CIENCIAS SOCIAIS-metodosetecnicas

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AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO – MODULO ESPAÇOFUCIONAL ANO LECTIVO 201314 MÉTODOS, ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS Métodos de investigação Método de estudo de caso ou análise intensiva (estudo de casos particulares => os resultados obtidos dizem respeito, apenas, aos casos estudados): este método é um processo de investigação que se destina ao estudo de fenómenos particulares, observandoos sob todos os aspectos. Segundo este método, os fenómenos são analisados de uma forma intensiva, recorrendo a todas as técnicas disponíveis e a uma amostra particular. A finalidade deste método é a compreensão ampla do fenómeno na sua totalidade. Método de medida ou análise extensiva (resultados relativos a toda a população): este método implica a observação de populações vastas. As populações amplas constituem o objecto da análise extensiva, pelo que se recorre, muitas vezes, a técnicas de amostragem. Investigaçãoacção: este método permite: abordar a complexidade em contextos reais, referindose a uma multireferencialidade teórica; conhecer, analisar, esquematizar e generalizar aspectos de processos de construção de novos conhecimentos e de novas práticas; e pôr a descobertos espaços e mecanismos, assim como as dificuldade diversas que daí possam provir, reconhecendoas como questões reais e pertinentes. Estratégias de investigação A realização de uma pesquisa empírica em Ciências Sociais implica sempre o accionamento de procedimentos teóricometodológicos de observação do real: estruturação de uma estratégia de investigação. Esta irá depender, em grande parte, dos objectos concretos da pesquisa, bem como da sua origem. Com efeito, alguns objectos de investigação sugerem a utilização de métodos e técnicas de carácter mais quantitativo (quando o universo em estudo é muito vasto), enquanto que outros objectos de pesquisa permitem uma análise mais intensiva. Deste modo, as estratégias de investigação podem designarase por: extensiva, intensiva e investigaçãoacção. A lógica extensiva é caracterizada pelo uso dominante de técnicas quantitativas. A sua principal vantagem é o facto de permitir o conhecimento em extensão de fenómenos. A segunda estratégia (intensiva) analisa em profundidade as características, opiniões, uma problemática relativa a uma população determinada, segundo vários ângulos e pontos de vista. Nesta segunda estratégia, privilegiase a abordagem directa das pessoas nos seus próprios contextos de interacção. Nesta lógica de pesquisa tendem a ser usadas técnicas não só qualitativas, como também quantitativas ou extensivas. Porém, a lógica multilateral e intensiva do objecto de pesquisa definido é sempre dominante. A última estratégia denominase investigaçãoacção e consiste na intervenção directa dos cientistas, que são chamados a participar em projectos de intervenção. Os objectivos de aplicação mais directa dos conhecimentos produzidos tornam esta lógica específica. Fases da pesquisa O processo de investigação envolve um conjunto de etapas desde o momento em que o investigador inicia o processo de pesquisa até que os resultados obtidos assumem uma forma de escrita. Apesar da pesquisa empírica poder obedecer a diferentes estratégias, as suas etapas seguem um modelo padrão:

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  • AVALIAO DE DESEMPENHO MODULO ESPAO-FUCIONAL ANO LECTIVO 2013-14

    MTODOS, ESTRATGIAS E TCNICAS DE INVESTIGAO EM CINCIAS SOCIAIS

    Mtodos de investigao

    Mtodo de estudo de caso ou anlise intensiva (estudo de casos particulares => os resultados obtidos dizem respeito, apenas, aos casos estudados): este mtodo um processo de investigao que se destina ao estudo de fenmenos particulares, observando-os sob todos os aspectos. Segundo este mtodo, os fenmenos so analisados de uma forma intensiva, recorrendo a todas as tcnicas disponveis e a uma amostra particular. A finalidade deste mtodo a compreenso ampla do fenmeno na sua totalidade.

    Mtodo de medida ou anlise extensiva (resultados relativos a toda a populao): este mtodo implica a observao de populaes vastas. As populaes amplas constituem o objecto da anlise extensiva, pelo que se recorre, muitas vezes, a tcnicas de amostragem.

    Investigao-aco: este mtodo permite: abordar a complexidade em contextos reais, referindo-se a uma multi-referencialidade terica; conhecer, analisar, esquematizar e generalizar aspectos de processos de construo de novos conhecimentos e de novas prticas; e pr a descobertos espaos e mecanismos, assim como as dificuldade diversas que da possam provir, reconhecendo-as como questes reais e pertinentes.

    Estratgias de investigao

    A realizao de uma pesquisa emprica em Cincias Sociais implica sempre o accionamento de procedimentos terico-metodolgicos de observao do real: estruturao de uma estratgia de investigao. Esta ir depender, em grande parte, dos objectos concretos da pesquisa, bem como da sua origem.

    Com efeito, alguns objectos de investigao sugerem a utilizao de mtodos e tcnicas de carcter mais quantitativo (quando o universo em estudo muito vasto), enquanto que outros objectos de pesquisa permitem uma anlise mais intensiva. Deste modo, as estratgias de investigao podem designara-se por: extensiva, intensiva e investigao-aco.

    A lgica extensiva caracterizada pelo uso dominante de tcnicas quantitativas. A sua principal vantagem o facto de permitir o conhecimento em extenso de fenmenos.

    A segunda estratgia (intensiva) analisa em profundidade as caractersticas, opinies, uma problemtica relativa a uma populao determinada, segundo vrios ngulos e pontos de vista. Nesta segunda estratgia, privilegia-se a abordagem directa das pessoas nos seus prprios contextos de interaco. Nesta lgica de pesquisa tendem a ser usadas tcnicas no s qualitativas, como tambm quantitativas ou extensivas. Porm, a lgica multilateral e intensiva do objecto de pesquisa definido sempre dominante.

    A ltima estratgia denomina-se investigao-aco e consiste na interveno directa dos cientistas, que so chamados a participar em projectos de interveno. Os objectivos de aplicao mais directa dos conhecimentos produzidos tornam esta lgica especfica. Fases da pesquisa O processo de investigao envolve um conjunto de etapas desde o momento em que o investigador inicia o processo de pesquisa at que os resultados obtidos assumem uma forma de escrita. Apesar da pesquisa emprica poder obedecer a diferentes estratgias, as suas etapas seguem um modelo padro:

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    1 etapa: definio de um problema ou de uma questo de partida (pergunta de partida);

    2 etapa: estudo exploratrio (recolha de informaes sobre o tema); 3 etapa: definio da problemtica, das hipteses de trabalho e construo de um

    modelo de anlise (deve recorrer-se produo terica j existente sobre o tema, de modo a definir os conceitos que a ele esto associados e estabelecer as relaes entre eles);

    4 etapa: seleco e aplicao dos instrumentos de observao e recolha de informaes (definio das tcnicas a usar, em funo dos objectivos da investigao);

    5 etapa: anlise da informao e concluses (processo de verificao emprica, isto , anlise dos dados e concluses do estudo).

    Tcnicas de pesquisa Tcnicas documentais observam-se documentos escritos, ou no, que revelam fenmenos

    sociais. As tcnicas documentais podem subdividir-se em clssicas (permitem uma anlise qualitativa em profundidade, mas so muito subjectivas), e em modernas (permitem uma anlise quantitativa e so extensivas, cobrindo um amplo campo de estudo, pelo que complementam as tcnicas clssicas)

    Os tipos de tcnicas modernas mais frequentes so a semntica quantitativa (estuda o vocabulrio dos textos, por forma a analisar os estilos, a detectar lacunas, etc.), e a anlise de contedo, uma tcnica de investigao para a descrio objectiva, sistemtica e quantitativa do contedo das comunicaes que tem por fim interpret-las.

    Tcnicas no documentais consiste na recolha de informaes atravs da observao/experimentao. Dentro destas, existem, ainda, a observao participante (o observador integra-se no grupo observado, o que lhe permite fazer uma anlise global e intensiva), e a observao no participante (o entrevistador no intervm na situao em estudo)

    A observao participante pode subdividir-se em observao-participao (implica que o observador seja aceite, ao ponto de se integrar no grupo que observa; ou participao-observao (o investigador, por no ter possibilidade de se integrar no grupo que quer investigar, recorre colaborao de um participante-observador que aceite submeter-se s ordens de rigor que lhe so dadas pelo investigador).

    No entanto, a observao participante pode constituir uma armadilha, pelo que pode ocorre perigo de o observador cair na participao inobservante, resultante da interiorizao dos interesses e das ideias do grupo a estudar, ou perigo que o observador cair numa participao distante e fria, o que pode impedir um estudo em profundidade do grupo social observado.

    Quanto observao no participante, esta pode tomar a forma de entrevistas, inqurito por questionrio ou testes e medida de atitudes e opinio. As entrevistas constituem uma tcnica que pode ir do breve contacto formal a uma entrevista longa e relativamente vaga, na qual o investigador permite ao entrevistado desenvolver pontos sua vontade ou sugerir outros que deseja considerar. O ponto bsico da tcnica da entrevista a construo do questionrio sobre o qual cada entrevista se efectua. As questes devem centrar-se, portanto, sobre o entrevistado.

    Dentro das entrevistas, h, ainda, as entrevistas estruturadas (obedecem a um esquema rgido, previamente fixado, que o entrevistador dever respeitar integralmente: o enunciado das perguntas e a ordem por que so feitas so fixos. Neste tipo de entrevistas, as questes so, geralmente,

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    fechadas, ou seja, o entrevistado no tem a possibilidade de desenvolver a sua resposta. O objectivo conseguir uma estandardizao mxima da entrevista), e as no estruturadas (a conduo por parte do entrevistador mais flexvel, podendo orient-la com a sequncia e as questes que julgar mais convenientes, de acordo com a sua sensibilidade e tacto. As questes apresentadas so, sobretudo, abertas, isto , o entrevistado tem a possibilidade de exprimir e justificar livremente a sua opinio. Neste tipo de entrevistas, no existe uma lista pr-definida de questes que possa ser rigorosamente seguida. O entrevistador tem, apenas, um guia de tpicos que lhe recorda os temas sobre que deve inquirir).

    As entrevistas podem ser de tipo intensivo (centra-se num individuo, sem limites de tempo e com ampla liberdade) ou extensivo (entrevista curta e superficial, abrangendo um conjunto relativamente alargado da populao).

    O inqurito por questionrio possibilita obter dados atravs do questionrio, consistindo em apresentar um conjunto pr-determinado de perguntas populao. O questionrio , portanto, um conjunto estruturado de questes expressas num papel, destinado a explorar a opinio das pessoas a que se dirige.

    Os questionrios podem ser de tipo livre ou aberto (deixa-se toda a latitude de resposta ao inquirido. A principal vantagem o facto de permitir pessoa interrogada dar uma resposta livre e pessoal, sendo que as desvantagens so, essencialmente, o facto de poderem dar origem a respostas equvocas, contraditrias ou ilegveis, e o facto de serem de difcil apuramento, em consequncia da multiplicidade de respostas possveis); fechado (feito sem qualquer maleabilidade, seguindo um plano rgido, no qual a ordem das questes e os seus termos se mantm invariantes. Vantagem: permite canalizar as reaces das pessoas interrogadas para algumas categorias muito fceis de interpretar. Inconveniente: tem a ver com o aspecto tcnico do questionrio); ou semi-aberto ou semi-fechado (combinao das vantagens dos 2 tipos anteriores, com vista reduo dos seus inconvenientes. Neste tipo de inqurito, as questes podem so fechadas, mas d-se a possibilidade da resposta ser livre).

    Por outro lado, os testes e medida de atitudes e opinio visam o conhecimento quantificado e directo do comportamento do sujeito. As medidas de atitudes e opinio tm por objecto a graduao da respectiva intensidade, possibilitando a ordenao dos indivduos ao longo de uma escala. Estas tcnicas so criticadas pelo seu carcter subjectivo e pela ausncia de um padro estandardizado de medida. As escalas de atitudes e opinies visam superar esse subjectivismo, atravs da utilizao de um sistema pr-construdo de proposies sobre as quais o inquirido toma posio.

    Tipos de questes a incluir num inqurito por questionrio: questes fechadas (apuramento rpido dos resultados / pobreza das informaes obtidas; as perguntas podem ser feitas de forma tendenciosa); questes abertas (grande abundncia e riqueza de informaes / dificuldade no tratamento dos dados, dada a variedade de respostas, a maior parte das vezes, pouco objectivas); questes semi-abertas ou semi-fechadas (facilidade e rapidez no apuramento dos dados; informao suficiente, dado ser apresentada a justificao da resposta).

    As sondagens so uma modalidade particular de inqurito por questionrio, que visam obter a opinio dos inquiridos sobre determinado assunto. Os seus resultados podero ser generalizados a um universo mais vasto. Apesar disto, esta tcnica bastante complexa, se tivermos em conta os passos da sua correcta aplicao:

    Definio dos objectivos; Inventariao do recursos disponveis, o que permite determinar a extenso, os limites e

    a durao do trabalho a realizar;

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    Identificao do universo e escolha do intervalo de confiana. necessrio conhecer o n total de indivduos do universo cuja opinio se deseja pesquisar, bem como a sua distribuio por categorias (profisso, idade, sexo, regies). A esta discriminao qualitativa e quantitativa do universo d-se o nome de breakdown do universo, que se torna fundamental para escolher o intervalo de confiana que se espera atingir no trabalho;

    Construo da amostra. Sendo que, normalmente, o universo apresenta uma enorme extenso, preciso seleccionar uma amostra representativa desse universo, isto , considerar uma parcela do universo que seja numericamente expressiva, a fim de representar o mais exactamente possvel todo o universo. importante que os indivduos que compem a amostra representativa se encontrem discriminados, afim de que a colheita das opinies se processe nas devidas propores. A esta discriminao d-se o nome de breakdown da amostra;

    Elaborao do esboo do questionrio, elaborando e ordenando as questes e os mtodos a utilizar;

    Realizao do pr-teste, destinado a assegurar a natureza e a complexidade das questes e a sua adequao aos objectivos previamente determinados;

    Elaborao do questionrio definitivo; Recolha da informao; Codificao das respostas; Anlise e tratamento dos dados; Elaborao do relatrio final.

    Vantagens da sondagem: abarcando, apenas, uma parcela da populao total, exige menos recursos do que o inqurito exaustivo. Os inconvenientes prendem-se, sobretudo, com distores que podem ser introduzidas, tanto na fase de identificao prvia da populao a inquirir, como na do tratamento dos dados ou nas falhas de informao. BIBLIOGRAFIA

    Almeida, Joo Ferreira da (coord.) (1994), Introduo Sociologia, Lisboa, Universidade Aberta.

    Boudon, Raimond (1990), Os mtodos em Sociologia, Lisboa, Rolim.

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    Foddy, William (2002), Como Perguntar: Teoria e Prtica da Construo de Perguntas em Entrevistas e Questionrios, Oeiras, Celta Editora.

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