Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

22
Assim seguiram. rumo ao Portão e notem que a Cidade se erguia sobre pos sante colina, mas os Peregrinos escalaram essa colina com facilidade, ajudados pelos dois homens que os levavam pelos braços. encosta acima; também haviam deixado suas Vestes Mortais para trás. no Rio; pois se nele haviam entrado com elas. sem elas dele haviam saído. Subiram. portanto. com muita agilidade e rapidez. embora a base sobre a qual se assentava a Cidade se erguesse acima das Nuvens. Subiram. portanto. pelas Regiões do Ar e. subindo. amenamente conversavam . contentes por haverem passado o Rio a salvo e terem. para escoltá-los. tão gloriosos Companh e iros. JOHN BUNY N  The Pilgrim s Pro g ress 1678) E à medida que a Lua subia. inessenciais as casas foram desaparec e ndo at é que. pouco a pouco. me dei conta desta velha ilha que aqui outrora d e sabrochou ante os olhos dos marinheiros holandeses seio túrgido e verde do novo mundo . Suas árvores, agora desaparecidas. árvores qu f cederam lugar à casa de Gatsby. haviam outrora, suspirosas . alcovitado o último e maior de todos os sonhos humanos; por um breve e encantado momento. compelido à contemplação estéti c a que ele nem entendia nem desejava. deve ter o homem sustado a respiração na presença deste continente, cara a cara pela última vez na história humana com alguma coisa à altura de sua capacidade de maravilhar-se. E ali sentado, meditando sobre o velho mundo desconhecido. lembrei-me da sur presa maravilhada de Gatsby ao divisar pela primeira vez. a luz verde no ancora douro de Daisy. Longa fora a caminhada até esta clareira azul. e seu sonho deve ter-lhe parecido tão próximo que dificilmente lhe poderia escapar. Mal sabia ele que esse sonho ficara para trás. em algum lugar daquela vasta escuridão para além da cidade  onde os negros campos da república rolavam sob a noite. F. ScorrFI1ZGERALD, The Great Gatsby 1926) 4 5. A Cidade na Região Nasce  o Planejamento Regional: Edimburgo, Nova York, Londres 1900-1940) Se, originária dos EUA, a cidade-jardim foi inglesa, então, vi n - da da França via Escócia, a cidade regional foi, indubitavelment e, norte-americana. O planejamento regional nasceu com Patrick Ged - des 1854-1932), um polimata inclassificável que, oficialmente, l e - cionava biologia muito provavelmente, qualquer coisa menos bi o - logia) na Universidade de Dundee, dava conselhos idiossincrático s aos governadores da Índia sobre como administrar suas cidades e tentava encapsular o sentido . da vida em tirinhas de papel dobradas. De seus contatos com os geógrafos franceses na virada d o século, Geddes absorvera o credo do comunismo anarquista, baseado em livres confederações de regiões autônomas. Graças ao encontro que teve na década de 20 com Lewis Mumford 1895), um jornalista - sociólogo capaz, como Geddes jamais o foi, de dar forma coerente a seus pensamentos, essa filosofia passou para um pequeno mas bri lhante devotado grupo de planejadores sediados na cidade de Nova York, de onde por intermédio dos portentosos escritos de Mumford acabou fundida às idéias intimamente correlatas de Ho ward e espalhou-se por toda a América e pelo mundo afora, exer cendo enorme influência, em particular sobre o New Deal de r a n ~ klin Delano Roosevelt, na década de 30, e sobre o planejamento das capitais da Europa nos anos 40 e 50. Mas, ironicamente, nesse processo exatamente como ocorreu com Howard - a qualidade verdadeiramente radical da mensagem foi abafada e, mais da me tade, perdida; hoje, em parte alguma se vê, no chão, a genuína e notável visão da Regional Planning Association of America, desti lada, via Geddes, de Proudhon, Bakunin, Reclus e Kropotkin.

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Assim seguiram. rumo ao Portão e notem que a Cidade se erguia sobre pos

sante colina,

mas os

Peregrinos escalaram essa colina com

facilidade,

ajudados pelos

dois

homens

que os levavam pelos

braços.

encosta acima; também haviam deixado

suas Vestes

Mortais para

trás. no Rio; pois se

nele

haviam

entrado

com elas. sem

elas dele haviam saído. Subiram. portanto.

com

muita agilidade e rapidez. embora

a base sobre a qual se

assentava

a

Cidade

se erguesse acima das Nuvens. Subiram.

portanto. pelas Regiões do Ar e. subindo. amenamente conversavam. contentes por

haverem passado o

Rio

a salvo e terem.

para

escoltá-los. tão

gloriosos Companh

eiros.

JOHN BUNY N

 

The Pilgrim s Prog

ress

1678)

E

à

medida que a

Lua

subia.

inessenciais

 

as casas foram desaparec

endo

at

é

que. pouco a pouco. me dei conta desta velha ilha que aqui outrora desabrochou

ante

os

olhos dos

marinheiros holandeses

seio

túrgido

e

verde do novo mundo

.

Suas

árvores,

agora desaparecidas. árvores qu f cederam lugar à casa de Gatsby.

haviam outrora,

suspirosas

.

alcovitado

o

último

e

maior

de

todos os sonhos humanos;

por

um

breve

e

encantado momento. compelido

à

contemplação estéti

ca

que ele

nem

entendia

nem

desejava. deve ter o homem sustado a

respiração

na presença deste

continente, cara a cara pela última vez na história humana com alguma coisa à

altura de

sua

capacidade de maravilhar-se.

E ali

sentado,

meditando sobre o velho mundo

desconhecido.

lembrei-me da

sur

presa maravilhada de Gatsby

ao

divisar

pela

primeira vez. a

luz

verde no ancora

douro

de Daisy.

Longa

fora

a

caminhada até esta clareira

azul. e

seu

sonho deve

ter-lhe

parecido tão próximo que

dificilmente

lhe poderia escapar. Mal sabia ele que

esse sonho já ficara

para

trás. em algum lugar

daquela vasta escuridão para além

da cidade  onde os negros campos da

república

rolavam sob a

noite.

F. ScorrFI1ZGERALD,

The

Great

Gatsby 1926)

• 4

5.

A Cidade

na Região

Nasce  o Planejamento Regional:

Edimburgo, Nova York, Londres

1900-1940)

Se, originária

dos EUA, a

cidade-jardim foi

inglesa,

então, vin

-

da

da França via Escócia,

a

cidade

regional

foi, indubitavelmente,

norte-americana.

O

planejamento regional nasceu com Patrick Ged

-

des 1854-1932), um polimata

inclassificável que,

oficialmente,

le-

cionava biologia

muito provavelmente, qualquer coisa

menos bi o-

logia)

na Universidade de Dundee, dava

conselhos idiossincrático

s

aos

governadores

da

Índia

sobre

como

administrar suas cidades

e

tentava encapsular

o

sentido

.da

vida em tirinhas de

papel

dobradas.

De

seus contatos

com os

geógrafos franceses

na

virada

do século,

Geddes absorvera o credo do comunismo anarquista, baseado em

livres

confederações de

regiões autônomas.

Graças ao encontro que

teve

na década de 20 com

Lewis Mumford

1895),

um jornalista

-

sociólogo capaz,

como

Geddes jamais

o

foi, de dar forma coerente

a

seus pensamentos,

essa

filosofia

passou

para

um

pequeno mas bri

lhante

e devotado

grupo de

planejadores

sediados na

cidade

de

Nova

York, de onde

por

intermédio

dos

portentosos escritos

de

Mumford acabou fundida às

idéias

intimamente correlatas de Ho

ward

e

espalhou-se

por

toda

a

América

e

pelo mundo afora, exer

cendo enorme influência, em particular sobre

o New

Deal

de

r a n ~

klin Delano Roosevelt,

na

década de 30,

e

sobre

o

planejamento

das capitais

da

Europa

nos anos

40 e 50.

Mas, ironicamente,

nesse

processo exatamente

como

ocorreu

com

Howard

- a

qualidade

verdadeiramente radical

da

mensagem foi abafada e, mais

da

me

tade,

perdida; hoje,

em

parte alguma se vê,

no chão, a genuína e

notável visão

da Regional Planning

Association

of America, desti

lada, via Geddes, de Proudhon, Bakunin, Reclus

e

Kropotkin.

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162

CIDADES DO

AMANHÃ

GEDDES E A TRADIÇÃO ANARQUISTA

A

história tem de

começar

por

Geddes:

coisa

em si bastante

difícil, visto que ele sempre se

Iocomovia

em

círculos

crescentes.

Uma

secretária, que (como todas as secretárias) estava

em

ótima

posição para julgar,

disse certa

vez:

Geddes

deve ser

aceito

[ .. ]

como um

bom católico aceita

o sofrimento: de

coração aberto

e

sem

reservas,

pois só assim

pode

ele

beneficiar aqueles

a quem

sua

presença aflige

1

Arquétipo do professor

ridículo,

jamais

domi

nou

a

arte de se

fazer ouvir,

seja em

palanques

seja

em

recintos

fechados ;

estava sempre esquecendo

os

compromissos,

ou

mar

cando

dois ou três para

a mesma hora ;

muito dele eram as teses

não

desenvolvidas, os livros

não

escritos, e que assim

permanece

ram 2;

era,

segundo

nos relata Abercrombie, pessoa das mais

instáveis,

e

falava, falava, falava

[ ... ] a respeito de

tudo

e

de

na

da'

3

O

encontro que

o

destino

lhe

marcara

com

Mumford

em

Nova

York,

em 1923, foi um

desastre: Geddes quis transformar

aquele astro ascendente

de

28 anos

em seu assistente; quando

este

opôs objeções, até

a correspondência

entre os dois rareou

4

Mas

Geddes,

sem

saber,

havia encontrado o autor para seu

evan

gelho.

As

idéias-chave, Geddes as

havia

emprestado da

França: a tra

dição central

e vital da

cultura

escocesa , alegava,

sempre tem

estado casada com

a

da França'

5

• Seus

conceitos

básicos

foram

ex

traídos dos

pais

fundadores da

geografia francesa, Elisée Reclus

(1830-1905)

e

Paul Vidal

de la

Blanche (1845-1918),

e de

um dos

primeiros sociólogos

franceses,

Frédéric

Le Play

(1806-1882),

cujas

disciplinas neo-acadêmicas

tinham ganho respeitabilidade na França

alguns

anos antes de se imporem na

Inglaterra

ou nos Estados Uni

dos6.

Deles extraiu seu conceito

de

região natural,

de

que

é

um exem

plo a sua

famosa seção

de

vale.

E

importa notar que,

como

eles,

preferiu estudar a

região

em sua

forma

mais pura,

longe

da

sombra

da

metrópole-gigante:

No caso de um Levantamento Urbano concreto, por onde começar? [ .. ] Londres,

naturalmente,

há de

reivindicar

para

si

a

primazia.

Mas mesmo sob olhos

otimistas,

as mais vastas cidades do

mundo

apresentam-se

como um

labirinto

ora

menos

ora

mais

enevoado, do

qual

só vagamente é

possível

descrever as

regiões circUnvizinhas

com suas cidades menores

[ .. ]

Portanto, para

um

levantamento mais geral

e

compa

rativo

como

o nosso, são preferíveis

os

começos mais simples [ .. a perspectiva

clara,

a

visão

mais

panorâmica de

uma

determinada região geográfica,

como por exemplo

a que temos sob

os

olhos num passeio de

feriado

na montanha [ .. Assim também

·uma bacia hidrográfica é, conforme salientou

certo

geógrafo,

um item

essencial

para

o estudioso de cidades e civilizaçÕes. Daí por que este simples método geográfico

deve ser pleiteado

[sic]

como fundamental para qualquer tratamento realmente ordeiro

e comparativo de

nosso assunto7.

5.1 Patrick

eddes

· um

0

infatigável

dobrador de

papel

e desenhador de diagramas realiza aqm

incompreensível experimento consigo mesmo.

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5.2 Lewis Mumford

Seu único encontro com Geddes foi um desastre. mas final mente o profes so r

achara

0

seu escnba; a Regwnal Planning Association of America levaria a men

sagem do mestre para o mundo.

A

CIDADE NA REGIÃO

I

I

O planejamento deve começar, segundo Geddes, c m

o

I

v

tamento

dos

recursos de

uma

determinada região na

tu ral, d11 1 1

postas

que

o

homem

dá a

ela

e das complexidades rc

sullllnl

t

paisagem

cultural:

todo

o

seu ensinamento sempre

teve

con1o I 1 1

persistente

o

método de levantamento

8

,

o

que ele

t

am b

6m ·x

1

de Vidal e seus seguidores, cujas

monografias

regi o na is ·nn 1

tuíram tentativas de fazer exatamente isso

9

• Na famos a

Torr

· do M

rante Outlook Tower),

aquele

escabroso monumento qu

e

aindn 1 ti

de pé

no final

da Royal Mile, em Edimburgo,

criou e le

um

0dt lo

que pretendia ver repetido por toda

a

parte:

um centr

o lo ·nl

dt

lt

vantamento, a que todo o tipo

de

gente poderia vir a fim d i  

preender a relação estabelecida

por

Le Play na trilogia Lu 1

  'l't

lt

balho-Povow. O estudioso

de

cidades, afirmava, d

eve

en

' U tll

11ll

t

 

seus estudos primeiramente para essas regiões naturais:

Tal levantamento de

uma

série de

nossas

próprias bacias

hid

rográ li IHl I .. 1 11

considerado como a mais sólida das

introduções

para o estudo da s c iducl I, I

mesmo

nas maiores cidades é útil

que

o pesquisador restabeleça

con

lunh ·n ullll

enfoque elementar e semelhante ao do

naturalista

 

.

Tudo

parece enganosamente simples; mas, como di sse ' li 1 v

o planejador britânico Patrick Abercrombie, um levantame nto h 1

concreto

é

um negócio sinistro

e

complicado ,

tant

o

ma i

s

1

u

1

começa incluindo a região e acaba abarcando o mund . ' I od

t

1

Abercrombie, como era sabido de todos,

acreditava

que n a

J

l i I 1 

do

início

dos

anos

20

os erros

da

nossa

reconstru

ção na ·i(:)n\1

1

dem ser

atribuídos

ao fato de

se ter negligenciado esse

cn

si n:

 

H

de Geddes

12

Para essa

grande empreitada, alegava constantemcn l

os mapas comuns

do

planejador

não vigoram:

é mist r

' 0

111 ' 1 

idealmente

com

o grande globo proposto por Reclus e qu · 1  1

foi construído; à falta dele, que se tracem cortes transversais d

declive geral que desce das montanhas até o m ar e qu e e n onu 11111 1

no mundo

inteiro [o

qual]

podemos prontamente adaptar u q11 llq11

t

1

escala e a quaisquer proporções de nossa particular e ca ru ' I I I 1

série de colinas

e

declives

e

planície' '. Somente

tal

' 'Seç

<o d

VIl

h ,

como

comumente

a

chamamos, faz-nos ver com niti

de z a t

1

I

mática

com

sua

vegetação e

vida

animal correspond e

nt

es

I ... 1

o 1

baço seccional essencial

de

uma 'região'

de

ge ó grafo, pronl o p

ser estudado . Se

a examinarmos de perto, veremos

que

o •

onll

1

lugar para

todas as ocupações

ligadas à natureza .

O

caçador

e o pastor, o

camponês

pobre e o

rico;

esses os ti pos o '

11 1

1   N

que

nos são mais farrúliares, e que se apresentam em seqüê nc

ia

à m ··dldu IJIH hu

xamos

de altitude e descemos no curso

da

história sociaJI

3

.

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  66

CIDADES

DO

AMANHÃ

Por seu turno,

ocupados

diferentemente, esses povos passaram,

cada um, a

urbanizar os seus próprios

povoados e aldeias

com

um tipo característico de

família,

de costumes e até mesmo

de instituições; e não simplesmente de construções

para

moradia;

embora cada um

desses elementos contivesse em

germe

o

estilo

arquitetônico que lhe

era

adequado.

Desse

jeito agrupam-se suas aldeias,

de

porto de

pesca

a floresta e desfiladeiro, de

jardins e campos

nas partes

baixas a mina e pedreira habitualmente nas altas14.

E, no centro

dessa região, ficava

o

' 'Vale

na

Cidade",

onde

é mister escavarmos em declive os estratos superficiais de nossa cidade, penetrando

em seu passado remoto

-

as

obscuras e no

entanto

heróicas cidades

sobre

as quais

e

acima

das quais foi

ela

construída; e a partir

da í

 

l ê ~ l s em

aclive   visualizando-as

à medida

que

subimosl5.

Disso tudo muita

.

coisa se tornou,

em

linhas gerais, familiar

e

até

mesmo

trivial; qualquer planejador estreante sabe

que o

aforismo

O

Levantamento

precede

o

Plano"

é de

Geddes.

E

deriva

de um

tipo de geografia regional tradicional, que - divulgado em mil textos

escolares

produzidos em série - de

muito

se fez alvo de

zomba

rias, até ser definitivamente varrido

de

cena. Mas não conseguiram

derrubar seu ponto verdadeiramente

radical.

Para

Vida

e

seus

se

guidores,

bem como

para Geddes,

o

estudo regional propiciava

o

conhecimento

de

um ' 'ambiente ativo e vivenciado'' que

' 'era

a

força

motriz

do desenvolvimento humano;

a

reciprocidade quase

sen

sual existente entre homens

e mulheres e o

ambiente

que

os rodeia

constituía

a base

da

liberdade compreensível

e a

mo l

a

mestra

da

evolução

cultural" ,

que estavam sendo atacadas e

corroídas

pela

nação

-Estado centralizada e a grande expansão da

indústria

pesada

 

.

A qualidade propositalmente arcaica do levantamento regional   ou

seja, a

enfatização das ocupações

tradicionais e dos

elos

históricos,

não

foi,

portanto,

mero subterfúgio: à

semelhança das

tentativas de

Ged

des

para

resgatar

a

vida

urbana do

passado

através de

máscaras

e en

cenações17,

representou

uma

celebração

plenamente consciente

daquilo

que, para

ele,

constituía

a

mais

alta

realização da cultura européia.

Esse tom

quase

místico

do

discurso não

interferiu,

porém, no

extremo radicalismo da meta visada. Para Geddes,

como

para Vida ,

a região era mais que um objeto de levantamento; a

ela

cabia for

necer

a

base para

a

reconstrução

total da

vida social

e

política. Aqui,

novamente, Geddes mostrou

o

quanto devia

à

geografia e,

em par

ticular, à

tradição

francesa.

Elisée

Reclus

(1830-1905)

e Piotr Kro

potkin

(1842-1921)

eram ambos geógrafos: mas ambos eram tam

bém anarquistas. Exilado de

sua

Rússia natal, Kropotkin fora expulso

primeiro

da

França, depois

da

Suíça, e há

trinta

anos vivia

como

5.3 Torre

do

irante

Desta

cumeeira encastelada. guarnecida de câmara escura. Geddes cont ruph

os telhados

de

Edimburgo e ensinava

que

o levantamento

vem

antes d

p t

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7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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168

CIDADES DO AMANHÃ

re fugiado

em

Brighton

18

; Reclus fora,

na

verdade, expulso da França

por

haver

lutado ao

lado

da

Comuna em

1871, e vivia no exílio

19

.

Ambos

baseavam suas

idéias em

Pierre-Joseph Proudhon (1809-

1865),

o anarquista francês

célebre

por

sua

declaração

Propriedade

é

Roubo .

Ironicamente, os escritos

de

Proudhon haviam-se dedi

cado a provar exatamente o oposto: seu argumento

era de

que a

posse

individual da

propriedade

era

a garantia essencial para a

exis

tência de uma sociedade livre, desde que

ninguém possuísse

em

ex

cesso.

uma tal

sociedade, acreditava

ele,

poderia fornecer a base

para um sistema descentralizado

e

não-hierárquico de governo

fede

raJ20: idéia partilhada pelo anarquista

russo

Mikhail Bakunin (1814-

1876), cuja

derrota e expulsão

por Karl Marx

na Primeira Confe

rência Internacional ocorrida

em

Haia,

em

1872,

foi um

dos acon

tecimentos decisivos na

história

do socialismo

21

.

Reclus e Kropotkin foram os herdeiros dessa tradição, chegando

ambos,

mais

de uma

vez, a encontrar-se

com Geddes

durante as

décadas

o i ~ o c e n t i s t s de

80 e

90. As

mais importantes obras de Re

clus, dois

alentados estudos

em

vários

volumes sobre a

Terra

e seus

povos

22

, argumentavam q ue as pequenas sociedades naturalmente co

letivistas dos po vos

primitivos, embora

vivessem em harmonia

com

seus respectivos ambientes, haviam sido destruídas ou desvirtuadas

pelo

colonialismo.

Mas

Kropotkin

foi

ainda mais importante, pois

desenvolveu

a

filosofia anarquista

e a

traduziu para as condições do

início

do

século

XX, viabilizando,

assim, a incalculável influência

por ela

exercida tanto sobre

Howard quanto

sobre Geddes. Seu

credo

era: ' 'Comunismo Anarquista, Comunismo

sem

governo - o Comu

nismo dos Livres

23

; é mister que a sociedade

se

reconstrua a si

própria com

base

na

cooperação entre indivíduos

livres, tal como

a

que se pode

encontrar,

na natureza,

até

mesmo em

sociedades

ani

mais;

essa,

no

seu

entender, a tendência

lógica

para a qual se estavam

encaminhando as sociedades humanas

24

Mais que

isso. Kropotkin desenvolveu

uma

notável

tese histó

rica: a de que

no século

XII havia ocOITido

uma

revolução c tmu

nalista

na Europa, o que

salvara

sua cultura

das

m o n r q u i ~ teo

cráticas

e

despóticas que

a

queriam suprimir; revolução essa que se

manifestou tanto

na

comunidade local

da

aldeia,

como em

milhares

de confrarias e guildas

urbanas. Na

cidade da

Baixa

Idade Média,

cada divisão

ou

paróquia era a

província

de uma guilda

individual

autogovernada; a cidade propriamente dita era a união desses distri

tos, ruas, paróquias e guildas, e era, ela própria,

um Estado livre

25

E,

argumentava

ele,

nessas

cidades, sob a proteção de suas liberdades adquiridas

por

força do livre con

senso

e

da

livre iniciativa, cresceu toda

uma nova

civilização, atingindo

um nível de

A

CIDADE

NA REGIÃO

expansão como até

agora não

se

viu

igual

[ .. Nunca,

com exceçã

o dnqu ttUflll

glorioso período d.a Grécia antiga - cidades livres, novamente - , d ·m n

•huh

tão

largo passo à frente.

Nunca;

em

dois ou

três

séculos,

so fr

era

o ho111 111 1111111

transformação tão profunda nem vira tão ampliados seus

po d

e re s sobr n lott,ll I

natureza

26

No século XVI, essas realizações foram varridas d · ·

11

1

111

h'

Estado

centralizado

que

representou o triunfo do

que Kr

o po l

11

1 lu

mou de tradição

autoritário-imperial-romana.

Mas ag

o ra , n ' I d tu

ele, esta, por seu turno, fora novamente desafiad a pe lo s u

op11

I

o

movimento libertário-federalista-popular.

A razão, pensava,

estava no

imperativo tecnoló

gico

: nov 1

l11111

de energia, hidráulicas e sobretudo elétricas, tornavam d sm 1 I I

a

existência de uma

grande unidade energética centra l; as

11d1 11 I

que dependiam

principalmente

de

mão-de-obra especinlizn

I

1

11

I

I

nham economias de

escala;

as indústrias mais no vas d m on 11 1 11

111

claramente

uma

tendência a

serem

pequenas

em

es ca la.

I '

t  ''

1

I

as grandes concentrações industriais passaram a

n

111

1

il

I '

inércia

histórica:

Não

há, em absoluto, nenhuma razão por que essas c outras auo u u

•l

Jhantes devam persistir.

É preciso

que as

indústrias se di

sperse

m 1 lo

llllllul11

dispersão

das

indústrias dentro das nações civilizadas

será nece

ssurl 111

111 • l lh lil

de uma

ulterior dispersão

de fábricas

pelos

territórios de

to das a

llLIÇ

1

Esse alastramento de indústrias pelo

país -

na medid

a

em qu

11

'

11 :1 11

11 111 I I

para dentro dos campos,

fazendo

com

que a agricultura tire todas u vt u ltltJI 11 '111

sempre obtém

quando

se

alia à indústria [ . . e produzindo uma

co

m

iJ 11

tlll 1111

balho agrícola

com

o industrial - é seguramente o próximo p

asso

f .. f

l 'n 11 1)11

impõe exatamente pela

necessidade

de produzir

que

têm

os

pró

pr i

o • 

f

JIIItll/11111

11

jll

se

impõe

pela

necessidade que tem cada homem e cada mulh

er

sn ud v I 11 Jltl 11

uma

parte

de suas

existências

executando

trabalho manual ao a r livr

l H 

Esse

foi

um

dos mais cruciais insights

que

Gcdd .

t

II

IJ I

de

Kropotkin; á

em 1899,

presumivelmente

logo DJ I I

meira edição de

Fields

Factories and Workshops hnvl1 • I lt

ti

zado a nova era da descentralização

industri

al de crn ' '11 nl I 11

ca 29;

no ano seguinte, num

dos

eventos da

grand xpo ••

d

I ' . ,

.. I ' li ' '1

11

11

Paris, estaria usando os termos pa eotecmco

c n • •

Mais

tarde escrevia: ' 'Podemos distinguir como Pn l <

' li

I 1 I

elementos

mais primevos e rudes

da Era

Industri

al,

c

' 0

11

10 N

111 t

nicos

os

elementos mais recentes e amiúde a inda in ·ip

t 111

11

daqueles

se destacam

31

.

Só que

nessa

nova er 

nq u lt

fielmente Kropotkin

-

  aplicaríamos nosso tal

e n to ·

ou lt

nossas energias vitais na conservação

públic

a c nã n \ d I

privada

dos

recursos, e na evolução e não na des tr ui c· o

cl

' t

alheias'

32

.

Page 6: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 6/22

170

CIDADES DO AMANHÃ

De Reclus

e

Kropotkin e, além

deles, de

Proudhon, Geddes

extraiu também seu

posicionamento:

para

ele, a sociedade tinha

de

ser reconstruída não através de

medidas

governamentais violentas

como

a

abolição da

propriedade

privada, mas mediante

os esforços

de

milhões

de

indivíduos; a

"ordem

neotécnica" significava a cria

ção,

de

cidade

em

cidade,

de

região em região,

de uma

Eutopia'

.

Com

o fim da Primeira Grande G uerra, acreditou ele

que

a

Liga

das

Nações seria uma

liga

de

cidades e não

das

capitais,

que eram

os

centros das máquinas de guerra

- ,

mas

das

grandes

cidades

de pro

víncia que, recuperando sua primitiva independência, organizar-se

iam por

vontade própria, federativamente,

num

modelo suíço

33

. Idéia

essa que

inspirou

uma

daquelas

suas

efusões

características que re

clamam

longas citações - embora, em termos geddesianos, não passe

de mero

fragmento:

O

centro eugênico está em

todos

os

lares: sua

juventude

sai

para formar

novos

lares; estes constituem

a

aldeia,

a

cidade,

o

pequeno ou

o

grande município;

o futuro

eugenista

terá,

assim, de

trabalhar

em

todos esses lugares

para

melhorá-los.

Organi

zem os lares em vizinhanças cooperativas

e

solidárias

.

Unam esses lares agrupados

em bairros reformados e socializados -

ou

paróquias,

como queiram

- e no

devido

tempo, terão

um

mundo melhor

[ ...]

Cada região

e

município pode aprender

a

gerir

seus

próprios negócios - construir

suas

próprias casas,

produzir seus

próprios cien

tistas, artistas e

professores

.

Essas regiões em desenvolvimento já atuam juntas em

seus interesses;

então

por que não fazer amigos

e

organizar

uma

federação ampla

o

bastante para suprir as

necessidades [ . .

Não será este

o

tempo

profetizado

por

Isaías?

[ .. ]

"Quando ele chegar

,

então ajuntarei

todas

as nações

e todas as línguas e

elas

virão"

e

"haverá um novo céu

e

uma nova terra

[ . . e dos

que houve

não restará

lembrança

[ .. ]

eles construirão casas

e

nelas

ha

bitarão

[ .. ] e

eu

é

que em verd

ade

os

conduzirei

em seu

trabalho34.

E

quando

alguém, estupefato, o arguta, tentando fazer

com

que

se

explicasse,

ele

replicava

que uma

flor se

expressa

florescendo, e

não

ao ser rotulada

35

.

Na

verdade,

ainda

havia

muito por vir; muito mais.

Ha

v

ia

os

temas desenvolvidos primeiramente por Victor Branford, co l

abora

dor de

Geddes e tão discursivo quanto ele: o papel desempenhado

pela Igreja

e

pela universidade no relacionamento prático com

a

co

munidade civiP

6

; a união

da eugenia

e

do civismo com

o planeja

mento

urbano e a assistência social

num sistema de educação cívi

ca37; o aumento, no domínio

cívico,

da influência da mulher e de

seus

amigos e

aliados,

o artista, o poeta e o pedagogista'

,

a fim

de

prover

à necessidade de propiciar às mulheres [sic] do

povo

este

ambiente

cultural, necessário [ .. ] à

sua

plena dignidade

como poder

espiritual"

38

.

As idéias jorram de maneira repetitiva, circular, amiúde

excessivamente obscura: matéria-prima

para

um sem-número de dis

sertações ainda não escritas . Mas há

outro conceito,

este

básico

para

A

CIDADE

NA

RE

GI Ã

O

a tese de Geddes sobre o planejamento r

eg

iona l

com

1

1111

construção social.

Em 1915, Geddes publicou

seu

livro

iti

es

in Evolttt

1 , q

fora os artigos coligidos na revista

norte-ameri

ca n a S111vry 1111111

.t

cada mais

tarde (baseados nas

leituras

que fez em 192 q

1

I

1 I

dois

anos para

concatenar)

39

, constitui a m a

is

coerc n l x pl

  t

de suas

idéias. Aí chamava

ele a atenção para o fato d e

qu

tecnologias

neotécnicas

- energia elétrica, motor de comhll

terna -

estavam

fazendo

com que

as grandes c idad s

sassem e, conseqüentemente, se conglomerassem

:

Então há que dar-se um nome

a essas

regiões-município

, a

ess

· f

1 11• 1

I

dade. De constelações não podemos

chamá

-los;

conglomerações

c tá, no

11111111• 11111

presente

-

ai

de

mim - , mais perto da marca, mas pode

soar

de m

odo 1)1

que tal "conurbações"?4°

Na Inglaterra, aponUtva ele Clyde-Forth, Tyne-W

ea r

-T

, ,

' ' I

caston", a West Riding e "South Riding", "Midlandton  , "W 1h

e a Grande Londres; entre as grandes "cidades-mundos"

UIOJI

Paris, a

Riviera

Francesa,

Berlim

e o Ruhr; nos Estados Uni do . ,

I

burg, Chicago e Nova York-Boston

41

Prenunciando o no táv el slu lu d

Gottmann sobre a Megalopolis de meio século mais tarde, ·s

I

não

é

absurdo esperar que em

futuro

não muito

distante

veremos

um

im

·

11

o .

cípio

linear

estender-se

ao

longo

da Costa

Atlântica, cobrindo suas

e

estirar-se para

trás

em vários pontos; possivelmente com um

total a

pr

oxmuul

 

vários

milhões de

pessoas

4

2.

O

problema era que

esses mumcrptos

em expansã

o a inda

t

o

resultado da má

e velha

ordem

paleotécnica,

que

a seu ver il

perdiçava

recursos e energias,

minimizava

a qualidade de ~ i d

1

11l1

a

lei

da máquina e

da cobiça

e, conseqüentemente, pro

du zta, '

11111

efeitos específicos, o desemprego e o subemprego, a en f

ennid

ui

a loucura ofvício e a apatia, a indolência e o crime"

43

. O pritll

passo, v i ~ t o que

só raramente as crianças, as

mulher

es ,

os

t1

I

lhadores podem vir até

o

campo",

era que "precisamo

s,

P

r11111111

,

trazer o

campo

até eles",

"fazer

o

campo

chegar perto

da

11111

, '

não

simplesmente

a

rua chegar

perto do

campo"

44

; "agora as cid ult

precisam

parar

de

esparramar-se

como

borrões de tinta e

m n ~ • •l  

de gordura",

e

devem crescer

botanicamente,

' 'fazendo

as

lolh'

verdes alternarem com seus raios dourados"

45

; a

população

cilml

cresceria, assim,

em

meio a paisagens e aromas campestre s.

Isso

apenas

repetia o que Howard, em certo

sentido,

j á di s.

tI

' '

só que

Geddes tinha

em

mente o

nível

de toda

uma

região-mu ni · Jl •

e nisso estava a sua singular novidade.

Page 7: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 7/22

j:jt<?

~ _ ~

Mi ne iro Lenhador Çaçador

Pa

s

tor

camponês

Jardineiro

Pescador

5.4

Seção

de

Vale

A essência do esquema regional de Geddes, de um documento de 1905 : Povo

Trabalho-Lugar em

perfeita

harmonia e, no

centro

de

tudo,

a

cidade.

Cidade--+

Campo:

Campo--+

Cidade

5.5 O Processo

de

Conurbação Certo e Errado

Diagrama extraído do

livro de

Geddes,

Cities in

Evolution

(1915), mostra

o

alastramento

urbano

e seu

remédio

.

A CIDADE NA REGIÃO

11

O

Levantamento

Regional e as

aplicações deles

[s ic]

Ur b

a ni Z<IÇ I , 11

nejamento

Urbano,

.

Projeto

Municipal [ ... ] estão

destinados

a torn ar-se p n

chave e

ambições concretas para

a

próxima

geração, e de

um

a m ane

ir

·n tno

til

quanto o

foram

o Comércio, a Política e a Guerra para a geração passndu 1

1

1  

11

nossa

ora em

trânsito

[ .. Já agora é a ordem

neotécnica

que nã o a pcnn, • t 11111

11

cientizando geógrafos

pensantes

daqui e dali, artistas e engenhe iros

c turuh pl11

nejadores, mas que se está

generalizando

como uma ordem co mpr

ee

ns ivn1111 111 tll

técnica; e suas artes e ciências

são

agora avaliadas menos como pra zer

·s, 11•1d 1

e

distinções intelectuais

e mais na medida

em

que possam or

gani

zw·-

[l

d< 1111

111

serviço geográfico,

a

recuperação regional

do Campo e da Ci d

ad e

4

1\.

Dizer que

a

geografia

é a

base

essencial

do pl

anejam

nt o

soava de

modo

muito

radical

nos

anos 80, ou m esmo

du

1111 1

trinta

anos

que

antecederam essa

década; mas em 19 15,

quondo

11111

ta gente ainda confundia planejamento urbano com Ci

t.

y

ll

11   lul

,

era

revolucionário.

O problema, porém, não estava nesse

conteúd o

rcvolu

·

e

sim

no

seu teor quintessencialmente incoerente;

a c itu ç

o

passa

bem

todo

o

sabor excessivamente peculiar

d as 40 2

p

bem como

das muitas milhares

de outras

escritas

por dd

porque Mumford e seus

colegas

da

Regional

Pl anning J\ s 

<

11

1 1

of America-

foram

importantes com suas luzes críticas. d I ,

escreveu Mumford, foi

quem

forneceu

o arcabouço

para pt

sarnento:

minha

tarefa tem sido

a de revestir

de carne

cs tlt

trato esqueleto

47

• No prefácio de sua

obra

mais ex

te

n sa

ln ll

11

The

Culture

o

Cities

(1938),

não economizou

ele ref r n • 1

reconhecimento dessa dívida.

Em sua

autobiografia, Mumford lembra com o oc o rr l o 1

menta

da RPAA. Já num remotíssimo texto de 1922, qu  I

1

I

apenas

22

anos,

redigira

ele um

trabalho,

A s Ci

vili zaç

J ud

Preparam-se

para uma Nova Época ,

aparentem

e n

te

in 6d il 1,

a

descentralização

industrial e as cidades-jardim. N o

ou t

ono

d

encontrou-se com Clarence

Stein,

um

arquiteto.

A

RPAA

111•

uma

associação

casual de Mumford, Stein,

Benton

M acK l:Y

proposta

para

uma Trilha Apalachiana fora publicada p r .' 1

Journal o

the

American Jnstitute o

Architects

em

19

2   ) 'h ui

Harris Whitaker. Entre

os

membros

fundadores do

grup

o

IH)

primórdios,

por volta de março

de

1923,

incluíam

-se o ·t I

Stuart Chase, os arquitetos Frederick Lee Ackerman

e

Hcn1

y W

1 ht ,

e o

empresário Alexander

Bing;

Catherine Bauer

foi

escolh

ld 1 • 1

diretora-executiva

e assistente de

pesquisa de

Stein

  8

Grup

1 Jll li 1

Page 8: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 8/22

  74

CIDADES

DO

AMANHÃ

e heterogêneo,

jamais

passou de 21 membros, sediando-se

principal

mas não exclusivamente

em Nova York, com ' 'ausência

total

de

prima-donas ; ao que

tudo

indica,

seus

elementos

essenciais

foram

Mumford,

Stein, Wright,

Ackerman

e

MacKaye

49

.

Em

junho

de

1923, durante

visita

de Geddes

a

Nova

York, o

grupo adotou um

programa de cinco itens que incluía: criação de cidades-jardim dentro

de um esquema regional; desenvolvimento de

relações

com

os

pla

nejadores britânicos, sobretudo

com

Geddes; desenvolvimento de

projetos e

esquemas

regionais para

promover

a

Trilha

Apalachiana;

colaboração com

o

comitê

do

AIA sobre Planejamento Comunitário

para

propagar o regionalismo; e levantamentos

de

áreas-chave,

com

especial atenção para a bacia

do

Vale

do

Tennessee

50

.

Dois

anos mais tarde, a

RP AA

teve a

sua

primeira grande opor

tunidade:

The Survey,

revista de prestigiosa circulação

entre

os in

telectuais liberais

e elo

importante

entre

eles

e o movimento social

operário,

convidou-a

para produzir

um

número especial para a

reu

nião

de Nova York da

Intemational

Town

Planning and Garden Ci

ties

Association. Concebido

por

MacKaye,

esse

número

foi

realizado

e

editado por Mumford

5

.

Esgotado

durante

meio século até ser

reim

presso por

Carl

Sussman em

seu

livro Planning

the

Fourth Migra-

tion Planejando Quarta Migração), permanece- ao

lado

de

The

Culture o

Cities

-

como

o

manifesto

definitivo do grupo,

e

constitui

um

dos

mais

importantes documentos

desta história.

O começo só poderia ser

de

Mumford:

Este é o número

da Survey Graphic

dedicado ao Plano Regional. A idéia que

o

anima

deve-se a um escocês de longas

barbas,

a quem a curiosidade

não

deixaria

sossegar até

que da sua

Torre do Mirante, em Edimburgo, não enxergasse ele

com

clareza. através

da poeira

da civilização, a terra

que

a sustinha

e,

a despeito do

desacerto humano, que a nutria.

Este número

foi produzido

por um

grupo

de

insurgentes

que, como

arquitetos

e planejadores, construtores e

reconstrutores

têm

tentado

remoldar cidades

pelas

vias

convencionais e, ao

perceberem

que se tratava de tarefa de Sísifo,

corajosamente

depositaram inteira confiança no novo conceito de Região52.

Tinha

o

público

na

mão: finalmente

a

mensagem de

Geddes

seria:

compreendida. O artigo de abertura, The Fourth Migration ,

também

vinha de Mumford. Falava sobre as duas Américas:

' ' a

América

da

fixação ,

das costas e planícies urbanizadas por volta de 1850, e

a

América

das migrações; a primeira migração, que desbravou a terra a oeste do

Alegânis e abriu o

continente,

obra do pioneiro do solo; a segunda migração, que

forjou sobre essa textura um novo modelo feito

de

fábricas, ferrovias e sujas cidades

industriais,

legado do

pioneiro

da indústria;

e finalmente [ .. ] a

América da

terceira

migração, o

fluxo

de homens e materiais dirigido para

os nossos

centros financeiros,

as cidades onde edifícios e lucros

se

lançam

para

o alto em desenfreadas

pirârnides53.

A

CIDADE N A REGIÃO

I/

Mas agora eis-nos de novo

em

outro

período de mu r6

IIHIII

tante ,

a

quarta

migração,

baseada na

revolução te c no ló

Í

·n o

rida nos últimos trinta ano s - revolução que tornou o atua l squ

de cidades e a atual distribuição populacional inadequ ad

os

p 1

novas oportunidades que se nos

apresentam . O

autom óv

I 1

 

dovia haviam

tornado acessíveis mercados e fontes de ab ast ·inw   ,

A tendência do

automóvel [ .. dentro

de limites,

é m a is p

nm

d1

centralizar a população do que para

concentrá-la;

e qualqu e r

p

ro 1 1 

elaborado no sentido de concentrar

pessoas

em

áreas d a g ru

nd 1

dade

vai

chocar-se às cegas com as oportunidades que

o

aul

111

vt

I

oferece ; o

telefone,

o rádio e o serviço de correios tiveram o 1

efeito;

como

também a eletricidade

54

. A

diferença,

ao co

nt

rár io

d 1

primeiras

três migrações,

está em que

desta vez tivemos a ·up

dade de orientar o

movimento.

Felizmente para nós, a q ua1t 1

gração apenas começa:

está

em nossas mãos permitir qu

e

l   l

talize

numa

formação tão ruim

quanto

a das nossas

pr i

mc i

rtH

1

grações·,

ou

dela tirar o

máximo

proveito, orientando-a p ar a IIOV 1

canais ' '

55

.

Clarence Stein, no

artigo seguinte,

retoma o tema de M und d

sem que

a maioria de seus moradores soubesse,

as

novas tecn I

o

estavam transformando Nova

York,

Chicago,

Filadélfia, B ost

resto

em

' 'cidades-dinossauros'', que se estão esfacelando sob

o p

da superpopulação, da

ineficiência

e

do

custo da escalada so ·i ll

f

finalmente do completo colapso físico.

O

resultado

era qu 1

cidades estavam-se tornando os locais menos lógicos pa ra a

im1

tação

de indústrias. Numa notável profecia-

estamos, é pr

ec i

s I

brar,

em 1925

- Stein

escrevia:

Quando

os custos locais não podem

ser

administrados, e quando cc nl r()

nores

se mostram, a despeito de

sua

carência em

recursos

financeiros e co m H   1d

f

aptos a fazerem valer suas vantagens industriais, às indústrias da grande cidnth . ,

resta

migrar

ou

falir. Ainda

estamos

em

tempo

de

protelação; mas o d ia óo I

de contas virá;

e é

de

nossa

co,veniência

anteciparmo-nos a

el e

56

.

Já o

economista

do

grupo, Stuart Chase,

foi além :

• r t l l l l

parte

da

economia

norte-americana consistia

em jogar

águ a

ao f

t ransportando de um lado ao outro do continente

m

er c

ado1

1

que não

t inham nenhuma necessidade de serem transportad as . I   1

gunta:

Então, especificamente, qual o problema? Onde a energia.

parti

c ul

ann

i

energia

de transporte, é desperdiçada, e

como

as comunidades planejadas

f l l l l l

esse

desperdício de

tal maneira que

o caminhante, ao

invés de

ficar

pa r

a

l r ÓJ ou ti

empreender esforços inauditos para conservar-se onde

está,

possa começar o nuhol

terreno em

sua

luta contra o custo

de

vida?5

7

Page 9: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 9/22

)

176

CIDADES DO

AMANHÃ

Suas palavras marcam importante mudança

na

argumentação: é

preciso

não

apenas acompanhar a maré montante da transformação

tecnológica,

como

alegavam

Mumford

e Stein, mas intervir a fim

de corrigir

as ineficiências mais grosseiras do sistema.

Um

' 'plano

nacional"

envolveria "regiões delimitadas

com

base

em

entidades

geográficas

naturais";

"um máximo de artigos

alimentícios,

têxteis

e de

materiais

de construção produzidos e manufaturados na região

de origem";

"um mínimo de trocas

inter-regionais,

baseadas unica

mente em produtos

que

a região de origem não

pode

economica

mente

produzir";

mais

as

usinas regionais de energia elétrica, os

trajetos curtos por caminhão e ' 'uma

distribuição

descentralizada da

população'

58

:

O

planejamento regional

de

comunidades eliminaria

a

comercialização

nacional

antieconôrnica, eliminaria

a

superpopulação urbana

e os

desperdícios terminais, es

tabilizaria a

carga

elétrica, tiraria o grosso do

carvão

das

ferrovias, eliminaria

a du

plicação na entrega de leite e outras entregas, poria

em

curto-circuito

práticas anti

econômicas como

arrastar

maçãs do Pacífico até os

consumidores

de Nova

York,

incentivando a plantação de pomares locais; desenvolveria

as

áreas florestais

do

lugar

e frearia o transporte

da

madeira do

oeste

para as fábricas do leste, localizaria as

fiações

de

algodão perto de

algodoais,

fábricas de sapatos próximas às áreas de cur

tumes, siderúrgicas a

pequena

distãncia

das jazidas

de minério, manufaturas

de

pro

dutos

alimentícios em pequenas

unidades

de enorme

potencial

elétrico

junto

a cin

turões agrícolas.

E

acabava-se

a

necessidade do arranha-céu, do metrô

e

do refúgio

na solidão dos campos 59

De novo uma

profecia: defendia-se

a conservação de energia

meio século

antes

do Clube

de

Roma.

Essa

defesa, no entanto, en

volvia

um

plano, e a conseqüente interferência

na

iniciativa privada,

o que era

francamente socialista;

bem dizia Chase, poucos

anos mais

tarde:

Éramos moderadamente

socialistas,

embora de modo algum comunistas; liberais,

mas

desejosos

de abandonar amplas

áreas

da

livre

concorrência em

favor de

uma

economia planejada. Não éramos,

portanto, socialistas doutrinários.

Tínhamos mentes

abertas;

fomos uma espécie de

socialistas fabianos6o.

Isso emerge de forma

bastante

clara à medida que o grupo vai

elaborando suas propostas.

Mumford

volta agora especificamente a

seu tema

predileto,

o advento da era

neotécnica:

a sociedade á pode

ter cidades supercrescidas e

que

cresçam mais e mais, "na frase

sardônica do professor Geddes: mais e mais de

pior

a pior'

61

• _üu

poderá optar por um

planejamento regional.

O

planejamento

regional não

pergunta quanto uma área pode ser ampliada

sob

a égide da metrópole, mas

como

a população e

os

serviços públicos podem ser dis

tribuídos a fim de promoverem e estimularem

uma

vida intensa e criativa através

de

.

.-,_,

/

A

CIDADE NA

REGIÃO

toda uma

região -

ou

seja, de

uma

área geográfica qualqu

er,

do

t1LI

 

cl

unidade de clima,_vegetação

natural,

indú_ tria e cultura. Ao pl un 1

 

regionalista esforça-_

e

para que todos os seus

sít os

e recurs s , du 01

da montanha ao

nível

d'água, possam ser corretamente desenv

olvldu ,

4JII

l '

pulação seja

distribuída

de

modo

que

utilize e

não

aniquile ou de te

Ull

v

111111 •

naturais do

lugar. O

planejamento

regional

o

povo

, a

in

dú s trlu

1\

1111

uma única unidade.

Ao

invés de tentar, mediante um ou outro

ar

tl ff · o d 1

tornar

a vida mais

tolerável

nos centros superpovoados, procura ti

pécie

de

equipamento

necessitarão

os novos

centros62.

Ei-lo que chega, finalmente, ao ponto:

àquil

o

que

a

ld t

li

I

I

vés de toda sua

torrente verborrágica,

com

tanto

esf r ·o JWO 111 1

dizer. Mas geddesiano ele é também em seu propósito: n I 1   tlc I

neotécnica

pode ser

o meio para atingir-se não apena s lllll

1

1111 111

eficiência da máquina, mas também

uma

qualidade

de

vida mais completa, em cada ponto da região. lmp

fvc I

1111t

qualquer forma de

indústria

ou qualquer

tipo

de cidade que tirem

a ui

1

n

tl11

ltl1

Comunidades onde o namoro se faz às escondidas, onde os be b

es s

o Ulll l f

evitar,

onde

a educação não

se

vincula à natureza

nem

às

ocup

ações pr

I 11 ,

p

ficam-se

numa

rotina vazia, na qual as pessoas realizam seu lado uventuc h IJ I

sobre

rodas, e

sua felicidade,

apenas quando

se "libertam"

ment almcnl dn c•nlltl

-comunidades

assim não justificam suficientemente nossos recentes nvonço

po da

ciência e

da

invenção63.

Aqui é onde ·

entra

Howard.

Pois se

o planej amcnt I

fornece o arcabouço, a cidade-jardim provê o

' 'objetivo

' 'não como

porto

temporário

de

refúgio

mas como sede p

de vida e cultura, urbana em suas

vantagens,

pe rmanent m

em sua

localização".

Isso,

porém, significava

"mudan

·n d

tanto quanto mudança de lugar'':

nossas cidades-jardim representam

um

desenvolvimento mais integr

al

dn 1

cias mais humanísticas- biologia, medicina, psiquiatria, educação, (t.r

qu

l l I I

tudo

o que

há de bom em

nossos

modernos

progressos mecãnicos, m as 10111h

o

que foi excluído

desta

existência

unilateralizada, todas as coisas que a Ateu tio

1

V ou a Florençalcto século XIII, a despeito

de

toda a

sua

crueza fl'si

11,

pn

Kropotkin de novo. Mas

é

mais do que Krop

otk.in,

mu

que

Geddes: há aqui uma outra corrente, especificamente n

ri cana.

O

planejamento

regional

é

a

nova conservação

- a

conserva

ç

humanos de

mãos dadas

com os

recursos

naturais

[ .. Agricult

ura

1

r nl I

Jugarde

exaurimento da terra, preservação de florestas em lu gar de

tória da

madeira,'

comunidades humanas

permanentes, dedicad

as

à vid

a, I I l

e   à busca da

felicidade,

ao invés de acampamentos e colônias inv asoras,

estáveis ao

invés

do

inacabado e

do

falsificado de nossas comuni

da des "pol\h

-

tudo

isso

se

inclui

num

planejamento regionai

6

6.

Page 10: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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178

CIDADES

DO

AMANHÃ

Esse tema

norte-americano é retomado

por

Benton

Mackaye em

seu

artigo

The New Exploration . Num

dos

níveis

é

puro

Geddes:

longos

cortes transversais

através de

secções

de

vale

em

diferentes

escalas, desde os Berkshires

do

interior

de Massachusetts descendo

até Boston e o oceano, percorrem o pequeno Vale Somerset ao longo

da cabeceira

do Rio Deerfield.

Ora, o plano para o

Vale

Somerset

pretende

justamente

realizar aquele equilíbrio ecológico que Vidal

e

seus

seguidores encontraram

nas regiões

de há muito

colonizadas

da França: a diferença é que para o Somerset existe um planejamento

baseado em

cultura de florestas

contra

extração de florestas ,

pois

isso manterá o

Vale Somerset ' 'verdadeiramente colonizado

67

A América,

esta terra

de colonização

relativamente recente, precisa

passar pelo aprendizado

das

mesmas

escalas temporais,

da mesma

inconsciente capacidade de recuperação natural

através

do bom ma

nejo da

terra, que,

durante

séculos,

os camponeses

europeus

viven

ciaram de geração

em

geração.

Essa

ênfase

reporta-se a

várias

e

distintas linhas

do pensamento norte-americano

oitocentista:

ao con

ceito de ' 'estrutura, processo e etapa' ' dos primeiros geógrafos físi

cos

de Harvard, Nathaniel S. Shaler e William M.

Davis;

às

opiniões

de um geógrafo ainda

mais antigo,

George Perkins Marsh, sobre

ecologia e planejamento

de

recursos; à importância que o

retomo

à

natureza e

ao

equilíbrio

natural ~ s u m

na obra de David Thoreau

68

E de acréscimo ainda

havia

uma amálgama

mais recente

de movi

mentos intelectuais

nas universidades

do

Sul

rural, então afundado

na

depressão.

Havia os conservadores

agrarianos sulistas

na Univer

sidade Vanderbilt,

em

N ashville, Tennessee,

com sua

rejeição

do

industrialismo nortista e seu

modelo de economia

rural inspirado na

Idade Média ou

na

Nova

Inglaterra dos primeiros tempos

69

E,

num

brusco contraste

ideológico,

havia os

regionalistas sulistas

agrupados

em

tomo de Howard Odum,

com sua

ênfase na descentralização da

riqueza e do

poder

e numa recuperação equilibrada

do

rico legado

regional

de

recursos

naturais mal

explorados,

estudiosos

que, naquele

instante

mesmo, começavam a desenvolver

seu

pensamento na Uni

versidade da Carolina do Norte, mas cuja

obra

maior iria surgir na

década

de 30

7

Essas

correntes

em desenvolvimento- embora por

vezes incon

sistentes

- aparecem juntas

na

completa explanação que faz Mac

Kaye sobre sua maneira

própria

de

interpretar a filosofia

da RPAA

em

' 'The New Exploration' • Nesse texto, desenvolveu ele a noção

de duas Américas em contraste: a nativa, ' 'mistura da primeva corri

a colonial , e a

metropolitana,

' 'mistura da urbana com a industrial,

esta de amplitude

mundial .

Cabia áo planejador

regional

a ingente

tarefa de reconstruir e conservar

com esmero

o ambiente daquela

América

nativa mais

antiga,

a selvageria primeva, as primeiras co-

I

L

5.6

Manifesto da RPAA

- ·

d fi · • In

Ed

 

tado

por Lewis Mumford,

esse

trabalho coletivo foi a afirmaçao e

l   l tVU

. . rt :.ml ·

11 11

filosofia do

grupinho

de

Nova

York, tomando-se um dos mms tm po

cumentos da

história

do

planejamentú.

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7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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180

CIDADES DO AMANHÃ

munidades

de

aldeia da Nova Inglaterra, e a verdadeira cidade,

0

complemento

da

verdadeira aldeia'

72

Isso, porém,

seria

difícil:

O

desafio,

no país, será entre a América metropolitana e a América

nativa

.

Ambas agora se

confrontam,

não só

psicológica mas

também física e

geograficamente.

O mundo metropolitano [ .. ] é

uma

estrutura mecanizada e fundida, produzida pela

indústria e

que se

derrama [ .. poderosíssima nos vales e fragt1ima nos cimos das

montanhas. A estratégia do mundo nativo

opera

exatamente

na

direção oposta. É

a inda poderosa

no

meio primevo. bem como ao longo dos caminhos

alterosos

da

barreira

apalachiana [ .. ] é

forte

também em

regiões

como as do

interior

do país.

onde. embora fazendas

e

aldeias estejam exauridas, os recursos. tanto

físicos

quanto

psicológicos.

continuam ali,

abertos

à recuperação e a um desenvolvimento em novas

bases73.

O problema,

portanto,

diz

respeito

à

reformulação da

América

metropolitana

em

seu

contato com a América nativa .

Pois

a Amé

rica

nativa

era

a América da

colonização

de

Mumford,

assim como

a metropolitana era a sua América

das migrações

74

• E a quarta mi

g ração de

Mumford

era um

refluxo , um

reassentamento das

populações e indústrias oriundas da segunda e da terceira

migração ,

a

jorrarem

torrencialmente

de

um dique rompido

75

• A questão

que

se

levantava

para

o planejamento regional,

portanto,

era a seguinte:

' 'Que

tipo

de

barragem

[ ...

construir

a jusante a fim de manter

nosso dilúvio

em

xeque?

76

A

resposta de

MacKaye

foi

um

estra

tagema típico

da RPAA: aproveitar a nova tecnologia, mas ao

mes

mo tempo controlar

seu impacto

sobre o

ambiente

natural. O am

bie

nte

metropolitano

ampliar-se-ia através das autovias ; e no

es

paço

intermédio, as áreas colinosas

seriam mantidas

como uma pri

meva \ou

quase primeva ) área selvagem

,

servindo ao

duplo

pr opósito

de

parque florestal e recreio

público

e, através delas, um

i tema

de

caminhos

franqueados ao

tráfego,

equipado

para uso

fetivo como

circuito de paragens rústicas e lazer ao

ar livre

fun

ionaria como ' ' um

conjunto de freios

para o dilúvio

metropolitano;

di vidiria -

Olf

tenderia a

divid ir -

as águas montantes

do

metropo

l

ism o em 'bacias '

estanques,

tentando, assim, evitar sua

completa e

ta l

confluência'

77

• Adicionalmente,

' 'agregada ao

sistema de

au -

L

vias , correria uma

rede

de

estradas

vicinais

' 'conjunto de cami

nhos

franqueados

ao tráfego, ou circuitos, que ladeariam e interli

lriam

as sucessivas cidades e

aldeias ,

livres de

toda

e qualquer

• lrutura ou uso

do

solo inadequados

78

• O que

era

exatamente o

t P

s

to da cidade

de

estrada ,

corporificação

mesma do

dilúvio

t

ropolitano

79

Não

lhe faltariam edifícios -

  Não se assustem,

n

é nossa intenção fazer soar o

toque

de

recolher urbano - mas

es edifícios

não

seriam

' ' jogados a esmo'' , e sim, •

reunidos ' '

A CIDADE NA REGIÃO

18 1

mediante

um bom

planejamento

80

E, desenvolvendo a idéia dois

anos mais tarde;

chegava

ele ao .conceito

da auto-estrada sem cidad

e :

uma via

de acesso limitado ao redor de Boston,

com

postos

de ga

solina

instalados

a

intervalos,

mas

sem

qualquer outro

acesso. Não

é de

admirar

que,

perto

de

quarenta anos

depois, Lewis Mumford

tenha creditado a MacKaye a

invenção

da moderna

rodovia;

o que

não

é de

todo

verdadeiro, como

mostraremos

no Capítulo 9, mas

constitui

um justo

reconhecimento da notável presciência demons

trada pelos fundadores

da

RPAA

 

Como

isso

poderia parecer na

prática

é o

que

nos

,

mostram

os

mapas e tabelas

preparados

por Henry Wright para a Comissão de

Planejamento Regional e

Habitacional

do Estado

de Nova York:

Época I

(1840-1880), de

Atividade

e

Intercurso de Amplitude

Estadual , é seguido por Época li

(1880-1920),

em que a

popu

lação

se

concentra

ao

longo

da

principal

linha

de transporte. Mas

em

''Época

III' vemos

' 'o

possível estado do futuro, onde

cada

parte está a serviço de sua

função

lógica, dando suporte à atividade

saudável e à

vida prazerosa''. Um close-up

ampliado, ' ' uma secção

ideal ,

prova

tratar-se do

conhecido diagrama de

Geddes

aplicado

ao território que

de frente para o Lago Eriê: florestas e reserva

tórios para armazenagem nas áreas

montanhosas,

fazendas de gado

leiteiro

na

ribanceira,

a estrada

principal

flanqueada

por

duas

auto

vias paralelas

mais

a

ferrovia,

na

planície

fértil, e,

dispostos

com

a

precisão das contas de um colar, as grandes e as pequenas cidades

82

Pouca coisa

disso tudo, na América de 1920, concretizou-se

em

programa; havia dúvidas

até

mesmo quanto à constitucionalidade

do

ato

de zonear, antes

da

histórica

decisão

de 1926 exarada pela Corte

Suprema

83

• É verdade

que,

quando governador

do

Estado

de Nova

York, Franklin D. Roosevelt pelo menos comprou a prescrição

de

Stuart Chase, pois

-

com

a manipulação

dos

regulamentos

de

con

trole

sanitário

para laticínios

- protegia

os

criadores

de gado leiteiro

do

Estado contra a concorrência externa

84

• E foi, não há dúvida ·

através

da

ação empreendedora

de

Alexander Bing que a RPAA

conseguiu

pôr em

órbita duas comunidades

experimentais:

a de Sun

nyside Gardens na cidade

de Nova York,

e a

de

Radbum em Nova

Jersey (Capítulo 4). Mas o

negócio

da RPAA era, acima de

tudo,

vender sonhos realizáveis a longo prazo.

RPAA

VERSUS PLANO REGIONAL DE NOVA

YORK

:A

: '

N o maior de

seus

conthtos

~ ; o m relação a programas, a

RPAA

encontrou pela frente um

inimigo

imprevisto. Thomas Adams

(1871-

1940)

fora um dos

pais fundadores

do

planejamento urbano britâni-

-

-

--

 

a ~ = . .

Page 12: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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182

CIDADES

DO

AMANHÃ

co:

primeiro

diretor

geral

de

Letchworth

Garden City,

primeiro ins

petor de

planejamento,

membro fundador e primeiro

presidente

do

Town

Planning Institute8

5

E ao chegar aos EUA, exatamente quatro

anos antes da fundação

da

RPAA, enfatizara a importância de

um

dos

mais modernos

aspectos do

planejamento urbano, a direção e o

controle do crescimento em curso

dentro

dos distritos rurais e

semi

rurais onde as novas indústrias estão-se

estabelecendo'',

alegando

que

nenhum

esquema de planejamento urbano poderá ser conside

rado satisfatório

se

não for preparado levando

em conta

o desenvol

vimento regional que circunda

o

município

86

Assim, quando Char

les

Dyer Norton

- o primeiro presidente

do

Commercial

Club

de

Chicago e,

portanto, o principal responsável pelo

Plano Burnham,

e

agora

tesoureiro

da Russell Sage Foundation - convenceu-o a

dirigir

um ambicioso trabalho de levantamento e plano para toda a região

de

Nova

York,

Adams

viu-se

ante um desafio difícil de recusar.

Confirmado

no cargo após o falecimento de N orton, por seu sucessor

Frederic Delano,

foi

nomeado Diretor de Planos e Levantamentos

em julho

de

1923

87

Mas

ainda sob outro aspecto representava

ele

o candidato per

feito; este plano tinha de ser um plano para homens

de

negócios,

visto que seus

principais ativadores

eram

ex-líderes

no mundo dos

negócios

em

Chicago, a quem ele custaria

um

total de mais

de um

milhão de dólares durante mais de uma década

88

,

e

Adams, então

nos seus cinqüenta

anos,

' 'com seu próprio modelo

filosófico

de

muito fixado , era um planejador para homens de

negócios. A seu

ver,

o plano devia

representar

a

arte

do

possível

: O Plano

Regional

devia ser, não uma

prescrição

revolucionária , mas um conjunto de

controles brandos sobre os abusos

do

mercado, em favor da eficiên

cia; além de

incluir algumas coisas inquestionavelmente boas, tais

como

novas estradas, parques e praias

89

- receita

certa,

é preciso

que se

diga,

para um

conflito acerbo

com os idealistas da recém

nascida

RP

AA.

Não

era a extensão geográfica do plano due estava errada.' Pois

Norton apelara para um compasso aberto: A partir da sede da

pre

feitura deve-se traçar um círculo que abrangerá as Montanhas Atlân

ticas e Princeton; as encantadoras colinas Jersey

que

se

erguem

por

trás

de Morristown e Tuxedo; o incomparável Hudson até Newburg;

os

lagos

e

serras

Westchester

até

Bridgeport e para além dela; e

toda

Long Island' '

90

A área

resultante

- superior a 5 000

milhas quadra

das,

com

cerca de 9 milhões de habitantes - formava

uma

imensa

tela

como

até então plano nenhum havia coberto

91

Tampouco

estava

errada a metodologia do

levantamento:

Adams

reuniu,

numa

equipe

sem

rival,

autores de obras circunstanciadas, que constituem

alguns

dos clássicos incontestes da literatura sobre planejamento,

com

con-

A

CIDADE NA

REGIÃO

clusões onde se ouvem

ecos

de Mumford, Ch

ase

e

St

in .

Aqn

, I

bert

Murray

Haig, neste volume sobre economi a ur bnntt

0

,

11111

lt

t

que muitas

atividades

estavam de mudança

por

te r

cnt

1111 1111 111

cessidade

de uma

localização central, e defende

contr

I •s d .111111 1

menta que

levem em conta extemalidades negativas: ' '

ZOII

11111 11 11

justifica-se economicamente

como

estratagema útil pum 111 1 Jllll 11

uma

distribuição aproximadamente

justa de

custos, for çn

1HI

1t 1

11d

indivíduo a arcar com

suas próprias

despesas

93

• Este v o lunu , 1•h11

população e preços de terra, alega que o

probl

ema

estnv

1 11 1 1 111

centração excessiva dos meios de

transporte,

que,

p or s

'

11

IIIIII

H,

encorajava

uma

concentração excessiva de atividades econ 1 ,

daí

a

conseqüente superpopulação

que gera

desperdício

c ·o u

111 11

11

Este

outro,

sobre zoneamento e

uso

do

solo,

afirma qu o ull 1

preços

da

terra

em Nova York

são o resultado direto d u t1111

111

tamanho

permitidos nas construções

95

• E este é o volum dt I'

sobre unidades de

vizinhança,

onde se

reconhece

qu

e o

tHt ll lltll Vt

I

estava,

como era de

esperar, criando a cidade celul

ar

96

Nada

disso: errada era a filosofia partilhada

por

Adum

grupo.

Era a crença

de

que, na prática, a forma da regiã I

fixada em definitivo, admitindo apenas modificações incr tll 111

1

marginais. E isso se

manifestava de uma centena de

man

1 t

aceitação de um plano rodoviário

preexistente

a qu e se a r •t

111

vam

alguns

desvios

ou anéis viários [ .. ]

que

permi tis s 111 I

circulação entre as

principais

subdivisões da região ;

no

a lto

timento em novas conexões

radiais

ferroviárias com os su h t dt

dentro de Manhattan

97

;

na defesa- embora em parte alguma s 1111

11

cione o nome

de Le

Corbusier - do princípio corbusiano d

1 ' 111

trução

de

arranha-céus a

intervalos

espaçados dentro

de

um pu 1

(11

e

sobretudo

na

sugestão de que ' ' no tocante aos problemas

p11

11

.

cados pela

concentração

do

desenvolvimento indus

trial

c c

111 11 I

e.m determinada

região,

o

imprescindível

é não descentraliza•· , ,

reorientar

a centralização, tendo

em vista, basicam

ente,

torn

n I '

11

os seus

centros

e

subcentros saudáveis, eficientes

e

livres

dn IIJI 1

população

99

; e na sugestão

daí

decorrente

de que

a rcc nlt d

ção

do

comércio

e

da

indústria em subcentros, de ntro da

1

1

t

poderia

aliviar a sobrecarga populacional

100

,

ao que

se

asso

t V \

rejeição

da cidade-jardim como

solução

geral, ' 'exceto pa r

a IHJII

l1

parcelas mínimas da indústria e da população que pudessem ,•

1

I t

suadidas a

mudarpara

novos

centros

101

; na rejeição de toda

()li

quer

unidade governamental mais abrangente

que

se

dispu

.

elaborar um plano para a região

inteira

102

• O erro estava, Ullh

acima de

tudo,

na

assunção passiva

de

que a região continu

ut

I I

crescer, de 14,5 milhões de pessoas para talvez 21 m

ilh

ões p r ull I

de 1965, aliada à

falta

de qualquer proposta

definid

a, como , I 111

Page 13: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 13/22

  84

CIDADES DO

AMANHÃ

exemplo, dizer para onde

toda

essa gente

de

sobra

deveria

ir

103

;

o

objetivo básico era descentralizar e evacuar Nova York o suficiente

para que continue funcionando nos moldes tradicionais' '

104

Como era

de

prever,

a resposta veio amarga.

Em

famosa rese

nha,

Mumford condenou

o plano

em que quase

todos

os pormenores

finais. Seu arcabouço espacial, apesar de toda

a

aparente

amplitude,

era excessivamente estreito;

aceitava o

crescimento como

fato

ine

vitável,

sem

levar

em conta o

potencial de

que dispõe o planejamento

para

influenciá-lo;

sequer considerava alternativas; continuava a

per

mitir

o

adensamento das

áreas centrais;

condenava

o

último trecho

remanescente

de

área livre, perto de Manhattan,

os

prados de

Ha

ckensack de Nova

Jersey, a

ser

totalmente coberto

por

construções;

descartava como

utópicas

as

cidades-jardim;

desculpava

a

plena ocu

pação das áreas suburbanas; ao rejeitar o princípio da casa popular,

condenava o pobre a morar pobremente; favorecia

um

aumento ainda

maior de

subsídios

para

as

linhas

de interligação centro-subúrbio

dentro

de

Manhattan, ajudando, assim, a

aumentar

aquela

mesma

superpopulação por ele

condenada; suas propostas

de rodovia

e

trá

fego rápido eram uma

alternativa

para um projeto

de

construção

comunitária, não um meio para chegar até ele.

Sua falha

básica es

tava

em

apresentar-se como sustentação para tudo: concentração e

dispersão,

controle de

planejamento v rsus especulação, subsídio es

tatal v rsus

regras

de

mercado .

Mas,

a despeito

das

aparências em

contrário,

significava,

na

verdade,

um desvio orientado para um cen

tralização ainda maior

105

E Mumford concluía:

Em

suma: o

Plano para Nova York

e

seus Arredores é

um

pudim mal conce

bido, dentro do qual se despejou um número muito grande de

ingredientes,

alguns

de

boa qualidade,

outros,

na

maioria. duvidosos:

os cozinheiros tentaram

satisfazer todos

os

apetites e

paladares,

e o

pensamento que norteou

a

escolha

da

travessa

era de

que

ela

iria

vender um

pudim

para os convivas, em

especial para aqueles que haviam

pago

os cozinheiros.

A

mistura como

um

todo é indigesta

e

insossa: mas aqui

e

acolá pode-se

pescar uma passa ou um bom pedaço de limão

e

comê-los

com prazer.

No

final das

contas, há

de

ser essa, esperros ,

a

lembrança

que

nos ficará

do

pudiml06.

Visivelmente irritado, Adams decidiu ferir

Mumford chamando

Geddes em seu auxílio:

É

este

o

ponto

principal

sobre

o

qual

o Sr.

Mumford

e

eu,

tanto

quanto

o Sr.

Mumford

e

Geddes, discordamos- ou seja. se devemos permanecer parados, discur

sando sobre

ideais, ou

seguir em frente, conseguindo para esses

ideais o

máximo de

realização possível dentro

de

uma sociedade necessariamente imperfeita,

capaz

apenas

de solucionar imperfeitamente os seus

problemasl07.

O paradoxo era que também Adarns continuava acreditando que

Nova York

fosse grande demais e

que .. de um ponto de

vista eco-

I

'

l

i

A

CIDADE NA REGIÃO

IH

nômico, e até

mesmo de

saúde, devíamos levar o

e

de

indústrias ·

para fora de

suas áreas centrais

e,

na m

< lld 1 do

possível, para dentro de cidades-jardim

108

Mas

o

própri

o xi to

t l1

cidades-jardim, argumentava ele, estava diminuindo a nc · ·s

sl d

ult

delas como

solução: a

solução não deve ser

buscada

num pro ·

11

indiscriminado de

descentralização,

mas na descentra lizaç1 o

IH

111

planejada

em

cidades-jardim, aliada a

uma

dispersão igualm nt h 111

planejada

em

regiões

urbanas

1119

Nesse ponto

é

que seus caminhos se

separaram;

Adam

s t

ntc 11

manter

a

continuidade do diálogo, mas Mumford

-

emb

ru

·

nul

nuasse

pessoalmente

amigável - tornou-se

cada

vez m a is

f

ro :t

111

suas

críticas

110

O

plano de Nova York foi para frente gr aças 11

11111

I

Associação do Plano

Regional liderada

por uma elite de

h

olll ·n dc

negócios e

à

ação de Comissões

de

Planejamento criadas pnru

l '

ui

área

em particular:

foi sobremaneira bem-sucedido

em

su

as

p•

·opo

tas de

auto-estrada,

ponte

e

túnel,

sobretudo

porque

o

arquit ·to 1

11

carregado foi Robert Moses

111

Enquanto isso,

a rec

eita

a lt 'Jll

V

1

de Mumford -cr iação

de novas cidades

com

auxílio estata l

11111pl1

reconstrução de

áreas deterioradas - ficava

no papel

112

O

PLANEJAMENTO NEW

DEAL

O

que podia parecer um

estranho

resultado;

pois

em

19

fl1

1111 •

lin

Delano Roosevelt era empossado no cargo de

presid

cnt

meçava

o

New

Deal. E Roosevelt estava,

em princípi o,

f

ort

111 111

comprometido com um

programa que corria emparelhad

' 0

111

'

puras linhas

da RPAA. Em 1931, havia

ele desencalhado a

lu 1 lo

retomo

em

massa

à terra, mediante o fornecimento de casa,

acres de solo, dinheiro e instrumentos agrícolas; também cstuv I 111

prestando idéias da

RPAA

ao argumentar

que

a

energi

a el trl · 1

caminhão estavam

ajudando a descentralização

da

indústria P 11' \ P

quenas

comunidades

e

áreas

rurais, ao

mesmo

tempo

que

a I l1

1

dade, o rádio, o

cinema

e a

encomenda

postal traziam

quul

I ui

urbana

de

vida para

o

campo;

e

propunha especificam

e

nt

e n

f<

1111

1

ção de uma Comissão

Estatal para Lares Rurais a

fim de cstnb

I

c I

um plano baseado no planejamento cooperativo em pr I do I 111

comum

113

• Poucos

meses mais

tarde,

reclamava um pluno d I

nitivo

pelo qual

a própria indústria procurará levar certas finn ' 1.. 1

para

fora

dos

centros superpovoados,

onde

o

desemprego atin

índices mais elevados, encaminhando-as para comunidad es m nw

mais próximas das fontes supridoras de alimentos básicos

11 4

• H

1932,

pouco antes da

eleição,

perguntava se sem esse J 111

111 11

regional,

não nos estamos colocando na

situação de,

no futur

o

111

Page 14: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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186

CIDADES

DO

AMANHÃ

diato, termos

de

agarrar

o

touro pelos

chifres e

adotar algum

tipo

de

trabalho experimental baseado

em distribuição populacional"

11

5.

Seu tio,

Frederic Delano,

dirigira o

Plano Regional

de Nova York

e, dizia Roosevelt

em

1931, despertara nele

um

permanente interesse

pelo assunto; pode

não

estar muito

longe o

dia, aventava,

em

que

o

planejamento

se tornará

parte

da política nacional do país

116

Foi

dizer

e

fazer: seguindo

os passos

de

Rexford

Tugwell,. que

por seu turno fora

aconselhado

por

Stuart

Chase, empurrou Con

gresso

adentro

um

Projeto

para

Obras

Públicas em junho de 1933,

destinando 25 milhões

de dólares

ao reassentamento

do

trabalhador

no campo e dando assim às

pessoas

a

oportunidade

de

assegurarem,

com

a boa terra, os empregos

permanentes

que haviam

perdido

nos

municípios e cidades industriais superpovoados"

117

; só que ninguém

saiu de onde estava

  8

Em

resposta, surgiu o programa para cidades

de cinturão verde

da

Administração de Reassentamento, em 1935,

já descrito no Capítulo

4:

um

glorioso fracasso, com

quase

nada

para mostrar de concreto.

Fora isso, a política New Deal sobre planejamento

regional

sig

nificou precipuamente

a

prodigiosa multiplicação de um papelório

sem fim. A Junta

de Planejamento

Nacional de Recursos, bem como

as

organizações

que a

precederam sob os mais

variados

nomes,

so

breviveu exatamente uma década (1933-1943) e foi

descrita

como

a

organização de planejamento

nacional

mais abrangente que este

país já

conheceu"

119

; ao

ser criada pela primeira vez,

em 1933, como

Junta de Planejamento

Nacional,

contava com três

dos mais

insignes

nomes

do

rol

de

planejadores norte-americanos, Frederic Delano,

Charles E. Merriam e Wesley C. Mitchell; ao todo, produziram eles

perto de

370 relatórios

impressos

e na

maioria mimeografados, to

talizando

43 000

páginas

 2

• Difícil,

contudo,

é

localizarmos algo

que

se

tenha concretizado

fora do

texto.

O relatório de

1935 do

Comitê

Nacional de Recursos (como

então era

conhecido),

Regional Factors

in National Planning Os Fatores Regionais dentro do Planejamento

Nacional) recomendava que se

reagrupassem

os distritos lrurais das

várias secretarias federais num número limitado - por

exemplo,

dez

ou doze - de centros regionais principais; as comissões de planeja

mento

regional decorrentes

não teriam uma executiva

regional, exi

gindo,

por conseguinte,

' ' um

canal

orientado para

uma

executiva

fixa",

uma

Secretaria de Planejamento

NacionaJI

 

Mas

não

se

tem

registro

do resultado. E seu relatório de 1937, Our Cities: Their Role

in the National Economy Nossas Cidades: Seu Papel na Economia

Nacional), embora chamasse a atenção para pragas, especulação, de

sestruturação

social,

crime

e

fisco urbano, problemas que, mesmo

naquela época, estavam arruinando

as

cidades

norte-americanas, fa

lhou

em

suas recomendações para

que as

dimensões

regionais

fossem

A

CIDADE NA REGIÃO

I

levadas em conta de forma explícita; quanto à

polêmi

ca qu , t

centralização versus descentralização, o relatório perm an c •u I

em cima do

muro, declarando que

o

ambiente fa v

oráve l poa ·

1 •

Jência ao

morador

urbano

e

ao aproveitamento

eficaz d s • 

'

\

n

humanos e materiais estaria, muito provavelmente, en tre aqu ·I ·, dn

extremos"; o objetivo,

concluía,

de

forma bastante va ga, e ra ui v 1

as áreas centrais do excesso de população a fim de criar um

ll l l td

i l

 

urbano mais descentralizado' ' , assertiva com a qual, sem d t

V

d li ,

teriam

concordado

tanto Adams quanto Mumford

 22

Ambo. , 1

1

1

 

e Congresso,

mostraram-se totalmente

desinteressados, e o r 1111 1

caiu

num

l imbo político

123

ATVA

Para

toda essa papelada houve, evidentemente, o br i lha nt '

 

trapeso de

uma

realização concreta: a Tennessee Valley Auth lll I ,

inegavelmente

o

mais importante empreendimento

do plan ju

New Deal, e -

pelo

menos segundo a

lenda

- concreti zu · o d I

idéias

mais radicais tanto da RPAA

quanto dos

regionalis tas sul l 

Ao

discursar

na

última reunião

da RPAA em 1932, R oo sc v d

creveu a

idéia

da TVA como um exemplo de

planejame

n to iou d,

como tudo, porém,

o

que

ele dizia,

também

isso

soou com

I

frase

de

tal maneira ampla e imprecisa que poderia servi r a q u ll q

programa, mas de tal maneira ardilosa que poucos

c

om pro  

1

efetivos

eram por

ela

envolvidos"

24

Na verdade, essa idé ia a h '

 

linhas

diversas:

melhorar

a

navegação

em

Muscle Sh

oa l

s,

110

Ala

bama (projeto acalentado pelo Corpo de Engenheiros d

esd

e l 1

passado), ali desenvolver um programa energético, vi abilizar

.o

IPt ti

para a

produção de armamentos

e

controlar as enchentes;

a luç lt

de Roosevelt

consistiu

em

puxar todas

essas linhas ju n tas

CO l

ll

IH •

ções

de

planejamento

rural e

desenvolvimento regional,

P

ndo

d

lado

a

produção de armamentos

 25

• Todas essas

preocupa

ç l

aram-se, no

entanto, tangenciais nas

negociações concr

etas qu

~ r m

à

aprovação

da lei; e por

conseguinte, os di retor

s p Oli

noção tiveram

a

respeito do que

os

parágrafos sobre

pl

an

j t

ll lH ll

l l t

controlavam ou

permitiam

 26

• FDR com

certeza não

lh

es

d u Ot t

tação

de

espécie alguma;

talvez

porque ele próprio não

ti ve s ,

vavelmente, nenhurna

127

Também a

geografia assegurava para

a TVA a

ce r

te

za

d

í

tituir-se um exemplo

incomum de planejamento region

al p urn h

I

hidrográfica.

O

rio tinha 650

milhas

de comprimento,

bu c '

tamanho

da

Grã-Bretanha,

a região diversificava-se

pelo

ch m u, Jil In

recursos,

pela composição racial e pelos modelos cultura is ' · I l  

Page 15: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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,

5.7 Norris Tennessee

A pequena jóia de Tracy Augur, executada

para

a Secretaria

Autônoma

do Vale

do Tennessee:

uma das poucas manifestações dos primeiros ideais de planeja

mento

dessa

entidade

que logo

os perdeu.

A

CIDADE NA REGIÃO

IH

I

comum

o

que

havia era a

pobreza:

a metade oriental dos Apul

t

•h

era, possivelmente, a parte mais pobre da mais pobre rc i n do

Estados Unidos, abrigando milhares

de famílias com salári

s uh

1 11

de 100 dólares

anuais

  29

• Cumpria melhorar

suas

condi ções d v d

t

mediante a construção de um conjunto

de barragens de

fin nlid ult

múltiplas - elas próprias

um

desafio para o conhecim

ento

d

dispunha

a engenharia

convencional- , em

torno das

quai

s uuau 1 1

de programas desenvolveria os recursos naturais

da

região . P · lo

uH

nos, era essa a teoria

implícita

na aprovação da lei e no

pr

ogr 1

inicial

da Junta da TV

A

130

Logo, porém,

foi

posta

de

lado. Para a Junta

da

TV

A,

Roo s Vl

li

designou três membros que

formariam

uma

mistura

total c xp lo

vamente incompatível. Na cadeira de

presidente colocou

A. JJ. Mu1

gan, diretor

do

Antioch College: visionário

utópico, ascéti

co, qu 1

místico

que

-

embora

não

sendo

nem socialista nem

crist

ão -

I ull 1

muito em comum

com

os primeiros comunitaristas utó

picos

131

• M

gan

encarou a tarefa

como

a oportunidade que a vida lhe r 1

para

realizar

sua

visão pessoal

do que

fosse

um

novo ambi cnt

f ,

t   U

e cultural, visão

que

ele acreditava compartilhar

com Roo

scv

lt

1

Como segundo membro

e

na

qualidade

de

perito

em desenv

o lvim

t

to

de

planos energéticos públicos dentro

do grupo,

colocou

IV

d

Lilienthal:

jovem imensamente

ambicioso,

empreendedor, com 1 r

putação de roubar

o

espetáculo onde quer que

aparec

esse

13

• 011111

terceiro, escolheu

Harcourt A.

Morgan, sem qualquer parent

e o ·

wu

o

presidente:

diretor da Universidade de Tennessee,

represent

ant do

interesses agrários conservadores

em

Vanderbilt, obcecad o 111

1

idéia

dos

serviços

de

extensão rural

e, em

particular,

com

um 1

quema para

um

programa de

fertilizantes

fosfatados,

pront

a 1

aliou-se a

Lilienthal.

Passados cinco

meses,

estavam el e

s con<l

nando a variedade - depois seriam as excentricidades - 1111

projeto grandioso do

presidente

134

Dois anos depois, o prcsid

estaria criticando abertamente seus colegas na imprensa of ici a l:

••

1

tático, e dos

maiores, corno

ficou ·provado

135

Não

tardou que

Lilienthal

e Harcourt Morgan derrotassem pt lo

voto

a

presidência

e dividissem responsabilidades: Lilientha l fi •

ou

com

o

desenvolvimento da energia

elétrica,

H.

A.

Morgan

c

l11

o

trabalho de extensão agrícola. Daf em

diante, essas

seri

am

as tnr I

I

da TV

A: a visão

de

A. E. Morgan

de uma secretaria

autôn

oma

VI

l

tada para

o

planejamento regional- para

muitos, a verdadeira

mi 11

da TVA - foi simplesmente

enterrada

136

Os

fazendeiro

s eram

11

migos

jurados

da Divisão de Planejamento da

Terra,

cujos m mh10

eram por eles

pejorativamente chamados de

os

geógrafos ;

lultr

1111

sem trégua pela compra de terras do Estado ao

redor

das

rcpr

I

que foram

progressivamente reduzidas

ao mínimo absoluto•

7

• <

Page 16: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

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190

CIDADES DO AMANHÃ

opositores descreviam

os

fazendeiros como ' ' fanáticos' ' que se

iden

tificavam menos com a TVA

do

que com

os

interesses

locais

138

Finalmente, após dois anos de agoniada indecisão- durante os quais

tanto A. E.

Morgan

quanto Lilienthal passaram

por

crises de depres

são nervosa - , em

1938,

FDR

demitiu A. E.

Morgan por ' 'insubor

dinação

e

contumácia ;

mais tarde, Morgan era exonerado por

um

comitê do

Congresso

139

• Assim, a despeito de Lilienthal insistir, nos

balanços oficiais

de

leitura popularíssima, que

os

programas

se

baseavam em princípios

de

unidade

140

,

na

verdade de há muito

não se baseavam eles em

outra

coisa que não

numa

violenta dis

cordância.

No

entanto,

para os de

fora,

na

época, a

TV

A

continuava sendo

um exemplo triunfante de democracia do

capim . Lilienthal argu

mentava que

ela era

' ' um programa,

fixado

por lei, a fim

de

que a

secretaria

regional

federal

trabalhasse

em

cooperação

com

secretarias

locais e estaduais, e através delas

141

Na

realidade, foi,

ao que pa

rece, essa ideologia protecionista que

permitiu à

TVA

apresen

tar-se

como defensora

das

instituições

e

dos

interesses

locais;

a

fim

de

justificar sua autonomia e decapitar uma possível oposição vinda

de

indivíduos e grupos

locais

poderosos,

ela

delegava o programa

agrícola a um eleitorado distrital organizado, os colégios de dona

tários, comprometendo, assim, muito de

seu

papel

como

secretaria

de conservação. (O estudo de Selznick comentava acremente que

o

caminho

para se

conseguir uma

administração democrática

começa

pela organização de um governo

central suficientemente

forte para

eliminar

as

condições que tornam grande parte de nossa vida

gros

seiramente não-democrática'

142

.

Num

sentido,

no entanto

, a

TV

A

posiCIOnou-se contr

a a ideo

logia dos fundamentalistas rurais na Universidade Vanderbilt. Lem

bremos que seus membros partilharam

com

os da

RPAA

a idéia

de

que a migração populacional do campo para a cidade precisava ser

retardada e até mesmo

revertida;

e aparecera

FDR

para

ficar

do lado

deles.

Mas

na prática, ao tempo

da

aliança Lilienthat-H. A. M or4an,

a TV A tornou-se mais e mais uma secretaria geradora de energia

elétrica,

devotada

à

criação

de uma

grande base urbano-industrial:

como

disse Tugwell, ' ' de 1936 em

diante, a

TV

A

deveria chamar-se

CorporaÇão

para Produção de Energia Elétrica

e

Controle de En

chentes do Vale

do Tennessee

143

Por

volta de 1944, já

era

a se

gunda maior produtora de

energia elétrica

dos Estados

Unidos, ·ge

rando

n

metade de nada menos

que

toda

a

produção

·

nacional de

1941

144

• A ironia-está no motivo: o enorme aumento na demanda de

energia proveniente da instalação

do

complexo

de

produção

de

plu

tônio

do Conselho de Energia Atômica em Oak

Ridge, base

para

produção da bomba atômica

145

O único

elemento

riscado

por

Roo-

A

CIDADE NA REGIÃO

sevelt da

prescnçao da

TV A, produção de munições, . I V

dirigindo

o desenvolvimento

econômico do

V ale.

As barragens e represas

devem

ter causado

bo

a impt

turista

em

peregrinação, tanto

quanto

aquelas barragens no

VIII

no Dnieper entusiasmaram

os

visitantes de

esquer da em I c

I

cada

de 30.

Mas do

planejamento reg iona l - especi

a lm

ent VIII 1 1 I

radical esposada pela

RPAA

- não

ficara

mais

do

qu e un1

ceptível

resíduo:

urbanização comunitária, serviços

de smld

c

cação

receberam

uma fatia minúscula do orçament

o Nc111

a

nova cidade construída próxima

à

grande barr

ag

em do

T

embora planejada por um membro da

RPAA

(T r

acy

Au

giada por Benton MacKaye como um

primeiro passo

em

u h

til

1

comunitária

regional,

foi acuradamente

descrita pelo

Di

r ' l t>

d

I I 1

nejamento da

TV

A

como

uma

agrovila

147

• As expectnliv 1

listas de A. E. Morgan

com

referência a Norris - c idade

<

nd 1 1 11

e

pobres poderiam

viver

juntos

e

onde os

habitan tes

comh

11111

agricultura com

indústrias artesanais -

jamais se

con

·r

·t

Construída às

pressas, a

minúscula cidadezinha- co

m

ap'n 1 I

habitantes

-

acha-se praticamente enterrada em me i

o a d o

I

1

ques; seu esquema

é tão informal,

que será

difícil um

dia

d

I 1111

nar-lhe

as origens

148

Constitui

uma

interessan te

no t

a

de

r

UIIJI

p

a história da cidade-jardim, mas em confronto com a visão llld 11

projetada pela RPAA, não passa de ridículo camun don

go.

)

I

1111

que

a

América

-

mesmo

a

América

do

New De

al - n

politicamente preparada para essa visão

149

A

VISÃO FAZ-SE REALIDADE: LONDRES

. · Assim, por uma

das muitas ironias

desta história,

o v rd

li

I 111

impacto de Mumford,

Stein,

Chase

e

MacKaye nã

o

se

fari l • 1

em seu próprio

país,

nada simpático

às idéias deles, m

as

n

as 11 I

1

da

Europa. E

coube a Londres

dar

o· exemplo. Ao lon go do

11111

20 e 30, planejadores britânicos e norte-americanos mantiv'r 1111

tenso

tráfego transatlântico

em

ambos os sentidos. T ho mas Ad 1111

atravessava

o

oceano quase

todos

os anos. Às

vezes t

s u

qu

111 11

vezes ao ano, entre 1911 e 1938; Stein e

Wright

e ncontrai 1111

com Howard e

Unwin na

Inglaterra

em

1923; Geddes entrou

contato com

a

RPAA em 1923; Unwin

e

Howard em

1925

1

 

0

• A

1

durante

todos esses anos

de

calmaria,

um pequeno

g rupo d pl11

jadores já

estava aplicando idéias norte-americanas a um u

1111111

variedade

de

contextos britânicos.

Um dos

mais

bem-sucedidos, ironicamente,

foi

a

bête no tt

RPAA.

Durante os anos em que dirigiu o Plano Regi onal d Nc

Page 17: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 17/22

CIDADES

DO AMANHÃ

)rk, T ho mas Adams

continuara como sócio

na

atividade

de pla

n Ju

me nto exercida pela Adams, Thompson

e

Fry, que, entre

1924

J

2 ,

produziu oito

dos dozes exercícios

desenvolvidos no

campo

·m

crge

nte

dos planos

consultivos regionais

para

a periferia de

Lon

cl r s. Adams

contribuiu com

muitos conceitos norte-americanos

para

ss

cs planos:

parkways em

West Middlesex e o Vale do Mole, cintas

ve rd e s e cunhas verdes para limitar o alastramento urbano

151

• Mas

u f ilosofia, como

em

Nova York,

continuou

sendo

planejar

como a

ar te do possível: o

planejamento devia permanecer

como função con

s

ultiva,

sem tentar

realizar

mais do que mudanças

marginais,

e

sua

a tuação devia manter-se dentro dos limites traçados pelos poderes

e xistentes.

Os quatro planos

restantes

têm à

frente

um

nome

igualmente

s ignificativo:

nascem

da

sociedade entre Davidge, Abercrombie e .

Archibald. Leslie Patrick Abercrombie 1879-1957),

nono

filho de

um negociante de Manchester,

deveu sua

carreira à

imprensa mar

rom; começando

como

arquiteto, converteu-se

ao

planejamento gra

ças

a uma bolsa de pesquisa instituída na

Universidade

de Liverpool

pelo magnata do sabão William Hesketh

Lever,

que

fundara

Port

Sunlight

com o dinheiro

ganho numa ação por difamação movida

por

ele contra

um

jornal. Tão capaz

se mostrou que, em

1914,

quan

do

o

primeiro professor de

Projeto Civil em

Liverpool,

StanleyAds

head, transferiu-se

para uma nova

cátedra

em Londres, Abercrombie

surgiu como seu natural

sucessor

152

• Encarregado

da e d i t o ~ ç ã o da

Town Planning Review cedo

adquiriu

um conhecimento

ímpar sobre

o que estava acontecendo

no

mundo do planejamento.

Mesmo

antes

da

Primeira Grande Guerra ganhou um prêmio

por

seu plano urba

nístico para Dublin que colocava

o município

dentro

de

seu contexto

regional, patenteando, destarte, a

dívida do autor

para com

Geddes

153

Em

seguida,

a

reputação

crescente levou-o a um

exercício

pioneiro

em planejamento regional para a

área

de Doncaster, em

1920-1922

e,

conseqüentemente,

em

1925, para um plano para o leste de Kent:

uma

nova região

carbonífera,

e n c r u s ~ d no

jardim da

Inglaterra,

onde

Abercrombie

corajosamente

tomou

a si demonstrar uma tese

geddesiana,

provando que , na era neotécnica, até mesmo a indústria

paleotécnica poderia ser

absorvida

pela paisagem.

Propôs oito pe

quenas

novas

cidades; situando cada uma delas numa

dobra

da

on

dulante paisagem

calcária, dentro

de um

cinturão verde

contínuo

154

:

eco

profético, no que tange à precisão numérica,

da

estratégia que

iria

ac1otar

dezoito

anos mais tarde

para

a

Grande Londres. Ampla

mente comentado, apesar do fracasso que constituiu em termos prá

ticos, esse relatório colocou-o

definitivamente na

senda

do

planeja

mento regional

que

o

iria guindar às alturas do Plano para

a

Grande

Londres.

l

I

A CIDADE NA

REGIÃO

I

I

O fracasso

na

implementação, no entanto , foi

si nt 111

I

como em

qualquer

outro

lugar, planos regiona is eram

' 011 11l11

res; dependiam da

cooperação

entre as várias peque nus

1111111

1h1d1

distritais de planejamento, amiúde

nada

acolhedor as. A 1

1

o uptl

dominante era limitar o alastramento suburba n

o,

qu ,

X

nessa

época

Capítulo 3), passava

a

ser que

s tã o

da

s mui. d 1 d 1

no

sul

da Inglaterra. No

leste

do

Kent,

Abe rcrombi ·

julp1111

flll

1

mesmo

com

os poderes existentes,

as

autoridades p u c l ~ s s 111

1

11111111

terra

para a construção de

novas

cidades; o C om itê Mis to d 1

11

r 1

norte

de Middlesex

também advogava

ci dad es-satélit ·s '$

3

• u ui

foi feito

em nenhum dos dois

locais.

Por outro

l

ad o

,

tonto

o pll11111

de

Adams quanto os de

Abercrombie

procurav

am

ex ·r ·

·r

1111111111

por meio do zoneamento rural, ou seja, da de ns id ade multi

h tl ,

sobre cuja

eficácia

divergiam

as

opiniões. M es mo assim, 111tl11

um

dos cálculos, os doze planos

juntos puseram de lud 1 l

ciente para alojar 16

milhões

de pessoas, nas densidod

gentes

156

A

verdade

é

que,

por

mais que

impressionassem no pup I 

planos

eram pouco

mais

do que exercícios mel ho r

ador

·s. I h

talvez

fossem bem menos eficazes do que o pl a no d e Ad Jlll

Nova York

pela simples razão de que , na

Ingl

aterra, o

J ll l l

l l l l 111

ganizado dos

negócios tinha

menos

força. O

co

nceit l 1111 ui

de planejamento

regional, representado

pela RPA

A,

só po

I

1

11

forma se,

por

lei, o governo britânico conferisse po de res nl1

para planejar toda uma região, incluindo a a u torizaçã p

I

d

1

alastramento

urbano; e disso

não

se

viu traço até 193

, ·<

1111

11111

tramos no Capítulo 3. A triste história

do Comi

de

Ru y n1 111l I lu

win ilustra bem o fato .

E m 1927, Neville

Chamberlain

usou d e sua posiç< o 011111

nistro da Saúde

para

incentivar o

planejam

e n to regional 111 d

criação

de um

Comitê de

Planejamento

Regional pa ra a r  111d I

dres, que cobria perto de 1 800 milhas quadradas d entr d 11111 1

de 25 milhas a partir

de Londres

central, e

co n

tava com 5 lll 11111111

provenientes das

autoridades

locais.

Raymond U nwin f I •o lh tl

para conselheiro técnico. O relatório preliminar de 192

1

1 l p1111ll1

uma completa

reversão

no sistema de

planej

am

ento

e

nt

o

ao

invés de os órgãos planejadores tentarem re ser va r I l I

para

áreas

livres,

passariam

a demarcar deter

minada

s 1

construção, tendo-se como pressuposto que todas as rem

fossem conservadas como espaços

livres:

cidades com 6 · '

como pano de fundo.

Isso

exigiria

toda

uma Secre tarin Aul

de

Planejamento Regional

com

poderes executivos sobr

regionais mais amplos, inclusive limitação de áreas p ara · n I

No

entender

do

relator, as autoridades locais deveriam pod I  I I

I

J

Page 18: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 18/22

194

CIDADES

DO

AMANHÃ

uma urbanização sem terem

por

isso que indenizar ninguém; caso

contrário, o pagamento deveria ser estipulado

por

rateio

de

valores

feito entre proprietários de terr proposta

de

Unwin

que

o ministro

achou impraticáveJI

57

Nesse

ínterim,

em

importante palestra pronunciada

em 1930,

Unwin expunha

seu conceito

de

planejamento

regional:

Os esquemas

de planejamento regional deveriam ser utilizados [ ... ]

sem

privar

as

autoridades locais, dentro da região, da liberdade de elaborarem esquemas de

planejamento

urbano para

as suas próprias áreas [ .. O principal objetivo do plano

é

assegurar

a

melhor distribuição das moradias. do trabalho

e

dos locais de recreio

para a população. O método consistirá

em

executar

essa

distribuição segundo modelo

adequado sobre um fundo preservado como área Iivre

158

.

Se

a

urbanização

fosse

orientada para

a

implantação de núcleos razoavelmente

independentes, em forma

de atrativos

grupos

urbanos

de

diferentes

tamanhos,

situados

espaçadamente

sobre

um

fundo adequado

de

área livre, haveria, na região, amplo

espaço para qualquer aumento

populacional

naturalmente

esperável,

mesmo em se

deixando a

maior

parte

da área como espaço

Iivre159.

Mas

hoje em dia, ' ' toda terra é, potencialmente, terra de cons

t rução ; qualquer

pessoa poderia construir

em

qualquer

lugar,

e as

sim, a construção desordenada e a

urbanização

por faixas iriam con

tinuar160.

Portanto, nada

aconteceu;

e

em

1933,

quando veio à

tona,

o

relatório final

do

comitê foi definitivamente parar

na

geladeira, gra

ças aos

cortes nas despesas

feitos pelo govemo

161

. Seu texto

voltava

ao mesmo

tema:

é preciso haver uma

estreita

cinta verde ao redor

da área construída da Grande Londres a

fim

de dar lugar a campos

para

jogos

e espaços livres;

por ali

passaria

uma p rkw y

orbital;

além

disso,

é

mister que se envidem

todos os esforços, através dos plenos poderes contidos na

Lei

de Planejamento para

a

Cidade

e

para

o

Campo,

para

que se definam

as

áreas

[ .. ] a

serem

destinadas à edificação, garantindo-se, assim, a base de terrenos livres

dos quais se possam obter espaços públicos como

e

quando

for necessário162.

As

novas áreas industriais deveriam ser planejadas

como

saté

lites

estanques

a

doze milhas de distância da Londres central,

e

como

cidades-jardim, a uma distância variável entre 12 e

25 milhas.

E

tanto industriais quanto 'empreendedores ,

argumentava

o

relatório,

só teriam a ganhar com plano

tão

explícito; mas o

problema,

de

novo, era a compensação devida àqueles cuja

terra

não fosse urba

nizada, o

que

requeriria

uma

legislação específica

163

.

Nada

feito. O Decreto

para

o Desenvolvimento

da

Cidade e

do

Campo,

apresentado

ao Parlamento em 1931, tombou,

vítima

da elei

ção; foi ressuscitado e aprovado

em

1932 mas numa forma

diluída.

I

A

CIDADE NA REGIÃO

Amargurado, Unwin

achou

que

a possibilidade de

cont

a1  ' 0111

11111

boa

legislação sofrera

um

atraso

de

anos

164

; em certo sentido t 1111 11

razão,

visto

que foi

preciso

esperar

até

1947 para obt I  ·m 1

••

poderes que seu comitê

preconizara

como

vitais. E lá se foi t• l

1111

11

a

América,

preferindo passar

os

últimos anos de

su

a v

ida <1 14.1111111

aos

universitários

de Colúmbia como planejar.

Uma

coisa, no entanto, ele

realizou

por inteiro: pe lo •un , 1

partir de então, teve-se

uma

visão clara

do

que seri a um a 11 1

urbanizada do

futuro .

Nem

tudo o

que

dizia

era

novidade: 1 1111

lhança do que ocorrera com

as

idéias de

Howard,

pe squi sadO 111

riosos podem encontrar elementos isolados do plano

na " int I 1

de associada à

p rkw y

de George Peppler, de 1911, ou no pl11111 ,

do

mesmo

ano, para as dez

cidades

da

saúde ,

d e Au stin ' •uw ,

a 14 milhas

de

Londres

165

. E, naturalmente, o diag ra ma da · dud

social de Howard fornece a base teórica para quase to d

os

os

mas

subseqüentes

166

.

Como

plano, contudo, está

bem

m ais pl1

IH

mente

resolvido

do que qualquer um

desses outros; e a

li gaç

o

ele e o plano de

1944,

de

Abercrombie,

é

evidente.

Num c 11 1 I

tido, Unwin

penitenciava-se

de sua

grande apostasia

de 191 8- 1

1

I •

quando

desviara o

curso da

urbanização inglesa

das

ci

da dcs

-

j1

11 d 111

para os

satélites suburbanos: orientação que, muito m a is tu•d , 1t

próprio Osborn

reconheceria não lhe

ter sido possível

evitar, d

11111

o

peso

da

opinião pública na época

167

.

Mas nos anos que

se

seguiram desde o relatório

final

de uw 11

até o plano de Abercrombie, como se viu no Capítulo 4, mu ita

rolara sob

as pontes

do

Tâmisa. Neville Chamberlain, ao lOflllll

1

primeiro-ministro,

criara,

num de

seus primeiros

a .c r l ''

Barlow. Apontado para integrá-la, Patrick Abercromb te fm cu•

l u l

11

samente

encaminhado

por

Frederic Osborn para o seu re lat

o d u

minoria

e

seu

memorando

dissidente, que clamavam

por umn

tI I

tura nacional de planejamento, amplos e rigorosos contro les olt11

localização de indústrias, e

poderes

para implantar os pl a nos J  ti

nais168; Reith,

como

primeiro-ministro do Planejamento, viera

f111  

se. E Abercrombie colaborara

com

Forshaw, o arquitet o-c h f

Conselho

do

Condado de

Londres,

no

Plano

do Condad

o de < 1111

Para puristas como Mumford

e

Osbom, Abercromb

ie

j

amn

p11

deria ser

perdoado

por

ter-se omitido, no Plano do

Co n

d ado, '1lt1

uma questão tão vital

como

densidade e descentralização:

Confiei demasiado em Abercrombie [escrevia Osborn

a

Mu mfo

rd] . l

.

nlll

ut•

t

não

me ter plantado à soleira

de sua

porta

na

sede

do

Condado,

como

fi z c0

11

1

ll

tul ll

durante as

reuniões da Comissão.

Mas jamais

.me passaria

pela cabeça

qu e lltll pl11

nejador pudesse defender ponto por ponto

a

causa da

d e s c e ~ t r ~ i z a ç ã o e ,

ulolil

produzir um

plano

que não

faz o absolutamente imprescmd1vel -

penmtt

r 111

maioria

do

povo tenha

lares decentes.

Page 19: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 19/22

196

CIDADES DO AMANHÃ

Assim, guiada

por

conselheiros

trabalhistas classe

média,

to

talmente alheios

aos anseios

populares mas [ .. ] temerosos

de

uma

queda no

valor

da

tributação ou

de

perda do

seu

eleitorado de cor

t iço' ' , Londres

viveria

o que Osborn

chamou de

descentralização

simbólica  , ou seja, restrita a pouco mais

de

um milhão de pes

soas169.

Osborn, evidentemente, não estava sendo nada justo; Abercrom

bie,

du r

a

nte

seu trabalho

com

os

funcionários do LCC,

deve ter

sentido intensamente que aqui, mais

do que em

qualquer outro lugar,

planejar era

a

arte do

possível.

E

visto corno metade do plano

re

gional único apresentado

em

dois volumes, o Plano do Condado

ostenta qualidades excepcionais que

por

si

bastariam

para

reco

mendá-lo junto ao mais

purista dos

membros

da

RPAA.

Primeira

mente,

temos sua

insistência

nos

métodos

de levantamento

gedde

siano,

que ele

utiliza

para cardar

a

enredada estrutura comunitária

de Londres, esta metrópole feita

de

aldeias.

Em

seguida,

temos sua

brilhante

combinação do

princípio

da

unidade

de

vizinhança,

de Per

ry,

com

a hierarquia viária

de

Stein e Wright

- c omo

a interpretou

um policial

de

trânsito da Scotland Yard, Alker Tripp

(1883-1954),

em dois

importantes

livros

170

-

a fim de

criar uma nova ordem

espacial

para

Londres: nela,

as

vias expressas não apenas resolvem

o

problema do congestionamento de tráfego como dão

definição e

forma

às

comunidades reconstruídas que elas separam ao fluir ao

longo

das

tiras verdes que enriquecem Londres do espaço livre tão

necessário.

Os

problemas

mais

agudos da Lond res georgiana e vi

toriana - superpopulação, obsolescência, incoerênci

a,

falta

de

verde

-

são

atacados simultaneamente,

numa

solução que impõe o r

dem

à

menos ordeira das grand

es cidades

do

mundo; mas

de maneira

tão

natural que ninguém dá por isso

171

.

O Plano do

Condado

usou o novo sistema viá rio especificamen

te

para criar uma

Londres celular: a

nova

or de m t

inha de ser

impli

citamente orgânica

172

. A dívida

de Abercrombie para com Geddes

torna-se aqui evidente, embora também se

1

possa detectar uma im

portante corrente vinda de

Perry

via Wesley Dougill, inspirado as

sistente

de

Abercrombie

e

seu ex-colega em Liverpool, defensor en

tusiasta

do

princípio de unidade

de

vizinhança para Londres, e

que

faleceu

quando

o plano entrava

em fase de complementação

173

O

importante

é

que, ao passar do Plano do Condado pa r

a o

Plano da

Grande Londres, Abercrombie retém a mesma estrutura orgânica .

Em primeiro lugar, a base feita de anéis

concêntricos

indica a in

tensidade decrescente de população e atividade: o

In t

erno (ligeira

mente maior

que o Condado,

com

o centro de Londres

como

anel

nuclear), o

Externo ou

suburbano, o

Cinturão Verde

e a Periferia

Ru ral. Em

seguida,

de novo,

eis

que cada um

desses círculos

aparece

5.8

- -

 

_.....

___

-

-

·

_

_____ _ .

. .  _

..

_.   y.

s

·

a

t i

Conceito

da Nova Cidade de Howard a Abercrombie

o

conceito de uma

multidão

de

cidades-satélite

ao redor de uma m l pul •

ti

Howard

(1898), passando

por Purdom

(1921) e

Unwin

(1

92 9

- 19 3 ), ut ti I

nitivo

Plano da Grande Londres, de Abercrombie (1944) .

  98

Page 20: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 20/22

CIDADES

DO

AMANHÃ

definido

por

um anel viário, parte do sistema hierárquico

que

produz

as

células:

o anel nuclear circunda a área central, o

anel

arterial

B define efetivamente o perímetro

urbano

londrino, o anel C atra

vessa

os

subúrbios

e o

anel arterial os

circunda, o

anel parkway

E constitui

a figura

central do cinturão

verde e

ajuda

a definir

0

começo

do

anel periférico

174

E eis o

espaço livre, usado

novamente

como elemento estrutu

rador.

Vejamos

como

Abercrombie paga o

que

deve a Unwin:

a y ~ o n d

Unwin foi'

o

primeiro

a

apresentar soluções alternativas para

a

expansao honzontal de

Londres:

seria

ou uma zona contínua, franqueada a todo e

qualquer

tipo

de

edificação

em

graus

de

densidade variados (alguns, nos distritos

de

alta classe

[sic],

bastante

baixos),

com sua continuidade quebrada a

intervalos

por

áreas verdes

(como

espaços públicos abertos) e, na prática,

por

pequenos lotes de

terra cultivável preservados

da demanda

do construtor;

ou então

um fundo verde

contínuo de campo

aberto, onde, engastadas nos lugares convenientes,

compactas

m a n c h ~ vermelhas representam a zona

construída.

Adotamos, sem

hesitar,

a segunda

alternativa,

a mesma que ele advogava para os

dois últimos

anéis

externos175.

Haveria

' ' um gigantesco cinturão verde

ao redor da Londres

construída ,

com especial atenção para a recreação

ao

ar livre: mas

teria

de haver também cintas verdes menores para as comunidades

isoladas, antigas e

novas;

essa cinta verde

local

não precisa

ser larga,

se

além dela existir campo aberto de

terra

cultivável' ' . Finalmente,

cunhas verdes correriam

internamente,

do cinturão verde até

0

co

ração

da

Londres construídal76.

Do total de

1

033

000

pessoas que

teriam de

achar novas mora

dias

em

decorrência

da

reconstrução e reurbanização de Londres, ape

nas 125 000 mudariam para além

do cinturão verde;

644 000

iriam

para o anel periférico rural (383 000 para novas cidades, 261 000 para

prolongamentos das existentes), quase

164 000

ficariam

junto ao

contorno

externo desse anel, mas a

50

milhas

de

Londres, e 100

000

mais

longe ainda. Haveria oito novas cidades,

com uma

população

máxima de 60 000

pessoas, situadas entre

20

e

35

milhas, aproxi

madamente, do

centro

de

Londres

177

. O

importante era

que,

fora iss

d',

a estrutura orgânica seria mantida;

que virada do avesso.

Ao

invés

de

auto-estradas

e

estreitas tiras

de parques definirem as comunida

des, o elemento básico seria agora o fundo verde, de encontro

ao

qual as comunidades

isoladas

- formada, cada uma delas, à seme

lhança das comunidades

londrinas,

de células menores

ou

vizinhan

ças - apareceriam como

ilhas

de

urbanização.

Concretizava-se,

finalmente, a visão

da RPAA.

O próprio

Murnford, em

carta

a

Osbom, chamou

o

Plano

de, sob todos os aspectos, o melhor do

cumento isolado até agora surgido sobre planejamento desde o livro de

Howard; na verdade, quase

pode

ser considerado como a forma madura

. I

A

CIDADE

NA

REGIÃO

lll'l

do

organismo do qual

Garden

Cities ofTomorrow fo ra o mh1 u   IM

O trabalho

inicial

de tornar

o ideal

confiável

terminou  ,

co

nti ll llll 1 I ,

e agora a tarefa principal consiste em dominar os métodos

políti

co s qu o

h

lltht

1

11

o mais efetivamente

possível

em

realidade.

Aqui ainda

não atin

gim

os 1

t Nh ' '

'

[ . .] E

temo

pelos resultados dessa nossa imaturidade quando,

no

pós- •u ·

trução imobiliária [ .. deslanchar a todo vapor179.

Os

métodos

políticos

foram prontamente assimi lado . I

novo

ministro para o Planejamento Urbano, Lewis Si lkin ,

11

111 IJIII

depressa comunicou

às secretarias de planejamento

qu

e o pl

11111

dt

Abercrombie

serviria

como

guia provisório de

ur b

a ni

zaç

o

Jl l l l l 1

região

18

.

Mesmo

antes

disso, como ficou visto no

C

ap

ftu lo

l

já havia aceitado o princípio das novas

cidades, de

s ignand o

1

11111

Reith para encabeçar um comitê que lhe

dissesse

como

co n. ll J,

Com

idêntica rapidez veio a resposta

do comitê: inst

a lar

6 1 

o

I H

rocráticos,

sob

forma

de

corporações

de

desenvolvime n t

o,

u

I

ti

escapar das

complexidades, protelações e dos

compromi

ss s d 1 d

mocracia local. Num sentido estritamente utilitário, a s lu · o ti

monstrou

ser

correta: a Lei das Novas Cidades recebia a

A t

rov 1

Real no verão de 1946, todas as oito novas cidades

de

A b

cr

' 111 11 111

tiveram sua

localização fixada

em

1949

(embora

nem sc mp   1

11

locais por ele propostos)

e

entravam

em

fase

de

ac

ab

am

·

nl

o

111

meados da década de 60. O mecanismo que iria pôr em aç;; o 0111111

elemento capital do

plano, a saber, a

expansão das

ci d

ad

es

j 1

tentes, levou mais tempo para ser estabelecido e mais te mpo 1

para

ser

acionado:

a importante

Lei

do Desenvolvimen

to

U rh l11

aprovada em

1952,

os

primeiros

resultados

dignos

de

n

ot

a n o

IJI

receram

antes da

década de 60.

Mas

enfim,

também

esses apareceram, elementos ess c n

ci

1

eram

da paisagem

Abercrombie.

Embora, durante os

anos

)

a

implementação

quase tivesse

ido por água

abaixo ante o

in

·sp d '

crescimento

populacional e o incessante

desenvolvimen to in

lu

11

dentro e ao redor de Londres - o que tomou

necessári

as

t1

· '

1111

cidades, muito maiores que as programadas, iniciadas na s 111111tl

metade dos anos

60

- ,

fato

insólito

foi

a

admirável

fl

ex

ih

I d

11l1

demonstrada

pelos princípios básicos

de

Abercrombie no

jOHO

d

pressões

e tensões a

que

foram submetidos. Insólito p

or q

u ,

'

1111111

observou

o

comentador

norte-americano

Donald

Foley, a m

ui

pressionante figura do plano Abercrombie era

justament

e su

l\ qll

1l

dade

estável, unitária, que

' 'sublinha

a prioridade

da

lu ta pO l' 11111

forma

espacial futura definitivamente estabelecida co m o p

od111t

I

meta do

ambiente físico. O plano caracteriza-se

pelo

fa to d

11 1

voltado para um ponto

ou período situado

num

futuro hip

ot.

l i ·o  

1

1

Page 21: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 21/22

200

CIDADES DO AMANHÃ

No

entanto,

ainda segundo

Foley,

o

plano Abercrombie não tar-

u a ser absorvido por

um processo político

e econômico gerado

pelo governo central

e que de

fato representava

o

seu oposto:

uma

nbo rdagem adaptável, mais evolutiva que

determinista,

ciente

da im -

1

rtância

das decisões

políticas e

econômicas

no

processo urbanís

tlco182. E,

até

mesmo

nesse contexto

diferente,

funcionou: provou

]Ue era capaz de ser vergado sem quebrar. Alguns

detalhes

logo

freram

modificações:

a nova

cidade de Abercrombie,

em

Ongar,

s

umiu

do mapa enquanto

outra surgia na área

de

Pitsea-Laindon·

White Waltham,

a

oeste de Londres,

foi

abandonada

e s u s t i t u í d ~

por Bracknell, perto dali

183

; mais tarde, após uma

troca

de governo,

todo

o programa foi

questionado,

e por

pouco

não o

truncaram pre

maturamente184. Sobreviveu não

se sabe

como; e a

região

de Londres

é um dos poucos lugares

do

mundo onde

se

pode encontrar,

con

c retizada, a visão

do

mundo segundo Howard-Geddes-Mumford.

Mas

enfim.

ainda

restam dúvidas

. Uma

delas

é a

de que

o

pro

g

rama sobreviveu exatamente porque,

numa

sociedade

a

um

tempo

complexa e conservadora, ele servia -

imperfeitamente,

é claro -

como

forma

de

consenso entre opiniões políticas muito diferentes e

até mesmo

conflitantes. Idealistas liberal-socialistas

podiam

juntar

forças com a

aristocracia

rural conservadora na defesa de

um

plano

que

simultaneamente

preservava

o campo inglês

e

o

tradicional

modo de vida

rural inglês)

e

produzia comunidades-modelo. delibe

radamente empenhadas em erodir

as

tradicionais

barreiras de

classe

inglesas. Essa frágil aliança decididamente sobreviveu pelo menos

até

o

fim dos

anos 70, quando se desfez, vítima da estagnação de

mográfica e econômica; mas o

resultado

ficou muito aquém da visão

original dos fundadores, que, no processo, quase foi obliterada.

certo

que os

habitantes

de

Stevenage

e

Bracknell são parte

da

eco

nomia

neotécnica,

mas de

maneira

alguma

passam

eles

parte

de

seus

dias

no campo, como supusera Kropotkin.

Nem

o plano Abercrombie

deu

qualquer sinal de que preten

desse desafiar

a

autonomia

de uma

das mais

monolíti<pas e

centrali

zadas burocracias de que se tem

notícia

em qualquer

dá s

democracias

ocidentais:

pelo contrário, os processos de implementação simples

mente a

fortaleceram,

e a qualidade de

civilização

de Basildon ou

Crawley ainda não evoca as glórias

de

uma Atenas do século

V

ou

de uma

Florença

do

século XIII. Tampouco, embora

o

sistema

de

urbanização

preservasse o campo,

produziu

ele

algo

semelhante ao

desenvolvimento

regional

integrado sonhado

por

Chase e MacKaye.

A população da zona rural

de

Berkshire e Hertfordshire come as

verduras que

os

porões dos

747 lhe trazem de todas

as

partes do

mundo e que chegam até ela via mercados atacadistas

londrinos;

e

as sebes vivas arrancadas e as construções agrícolas adaptadas para

A CIDADE NA REGIÃO

201

a

indústria

são um

testemunho de que,

para o

fazendeiro britânico,

o livro-caixa é que dita as regras.

É

evidente

que muita

coisa

da

visão dos pioneiros

se

mantém:

as

novas cidades apresentam-se inquestionavelmente

como bons lu

gares para vive.r e, ·sobretudo, onde crescer; não há dúvida de que

coexistem em harmonia

com

sua periferia rural, e a feiúra totalmente

estúpida do que havia de pior

no

antigo alastramento urbano foi

eliminada.

Mas o

resultado não

é tão

rico, tão meritório

nem tão

.

generoso

como

esperavam:

uma

boa

vida,

mas não

uma nova

civi-

lização.

Talvez

o

lugar

fosse

errado; os

ingleses,

essa gente arque

tipicamente comodista, de

perspectivas

tacanhas, eram o último povo

do

mundo a que se poderia confiar tal

empresa.

Ou

talvez,

como

no

sonho

de

Gatsby, a visão já tivesse ficado para trás, definitiva

mente irrealizada.

NOTAS DO CAPÍTULO 5

1.

Mumford, 1982

, p.

319.

2. Ibidem

pp.

321, 326,

331.

3. Defries, 1927, p. 323.

4. Mumford,

1982,

p.

322.

5. Defries, 1927, p. 251.

6. Weaver, 1984a,

pp.

42, 47-48; An-

drews, 1986, p. 179.

7.

Geddes,

1905,

p. 105.

8. Mairet, 1957, p. 216.

9. Weaver,

1984a,

p. 47.

10. Mairet, 1957, p. 216.

11. Geddes,

1905,

p . 106.

12. Defries

, 1927,

pp. 323-24.

13. Geddes, 1925c, pp. 289-90, 325.

14. Geddes, 1925d, p . 415.

15. Ibidem p. 396.

16. Weaver, 1984a, p. 47.

17. Boardman,

1978, pp. 234-40.

18. Woodcock,

1962, pp.

181-96.

19. Mairet, 1957,

p.

89; Stoddart;

1986,

pp. 131-33.

20. Edwards, 1969, pp. 33, 107.

21. I..ehning,

1973, pp. 71, 169, 236.

22. Reclus, 1878-94; Reclus, 1905-08.

23. Kropotkin, 1906, p. 28.

24. Ibidem p. 90, 1927, p.

96.

25. Kropotkin, 1920,

pp.

14-17.

26. Ibidem pp. 18-19.

27.

Kropotkin, 1913,

p. 35 7 .

28. Ibidem p. 361.

29.

Mairet,

1957,

p. 94.

30. Kitchen,

1975,

pp. 188-89.

·31.

Geddes,

1912, p. 177.

32. Ibidem p. 183.

33. Defries, 1927, p. 268; Boardman,

1944, pp. 382-83.

34. Defries,

1927,

pp. 218-19, 230-31.

35.

Ibidem p. 231.

36.

Branford, 1914,

pp. 294-96,

323.

37. Ibidem p.

283.

38. Branford and Geddes, 1919, pp .

250-51.

39.

Boardman,

1944,

p. 412.

40. Geddes,

1915,

p

34.

.

41. Ibidem pp. 41, 47, 48-49.

42. Ibidem.

43. Ibidem p. 86.

44

. Ibidem p. 96.

45. Ibidem p.

97.

46.

Ibidem p. 400.

47. Boardman, 1978, p. 345.

48. Dal Co,

1979, p.

231; Mumford,

1982,

pp.

337-39;

Goist,

1983,

p.

260.

49.

Lubove,

1967, p. 17; Mumford,

1982, pp.

339-40.

50. Dal Co, 1979, p. 232.

51. Mumford, 1982, pp. 344-45.

52. Anon, 1925, p. 129.

53. Mumford, 1925, p. 130.

54. Mumford, 1925a, pp. 130, 132-33.

55. Ibidem p. 133.

O I

Page 22: Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

7/23/2019 Cidade Do Amanhã - Cidade Na Região

http://slidepdf.com/reader/full/cidade-do-amanha-cidade-na-regiao 22/22

202

CIDADES

DO

AMANHÃ

56. S te

in

1925 p. 138.

57. Chase 1925 p. 144.

58.

Ibidem.

59. Ibidem p.

146.

60.

Sussman

1976 p. 23.

61. Mumford 1925b p. 151.

62. Ibidem.

63.

Ibidem.

64. Ibidem.

65.

Ibidem p. 152.

66.

Ibidem.

67. MacKaye 1925

p.

157.

68. Lubove

1963 pp . 91-96.

69.

Ciucci

1979 pp. 341-42.

70. Odum

1936;

Odum and Moore

1938; Kantor 1973c pp. 284-85;

Friedmann and Weaver

1979 pp.

35-40.

71. MacKaye

1928.

72. Ibidem p. 64.

73.

Ibidem p.

73.

74. Ibidem

pp.

75-76.

75. Ibidem p. 170.

76. Ibidem p. 178.

77.

Ibidem pp. 179-80.

78. Ibidem p.

182.

79.

Ibidem

p.

186.

80.

Ibidem

pp.

186-87.

81.

MacKaye

1930;

Mumford

1964;

Guttenberg

1978. .

82.

Snúth

1925 pp. 159-60.

83. F1uck

1986.

84. Roosevelt 1932 p. 484.

85.

Simpson

1985 p. 191.

86.

Scott

1969 pp. 178-79.

87.

Hays

1965

pp. 7-11; Simpson

1985 p. 136.

88.

Kantor

1973 pp . 36-37;

Wilson

1974 p. 136.

89.

Simpson

1985

pp.

135-36.

90. Scott

1969 p. 177.

91. Regional Plan

of

New York

I,

1927;

xii;

Kantor

1973a p.

39.

92. Regional Plan

o f

New

Y ork I,

1927 pp. 23-28.

93.

Ibidem p.

44.

94. Regional Plan

of

New York 11,

1929 pp. 25-26.

95. Regional Plan

of

New

York VI

1931 pp. 102-03.

96.

Regional Plan

of

New York VII

1931 p.

30.

97.

Regional Plan

of New

York III,

1927 pp.

126-32.

98. Regional

Plan

of New York VI

1931 pp.

103-05.

99. Regional

Plan

of

New

York

11,

1929

p. 31.

100.

Ibidem; Hays 1965

p.

20; Scott

1969 p. 262.

101.

Regional Plan of New York VI

1931 p.

125.

102. Regional Plan of New York 11,

1929

p.

197.

103. Ibidem p. 35.

104. Wilson

1974 p. 137; cf.

Simpson

1981

p. 35.

105.

Sussman

1976 pp.

227-47.

106. Ibidem p. 259.

107. Ibidem

p. 263.

I 08. Adams

1930 pp.

142-43.

109.

Ibidem

p.

146.

110. Simpson 1985 p.

155.

111. Hays

1965

pp. 25-31 36-40; Sa

wers 1984 p. 234.

112. Sussman

·1976 p. 250.

113. Roosevelt 1938 pp. 505 508-09

510-11 514.

114.

Ibidem

p.

518.

115.

Roosevelt 1932 p.

506.

116. Lepawsky 1976

p.

22.

117.

Gelfand

1975 p. 25.

118. Ibidem pp. 25-26; Schaffer _1982

p. 222.

119.

Clawson

1981

xvi.

120.

Karl 1963 p.

76;

Clawson 1981

p. 7.

121.

U. S. National Resources

Comnút

tee

1935; IX; Clawson

1981 p.

168.

122

. U. S .

National

n.esources Planning

Board 1937 VIII-XI p. 84;

Clawson

1981 pp. ·162-64.

123.

Ge1fand

1975 p.

97.

124. Conkin

1983 p. 26.

125.

Ibidem

p. 20.

126.

Ibidem pp.

26-27.

127. TugweU

1950

p.

47.

128. Lowitt

1983 p.

35; Conkin

1983

p. 26.

129. Morgan

1974 p. 157;

Lowitt

1983 p.

37.

130. Neuse 1983 pp.

491-93;

Ruttan

1983

p.

151.

A

CIDADE NA

REGIÃO

13·1.

McCraw

i970 p. 11;

McCraw

1971.

PP· 3s-39.

132.

Morgan

1974 pp. 54-55.

155.

133.

Ibidem

p. 22.

134. Morgan 1974

p.

55.

135.

McCraw

1970 pp.

95 107.

136.

Selznick 1949 pp. 91-92 149.

137.

Ibidem

pp. 152 186-205.

138. Ibidem

pp. 211-12.

13 9

.

McCraw

1970 p. 108;

Lowitt

1983 p.

45.

140. Lilienthal 1944

p.

51.

141.

Ibidem

p. 153 .

142.

Tugwell

1950 p. 54.

143. Ibidem p.

50;

Ruttan 1983 pp.

151-52.

144. Lilientha1 1944

p.

17.

145.

Hewlett and Anderson

1962

pp.

77 105-08 116-22

130;

Al

lardice and Trapnell 1974 pp

. 15-

17.

146. Ruttan 1983 pp. 157-58 .

147. Johnson 1984 p. 35.

148.

Schaffer

1984 passim.

149.

Schaffer

1982 pp. 224-25 230.

150. Simpson 1985 p.

193;

Dal Co

1979 p. 233.

151.

Simpson 1985 pp. 174-75

181

193.

152.

Dix

1978 pp. 329-30.

153.

Ibidem

p.

332.

154. Ibidem p.

337; Dix 1981 pp.

106-09.

155.

Abercrombie

1926 pp.

39-40;

Cherry 1974

p.

91.

156.

Beaufoy

1933 pp. 201

204

212;

Simpson 1985

pp. 176 180-81.

157.

Greater London

Rc itll1   1 l   lllt

Comnúttee 19 29

p. 4 -7:

Ju

I.Mlll

F. 1985

p.

147 .

158. Unwin 1930 p. 186 .

159.

Ibidem

p.

18 9

.

160.

Ibidem p.

186.

161. G. B. R.C. Geographi

cu

l

I 1

 

tion 1938 paras. 68 -

70

.

162.

Greater

London R ·giuoml l   l1 

Comnúttee

193

3

p.

8 .

163.

Ibidem pp. 95-96 1

01

·0 •

164.

Jackson F. 1985

p.

I 4 .

165.

Pep1er 1911 , pp. 61 4 · 1. : l  111

1

1911

pp. 41

1-12.

166. Hall 1973 H pp.

52

-S

•.

167.

Hughes

1971 p.

62

.

168.

Ibidem pp

.

27 1 -72; Dix 11111 , 11 

345-46.

169. Hughes 1971 p. 40.

17 0. Tripp 1938 1943.

171. Forshaw and Abercromh

,

I I I

pp. 3-1 O; Hart 1976 pp 1 H

172 .

Ibidem

pp.

58-59

,

78

-7

1

173.

Forshaw and Aber

c

rornh

,

I 11I

v; Perry 1939 pp. 79

-  .

174.

Abercrombie

1945

pp

. I lU

175.

Ibidem

p.

11.

176 .

Ibidem.

177. Ibidem

p. 14.

178. Hughes 1971 p. 141.

179 .

Ibidem

 

180. Hart 1976 p. 55.

181. Foley

1963 p. 56.

182. Ibidem

p. 173.

183.

Cullingworth 1979

, pp •

1, H

89-93.

184.

Ibidem

p. 147.