China põe

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China põe “mosca na sopa” de juro de Yellen para o mercado Iuane mais livre atrapalha o sonho perfeito do Fed em reverter os estímulos dados desde 2006 SÃO PAULO – O consenso é burro, já dizia Nelson Rodrigues, mas é o sonho de qualquer presidente de Banco Central. No caso de Janet Yellen, atual presidente do Federal Reserve, o consenso dos sonhos é o alinhamento das expectativas de milhões de investidores e trilhões de dólares sobre quando e o ritmo com que ela vai subir o juro nos Estados Unidos, algo inédito em quase 10 anos. Ninguém tem a receita perfeita para elevar o juro do chão – nunca estivemos aqui -, mas Yellen e seus colegas sabem de algumas coisas: o mercado de trabalho precisa estar melhorando - a taxa de desemprego está no menor nível em 7 anos – e é preciso haver um pouco de inflação. A meta informal do Fed é de 2% ao ano (núcleo do indicador PCE, que exclui energia e alimentos) e está em 1,3% ao ano. A outra arma do Fed é o palavreado. E nele a própria Yellen já deu a letra: “Se a economia evoluir como esperamos, as condições econômicas provavelmente tornarão apropriado em algum momento deste ano elevar a taxa de juro. O recado foi muito bem entendido e os mercados passaram a se ajustar. Alinhados, os economistas já começaram a estimar duas elevações neste ano: 0,25 ponto percentual em setembro e outra dose igual em dezembro. Parecia tudo bem, mas... Mas um movimento da China na terça-feira bagunçou o sonho americano e colocou em xeque a inteligência do consenso criado com tanto carinho por Yellen. O também influente Banco Central chinês (PBoC – People’s Bank of China) aumentou um pouco mais a jaula em que vive a moeda chinesa, o iuane, na maior medida do tipo em mais de duas décadas. Parte do mercado viu a decisão como pontual, mas a repetição da medida nesta quarta-feira reacendeu os temores de uma “guerra cambial”. Os Estados Unidos vão desativar uma das ferramentas mais poderosas para enfrentar o baixo crescimento. Simultaneamente, a China lança mão de outra arma para aquecer a sua economia. Juntos, esses dois elementos podem levar a novos e desconhecidos desequilíbrios na economia global. Com essa novidade, o Fed ainda vai seguir com o plano? Isso pode dar um problemão.

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China põe “mosca na sopa” de juro de Yellen para o mercadoIuane mais livre atrapalha o sonho perfeito do Fed em reverter os estímulos dados desde 2006

SÃO PAULO – O consenso é burro, já dizia Nelson Rodrigues, mas é o sonho de qualquer presidente de Banco Central. No caso de Janet Yellen, atual presidente do Federal Reserve, o consenso dos sonhos é o alinhamento das expectativas de milhões de investidores e trilhões de dólares sobre quando e o ritmo com que ela vai subir o juro nos Estados Unidos, algo inédito em quase 10 anos.

Ninguém tem a receita perfeita para elevar o juro do chão – nunca estivemos aqui -, mas Yellen e seus colegas sabem de algumas coisas: o mercado de trabalho precisa estar melhorando - a taxa de desemprego está no menor nível em 7 anos – e é preciso haver um pouco de inflação. A meta informal do Fed é de 2% ao ano (núcleo do indicador PCE, que exclui energia e alimentos) e está em 1,3% ao ano.

A outra arma do Fed é o palavreado. E nele a própria Yellen já deu a letra: “Se a economia evoluir como esperamos, as condições econômicas provavelmente tornarão apropriado em algum momento deste ano elevar a taxa de juro. O recado foi muito bem entendido e os mercados passaram a se ajustar. Alinhados, os economistas já começaram a estimar duas elevações neste ano: 0,25 ponto percentual em setembro e outra dose igual em dezembro.

Parecia tudo bem, mas...

Mas um movimento da China na terça-feira bagunçou o sonho americano e colocou em xeque a inteligência do consenso criado com tanto carinho por Yellen. O também influente Banco Central chinês (PBoC – People’s Bank of China) aumentou um pouco mais a jaula em que vive a moeda chinesa, o iuane, na maior medida do tipo em mais de duas décadas. Parte do mercado viu a decisão como pontual, mas a repetição da medida nesta quarta-feira reacendeu os temores de uma “guerra cambial”.

Os Estados Unidos vão desativar uma das ferramentas mais poderosas para enfrentar o baixo crescimento. Simultaneamente, a China lança mão de outra arma para aquecer a sua economia. Juntos, esses dois elementos podem levar a novos e desconhecidos desequilíbrios na economia global. Com essa novidade, o Fed ainda vai seguir com o plano? Isso pode dar um problemão.

A guerra cambial

A menor clareza do cenário para o Fed mexeu com os mercados. Os investidores dos mercados de juros, que tentam adivinhar o rumo da política monetária, diminuíram as apostas de um aumento em setembro de 54% para 42%, de volta aos níveis vistos em julho. “Os mercados de juros parecem ter adotado a postura de esperar para ver”, argumenta Ned Rumpeltin, chefe de estratégia para moedas da TD Securities, em análise desta quarta-feira.

A ‘guerra cambial’ declarada pela China pode desencadear, em reação, mais políticas monetárias expansionistas em países que competem com ela, como o Japão, Coreia do Sul e os países emergentes, que precisarão competir com os produtos chineses mais baratos. “Isso irá reforçar uma tendência ‘desinflacionária’ global”, estima Krishna Memani, chefe de investimentos da Oppenheimer Funds. Isso ampliaria ainda mais as incertezas sobre os efeitos de uma decisão de Yellen.

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Erro?

“Se o Fed seguir em frente e aumentar o juro, como eu espero, ele arrisca criar um erro que pode ter implicações negativas para os preços dos ativos americanos no curto prazo até aliviar a política monetária mais uma vez”, alerta Memani. A cautela do economista é reforçada pelo histórico. A China e os Estados Unidos já se encontraram em uma encruzilhada parecida com essa há 20 anos. À época, sob Alan Greenspan, o BC americano queria reverter uma política monetária de cortes de juros. E de fato o fez em fevereiro de 1994. Um mês antes a China também tinha desvalorizado a sua moeda.

“A desvalorização de 1994 é frequentemente lembrada como uma das primeiras ações que resultaram a uma crise generalizada nos mercados emergentes”, ressalta Shweta Singh, economista do Lombard Street Research, em relatório de hoje. Segundo ela, o início do ciclo de alta do juro naquele mesmo ano foi a gota d’água. Shweta ressalta que não há a expectativa de uma crise nas mesmas dimensões, mas essa decisão pode ser um problema maior para os emergentes que já precisam lidar com uma demanda global fraca, fundamentos econômicos internos ruins e o potencial aumento do juro.

Se o FED irá jogar lenha nessa fogueira, ou não, a resposta será dada no próximo dia 17 de setembro. Principalmente sobre qual será o novo consenso buscado por Yellen.

What is particularly worrying is that China has acted just as the Fed is getting closer to reversing its ultra-easy policy stance. As it is, EMs are already grappling with deficient global demand, souring domestic fundamentals, a strong dollar and potentially higher US real rates.

What is particularly worrying is that China has acted just as the Fed is getting closer to reversing its ultra-easy policy stance. As it is, EMs are already grappling with deficient global demand, souring domestic fundamentals, a strong dollar and potentially higher US real rates.

the 1994 devaluation is often cited as one of the first actions that ultimately led to a widespread EM financial crisis. The start of the Fed’s rate rise cycle during the same year was the straw that broke the camel’s back.

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If the Fed goes ahead with its rate increase as I expect, it risks making a policy error that would have negative implications for U.S. asset prices in the near term until it eases monetary policy once again.

Para Paul Donovan, economista global do UBS, a decisão da China não tem nada a ver com a ideia

“A principal motivação desta decisão não tem nada a ver com a vontade de ampliar a competitividade ou as exportações, mas sim com o desejo dos chineses em ter o iuane incluído na cesta de moedas do FMI (Fundo Monetário Internacional)”, disse Paul Donovan, economista global do UBS, em entrevista para o Financista. E se essa fora a razão, o país comunista precisará se abrir ainda mais ao mercado e ampliar a desvalorização.

“Quanto maior a depreciação do iuane, menor será o ritmo do Federal Reserve das elevações do juro”, argumentam os economistas Patrick Artus, Alicia Garcia e Herrero Evariste Lefeuvre, do banco suíço Natixis, em relatório publicado nesta quarta-feira.

The steeper the depreciation of the RMB, the slower will be the pace of the Federal Reserve's interest-rate hikes.

UST yields are down 2-3 bps across the coupon curve while the implied probability of a hike in September has fallen to 42% from 54% ahead of China’s devaluation, back to levels seen in late July. Clearly, recent developments add to the uncertainty over the near-term policy outlook

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but rates markets appear to have adopted a wait-and-see approach. We think that is the correct strategy as we wait for the dust to settle over the next several days.

Clearly, recent developments add to the uncertainty over the near-term policy outlook but rates markets appear to have adopted a wait-and-see approach. We think that is the correct strategy as we wait for the dust to settle over the next several days.

levando a uma depreciação das moedas desses países contra o dólar e o euro”, ressaltam os economistas Patrick Artus, Alicia Garcia e Herrero Evariste Lefeuvre, do banco suíço Natixis, em relatório publicado nesta quarta-feira.

Chief Investment OfficerOppenheimer Funds

China’s devaluation will reinforce a global disinflationary trend. If you’re a bond investor and worried about rising rates, China’s devaluation—and the disinflationary pressures that would result—should mollify your concern a lot.

que ressalta a insatisfação do Fundo com o controle do governo sobre a moeda.

The bottom line? China has devalued its currency—and needs to devalue even more. After a bit of a lag, in which its economy will be squeezed further, I predict that China will proceed with additional rounds of devaluation, which would be a step in the right direction.

Unfortunately, the outlook for the rest of the world as a result isn’t so sanguine.

China’s devaluation will reinforce a global disinflationary trend. If you’re a bond investor and worried about rising rates, China’s devaluation—and the disinflationary pressures that would result—should mollify your concern a lot.

If the Fed goes ahead with its rate increase as I expect, it risks making a policy error that would have negative implications for U.S. asset prices in the near term until it eases monetary policy

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once again. I hope I am wrong on that front. Either way, I am left once again to reiterate my long-held view that interest rates are going to remain low on a global basis for quite some time.

China’s devaluation will reinforce a global disinflationary trend.

The "currency war" declared by China is likely to entail, in reaction, more expansionary monetary policies in countries competing with China (Japan, South Korea, emerging countries, etc.), causing a depreciation of those countries' currencies against the dollar and the euro; the depreciation of the RMB will also make the US Federal Reserve more cautious;

The steeper the depreciation of the RMB, the slower will be the pace of the Federal Reserve's interest-rate hikes.

Em 1994, na última vez em que isso ocorreu, a palavra “China” não incomodava o ex-chairman do Fed, Alan Greenspan, que à época também vivia um momento de inversão da política monetária.

A medida, na prática, deixa a moeda livre para oscilar mais 1,9% em relação ao dólar abaixo do nível anterior. Na visão de alguns, isso ajudaria a China a baratear as exportações e a melhorar a balança comercial, que tem demonstrado fraqueza. Em julho, as vendas para o mundo recuaram em 8,3%, o maior solavanco em 4 meses.

que tem uma das tarefas mais árduas da economia global em sete anos,

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Desde dezembro de 2008

O iuane pode atrapalhar o ritmo

A desvalorização do iuane pode atrasar o aumento de juro nos Estados Unidos

SÃO PAULO – Bibibibibibidididididibibibi China bibibibibibii esbarrar de ir de encontro

Coisas que podem frustrar a ideia

No momento todo mundo enfraquece a moeda

Desculpa a mais para ver o dado de emprego melhorar bem

China

O

The implication for asset prices and global interest rates

The bottom line? China has devalued its currency—and needs to devalue even more. After a bit of a lag, in which its economy will be squeezed further, I predict that China will proceed with additional rounds of devaluation, which would be a step in the right direction. Unfortunately, the outlook for the rest of the world as a result isn’t so sanguine.

China’s devaluation will reinforce a global disinflationary trend. If you’re a bond investor and worried about rising rates, China’s devaluation—and the disinflationary pressures that would result—should mollify your concern a lot.

If the Fed goes ahead with its rate increase as I expect, it risks making a policy error that would have negative implications for U.S. asset prices in the near term until it eases monetary policy once again. I hope I am wrong on that front. Either way, I am left once again to reiterate my long-held view that interest rates are going to remain low on a global basis for quite some time.

Krishna MemaniChief Investment Officer

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Oppenheimer Funds

http://www.dailymail.co.uk/news/article-3193988/Shock-China-currency-devaluation-sparks-fears-rate-rise-delayed-cheap-goods-flood-Britain.html

10 de setembro o Comitê de Política Monetária do Banco Central inglês

17 de setembro o Federal Reserve