Cinema e reflexão

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Quinta-feira, 2 de junho de 2011 caderno B Inclui: Turismo M A I S VA R I E D A D E S Nova Geração apresenta espetáculo de balé “Arte fantástica”, que chega à 14ª edição, reunirá 150 integrantes. PÁG. 5 De volta para casa Remake de “O astro” tem sabor de estreia para a atriz Fernanda Rodrigues. PÁG. 5 Cinema e reflexão Na Capital, algumas iniciativas proporcionam a acadêmicos e público em geral exibição de filmes seguida de debates FOTOS DIVULGAÇÃO A exibição do filme “Tropa de elite 2”, dentro do Projeto Cinema d(e) Horror, foi uma das mais concorridas, rendendo acaloradas discussões Debate interdisciplinar Angélica Freitas foi a mediadora na discussão sobre “Tropa de elite 2” “Nós tínhamos aulas de Literatura Portuguesa e sempre comentávamos sobre filmes. Um dia, surgiu a ideia de assistir em conjunto e propor debates sobre os filmes” THIAGO ANDRADE Existem filmes além do cinema de entretenimento. Sob essa bandeira, grupos de diversas instituições deci- diram se reunir e promover exibições cinematográficas de obras que fogem da pro- dução comercial. Filmes es- panhóis, coreanos, franceses, alemães, turcos, iranianos, russos, australianos, brasi- leiros, entre outros, são exi- bidos em cineclubes espalha- dos por Campo Grande. Mas o foco das reuniões vai além de oferecer ao público obras diferenciadas da sétima arte. Com debates abertos aos par- ticipantes, os cineclubes têm foco na reflexão. Diferenciar salas de exi- bição de cineclubes é fun- damental. Nestes, o objetivo é fomentar a discussão, pro- mover educação pela arte e propiciar espaço democrático para a opinião. Associações sem fins lucrativos e com compromissos culturais e éticos não pretendem apenas exibir filmes. Um dos prin- cipais pontos a seguir estes moldes na Capital, o Cinema d(e) Horror é promovido pelo curso de Letras da Universida- de Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Coordenado pela professora Rosana Zanelatto e a mestranda Carolina Sarto- men, o espaço já se encontra em sua quarta edição. “Nós tínhamos aulas de Literatura Portuguesa e sem- pre comentávamos sobre fil- mes. Um dia, surgiu a ideia de assistir em conjunto e propor debates sobre os filmes”, ex- plica Carolina, que também ministra aulas de Literatura Portuguesa. Tornando-se um projeto de extensão da uni- versidade, o Cinema d(e) Hor- ror ganhou espaço na Capital com exibições que já passa- ram pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) e pela Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Gui- zzo. Atualmente, as exibições acontecem às quartas-feiras, no Anfiteatro do Centro de Ciências Humanas e Sociais da UFMS. Com foco bem delimitado, o cineclube busca explorar questões ligadas à represen- tação da morte, da miséria, da violência, entre outras formas de horror na arte e suas implicações na socieda- de. Para Carolina, o trabalho promovido tem como prio- ridade o público. “Se a gente julga que ficou devendo algo, procuramos compensar nas outras exibições. Sempre é preciso melhorar”, aponta. Os filmes são escolhidos pela equipe, levando-se em conta o propósito do cine- clube. “Analisar as questões problemáticas da sociedade e propor uma conscientização dessas análises”, Carolina de- fine como o objetivo do Cine- ma d(e) Horror. Entre as exibições, ela destaca “Tropa de elite 2”, no qual o público compareceu em peso, rendendo acalora- das discussões. “Batman: O cavaleiro das trevas” foi ou- tro filme que marcou as apre- sentações do projeto. Caroli- na julga que a popularidade dessas exibições se deu pelo apelo comercial das obras. “É interessante, pois nos debates são propostas novas formas de interpretar os filmes”, des- creve. Mas já passaram pelas telas do cineclube filmes como o coreano “Old boy”, o italiano “Irreversível”, con- siderada uma das exibições mais polêmicas. Procurando democratizar as discussões do Cinema d(e) Horror, Rosana e Carolina ti- veram projeto de publicação de livro aprovado no Fundo de Investimentos Culturais (FIC) da Fundação de Cul- tura de Mato Grosso do Sul (FCMS). A obra reunirá dez ensaios de integrantes da equipe, professores da UFMS e de outras universidades, com análises de filmes rela- cionados aos temas citados. Diversos cursos da UFMS promoviam encontros de exi- bição e discussão de filmes. Do CineArte, do curso de Fí- sica, ao CinePet, da Faculda- de de Computação (Facom), todos serão reunidos no Ci- neUFMS, que será promovido a partir do segundo semestre de 2011, exibindo filmes co- mo “Old boy”, “Capitalismo – Uma história de amor”, “C.R.A.Z.Y. – Loucos de amor” e “Supersize-me – A dieta do palhaço”, entre outros. O projeto é coordenado pelo professor de Teoria da Com- putação Fábio Henrique Mar- tinez. “Chegamos à conclusão de que poderíamos aumentar o público se concentrássemos as exibições em um único dia e espaço”, considera. Fábio era responsável pela organização do CinePet, rea- lizado nas imediações da Fa- com, e explica que o intuito era o mesmo do novo proje- to. “Vamos promover debates de maneira interdisciplinar, discutindo os filmes pelos pontos de vista dos cursos participantes”, explica. Para o professor, a impor- tância de um cineclube como esse é enorme, ainda mais pa- ra alunos de cursos mais tec- nicistas como os ligados às tecnologias da computação. “Não há espaço para refle- xões e discussões como essas em sala de aula”, descreve. Além de propiciar aos alu- nos discussões mais abran- gentes, o CineUFMS também abrirá espaço para o público em geral participar de exibi- ções e debates. “Estamos con- centrando os cineclubes em um único espaço para facili- tar a vida do público. Deste modo, podemos fortalecer o movimento cineclubista da universidade”, pontua. Fábio lembra que o Cinema d(e) Horror e algumas outras iniciativas de exibição serão mantidas como estão. (TA) Cineclube Bigorna será aberto no sábado Um novo cineclube abrirá as portas para o público no próximo sá- bado. O coletivo Bigorna Produções iniciará as exibições do Cineclube Bigorna às 22h, com o filme “Flashdance” e me- diação de Maíra Espín- dola. A iniciativa surgiu quando o CineCultura, único cinema comercial voltado para filmes de arte na Capital, fechou as portas no ano passa- do. A jornalista Fernanda Brigatti, coordenadora do cineclube, afirma que a ideia é aproveitar o es- paço do Voodoo Bar, que abri- ga grande parte dos shows do coletivo, para propor exibições cinematográficas e discussões acerca dos filmes. “Todos do coletivo sempre foram de alguma maneira li- gados à produção de cinema ou de eventos relacionados a essa arte. A criação do ci- neclube veio em decorrência disso”, aponta Fernanda. Em virtude da falta de pontos de exibição de cinema de arte, a necessidade de abrir espaço próprio se tornou emergencial. O Cineclube Bigorna pretende manter os moldes de outros espaços de exibição, discu- tindo as obras e buscando a reflexão sobre o cinema. O diferencial é o espaço oferecido a longas e curta- metragens produzidos no Estado e obras disponíveis na DF5, distribuidora de filmes Fora do Eixo. “Vamos convi- dar diretores regionais para prestigiar o espaço e partici- par dos debates”, aponta. Se- gundo Fernanda, apesar de a abertura acontecer no sábado, as exibições serão realizadas sempre às quartas-feiras, às 20h. A entrada é gratuita. Entre os filmes previstos para junho estão “Apanhador de nuvens”, “Fabricando Tom Zé”, “Vinícius”, e outras obras sobre o universo da música. Jennifer Beals em cena de “Flashdance” Lençóis Maranhenses são pura beleza e adrenalina Fabuloso deserto brasileiro com lagoas de água cristalina foi transformado em Parque Nacional e tem uma paisagem mutante graças aos ventos e chuvas. PÁG. 8

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Um registro sobre grupos que se dedicam a debater o cinema e as questões que ele suscita.

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Quinta-feira, 2 de junho de 2011 caderno B

Inclui: Turismo

M A I S V A R I E D A D E S

Nova Geração apresenta espetáculo de balé “Arte fantástica”, que chega

à 14ª edição, reunirá 150

integrantes. PÁG. 5

De volta para casaRemake de “O astro”

tem sabor de estreia

para a atriz Fernanda

Rodrigues. PÁG. 5

Cinema e reflexãoNa Capital, algumas iniciativas proporcionam a acadêmicos e público em geral exibição de filmes seguida de debates

FOTOS DIVULGAÇÃO

A exibição do filme “Tropa de elite 2”, dentro do Projeto Cinema d(e) Horror, foi uma das mais concorridas, rendendo acaloradas discussões

Debate interdisciplinar

Angélica Freitas foi a mediadora na discussão sobre “Tropa de elite 2”

“Nós tínhamos aulas de Literatura Portuguesa e sempre comentávamos sobre filmes. Um dia, surgiu a ideia de assistir em conjunto e propor debates sobre

os filmes”

THIAGO ANDRADE

Existem filmes além do cinema de entretenimento. Sob essa bandeira, grupos de diversas instituições deci-diram se reunir e promover exibições cinematográficas de obras que fogem da pro-dução comercial. Filmes es-panhóis, coreanos, franceses, alemães, turcos, iranianos, russos, australianos, brasi-leiros, entre outros, são exi-bidos em cineclubes espalha-dos por Campo Grande. Mas o foco das reuniões vai além de oferecer ao público obras diferenciadas da sétima arte. Com debates abertos aos par-ticipantes, os cineclubes têm foco na reflexão.

Diferenciar salas de exi-bição de cineclubes é fun-damental. Nestes, o objetivo é fomentar a discussão, pro-mover educação pela arte e propiciar espaço democrático para a opinião. Associações sem fins lucrativos e com compromissos culturais e éticos não pretendem apenas exibir filmes. Um dos prin-cipais pontos a seguir estes moldes na Capital, o Cinema d(e) Horror é promovido pelo curso de Letras da Universida-de Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Coordenado pela professora Rosana Zanelatto e a mestranda Carolina Sarto-men, o espaço já se encontra em sua quarta edição.

“Nós tínhamos aulas de Literatura Portuguesa e sem-pre comentávamos sobre fil-mes. Um dia, surgiu a ideia de assistir em conjunto e propor debates sobre os filmes”, ex-plica Carolina, que também ministra aulas de Literatura Portuguesa. Tornando-se um projeto de extensão da uni-versidade, o Cinema d(e) Hor-ror ganhou espaço na Capital com exibições que já passa-ram pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) e pela Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Gui-zzo. Atualmente, as exibições

acontecem às quartas-feiras, no Anfiteatro do Centro de Ciências Humanas e Sociais da UFMS.

Com foco bem delimitado, o cineclube busca explorar questões ligadas à represen-tação da morte, da miséria, da violência, entre outras formas de horror na arte e suas implicações na socieda-de. Para Carolina, o trabalho promovido tem como prio-ridade o público. “Se a gente julga que ficou devendo algo, procuramos compensar nas outras exibições. Sempre é preciso melhorar”, aponta.

Os filmes são escolhidos pela equipe, levando-se em conta o propósito do cine-clube. “Analisar as questões problemáticas da sociedade e propor uma conscientização dessas análises”, Carolina de-fine como o objetivo do Cine-ma d(e) Horror.

Entre as exibições, ela destaca “Tropa de elite 2”, no qual o público compareceu em peso, rendendo acalora-das discussões. “Batman: O cavaleiro das trevas” foi ou-tro filme que marcou as apre-sentações do projeto. Caroli-na julga que a popularidade dessas exibições se deu pelo apelo comercial das obras. “É interessante, pois nos debates são propostas novas formas de interpretar os filmes”, des-creve. Mas já passaram pelas telas do cineclube filmes como o coreano “Old boy”, o italiano “Irreversível”, con-siderada uma das exibições mais polêmicas.

Procurando democratizar as discussões do Cinema d(e) Horror, Rosana e Carolina ti-veram projeto de publicação de livro aprovado no Fundo de Investimentos Culturais (FIC) da Fundação de Cul-tura de Mato Grosso do Sul (FCMS). A obra reunirá dez ensaios de integrantes da equipe, professores da UFMS e de outras universidades, com análises de filmes rela-cionados aos temas citados.

Diversos cursos da UFMS promoviam encontros de exi-bição e discussão de filmes. Do CineArte, do curso de Fí-sica, ao CinePet, da Faculda-de de Computação (Facom), todos serão reunidos no Ci-neUFMS, que será promovido a partir do segundo semestre de 2011, exibindo filmes co-mo “Old boy”, “Capitalismo – Uma história de amor”, “C.R.A.Z.Y. – Loucos de amor” e “Supersize-me – A dieta do palhaço”, entre outros. O projeto é coordenado pelo professor de Teoria da Com-putação Fábio Henrique Mar-tinez. “Chegamos à conclusão de que poderíamos aumentar o público se concentrássemos as exibições em um único dia e espaço”, considera.

Fábio era responsável pela organização do CinePet, rea-lizado nas imediações da Fa-com, e explica que o intuito era o mesmo do novo proje-to. “Vamos promover debates

de maneira interdisciplinar, discutindo os filmes pelos pontos de vista dos cursos participantes”, explica.

Para o professor, a impor-tância de um cineclube como esse é enorme, ainda mais pa-ra alunos de cursos mais tec-nicistas como os ligados às tecnologias da computação. “Não há espaço para refle-xões e discussões como essas em sala de aula”, descreve.

Além de propiciar aos alu-nos discussões mais abran-gentes, o CineUFMS também abrirá espaço para o público em geral participar de exibi-ções e debates. “Estamos con-centrando os cineclubes em um único espaço para facili-tar a vida do público. Deste modo, podemos fortalecer o movimento cineclubista da universidade”, pontua.

Fábio lembra que o Cinema d(e) Horror e algumas outras iniciativas de exibição serão mantidas como estão. (TA)

Cineclube Bigorna será aberto no sábado

Um novo cineclube abrirá as portas para o público no próximo sá-bado. O coletivo Bigorna Produções iniciará as exibições do Cineclube Bigorna às 22h, com o filme “Flashdance” e me-diação de Maíra Espín-dola. A iniciativa surgiu quando o CineCultura, único cinema comercial voltado para filmes de arte na Capital, fechou as portas no ano passa-do. A jornalista Fernanda Brigatti, coordenadora do cineclube, afirma que a ideia é aproveitar o es-paço do Voodoo Bar, que abri-ga grande parte dos shows do coletivo, para propor exibições cinematográficas e discussões acerca dos filmes.

“Todos do coletivo sempre foram de alguma maneira li-gados à produção de cinema ou de eventos relacionados a essa arte. A criação do ci-neclube veio em decorrência disso”, aponta Fernanda. Em virtude da falta de pontos de exibição de cinema de arte, a necessidade de abrir espaço próprio se tornou emergencial. O Cineclube Bigorna pretende manter os moldes de outros espaços de exibição, discu-tindo as obras e buscando a

reflexão sobre o cinema.O diferencial é o espaço

oferecido a longas e curta-metragens produzidos no Estado e obras disponíveis na DF5, distribuidora de filmes Fora do Eixo. “Vamos convi-dar diretores regionais para prestigiar o espaço e partici-par dos debates”, aponta. Se-gundo Fernanda, apesar de a abertura acontecer no sábado, as exibições serão realizadas sempre às quartas-feiras, às 20h. A entrada é gratuita.

Entre os filmes previstos para junho estão “Apanhador de nuvens”, “Fabricando Tom Zé”, “Vinícius”, e outras obras sobre o universo da música.

Jennifer Beals em cena de “Flashdance”

Lençóis Maranhenses são pura beleza e adrenalinaFabuloso deserto brasileiro com lagoas de

água cristalina foi transformado em Parque

Nacional e tem uma paisagem mutante

graças aos ventos e chuvas. PÁG. 8