Circuito Landi: Um roteiro pela arquitetura setecentista na Amazônia // de Elna Andersen Trindade...

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MANUAL DO GUIA TURÍSTICO

Circuito Landi: Um roteiro pela arquitetura setecentista na Amazônia

Elna Andersen TrindadeMaria Beatriz Maneschy Faria

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Circuito Landi: Um roteiro pela arquitetura setecentista na Amazônia

Elna Andersen Trindade

Maria Beatriz Maneschy Faria

Belém - Pará2006

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Ficha técnica

Texto: Elna AndersenTrindade e Maria Beatriz Maneschy FariaPesquisa: Moema Alves Revisão: Regina Alves

Editoração: Elisa �nnocentiFotos: Elna Trindade, Flávio Nassar e Elisa �nnocenti

Programação gráfica: Temple Comunicação

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O Circuito Landi pretende mostrar, realçar e divulgar a história e as cara-cterísticas físicas exemplares do sítio urbano e das edificações do centro histórico de Belém, sem fugir da realidade de abandono, maus-tratos e uso inadequado que ele apresenta. Estes danos são causados, na maioria das vezes, pela falta de conhecimento da importância histórica, técnica e estilís-

tica desses bens.A narrativa do circuito não pretende esgotar as informações históricas e físicas do conjunto urbano enfocado, mas contém informações necessárias para ajudar a criar uma consciência de valorização e preservação do nosso

patrimônio.O roteiro percorre a área delimitada como Centro Histórico de Belém, tombada por lei municipal. Nela também há edifícios e conjuntos urbanos

tombados por legislação federal e estadual.O texto a seguir foi elaborado para o treinamento de guias de turismo pro-movido pelo Fórum Landi, como parte do Circuito Landi, realizado em Belém durante o ano de 2006, graças ao apoio da Lei Rouanet do Min-

istério da Cultura e ao patrocínio da Companhia Vale do Rio Doce.As autoras deste trabalho, as arquitetas Elna Trindade e Maria Beatriz Ma-neschy Faria, da Universidade Federal do Pará, são fundadoras do Fórum Landi e têm um grande conhecimento dos problemas do centro histórico

de Belém e da obra de Antônio José Landi.

Flávio Augusto Sidrim NassarCoordenador do Fórum Landi

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HistóricoOs religiosos da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo fixa-ram-se no Pará em �626, construin-do o primeiro convento da cidade, em terreno doado pelo capitão-mor Bento Maciel Parente. No convento surgiu um colégio, freqüentado pe-los filhos dos colonos. Ao longo dos anos, o prédio também hospedou religiosos, políticos e portugueses ilustres e nele funcionaram o Con-selho Geral da Província, o Colégio Paraense, o asilo de órfãs, o hospital militar e o seminário menor.Junto ao convento os religiosos le-vantaram uma pequena igreja de taipa, destinada ao culto de Nossa

Senhora do Monte do Carmo. Du-rante a Cabanagem, essa igreja foi ocupada pela tropa imperial. Faz ainda parte do conjunto religio-so - convento e igreja – uma cape-la da Ordem Terceira do Carmo, na lateral direita da nave principal do templo, acrescentada antes de �784.A ordem dos carmelitas teve um papel relevante na fundação de núcleos populacionais, origem de muitos municípios paraenses. A lo-calização proposital de seu conjun-to religioso, perto do rio, facilitava o contato com outras localidades e a administração de seus negócios. Eram proprietários de considerável

� - �greja do Carmo

Travessa Dom Bosco, Praça do Carmo

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patrimônio, fazendas e engenhos com muitos escravos, e com os ren-dimentos sustentavam as aldeias missionárias.Os carmelitas permaneceram 225 anos no Pará. A partir de �755, com a expulsão das ordens religiosas da Amazônia pelo governo português, começaram a perder direitos, ter-minando por retirar-se na segunda metade do século X�X.Em �696, a primitiva igreja e o con-vento estavam em ruínas. Nova construção foi providenciada, em taipa de pilão, no mesmo local. O templo foi reaberto em �700, com grande festa.Os carmelitas lutaram muito para conseguir recursos para a obra. Há registro de que alguns deles foram esmolar em Lisboa para comprar pedra de lioz, material nobre usado na construção.Não se sabe quanto duraram as obras, mas é certo que o retábulo da capela do altar-mor, em barroco joanino, data de �720. E é dessa mesma época a parte frontal do al-tar, cinzelada em prata com incrus-tações de pedras semi-preciosas, hoje desfalcada.A fachada foi executada com pedras talhadas em Lisboa, que vieram em caixotes. Recentemente, a pesquisa-dora portuguesa �sabel Mendonça,

encontrou documento no qual a ordem dos carmelitas contratava um mestre lisboeta para o assenta-mento da fachada da igreja.O assentamento causou danos irre-mediáveis à estrutura da nave, que teve de ser demolida. É então que se verifica a intervenção de Antônio José Landi na igreja, reconstruindo a nave em �766.A igreja reformada foi aberta ao culto em �777, mas só foi completa-mente concluída em �784.O conjunto dos carmelitas é tom-bado pelo �PHAN - �nstituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Na-cional, desde �94�. Hoje está sob a guarda dos salesianos e funciona no convento o Colégio do Carmo.

IgrejaNa biblioteca do Museu Nacional há três desenhos da �greja do Car-mo: planta baixa com indicação de cúpula hemisférica sobre a capela-mor, corte longitudinal mostrando a cúpula e elevação da fachada, o corte transversal indicando a proje-ção de um novo altar-mor.A cúpula projetada e o altar-mor não foram construídos. O primiti-vo retábulo da capela-mor perma-neceu e é um magnífico exemplar do barroco joanino.

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FachadaA curiosa importação de uma fa-chada em pedra da metrópole é um exemplo raro no Brasil. Só se conhece outro caso no século XV���, que é a �greja da Conceição da Praia, em Salvador. A �greja do Carmo repete uma tipologia comum às igrejas de con-ventos carmelitas e franciscanos, que têm a fachada com pórtico de arcada, enquadrada por torres late-rais.A fachada da igreja mostra um cor-po central de dois pisos, rematado por frontão mistilíneo com um óculo no tímpano e enquadrado por duas torres laterais cobertas por cúpulas vazadas por óculos. Sua divisão vertical é marcada por pilastras toscanas.No segundo piso, o corpo central e as torres são vazados por portas-janelas de sacada com frontões típi-cos da arquitetura lisboeta.

InteriorO projeto de Landi conservou a fachada que já estava construída, incluindo o pórtico com arcadas, e adicionou-lhe o novo corpo de planta em cruz latina, mantendo a capela-mor com o pé direito redu-zido, da construção anterior, que contrasta com o restante da igreja.

No altar-mor conserva-se o retábulo joanino, onde se destaca uma colu-na salomônica com uma curiosida-de na decoração do fuste, no qual a figura do pelicano, tradicional na talha barroca, é representado com traços de um pássaro amazônico, certamente mais familiar para os índios que trabalharam a peça. No fuste aparecem também cachos de uvas, hastes de videiras, margaridas, flores, folhas de acanto, meninos atlantes e figuras aladas ostentando os símbolos da fé. Este conjunto da capela- mor e os púlpitos da �greja de Santo Alexandre são os mais im-portantes trabalhos de talha barro-ca no Pará.A ara do altar é revestida por mag-nífico painel de prata portuguesa lavrado com elementos decorativos simbólicos. Ele é composto por cinco seções quadradas separadas por frisos decorados com acantos, rosáceas e no centro uma estrela com raios lembrando um ostensó-rio. O painel é decorado com uma profusão de elementos naturalistas estilizados como volutas, rocailles e vasos, de modo que as formas se interligam, tornando difícil a leitura estética. Era guarnecido, também, por pedras semi-preciosas coloridas, retiradas ao longo dos anos. No centro de cada seção há

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um símbolo em prata dourada . A seção central traz o brasão dos car-melitas em prata.Este mesmo brasão da ordem é en-contrado no fecho do arco do retá-bulo.A nave ampla é dividida em três áreas, delimitadas por colunas de capitéis coríntios. Entre as colunas rasgam-se capelas pouco profundas, inscritas em vãos de arco pleno, en-cimados por painéis, reproduzindo fielmente o desenho de Landi . As colunas duplicam-se na junção da nave com o transepto. Este grupo de colunas de capitéis coríntios faz parte do traço cenográfico de Landi.Nas capelas laterais da nave há cinco retábulos com nichos, com-postos por elaboradas molduras que deveriam servir para enquadra-mento das telas, característica da arquitetura italiana que também se observa nas igrejas da Sé, Santana e São João. Esta composição das capelas laterais difere da projetada por Landi, que era mais simples. No entanto, encontram-se neste conjunto elementos característicos do traço do arquiteto italiano como arco mistilíneo, fogaréus, volutas invertidas, mísulas, centradas por cabeças de anjos.O desenho de Landi para os altares do transepto também foi traçado

de forma simplificada, diferindo das peças construídas. Os dois al-tares são muito parecidos na com-posição, tendo o coroamento com as mesmas características arquitetô-nicas como fogaréus, aletas em vo-lutas e frontões interrompidos em ângulo e segmentos de círculos. No corpo central destacam-se as pilas-tras, colunas e mísulas em volutas invertidas. O corpo inferior do al-tar correspondente ao embasamen-to, com uma planta movimentada em degraus, tendo a mesa do altar centralizada.Na nave principal há dois púlpitos encostados às duplas colunas, feitos a partir de desenhos de Landi. Em-bora não tenham sido previstos nos projetos para a igreja, eles asseme-lham-se ao púlpito desenhado por Landi para a Sé. Os ornatos dos púlpitos são da mesma linguagem dos retábulos do transepto desta igreja e dos altares laterais da Sé: cartelas envolvidas em concheados, frisos de boleados e volutas que sustentam o guarda-voz .

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2 - Ordem Terceira do CarmoTravessa Dom Bosco, ao lado da

Igreja do Carmo

FachadaA capela não tem fachada elabo-rada que anuncie sua presença. A fachada é composta por porta e janelas com molduras pombalinas que servem de vãos para salas des-tinadas aos serviços dos religiosos nos dois pavimentos da edificação que se localizam na área frontal da capela.

InteriorDe planta retangular, a nave da capela está ligada à capela-mor, da mesma largura, por um arco triunfal apoiado em duas colunas destacadas, solução comum na ar-

quitetura de Bolonha. As paredes laterais da nave são delimitadas por pilastras toscanas que seguem até a abóbada. Uma cornija de entablamento unifica a nave, per-correndo-a longitudinalmente, das colunas destacadas que antecedem o altar-mor ao coro alto. A simplici-dade na decoração das paredes da nave capela, em contradição com a nave da igreja, parece inspirada na elegante simplicidade das igrejas de Palládio na �tália, segundo o histo-riador da arte Robert Smith.Entre as pilastras há capelas laterais enquadradas em vãos em arco pleno pouco profundo, que per-mitem claramente perceber a con-cepção italiana do arquiteto, pois é um tipo de retábulo próprio para receber quadros emoldurados, como nas outras igrejas de Belém.O retábulo do altar-mor ocupa toda a largura e altura da capela e nele se distinguem três áreas:- A base, que tem um perfil movi-mentado com a disposição dos pedestais das colunas em ângulos, como na �greja de Santana.

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- Na área central destacam-se os nichos com peanhas nas laterais e a tribuna enquadrada por colunas sobrepostas a pilastras de mesmo acabamento.- Na área superior observa-se um coroamento com frontão mistilíneo com decoração radial no tímpano, ladeada por dois fogaréus.- Frisos e ornatos característicos das obras de Landi compõem a decoração deste altar, observando-se concheados, acantos, rosetas, folhagens, flores e volutas.Os sete retábulos laterais localizam-se sobre as mesas de altar que têm vo-lutas nas arestas. Na parte central, a imagem apoiada em uma peanha está enquadrada em uma moldura. No ornamento destacam-se sanefa semicir-cular franjada, cartela de concheados com emblemas da Paixão, e no coroa-mento um vaso florido (encontrado nas pinturas de quadratura de Landi em Barcelos) ladeado de fogaréus. As pilastras decoradas nas laterais da moldura terminam em volutas, repetindo um esquema idêntico ao encon-trado nos altares e no púlpito da igreja.

Cais da Ladeira do Carmo

Construído em �782, existiu até os anos �950.O Beco do Carmo era chamado de Caminho de São Boaventura, pois começava na Rua Norte e se prolongava até o convento dos re-ligiosos da Conceição da Beira do Milho.

Ligação entre a Praça do Carmo e o

Porto do Sal

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� - Palácio Velho

Segundo a tradição oral, o prédio teria sido residência dos governa-dores e sede do executivo durante uma fase do período colonial an-terior à construção do Palácio dos Governadores do Grão-Pará executado por Landi. Não há con-firmação documental e, por isso, pode-se apenas afirmar que é uma construção do período colonial.É um sobrado típico do estilo luso-brasileiro, com dois pavimentos de vãos alinhados, os do pavimento superior guarnecidos por sacadas com guarda-corpo em ferro trabal-hado. Sobre o pavimento superior observa-se uma camarinha ou mi-rante fazendo face à fachada principal.O prédio é tombado pelo �PHAN - �nstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, desde �944.

Marco - Esquina do Palácio VelhoHá três versões para explicá-lo:- Seria uma proteção das esquinas das edificações no período colonial e imperial contra o choque das car-ruagens ou carroças desgovernadas. Detalhe semelhante é encontrado na arquitetura de Porto Alegre, com essa justificativa.– Marco zero da primeira légua patrimo-nial. No limite da primeira légua na Avenida Almirante Barroso encon-tra-se marco semelhante.- Sinalização do nascimento de um varão na família da residência contí-gua, situação na qual funciona como um “marco fálico”. Hipótese menos provável, em função da re-pressão moralista da Coroa sobre o Brasil no período colonial.

Esquina entre a Travessa Dom Bosco (Praça do Carmo) e a Rua Doutor Assis

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Largo do Carmo

As praças do período colonial eram espaços privilegiados de sociabi-lidade e apresentavam símbolos de poder, como o pelourinho e a forca. Nelas também havia até cemitérios. Normalmente os no-bres e ricos eram enterrados nas igrejas e os demais em áreas vazias geralmente próximas às igrejas. O primeiro cemitério de Belém só foi

construído após �850.O Largo do Carmo, segunda praça de Belém, surgiu em função da �greja do Carmo. Em �724 foram instalados arcos ornamentais, no limite da Rua Norte com o Largo do Carmo, para cerimônias públi-cas, demonstrando a importância do largo para a vida da cidade.

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�greja do Rosário dos Homens Brancos

A Confraria do Rosário dos Ho-mens Brancos data de �6�0, con-forme documentos do Arquivo Público do Pará. Documentos comprovam que a igreja já estava construída em �77�.Segundo a planta do século XV���, a igreja era composta por uma construção principal maior e uma lateral menor, provavelmente desti-nada à sacristia. Neste registro não aparece a torre sineira. No entanto, num quadro da família Viana, da-tado de �920, a igreja aparece com torre do lado direito.Na década de �990, durante re-forma da Praça do Carmo, foram executadas escavações arqueológi-cas com a intenção de resgatar a

localização da igreja. Durante as prospecções, verificou-se que a igre-ja era circundada por enterramen-tos. Surgiu a hipótese de se tratar de um cemitério indígena, mas os esqueletros foram encontrados em posição horizontal e não fetal, como os índios são enterrados. Fo-ram também encontrados poços com esqueletros de pessoas de vá-rias raças, idades e sexos entreme-ados de cal, supondo-se tratar-se de uma vala comum ou de uma série de enterramentos do período das pestes do século XV���.A igreja foi demolida na década de �9�0, em função do estado de de-terioração.

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Rua Siqueira MendesAo contrário do que muita gente pensa, a primeira rua de Belém não é a Ladeira do Castelo, entre o Forte do Castelo e o Museu da Arte Sacra, e sim a Rua Norte, hoje Siqueira Mendes. Nela, no século XV��, estabeleceram-se os jesuítas com uma grande casa junto ao rio, que ocupava todo o quarteirão do Largo do Carmo. O nome atual é uma homenagem ao cônego Manuel José de Siqueira Mendes, político cametaense que chegou a presidente da província.

Bairro da Cidade VelhaSeu primeiro nome foi bairro da Ci-dade. Até o final do século XV���, tinha ruas estreitas de terra; largos em frente aos edifícios religiosos; lo-tes estreitos; edificações sem recuo frontal e afastamentos laterais. As ruas e largos não eram arborizados. Sua arquitetura era singela, predo-minando casas térreas com beirais nas coberturas.Os primeiros calçamentos apare-cem em meados do século XV��� e eram feitos de pedras irregulares encontradas na região. Esse sistema continuou até a segunda metade do século X�X.

Na transição para o século XX, o in-tendente Antônio Lemos faz uma significativa reforma urbana, regida pelas aspirações de modernidade, que coincide com o desenvolvi-mento do comércio da borracha. As ruas foram pavimentadas com paralelepípedos e as calçadas com pedras de lioz, as praças foram ar-borizadas e um novo código de pos-turas entrou em vigor, contribuin-do para a mudança da tipologia e fachadas das construções.Pelo novo código, os prédios des-tinados à habitação deveriam ter

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porão com abertura para ventilação; o pé direito foi elevado; limitou-se em 20 metros a altura máxima das edificações, exceto para prédios mais imponentes, como igrejas e palácios; a platibanda passou a ser obrigatória não apenas nas novas construções, mas em todas as que sofressem qualquer reforma.Essas medidas imprimiram ao centro histórico uma arquitetura homogênea e de volumetria determinada por duas tipologias predominantes:- Casa de porão com um ou dois pavimentos e platibanda, no alinhamento da via pública e sem afastamentos laterais, normalmente destinada ao uso unifamiliar;- Edificação tipo sobrado, de dois ou três pavimentos e platibanda, onde o andar térreo era para uso comercial e os demais para uso habitacional ou de serviço.

No mapa de �79� já havia cons-trução neste local, mas não foi encontrado registro dos primeiros proprietários. Segunda escritura do final do século X�X, o edifício pertenceu ao filho do Visconde do Arari, de família rica e ilustre da sociedade paraense. Passou por outros proprietários, até abrigar a fábrica de bebidas.A Fábrica Soberana instalou-se no edifício em �9�0 e funcionou até a década de �980, quando o dono morreu e a administração passou para os herdeiros. Depois foi desa-tivada e hoje voltou a funcionar.É um típico sobrado urbano do período colonial brasileiro, de uso misto, onde o pavimento térreo era

4 - Sobrado da Fábrica Soberana

Rua Siqueira Mendes

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destinado ao comércio ou serviço, ou até mesmo à acomodação dos escra-vos e o pavimento superior à residência da família.Este sobrado destaca-se do seu entorno pela dimensão da fachada, que apresenta equilíbrio dos cheios e vazios, revestida de azulejos portugueses. Os vãos em arco pleno são enquadrados por molduras em massa e fechados por esquadrias de madeira e vidro. No segundo pavimento observa-se o balcão em grade de ferro trabalhado.No coroamento, o beiral é forrado por cimalha, com condutores de ferro para descida de água da chuva. Como elemento decorativo destaca-se um frontão que tem o símbolo da Fábrica Soberana, dois pináculos e duas águias em ferro como suporte de luminárias.

5 - Garagem náutica da Tuna

Sobrado do período colonial, carac-terizado por fachada com vãos em arcos abatidos, simétricos e alinha-dos, com molduras simplificadas. No segundo pavimento, janelas guarnecidas de sacadas isoladas com guarda-corpos em ferro traba-lhados.O coroamento da fachada é de fei-ção art déco, feito por uma platiban-da de perfil escalonado, assentada em uma cimalha. Este coroamento foi acrescido em outra época, pois não tem nenhuma correspondência com o despojamento do prédio.Rua Siqueira Mendes

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6 - Sobrados da Fábrica Bitar

Estes sobrados ficam nas quatro esquinas da Rua Siqueira Mendes com Travessa Félix Rocque. Os dois foram, provavelmente, cons-truídos entre as décadas de �9�0 e �940. Têm três pavimentos e facha-da frontal de grande largura, com detalhes e ornamentos geométricos de inspiração art déco: nas mol-duras dos vãos, nos guarda-corpos em madeira das janelas e no perfil escalonado da platibanda. A altura do pé direito dos pavimentos deixa claro que são bem posteriores aos dois outros sobrados.

7 - Casa Soares

Provavelmente é do século XV���. Na fachada, desprovida de orna-mentos, predominam os cheios so-bre os vazios. Como características arquitetônicas ainda destacam-se a presença dos cunhais com soco, vãos de arcos abatidos, escala atar-racada com pé direito reduzido, pa-redes espessas e beiral com remate de cimalha.

Rua Siqueira Mendes

Rua Siqueira Mendes

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9 - Sede náutica do Clube do RemoO Clube do Remo, um dos mais an-tigos de Belém, fundado em �905, surgiu como clube de regatas. Neste prédio funcionavam a garagemnáutica e, até �920, também a sede social. O salão frontal, que era usado para eventos, hoje funciona como oficina de reparo dos barcos. Prédio de arquitetura eclética, ten-dendo ao kitsch, pintado em azul, cor do clube. O acesso é feito por um portão de ferro na lateral do prédio. O corpo da fachada tem

8 - Casa Rosada

É atribuída a Landi, em função dos ornamentos das molduras dos vãos das fachadas, que têm traços inspi-rados nos desenhos dele.Neste edifício identificam-se ele-mentos da arquitetura dos séculos

XV��� e X�X. Do século XV��� tem-se o beiral aparente rematado com cimalha, cunhais assentados em socos, verga de arco abatido. Já do século X�X observa-se as esquadrias com venezianas e vidro e guarda-corpo em ferro trabalhado com o monograma MJSC, de Mateus José Simões de Carvalho, capitão-enge-nheiro que viveu aqui na transição do século.

Rua Siqueira Mendes

Rua Siqueira Mendes

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Rua Félix Rocque

Primeiro chamou-se Rua da Rosa, depois Travessa da Residência, pois era o caminho que conduzia direto ao Palácio e Residência dos Gover-nadores da Capitania. O terceiro nome foi Rua da Vigia. Tornou-se “Félix Rocque” em �960, em hom-enagem ao grande promotor de espetáculos teatrais e musicais no arraial de Nazaré.É muito estreita, com casas de bei-rais e platibanda, sobressaindo-se uma delas com o modelo de cama-rinha – pequeno corpo elevado no edifício que constitui um pavimen-to superior.

um único vão de janela com esquadria de madeira e vidro. No coroamento,único vão de janela com esquadria de madeira e vidro. No coroamento, uma platibanda assentada sobre cimalha é rica em ornamentações, desta-cando-se o nome da edificação e um escudo envolto numa profusão de elementos náuticos.

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Rua Dr. AssisFoi o segundo caminho a ser aber-to na cidade e chamava-se Rua do Espírito Santo, em função de um destacado morador, o agricultor e plantador de cana-de-açúcar Sebas-tião do Espírito Santo. Era comum no período colonial que os mora-dores influentes denominassem lo-gradouros públicos. O nome atual é em homenagem a Joaquim José de Assis, rico político e jornalista, fundador de diversos periódicos em Belém.

�0 - �greja da SéHistóricoPrimeira igreja de Belém. Foi cons-truída provisoriamente dentro do Forte do Presépio, já dedicada à Nossa Senhora das Graças.Em �6�9, por causa da reconstru-ção do forte, foi transferida para o atual Largo da Sé, numa constru-ção precária. Cem anos depois, ao sediar a recém-criada Diocese do Pará, ganha direito e honras de sé episcopal.Em �72� o rei dom João V ordenou a construção de uma catedral, reco-mendando que fosse monumental. O autor da planta da igreja é desco-

Praça Frei Caetano Brandão

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nhecido.Durante a construção da catedral, o bispado funcionou na primiti-va Capela de São João Batista. As obras da catedral foram paralisadas de �76� a �766, diante de ameaça de insegurança na estrutura das pa-redes para receber a abóbada.Antônio José Landi tem seu nome ligado à catedral na segunda fase da construção. Quando chegou a Be-lém, em �75�, ele encontrou a Sé em construção, com andaimes até à altura do telhado, sem torre, docu-mentado na iconografia da cidade. O arquiteto atuou na decoração interna da igreja e na conclusão da fachada.Na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro há um conjunto de dese-nhos referentes à Sé - retábulo do santíssimo, planta da igreja, um corte longitudinal, guarda- vento, retábulo da capela lateral e outros pequenos detalhes. Apenas o pri-meiro deles está assinado por Landi mas, segundo a pesquisadora �sabel Mendonça, a análise do traço e da grafia dos desenhos permitem afir-mar que são do arquiteto.A construção da Sé durou 26 anos e a igreja recebeu a visita do impera-dor dom Pedro ��, em �876.Em �882, o interior da igreja so-fre uma reforma radical, ordenada

pelo bispo dom Antônio de Mace-do Costa. Substituiu-se a maioria dos revestimentos originais e cons-truiu-se um novo altar-mor, oferta-do pelo bispo. Da reforma parti-ciparam diversos artistas italianos como o escultor Luca Carmini e o pintor Domenico De Angelis, além de Lottini e Silvério Caporoni.A intervenção modificou alguns elementos da identidade artística do interior da igreja, com a retirada dos retábulos do altar-mor e dos al-tares do cruzeiro, a substituição dos púlpitos (os atuais são de ferro) e o acréscimo de candelabros de ferro fundido. No entanto, a fachada do templo não foi desfigurada. A obra terminou em �892, quando dom Macedo Costa já não era mais bispo do Pará e sim arcebispo da Bahia.A monumentalidade da Sé foi re-ferência no século XV���. O padre João Daniel em sua obra “Tesouro Descoberto no Máximo Rio Ama-zonas”, escrita na prisão de Lisboa, destaca a grandiosidade da matriz, colocando-a no mesmo patamar das mais famosas igrejas do mundo, referindo-se à sua forma, material e técnicas construtivasA Catedral Metropolitana de Be-lém foi tombada pelo �PHAN em �94�.

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FachadaQuando Landi chegou na cidade, a igreja já estava construída até a altura da cimalha maior. Vieram prontas de Lisboa as três portadas de acesso, uma principal e duas laterais, assim como as molduras das três janelas cen-trais em pedra de lioz e em estilo pombalinoTodo o arremate superior é atribuído a Landi : duas torres, dois pináculos e o coroamento central. No frontão do coroamento central o arquiteto reproduz a forma de curvas e contracurvas do frontão da portada portu-guesa. No nicho do coroamento existe hoje a imagem da Nossa Senhora de Belém.A fachada apresenta elementos arquitetônicos freqüentemente usados nas obras de Landi: obeliscos, curvas e contracurvas, molduras, medalhões, óculos, vasos com fogaréus e cobertura das cúpulas, imitando lajes em for-ma de escamas.

Praça da Sé

Primeira área urbana de Belém que surge relacionada com a religião e com a defesa. Era uma “praça das armas” e nela se abrigavam os soldados de Caldeira Castelo Branco. Lá ficavam as primitivas igrejas de Nossa Senhora das Graças e do Santo Cristo, o forte e o casario, constituindo a formação da colônia conhecida como Feliz Lusitânia.Em �7�4, havia na praça um pelourinho e uma polé (instrumento de tor-tura). Em função da catedral, a praça foi denominada de Largo da Matriz. No século XV��� a arquitetura do entorno da praça muda significativamente, com a interferência de Landi na reforma da fachada da catedral e a cons-trução do Hospital Militar.

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Escultura de frei Caetano Brandão

Esse religioso chegou a Belém em �78� e foi o quarto bispo do Pará.

Desenvolveu intenso trabalho social na cidade, dando início à Confra-ria da Caridade e à construção do Hospital da Santa Casa da Miseri-córdia (Hospital do Bom Jesus dos Pobres). Por isso foi homenageado pela municipalidade, no final do século X�X, com uma estátua em bronze com pedestal em mármore. A escultura foi iniciada por De An-gelis em Roma e, por causa de sua morte, concluída por E. Quattrini.

Os jesuítasA ação dos jesuítas na Amazônia começa em �652. Em �65�, come-ça a funcionar o colégio de Belém. Eles também ajudavam a educar os membros de outras ordens religio-sas aqui instaladas.A ordem defendia a liberdade dos índios, protegendo-os da explora-ção pelos colonos, o que colocava os jesuítas em atrito com a popula-ção de Belém. Este atrito culminou com a prisão do padre Antonio Vieira, em �66�. No mesmo ano, colonos expulsaram os jesuítas de Belém e do Maranhão. Eles volta-ram ao colégio, a pedido da Corte, mas a partir do incidente centra-

ram-se na catequese e no ensino.Com a ascensão de dom José � ao trono de Portugal, em �750, come-çaria o fim do período jesuítico na Amazônia. O Marquês de Pombal combateria o grande poder da no-breza e do clero na metrópole e na colônia, com objetivo de centralizá-lo nas mãos do Estado e acumular o capital de que Portugal precisava.Em �760, os jesuítas foram defini-tivamente expulsos do Grão-Pará e Maranhão. O Marquês de Pombal determinou que os bens materiais da companhia fossem entregues à administração do bispado.

Praça Frei Caetano Brandão

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�� - �greja de Santo Alexandre

A igreja primitiva, construída em �690, teve como patrono São Fran-cisco Xavier, fundador da ordem jesuíta. Depois passou a chamar-se Santo Alexandre, mesmo nome do colégio que era mantidos pelos je-suítas.A igreja definitiva foi construída pela mão-de-obra indígena e em alvenaria de pedra, técnica introdu-zida no Brasil pelos jesuítas. Este é um edifício monumental, na escala das obras jesuíticas. Santo Alexan-dre em Belém e a Sé da Bahia são consideradas as maiores igrejas dos jesuítas no Brasil.É importante observar o contraste da fachada despojada, de grande simplicidade ornamental, com a exuberância decorativa interna.

A fachada principal mostra um cor-po central de três andares divididos em três panos, com um coroamen-to em frontão de volutas, ladeado por torres sineiras com cúpulas bul-bosas. Havia cinco sinos nas duas torres, e em uma delas, um relógio. Nos nichos do frontão apareciam os santos fundadores da ordem: Santo �nácio de Loyola (no centro), São Francisco Xavier e São Fran-cisco de Borja. Os pavimentos são delimitados por cimalhas, que se prolongam nos corpos das torres sineiras e os três panos são inter-calados por pilastras decoradas por molduras geométricas e rosetas.No térreo há três portais em pedra de lioz com frontão de volutas ain-da de espírito maneirista, sobrepos-to por janelas de sacada.Dentro da igreja existe uma inter-venção de Landi na decoração da

Praça Frei Caetano Brandão

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falsa abóbada da capela-mor. É um desenho de grande simplicidade e rigor geométrico, inspirado nos tratadistas italianos, onde Landi deixa assinala-da a sua formação acadêmica.Na lateral esquerda do prédio situa-se o antigo colégio jesuíta.A igreja tem tombamento federal realizado pelo �PHAN, e hoje faz parte do Museu de Arte Sacra de Belém, sendo ainda palco de eventos religiosos e culturais.

�2 - Colégio Santo AlexandreA primeira construção, de �65�, tem a fundação em pedra e cal e o restante em taipa de pilão. Em �670 foi iniciado o prédio atual. Em fun-ção de várias reformas, as linhas da fachada atual são de meados do sé-culo XV���.Os jesuítas transformaram os ín-dios em técnicos dos mais diversos ofícios. Alguns móveis da igreja e do colégio foram executados pelos próprios jesuítas ou pelos índios nas oficinas do colégio, destacando-se as imagens dos anjos tocheiros e o púlpito da igreja.O colégio assumiu a função de en-treposto geral das missões jesuítas da Amazônia e de eixo da coloni-zação lusa . Na metade do século XV���, na época de expulsão dos jesuítas, o conjunto arquitetônico transformou-se em residência ofi-cial dos bispos diocesanos. No tér-reo do colégio, surgiu o Armazém

de Armas, projeto de Landi, edifi-cado em �762, após a expulsão da companhia do Pará.Com a superposição da planta de Landi sobre a planta do colégio identifica-se um espaço da sala das armas que corresponde à atual Ga-leria Fidanza, utilizada para exposi-ções temporárias no Museu de Arte Sacra.O antigo Palácio Episcopal tam-bém é tombado pelo �PHAN e tem, desde �998, a função de Museu de Arte Sacra conjugada com o uso de galeria de arte, loja, cafeteria, ofi-cina de restauração e espaços para eventos culturais.

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�� - Forte do Castelo

�nicialmente, era um forte de ma-deira coberto de palha, denomina-do Presépio, não só porque tinha este aspecto visto da Baia do Gua-jará, mas também porque a expedi-ção de Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para Belém no dia de Natal.Este forte fazia parte da linha de defesa da cidade junto com o Forte São Pedro Nolasco e a Fortaleza de Nossa Senhora das Mercês da Bar-ra.

Dentro do primitivo forte ergueu-se a primeira capela de Nossa Senho-ra das Graças. No século XV���, foi reformado em taipa de pilão, por técnicos do reino e ganhou o nome de Castelo do Senhor Santo Cristo, ou simplesmente Forte do Castelo.Na década de �8�0 serviu de refú-gio para os cabanos e foi palco de sangrentos combates.Em �850 virou quartel, acrescen-tando-se no seu interior diversas construções.No século XX foi desativado e ser-viu como depósito e área de servi-ços da 8º Região Militar.

Praça Frei Caetano Brandão

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�4 - Casa das Onzes Janelas – Hospital Real

HistóricoO antigo Hospital Real funcionou inicialmente no Forte do Presépio. O novo prédio foi construído em �768, na propriedade de Domingos da Costa Bacelar, onde havia algu-mas casas. Landi foi o arquiteto res-ponsável pela obra de adaptação.Existem alguns desenhos assinados por Landi para o Hospital Real, porém, como não há descrição de como eram as casas, também não há como determinar a extensão da interferência do arquiteto.

FachadaO corpo principal da edificação tem dois pisos. A fachada principal

é simetricamente composta por ja-nelas e portas-janelas enquadradas por cunhais apilastrados. Os vãos de janelas e portas em verga reta possuem molduras com frontões re-tos, as janelas do piso superior têm guarda-corpos de gradis de ferro .A maioria dos traços da fachada frontal é inspirada na arquitetura portuguesa, destacando-se o guar-da-corpo de gradis em ferro sim-plificado, elemento da arquitetura pombalina, enquanto a fachada posterior voltada para o rio tem nos dois pavimentos a assinatura italiana de Landi, com a presença de galerias em arcos denominadas de loggie.

Praça Frei Caetano Brandão

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Rua Dr. MalcherAntiga Rua dos Cavaleiros, em fun-ção da presença dos irmãos comer-ciantes Cavaleiros, foi o terceiro caminho a ser aberto na Belém do século XV�� . O nome atual home-nageia o dr. José da Gama Malcher, médico da Santa Casa de Miseri-córdia, presidente da província e da Câmara Municipal de Belém.

�5 - Palácio e Residência dos Governa-dores do Grão-Pará

HistóriaA primeira edificação erguida para funcionar como Palácio dos Gover-nadores do Grão-Pará é do princí-pio de �7�5, e situava-se no Largo da Sé, esquina do Espírito Santo,

Praça D. Pedro II

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no bairro da Cidade.Em �759, o governador do Grão-Pará, Manuel Bernardo de Mello de Castro, comunica à Corte a péssima situação em que se en-contrava o Palácio da Residência dos Governadores. Landi faz uma vistoria no prédio e envia à corte o primeiro projeto para o novo palá-cio. Esta proposta corresponde ao desenho da fachada principal e um corte transversal, apresentados em uma mesma prancha, assinada por Landi.O segundo projeto, recentemente divulgado por �sabel Mendonça, corresponde a dois desenhos: a planta baixa e a fachada principal, em conjunto com um corte longitu-dinal do prédio.O terceiro foi solicitado pelo capi-tão-general Fernando da Costa de Ataíde e Teive a Landi, visando a uma monumental edificação, que deu origem à grandiosa escala que o prédio apresenta. O palácio atual é fruto desse projeto. Comparando os desenhos de �78�, feitos por Co-dina, desenhista da expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, e os do terceiro projeto de Landi, perce-be-se algumas diferenças entre eles, o que leva a crer que houve altera-ções durante a obra.O terceiro projeto de Landi foi am-

plamente documentado e divulga-do. Faz parte de uma coletânea de 22 desenhos, reunidos em duplica-ta em dois álbuns, executados pelo arquiteto, que foram ofertados ao governador Ataíde e Teive e a dom José. São álbuns ricamente enca-dernados, com dedicatórias em cartelas envolvidas por desenhos ornamentais e arquitetônicos, ao gosto bolonhês.Em �768, sob a direção do mestre pedreiro Jerônimo da Silva, come-çaram as obras, após a compra de três edifícios contíguos, para dar es-paço à edificação e seu jardim.Usou-se materiais de uma olaria criada pelo governador especial-mente para a obra. Também foram usados materiais importados de Lisboa, principalmente no acaba-mento.O Palácio dos Governadores, consi-derado a maior obra civil de Landi, criou um expressivo impacto urba-nístico na cidade do século XV���. Sua monumentalidade sempre foi ressaltada pelos viajantes que passa-ram por Belém durante a colônia e o império. Alexandre Ferreira, hós-pede do prédio no século XV���, deixa transparecer que as dimen-sões do palácio eram incompatíveis com os recursos do governo para sua manutenção. Na primeira me-

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tade do século XX, a monumen-talidade do edifício também foi observada por Robert Smith, que faz comparações entre ele e outras construções de Salvador e Rio de Janeiro.O palácio foi concluído em �77�, sendo ocupado somente no ano seguinte pelo sucessor do gover-nador Ataíde e Teive, João Pereira Caldas.No início do século XX, no gover-no de Augusto Montenegro, o pré-dio sofreu uma reforma ecletizante, que o tornou mais luxuoso, ao gos-to da época da borracha. Na década de �970, passou por uma restaura-ção, que recuperou grande parte do traçado de Landi.

ArquiteturaO edifício obedece ao partido ar-quitetônico do Brasil colonial, com ocupação total dos limites frontais e laterais do lote. Nos fundos, o pro-jeto incluía um amplo jardim como parte do conjunto da edificação.No interior do palácio há dois ele-mentos que traduzem muito bem o traço italiano de Landi: a bela esca-daria principal e um pátio interno com varanda de arcadas.

FachadasPrincipalO conjunto das fachadas do Palácio de Landi tem composição horizon-tal concebida como uma grande massa homogênea, estética caracte-rística da arquitetura civil barroca.A fachada principal apresenta um corpo central de três pavimentos, coroado por frontão triangular reti-líneo com o tímpano desprovido de ornamentos, e se mantém no mes-mo plano dos corpos laterais. O que reforça sua horizontalidade é a presença de um conjunto de cor-nijas nos corpos laterais, que têm continuidade nas três outras facha-das: duas nos limites da platibanda e uma na divisa dos pavimentos.São linhas de força que imprimem ao monumento o caráter maciço como constituição de um corpo único, solidamente assentado, esti-lo característico das edificações se-tecentistas, época de sua construção.A presença das platibandas das fa-chadas é um detalhe arquitetônico incorporado à edificação no decor-rer do século X�X.A disposição rítmica das aberturas na fachada, alinhadas na horizontal e na vertical, sua largura, em con-junto com a predominância dos panos de paredes, reforçam o cor-po homogêneo construtivo, bem

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como o desenvolvimento horizon-tal do monumentoNa composição da fachada princi-pal, no eixo central do primeiro pa-vimento, três vãos de arcos abatidos formam os acessos frontais ao mo-numento. No segundo pavimento, há �5 janelas em arco abatido: �2 têm guarda-corpos entalados com balaústres coríntios em pedra de lioz, e os três centrais são guarne-cidos por balcões com balaustradas também coríntias, em cantaria de lioz, apoiados em grandes mísulas trabalhadas com motivos clássicos, no mesmo material.O balcão central é o maior e enfa-tiza a marcação do eixo do edifício. No terceiro pavimento, a janela central também recebe um balcão no mesmo material, com menor profundidade.Os guarda-corpos com balaústres coríntios, balcões e mísulas, todos em pedra de lioz, são detalhes ar-quitetônicos importados de Lisboa pelo governador Augusto Montene-gro. Os balcões tem a função de ser o espaço de apresentação dos políticos ao povo.O traço vertical da fachada prin-cipal é marcado pelo conjunto de pilastras dóricas pouco salientes, que a compartimentam em áreas, nos limites do corpo central e na

união das outras três fachadas. São as únicas pilastras do projeto de Landi que permaneceram no cor-po da edificação. Todas as pilastras apresentam bossagens inseridas nas superfícies, tratamento eclético. Os vãos das três portas de entrada são revestidos de cantaria de lioz, importada de Lisboa, em conjunto com as balaustradas dos guarda-cor-pos entalados e balcões da fachada. Estes vãos têm vedação em grades de ferro trabalhadas em estilo neo-rococó, com o brasão do Estado e armas republicanas.Os símbolos ou iniciais (Estado do Pará) nas grades de ferro da fa-chada, mostrando a referência da propriedade, foram muito usados nas construções ecléticas. Na base do portão principal há um rótulo de metal da Casa Tony Dussieux de Paris, a mesma que forneceu o material para o reservatório de fer-ro de São Brás.A fachada tem ainda seis lampiões em ferro trabalhado, simetricamen-te posicionados, e um conjunto de condutor de águas pluviais inspira-do no estilo manuelino, com braça-deiras ornamentadas.O acabamento das calçadas exter-nas também é resultado da inter-venção do início do século XX. Os pisos dos passeios são revestidos

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com mosaicos de grés amarelo, ver-melho e preto, formando desenhos geométricos ornamentais. Estes mosaicos são de origem francesa, da fábrica de Pot Saint Maxence.

Fachada posterior Esta fachada era considerada pe-los estudiosos como a parte mais italiana do prédio. Foi reintegrada ao modelo do projeto de Landi, em grande parte, na restauração da dé-cada de �970, reabrindo-se as jane-las de peitoril no térreo e a varanda do segundo pavimento.A varanda tem cobertura de arcadas e é fechada com guarda-corpo em grade de ferro em toda a extensão. Partindo deste pavimento, existe uma escada de ferro com guarda-corpo trabalhado no mesmo mate-rial. Segundo as plantas de Belém do sé-culo XV���, nos fundos do Palácio dos Governadores havia um amplo jardim que fazia parte do conjunto da edificação. Este jardim era ador-nado por uma cascata e foi palco de grandes recepções. Onde ele se encontrava, hoje está o Fórum.

Fachadas laterais As fachadas laterais apresentam rit-mo nas aberturas com vãos em ar-cos abatidos e predominância dos

panos de paredes. Na fachada lateral direita, desta-cam-se os vãos que correspondem ao acesso e à janela de iluminação da capela. Eles foram reconstitu-ídos na restauração da década de �970. As molduras dos vãos da ca-pela têm elementos característicos de Landi, que também são encon-trados nas portadas pombalinas em lioz, importadas de Portugal, para as igrejas do Carmo, Mercês e Ca-tedral. O historiador Antônio Baena rela-ta que o primeiro Círio de Nazaré – realizado em �79�, no governo de Francisco Souza Coutinho, saiu da capela do palácio,

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Casa da ÓperaPor encomenda do governador João Pereira Caldas, Antônio José Landi fez o projeto de um teatro. A obra começou em �775 e durou cinco anos. No mapa da cidade feito em �79� por Teodósio Constantino Chermont, percebe-se que o teatro, com uma planta retangular, ficava ao lado esquer-do do Palácio dos Governadores, aproximadamente onde é hoje a Praça Felipe Patroni.

Praça Dom Pedro ��

É a terceira área urbana vazia a se tornar praça em Belém. Surge por-que no local estavam situados o pa-lácio do governo e os quartéis.O Largo do Palácio, como se cha-mou durante todo o período colo-nial, era um alagado, o Piri de Ju-çara, que delimitava os bairros da Cidade (Cidade Velha) e Campina (Comércio).O engenheiro alemão Gronsfeld, que veio para Belém junto com Landi, apresentou um plano de melhoria para a área, interligando

vários cursos d’ água, tornando-os navegáveis. O plano não foi apro-vado. O que ocorreu foi a drenagem e o aterro do alagado do Piri, na primei-ra metade do século X�X, primeira grande obra de urbanização da ci-dade. Como resultado, surgiram a Praça Felipe Patroni, o edifício da Prefeitura, e parte das ruas Ânge-lo Custódio e �6 de Novembro. O aterro possibilitou ainda o desen-volvimento do bairro da Campina e a consolidação do Largo do Palá-cio como espaço público.Para a praça, Landi deixou dois de-senhos de arcos triunfais, um dedi-cado ao rei dom José e o outro a Ataíde e Teive. O projeto nunca foi executado.Com a inauguração do monumen-to ao General Gurjão, em �5 de agosto de �882 (data da Adesão dodo

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Pará à �ndependência) o Largo do Palácio passou a se chamar Praça da �ndependência.

Estátua do General Gurjão

O general Hilário Maximiano An-tunes Gurjão foi um herói paraense da guerra do Paraguai, que morreu

por ferimentos da batalha de �tor-oró. O monumento, todo em már-more, tem �5 metros de altura e só a estátua do general, em bronze, mede três metros de altura. Abaixo, os quatro leões simbolizam a força. Em outro nível existem quatro out-ras estátuas de 2,5 m de altura que representam Valor, Lealdade, Méri-to e Marte . Entre os dois níveis das estátuas observa-se diversas alegori-as referentes a passagens da Guerra do Paraguai.

�6 - Palácio Antônio LemosA obra começou na década de �860, sofreu várias interrupções e foi concluída somente em �885. Foi projetado por José Coelho da Gama e Abreu para ser a sede do Prefeitura e da Câmara Municipal.Durante a gestão do intendente Antônio Lemos, no início do séc-ulo XX, o edifício passou por uma reforma ecletizante, acrescentando-se revestimentos de piso, paredes e

Praça Dom Pedro II

Praça Dom Pedro II

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substituição de forros, além de mo-biliário.�nternamente, chama a atenção uma escadaria de mármore em lances. Tem também uma pinaco-teca onde se destacam os quadros pintados a óleo “ Os últimos dias de Carlos Gomes” de Domenico de Angelis e Giovannni Capranesi e “Fundação da Cidade de Belém” de Theodoro Braga.Em �97�, na administração de Nélio Lobato, o prédio recebeu os restos mortais de Lemos, falecido em �9�� no Rio de Janeiro.No inicio de �990 entrou em res-tauro, concluído em �994, com a instalação do Museu de Arte de Belém e o gabinete da prefeitura.É tombado pelo �PHAN, desde �942.

ArquiteturaO edifício é de estilo império bra-sileiro e utiliza-se do repertório trazido pela Missão Francesa, co-ordenada por Grandjean de Mon-tigny, que introduziu o neoclássico no Brasil.A cobertura é coroada por três frontões triangulares.A fachada principal é simétrica, tri-partida, e marcada por um pórtico central destacado, com um terraço. A marcação vertical da composição

da fachada é feita por pilastras no primeiro pavimento e colunas no segundo.Todos os vãos externos, emoldura-dos em massa, são em arco pleno, alinhados na horizontal e na ver-tical. No pavimento superior há portas-janelas com sacadas isoladas com guarda-corpos de ferro. No térreo, os vãos são janelas de peitoril.As fachadas laterais apresentam o mesmo tipo de composição: ritmo nas aberturas com vãos em arco pleno e o mesmo padrão de acabamento da fachada frontal.A fachada posterior tem a mesma composição dos vãos das outras fachadas, com um pórtico central destacado, menos profundo que o da fachada frontal.

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Comparação entre os dois paláciosUma comparação entre os palácios de Landi, prédio do século XV���, e o Antonio Lemos, do século X�X, permite observar algumas diferenças: - Abertura dos vãos em relação aos panos de paredes: no Palácio de Landi, a parede predomina em relação aos vãos e no Palácio Antonio Lemos há equilíbrio entre os vãos e panos de paredes; - Altura do pé direito dos pavimentos observando-se as molduras dos vãos: embora esteja assentado em uma base elevada, o Palácio de Landi tem pé direito reduzido em relação ao Palácio Antonio Lemos;- Movimento de fachada: o Palácio Antonio Lemos apresenta colunas e pórticos destacados nas fachadas, já no Palácio de Landi o destaque de plano da facha da é feito pelas sacadas, introduzidas no século XX. Na fachada posterior, entretanto, existe o destaque da escada de ferro, elemen to de composição italiana introduzido por Landi.

�7 - �nstituto Histórico e Geográfico - Solar Barão do Guajará

HistóricoO Solar do Barão de Guajará- o his-toriador Domingos Antonio Raiol - vai completar quase 200 anos mas ainda não se descobriu a data exata da construçãoO barão herdou o prédio pelo casamento com a sobrinha do Vis-conde de Arari e tornaram-se, ele e a família, os últimos moradores do

Rua Tomázia Perdigão, na Praça Dom Pedro II

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solar .O prédio, dividido em três pavi-mentos e um mirante, abrigava al-cova, quartos, salas, biblioteca, pá-tio e pequenos cubículos no térreo, usados como cárcere de escravos.Enquanto pertenceu ao Barão de Guajará, o solar sofreu várias modi-ficações. Desapareceram as cavalari-ças e a capela. Parte do terreno dos fundos foi vendida, mas restaram os móveis do visconde e do barão e também os mais de mil livros de Raiol, guardados ainda nas bonitas estantes em jacarandá, obra de mar-cenaria portuguesa.Domingos Antônio Raiol morreu na casa, em 27 de outubro de �9�2, com 82 anos. Em �942, o prefeito Abelardo Leão Condurú adquiriu, do herdeiro Pedro Raiol, o prédio, os móveis e a biblioteca, que foram doados em �944 pelo prefeito Al-berto Engelhard ao �nstituto Histó-rico e Geográfico do Pará. O Solar do Barão de Guajará é tom-bado pelo �PHAN desde �94�.

ArquiteturaA tipologia arquitetônica urbana que predominava no início do sé-culo X�X em Belém, era de casas pequenas e térreas. Por isso desta-cavam-se os solares, edificações as-sobradadas, de grandes dimensões,

com distribuição simples: o térreo é reservado para serviços, lojas e dependências de empregados, en-quanto os pavimentos elevados eram reservados para a família.O Solar do Barão enquadra-se nes-ta tipologia, com um acréscimo do pátio interno descoberto, comum nas edificações rurais, podendo-se considerá-lo uma influência moura na arquitetura ibérica, transplanta-da para Belém. Com a planta bem resolvida, esse pátio deixa clara a preocupação com o conforto am-biental, permitindo, em conjunto com as sacadas na fachada, a liga-ção interior e exterior em quase to-dos os compartimentos.O prédio não tem recuo, avança sobre os limites laterais e sobre o alinhamento da rua, implantação tradicional da arquitetura colonial. Na segunda metade do século X�X, a edificação foi reformada, com in-corporação de materiais e técnicas disponíveis pela crescente indus-trialização, como as esquadrias de venezianas com vidros e os condu-tores de água da chuva, fabricados em ferro. O terceiro pavimento, mais estreito que os inferiores, fica no meio da fachada e tem origem no mirante e camarinhas comuns nas constru-ções do Brasil Colonial.

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As janelas rasgadas do segundo pa-vimento abrem-se para sacadas iso-ladas com guarda-corpos de ferro trabalhado em singelas curvaturas românticas. A correspondente ao vão central, é a maior e tem guarda-corpo curvo com monograma inse-rido no centro, hábito das famílias de individualizarem os prédios. A fachada é revestida por azulejos portugueses decorados em azul e branco. Não se sabe de quando da-tam, mas é certo que são posteriores à construção do prédio. Segundo o professor português Santos Simões, não há elementos que permitam testemunhar uma fabricação de azulejos deste tipo em Portugal an-

Rua Dona Tomázia Perdigão

O nome original, �lharga do Palácio, foi alterado em �895 para Tomázia Perdigão, mãe de duas figuras dest-acadas da Câmara Municipal no agitado período da Cabanagem.

tes de �850. A professora Paula Por-tela informa que o Solar do Barão de Guajará é a fachada azulejada mais antiga de Belém.Merece destaque o condutor de águas pluviais em ferro, ricamente decorado com motivos zoomórficos e braçadeiras trabalhadas, fazendo arremate nas extremidades da fa-chada. O contraste com o condutor do vizinho à direita denuncia a po-sição social do proprietário. Os bei-rais lateral e posterior do segundo e terceiro pavimentos são forrados de madeira com cachorros aparentes trabalhados.

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Largo de São JoãoTambém conhecido como Praça República do Líbano, porque mui-tas famílias libanesas moram na área. Quando restaurou a Capela de São João, o �PHAN instalou na praça um obelisco em forma de agulha, forma empregada por Landi nos riscos de seus projetos e desenhos, conforme se observa no frontão da catedral.

�8 - Cinema Universal

Edificado na década de �940, era explorado pela empresa Cardoso e Lopes (dona dos cinemas Mod-erno, �ndependência e Rex, depois Vitória, na Pedreira). Fechou pri-meiro que o vizinho e concorrente,

o Cinema Guarani. Por muito tem-po foi depósito do Supermercado São João. Espacialmente, lembrava o Cinema Olímpia: a tela ficava no inicio do salão, de costas para o acesso principal.A fachada, com inspiração art déco, apresenta composição simétrica com elementos verticais de forte expressividade. O escalonamento, característica marcante do estilo, é encontrado no perfil do coroamen-to da fachada e na moldura da aber-tura central que ilumina o interior.

Largo de São João

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�9 - Capela de São João Batista

HistóricoA construção da primeira capela de-dicada a São João Batista, em taipa de pilão e coberta de palha, come-çou provavelmente em �622. Em �66�, a capela serviu de prisão para o jesuíta padre Antônio Vieira.Em �686, a primitiva capela foi de-molida, em função do avançado es-tado de deterioração. Uma segunda igreja foi construída em seu lugar, também em taipa, e resistiu por quase um século.Em �7�9, quando foi criado o Bis-pado do Pará, a �greja de Nossa Se-nhora das Graças foi elevada à con-dição de catedral de Belém, porém, como estava em ruínas, as funções religiosas foram transferidas para a Capela de São João Batista em �724, quando terminaram as obras da Sé.A igreja atual é a terceira edificada,

sempre no mesmo local, e data da década de �870. Foi projetada por Landi, que desenhou a planta bai-xa, fachada principal e um corte e a composição da pintura de quadra-tura para o retábulo da capela-mor. O historiador da arte francês Ger-main Bazin considera esta capela a obra prima de Landi.O monumento foi tombado pelo �PHAN em �94�.

InteriorA capela tem como singularidades a nave em formato octogonal irre-gular coberta por cúpula, contida num quadrado, assim como as pin-turas de quadratura nos acabamen-tos dos retábulos.A nave tem altares laterais na pa-redes maiores, e vãos menos pro-fundos nas paredes menores. Nas paredes, as pilastras duplas chegam até o coroamento da cimalha. Na cúpula de perfil octogonal que co-bre a nave quatro janelas auxiliam na iluminação interna.A capela-mor, inscrita num quadra-do junto à nave, une-se à ela por

Largo de São João

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um arco triunfal e é coberta por uma abóbada.Em meados do século XX o interior foi bastante alterado, com a instala-ção de altares de madeira em estilo neogótico encobrindo as originais pinturas em perspectiva dos retábu-los. A estas pinturas chama-se “pin-turas de quadratura”, que repre-sentam retábulos fictícios pintados em perspectivas. Foram resgatadas na restauração feita na década de �990, com a retirada dos altares de madeira.A composição de quadratura do altar-mor cobre toda a parede do fundo até a abóbada. Nessas pintu-ras inclui-se a ilusão de vãos, ante-cedidos por balaustradas, tribunas, vasos floridos, aletas e volutas entre outros elementos. As pinturas são em rosa e verde, imitando mármo-re.Os mesmos elementos arquitetôni-cos se repetem nas capelas laterais, mas com muito mais simplicidade. As telas estão enquadradas num retábulo de pintura de quadratura, onde se destaca a ilusão de colunas e vasos floridos. Essas telas datam de �772 e representam a pregação e a decapitação de São João Batista. Leandro Tocantins informa que em �8�8, nos moldes das igrejas italianas, existiam no altar-mor e

nos laterais telas pintadas pelo lis-boeta Pedro Alexandrino de Carva-lho, com molduras desenhadas por Landi.

FachadasA fachada frontal é dividida por ci-malhas em dois pavimentos e arre-matada por um frontão triangular. O pavimento inferior é delimitado lateralmente por pares de colunas. No pavimento superior a fachada é delimitada por duas pilastras. So-bre o frontão observa-se dois piná-culos nas extremidades e a cruz no vértice.No eixo da fachada estão alinhadas a porta principal e uma janela que corresponde ao coro. A moldura da porta é ornada por volutas inverti-das e um frontão contracurvado. A janela apresenta frontão de perfil de pagode. No tímpano do frontão da porta observa-se uma escultura representando o Cordeiro do Divi-no apoiado em um pedestal e no tímpano do frontão da janela uma concha.O pequeno campanário na lateral direita e o anexo ao fundo do pré-dio não estavam previstos no pro-jeto de Landi e surgiram posterior-mente.

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20 - Casa do poeta Bruno de Menezes

O poeta Bruno de Menezes foi membro da Academia Paraense de Letras e propagou o modernis-mo no Pará através de sua revista “Belém Nova”. Sua casa, onde hoje moram as filhas, é uma edificação eclética com características das construções da transição do século

X�X ao XX.A fachada mantém o alinhamento frontal e lateral do lote com a com-posição de “meia-morada” (uma porta e duas janelas). No embasa-mento, observa-se o óculo do porão baixo, que tinha a função de arejar e proteger da umidade do solo o piso do primeiro pavimento, técnica de conforto ambiental introduzida no final do século X�X. As janelas da fachada em arco pleno são vedadas por esquadrias de madeira e vidro. A bandeira da porta e o guarda-cor-po das janelas são grades de ferro trabalhado. A platibanda é compos-ta por painéis, intercalando com balaústres de alvenaria, e marcada na base por expressiva cimalha.

2� - Cinema Guarani

Construído no início da década de �940, foi explorado pela em-presa Teixeira e Martins depois Cinematográfica Paraense Ltda. e finalmente, depois de �946, por

Rua João Diogo

Rua João Diogo

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Luís Severiano Ribeiro, também proprietário dos cinemas Olímpia, �racema, Poeira, Popular, Íris e São João. Era um cinema de bairro e inicialmente só fazia uma sessão às 20 horas nos dias de semana. Aos sábados, domingos e feriados havia vesperais. A sala era pequena, com poltronas de madeiras e venti-ladores laterais.No século passado, o Guarani foi vendido para o Banco Sul Brasilei-ro. Hoje é ocupado pelo Ministério

Público.É um prédio com fachada simétrica em art déco. A decoração no corpo da platibanda tem linhas e planos verticais e horizontais fortemente definidos e contrastados. No alto da platibanda há um recorte em escalonamento e uma marquise de concreto.

Praça Felipe PatroniGrande constitucionalista, criou “O Paraense”, primeiro jornal do Estado.

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22 - Estação do Bonde

Construída no local de um sobrado de transição dos séculos X�X e XX, incendiado em 2002. A área foi desapropriada pela prefeitura, que ergueu um prédio contemporâneo com o acesso na face chanfrada da fachada. O último módulo da fachada da Avenida Portugal, re-manescente da construção original, foi restaurado e integrado ao novo prédio.

Campina / Treze de Maio

O bairro da Campina surgiu a partir do caminho que ligava o ala-gado do Pirí à igreja e convento da Ordem de Santo Antônio. Neste caminho se estabeleceu o comér-cio, na Rua dos Mercadores, depois Rua da Cadeia, e hoje Rua João Alfredo. Esses nomes foram dados para o trecho entre Avenida Portu-gal e o Largo das Mercês. Do largo até o convento de Santo Antônio, o nome da rua sempre foi Santo Antônio.A partir da Rua dos Mercadores surgiram paralelas e transversais,

Esquina da Avenida Portugal com a Rua Senador Manoel Barata

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2� - Arquivo Público

HistóricoO Arquivo Público do Estado do Pará foi criado em �894, com o ob-jetivo de organizar o acervo de do-

como a Rua da Paixão, depois de-nominada Rua Formosa e atual-mente �� de Maio, primeira rua a ter calçadas na cidade. A denomi-nação homenageia a data em que as tropas da legalidade tomaram Belém, que estava em poder dos cabanos. Nesta rua ficava a casa de Eduardo Angelim, principal chefe cabano.A urbanização dessa área seguia o padrão do bairro da Cidade. Em meados do século X�X, a Rua dos Mercadores se consolidou como centro da zona comercial.A fisionomia atual do bairro do Comércio é composta por uma arquitetura construída ou refor-

mada, na sua maioria, no final do século X�X e início do XX. São construções sólidas, de altura con-siderável. Na grande maioria dos edifícios a cobertura se esconde por trás de altas platibandas, às vezes re-matadas com frontões. Observa-se na fachada a intensificação do uso de azulejos e ornamentação com elementos em estuque, prática co-mum do ecletismo. As ruas foram pavimentadas com paralelepípedos e as calçadas com pedras de lioz.A cantaria de lioz das calçadas e praças públicas de Belém foi tombada pelo Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural- DPHAC, em �98�

cumentos históricos referentes aos Estados do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro. A partir de �90�, a Bi-blioteca Pública foi oficialmente in-corporada, passando a instituição a ser denominada de Biblioteca e Arquivo Público.Em �986, com a inauguração do Centro Cultural Tancredo Neves – Centur, o acervo da biblioteca foi transferido para o novo prédio, e o

Tv. Campos Sales entre a rua Senador Manoel Barata e a Rua 13 de Maio

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antigo passou a ser ocupado exclusivamente pelo Arquivo Público.O prédio foi tombado pelo DPHAC, em �982

ArquiteturaO edifício eclético, com predominância das linhas neoclássicas, tem traços comuns aos prédios institucionais do Brasil deste período. A fachada prin-cipal tripartida é marcada no eixo central por frontão triangular retilíneo e escadaria em cantaria de lioz. No interior, as esbeltas colunas de ferro do salão principal fazem conjunto com as estantes de ferro trabalhadas.

Rua Campos Sales

Era conhecida como a Travessa do Passinho, por causa de um peque-no santuário anterior à Capela do Passinho, que durante a Semana Santa servia para os atos religiosos. O novo nome é em homenagem ao dr. Manuel Ferraz de Campo Sales, presidente da República de �898 a �902, grande restaurador das fi-nanças do país.

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24 - Capela do Passinho – Capela Pombo

HistóricoEm �784, Alexandre Rodrigues Ferreira registra esta capela entre os oratórios públicos da cidade. É atri-buída a Landi por Donato Mello Junior, devido à semelhança dos traços com outras obras dele, mas ainda não foi localizado o projeto original.A capela foi construída por enco-menda de um rico senhor de enge-nho, Ambrósio Henriques da Silva Pombo, fazendo parte do sobrado contíguo, onde ele morava.Silva Pombo foi amigo e vizinho de Landi. Tinham em comum a de-voção à Santa Ana e ambos cola-boraram na construção da �greja de

Santana.Um dos nomes conhecidos da ca-pela foi à ela associado porque abri-gou uma imagem do Senhor dos Passos; já a outra denominação está ligada ao nome do proprietário.No período imperial, era na que os bispos se paramentavam para as cerimônias de posse realizadas na catedral.A capela nunca teve tombamento isolado, e o sobrado já há algumas décadas foi descaracterizado para abrigar uma loja. No entanto, o conjunto está situado na área do Centro Histórico de Belém, tomba-do pela legislação municipal.

ArquiteturaA fachada da capela é enquadrada por duas pilastras com pedestais. No eixo da fachada há uma porta coroada por um frontão triangular, apoiado em mísulas em forma de volutas, vistas de frente e de lado; sobre a entrada há uma janela com sacada de balaústres. No alto da ca-pela encontra-se segmento de fron-tões que servem de apoio a dois va-

Tv. Campos Sales entre a rua Senador Manoel Barata e a Rua 13 de Maio

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sos de fogaréus. �nforma a história oral que a capela possuía uma pequena torre que foi destruída por um raio.O corpo da capela está associado ao sobrado, que tinha revestimento de azulejos portugueses de �890 nas fachadas, restando apenas os do segundo pavimento. A fachada do sobrado tem uma cimalha que se conjuga perfei-tamente com a da capela.

Rua Manoel BarataChamava-se Rua Nova de Santa Ana. O novo nome homenageia Manoel de Melo Cardoso Barata, advogado, jornalista e um dos mais destacados historiadores paraenses, falecido em �870.

25 - Grêmio Literário e Recreativo Português

O Grêmio Literário Português foi fundado em �867. Tem uma exce-lente biblioteca, que muito con-tribuiu no campo do ensino com-ercial.

Rua Senador Manoel Barata

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É uma edificação eclética de escala arquitetônica expressiva. Como características do estilo destacam-se a presença de três pavimentos com pés direitos diferenciados, reduzindo-se na medida em que se superpõem; a fachada com trata-mento curvo na esquina rematada por frontão; presença de outro

frontão no eixo do acesso principal que identifica a edificação; vãos de janelas guarnecidos por guarda-corpos em balaústres de alvenaria; presença, no segundo pavimento, de uma águia de ferro que sustenta uma luminária. Um escudo portu-guês identifica a propriedade, no coroamento do acesso principal.

Praça Maranhão

Era conhecido como Largo de San-ta Ana. Foi rebatizado em homena-gem ao Maranhão, que na época colonial formou com o Pará uma unidade administrativa indepen-dente do governo geral do Brasil, o

Estado do Grão-Pará e Maranhão.O monumento da praça remete à catequese, representando o padre jesuíta José de Anchieta e um ín-dio. Este monumento foi instalado como homenagem da Prefeitura de Belém ao V� Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu em Belém em agosto de �95�.

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26 - �greja de Santana

HistóricoProjetada e construída por Antônio José Landi, teve a pedra fundamen-tal lançada em �760, mas só come-çou a ser construída em junho de �762, por falta de recursos, que pro-vocaria ainda várias interrupções. A obra recebia doações de particula-res, entre os quais o governador, o capitão Ambrósio Henriques, e o próprio Landi.A inauguração foi em 2 de fevereiro de �782, 20 anos após o início da construção.Em �78�, Landi era juiz da �rman-dade do Santíssimo Sacramento.

Nessa época ofereceu à �greja de Santana um relicário que pertence-ra a Giacopo Landi. O relicário de prata é barroco, com uma partícu-la de um osso de Santana. Donato Mello Júnior informa que a relíquia foi doada ao antepassado de Landi em �669, havendo inclusive docu-mentação de sua autenticidade.Apesar das modificações sofridas, a �greja de Santana continua sen-do uma referência da época de sua construção. Possui um acervo rico, inclusive telas do pintor Pedro Ale-xandrino de Carvalho datadas de �778 e uma imagem de São Pedro toda em bronze.Era a igreja preferida para as sole-nidades religiosas que antecediam a posse dos presidentes da Provín-cia no período imperial e também guardaria o túmulo de seu arqui-teto, embora não se saiba o lugar exato.A igreja foi tombada pelo �PHAN em �962.

ArquiteturaLandi deixou cinco desenhos da igreja de Santana - planta, fachada,

Rua Padre Prudêncio entre a rua Senador Manoel Barata e a rua 28

de Setembro

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dois cortes e um detalhe do sacrá-rio da capela-mor. Segundo �sabel Mendonça, a igreja construída não segue fielmente os projetos. A for-ma dos frontões, as ordens utili-zadas e as proporções de nichos e retábulos foram alteradas.Na �greja de Santana, Landi utili-zou planta centralizada, com uma nave em forma de cruz grega.Durante o período imperial, em �840, duas torres sineiras não pro-jetadas por ele foram acrescentadas à igreja, sendo essa uma mudança brusca no traço italiano da edifica-ção. O argumento utilizado foi que a composição ficaria mais de acor-do com a tradição portuguesa. A fachada principal foi bastante mo-dificada com as torres, rematadas por balaustradas, que esconderam a cúpula, os braços da nave e as co-lunas laterais do projeto original.

A fachada atual mostra três áreas de parede subindo em dois pavimen-tos. A central coroada por frontão triangular, e as duas laterais apoian-do as torres sineiras. Os dois pavi-mentos são separados por cimalhas e as três áreas são delimitadas por colunas e pilastras. No eixo da área central destaca-se o acesso principal ladeado por colunas superpostas, característica cenográfica do traça-do do arquiteto italiano. Esta porta principal é coroada por frontão em arco e segue o projeto original de Landi. A janela que corresponde ao coro é enquadrada por um arco sobreposto às pilastras e colunas in-feriores e ladeado por duas urnas. No coroamento do corpo central, um frontão triangular retilíneo é rematado por uma cruz de ferro.

Rua Padre PrudêncioPrimeiro foi chamada de Travessa da Misericórdia, por conduzir ao sí-tio onde ficavam a Casa e �greja da Misericórdia.Depois, tornou-se Rua do Landi, pois o arquiteto morava nela. O nome atual homenageia Prudêncio José das Mercês Tavares, deputado e comandante das tropasmandante das tropas legalistas contra os cabanos.

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27 - �greja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

Não se sabe a data da construção da igreja primitiva, mas é certo que, em �725, foi demolida para dar lu-gar à outra que abrigasse melhor os fiéis.A edificação da primeira metade do século XV��� era pequena, de taipa e com três altares apenas, decora-dos com papéis pintados. Era sede

da �rmandade do Santíssimo Sacra-mento da Campina e da freguesia da Campina. Em �760, Santana foi projetada para servir de sede à ir-mandade e de igreja paroquial.Apenas em �820 inicia-se a con-strução do templo atual, que foi muito lenta. Em �848, pelo relato do viajante inglês Henry Walter Bates, os negros trabalhavam nela à noite, após uma longa jornada diurna. No ano seguinte, Bates ob-servou que o interior da igreja já estava concluído.Não há provas documentais de que Landi fez projeto para a �greja do Rosário, embora verifique-se in-fluência de seu traço nos retábulos do altar-mor e laterais, e na volume-tria da fachada.Foi tombada pelo �PHAN em �950

Rua Padre Prudêncio

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Rua Santo Antônio

Era o tradicional caminho que le-vava à �greja de Santo Antônio, construída pelos franciscanos no século XV��� .

Rua Leão X���Antiga Travessa da �ndústria. O município deu-lhe a denominação atual em �88�, em homenagem ao papa Leão X���, eleito em �878, por ter franqueado aos historiadores os arquivos e a Biblioteca do Vati-cano.Nesta rua há um conjunto de edifi-cações de escala harmoniosa. Mui-tas estão abandonadas ou desocu-padas. Destacam-se as edificações azulejadas e os guarda-corpos em ferro trabalhados.

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28 - Paris N`América

HistóricoDe propriedade do comerciante português Francisco de Castro, a primeira loja ficava na quadra em frente, estendendo-se da Santo Antônio à Treze de Maio. Abran-gendo as duas esquinas, era co-nhecida como o “Canto do Paris n`América”.Existe uma valsa intitulada “O Can-to do Paris n`América” de �890, composta para os clientes pelo maestro francês André Messager, provavelmente por encomenda do proprietário Francisco de Castro,

que viajava regulamente a Paris.O atual edifício da loja Paris N`América foi inaugurado em �909. O dono trouxe da Europa todos os projetos, assim como o material de construção, e contra-tou mestre-de-obras e engenheiros portugueses que participaram da construção do Mercado de Peixe do Ver-o-Peso.O prédio é um dos mais significa-tivos exemplos da arquitetura fruto da economia da borracha, que va-lorizou e desenvolveu o bairro co-mercial.No início, a loja vendia roupas mas-culinas e femininas e também arti-gos para presente. Os tecidos não fi-cavam expostos, eram armazenados em grandes estantes, para evitar a poeira, e os fregueses faziam suas es-colhas através de mostruário. Hoje o térreo é uma loja de tecidos.No andar superior morava a família do antigo proprietário, com acesso reservado pela fachada lateral. Hoje ali funciona a administração das lo-jas Bechara Mattar, família proprie-

Rua Santo Antônio entre Barão de Guajarà e Praça Visconde do Rio Branco

(Praça das Mercês)

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tária do Paris n´América.O prédio está na área do Centro Histórico, tombado pela legislação municipal e inscrito na categoria de Preservação �ntegral.

ArquiteturaO prédio foi construído para uso misto, comércio e residência, em quatro pavimentos, ocupando todos os limites do lote. É consi-derado um dos mais importantes exemplares do ecletismo paraense, que concilia técnicas e tendências estilísticas com o gosto e luxo refi-nado da época da borracha. A loja é inspirada nas casas comerciais pari-sienses e representou para Belém o que as Galerias Lafayette represen-taram para Paris.Na fachada destacam-se pilastras em alvenaria revestidas em pedra de lioz, com embasamentos e capi-

téis trabalhados em formas diferen-tes nos dois pavimentos; mísulas em pedra de cantaria que susten-tam a sacada e servem de apoio à platibanda; janelas com vidros em cristal belga, gravados com o mono-grama FC ( Francisco de Castro), envolvido em motivos florais; con-dutores e receptores de águas plu-viais em ferro trabalhados.No alto do prédio há mansardas com cobertura de ardósia, torreão com relógio e mirante, melhor ob-servados pela fachada lateral. As mansardas abrigavam as dependên-cias dos empregados.Entre os elaborados acabamentos do interior destacam-se a bela es-cadaria de ferro fundido em art nouveau e o piso decorado em lajo-ta hidráulica alemã, como se fosse um tapete revestindo toda a área da loja.

Praça Barão do GuajaráEra chamado de Largo da Mise-ricórdia, por ser área fronteira à �greja e à Casa da Misericórdia. O nome atual homenageia o barão do Guajará, Domingos Antonio Raiol, autor da obra “Motins Políticos”, sobre a Cabanagem.

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29 - Foto Fidanza

HistóricoFelipe Augusto Fidanza foi um dos mais importantes fotógrafos em atividade no final do século X�X e início do XX. Chegou a Belém em �867, junto com a comitiva de dom Pedro ��, que veio ao Pará para a solenidade da abertura dos portos da Amazônia ao comércio exterior. O Largo das Mercês foi o primeiro endereço do ateliê fotográfico de Fidanza, em �868. Dedicou-se ao retrato e à documentação urbana. Em �904, o fotógrafo morreu. Em �906, a viúva vendeu o prédio para

a firma Huebner e Amaral, que nele instalou a Photografia Allemã, que funcionou até �9�0.

ArquiteturaÉ uma edificação de implantação colonial com alinhamento nos limi-tes do lote. O piso térreo foi desca-racterizado para instalação de lojas. No segundo pavimento, que ainda preserva as características arquitetô-nicas originais, possui vãos de arco abatido com molduras simplifica-das, sem ornamentos, característica das edificações coloniais. Como elemento do século X�X destacam-se as sacadas em forma de balcões com guarda-corpo de ferro traba-lhado e a platibanda com painéis, rematada por cimalha.

Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)

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�0 - Residência atribuída a Landi

Landi projetou alguns sobrados construídos na segunda metade do século XV��� para ricos proprietá-rios do Pará. Alexandre Rodrigues Ferreira deixou referências destes sobrados, mandando reproduzir em desenho os mais significativos. Três fachadas desenhadas por Co-dina chegaram até nós.

A propriedade de Manuel Raimun-do Alves da Cunha foi mencionada por Alexandre Rodrigues Ferreira, que a destacava entre as casas mo-dernas da cidade. Era a maior das residências urbanas projetadas por Landi.O pavimento térreo foi completa-mente adulterado pela instalação de lojas. O pavimento superior mantém ainda nas janelas as mol-duras e frontões característicos de Landi, embora tenham desapare-cido os gradís do guarda-corpo. Uma janela se destaca, com frontão triangular e pilastras laterais, com traços característicos de Landi. Uma platibanda, acrescentada no século X�X, percorre as duas facha-das, sobrepondo-se à cimalha.

Praça Visconde do Rio BrancoDenominada Largo das Mercês du-rante o período colonial. Era um pequeno descampado sem urbani-zação, no encontro da Rua dos Mer-cadores com a Rua Santo Antônio. Em �88�, foi ajardinada e protegida com gradís de ferro. O monumen-to central a José da Gama Malcher

Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)

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foi erguido em �890. No início do século XX, Antônio Lemos embe-lezou a praça, retirando o gradil, valorizando os canteiros, ornados por espécies vegetais valiosas, e res-saltando sua funcionalidade com a implantação de quiosques de venda de produtos diversos.O Visconde do Rio Branco foi de-putado, senador, ministro de es-

tado e presidente da província do Rio de Janeiro. Esta praça também teve o nome do Visconde de Mauá, gaúcho e grande comerciante, um dos homens mais ricos do Brasil na segunda metade do século X�X.O conjunto da praça, ruas e calça-das foi tombado pelo DPHAC em �988.

Monumento ao dr. José da Gama Malcher

Nascido em Monte Alegre, Gama Malcher foi presidente da provín-cia e da Câmara Municipal e era médico da Santa Casa da Miseri-córdia, onde se mostrou um profis-sional filantrópico. O monumento foi inaugurado pela prefeitura em �890. A ata da solenidade está na biblioteca do Barão do Guajará, no �nstituto Histórico e Geográfico e uma cópia está guardada na base do monumento.O monumento é em bronze com pedestal de pedra e foi executado pelo escultor belga Armand-Pierre Cattier. Na base há uma figura que representa o povo, esculpindo na pedra o nome do homenageado.

Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)

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�� - Conjunto de sobrados das Mercês

Conjunto de edificações ecléticas construídas em harmonia de esca-la, com destaque para os acabamen-tos diferenciados das esquinas: um abaulado e o outro facetado. Predo-minam as linhas neoclássicas, que podem ser identificadas pelas plati-bandas ornamentadas; revestimen-to de azulejos; vãos de verga reta combinados com vãos de arco ple-

no nos dois pavimentos; frontões ou ornamentos coroando as vergas do pavimento superior e sacadas com guarda-corpo de ferro traba-lhado e de alvenaria. Os enquadra-mentos dos vãos do pavimento tér-reo são mais simples, por se tratar de espaços destinados a serviços, ao contrário do segundo pavimento, na maioria das vezes ocupado por residências do proprietário ou co-merciante.Neste conjunto destaca-se o pré-dio ocupado desde 2005 pela Fo-toAtiva, associação de fotógrafos paraenses, onde o Escritório Mo-delo do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Pará está realizando um estudo exaustivo da tipologia original, para um projeto de restauro.

Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)

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�2 - �greja das Mercês

HistóricoA ordem dos mercedários chegou a Belém em �6�9, com a expedição de Pedro Teixeira, e logo começou a levantar seu convento. Essa pri-meira construção, apesar de ser de taipa de pilão e coberta de palha, resistiu mais de um século A igreja atual começou a ser construída em �748 e foi inaugurada em �76�.Não foram localizadas as plantas originais da �greja das Mercês. �sa-bel Mendonça atribui a Landi so-mente os púlpitos e dois retábulos de capelas, pela afinidade com ou-tras obras do arquiteto. Ela discor-da, portanto, da afirmação feita por Robert Smith de que o italiano teria projetado a igreja. A historiadora Myriam Ribeiro defende que Landi teria concluído a zona superior das torres, além de ter anexado o fron-tão contracurvado à frontaria cur-vilínea da igreja. O crítico de arte

Mário Barata concorda que Landi tenha participado na cobertura das torres, atribuindo-lhe ainda a con-cepção espacial do coro, bem como o tratamento plástico no interior da igreja.O edifício das Mercês é o único de Belém e um dos poucos do Brasil que apresenta a frontaria em perfil convexo, podendo-se destacar com a mesma característica as igrejas do Rosário de Ouro Preto, São Pedro dos Clérigos de Mariana e São Pe-dro dos Clérigos do Rio de Janei-ro.Em �794, os mercedários foram definitivamente expulsos do Pará e seus bens incorporados à Coroa.Em �796, um quartel e a Alfândega foram instalados no local do extin-to convento e esta última ainda se encontra lá. Durante a Cabanagem, funcionou ali o trem de guerra.O tombamento foi realizado pelo �PHAN em �94�. Houve um incên-dio em �978 e muitas característi-cas do convento foram perdidas, porém a igreja foi pouco afetada. A ultima restauração foi feita em �987.

Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)

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Hoje é sede da Secretaria do Patri-mônio da União, da �nspetoria da Receita Federal no Porto de Belém e outras repartições fazendárias.

ArquiteturaNa fachada ressalta-se o corpo cen-tral, convexo, enquadrado por duas pilastras em relevo que se prolon-gam até o frontão mistilíneo. Lade-ando este corpo curvado, as duas torres surgem recuadas, coroadas por frontões triangulares, com cú-pulas bulbosas e vazadas por óculos.No corpo central há três portais e três janelas, e um óculo no tímpano do frontão, sendo as torres também vazadas por janelas.A porta principal tem uma moldu-ra pombalina em pedra de lioz, as-semelhando-se à portada da Sé. As outras duas molduras pombalinas das portas laterais são do mesmo material. Destaca-se outra seme-lhança com a �greja da Sé: o coro-amento da porta principal serve de inspiração para a forma do frontão contracurvado de remate do templo.

InteriorA igreja tem planta em nave única, antecedida de um coro com cober-tura de abóbadas de aresta.A planta baixa desta igreja segue uma tipologia comum em Portu-

gal: nave única ladeada por capelas apenas inscritas na espessura da pa-rede e por duas capelas profundas no transepto. A capela-mor é mais estreita e profunda do que a nave principal. Só a fachada convexa não é muito freqüente em Portugal.O retábulo do altar-mor lembra o esquema compositivo do retábulo do transepto do Carmo e do altar-mor da �greja de Santana, de auto-ria de Landi. O retábulo da capela de adoração revela também influ-ências de Landi, mas aqui o trata-mento é bem mais elaborado que no retábulo da capela-mor. Os dois púlpitos têm traços de afinidade com outras obras de Landi, pelo es-quema de composição idêntico aos púlpitos desenhados para a �greja da Sé.

ConventoA fachada do convento, em dois pisos é compartimentada por pi-lastras. Segundo �sabel Mendonça, a antiga portada, ainda visível no desenho de Codina, veio de Portu-gal e era mais elaborada que a da igreja.

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Glossário • Acanto – ornato que rep-resenta folhas muito largas e recor-tadas da planta de igual nome. Principal característica do capitel coríntio• Aleta - complemento ar-quitetônico, curva ou voluta,com que se atenua a dureza dos ângulos retos de um frontão. Muito usado no barroco• Arco abatido –cuja a curva não é de volta inteira.• Arco pleno – arco de volta inteira em forma de semicircunfer-ência tendo sua flecha igual ao raio que serviu para traçá-lo. • Balaústre – pequena col-una ou pilar de pedra ou madeira que sustenta um parapeito ou cor-rimão.• Beiral – parte do telhado que se prolonga alem do prumo das paredes externas de uma con-strução.• Braçadeira – chapa metáli-ca, geralmente em forma de U, usada para reforçar a fixação entre peças ou elementos da construção.• Bulboso – atribuição dada a elementos, em geral arremates de torres, que tem forma de bulbo.• Cantaria – alvenaria de

pedras de pedras, talhadas uma a uma, de forma que a se ajustarem umas nas outras sem necessidade de material ligante.• Capitel – parte superior de pilastras, colunas que assenta sobre o fuste. Elemento decorativo cuja composição caracteriza o estilo ar-quitetônico adotado no edificio• Cartela – superfície lisa num pedestal, parede, etc., desti-nada à gravação ou superposição de legenda.• Cavalariça – casa térrea destinada a habitação de cavalos.• Chanfrado – elemento que possui chanfro, ou seja, um recorte nas bordas evitando arestas vivas no encontro de duas superfícies planas.• Cimalha – elemento ar-quitetônico instalado na parte superior da fachada servindo de aremate ao telhado. No interior permite a transição entre a parede e cobertura• Cinzelada – processo de desbastar pedras e metais. Utiliza-se um instrumento cortante de ferro e aço denominado cinzel.• Cornija – moldura ou con-junto de molduras simplificadas e salientes que servem de arremate superior a elementos arquitetôni-cos ou ao edifício.

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• Coroamento – remate, ornato, elemento construtivo ou decorativo que coroa um edifício.• Cruzeiro – zona compreen-dida entre a nave central e a capela mor, freqüentemente com cober-tura abobadada.• Cunhal – faixa vertical sa-liente nas extremidades de paredes ou muros externos; ângulo externo e saliente formado pelo encontro de duas paredes externas conver-gentes, dando proteção à quina do edifício ou ornamentação da fach-ada.• Escalonado – em forma de escada.• Esquadria – elemento para guarnição de vãos de passagem, ventilação e iluminação, é mais comumente aplicado a vãos de por-tas, janelas e portões.• Estuque – argamassa que depois de seca adquire grande dure-za e resistência ao tempo. Freqüen-temente usado em revestimentos ou ornatos de paredes, tetos e na execução de cornijas.• Fogaréus – ornato com-posto de pirâmide ou agulha ar-rematada por imitação de chama. Muito usado em igrejas antigas por simbolizar a fé, a devoção e o sacri-fício.• Frisos –faixa estreita e

continua que contorna qualquer elemento da construção, podendo também ser ornamentado.• Frontão – elemento de coroamento da fachada situado na parte superior do edifício ou à cima de portões, portais ou portadas. Sua forma é geralmente triangular, podendo ser também em arco.• Fuste – tronco da coluna situado entra a base e o capitel.• Grés – rocha granulosa composta por pequenos fragmen-tos ou grãos de areia silicosa ou quartzo unidos por cimento ar-giloso ou calcáreo.• Guarda-corpo – anteparo de proteção geralmente a meia al-tura do piso, usado em alpendres, balcões, escadas e terraços, poden-do ser cheio ou vazado.• Guarda-vento – anteparo geralmente de madeira muito usa-do em igrejas ente o vestíbulo e a nave central para proteger do vento o interior do edifício.• Guarda-voz – cúpula ou abóbada em forma de dossel que serve para abaixar o som da voz do pregador nos púlpitos.• Kitsch – justaposição de elementos incongruentes produz-indo combinações nem sempre harmônicas.• Mansarda – espaço com-

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preendido pela cobertura do tel-hado e pelo teto do ultimo pavi-mento do prédio. • Medalhão – ornato circu-lar ou oval, em alto ou baixo-relevo, destinado a receber figuras repre-sentativas, monogramas ou datas.• Mistilíneo – ornatos for-mados por combinação de linhas retas com linhas curvas.• Mísula – saliência que serve de apoio, em geral na parte superior da construção.• Nicho – cavidade feita na espessura da parede para nela se dispor uma figura esculpida, um vaso, etc.• Obelisco – pilar alto mon-olítico em forma de paralelepípedo, estreitando-se no alto e terminando em pirâmide.• Óculo – abertura ou pequena janela, podendo ser na forma oval, circular ou arredon-dada, disposta nas paredes externas ou em frontões para ventilar e/ou iluminar.• Ostensório – peça de arte sacra para guardar a hóstia, em ger-al colocado perto do altar, ao lado do Evangelho • Pano – extensão de parede ou muro, abrangendo sua totali-dade ou somente uma parte. Quan-

do a fachada de uma edificação pos-sui diversas faces, o pano pode ser constituído por uma dessas faces.• Peanhas – pequeno pedes-tal, suporte com a base em forma de pirâmide invertida, geralmente provido de molduras e usado como apoio a estatuetas e vasos.• Pináculo – coroamento piramidal. Cônico, em forma de ornamento, fino e pontiagudo, construída sobre pilares e colocada sobre torres ou frontoes; ponto mais alto de um edifício.• Platibanda – elemento vazado ou cheio disposto no alto das fachadas, coroando a parede externa do prédio e formando uma espécie de mureta que esconde as águas dos telhados, alem de even-tualmente servir de proteção em terraços.• Pórtico – elemento ressal-tado na fachada principal de um edifício, geralmente destacando sua entrada principal. Comumente composto por colunas ou pilastras e arcadas.• Púlpito – tribuna elevada em forma de balcão com acesso at-ravés de escada. É destinado às pre-gações ou a sermões dos sacerdotes nas igrejas.• Retábulo – elemento orna-

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mental em talha ou pedra lavrada disposto junto a parede por trás do altar.• Rocailles – ornamento as-simétrico em forma de folhagem e conchas usado no barroco tardio.• Rosácea – ornato ar-quitetônico em forma de rosa. • Sanefa – tira larga que se estende sobre a parte superior de uma cortina.• Soco – parte inferior aparente de uma parede. Base na qual se assenta uma coluna ou um pilar. • Tímpano – superfície tri-angular lisa ou ornamentada do frontão.

Referências bibliográficas do glossário

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• Transepto – parte de um edifício de uma ou mais naves que atravessa perpendicularmente o seu corpo principal. Nas igrejas, espaço transversal que separa a nave da capela-mor.• Verga – peça disposta horizontalmente sobre o vão de portas ou janelas sustentando a alvenaria. • Volutas – ornato em for-ma de espiral.

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______. Ruas de Belém: significado histórico e suas denominações. Belém:

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Governo do Estado do Pará, Secretaria de Estado de Cultura Desportos e Turismo. Levantamento técnico dos bens tombados pela SPHAN em Belém e Vigia. Programa de Cidades históricas. Igreja de Santana. Belém, [�980], vol. �.

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