Cinema e teatro: interfaces

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gabriela lírio gurgel monteiro | cinema e teatro: interfaces 146 Cinema e teatro: interfaces Gabriela Lírio Gurgel Monteiro Imagem 1: Foto de Jacquie Bablet para o espetáculo Histoire naturelle de l’esprit, Bobigny, 2000, dirigido por Jean-François Peyret. Sentados em frente a um projetor, atores evocam Craig, enquanto vêem suas imagens multiplicadas. Os espaços ocupados por cinema, pintura, literatura, fotografia e teatro guardavam, com certa nitidez, as especificidades de cada arte ou pelo menos esse era o intento de quem se dedicava a defender a origem e as diferenças constituintes de um domínio artístico. Hoje, através da crescente reprodução e difusão de imagens que falam por si mesmas e têm, em muitos casos, destinos incontroláveis, as artes, de modo geral, em especial o cinema e o teatro, focos desta investigação, se caracterizam por delinear vias de escape, compondo lugares de passagem, híbridos, flutuantes. Há que pensar o destino das nouvelles images, a que se propõe Raymond Bellour. 1 Imagens que aparecem e desaparecem, sem deixar vestígios, sem inscrever, na superfície da tela, do palco ou de qualquer outra espécie de suporte, alguma materialização,

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Artigo de Gabriela Lírio Gurgel

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    Cinema e teatro: interfaces

    Gabriela Lrio Gurgel Monteiro

    Imagem 1: Foto de Jacquie Bablet para o espetculo Histoire naturelle de lesprit, Bobigny, 2000, dirigido por Jean-Franois Peyret. Sentados em frente a um projetor, atores evocam Craig, enquanto vem suas imagens

    multiplicadas.

    Os espaos ocupados por cinema, pintura, literatura, fotografia e teatro

    guardavam, com certa nitidez, as especificidades de cada arte ou pelo menos esse era o

    intento de quem se dedicava a defender a origem e as diferenas constituintes de um

    domnio artstico. Hoje, atravs da crescente reproduo e difuso de imagens que falam

    por si mesmas e tm, em muitos casos, destinos incontrolveis, as artes, de modo geral, em

    especial o cinema e o teatro, focos desta investigao, se caracterizam por delinear vias de

    escape, compondo lugares de passagem, hbridos, flutuantes.

    H que pensar o destino das nouvelles images, a que se prope Raymond

    Bellour.1 Imagens que aparecem e desaparecem, sem deixar vestgios, sem inscrever, na

    superfcie da tela, do palco ou de qualquer outra espcie de suporte, alguma materializao,

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    permanncia, registro. Imagens que s existem na articulao/conexo com outras tantas e

    que, juntas, compem espaos estratgicos, porosos e, de certo modo, independentes

    daquilo que inicialmente foi pensado como destino possvel para elas. Imagens

    imprevisveis porque, em sua mobilidade, na composio com outras, em redes, avanam

    indefinidamente.

    A digitalizao de imagens, os avanos tecnolgicos na criao de novos

    suportes, o barateamento de equipamentos, a ideia de uma sociedade anarquicamente

    globalizada impem nova forma de pensamento sobre as artes. A interatividade entre a obra

    e o espectador exigncia deste tempo de 'agoridades' tempo real em que touch screens,

    celulares com cmeras de alta resoluo, leds ultrafinos, dobrveis, televisores que

    projetam em 3D aumentam as possibilidades de criao e recepo de imagens. Na

    emergncia da manipulao de novas tecnologias, as novas imagens clamam o espectador a

    participar de forma interativa, em um jogo hipertextual que modifica a percepo

    espaotemporal, o sentido de pertencimento a um local fixo de representao, a ruptura

    definitiva da lgica de um sujeito que busca se alicerar em comeo, meio e fim. O

    espectador, mais autor do que receptor da obra, se enxerga multiplicado nas imagens que

    absorve; ele parte do que v, se reconhece e perde, no contnuo

    deslocamento/descolamento, os limites do que antes era previsto pelas dimenses da tela

    de um cinema clssico-narrativo ou pela quarta parede de um teatro de pretenses

    clssicas.

    Teatro e cinema rivais na origem vm sendo, com o passar do tempo, objetos

    de investigao de cineastas e diretores de teatro curiosos em explorar diferenas e

    similitudes em ambas as artes. Griffith, Bergman (para quem tudo teatro), Angelopoulos,

    Visconti, Cassavetes, Malle, Buuel, Rohmer, Oliveira, Greenaway, Ozu, Peter Brook, Bob

    Wilson, Jacques Lasalle so alguns nomes de artistas que investigam o conceito de

    "teatralidade cinematogrfica",2 conceito duplo porque se relaciona a ambas as artes. Os

    diferentes nveis de interveno de teatralidade no cinema podem ser situados com relao

    aos efeitos visveis na escritura e que so traduzidos no enquadramento, na cenografia, no

    jogo dos atores, na iluminao, nos figurinos e na encenao da palavra, ou seja, no modo

    de proferi-la. A teatralidade pode afetar, ainda, as estruturas narrativas e as formas

    dramatrgicas, atravs da diviso em atos, do repertrio escolhido, das funes do dilogo

    e da decupagem das cenas. Andr Bazin e Roland Barthes foram precursores do estudo do

    conceito de teatralidade, o primeiro atravs da anlise da esttica cinematogrfica, o

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    segundo tomando por base o estruturalismo. Em Le thtre de Baudelaire, Barthes define a

    teatralidade como um sentimento, uma tormenta expressa atravs da corporeidade do

    ator. Segundo Bazin, no possvel separar a ao do ator, isto , o espectador no se

    esquece de que o ator quem est emprestando a pele ao personagem. E, atravs de sua

    presena fsica, sugere o autor, a teatralidade inscrita. Na viso de Barthes, entretanto, o

    sentimento da presena que provoca a teatralidade e, por este motivo, ela latente na obra

    do dramaturgo.

    Em Imagem-tempo, Gilles Deleuze explora o conceito de teatralidade,

    afirmando interessar-se por "uma teatralidade cinematogrfica (...) que somente o cinema

    pode fornecer ao teatro". 3 Deleuze se baseia na ideia apresentada por Bazin,

    fundamentando-se na expresso "excesso de realidade". O cinema o real, os personagens

    pertencem ao real e se dedicam a encenar, portanto, papis encontrados na vida. Deleuze

    vai alm de uma reflexo sobre a profundidade de campo, responsvel, em parte, pela

    sensao de realidade da imagem, desenvolvendo uma anlise a respeito de dois tipos de

    teatralidade: a teatral e a cinematogrfica. H um teatro de cinema, uma espcie de

    parateatro que se relaciona diretamente com o mundo, uma vez que o mundo teatro.

    S em 1951, Andr Bazin declara urgente aceitar o teatro como parte integrante

    do cinema, de sua "impureza" e, ainda, "assumir, enfim, a origem teatral de toda a

    representao cinematogrfica".4 O teatro, historicamente anterior ao cinema, influenciou

    o nascimento da stima arte, no jogo cnico dos atores, evidenciado em planos estticos, por

    vezes frontais; na decupagem das aes; no deslocamento lateral dos atores, ressaltado, por

    exemplo, em diversas experincias de Melis todos aspectos reveladores da "cultura

    cnica".5

    Os primeiros estdios de cinema lanavam mo, paralelamente s ferramentas

    cinematogrficas, de dispositivos teatrais, como roldanas e partes de cenrios. O

    cinematgrafo de Melis primeira vista poderia ser confundido com muitos dos objetos

    cnicos utilizados poca. A noo de "pureza cinematogrfica" 6 surge, porm, com o

    desenvolvimento e a descoberta de novas tcnicas: a multiplicao de planos, de

    perspectivas e locaes; a explorao do ritmo da montagem, do movimento; a investigao

    da contraposio do som versus a imagem, etc. Inaugura-se uma espcie de crise da

    representao dos dispositivos teatrais, abrindo, pouco a pouco, espao para esttica menos

    centrada no sujeito e mais fragmentria. Por outro lado, o discurso deflagrador de tal crise

    esconde grande mal-entendido, reduzindo o teatro a arte calcada no uso de convenes. O

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    palco passa a ser considerado lugar mtico, sagrado e congelado, uma vez que nenhuma

    mudana significativa era passvel de ocorrer.

    Sabemos, pela experincia, e ao analisar a teatralidade como signo histrico,

    que as mudanas na arte cnica e seus efeitos foram muitos: o aprofundamento das noes

    de tempo-espao, profundidade, volume e densidade, que vo alm da apropriao do texto

    e do jogo cnico dos atores, como observou Roland Barthes: " o teatro, menos o texto (...)

    um espessamento de signos e sensaes"7 ou, ainda, nas palavras de Orson Welles, o teatro

    "uma mistura de irrealidade e verdade". 8 importante ressaltar, porm, que muitos

    desses avanos na pesquisa teatral foram influenciados pelo cinema, como, por exemplo, a

    investigao de Bertold Brecht atravs da utilizao do modelo de Scarface para Arturo Ui,

    as projees de Piscator, as experincias de Meyerhold e Artaud. "O novo teatro tomou

    emprestado do cinema elementos picos e gestuais, procedimentos da montagem, materiais

    documentrios e at mesmo o prprio filme".9

    Interessa aqui investigar as influncias cinematogrficas a partir do uso de

    novos dispositivos na atividade cnica. O teatro contemporneo passa por transformaes

    na forma de sua produo e recepo. No possvel refletir sobre o teatro hoje sem pensar

    na influncia crescente das novas tecnologias, seja no uso de teles, seja quanto

    iluminao, criao de cenrios, ao tratamento do espao desmaterializao,

    verticalizao, enquadramentos sofisticados, devido s projees de imagens, fixas ou no.

    Segundo Craig, a imagem cnica deve "ultrapassar a palavra", "desvelar o pensamento". No

    mundo contemporneo, dominado por uma cultura visual e seus simulacros, as imagens

    cnicas devem ser investigadas como uma interrogao de nossa capacidade de enxergar a

    realidade atravs de outro vis.

    Neste momento, em que "o efeito cinema"10 aparece no s dentro, mas fora das

    salas de exibio, em que a obra digital multiplica espaos possveis, em que as artes

    performticas, interativas se mesclam, torna-se relevante explorar de que forma a

    teatralidade permanece presente para alm dos dispositivos e procedimentos flmicos

    utilizados. "Cinema do dispositivo, cinema experimental, arte do vdeo, cinema expandido e

    cinema interativo" 11 so experincias que dialogam com o conceito de teatralidade, se

    tomarmos como ponto de partida a ideia de um excesso de realidade a que se referia Bazin.

    As encenaes contemporneas ganham novo redimensionamento no sentido

    de buscar outras convergncias, tomando a experincia teatral como ponto de partida, a fim

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    de discutir de que forma a experincia cnica representada em diferentes espaos e

    propostas. Do museu rua, da influncia dos dispositivos audiovisuais destruio dos

    cenrios "os espaos vazios" brookianos, da universidade aos circuitos da arte, os

    conceitos de teatralidade, performance, memria e esquecimento, teatro popular, entre

    outros, refletem a relao do teatro com o cinema, o audiovisual, as artes plsticas, a

    literatura, a arquitetura, a fotografia, a performance.

    Verificam-se, atravs da anlise do uso de novos dispositivos no campo cnico,

    as relaes entre as novas tecnologias e a produo de imagens como forma de construo

    narrativa. Desde os anos 70, com experincias de Bob Wilson e das vanguardas italianas,

    fala-se em "teatro-imagem" 12 ou "teatro de imagens". Os diretores passam a ser

    considerados produtores de imagens. Craig, Meyerhold, Artaud se autodefiniram como

    criadores de imagens, abrindo vasto campo de debate em torno das funes da palavra e da

    imagem na composio de um espetculo. Referncias picturais/cinematogrficas so

    identificadas no processo de composio de espetculos contemporneos importantes, de

    diretores como Matthias Langhoff, Georges Lavaudant, Georg Kaiser, Gerald Thomas, Peter

    Brook, Ariane Mnouchkine, Ivan Sugahara, Felipe Hirsch, Enrique Dias, entre outros.

    Por outro lado, no duplo dessa proposta, esto as pesquisas ligadas s

    influncias da teatralidade no cinema. Refiro-me no s s experincias que partem de

    adaptaes de textos teatrais Tio Vania em NY, Ricardo III, Tiros na Broadway, Adeus,

    minha concubina , mas tambm ao chamado filme de teatro,13 definido como aquele que

    abarca o conceito de teatralidade. "Da cena tela, nem transposio, nem traduo, nem

    interpretao. Nem documentrio sobre, nem nova verso da obra...".14 Para que se possa

    analisar melhor essa passagem do palco tela, dois conceitos so relevantes e devem ser

    levados em considerao: os de tempo e espao. Da narrativa dramatrgica construo do

    roteiro, passando, em alguns casos, da experimentao cnica ao set de filmagem, h

    mudanas significativas na percepo da estrutura, da linguagem, do domnio tcnico, do

    processo criador.

    Tempo e espao se articulam na composio das escrituras cnica e flmica,

    sendo decisivos na concepo e na elaborao do processo criativo em ambas as artes. No

    teatro, o espao da cena condensado, vivo e em constante movimento. A escritura do

    espao cnico constituda de quadros que devem ser vistos como metforas da

    representao, fundamentais criao do universo imaginrio da obra. O espao cnico

    pode apresentar diversas formas: aberta ou fechada, horizontal ou vertical, prxima ou

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    distante do espectador, plena ou vazia, sombreada ou iluminada, etc. Atravs do uso e da

    disposio dos elementos cenogrficos, constroem-se desde cenas panormicas, tradutoras

    da grandeza do universo teatral (como As trs irms, de Tchekhov, dirigida por Peter Stein)

    at cenas focadas, que ocupam uma pequena parte do palco (L'Indiade, de Ariane

    Mnouschkine), entre muitas outras compreendidas nesse intervalo, que pode variar de um

    espao dilatado (macroespao) a um reduzido (microespao). Figuras de mar e de natureza

    so sempre difceis de representar e a maior parte dos diretores recorre s metforas. Peter

    Brook, por exemplo, em A tempestade, em vez de construir um barco que ocupasse o palco,

    optou por represent-lo atravs de uma miniatura sobre a cabea de Bagary Sangar.

    Filmagem de Tio Vanya em Nova York, de Louis Malle, no New Amsterdam Theater.

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    O tempo teatral, ao contrrio do espao, noo mais abstrata e de difcil

    apreenso. So dois os tempos que se conjugam: o da sala e o da representao; o da

    personagem e o do espectador: o de olhar e o de ser olhado. Grotowski, ao descrever o "estar

    em cena do ator", remetia-se imagem do "pssaro que olha e do pssaro que bica". No

    teatro, dizia ele, o ator deve estar totalmente envolvido ao realizar suas aes fsicas (o

    pssaro que bica) e, ao mesmo tempo, estar consciente de suas aes, atravs de um olhar

    para a cena (o pssaro que olha). Com o objetivo de estruturar o tempo dramtico, o diretor

    se utiliza de vrios dispositivos tcnicos, a fim de pontuar as aes e fixar duraes e ritmos.

    Sua ateno deve estar centrada no tempo da cena e no tempo do conjunto de cenas. Um

    tempo especfico e outro global.

    No cinema, a estrutura espaotemporal toma forma em um espao enquadrado,

    composto por um conjunto de elementos: atores, iluminao, locaes, trilha sonora,

    figurinos, etc. O espao pode ser utilizado de forma descontnua, e esse aspecto, segundo

    Sontag, que marca a diferena irredutvel entre teatro e cinema. "Se existe, entre teatro e

    cinema, uma diferena irredutvel, a encontraremos, sem dvida, no fato de que o teatro

    utiliza de forma lgica um espao sem descontinuidade, enquanto que o cinema (graas s

    tomadas sucessivas, s mudanas de sequncias regra fundamental para a realizao de

    um filme) permite que se utilize o espao de forma algica ou descontnua".15

    Sabemos, porm, que o teatro contemporneo j no mais utiliza de forma to

    lgica o espao cnico, e que o conceito de descontinuidade dado, tambm, pelo uso de

    imagens na encenao, como o caso de espetculos que se apropriam de telas e demais

    imagens pictricas na prpria composio do cenrio ou, ainda, de espetculos que utilizam

    projees fotogrficas e aqueles que fazem uso de telo, projetando imagens flmicas. Todas

    essas inovaes modificaram a concepo espacial teatral e, de certa forma, a aproximam

    da descontinuidade espacial presente na stima arte.

    Diante da emergncia das novas tecnologias da imagem, o teatro no deve

    permanecer fora dessa discusso, sendo fora-motriz pela dialtica que engendra na

    contemporaneidade: a de articulador da presena de uma tradio latente na corporeidade

    do ator e a necessidade de sua presena fsica e do uso cada vez mais crescente de

    investigaes no campo audiovisual ligadas s novas tecnologias e a seus mltiplos usos.

    Torna-se relevante o estudo da aplicabilidade desses dispositivos na cena teatral e, s

    avessas, da teatralidade como ferramenta constituinte de produes audiovisuais.

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    1 Bellour, 2002.

    2 Gerstenkorn, p. 13.

    3 Deleuze, 1985, p. 112.

    4 Magny, 1990, p. 93.

    5 Helbo, 1997, p. 36.

    6 Idem, ibidem.

    7 Barthes, 1964, p. 41.

    8 Welles, 1991.

    9 Brecht, 1972, p. 467.

    10 Baudry, 1978.

    11 Parente, 2009, p. 25.

    12 Picon-Vallin, 2002, p. 12.

    13 Picon-Vallin, 2001.

    14 Idem, ibidem, p. 25.

    15 Sontag, 1966, p. 160.

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