boavista. Na Rua de Guerra Junqueiro, a poucos metros da sua sede, na Av. da Boavista, o banco lide-rado por Maria Cândida Rocha e Silva escolheu um imóvel que já recebeu, no passado, uma garagem, com bom-ba de gasolina, e foi, depois, uma loja de móveis.

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Expresso, 28 de janeiro de 201724 bpiexpressoimobiliario.pt

A VER NO PROGRAMA DESTA SEMANA

ESPAÇOS&CASAS

Espaços & Casas na SIC NotíciasSábado 8h05Repetição Sábado às 20h

Programa com o apoio de

TURISMO RESIDENCIAL

Ingleses compram as casas mais carasAlbufeira e Loulé são os locais que mais atraem estes investidores. Turcos começam a olhar para PortugalIngleses e irlandeses gastam em média €1,78 milhões para com-prar casa em Portugal e conti-nuam a ser os melhores clientes no Algarve no que diz respeito ao turismo residencial, segundo dados divulgados esta semana pela Confidencial Imobiliário (Ci), durante a Conferência Na-cional do Turismo Residencial e do Golfe, organizada pela As-sociação Portuguesa de Resorts (APR). Os concelhos de Albu-feira e Loulé (onde se incluem empreendimentos como Quinta do Lago, Vale do Lobo ou Pine Cliffs) concentram a maior ofer-ta, com 64% das transações rea-lizadas entre 2015 e o primeiro semestre de 2016 (numa base de dados da Ci a partir de uma amostra de 2096 imóveis). Dos 34 mil alojamentos que inte-gram o parque das habitações turísticas em Portugal, 77% es-tão situados no Algarve, a maio-ria nestes concelhos.

O mercado chinês é o segun-do mais ativo entre os estran-geiros que apostam no turismo residencial, com 10% das ven-das, mas com um valor médio de investimento bastante abai-xo do dos ingleses — €779 mil. “Os países do Norte da Europa merecem igualmente destaque — com especial relevo para a França —, com uma quota agre-gada de 13% nas vendas e um investimento médio de €1,40 milhões”, refere-se no estudo da Confidencial.

O sector tem pela frente um ano cheio de desafios comple-xos, temas em debate na confe-rência da APR que se realizou na passada quinta-feira em Lis-boa. Vistos gold a meio gás (de-vido ao processo burocrático na atribuição do visto), eleições em França (que podem refrear o fluxo de franceses para cá) e o ‘Brexit’ (com impacto no valor da libra) são algumas das questões no horizonte dos pro-motores imobiliários.

“O impacto do ‘Brexit’, princi-palmente, é muito importante, porque o mercado inglês já está connosco há mais de 50 anos. Mas não estamos pessimistas: o inglês é o povo que mais viaja, no mundo, em percentagem de população. E para muitos deles é fundamental ter uma

fala do mais recente interesse: “Perdemos terreno para Es-panha no que diz respeito aos vistos gold para os chineses, mas se conseguirmos voltar a agilizar o tratamento burocrá-tico na atribuição dos processos temos aqui espaço para voltar a atuar. Por experiência própria, um dos mercados que está nes-te momento a procurar muito Portugal é o turco. A CBRE tem escritório na Turquia e agora todas as semanas estamos a receber clientes turcos, do seg-mento mais alto, interessados em investir em Portugal.”

Marisa [email protected]

casa fora do país. Se eles não comprassem casa na Europa, a alternativa poderia ser os EUA, mas a libra desvalorizou ainda mais face ao dólar, por isso não estou muito preocupado”, real-çou ao Expresso Diogo Gaspar Ferreira, presidente da APR.

Mas a novidade no Algarve (e não só) quando se fala de imo-biliário adquirido por clientes estrangeiros é a diversidade de nacionalidades: o Ci contabili-zou 18, entre cidadãos africa-nos, europeus, asiáticos e oriun-dos do Médio Oriente.

Frederico Mendonça, respon-sável pelo departamento resi-dencial da consultora CBRE,

O golfe e a praia são fatores de grande atração. Portugal tem 34 mil habitações turísticas

Imobiliário comercial em foco

O mercado imobiliário por-tuguês continua na rota dos investidores estrangeiros. O Market 360º, apresentado pela consultora imobiliária JLL, analisou os indicadores para os segmentos de escritórios, retalho, habitação e hotelaria.

Casa nórdica na Baixa pombalina

Por mais descomplicadas que pareçam, a tranquilidade e or-ganização das casas escandi-navas nem sempre são fáceis de reproduzir. A dona de um apartamento na Baixa de Lis-boa decidiu recorrer à designer de interiores Lígia Casanova para as pôr em prática. Apre-sentou apenas dois requisitos: a ambiência deveria ser serena e a luz natural bem aproveitada.

Índice RE/MAX

Coimbra tem cada vez mais encanto para os investidores imobiliários.

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 25 bpiexpressoimobiliario.pt

NÚMEROS

18é o total de faculdades e institutos detidos pela Universidade de Lisboa

450mil pessoas visitaram em 2016 o edificado histórico da Universidade de Coimbra

30mil estudantes frequentam as 14 faculdades da Universidade do Porto

PATRIMÓNIO

Universidade de Lisboa tem 4% da cidadeA Norte, a Universidade do Porto ocupa cerca de 1,2% do território da Invicta e possui dezenas de edifícios O tecido urbano de Lisboa, Porto e Coimbra está marcado pela presença de instituições de ensino superior. Só o patrimó-nio imobiliário da Universida-de de Lisboa (UL) ocupa 4% da área da capital e na Invicta a Universidade do Porto (UP) abarca cerca de 1,2%. Já a Uni-versidade de Coimbra (UC) foi declarada Património Mundial pela UNESCO em 2013 o que no ano passado lhe granjeou 450 mil visitantes e uma re-ceita de €3 milhões. Na gestão de tão vasto espólio os reitores destas escolas públicas optam por vender imóveis sem ativi-dade, construir de novo quando há necessidade, reabilitar para aproveitarem o que têm e utili-zam o turismo para obter verba para manter o edificado.

São 50 mil os alunos da Uni-versidade de Lisboa (que re-sultou da fusão entre a Técni-ca e a Clássica), sendo esta a maior universidade pública do país. Conta com 18 faculdades e institutos e um património que se estende desde a cidade universitária ao polo do Alto da Ajuda e tem instalações nos concelhos de Oeiras, Cascais e Loures. Entre os espaços sob a sua alçada salientam-se o Pa-vilhão de Portugal, a Tapada da Ajuda, o Estádio Universi-tário de Lisboa, o Hipódromo do Campo Grande e o Jardim Botânico da Ajuda.

A UL conta com duas deze-nas de residências universitá-rias, no total de 1250 camas, em edifícios seus e outros arren-dados e esta é uma das áreas em que está a trabalhar. “Se tivermos melhores residências, vamos ter mais pessoas a pro-curar as nossas instalações”, explica António Cruz Serra, reitor da UL. Para além da já falada construção da residência do polo da Ajuda, que custará €8 milhões e cuja primeira fase estará a funcionar no segun-do semestre do ano letivo de 2017/18, da transformação da cantina 2 num destes espaços com 150 camas e da conces-são a privados de um edifício na escola politécnica para esse efeito, com 80 camas, tem mais projetos na calha.

Aposta em residências

Um deles poderá nascer na ci-dade universitária. “É muito importante construir uma re-sidência aqui”, frisa o reitor. Ficará num terreno por trás da Biblioteca Nacional, mas está ainda dependente do plano de urbanização da autarquia, em curso, para esta zona. Segun-do o reitor, está por definir o modelo a aplicar que poderá

incluir uma parte concessio-nada a privados e outra da res-ponsabilidade da universidade.

Numa cidade com falta de área para a construção de raiz, um terreno na Expo é sem dú-vida cobiçado. Para o que aqui tem António Cruz Serra equa-ciona, mais uma vez, “abrir concurso para concessionar a construção de residência. Terá de ser um modelo de explora-ção com um número alargado de anos para poder haver recu-peração do investimento, com compensação para a universi-

dade, financeira ou na dispo-nibilização de camas para ação social”, explica. Acrescenta que “há uma apetência muito gran-de dos privados por esta área de negócio e será uma grande oportunidade”. O concurso po-derá ser lançado em escassos meses, contudo o reitor não exclui também a hipótese de vender uma parte do terreno que conta com 14 mil m2 de área. O dinheiro para todas es-tas obras chega da libertação de verbas resultante da junção das duas universidades, numa economia de escala que levou, por exemplo, a readaptações na ocupação de imóveis e à alie-nação de alguns.

Uma política que tem sido seguida pela sua congénere do Porto. No ano passado a UP vendeu um conjunto de edifí-cios, no centro da Invicta, por um valor que, de acordo com o seu reitor, Sebastião Feyo de Andrade, foi “mais de €5 mi-lhões e menos de €10 milhões”. Nesta instituição toda a verba resultante da venda de imóveis é “reinvestida na reabilitação de património imobiliário”. E no corrente ano vão ter início diversas obras. Entre elas con-tam-se empreitadas na reitoria, e nas faculdades de Economia e de Belas-Artes. Serão de ma-nutenção e reabilitação de edi-fícios com mais de 50 anos.

A UP conta com 30 mil es-tudantes e tem 14 faculdades, vários centros de investigação e edifícios históricos como a reitoria, jardim botânico, Ob-servatório Astronómico da Faculdade de Ciências, um património que segundo o reitor são “muito mais de 40 imóveis”. Com tanto edifica-do, e segundo Sebastião Feyo de Andrade, a palavra de or-dem é reabilitar e reaproveitar o que se tem. Exemplo disso é a adaptação de um edifício que ficou desocupado há cerca de um ano, onde irá ser insta-lada a Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação que atualmente ocupa parte das instalações da Faculdade de Engenharia. Refere ainda o reitor que a UP possui edifícios que podem ser reconvertidos em residências de estudantes, uma vez que têm apenas cerca de 1200 camas para os seus alu-nos. E se existirem privados in-teressados neste negócio, está aberto a negociações.

Gerir património mundial

A Universidade de Coimbra (UC) possui uma história mui-to antiga e património com centenas de anos que em 2013 foi classificado pela UNESCO.

“O financiamento da UC não é influenciado num euro que seja pelo facto de termos este património à nossa guarda. Neste momento é o fluxo tu-rístico que nos permite manter um grau de conservação bom”, comenta Jorge Gabriel Silva, reitor da UC. Só no ano passa-do foram 450 mil os turistas que visitaram a universidade, um crescimento de quase 30% face a 2015 em que foram 350 mil. Em termos de receita ul-trapassou um pouco, segundo o reitor “os €3 milhões”. Uma re-

ceita que é investida em obras de recuperação dos imóveis. Dentro do seu património o espaço mais visitado é a biblio-teca joanina.

Dos 23 mil alunos da UC, en-tre 70 e 80% são deslocados. A eles a universidade tem para oferecer 14 residências com pouco mais de 1300 camas. “Coimbra está neste ramo de negócio há séculos e o tecido urbano está preparado para absorver esta quantidade imen-sa de gente, e é uma atividade económica importante”. Sem

obras agendadas neste domí-nio a UC vai comprar por meio milhão de euros a residência universitária mais antiga da cidade, de 1940, situada na Rua da Alegria. Está apenas a aguardar a aprovação do Mi-nistério das Finanças, tendo já verba própria disponível para o efeito. E quando a Maternidade Daniel de Matos for desativada, uma vez que o edifício é seu, vai transformá-la em alojamento para estudantes.

Maribela [email protected]

A Universidade de Lisboa tem dezenas de imóveis na capital FOTO PAULO VAZ HENRIQUESA reitoria é um dos edifícios históricos da Universidade do Porto FOTO LUCÍLIA MONTEIRO

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 27 bpiexpressoimobiliario.pt

PERSPETIVAS

Reabilitação anima Lisboa em 2017Zona ribeirinha vai registar grande dinâmica imobiliária. Edifícios de escritórios são os principais ativos“A reabilitação urbana pro-mete continuar a fazer renas-cer Lisboa e a ser uma forte impulsionadora do sector de investimento”. Esta é a previ-são da consultora imobiliária Worx que anualmente anteci-pa as tendências para o sector imobiliário.

“Lisboa é cada vez mais alvo de interesse da massa empre-sarial internacional que pro-cura conjugar uma excelente localização estratégica para as suas operações com a compe-titividade de preço, qualidade de vida, segurança e opções de lazer que a cidade pode pro-porcionar”, diz a consultora. Destaca que “os prestigiados eventos que a cidade aco-lhe anualmente e os prémios europeus com os quais já foi distinguida inúmeras vezes comprovam o valor da capital portuguesa”.

Para 2017, segundo a Worx, “está prevista a conclusão de alguns projetos de escritó-rios, num total aproximado de 58.000 m2, no entanto já com ocupantes destinados. Meta-de da área bruta locável (ABL) prevista está concentrada em projetos na zona ribeirinha (29.000 m2), que se assume atualmente como o eixo prin-cipal de expansão imobiliária”.

“A zona ribeirinha, entre o IADE e o Cais do Sodré, vai ter nos próximos anos um bom desenvolvimento”, detalha Pe-

dro Salema Garção, diretor da área de planeamento urbano da Worx. É nessa zona que se situa a nova sede da EDP.

A aposta na melhoria dos acessos, na mobilidade pedo-nal, na ligação das pessoas ao rio, assim como a construção de novas zonas de lazer, a implementação de concei-

tos comerciais na moda, são fatores determinantes que contribuem para a revitaliza-ção desta zona de mercado, aponta a Worx. “O carisma que lhe foi conferido tornou a zona ribeirinha um polo muito apetecível para inves-tidores, promotores, empre-sas e turistas”.

Lembra que, em 2016, a re-abilitação urbana na cidade de Lisboa teve um incentivo com os benefícios fiscais e com a atribuição dos Golden Visa — que registaram um cresci-mento de 87,5% face a 2015 —, que foram responsáveis pela explosão na reabilitação de habitação de luxo, um fator

essencial para o crescimento da atratividade do mercado português.

A capital tem beneficiado de programas de requalificação urbana promovidos pelo atual governo ou por investimentos de privados.

“As intervenções na frente ribeirinha são prova disso.

Gradualmente temos vindo a assistir ao transformar de uma zona de Lisboa, outrora abandonada e subaproveita-da, que é agora caracterizada por uma oferta comercial, de serviços e cultural muito apelativa que tende a expan-dir-se progressivamente e a ganhar o seu lugar como uma das zonas mais atrativas de Lisboa para implementação de conceitos habitacionais, empresariais, comerciais, turísticos, culturais que in-teragem e se complementam entre si”, sublinha.

A Worx adianta que os pro-jetos previstos em pipeline indicam que 2017 deverá ul-trapassar novamente a fas-quia dos mil milhões de euros e posicionar-se mais uma vez no ranking dos melhores anos de investimento em Portugal, com os segmentos de escritó-rios e retalho a liderarem as escolhas dos investidores.

“As previsões avançadas para os próximos dois anos apontam para um cenário de estabilização, mas os dados devem ser analisados com cui-dado”, frisa ainda a Worx. A consultora defende que 2017 deve ser encarado com cau-tela, pela expectativa que a evolução dos vários condicio-namentos políticos e econó-micos causa.

Elisabete [email protected]

Reabilitação na capital cresceu 87,5% em 2016 FOTO TIAGO MIRANDA

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA28

Janina Kugel Diretora global de Recursos Humanos da Siemens AG e membro do Conselho de Administração

“Há profissões a desaparecer, mas o trabalho mantém-se”

Texto Cátia Mateus Foto Luís Barra

Janina Kugel lidera a nível global os Recursos Humanos da Siemens e é uma das poucas mulheres a integrar o Conselho de Administração da multi-nacional alemã. Pelas suas mãos passa toda a estratégia de contratação da empresa. O Expresso entrevistou-a em exclusivo aquando de uma visita relâmpago que fez à sede da multi-nacional em Portugal. Os desafios da transformação digital para profissio-nais e empresas, os empregos do futu-ro, o talento e o sucesso guiaram uma conversa com aquela que é reconheci-da como uma líder inspiracional, para quem o talento é um conceito difícil de definir.

PP ComoPéPquePaPSiemensPestáPaPen-frentarPosPdesafiosPdaPtransformaçãoPdigital?

R Há hoje uma enorme influência da tecnologia em tudo o que fazemos. São as pessoas que têm de se adaptar e ge-rir a complexidade de um mundo me-diado pela tecnologia. Acho que é por isso que a área dos Recursos Humanos será eternamente desafiante. Quando falamos de digitalização, esquecemo--nos de mencionar os trabalhadores de colarinho azul (técnicos ou fabris). No último encontro de Davos, na pas-sada semana, emergiu a ideia de que o mundo do trabalho já não se divide em colarinhos azuis e colarinhos brancos (executivos). A tecnologia esbateu isso. Pensemos num soldador ou num mecânico: qualquer um deles terá de desenvolver também competências digitais, as necessárias à sua função. E isso não quer dizer que toda a profis-são esteja a mudar ou vá mudar. O que fazemos na Siemens é olhar, de forma contínua, para todas as competências que os nossos profissionais necessitam de atualizar e garantir-lhes a neces-sária reconversão. Investimos muito dinheiro neste processo.

PP Quanto? R No último ano fiscal, cerca de 500

milhões de euros.

PP APSiemensPéPumaPempresaPdePorien-taçãoPdigital,PmasPnãoPtemPumPchiefPdi-gitalPofficerP[diretorPdePdigital].PPorquê?

R Porque não me parece que possa-mos atribuir a responsabilidade da transformação digital de uma empre-sa a uma só pessoa e fazer as outras acreditar que essa missão não lhes cabe. A digitalização acontece, e tem de acontecer, em todo o lado, desde as funções de liderança corporativa às áreas tecnológicas, recursos humanos ou operacionais. Tem de acontecer de forma transversal em todo o negócio.

PP OPquePestáPverdadeiramentePaPmu-darPnoPmundoPdoPtrabalhoPcomPaPdigi-talização?

R Quase tudo. E estamos longe de concluir este ciclo de mudança. O recrutamento pode ser um bom exemplo para se perceber o que está a mudar. Quando os recrutadores estudam currículos, debruçam-se sobre todo o documento. Se há uma foto, analisam se lhes agrada aquela pessoa, veem a idade e fazem nova apreciação, depois olham para o género e fazem novo julgamento. Muitas vezes até procuram no nome ilações sobre a origem da pessoa. E isso significa que não se estão a focar no que deveriam: as competências do candidato. A inteligência artificial — e já o estamos a testar — dá bons contributos nesta matéria, porque permite uma triagem objetiva dos candidatos com base num conjunto de critérios definidos como vitais para a função. Na Siemens, estamos

a investir muito nestes processos de identificação de talento que permi-tem eliminar os ‘preconceitos’, ainda que inconscientes, associados aos meios de seleção.

PP DevemosPsentir-nos,PenquantoPpro-fissionais,PameaçadosPpelasPmáquinas?

R Não me parece. Esta revolução digi-tal é em tudo idêntica às revoluções in-dustriais que vivemos antes. E de cada vez que as pessoas percebem que algo vai mudar radicalmente têm medo. É humano tê-lo, mas há oportunidades que podemos aproveitar.

PP MasPparaPissoPasPqualificaçõesPdosPprofissionaisPtambémPtêmPdePevoluir...

R Sim. O desafio que hoje temos, e que é inquestionável, é que o nível de qualificação dos profissionais tem de ser superior para fazer face às exi-gências desta transformação digital. Infelizmente, encontramos em muitos países europeus uma percentagem significativa de profissionais que, por alguma razão, não concluem a sua formação, e tendemos a aceitar isto, do ponto de vista social, como normal: é normal que abandonem a escola numa determinada idade e que, em função disso, as suas qualificações não lhes confiram as competências necessárias para encontrarem lugar num mundo profissional digital. E este, acredito, será o grande desafio e responsabi-lidade não só das empresas como da sociedade e dos próprios Governos: garantir que estamos a formar as nos-sas pessoas para os novos contextos de trabalho e para as exigências que eles comportam. Nem todos os 351 mil funcionários da Siemens, vão tornar--se ‘digitais’ do dia para a noite. É um processo que levará o seu tempo e não acontecerá para todos os profissionais em simultâneo. O nosso desafio é an-tecipar as mudanças e saber geri-las.

PP ArriscariaPdizerPquePaPdigitalizaçãoPestáPaPmudarPempregosPmasPnãoPaPeliminarPempregos?

R Diria que há profissões a desapare-cer, mas o trabalho mantém-se. Algu-mas profissões não existirão daqui a cinco anos, tal como havia profissões no passado das quais hoje nem sequer nos lembramos. Tentemos explicar aos nossos avós o que é um analista de dados, um gestor de redes sociais ou

um especialista em cibersegurança... Alguns empregos desaparecerão, mas o trabalho permanecerá e a necessida-de de profissionais qualificados para o desempenhar também.

PP QuePempregosPvãoPdesaparecer? R Os que possam ser automatizados,

que sejam muito repetitivos ou predi-tivos, em que possamos ter um algo-ritmo que reconheça os padrões de atuação. Faço sempre a comparação com os agentes de viagens. Todo o processo de agendamento de uma via-gem, que era completamente manual há poucos anos, é hoje quase na sua totalidade digital.

PP EPquePnovosPpodemPemergir? R Adorava saber.

PP QuePtipoPdePprofissionaisPestarãoPnaPmiraPdaPSiemensPnoPfuturo?

R Uma das áreas que podemos con-firmar, e Portugal é um bom exemplo disso, é a dos profissionais com fortes competências tecnológicas e da área da engenharia. Mas há outras funções que são menos associadas à Siemens e que as pessoas, muitas vezes, não sabem que procuramos, como solda-dores (dependendo dos países em que estamos, naturalmente), que são mui-to difíceis de contratar. O que me pa-rece que é altamente relevante para os profissionais do futuro é que, indepen-dentemente da função, tenham uma

elevada capacidade de aprendizagem e uma postura que lhes permita lidar com a complexidade e a ambiguidade. Isto será muito necessário no futuro.

PP ComoPéPquePosPprofissionaisPsePde-vemPadaptarPàPtransformaçãoPdigital?

R Num contexto de complexidade, globalização e digitalização, têm de ter uma mente aberta e flexibilidade. Não podem acreditar que o que quer que seja que estão a estudar hoje será suficiente no futuro. E isto não é só válido para jovens, é para os seniores também.

PP QuePtipoPdePtalentosPprocuraPquan-doPcontrataPparaPaPSiemens?

R Num negócio complexo como este não há apenas um tipo de talento, e eu também não acho que exista um tipo único de ser humano, nascido para ter sucesso profissional. Ambas as defini-ções — talento e sucesso — variam de gestor para gestor. É bom que assim seja. Por isso, diria que talento para mim é alguém apaixonado por aquilo que faz, que se compromete com a sua missão, que partilha boas ideias e que não está à espera de ordens para executá-las. A complexidade do con-texto empresarial atual não se com-padece com profissionais que apenas cumprem ordens. Exige profissionais responsáveis, capazes de assumir a dianteira de projetos e soluções.

PP Formou-sePemPEconomia.POndePéPquePaparecePaPpaixãoPpelosPRecursosPHumanos?

R Isso acabou por não acontecer, mas muitos dos meus amigos ainda me dizem que trabalhar para a Siemens é quase o mesmo que trabalhar para as Nações Unidas. Há 11 anos tomei a decisão de me dedicar aos Recursos Humanos. Achava que poderia dar um contributo nesta área. Os líderes estão sempre a dizer que as pessoas são a grande mais-valia de uma em-presa, mas infelizmente muitas vezes as suas ações não vão neste sentido. Para mim, as pessoas são a única coisa que, de facto, faz a economia mexer e os negócios acontecerem. Mesmo que estejamos a falar de tecnologia ou de um produto, ele foi certamente inventado por um ser humano, pelo menos até ver.

[email protected]

EMPREGO

“A COMPLEXIDADE DO CONTEXTOPEMPRESARIALPATUAL NÃO SE COMPADECE COM PROFISSIONAIS QUE APENAS CUMPREM ORDENS”

“TEMOS DE GARANTIR QUE ESTAMOSPPAPFORMARPPESSOAS PARA OS NOVOS CONTEXTOS DE TRABALHO”

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 29

BREVES

Talent Portugal debate recrutamento

CONTRATAÇÃO A comunidade de atração de talento Talent Por-tugal, vai realizar a 15 de fevereiro, no Porto, e a 14 de março, em Lisboa, duas conferências sobre a Employer Branding, destinado à melhoria da imagem das empresas para atração de candidatos a emprego. Os encontros visam analisar a importância desta técnica, que foi considerada a tendência do momento para a captação de talento, já que melhora a perceção da empresa junto dos colabo-radores e candidatos.

SONAE CONQUISTA ALUNOS DE MBA A Sonae foi considerada a melhor empresa do mundo para estudantes de MBA (Master of Business Administration), pela Associação Internacional de MBA. A empresa venceu na categoria de MBA Employer, que reconhece a abordagem da Sonae na atração e desenvolvimento de talento.

Impact Hub dinamiza PortugalEMPREENDEDORISMO A Caixa Económica Montepio Geral as-sociou-se ao Impact Hub — a rede internacional de polos de inovação focada na incubação, aceleração e escalabilidade (scale up) de projetos que pos-sam impulsionar a transfor-mação social — para lançar em Portugal um novo projeto de Empreendedorismo de Impac-to. O novo programa será lan-çado a 31 de janeiro, no Museu da Carris, em Lisboa.

15%foi quanto caíram, em dezembro, as inscrições nos centros de emprego, face ao mesmo mês de 2015. Segundo o último relatório do Instituto de Emprego e Formação Profissional, no último mês de 2016, inscreveram-se nos centros de emprego nacionais 46 mil desempregados.

PERFIL

Idade 47 anos. Formação Licenciada em Economia pela University of Mainz (Alemanha) e mestre na mesma área pela Università degli Studi di Verona (Itália). Percurso Iniciou a carreira na área de Consultoria ao serviço da Accenture, onde trabalhou em múltiplas geografias (Suécia, Itália, Suíça, Estados Unidos e Alemanha). Em 2001 integrou a equipa da Siemens Communications, na área de Estratégia, num cargo também global. Durante quatro anos representou a empresa na Alemanha e na China, na posição de vice-presidente para a área de Transformação do Negócio e Gestão do Conhecimento. Em 2005 tornou-se diretora de Desenvolvimento Corporativo da empresa, na Alemanha, e mais tarde rumou a Itália para liderar os Recursos Humanos da subsidiária italiana da tecnológica. Em 2013 tornou-se vice-presidente da Siemens AG para a área de Recursos Humanos, Pessoas e Liderança, com responsabilidades nos mercados americanos, Médio Oriente e África. Dois anos mais tarde passou a integrar o Conselho de Administração da empresa e a tutelar a área de Recursos Humanos à escala global. Cargos externos É membro do Conselho de Gestão da Siemens Foundation (Siemens Stiftung) e do Conselho de Supervisão da Siemens Healthcare GmbH. Integra também os Conselhos Consultivos da Hertie School e da University of Applied Sciences Ingolstadt.

Janina Kugel lidera os Recursos Humanos da tecnológica Siemens a nível mundial

FOTO LUÍS BARRA

EMPREGO

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SMALLBUSINESSES

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O profissional a admitir irá desenvolver tarefas de apoio ao Contabilista Certificado, nomeadamente ao nível da classificação e lançamento de documentos, conferência de saldos, faturação e análise de extratos bancários.

Pretende-se profissional com o seguinte perfil:

• Licenciatura em Contabilidade (preferencial);• Experiência profissional mínima de 2 anos em funções similares, nomeadamente

envolvendo tarefas contabilísticas;• Bons conhecimentos de Primavera (preferencial);• Bons conhecimentos de MS Office, nomeadamente de Excel;• Conhecimentos de Inglês.

Oferece-se oportunidade de desenvolvimento e valorização profissional, bem como condições de remuneração consonantes com as exigências da função e as regalias em vigor na Empresa.

O profissional a admitir assumirá a responsabilidade pela Gestão Patrimonial de Infraestruturas (GPI), participando, também, ativamente noutros projetos estratégicos da Empresa.

Perfil:

• Formação superior em Engenharia Civil, com especialização em Hidráulica;• Experiência profissional idealmente desenvolvida junto de entidades gestoras

de infraestruturas;• Experiência em gestão de equipamentos de monitorização de infraestruturas;• Conhecimentos de SIG;• Experiência em gestão de projetos e de equipas.

Excelente oportunidade de desenvolvimento profissional e de integração em Empresa de referência no setor.

Reportando diretamente à Administração, o profissional a admitir será responsável pela gestão das Lojas e respetivas Equipas na sua região. Será, também, da sua responsabilidade o acompanhamento das operações, a definição e controlo de KPI´s, bem como a elaboração de estratégias para promoção e aumento do volume de vendas.Perfil do Candidato:

• Formação superior, idealmente em Gestão;• Experiência na área do Retalho;• Experiência, no mínimo de 3 anos, em Gestão de Equipas;• Conhecimentos de informática na ótica do utilizador;• Fluência na língua inglesa;• Elevada disponibilidade para deslocações;• Carta de condução.Excelente oportunidade de desenvolver carreira num cenário de cultura empresarial superior que valoriza e premeia o mérito individual.

O profissional a admitir irá desenvolver um trabalho multidisciplinar que englobará as seguintes áreas: Hospitality Training; Booking Operations Management; Food & Beverage Control; Ongoing Maintenance; Accounts.

Pretende-se profissional com o seguinte perfil:

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Oportunidade de integrar um projeto internacional, numa Empresa em expansão no setor hoteleiro, bem como de desenvolver uma experiência de trabalho única. Está prevista a acomodação e viagens.

Somos uma Empresa jovem e inovadora que atua na área do Retalho. Contando com mais de 20 pontos de venda, somos

líderes nacionais no nosso setor de atividade.

O nosso Cliente é uma Empresa portuguesa com duas décadas de existência e que atua na

área da Saúde Pública.

O nosso Cliente é uma Empresa Hoteleira em plena expansão, dedicada a alojamentos boutique nos melhores Parques Nacionais

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Empresa Pública na região do Grande Porto, premiada pela qualidade dos seus serviços.

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DIRETOR DE OPERAÇÕES (m/f)TANZÂNIA

RESPONSÁVEL DE GESTÃO PATRIMONIAL DE INFRAESTRUTURAS (m/f)

PORTO

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA30

Chama-se Startup Porto Accelerator e reúne parceiros como a Amazon e a Microsoft na missão de alavancar novos projetos

ANJE e INESC vão acelerar negócios

O alvo são startups de génese tecnológica e só dez garantirão lugar na primeira edição Star-tup Porto Accelerator (SPA), um projeto de aceleração em-presarial criado pela Associa-ção Nacional de Jovens Em-presários (ANJE), em parceria com o INESC TEC, e que conta entre a sua rede de parceiros com a Amazon e a Microsoft. As candidaturas para a primei-ra edição do programa de ace-leração, que decorrerá entre o Porto e Silicon Valley, decor-rem até 10 de fevereiro. O novo acelerador tem um prémio de €17 mil a atribuir a cada uma

das dez startups selecionadas. Os jovens empreendedores do segmento tecnológico são os destinatários do Startup Porto Accelerator. “O projeto foi desenhado no sentido de fomentar a transferência de conhecimento por via da cons-tituição de empresas tecnoló-gicas, assentes em inovação de médio/alto valores acrescenta-do e médio/elevado índice tec-nológico”, explica Rafael Alves Rocha, diretor de comunicação da ANJE. Segundo o porta-voz, as candidaturas a este acelera-dor não são individuais, mas de equipas constituídas por jovens com mais de 18 anos. Acres-ce que, sendo o Porto a cidade berço da iniciativa — embora a aceleração aconteça em Sili-con Valley —, são destinatários do programa empreendedores

decididos a constituir empresa no Norte do país.

Neste que é o seu ano de lançamento, o SPA tem como meta contribuir para a cons-tituição de 20 novas startups tecnológicas. A primeira fase de candidaturas decorre até 10 de fevereiro, estando já agen-dada uma segunda para o mês de maio. Em casa uma das fa-ses serão selecionados dez pro-jetos para integrar o programa de aceleração. “O SPA procura projetos e pessoas que, com os contributos do acelerador, reúnam condições para entrar no mercado de imediato”, re-alça Rafael Rocha. Os critéri-os de seleção centram-se na avaliação da ideia de negócio e da equipa promotora, focando também um conjunto de requi-sitos onde a incorporação de tecnologia é vital.

Parceiros ‘inspiracionais’

Além do INESC TEC que é copromotor do projeto, con-tribuindo com o seu conhe-cimento e rede de contactos,

mas também com as suas in-fraestruturas de incubação e aceleração, o SPA reúne um conjunto de parceiros e men-tores de peso. “Todo o pro-grama é alicerçado no valor complementar de diferentes players (parceiros) e redes: mentores, coaches, investido-res, assim como empresas, entidades e programas espe-cializados no suporte da ativi-dade empresarial”, explica o diretor de comunicação.

Microsoft e Amazon inte-gram esta rede, através dos programas Microsoft BizSpark e Amazon Web Services, que facilitarão aos projetos seleci-onados o acesso a serviços e produtos tecnológicos. O SPA conta ainda com a parceria da plataforma SendGrid, que ofe-rece um conjunto de serviços às dez startups vencedoras.

No campo dos mentores, o acelerador alia contributos de líderes nacionais e gestores

internacionais. Nuno Miller (Sonae), Francisco Fonseca (Anubis Network), Nelson Pe-reira (TopDox), Heitor Ben-feito (Portugal Ventures), Andrew Wong (Mad Incuba-tor — Malásia), Rahfeal Gor-don (RahGor Motivation & Publishing) e Jamie Sae Koo (UCLA Women in Technology) integram a lista de mentores, a que se juntarão outros, no de-correr da semana de imersão a realizar em Silicon Valley.

O SPA contempla um pré-mio monetário final de €5 mil, apoio à constituição da empre-sa, seis meses de incubação (de abril a setembro), sessões de mentoring e acesso a um vasto programa de serviços tecnoló-gicos. No total, refere Rafael Rocha, o prémio está avalia-do em €17 mil. O programa divide-se em três etapas que integram workshops, o pro-grama de aceleração propri-amente dita com duração de sete semanas e uma terceira etapa — ScaleUp — dedicada à expansão e crescimento dos projetos. C.M.

As empresas tecnológicas são o foco do SPA

EMPREENDED ORISMO

Na nuvem à boleia da transformação digital

A nuvem, que está no coração da transformação digital, inspirou a criação da Magic Beans. A empresa prevê faturar €900 mil este anoNos últimos 25 anos, Vítor Ro-drigues geriu equipas e liderou projetos em multinacionais de renome como a Oracle, Micro-soft, Microstrategy e Meta4. Precisou de mais. No final do ano passado, deu por termina-da a sua última missão como diretor da área de negócio empresarial (enterprise busi-ness group lead) da Microsoft, para colocar no terreno um projeto próprio que teimava em manter na gaveta. Aprovei-tou a boleia da transformação digital — que está a testar a rapidez de adaptação de em-presas em todo o mundo — e criou a Magic Beans. A tecno-lógica surge, segundo o seu mentor, como “um fornecedor independente, especializado e exclusivamente dedicado a disponibilizar serviços cloud (nuvem) em Portugal” e en-dereça um mercado que Vítor Rodrigues estima valer atu-almente €125 milhões, “re-gistando um crescimento de 30%, que tem tendência para acelerar nos próximos anos”.

A adoção da nuvem, essên-cia da tão falada transforma-ção digital, é muito mais do que uma simples melhoria e evolução de soluções tecno-lógicas, aplicações, serviços e infraestruturas. Para Vítor Rodrigues, fundador e CEO da recém-criada Magic Beans, “o processo vai muito além disso, pressupondo uma nova forma de comprar e adotar tecnolo-gia”. Foi a constatação de que muitas empresas falham neste processo, que inspirou o ex--quadro da Microsoft a trocar uma carreira empresarial pelo papel de empreendedor. Algo que, confessa, desempenhou toda a vida “mas em empresas de terceiros”.

A Magic Beans entrou em atividade este mês, focada na convicção de que “a nuvem pode e deve ser a base de toda a estratégia de transformação digital das empresas, o que im-

plica uma alteração a partir de dentro das organizações e tra-balhar os alicerces, as estraté-gias, os processos, os recursos e as ferramentas, e não apenas a adoção da nuvem como uma mera nova tecnologia”, explica.

O que as multinacionais lhe ensinaram

Para liderar este processo Ví-tor Rodrigues conta com uma especialização tecnológica nas áreas de estratégia, organiza-ção, otimização operacional e implementação de sistemas de informação, consolidada nas empresas por onde passou nos últimos 25 anos. O objetivo do gestor é “colocar o conheci-mento de uma rede nacional e internacional de especialistas em nuvem, ao alcance das em-presas portuguesas para que estas possam proceder a uma verdadeira transformação digi-

tal dos seus negócios, alcançar novos patamares de competi-tividade e beneficiar das novas oportunidades e novos negóci-os que esta desbloqueia”.

A empresa nasce como uma empresa nativa da era nuvem (cloud first company) e visa, segundo o gestor, “disponibi-lizar às empresas as melhores práticas e metodologias de transformação digital alicerça-da na nuvem”. A Magic Beans arranca para o mercado com quatro profissionais altamen-te especializados e uma previ-são de alcançar os 12 quadros, ainda durante este ano. A em-presa atuará sustentada numa

A partir de 2018, a empresa começará a abordar mercados internacionais

Vítor Rodrigues trocou uma longa carreira em multinacionais por um projeto próprio na área dos serviços na nuvem FOTO LUÍS COELHO

rede de parceiros (especialistas e líderes de mercado na sua área) que permitirá “apoiar as empresas clientes ao longo do seu percurso de transformação digital, identificando soluções, modelos e estratégias específi-cas para cada caso”.

O projeto de Vítor Rodri-gues tem como alvo o merca-do nacional, durante esta fase de arranque, mas a partir do segundo ano a empresa co-meçará a atuar em mercados internacionais. “Queremos estar sedeados em Portugal, criar emprego e utilizar a mas-sa crítica nacional, mas sem deixar de apoiar clientes de outras geografias”. Para o pri-meiro ano de atividade, o CEO tem estimada uma faturação na ordem dos €900 mil euros, montante que deverá duplicar a cada ano.

Cátia [email protected]

PERFIL

Idade 49 anosFormação Licenciado em Gestão de Recursos HumanosPercurso Iniciou a carreira na TAP a chefiar uma equipa de mais de 200 profissionais, mas foi nas tecnologias de informação que consolidou a sua carreira. Foi diretor executivo da Meta4 Sorftware Portugal, integrou a equipa da Oracle como diretor de vendas e mais tarde como líder nacional (country leader) da empresa. Passou pela Microstrategy, como diretor para Portugal e PALOP, até integrar a Microsoft onde liderou até ao final de 2016 a unidade de negócios empresariais da tecnológica.

NÚMEROS

€900mil é a faturação prevista pelo empresário para o primeiro ano de atividade

12profissionais deverão integrar a equipa da Magic Beans durante este ano

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 31

Marketing,Retail and

Services DayFebruary 2nd

Finance andConsulting Day

February 1st

IBSCAREERFORUM2017 14th Edition

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A SOCIPRIME – Field Merchandising, S.A. é uma empre-sa com forte implementação no mercado há cerca de 20 anos e trabalha com as maiores empresas de consumo do país e pretende admitir (m/f) para cliente:

NATIONAL FIELD MERCHANDISING MANAGER

(Exclusivo para um cliente com marcas de prestígio internacional e líder de mercado em Portugal)

Requisitos: – Licenciatura ou equivalente em área comercial.– Experiência em Field Merchandising FMCGs.– Experiência em planeamento operacional.– Experiência em gestão financeira / orçamental.– Forte sentido de responsabilidade e orientação para

resultados.– Experiência em análise de dados e produção de relató-

rios em Excel.– Proativo e com capacidade de antecipar e resolver situ-

ações com prontidão.– Liderança e experiência em gestão de equipas, incluindo

formação e motivação.– Excelente em comunicação a todos os níveis.– Capacidade de delegar tarefas e gerir resultados.– Elevada resistência a pressão e contrariedade.– Carta de condução e disponibilidade para viajar no ter-

ritório nacional.

Condições:– Contrato de Trabalho de 12 meses renovável– Salário de acordo com o mercado e experiência– Carro, laptop, tablet e telemóvel

Se o seu perfil corresponde ao acima pretendido, envie o seu currículo + foto de rosto

com a Ref.ª KAM_04.2016 para [email protected]

Comercial (m/f)Porto (ref. cleanpt)

Integre uma empresa líder na prestação de serviços de higiene sanitária, das cozinhas profissionais e lavandarias industriais, incorporando a sua estrutura comercial.

Reportando à Direção, atuará de forma francamente autónoma na gestão das atividades comerciais na zona de influência, sendo res-ponsável por:

• A prospeção de novos clientes; • Acompanhamento e dinamização de uma carteira dada; • Formação técnico-comercial dos clientes.

O que procuramos… • 12.º ano, sendo o bacharelato ou a licenciatura condições preferen-

ciais; • Espírito empreendedor;• Experiência profissional anterior até 5 anos, preferencialmente de-

senvolvida em funções comerciais; • Não se excluem candidatos com outro tipo de experiências, desde

que fortemente motivados para iniciar e desenvolver uma carreira comercial;

• O domínio de Inglês e espanhol é valorizado;• Conhecimentos de informática (Office) na ótica do utilizador; • Residência na zona do Grande Porto; • Disponibilidade imediata (valoriza-se); • Preferencialmente, idade entre os 30 e os 45 anos; • Capacidades de comunicação, de relacionamento interpessoal e de

automotivação, diplomacia, elevada maturidade, versatilidade e as-sertividade.

O que temos para si… • Integração numa empresa sólida em expansão (8 anos consecutivos

PME Líder e 7 anos consecutivos PME Excelência); • Ambiente de trabalho composto por uma equipa jovem e dinâmica; • Reais perspetivas de desenvolvimento dum projeto profissional de

futuro;• Conjunto remunerativo compatível com a experiência avaliada, bem

como viatura, computador portátil e telemóvel;• Formação contínua.

Aceite este desafio e integre um projeto que lhe poderá proporcionar evolução de carreira.

Envio de CV para [email protected]

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA32

52 empresas vão levar centenas de vagas ao IBS Career Forum, o evento de recrutamento da ISCTE Business School

Empregadores vão à escola contratar

Soma 14 edições e continua a posicionar-se como o princi-pal evento de recrutamento da ISCTE Business School (IBS). O IBS Career Forum, organiza-do pelo IBS Career Services, o centro de carreiras da IBS, está de volta. De 1 a 2 de fevereiro, no átrio do edifício II do ISCTE--IUL estarão 52 empresas com centenas de oportunidades de

emprego para preencher. Ná-dia Leitão, coordenadora do IBS Career Services, realça que “apesar deste ser um evento criado a pensar nos alunos da escola, a participação é aberta a estudantes de outras insti-tuições”.

Segundo os dados oficiais da instituição, a IBS tem uma taxa de empregabilidade de 98%, um ano após a conclusão da licenciatura, e de 99%, um ano após a conclusão do mestra-do. Resultados para que tem contribuído o IBS Career Fo-rum, criado pela instituição. “O

evento é desenvolvido para es-timular estas taxas já elevadas, uma vez que tem como objetivo dar a conhecer aos alunos da IBS os diversos processos de recrutamento e seleção em di-ferentes áreas de negócio, pro-mover a empregabilidade dos recém-graduados e aproximar os alunos do mercado empre-sarial”, explica Nádia Leitão.

Ligação às empresas

À semelhança do que tem su-cedido em edições anteriores, o evento voltará a reunir um con-junto de empresas de referên-cia, desde grandes empregado-res nacionais a multinacionais, com o objetivo de selecionarem os melhores talentos. Confir-mada está a presença de firmas como a Accenture, Banco San-tander Totta, BDO, Deloitte,

EDP, Everis, EY, Glintt, Hays, KPMG, PwC, Solvay, grupo Bri-sa, Jerónimo Martins, Procter & Gamble, Vodafone, Nestlé, REN, Samsung, Sonae e muitos outros, num evento que junta decisores de topo dos recur-sos humanos de áreas como a auditoria, banca, consulto-ria, grande consumo, recursos humanos, retalho, serviços e tecnologia.

A edição deste ano estará dividida em dois dias. O pri-meiro, a 1 de fevereiro, focará o recrutamento de profissionais da área da consultoria e sector financeiro. O segundo, 2 de fe-vereiro, as áreas de marketing, retalho e serviços. Além da par-tilha de informações entre alu-nos e empresas e dos processos de recrutamento, o evento con-templará diversos workshops temáticos e speed interviews

(entrevistas rápidas, com dura-ção máxima de cinco minutos) com candidatos selecionados pelas empresas. “Criámos este ano mais speed interviews e as candidaturas para estas apre-sentações já esgotaram”, desta-ca. A IBS vai também manter o sistema Beamian, um dispositi-vo móvel que permite ler o car-tão de estudante dos alunos e transferir de forma automática para a empresa os seus dados, currículo e candidatura.

Segundo Nádia Leitão, “ape-nas 48 horas depois de abertas

as inscrições, o IBS Career Fo-rum já recolheu perto de 400 inscrições”. Um número que para a responsável do centro de carreiras comprova o cres-cente interesse dos jovens por estes eventos de recrutamen-to e demonstra também que “os estudantes, eventualmente fruto da crise que se viveu em Portugal e onde muitos viram os seus pais desempregados e com dificuldades para vol-tar ao mercado de trabalho, estão mais preocupados com a empregabilidade e mais orien-tados para a procura de empre-go e para a importância destes contactos com as empresas”. As inscrições para participar no IBS Career Forum são obri-gatórias e decorrem até 1 de fevereiro.

Cátia [email protected]

O evento é dirigido a alunos do ISCTE, mas aceita inscrições de jovens de outras instituições de ensino

RECRUTAMENTO

NÚMEROS

3,2pontos percentuais é o aumento estimado na taxa de cessação de contratos de uma empresa, como resultado de um aumento de 10% na sua fatura salarial em virtude do incremento dos patamares salariais negociados nos contratos coletivos

0,2pontos percentuais

é a redução estimada na taxa de contratação de uma

empresa, como resultado de um aumento de 10% na sua

fatura salarial em virtude do incremento dos patamares

salariais negociados nos contratos coletivos

de trabalho

TRABALHO

Acordos coletivos alargados por portarias de extensão destroem empregoEstudo do Banco de Portugal critica a extensão sectorial sistemática dos contratos coletivos de trabalhoPedro Portugal é perentório: “O uso generalizado das porta-rias de extensão nos contratos coletivos de trabalho pode ter um efeito devastador no em-prego”. Uma afirmação que o economista e professor da Nova School of Business and Economics sustenta no estudo “Upward nominal wage rigidi-ty”, publicado pelo Banco de Portugal e de que é um dos co-autores. O documento conclui que a extensão sistemática dos contratos coletivos assinados entre associações patronais e sindicatos a todo o sector em causa leva à destruição de em-prego. Por isso, defende a sua limitação.

Afinal, o que está em causa? Quando um contrato coletivo de trabalho é assinado, a lei prevê que abranja as empre-sas pertencentes às organiza-ções patronais signatárias e os trabalhadores membros dos sindicatos também signatá-rios. Mas a prática em Portu-gal — até porque não se sabe quem pertence ou não a essas associações ou sindicatos — é o Governo estender o acor-do a todo o sector ou região, através das chamadas porta-rias de extensão. Esta prática leva a que perto de 90% dos trabalhadores do sector pri-vado estejam abrangidos por contratos coletivos, apesar de a taxa de sindicalização do país ficar apenas pelos 10%, segun-do dados de 2013, aponta este estudo. Como resultado, são es-tabelecidos patamares salariais mínimos para cerca de 30 mil categorias profissionais.

Empresas vulneráveis

“Muitas empresas são força-das a aumentar os seus salários para cumprirem com os novos acordos salariais”, alerta o do-cumento. Entre 1986 e 2013, o crescimento médio na fatura salarial das empresas do sector privado, decorrente da imposi-ção destes patamares salariais, foi de 2,4%, calcula o estudo.

Mas o impacto varia entre com-panhias, sendo maior nas que têm de fazer maiores incre-mentos, ou seja, que pagavam menos aos seus trabalhadores. Ora, “provavelmente são as empresas mais frágeis”, aponta Pedro Portugal.

Resultado: “As empresas mais afetadas pela subida dos patamares salariais negociados diminuem a sua taxa de con-tratação e, mais importante, aumentam significativamente as suas taxas de cessação de contratos, levando a taxas de destruição de emprego consi-deravelmente mais altas”, frisa o estudo. Mais ainda, maiores impactos salariais “estão tam-bém associados a taxas de en-cerramento das empresas mais elevadas”, alerta.

O documento quantifica a dimensão do impacto. Um aumento de 10% na fatura sa-larial de uma empresa, como resultado de mudanças nos contratos coletivos, conduz a um aumento na taxa de cessa-ção de contratos de 3,2 pontos percentuais. Já o efeito na taxa de contratação é negativo, mas modesto, levando a uma redu-ção de 0,2 pontos percentuais nesta taxa. O impacto também se faz sentir na probabilidade de as empresas fecharem por-tas. Segundo os cálculos do es-tudo, um crescimento de 10% na fatura salarial de uma empresa, como resultado do incremento dos pata-mares salariais nego-ciados nos contratos coletivos, aumenta a probabilidade de

encerramento da empresa em 2,2 pontos percentuais.

Debaixo de fogo da troika

Estes resultados “colocam em questão a funcionalidade da ar-quitetura do sistema português de ajustamento dos salários”, lê-se no documento. Em parti-cular, “levantam preocupações muito sérias em relação ao uso generalizado das portarias de extensão”, alertam os autores, que pretendem “limitar a ex-tensão de acordos salariais a critérios baseados na repre-sentatividade dos parceiros de negociação”.

O tema esteve debaixo do fogo da troika durante o pro-grama de assistência econó-mica e financeira a Portugal. Afinal, uma das premissas do memorando de entendimen-to era flexibilizar o mercado de trabalho, para aumentar a competitividade da economia. Assim, as portarias de extensão foram temporariamente con-geladas após a troika chegar ao país e, a partir de novembro de 2012, eram apenas concedidas se as associações patronais que assinavam os contratos cole-tivos de trabalho cumprissem critérios apertados de repre-sentatividade. Passou a ser exigido que abrangessem pelo

menos 50% dos trabalhado-res do sector em causa.

Entretanto, o critério tornou-se muito menos

exigente, passando a ser possível a exten-

são quando 30% dos empregado-

res membros da associação são micro, pequenas ou mé-dias empresas. “É um crité-rio muito fácil de cumprir e, por isso, depende só da von-tade do Governo haver ou não portarias de extensão”, avisa Pedro Portugal, que defende que “a negociação coletiva em Portugal devia ser muito mais descentralizada”. E destaca: “É essa a experiência alemã. Muitas empresas optaram por sair dos contratos coletivos e passaram a negociar ao nível da empresa, com representan-tes dos trabalhadores. Este é um dos elementos do chamado ‘milagre alemão’ do crescimen-to do emprego”.

Contudo, “o papel limitado desempenhado pelas comis-sões de trabalhadores no qua-dro legal português dificulta seriamente quaisquer passos na direção de um sistema de nego-ciações salariais descentraliza-do (ao nível da empresa)”, no-tam os autores. Acresce outra dificuldade. Em 2013, apenas cerca de 8% das empresas em Portugal com 10 a 249 funcio-nários tinham alguma forma de representação dos trabalha-dores, o que comparava com 40% em média noutros países que participaram no inquérito às empresas europeias, alertou a OCDE — Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-mento Económico no relatório “Reformas no Mercado Laboral em Portugal 2011-2015”.

O estudo deixa um último alerta: “Dada a baixa repre-sentatividade dos sindicatos e das associações patronais, pode ser possível que empresas que pagam salários mais elevados e trabalhadores que recebem salários mais elevados se en-volvam num comportamento estratégico [na negociação dos contratos coletivos], procuran-do evitar a concorrência de empresas com salários mais baixos e trabalhadores com sa-lários mais baixos”.

Sónia M. Lourenç[email protected]

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 33

VENDEDORESCoimbra

(m/f)

PERFIL: Experiência mínima de 3 anos em vendas no

sector automóvel e no mercado de Coimbra (preferencial);

Bom domínio de comunicação e do relaciona-mento interpessoal;

Forte apetência para o trabalho de prospeção; Capacidade de organização e de planeamento; Habilitações mínimas ao nível do 12.º ano; Conhecimentos de informática na ótica do

utilizador.

OFERECE-SE: Integração num projeto aliciante numa marca

de prestígio; Remuneração compatível com a função e a

experiência.

Os interessados deverão respondercom CV completo para:

[email protected]

SALES REPRESENTATIVE(m/f)

Sobre a SEEBERGER

A Seeberger West Europe faz parte da Seeberger GmbH, uma empresa alemã especializada, há mais de 170 anos, em frutas secas, aperitivos, molhos e tem-peros de qualidade.Nossos produtos são vendidos em mais de 60 países e estão presentes nos 5 continentes.

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES

Você é o embaixador da marca no seu setor e põe a sua energia ao serviço do desenvolvimento das vendas. Ligado(a) ao nosso diretor de vendas de Portugal, você será responsável por estimular as vendas dos nossos produtos nas lojas portuguesas (super e hipermercados).

As suas principais atribuições são as seguintes:

– Desenvolver a presença dos nossos produtos e o seu posicionamento no setor– Estimular as vendas com a ajuda de meios promocionais– Assegurar a presença dos nossos produtos nas prateleiras– Desenvolver uma relação de parceria com os nossos clientes– Conduzir os objetivos quantitativos e qualitativos– Encaminhar as informações para os superiores hierárquicos (relatórios)– Negociar em centrais regionais (de acordo com o perfil a médio prazo)

PERFIL

Com uma formação empresarial superior (12.º ano seguido de +2/5 anos), be-neficiará duma primeira experiência de 4 meses a 2 anos de vendas de campo (em super e hipermercados, se possível).

Jovem diploma, dinâmico(a), organizado(a), tenaz e tem excelentes habilidades interpessoais. Se você é reconhecido(a) pelo seu empenho e gosta de desafios diários, junte-se a nós!

Você fala francês e/ou inglês/alemão.

Terá ao seu dispor todas as chaves para o sucesso: salário atraente, carro da empresa, telefone, laptop e reembolso de despesas profissionais.

Esta posição é destinada a um candidato com grande autonomia e que queira descobrir o universo criativo e relevante dos “aperitivos e frutas secas”.

Posição com contrato de trabalho por prazo determinado ou por prazo indetermi-nado a ser preenchida o mais rápido possível na região de Portugal.

Obrigado por enviar a sua candidatura (currículo e carta de motivação) a:[email protected] / [email protected] [email protected] / [email protected]

O Vidamar Resort Hotel Algarve encontra-se a recrutar um profissional (m/f) para o cargo de Diretor de F&B:

DIRETOR DE F&BPrincipais responsabilidades:– Liderar e gerir a operação do Departamento, assegurando a

rentabilidade de todos os diferentes outlets, inclusive a área de eventos e grupos.

– Assegurar a implementação do plano estratégico do Depar-tamento de F&B.

– Proporcionar ao cliente um serviço de elevada qualidade.

Requisitos:– Licenciatura ou formação Nível V em área relevante.– Experiência mínima de 3 anos em Unidades Hoteleiras de

4 e 5 Estrelas em função similar.– Capacidade de liderança e coordenação.

Oferece-se: – Estrutura empresarial em forte crescimento.– Salário compatível com a experiência e habilitações. – Contrato de trabalho anual.

Os interessados deverão enviar o seu CV atualizado para o e-mail: [email protected], indicando no as-sunto a função a que se candidatam.

O Vidamar Resort Hotel Algarve encontra-se a recrutar um profissional (m/f) para o cargo de Assistente de F&B:

ASSISTENTE DE F&BPrincipais responsabilidades:– Organizar as atividades dos diferentes serviços, estruturan-

do as equipas;– Gerir a operação diária nos vários pontos de venda de F&B

da unidade, supervisionando a organização do serviço;– Assessorar o Diretor F&B no exercício das suas funções.

Requisitos:– Licenciatura ou formação Nível V em área relevante;– Experiência mínima de 3 anos em Unidades Hoteleiras de 4

e 5 Estrelas em função similar;– Capacidade de liderança e coordenação.

Oferece-se: – Estrutura empresarial em forte crescimento;– Salário compatível com a experiência e habilitações; – Contrato de trabalho anual.

Os interessados deverão enviar o seu CV atualizado para o e-mail: [email protected], indicando no as-sunto a função a que se candidatam.

SEJA AGENTE ERAOEIRAS

PASSE À ACÇÃO

Ser Agente ERA é ser dedicado, rápido, fiável. É ser uma máquina a encontrar a casa certa e alcançar um único resultado: o sucesso. Seja um Agente ERA, venha fazer parte da nossa equipa:

• DIRECTOR COMERCIAL

• AGENTE IMOBILIÁRIO/COMERCIAL

Se tem este perfil envie-nos o seu CV

[email protected]

ou marque entrevista pelo 214 460 480

PAGURUS - MED. IMOB. LDA. AMI 8731.

CADA AGÊNCIA É JURÍDICA E FINANCEIRAMENTE INDEPENDENTE.

Empresa líder de mercado em pu-blicações na área da Saúde pre-tende contratar (m/f):

COMERCIAISPUBLICIDADE

Funções– Acompanhamento de clientes em

carteira– Angariação de novos clientes– Marcação de reuniões– Elaboração de propostas

Requisitos– Experiência profissional– Gosto pela área comercial– Interesse em trabalhar por objetivos– Capacidade comunicação/argumen-

tação– Perfil dinâmico e competitivo– Conhecimentos de inglês– Carta de condução

Oferece-se– Contrato de trabalho– Salário base + subsídio alimentação– Prémio mensal variável– Entrada imediata– Progressão na carreira

Enviar candidatura (com CV) para:[email protected]

© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA34

DIRETOR(A) DE HOTÉIS ALGARVE

Grupo hoteleiro procura um Diretor de Ho-tel para duas unidades hoteleiras no Algar-ve de 4* superiores. Procuramos um pro-fissional com experiência consolidada em funções similares em hotéis de cinco* ou quatro* superior e com experiência transver-sal a todos os departamentos de um Hotel.

Deverá ter:• Formação superior• Experiência anterior em funções similares

(Direção de hotéis) • Bons conhecimentos de línguas – inglês (es-

sencial), espanhol e alemão (preferencial) • Dedicação, espírito empreendedor e co-

mercial• Forte componente humana (formação e de-

senvolvimento de equipas)• Domínio das ferramentas do MS Office

Para responder a este anúncio, mande p.f. o seu CV e carta de apresentação para [email protected]

Procura-se

CHEFE E SUBCHEFEDE COZINHA

(m/f)

Para restaurante de referência no Lito-ral Alentejano. Condições a negociar.

Resposta através do site:www.expressoemprego.pt

AVISO DE RECRUTAMENTO

4 ECONOMISTAS ESPECIALISTASEM CONCORRÊNCIA

A Autoridade da Concorrência (AdC) pretende recrutar 4 economistas especialistas em concorrência (m/f) em regime de contrato individual de trabalho por tempo indeterminado.Prazo limite para a apresentação de candidaturas: 10 de fevereiro de 2017.Os interessados devem consultar o Aviso e o Regu-lamento de Concurso que se encontram publicados na página eletrónica da AdCwww.concorrencia.pt/recrutamento

ESTETICISTA QUALIFICADA PORTIMÃO

Procuramos esteticista profissional (m/f) com boa apresentação para posição permanente.

• Mínimo 1 ano de experiência• Fluente em Inglês falado e escrito (obrigatório)• Carta de condução• Experiência em vendas

Oferecemos: Salário fixo + bónus/prémio anual + seguro de saúde + contrato permanente

Por favor envie o seu CV com contactos para: [email protected],

indicando a referência EQ02

ESTETICISTA/COSMETOLOGISTACERTIFICADA E QUALIFICADA COM EXPERIÊNCIA

CLÍNICA – PORTIMÃOProcuramos esteticista profissional (m/f) com boa apresen-tação, com experiência em Laser/IPL/RF, etc., em ambiente de clínica, bem como conhecimento dos protocolos, para posição permanente.• Mínimo 2 a 3 anos de experiência• Fluente em Inglês, falado e escrito (obrigatório)• Carta de condução• Idade superior a 30 anos• Experiência em vendas (vantagem)

Oferecemos: Salário fixo + bónus/prémio anual + seguro de saúde + contrato permanente.

Por favor envie o seu CV com contactos para:[email protected], indicando a referência EQ01

Empresa sediada no concelho de Sintra procura (m/f)

ADMINISTRATIVA DE CONTABILIDADE

SÉNIORCom 3 a 5 anos

de experiência comprovada

O Perfil pretendido:• Dinamismo, organização e iniciativa • Sentido de responsabilidade e empenho• Bons conhecimentos de informática na

ótica do utilizador• Mínimo 12.º ano

Enviar curriculum vitae com fotografia para: [email protected]

BodyConcept Portugal – Procura (m/f)

SUPERVISORA DE APOIO À REDE

Perfil:– Habilitações: Licenciatura;– Boa capacidade de comunicação e relação

interpessoal;– Experiência comercial e gestão de equipas;– Capacidade de persuasão e negociação;– Disponibilidade para viajar por todo o país;– Forte sentido de responsabilidade e auto-

nomia;– Boa apresentação e imagem.

Oferta: – Contrato de trabalho;– Salário fixo + prémios;– Fortes possibilidades de evolução na carreira.

Contacto:Envio de CV para [email protected]

FARMACÊUTICO(A)Farmácia em Lisboa

(Zona Areeiro)

– Experiência profissional no ramo– Sentido de responsabilidade– Espírito de iniciativa– Disponibilidade, dinâmico, ativo

Oferece-se: – Oportunidade de sólida carreira,

com remuneração compatível com o perfil apresentado.

Resposta através do site: www.expressoemprego.pt

GRUPO DE EMPRESAS – ADMITE

ADVOGADOPARA ÁREAIMOBILIÁRIA

(m/f)Preferência com experiência na área e domínio da língua Inglesa – Para trabalhar em Lisboa – Restelo.

Ordenado até 1500 ¤ – Entrada imediata.

Favor enviar Curriculum Vitae(com foto) para:

www.expressoemprego.pt

ERA Alcântara/Restelo

SERAGENTE

Ser Agente ERA é ser dedicado, rápido, fiável. É ser uma máquina a encontrar a casa certa e alcançar um único resultado: o sucesso.Seja um Agente ERA, venha fazer parte da nossa equipa:

• ANGARIADOR\A IMOBILIÁRIO

Envie-nos o seu [email protected] marque entrevista pelo 213 618 857

Os candidatos selecionados serão contactados no prazo de 15 dias.REFLEXÃO SENSATA MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA UNIPESSOAL LDA. AMI 8555 CADA AGÊNCIA É JURÍDICA E FINANCEIRAMENTE INDEPENDENTE.

Empresa Portuguesa que atua no ramodo retalho de utilidades procura paraa sua Sede o seguinte perfil (m/f):

VISUALMERCHANDISING

Competências:– Dinamismo– Capacidade de relação interpessoal– Trabalho em equipa– Multitask– Empatia– Foco resultado

Requisitos da função:– Conhecimentos gerais de Visual Merchan-

dising;– Experiência de estruturação de produto em

linear;– Experiência de estruturação/montagem de

campanhas específicas;– Desenvolvimento de manuais;– Experiência de loja;– Experiência de análise de relatórios de ven-

das e follow-up de produtos específicos;– Experiência de análise de layouts de loja;– Sentido estético apurado;– Disponibilidade para deslocações; – Conhecimentos Excel.

Serão valorizadas:– Conhecimentos de software Sketchup 3d;– Conhecimentos de software AutoCAD.

Local de Trabalho: Vila Nova de Gaia. Início de Funções: Entrada Imediata.

Os candidatos interessados devemenviar CV com REF.ª VMEE para:

[email protected]

ENGENHEIROS

Engenheiros – (m/f)PORTOA VEOLIA PORTUGAL, S.A. é prestadora de serviços de outsourcing na área da manu-tenção de instalações técnicas especiais, facilities management e serviços energéti-cos, pelo que pretende reforçar a sua equi-pa de trabalho.

Engenheiro Mecânico Ref.: 02_17/VPT/RHLicenciatura de Engenharia Mecânica, com qua-lificações técnicas a nível de TRF, Técnico Res-ponsável pelo Funcionamento de instalações mecânicas de AVAC (equivalência a TIM III) e ex-periência mínima de 3 a 5 anos em funções na área da manutenção e gestão de equipas.

Engenheiro Eletrotécnico Ref.: 03_17/VPT/RHLicenciatura de Engenharia Eletrotécnica, com qualificações técnicas a nível de TRIE, Técnico Responsável pela Exploração de Instalações e ex-periência mínima de 3 a 5 anos em funções na área da manutenção e gestão de equipas.

Dinamismo, autonomia, capacidade organizativa e trabalho em equipa; iniciativa e bom relaciona-mento interpessoal.

As candidaturas devem constar de Curriculum Vi-tae e fotografia, a enviar com a indicação a que referência se candidata para: [email protected] ou por carta para VEOLIA Portugal S.A., Estrada de Paço de Arcos, n.º 42 2770-129 PAÇO DE ARCOS.

Os candidatos considerados serão contactados no prazo máximo de quinze dias.

ENGENHEIRO (m/f)

Somos uma empresa fabricante de equi-pamentos na área de tratamento de águas e com forte ação internacional, com sede no distrito de Lisboa.

Pretendemos reforçar a nossa equipa co-mercial com a admissão de um colabo-rador.

PROCURAMOS: – Pessoa com boa capacidade de traba-

lho em equipa, de organização, comu-nicação e facilidade em relações inter-pessoais, iniciativa e dinamismo.

– Licenciatura/Mestrado em Engenharia Química ou Mecânica.

– Domínio de Inglês.– Preferencialmente com conhecimentos

de outros idiomas.– Bons conhecimentos de Informática na

ótica do utilizador.– Não é necessária experiência.

FUNÇÃO A DESEMPENHAR:– Contacto comercial com disponibilidade

para eventuais viagens.– Elaboração e acompanhamento de pro-

postas.

ENVIAR CURRÍCULO VITAE PARA:Largo Fernando Vicente, Armazém 32560-232 Paul – Torres Vedras

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ADMINISTRATIVO(A)PARA ÁREA FINANCEIRA

GRUPO DE EMPRESAS

Profissional (m/f) com experiência administrativa fi-nanceira e de contabilidade, com domínio da língua inglesa.Pessoa responsável, dinâmica e com disponibilidade imediata para trabalhar na Zona do Restelo – Lisboa.

Funções: gestão de tesouraria; pagamentos; conci-liação de contas bancárias.

Enviar resposta com CV e foto através do site: www.expressoemprego.pt

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© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 35

Tech & TouchJosé Miguel Leonardo

Assistimos à tomada de posse de Donald Trump depois de uma campanha envolta em

escândalos na imprensa e no-tícias negativas na televisão. Mas, em paralelo ao que os media revelavam, existia um pássaro azul que alimentava em 140 carateres a opinião pública.

O Twitter tem cerca de 56,8 milhões de utilizadores nos EUA e teve um papel fundamental na decisão do eleitorado e na imagem de liderança de Donald Trump. Especialistas compararam a forma como os candidatos utilizavam as redes sociais e era no Twitter que Donald Trump respondia às notícias negativas e dava seguimento a temas polémicos, com um estilo próprio que atraia mais seguidores do que a sua rival que estava nas redes sociais com um tom inspiracional.

O mundo acompanhou ou despertou com a vitória de Donald Trump. Uma vitória das redes sociais. O seu Twit-ter, Facebook e Instagram es-tiveram sempre a aumentar o número de seguidores, che-gando aos 20 milhões (mais do que estrelas mediáticas como Leonardo DiCaprio ou Mariah Carey). A aproxima-ção e a frontalidade do tom de voz utilizado, assim como

o seu chavão — “Make Ameri-ca great again” —, terão con-tribuído para ganhar alguns indecisos.

Quando o online ganhou ao offline, as pessoas vieram para a rua, falou-se em im-pugnação, fraude, mas uma vez mais na história da Amé-rica um Presidente ganha pela sua capacidade de co-municar e chegar às pessoas. Warren Hardling e Franklin Roosevelt dominaram a rádio e John F. Kennedy a arte da televisão.

Agora que o poder está atri-buído, resta saber se esta li-derança se vai continuar a fa-zer valer do social ou se será também real. O que sabemos é que a nossa vida tem hoje duas dimensões e a decisão baseia-se na interação com as duas. Numa assisto, na outra interajo, sou um stakeholder porque o valor de cada pes-soa no social é sempre um e um pode representar muitos tweets e partilhas, pode mes-mo ser viral.

A liderança hoje não é dife-rente do que sempre foi, mas exige mais comunicação e é cada vez mais de pessoa para pessoa, mais real, mais touch, num canal que é tech.

Diretor-geral da Randstad Portugal

Trump ou @realDonaldTrump?

A liderança de hoje não é diferente do que sempre foi, mas exige mais comunicação e é cada vez mais de pessoa para pessoa, mais real

Quando dominar na perfeição o português, tarefa que está no topo dos seus desafios atuais, Katharina Schlaipfer somará no currículo a fluência em seis idiomas. Nada de mais para uma gestora que desde os 23 anos de-dica a carreira a liderar equipas e a gerir operações hoteleiras de luxo em várias geografias. Portugal é a sua nova casa. Veio para assumir o cargo de diretora geral do Conrad Algarve, mas para trás Katharina Schlaipfer deixa missões na Alemanha, Bél-gica, França e Itália. Cada uma, garante, foi uma imensa fonte de aprendizagem no campo da adaptação cultural.

Tem formação em Gestão Hoteleira e passou por alguns dos mais luxuosos hotéis da Europa no Grupo Hilton, onde iniciou a carreira e desenvolveu a maior parte do seu percurso. A mudança está-lhe no sangue.

“Um bom ambiente de trabalho leva ao sucesso”

Katharina Schlaipfer 42 anos, é a nova diretora geral do Conrad Algarve

Tanto quanto o gosto de gerir pessoas e ajudar a desenvolver jovens talentos. É neste projeto que se sente bem e que assume como a sua grande ambição pro-fissional. “Há muitos anos que sou mentora de jovens talentos e desfruto verdadeiramente desta experiência em que tenho a possibilidade de orientá-los, dando-lhes um ponto de partida para as suas carreiras”, explica.

Essa será, de resto, parte da sua missão no Conrad Algar-

ve. Katharina Schlaipfer vem apostada em “dar continuidade à estratégia que tem sido im-plementada no resort desde a abertura”, mas igualmente fo-cada “em apostar em targets [mercados] muito específicos, como lazer, negócios e eventos de grupos que habitualmente recebemos ao longo do ano, cap-tando mais clientes no segmen-to MICE (Meetings, Incentives, Conferences and Exhibitions [encontros, incentivos, confe-rências e feiras]), principalmen-te durante a época baixa”.

A nova diretora geral quer ainda “conquistar novos merca-dos e tornar o Conrad Algarve um embaixador da região e tam-bém de Portugal, captar jovens talentos e estar sempre e cada vez mais próximo da comunida-de local”, reforça.

Missões que Katharina Sch-laipfer aponta como desafiantes.

Tanto mais que, segundo a nova diretora geral, “trabalhamos num mundo em que o ritmo à nossa volta é bastante acelera-do. No entanto, é fundamental acompanhá-lo, ter mente aber-ta, inteligência emocional apu-rada e inovar na forma como ge-rimos e comunicamos com uma nova geração de colaboradores, parceiros e clientes”. Será esse o seu foco em terras algarvias.

Cátia [email protected]

“É fundamental ter mente aberta, inteligência emocional apurada e inovar na forma como gerimos e comunicamos”

FORMAÇÃOHotel Management

School Munich, de 1993 a 1996,

bacharelato em Gestão Hoteleira

PERCURSOHilton Munich Park (Alemanha), de 1993 a 1995, estagiária de gestão Hilton Brussels, de 1995 a 1996, supervisora da área de restaurante Rome Cavalieri — Waldorf Astoria Hotels and Resorts (Itália), de 1997 a 2005, inicialmente como assistente de direção da área de restauração e bebidas e mais tarde como diretora de Front Office (receção) e Revenue (receitas) Hilton Strasbourg (França), de 2005 a 2006, diretora de desenvolvimento de negócio Hilton Molino Stucky Venice (Itália), de 2006 a 2008, diretora de desenvolvimento de negócio Hilton Brussels (Bélgica), de 2008 a 2011, diretora geral Hilton Strasbourg (França), de 2011 a 2014, diretora geral Hilton e Hilton Garden Inn Florence (Itália), de 2014 a 2016, diretora geral Conrad Algarve, desde janeiro de 2016, diretora geral.

HÓBIS

Maratonas Música

Caminhadas Viagens

LIVRO DE UMA VIDA “A Metamorfose”, de Franz Kafka

MISSÃO“Dar continuidade à estratégia que tem sido implementada no

resort desde a sua abertura e captar mais clientes no

segmento MICE (encontros, incentivos, conferências e

feiras), principalmente durante a época baixa”

AMBIÇÃO DE CARREIRA“O desenvolvimento de jovens talentos. Há muitos anos que

sou mentora de jovens talentos e desfruto verdadeiramente

desta experiência que tenho a possibilidade de os orientar”

PESSOASOPINIÃO

Emanuel Agostinho

Acaba de assumir funções como administrador (managing director) na Accenture Strategy, em Portugal. Emanuel Agostinho integra a Accenture desde 1997, onde tem liderado projetos de consultoria de gestão e estratégia em organizações-âncora nos sectores de banca, telecomunicações e media.

Alexandre Barroso É o novo diretor comercial para o segmento de golfe do Praia D’El Rey Golf & Beach Resort. Formado em Gestão e Engenharia Industrial, terá como principais responsabi-lidades a promoção e comer-cialização das ofertas de golfe da unidade e a prospeção de novos clientes e mercados.

José Costa Faria

Foi nomeado diretor comercial e de marketing da GEFCO Por-tugal. Do seu percurso fazem parte empresas como a consul-tora Logistema, da qual foi fun-dador, e os grupos Luís Simões, DHL Supply Chain, Ibertrans e Transroda. No novo cargo quer liderar a equipa comercial e de marketing para tornar a GEF-CO num dos operadores logísti-cos de referência em Portugal.

Ana Vieira Simões É a nova escolha da Schneider Electric para liderar os recur-sos humanos (RH) da empre-sa a nível nacional. A diretora chegou à empresa em 2014, depois de uma carreira na De-loitte, Nestlé e Jason Associa-tes, e passará agora a liderar todas as dimensões de RH das várias unidades de negócio da multinacional.

41 anosLisboaCasado2 filhosLicenciatura em Gestão

56 anosLisboaCasado1 filhoLicenciado em Filosofia

Um estudo recente da plataforma Jobvite revela que 96% dos recrutadores utilizam as redes sociais para identificar profissionais de elevado potencial. E se este argumento não for suficiente para que tenha cuidado com a sua “pegada digital”, este de certeza será: segundo a plataforma de recrutamento Monster, 70% dos recrutadores já recusaram candidatos devido ao conteúdo dos seus perfis nas redes sociais. Em época de forte concorrência nos processos de recrutamento, todos os aspetos contam para selecionar os melhores. Vai continuar a partilhar o que partilha online?

1 Eu sou a minha melhor marca!Utilize a rede a seu favor. Os recrutadores procuram especialistas na área para a qual estão a contratar. Posicione-se como um e utilize as redes sociais para fazer o seu marketing pessoal.

2 Quer mesmo dizer mal do seu anterior patrão na internet?Até o pode fazer, mas deve estar consciente que não é propriamente algo que entusiasme um possível recrutador que esteja a analisar o seu perfil. A primeira coisa que vai pensar é como será se por acaso se sentir insatisfeito com a empresa. Se quer entrar no radar dos recrutadores, mantenha para si as queixas do anterior patrão.

3 As competências (skills) comportamentais contam... e muito!Um dos aspetos que os recrutadores procuram

analisar pela sua interação nas redes sociais é a sua personalidade e a forma como se adequa à cultura da empresa. Todos temos uma e cada vez mais ela é tão valorizada pelas empresas como as competências técnicas.

4 Diz-me o que partilhas, dir-te-ei se te quero na minha empresaOs recrutadores têm muito pouca tolerância à partilha de conteúdos inapropriados. Antes de partilhar ou comentar partilhas de terceiros, pense no impacto profissional que isso lhe pode causar.

DICAS O QUE PRO CURAM OS RECRUTAD ORES NAS REDES SO CIAIS

*Onde empresas de excelência encontram talentos de excelência.

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© Todos os direitos reservados. A cópia ou distribuição não autorizada é proibida. Ficheiro gerado para o utilizador 2084636 - [email protected] - 82.154.118.204 (28-01-17 12:08)

Page 36: cld.pt · invoca o que devia ser a sua principal razão porque na área da solidariedade não é indiferente ... da equipa executiva do ex-ministro da Saúde de Pedro Passos Coelho.

Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA36

Olhar o SulManuel Ennes [email protected]

TAXA DE JURO IMPLÍCITA DAS OBRIGAÇÕES DO TESOURO A 10 ANOSNo mercado secundário. Em percentagem

10

8

6

4

2

0

DEZ 2012 DEZ 2013 DEZ 2014 DEZ 2015 DEZ 2016

Ricardo Cabral

Trinta anos volvidos sobre a integração na União Europeia, continuamos, como socieda-de, demasiado embrenhados

na atualidade nacional e muito à mar-gem dos temas mais importantes que se decidem na Europa.

Vem isto a propósito da relevância dada em Portugal ao programa alar-gado de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE) e, em parti-cular, ao (sub-) programa de compra de ativos do sector público (PSPP, no acrónimo em inglês). É certo que os jornais nacionais chamaram a aten-ção e informaram o público sobre a importância do mesmo. Mas, entre-tanto, o PSPP saiu de cena, caindo em quase esquecimento, como tantos outros programas europeus. Contudo, trata-se da maior medida de política económica expansionista da União Europeia (UE) dos últimos anos, com um impacto potencial comparável ao das transferências líquidas da UE para Portugal (cerca de 1600 milhões de euros em 2016), ao longo de mais de 10 anos.

O programa alargado de compra de ativos do BCE tem um valor (atual) po-tencial direto, para Portugal, de apro-ximadamente €15 mil milhões, i.e., quase 8% do PIB de 2016, que resulta do facto de o programa, em teoria, se poder traduzir na aquisição pelo Banco de Portugal (BdP) de €40.500 milhões de Obrigações do Tesouro (OT). O BdP aufere os juros dessas OT e distribui-os como impostos e dividen-dos ao Estado, ao longo de vários anos.

A estimativa acima não contabiliza o efeito do programa nas taxas de juro da dívida pública e privada portugue-sa, que deverá ter sido muito signifi-cativo mas de difícil quantificação. Se se assumir que o programa teve um impacto de 1,5 pontos percentuais

O regresso aos mercados tem dependido da ‘mão visível’ do BCE. Os mercados só se dispuseram a adquirir nova dívida porque ‘adivinharam’ que poderia ser vendida ao BCE, com lucro

Sozinho nos mercados em 2018?

na taxa de juro implícita média dos instrumentos de dívida pública tran-sacionados no mercado (Obrigações do Tesouro — OT, Bilhetes do Tesouro, Medium Term Notes) e que a matu-ridade média dessa dívida é de oito anos, então o efeito potencial do PSPP duplica, representando cerca de €30 mil milhões, i.e., cerca de 16% do PIB de 2016.

Note-se que o efeito nos juros é provavelmente maior. Mario Draghi utilizou as agora famosas palavras whatever it takes (tudo o que for ne-cessário), num discurso no âmbito de uma conferência para banqueiros em Londres, a 26 de julho de 2012, data que representa um pico, com uma taxa de juro implícita das OT a 10 anos de 11,3% (ver gráfico). Com efeito, a partir dessa data, a taxa de juro desce, continuando a cair até ao início do PSPP em março de 2015, mês em que a taxa de juro implícita das OT a 10 anos atingiu um mínimo de 1,7%, estando no presente próxima de 4%.

O muito elogiado regresso aos mer-cados da República Portuguesa, com uma operação sindicada a 23 de janei-ro de 2013, de OT a 5 anos, seguido de 4, 8, e 15 leilões de várias séries de OT em 2014, 2015 e 2016, respetiva-

mente, só foi possível graças a essas históricas palavras de Draghi e ao quase consenso que este foi capaz de construir no Conselho do BCE.

Mas é importante notar que, em resultado do PSPP, a dívida pública de médio e longo prazo (OT) detida por investidores institucionais do sector privado deverá ter caído relativamen-te a fevereiro de 2015, i.e., antes do início do programa de compras de dívida pública do BCE. Mais, o stock de OT na posse de investidores insti-tucionais, excluindo BCE, BdP e Fun-dos da Segurança Social, no final de 2016, será próximo do observado no final de janeiro de 2013 (cerca de €68 mil milhões) e é inferior ao registado à data do resgate a Portugal em maio de 2011 (altura em que seria superior a €80 mil milhões). Ou seja, na reali-dade, o regresso aos mercados ocorre somente pela ajuda da ‘mão visível’ do BCE. Os ‘mercados’ apenas se dispu-seram a adquirir nova dívida pública portuguesa porque ‘adivinharam’ que poderia posteriormente ser vendida, com lucro, ao BCE ou ao Banco de Portugal (BdP), no âmbito do PSPP.

Por conseguinte, o anunciado fim do programa alargado de compras de ativos do BCE coloca dois problemas

sobre os quais deveríamos, como so-ciedade, refletir.

Primeiro, o volume global de com-pras está restringido a 33% da dívida titulada transacionada nos merca-dos, pelo que o BdP só deverá poder adquirir, no âmbito do PSPP, cerca de €28 mil milhões de dívida pública portuguesa, ou 70% do montante a que Portugal teria potencialmente direito, de acordo com a sua chave de capital no BCE.

Na prática, o Estado português dei-xa 30% do dinheiro em cima da mesa, i.e., 30% dos benefícios financeiros do PSPP. E, se é certo que as regras do PSPP são definidas pelo indepen-dente BCE, e não pelo Governo por-tuguês, afigura-se que era necessária mais atenção ao mais importante pro-grama económico expansionista da UE dos últimos anos. Como é possível que não tenha sido antecipado, nem se tenha reagido ao recente anúncio da extensão do PSPP de março até dezembro de 2017?

Segundo, a partir de 2018, o Estado terá de financiar, em termos líquidos, cerca de €7 mil milhões junto de in-vestidores institucionais privados, realizando cerca de €15 mil milhões de emissões brutas de dívida de médio e longo prazo. E, nos anos seguin-tes, o montante líquido a financiar junto de investidores do sector pri-vado deverá gradualmente subir. A expectativa é que saldos orçamentais crescentes, exigidos pela Comissão Europeia, convirjam para 0,25% do PIB, permitindo melhorar o rating da República e convencer investido-res institucionais a adquirir a dívida pública portuguesa.

2018 afigura-se, para já, que será o ano do regresso aos mercados sem o apoio da ‘mão visível’ do BCE. O que será duro, a não ser, claro, que Mario Draghi salve o país novamente...

Professor na Universidade da Madeira

OPINIÃO

Capital de Risco por Rodrigo de Matos

Muito tem sido escrito, e certamente continuará a sê-lo, sobre as eventuais consequências do isola-

cionismo comercial dos EUA. De forma direta o continente africano parece não ser duramente castiga-do. Em termos de valores envolvi-dos, dada a pequena dimensão que África tem nas relações comerciais dos EUA e quando comparado com outros continentes, apres-sadamente poder-se-á concluir como sendo ‘indiferente’... Mas não é. A suspensão de acordos comerciais que tem vindo a ser anunciada pode vir a estender--se ao AGOA (African Growth and Opportunity Act). As conse-quências serão uma diminuição das exportações africanas para os EUA em virtude da reposição das barreiras aduaneiras. Mas há outra questão que, a longo prazo, pode ser mais complicada para os EUA do que para África. Trata-se dos efeitos do projeto chinês One Belt, One Road (OBOR). Anun-ciado nos finais de 2013, ele tem duas componentes: Silk Road Eco-nomic Belt e Maritime Silk Road, a primeira essencialmente física (construção de infraestruturas de transporte e que irá da China à Europa), a segunda por via marí-tima. E neste segmento o Quénia

foi o país eleito para ser o ponto de ligação em África, através do porto de Mombaça e de centro de difusão para o interior do conti-nente a partir do projeto-bandeira que é o caminho de ferro Standard Gauge, no valor de 3,8 mil milhões de dólares, e que se espera esteja finalizado no final deste ano. Só que a proposta chinesa é de âm-bito bem mais vasto. Trata-se de financiar corredores de infraes-truturas ferroviárias, rodoviárias e energéticas que interligam os países vizinhos (numa fase inici-al, Burundi, Congo Democrático, Ruanda, Sudão do Sul, Tanzânia e Uganda). Acrescente-se que este e outros projetos infraestruturais enquadram-se no pacote de 60 mil milhões de dólares prometidos pela China aos países africanos durante a cimeira do Forum para a Cooperação China-África (6º FOCAC) realizado na África do Sul em dezembro de 2015 e onde é previsto afetar metade daquele montante a infraestruturas. Os países africanos agradecem... Tra-ta-se, assim, de financiar grande parte dos 38 mil milhões de dóla-res anuais que a região necessita, segundo o Banco Mundial, e que estimulará o crescimento econó-mico e o comércio intra-africano e internacional. De acordo com Jus-tin Lin, professor da Universidade de Pequim e anterior economista--chefe do Banco Mundial, a inicia-tiva chinesa poderá mesmo evoluir e tornar-se One Belt, One Road, and One Continent, no que terá a vida mais facilitada se os EUA ‘voltarem as costas’ ao mundo...

Professor do ISEG/ULisboa

One Belt, One Road, One Africa

Isolacionismo comercial americano e iniciativa chinesa One Belt, One Road mudarão a paisagem em África

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Expresso, 28 de janeiro de 2017 ECONOMIA 37

NÚMEROS

0,06%é a previsão de crescimento da economia grega em 2016, segundo o FMI. Depois de seis anos seguidos, desde 2008, em que teve uma quebra de 30%, a economia registou uma retoma muito ligeira em 2014 e voltou a cair em recessão no ano seguinte

23%foi o nível de desemprego no ano passado. O pico durante esta crise foi atingido em 2014 quando chegou a 26,5%

183%é a previsão do peso da dívida helénica no PIB em 2016, um novo máximo histórico. A dívida está mais de €11 mil milhões acima do valor de 2011, antes da reestruturação da dívida realizada no âmbito do segundo resgate pela troika

Grécia As medidas de alívio da dívida e a reunião do Eurogrupo desbloquearam uma situação parada desde dezembro

Atenas e credores próximos mas ainda sem acordo

Manos Giakoumis em Atenas

Foi uma semana crucial para o terceiro programa de resgate à Grécia — e há mais para vir no futu-ro próximo. A aprovação das medidas de curto prazo de alívio da dívida helénica, as declarações de responsáveis de topo

da zona euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e o resultado da reunião do Eurogrupo de quinta-feira passada indicam algum progresso na questão grega, que estava parada des-de o início de dezembro. A conclusão com sucesso da segunda avaliação ao terceiro resgate grego é vista como um passo essencial para retirar incerteza sobre a economia grega e permitir que o crescimento descole. As previsões apontam para um crescimento do PIB de 2,7% este ano.

No início de uma semana decisiva para o programa grego, os diretores do Mecanismo Europeu de Estabi-lidade (MES) e do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) aprovaram as medidas de alívio de curto prazo da dívida. Esta primeira fase de medidas foi inicialmente deci-dida pelo Eurogrupo a 5 de dezembro, mas acabou por ser suspensa depois do anúncio por parte do primeiro-mi-nistro Alexis Tsipras da atribuição de subsídios no valor de €630 milhões a pensionistas com mais baixos rendi-mentos. Recorde-se que o Eurogrupo decidiu, no ano passado, um segundo processo de alívio da dívida grega em três fases — de curto, médio e longo prazos — que sucedem às implemen-tadas na reestruturação de 2012.

As medidas a curto prazo incluem a suavização do perfil de reembolso da dívida pela Grécia, a redução dos encargos com juros e a renúncia à margem de 2% num empréstimo de €11,3 mil milhões concedido em 2012 para financiar, então, a recompra de dívida. A redução dos encargos com juros deverá ser conseguida através de mecanismos como a troca de obriga-ções, swaps de taxas de juro e emissões de dívida de longo prazo pelo MES com garantia europeia que tenham maturidade idêntica aos empréstimos gregos. Especificamente, o primeiro mecanismo envolve novas obrigações a taxas fixas que serão emitidas pelo MES para substituir os €35,4 mil mi-lhões em obrigações de taxa flutuante do FEEF/MES detidas pelos bancos gregos, que foram lançadas no passado para a sua recapitalização.

O MES reiterou que a aplicação des-tas medidas de curto prazo tem por objetivo levar a uma redução cumu-lativa do rácio da dívida pública em relação ao PIB em cerca de 20 pontos percentuais até 2060, enquanto que as necessidades brutas de financiamento devem, segundo as previsões, cair qua-se cinco pontos percentuais no mesmo período.

O ministro das Finanças grego, Eu-clid Tsakalotos, foi mais preciso afir-mando que tais medidas são anteci-padas para reduzir o rácio da dívida em 21,8 pontos percentuais até àquela data. A maior parte (15,3 pontos per-centuais) diz respeito à redução da taxa de juro e o restante reparte-se entre 3,6 pontos percentuais na alteração do perfil de reembolso ao FEEF, 2,6 pon-tos percentuais na alteração do risco de mercado que permitirá emissões a taxas mais baixas e 0,3 pontos na troca de dívida.

No que toca à segunda avaliação, pouco ou nenhum progresso foi feito desde a última ronda de negociações

em Atenas com os chefes de missão das instituições credoras oficiais em meados de dezembro passado. As questões-chave das negociações inici-ais incluíram reformas do mercado de trabalho, recurso a mecanismos de re-solução de conflitos fora dos tribunais (nomeadamente para problemas de incumprimento no crédito) e formas de financiamento do rendimento mínimo garantido.

No entanto, o foco mudou no início de dezembro para a política orçamen-tal, nomeadamente para as metas de excedente primário para lá de 2018 (presentemente fixadas em 3,5% do PIB), para o correspondente défice orçamental e para as medidas para alcançar tais metas, bem como o papel do FMI no terceiro resgate grego.

Concluir segundo ‘exame’

Na sequência de uma série de recen-tes declarações do ministro das Fi-nanças alemão, Wolfgang Schäuble,

Depois de anos de chumbo e de grande revolta popular, a economia grega poderá crescer quase 3% este ano FOTO ALKIS KONSTANTINIDIS/REUTERS

MUND O >>

quanto à participação do FMI no pro-grama helénico, Christine Lagarde, a diretora do FMI, sublinhou, depois de se encontrar com ele em Davos na se-mana passada, que a sua organização “manter-se-á completamente empe-nhada nas discussões com o objetivo de atingir um acordo rápido sobre um programa que possa ser apoiado utilizando os recursos do FMI”.

Numa entrevista recente, o comis-sário europeu para os Assuntos Eco-nómicos e Financeiros, Pierre Mosco-vici, notava que “a prioridade agora é concluir o segundo exame o mais de-pressa possível”, acrescentando que “ainda há algumas questões sobre a mesa”. “Vamos ser muito pragmáti-cos: a minha prioridade não é discutir institucionalmente o enquadramen-to, mas concluir a revisão”, comentou Moscovici. Noutra entrevista realiza-da a 15 de janeiro, o comissário dizia que a Grécia, sem dúvida, precisa de respeitar os seus compromissos, mas os credores não deverão fazer exi-gências extra a Atenas, referindo-se indiretamente ao FMI.

Entretanto, Tsakalotos sublinhou as questões que devem ser discutidas e resolvidas rapidamente, as quais inclu-em: a) reformas e metas orçamentais até 2018 e anos posteriores b) meios de atingir tais metas e c) medidas de alívio da dívida a médio prazo. “Nada pode ser fechado até chegarmos a acor-do sobre estas três questões”, disse o ministro.

Segundo foi divulgado, uma proposta grega enviada às instituições credoras no princípio da semana incluía, para depois de 2018, duas opções de metas para os excedentes primários — ou de 3,5% do PIB durante três anos ou de 3% do PIB para cinco anos — bem como a extensão do mecanismo de consolida-ção orçamental automático até 2019. Tal mecanismo prevê medidas auto-

máticas como a redução de isenção de impostos e cortes de pensões no caso de se falharem as metas orçamentais.

PIB escapa à recessão

No entanto, o Eurogrupo desta semana não deu sinais de como poderá progre-dir a atual avaliação, ao mesmo tempo que exortava as autoridades gregas e as instituições credoras a reatarem rapidamente as negociações com o ob-jetivo de um acordo geral para fechar esta segunda revisão do programa. Isto significa que tem de ser discuti-da por todas as partes envolvidas, nas próximas semanas até ao próximo Eurogrupo de 20 de fevereiro, uma série de questões complicadas ainda em aberto, nomeadamente as metas orçamentais e as medidas e reformas nos mercados laboral, de produtos e o setor energético.

Depois de um comportamento me-lhor do que o esperado durante os últi-mos nove meses do ano passado, o PIB grego deverá apresentar um cresci-mento marginal para 2016 (ver caixa), ao mesmo tempo que é esperado um forte salto em 2017, prevendo-se uma taxa de crescimento de 2,7%.

Entretanto, a execução orçamental para 2016 revelou um excedente pri-mário de €4,44 mil milhões (2,54% do PIB), ou seja, €2,45 mil milhões acima da meta, O que refletiu largamente um bom comportamento das receitas fis-cais, que excederam o previsto em €1,7 mil milhões. O bom comportamento orçamental fornece, sem dúvida, uma almofada para o fecho do orçamento de 2016, bem acima da meta do progra-ma fixada para o excedente primário orçamental em 0,5% do PIB. Vale a pena salientar, no entanto, que o Euro-grupo questionou a natureza estrutural desta performance.

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RECADO DO COMISSÁRIO EUROPEU MOSCOVICI: A GRÉCIA PRECISA DE RESPEITAR OS SEUS COMPROMISSOS, MAS OS CREDORES NÃO DEVERÃO FAZER EXIGÊNCIAS EXTRA A ATENAS

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Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA38

FMI espera crescimento mas pede mais a Luanda

A economia angolana deverá voltar a crescer este ano. Pelo menos é isso que espera o Fundo Monetário Internacional (FMI) na avaliação que fez ao país, ao abrigo das consultas periódicas do artigo IV cujas conclusões foram agora divulgadas. As previsões apontam para um crescimento de 1,3% este ano. Um ritmo de quase estagnação para um país africano que, nos anos pós-crise financeira (2010-2015), cresceu a uma taxa média de 4,5% e que entre 2000 e 2008 andou pelos 12,5%. O ano passado terá sido trágico mas, ainda assim, não houve uma recessão. Os técnicos do FMI apontam para um crescimento nulo do PIB depois de um ano de 2015 em que a economia cresceu 3%. A travagem brusca aconteceu em linha com a descida do preço internacional do petróleo e esteve associada a uma forte inflação de 45%, a mais alta em uma década. Para 2017, o FMI espera uma redução da inflação para menos de metade (20%), ao mesmo tempo que o défice externo deverá agravar-se para 6,1% do PIB, depois de 4,3% do PIB no ano passado. Na frente orçamental, o Fundo espera um agravamento do défice de 4,1% para 6,7% do PIB ainda que haja uma redução da dívida pública de 71,6% para 62,8% do PIB. Um dos fatores de pressão vão continuar a ser as reservas cambiais. Os responsáveis do FMI deixam alguns elogios mas pedem mais a Luanda na diversificação da economia, na consolidação orçamental, no reforço da banca e na gestão cambial. J.S.

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Falta de pagamento de rendas, água e luz justificou decisão

Funcionários da Sonangol despejados em Cuba

1 ANGOLA

As autoridades de Cuba, aliado histórico de Angola durante a guerra civil, ordenaram o de-salojamento das casas onde os funcionários da Sonangol colo-cados na ilha se encontravam a viver, por falta de pagamento das rendas, luz e água, apurou o Expresso junto de um alto responsável da petrolífera an-golana. As moradias estavam arrendadas a baixo custo em comparação com os altos pre-ços das rendas praticadas em Angola, mas a falta de cumpri-mento dos compromissos finan-ceiros assumidos com o pro-prietário das casas — o Estado cubano — acabou por precipitar

o despejo dos representantes da Sonangol que, naquele país, faziam testes para a descober-ta e exploração de crude. “Os cubanos estão desiludidos com o tratamento a que os votamos nos últimos anos e agora, com essa atitude, demonstram que começam a perder a paciência”, reconheceu um diplomata an-golano, que pediu anonimato.

Desiludidos já haviam ficado quando, a pedido das autorida-des angolanas, disponibilizaram um terreno para a construção de um hotel numa zona nobre de Havana que, não tendo sido aproveitado, acabou por ser en-tregue a uma cadeia europeia de hotéis.

Este sentimento de desilusão ganhou corpo após sucessivas promessas — não honradas até hoje na sua totalidade — do pa-gamento da dívida contraída por Luanda nos últimos anos com a presença em Angola de técnicos cubanos de várias es-pecialidades. “A dívida chegou a atingir os 300 milhões de dó-lares (€280,5 milhões) e, pe-rante os momentos difíceis que estamos a viver, esperávamos da parte dos angolanos uma outra atitude para connosco”, desa-bafou um antigo combatente cubano, que esteve em Angola durante o período da guerra.

Agora, chegou a vez de a So-nangol, o antigo ‘pulmão’ da economia angolana, provocar também o desencanto entre os cubanos, depois de os seus funcionários terem sido envia-dos para Cuba no âmbito de um contrato de cooperação visando a descoberta e exploração de petróleo na ilha. Este contra-to adquiriu maior consistência com o estabelecimento de uma parceria tripartida entre a So-nangol e a CUPET, companhia de hidrocarbonetos de Cuba.

Com essa parceria, a petrolí-fera cubana passou a deter uma participação em dois blocos no onshore de Cabinda Sul com um potencial muito promissor e, em conjunto com a Sonangol, está agora também a explorar um bloco petrolífero na Vene-zuela, onde ambas empresas se têm confrontado com a falta de pagamento por parte do Presi-dente Maduro.

Em Cuba, ao abrigo do acordo de cooperação assinado com Havana, os especialistas da So-nangol chegaram a proceder aos trabalhos de sísmica e pre-paravam-se para fazer as pri-meiras perfurações mas a crise financeira, que conduziu a sua falência técnica, acabou por pôr em cheque a sua continuidade na parceria.

Os angolanos, segundo soube o Expresso, chegaram a admitir pôr fim à sua permanência no projeto mas os cubanos impu-seram a cláusula de indemniza-ção estabelecida no contrato o que, rondando os 250 milhões de dólares (€233,8), acabou por obrigar a Sonangol a recuar.

Gustavo Costa Correspondente em Luanda

[email protected]

Goldman Sachs em guerra com magnata

2 INDONÉSIA

O nome é complicado — Benny Tjok-rosaputro —, mas os números são re-dondos. Depois de Tjokrosaputro, um magnata indonésio, ter processado o grupo financeiro norte-americano Goldman Sachs em 15 biliões de rupi-as (cerca de 1,1 mil milhões de dólares ou €1000 milhões) nos tribunais in-donésios, a Goldman respondeu com um contraprocesso de mil milhões de dólares (cerca de €940 milhões).

Em causa está a propriedade de ações da PT Hanson International, uma empresa de desenvolvimento imobiliário, presidida por Benny Tjok-rosaputro. O magnata indonésio en-trou com o processo alegando que a Goldman Sachs International — uma unidade sedeada em Londres — obte-ve uma posição acionista na empresa de forma imprópria, através de tran-sações “ilegais” dos títulos. Em junho de 2016, Tjokrosaputro apresentou uma queixa junto da polícia de Ja-carta, alegando que as ações da Han-son tinham sido “desviadas de forma

fraudulenta” da sua posse, segundo a agência Reuters.

Agora, o grupo norte-americano en-trou com um contraprocesso, dizendo que é o proprietário legal das ações. A Goldman afirma que comprou 425 milhões de títulos da Hanson ao hedge fund (fundo de alto risco) Platinum Partners LLC, através de transações “válidas” na Bolsa de Valores da Indo-nésia, entre fevereiro de 2015 e março de 2016. E fundamenta a sua ação le-

gal com “danos reputacionais e impac-to negativo no seu negócio”, noticia a Reuters. Mais ainda, argumenta que a confiança nas transações feitas na Bolsa pode desvanecer-se, se a queixa de Tjokrosaputro for confirmada pe-los Tribunais.

Para complicar ainda mais o caso, os executivos de topo da Platinum Partners foram presos em dezembro e acusados de levarem a cabo um es-quema fraudulento de mil milhões de dólares (cerca de €940 milhões).

Este caso surge numa altura em que os mercados financeiros indonésios estão sob escrutínio internacional, depois de o Governo ter cortado todos os laços com o grupo JPMorgan Chase &Co., por ter cortado o rating dos títulos do país.

A Goldman Sachs International ces-sou atividade na Indonésia devido ao risco de congelamento de ativos, soli-citado por Tjokrosaputro. Mas a uni-dade local do grupo continua a operar, pois não é visada no processo. A 7 de fevereiro há nova audição judicial.

Hugo Barra lidera realidade virtual do Facebook

5 EUA

O gestor brasileiro Hugo Barra é o novo responsável pela área de rea-lidade virtual do Facebook. Barra é um nome em destaque no mundo das novas tecnologias e deixa a chi-nesa Xiaomi, onde estava há três anos e meio como vice-presidente responsável pela expansão inter-nacional da empresa. Antes passou pela Google, onde esteve ligado, entre outras coisas, ao desenvolvi-mento do projeto do Android, que é, hoje, o sistema operativo do gigante de Silicon Valley. O seu novo cargo inclui a gestão da Oculus, a empresa adquirida pelo Facebook em 2014 por dois mil milhões de dólares (€1,9 mil milhões) que se dedica ao desenvolvimento de software e à produção de equipamentos de rea-lidade virtual, como os óculos Rift.

Petropaíses ‘invadem’ mercado da dívida

6 GOLFO PÉRSICO

O ano de 2016 marcou um pico nas emissões de dívida pública por parte dos seis países do Conselho de Coo-peração do Golfo. Arábia Saudita, Bahrain, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Qatar realizaram perto de 100 emissões de dívida, colocando 66 mil milhões de dó-lares, cerca de €63 mil milhões. O valor emitido foi o triplo do de 2015 e mais do dobro do anterior melhor ano, 2012. Estas operações criaram um novo centro de gravidade nos mercados de capitais, sublinhou o “Financial Times”.

7 SUÍÇA

A JOHNSON & JOHNSON VAI COMPRAR A BIOTECNOLÓGICA SUÍÇA ACTELION POR 30 MIL MILHÕES DE DÓLARES (O EQUIVALENTE A €27,9 MIL MILHÕES AO CÂMBIO ATUAL). É A MAIOR AQUISIÇÃO DO SECTOR FARMACÊUTICO NA EUROPA DOS ÚLTIMOS 13 ANOS. A OFERTA, ANUNCIADA QUINTA-FEIRA, TEM UM PRÉMIO DE 23% FACE À COTAÇÃO DA ACTELION NA VÉSPERA.

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A Nova Ordem Financeira Barry Eichengreen

COTAÇÃO DO RANDValores em dólares

0,07

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J F M A M J J A S O N

FONTE: INVESTING.COM

0,075

D J

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2016 2017

MUND O

3 REINO UNIDO O PAÍS DO G7 QUE MAIS CRESCEU, MESMO COM ‘BREXIT’

2%foi o crescimento em 2016 da economia britânica, o mais elevado entre as grandes economias desenvolvidas do G7 — que abrange Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Apesar do ‘choque’ psicológico do ‘Brexit’ em junho, a economia cresceu, em termos homólogos, 2,5% no conjunto do segundo semestre e 2,2% no quarto trimestre do ano passado, segundo as estimativas provisórias do Office for National Statistics do país, o equivalente ao Instituto Nacional de Estatística em Portugal. As previsões de que o país entraria em recessão na sequência do voto de saída da União Europeia revelaram-se prematuras. No entanto, a economia britânica prosseguiu uma trajetória de desaceleração, de 3,1% em 2014 para 2,2% em 2015 e 2% em 2016. O ‘motor’ do crescimento nos meses de outubro, novembro e dezembro foi o sector de serviços, que cresceu 3%, com destaque para o retalho e os serviços de turismo.

Rand recupera da eleição americana e está perto de máximo de 15 meses

4 ÁFRICA DO SUL

As divisas dos mercados emergen-tes foram das primeiras vítimas da eleição de Donald Trump como Pre-sidente dos Estados Unidos, com des-valorizações significativas. O rand não foi exceção, em virtude dos receios em torno de um aumento do prote-cionismo norte-americano, taxas de juro mais altas e um dólar mais forte. Mas a moeda da África do Sul esteve em alta esta semana, recuperou das perdas e chegou perto do nível má-ximo atingido nos últimos 15 meses, ultrapassando os 0,075 contra o dólar.

A valorização da divisa sul-africa-na foi impulsionada por um aliviar dos receios nos mercados em torno da política protecionista de Trump, beneficiando os mercados emergen-tes, ao mesmo tempo que a incerteza sobre as suas políticas orçamentais penalizou o dólar. A manutenção da notação de risco do país no patamar de investimento, tanto pela agência

Fitch, como pela S&P, também tem suportado a valorização do rand. O aumento dos preços da platina, de que a África do Sul é um dos maiores exportadores, também ajudaram à apreciação da divisa.

Contudo, há algumas preocupações pela frente. Esta semana, o banco cen-tral do país manteve a sua taxa de referência nos 7%, considerando que as perspetivas de evolução da inflação a curto prazo se deterioraram e que o crescimento da economia sul-africana permaneceu limitado. A previsão de inflação para 2017 é agora de 6,2% (e já não 5,8%), enquanto o crescimento esperado é de 1,1%, contra a projeção anterior de 1,2%.

Fila para entrar no Banco Asiático

8 CHINA

Prevê-se que, em 2017, o Banco Asiá-tico de Investimento em Infraestru-turas (AIIB, no acrónimo em inglês) receba a adesão de mais 25 mem-bros, provenientes da África, Amé-rica do Sul e Europa, anunciaram os seus responsáveis. O AIIB foi uma iniciativa da China, que recolheu, logo, 57 membros fundadores, 37 dos quais da região, com exceção do Japão. Portugal é um dos ade-rentes europeus, juntamente com Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido. Os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) são membros fundadores. Este ano espera-se a adesão da Irlanda e do Canadá. Os EUA não aderiram à iniciativa chinesa. Os responsáveis do banco afirmam que “a porta está aberta” para as duas grandes potên-cias que torceram o nariz.

9 REINO UNIDO

ECCLESTONE DEIXA FÓRMULA 1 AO FIM DE 39 ANOS “Fui despedido”, revelou o britânico Bernie Ecclestone na passada segunda-feira, pondo fim a 39 anos de gestão das competições de Fórmula 1. Com 86 anos, Ecclestone cedeu o lugar a Chase Carey depois do Conselho Mundial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) ter aprovado a venda da empresa que organiza a F1 ao grupo norte-americano de entretenimento Liberty Media.

A comparação mais reveladora pode ser com uma figura histórica de outro país: o deputado e ministro britânico Enoch Powell nos anos 60 e 70

BERKELEY — Compre-ender o sucesso políti-co de Donald Trump, o Presidente dos EUA,

não é fácil. Houve muitas com-parações com políticos popu-listas do passado, desde Huey Long a George Wallace. Mas a mais reveladora pode ser com uma figura histórica de outro país: o instigador nativista bri-tânico Enoch Powell, no final da década de 60 e início da década de 70.

À primeira vista, a compara-ção parece bizarra. Powell vinha de uma família da classe média baixa. Era um académico clássi-co de verdadeira erudição e um homem de princípios. Era, além disso, um político, tendo sido deputado ao Parlamento des-de 1950 e, em 1955, assumiu o cargo de ministro-adjunto para a Habitação no Governo do pri-meiro-ministro Anthony Eden.

Ainda assim, os paralelismos com Trump são inegáveis. No célebre discurso ‘Rios de San-gue’, que proferiu em 1968, Powell, um hábil orador, aban-donou com determinação a corrente política dominante. Condenou a imigração e denun-ciou a Lei das Relações Raciais de 1968, que proibia a discrimi-nação em matéria de habita-ção, emprego e empréstimos. A passagem que deu nome ao seu discurso controverso aludia a motins nas cidades do interior dos Estados Unidos e invocava Virgílio: “Tal como os romanos, parece-me ver ‘o rio Tibre com muito sangue’”.

O equivalente de Powell ao papão mexicano de Trump era a imigração indiana e paquista-nesa, que considerava uma ame-aça ao modo de vida britânico. “As pessoas comuns sabiam que o número real de imigrantes era superior ao que mostravam os números oficiais do Gover-no.” Powell passou a defender o repatriamento de imigrantes em larga escala para o país de origem.

Este discurso foi denunciado como perverso, nada mais nada menos do que pelo jornal “The Times”. No entanto, garantiu a Powell seguidores dedicados entre os eleitores da classe tra-balhadora que enfrentavam tempos económicos difíceis, incomodados pela ‘invasão’ dos seus bairros por imigran-tes asiáticos e das Caraíbas e suscetíveis de confundir os dois fenómenos.

Além disso, os paralelismos com Trump vão além da hosti-lidade face à imigração. Powell adotou uma posição fervorosa-mente favorável às empresas. Era um nacionalista empenha-do que rejeitava toda e qualquer aliança estrangeira que amea-çasse a independência política do Reino Unido. Opunha-se implacavelmente à adesão à então Comunidade Económica Europeia, alegando que tal iria comprometer a identidade e a soberania britânicas. Deixou o partido conservador, por causa desta questão, em 1974.

Curiosamente, Powell, tal como Trump, era igualmente favorável à Rússia. Não obstante os seus princípios de livre merca-do, apreciava a União Soviética pelos sacrifícios que fez durante a II Guerra Mundial, pelo seu nacionalismo orgulhoso, e como contrabalanço a outras potênci-as estrangeiras com interesses próprios (leia-se: os EUA).

O auge da influência de Po-well foi delimitado pelo discurso ‘Rios de Sangue’, que fez dele uma figura nacional, e, depois, pela sua deserção dos Tories. No entanto, abandonar o partido deixou-o na posição de um pária político. Embora Powell tenha abandonado definitivamente a Câmara dos Comuns apenas em 1987, a sua influência polí-tica tornara-se cada vez mais marginal.

Por que razão, então, Powell — ao contrário de Trump — não conseguiu alcandorar-se ao po-der? E o que nos diz o seu fra-casso sobre o fenómeno Trump e as perspetivas da sua repetição noutros países?

Em primeiro lugar, havia li-mites relativamente à capaci-dade de Powell de mobilização da opinião pública. Conseguia atrair a atenção, principalmente proferindo discursos e incenti-vando os seus seguidores a fazer circular o texto. À exceção de dois tabloides, a cobertura que a imprensa do establishment fez deste seu discurso variou entre o ceticismo e a hostilidade aber-ta. E a imprensa da situação era tudo o que havia. Nas décadas de 60 e 70, lembre-se, a BBC di-tava a radiodifusão. Powell não tinha o equivalente ao Twitter para difundir a palavra, e não havia Fox News ou Breitbart para criar uma câmara de res-sonância ideológica.

Em segundo lugar, Powell acreditava fundamentalmente no sistema parlamentar britâ-nico, tendo crescido no mes-mo. Mostrava-se relutante em aproveitar o nativismo e a in-segurança económica dos seus seguidores para construir um movimento antissistema susce-tível de enfraquecer os alicerces da democracia parlamentar do país.

Em terceiro lugar, a insatisfa-ção pública relativamente à po-lítica britânica durante o apo-geu de Powell foi mais limitada do que a insatisfação política dos norte-americanos na era de Trump. Mesmo na década economicamente desastrosa de 70, os eleitores britânicos não estavam preparados para rejeitar o statu quo político. O descontentamento e a desilu-são não foram “acompanhados de um questionamento funda-mental das instituições políti-cas britânicas”, nas palavras do biógrafo de Powell, Douglas Schoen.

Finalmente, a estrutura do sis-tema político trabalhou contra um ‘dissidente’ como Powell. No Reino Unido, quem escolhe o primeiro-ministro são os de-putados ao Parlamento e não os eleitores. A opinião popular só pode determinar quem será o líder caso deflagre uma crise alarmante. Esta disposição ins-titucional cria uma elevada bar-reira aos populistas externos.

Talvez, então, a lição final da comparação Powell-Trump seja a de que um sistema de governo presidencial, como o dos EUA, não é superior em termos dos controlos que impõe aos extre-mistas políticos. Pelo contrário, pode suceder o inverso.

Professor de Economia na Universidade da Califórnia, em Berkeley e na Universidade de Cambridge © Project Syndicate 1995–2014

Trump antes de Trump

Powell, tal como Trump, era igualmente favorável à Rússia (então URSS)

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Page 40: cld.pt · invoca o que devia ser a sua principal razão porque na área da solidariedade não é indiferente ... da equipa executiva do ex-ministro da Saúde de Pedro Passos Coelho.

Expresso, 28 de janeiro de 2017ECONOMIA40

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