Citizen Kane Ensaio

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  Curso: Ciências da Comunicação – 1º ano Cadeira: Teoria da Notícia  Docente: Marisa Tor res da Silva   Aluno:  Ricardo Ma rtins Geraldes, n.º 34420, Turma A Ensaio Crítico – Citizen Kane Citizen Kane, um retrato poderoso do jornalismo sensacionalista  Após a visualização de Citizen Kane, considerei como pertinente para estudo dois factores: o sensacionalismo como ingrediente na formação de notícias e a influência que o jornalismo tem sobre a opinião pública. Neste princípio afloram-se duas questões as quais procurarei responder: O que é o Yellow Jornalism? E que influência têm a foto-choque sobre a opinião pública? Já que a imagem ou o elemento g ráfico é parte constituinte desta prática jornalística. Antes de dar início a minha relação entre este filme e as implicações com o jornalismo sensacionalista ou  yellow journalism e o poder que o jornalismo detêm sobre a opinião pública através da foto-choque, porque é disto que trata este ensaio, quero fazer uma breve menção ao estilo de realização empregue por Orson Welles.  No ano de 1941 o jovem Orson Welles, já conhecido pelas suas inovadoras adaptações no teatro e o seu famoso relato na rádio de  A Guerra dos Mundos, estreou-se no mundo do cinema, com o filme Citizen Kane, filme este considerado até os dias de hoje como um dos melhores filmes de sempre. Citizen Kane desde que estreou nas salas de cinema, captou sempre muita atenção, não apenas pelas suas qualidades e inovações cinematográficas, mas também pela sua própria história que retrata a vida de um magnata dos media. O mistério desta narrativa cinematográfica desenleia-se no cair de um pequeno globo de neve, na  pronúncia da palavra RoseBud  e na morte do personagem principal, Charles Foster Kane, o magnata dos media. Entramos então, segundo a construção do filme, numa história jornalística, numa viagem entre o passado e o presente, à procura de um sentido condutor na vida de Charles Foster Kane. Como já mencionei, Citizen Kane é considerado um dos melhores filmes de sempre, uma das razões  para tal distinção foi ter empregue várias técnicas inovadores no cinema, a sua fotografia é exemplar, utilizando imagens contrastadas para fortalecer o impacto das personagens ou até as suas intenções, outra técnica que Orson Welles empregou no seu filme foi a “profundidade de campo”,  proporcionando foco em todos os planos da imagem, enriquecendo a informação de cada  frame. Na  parte da narrativa, foi também inovador o facto de uma ausência cronológica, a história desenrola-se em analepse, levando o espectador a viajar ao passado, na tentativa de recriar a vida da personagem encarnada por Welles. A personagem principal deste filme, Charles Foster Kane, representa em vários aspectos a vida de William R. Hearst. Hearst foi um dos percursores, junto com Joseph Pulitzer, do Yellow Journalism. Mas o que é isto de  yellow journalism ou jornalismo sensacionalista? De forma abreviada o próprio título responde a esta pergunta. As notícias sensacionalistas constituíam todo o corpo de um artigo do  yellow jornalism. « O relato do crime não era o único caminho para o que iria ser conhecido de  jornalismo sensacionalista, mas era indubitavelmente a tendência moderna para os contos que envolviam a corrupção política, o desvio sexual, e outros formulário de comportamento desviantes (Spencer, 2007:2). Embora no filme Citizen Kane, não seja feita directamente a menção à notícia de crime, a procura tendenciosa de artigos sensacionais é observado.

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 Curso: Ciências da Comunicação – 1º ano Cadeira: Teoria da Notícia 

 Docente: Marisa Torres da Silva  Aluno:  Ricardo Martins Geraldes, n.º 34420, Turma A 

Ensaio Crítico – Citizen Kane

Citizen Kane, um retrato poderoso do jornalismo sensacionalista 

Após a visualização de Citizen Kane, considerei como pertinente para estudo dois factores: osensacionalismo como ingrediente na formação de notícias e a influência que o jornalismo tem

sobre a opinião pública. Neste princípio afloram-se duas questões as quais procurarei responder: Oque é o Yellow Jornalism? E que influência têm a foto-choque sobre a opinião pública? Já que a

imagem ou o elemento gráfico é parte constituinte desta prática jornalística.

Antes de dar início a minha relação entre este filme e as implicações com o jornalismo

sensacionalista ou   yellow journalism e o poder que o jornalismo detêm sobre a opinião pública

através da foto-choque, porque é disto que trata este ensaio, quero fazer uma breve menção ao estilo

de realização empregue por Orson Welles.

 No ano de 1941 o jovem Orson Welles, já conhecido pelas suas inovadoras adaptações no teatro e o

seu famoso relato na rádio de A Guerra dos Mundos, estreou-se no mundo do cinema, com o filme

Citizen Kane, filme este considerado até os dias de hoje como um dos melhores filmes de sempre.

Citizen Kane desde que estreou nas salas de cinema, captou sempre muita atenção, não apenas pelas

suas qualidades e inovações cinematográficas, mas também pela sua própria história que retrata a

vida de um magnata dos media.O mistério desta narrativa cinematográfica desenleia-se no cair de um pequeno globo de neve, na

 pronúncia da palavra RoseBud e na morte do personagem principal, Charles Foster Kane, o magnatados media. Entramos então, segundo a construção do filme, numa história jornalística, numa viagem

entre o passado e o presente, à procura de um sentido condutor na vida de Charles Foster Kane.Como já mencionei, Citizen Kane é considerado um dos melhores filmes de sempre, uma das razões

  para tal distinção foi ter empregue várias técnicas inovadores no cinema, a sua fotografia é

exemplar, utilizando imagens contrastadas para fortalecer o impacto das personagens ou até as suas

intenções, outra técnica que Orson Welles empregou no seu filme foi a “profundidade de campo”,

 proporcionando foco em todos os planos da imagem, enriquecendo a informação de cada frame. Na

 parte da narrativa, foi também inovador o facto de uma ausência cronológica, a história desenrola-se

em analepse, levando o espectador a viajar ao passado, na tentativa de recriar a vida da personagem

encarnada por Welles.

A personagem principal deste filme, Charles Foster Kane, representa em vários aspectos a vida de

William R. Hearst. Hearst foi um dos percursores, junto com Joseph Pulitzer, do Yellow Journalism.

Mas o que é isto de yellow journalism ou jornalismo sensacionalista? De forma abreviada o próprio

título responde a esta pergunta. As notícias sensacionalistas constituíam todo o corpo de um artigo

do yellow jornalism. «O relato do crime não era o único caminho para o que iria ser conhecido de

  jornalismo sensacionalista, mas era indubitavelmente a tendência moderna para os contos que

envolviam a corrupção política, o desvio sexual, e outros formulário de comportamento desviantes

(Spencer, 2007:2). Embora no filme Citizen Kane, não seja feita directamente a menção à notícia decrime, a procura tendenciosa de artigos sensacionais é observado.

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Com o firmamento da penny press oposto à imprensa de elites, os jornais de baixo custo apontam a

sua intenção para captar um novo tipo de público.

Este novo público surge devido a vários factores, como a concentração dos indivíduos nas cidades,

o aumento da alfabetização e o aumento do poder de compra. Para esta nova audiência, as notícias

criadas pela penny press passam a ser encaradas como um produto comercial, «[...] apontando como

objectivo fundamental o aumento das tiragens» (Traquina, 2002:20).

Com intenção de ser mais factual e sensacionalista, a  penny press abre o caminho para o que hoje

conhecemos como yellow journalism. No âmbito de conquistar leitores, as notícias sensacionais são

o alvo preferencial. Crimes e desavenças domésticas, casos de corrupção e conflitos militares são

alguns dos tópicos que os editores escolhem para os seus jornais. A personagem de Foster Kane,

serve de exemplo para essa escolha editorial.Quando questionado pelo seu ex-tutor acerca da maneira como gere o jornal, responde prontamente

como adepto da doutrina do sensacionalismo. Afirma que não sabe como gerir um jornal, masadministra o New York Inquirer com aquilo que se lembra, melhor será dizer, com aquilo que surge

como apelativo à sensação. Para constatar essa espontaneidade, Charles Kane continua, atrevendo-se a dizer que é capaz de produzir uma guerra, aquando o seu enviado em Cuba manifesta a

ausência de material para reportar acerca de uma eventual guerra entre os EUA e Espanha na ilha deCuba. Para reforçar esta abertura de manipulação de factos, o seu ex-tutor aponta a Kane que não

existe prova da frota espanhola estar a caminho de Cuba, mas Kane remata que também não existe

 prova que não está a caminho de Cuba. Deveras elucidativo de como as notícias ou factos poderiam

servir as intenções daqueles que detinham o poder da informação. As palavras de Carl Sagan penso

que demonstram bem isto: A ausência de evidência, não é evidência de ausência.

Outra referência desta busca pelo sensacionalismo, embora não seja mencionado no filme Citizen

 Kane, foi o próprio William Hearst ao ser arrojado na tentativa de obter notícias ao ponto de querer 

competir com a polícia local. Quando foi encontrado um corpo desmembrado num rio em Nova

Iorque, Hearst decidiu resolver este crime antes da polícia, criou um grupo de repórteres

investigadores que acabaram por desvendar o mistério bem como um caso extraconjugal envolvido

no mesmo assassinato, «[...]no curso do oportunismo, o yellow journalism tinha nascido»(Spencer,

2007:20). Na alusão ao ditado popular, que a ocasião faz o ladrão, diria que o oportunismo faz (ou

fazia) o jornalismo (sensacionalista).Este modo de operar, por um lado demonstra a boa intenção na tentativa de fornecer notícias

factuais e até mesmo resolver crimes, um serviço à sociedade, e por outro lado o aspecto puramentesensacional para atender às necessidades financeiras de um jornal. Esta dicotomia na altura

 possivelmente não era colocada, já que os leitores tornaram-se ávidos em notícias que lhe poderiamser familiares (os crimes; as desavenças conjugais; a corrupção; etc.) o negócio corria bem e a

informação agradava os leitores.

Esta nova prática jornalística, incessante no sensacionalismo e na procura de lucro, originou a uma

expansão dos jornais no século XIX, bem como a criação de novos empregos e a dedicação a tempo

inteiro à prática jornalística (Traquina, 2002:20). Aliado a esta fome por parte dos jornais em

fornecer material bombástico, o avanço tecnológico foi outro factor que facilitou esta propagação de

notícias, «[...] com as rotativas de Marinoni, em 1871, tornou-se possível imprimir 95 000

 páginas/hora. […] A melhoria na reprodução de imagens, sobretudo com a fotogravura em 1851 e a

heliogravura em 1905, deu um novo impulso à imprensa […] (Traquina, 2002:24).

Apesar do texto em si, como relato factual, ser a base de todo o sensacionalismo, a fotografia teve

um lugar de destaque para alimentar ainda mais a prática do  yellow journalism e toda a expansão da

imprensa.

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Jorge Pedro Sousa em Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental  menciona que «as

fotografias teriam deixado de ser secundarizadas como ilustrações do texto para serem definidas

como uma outra categoria de conteúdo tão importante como a componente escrita» (Sousa,

1998:12).

E aqui volto a minha atenção para a segunda pergunta: Que influência têm a foto-choque sobre a

opinião pública?Embora não seja de imediato demonstrado no filme Citizen Kane, a fotografia no seu sentido lato,

tem um cariz interpretativo e/ou ilustrativo (a imagem exerce um poder sobre o espectador), e para

exemplificar isto, reporto ao filme, no momento em que Jerry Thompson, o jornalista delegado para

investigar a vida de Foster Kane tenta vasculhar as memórias no escritório do ex-tutor de Charles

Kane para desvendar o mistério que envolve a palavra  Rosebud . Mais uma vez a qualidadecinematográfica de Orson Welles sobressaí neste momento de investigação, ao apresentar as

  personagens (o jornalista como investigador e divulgador de informação; a secretária com vozmecânica representando o lado burocrático; e o homem fardado transportador das memórias como

alusão ao guardador de informação) em contraluz, reforçando as silhuetas, salientando um certoobscurantismo, até uma ausência de propriedade. Analogia que começa a construir a ideia de um

 poder por detrás da luz, um poder sem rosto. Este poder imagético que Welles utiliza no filme, éanálogo à própria fotografia e à foto-choque, por sua vez, ao jornalismo como espelho da realidade:

«O realismo fotográfico tornou-se, assim, o farol orientador da prática jornalística,[...] um repórter 

deve ser uma mera máquina que repete, apesar de uma orientação editorial.» (cit. em Traquina,

2002:36-37). Na alusão à construção de um puzzle, passatempo de escolha da segunda mulher de

Foster Kane, constatamos a junção de duas peças importantes para o jornalismo sensacionalista, a

ligação do jornalista à fotografia como espelho do real.

Tendo como base o aumento de tiragens, a fotografia, torna-se um elemento de uso excessivo. Jorge

Pedro Sousa apresenta-nos as palavras de Karen E. Becker, mencionando o fecundo uso das

imagens, incluindo fotografias forjadas, descontextualizadas e em nada fiéis à verdade (cit. em

Sousa, 1998:39). Embora na altura de William Hearst, devido a uma iliteracia ainda existente e até

àqueles que por problemas de visão não tinham a possibilidade de adquirir óculos(Spencer,

2007:79) a imagem ganha um lugar confortável para estabelecer a ligação entre a notícia reportada

e o leitor, o que aparentemente só podemos apontar como positivo para toda esta evolução no processo informativo.

Mas recorrendo a este uso desmedido das imagens/fotografias, o choque é criado como ponto daexacerbação, levando-nos à escalada da foto-choque. A constante tensão imagética, o banalizar da

violência adjacente à fotografia, poderá fomentar uma neutralização do aspecto afectivo (Sousa,1998:158), criando um estado amorfo, que facilmente se concluí como porta aberta à manipulação

das intenções.

Olhando para o passado, aquilo que é encarado como progresso tem também o seu oposto ou o seureverso da medalha. No ganho da propagação de informação, associado à auto-sustentação da

imprensa/aumento de tiragens, é colocado no bolso o dissabor da alienação da opinião pública em

  prol do sensacionalismo, o que poderá ser considerado, conforme Paul Virilio expressa em

Cibermundo: A Política do Pior , um acidente do progresso, um milagre ao contrário, se para Paul

Virilio, inventar o navio é inventar o naufrágio, inventar a electricidade é inventar a electrocução

(Virilio, 2000:95), atrevo dizer que, a invenção do jornalismo sensacionalista também proporcionou

a invenção da deturpação de factos, logo a alienação da opinião pública.

 Neste retrato de poder, o  yellow journalism desenha o percurso da perversão da opinião pública. A

  busca de sensacionalismo, aliado à fotografia, traça um caminho para qual os fins justificam os

meios. No fim o propósito é de obter um aumento de receitas e a fidelização de leitores,

subrepticiamente aliado a uma boa prática informativa, Foster Kane demonstra isso numa discussãocom o seu ex-tutor, apontando para a necessidade de atender às necessidades dos mais desprovidos,

se não for ele quem será?

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Chegando ao término deste grande filme, Orson Welles presenteia-nos com o desfasamento da

 personagem de Foster Kane, uma perda de contacto com a realidade que me reporta o jornalismo

sensacionalista. De acordo com o historiador Joy Wiltenburg, as representações dos crimes e das

imagens-choque na concepção da vida das pessoas e da comunidade é bem superior à realidade da

incidência das actividades criminosas (Spencer, 2007:2), o que manifesta a dualidade elaborada

  pelo jornalismo sensacionalista, o bom propósito de fornecer notícias factuais aos leitores e nãoopiniões e a capacidade de sustentação por parte dos jornais através da elaboração de notícias

atractivas para cativar e manter o grande público.

Perante as questões que coloquei, chego à conclusão que o tipo de jornalismo demonstrado em

Citizen Kane apenas serve a manipulação, quer de intenções individuais, quer de interesseseconómicos representados por alguma colectividade. Se os valores-notícia tratam realmente de

servir uns “óculos” para observar o mundo e para o construir (Traquina, 2007:203), as lentes que o

  yellow journalism usa, são lentes sujas e formatadas à  priori para servir quem as coloca no

«paciente», ou seja, no consumidor de notícias, apenas com o propósito de domesticar a opinião  pública. E nesta referência a lentes que são colocados perante o leitor, a fotografia realmente

encaixa-se na perfeição. O uso da fotografia no choque visual e por sua vez, tomada da percepção,tem de facto um papel crucial, mais uma vez frisando que isso não é tão evidente no filme de Orson

Welles, mas que é uma constatação na génese do jornalismo sensacionalista.

Finalizo com as palavras de Susan Sontag em   Regarding the Pain of Others: «Awareness of the

suffering that accumulates in a select number of wars happening elsewhere is something

constructed. Principally in the form that is registered by cameras, it flares up, is shared by many

 people, and fades from view. In contrast to a written account – which, depending on its complexity

of thoughts, reference, and vocabulary, is pitched at a larger or smaller readership – a photograph

has only one language and is destined potentially for all (Sontag, 2003:17).

Sem querer abandonar o filme que deu origem a este texto, e o mistério que serve de mote à cruzada

 jornalística, a palavra Rosebud , a minha interpretação reza o seguinte: Rosebud é o nome do trenó

de neve de Foster Kane, representa um dispositivo, representa o desejo do infante e o sentido de

liberdade, o trenó que desliza livre na neve e o sopro enigmático do magnata nas portas da morte. Omagnata que teve tudo e teve tudo a seu prazer, mas nunca consegui obter a verdadeira liberdade

que tinha enquanto jovem. Na morte abriu a sua mão da sua própria prisão.

Bibliografia

Spencer, D. (2007). The Yellow Journalism. Evanston, Illinois: Northwestern University Press

Sontag, S. (2003). Regarding the Pain of Others, London: Pinguim books

Sousa, J. (1998). Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental. Porto: Letras Contemporanea

Traquina, N. (2007) O que é Jornalismo. Lisboa: Quimera

Virilio, P. (2000) Cibermundo: A Política do Pior. Lisboa: Teorema