Ciência da informação - SARACEVIC

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  • 8/6/2019 Cincia da informao - SARACEVIC

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    1 Introduo

    Oobjetivo deste ensaio explorar a evoluo e a natureza mutante da cinciada informao (CI). Pretendo realizar esta explorao do ponto de vista desua problemtica, atendendo ao argumento de POPPER (1972) de que "...

    no somos estudantes de assuntos, mas estudantes de problemas. E os problemasconstituem os recortes de qualquer assunto ou disciplina." Um campo definido pelosproblemas que so propostos e a CI definida como um campo englobando, tanto apesquisa cientfica quanto a prtica profissional, pelos problemas que prope e pelos

    mtodos que escolheu, ao longo do tempo, para solucion-Ios. Qualquer campo,

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    Perspec. Ci. Inf., Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996

    1 Trabalho apresentado na International Conference on Conceptions of Library and Information Science: historical,empirical and theoretical perspectives. Aug.26-28, 1991. University of Tampere, Finland. Traduzido por Ana MariaP. Cardoso (Professora adjunta da Escola de Biblioteconomia da UFMG).

    2 School of Communication, Information and Library Studies, Rutgers University, USA.

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    Evoluo da cincia da informao (CI) enfocando os problemas surgidos ao longo dos

    tempos. A origem histrica da CI discutida, juntamente com seu papel social na evoluo

    da sociedade da informao. O trabalho de recuperao da informao analisado em

    termos de sua influncia no desenvolvimento da CI e da indstria da informao. A evoluo

    dos diferentes enfoques do problema apresentada e proposta uma definiocontempornea de CI. So examinadas as relaes interdisciplinares com quatro campos:

    biblioteconomia, cincia da computao, cincia cognitiva (incluindo inteligncia artificial) e

    comunicao. Como concluso so sumariadas algumas questes e problemas enfrentados

    contemporaneamente pela CI.

    Tefko Saracevic

    Cincia da informao:origem, evoluo e relaes

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    incluindo a CI, no pode ser entendido ou explorado atravs apenas de definieslxicas ou ontolgicas.

    Trs so as caractersticas gerais que constituem a razo da existncia e daevoluo da CI; outros campos compartilham-nas. Primeira, a CI , por natureza,interdisciplinar, embora suas relaes com outras disciplinas estejam mudando. Aevoluo interdisciplinar est longe de ser completada. Segunda, a CI estinexoravelmente ligada tecnologia da informao. O imperativo tecnolgicodetermina a CI, como ocorre tambm em outros campos. Em sentido amplo, oimperativo tecnolgico est impondo a transformao da sociedade moderna emsociedade da informa o, era da informa o ou sociedade p s-industrial. Terceira, a CI, juntamente com muitas outras disciplinas, uma participante ativa e deliberada naevoluo da sociedade da informao. A CI teve e tem um importante papel adesempenhar por sua forte dimenso social e humana, que ultrapassa a tecnologia.Essas trs caractersticas ou razes constituem o modelo para compreenso dopassado, presente e futuro da CI e dos problemas e questes que ela enfrenta.

    2 Origem e antecedentes sociais

    Como muitos outros campos interdisciplinares (como cincia da computao,pesquisa operacional) a CI teve sua origem no bojo da revoluo cientfica e tcnicaque se seguiu Segunda Guerra Mundial. Esse processo de emergncia de novoscampos ou de refinamento/substituio de conexes interdisciplinares dos camposantigos, de forma alguma est terminado, como testemunha a emergncia, na ltimadcada ou pouco mais, da cincia cognitiva. Portanto, a CI est seguindo os mesmospassos evolutivos de muitos outros campos.

    Dentre os eventos histricos marcantes, o mpeto de desenvolvimento e a

    prpria origem da CI podem ser identificados com o artigo de VANNEVAR BUSH,respeitado cientista do MIT e chefe do esforo cientfico americano durante a SegundaGuerra Mundial (BUSH,1945). Nesse importante artigo, BUSH fez duas coisas: (1)definiu sucintamente um problema crtico que estava por muito tempo na cabea daspessoas, e (2) props uma soluo que seria um ajuste tecnolgico, em consonnciacom o esprito do tempo, alm de estrategicamente atrativa. O problema era (e,basicamente, ainda ) "a tarefa massiva de tornar mais acessvel, um acervo crescentede conhecimento"; BUSH identificou o problema da exploso informacional- oirreprimvel crescimento exponencial da informao e de seus registros,

    particularmente em cincia e tecnologia. A soluo por ele proposta era a de usar asincipientes tecnologias de informao para combater o problema. E foi mais longe,props uma mquina chamada MEMEX, incorporando (em suas palavras) a

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    capacidade de associar idias, que duplicaria "os processos mentais artificialmente". bastante evidente a antecipao do nascimento da CI e, at mesmo, da intelignciaartificial.

    Cientistas e engenheiros de todo o mundo, e os mais importantes governos eagncias de financiamento em muitos pases ouviram e agiram. Nos Estados Unidos,o Congresso e outras agncias governamentais aprovaram, durante os anos 50 e 60,inmeros programas estratgicos que financiaram os esforos em larga escala paracontrolar a exploso informacional, primeiro na cincia e tecnologia, e depois em todosos outros campos. Empresas privadas uniram-se a eles. Eventualmente, essesprogramas e esforos foram responsveis pelo desenvolvimento da moderna indstriada informao e das concepes que a direcionam.

    A lgica estratgica original que fundamentou tais programas e esforos era aseguinte: uma vez que a cincia e a tecnologia so crticas para a sociedade (porexemplo, para a economia, sade, comrcio, defesa) tambm crtico prover os meiospara o fornecimento de informaes relevantes para indivduos, grupos e organizaesenvolvidas com a cincia e a tecnologia, j que a informao um dos mais

    importantes insumos para se atingir e sustentar o desenvolvimento em tais reas.Posteriormente, essa justificativa, baseada na importncia estratgica da informao,foi estendida a todos os campos, a todas as tarefas humanas e a todos os tipos deempreendimentos. Esta justificativa foi e aplicada globalmente. Atualmente, elareapareceu entre outros, nos esforos de companhias e agncias em fornecerinteligncia estratgica ou competitiva, e em diferentes programas de informao daUnio Europia e de outros pases.

    Como WERSIG & NEVELLlNG (1975) apontaram, a CI desenvolveu-sehistoricamente porque os problemas informacionais modificaram completamente suarelevncia para a sociedade ou, em suas palavras, "atualmente, transmitir o

    conhecimento para aqueles que dele necessitam uma responsabilidade social, eessa responsabilidade social parece ser o verdadeiro fundamento da CI". Problemasinformacionais existem h longo tempo, sempre estiveram mais ou menos presentes,mas sua importncia real ou percebida mudou e essa mudana foi responsvel pelosurgimento da CI, e no apenas dela.

    Apesar de os Estados Unidos desempenharem o papel mais proeminente nodesenvolvimento da CI (como fizeram com a cincia da computao), nem osproblemas informacionais nem a CI so americanos em sua natureza. Eles sointernacionais ou globais. No existe mais uma "CI americana", assim como no

    existem cincia da computao ou cincia cognitiva americanas. A evoluo da CI nosvrios pases ou regies acompanhou diferentes acontecimentos ou prioridadesdistintas, mas a justificativa e os conceitos bsicos so os mesmos globalmente. Odespertar da CI foi o mesmo em todo o mundo.

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    3 Evoluo da recuperao da informao

    Nos anos 50, uma massa crtica de cientistas, engenheiros e empreendedorescomearam entusiasticamente a trabalhar o problema e a soluo apontados porBUSH. Nos anos 60, esse trabalho tornou-se uma atividade relativamente ampla, bemfinanciada e organizada, que deu origem a debates estimulantes e a acaloradaargumentao acerca das melhores e mais adequadas solues (tcnicas, conceitos,sistemas, etc).

    Calvin MOOERS (1951) cunhou o termo recuperao da informao,destacando que ele "engloba os aspectos intelectuais da descrio de informaes esuas especificidades para a busca, alm de quaisquer sistemas, tcnicas ou mquinasempregados para o desempenho da operao."

    Considerando o problema da informao conforme definido, isto , a explosoinformacional, a recuperao da informao tornou-se uma soluo bem sucedidaencontrada pela CI e em processo de desenvolvimento at hoje. Como toda soluosuscita seus prprios e especficos problemas, assim tambm a recuperao da

    informao e esses problemas esto contidos na concepo proposta por MOOERS:a) como descrever intelectualmente a informao?b) como especificar intelectualmente a busca?c) que sistemas, tcnicas ou mquinas devem ser empregados?

    Embora tenham surgido outros problemas, mais especficos, esses trscontinuam fundamentais ainda hoje.

    De tais questes, surgiu uma grande variedade de conceitos e construtostericos, empricos e pragmticos, bem como numerosas realizaes prticas. Muitosexemplos histricos podem ilustrar a marcante evoluo de sistemas, tcnicas e/oumquinas utilizados para recuperao da informao. Sua variedade vai dos cartes

    perfurados aos CD-ROMs e acesso on line; dos sistemas no-interativos queles demltiplas possibilidades de interao, com interfaces inteligentes, transformando arecuperao de informao em um processo altamente interativo; de basesdocumentais para bases de conhecimento; dos textos escritos aos multimdia; darecuperao de citaes recuperao de textos completos; e ainda aos sistemasinteligentes e de respostas a perguntas.

    O trabalho determinado pela necessidade de recuperar informaes suscitouquestes e promoveu pesquisas exploratrias de fenmenos, processos e variveis,bem como das causas, efeitos, comportamentos e manifestaes relacionados.

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    3 No original "INFORMATION RETRIEVAL"

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    Historicamente, este fato conduziu a estudos tericos e experimentais sobre a naturezada informao, a estrutura do conhecimento e seus registros (incluindo bibliometria), ouso e os usurios, levando a estudos do comportamento humano frente informao;a interao homem-computador, com nfase no lado humano da equao; relevncia,utilidade, obsolescncia e outros atributos do uso da informao juntamente commedidas e mtodos de avaliao dos sistemas de recuperao da informao;economia, impacto e valor da informao, dentre outros.

    Bastante significativa, tambm, foi a emergncia do pragmatismo na aplicaoempresarial da recuperao da informao: a indstria informacional ou, para ser maispreciso, o setor que lida com a criao e distribuio de bases de dados e de servioson line decorrentes, bem como o acesso informao e sua disseminao. Essaindstria da informao tem suas razes diretamente relacionadas com os trabalhos derecuperao da informao dos anos 50 e 60, que culminaram com a emergncia deservios on line nos 70 e com a viabilizao internacional da indstria da informaonos anos 80.

    Resumindo, o trabalho com a recuperao da informao foi responsvel pelo

    desenvolvimento de inmeras aplicaes bem sucedidas (produtos, sistemas, redes,servios). Mas, tambm, foi o responsvel por duas outras coisas: primeiro, pelodesenvolvimento da CI como um campo onde se interpenetram os componentescientficos e profissionais. Certamente, a recuperao da informao no foi a nicaresponsvel pelo desenvolvimento da CI, mas pode ser considerada como principal; aolongo do tempo, a CI ultrapassou a recuperao da informao, mas os problemasprincipais tiveram sua origem a e ainda constituem seu ncleo. Segundo, arecuperao da informao influenciou a emergncia, a forma e a evoluo da indstriainformacional. Novamente, a recuperao da informao no foi o nico fator, mas oprincipal. Como a CI, a indstria da informao atualmente no apenas recuperao

    da informao, mas esta o seu componente mais importante.

    4 Evoluo das definies e da orientao por problemas

    Se aceitamos a afirmativa feita na Introduo de que um campo definido pelosproblemas que coloca, ento, uma descrio de alguns conceitos pode permitir umaviso da evoluo da CI relativa aos problemas propostos desde sua origem. O

    conceito de CI como um campo emergiu no incio dos anos 60. As discusses feitasnessa poca foram sintetizadas por BORKO (1968): ."CI a disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informao,

    as foras que governam seu fluxo, e os meios de process-la para otimizar

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    sua acessibilidade e uso. A CI est ligada ao corpo de conhecimentos relativos

    origem, coleta, organizao, estocagem, recuperao, interpretao, transmisso,

    transformao e uso de informao... Ela tem tanto um componente de cincia

    pura, atravs da pesquisa dos fundamentos, sem atentar para sua aplicao,

    quanto um componente de cincia aplicada, ao desenvolver produtos e servios. "

    Na dcada de 70, o conceito e a abrangncia da CI enquanto cincia foramafunilados pela definio mais especfica dos fenmenos e processos que deveriam

    ser analisados. GOFFMAN (1970) sumarizou-o como se segue:"O objetivo da disciplina CI deve ser o de estabelecer um enfoque cientfico

    homogneo para estudo dos vrios fenmenos que cercam a noo de

    informao, sejam eles encontrados nos processos biolgicos, na

    existncia humana ou nas mquinas... Conseqentemente, o assunto deve

    estar ligado ao estabelecimento de um conjunto de princpios fundamentais

    que direcionam o comportamento em todo processo de comunicao

    e seus sistemas de informao associados... (A tarefa da CI) o estudo

    das propriedades dos processos de comunicao que devem ser traduzidos no

    desenho de um sistema de informao apropriado para uma dada situao fsica".

    Tendo se iniciado no comeo dos anos 60, prolongando-se at hoje, asquestes acerca da natureza, manifestaes e efeitos dos fenmenos bsicos (ainformao, o conhecimento e suas estruturas) e processos (comunicao e uso dainformao) tornaram-se os principais problemas propostos pela pesquisa bsica emCI. Incluem-se a, dentre outras, tentativas de se formalizarem as propriedades dainformao pela aplicao da teoria da informao, da teoria das decises e outrosconstrutos da cincia cognitiva, da lgica e/ou da filosofia; vrias formas de estudos deuso e de usurios; formulaes matemticas da dinmica das comunicaes (como ateoria epidmica da comunicao); ricas anlises em bibliometria e cienciometria, pelaquantificao das estruturas do conhecimento (como a literatura e a esfera cientfica) ede seus efeitos (como as redes de citaes), etc. Portanto, paralelamente com aaplicao da pesquisa e desenvolvimento, principalmente centrados em torno darecuperao da informao, uma linha bsica de pesquisa evoluiu para CI, sendo emalguns casos to rigorosa, matemtica, lgica ou estatisticamente, como qualqueroutra pesquisa cientfica similar.

    Por volta dos anos 70, o paradigma da recuperao da informao deslocou-seem direo uma contextualizao mais ampla, voltando-se para os usurios e suasinteraes. No sentido dado por POPPER, esse fato reflete uma compreenso maisaprofundada do problema do que originalmente identificado por MOOERS. Discutindo

    os princpios da recuperao da informao e a necessidade de se construirsua teoria, KOCHEN (1974) afirmou:

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    "Podemos conceitualizar o sistema de conhecimento, no qual se inscreve a

    recuperao de informao, como composto por trs partes; (a) as pessoas em

    seu papel de processadores de informaes; (b) os documentos em seu papel de

    suportes de informaes; (c) os tpicos como representaes. Estamos

    interessados no ciclo de vida de cada um destes trs objetos e na dinmica de

    interao entre eles. Portanto, devemos considerar a varivel comum aos trs:

    tempo. "

    Em meados da dcada de 70, era amplamente reconhecido que a base da CIdizia respeito aos processos de comunicao humana (isto , um aprofundamento da

    definio proposta por BUSH), ou como BELKIN & ROBERTSON (1976) resumiram:

    "O propsito da CI facilitar a comunicao de informaes entre seres humanos."Similarmente, BECKER (1976) definiu a CI como o estudo do modo pelo qual

    as pessoas "criam, usam e comunicam informaes".Mais recentemente (comeo da dcada de 80) a administrao foi

    acrescentada como um elo bsico da CI. Na literatura do perodo, a American Society

    for Information Science (ASIS) definiu-se como: "( A) organizao profissional paraaqueles envolvidos com o desenho, a administrao e o uso de sistemas e tecnologiasde informao."

    Finalmente, devo redefinir a CI nos termos em que evoluiu e no seu enfoque

    contemporneo (1990):

    A CINCIA DA INFORMAO um campo dedicado s questes cientficas e

    prtica profissional voltadas para os problemas da efetiva comunicao do

    conhecimento e de seus registros entre os seres humanos, no contexto social,

    institucional ou individual do uso e das necessidades de informao. No

    tratamento. destas questes so consideradas de particular interesse as vantagens

    das modernas tecnologias informacionais."

    As palavras-chave desta definio indicam as reas de concentrao de

    problemas para a pesquisa e a prtica profissional - significando os enfoques

    intelectual e profissional, bem como as fronteiras da CI. Estas so propostas na CI

    atravs de esforos tericos, experimentais, profissionais e/ou pragmticos,

    individualmente ou em vrias combinaes interrelacionadas. So elas:

    a) efetividade

    b) comunicao humana

    c) conhecimento

    d) registros do conhecimento

    e) informao

    f) necessidades de informao

    g) usos da informao

    h) contexto social

    i) contexto institucional

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    j) contexto individual

    I) tecnologia da informao

    Pela sua prpria natureza, essas so reas-problema altamente complexas e,

    como todos os problemas complexos so tratados de vrias formas em muitos campos

    (assim como o so os problemas relacionados com a energia, matria, vida, etc).

    Ento, pelo imperativo dos problemas propostos, a CI um campo interdisciplinar.

    5 Evoluo das relaes interdisciplinares

    Os problemas bsicos de se compreender a informao e a comunicao, suas

    manifestaes, o comportamento informativo humano e os problemas aplicados

    ligados ao "tornar mais acess vel um acervo crescente de conhecimento", incluindo as

    tentativas de ajustes tecnolgicos, no podem ser resolvidos no mbito de uma nica

    disciplina. Este fato ficou claro, a partir da afirmao de BUSH, para todos que

    refletiram acerca das complexidades envolvidas. Problemas complexos demandam

    enfoques interdisciplinares e solues multidisciplinares.

    A interdisciplinaridade foi introduzida na CI pela prpria variedade da formaode todas as pessoas que se ocuparam com os problemas descritos. Entre os pioneiros

    havia engenheiros, bibliotecrios, qumicos, lingistas, filsofos, psiclogos,

    matemticos, cientistas da computao, homens de negcios e outros vindos de

    diferentes profisses ou cincias. Certamente, nem todas as disciplinas presentes na

    formao dessas pessoas tiveram uma contribuio igualmente relevante, mas essa

    multiplicidade foi responsvel pela introduo e permanncia do objetivo

    interdisciplinar na CI.

    Enfocarei as relaes interdisciplinares entre a CI e quatro campos:

    biblioteconomia, cincia da computao, cincia cognitiva (incluindo inteligncia

    artificial - IA) e comunicao. Obviamente, outros campos tambm mantm relaes

    interdisciplinares com a CI, mas nenhum desenvolveu-as de forma to pronunciada e

    significante como esses quatro.

    6 Biblioteconomia

    A biblioteconomia tem uma longa e orgulhosa histria, remontando a trs mil

    anos, devotada organizao, preservao e ao uso dos registros grficos humanos.Essas atividades so realizadas pelas bibliotecas no apenas como uma organizao

    particular ou um tipo de sistema de informao, mas principalmente, como uma

    instituio social, cultural e educacional indispensvel, de valor comprovado muitas

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    vezes ao longo da histria humana e atravs das fronteiras das diferentes culturas,civilizaes, naes ou pocas. SHERA (1972) define as bibliotecas como:

    "...contribuindo para o sistema total de comunicao na sociedade... Embora as

    bibliotecas tenham sido criadas como instrumentos para maximizar a utilizao dos

    registros grficos em benefcio da sociedade, elas atingem sua meta trabalhando

    com os indivduos e atravs deles, atingem a sociedade. "

    O campo comum entre a biblioteconomia e a CI, que bastante forte, consiste

    no compartilhamento de seu papel social e sua preocupao comum com os problemasda efetiva utilizao dos registros grficos. Mas existem tambm diferenassignificativas em alguns aspectos crticos, dentre eles: (1) seleo dos problemaspropostos e a forma de sua definio; (2) questes tericas apresentadas e os modelosexplicativos introduzidos; (3) natureza e grau de experimentao e desenvolvimentoemprico, assim como o conhecimento prtico/competncias derivadas; (4)instrumentos e enfoques usados; e (5) a natureza e a fora das relaesinterdisciplinares estabelecidas e sua dependncia para o avano e evoluo dosenfoques interdisciplinares. Todas estas diferenas comprovam a concluso que

    biblioteconomia e CI so dois campos diferentes, com forte relao interdisciplinar eno um nico campo, em que um consiste na manifestao especial do outro. No setrata de uma polmica, acadmica ou profissional, ou ainda argumentaes do tipomelhoroupior. Tais argumentos, embora comuns entre muitos campos modernos (porexemplo, psicologia e cincia cognitiva, ou entre os oponentes e os proponentesquando se considera a cincia da computao como um ramo das engenharias),significam pouco para o avano de qualquer rea e so completamente irrelevantes naaplicao cientfica, tcnica ou profissional. So importantes, entretanto, as diferenasna seleo e/ou definio de problemticas, paradigmas, metodologias e soluestericas ou prticas. A concluso, ento, que biblioteconomia e CI, embora

    relacionadas, constituem campos diversos. As diferenas ficam mais evidentes pela agenda das pesquisas. O que as

    agncias de fomento esto financiando como pesquisa em CI inteiramente diferentedaquilo que financiam em pesquisas biblioteconmicas. Isso vlido para todos ospases que tem pesquisas financiadas nas reas de CI e de biblioteconomia.Similarmente, existem muitas e pronunciadas diferenas nos programas dosrespectivos congressos, por exemplo, entre os encontros do Special Group of Intereston Information Retrieval (SIGIR) da Association of Computing Machinery e osencontros de qualquer associao de bibliotecas.

    Embora a CI e a biblioteconomia sejam grandes aliadas, a ponto de muitosassumirem o termo biblioteconomia e cincia da informao para descrever um mesmocampo de estudos, na realidade, as diferenas apontadas so de tamanha importnciaqualitativa que desautorizam tal unio, alm de refletirem-se de algum modo em ambosos campos. Mas, a relao est posta e continua evoluindo.

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    7 Cincia da Computao

    A base da relao entre CI e cincia da computao reside na aplicao doscomputadores e da computao na recuperao da informao, assim como nosprodutos, servios e redes associados. Para ilustrar a conexo, usarei uma definiorecente (DENNING et al.,1989):

    A disciplina da computao o estudo sistemtico dos processos algortmicos que

    descrevem e transferem informaes; sua teoria, anlise, desenho, eficincia,

    implementao e aplicao. A questo fundamental subjacente a toda computao

    "o que pode ser eficientemente automatizado?"

    Como pode ser percebido, a cincia da computao trata de algoritmos quetransformam informaes enquanto a CI trata da natureza mesma da informao e suacomunicao para uso pelos humanos. Ambos os objetos so interrelacionados e nocompetidores, mas complementares. Eles levam a agendas bsicas e aplicadasdiferentes.

    Um grande nmero de cientistas da computao estiveram proximamenteenvolvidos com pesquisa e desenvolvimento em recuperao da informao, assimcomo em muitos de seus desdobramentos, a ponto de serem reconhecidos comolderes em CI. Gerald SALTON um bom exemplo. Por outro lado, existe uma vertentede pesquisa e desenvolvimento em cincia da computao que pouca ligao tem comos estudos iniciais em CI. Essa inclui os trabalhos com sistemas inteligentes, bases deconhecimento, hipertextos e sistemas relacionados, interfaces inteligentes e interaohomem-computador e mesmo reutilizao de software. Essas reas tem umsignificativo componente informacional, associado com a representao da informao,sua organizao intelectual e encadeamentos; busca e recuperao de informao; a

    qualidade, o valor e o uso da informao - todos tradicionalmente tratados pela CI. Demodo inverso, essa corrente de pesquisa e desenvolvimento na cincia da computaofornece diferentes vises, modelos e enfoques e um paradigma diverso para apesquisa e desenvolvimento em CI. Portanto, as relaes interdisciplinares estoevoluindo em direo a um nvel diferente de cooperao intelectual. Aqui tambm,como no caso da biblioteconomia, este no um argumento fortuito. Se existe umquestionamento, esse deve relacionar-se com a adequao do paradigma, isto , ainterrelao dos problemas e do enfoque das solues.

    Uma das reas chave de interesse para ambas, cincia da computao e CI, a inteligncia artificial (IA). Embora a IA possa ser discutida por si s, prefiro discut-Iana perspectiva da cincia cognitiva para ilustrar os interesses compartilhados acercados processos da mente. Enfim, a fonte e o alvo da CI tem sido a informao da e paraa mente.

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    8 Cincia cognitiva

    Tambm chamada "nova cincia da mente" (GARDNER, 1985), a cinciacognitiva situa-se entre os mais novos campos interdisciplinares e foi disseminada naltima dcada, com grande sucesso, seduzindo a imaginao de muitos estudiosos nosmais diversos campos. A razo para isto que ela aponta, de uma nova forma,questes sobre a mente que tem sido debatidas desde a antigidade. "O objetivo dacincia cognitiva" segundo JOHNSON-LAIRD, (1988), um cientista lder na rea, "explicar como funciona a mente". A cincia cognitiva surgiu como um "amlgama dapsicologia, filosofia, antropologia, neurofisiologia, cincia da computao e ling stica,organizado em torno do uso do computador como uma ferramenta para extrair ossegredos do crebro e da mente" (CASTI, 1989). Embora existam diversos enfoquesde pesquisa, os campos que compem a cincia cognitiva compartilham um interessebsico acerca da compreenso dos processos cognitivos, sua realizao no crebro, aestrutura da mente e vrias manifestaes da mente como inteligncia. Na cincia

    cognitiva o computador desempenha um importante papel, tanto como ferramentaquanto como fonte de modelagem e teste.

    Os livros de GARDNER, JOHNSON-LAIRD e CASTI apresentam umabrangente relato da interdisciplinaridade da cincia cognitiva, mostrando as correntesde pensamento e os campos que a interagem. A importncia determinante da cinciacognitiva reside na interao de enfoques extremamente diferenciados no tratamentode questes acerca do crebro e da mente, das humanidades s cincias da vida, dascincias sociais s matemticas, da lgica s engenharias. Embora todos essestenham um interesse potencial para a CI, o mais prximo constitudo pelas questeslevantadas e solues tentadas na IA.

    Assim como o artigo de BUSH tornou-se o clssico ponto inicial na evoluo daCI, o artigo de Alan TURING (1950), Computing Machinery end Intelligence, foi odetonador para a IA. Nas duas primeiras sentenas do artigo, TURING sintetizou o quese tornaria a agenda da IA: "proponho que se considere a questo: podem asmquinaspensar? A resposta deve comear pela definio do significado dos termosmquina e pensar. "

    Uma definio popular de IA estabelece que "IA a arte de se programaremcomputadores para fazer coisas inteligentes" (WALDROP, 1987). Mas WALDROPtambm destacou que existem muitas vertentes de atividades em IA, cada uma com

    agenda especfica, estudando diferentes problemas:"(IA pode ser definida):

    - como um ramo da engenharia de software IA um conjunto de tcnicas de

    programao que fazem o computador executar alguns truques... Certamente,

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    algumas pessoas esto comeando a ganhar rios de dinheiro com estes truques..

    - como uma teoria da cincia da computao, ... IA uma concepo

    mpar do que seja programao...

    - como um ramo da filosofia, IA um tipo de epistemologia experimental:

    o que o conhecimento? como pode o conhecimento ser representado

    no computador - ou na mente?

    - como uma cincia da mente, IA incorpora uma idia controversa e

    instigante: que a mente ... basicamente um mecanismo processador deinformaes ... Em seu nvel mais profundo, IA liga-se a um dos grandes

    mistrios no resolvidos da cincia: como pode a mente surgir de uma

    no-mente? Como pode o crebro, um objeto feito de matria comum...

    dar nascimento a sentimento, objetivo, pensamento e conscincia?"

    Atualmente, a IA classificada como IA fraca, concentrada nos dois primeirospontos descritos por WALDROP, e IA forte, direcionada aos dois ltimos. No se podenegar que a IA forte, com suas teorias da inteligncia, mente e pensamento conectadas

    com as mquinas, seja controversa, causando numerosos desafios, especialmente

    entre filsofos (por exemplo, DREYFUS, 1979; SEARLE, 1984; PENROSE, 1989; e

    outros). Por sua vez, as refutaes foram rejeitadas, resultando em liberdadeintelectual para todos. De toda forma, esses so alguns dos debates mais instigantes

    e significativos do sculo, reunindo pessoas de todas as reas acadmicas. Tais

    debates certamente tero conseq ncias de longo alcance sobre as nossas formas de

    pensar o pensamento.

    Tanto a IA fraca quanto a forte tem interesse direto para a CI. A IA fraca fonte

    de muitas das inovaes nos sistemas de informao, tais como sistemas inteligentes,

    hipertextos, bases de conhecimento, interfaces inteligentes e as questes sobre a

    interao homem-computador - todas elas de interesse para a CI e para as quais ela

    pode contribuir diretamente. A IA forte a fonte do modelo terico da cognio, no qual

    a informao, enquanto fenmeno, desempenha o mais importante papel. Portanto,

    esse modelo pode tambm contribuir para a pesquisa bsica em CI.

    9 Comunicao

    Se existe alguma palavra que tenha mais conotaes, maior uso em muitos e

    diferenciados contextos e maiores motivos para confuso do que informao, essa

    palavra comunicao. Em primeiro lugar, existe confuso entre o processo decomunicao enquanto objeto de investigao e comunicao como nome do campo

    em que o processo investigado, isto , a comunicao (campo) estuda a

    comunicao (processo). Quase todo texto de comunicao principia com a descrio

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    da mirade de usos do termo. O significado de comunicao, assim como o deinformao uma discusso disseminada por si mesma. Embora interessante, aargumentao no produziu nenhum resultado notvel e, portanto, no vale a pena

    prosseguir. De qualquer forma, o debate e os estudos acadmicos sobre as relaes

    envolvidas entre informao como fenmeno e comunicao como processo, so

    importantes, pois cada conceito atua de forma complexa sobre o outro, formas ainda

    no completamente elaboradas, compreendidas ou mesmo investigadas (veja, por

    exemplo, RUBEN, no prelo). De forma fundamental, as relaes entre o fenmeno e o

    processo - informao e comunicao - definem as relaes entre CI e comunicao

    (campo).

    Os estudos acadmicos da comunicao so to antigos quanto a filosofia. No

    estudo da retrica por Aristteles e por outros filsofos, o interesse era o discurso

    pblico, no apenas como arte de persuaso, mas tambm como uma rea de estudo

    voltada para a natureza da comunicao e os efeitos decorrentes.

    A pesquisa em comunicao, englobando estudos empricos, coleta de dados,

    teste de hipteses e todos os outros ornamentos da cincia moderna, tiveram incio nas

    primeiras dcadas do sculo, como um suplemento filosofia e como uma resposta amuitas das questes e problemas, bastante evidentes, relacionados com os vrios

    aspectos da sociedade industrial, como urbanizao, migrao, emergncia dos massmedia, da propaganda na Primeira Guerra Mundial e coisas tais. (Para uma visohistrica da pesquisa e da cincia da comunicao, ver ROGERS, 1986 e DELlA,1987).

    Os modernos estudos acad micos da comunicao evoluram em um campo

    especfico (mencionado, algumas vezes, como comunicao simplesmente e outras,

    como cincia da comunicao) com nfase no estudo de problemas associados com a

    comunicao humana, definida como (RUBEN,1984):

    "...o processo atravs do qual os indivduos em rela o, grupos, organiza es

    e sociedades criam, transmitem e usam informao para organizar a informa ocom o ambiente e entre si."

    Pesquisadores que trabalharam tanto em CI como em comunicao entendem

    que o foco unilateral em informao ou em comunicao, por si mesmo muito

    estreito, enfraquecendo a pesquisa em ambos. Segundo eles, existem questes

    emergentes necessitando da ateno de ambas as disciplinas em um trabalho conjunto

    (por exemplo, PAISLEY, 1989). Como BORGMAN & SCHEMENT (1989) destacaram:

    "Por algum tempo, pudemos observar os elos entre as duas disciplinas em

    diferentes nveis. Pesquisadores de ambos os campos estudaram tpicos

    semelhantes, como as lacunas do conhecimento, os colgios invisveis, a difuso

    de inovaes, a interao humana com as tecnologias da comunicao, ocomportamento na busca de informaes, a teoria da informao, a teoria de

    sistemas e a sociedade da informao. "

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    Eles tambm notaram (juntamente com outros observadores) que esses tpicos

    aparecem nas revistas de ambos os campos e que alguns acadmicos mudaram suas

    afiliaes de escolas de comunicao para as de CI e vice-versa. Isto evidencia a

    confluncia de pessoas e correntes de pesquisa em CI e comunicao, semelhante s

    confluncias discutidas previamente entre CI, cincia da computao e cincia

    cognitiva.

    Concluindo, o desenvolvimento da relao entre CI e comunicao apresenta

    vrias dimenses: um interesse compartilhado na comunicao humana, juntamente

    com a crescente compreenso de que a informao como fenmeno e a comunicao

    como processo devem ser estudadas em conjunto; uma confluncia de certas

    correntes de pesquisa; algumas permutas entre professores; e o potencial de

    cooperao na rea da prtica profissional e dos interesses comerciais/empricos.

    10 Concluso

    A CI parece estar atingindo um ponto crtico em sua evoluo. Inmeras so as

    presses que impem um reexame da sua problemtica e das solues encontradas

    de forma terica, experimental ou prtica. As mesmas presses afetam muitos outros

    campos. Vamos considerar trs classes gerais de presses.

    Em primeiro lugar, o imperativo tecnolgico que vem apresentando ou mesmo

    forando o desenvolvimento e aplicao de uma crescente gama de produtos e

    servios de informao ou impelindo a refinamentos substantivos. Isso vem de dentro

    e de fora da CI, com crescente competio. Uma ampla variedade de redes de

    informao, algumas empurrando as fronteiras, outras em diferentes estgios de

    concretizao, est prometendo mudar radicalmente a qualidade e a quantidade da

    comunicao e mesmo da informao comunicada.

    Em seguida, e em sentido mais amplo, a evoluo da sociedade da informao

    est em acelerao, sendo claramente visvel na Europa, nos Estados Unidos e na orla

    do Pacfico. Os papis econmico e social de toda e qualquer atividade de informao

    esto se tornando mais e mais pronunciados; sua importncia estratgica ultrapassa o

    nvel da cooperao regional e global, em direo ao desenvolvimento nacional e ao

    progresso social, bem como em direo aos avanos organizacionais e vantagens

    competitivas.

    Finalmente, as relaes interdisciplinares esto mudando. Particularmente asrelaes com a cincia da computao e a inteligncia artificial esto se tornando mais

    aparentes em aplicaes, e com a cincia cognitiva, nos trabalhos tericos e

    experimentais. Os princpios e tcnicas da recuperao da informao esto sendo

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    disseminados para aplicaes fora da CI, como por exemplo, a reutilizao de

    software. Alm disso, um crescente nmero de campos, no diretamente ligados

    informao como objeto de estudo ou aplicao, est adentrando a arena da

    informao de forma sria, haja vista a emergncia da informtica mdica nas escolas

    de medicina.

    Em quaisquer dessas reas, os problemas da informao no esto

    diminuindo, mas sendo transformados. Algumas apresentam maiores desafios e

    questes para a pesquisa, o desenvolvimento e a prtica profissional da CI, como

    discutiremos a seguir.

    10.1 O humano nas relaes homem-tecnologia

    Se existe um consenso de que as reas citadas na seo acerca da definio

    de problemas sejam as que apresentam as questes principais e mais amplas

    sugeridas pela CI - e a reviso de literatura indica que esse consenso de fato existe -

    ento, o prximo passo , obviamente, refletir sobre a pergunta: a partir de qual

    enfoque, ou em que bases devem ser colocados os problemas: humana outecnolgica? A tecnologia constitui, por si mesma, um problema ou uma soluo? ou

    ambos? A tecnologia , sem dvida, central em CI, mas tambm fundamental, por

    exemplo, para a cincia da computao? Ou so os aspectos humanos (conhecimento,

    registros do conhecimento, comunicao, contextos individual, institucional e social,

    necessidade e uso da informao...) fundamentais como alicerces sobre os quais as

    solues tecnolgicas devem ser construdas?

    A relao homem-tecnologia o ponto fraco, a questo no resolvida filosfica,

    cientfica ou profissionalmente na CI, assim como tambm o em outros campos

    fortemente envolvidos com a tecnologia. A CI tem oscilado entre dois extremos -

    humano e tecnolgico - sem se definir claramente por qualquer deles ou estabelecer

    um equilbrio confortvel. Embora exista, ultimamente, uma clara oscilao do pndulo

    em direo ao lado humano da equao, o extremo tecnolgico continua sendo a

    amarra que dirige a inclinao do campo em sua totalidade e no apenas do campo -

    visvel que esta a caracterstica da sociedade da informao. De toda forma, muitas

    dcadas de experincia com as mais diversas solues tecnolgicas para acessar e

    utilizar a informao (algumas mais sedutoras, elegantes ou convenientes) nos

    demonstram que ainda estamos engatinhando, com uma modesta compreenso do

    quo pouco conhecemos, em sentido formal, sobre os aspectos humanos (social,

    institucional, individual...) e comportamentais relacionados com o conhecimento e ainformao. Sobretudo, nos demonstram que muitos dos conceitos acerca desses

    aspectos, humanos e comportamentais, que constituem a base sobre a qual so

    planejadas as aplicaes tecnolgicas, no funcionam mais. Ento, a sntese final

    indica, no um conflito, mas uma necessidade de equilbrio.

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    Parece que a pesquisa em CI atingiu um patamar. Podem as aplicaes

    tecnolgicas sem clareza ou ajustes acerca dos aspectos humanos e

    comportamentais, atingir seu ponto alto? Parece que sim. Mas, podem os

    direcionamentos dados agora, com as novas perspectivas cognitivas ou com a nfase

    na inteligncia ou na IA, prover o impulso para se buscar novo patamar? para atingir o

    equilbrio entre os aspectos humanos e tecnolgicos? Essas proposies so mais

    especficas que aquelas genricas sobre a relao homem-tecnologia.

    Essas questes esto adquirindo maior visibilidade e maior urgncia pela

    rpida mudana da prpria tecnologia da informao e pela significativa extenso da

    capacidade tcnica disponibilizada pelos avanos na computao, armazenagem,

    exposio, comunicao, interligao em redes, etc. Um levantamento de tais

    capacidades em si mesmo, uma tarefa complexa. Em outras palavras, o lado

    tecnolgico da equao homem-tecnologia est em contnua expanso. Esse fato

    torna o equilbrio da relao muito mais difcil, a ponto de prevalecer uma concepo

    que acredita ser mais fcil ensinar e ajustar os humanos, isto , moldar o humano ao

    sistema, do que vice-versa.

    A importncia crtica de se buscar o equilbrio da relao homem-tecnologia naproblemtica estudada pela CI reside no simples e incontroverso tru smo de que, toda

    e qualquer aplicao da tecnologia e das tcnicas, sem objetivos claros, com conceitos

    indefinidos ou uma filosofia nebulosa, introduziro a barbrie. Gostaria de sugerir que

    os objetivos, a filosofia e os conceitos determinantes para o equilbrio homem-

    tecnologia precisam originar-se do seu lado humano. O testemunho de que isso no

    est acontecendo vem das inmeras associaes e comits em muitos pases, todos

    enfocando a necessidade de orientao aos usurios no fornecimento de informao

    ou aplicaes da tecnologia de informao. Subjacente variedade de recomendaes

    desses grupos, existe uma certa "revolta do usurio", uma avaliao consciente ou

    uma compreenso subconsciente de que em lugar da adaptao da tecnologia ao

    entendimento racional do comportamento humano frente informao e ao ambiente

    informacional amplo, a situao foi revertida, criando mais o exacerbamento do que a

    soluo para os problemas da exploso informacional.

    10.2 Mudando os critrios de eficcia

    O segundo ponto a ser considerado aqui diz respeito eficcia que resulta

    proximamente, ou mesmo diretamente, da questo da tecnologia. Desde os primrdios

    da CI, a noo de eficcia (por exemplo, a comunicao eficaz do conhecimento, oacesso eficiente aos recursos informacionais, a relevncia e utilidade da informao, a

    qualidade da informao...) tem sido uma preocupao central. Os critrios de eficcia

    foram e continuam, claramente, sendo derivados da perspectiva humana, ou de

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    As questes que devem ser propostas, ento, so: at que ponto esto claros

    estes novos critrios de qualidade? So compreensveis? Como so os novos critrios

    de qualidade face aos antigos de relevncia ou utilidade? Que relaes podem ou

    devem ser mantidas entre os critrios novos e os antigos? A configurao futura dosservios e sistemas de informao ser determinada pelas respostas a essas

    questes.

    10.3 Isolamento na ecologia informacional

    Tendo principiado com a Renascena e a inveno da imprensa, seguida pela

    emergncia da cincia moderna, a comunicao do conhecimento evoluiu em um

    sistema scio-ecolgico, to complexo e interrelacionado como qualquer ecologia

    biolgica. Grosso modo, essa ecologia informacional envolve: os produtores de

    conhecimento (autores, inventores, pesquisadores, coletores...) e as instituies onde

    trabalham ou residem; os financiadores dessas instituies e trabalhos; os editores (em

    qualquer media), incluindo seus prprios mecanismos de seleo, editorao,

    julgamento, avaliao, publicao...; os canais de divulgao; os reelaboradores4 (porexemplo, produtores de bases de dados, em qualquermedia tambm) incluindo seus

    mecanismos prprios de seleo, tratamento, disseminao...; as bibliotecas e servios

    de informao, tambm com seus mecanismos; os usurios e suas instituies

    fechando a cadeia ecolgica. Existem muitas elaboraes especficas, cada qual com

    seusjogadores, depositrios e mecanismos que, eventualmente, afetam o conjunto da

    ecologia informacional. As perturbaes em qualquer dos elementos principais da

    ecologia afetam o todo.

    Obviamente, a tecnologia sempre desempenhou papel importante na ecologia

    informacional (o chamado efeito de Gutemberg); presentemente, tem um papel crtico

    tanto na sua evoluo, assim como na evoluo da sociedade contempornea. De todo

    modo, no se pode exagerar o fato de que a ecologia informacional

    fundamentalmente social em sua natureza. Ela uma ecologia social, onde o social,

    incluindo os fatores econmicos, polticos, culturais e educacionais, desempenha papel

    predominante.

    Os vrios elementos ou atores na ecologia informacional, embora claramente

    interrelacionados, funcionam, na prtica, em relativo isolamento uns dos outros. Alm

    disto, as tenses naturais entre os vrios atores esto evoluindo para conflitos abertos,

    tais como entre editores X reelaboradores; editores e reelaboradores X bibliotecrios;

    setores privados X pblicos; autores X editores; usurios X todos; e assimsucessivamente. Vrios desses atores esto em conflito quanto s suas funes, cada

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    4 No original "repackagers". Optou-se pela forma "reelaboradores", para uso no texto, por ser esta uma possibilidade

    de preservar a compreenso do trabalho refeito em continuidade a um j terminado (Nota da tradutora).

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    um deles enxergando a ecologia informacional segundo um ponto de vista singular e

    aguardando desdobramentos diferentes. Tais isolamentos e conflitos no permitem um

    cenrio adequado para a ecologia como um todo.

    No nvel mais especfico, os vrios mecanismos e padres para tratamento da

    informao pelos muitos atores da cadeia ecolgica no so compatveis; por exemplo,

    os editores tratam os textos de forma totalmente diferenciada daquela usada pelos

    reelaboradores que trabalham com as representaes desses textos, ou ainda da

    forma utilizada pelos bibliotecrios em sua catalogao. At que a tecnologia tenha

    capacidade para permitir a interao direta entre os vrios manipuladores da

    informao, tal incompatibilidade no constitui problema srio. Mas, com o aumento

    das novas capacidades tecnolgicas e do nmero de novos atores no processo, alm

    das crescentes demandas de informao orientada para o usurio, o alto grau de

    incompatibilidade torna-se crtico, um empecilho evoluo contnua da ecologia,

    possivelmente, at mesmo uma ameaa ao seu desempenho e funcionamento globais.

    Dois pontos devem ser considerados aqui. Primeiro, buscar solues e

    mecanismos que diminuam o isolamento e os conflitos entre os vrios elementos da

    cadeia. Segundo, propiciar maior grau de compatibilidade, para que os vrios atorespossam interagir com toda a potencialidade permitida pela moderna tecnologia e

    demandada pelas necessidades contemporneas e futuras de informao.

    Certamente, existem muitas questes tcnicas complexas envolvidas que requerem

    grande esforo de trabalho e ateno, como a criao e implementao de padres

    tcnicos. Ainda assim, as questes no so primeiramente tcnicas, mas sociais, isto

    , econmicas, polticas e culturais. Desafortunadamente, os problemas e relaes em

    ecologia informacional, da forma como evoluram nas duas ltimas dcadas, ainda no

    esto bem estabelecidos ou claramente entendidos. Essas relaes e problemas

    constituem uma rea importante para estudo.

    A noo de ecologia informacional aponta para uma questo adicional mais

    ampla. Qualquer estudo sobre problemas especficos da informao e as tentativas de

    soluo, para serem significativos e bem sucedidos, no podem ser desenvolvidos

    isoladamente dos demais atores e mecanismos da cadeia ecolgica. Os princpios

    ecolgicos devem ser invocados. Por exemplo, a otimizao de um elemento ecolgico

    no significa, necessariamente, um melhor funcionamento total da ecologia; ao

    contrrio, algumas vezes pode representar o declnio do seu equilbrio. Em outras

    palavras, o estudo e a soluo de qualquer problema especfico da informao exige,

    como regra, a considerao dos vrios outros atores e mecanismos no conjunto maior

    da ecologia informacional. Os problemas tratados pela CI, ou por algum outro camporelacionado com qualquer aspecto da ecologia informacional, devem ser enfocados

    como complexos problemas ecolgicos.

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    10.4 A necessidade da cincia da informao

    O problema proposto pela CI "a tarefa massiva de tornar mais acessvel um

    acervo crescente de conhecimento", assim como todos os problemas mais especficos

    que se seguiram, esto ainda nossa volta e estaro a com ou sem a CI. A questo

    de se aplicar a tecnologia da informao na soluo dos problemas informacionais

    continua e continuar com ou sem a CI. A evoluo da ecologia informacional pode se

    processar com ou sem a CI. Existindo ou no um campo organizado chamado CI, os

    problemas no terminaro. Os problemas esto a, independentemente de sua

    rotulao. As razes sociais para sua colocao so evidentes e urgentes. A questo

    , ento, quem vai direcion-Ios, como e onde.

    Nas ltimas quatro dcadas a CI apresentou contribuies que influenciaram o

    modo como a informao manipulada na sociedade e pela tecnologia e tambm

    permitiu melhor compreenso para um rol de problemas, processos e estruturas

    associados ao conhecimento, informao e ao comportamento humano frente

    informao. A CI desenvolveu um corpo organizado de conhecimentos e competncias

    profissionais ligados s questes informacionais. Os fatos demonstram a veracidadedessas concluses.

    Certamente, a CI no o nico campo que se ocupa com estas questes. Ela

    no detm o seu monoplio, como tambm no o faz nenhum outro campo. Entretanto,

    mudanas significativas esto ocorrendo em muitos campos pelo surgimento de

    problemas informacionais semelhantes, embora algumas vezes, de forma bastante

    diferente. Eventualmente, a questo : que formas parecem ser mais promissoras no

    desvendamento do rol de questes informacionais? Como poderemos atingir maior

    aprofundamento no trato dessas questes? Essas so situaes legtimas para o

    debate intelectual e profissional.

    Finalmente, no importa se a atividade que trata dessas questes seja

    chamada de CI, informtica, cincias da informao, estudos de informao, cincias

    da computao e da informao, inteligncia artificial, cincia da informao e

    engenharia, biblioteconomia e cincia da informao, ou qualquer outra forma, desde

    que os problemas sejam enfocados em termos humanos e no tecnolgicos. Mas, a CI

    sob qualquer nome, significando um corpo organizado de conhecimentos e

    competncias, teve e pode continuar tendo grande contribuio nesses estudos. Tem

    um registro comprovado de interdisciplinaridade. Sob qualquer nome ou patrocnio, as

    atividades profissionais e cientficas desempenhadas pela CI so necessrias.

    Sobretudo, a necessidade dessa atividade organizada crtica para a sociedademoderna. Preenchendo tal necessidade, a CI poder ser melhor definida e

    reestruturada, como a sociedade requer.

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    Information Science: origin, evolution and relations

    The essay traces the evolution of information science through problems addressed over

    time. The historic origin of information science is discussed, together with the social role of

    information science in the evolution of information society. The work in information retrieval

    is analyzed in terms of its influence on development of both information science and

    information industry. Evolution of problem orientation is discussed and a contemporary

    definition of information science is provided. Interdisciplinary relations with four fields areexamined: librarianship, computer science, cognitive science (including artificial intelligence)

    and communication. In conclusion, several contemporary issues and problems facing

    informa tion science are summarized.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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