Chesterton - O Ensaio

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8/7/2019 Chesterton - O Ensaio http://slidepdf.com/reader/full/chesterton-o-ensaio 1/2 GILBERT KEITH CHESTERTON ~~~«( - \c \ 3G o TEMPERO DA VIDA E OUTROS E N SAIOS Tradução: Luciana Viégas GRAPHIA

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Page 1: Chesterton - O Ensaio

8/7/2019 Chesterton - O Ensaio

http://slidepdf.com/reader/full/chesterton-o-ensaio 1/2

GILBERT KEITH

CHESTERTON

~~~«( - \c \3G

o TEMPERO DA VIDA

E O U T R O S E N S A I O S

Tradução:

Luciana Viégas

GRAPHIA

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8/7/2019 Chesterton - O Ensaio

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I~~ ------------.--O,?NSAIO é a única forma literária que confessa, no seu

próprio nome, que o ato temerário conhecido como

screver é realmente um salto no escuro. Quando os homens

tentam escrever uma tragédia, não chamam a tragédia de uma

tentativa. Aqueles que se exauriram do princípio ao fim nos doze

volumes de uma epopeia, escrevendo-a com suas próprias mãos,

raramente julgam que apenas rascunharam uma epopeia como um

experimento. Mas um ensaio, por seu nome tanto quanto por sual

natureza, é vel:aadeiramente uma tentativa e é verdadeiramente um J

experimento. Um homem não escreve Verdadeiramente um ensaio.

Ele verdadeiramente ensaia escrever um ensaio. Um resultado é

que, conquanto haja muitos ensaios famosos, por sorte não há

um modelo de ensaio. O ensaio perfeito jamais foi escrito, pela

simples razão de que o ensaio nunca foi verdadeiramente escrito.s homens têm tentado escrever alguma coisa, para concluírem

o que já era suposto. Nesse aspecto, o ensaio é um produto tipica-

mente moderno, cheio de futuro e da glória da experimentação e da

aventura. Ele permanece um tanto indefinível, e reconheço que me

assombra a leve suspeita de que o ensaio, com muita probabilidade,

irá se tornar cada vez mais concludente e dogmático, devido tão

somente às profundas e fatais divisões que os problemas éticos e

econômicos podem impor sobre nós. Mas tenhamos a esperança

de sempre haver um lugar para o ensaio que seja verdadeiramente

um ensaio. São Tomás de Aquino, com seu bom senso costumeiro,

disse que nem a vida ativa nem a contemplativa poderiam ser vivi-

das sem o divertimento, na forma de brincadeiras ejogos. O drama

ou a epopeia podem ser considerados a vida ativa da literatura; o

oneto ou a ode, a vida contemplativa. O ensaio é a brincadeira:

* Trecho do último parágrafo do ensaio introdutório a Essays ofthe Year 1931-1932,

publicado pela The Argonaut Press, 1932 . As notas acrescentadas à edição brasileira são

indicadas por (N.T.). Todas as demais são da edição original.