Classificação Dos Seres Vivos

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Classificação científica A expressão classificação científica ou classificação biológica designa o modo como os biólogos agrupam e categorizam as espécies de seres vivos , extintas e actuais. A classificação científica moderna tem as suas raízes no sistema de Karl von Linnée (ou Carolus Linnaeus), que agrupou as espécies de acordo com as características morfológicas por elas partilhadas. Estes agrupamentos foram subsequentemente alterados múltiplas vezes para melhorar a consistência entre a classificação e o princípio darwiniano da ascendência comum . O advento da sistemática molecular, que utiliza a análise do genoma e os métodos da biologia molecular, levou a profundas revisões da classificação de múltiplas espécies e é provável que as alterações taxonómicas continuem a ocorrer à medida que se caminha para um sistema de classificação assente na semelhança genética e molecular em detrimento dos critérios morfológicos. A classificação científica pertence à ciência da taxonomia ou sistemática biológica . Características da classificação biológica A classificação das espécies não obedece a critérios rigidamente formais. Caso fosse aplicado aos primatas o mesmo critério científico usado para

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O texto abora a classificação dos seres vivos segundo as mais diferentes vertentes da Biologia.

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Classificação científica

A expressão classificação científica ou classificação biológica designa o modo como

os biólogos agrupam e categorizam as espécies de seres vivos, extintas e actuais. A classificação

científica moderna tem as suas raízes no sistema de Karl von Linnée (ou Carolus Linnaeus), que

agrupou as espécies de acordo com as características morfológicas por elas partilhadas. Estes

agrupamentos foram subsequentemente alterados múltiplas vezes para melhorar a consistência

entre a classificação e o princípio darwiniano da ascendência comum. O advento da sistemática

molecular, que utiliza a análise do genoma e os métodos da biologia molecular, levou a profundas

revisões da classificação de múltiplas espécies e é provável que as alterações taxonómicas

continuem a ocorrer à medida que se caminha para um sistema de classificação assente na

semelhança genética e molecular em detrimento dos critérios morfológicos. A classificação científica

pertence à ciência da taxonomia ou sistemática biológica.

Características da classificação biológica

A classificação das espécies não obedece a critérios rigidamente formais. Caso fosse aplicado

aos primatas o mesmo critério científico usado para classificar os coleópteros, dos quais há mais de

300 mil espécies catalogadas, o ser humano (Homo sapiens) faria parte do género Pan, o mesmo

género dos chimpanzés (Pan troglodytes) e dos bonobos (Pan paniscus).

Assim a classificação biológica é um sistema organizativo que se rege por um conjunto de regras

unificadores e de critérios que se pretendem universais, mas que, dada a magnitude do conjunto

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dos seres vivos e a sua inerente diversidade, são necessariamente adaptados a cada um dos ramos

da biologia.

Tradicionalmente, a classificação de plantas e de animais seguiu critérios diferenciados, hoje fixos

no Código Internacional de Nomenclatura Botânica e no Código Internacional de Nomenclatura

Zoológica, respectivamente, reflectindo a história das comunidades científicas associadas. Outras

áreas, como a micologia (que segue a norma botânica), a bacteriologia e a virologia, seguiram

caminhos intermédios, adotando muitos dos procedimentos usados nas áreas consideradas mais

próximas.

Nos últimos tempos, com o advento das técnicas moleculares e dos estudos cladísticos, as regras

tendem para a unificação, levando a uma rápida mutação dos sistemas classificativos e alterando

profundamente a estrutura classificativa tradicional.

A classificação científica é, por isso, um campo em rápida mutação, com frequentes e profundas

alterações, em muitos casos quebrando conceitos há muito sedimentados. Nesta matéria, mais

importante do que conhecer a classificação de uma qualquer espécie, importa antes conhecer a

forma como o sistema se organiza. Até porque aquilo que é hoje uma classificação aceita em pouco

tempo pode ser outra bem diferente.

História

Aristóteles criou a primeira classificação dos seres vivos.

O sistema mais antigo de classificação de seres vivos que se conhece deve-se ao filósofo

grego Aristóteles, que classificou todos os organismos vivos então conhecidos em plantas e

animais. Os animais eram, por sua vez, subdivididos de acordo com o meio em que se moviam

(terra, água e ar).

Em 1172, o sábio Ibn Rushd (Averroes), que era juiz (Qaadi) em Sevilha, traduziu para a língua

árabe e comentou o livro de Aristóteles intitulado De Anima (Sobre a alma). O seu trabalho original

perdeu-se, mas conhece-se uma tradução para latim da autoria de Michael Scot. Foi através desta

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via que a classificação aristotélica chegou aos nossos dias e inspirou muitos dos trabalhos

taxonómicos iniciais.

O professor suíço Conrad von Gesner (1516–1565) produziu um importante avanço sobre a

estrutura aristotélica, ao publicar uma compilação de todos os seres vivos então conhecidos, ainda

assim agrupados segundo um método baseado no de Aristóteles.

A exploração de novos territórios que se seguiu aos Descobrimentos trouxe para a Europa centenas

de novas espécies de plantas e animais, desafiando os velhos sistemas de classificação e

identificação. Por outro lado, a curiosidade pela ciência que o Renascimento europeu despertou

levou à constatação de que, mesmo na Europa, existiam muitos milhares de seres vivos distintos, a

maior parte dos quais não descritos nem catalogados.

Perante esta explosão no conhecimento da biodiversidade, e da consequente atividade de coleção e

análise de espécimes, rapidamente se constatou que os velhos sistemas de catalogação tornavam

muito difícil estudar e localizar os exemplares nas colecções. Tal levava a que a mesma espécie

recebesse nomes distintos, já que as colecções eram demasiadas grandes para o que o seu

conteúdo pudesse ser memorizado.

Foi então necessário delinear um sistema que agrupasse os espécimes de forma lógica, permitindo

uma rápida localização dos exemplares semelhantes. Desse esforço nasceu o sistema

binomial baseado na morfologia externa, agrupando exemplares com um aspecto semelhante.

Entretanto, o movimento que se tinha centrado essencialmente nas plantas foi-se estendendo aos

animais: em finais do século XVII e princípios do século XVIII iniciou-se o estudo científico dos

animais, primeiro dos domésticos, depois generalizado a toda a fauna. Este estudo lançou as bases

para a anatomia comparada e para os sistemas classificativos baseados na morfologia e função dos

órgãos.

Também os médicos, com o seu conhecimento de anatomia e o seu interesse pelas plantas usadas

para fins medicinais, contribuíram fortemente para o progresso do conhecimento dos seres vivos.

Entre aqueles profissionais, destacaram-se, pelos seus conhecimentos anatómicos ou

botânicos, Hieronymus Fabricius (1537–1619), Petrus Severinus (1580–1656), William

Harvey (1578–1657) e Edward Tyson (1649–1708).

Outra frente de progresso foi aberta pelo aparecimento dos primeiros entomologistas e pelos

primeiros microscopistas, destacando-se nestes campos Marcello Malpighi (1628–1694), Jan

Swammerdam (1637–1680) e Robert Hooke (1635–1702).

No campo mais filosófico, o escocês James Burnett (1714-1799), mais conhecido por Lord

Monboddo, foi um dos primeiros pensadores a tentar estabelecer uma correlação entre as espécies

e a procurar descobrir regras lógicas que pudessem colocar alguma ordem no aparente caos da

diversidade morfológica dos seres vivos. Nesta busca, estabeleceu as primeiras normas de

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ordenação e as primeiras explicações para a variabilidade das formas, sendo um verdadeiro

precursor das teorias evolucionárias.

Os desenvolvimentos sucessivos verificados na história da sistemática dos insectos podem ser

consultados no seguinte sítio Nomina Circumscibentia Insectorum, seguindo as hiperligações que

descrevem cronologicamente cada passo.

Os metodistas

Desde finais do século XV que um número crescente de naturalistas se dedicava à procura de um

método de ordenar racionalmente o mundo natural, procurando classificar os minerais, as rochas e

os seres vivos em categorias que permitissem fazer sentido da sua enorme diversidade e ao mesmo

tempo das suas extraordinárias semelhanças. Esta procura de uma arrumação lógica para a

diversidade da natureza foi ganhando favor entre os estudiosos, transformando-se num dos

principais campos de estudo da História Natural.

Foi neste contexto que Carolus Linnaeus, na sua obra Bibliotheca Botanica, cunhou o

termo metodistas (não confundir com Metodista, a denominação religiosa homónima) para se

distinguir os naturalistas que se interessavam pela classificação dos seres vivos, em contraste com

os colectores, cuja única preocupação era encontrar e determinar novas espécies. Avultaram entre

os primeiros metodistas da biologia, o botânico e filósofo italiano Andrea Caesalpino,

o naturalista inglês John Ray, o médico e botânico alemãobAugustus Quirinus Rivinus, e o médico,

botânico e explorador francês Joseph Pitton de Tournefort.

Andrea Caesalpino (1519 - 1603), na sua obra De plantis libri XVI (1583), propôs a primeiro sistema

hoje conhecido de ordenação lógica das plantas: com base na estrutura do tronco e no

desenvolvimento e forma dos frutos dividiu em 15 genera as plantas então conhecidas.

John Ray (1627–1705) foi um naturalista inglês que publicou importantes trabalhos sobre plantas,

sobre animais e sobre aquilo que designava por teologia natural. A forma de abordagem à

problemática da classificação das plantas que utilizou na sua obra Historia Plantarum foi um

importante passo na fundação da moderna taxonomia vegetal. John Ray rejeitou o sistema de

simples dicotomia então usado na classificação das plantas, no qual as espécies eram ordenadas

com base na presença ou ausência de determinado carácter (por exemplo: plantas de flor vermelha

ou plantas sem espinhos), para substituí-lo por um sistema em que se procurava maximizar as

semelhanças morfológicas, distinguindo os gêneros pelo seu grau de analogia ou de diferenciação.

Tanto Andrea Caesalpino como John Ray usaram os nomes tradicionais das plantas, pelo que as

designações utilizadas não reflectiam a sua posição taxonómica. Por exemplo, ainda que

a macieira e o pessegueiro pertencessem a diferentes genera do methodus de John Ray, aquelas

espécies recebiam a designação de Malus e de Malus Persica, respectivamente.

O passo seguinte na estruturação da denominação binomial foi dado por Rivinus e por Pitton de

Tournefort, que fizeram de gênero uma categoria distinta dentro da hierarquia taxonômica, e com

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essa inovação introduziram a prática de denominar as espécies de acordo com o gênero a que

pertencem.

Augustus Quirinus Rivinus (1652–1723) introduziu a classificação das plantas com base na

morfologia dos seus órgãos reprodutores, considerando que a morfologia das flores e

das sementes tinha um particular significado biológico. Ao introduzir uma classificação baseada

nesses caracteres, Rivinus criou o conceito de Ordem como forma de agrupamento de gêneros

similares, integrando e alargando o conceito de genera superior já postulado por John Ray e por

Andrea Caesalpino.

Deve-se também a Rivinus a abolição da clássica divisão das plantas em ervas e árvores, já que ele

insistia que o verdadeiro método de divisão se deveria basear na morfologia das flores, frutos e

sementes, e não em aspectos anatômicos tão variáveis como a dimensão dos troncos e a sua

lenhificação. Rivinus também popularizou o uso de chaves dicotómicas para definir gêneros e

ordens, criando a base do sistema de identificação ainda hoje utilizado.

O método utilizado por Rivinus assemelhava-se ao utilizado por Joseph Pitton de Tournefort: o nome

de todas as espécies pertencentes ao mesmo gênero deveria começar pela mesma palavra, o nome

genérico. Nos gêneros contendo mais de uma espécie, a primeira espécie identificada recebia

apenas o nome do gênero, enquanto as restantes recebiam uma frase diferenciadora, um

modificador que ele apelidou de differentia specifica.

Joseph Pitton de Tournefort (1656–1708) introduziu um sistema ainda mais sofisticado de

hierarquização, com classes, secções, gêneros e espécies. Foi o primeiro a compor de forma

consistente e uniforme nomes específicos contendo um nome genérico seguido de uma frase

descritiva que definia a differentia specifica. Ao contrário de Rivinus, Tournefort usava

as differentiae com todas as espécies pertencentes à gêneros politípicos.

Linnaeus

Carolus Linnaeus criou o método binomial para os nomes das espécies.

Carolus Linnaeus (1707–1778) nasceu dois anos após a morte de John Ray. A sua principal obra,

a Systema Naturae ,  teve 12 edições durante a sua vida (com a 1.ª edição em 1735). Nesta obra, a

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natureza é dividida em três reinos: mineral, vegetal e animal. Para sistematizar a natureza, em cada

um dos reinos Linnaeus usou um sistema hierárquico de cinco categorias: classe, ordem, gênero,

espécie e variedade.

Outra das suas principais contribuições foi o abandono dos longos nomes descritivos até então em

uso para designar as classes e ordens. Também promoveu o fim dos nomes de gêneros

constituídos por duas palavras (por exemplo Bursa pastoris era um género). Esta simplificação

marca uma ruptura com os métodos dos seus antecessores imediatos (Rivinus e Pitton de

Tournefort), e foi acompanhada pelo estabelecimento de diagnoses rigorosas e detalhadas para

cada um dos gêneros (a que ele chamou characteres naturales). Também procedeu à integração

das variedades nas respectivas espécies, evitando que a botânica tivesse que criar novos taxa para

acomodar todas as variedades cultivadas que são constantemente criadas.

Contudo, apesar das suas múltiplas contribuições para a taxonomia e sistemática, Linnaeus é mais

bem conhecido pela introdução do método binomial, a técnica ainda em uso para formular o nome

científico das espécies. Antes de Linnaeus estavam em uso nomes longos, compostos por um nome

genérico e por uma frase descritiva da própria espécie (a differentia specifica). Esses nomes não

eram fixos, já que cada autor parafraseava o descritivo, acentuando os caracteres que considerava

mais relevantes.

Na sua obra Philosophia Botanica (1751), Linnaeus colocou grande ênfase na melhoria da

composição dos nomes e na redução da sua extensão, abolindo as expressões retóricas

desnecessárias que tradicionalmente se usavam na descrição das espécies e introduzindo novos

termos descritivos cujo significado procurou fixar rigorosamente. Este esforço resultou numa

definição de espécies com um rigor sem precedentes.

Em finais da década de 1740, Linnaeus começou a utilizar um sistema paralelo de construção do

nome das espécies, que designou por nomina trivialia. Cada nomen triviale, o nome trivial, era um

epíteto, de uma ou duas palavras, colocado à margem do texto frente ao nome científico clássico de

carácter descritivo.

Na construção dos seus nomen triviale, as únicas regras que Linnaeus usou foram: (1) os nomes

devem ser curtos; (2) os nomes devem ser únicos dentro de cada gênero; e (3) os nomes devem ser

permanentes, mantendo-se mesmo quando o enquadramento taxonomico mude. Usando essas

regras simples, Linnaeus aplicou de forma consistente nomina trivialia às espécies de plantas que

incluiu na sua obra Species Plantarum (com 1.ª edição em 1753) e às espécies de animais incluídas

na 10.ª edição de Systema Naturae, publicada em 1758. Essas duas obras, e os respectivos anos

de edição, são hoje considerados o referencial base para a nomenclatura botânica e zoológica,

respectivamente.

Ao utilizar de forma consistente os mesmos epítetos específicos, Linnaeus separou a nomenclatura

da taxonomia, o que se viria a revelar um passo decisivo na consolidação do sistema de

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nomenclatura biológica, já que os nomes das espécies passaram a ser fixos, permitindo que os

agrupamentos taxonómicos superiores se desenvolvessem independentemente. Apesar do uso

paralelo dos nomina trivialia e dos nomes descritivos se ter mantido até finais do século XVIII, eles

foram sendo progressivamente substituídos pela utilização de nomes curtos, combinando

simplesmente o nome do gênero com o nome trivial da espécie.

No século XIX esta nova prática foi codificada nas primeiras regras e leis da nomenclatura biológica,

acabando por se transformar naquilo que hoje é geralmente referido como o sistema

de nomenclatura binomial, ou mais genericamente como a taxonomia lineana, a qual é ainda, com

poucas alterações, o padrão universalmente aceite de atribuição de nomes aos seres vivos.

A estrutura atual da classificação biológica

Enquanto Carolus Linnaeus classificava as espécies de seres vivos tendo como objetivo principal

facilitar a identificação e criar uma forma de arquivo nos herbários e nas colecções zoológicas que

permitisse localizar facilmente um exemplar, nos modernos sistemas taxonomicos aplicados à

biologia procura-se antes de mais fazer refletir o princípio Darwiniano de ancestralidade comum. Isto

significa que se pretende agrupar as espécies por proximidade filogenética, isto é relacionar as

espécies pela sua proximidade genética, a qual reflete o grau de comunalidade de ancestrais.

Desde a década de 1960 que se vem fortalecendo a tendência para utilizar estruturas taxonomicas

baseadas nos conceitos da cladística, hoje designadas por taxonomia cladística, distribuindo

os taxa numa árvore evolucionária. Se um taxon inclui todos os descendentes de uma forma

ancestral, é designado um taxon monofilético. Quando o inverso acontece, o taxon é

designado parafilético. Os taxa que incluem diversas formas ancestrais são designados

por polifiléticos. Idealmente todos os taxa deveriam ser monofiléticos, pois assim refletiriam a

ancestralidade comum das espécies que integrem.

Um novo tipo de nomenclatura, batizado como PhyloCode, está em desenvolvimento, tendo como

objetivo criar uma estrutura de clades em vez de uma estrutura de taxa. Em caso de implementação

generalizada não é clara a forma de coexistência entre esse sistema e o atual.

O conceito de domínio como taxon de topo é de introdução recente. O chamado Sistema dos Três

Domínios foi introduzido em 1990, mas apenas recentemente ganhou aceitação generalizada.

Apesar de hoje a maioria dos biólogos aceitar a sua validade, a utilização do sistema dos cinco

reinos ainda domina. Uma das principais características do sistema dominial é a separação dos

reinos Archaea e Bacteria, ambos anteriormente parte do reino Monera. Alguns cientistas, mesmo

sem aceitar os domínios, admitem Archaea como um sexto reino.

Hierarquia da classificação

O quadro seguinte apresenta a classificação científica de cinco espécies pertencentes a estruturas

taxonómicas diversas: a mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster), o ser humano, a ervilha, o

cogumelo amanita e a bactéria Escherichia coli. Com ele pretende-se demonstrar a

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flexibilidade e a universalidade do sistema, incluindo numa mesma estrutura organismos tão

diversos como os seleccionados.

TaxonMosca-da-fruta

Humano Ervilha Amanita E. coli

Domínio Eukaryota Eukaryota Eukaryota Eukaryota Bacteria

Reino Animalia Animalia Plantae Fungi Monera

Phylum ou Divisão Arthropoda Chordata Magnoliophyta Basidiomycota Proteobacteria

Subphylum ou subdivisão

Hexapoda Vertebrata Magnoliophytina* Hymenomycotina

Classe Insecta Mammalia Magnoliopsida Homobasidiomycetae Proteobacteria

Subclasse Pterygota Eutheria Magnoliidae Hymenomycetes Gammaproteobacteria

Ordem Diptera Primatas Fabales Agaricales Enterobacteriales

Subordem Brachycera Haplorrhini Fabineae Agaricineae

Família Drosophilidae Hominidae Fabaceae Amanitaceae Enterobacteriaceae

Subfamília Drosophilinae Homininae Faboideae Amanitoideae

Género Drosophila Homo Pisum Amanita Escherichia

EspécieD. melanogaster

H. sapiens P. sativum A. muscaria E. coli

Os taxa mais elevados, em especial os intermédios, têm sofrido ultimamente profundas e frequentes

alterações, resultado da descoberta de novas relações entre os grupos e as espécies. Por exemplo,

a tradicional classificação dos primatas (classe Mammalia — subclasse Theria — infraclasse

Eutheria — ordem Primatas) está posta em causa por novas classificações, como, por exemplo, a

de McKenna e Bell (classe Mammalia — subclasse Theriformes — infraclasse Holotheria — ordem

Primatas). Estas alterações resultam essencialmente da existência de um pequeno número

de taxa em cada nível, sendo neles necessário acomodar um registo fóssil muito ramificado.

A tendência para privilegiar a constituição de grupos monofiléticos em detrimento

dos parafiléticos levará, seguramente, a sucessivas alterações da estrutura classificativa, com

especial foco nas classes e ordens. A progressiva introdução de conceitos cladísticos também terá

um impacte profundo e conduzirá à reformulação de muitos dos actuais agrupamentos.

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Sufixos dos taxa

Taxa acima do nível do gênero recebem em geral nomes derivados do gênero mais representativo

neles incluído ou daquele que, por razões históricas ou outras, é mais conhecido.

Os sufixos utilizados na construção desses nomes dependem do Reino e, por vezes,

do Filo e Classe, seguindo um padrão preestabelecido. O quadro seguinte apresenta as regras de

construção de sufixos mais comumente aceitos.

Taxon Plantas Algas Fungos Animais Bactérias [4]

Divisão/Filo -phyta -mycota

Subdivisão/Subfilo

-phytina -mycotina

Classe -opsida -phyceae -mycetes -ia

Subclasse -idae -phycidae -mycetidae -idae

Superordem -anae

Ordem -ales -ales

Subordem -ineae -ineae

Infraordem -aria

Superfamília -acea -oidea

Família -aceae -idae -aceae

Subfamília -oideae -inae -oideae

Tribo/Infrafamília -eae -ini -eae

Subtribo -inae -ina -inae

Note-se que em botânica e micologia, os nomes dos taxa de família para baixo são baseados no

nome de um gênero, por vezes referido como o género-tipo, ao qual é acrescentado um sufixo

padronizado. Por exemplo, o gênero Rosa é o género-tipo a partir do qual a família Rosacea recebe

o seu nome (Rosa + -aceae). Os nomes dos taxa acima de família podem ser formados a partir do

nome da família, com o sufixo adequado, ou ser descritivos de uma ou mais características

marcantes do grupo.

No caso dos animais, apenas existem sufixos padronizados até ao nível da superfamília ( ICZN,

artigo 27.2).

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A formação de um nome com base na designação de um gênero não é tão simples quanto possa

parecer, já que a língua latina tem declinações irregulares. Por exemplo, os nomes baseados

em homo têm como base o genitivo da palavra, ou seja hominis, pelo que humanos pertencem

aos Hominidae (hominídeos) e não aos Homidae (que, obviamente, nem existem).

Classificação infraespecífica

Embora a espécie seja considerado o nível de classificação mais baixo, existe por vezes

necessidade de recorrer a classificações infraespecíficas para acomodar a biodiversidade

reconhecida ou para descrever certos traços fenotípicos, nomeadamente os de interesse econômico

entre as espécies domesticadas.

Os animais podem ser classificados em subespécies (por exemplo, Homo sapiens sapiens, para os

humanos modernos), ou morfos ou formas (como por exemplo, Corvus corax

varius morpha leucophaeus, uma forma característica de corvo).

As plantas podem ser classificadas em subespécies (por exemplo, Pisum sativum subsp. sativum, a

ervilha-de-cheiro), ou variedades (por exemplo, Pisum sativum var. macrocarpon, uma variedade de

ervilha). As plantas cultivadas podem ser identificadas por cultivares, cada um deles correspondente

a um determinado fenótipo (por exemplo, Pisum sativum var. macrocarpon 'Snowbird', o cultivar

Snowbird de ervilha).

As bactérias podem ser classificadas por estirpe (por exemplo, Escherichia coli   O157:H7 , uma

estirpe de E. coli que pode causar intoxicação alimentar).

Citações de autor

O nome de qualquer taxon pode ser seguido pela explicitação da "autoridade" que o criou, ou seja,

pelo nome do autor que primeiro publicou uma descrição válida da entidade taxonomica. Estes

nomes de autor são em geral abreviados, seguindo um padrão de abreviatura fixado por critérios de

tradição ou de história. Em Botânica, onde existe uma lista de abreviaturas do nome de botânicos e

micologistas padronizada, por exemplo, Carolus Linnaeus é sempre abreviado para "L." e Gregor

Mendel para Mendel.

Apesar do sistema de atribuição de autoria dos taxa ser ligeiramente diferente em botânica e em

zoologia (veja Citação de autor (botânica) e Citação de autor (zoologia)), é padrão aceito que se o

nome de um taxon for alterado, a abreviatura ou nome do autor original é sempre mantido, sendo

então colocado entre parêntesis. O nome do autor da versão em vigor é colocado a seguir ao

parêntesis (geralmente só em botânica).

Bibliografia

Atran, S. Cognitive foundations of natural history: towards an anthropology of

science. Cambridge: Cambridge Univ. Press. 1990. xii+360 p. (ISBN 0-521-37293-3).

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Larson, J. L. Reason and experience. The representation of Natural Order in the work of

Carl von Linne. Berkeley: Univ. of California Press. 1971. VII+171 p.

Stafleau, F. A. Linnaeus and the Linnaeans. The spreading of their ideas in systematic

botany, 1753-1789. Utrecht: Oosthoek. 1971. xvi+386 p.

RONAN, Colin A. História ilustrada da ciência da Universidade de Cambridge (em

português). Rio de Janeiro: Zahar, 2001. 167 p. ISBN 9788571104273 Página visitada em 15 de

janeiro de 2013.

BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento (em português). Rio de Janeiro: Zahar,

2012. 414 p. vol. 2. ISBN 9788537808962 Página visitada em 15 de janeiro de 2013.

[editar]Ver também

Nomenclatura binomial

Nomenclatura trinomial

Taxonomia

Código Internacional de Nomenclatura Botânica

Código Internacional de Nomenclatura Zoológica

Código Internacional de Nomenclatura de Bactérias

Complexo de espécies crípticas

Sistemática

Árvore filogenética

Classificação dos vírus

Ligações externas

Phylocode   - um sistema cladístico de classificação

The Tree of Life Web

Código Internacional de Nomenclatura Zoológica (versão: 4.ª edição, 2000)

Código Internacional de Nomenclatura Botânica (versão: St. Louis Code, 2000)

Wikispecies: um directório da vida

Classificação de todas as coisas vivas

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Nomina Circumscribentia Insectorum .