Chego A hora. E agora?

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Disciplina e organização passam a ser os maiores aliados de quem quer entrar na Universidade.

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O publicitário Gustavo Fernandes fala sobre as inovações na ‘Era das Redes Sociais’ e como elas influenciam.

“O comportamento humano gera as redes sociais” Pag. 08

Os benefícios da natação para bebês são muitos, entre eles,a prevenção de doenças respiratórias.

Quanto antes, melhorPag. 32

Este espaço é dedicado ao leitor que poderá, a partir desta edição, interagir com a redação.

Carta do Leitor/Minha históriaPag. 10

É hora da escola!Pag. 38

Bruna Teló

A cultura como processo de inclusãoPag. 44

No Brasil, as Lesões por Esforço Repetitivo são a segunda maior causa de afastamento do trabalho.

Uma dor chamada L.E.R.Pag. 12

Exercícios físicos auxiliam a gestante, garantindo melhores condições para o parto normal.

Grávida em movimento!Pag. 16

Gicelma Torchi

Identidade da cultura localPag. 18

Tornar-se vegetariano tem sido um novo estilo de vida cada vez mais comum entre os brasileiros.

Uma vida sem carnePag. 20

Eles somam cerca de dois mil moto clubes espalhados pelo Brasil; em Dourados, já são mais de 20 grupos.

Estilo de vida e liberdade Pag. 24

Flávio Fagundes

Assim nasce um vendedorPag. 26

Academia Douradense de Letras completa a maioridade e busca maior interação social com a população.

Vale a pena conhecer! Pag. 28

Acessórios, produtos e serviços para animais de estimaçãorepresentam um mercado promissor.

O mercado de trabalho apresenta o caminho da escolapara quem desistiu do ensino quando criança.

Quanto vale seu bichinho? Pag. 34

Apesar de suscitar discussões quanto à sua comprovação,a homeopatia tem alcançado cada vez mais adeptos.

Mais que bolinhas de açúcar Pag. 42

para ler!motivos29 haLeyÍndice

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Não são mais 15 minutos de fama. Em se tratando de YouTube, são mi-lhões de acessos diários em todo o mundo.

Na vitrine do mundo Pag. 56

Os jovens precisam lidar com cobrança, competitividade do mercado e com a decisão de qual carreira seguir.

O desafi o de crescerPag. 46

Produtores buscam novas tecnologias para aumentar lucros e garantir a preservação do meio ambiente.

O novo homem do campoPag. 52

Ana Paula Ladeira Costa

Desaprendemos a fazer televisão Pag. 62

Destaque no cenário nacional, Dourados mostra que precisade mão de obra qualificada.

A cidade das oportunidadesPag. 60

Força de vontade, incentivo, dedicação: essa é a receita que está levando para-atleta de Dourados aos pódios.

Plantando um sonho olímpico Pag. 68

Nos últimos anos, o cultivo da soja se tornou uma das principaisameaças à floresta amazônica.

Ameaça desenfreadaPag. 64

Você Sabia? Pag. 76

“Novela jornalística ou jornalismo novelesco?” é o tema da nova coluna da Haley, assinada pela jornalista Maria Alice Otre.

Esta outra novidade da Haley traz curiosidades domundo das ciências, artes e atualidades.

Crítica de MídiaPag. 72

“Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador.” (Isaías 43: 11).

Jesus, o Grande Deus Pag. 80

Maria Cristiane Lunas

O benefício por trás do benefícioPag. 78

Givaldo Matos

Como Hollywood ‘vilanizou’ um povo Pag. 88

Veja o que está em alta no mundo da moda; novas coleções investem nos detalhes e vêm repletas de atitude

Atitude nos detalhesPag. 94

Carros rebaixados, motor turbinado. O Tuning deve aliar estéticae potência sem deixar de lado a segurança

De carona no TuningPag. 86

A Haley consultou o hair stylist Daniel França para desvendar20 mitos ou verdades sobre tratamento capilar

Mito ou verdade?Pag. 90

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A Haley aborda um tema polêmico, desagradável, mas fundamental para os pais, adolescentes e os jovens: a dependência química do crack, a droga mais violenta

dos últimos tempos e que tem um gigantesco poder de des-truição do organismo. Especialistas apontam que basta uma semana de consumo para que o usuário passe a depender profundamente do crack, dando, dessa forma, o primeiro pas-so para a degradação familiar, profissional e social.

O tema é mostrado de forma didática, trazendo depoi-mentos reais de pessoas que são ou foram vítimas do crack, mostrando a opinião de profissionais e pais sobre esse grave problema social e apontando os caminhos para a prevenção. Ao mesmo tempo em que mostra a gravidade do vício no cenário municipal, estadual e nacional, a reportagem também revela que o crack é uma das portas de entrada para a violên-cia urbana.

A reportagem especial de capa mostra ainda o que os pais podem fazer para prevenir o envolvimento dos filhos com as drogas e traz uma entrevista especial com o tenente da Polícia Militar, Anderson Machado Padilha, que desde 2006 está à frente do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), em Dourados. Ele orienta os pais e os jovens, colaborando com a preocupação da revista Haley em

prestar mais esse serviço à sociedade de Mato Grosso do Sul. Nesta edição, você vai ler ainda matérias especiais mos-

trando, entre outras coisas, a degradação dos oceanos bra-sileiros e o trabalho que o Greenpeace faz para preservar os mares; vai aprender um pouco mais sobre os cursos supe-riores a distância; vai conferir uma matéria especial sobre o turismo de pesca; vai aprender um pouco mais da história de Mato Grosso do Sul, que completa 32 anos neste mês; vai descobrir os encantos da Casa Cor MS. O leitor também é presenteado com uma reportagem especial sobre a restrição ao tabagismo; vai entender porque os adolescentes sofrem tanta transformação de humor e conferir uma matéria que aponta as conquistas do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Numa matéria didática, o leitor vai aprender muito sobre o Pré-Sal, as reservas de petróleo que podem garantir até 100 bilhões de barris para o Brasil e gerar uma riqueza de US$ 7 trilhões. Destaque ainda para a reportagem sobre a Cidade Universitária, mostrando que as quatro universidades de Dou-rados oferecem mais de 80 cursos superiores e cerca de cin-co mil vagas nos vestibulares de final de ano. Descubra ainda como conviver com o dilema de ter apenas um filho e os pro-blemas que são causados pela obesidade infantil. Boa Leitura!

DIRETORIA EXECUTIVA: João dos Santos / Ailton Dias | DIRETOR ADMINISTRATIVO: João dos Santos | DIRETORIA FINANCEIRA: Claudete dos Santos | CONSELHO EDITORIAL: Ailton Dias / João dos Santos | Claudete dos Santos / Marcos Santos | EDITOR-CHEFE: Marcos Santos DRT 114/MS | REDAÇÃO: Maria Alice Campagnoli Otre / Caroline Oliveira | COLABORADORES: Isabela Schwengber / Flavio Fagundes / Ademir Baena / Marco Antonio Soalheiro| FONTE MATÉRIA PODER DESTRUIDOR DO CRACK: Agência Brasil | REVISÃO: Rafaela Bonardi | FOTOGRAFIA: Hedio Fazan, A. Frota, Marcello Casal JR/Abr| CAPA FOTO-MONTAGEM: Acácio Junior | INFOGRAFIA: Thomas Henrique | DIREÇÃO DE ARTE: Thomas Henrique / Acácio Junior | CHEFE DE IMPRESSÃO: Fernando Hoston | DIAGRAMAÇÃO: Thomas Henrique / Acácio Junior ASSINATURAS: Ozeni Silva Ferbonio - 67•3425-7264 | CARTAS À REDAÇÃO: redaçã[email protected]

PARQUE GRÁFICO:Marindress Editora Gráfica Ltda.

R. Raul Frost, 2680 - Parque Nova DouradosCEP 79840-280 - Dourados-MS

67 • 3425.7264

A Revista Haley é uma publicação mensal da Marindress Editora Gráfica.É proibida a reprodução de reportagens e anúncios sem autorização. Os anúncios e ofertas são de inteira responsabilidade dos anunciantes. Os artigos publicados refletem as opiniões dos articulistas.AVULSO: R$ 9,50. ASSINATURA ANUAL: R$ 100,00

Editorial

Expediente

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A Haley aborda um tema polêmico, desagradável, mas fundamental para os pais, adolescentes e os jovens: a dependência química do crack, a droga mais violenta

dos últimos tempos e que tem um gigantesco poder de des-truição do organismo. Especialistas apontam que basta uma semana de consumo para que o usuário passe a depender profundamente do crack, dando, dessa forma, o primeiro pas-so para a degradação familiar, profissional e social.

O tema é mostrado de forma didática, trazendo depoi-mentos reais de pessoas que são ou foram vítimas do crack, mostrando a opinião de profissionais e pais sobre esse grave problema social e apontando os caminhos para a prevenção. Ao mesmo tempo em que mostra a gravidade do vício no cenário municipal, estadual e nacional, a reportagem também revela que o crack é uma das portas de entrada para a violên-cia urbana.

A reportagem especial de capa mostra ainda o que os pais podem fazer para prevenir o envolvimento dos filhos com as drogas e traz uma entrevista especial com o tenente da Polícia Militar, Anderson Machado Padilha, que desde 2006 está à frente do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), em Dourados. Ele orienta os pais e os jovens, colaborando com a preocupação da revista Haley em

prestar mais esse serviço à sociedade de Mato Grosso do Sul. Nesta edição, você vai ler ainda matérias especiais mos-

trando, entre outras coisas, a degradação dos oceanos bra-sileiros e o trabalho que o Greenpeace faz para preservar os mares; vai aprender um pouco mais sobre os cursos supe-riores a distância; vai conferir uma matéria especial sobre o turismo de pesca; vai aprender um pouco mais da história de Mato Grosso do Sul, que completa 32 anos neste mês; vai descobrir os encantos da Casa Cor MS. O leitor também é presenteado com uma reportagem especial sobre a restrição ao tabagismo; vai entender porque os adolescentes sofrem tanta transformação de humor e conferir uma matéria que aponta as conquistas do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Numa matéria didática, o leitor vai aprender muito sobre o Pré-Sal, as reservas de petróleo que podem garantir até 100 bilhões de barris para o Brasil e gerar uma riqueza de US$ 7 trilhões. Destaque ainda para a reportagem sobre a Cidade Universitária, mostrando que as quatro universidades de Dou-rados oferecem mais de 80 cursos superiores e cerca de cin-co mil vagas nos vestibulares de final de ano. Descubra ainda como conviver com o dilema de ter apenas um filho e os pro-blemas que são causados pela obesidade infantil. Boa Leitura!

DIRETORIA EXECUTIVA: João dos Santos / Ailton Dias | DIRETOR ADMINISTRATIVO: João dos Santos | DIRETORIA FINANCEIRA: Claudete dos Santos | CONSELHO EDITORIAL: Ailton Dias / João dos Santos | Claudete dos Santos / Marcos Santos | EDITOR-CHEFE: Marcos Santos DRT 114/MS | REDAÇÃO: Maria Alice Campagnoli Otre / Caroline Oliveira | COLABORADORES: Isabela Schwengber / Flavio Fagundes / Ademir Baena / Marco Antonio Soalheiro| FONTE MATÉRIA PODER DESTRUIDOR DO CRACK: Agência Brasil | REVISÃO: Rafaela Bonardi | FOTOGRAFIA: Hedio Fazan, A. Frota, Marcello Casal JR/Abr| CAPA FOTO-MONTAGEM: Acácio Junior | INFOGRAFIA: Thomas Henrique | DIREÇÃO DE ARTE: Thomas Henrique / Acácio Junior | CHEFE DE IMPRESSÃO: Fernando Hoston | DIAGRAMAÇÃO: Thomas Henrique / Acácio Junior ASSINATURAS: Ozeni Silva Ferbonio - 67•3425-7264 | CARTAS À REDAÇÃO: redaçã[email protected]

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A Revista Haley é uma publicação mensal da Marindress Editora Gráfica.É proibida a reprodução de reportagens e anúncios sem autorização. Os anúncios e ofertas são de inteira responsabilidade dos anunciantes. Os artigos publicados refletem as opiniões dos articulistas.AVULSO: R$ 9,50. ASSINATURA ANUAL: R$ 100,00

Editorial

Expediente

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Cerca de 60 milhões de brasileiros – o que corres-ponde a 1/3 da população – têm, hoje, acesso à internet. Destes, 90% participam de alguma rede

social, seja ela ‘Orkut’, ‘MSN’, ‘Facebook’, além da atual novidade, o ‘Twitter’, que já tem mais de 3,7 milhões de usuários espalhados pelo País.

Mas o que seriam essas novas ferramentas? Nada mais que comunidades on-lines de relacionamento entre grupos de pessoas com interesse comum, tanto afetivo como pro-fissional. Por isso, explorar essas mídias, além de ser muito mais econômico, é também muito eficiente, principalmen-te, para os empresários. Ao colocar sua empresa nas redes

sociais, você passa a ter um contato direto com os clientes. Não acredita? Vamos então citar um exemplo bem claro: o mais novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que usou as mídias alternativas da internet durante a cam-panha eleitoral. Atitude que aproximou seu discurso aos eleitores e contribuiu para vencer a eleição.

Nesta entrevista, o publicitário Gustavo Fernandes explica que os empresários precisam perder o medo das redes sociais que estão aí para serem usadas por todos, mas com inteligência. Por serem mídias diferentes das con-vencionais, abre o leque de público e, consequentemente, para o seu negócio, em um prazo médio de tempo.

Haley - As mídias e redes sociais são uma silenciosa ferramenta para a evolução do comportamento das pessoas?

Gustavo Fernandes - Na verdade, é o contrário. O com-portamento humano é que gera as redes sociais, porque o ser humano tem a necessidade de se comunicar, de conversar, de se expressar e o que são as redes sociais? Nada mais que co-municação, a troca de opiniões, mas em diversas comunidades on-lines. Haley – Cada vez mais as pessoas têm acesso à internet e, con-sequentemente, as redes sociais. Como as empresas podem con-

quistar esse novo público? Gustavo Fernandes – A primeira coisa é que a empresa

deve ser transparente, porque na internet, se você postar uma mentira, ela se espalha muito rapidamente. Segundo, a empresa tem que ouvir seu consumidor, pois é nas redes sociais que ele está falando sobre seus hábitos de consumo, suas preferências. Fazendo isso, a empresa terá, por exemplo, muito êxito na hora de criar uma campanha, na hora de traçar suas metas e executar suas ações, porque ela vai conhecer o seu público-alvo. E não há restrições, já que empresas de qualquer área podem ingres-sar nas mídias sociais.

O publicitário Gustavo Fernandes fala sobre as inovações e a criatividade na ‘Era das Redes Sociais’ e como empresas e organizações podem utilizar essa nova ferramenta e fi delizar seus clientes

“O comportamento humano gera as redes sociais”

Caroline Oliveira

Entrevista

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Haley – Mas antes de investir, como a empresa deve se estruturar para atender as novas demandas?

Gustavo Fernandes – Antes de investir, o empresário preci-sa entender o que está acontecendo e porque todas as pessoas estão aderindo a essas novas mídias. O problema é que a maio-ria quer, antes de tudo, entender como funciona a ferramenta. E vale ressaltar os benefícios, o principal é que hoje em dia as pes-soas não querem apenas consumir, elas querem participar deste consumo, por meio de sugestões e palpites. Lembrando que o relacionamento deve ser entre pessoas e não de consumo. Sou eu, empresa, conversando com um amigo, que pode se tornar um cliente. Nessa troca, eu ofereço informações e ele me diz o que deseja, como deseja, o que poderia mudar.

Haley – E quem investe em redes sociais se dá bem por quê?Gustavo Fernandes – A resposta é muito simples. Porque

ela investe em relacionamento. E é isso que o empresário pre-cisa entender na hora de tomar a decisão de investir nessa fer-ramenta, porque as redes sociais o auxiliam em aprofundar o conhecimento do perfil do seu cliente. Entretanto, se ele optar em apenas oferecer ‘produto e preço’, isso não terá nenhum atrativo ao consumidor que está navegando pela internet, por-que as redes sociais são, nada mais, nada menos, que mídias em que você troca in-formação.

Haley – Você acredita que os meios tradi-cionais de publicidade, como televisão e jor-nal, exigem mais investimentos e são menos ágeis que as mídias sociais?

Gustavo Fernandes – Com certeza. O custo hoje da internet é bem mais baixo. É claro que existem exceções, um banner, dependendo do portal, equivale a 30 se-gundos do Jornal Nacional da Rede Glo-bo, mas se a empresa souber aproveitar essas novas mídias alternativas, ela reduz o custo, certamente.

Haley – Na sua opinião, os empresários são provocados a inovar cada vez mais?

Gustavo Fernandes – Não só o empresário, como também qualquer pessoa de diversas áreas de atuação. Só que para o dono de uma empresa, é preciso, sim, inovar sempre. Hoje, a concorrência é muito variada, se você vende celular, a sua con-corrência pode ser, por exemplo, com um tênis ou até mesmo uma viagem. Muitos produtos estão concorrendo entre si, por isso, o empresário precisa buscar formas atrativas para conquis-tar seu consumidor.

Haley – O fenômeno gerado pelas redes sociais como Twitter, Orkut e MSN se dá de maneira diferente de outros países. Como você avalia o uso dessas ferramentas no Brasil?

Gustavo Fernandes – Por parte dos empresários, o uso des-sas ferramentas está começando no Brasil. Em compensação, pelos usuários da internet, os números são altíssimos, tanto é que o País é o segundo com maior número de participantes em redes sociais. O problema é o perfil, já que muitos são jo-vens a partir de 14 anos de idade, então, às vezes, fica rotulado como uma ferramenta sem credibilidade, ou da ‘modinha’. E é aí que entra o diferencial, porque ao mesmo tempo você tem que aproveitar esse auge a seu favor e uma vez que você fideliza um público, ele não te abandona.

Haley – Como você avalia o uso das redes sociais no Brasil compa-rando-as com o nosso Estado. Existem muitas diferenças e de que forma é possível obter lucro?

Gustavo Fernandes – O que dá pra explorar e ganhar di-nheiro? Nossa, essa pergunta é de um milhão de dólares. Mas brincadeiras à parte, desde que você seja autêntico, transparen-te e crie um vínculo de confiança entre seu público, você vai se dar bem. E talvez seja isso que falte ainda por aqui, porque são poucas as empresas de Mato Grosso do Sul que investem nessa área. Os motivos variam entre o receio de como usá-las, ou ainda resistência a mudanças. Eu vou dar um exemplo de como aproveitar as redes sociais e obter lucros. O que um hotel ven-de? A resposta vai muito além de conforto e praticidade, pois ele está no ramo de turismo. Uma rede social, neste caso, pode ser usada para oferecer informações complementares de lugares para serem visitados, restaurantes, lazer. Essa preocupação se torna uma aliada para poder oferecer meu serviço, só que isso acontece de uma maneira explícita, entende? Eu vou não apenas vender um quarto de hotel, eu estou oferecendo algo mais a esse turista que visita minha cidade pela primeira vez.

Haley – É preciso inovação e criatividade para acompanhar a ‘Era Digital’?

Gustavo Fernandes – As duas devem andar juntas, porque se você inova, você é criativo, mas sempre no sentido de criar, ditar tendências. Para isso acontecer, as pessoas e o empresário têm que se cons-cientizar das mudanças que vêm ocorren-do com essa Era Digital e que ele tem que acompanhar toda essa transformação, sem perder o ritmo.

Haley – Como as agências de publicidade podem orientar seus clientes quanto ao uso de redes sociais?

Gustavo Fernandes – É função da agên-cia estar atenta a novas formas de mídia e indicá-las aos clientes. Entretanto, uma vez

que a sugestão é aceita, é preciso compromisso. Qual rede social será escolhida? Quais assuntos serão discutidos? De que forma? Quem irá atualizar? O bacana é que as redes sociais são viáveis para uma promoção relâmpago. Você pode postar, por exemplo: ‘Quem estiver acessando o Twitter agora, anote esse código e venha até a loja que você terá um desconto’. Uma vez a FIAT lançou uma campanha para desenvolver o FIAT 500. Para isso, eles criaram um site onde os internautas davam su-gestões de como deveria ser esse carro, até chegar ao produto final. Atitudes assim fazem com que seu consumidor sinta-se es-pecial e assim você gera lucros.

Haley – Quais as perspectivas desse novo cenário, já que a cada dia surgem novas ferramentas que integram ainda mais as pesso-as?

Gustavo Fernandes – A relação humana é a mesma, por isso, não vai acabar a necessidade do homem de se relacionar ou tro-car informação. Porém, a tendência é que a internet e suas redes sociais passem a ser tão comum como beber água. Quem já está acompanhado isso é o programa Fantástico da Rede Globo, que praticamente é feito virtualmente, tanto é que eles se autointi-tulam como ‘uma revista virtual’ que interage com o público não apenas aos domingos, mas também durante toda a semana no site, por meio de perguntas, chats, vídeos. y

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Tudo começa com uma dor localizada durante uma atividade rotineira, mas

quando você para o movimento, esse incômodo logo desaparece. Porém, o problema é gradativo, a dor é latente e irradia para novas regiões do corpo durante a exe-cução de outras atividades. Esta-mos falando de Lesões por Esfor-ço Repetitivo (L.E.R) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), doenças causadas pelo uso excessivo de determinada articulação que en-volve, por exemplo, mãos, pu-nhos, ombros e joelhos. Um mal que costuma afetar o trabalhador no auge de sua produtividade, por volta dos 30 ou 40 anos de idade.

As vítimas, na maioria das ve-zes, são operadores de caixa, di-gitadores, trabalhadores de linha de montagem, costureiras, entre outros profissionais. Essas pessoas

passam horas fazendo o mesmo movimento, o que provoca uma inflamação nas estruturas ósseas, nos músculos, nervos ou tendões.

Segundo pesquisa feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, esta é a segunda causa de afastamento do trabalho, o que significa que a cada 100 tra-balhadores brasileiros, um é por-tador de algum tipo de lesão.

E se você não sabia, são as mulheres as que mais sofrem. Conforme dados do INSS, o sexo feminino exerce mais profissões com tarefas de caráter repetitivo do que os homens. Entretanto, em todos os casos, os sintomas levam algum tempo até, clara-mente, serem percebidos. As queixas mais comuns são: dor lo-calizada, irradiada ou generaliza-da, desconforto, formigamento, dormência e sensação de dimi-nuição de força.

Carol Oliveira

No Brasil, as Lesões por Esforço

Repetitivo (L.E.R) são a segunda maior causa de afastamento do trabalho. A cada

100 brasileiros, um possui o distúrbio

chamada L.E.RUma dor

SAÚDE

Tendinite - Inflamação aguda ou crônica dos tendões. Mani-festa-se com mais frequência nos músculos flexores dos dedos e, geralmente, é provocada por dois fatores: movimentação frequente e período de repouso insuficiente. Manifesta-se prin-cipalmente através de dor na região, que é agravada por movi-mentos voluntários.

Tenossinovite - Inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões. Assim como a tendinite, os dois principais fatores causadores da lesão são: movimentação frequente e período de repouso insuficiente. Manifesta-se, principalmente, através

de dor na região, que é agravada por movimentos voluntários. Síndrome de De Quervain - Constrição dolorosa da bai-

nha comum dos tendões do longo abdutor do polegar e do extensor curto do polegar. Quando friccionados, esses tendões costumam inflamar. O principal sintoma é a dor muito forte, no dorso do polegar. Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão está no ato de fazer força torcendo o punho.

Síndrome do Túnel do Carpo - Compressão do nervo me-diano no túnel do carpo. As causas mais comuns deste tipo de lesão são a exigência de flexão do punho, a extensão do punho e a tenossinovite - os tendões inflamados levam a compressão crônica e intermitente da estrutura mais sensível do conjunto que compõe o túnel do carpo: o nervo mediano.

De acordo com o fisioterapeuta Giuliano Moreto Onaka, “é interessante observar que, geralmente, as pessoas só asso-ciam o surgimento de uma lesão com o ambiente de trabalho, mas se esquecem das atividades repetitivas que executam em casa e da má postura prolongada, que também podem provo-car o distúrbio”.

Onaka explica que a fisioterapia atua desde a prevenção até a reabilitação do indivíduo. “Como forma de prevenção, atua implementando programas de fisioterapia do trabalho. Nesses programas, os ambientes são analisados quanto à ergonomia e readequados quando necessário. Nos casos onde já esteja instalada a doença, o fisioterapeuta atuará na reabilitação do indivíduo, para que este readquira sua capacidade funcional, seja para o trabalho ou para suas relações sociais”. É impor-tante salientar que tanto nos programas de prevenção, quanto nos de reabilitação, a existência de uma equipe multidisciplinar é fundamental.

Durante dez anos, Neiva Fátima Reiter trabalhou no setor de gerenciamento de uma determinada empresa em Doura-

dos. “Comecei com a máquina de escrever e depois que tudo foi informatizado, passei a trabalhar com o computador. Até começarem as dores”.

O que ocorreu com ela foi uma inflamação crônica nas jun-tas das mãos, uma espécie de cansaço nos dedos. “O proble-ma é que a dor, que era apenas na mão, subiu até meus braços e depois para o pescoço. Era impossível levantar ou virar para o lado direito, pois três nervos haviam inflamado”.

No caso de Neiva, foi necessário fazer uma intervenção cirúrgica para retirada de toda a inflamação. “A maior preocu-pação dos médicos era não permitir que eu perdesse o movi-mento do braço. Por isso, uma semana depois da operação, fui encaminhada para sessões de fisioterapia. Foi depois de 10 meses que consegui escovar os dentes novamente com a mão direita”.

Ela conta que a recuperação é lenta, as dores ainda conti-nuam, mas de forma mais branda. “Cheguei a ficar três meses sem dormir, apenas cochilava, porque a dor era incontrolável. Hoje, dentro do meu limite, consigo fazer algumas atividades e

(Fonte: Departamento Intersindical e Saúde do Trabalhador)

PRINCIPAIS DOENÇAS

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Tendinite - Inflamação aguda ou crônica dos tendões. Mani-festa-se com mais frequência nos músculos flexores dos dedos e, geralmente, é provocada por dois fatores: movimentação frequente e período de repouso insuficiente. Manifesta-se prin-cipalmente através de dor na região, que é agravada por movi-mentos voluntários.

Tenossinovite - Inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões. Assim como a tendinite, os dois principais fatores causadores da lesão são: movimentação frequente e período de repouso insuficiente. Manifesta-se, principalmente, através

de dor na região, que é agravada por movimentos voluntários. Síndrome de De Quervain - Constrição dolorosa da bai-

nha comum dos tendões do longo abdutor do polegar e do extensor curto do polegar. Quando friccionados, esses tendões costumam inflamar. O principal sintoma é a dor muito forte, no dorso do polegar. Um dos principais fatores causadores deste tipo de lesão está no ato de fazer força torcendo o punho.

Síndrome do Túnel do Carpo - Compressão do nervo me-diano no túnel do carpo. As causas mais comuns deste tipo de lesão são a exigência de flexão do punho, a extensão do punho e a tenossinovite - os tendões inflamados levam a compressão crônica e intermitente da estrutura mais sensível do conjunto que compõe o túnel do carpo: o nervo mediano.

De acordo com o fisioterapeuta Giuliano Moreto Onaka, “é interessante observar que, geralmente, as pessoas só asso-ciam o surgimento de uma lesão com o ambiente de trabalho, mas se esquecem das atividades repetitivas que executam em casa e da má postura prolongada, que também podem provo-car o distúrbio”.

Onaka explica que a fisioterapia atua desde a prevenção até a reabilitação do indivíduo. “Como forma de prevenção, atua implementando programas de fisioterapia do trabalho. Nesses programas, os ambientes são analisados quanto à ergonomia e readequados quando necessário. Nos casos onde já esteja instalada a doença, o fisioterapeuta atuará na reabilitação do indivíduo, para que este readquira sua capacidade funcional, seja para o trabalho ou para suas relações sociais”. É impor-tante salientar que tanto nos programas de prevenção, quanto nos de reabilitação, a existência de uma equipe multidisciplinar é fundamental.

Durante dez anos, Neiva Fátima Reiter trabalhou no setor de gerenciamento de uma determinada empresa em Doura-

dos. “Comecei com a máquina de escrever e depois que tudo foi informatizado, passei a trabalhar com o computador. Até começarem as dores”.

O que ocorreu com ela foi uma inflamação crônica nas jun-tas das mãos, uma espécie de cansaço nos dedos. “O proble-ma é que a dor, que era apenas na mão, subiu até meus braços e depois para o pescoço. Era impossível levantar ou virar para o lado direito, pois três nervos haviam inflamado”.

No caso de Neiva, foi necessário fazer uma intervenção cirúrgica para retirada de toda a inflamação. “A maior preocu-pação dos médicos era não permitir que eu perdesse o movi-mento do braço. Por isso, uma semana depois da operação, fui encaminhada para sessões de fisioterapia. Foi depois de 10 meses que consegui escovar os dentes novamente com a mão direita”.

Ela conta que a recuperação é lenta, as dores ainda conti-nuam, mas de forma mais branda. “Cheguei a ficar três meses sem dormir, apenas cochilava, porque a dor era incontrolável. Hoje, dentro do meu limite, consigo fazer algumas atividades e

(Fonte: Departamento Intersindical e Saúde do Trabalhador)

PRINCIPAIS DOENÇAS

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quando sinto dor, consigo controlar com a medicação”.Neiva está sem trabalhar desde 17 de janeiro de 2009.

“Nunca me preocupei em intercalar o uso do mouse entre as mãos, ou usar um teclado especial, e tive que sofrer as con-sequências. O que adianta eu voltar a digitar se depois eu vou morrer de dor?”

É por isso que Giuliano Onaka ressalta a importância de se posicionar de forma correta para a execução das atividades, fa-zer pausas regulares durante o trabalho e descansar enquanto estiver fora do seu horário de expediente. “Parece óbvia esta última recomendação, mas por incrível que pareça, há pes-soas que ao chegarem em casa, após o trabalho, continuam sobrecarregando, de forma inconsciente, as mesmas estruturas

utilizadas na sua atividade laboral”, explica o fisioterapeuta.Se você trabalha diariamente no computador, preste aten-

ção nessas recomendações: “Em primeiro lugar, posicionar-se bem. Tenha uma mesa e uma cadeira com muitas possibili-dades de regulagem, pois isso tornará as horas à frente do computador menos cansativas e diminuirá a probabilidade de desenvolver distúrbios decorrentes da má postura. A altura do teclado, mouse e monitor deve ser regulada de acordo com suas dimensões corporais. Em segundo lugar, respeite os limi-tes de tempo à frente do computador. Realizar 10 minutos de pausa a cada hora de trabalho, ou 1 minuto de pausa a cada 10 minutos trabalhados. Durante essas pausas, levante, caminhe, movimente seu corpo, alongue seus músculos”.

Reeducação postural;

Aliviar o estresse;

Diminuir o sedentarismo;

Aumentar o ânimo para o trabalho;

Promover a saúde e uma maior consciên-cia corporal;

Aumentar a integração social;

Melhorar o desempenho profissional;

Diminuir as tensões acumuladas no traba-lho;

Diminuir a fadiga visual, corporal e mental por meio das pausas para os exercícios;

Prevenir lesões e doenças por traumas cumulativos, como LER e DORT.

Essa modalidade de ginástica pode ser realiza-da por um fi sioterapeuta, terapeuta ocupacional ou educador físico e pode ser classifi cada como pre-paratória (antes do início do expediente), com-pensatória (aplicada no meio do expediente) e relaxante (fi nal do expe-diente). y

Ginástica laboral

A ginástica laboral é um grande instrumento

na melhoria da saúde física do

trabalhador, pois promove adaptações

fi siológicas, físicas e psíquicas, por meio de

exercícios leves e de curta duração que são

dirigidos a:14 | outubro • 2009 | haley

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No contato com mães ou gestantes, os perfis encon-trados passam diferentes realidades sobre o período gestacional. Algumas mulheres destacam traumas que

ficaram, como enjoo constante, dores no corpo, incômodo para dormir e problemas no parto, enquanto outras colecio-nam histórias de alegria, segurança, harmonia total com o bebê e com seu próprio corpo.

Buscar amenizar os problemas que podem decorrer da gravidez é, justamente, um dos objetivos da fisioterapia obsté-trica, atividade que pode acompanhar a gestante durante todo o período de gravidez, focada diretamente em suas necessi-dades.

Ângela Rios, fisioterapeuta obstétrica e especialista em saú-de da mulher, destaca que atende em seu consultório, prin-cipalmente, dois tipos de pacientes. “Chegam mulheres que querem ter parto normal e por isso procuram a fisioterapia, e também as pacientes que sentem dores na coluna e no corpo e na fisioterapia buscam eliminar esse incômodo”.

No trabalho realizado com gestantes, Ângela ressalta que

o grande diferencial está tanto no acompanhamento totalitário, envolvendo, por exemplo, médico e nutricionista, quanto na prescrição correta de exercícios, que devem ser monitorados por um fisioterapeuta obstétrico.

Os benefícios para a mãe e para o bebê são muitos. Se-gundo ela, o trabalho realizado para propiciar um parto nor-mal mais rápido e com menos dor é um dos pontos positivos. “Fortalece-se a musculatura necessária para o parto normal e isso, inclusive, auxilia a mãe no combate à incontinência uriná-ria, que pode vir após o parto”, garante a fisioterapeuta.

Fernanda Teixeira, fonoaudióloga e à espera de sua pri-meira filha, aos 29 anos, tem sentido os benefícios da atividade física durante a gestação. “Minha gravidez foi planejada, então comecei a me exercitar antes de engravidar”. Agora, com cin-co meses e meio, ela trabalha especificamente com as neces-sidades da fase pela qual está passando. “Logo começaremos os exercícios voltados ao fortalecimento do meu corpo para o parto normal”.

Assim como outras pacientes que buscam a fisioterapia

Maria Alice Otre

Exercícios físicos auxiliam a gestante, física e emocio-nalmente, garantindo melhores condições para o parto

normal e para a recuperação no pós-parto

Grávidamovimento

em !!!

Saúde da mulher

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obstétrica, esse foi um dos motivos pelo qual Fernanda procurou a atividade. O fato de sentir desde antes da gravidez muita dor na coluna, também foi fator decisivo na escolha. “A gestante costuma sentir muito cansaço, além da dor no corpo, e após esse acompanhamento, eu tenho me sentido muito mais ativa e sem dores”, garante Fernanda.

Para Ângela Rios, os exercícios garantem também disposição e segurança às mães, que recebem constan-temente informações sobre a formação do bebê, o par-to, a amamentação e, com isso, ganham confiança. Além disso, ela enxerga muitos benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. E é justamente nisso que Fernanda aposta. “Acredito que meu condicionamento também vai refletir na saúde da Alice”, diz.

“Uma criança que nasce de parto normal tem uma vitalidade melhor, embora as pessoas se recusem um pouco a acreditar nisso”, destaca Ângela. Para ela, pelo menos entrar em trabalho de parto é necessário para que a criança esteja mesmo preparada para nascer. “São sinais do corpo”, garante.

Haley: Quando os exercícios podem atrapalhar a ges-tação?

Ângela: Os maiores limites para o exercício físico são em mulheres que tenham o risco de um parto prematuro, que estejam com indicação de repouso ou ainda o próprio excesso nas atividades. Tem mulher que nunca se exer-citou e ao engravidar resolve começar: vai fazer natação, hidroginástica, caminhada, de repente ela se excede e isso pode causar prejuízo para o bebê, por exemplo, ele nascer pequeno demais. Mesmo no caso de indicação de repou-so, outras atividades podem ser feitas juntamente com um fisioterapeuta. A gente faz massagem, drenagem linfática, se ela tiver dor, a gente trata a dor com recursos sem ser necessariamente exercícios, o alongamento é passivo (fi-sioterapeuta faz o alongamento no paciente) e assim por diante. É desaconselhável para todas as grávidas, a prática de exercícios com muito impacto ou esportes coletivos.

Haley: Quando interromper a prática de exercícios?Ângela: Geralmente no primeiro trimestre gestacional

não se inicia atividades físicas, a não ser que a mulher já seja

uma atleta antes e queira manter a atividade num ritmo mais desacelerado. Na população em geral, os três primei-ros meses são de maior cuidado, porque é quando o bebê implanta no útero. Para o final da gestação não tem limite. Geralmente a gente trabalha até o parto e no pós-parto, assim que ela já se sentir disposta, pode recomeçar com exercícios focados na perda de peso e na reeducação da postura.

Haley: Essa atividade contribui para retomar a forma física da mulher no pós-parto?

Ângela: O fato de a mulher se exercitar também pro-move um aumento de peso controlado e favorece a volta de sua forma física após o parto. Primeiro porque ela já vai ganhar menos peso. Durante o acompanhamento, a gente fica de olho no peso do corpo, na alimentação, na circun-ferência abdominal e isso já contribui para o pós-parto, já que a mulher está mais preparada para ele.y

Apesar de todos os benefícios expostos às mulheres que estejam querendo começar a se exercitar durante a gravi-dez, alguns cuidados devem ser tomados

Tirandodúvidas???

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Para Stuart Hall (2000), as identidades nacionais e culturais são, na modernidade tardia, híbridos culturais, ou seja, o sujeito que no passado iluminista tinha sua identidade cen-

trada no eu, que no século XIX podia ser chamado de sujeito sociológico, por não ser autônomo nem autossuficiente, com sua identidade formada na interação, hoje, na modernidade tardia, para alguns, pós-modernidade, para ou-tros, e que prefiro chamar de con-temporaneidade, este sujeito é um sujeito que passa por uma celebra-ção móvel, que segundo Hall (2000), não possui identidade fixa ou perma-nente. Sujeito este que passa por descentramentos importantes como o causado pelas teorias marxistas, freudianas e pela teoria linguística de Saussure. Assim, fica provado que somos nós sujeitos de uma identida-de social, psicológica e de linguagem, seres complexos que têm na língua-mãe sua primeira grande autoiden-tificação, ou seja, sujeitos de um “estado-nação”. Cientes de ser-mos sujeitos de um estado-nação múltiplo e híbrido em variações linguísticas e culturais, mas uno em uma língua-mãe, reafirmamos a premissa de Stuart Hall de que o estado-nação é “uma fonte pode-rosa de significados para as identi-dades culturais modernas” (HALL, 2000: 49).

Na linha deste pensamento, po-demos afirmar que “a vida das na-ções, da mesma forma que a dos homens, é vivida, em grande parte, na imaginação” (PO-WELL, apud HALL: 2000, p.51), ou seja, uma identidade nacional, regional, local, será sempre pautada pela imagina-ção. Desta forma, as artes, como produtos culturais, e por essência produtos da imaginação, serão produtos que cons-

tituirão, sempre, as narrativas culturais de uma comunidade. Segundo documento da Unesco, a cultura, ao constituir-se

em conjunto distintivo de atributos espirituais e materiais, inte-lectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou grupo social, engloba não somente as artes e a literatura, mas tam-

bém os modos de vida, os sistemas de valores, as tradi-ções e crenças e os direitos fundamentais do ser huma-no (Claxton, 1994). Fica fácil entender que a enunciação é produzida em um espaço, um lugar de onde a obra ar-tística fala. Portanto, se a po-esia de Manoel de Barros, Flora Tomé e os contos de Hélio Serejo nos represen-tam, muitos outros símbolos também, mesmo que não façam parte de uma cultura letrada como a iconografia e a arte indígena. Se pensar-mos assim, fica fácil também perdoar os preconceitos im-postos aos tuiuiús, às garças, às onças, araras, capivaras e outros bichos e objetos co-locados em nossas cidades para ornamentar nossa ur-banização. Sim, pois somos produtos de um meio que convive com esses elemen-tos e achamos natural tê-los nos identificando, mesmo sabendo que moramos no entorno do Pantanal e que

por aqui, no centro-sul do Mato Grosso do Sul, “ainda há índios”, mas poucos tuiuiús.

ReferênciasHALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade.

São Paulo: DP& A, 2000. y

Gicelma Torchi, Professora Drª. da UFGD.

As ponderações acerca da identidade local de uma determinada comunidade passa pelas refl exões que as autoidentifi ca, ou seja, em essência, por ponderações acerca de suas referências culturais e geográfi cas e ambientais. Então, refl etir sobre identidade sul-mato-grossense requer, num primeiro momento, fazer uma refl exão sobre a mudança estrutural que fragmenta e des-loca as identidades culturais em nossa contemporaneidade, tomando o que Hall aponta como híbridos culturais, para, a partir de então, conseguirmos ponderar sobre cultura.

Identidadeda cultura local

Artigo

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Caroline Oliveira

Seja uma preocupação com o meio ambiente, religião ou até mesmo ideologia, o fato é que se tornar vegetariano é um novo estilo de vida cada vez mais comum, inclusive

entre os brasileiros. Segundo dados do grupo Ipsos, no Bra-sil, 28% das pessoas têm procurado comer menos carne. O que indica que os hábitos alimentares estão mudando, já que este número é o segundo maior índice mundial. Nos Estados Unidos, um para quatro adolescentes, ser vegetariano é uma atitude positiva, entretanto, apenas 2,5% da população é adepta a este tipo de alimentação.

Para a União Vegetariana Internacional (UVI), o vegetaria-nismo é “a prática de não comer carne, aves, peixes ou seus subprodutos, com ou sem uso de laticínios e ovos”. O curioso é que o nome vegetariano não origina da alimentação vegetal, mas do latim ‘vegetus’, que significa forte, vigoroso. E para isso acontecer, o primeiro passo começa na boca, pois é uma ques-tão de saúde manter uma alimentação saudável.

Segundo a nutricionista Silvana Thompes, o consumo de alimentos naturais só traz benefícios. “Tornar sua dieta rica em verduras, frutas, leguminosas faz com que você elimine toda a gordura saturada e a toxidade do organismo e para conse-guir um resultado ainda maior, troque a carne vermelha por um frango ou peixe grelhado ou, evite o consumo de produtos industrializados”. Thompes ressalta ainda, “as pessoas têm que se conscientizar que elas não devem comer quantidade e sim

qualidade”.Dados da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV/SP)

comprovam que as pessoas estão preocupadas com a alimenta-ção, já que a venda de produtos saudáveis cresce 15% ao ano. Número que vem atraindo, até mesmo, indústrias de derivados da carne, como é o caso da Sadia e Perdigão que já disponi-bilizam aos clientes hambúrgueres, lasanhas e nuggets feitos a partir da soja.

Mas abolir completamente a carne não é uma tarefa fácil, já que a história do ser humano é baseada no consumo de pro-dutos de origem animal, que desde moderada, não acarreta nenhum problema à saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de carne vermelha não deve ultrapassar 300 g por semana. Silvana, que também é vegetaria-na, diz que tudo é questão de reeducação alimentar, mas sem exageros. “Para se tornar um vegetariano é preciso passar por um processo gradativo de substituição, não a retire do cardápio de uma vez, pois ela é rica em proteína. Mas ao invés de ingeri-la, consuma então mais feijão, soja, lentilhas, grão de bico, arroz integral. Todos estes contêm proteínas em alto valor biológico, que são absorvidas com mais eficiência pelo organismo. O gran-de problema é que algumas pessoas, por conta própria, param de comer carne e não repõem a proteína. Essa radicalização só faz mal à saúde”.

Se não alimentada adequadamente, a pessoa corre o risco

Por quais motivos as pessoas estão se tornando vegetarianas?

Uma

sem carne

Alimentação

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de desenvolver uma anemia ferropriva (deficiência de ferro), ane-mia perniciosa (deficiência da B12) e desnutrição protéica, já que não consegue consumir todos os aminoácidos essenciais.

Mas como posso substituir a carne? A recomendação é com-binar alimentos que contêm ferro com outros com grande quan-tidade de vitamina C e buscar suplementos de vitamina B12. Um truque centenário é cozinhar em panelas de ferro. O mineral libe-rado ajuda a fornecer parte do que faltar na dieta. Para se ter uma ideia, a combinação arroz integral e feijão, leguminosas associadas a algum cereal (grão de bico, ervilha, lentilha, derivados do milho) garante toda a proteína necessária. Abuse de brócolis, couve, rú-cula, aveia e granola. A ingestão de laranja, acerola, abacaxi poten-cializa a absorção do ferro.

Outro fator que deve ser destacado são os cuidados com as gestantes, crianças e idosos. Se você foi criado em uma família vegetariana, não haverá problemas. Porém, aqueles que adotam esse novo estilo, cuidado.

No caso das grávidas, é necessário suplementação alimentar com vitaminas B12 e D. Caso isso não ocorra, haverá um déficit de ferro no bebê, má formação no feto, além de interferir no peso e altura do bebê. Para crianças a partir de seis meses de idade, a adoção do vegetarianismo puro (sem o consumo de ovos, leite e derivados) não é recomendada. A insuficiência de ferro, vitamina B12 e proteína trazem problemas de concentração, pele, que-da de cabelo, desnutrição protéica, fraqueza, anemia e distúrbios neurológicos. Já nos idosos, o que ocorre é a perda da massa muscular, a falta da vitamina B12 pode causar problemas relacio-nados à memória e à cognição.

• Ovolactovegetariana – além de vegetais, permite ovos, leite e laticínios;

• Pescovegetariana – permite o consumo apenas de ve-getais, peixes e frutos do mar;

• Veganos – alimentação consiste apenas em vegetais. Nada de origem animal; nem leite é permitido;

• Semivegetariana – permite vegetais e, eventualmente, alguma carne, de preferência que não seja vermelha;

• Macrobiótica – baseada em oleaginosas, sobretudo brotos e cereais;

• Crudívora – permite o consumo de vegetais e, eventu-almente, laticínios, nunca aquecidos a mais de 42 graus;

• Frugívora – permite ingerir apenas frutas (esta é a mais restrita);

• Carnívora consciente - permite carne, mas só de ani-mais criados e abatidos em condições ecologicamente corretas;

• Religiosa – restringe determinados tipos de carne em obediência a leis religiosas;

• Específica – evita tipos específicos de carne, como de vitela ou de ovelha.

Silvana Thompes - Nutricionista

Variações da dieta vegetariana

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No cardápio do analista de sistema Joab Cavalcante sempre estiveram presentes produtos de origem animal. Um hábito considerado por todos normal, foi quando ele, por motivos religiosos, deixou de consumir a carne de porco. “Este foi o primeiro passo, consequentemente, fui deixando de comer a carne vermelha, mas agora é por opção, por querer ter uma vida mais saudável e já são seis anos que não a consumo mais”.

Para aderir ao vegetarianismo, Cavalcante procurou um acompanhamento nutricional. “É tudo questão de planejamen-to. Não fui radical e não aboli a carne de uma vez, mas ao mes-mo tempo tinha um propósito e não abri exceção. Confesso que não é fácil, nos primeiros meses foi difícil, no meu caso, o cheiro de carne assada era uma tentação, mas resisti”.

Há dois anos o analista de sistema também deixou de con-sumir a carne de frango e o próximo passo é a de peixe. “Meu objetivo é se tornar um ovolactovegetariano e espero conse-guir logo. São muitos os benefícios que senti no organismo ao adotar esse estilo de vida. Por exemplo, meu hemograma (exa-me de sangue) passou a ser mais equilibrado, não sofro mais de alergias e me sinto mais bem disposto fisicamente”.

Para ele, o mais difícil é sair das saias-justas do dia a dia. “Recentemente, fui a um casamento e o buffet da festa era churrasco, tive que ficar na salada e na mandioca, mas os meus amigos mais próximos já sabem da minha opção e quando sou convidado para um almoço ou jantar, eles capricham nos pratos e acrescentam grão de bico, folhas verdes”.

• A Associação Dietética Americana reconhece que dietas vegetarianas, desde que planejadas, são saudáveis em termos nutricionais;

• Vegetais são fonte de vitaminas e sais minerais, ajudam na digestão, no intestino e na circulação. Além de serem ricos em substâncias an-tioxidantes, que têm papel impor-tante na regulação da imunidade e prevenção de câncer;

• Os vegetarianos têm redução de ris-cos de doenças cardiovasculares (in-farto, AVC e diabetes), têm menos osteoporose (como não consomem proteína animal, perdem menos cál-cio pela urina);

1 kg de carne corresponde a: • - 10 mil m² da floresta amazônica;

• - 98% seriam de economia de água para produzir a mesma quantidade de feijão;

• - 20 dias uma lâmpada de 100 Wat-ts poderia ficar acesa com a mesma energia;

• - 15 mil litros de água doce limpa;

• - 250 km percorridos por um carro, o que é equivalente a emissão de gases de efeito estufa.

Joab Cavalcante - Vegetariano

y

Ele deixou a carne

Por que ser vegetariano?Saúde Meio Ambiente

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Ellen Kotai

Homens e mulheres truculentos, trajados, na maioria das vezes, com roupas escuras, coturnos e coletes de couro. Feições fechadas, com jeitão de poucos amigos.

Você arrisca dizer quem são? Se pensou em apaixonados pelo universo do motociclismo, acertou! Mas as características princi-pais ao adentrar no mundo dos moto clubes (MCs) não são tão truculentas, nem tão fechadas como evidenciam as aparências.

Eles são, sim, seres apaixonados por motos e motociclismo que integram clubes e que transformam um ‘banal’ passeio de moto em um evento de prazer e curtição. E mais, fazem de cada encontro e reunião uma festa à parte. Seguir o motociclismo e/ou pertencer a um moto clube passa a ser um estilo de vida.

Numa rápida pesquisa pela Internet, identificamos em várias regiões do Brasil cerca de 2 mil moto clubes cadastrados. Hoje, em Dourados, eles já são mais de 20 grupos instituídos com mais de 200 motociclistas que participam de MCs.

Esses grupos se unem diversas vezes na semana para con-fraternizar a amizade, praticar a fraternidade e o espírito do mo-tociclismo. Mas não só para isso. Alguns motos clubes promo-vem ações sociais com trabalhos filantrópicos, pois acreditam que é dever participar da construção de uma sociedade melhor.

Estampada no colete – na maioria das vezes, de couro – está a bandeira do grupo do qual fazem parte. Essa é uma forma que os identifica como motociclistas, mas também de deixar claro o seu perfil, já que cada moto clube tem diferentes estatutos, que são, trocando em miúdos, as regras gerais e de conduta que os

membros devem seguir. “Usar um colete com a identificação (bandeira) do moto clube ao qual pertencemos é motivo de orgulho para nós, pois o nosso colete é a nossa farda, como são as fardas para os soldados”, confirma Ruy Antônio Spinola, gerente administrativo.

Identificados e reunidos, frequentemente, saem sem pressa para mais uma viagem em suas gigantes, bizarras ou simpáticas motos. Um encontro em Nova Andradina, um chopp em Ponta Porã, ou um evento em São Paulo, e são nessas tantas viagens e passeios, participação em eventos e quilometragens rodadas nas estradas do Mato Grosso do Sul e de todo o Brasil, que os moto clubes fortalecem e revigoram o espírito de liberdade, co-letividade e companheirismo que pregam. Além disso, fazem de cada momento de uma viagem, curtição, apreciando a natureza e se integrando a ela, recebendo olhares graciosos e admira-dos por onde passam. “É muito gostoso ser bem recebido pela população nas cidades e estradas, e ver o preconceito sendo quebrado, pois muita gente ainda acha que somos loucos, ro-queiros e baderneiros. Ao contrário, somos profissionais sérios de diversas áreas, gente normal com uma paixão e estilo de vida em comum”, desabafa o motociclista e gerente administrativo Júlio César Consalter, o ‘Miudinho’, que é presidente do Moto Clube ‘Motos Originais’ de Dourados, e que segue o estilo de vida dos moto clubes há oito anos. Ele ainda acrescenta, “uma comparação que sempre faço é que a moto para o adulto é como se fosse o caminhão para a criança. E qual criança que

Eles somam cerca de dois mil moto clubes espalhados pelo Brasil; em Dourados, já são mais de 20 grupos que ultrapassam fronteiras em cima de duas rodas

Estilo deeVIDA

LIBERDADE

Moto Clubes

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nunca deu tchau para um caminhoneiro?”, indaga.Entretanto, moto clubes têm suas peculiaridades entre

si, mas “o que vale no geral é o respeito, a união, o compa-nheirismo”, diz Consalter. Ele garante que, embora, existam muitos moto clubes, na maioria dos casos, não há rixas e se-gregação, e conta que participantes, em geral, têm relações muito próximas de amizade. “O que vale não é a bandeira que o cara traz, é o espírito de união e respeito entre todos”, reafirma.

E o espírito de proximidade e fraternidade, misturado à paixão por motos e pelo motociclismo é, verdadeiramente, o que os une. “O que vale para nós é o coração, por isso so-mos diferentes”, diz Consalter. “Eu adentrei nesse universo há algum tempo e posso garantir que nada é mais forte do que o coração de um motociclista, que é renovado no calor da estrada, no frescor do vento no rosto, e no companhei-rismo”, acrescenta.

São tantos aspectos positivos que unem pessoas a um grupo e vários grupos em um só estilo, que os membros do moto clubes se tornam uma família. “Esse nosso ambiente não envolve só o ‘cara’ que gosta de moto, envolve toda a família também. As esposas, namoradas, família em geral, fazem parte dos moto clubes. Minha filhinha, por exemplo, participa de algumas reuniões, de passeios e até usa o coleti-nho”, afirma Spinola. “As pessoas nos veem com roupas es-curas e motos grandes e fazem uma ideia distorcida de quem somos, mas se o mundo está ficando fraco, azar o dele. Essa impressão de ‘durões’ que temos faz parte do nosso estilo, embora o nosso coração seja grande”, finaliza.

“Sempre gostei de motos desde pequena e, quando me tornei adulta, comecei a frequentar moto clubes com amigas, participar de reuniões e de festas, mesmo com o preconcei-to. O universo da moto sempre esteve em mim”. São essas as primeiras palavras da motociclista Maíra Geovana Schneider Ferrari, hoje, presidente do motoclube feminino “Guerreiras do Asfalto”.

Durante toda sua vida, Maíra sempre fez parte de moto clu-bes, mas sentia a vontade e necessidade de também pilotar, o que normalmente não é permitido pelos grupos. Foi então que, há cerca de três anos, ela e sua irmã fundaram o primeiro moto clube essencialmente feminino de Dourados, conhecido como “Bruxas Red”. Com esse grupo, Maíra diz ter vivenciado sensações inesquecíveis.

“Uma história marcante foi em Nova Andradina, num en-contro de moto clubes de lá. A viagem por si só já havia sido maravilhosa, mas conheci um motociclista de Palotina-PR, por quem me apaixonei. Nos demos muito bem, eu me senti muito feliz com tudo o que me rodeava naquele momento, pois unia minha paixão pela moto com uma nova paixão na minha vida. Pena que não deu certo”, declara Maíra.

Ela afirma que faz parte deste universo por pura paixão à liberdade. “Eu me identifico no universo das motos, gosto de viajar e curtir, sentir o vento batendo no corpo e no rosto, ser livre, fazer amizades e festar”. Porém, ela não deixa sua feminili-dade de lado, demonstra cuidado com seus cabelos loiros, não abandona acessórios femininos como brincos e pulseiras, além de não abrir mão de delineador nos olhos e brilho nos lábios.

A motociclista conta que, certa vez, após sair de um en-contro de moto clube foi a outra festa e notou que as pessoas a olhavam com estranhamento. Foi então que percebeu que estava com as roupas do motociclismo, botas, colete de couro e luvas nas mãos. “Quando me dei conta, tirei os acessórios e os guardei na bolsa”, admite.

Maíra se ressente ao lidar com o preconceito dos homens por ser mulher. “Por a maioria dos moto clubes ser formada por homens, ainda existe muito preconceito. Os motociclistas aceitam as mulheres como ‘garupa’ e não dão chance nem im-portância àquelas que querem pilotar”, diz. Porém, contra-ataca o preconceito com seus pensamentos e atitudes. “Eu não estou nem aí para o preconceito, continuo minha vida e alimentan-do minha paixão pelo motociclismo do mesmo jeito e isso vale muito a pena”, declara.

Num projeto de vida onde o que conta é a felicidade e liber-dade, ou numa viagem onde o que vale é a curtição, ela garante que a distância nunca importa. “Às vezes saio daqui e vou até as cidades vizinhas passear, curtir um pouco. O importante é que passa o estresse, você esquece os seus problemas”. E continua, “viver no universo do moto clube é um jeito de ser livre. Liber-dade de me sentir bem comigo mesma”, finaliza.y

E as mulheres nessa?

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Já ouvi diversas vezes que venda é um dom. Ou que vendedor já nasce vendedor, (nas-ceu para ser vendedor). Certa vez, ouvir

dizer que todos nós somos vendedores, e que venda vem de berço, pois quando o bebê chora, está na verdade vendendo. Concordo que todos nós podemos SER vendedores, mas ser profissional em vendas é só para aqueles que têm: competência, talento, humildade para aprender, determinação, disciplina, disposição, dedicação, hábito de leitura, motivação, entu-siasmo e força de trabalho. Ser um profissional de vendas não é o mesmo que ser um simples vendedor, que não estuda o segmento em que atua, não busca ter habilidade em negociação e de relacionamento pessoal. Um profissio-nal em vendas sabe que para ter sucesso em vendas, necessita ter muitos contatos pessoais, aprender a estender relacionamentos e ter muita vontade de vencer.

Um vendedor profissional nasce quando o vendedor descobre que tudo no mundo gira em torno das vendas e que sem profissionalis-mo não é possível atingir resultados expressi-vos que possibilitam mudanças em sua vida por completo.

Ser um profissional de vendas é muito grati-ficante, rentável e satisfatório, por isso eu digo que um vendedor só nasce quando ele percebe que ser profissional em vendas é muito bom e faz bem.

Você, leitor, se é um vendedor profissional, parabéns! Se não for, e é apenas um simples vendedor que acredita que vender é só ofe-recer, aconselho a buscar o profissionalismo o mais rápido possível para não ser apenas um vendedor de passado. E se você, leitor, não for vendedor e nem profissional em vendas, vou lhe dizer: “Tudo no mundo gira em torno das vendas”. y

Flavio Fagundes é profissional em vendas, instrutorcomercial do SESC, treinador e consultor empresarial.

Assim nasce um vendedor

Artigo

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Quem nunca desejou viver não somente o hoje, mas deixar e fazer história? Em Dourados, 39

pessoas podem dizer que conseguiram esse feito. São imortais pela arte! Tudo começou no início dos anos 90. A profes-sora Iracema Tibúrcio ensinava sobre as Academias em uma sala de aula e, o en-tão aluno, Nicanor Coelho teve a ideia de formar um espaço semelhante em Dou-rados. Coelho procurou a poetisa Hele-ninha de Oliveira que apoiou a decisão.

Iniciou-se o processo de convite aos escritores da região para que discutissem a fundação da Academia Douradense de Letras (ADL). “Lembro, como se fos-se hoje, em plena tarde ensolarada, no edifício Dona Josefa, numa pequena sala, onde funcionava o escritório do Diário da Serra, nos reunimos e aprovamos a cria-ção da ADL, dirigida, por 90 dias por uma comissão provisória. Passado esse perío-do, foi eleita a primeira diretoria, da qual tive a honra de participar”, conta Brígido Ibanhes, hoje presidente da entidade.

Até esse momento, os escritores de Dourados estavam dipersos. Suas obras, muitas vezes, limitavam-se ao convívio social de cada um. Com a união de 15 literatos, o cenário das artes da cidade co-meçou a mudar. “A criação da ADL uniu boa parte dos escritores, dando maior reconhecimento pelas suas obras, que é o principal objetivo da entidade”, afirma Ibanhes.

Com a criação da Academia, uma en-tidade civil sem fins lucrativos e sem ca-ráter político-partidário, os escritores co-meçaram a trabalhar pela arte. Através de concurso interno, Heleninha de Oliveira foi a escolhida para a criação da heráldica [arte de descrever os brasões de armas ou escudos]. “Foi uma grande viagem mental, visto que a Academia por si só já diz: douradense, portanto, o motivo do seu logotipo teria que ter algo forte que retratasse a nossa região”, diz a escritora. “Foi um trabalho árduo, durou em média um mês. Elaborei a logomarca, bandeira, selo e idealizei também o Jornal Letras

Douradenses, que é o órgão oficial da ADL”. Foi Heleninha que criou também o lema dos escritores: Ad Infinitum per Angusta, que se traduz “Ao Infinito pelo Caminho Árduo”.

Desde então foram anos de dedica-ção e luta pela literatura de Dourados. Lá estão não só escritores, mas professores, empresários, fazendeiros, jornalistas, ad-vogados, médicos e muitos outros. Hoje, com 18 anos de existência, a Academia guarda frutos não só para seus membros, mas para a comunidade douradense. “Eu sempre brinco dizendo que a ADL chega à maioridade com bastante cabelos bran-cos... Isso é muito natural, considerando a média de idade dos membros”, brinca o presidente da entidade. “Dois fatos marcaram essa caminhada: a conquista da sede, hoje situada no Parque dos Ipês e a instalação, nesse prédio, da biblioteca [...] Está também em execução, o projeto ‘A Academia vai à escola: diálogo entre a ADL e as escolas públicas de Dourados’, o objetivo é fazer com que a sociedade

Andressa Melo

Literatura

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No dia 18 de setembro deste ano, nove pessoas tor-naram-se imortais. A ADL segue os princípios da Academia de Artes, Ciência e Letras francesa, espelhada na Academia Brasileira de Letras, com 40 cadeiras, cada uma com seu respectivo patrono, que é considerado eterno. “Chegamos à maioridade e se tornou necessário o preenchimento das vagas restantes. Mesmo com a posse de mais nove mem-bros, resta ainda uma vaga para se preencher as 40 cadei-ras, além das vagas deixadas pelos membros falecidos [dois fundadores e três eleitos]”, afirma Brígido Ibanhes.

• Na criação da ADL, 17 pessoas participaram da reunião, mas duas não chegaram a tomar posse. Altair da Costa Campos desistiu sob a alegação de que Dourados não tinha capacidade para ter uma Academia de Letras, e Maria Alice Ribeiro mudou-se para os Estados Unidos.

• O membro mais novo da Academia tem me-nos de 30 anos (Marcelo Mourão, o ex-peão de rodeio) e o mais idoso já passou dos 80 anos (José Pereira Lins, fundador do Colégio Oswal-do Cruz, em Dourados).

• Existe um mausoléu da ADL, no Cemitério Par-que de Dourados. Na cerimônia fúnebre, os acadêmicos, trajados com fardão, contribuem com a despedida e o transporte do caixão.

• Todos os segundos domingos do mês acontece o Chá das Cinco, uma espécie de sarau literá-rio aberto à comunidade. Por lá já passaram as mais variadas atividades culturais, desde dança do ventre até exposição de cineasta.

Antes da reformulação do Estatuto, 17 de junho de 2009, bastava que o escritor tivesse um trabalho reconheci-do para ser membro da Academia. Hoje, as exigências são diferentes. Para se tornar imortal é preciso ter publicado, ao menos, um livro. A Academia coloca um edital nos jornais da cidade chamando os candidatos. É preciso também fazer a entrega do currículo literário e de exemplares dos livros publicados, juntamente com um requerimento que expres-se o porquê da vontade de integrar a entidade e documen-tos que comprovem a moradia no município.

A partir daí a diretoria da ADL forma duas comissões internas, uma de avaliação e outra de posse. Um dos pontos nessa avaliação são os aspectos morais e éticos da vida do candidato. Os aprovados são levados para referendo pelos demais membros da ADL e convocados para a preparação do ritual solene de posse. Cada membro indica um patrono (ou patronesse), que precisa ser falecido e ter obra literária de reconhecido valor.

O processo de seleção não tem período determinado, mas Ibanhes adianta que “é possível que, daqui a dois anos, os candidatos sejam convocados”.

A Academia Douradense de Letras está localizada no Parque do Ipês, Rua João

Cândido Câmara, s/ nº. Para maiores infor-mações, o telefone é o 3422-7997.

conheça e reconheça a Academia e possa usufruir dos seus co-nhecimentos”.

Quando o assunto é a imortalidade, Heleninha coloca que “somos o que pensamos. Nós morremos, mas nossa criação espiritual, ideias e obras são eternas”. Para o escritor e presiden-te, “não deixa de ser um pedestal, mas apoiado firmemente em todas as camadas sociais”. Segundo ele, a importância mesmo está no fomento à preservação da língua pátria, à literatura e ao

incentivo à leitura e à impressão de livros. “Para mim, a ADL re-presenta uma entidade cultural da maior importância para o mu-nicípio, mas que, infelizmente, ainda é pouco conhecida. Acho que cada escritor é um universo literário tão interessante que cada um acaba se tornando uma academia pessoal, capaz de representar sua entidade a qualquer momento e em qualquer lugar. Valeria a pena conhecer essas individualidades”, coloca Ibanhes.

y

Surgem novos imortais Curiosidades

Serviço

O processo de seleção

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Se o seu filho ainda não pratica natação, agora com a chegada do verão é um ótimo momento para ele aprender a nadar feito um peixinho. Até porque este

esporte é considerado um dos mais completos e não tem contraindicação. A criança pode começar suas primeiras brincadeiras aquáticas por volta dos seis meses de idade, ou quando ela se libertar das fraldas, daí o nome ‘Natação para Bebês’.

Mas, pais, não pensem que é muito cedo, porque toda criança adora água, como explica a educadora física e es-pecialista em natação e atividades aquáticas, Andyara Frei-tas. “São aulas que proporcionam aos bebês um ambiente rico em estímulos psicomotores, de prazer no meio líquido, auxiliando assim o desenvolvimento motor, afetivo e cog-nitivo”. É bom ressaltar que a natação também auxilia o desenvolvimento do pequeno, antes mesmo da criança dar

Caroline Oliveira

Os pequenos podem se tornar peixinhos a partir dos seis meses de vida. Os benefícios vão desde o desenvolvimento da coordenação motora até a prevenção de doenças respiratórias

antes, melhorQuantoNatação

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seus primeiros passos fora d’água.Para atrair e entreter, a aula conta com a ajuda de

artifícios, como, por exemplo, a utilização de diversos brinquedos, de cores, formas e texturas diferentes. É necessária uma interação constante com os bebês, estimulando-os sempre a mergulhar. A reação? Cari-nhas felizes e risinhos tímidos, e pezinhos e mãozinhas inquietos esborrifando água para todos os lados.

Freitas afirma que são muitos os benefícios. “A na-tação para bebês é recomendada por uma série de fa-tores como saúde e bem-estar, já que eles estão adap-tados ao meio aquático desde o período da gestação. Mas, além disso, a criança tem melhoria na coordena-ção motora, na questão do equilíbrio. Oferece ainda amplitude articular, aumenta a resistência cardiorrespi-ratória, previne algumas doenças e o que as mamães mais gostam: tranquiliza o sono e estimula o apetite”.

Uma pesquisa realizada na Universidade São Paulo (USP) com bebês de até um ano de idade revelou que a natação mantém o reflexo natural e que os bebês que mamam no peito têm maior facilidade para blo-quear a respiração debaixo d’água.

Andyara conta ainda que “alguns pais questionam quando seu filho aprenderá a mergulhar ou quando irão nadar sozinhos. É preciso esclarecer que cada criança tem seu ritmo de aprendizado e de crescimen-to. Isso é individual. As aulas favorecem o desenvol-vimento em vários sentidos, sempre gradativamente”.

As aulas são realizadas de duas a três vezes por se-mana e, em média, 30 minutos, porque a capacidade de atenção da criança ainda é baixa e seu sistema ter-mo-regulador está em formação. O tempo é suficiente para que o bebê não sinta frio ou fique cansado. Os pais são grandes incentivadores e gostam de participar tirando fotos, fazendo filmagens dos pequenos e costu-mam ter curiosidade sobre a metodologia das aulas. “A participação dos pais é de extrema importância para a transmissão do afeto, apoio e segurança num ambiente novo para os bebês. Daí o estímulo social durante a natação”, diz a educadora física.

Especialistas afirmam que quanto mais cedo se ini-cia uma atividade física, maior a chance de continuar a prática do esporte quando adulto. Segundo o médico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBME), Antônio Claudio Lucas, “as crianças criam intimidade com os movimentos corporais e aca-bam pegando gosto pela prática de um esporte”.

Em Dourados, a prática da natação com bebês vem crescendo. “Temos um clima propício e a popu-lação está investindo cada vez mais no lazer e na me-lhoria da qualidade de vida”.

E os bebês só têm a ganhar. Além de unir benefí-cios físicos, psíquicos e sociais, proporciona momentos inesquecíveis entre os pais e os bebês. “Costumo di-zer aos pais que brincar no tapete da sala, no quintal e no parquinho tem seu valor, porém, acredito que na água a sensação seja mais agradável. Fomos gera-dos nela e os bebês possuem essa memória uterina quando imergem e brincam na água. Brincar em meio líquido dá um prazer enorme às crianças. Desde que com responsabilidade e comprometimento”, ressalta Andyara Freitas.

O bebê deve ser estimulado a se movimentar e sentir que tam-bém pode interagir com o meio. Flutuando de barriga para baixo, o controle da cervical é testado e estimulado, desenvolvendo a possibi-lidade de tirar o rosto da água para respirar quando desejar.

No entanto, ainda não é o momento de submergir com o bebê, apenas passear com o rosto próximo à superfície. Também é interes-sante que se estimule a mudança da posição (barriguinha para cima, barriguinha para baixo). Dependendo da idade do bebê.

Estimulado pelo acompanhante, ele irá ser incitado em soprar a água e os respingos que se dirigirão até seu rosto estimularão o refle-xo do mergulho. O rosto possui muitas terminações nervosas e para que seja imerso é necessário que o bebê sinta-se seguro e com estes receptores acostumados ao spray de água no rosto.

As aulas proporcionam aos bebês um ambiente rico

em estímulos, diz Andyara.

Mergulho abraçado com o professor próximo à superfície em uma pequena distância, que deverá ser aumentada com a capacidade do bebê.

O professor mergulha o bebê na direção do acompanhante e ele o recebe na superfície. Este exercício é o final da primeira fase no ensino da natação de bebês e serve para se classificar o nadador para o próximo nível. Distante cerca de um metro a um metro e meio, o instrutor pega embalo com o corpinho do bebê e o projeta em direção do acompanhante. y

NATAÇÃO PARA BEBÊS E SUAS FASES

Flutuação com o auxílio do acompanhante

Assoprar a água e aceitar os respingos

Mergulho acompanhado

Mergulho longo

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Maria Alice Otre

É impossível descrever em nú-meros o valor daquele bichi-nho de estimação que alegra

os dias das famílias em geral, e das crianças, em particular. Apesar de muitos animaizinhos serem com-prados e vendidos, seu valor co-mercial vai muito além, pois está completamente relacionado ao vínculo emocional que se cria en-tre o dono e o novo companhei-ro.

Cães, gatos, pássaros, tartaru-gas e peixinhos: esses são alguns tipos de animais de estimação que cada vez mais chegam para ocupar um lugar especial nas fa-mílias brasileiras. De acordo com a Associação Nacional dos Fabri-cantes de Alimentos para Animais de Estimação (Anfal-Pet), estima-se haver no Brasil 32 milhões de cães, 19,5 milhões de pássaros, 16 milhões de gatos, 7,5 milhões de peixes e dois milhões de ou-tros animais. Isso coloca o Brasil na posição de segundo maior na quantidade de animais domésti-cos, ficando atrás apenas dos Es-

tados Unidos. Esse panorama movimenta va-

lores surpreendentes no País. Se-gundo a Anfal-Pet, mais de cinco bilhões de reais foram gastos no ano passado, no Brasil, com ali-mentos para animais, aproximada-mente 64% do valor total gasto no segmento. Somados a esses valo-res, mais de 595 milhões de reais foram gastos com medicamentos veterinários e produtos para higie-ne e embelezamento, e mais de 818 milhões com equipamentos e acessórios nos Pet Shops do País. Os serviços giraram em torno de 1,9 bilhão de reais.

Cifras tão altas representam um mercado que cresce tanto quanto a qualidade e variedade dos produtos. Rações adaptadas à raça dos cães, sua mastigação e digestão, assim como alimen-tos para cães obesos, são bons exemplos das diferenciações oferecidas pelo mercado. Além deles, anticépticos bucais, tintu-ras para os pelos, biscoitos cani-nos, brinquedinhos, perfumes e

Acessórios, produtos e

serviços para animais de estimação

representam um mercado

promissor. Novidades

conquistam os donos que, muitas vezes, enxergam no pet, não mais

seu melhor amigo, mas seu único companheiro.

seu bichinho?Quanto vale

Economia

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outros cosméticos, tudo produzido especialmente para eles, dão mais vitalidade ao setor pet. E a tendência é só aumentar. Em 2004, segundo Flávia Natércia, em artigo publicado na Revista Inovação Uniemp, apenas 37% dos animais de estimação eram alimentados com produtos industria-lizados, o que dá uma ideia das possi-bilidades de expansão do setor.

Os Estados Unidos ainda estão na frente quando se fala neste mer-cado. Em julho deste ano, come-çou a operar a primeira companhia aérea para animais de estimação, a Pet Airways, que busca oferecer um transporte mais seguro e confortável para os animaizinhos, sendo que as passagens custam cerca de R$490. Algumas dessas novidades já chega-ram ao Brasil.

Dentre as tendências, uma das que vieram dos EUA já se consolida no Brasil. Rio de Janeiro e São Paulo

já possuem planos de saúde para os bichinhos. Os planos vão dos mais simples aos mais sofisticados, que oferecem cobertura de vários tipos de serviços como exames laborato-riais, cirurgias, internações, raios-X, ultrassom e assim por diante.

A perspectiva, em Dourados, é de que em breve os planos de saúde também comecem a funcionar. Ro-berta Sato, médica veterinária na ci-dade, garante que já está implantan-do em sua clínica essa possibilidade. “Estamos só aguardando a liberação da documentação”. Segundo ela, os planos de saúde custarão em média R$ 40,00 por mês, dependendo do porte do animal. Dentre as novida-des da clínica, uma chama a atenção dos apaixonados por cães: eles ofe-recem um serviço intitulado Pet Love Motel, em que os cachorros, cujos donos têm interesse na procriação, são cadastrados para o encontro

com outros cães da mesma raça. “Quando existe uma cadela no cio, ligamos para o dono do cachorro e, havendo o interesse no cruzamento de seu cãozinho, eles são trazidos para namorar aqui na clínica”, explica Roberta.

Tudo isso é resultado do quanto se investe no segmento em Dou-rados. De acordo com o Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul, existem aqui oito clínicas veterinárias regulariza-das. Sem contar os pet shops que não oferecem o suporte clínico, mas fazem banho, tosa e venda de acessórios. Em uma das clínicas ve-terinárias pela qual passei, deu para ter uma noção de quanto os donos investem em seus bichinhos. “Temos casos de clientes que chegam a gastar R$1.500,00 em um mês com con-sultas, medicamentos, alimentação, banho, tosa e

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acessórios”, garante Mari Rodrigues Portes, secretária de banho e tosa da clínica.

O que poderia ser considerado supérfluo por muitos, tem grande procura nesses locais. De kits para banho customizados com times de futebol a coleiras de couro trabalha-do, que chegam a custar R$50,00. Tudo chama a atenção dos donos mais vaidosos. “A minoria aqui con-sidera esses acessórios desnecessá-rios. Eles procuram sempre o que há de mais moderno para manter o visual do cão”, destaca Mari. Ou-tro ponto apresentado por ela, é que muitos desses animais ocupam o lugar dos filhos dos que ainda não os têm. “Todos os meses eles vêm comprar brinquedos e cuidar da car-teirinha de vacinação”, conta.

Tanto investimento e cumplici-dade com os animaizinhos faz com que a relação entre donos e animais seja repensada entre os estudiosos. A psicóloga Tatiane Araujo Corrêa desenvolveu, durante sua graduação, pesquisas e projetos sobre a relação ‘homem x animal’. Segundo ela, o convívio com os cães gera benefícios hoje mais que comprovados. “Nos últimos anos, os cientistas trouxeram à tona fartas evidências disso. Crian-ças que interagem com eles desen-volvem a coordenação motora e as habilidades socioemocionais mais rapidamente. Os idosos também ti-ram proveito desse relacionamento”, destaca. Porém, não só de benefícios sobrevive esse contato, garante a psi-cóloga. “Tem que se tomar cuidado

com a intensidade da relação e quan-do ela passa a ser única – excluindo o contato com os outros seres huma-nos –, isso a torna prejudicial”.

Tatiane aponta que muitas pes-soas encontram em seus animais de estimação amor, atenção, carinho e isso tudo sem ter que dar nada em troca. “Muitas vezes, o que é uma carência afetiva, acaba sendo suprida pelo animal e ele passa a ser tratado como se fosse um membro da famí-lia. Mas tudo isso depende das ne-cessidades psicológicas de cada um”, considera.

O resultado da afetividade aca-ba sendo sentido economicamente. “Eles resolvem retribuir de alguma forma os benefícios que o animal lhes proporciona e, com isso, inves-tem muito dinheiro em seu animal”, diz Tatiane.

Cleonice Cordeiro Barbosa, aos 47 anos, tem três filhos e um amor imenso por cachorros. Atualmente ela tem cinco animaizinhos em sua casa, e esse número chega a nove aos finais de semana, quando sua filha a visita e traz mais quatro cachorri-nhos. A relação com os animais do-mésticos, segundo ela, é de extrema cumplicidade. Filhos e marido tam-bém são fissurados por cachorros, e foi justamente com a filha mais nova que começou a paixão. “Quando mi-

nha filha tinha 10 anos, começamos a ter cachorros, ela adorava! Chega-mos a ter 23”, garante.

Nessa relação tão próxima, Cle-onice diz não medir esforços quando os cães precisam dela. Ela conta que num caso mais sério já chegou a gas-tar R$600 em um mês. Sem contar os esforços físicos. “Meu yorkshire caiu da cama e teve traumatismo craniano. Passamos uma noite toda tentando salvá-lo, fizemos até respi-ração boca a boca”, conta. Em casos de falecimento, a situação também se agrava. “Lidamos da pior maneira possível com a morte dos cachor-ros”, confessa Cleonice. “Não com-paro com a morte de um filho, mas é como se alguém muito próximo da família tivesse morrido. Eu e minha filha ficamos o dia todo chorando”.

Saber equilibrar o carinho e cui-dado com os bichinhos e suas reais necessidades é o grande ponto da discussão. Para a psicóloga, é preci-so estar atento aos valores que estão sendo atribuídos aos animais, já que eles mesmos podem ser prejudica-dos com a nova forma com que são tratados e com o que passa a ser exi-gido deles. “Quando se percebe ‘ser humano tratando animal como ser humano’ há um prejuízo grande para os lados envolvidos, inclusive para os próprios animais”, conclui Tatiane. y

Tatiane Araujo Corrêa

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Das lembranças da infância, dentre tantas coisas, que fi-cam, a ida e volta da escola são momentos marcantes e inesquecíveis. Quem não se lembra de contar os passos

até a escola? De ter que apertar o passo (ou ver o pai e mãe acelerarem!) porque estão atrasados? Quem não se lembra da preocupação por não ter feito a tarefa ou porque terá prova? Ou ainda, da sensação de ter a primeira aula daquela matéria que você não entende por nada? Situações simples e corriqueiras, que marcaram a vida escolar de cada criança, foram ausentes na infância de pelo menos 14 milhões de pessoas no País, que com mais de 15 anos ainda eram analfabetas em 2007, segundo o IBGE. Em Dourados, segundo dados do cartório eleitoral, apre-

sentados no plano de curso do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA), dos 128.512 votantes em 2008, 5.247 eram analfabetos, 19.187 são semianalfabetos (só leem e escrevem) e 47 mil eleitores têm o Ensino Fundamental incom-pleto. Somados esses dados, 55,6% dos votantes em Dourados são analfabetos, semianalfabetos ou têm o Ensino Fundamental incompleto, e apenas 10,9% têm o Ensino Médio concluído. Os números se agravam se considerarmos que, em uma cidade universitária, apenas 4,47% dos eleitores douradenses têm En-sino Superior completo. Esses dados, apresentados pela direto-ra do CEEJA, Audria Matos da Silva, não significam, porém, que a lembrança do caminho escolar nunca fará parte de suas vidas:

Maria Alice Otre

É horada

Vários motivos levam as crianças a abandonarem o ensino regular, porém, as necessidades do mercado de trabalho atual lhes apresentam novamente, quando

jovens e adultos, o caminho da sala de aula

Escola

EJA representam os desafios que os educadores têm pela frente.A cada ano, a taxa de jovens e adultos que voltam à escola

para retomar o tempo perdido tem aumentado. São pessoas de todas as idades – a partir dos 14 anos –, que por motivos diversos não tiveram a oportunidade de cursar o ensino regular, quando na idade escolar. O abandono da escola se dá por vá-rios motivos, garante Rosalina de Fátima Altrão Carvalho, vice-diretora do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA) em Dourados. “Dificuldades familiares que fazem com que os filhos trabalhem; sensação de que eram incapazes de aprender, reprova em várias séries que faz com que o aluno esteja com uma idade avançada em uma turma de faixa etária menor estão entre os principais problemas”, elenca.

Geni Fernandes Rodrigues, aos 76 anos, é a aluna mais “ex-periente” do CEEJA. Ela conta que não estudou quando criança porque as mulheres não tinham esse privilégio. “Meu pai dizia que menina mulher não precisava estudar, porque se aprendes-se a ler e escrever só ia ficar mandando carta para o namorado”. Quase 70 anos mais tarde, se considerarmos que aos sete ela já poderia começar a ser alfabetizada, dona Geni conseguirá ler

sua história nesta Revista. “Ela já consegue ler e escrever”, ga-rante a professora de Geni, Zunilda Oviedo Silveira, que destaca ainda o interesse que essa aluna mais que especial demonstra. “Ela é aplicada, muito interessada e o tempo todo me chama para saber se as atividades estão certas”.

Dona Geni conta que todos os dias se levanta bem cedo, arruma a casa, prepara o almoço e faz todo o serviço rapidinho para poder ir à escola. “Eu moro no Jardim Colibri e pego dois ônibus para chegar até o CEEJA e dois para voltar”. O que pode-ria ser um martírio para alguns, é motivo de alegria para ela. “Eu venho pra escola muito feliz, com a maior alegria! A tarde passa muito rápido e eu quase não vejo”, diz dona Geni, que volta para casa às 16h40 e ainda faz suas tarefas e trabalhos. Vermelha e com sorriso faceiro, ao ser questionada se a volta à escola é para escrever as tais cartas para o namorado, como antes dizia o pai dela, ela balança a cabeça negativamente e garante que é

para escrever cartas sim, mas para os filhos que moram longe. “Agora eu já consigo escrever pra eles, mas preciso conseguir o endereço certinho para mandar a carta e aí vai dar certo!”, diz. Com a ideia real do que significa estudar e aprender, a aluna mais velha do CEEJA confessa que se tivesse estudado antes, gostaria de ser professora de português.

Esse caminho, inclusive, foi seguido por vários ex-alunos do CEEJA. “Pelo menos três professores da escola atualmente são formados aqui”, destaca a diretora da escola. Uma delas, Ma-ria de Lourdes Gonçalves Ibanhez, atualmente faz doutorado na área de Letras e é professora efetiva da disciplina de inglês no Centro Estadual. Outros conhecidos douradenses também já passaram por lá, garante a equipe administrativa da escola. Dentre eles, a vereadora Délia Razuk, o vice-prefeito Carlinhos Cantor, tenentes, advogados e tantos outros que se destacaram na cidade.

As realidades que se cruzam no EJA são muitas. E da histó-ria da dona Geni passamos à de João Flávio Bonacina, que aos 18 anos de idade está concluindo o Ensino Médio no CEEJA e tem muitas vezes como colega de classe a aluna de 76 anos. O

motivo que levou João a procurar o CEEJA foi, entre outros, o fato de ter reprovado em algumas disciplinas do 3º ano do En-sino Médio por ter que trabalhar. Além disso, ele aponta como um dos grandes motivos por estar no Centro, gostar da forma atual de ensino e o fato de a escola permitir mais flexibilidade quanto aos horários. “Quem faz a instituição é o aluno”, garan-te. Ele destaca ainda que prefere o ensino mais individualizado. “Aqui você tem uma dúvida, você resolve com o professor. Na escola comum, as salas são grandes e a gente se distrai com as conversas”.

Faltando duas provas de matemática para concluir o Ensi-no Médio e fazendo, concomitantemente, cursinho no período noturno, Bonacini faz planos e destaca ter como meta cursar Agronomia. “Eu não gostava muito de estudar não, mas ago-ra penso diferente. Sei que preciso estudar para ser alguém na vida”, conclui.

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representam os desafios que os educadores têm pela frente.A cada ano, a taxa de jovens e adultos que voltam à escola

para retomar o tempo perdido tem aumentado. São pessoas de todas as idades – a partir dos 14 anos –, que por motivos diversos não tiveram a oportunidade de cursar o ensino regular, quando na idade escolar. O abandono da escola se dá por vá-rios motivos, garante Rosalina de Fátima Altrão Carvalho, vice-diretora do Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA) em Dourados. “Dificuldades familiares que fazem com que os filhos trabalhem; sensação de que eram incapazes de aprender, reprova em várias séries que faz com que o aluno esteja com uma idade avançada em uma turma de faixa etária menor estão entre os principais problemas”, elenca.

Geni Fernandes Rodrigues, aos 76 anos, é a aluna mais “ex-periente” do CEEJA. Ela conta que não estudou quando criança porque as mulheres não tinham esse privilégio. “Meu pai dizia que menina mulher não precisava estudar, porque se aprendes-se a ler e escrever só ia ficar mandando carta para o namorado”. Quase 70 anos mais tarde, se considerarmos que aos sete ela já poderia começar a ser alfabetizada, dona Geni conseguirá ler

sua história nesta Revista. “Ela já consegue ler e escrever”, ga-rante a professora de Geni, Zunilda Oviedo Silveira, que destaca ainda o interesse que essa aluna mais que especial demonstra. “Ela é aplicada, muito interessada e o tempo todo me chama para saber se as atividades estão certas”.

Dona Geni conta que todos os dias se levanta bem cedo, arruma a casa, prepara o almoço e faz todo o serviço rapidinho para poder ir à escola. “Eu moro no Jardim Colibri e pego dois ônibus para chegar até o CEEJA e dois para voltar”. O que pode-ria ser um martírio para alguns, é motivo de alegria para ela. “Eu venho pra escola muito feliz, com a maior alegria! A tarde passa muito rápido e eu quase não vejo”, diz dona Geni, que volta para casa às 16h40 e ainda faz suas tarefas e trabalhos. Vermelha e com sorriso faceiro, ao ser questionada se a volta à escola é para escrever as tais cartas para o namorado, como antes dizia o pai dela, ela balança a cabeça negativamente e garante que é

para escrever cartas sim, mas para os filhos que moram longe. “Agora eu já consigo escrever pra eles, mas preciso conseguir o endereço certinho para mandar a carta e aí vai dar certo!”, diz. Com a ideia real do que significa estudar e aprender, a aluna mais velha do CEEJA confessa que se tivesse estudado antes, gostaria de ser professora de português.

Esse caminho, inclusive, foi seguido por vários ex-alunos do CEEJA. “Pelo menos três professores da escola atualmente são formados aqui”, destaca a diretora da escola. Uma delas, Ma-ria de Lourdes Gonçalves Ibanhez, atualmente faz doutorado na área de Letras e é professora efetiva da disciplina de inglês no Centro Estadual. Outros conhecidos douradenses também já passaram por lá, garante a equipe administrativa da escola. Dentre eles, a vereadora Délia Razuk, o vice-prefeito Carlinhos Cantor, tenentes, advogados e tantos outros que se destacaram na cidade.

As realidades que se cruzam no EJA são muitas. E da histó-ria da dona Geni passamos à de João Flávio Bonacina, que aos 18 anos de idade está concluindo o Ensino Médio no CEEJA e tem muitas vezes como colega de classe a aluna de 76 anos. O

motivo que levou João a procurar o CEEJA foi, entre outros, o fato de ter reprovado em algumas disciplinas do 3º ano do En-sino Médio por ter que trabalhar. Além disso, ele aponta como um dos grandes motivos por estar no Centro, gostar da forma atual de ensino e o fato de a escola permitir mais flexibilidade quanto aos horários. “Quem faz a instituição é o aluno”, garan-te. Ele destaca ainda que prefere o ensino mais individualizado. “Aqui você tem uma dúvida, você resolve com o professor. Na escola comum, as salas são grandes e a gente se distrai com as conversas”.

Faltando duas provas de matemática para concluir o Ensi-no Médio e fazendo, concomitantemente, cursinho no período noturno, Bonacini faz planos e destaca ter como meta cursar Agronomia. “Eu não gostava muito de estudar não, mas ago-ra penso diferente. Sei que preciso estudar para ser alguém na vida”, conclui.

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Tendo início em 1984, como Centro de Estudos Supletivos, o CEEJA funcionava em uma sala na Escola Presidente Vargas, atendendo cerca de 40 alunos. Contando atualmente com qua-se 2.500 alunos, a escola oferece o Ensino Fundamental, séries iniciais (1º ao 5º ano), fase final (6º ao 9º ano), Ensino Médio e uma sala para alunos especiais. Na fala de Audria Matos da Silva (diretora), Áurea Freitas (coordenadora) e Rosalina de Fátima Altrão Carvalho (vice-diretora), porém, todos os alunos pare-cem ser muito especiais.

Com uma metodologia inclusiva, segundo a equipe admi-nistrativa da escola, o Centro acolhe atualmente 18 deficientes auditivos, um deficiente físico, um deficiente visual, dois deficien-tes intelectuais e uma pessoa com múltiplas deficiências. Mas a inclusão não está relacionada apenas a essas realidades. No ba-te-papo com a equipe administrativa da escola, o objetivo é que todos os alunos sintam-se capazes e participantes e, a partir daí, encontrem ânimo para finalizarem seus estudos. “Eles chegam aqui com a necessidade de contarem suas histórias muitas vezes para justificarem porque não puderam estudar antes”, destaca Áurea. Segundo elas, alguns dizem que não vão conseguir, ou-tros que querem fazer uma Universidade, outros precisam estu-dar para não perder o emprego e assim por diante. Mexer com a autoestima deles é o primeiro passo para que retomem os estudos, e é justamente isso que elas apontam de mais positivo. “Eu percebo claramente o resgate da autoestima e a valorização pela qual eles passam. Uma aluna só queria aprender a ler para ler a Bíblia e a gente vê que o que eles conseguem é o melhor da vida deles”, diz emocionada a diretora.

Com uma metodologia diferenciada, o Centro permite que o aluno se matricule em disciplinas e faça uma trajetória individu-al de estudos, podendo estudar em casa e tirar dúvidas com os professores individualmente ou assistir às aulas em qualquer pe-ríodo e com o professor que tiver mais afinidade. As avaliações, sim, são realizadas obrigatoriamente na escola. “O ambiente onde o aluno vai estudar não importa, o que vai produzir e aprender é o mais importante”, enfatiza a coordenadora. Nessa metodologia, o aluno pode finalizar o Ensino Médio em menos

de um ano, vai depender de seu esforço de estudo. Também, segundo elas, não existe desistência, já que a matrícula é por disciplinas. “A qualquer momento o aluno pode retomar a dis-ciplina ou começar outra. O que ele fez, ele nunca perde, por isso não temos como avaliar a desistência. Eles sempre voltam, cada um no seu tempo”, destacam.

Outro ponto importante de se destacar para os interessados em voltar à escola, é o fato de que o material é preparado pelos professores de acordo com as necessidades de cada aluno. “Fa-zemos a relação conteúdo e vivência e isso faz com que o aluno aprenda mais”, comenta Áurea.

Jovens e adultos de Dourados e região, interessados em percorrer novamente o caminho da escola, devem procurar o Centro Estadual em Dourados ou Campo Grande. Atualmente, 250 alunos estão na lista de espera, aguardando a aprovação do novo plano de curso que é analisado de quatro em quatro anos. De 2006 até março de 2009, o CEEJA formou 650 jovens e adultos entre Ensino Médio e Fundamental, e isso é considera-do uma vitória para elas. Questionada sobre a possibilidade de que a EJA acabe um dia, já que os governos têm incentivado o fim do abandono escolar na infância e o fim do analfabetismo, a coordenadora Áurea Freitas destaca que o Brasil é formado por diversas regiões. “A nossa região ainda precisa muito do EJA”, finaliza. y

Diversas realidades se encontram na educação de jovens e adultos.

CEEJA

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Maria Alice Otre

O medo da H1N1, que se in-tensificou em julho e agosto deste ano, trouxe à tona, prin-

cipalmente no Mato Grosso do Sul, a discussão sobre as potencialidades dos medicamentos homeopáticos, já que dentre outras cidades, Campo Grande e Ponta Porã distribuíram a homeopatia com o objetivo de prevenir a popula-ção do vírus, melhorando a imunidade contra a nova gripe.

Criada há mais de 200 anos na Alemanha, e presente no Brasil desde 1840, essa especialidade médica que atua pelo princípio da semelhança ain-da levanta muitas discussões sobre seus efeitos e comprovação de resultados: pacientes e médicos dividem opiniões sobre a eficácia dos tratamentos e da metodologia utilizada pela homeopatia.

Quando se fala em princípio dos semelhantes, é preciso que fique claro que a homeopatia significa “semelhante à doença”. Como dizia seu fundador, o alemão Hahnemann, “a febre cura a febre”.

Ailton Salviano, coordenador do Centro Homeopático de Dourados, explica que a filosofia da homeopatia é baseada na experimentação, o que ele chama de medicina da evidência.

Segundo ele, a comprovação se dá a partir do momento em que se expe-rimenta no homem sadio alguma subs-tância, diluída e dinamizada, e percebe-se que aquele medicamento causou algumas reações, por exemplo, dor de cabeça e irritabilidade. Dessa forma, de maneira simplificada para a compreen-são, quando algum paciente procurar o homeopata com dor de cabeça e irritação, aquele medicamento será uti-lizado, já que o que causa o problema no homem sadio pode curar a mesma doença no homem doente.

O importante de se destacar, se-gundo Salviano, é que a homeopatia não busca agir em uma doença específi-ca, mas no equilíbrio do ser humano, o que eles denominam de visão holística, ou seja, corpo e mente sendo curados ao mesmo tempo, a partir do fortaleci-mento de sua energia vital. “Você trata do ser como um todo. As pessoas, na maioria, procuram quando estão doen-tes, mas ao tratar uma doença, você já está prevenindo-a, porque está equili-brando a energia vital e com isso, fa-zendo a prevenção doutras doenças”.

Dentro do que se considera mé-todo de experimentação, ou método científico vigente, Dr. Salviano aponta

que não existe a comprovação da ho-meopatia, já que ela se dá por meio da evidência e do grupo de controle. “Você dá o remédio para uma pessoa e vê que ela tem sintomas. A pessoa rea-ge ao remédio da homeopatia e essa é a comprovação”.

É justamente quanto à comprova-ção científica que as opiniões se divi-dem. Luiz Alexandre B. Farage, médico geriatra e clínico, afirma não ter nada contra a homeopatia, porém, relata não acreditar em seus princípios. “Até hoje ninguém conseguiu me explicar de forma convincente como ela funciona”, diz.

Para o médico, “aura e corpo ener-gético” são mais religião do que ciência. “Não vejo a possibilidade de misturar religião e ciência. Desde que tome o meu remédio, pode tomar chazinho, homeopatia, procurar outras formas de cura, o que quiser, até porque as respostas às doenças têm a ver com a imunidade. Desde que você acredite nessas outras coisas, funciona”, aponta.

Em texto divulgado na internet pelo Dr. Takeshi Matsubara, homeopata em Dourados, ele destaca: “O fato é que os pacientes melhoraram, não precisa-ram mais tomar remédios aos montes,

Mais que

de açúcarApesar de suscitar discussões quanto à comprovação científi ca da homeopatia, essa especialidade tem alcançado cada vez mais adeptos que apostam em seus benefícios

BOLINHAS

Homeopatia

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Desde maio de 1991, a cidade de Dourados possui o pri-meiro Centro Homeopático público do País a oferecer apenas essa especialidade de tratamento. Criado no governo de Brás Melo, o Centro encontrou no Dr. Archiduque Fernandes um dos grandes impulsionadores da homeopatia na cidade.

A média de atendimentos realizados atualmente tem sido de 500 pacientes por mês, sendo que esse número já chegou a 1.000. De acordo com o coordenador do Centro Homeo-pático de Dourados, Dr. Ailton Salviano, a redução no núme-ro de atendimentos se deu porque alguns homeopatas foram realocados para outras funções e não foi reposto o número de médicos. Hoje em dia, o Centro funciona com dois home-opatas que atendem adultos, dois pediatras e uma psicóloga.

A característica que fez do Centro o primeiro do País, de alguma forma, se perdeu, já que, além do atendimento homeopático, existe um setor do Centro reservado para a

realização de perícias médicas, pois o local é grande e estava subaproveitado. De acordo com o Dr. Salviano, novos proje-tos estão sendo pensados para o local. “Faz parte dos nossos projetos oferecer aqui também fitoterapia e acupuntura com atendimento pelo SUS”.

Conhecedor da homeopatia e após ter vivenciado na prá-tica seus resultados, Dr. Salviano diz se sentir muito satisfeito ao ver a evolução dos pacientes. “O resultado surpreende até a gente”, comenta.

Para ele, vários são os fatores de se apostar ainda mais no Centro, pois além de os remédios homeopáticos não terem reações colaterais, o remédio tem um baixo custo para o pa-ciente, tornando-se assim mais acessível. “O Centro deve ser mais incentivado, pois além de tudo, ainda é mais econômico para o poder público”, destaca o médico.

as crianças com asma não precisaram mais tomar corticoides, fazer inalações de madrugada, as infecções de garganta sararam sem nenhuma injeção, antibióticos ou anti-inflamatório, somen-te tomando aquelas “bolinhas de açúcar”.

Autointitulado um alopata convicto, Dr. Luiz Alexandre critica o fato de alguns homeopatas serem contra a vacinação. Em Dourados, Dr. Antônio Jajah Nogueira, homeopata, desta-ca que a vacinação se choca com os princípios da homeopatia, porém, a opção é dos pacientes. “Tem famílias que seguem a homeopatia desde o início, optam por não fazer a vacinação e as crianças nunca tiveram problema algum. Eu, porém, não proíbo nem contraindico a vacinação”.

Apesar da discussão entre filosofias diferentes da homeopa-tia e alopatia, o objetivo final deve ser o ser humano sadio. Isso é o que garante o responsável pelo Centro Homeopático de Dourados, Dr. Ailton Salviano. “A vida está em primeiro lugar e o limite entre as duas abordagens é esse”. Em sua visão, o médico acredita que a homeopatia só não cura casos que forem cirúrgicos, ou seja, casos que a alopatia também não cura. O importante para o homeopata, porém, é que seja encontrado o remédio certo para aquele indivíduo.

Cristine Medeiros, mãe de dois filhos – Gabriel, de 21 anos e Louise, de 12 – faz a experiência das duas formas de tratamen-to com os filhos. Ela conta que o filho mais velho sempre foi tra-tado com alopatia, mas desde que a irmã nasceu e passou a ser tratada com homeopatia, ele também a utiliza, principalmente para infecção de garganta. A mãe diz não ser homeopata radi-cal e destaca que, quando precisa de uma resposta mais rápida do organismo, os próprios médicos prescrevem a alopatia. “A Louise sempre responde melhor à homeopatia”, garante Cris-tine. “Uma vez a tratei por duas semanas de uma infecção de garganta com alopatia, sem resultados. Numa consulta com o homeopata, na segunda dose, o problema havia sido resolvido. Pode-se pensar que os remédios estavam no prazo de come-çar a reverter o processo, mas com ela, a homeopatia funciona também no psicológico: ir ao homeopata (em quem ela tem confiança) traz resultados sempre mais efetivos”, aponta.

Além dos filhos, ela mesma faz uso de remédios homeopá-ticos. “É incrível o resultado. Já evolui bastante no tratamento da rinite com produtos homeopáticos e, no caso da enxaqueca, o resultado tem sido muito positivo. Há um ano faço o tratamento

e nesse período a enxaqueca só volta quando descuido do me-dicamento, que é diário”, ressalta Cristine.

O fato é que essa especialidade médica vem a cada ano atraindo mais pessoas. Em uma farmácia de Dourados, que trabalha com esse tipo de medicamento há cerca de 10 anos, foi verificado um aumento de 15% na manipulação de remé-dios homeopáticos, de 2008 para 2009. No período do surto de H1N1, porém, a farmacêutica Marcela Campos Pedrozo relatou que o aumento chegou a 150%. “As pessoas que se adaptam bem à homeopatia acabam optando por essa forma de tratamento”, diz ela. Certamente, o fato de não ter efeitos colaterais é um grande aliado dessa especialidade. “Não sou ra-dical, mas dou sempre preferência à homeopatia que considero menos invasiva ao organismo”, conclui a mãe do Gabriel e da Louise. Mais uma vez, o limite entre as duas abordagens passa a ser a vida e a saúde de quem se ama.

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Dr. Ailton Salviano - Coodenador do Centro Homeopático de Dourados

Centro Homeopático de Dourados

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Em outubro deste ano, Dourados sediou mais uma vez o Festival Gaúcho de Arte e Folclore de

Mato Grosso do Sul (Fegams), en-contro que reúne os Centros de Tra-dição Gaúcha (CTG) do Estado, onde acontecem provas artísticas, esporti-vas e campeiras, todas ligadas à arte e ao tradicionalismo gaúcho. Em sua 20ª edição e pela ter-ceira vez no município, o Fe-gams reuniu em 2009 mais de cinco mil pessoas, superando as expectativas da organização do evento.

Atenta às apresentações das danças tradicionais, minhas favoritas, eu, como prenda atuante do CTG Querência do Sul durante 10 anos, fiquei me indagando sobre o motivo de tantas pessoas – crianças, jovens, adultos – estarem en-volvidas numa cultura que não é do nosso Estado, sequer de muitas famílias que ali estavam presentes, afinal, o que move aquela gente a cultivar a tradi-ção gaúcha?

E a resposta não é bairris-ta, e nem glorifica tal cultura, pelo contrário. O que faz essas pessoas seguirem esse tradicionalismo é a busca de satisfação para elas mesmas, é o desejo daqueles indivíduos pertecerem a um grupo cultu-ral, sabendo que, ao mesmo tempo que ajudam a manter uma cul-tura, estão criando suas próprias raí-zes, suas identidades, como homens, como famílias, como comunidade.

Parabéns aos que buscam essa identidade, acredito que assim cons-truiremos uma sociedade mais orga-nizada, mais responsável. Não de-fendo apenas aqueles que cultivam a tradição gaúcha, mas todos os que se interessam por ter uma cultura, seja ela nordestina, japonesa, italiana, alemã, indígena, e aprender com ela, preservando seus ensinamentos.

Para cultivar uma tradição não precisamos nascer em determinado local, vivenciar práticas de uma cultu-ra não tem haver com barreiras geo-

gráficas, tem haver com sentimento, com identificação e satisfação pessoal. Trata-se de identificar as práticas de uma cultura como próprias do indiví-duo.

Por exemplo, nos CTGs somos uma família, aprendemos a respeitar mais velhos, o próximo, a crescer em grupos, a trabalhar por um ideal, a ser parte de uma sociedade. Práticas que

cada vez são mais escassas nessa sociedade midiatizada e individualista, onde o indi-víduo não tem ligação com o outro, se limita a computado-res, celulares e aparelhos de TV.

Não meus queridos, não sou contra a midiatização, muito menos contra os avan-ços tecnológicos, como uma jornalista diplomada, pesqui-sadora dos meios de comuni-cação, não serei hipócrita de criticar aquilo que eu mesma estudo e acompanho. Mas o que defendo é a valorização das culturas, a valorização de práticas que incluam os indiví-duos em movimentos sociais, onde eles possam ser ativos, criar, organizar, e não apenas consumidores passivos.

Independente de qual cul-tura seguir, precisamos hoje parar um pouco e observar o que foi feito no passado, como se davam as relações entre pessoas, e não entre máquinas. Participar, incluir.

Isso é o que devemos fazer se quiser-mos ter uma sociedade melhor, onde adultos, jovens e crianças saibam o valor de construir. y

Bruna Teló, Jornalista

como processo de

inclusãoA cultura

Artigo

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Cerca de cinco milhões de jovens se preparam neste ano para o vestibular e, em 2010, aproxi-

madamente 1,5 milhão conseguirão in-gressar numa universidade. Período difícil na vida de todo adolescente (e de suas famílias!), a época pré-vestibular é marca-da por ansiedade, dúvida quanto à esco-lha profissional e, mais do que isso, pela competição de vagas nas universidades mais conceituadas. Dados revelados pelo Censo da Educação Superior 2007, rea-lizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), trazem um comparativo entre os anos de 2006 e 2007 e revelam uma queda na ofer-ta de vagas nas universidades estaduais. Por outro lado, as federais apresentam um aumento considerável: com relação a 2008, os cursos de graduação das uni-versidades federais ganharam mais de 44 mil vagas.

Esses dados não diminuem a pres-

são e a competição que os jovens têm enfrentado para chegar ao tão sonhado Ensino Superior. Isso é o que garante João Bosco Rocha Guimarães, diretor pedagógico de uma escola de Dourados que oferece cursos pré-vestibulares. Se-gundo ele, o aumento no número de va-gas das universidades registrado no País, a princípio, fez com que diminuísse a pro-cura pelos cursinhos, porém, a situação já começou a mudar. “O mercado está saturado e os jovens perceberam que só os que fizeram um curso universitário de qualidade conseguem emprego”. Com essa inversão, os pré-vestibulares recu-peram os alunos ávidos por atingirem objetivos bem definidos, outros nem tão definidos assim.

De acordo com o diretor pedagógico, os pré-vestibulandos encontram grandes desafios no 3º ano do Ensino Médio e no curso preparatório. Um deles é a escolha de qual carreira seguir. Apesar de a maio-

ria já ter prestado vestibular durante o 3º ano, a resposta do “que vou ser quando crescer” ainda parece muito insegura. Além disso, a diversidade dos processos seletivos também pode ser um obstáculo, já que os alunos precisam treinar para fa-zer vários tipos de provas, com diferentes abordagens dos conteúdos estudados.

Nessa nova caminhada rumo à uni-versidade, Bosco apresenta algumas considerações tiradas da observação dos alunos. Primeiramente, quando muitos deles chegam ao cursinho, se assustam. “Percebem que não se dedicaram o sufi-ciente durante a vida escolar e perderam a oportunidade de aprender”. A organi-zação do estudo também é uma barrei-ra a ser superada. A palavra de ordem, que muitas vezes é temida pelos jovens e adolescentes, é disciplina. “Tem-se pou-co tempo e muita coisa para estudar”, lembra o professor. Para isso, precisam organizar um cronograma de estudos e

Maria Alice Otre e Caroline Oliveira

Mais do que encarar o processo seletivo para entrar numa universidade, os jovens precisam lidar com a cobrança, a competitividade do mercado e com a

decisão de qual carreira seguir

O desafi o de crescerPré-vestibular

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realizar o planejamento do tempo.Dentre as sensações possibilitadas

por esse ambiente escolar, uma delas é a de que “você não está sozinho nessa”. Para Felipe Borelli, que faz pela primeira vez um cursinho pré-vestibular, existem dois tipos de alunos nessas instituições: um que enxerga os colegas como ad-versários e colocam como objetivo superá-los e os que estudam para si mesmos, numa tentativa constante de autossuperação. “Eu estudo pra mim”, garante Borelli, que tem na sala vários amigos que, como ele, também que-rem fazer Medicina.

E não é só em escolas particulares que os jovens e adolescentes têm a op-ção de se aprimorar. Uma universidade pública de Dourados mantém há mais de 10 anos um curso pré-vestibular para dar oportunidade a alunos de to-dos os perfis. O curso, que a princípio era administrado pelos próprios alunos da Universidade, atualmente é de res-ponsabilidade da Instituição. Oferece aulas no período vespertino e noturno a um custo de R$ 80,00, ou aos finais de semana (R$ 50,00) para cobrir os gastos com o material didático e com alguns professores contratados.

Segundo o coordenador do cursi-nho, prof. Ângelo Luís de Lima Tetília, os alunos que fazem parte da prepara-ção atingem de 70 a 80% de aprova-ção, entre universidades públicas e par-ticulares. Ele destaca que a preferência é pelos cursos de Medicina, Direito, Agronomia e Administração. UFGD, UEMS e UFMS são as universidades mais procuradas. “Como o perfil aten-de um público mais carente, geralmen-te eles optam por ficar no Estado mes-mo”, aponta o professor.

Independente do cursinho que o aluno está fazendo ou da faculdade que ele pretende cursar, o clima de compe-tição e cobranças atinge todos os pré-vestibulandos e o equilíbrio emocional nesse momento conta muito. Vale lembrar que a proximidade das provas agrava ainda mais essa situação. Em suas considerações, o prof. Bosco conta que é comum ter alunos que sabem o con-teúdo, treinaram o tipo da prova que estão prestando, mas não conseguem passar devido ao nervosismo. Para ten-tar evitar que o desempenho do aluno seja prejudicado por esse fator, pais e escolas precisam estar atentos. Ao per-ceberem que o problema merece mais atenção, é indicado acompanhamento médico ou psicológico.

A novidade tão falada durante todo o ano, que inclusive já deu ‘pano pra manga’, é a utilização do Exame Na-cional do Ensino Médio (Enem) como porta de entrada para as universidades. Como seu emprego não está padroni-zado, as universidades estão optando sobre como e se vão utilizá-lo.

O fato é que o Enem traz um estilo diferente de provas. Apesar de trazer questões objetivas, de múltipla escolha, requer uma habilidade interpretativa e interdisciplinar maior do que a maioria dos vestibulares, já que em sua estrutu-ra não está clara se a pergunta se refere à geografia, história ou literatura, por exemplo.

Para lidar com essa nova realidade, escolas e alunos estão precisando se adequar. Um dos colégios particulares de Dourados ofereceu, no segundo se-mestre, um curso pró-Enem. Aberto a alunos do Ensino Médio (2º e 3º) em geral, o curso foi focado no Exame e atraiu mais de 50 alunos. Um dos co-ordenadores do curso pró-Enem, o

professor Márcio Jorge Manuel Pinto, destacou como principal nessa abor-dagem o caráter interdisciplinar que acompanhou todo o curso. “Tínhamos um plano de conteúdos casados. Pro-fessores de diversas disciplinas falando de um mesmo tema, mas puxando pra sua matéria”.

Para favorecer a mudança de para-digmas do tipo de provas que os alunos estavam acostumados, o curso explora disciplinas como lógica matemática, re-dação e interpretação, pois, de acordo com o coordenador, muitas questões de física e química, por exemplo, exi-gem esse tipo de raciocínio, além dos conteúdos específicos das disciplinas. O mesmo acontece com questões de áreas biológicas, humanas e exatas, que priorizam cada vez mais a interpretação do enunciado, gráficos e dados apre-sentados.

Dentre os alunos que fizeram a preparação para o Exame, os cursos de Medicina, Veterinária, Agronomia e Nutrição eram os mais procurados.

Novos cenários, novas adaptações

Disciplina e sacrifícios quanto à rotina de baladas e passeios de um adoles-cente comum passam a ser o diferencial para os jovens que definem como objetivo fazer “aquele” curso, “naquela” univer-sidade. Para ficarmos por dentro do dia a dia dessa galera que rala pra chegar lá, a Haley acompanhou um pouco da realidade de alguns desses pré-vestibu-landos.

RAIO-X

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Ele tem 15 anos de idade e ainda está no 2º ano do Ensino Médio, mas já sabe qual curso irá prestar no vesti-bular: Medicina. Tanta certeza fez com que Fernando Sumita começasse logo tão cedo a fazer um cursinho pré-ves-tibular.

“Por iniciativa própria, optei pelo cursinho, pois quero estar bem pre-parado para o ano que vem, quando, realmente, irei prestar o vestibular. E se necessário, continuar o cursinho no 3º ano, não irei medir esforços”, diz o estudante.

Sumita conta que sua rotina de es-tudo é puxada. Fora as atividades esco-lares do ano letivo, ele destina quatro horas do seu dia para estudar para o vestibular. “Não me considero um alu-no estudioso, mas sim esforçado e que tem um objetivo, passar no curso de Medicina”.

Tanto esforço e dedicação fazem com que ele colha os frutos. Fernan-

do é um dos melhores alunos de onde estuda. No último simulado realizado pelo sistema COC de Ensino, ele ob-teve 97% de aproveitamento, estando entre os 4% dos melhores do País.

Mas ele vê tudo isso apenas como consequência dos estudos. “O cursinho faz com que eu me acostume com os tipos de perguntas mais frequentes no vestibular, os professores também vão dando dicas e macetes, inclusive, para o novo Enem. Isso faz com que meu raciocínio melhore e o resultado vem com as notas”.

O jovem estudante conta ainda que os amigos sempre o procuram quando têm dúvidas em alguma matéria. “Eu não sinto nenhum preconceito por parte dos meus amigos e nem escuto piadinhas como ‘o Fernando estudioso, ou CDF’, pelo contrário, muitos me procuram quando têm dúvidas e pe-dem orientação”.

Por duas vezes Tatiene Zenni, de 21 anos de idade, já fez o cursinho prepara-tório. Por isso, ela conhece muito bem a rotina de estudos. “Já passei várias vezes no vestibular, mas nunca na minha pri-meira opção: Oceanografia e enquanto não conseguir, não vou parar de tentar, porque eu acredito que a gente tem que fazer o que gosta, senão não vale a pena”, afirma.

Por ter uma ‘certa’ experiência, a jo-vem diz que sente diferença das outras vezes que já fez o cursinho. “Sinto que amadureci bastante e, hoje, tenho consci-ência de que tudo é questão de estudo e

determinação”.Ela conta que a sala no começo era

cheia de alunos com idades variadas, mas segundo ela, são poucos os que conti-nuam. “Aqui não é igual à escola que o professor fica chamando atenção ou pe-dindo silêncio. Tudo parte do interesse do aluno, dele saber o porquê de estar aqui, talvez isso seja um dos motivos que muitos desistem”.

Tatiene participa de um cursinho pré-vestibular oferecido por uma universidade pública de Dourados. “As aulas são moti-vadoras e os professores são os acadêmi-cos da instituição, então eles sabem como é lidar com toda essa pressão, porque eles já passaram por isso. É muito interes-sante essa troca”.

Quando está em casa, nada de televi-são, tereré ou baladinhas com os amigos. Para a jovem, os companheiros nessas horas são os livros. “Eu e mais uma colega estudamos juntas. Buscamos simulados na internet, provas passadas de vestibula-res e refazemos. Quando temos dúvidas, procuramos em livros ou apostilas e se, mesmo assim, não conseguimos, levo a questão até o professor do cursinho para ele me ajudar”.

Em casa, a pré-vestibulanda estuda cerca de cinco horas por dia. Folga? Só aos finais de semana. “Tenho certeza de que esse sacrifício irá valer à pena e quan-do estiver na universidade, poderei apro-veitar tudo com mais tranquilidade”.

Fernando Sumita

Tatiene Zenni

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“Quero fazer Medicina”, a resposta es-tava na ponta da língua de Ellen Dias, 18 anos de idade, quando perguntamos para ela qual curso iria prestar vestibular.

Apesar do jeito ainda moleca e da pouca idade, a jovem tem muita determi-nação com os estudos. “Isso vem desde pequena quando ainda estava na escola e tinha as tarefas e as atividades para fazer, claro que não era a melhor aluna da sala, mas sempre fechava minhas notas no 3º bimestre”.

E por sempre levar os estudos a sério, Helen tem consciência de que para passar em um dos cursos mais concorridos da cidade e também do País, toda prepara-ção é necessária. “As aulas são no período vespertino, então, quando estou em casa, procuro estudar e trazer apenas as dúvidas para as aulas. O legal é que os professores

preparam as aulas e fazem as explicações conforme o curso e qual instituição vamos prestar o vestibular, e isso ajuda muito”.

Helen diz que é difícil lidar com toda essa pressão e angústia que antecedem o vestibular. “A pior parte é, com certeza, antes da prova. É viver todo esse momen-to de preparação e fazer uma rotina, mui-tas vezes, puxada de estudos. Essa indeci-são de que ‘será que vou conseguir?’ é de deixar qualquer uma maluca”.

A dica que esta jovem estudante dá para aqueles que também pensam em entrar em uma universidade ou curso concorrido é “determinação, pois essa pa-lavrinha mágica resume todas as horas que passamos estudando, lendo, ou indo até o cursinho. Sem ela, você não consegue manter o objetivo e pode até desistir do que quer fazer”, diz a estudante.

E foi tentando entender um pouco mais como fica a cabeça desses pré-ves-tibulandos que nós, da Haley, procura-mos a psicóloga e especialista em orien-tação vocacional, Aletéia Ferruzzi, para poder explicar e ajudar esses estudantes a lidar com esse momento de decisão e por que não dizer, de pressão.

Segundo ela, o cursinho nada mais é que uma grande revisão de todo con-teúdo ministrado no Ensino Médio, as-sim, seu público-alvo varia desde estu-dantes que terminaram o 3º ano e não passaram no vestibular, como também aqueles que ainda estão cursando o mesmo. “Esse momento decisivo para os estudantes é muito complicado. Existe toda uma pressão da família e da escola, porque esse aluno, além de ter que passar no ano letivo, ainda tem que passar no vestibular. E não entrar em uma universidade significa para esses adolescentes um ano inteiro perdido de estudos”.

O fato é que muitos jovens estão entrando na universidade entre os 17 e 18 anos, o que mexe no psicológico deste aluno. “Na cabeça de um pré-vestibulando fica: ‘eu também não pos-so quebrar essa regra’. É por isso que alguns perdem a oportunidade de viver a adolescência por conta dessa cobran-ça. Não é errado estudar, mas tudo tem sua hora. É preciso fazer um pouco de esporte, lazer e atividades que rela-xem, e não explorar apenas o intelectu-al”, explica. Segundo ela, o ideal é fazer pausas a cada duas ou três horas para só

depois voltar a estudar. A dica de Aletéia é que os estudan-

tes devem fazer um planejamento de estudos. “Ninguém começa a estudar quatro ou cinco horas de uma vez. É necessário ter um planejamento desses horários. Esta primeira semana, eu es-tudo duas horas, semana que vem, três, e aumento gradativamente”

E quanto ao ‘não passar no vestibu-lar’, Ferruzi explica que é normal certa desmotivação. “Para aqueles alunos que fizeram o cursinho, mas não consegui-ram passar, ou aqueles que ficaram na lista de espera, sempre fica aquela sen-sação de ‘bateu na trave’, ‘se eu tivesse estudado mais um pouco’, ‘se eu não tivesse seguido minha intuição’, mas é nessa hora que o papel da família é muito importante, dando apoio, incen-tivando. Não é recomendado cobrar, porque esse aluno já está se autoco-brando”.

O alerta fica quando esses estudan-tes se fecham nessa etapa para os re-lacionamentos, tanto de amizade como amorosos. “Se perdem a vida social é sinal de que algo está errado e se isso acontece com um aluno que não pas-sou, é hora dos pais se preocuparem”. y

Ellen Dias

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O campo está cada vez mais equipado. As novas tecnologias surgem a cada dia para trazer aumento de produtividade, redução de custos e preservação do meio ambiente. As máquinas já não têm a cara do

passado, hoje possuem computador de bordo e sensores ligados a satélites. Além disso, adubos, sementes e agrotóxicos estão mais aprimorados e menos agressivos ao meio ambiente, melhorando o rendimento produtivo, já que se produz mais em uma menor área.

Um bom exemplo é o plantio direto. Um sistema diferenciado de mane-jo de solo, com o objetivo de diminuir o impacto da agricultura e máquinas sobre ele. Lucio Damalia, produtor rural e vice-presidente do Sindicato Rural de Dourados, utiliza o plantio há 32 anos, foi ele quem introduziu o manejo na região. “Quando começamos o plantio direto era uma novidade, éramos chamados de loucos. A ideia era simplesmente para conter a erosão, com o passar do tempo, vimos que era muito mais. Ele melhora a fertilidade do solo, a produtividade e se tornou uma agricultura sustentável”, afirma Damalia.

Na fazenda Boa Vista, onde é proprietário, são produzidas as culturas de soja e milho. O sistema é simples, a palha e os restos vegetais de outras culturas são mantidos na superfície do solo, garantindo uma cobertura contra possíveis danos. A terra é manipulada no momento do plantio, quando é aberto o sul-co e são depositadas as sementes e os fertilizantes. O produtor rural utiliza a branquearia na cobertura do solo. “A palhada de braquiária tem um efeito ale-lopático sobre as ervas daninhas e quanto à soja, ela tem um efeito contrário. É um benefício para a cultura de soja”, afirma.

Andressa Melo

Produtores buscam novas tecnologias para aumentar lucros e garantir a preservação do meio ambiente

O novoHOMEMdo campo

Tecnologia

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Os dados do censo agropecuário refletiram as mudanças da estrutura no campo, como a reestruturação da cadeia produtiva, a adoção de novas tecnologias e a maior profissionalização. O Esta-do possui o maior rebanho bovino do País, com 20,4 milhões de cabeças, seguido por Minas Gerais e Mato Grosso. Mato Grosso do Sul representa sozinho quase a totalidade de rebanhos do Sul (23,3 mi) e Nordeste (25,3 mi).

A estimativa, hoje, é de que cerca de 70% das propriedades façam o plantio direto no Brasil e que, destes, somente 15% atendam todos os requisitos necessários para ser considerado o sistema completo. O engenheiro agrônomo que trabalha com novas tec-nologias no campo, Leonardo de Souza Damalia, afirma que a técnica só agrega benefí-cios. “Você nota o solo com maior teor de matéria orgânica, um incremento de fertilidade, a área é mais resistente à seca, há menor incidência de erva daninha, menor incidência de doenças... São só benefícios, o problema é que a pessoa que usa tem que estar mais qualificada”.

Mas o brasileiro está sim se modernizando. Dados do censo agropecuário de 2006, divulgados no fim de setembro deste ano, mostram que a soja foi a cultura que mais se expandiu na última década, hoje são 15,6 milhões de hectares, um aumento de 69,3% na área colhida (desde o último censo 95/96). Houve um aumento de quase 90% na produção e grande parte dessa área pertence à região Centro-Oeste.

A pesquisa concluiu também que, com o objetivo de reduzir custos de produção, os produtores optaram pelo cultivo de soja transgênica, 46,4% dos estabelecimentos agro-pecuários utilizaram a semente modificada. Foi empregada também grande quantidade de semente certificada (44,6%), e em 96,8% da lavoura foi realizada a colheita totalmente mecanizada.

Os dados mostram ainda que um exemplo de benefício da tecnologia está na semente do milho. Com o desenvolvimento de novos híbridos, que respondem melhor à aduba-ção e são mais resistentes a pragas e doenças, o rendimento médio que era de 1.476 kg/ha em 1985, passou para 3.606 kg/ha em 2006, um crescimento de 144,3%. Segundo a pesquisa, um dos fatores para que isso acontecesse está, justamente, na necessidade de rotação de cultura com a soja, produzindo cobertura para o solo no sistema de plantio direto. Na última década, o milho teve grandes incrementos de produtividade (47,7%). No que diz respeito à tecnologia, verificou-se que 27,8% dos estabelecimentos utilizaram sementes certificadas e essas foram responsáveis por 77,1% da produção nacional. A colheita mecanizada foi feita em 8,8% das lavouras, responsáveis por 64% da produção no País.

Na lavoura, outra forma eficiente de baixar os custos está na agricultura de precisão, uma prática que utiliza a tecnologia da informação para mapear uma área e mostrar seus pontos de deficiência. “Quem nunca teve contato com a tecnologia não acredita que fun-ciona, mas é difícil quem testa e não gosta. Geralmente, quem vai começar, faz um talhão, dois talhões, mas em pouco tempo acaba indo para fazer a fazenda inteira. O custo cai bastante, porque o corretivo e os insumos são aplicados somente onde precisa mesmo”, explica o engenheiro agrônomo.

Engenheiro e produtor defendem o plantio direto

MS é destaque quando o assunto

é pecuária

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Um ponto que ainda impede a expan-são da tecnologia no campo é a resistên-cia por parte dos produtores. “A maioria dos produtores, enquanto não veem que a gente está tendo sucesso com a tec-nologia, tem uma resistência terrível. O plantio convencional é fácil, mas ao longo do tempo, vai degradando, ou seja, está levando a gente para o buraco”, afirma Lucio Damalia.

Com a tecnologia, surge a necessida-de da profissionalização. “É complicado, os conhecimentos são outros, e quando há um erro, é mais difícil para você corri-gir. Quanto mais tecnologia, mais técnico tem que ser o agricultor”, coloca o vice-presidente do Sindicato Rural de Doura-dos. “O risco compensa. Ou eu acompa-

nho, ou meu vizinho vai e eu fico pra trás. Na hora que a gente aprende a trabalhar, esse risco diminui. Parece até um parado-xo, mas eu tenho que trabalhar de uma maneira que aquela nova tecnologia vá me trazer benefícios”.

Para o agricultor, a mão de obra não chega a ser um problema. “É mais a falta da busca pelo conhecimento, a formação está por aí. E tem a tecnologia custo zero, que é regular a máquina, aplicar herbicida na dosagem e hora corretas, eu não te-nho que comprar equipamento, pra isso é só ter o conhecimento e aplicar”.

E não é só a estrutura do campo que está mudando, o posicionamento do ho-mem rural também precisa ser diferente. “Qualquer coisa que mereça o nome de

tecnologia, inovação tecnológica, subten-de-se que tenha um ganho de produtivi-dade. Nós temos que estar prontos para absorver”, afirma o produtor. “A agricul-tura é a que mais sente os impactos das mudanças climáticas, e você precisa agre-gar tecnologia para estar preparado para estas mudanças”.

“A pessoa que só planta e não cuida da administração, uma hora ou outra vai sair do mercado. A questão de proprie-dade rural acabou, agora é empresa rural e a pessoa que não se colocar desse jeito está fora do mercado”, conclui o enge-nheiro agrônomo Leonardo de Souza Damalia.y

A resistência à tecnologia

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Unindo tecnologia e empreendedorismo, a UNI-IMAGEM oferece para Dourados e Região serviços médi-cos em diagnósticos por imagem, contando com exames de Ressonância Magnética de Alto Campo (1.5 T), Tomografia Computadorizada, Ultrassonografia, Raios-X, Mamografia, Densitometria Óssea e Análises Clíni-cas.

A Ressonância Magnética de alto campo possibilita a ampliação da capacidade diagnóstica de diversas doen-ças, principalmente cerebrais, o que ajuda de forma importante a estabelecer o tratamento mais eficaz e determinar melhor qualidade de vida aos pacientes. Assim também acontece com a Mamografia na detecção precoce do câncer de mama, com a Densitometria Óssea na avaliação da perda de massa óssea, que pode levar a fraturas; com a Ultrassonografia e Tomografia Computadorizada que podem avaliar os vários sistemas do corpo com detalhes.

A medicina preventiva e o diagnóstico preciso são peças importantes para determinar a qualidade de vida dos pacientes, sendo os exames por imagem (“chek up” ou diagnósticos) um dos grandes responsáveis para que isso ocorra.

Colabore com a sua saúde tendo boas amizades, trabalhando de bem com a vida, tomando sol modera-damente, fazendo atividades físicas regulares, consultando seu médico periodicamente e principalmente tendo Deus na sua vida.

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“Pedrooo, devolve meu chiipppe-eee [...] devolve o que é meu, Pedroooo” / “Blado dablo da-

blo blado, ponto, iúii, iiúiiuu tubíu, ponto com, ponto be érre” / “Até o sanduíche-íche com seus vegetais folhosos-osos ajudam numa alimen-tação saudável-ável”...

Você já ouviu falar dessas frases citadas acima? Está achando tudo muito normal? Sim? Então, certa-mente você também conhece “Je-remias muito Louco”, “Beber, Cair, Levantar”, “Lilian Wite Fibe perde a linha”, “Silvio Santos e o bambu” e muitos outros vídeos postados no YouTube, maior site de arquivos de vídeo da internet.

Se você achou tudo muito estra-nho e não conhece esses bordões e

frases que já estão, há algum tempo, na boca do povo, bem-vindo ao mundo dos fenômenos da internet. Vídeos de diversos tipos e qualida-des, postados por internautas do mundo todo e que fazem sucesso no Brasil e no mundo afora.

Isso hoje é possível porque, com a criação do YouTube, qualquer in-ternauta passou a ter o poder de fa-zer um upload de um vídeo, ou seja, passá-lo do computador para a rede e, dessa maneira, disponibilizá-lo na internet para todos os internautas de plantão.

“O acesso fácil ao conteúdo de outros internautas e a disponibiliza-ção de conteúdo pessoal é um ca-minho para o sucesso instantâneo. É o que proporcionou essa reviravolta

Ellen Kotai

Vai encarar? Não são mais 15 minutos de fama ou um dia de glória. Em se tratando de YouTube, são milhares ou milhões de acessos diários em todo o mundo. O próximo a estar no foco pode ser você!

Na vitrinedo

Mundo

YouTube

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nos sites de relacionamento e de disponibilização de arquivos, como o YouTube”, garante Wagner Salazar, administrador de Redes da UEMS. Ele acrescenta ainda que o sucesso dessas redes acontece pelo fato de o conteúdo não mais ficar restrito a grupos, e poder alcançar a todos que estão na internet.

Esses tipos de sites virtualizam os processos palpáveis e di-namizam a comunicação entre as pessoas. É o que garante o professor de Tecnologia Educacional, Lourenço Alves da Silva Filho, também mestre em História pela UFGD. “Isso transfor-ma pessoas em sensações imediatas por causa da possibilida-de do acesso direto, o que antes não era possível acontecer”, enfatiza.

Muitos vídeos tomam proporções tão grandes entre os internautas que acabam por ser ainda mais explorados pela televisão, como o caso do vídeo ‘Fala, Sônia’, citado no início deste texto. Nele, a Sônia, personagem principal do vídeo, é filmada tentando falar o endereço www.youtube.com, porém, ela se enrola toda na dicção repetindo alguns sons engraçados e fazendo caretas para conseguir a pronúncia certa. Resultado disso? Sônia teve outros vídeos gravados e postados no mes-mo site e fez diversas participações num programa televisivo da Rede TV!

Dentre os mais acessados nos últimos tempos, encontra-se o vídeo “Devolve meu chip”, – também citado no início deste texto, e que há pouco tempo se transformou numa sensação. Nele, há uma mulher que, desesperadamente repete a frase, “Pedro, devolve meu chip”, durante cerca de cinco minutos. Até aí nada de engraçado, certo? Porém o tom e a gritaria da “atriz-anônima”, flagrada em total descontrole, passam a ser motivo de riso para quem assiste/ouve. Com mais de três mi-lhões de acessos, o vídeo foi postado pelo próprio vizinho do Pedro, e produzido por meio de um aparelho celular simples, após ser acordado com a ‘gritaria’. Resultado: Pedro foi parar nas telinhas para explicar a situação. Segundo ele, a mulher era uma ex-namorada que reivindicava o chip de seu celular de volta. Estranho? Mais que isso, o rapaz afirma que muitas pes-soas passam em frente à sua casa e repetem a mesma frase.

E se você ainda pensa que precisa ser muito bom e/ou ter muita qualidade para ser destaque de acessos no YouTube e até em manchetes de jornais, está enganado. Uma boa ideia no mundo virtual é sinônimo de ousadia, que o diga a Stephany que cantou uma música com o nome de um carro e, depois de tanto sucesso na internet, acabou ganhando um zero quilôme-tro no Caldeirão do Huck da Rede Globo.

A cidade de Dourados também não está fora dos grandes fenômenos da Internet. Recentemente, vimos pipocar pelo Brasil todo a divulgação de um videozinho saído das terras dou-radenses. Intitulado “Você lava ou limpa?”, e disponibilizado no YouTube, o vídeo mostra um trecho de uma palestra do Dr. Antônio Jajáh Nogueira, um tradicional médico da cidade que, usando da descontração com o público, explica a importância da higiene pessoal com palavras consideradas de baixo calão, mas muito usadas normalmente. Porém, o vídeo se tornou popular não só pela informação que trazia, mas principalmen-te pelo teor de humor na linguagem usada e na condução da palestra.

“Eu fiz uma palestra, como muitas que faço, chamada “Viva com vida”, que trata de como aproveitar a vida e ter qualidade, e uma empresa profissional de filmagem cobriu o evento. Foi então que alguém pegou um trecho da palestra e divulgou na internet”, explica Dr. Jajáh.

Para o médico, que se surpreende com o número de aces-sos, mais de 300 mil, o sucesso do vídeo foi muito importante

Wagner SalazarAdministrador de redes da UEMS

Lourenço Alves da Silva FillhoProfessor, de Tecnologia Educacional e Mestre em História pela UFGD

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para a divulgação do tipo de trabalho que re-aliza. “O importante disso tudo foi difundir a ideia de saúde, de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, relata, acreditando que o bom humor é importante até nessas horas.

Noticiando o sucesso do vídeo, alguns sites jornalísticos de Dourados se tornaram um canal a mais de divulgação, disponibili-zando o link de acesso. “No site em que tra-balho tem um quadro chamado “NaWeb”, onde colocamos vídeos interessantes de douradenses. Sabendo que corria esse ví-deo do Dr. Jajáh pelos e-mails do pessoal, procurei-o no YouTube, e assim que achei, coloquei no site”, afirma o jornalista Helton Costa. Segundo ele, a opção de postá-lo no site informativo é porque se tratava de um vídeo positivo, com informações interessan-tes e bem humoradas, conduzido por um professor que todo mundo gosta. “Nós ape-nas reproduzimos algo que já estava fazen-do sucesso e se espalhando naturalmente”, explica.

Entre os comentários de quem já viu o vídeo, diversas são as opiniões sobre a lin-guagem usada pelo médico-palestrante, porém, o que não se pode negar é que o teor de humor do vídeo arranca risos até dos mais carrancudos. O publicitário Adriano Castella não vê como positiva a linguagem usada pelo médico. “Na minha opinião, não foi eficaz, a palestra não passou de uma piada que, inclusive, eu ri bastante”, afirma. Já na opinião do estudante de Farmácia, Gabriel Medeiros, Dr. Jajáh, usando uma linguagem divertida, conseguiu transmitir a informação de higiene que queria (assunto não tão usual e nem tão fácil de ser tratado) e ainda fez muita gente dar risada. “Eu achei muito legal, me diverti bastante e acredito que as noções de higiene tratadas por ele são muito impor-tantes”, diz o estudante.

Dr. Jajáh passou a divulgar o vídeo no seu próprio site. Além disso, hoje existe um perfil no YouTube com postagens de outros materiais do médico. Como algumas “cele-bridades” imediatas, foi convidado a partici-par de um programa de televisão da Band para falar sobre seu trabalho, sua linguagem e o sucesso do vídeo, porém, devido ao choque de datas, ainda não foi possível fazer essa participação.

Com a facilidade de acesso a ferramentas como câmeras fotográficas digitais, celulares, mp5 e outros aparelhos eletrônicos que fa-zem fotografias e filmagens, instrumentos suficientes para uma ‘ótima’ postagem na in-ternet, fica fácil pegar alguém de surpresa ou pior, ser pego de surpresa! Portanto, fique atento e tome cuidado, porque de uma hora pra outra, você pode se transformar numa celebridade ou numa grande piada!

Trazemos aqui alguns sucessos do YouTube. Para encontrá-los, basta acessar o site www.youtube.com, colocar o nome do vídeo na área destinada à busca e clicar em “Pesquisar”. Vídeo encontrado. É só assistir!

• Dr. Jajáh “Você lava ou limpa?”

• Pedro, devolve meu chip;

• Fala, Sônia;

• Ruth Lemos “Sanduíche-iche” ;

• Eu sou Stephany no meu Cross Fox;

• Lilian Wite Fibe perde a linha;

• Jeremias muito louco;

• Lindomar, o Sub-zero brasileiro;

• Solange, a Gaga de Ilhéus;

• Silvio Santos e o bambu.

Serviço

y

Dr. JajáhMédico

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Qual o melhor lugar para se ter sucesso profissional? Um estu-do coordenado pelo professor

Moisés Balassiano, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, traz a res-posta a essa pergunta com “As 100 Me-lhores Cidades para Fazer Carreira”. Os grandes centros ainda lideram o ranking, mas hoje o profissional busca muito mais do que produtividade, ele quer qualidade de vida! E é nessa hora que o interior do Brasil ganha destaque.

A região Centro-Oeste está em evi-dência nesse quesito da pesquisa, em especial a cidade de Dourados, único município do interior do Mato Grosso do

Sul citado no ranking das 100 melhores do País e quinta colocada regional, atrás somente das capitais. É no Centro-Oeste que o agronegócio mais cresce no Brasil. Em 10 anos, segundo dados da Com-panhia Nacional de Abastecimento (Co-nab), a safra de grãos cresceu 104%, mais do que o crescimento nacional, que ficou em 62,7%.

Com o aumento da produção, surge também a necessidade de mais mão de obra. A pesquisa aponta que nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste há uma necessidade em importar profissio-nais qualificados para suprir a necessidade local. Em Dourados, a força está nas in-dústrias agrícolas. O proprietário de uma

usina de Biodiesel, José Silva Carreiro, conta que foi difícil encontrar profissionais capacitados. “Sentimos dificuldade, prin-cipalmente, de profissionais na área de química de produção, não encontramos pessoas qualificadas e fomos buscar em São Paulo”.

Na usina, grande parte dos funcioná-rios é do Mato Grosso do Sul, mas a mão de obra qualificada precisou vir de fora. Segundo Carreiro, isso encareceu ainda mais os custos da empresa. “Tenho dois químicos de fora, eles ficam cerca de 15 dias aqui e depois voltam pra casa. Com isso os custos com transporte e moradia aumentaram muito. Se fosse alguém da região, não teríamos esse problema”.

Andressa Melo

Foto: Prefeitura Municipal de Dourados

Destaque no cenário nacional, Dourados mostra que precisa de mão de obra qualifi cada e que oferece

chances de carreira com qualidade de vida

A CIDADE DASOPORTUNIDADES

Dourados

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Mas uma saída encontrada pelo pro-prietário da usina foi o de qualificar os estudantes da região. “Hoje eu treino os profissionais dentro da empresa. Tinha uma estagiária que se qualificou e acabou tendo uma ótima contratação fora daqui. Então, chamei mais dois alunos de quími-ca para estagiar e aprender conosco. Eles recebem treinamento e terminam a facul-dade com qualificação para o trabalho”.

Segundo Carreiro, os cursos na área do agronegócio estão aumentando e é preciso também que os profissionais in-vistam nesse aprimoramento. “Ajudaria bastante se, cada vez mais, as universi-dades abrissem as portas e se tornassem parceiras”.

E não é só na agroindústria que a mão de obra qualificada está escassa. Moacir Conci, proprietário de uma loja do ramo de construção em Dourados, diz que a dificuldade para encontrar esses profis-sionais é grande. “Sempre foi complicado achar pessoas qualificadas, que entendam mesmo do assunto. Na área de vendas também é difícil”. Foi a partir daí que Conci resolveu investir em qualificação profissional dentro da empresa. “A maio-ria dos meus funcionários fez o curso de qualidade de atendimento, com isso eles ficam cada vez melhores e agregam co-nhecimento”. A transformação pode não ser imediata, mas aos poucos o emprega-do toma o perfil que o empregador dese-ja. “As mudanças vão acontecendo, e isso só tem a somar”, afirma o proprietário. E Conci não pretende parar por aí, “pro-curo sempre qualificar meus funcionários, é sempre bom acrescentar, se surgirem novos cursos, estou disposto a aprimorá-los ainda mais”.

Mas o profissional de hoje não busca só o sucesso. Ele quer mais! É preciso as-sociar um bom emprego à qualidade de vida. O advogado Murilo Marquini Porto saiu, em 2004, do Estado de São Paulo para estudar em Dourados. Ao terminar os estudos, decidiu fazer carreira na cida-de. “Tive uma oportunidade de empre-go muito chamativa, em uma área muito promissora no Estado, que são as usinas sucroalcooleiras”, diz o advogado. “Aqui eu encontro também a qualidade de vida, que traz a tranquilidade para se fazer do dia algo rentável em todos os sentidos. Vivendo-se bem, trabalha-se bem, con-sequentemente, o sucesso profissional fica bem encaminhado”, complementa.

A procura, nas regiões de Dourados e Campo Grande está, principalmente, em profissionais das áreas de adminis-tração e finanças. Além do domínio da operação, procuram-se executivos com visão de negócio. Os setores agrícolas de soja e pecuária também estão em alta e o aumento da renda do agronegócio fa-vorece os setores de turismo, comércio e serviços.

A pesquisa analisou 127 cidades, com pelo menos 170.000 habitantes e 210 mi-lhões de reais de depósitos à vista. Tam-bém foram analisados setores da edu-cação, saúde e vigor econômico, sendo que a primeira levou o maior peso. Além

disso, foram analisados: o PIB municipal, baseado nos dados do IBGE de 2006, e a infraestrutura de serviços e saúde.

Mato Grosso do Sul também tem ci-dades na lista dos “300 municípios mais dinâmicos” do Brasil. A pesquisa feito pela Agência de Estudos e Pesquisas de Merca-do, Florenzano Marketing, analisa as opor-tunidades de novos negócios desde 1999. Neste ano, o destaque do Estado fica por conta de Três Lagoas, com a 25ª coloca-ção entre os municípios acima da média nacional. Campo Grande leva a 31ª posição e Corumbá, a 68ª. Dourados tem o 148º lugar, ficando dentro da média nacional.

• 1º Brasília (DF)

• 2º Goiânia (GO)

• 3º Cuiabá (MT)

• 4º Campo Grande (MS)

• 5º Dourados (MS)

• 6º Anápolis (GO)

• 7º Rondonópolis (MT) y

Oportunidades

A pesquisa

As melhores cidades do Centro-Oeste

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Algumas pessoas diriam que essa crítica é pre-matura, pois o País atravessa um período de multiplicação de canais de televisão, que se

especializam cada vez mais nas preferências do pú-blico. Finalmente, defenderiam as emissoras brasi-leiras, dizendo que elas sempre se destacaram em relação às de outros países da América Latina, tanto em nível de produtividade como em qualidade téc-nica.

De fato, o Brasil alcança números admiráveis no que se refere à produção audiovisual. Levando-se em conta que alguns países vizinhos preenchem cerca de 60% das grades de programação com produtos enlatados, importados especialmente dos Estados Unidos, entendemos que nosso País está muito à frente no que se refere à produtividade. Es-tima-se que apenas 25% da programação televisiva brasileira seja importada. Esses números se devem

ao nível de profissionalização de algumas emissoras que conquistaram o mercado in-terno e – posteriormente – o mercado internacional graças ao sucesso das telenovelas e ao lucro obtido através delas.

Em contrapartida, o telespectador que zapeia entre os principais canais tem a sen-sação de que está assistindo aos mesmos programas na TV aberta ou por assinatura. São realityes shows que apresentam a dificuldade de famílias em educarem seus filhos e que são salvas por babás competentes; o drama de inúmeros cantores que se arriscam num programa de calouros, cujas eliminatórias são realizadas em diversas regiões do País; games shows que mostram a disputa entre jogadores que se encontram numa selva, sobrevivendo em meio a adversidades de todos os tipos.

A importância dada a essas fórmulas importadas é tanta que os programas adaptados são transmitidos em horário nobre pe-las principais emissoras brasileiras e ocupam espaço que produ-ções nacionais ocupavam anteriormente. O fato mais curioso é que o Brasil tem importado não apenas formatos de realityes shows ou games shows, mas também roteiros de telenovelas colombianas e argentinas, levando-nos a crer que estão faltando bons autores de telenovelas no nosso País. Bela, a feia, Floribella e Chiquititas são exemplos de telenovelas cujos formatos foram importados recentemente pelo nosso País, que já possui tradi-ção em produzir esse gênero televisivo há anos.

Esse processo de trocas de fórmulas de programas parece ter se intensificado graças ao aumento do número de canais, à demanda por novos tipos de produtos e à facilidade de troca proporcionada pela globalização. Algumas empresas parecem entender, com certa razão, que é melhor adaptar um formato televisivo do que transmitir um programa enlatado. Por outro

lado, o Brasil está perdendo mercado externo para as empre-sas que vendem essas fórmulas de sucesso e – pior – tornou-se consumidor delas. Apesar da clara demanda do mercado internacional por novos formatos de programas, as emissoras brasileiras andam na contramão e vendem apenas telenovelas prontas.

Se o Brasil sempre se destacou pela criatividade de sua mão de obra televisiva e pela qualidade técnica de seus produtos, perguntamos: estaria sendo subaproveitado o talento brasileiro na criação de novos programas? Fato certo: é urgente a criação de novos formatos que atendam verdadeiramente as demandas do público. Nenhuma fórmula de sucesso no exterior lograria tanta aceitação quanto um programa genuinamente nacional, no qual o telespectador vê representada sua realidade regional, e, certamente, nossas preferências não são tão semelhantes às dos europeus, norte-americanos ou asiáticos... y

Ana Paula Ladeira Costa, Jornalista

Muitos telespectadores já devem ter feito essa pergunta ao

zapear entre as principais emissoras de TV brasileiras. Não é para menos: uma

observação superfi cial e desatenta seria capaz de mostrar

a multiplicação de programas de gosto

duvidoso, cujas ideias originais foram

compradas da Holanda, da Inglaterra ou dos

Estados Unidos.

Desaprendemos

televisão?a fazer

Artigo

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A Amazônia é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Abriga cerca de 10%

dos mamíferos do mundo e pelo me-nos 30% das espécies conhecidas de plantas – um único hectare chega a ter mais de 300 espécies de árvores. A região também é lar para centenas de povos indígenas, além de muitas comunidades tradicionais, como ri-beirinhos, extrativistas e quilombo-las. A Amazônia é fundamental para a manutenção da biodiversidade, dos recursos hídricos, da manutenção do ciclo de chuvas e do equilíbrio climá-tico do planeta.

Porém, nos últimos anos, o culti-vo de soja se tornou uma das princi-pais ameaças à floresta amazônica. A expansão desenfreada do cultivo de soja na região, para satisfazer a cres-cente demanda por ração animal na Europa e na China, estimulou o des-matamento e trouxe consigo injustiça social e violência contra as comuni-dades locais.

Entre agosto de 2000 e agosto de 2005, a área total de florestas desmatadas na Amazônia foi em tor-

no de 129 mil quilômetros quadra-dos, mais da metade da superfície do Estado de São Paulo. Cerca de 70% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa resultam do desmata-mento e queimadas, sendo a maioria na Amazônia – o que coloca o Brasil como o quarto maior poluidor do clima. A taxa de desmatamento anual caiu nos dois últimos anos, mas se o ritmo de destruição se mantiver, 40% da floresta estarão devastados até 2050, causando danos irreversí-veis à biodiversidade e ao clima do planeta.

Em abril de 2006, após 12 me-ses de investigação, o Greenpeace publicou o relatório “Comenda a Amazônia”, dando início a uma in-tensa campanha, apoiada por comu-nidades locais de Santarém e Belter-ra – municípios do Pará severamente afetados pela presença de um porto graneleiro da multinacional Cargill.

O relatório detalha como a de-manda mundial por soja produzida na Amazônia alimenta a destruição da floresta, incentivando desmatamento ilegal, grilagem de terras, trabalho es-

Greenpeace

Nos últimos anos, o cultivo de soja

se tornou uma das principais ameaças à fl oresta amazônica,

incentivando o desmatamento ilegal e a grilagem de terras na

região

desenfreadaAmeaça

Amazônia

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cravo e violência contra as comunidades locais. A soja plantada lá é exportada para alimentar animais na Europa, que vão pa-rar nas prateleiras de supermercados e redes de fast-food.

A rede McDonald’s foi a primeira a responder à pressão, eliminando a soja amazônica de sua cadeia de suprimentos e chamando outras empresas a fazer o mesmo. Trabalhando com o Greenpe-ace, várias empresas de alimentos euro-peias e brasileiras aderiram à iniciativa, criando uma aliança histórica para pedir garantias de seus fornecedores brasilei-ros de que a soja comercializada por eles não causava desmatamento na Amazô-nia e obedecia às leis nacionais.

Em 24 de julho de 2006, a Associa-ção Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacio-nal dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas respectivas associadas, incluindo as principais traders internacionais de soja – Cargill, Bunge, ADM, Dreyfus e o grupo brasileiro Amaggi – anunciaram uma moratória de dois anos para a com-pra de soja proveniente de novas áreas desmatadas na Amazônia e a exclusão de fazendas que usam mão de obra escrava, a partir daquela data. De acordo com a Abiove, os membros das duas associa-ções comercializam 92% da produção brasileira de soja.

Agora foi a vez das principais em-presas comercializadoras de soja ligadas à Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e à Associação Nacional das Empresas Exportadoras de Cereais (Anec) anunciarem que não vão mais comprar soja da safra que tenha provocado desmatamento na Amazô-nia. E mais: não haverá crédito para os fazendeiros que desafiaram a moratória. A reação da indústria é uma resposta clara aos resultados do segundo monito-ramento do Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que detectou fazendas que plan-taram o grão em áreas recém-desmata-das na Amazônia.

“Quem achou que a moratória não era para valer vai perder dinheiro e mercado. A indústria da soja está dan-do um exemplo de respeito à floresta e aos consumidores, que não querem ser co-autores da destruição da Amazônia”, disse Paulo Adário, diretor da campanha da Amazônia do Greenpeace. “A medi-da é ainda uma grande notícia para o go-verno, que assumiu metas para reduzir drasticamente o desmatamento, e para o mundo, assustado com as mudanças climáticas”.

De acordo com os dados divulgados

em abril deste ano, na última safra, foram monitorados 630 polígonos em 46 mu-nicípios do bioma Amazônia, totalizando 156.714 hectares, tendo sido identifica-das 12 áreas com soja em aproximada-mente 1.396 hectares de área plantada.

Para as ONGs que integram o Gru-po de Trabalho da Soja (GTS), a meto-dologia de monitoramento mostrou-se eficiente, mas terá que ser aperfeiçoada, já que o padrão de derrubada da flores-ta na Amazônia está mudando. Segundo análise dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2002, as áreas acima de 100 hectares repre-sentaram 55% do total desmatado na região, enquanto os desmatamentos menores do que 25 hectares ocupa-ram 20%. Em 2008, a participação de grandes desmatamentos caiu para 22% da área total desmatada e as derrubadas menores que 25 hectares pularam para 47%.

Por isso, será necessário alterar o sis-tema de monitoramento para incluir os pequenos desmatamentos na análise da próxima safra que, em alguns lugares, já começou a ser plantada. O GTS preten-de adotar um sistema de amostragem, com o uso de tecnologia de sensoria-mento remoto que permita identificar as culturas através de imagens de satélite de resolução espacial adequada. Este avan-ço tecnológico deverá possibilitar a pré-seleção das propriedades que serão ob-jeto das visitas de campo, viabilizando o monitoramento de um número expres-sivo de desmatamentos na Amazônia em 2009/2010.

“É inegável a importância do com-prometimento da indústria da soja na redução do desmatamento da Amazô-nia. Agora, a indústria tem o desafio de segregar os fornecedores que insistem em desafiar a moratória”, disse Adario. Segundo ele, com isso, a indústria aten-derá a vontade de seus clientes que não querem contribuir para a destruição da Amazônia e, por consequência, para as mudanças climáticas.

O ministro do Meio Ambiente, Car-los Minc, reconheceu o esforço conjunto de diferentes setores – como governo, indústria e sociedade civil – para garantir maior proteção à floresta. “Reconheço o esforço positivo e credito a diminuição expressiva do desmatamento a pactos como a moratória da soja”, disse ele. Minc se comprometeu ainda a desti-nar um excedente de R$ 5 milhões do PPG-7 (Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil) para o cadastramento ambiental rural, além de

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Copenhague

A Amazônia é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. Abriga cerca de 10% dos mamífe-

ros do mundo e pelo menos 30% das es-pécies conhecidas de plantas – um único hectare chega a ter mais de 300 espécies de árvores. A região também é lar para centenas de povos indígenas, além de muitas comunidades tradicionais, como ribeirinhos, extrativistas e quilombolas. A Amazônia é fundamental para a manuten-ção da biodiversidade, dos recursos hídri-cos, da manutenção do ciclo de chuvas e do equilíbrio climático do planeta.

Porém, nos últimos anos, o cultivo de soja se tornou uma das principais ame-aças à floresta amazônica. A expansão desenfreada do cultivo de soja na região, para satisfazer a crescente demanda por ração animal na Europa e na China, esti-mulou o desmatamento e trouxe consigo injustiça social e violência contra as comu-nidades locais.

Entre agosto de 2000 e agosto de 2005, a área total de florestas desmata-das na Amazônia foi em torno de 129 mil quilômetros quadrados, mais da metade da superfície do Estado de São Paulo. Cerca de 70% das emissões brasileiras de gases de efeito estufa resultam do desmatamento e queimadas, sendo a maioria na Amazônia – o que coloca o Brasil como o quarto maior poluidor do clima. A taxa de desmatamento anual caiu

nos dois últimos anos, mas se o ritmo de destruição se mantiver, 40% da floresta estarão devastados até 2050, causando danos irreversíveis à biodiversidade e ao clima do planeta.

Em abril de 2006, após 12 meses de investigação, o Greenpeace publicou o relatório “Comenda a Amazônia”, dando início a uma intensa campanha, apoiada por comunidades locais de Santarém e Belterra – municípios do Pará severa-mente afetados pela presença de um porto graneleiro da multinacional Cargill.

O relatório detalha como a demanda

mundial por soja produzida na Amazônia alimenta a destruição da floresta, incenti-vando desmatamento ilegal, grilagem de terras, trabalho escravo e violência contra as comunidades locais. A soja plantada lá é exportada para alimentar animais na Europa, que vão parar nas prateleiras de supermercados e redes de fast-food.

A rede McDonald’s foi a primeira a responder à pressão, eliminando a soja amazônica de sua cadeia de suprimentos e chamando outras empresas a fazer o mesmo. Trabalhando com o Greenpe-ace, várias empresas de alimentos eu-ropeias e brasileiras aderiram à iniciativa, criando uma aliança histórica para pedir garantias de seus fornecedores brasileiros de que a soja comercializada por eles não causava desmatamento na Amazônia e obedecia às leis nacionais.

Em 24 de julho de 2006, a Associa-ção Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacio-nal dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas respectivas associadas, incluindo as principais traders internacionais de soja – Cargill, Bunge, ADM, Dreyfus e o grupo brasileiro Amaggi – anunciaram uma moratória de dois anos para a com-pra de soja proveniente de novas áreas desmatadas na Amazônia e a exclusão de fazendas que usam mão de obra escrava, a partir daquela data. De acordo com a Abiove, os membros das duas associa-

ções comercializam 92% da produção brasileira de soja.

Agora foi a vez das principais empre-sas comercializadoras de soja ligadas à As-sociação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove) e à Associação Nacio-nal das Empresas Exportadoras de Cere-ais (Anec) anunciarem que não vão mais comprar soja da safra que tenha provoca-do desmatamento na Amazônia. E mais: não haverá crédito para os fazendeiros que desafiaram a moratória. A reação da indústria é uma resposta clara aos resulta-dos do segundo monitoramento do Gru-po de Trabalho da Soja (GTS), que de-tectou fazendas que plantaram o grão em áreas recém-desmatadas na Amazônia.

“Quem achou que a moratória não era para valer vai perder dinheiro e mercado. A indústria da soja está dan-

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Que o esporte sempre revelou grandes his-tórias e transformou pessoas comuns em sinônimo de vitória, nomes que jamais serão

esquecidos, isso todos já sabemos. Basta olhar para os atletas brasileiros que, em sua maioria, iniciam a vida esportiva com baixas condições estruturais e técnicas, são mal remunerados ou isentos de remuneração e que, ao chegar num pódio, carimbam suas capacida-des e superam todas as dificuldades.

As Olimpíadas e Paraolimpíadas, maiores eventos esportivos do mundo, colocam em destaque os me-lhores atletas da atualidade, seres de corpos escultu-rais, com recordes de tempo, força, insistência e pre-cisão. Evidenciam numa cultura, um mundo diferente de quatro em quatro anos e nos fazem mergulhar no universo das pistas, águas, ginásios e campos. Com visibilidade e o carisma do esporte, o que não faltam em jogos e competições são, além de pescoços os-tentando medalhas douradas, prateadas e bronzea-das, histórias de superação e vitória.

E Dourados vem escrevendo sua história no ‘Pa-radesporto’. Uma das estrelas do para-atletismo é Ana Paula Rosa Castelvi, ou Aninha, ou Paulina, como gosta de ser chamada. Ela que está no auge dos seus 15 anos de idade e tem uma deficiência visual, hoje transforma o problema em medalhas. Seu grande so-nho? Participar das Paraolimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro. “Quando eu tinha nove anos, assistindo aquelas provas de atletismo na televisão, Olimpíadas e Paraolimpíadas, eu ficava aflita e torcia! Daí eu falava: ‘mãe, eu quero ser atleta’”, relembra a menina.

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)

contabilizam 180 milhões de defi-cientes visuais em todo o mundo, dentre estes, 45 milhões são cegos e 135 milhões apresentam algum tipo de baixa visão. Em Dourados, os cálculos estimam que existam 200 deficientes visuais.

A deficiência de Ana Paula é a conhecida como B3, caracterizada pela baixa visão. “Ela enxerga com ruídos, somente o que está à sua frente, numa baixa distância”, ex-plica o técnico Antônio de Souza Pietramale.

A para-atleta encontrou no esporte uma fonte de alegria e es-perança. Ela conta que em 2007, quanto foi indicada pelo seu pro-fessor de educação física para par-ticipar do Projeto de Esportes do Centro de Treinamento de Atle-tismo (CTA), tinha apenas 13 anos de idade e viu aí a oportunidade de

transformar seu sonho em realida-de. “O professor da escola que eu estudo me indicou e foi então que conheci o treinador Antônio de Souza Pietramale, o Toninho”, diz Ana Paula. É ele quem desenvolve o plano de treinamento e a acom-panha todos os dias.

Em sua primeira competição, mesmo estando insegura, não pensou em desistir. Os jogos da ocasião eram os Jogos Recreativos Especiais de Dourados (Joresd), que acontecem anualmente e são iniciativa do Centro de Convivên-cia do Deficiente “Dorcelina Fola-dor”. Ana Paula faturou dois ouros, nas provas de 100 e 200 metros. Para ela, essas inesperadas con-quistas serviram de impulso para continuar treinando para outras provas.

Ellen Kotai

Força de vontade, incentivo, trabalho e dedicação. Essa é a receita que está levando a para-atleta de Dourados a conquistar pódios e sonhar com as Paraolimpíadas.

Plantando um sonho

olímpico

Esporte

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Depois disso, ela não parou mais, passos e mais passos, saltos e mais saltos até que passou a competir em provas estaduais, nacionais e até internacionais. Com apoio da Associação Dri-blando a Diferença (ADD), de Campo Grande, ela e outros para-atletas têm conseguido recur-sos financeiros para viagens, estadias, alimen-tação e, consequentemente, participações em competições, assinando Dourados nos pódios e competições por todo o Brasil. “Nossos atle-tas e para-atletas são campeões, conquistam medalhas e boas posições. Em função desses resultados, temos incentivos que nos permitem treinar ainda mais e melhorar a infraestrutura para as crianças”, afirma Pietramale.

O técnico de 51 anos que dedica sua vida ao esporte e aos atletas conta que das 150 crianças e adolescentes atendidos pelo CTA, 10 são de-ficientes físicos, para-atletas. Ele explica que há dois anos o projeto iniciou o trabalho com es-sas crianças deficientes e que, sem experiência e conhecimento aprofundado, aos poucos foi estudando e desenvolvendo técnicas para so-bressaltar as potencialidades de cada um. “Eu fiz cursos para lidar com deficiências de atletas, en-tretanto, são cursos curtos e generalizados. Mas desenvolvo mesmo a minha técnica, pegando exercícios de outros atletas e adaptando”, de-clara. “É um trabalho de formiguinha, porque, para a criança portadora de necessidades espe-ciais, o treino é mais personalizado”, acrescenta.

A última competição de Ana Paula foi em outubro, na Colômbia, onde representou as cores verde e amarela perante toda a América. Essa conquista foi alcançada devido ao índice e desempenho que ela conseguiu no “Circuito Olímpico” da Caixa Econômica Federal, em Brasília, este ano. “Pela primeira vez, com a ida-de mínima de 15 anos para participação, Ana Paula pôde competir em Brasília. Ela foi vista pela Comissão da Seleção Brasileira de Para-Atletismo e, com as vitórias que conquistou e o índice que fez, foi convidada e selecionada para se juntar à Comissão Brasileira e competir no exterior”, explica o treinador.

Vencer é sim o grande objetivo do atleta que dedica seu dia e sua vida para transformar-se num campeão. “Quando eu ganho, sinto uma sensação maravilhosa. Em Brasília, eu cho-rei tanto de felicidade que não conseguia parar nem para tirar foto. Era sensação de alegria, de felicidade, que não dá pra explicar, é sempre muito emocionante. O povo aplaudindo e gri-tando o seu nome é uma sensação que não dá pra explicar, só sentindo pra entender”, relem-bra Ana Paula.

Porém, nem sempre é possível ganhar. Quarto, quinto, sexto, últimos lugares também fazem parte do ‘currículo’ de um competidor. “Dentre as lições que tirei de minhas derrotas, uma foi a de nunca desistir dos meus sonhos. E se perder é um motivo de tristeza, pra mim, é também motivo para treinar ainda mais, buscar garra para conseguir na próxima”, completa.

Ana Paula ressalta ainda o trabalho e dedi-cação de seu treinador, dizendo que “um atleta sem treinador não dá certo e o meu treinador me ajuda muito desde que comecei”, declara, agradecendo toda a transformação ocorrida em sua vida por meio do esporte.

Nas competições, Ana Paula tem que saber cada passo que vai dar, literal-mente. Ao entrar na pista de salto, com sua trena, ela mede a distância entre a plataforma do salto até o ponto de partida da corrida. Dali, ela tem que saber qual perna que irá começar a correr e quantos passos ela vai dar até saltar. A plataforma de salto mede 20 cm, se ela passar um centímetro do permitido, queima a marca e tem sua prova invalidada. Então, tem que treinar bastante, confiar nos treinos e em si mesma.

Passo a Passo

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Dia desses, zapeando pela televisão, pude assistir – quase em estado de choque! – um programa que se diz jorna-lístico, mas apresenta um formato puramente novelesco.

Entre uma reportagem e outra, reconstituições, dramatizações com atores (nem tão profissionais!), que encenam as possibili-dades apresentadas pelo que deveria ser conteúdo jornalístico.

Apesar de “diferente” e “atrativo”, o programa representa um grave desvio no que deveria ser entendido como jornalis-mo, já que propõe de maneira grosseira a dramatização de uma pseudorrealidade. O problema maior é que esse espetáculo da informação não é privilégio de poucos formatos de mau gosto, mas estão alastrados nos programas informativos, de maneira geral. Uns mais, outros menos, temos assistido a verdadeiras tragédias e comédias no jornalismo mundial – não, isso não é privilégio do Brasil!

Maria Alice Otre

Novela jornalística ou jornalismo novelesco?

Claquete:gravando!

Crítica de Mídia

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Muitos teóricos já se debruçaram sobre o que denominam de ‘espeta-cularização’ da notícia. José Arbex Jr., com o livro Showrnalismo; Edgar Mo-rin com os livros Neurose e Necrose; Eugênio Bucci com o Sobre ética e imprensa. Mas por que dessa muta-ção jornalística? Primeiro ponto: nove-la vende. E vende desde os folhetins. Adaptar o formato ao jornalismo é garantia de que mais pessoas poderão se interessar, se comover, se envolver com a notícia abordada. Quem não se chocou ou se indignou com os casos de Isabella Nardoni e Eloá? E com os tropeços e vitórias de Ronaldo, agora do Corinthians? Vocês podem estar se questionando quanto ao que eles têm em comum, pois eu digo: a narrativa jornalística, a abordagem sensaciona-lista e a caracterização dos persona-gens que estão por trás de cada caso, são apenas alguns elementos que os unem.

Vejamos: Isabella Nardoni, a me-nina que, suspeita-se, foi assassinada pelo pai e pela madrasta ao ser jogada do prédio em que moravam. ‘Espe-tacularização’: a vítima fora transfor-mada em personagem – a “Menina Isabella”, termo construído pela mí-dia e que transmite ainda mais pena da criança e da mãe. Ao digitarmos “Menina Isabella” no Google, encon-tramos 55.600 citações, que compro-vam como a nomenclatura foi bem aceita pela sociedade e difundida pe-los veículos de comunicação. Capítulo por capítulo, foram apresentados: no-vas provas, suspeitas, reconstituições, dados, condenações, julgamentos. E quando não havia mais o que anun-ciar, a imprensa apresentou o primei-ro Natal de Ana Carolina Nardoni sem a filha. Os vilões: pai e madrasta. Fez-nos bem vê-los presos e choran-do, saber o tamanho da cela em que estavam encarcerados, os problemas pelos quais estavam passando. Era uma sensação de vingança, como sen-timos nos finais de todas as novelas, quando o vilão é fortemente punido. Pra quem achava que o bombardeio da mídia televisiva, impressa, radiofô-nica e on-line não estava bom, surgi-ram comunidades no Orkut e vídeos no Youtube. Um deles, intitulado “Homenagem a Isabella Nardoni”, foi visto mais de 180 mil vezes.

A mesma comoção vimos no caso

Eloá. Suas fotos no espelho, o vilão Lindemberg, a amiga e mocinha da história, Nayara. Com Ronaldo, os altos e baixos. De Fenômeno (e aqui temos, mais uma vez, a caracterização do personagem) a “Fofômeno”, de marido de modelo famosa a envolvi-do com homossexuais. Machucado, operado, recuperado, machucado novamente, lipoaspirado e assim por diante, vamos acompanhando a no-vela.

O problema desses casos todos e de tantos outros que vivenciamos em nossas experiências midiáticas é a fusão que estamos presenciando do jornalismo ao entretenimento, na busca pela audiência. Vale tudo nessa briga pelo ibope e quanto mais ficcio-nal, mais real. E para esse fim, vale-se do sensacionalismo, da exploração da morte, do curioso e do pornográfico. O nível dos produtos comunicacionais brasileiros é cada vez mais baixo e são recorrentes as distorções da realida-de, em prol da emoção.

Talvez seja hora de reavaliarmos nossas mídias, suas narrativas e nossa audiência, porque os reflexos desse “tudo junto e misturado”, como diria o “filósofo” Latino, chegam à socieda-de, que está cada vez mais aprisionada nos dramas televisivos. O medo de

sequestros, H1N1, pedofilia, latrocí-nio, drogas e tantos outros temores que nos assolam. Não é à toa que a Síndrome do Pânico já atinge atu-almente de 3% a 4% da população mundial. Embora no Brasil os dados sejam inconclusivos, os transtornos também avançam.

Para finalizar, assusta-me ver re-latos de atores, dos problemas que passam devido aos personagens que representam. Recebem conselhos, puxões de orelha, xingamentos e, al-gumas vezes, até uns safanões. O fato é que não podemos mais permitir que continuemos vivendo “no entre” a re-alidade e a ficção. O jornalismo que defina seus formatos e a audiência que compreenda o que é show, o que é reality show e o que é informação jor-nalística. Quando tudo é novela, não me atinge, não me importa, não me diz respeito, pois uma hora o final feliz chega e os vilões são vingados. Alguém, porém, já percebeu que nas últimas novelas os vilões são cada vez menos punidos? Assim como nossos políticos, nossos bandidos e assassi-nos. A passividade reina onde não há tomada de posição. Fica o convite ao real. y

CORTA!

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Se uma pessoa gritasse durante 8 anos, 7 meses e 6 dias, teria produzido energia sufi ciente para aquecer uma xícara de café.

A probabilidade de você viver até os 116 anos é de um em 2 bilhões.

É fi sicamente impossível lamber o próprio cotovelo.

Em 10 minutos, um furacão produz mais energia do que todas as armas nucleares juntas.

Um raio atinge uma temperatura maior do que

a da superfície do sol.

O eco que ouvimos em certas ocasiões é devido à repetição de um som pela refl exão da sua onda sonora.

No núcleo do sol, a cada segundo, 600 milhões de toneladas de hidrogênio se convertem em hélio.

(Fonte: Físico Maluco)

sabia?VocêFique por dentro

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O grafi te do lápis e o diamante possuem a mesma forma química e se diferenciam unicamente pela estrutura cristalina

As mulheres do futuro serão levemente mais baixas e rechonchudas, terão corações saudáveis e um tempo reprodutivo mais extenso. Essas mudanças são previstas a partir de extensas provas para documentar que o processo evolutivo ainda atua sobre os humanos.

Caso a tendência persista por dez gerações, calcula-se que a mulher em 2409 será 2 cm mais baixa e 1 kg mais pesada do que ela é atualmente. Ela dará à luz o seu primeiro fi lho cinco meses mais cedo e entrará na menopausa dez meses mais tarde, em relação à média atual.

O felino mais raro do mundo é o lince-ibérico (também chamado tigre do Mediterrâneo). Estima-se que existam apenas 150 espécies. No seu habitat, muitas vezes, machos ou fêmeas procuram por parceiros sem nunca conseguirem chegar a encontrá-los. No meio desta triste situação, associações como o Instituto Nacional de Conservação (ICN) tem tentado protegê-lo através de estudos e programas de reprodução. A serra da Malcata é um dos últimos redutos que se assinala a sua presença.

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Mulher do futuro

Tigre do Mediterrâneo

(Fonte: Portal das Curiosidades)

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Mas talvez os maiores benefícios embutidos neste pro-cesso de fortalecimento do turismo no município de Dourados não estejam sendo sentidos até o momento,

que é a oportunidade de levar os próprios douradenses a reco-nhecer o imenso potencial do município. E não falarei desta vez em potencial econômico, de arrecadação ou geração de renda, pois neste sentido, a evolução e o desenvolvimento da atividade já são ponto pacífico. Mas há alguns benefícios importantes con-quistados com a ajuda da atividade turística, que já começamos a vislumbrar.

Primeiro, é a organização social. Se Dourados já é uma cida-de repleta de conselhos e associações participativas e atuantes, a organização do turismo através do Conselho Municipal de Tu-rismo, Grande Dourados Convention & Visitors Bureau, asso-ciações nacionais e locais que reúnem as empresas de bares, restaurantes e similares, setor hoteleiro, agências de viagens, empresas e profissionais de transporte, dentre outros, reforça ainda mais a ideia de organização social. Além disso, o apoio de instituições como Sistema “S” e instituições de Ensino Superior corroboram com a ideia de que o turismo já é uma realidade, que merece ser tratada pela comunidade com a seriedade que o tema exige.

Essa movimentação torna ainda mais forte e presente a ideia já consagrada de que a organização da sociedade é fundamental para o desenvolvimento de um setor tão dinâmico quanto o turismo.

O segundo benefício é a possibilidade de mostrar aos dou-radenses quão rica e interessante é a nossa cidade. A história de Dourados contada através de seus pontos turísticos é riquíssima, e pouco se percebe desta riqueza no dia a dia. Através do City Tour, que já opera na cidade em caráter experimental, porém profissional, é possível conhecer pontos marcantes e interes-

santes de nossa história. E este projeto, originalmente voltado para o atendimento a turistas, vem sendo desenvolvido sob a orientação do curso de turismo da UEMS, de forma a atender também o morador local, que deve e merece conhecer o patri-mônio de sua cidade. Isso poderá fazer uma diferença enorme na forma como o douradense enxerga a cidade, pois não se pode valorizar aquilo que não se conhece.

E isso nos leva ao último, e talvez mais importante, ponto de ação positiva da atividade no município, o resgate e elevação da autoestima da sociedade douradense. O turismo é uma ati-vidade dinâmica e participativa, e seja qual for sua modalidade, não há como implementá-la e fazer com que todos os impactos positivos a sucedam, sem a participação direta da sociedade, que é quem efetivamente, transmite ao turista a atmosfera receptiva do destino turístico.

Falo enquanto douradense nascida e criada, pois aqui, tínha-mos a estranha mania de achar que “não temos nada para fazer”, ou “nada para mostrar”. Essa atitude é típica de um povo que não enxerga sua própria beleza e potencialidade, ou não enxer-ga beleza e potencialidade naquilo que tem. Felizmente, essa postura vem mudando muito. Investimentos de capital financei-ro, humano, intelectual, têm feito muitas ações “acontecerem” no município. E essas ações, culturais, sociais, comerciais ou técnicas, fortalecem o desenvolvimento econômico e social do município, criando assim, um círculo virtuoso, onde o cidadão se orgulha porque a cidade se desenvolve economicamente, e a cidade se desenvolve economicamente porque seu povo se orgulha de ter o que tem, e de ser quem é.

Muito falamos das potencialidades do turismo de negócios e eventos no município de Doura-dos, eventos sociais, técnico-científi co, culturais. Falamos também das possibilidades de geração de emprego e renda, de qualifi cação da mão de obra local, enfi m, benefícios que se estendem, direta ou indiretamente, a todos os douradenses.

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Maria Cristiane Lunas, Professora do curso de Turismo da UEMS

O benefício por trás do benefícioArtigo

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“E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a

vós. (Êxodo 3: 14)”.Duas palavras são suficientes para re-

sumir um dos maiores, ou o maior desejo do coração humano hoje em dia, que é “ser grande” (autossuficiente).

A palavra Ser é derivada do latim se-dere, como verbo intransitivo significa ter existência real; existir, haver. E como substantivo masculino: o que existe ou que supomos existir; homem, indivíduo, pessoa, criatura; aquilo que é real etc... Por sua vez, Grande, também de proce-dência latina; grande, sendo um adjetivo de dois gêneros, entre muitos significados, destacamos estes: imponente, surpreen-dente; magnânimo, bondoso, generoso; superior, respeitável, venerado; podero-so, influente; diz-se de gesto ou atitude que revela magnanimidade, longanimi-dade, ou heroísmo, coragem, valor; era muito usado para descrever um membro da mais alta nobreza, na Espanha e no an-tigo Portugal. Ou seja, pode-se dizer que ser grande é merecer reconhecimentos, ser venerado e respeitado, etc... E quem é que não gostaria de tamanha posição?

Saiba, porém que por causa deste

cobiçado título, muitas têm sido as tris-tezas, decepções, frustrações, invejas e discórdias, entre as piores definições que poderíamos citar que ocorrem nas pes-soas que o buscam para si. São enormes quantidades de livros, cursos, palestras, com temas tais como: “Desperte o líder em você”, “Aprenda a liderar”, “Torne-se influente”, etc... Todos bem aceitos pela sociedade, independente da classe social, raça ou religião, este tema toma conta da mídia, das universidades, das pequenas e grandes empresas, e infelizmente, até em algumas pessoas de denominações evangélicas, que até pouco tempo preo-cupavam-se mais em anunciar o nome de Deus e Seu Filho Jesus Cristo, mas a preocupação agora é buscar grandeza, tanto financeiramente, quanto nominal-mente e até mesmo patrimonialmente, dentro e fora do Brasil, principalmente.

É bem verdade que as obras reali-zadas por Deus, ou em nome de Jesus, Seu Filho, por si só são grandes, mesmo que em contraste do que pensamos, pareçam apenas detalhes, pois nenhum grande reino “passa” despercebido, e justamente o Grande Reino de Deus, de maneira alguma pode ser abalado (He-breus; 12-28).

Eu, eu sou o Senhor,

e fora de mim não há

salvador.(Isaías 43:11)

Jesus,o Grande Deus

Bíblia

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A “ESTRUTURA” E AMBIÇÃO HUMANA

“Pois Ele conhece a nossa estrutu-ra; lembra-se de que somos pó. (Salmo 103:14)”. Esta foi a definição dada pelo salmista, poeta e rei Davi, bem verda-de que num sentido primário estava confirmando o processo da criação do homem, quando Deus o criou do pó da terra (Gênesis 2: 7), mas também de-monstrando a fragilidade humana, pois a própria Bíblia define esta “tal glória” de passageira, como se fosse apenas uma erva/planta que quando seca sua flor perece e não há mais lembrança de sua beleza, disse o apóstolo Pedro: “Por-que toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sem-pre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada (I Pe 1: 24-25; Tg 1:11; Is 40: 6-8)”. E o sábio Salomão com seus diversos preceitos no livro de Eclesias-tes chegou a escrever no capítulo 3 e versículo 20: “Todos vão para um lugar; todos são pó e todos ao pó tornarão”, ensinando neste maravilhoso livro, que tudo, a vida, o trabalho, as riquezas, as conquistas, tudo, apenas vaidade e afli-ção de espírito do homem, porque um dia tudo isso passará, uma geração vai e outra vem, até ao dia em que todos daremos conta de nós mesmos a Deus (Rm 14: 12), no dia em que todos os

joelhos se prostrarem perante o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Rm 14:11; Fp 2:10; Ap 20: 11-15).

Quanto ao desejo que habita no coração humano, quando não está en-tregue a Deus, a Bíblia define assim: “Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias (Ec. 7: 29)” e ainda “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamen-tos de seu coração era só má continu-amente (Gn. 6: 5)”. Deus criou tudo perfeito, mas o homem procurou mudar tudo, e nesta procura, vieram junto as decepções e os fracassos.

Ouvi, numa certa palestra, que para a autoestima ficar melhor, deveríamos retirar do nosso vocabulário a palavra SE, e sim dizer eu vou, eu posso, eu quero etc... Mas a Bíblia Sagrada mostra um caminho diferente: “Eia, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, e contrataremos, e ganharemos. Digo-vos que não sabeis o que acontecerá ama-nhã. Porque que é a vossa vida? É um va-por que aparece por um pouco e depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: SE o Senhor quiser, e SE viver-mos, faremos isto ou aquilo. Mas, agora, vos gloriais em vossas presunções; toda

glória tal como esta é maligna. Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado. (Tiago 4: 13-17)”.

Vejamos bem que o apóstolo Tiago lembra que tal presunção é maligna, pois foi ele que foi o primeiro a achar que po-deria fazer alguma coisa igual ou maior do que Deus, mas foi excluído do seu importante lugar, vindo a ser o tentador das almas, pois ninguém é, e nunca po-derá ser maior do que Deus (Isaías 14: 11-20; Ezequiel 28: 1-19). Pois Deus resiste aos soberbos, e dá graça aos hu-mildes (Tg 4: 6).

A verídica história bíblica é vasta de exemplos de homens que acharam tentarem e ousaram a pensar que eram grandes, vemos o mau exemplo do pri-meiro casal (Adão e Eva) dando ouvidos ao astuto tentador, deixaram penetrar em seus corações a vontade de ser como Deus (Gn 3: 1-7), mas isso pro-vocou a queda e a expulsão do jardim em que viviam; já no coração de Caim, teve lugar à inveja e posteriormente à ira, provocando a morte de seu irmão Abel (Gn 4); no capítulo onze do livro de Gênesis, os homens daquela época intentaram construir uma torre (Torre de Babel) para, possivelmente, se livra-rem de serem “espalhados” pela face da terra (mas de certa forma, uma rebelião contra Deus). O que dizer do Faraó da

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época de Moisés, intitulado a encarnação do deus Rá (o deus-sol), que juntamente com outras supostas divindades egípcias, como o deus do Rio Nilo etc..., questionava o poder do Deus de Israel, e no fim, todos humilhados pelo Deus verdadeiro perante as dez pragas enviadas sobre aquela terra. (Êxodo 7; 12). E o que dizer sobre os “grandes” imperadores e seus impérios? O rei babilônico Nabucodonosor seria o maior exemplo de todos, pois, é descrito no capítulo 4 do livro do profeta Daniel que este rei se engrandeceu ao admirar a grande Babilônia que ha-via edificado, mas Deus não aceitou aquilo, e Nabu-codonosor foi transformado em um animal até que veio reconhecer que a grandeza pertence somente a Deus Jeová e o fim da sua vida foi sim um gran-de exemplo, pois suas palavras foram estas: “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são ver-dades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba (Daniel 4: 37)”. Faltaria espaço para falar de Belsazar (Daniel 5); sobre os reis do império medo-persa; sobre o império grego; so-bre o império romano e os senhores (César), etc...

Talvez alguém se lembre de Napoleão, de Hi-tler, de Tancredo Neves, John Lennon, Cazuza, daqueles vários filósofos e cientistas ateus que com suas teorias inflamaram multidões, etc... Sim, talvez alguém explique o fim deles, mas uma coisa é certa: todos passaram e não existem mais! Os que ainda existem, se continuarem sem Deus, o seu fim será da mesma forma. Por isso nos alerta Salomão, com toda a sua sabedoria: “De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamen-tos; porque este é o dever de todo homem. Porque Deus há de trazer a juízo toda obra e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau (Ec. 12: 13-14)” e o amado apóstolo João disse que quem faz a vontade de Deus permanece para sem-pre (I João 2: 15-17); o profeta Malaquias lembra que há um memorial, uma diferença, entre o que serve a Deus e o que não O serve, entre o justo e o ímpio, e que os justos serão poupados (Malaquias 3: 14-18) para terminar, as maravilhosas palavras do mestre Jesus: “... porque sem mim nada podereis fazer (João 15: 5)”.

Independente se alguém crê ou não, pois, a própria Bíblia, sendo verdadeira, não se importa em provar a existência e o poder de Deus, ela simples-mente declara, pois é o Livro por excelência e me-rece toda a nossa aceitação (II Pedro 1: 21), e decre-to de REI é para ser cumprido e não questionado... Em contraste a tudo isso, o SENHOR mostra que o poder pertence a ELE: “Deus falou uma vez; duas vezes ouvi isto: que o poder pertence a Deus (Sl 62:11)”.

Desde o princípio Deus, a Santíssima Trindade

O GRANDE

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y

(Pai, Filho – Jesus Cristo – e Espírito Santo, I João 5: 7-8) demonstrou o seu grande poder criador, criando todas as coisas pela palavra do Seu poder (Hebreus 1: 3), assim é relatado na Bíblia sagrada: “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Por-que Nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam do-minações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele. E Ele é a ca-beça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preemi-nência. Porque foi do agrado do Pai que toda a pleni-tude Nele habitasse (Colossenses 1: 15-19)”. “Porque Dele e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém. (Romanos 11: 36)”.

Ele disse para Moisés: EU SOU O QUE SOU (Ex 3: 14), somente NELE podemos todas as coisas (Filipen-ses 4: 13); o Deus que resgatou o Seu povo escolhido com mão forte e braço estendido (Deuteronômio 5: 15; Jeremias 32: 21); que abriu o mar vermelho (Ex 14: 15-31); que guiou o povo por quarenta anos pelo deserto e não deixou de cuidar do Seu povo (Deute-ronômio 2: 7); que perguntou assim para Jó: “Porven-tura, o contender contra o Todo-poderoso é ensinar? Quem assim argúi a Deus, que responda estas coisas (Jó 40: 2) e “Quem primeiro me deu, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu (Jó 41: 11)”. E não há quem possa lhe dizer: Que fazes? (Daniel 4: 35).

A grandeza de Deus é muito mais infinitamente do que poderíamos descrever. Mas vejamos um pouco do que Ele mesmo diz de Si.

Em Isaías: “Quem guiou o Espírito do SENHOR, ou como seu conselheiro o ensinou? Com quem tomou

Ele conselho, que lhe desse entendimento, e lhe ensi-nasse o caminho do juízo, e lhe ensinasse conhecimen-to, e lhe mostrasse o caminho do entendimento?... A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis?... Porventura não sabeis? Porventura não ouvis, ou desde o princípio não se vos notificou, ou não atentastes para os fundamentos da terra? Ele é o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos morado-res são para Ele como gafanhotos; é Ele o que estende os céus como cortina, e os desenrola como tenda, para neles habitar; O que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa vã os juízes da terra... A quem, pois, me fareis semelhante, para que Eu lhe seja igual? diz o Santo. Le-vantai ao alto os vossos olhos, e vede quem criou estas coisas; foi aquele que faz sair o exército delas segundo o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por causa da grandeza das suas forças, e porquanto é forte em poder, nenhuma delas faltará... Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Cria-dor dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento. Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. (Capítulo 40)... Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu o fiz ou-vir, e deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR; eu sou Deus. Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? (Cap. 43: 11-13)... Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antigui-dade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. Que chamo a ave de rapina desde o oriente, e de uma terra remota o homem do meu conselho; porque as-sim o disse, e assim o farei vir; eu o formei, e também o farei. (Cap 46: 9-11). Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que Nele espera. (Is 64: 4)”.

É o grande Senhor Jesus, a Pedra de angular de Esquina, que os edificadores rejeitaram, mas aprovada por Deus (Is 28: 16; Mt 21: 42; Mc 12: 10; Lc 20: 17; Atos 4: 11; I Pedro 2: 7). “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é so-bre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e de-baixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai. (Fp. 2: 9-11)”.

Este é aquele Jesus que disse assim: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso. (Ap. 1: 8); E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno. (Ap 1: 18)”.

Reconheçamos, pois, que somente Deus tem todo o poder, acima, nos céus, em baixo na terra e ainda, em baixo da terra, pois nem mesmo os céus poderiam conter um tão Grande e Maravilhoso Deus (I Rs 8: 27; II Cr 2: 6; 6: 18). E um dia estaremos com ELE, e se-remos semelhante a Ele (I Jo 3: 2). “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome. (AP 3: 12) Quem vencer herdará todas as coisas, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. (AP 21: 7)”.

Aleluia! Pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso rei-na. (Ap. 19: 6). Grande é Deus!

Thiago Rodrigues Teixeira

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Que brasileiro é apaixonado por carros, todos nós sabemos. Até mesmo as publicidades exploram essa característica peculiar de nosso povo. Os me-

ninos, desde crianças, já identificam o carro rebaixado, o aro cromado, o motor 16 válvulas, os benefícios e proble-mas que precisam ser considerados no motor a álcool, a gasolina e assim por diante.

Além do conhecimento e vocabulário muito peculiares aos apaixonados por carros, e que fique claro, é um grupo formado por homens e mulheres, o car tuning é a nova paixão da galera fissurada no ronco dos motores. O tuning, mais que um passatempo, é uma impressão da personali-dade do dono que passa a ser apresentada em seu carro.

A febre surge no mundo todo a partir de 2001, após o lançamento do filme Velozes e Furiosos. A intenção é de personalização extrema: quanto mais diferente, mais sucesso o carro fará. Além da parte estética, que envolve acessórios aplicáveis a todos os componentes do carro, a intenção é deixá-lo turbinado e mais potente, sem despre-zar os aspectos relacionados à segurança.

Tantas transformações trazem uma realidade comum

de se ver: os praticantes do tuning chegam, muitas vezes, a gastar até mesmo um valor superior ao próprio carro.

Em Dourados, apesar de não ser ainda uma prática muito comum a de tunar os carros, alguns aventureiros se dedicam ao estilo como forma de satisfazer seus desejos. O proprietário de uma loja de acessórios da cidade, Bruno Bahia, atesta o contexto de expansão do tuning na cidade. Segundo ele, do ano passado para cá, o mercado de aces-sórios já registrou um aumento de cerca de 40%.

Um dos douradenses que entrou para onda do tuning é Mário Antônio Marchioli, o eletrotécnico de 45 anos e quatro filhos, que desde 1985 transforma seus veículos au-tomotivos em verdadeiras obras de arte.

O tuning para Marchioli não tem uma função puramen-te estética. “Faço o meu carro ficar bonito, mas tem que andar”, destaca ele, sem antes deixar claro que as leis de trânsito e a segurança estão em primeiro lugar. Ele aponta ser completamente contra os rachas de carro e super a fa-vor da legislação. Atualmente, seu xodó é um Caravan, ano 1989, com seis cilindros turbo. “Tem como deixar tudo dentro da legalidade. A gente procura o Detran e passa pela

Carros rebaixados, aros cromados, motores turbinados. O Tuning, sadiamente, deve aliar estética e potência, mas sem deixar de lado segurança e legalidade

Maria Alice Otre

Carros

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Proprietário, Giovani O. Alves - Doura-dos-MS;

Motor 6 cilindros 4.1S - Alcool, carbu-rador 3E com coletor dimensionado 6x2, distribuidor eletrônico, cabos de vela 10.0mm;

Câmbio: 4 marchas trambulado;

Rodas Mangels Winner 5 aro 17 - 205/40/17 (dianteira) e 215/45/17 (traseira);

Personalização: Giovani O. ALves.

Proprietária, Drª Dianyfer Nogueira Parra - Dourados-MS;

Motor 1.600, Turbo, todo cromado;

Rodas Alumínio Aro 17;

Equipamento de som última gera-ção;

Personalização interna, Stop Car Sound.

Opala SS6, 1976

Fusca 1996

Ficha Técnica

Ficha Técnica

aprovação do Inmetro. Hoje em dia tem kits para rebaixar os carros, por exemplo, que não alte-ram a suspensão do veículo”, enfatiza.

Os custos com essa atividade realmente são grandes. O Caravan de Marchioli, por exemplo, valeria, em boas condições, seis mil reais. “Eu já gastei mais do que o dobro desse valor mexendo nele. Mais de 12 mil reais”, garante. Apesar de investir tanto no Caravan, Marchioli confessa que sua grande paixão é o Opala. E não há quem du-vide. De 1985 até hoje, o também presidente do Automóvel Clube de Dourados já teve 14 deles.

E quanto mais as pessoas conhecem os mo-delos personalizados, mais o número de fãs au-menta. Marchioli garante ter sido, em 1985, o primeiro dono de carro com insulfilm na cidade. Hoje, sua filha de 18 anos já lhe cobra um carro personalizado. “Ela quer que eu monte um carro rosa e eu vou ter que fazer! O culpado sou eu que comecei com isso!”, brinca ele.

O fato é que ‘tunar’ os carros já não é uma prática re-lacionada ao poder aquisitivo dos seus donos. Alguns aces-sórios como as saias – também chamadas de spoilers -, in-dependente do valor, são muito procuradas também pelas classes média e baixa. Bruno Bahia garante que o valor que gastam em sua empresa de acessórios não importa tanto, mas o prazer de ver o carro como eles desejavam. “Tem gente que chega com o parabrisa trincado e coloca vários acessórios estéticos, mas não troca o parabrisa”. Ele destaca, porém, ser esse caso, um fato raro. No geral, segundo ele, os motoristas têm a preocupação de não colocar em risco a vida dos seus e de outros. Fica a dica para os apaixonados por carro: ousem, embelezem, turbinem, mas pé na estrada e mão na consciência. y

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A presente reflexão assume a tese de que existem poucas instituições tão

poderosas na manipulação de nossa consciência do que o ci-nema, mais especificamente, o cinema norte-americano. Essa é também a tese do contundente documentário do diretor Jack Shaheen, Filmes Ruins, Ára-bes Malvados (Reel Bad Arabs, 2006).

Em sua película, Shaheen denuncia o que cinéfilos de plan-tão têm percebido sem neces-sidade de perspicácia filosófica: Hollywood tem promovido, ao longo de décadas, através de numerosos filmes, uma grave e clara distorção sobre o mundo oriental, que atende convenien-temente aos interesses do go-verno norte-americano – criar uma mentalidade favorável às suas iniciativas de expansão im-perial sobre o território árabe, quer através de guerras (inva-são ilegal contra o Iraque), quer através de políticas imperialistas sonegadoras da dignidade destas nações (comércios irregulares do petróleo iraquiano, entre ou-tras). Em mais de mil filmes que analisou ao longo de 30 anos, o diretor revela encontrar neles um perigoso padrão de estere-otipificação dos árabes, que os apresentam, ora como ‘incom-petentes, incapazes e inferiores’, ora como ‘detestáveis, perigosos e terroristas’.

Salvo exceções para cada imagem, destacamos algumas extremamente difusas: a mu-lher é retratada, ora em trajes

absolutamente fechados, ora como dançarina sensual, servil aos desejos masculinos, para os quais ela deve devotar sua vida. Crianças, geralmente, são retra-tadas na miséria, como apren-dizes de terroristas ou como ladrões de frutas nas feiras livres. A Educação raramente é retrata-da. A Religião, por sua vez, não tem relação alguma com as ima-gens (de amor) que fazemos do Cristianismo, antes é vista como ideologia criadora do fanatismo e do ódio. Em não poucos filmes, é no Oriente que se abrigam as reais ameaças contra as socieda-des democráticas ocidentais. As bombas nucleares já não estão mais na Rússia, como se trans-mitia por ocasião da Guerra Fria, mas em países orientais, como defendem as políticas antiterro-ristas norte-americanas. Enfim, todo um palco é criado para se-dimentar um imaginário contrá-rio ao mundo árabe, onde este guarda poucas semelhanças com a cultura e com o indivíduo oci-dental.

De acordo com o erudito Edward W. Said (Orientalismo. Cia das Letras, 2008), a criação deste imaginário não é despro-posital: “Todos os impérios que já existiram, em seus discursos oficiais, afirmaram não ser como os outros, que existem com a missão de educar, civilizar e ins-taurar a ordem e a democracia, e que só em último caso recor-rem à força”. É necessário ao império, antes de empreender suas iniciativas ‘democratizantes’, demonstrar ao seu povo que

“aquela gente que mora lá não é como ‘nós’ e não aprecia ‘nos-sos’ valores”. É algo como uma demonização do outro, a fim de sufocar os sentimentos pátrios de solidariedade pelas vítimas do império.

Neste sentido, Hollywood tem, em relativa parcela de di-retores cinematográficos, cum-prido o papel de mecanismo criador da realidade. Não da ‘realidade real’, mas daquela que interessa aos detentores do poder. De nossa parte, cumpre destacar os efeitos dessa ativi-dade desumanizadora. Mais do que propõe Jack Shaheen, não são apenas os árabes orientais que sofrem os efeitos dessas imagens. Todos nós, os que quedarmos indiferentes a essa brutalização dos sentidos e das consciências. y

Givaldo Matos, professor de Filosofia na Unigran e na Faculdade Teológica Batista Ana Wollerman.

Nossa compreensão da realidade depende do que vemos, ouvimos e sentimos.

Nossos sentidos, por outro

lado, não são neutros. Além de limitados, são treinados para perceber apenas uma

parcela da realidade.

Podem ser, portanto,

manipulados!

Como Hollywood ‘vilanizou’ um povo

Artigo

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MITO. Se você cortar as pon-tas mensalmente, o que vai ocorrer é uma melhora na aparência do cabelo, dando um toque sedoso.

VERDADE. Se molhado, pode provocar mau cheiro e surgi-mento de fungos. Já se dormir preso, pode marcar e ficar com o couro ca-beludo dolorido.

DEPENDE. O boné ou chapéu quando usado por muito tempo faz o couro cabeludo transpirar. A oleosidade criada provoca a queda. Por isso a necessidade da lavagem.

VERDADE. Mas a indústria cosmética de-senvolve, constantemente, inúmeros produtos para to-dos os tipos de cabelos, que podem ser feitos em casa com grande eficácia.

Cortar as pontinhas mensalmente evita queda?

Dormir com o cabelo molhado ou preso faz mal?

Usar boné ou chapéu faz o cabelo cair?

Fazer hidratação caseira funciona?

Consultamos o hair stylist Daniel França para desvendar 20 mitos ou verdades sobre o tratamento capilar

Caroline Oliveira

Beleza

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MITO. Nunca foi comprova-do cientificamente.

VERDADE. Esses dois itens são muito usados na indústria cosmética. Lembrando que em quantidade ideais.

MITO. A lavagem não inter-fere no bulbo, os fios têm uma fase de vida, por isso é comum caírem durante a lavagem.

MITO. Cada fio de cabelo nasce em seu próprio folículo.

MITO. O shampoo tem a função de limpar os cabelos e deve ser usado o tipo certo para o ca-belo. Se usar outra marca poderá sentir diferença devido aos compo-nentes, mas não que o cabelo se acostume.

MITO. A hidratação deverá permanecer no cabelo o tempo indicado pelo fabricante.

VERDADE. Pode provo-car alergia e ou escamação se não for lavado corretamente, e se usar com muita frequência, o cabelo poderá ficar com porosidade, en-fraquecido e partindo.

MITO. Usar protetores tér-micos corretamente é que deixam os cabelos com mais brilho.

MITO. A caspa pode ser causa-da por vários motivos, dentre eles, estresse e problemas hormonais.

DEPENDE. O ideal é falar com o seu médico. Ainda não há pesquisas sólidas que indiquem se as tinturas são ou não prejudiciais ao feto.

MITO. O problema da calví-cie é hereditário.

Cortar os cabelos na lua cheia aumenta o seu volume?

Abacate e babosa hidratam realmente os fi os?

Lavar os cabelos diariamente apodrece a raiz?

Retirar um fi o de cabelo branco faz nascer dois?

Os cabelos se acostumam com o shampoo?

Quanto mais tempo o hidratante fi car no cabelo será melhor?

Tintura causa queda?

MITO. Pode matar uns e outros não, o ideal é usar produ-tos específicos para piolho. Já o couro cabeludo poderá ficar ma-chucado, pois o vinagre é muito ácido.

MITO. Mas é preciso que seja feita a manutenção no perío-do indicado pelo profissional.

VERDADE. Alimentação balanceada e beber muita água fazem bem não só para o cabelo, mas para o corpo todo.

VERDADE. O ideal é la-var com água morna.

Usar vinagre mata piolho e limpa o couro cabeludo?

Alongamento estraga o cabelo?

Alimentação infl uencia?

Banho quente deixa o cabelo oleoso?

Secar o cabelo com ar frio do secador dá mais brilho?

Caspa é um sinônimo de falta de higiene?

Gestante não pode pintar o cabelo?

Uso de medicamento previne a calvície?

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DEPENDE. Se o cabelo já for claro, usar o chá e ficar no sol, sentirá os fios mais luminosos. Em cabelos escuros não funciona.

Chá de camomila deixa os cabelos mais claros?

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Atitude nos

DETALHES

Moda

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A Ellus pega a estrada e apresenta uma coleção inspirada no universo das motocicletas para

estação Primavera/ Verão 2010.Em uma releitura da roupa

dos motociclistas, a Ellus construiu ombreiras em jaquetas e vestidos e recortes diferenciados em calças que remetem às joelheiras.

Dos motores vieram as correntes que adornam diversas peças. Destaque também para o uso de zíperes e ilhoses.

A cartela de cores explora o branco, o cinza, o areia e o nude com pitadas de preto e coral.

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Na modelagem feminina, o shape boyfriend ganha nova leitura como a boyfriend skinny – mais justa na perna e com gancho menos folgado- e também a clochard. Outra novidade é a engineered, calça anatômica com recortes deslocados.

Na modelagem masculina, as calças apresentam a versão trapézio e superjusta na perna.

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PRODUÇÃO: Caroline OliveiraMODELOS: Thayna Vagna, Vanessa Brasil, Sophia Frantz, Keila Lemes e Bualhe Mustafá.ROUPAS: Ellus DeluxeCABELOS Adair e Adelar SottMAQUIAGEM: Vera SottFOTOGRAFIA: A. Frota

Locação: Studio A

Ficha Técnica

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