Chega de Procrastinação

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    CENTRO PRESBITERIANO DE PS-GRADUAO ANDREW JUMPER

    M.DIVMESTRADO EM ACONSELHAMENTO PASTORAL

    PAC 403PERFIL DO CONSELHEIRO BBLICO

    ALESSANDRO ROBERTO AZEVEDO CAPELARI81504128

    PROJETO DE SANTIFICAO PESSOAL

    SO PAULO

    2015

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    SUMRIO:

    I- INTRODUO ......................................................................................................... 3

    II- UMA COMPREENSO BBLICA SOBRE A PROCRASTINAO ......................... 5

    1. Anlise de duas passagens chave: ...................................................................... 7

    2. Implicaes do ensino Bblico: ............................................................................. 9

    III. COMPREENSO E INSTRUES BBLICAS APLICADAS VIDA .................. 11

    1. Apresentao terica do mtodo de mudana Bblica: ...................................... 12

    A-) Descrio do plano Despir-se / Renovar a mente / Revestir-se:................ 12

    1. Despir-se: ................................................................................................... 13

    2. Renovar a mente: ....................................................................................... 13

    3. Revestir-se: ................................................................................................ 15

    4. Pondo o novo padro em prtica: ............................................................... 17

    B-) Anlise do cerne do assunto, como ele aparece na vida: ............................. 18

    2. Apresentao prtica do mtodo de mudana Bblica: ...................................... 19

    A-) Viso panormica da verdadeira aderncia ao plano de mudana proposto:............................................................................................................................ 19

    B-) Anlise dos pontos crticos do despertar e do arrependimento: ................... 21

    IV- CONCLUSO ...................................................................................................... 23

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .......................................................................... 24

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    I- INTRODUO

    um tanto complicado quando recebermos uma tarefa de olharmos para ns

    mesmos, nossas atitudes e pensamentos, com a finalidade de encontrarmos um

    pecado especfico para ser tratado de forma sistemtica e bblica de modo que

    venhamos a abandona-lo.

    Ainda que peamos para algum amado, como nossos cnjuges, para que eles

    nos apontem sinceramente e em amor algumas reas do carter nas quais

    precisamos de transformao, se formos sinceros e pedirmos tambm ao Senhor para

    que Ele aplique em ns o contedo do Salmo 139:23-24, dizendo:

    23- Sonda-me, Deus, e conhece o meu corao, prova-me econhece os meus pensamentos; 24- v se h em mim algum caminhomau e guia-me pelo caminho eterno.

    assustador a forma como seremos confrontados com uma enormidade depecados que nos tem afastado de parecer com Cristo Jesus.

    Tanto a indicao de pessoas amadas, quanto o sondar de Deus, acabam nos

    incomodando. O incmodo vem pela real confrontao e pelo desvendar dos olhos

    para a verdade de que ainda estamos distantes do que deveramos ser. No meu caso,

    em especfico, o sondar de Deus veio atravs da leitura de alguns artigos propostos

    pelo professor. Um deles me chamou a ateno em especial apontando para uma

    realidade que sempre vivi, mas que nunca havia me dado conta at ento.

    Dentre todos os pecados que consegui identificar na minha vida, esse, em

    especfico, vinha me causando um grande mal por anos, trazendo consequncias

    nefastas em muitas reas da vida, desde relacionamentos, constrangimentos e at na

    sade. Estou falando da procrastinao.

    A princpio eu nem via a procrastinao como um pecado em si. Eu a

    compreendia mais como uma virtude. Era como se eu tivesse a capacidade de burlar

    leis do tempo e conseguisse resolver meus problemas em tempo mais hbil do que o

    restante de toda a humanidade. Ledo engado. A procrastinao cobra os seus preos,

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    nos engana com a falsa viso do domnio de tempo e acaba por roubando um tempo

    precioso da nossa vida com desateno, fuga, flertes, e muita frustrao.

    Mas o que procrastinao? Segundo o Dicionrio Aurlio o ato de

    adiamento, de delonga; transferir para outro dia; demorar, espaar, protrair1. Apesar

    de aparentemente ser inofensiva a procrastinao um problema srio que afeta

    vrias reas da vida. Um procrastinador tem a tendncia de deixar para depois

    qualquer coisa que se lhe apresente como desagradvel ou desinteressante, deixando

    tambm coisas importantes que, por algum motivo, lhe apresentem desafios que no

    est disposto a assumir no momento.

    E nesses poucos escritos quero apresentar como o Senhor tem me ajudado a

    livrar-me desse mal. Espero em Deus que possa ser bno tambm na vida de quemvier a l-lo. Em Cristo Jesus.

    1FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Dicionrio Eletrnico Aurlio Sculo XXI. Rio de Janeiro: EditoraNova Fronteira e Lexikon Informtica, 1999. Verso 3.0. CD-ROM.

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    II- UMA COMPREENSO BBLICA SOBRE A

    PROCRASTINAO

    A Bblia afirma que o Senhor, no seu ato de criar todas as coisas, estabeleceu

    o tempo para todas elas. Logo no primeiro dia da Criao foi determinada a quantidade

    exata de tempo que compreende um dia conforme podemos ver:3- Disse Deus: Haja luz; e houve luz. 4- E viu Deus que a luz era boa;e fez separao entre a luz e as trevas. 5- Chamou Deus luz Dia es trevas, Noite. Houve tarde e manh, o primeiro dia.(Gnesi s 1 :3-5)

    O sbio Salomo corrobora a percepo de que para todas as coisas existem

    um tempo e propsito determinado, apontando para a realidade de que tudo precisa

    ser feito e estabelecido dentro do seu tempo estipulado: Tudo tem o seu tempo

    determinado, e h tempo para todo propsito debaixo do cu. (Eclesias tes 3:1). No

    Sermo do Monte, o Senhor Jesus, ainda que falando sobre o problema da ansiedade

    e da preocupao com as coisas futuras, tambm mostra que cada circunstncia tem

    o seu tempo oportuno de realizao afirmando: ...o amanh trar os seus cuidados;

    basta ao dia o seu prprio mal.(Mateus 6:34)grifo meu.

    Nessa perspectiva, podemos perceber que a procrastinao uma tentativa

    humana de alterar prazos e regras preestabelecidas. Ainda nessa linha poderamos

    dizer que a procrastinao , em certo sentido, tambm uma quebra de autoridade. O

    procrastinador no est disposto a submeter-se a autoridade de algumseja o seu

    patro, professor, Estado, ou Deusno que se refere administrao do seu tempo.

    Ele desconsidera a autoridade estabelecida por Deus sobre sua vida em uma

    determinada circunstncia e transfere a sua submisso a si mesmo, esquecendo-se

    do que a Bblia afirma em Romanos 13:1:

    Todo homem esteja sujeito s autoridades superiores; porque no hautoridade que no proceda de Deus; e as autoridades que existemforam por ele institudas.

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    Assim o procrastinador est pecando ao substituir o governo estabelecido

    sobre sua vida por Deus para um autogoverno. Ele troca a autoridade divina pela sua

    prpria autoridade, tornando-se o seu prprio deus, criando suas prprias regras e

    tributando a si prprio a autoridade estabelecida por Deus a outrem.

    Pagai a todos o que lhes devido: a quem tributo, tributo; a quemimposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra.(Romano s 13:7)

    Tratando sobre o problema da procrastinao o autor Walter Henegar, falando

    acerca de si mesmo e das dificuldades que encontrou para enfrentar esse problema,

    afirma que se defendia das crticas dos amigos sua procrastinao citando um antigo

    provrbio chamado Lei de Parkinson:

    O trabalho fica maior quando temos mais tempo disponvel paraexecut-lo.Por que gastar uma semana inteira para fazer uma tarefaescrita se eu poderia gastar apenas uma noite e obter o mesmoresultado?2

    Na procrastinao h uma percepo errada de conceitos. O procrastinador

    acredita estar sendo mais prtico do que os demais ao gastar menos tempo para fazer

    uma determinada tarefa. No entanto ele no percebe que em vez de prtico, ele est

    sendo, na realidade, pragmtico3, alterando valores morais e mudando valores

    bblicos4para o bem prprio.

    Charles Colson chama o pragmatismo de individualismo utilitarista, osistema no qual o indivduo realiza escolhas morais atravs de umclculo racional de modo a multiplicar os seus prazeres e diminuir asua dor.5

    De repente me peguei pensando exatamente assim, deixando o trabalho para

    depois, com o corao profundamente tomado pelo pragmatismo, e me percebi um

    procrastinador. Mais que isso, no sondar de Deus ao corao luz do Salmo 139, fui

    levado a ver que a procrastinao tem sido um hbito de anos e que tem atrapalhado

    muitas mudanas que so necessrias vida.

    2HENEGAR, Walter. Chega de Procr asti nao!In:Coletneas de Aconselhamento Bblico, v. 4, Atibaia SP:Seminrio Bblico Palavra da Vida, p. 130.3Pragmatismo: Sistema ou movimento filosfico que enfatiza consequncias e valores prticos como parmetro

    para anlise e determinao da validade de conceitos.4SITTEMA, John. Cor ao de Pastor : Resgatando a responsabil idade pastoral do Pr esbtero.So Paulo: CulturaCrist, 2004, pp. 80-1.5COLSON, Charles & VAUGN, Ellen Santilli. The Body.Dallas: Word Publishing, 1992, Apud:SITTEMA,John, op. cit., p.80.

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    Assim, observei que o meu corao estava agindo motivado pelo conforto6e

    que esse pecado havia se tornado um dolo do corao. Esse reconhecimento, com a

    graa do Senhor, trouxe arrependimento e dei incio a um processo de mudana do

    qual no sei quanto tempo ser necessrio, mas j foi iniciado crendo que a Palavra

    de Deus em Fi l ipenses 1:6se cumprir em minha vida:

    Estou plenamente certo de que aquele que comeou boa obra em vsh de complet-la at ao Dia de Cristo Jesus.

    1.ANLISE DE DUAS PASSAGENS CHAVE:

    Alm do impacto causado no corao pela confrontao advinda da leitura doSalmo 139:23-24e das percepes bblicas acerca do tempo e dos princpios de

    autoridade, dois outros textos das Escrituras me despertaram para algumas verdades

    aplicveis ao tema, a saber 2 Tessalonicenses 3:11e Glatas 5:22-25.

    Pois, de fato, estamos informados de que, entre vs, h pessoas queandam desordenadamente, no trabalhando; antes, se intrometem navida alheia.(2 Tessalon icens es 3:11)

    22- Mas o fruto do Esprito : amor, alegria, paz, longanimidade,benignidade, bondade, fidelidade, 23- mansido, domnio prprio.Contra estas coisas no h lei. 24- E os que so de Cristo Jesuscrucificaram a carne, com as suas paixes e concupiscncias. 25- Sevivemos no Esprito, andemos tambm no Esprito.(Glat as 5:22-25)

    Walter Henegar chama a ateno para algumas questes muito interessantes

    acerca de 2 Tessalonicenses, como o fato de o Apstolo Paulo afirmar ter sido

    informado que entre os irmos de Tessalnica havia pessoas ociosas e intrometidas.

    No que se refere intromisso, Henegar, no seu procrastinar, viu-se como algum

    que se intrometia em coisa alheia. O autor diz o seguinte:

    Ali estava eu, diligentemente ocupado com coisas ao meu redor,enquanto aquilo que eu mais precisava fazer ficava parado em meioao restante. Eu no era simplesmente um procrastinador; eu era umtrabalhador em coisas ao redor.7

    Nos comentrios da Bbl ia de Es tud o de Geneb ra afirma-se que o ato de

    intrometer-se o mesmo que cuidar ou ocupar-se da vida alheia8dando a entender

    6WELCH, Edward T. Motivao: Por que fao o que fao?In:

    Coletneas de Aconselhamento Bblico, v. 3,AtibaiaSP: Seminrio Bblico Palavra da Vida, p. 135.7HENEGAR, Walter. Op. cit., p. 132.8Bbl ia de Estudo de Genebra.So Paulo: Editora Cultura Crist e Sociedade Bblica do Brasil, 1999, p. 1614.

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    que h uma mudana de prioridades e uma inverso de valores no que tange aos

    compromissos pessoais.

    I. Howard Marshall em seu comentrio sobre as cartas aos Tessalonicenses

    prope que o original grego do texto citado contm um jogo de palavras tal qual: no

    trabalham como as abelhas: so abelhudas; trazendo como lio o fato de que, como

    resultado da sua inatividade, esta pessoa consegue passar o seu tempo sendo um

    estorvo aos outros.9Nessa perspectiva o procrastinador acaba ainda incorrendo na

    quebra do oitavo mandamento, a saber, no furtarsde acordo com o Catecismo

    Maior de Westminster na sua pergunta 142; pois o que procrastina acaba por

    enveredar em caminhos de ociosidade, metendo-se em causas que no so suas,

    fazendo mal-uso do seu tempo, desperdiando-o de forma negligente.10Novamente Henegar afirma:

    A menos que eu estivesse fazendo o que Deus me chamou a fazer,estaria procrastinando. Quando procrastino, estou na verdadeintrometendo-me em coisas ao redor.11

    Os que incorrem nesse pecado de procrastinar erram, no apenas por estarem

    sendo ociosos e metendo-se em questes que no so suas, mas tambm por no

    estarem sob o domnio do Esprito de Deus, buscando ser seus prprios

    governadores e deuses, como j foi afirmado. Assim acabam sendo levados pela

    estultcia, racionalizao e autoenganopor todos os lados12.

    O Novo Testamento repetidamente caracteriza a salvao como umamudana decisiva da morte para a vida, da escravido para a condiode filho (cf. 1 Jo 3.14, Rm 6.6). Embora a rvore da minha vidasempre dar alguns espinhos, sou basicamente uma rvore frutfera.Em Cristo, aconteceu um trabalho de reengenharia gentica paraproduzir o fruto do Espritoe o domnio prprio parte dele! (cf. Gl5.22).13

    Olhando agora para o texto de Gla tas 5:22-25vemos uma lista de virtudes,que, juntas, constituem o fruto do Esprito; sendo uma dessas virtudes o domnio

    prprio, que a aona qual o Esprito Santo de Deus leva o homem a governar o

    seu prprio esprito, por meio de uma afetuosa confiana em Cristo.14

    9MARSHALL, I. Howard. I e II Tessalon icenses: I nt roduo e Comentrio.So Paulo: Vida Nova, 2008, p.261.10O Catecismo Maior.So Paulo: Editora Cultura Crist e Sociedade Bblica do Brasil, 1999, pp. 146-9.11HENEGAR, Walter. Loc. cit.12HENEGAR, Walter. Ibid, p. 133.13HENEGAR, Walter. Ibid, p. 134.14 ERDMAN, Charles R. Comentrio da Epstola de So Paulo aos Glatas. So Paulo: Casa EditoraPresbiteriana, 1930, p. 118.

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    Da vem o desafio proposto no verso 25: Se vivemos no Esprito, andemos

    tambm no Esprito.Esse andar algo ativo e propositado. um alinhar-se, andar

    de acordo com, vontade do Esprito de forma a cumpri-la na vida.

    Assim, andar no Esprito andar deliberadamente ao longo docaminho ou de acordo com a linha que o Esprito Santo estabelece,(...) ou de acordo com as suas regras.15

    2.IMPLICAES DO ENSINO BBLICO:

    O Apstolo Paulo, escrevendo ao seu filho na f Timteo, orienta-o da seguinte

    forma:

    Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;porque, fazendo assim, salvars tanto a ti mesmo como aos teusouvintes.(1 Timteo 4:16)

    O autor Richard Baxter, em sua famosa obra O Pastor Aprovadocorrobora a

    viso paulina ao afirmar que:

    Primeiro, somos exortados a olhar para ns mesmos, para nosuceder estarmos vazios da divina graa salvadora que estamosoferecendo a outros, porquanto, possvel oferecermos esta graa aoutros e, todavia, estarmos alheios s operaes eficazes do

    evangelho que pregamos. Podemos proclamar a outros a necessidadede um Salvador, e em nossos prprios coraes negligenci-lo.16

    Baxter afirma ainda ser um perigo que vivamos a praticar os pecados contra os

    quais pregamos, o que pode apontar para um despreparo pessoal para o ministrio

    pastoral17. preciso arrependimento e, arrependimento tem relacionamento estreito

    com o processo de santificao pelo qual passamos aps a converso. Isso faz parte

    do nosso cuidado pessoal e doutrinrio. Cristo crescendo em ns.

    J. I. Packer em seu livro A Redescoberta da Santidade fala sobre o processo

    de arrependimento como um paradoxo, onde crescemos para baixo. Isso no sentido

    de que, uma vez que o nosso crescimento se d na pessoa de Cristo Jesus, e

    necessrio que Ele cresa e ns diminuamos, esse crescimento espiritual se d pela

    humilhao do eu perante o senhorio de Cristo.Os cristos assim podem dizer que

    15STOTT, John R. W. A Mensagem de Glatas.So Paulo: ABU, 1989, p.140.16BAXTER, Richard.O Pastor Aprovado.So Paulo: PES, 1996, p. 51.17BAXTER, Richard.Ibid, pp. 52.

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    crescem mais quando ficam menores18, quando seu ego dominado pela mente de

    Jesus, quando o seu corao est cativo s verdades da graa do Evangelho.

    Walter Henegar faz a seguinte confisso:

    Fiquei convencido de que arrependimento sempre o primeiro passono processo de mudana. Sem arrependimento, eu era um homemmovido pela culpa, confiante em minha prpria fora e com umapercepo distorcida do problema. Com arrependimento, passei a serum homem movido pela graa, confiante na fora de Deus e com umapercepo mais bblica dos meus problemas.19

    O arrependimento, fruto de um reconhecimento bblico do pecado e seguido

    pela tristeza da humilhao diante de Deus fundamental para mantermos os nossos

    coraes firmes na tarefa ministerial.20

    Na Bblia, arrependimento um termo teolgico que indica umabandono daquelas atitudes que afrontam Deus envolvendo-se no queele odeia e probe. (...) Arrependimento significa mudar hbitos depensamento, atitudes, ponto de vista, poltica, direo ecomportamento na medida certa para deixar de lado o caminho erradoe seguir o caminho certo. Arrependimento , na verdade, umarevoluo espiritual.21

    preciso convencer-se e compreender de maneira definitiva que a

    procrastinao um pecado e que o arrependimento a nica sada bblica para

    conseguir venc-lo. Em muitos casos isso uma humilhao, principalmente se

    estivermos tratando com lideranas que so pagas pela Igreja e usam mal o tempo,

    desperdiando a oferta da viva. (Marco s 12:42-43)

    18PACKER, J. I. A Redescoberta da Santidade: O Cami nho para a Alegri a e a Li berdade, agora e no futu ro.

    So Paulo: Editora Cultura Crist, 2002, pp.105-6.19HENEGAR, Walter. Op. cit., p. 134.20BAXTER, Richard.Op. cit., pp. 69-70.21PACKER, J. I. Op. cit. p.108.

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    III. COMPREENSO E INSTRUES BBLICAS APLICADAS

    VIDA

    Uma vez tendo reconhecido o problema a ser tratado o que se segue o

    processo pelo qual se deu o despir-se do velho homem, renovar da mente em

    Cristo e o revestir-se da Verdade da Palavra de Deus. Como em todo processo demudana, resistncia e dores so inevitveis.

    Nesse processo outro texto da Palavra de Deus me veio ao corao como uma

    ferramenta de ajuda:

    1- Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisiase invejas e de toda sorte de maledicncias, 2- desejai ardentemente,como crianas recm-nascidas, o genuno leite espiritual, para que,por ele, vos seja dado crescimento para salvao, 3- se que jtendes a experincia de que o Senhor bondoso. (1 Pedro 2:1-3)

    Conforme afirma o Rev. Wadislau Martins Gomes, esse texto apresenta

    claramente um caminho para o despojamento dos desejos do velho homem e um

    revestimento dos desejos do novo homem. No entanto, na aplicao das verdades

    bblicas vida preciso haver uma disposio profunda do corao acompanhada de

    muita dedicao, dependncia e esforo para caminhar pelo processo de:

    equilibraoonde os nosso objetivos so mudados, buscando a conformidade dos

    nossos desejos ao que Deus preparou para ns; modelaoonde somos levados

    atravs do aprendizado a uma mudana de modelos, da idolatria para a devoooriginal a Deus; e, por fim a habituaoonde somos desafiados re-habitaoda

    f de modo que o nosso carter sofra mudanas que culminem na transformao do

    comportamento. Todo esse processo um processo de converso, no

    necessariamente no que se diz respeito f salvadora, mas no que se refere uma

    mudana de sentido na nossa adorao, devoo, dedicao e prtica diante do

    Senhor.22Assim passaremos a ver quais os passos desse processo.

    22GOMES, Wadislau Martins. Aconselhamento Redenti vo.So Paulo: Cultura Crist, 2004, pp.216-29.

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    1.APRESENTAO TERICA DO MTODO DE MUDANA BBLICA:

    Como dito acima, o texto de 1 Pedroapresenta um caminho de mudana. No

    entanto esse caminho, apesar de parecer bastante genrico, pode e deve ser aplicado

    a um pecado em especfico como um modelo bblico de despir-se, renovar a mente

    e revestir-se.

    O Apstolo Pedro claro no apresentar desses passos. Vejamos:

    1-) Despir-se: Despojando-vos, portanto, de toda maldade e

    dolo, de hipocrisias e invejas e de toda sorte de maledicncias...

    (1 Pedro 2:1)

    2-) Renovar a mente: ... desejai ardentemente, como crianas

    recm-nascidas, o genuno leite espiritual,... (1 Pedro 2:2a)

    3-) Revestir-se: ... para que, por ele, vos seja dado crescimento

    para salvao,... (1 Pedro 2:2b)

    A-) Descrio do plano Despir-se / Renovar a mente / Revestir-se:

    Esses passos acima foram esmiuados em sala de aula pelo Rev. DouglasLeaman ao apresentar os Elementos do desabituar-se e do reabituar-se do Pastor

    Jay Adams23. Adams apresenta os sete elementos envolvidos em um processo de

    mudana bblica, a saber:

    1. Tomar conscincia da prtica da qual necessrio desabituar-se.

    2. Descobrir a alternativa Bblica para lidar com o problema.

    3. Estruturar a situao inteira visando mudana.

    4. Partir os elos da cadeia pecaminosa.5. Obter ajuda de outros irmos.

    6. Salientar o relacionamento inteiro com Cristo.

    7. Pr em prtica na vida o contedo recebido.

    Agrupando os conceitos de Despir-se / Renovar a mente / Revestir-se aos

    elementos de desabituar-se e do reabituar-se chega-se seguinte descrio para

    definio de um plano de mudana e renovao espiritual:

    23ADAMS, Jay E. Manual do Conselheiro Cr isto.So Paulo: Fiel, 1982, pp.182-201.

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    1. Despir-se:

    Para despir-se de um pecado (modelo de vida) que desagrada a Deus e dar

    incio a uma renovao e mudana de hbitos necessrio que haja um confrontar

    profundo da Palavra de Deus nos nossos coraes aos moldes do que nos diz o autor

    da carta aos Hebreus:

    Porque a palavra de Deus viva, e eficaz, e mais cortante do quequalquer espada de dois gumes, e penetra at ao ponto de dividir almae esprito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos epropsitos do corao.(Hebreus 4:12)

    Assim, nesse incio de despojar-se da maldade, do dolo, hipocrisia e toda forma

    de pecado (1 Pedro 2:1), seguir-se- dois passos:

    1. Tomar conscincia da prtica da qual era necessrio desabituar-se:

    reconhecer que essa prtica uma maneira desordenada de andar

    inerente ao velho homem.

    1- Ele vos deu vida, estando vs mortos nos vossos delitos e pecados,2- nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,segundo o prncipe da potestade do ar, do esprito que agora atua nosfilhos da desobedincia;(Efsio s 2:1-2)

    Uma das ferramentas que auxilia essa conscientizao e gera

    reconhecimento da profundidade do pecado o descobrimento da

    frequncia com que o referido pecado ocorre. Isso mostrar quanto tempo

    esse pecado tem roubado da vida e tambm o grau de dificuldade que

    teremos para venc-lo.24

    2. Descobrir a alternativa Bblica para lidar com o problema: compreender que

    o pecado fruto da corrupo do homem (Efsios 4: 22) e que no novo

    caminhar ser necessrio deixa-lo de lado e assumir novas prticas:

    Aquele que furtava no furte mais; antes, trabalhe, fazendo com asprprias mos o que bom, para que tenha com que acudir aonecessitado.(Efsios 4:28)

    2. Renovar a mente:

    Renovar a mente buscar uma mudana de modelos para as prticas da vida.

    O Apstolo Paulo enfatiza essa realidade de forma clara e direta ao escrever:

    1- Rogo-vos, pois, irmos, pelas misericrdias de Deus, que

    apresenteis o vosso corpo por sacrifcio vivo, santo e agradvel a

    24ADAMS, Jay E. Op. cit., p.183.

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    Deus, que o vosso culto racional. 2- E no vos conformeis com estesculo, mas transformai-vos pela renovao da vossa mente, para queexperimenteis qual seja a boa, agradvel e perfeita vontade de Deus.(Romano s 12:1-2)

    O Rev. Wadislau Gomes afirma que esse renovar da mente a mudana dos

    modelos idlatras para o modelo original de adorao a Deus. Ele afirma ainda que

    essa modelao se d em forma de um aprendizado que se subdivide em trs formas:

    formal, informal e experimental. Jesus o novo modelo a seguir. De maneira formal o

    aprendizado se d ao conhecer mais a Cristo, na Palavra; de maneira informal o

    aprendizado se d pelo estudo dirio da Palavra e na vida de orao; de maneira

    experimental ou no formal na experincia comum na igreja e da igreja ao

    mundo.25

    Renovar a mente desenvolver um desejo ardente por Deus, pelo seu

    conhecimento, sua Palavra e seu governo na vida (1 Pedro 2:2a), nesse aspecto

    aplica-se mais dois passos propostos por Jay Adams:

    1. Estruturar a situao inteira visando mudana: aqui encontramos, de

    maneira mais profunda, o papel prtico da orao auxiliando a

    compreenso para que haja libertao em alguma rea especfica (Efsios

    4:23). Adams afirma que quando algum ora com f pedindo mudana na

    vida, essa orao deve ser seguida de atitudes prticas:

    Se ele orar pedindo libertao do vcio de fumar, ento deveriasuspender a compra de cigarros. Se quiser dominar o hbito depensamentos impuros, deveria queimar suas revistas de mulheres. Sedesejar libertar-se de seu mau temperamento, deveria abandonar acompanhia de pessoas com problemas similar...26

    nessa fase que buscamos imitar a Deus, como filhos amados que somos

    (Efsios 5: 1) e buscamos nos encher da sabedoria que vem de Deus:A sabedoria, porm, l do alto , primeiramente, pura; depois,pacfica, indulgente, tratvel, plena de misericrdia e de bons frutos,imparcial, sem fingimento.(Tiago 3:17)

    2. Partir os elos da cadeia pecaminosa: esse talvez seja um dos momentos

    mais difceis no processo de renovao da mente. Aqui no apenas requer-

    se um aprendizado terico sobre o pecado e sobre como mudar padres,

    mas, principalmente, nesse estgio em que algumas aes prticas

    25GOMES, Wadislau Martins. Op. cit., p. 223.26ADAMS, Jay E. Op. cit., p.185.

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    precisam ser implementadas. Poderamos dizer que nessa fase, j

    reconhecemos que andamos por caminhos errados, paramos nosso carro,

    identificamos o novo caminho no GPS e agora comea-se o processo da

    volta para o caminho certo.

    5- por isso mesmo, vs, reunindo toda a vossa diligncia, associaicom a vossa f a virtude; com a virtude, o conhecimento; 6- com oconhecimento, o domnio prprio; com o domnio prprio, aperseverana; com a perseverana, a piedade; 7- com a piedade, afraternidade; com a fraternidade, o amor.(1 Pedro 1:5-7)

    nesse ponto que a resistncia e a rejeio mudana aparecem de forma

    mais efetiva. Tambm pode aflorar aqui a ira, ressentimentos da alma e

    sentimento de vingana. preciso diligncia e confiana no Senhor parano desistir do processo de santificao, pois a santidade tem sua raiz na

    nossa co-crucificaoe co-ressurreiocom Cristo, conforme afirma J.

    I. Packer. E esse processo tende a ser doloroso.

    A raiz da santidade o amor a Deus e sua lei, dada a ns peloEsprito Santo por meio de nossa unio com Cristo em sua morte eressurreio.27

    3. Revestir-se:

    Uma vez j tendo se despido da iniquidade e tendo renovado a mente em Cristo

    Jesus, vem o terceiro passo do processo de mudana, o revestir-se:

    e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justia eretido procedentes da verdade.(Efsios 4:24)

    12- Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, deternos afetos de misericrdia, de bondade, de humildade, demansido, de longanimidade. 13- Suportai-vos uns aos outros,

    perdoai-vos mutuamente, caso algum tenha motivo de queixa contraoutrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim tambm perdoaivs; 14- acima de tudo isto, porm, esteja o amor, que o vnculo daperfeio.(Colo ssen ses 3:12-14)

    Essa a fase do desenvolvimento espiritual, do crescimento, conforme afirma

    o Apstolo Pedro: ... para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvao,...

    (1 Pedro 2:2b). No revestir-se tambm observaremos mais dois passos propostos por

    Jay Adams rumo ao novo habituar-se em Cristo:

    27PACKER, J. I. Op. cit. p.152.

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    1. Obter ajuda de outros irmos: a vida crist no uma vida solitria. A

    Bblia afirma que somo um corpo, o Corpo de Cristo na terra e que o

    Senhor Jesus a cabea desse corpo (Romanos 12:5). Essa vivncia

    como corpo tem suas implicaes, como o fato de nos auxiliarmos em

    nossas lutas. Diz-nos as Escrituras:

    Habite, ricamente, em vs a palavra de Cristo; instru-vos eaconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus,com salmos, e hinos, e cnticos espirituais, com gratido, em vossocorao.(Colossens es 3:16)

    24- Consideremo-nos tambm uns aos outros, para nos estimularmosao amor e s boas obras. 25- No deixemos de congregar-nos, como costume de alguns; antes, faamos admoestaes e tanto mais

    quanto vedes que o Dia se aproxima.(Hebreus 10:24-25)

    Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelosoutros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficcia, a splica dojusto.(Tiago 5:16)

    Toda essa instruo das Escrituras aponta para a necessidade de um

    cuidado mtuo entre os irmos. Somos membros uns dos outros e

    devemos nos edificar mutuamente no conhecimento de Cristo. Alm

    dessa interao natural da vida crist, tambm temos disposio

    conselheiros capacitados para instruir pessoas, bem intencionadas, que

    esto mal informadas sobre que tipo de ajuda mister dar, quem est

    mais habilitado para tal e como essa ajuda pode ser prestada.28

    2. Salientar o relacionamento com Cristo por inteiro: quando passa-se por

    um processo de tratamento de um pecado especfico tem-se a tendncia

    de focar apenas os aspectos que abrangem o pecado em questo,

    deixando de observar que o pecado em si fruto de um relacionamento

    degenerado com o Senhor Jesus e afeta a vida como um todo. As

    Escrituras nos exortam a enchermo-nos do Esprito (Efsios 5: 18), ou

    seja, sermos completamente controlados pelo Esprito de Deus e no

    pelo pecado. Por exemplo, quando trata-se de um problema com

    bebidas alcolicas o problema no est no ato de beber em si, mas no

    alcoolismo que um estilo de vida que afeta a pessoa como um todo e

    28ADAMS, Jay E. Op. cit., p.193.

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    em todas as reas da sua vida. preciso romper as correntes do pecado

    escravizante e render-se completamente ao domnio de Cristo.29

    4. Pondo o novo padro em prtica:

    Segundo o Rev. Wadislau: No basta saber o certo para se agir certo.

    preciso um convencimento do Esprito a respeito do motivo certo.30Ainda, Jay Adams

    afirma que: Os padres de comportamento no evoluem automaticamente. Tornam-

    se parte da vida da pessoa atravs da prtica.31Por conta da compreenso desses

    conceitos resolvi salientar esse tpico parte do despir-se, renovar a mente e

    revestir-se, por considerar a grande dificuldade que passar do conhecimento

    adquirido para a prtica.

    A Palavra nos diz que: O temor do Senhor o princpio do saber, mas os

    loucos desprezam a sabedoria e o ensino. (Provrbio s 1:7). Os termos sabere

    sabedoriadescritos aqui em Provrbios tem um sentido muito mais amplo do que a

    capacidade de acmulo de conhecimentos. O saber que emana de Deus, e a

    sabedoria e ensino desprezados pelos loucos, so a capacidade especial que Deus

    concede aos que O buscam, dando-lhes bom senso, prudncia; juzo, razo e retido.

    Sabemos que:

    Toda boa ddiva e todo dom perfeito so l do alto, descendo do Paidas luzes, em quem no pode existir variao ou sombra demudana.(Tiago 1:17)

    Assim preciso buscar em Deus a capacidade de compreender a sua vontade

    e aplica-la vida de forma prtica, fazendo que o conhecimento mude a mente,

    corao, atitudes e palavras.

    O conceito pode parecer simples demais, mas uma verdadeira guerra

    espiritual. Edward T. Welch faz as seguintes proposies a respeito da prtica de

    largar um pecado: preciso declarar guerra contra o pecado; no ter piedade dos

    desejos pecaminosos e elimin-los da mente e corao; lutar constantemente contra

    as tentaes internas; compreender que o processo de mudana , na verdade, um

    processo de santificao progressiva onde devemos ter esperana no Senhor, pois o

    nosso maior inimigo, Satans, j est derrotado.32

    29ADAMS, Jay E. Op. cit., pp.194-7.30GOMES, Wadislau Martins. Op. cit., p. 229.31ADAMS, Jay E. Op. cit., pp.198.32WELCH, Edwuard T. Vcios: um banquete no tmulo.So Paulo: NUTRA Publicaes, 2009, pp.283-91.

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    J. I Packer afirma que, apesar de no ser divertido seguir rotinas, o resultado

    final do processo de santificao vale a pena. Ele afirma que:

    A maturidade crist, que o desenvolvimento pleno da santidade,

    o produto final prometido por uma outra disciplina de dura conquista,ou seja, a persistncia tanto passiva (pacincia) como ativa(perseverana).33

    A disciplina o segredo da piedade. O que o Senhor requer de ns nesse

    processo de mudana que disciplinemos nossas vidas em direo piedade,

    tornando-nos cada dia mais parecidos com o nosso Deus. Esse deve ser o nosso

    alvo.34

    B-) Anlise do cerne do assunto, como ele aparece na vida:

    A procrastinao tem aparecido na minha vida a anos. As primeiras lembranas

    que tenho desse pecado remontam minha infncia quando eu retardava a

    obedincia s ordens dadas pelos meus pais. Desde cedo sempre tive essa tentativa

    de dominar o tempo.

    A questo, apesar de ir se agravando com o passar dos anos, foi se tornando

    um comportamento natural e um modelo repetido para quase tudo . Olhando paratrs consigo perceber a grande dificuldade em cumprir certos horrios, em realizar

    determinadas tarefas dentro do prazo estipulado, em cumprir certas responsabilidades

    antes que fosse tarde demais, e, em simplesmente obedecer certas questes a mim

    impostas.

    Juntamente com a procrastinao foi se desenvolvendo um elevado nmero de

    justificativas necessrias para as respectivas defesas dos atrasos. De certa forma,

    sempre me coloquei como vtima de algumas circunstncias. fato que realmente,em muitos casos, o tempo foi escasso ou algumas questes inesperadas

    aconteceram, isso ocorre com todo mundo. O problema que quando essas

    circunstncias ocorriam, eu no havia feito ainda nem o mnimo, por ter deixado tudo

    para depois, para a ltima hora.

    Desta forma a procrastinao foi se estabelecendo como um padro na vida.

    Iniciou-se desde a infncia e foi se ramificando para muitas reas da vida. Eu acabava

    33PACKER, J. I. Op. cit. pp.211-2.34ADAMS, Jay E. Op. cit., pp.199.

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    me metendo em negcios alheios s minhas responsabilidades, oferecendo ajuda a

    quem no precisava, tentando resolver problemas que no eram meus, lendo coisas

    que no eram necessrias, gastando tempo com irresponsabilidades e futilidades que

    se apresentavam como importantes no momento, tudo para fugir do que realmente

    deveria estar fazendo.

    Esse padro s foi percebido, confrontado e encarado de frente partir da

    leitura do artigo de Walter Hehegar35, at ento eu jamais me percebera um

    procrastinador, pelo contrrio, sempre me vi como muito responsvel e como uma

    constante vtima do tempo.

    Agora espero em Cristo poder lutar contra esse mal e venc-lo diariamente.

    Espero devolver o tempo que a procrastinao roubou da minha famlia, esposa efilhas, da minha sade, da minha igreja e, principalmente do relacionamento com o

    Senhor.

    2.APRESENTAO PRTICA DO MTODO DE MUDANA BBLICA:

    Desde a percepo acerca da procrastinao apliquei-me a leituras que me

    direcionassem a uma mudana. Na verdade, creio que ainda estou no comeo de uma

    longa caminhada, pois tenho sentido o peso da tentao de continuar a procrastinar

    em vrias reas.

    No entanto assumi um compromisso diante de Deus de colocar alguns alertas

    na minha vida com respeito a isso conforme segue descrito na viso panormica da

    verdadeira aderncia ao plano de mudana.

    A-) Viso panormica da verdadeira aderncia ao plano de mudana proposto:

    Essa mudana que j foi iniciada ainda est ocorrendo, pois, a procrastinao

    desenvolvida por anos como sendo um estilo de vida ainda cobra suas contas. Segue

    abaixo descrito em forma de tabela como foi a aderncia ao plano de mudana em

    cada um dos estgios: despir-se, renovar a mente e revestir-se.

    35HENEGAR, Walter. Op. cit.

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    Despir-se: Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas ede toda sorte de maledicncias...(1 Pedro 2:1)

    Deixar de perder tempo desnecessriocom internet (principalmente redes

    sociais).

    Evitar de sair atrasado paracompromissos.

    Deixar de roubar tempo da famlia compreocupaes externas.

    Deixar o comodismo da imobilidadefsicade lado.

    Deixar de devaneios e desligar todotipo de acesso internet e celularquando estiver em momentosdevocionais.

    Abandonar a tentao de estar semprepresente (on-line) para todas aspessoas que queiram bater paposobre assuntos teolgicos ouaconselhamentos.

    Renovar a mente: ... desejai ardentemente, como crianas recm-nascidas, o genunoleite espiritual,... (1 Pedro 2:2a)

    Deus o dono do tempo e que nopreciso estar on-line a todo o momentopara resolver problema algum.

    A pontualidade nos compromissosreflete o carter responsvel de Cristopara as pessoas.

    Compreender que a famlia est emuma escala de prioridades que vemlogo abaixo de Deus.

    Lembrar que o meu corpo templo doEsprito Santo e preciso cuidar daminha sade em honra ao Senhor.

    Na escala de prioridades da vida, Deusest em primeiro lugar. O tempo dedevocional e orao primordial paraum crescimento espiritual quantitativoe qualitativo.

    Compreender que a onipresena umatributo divino e que somente o Senhorpode estar em todos os lugares. Saberque os compromissos alheios nopodem se intrometer nos meuscompromissos e vice e versa.

    Revestir-se: ... para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvao,... (1 Pedro2: 2b)

    Evitar de entrar nas redes sociaisquando for fazer alguma tarefaimportante no computador.

    Assumir a responsabilidade de sair decasa com tempo hbil para chegar aosdestinos, considerando possveisproblemas que possam acontecer.

    Investir tempo de qualidade com aesposa e filhos. Orando juntos,fazendo tarefas de lazer juntos epassando tempo mais valioso emmtuo conhecimento.

    Colocar na agenda de tarefas umtempo dirio para exerccios fsicos ecuidado com a sade.

    Estipular um tempo dirio para leitura eorao onde no tenha nenhum outrotipo de distrao que possa tirar o focodo aprendizado da Palavra.

    Deixar de procurar responderpessoas on-line quando estiverfazendo outra tarefa no computador.Lutar contra a tentao de estarpresente e ser estimado por isso.

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    B-) Anlise dos pontos crticos do despertar e do arrependimento:

    Certa feita, no ano de 2011, lendo um livro de Eugene Peterson deparei-me

    com uma frase que me pareceu bonita e me serviu de fonte de alento e desculpa para

    vrias situaes que eu no queria que me incomodassem:

    ... se eu inutilmente ocupar meu dia com atividades alheias a meudever, ou permitir que os outros o encham com responsabilidadesimperiosas, no terei templo para fazer o trabalho para o qualrealmente fui chamado. Como posso guiar pessoas rumo a um lugarcalmo, junto s guas tranquilas, se eu mesmo me encontro emconstante agitao? Como persuadir algum a viver pela f e no porobras, se tenho de programar constantemente minha agenda parafazer com que tudo se acerte?36

    Analisando a mesma frase hoje, percebo que o grande problema na minha vida

    que eu considerava que as tarefas pelas quais eu era realmente responsvel eram

    consideradas um atrapalho, ao passo que a procrastinao e o meter-se em

    problemas alheios assumiam o status de responsabilidade.

    Sem me dar conta eu acabei invertendo a ordem das coisas e agi como um

    louco que encontrava alento em sua loucura fugindo das responsabilidades do mundo

    real. Eu acabava colocando na conta do ativismoas tarefas de ler a Bblia, orar,

    atender, visitar, aconselhar, ensaiar, tocar, cantar, pregar, e at mesmo o descansar

    com a famlia. Tudo isso, que seria o padro normal da vida crist, era encarado como

    ativismo.

    Hoje me vejo como se eu fosse um elefante acorrentado a uma cadeira. Como

    fui tolo invertendo a ordem das responsabilidades! Como fui todo cedendo tentao

    de ser um semideus adorado por pessoas com quem me relaciono somente no

    ambiente virtual, que no sei onde moram, no conheo o contexto de suas vidas; me

    preocupando com problemas que no so meus e deixando os meus problemas de

    lado. Dei valor a tantas coisas distantes deixando de valorizar os relacionamentos

    prximos. Assumi responsabilidades de outros e deixei de cumprir as minhas

    responsabilidades. Ainda bem que o Senhor foi misericordioso para comigo.

    Um dos pontos crticos foi perceber que muito da procrastinao, por paradoxal

    que parea, foi na busca de reconhecimento positivo, de agradar pessoas, de ser

    36PETERSON, Eugene H. O Pastor Contemplativo: descobrindo o sign if icado em meio ao ativismo.So Paulo:Mundo Cristo, 2008, pp.27-8.

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    considerado presente e importante. Que vergonha! Somente o Senhor para nos livrar

    desses enganos diablicos.

    Outro ponto crtico foi aceitar lidar com a vergonha de saber que por anos fui

    controlado por um problema inexistente. Ter que pedir perdo para filhos e famlia

    pela irritabilidade gratuita quando a minha presena real era solicitada enquanto eu

    preferia estar presente no ambiente on-linepara pessoas desconhecidas, tambm

    foi algo doloroso.

    Agora prestar ateno em todo esse processo, estar constantemente

    despindo-me das vontades do velho homem, tratar o corao no que se refere ao

    cerne do pecado de querer ser um semideus e continuar firme no Senhor,

    disciplinando a vida para um desenvolvimento espiritual constante.

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    IV- CONCLUSO

    Poucas vezes na vida senti tanto o peso do confronto quanto na confeco

    desse trabalho. Foi extremamente duro ver-me como procrastinador. Foi

    extremamente doloroso saber que perdi muito tempo da minha vida correndo atrs do

    vento. Foi profundamente vergonhoso ver que meu relacionamento com Deus e com

    minha famlia estavam sendo depreciados por conta me intrometer em questes

    desimportantes.

    Creio que o processo de libertao foi deflagrado na minha vida diante da

    compreenso desses fatos. De agora em diante manter uma comunho mais

    disciplinada com o Senhor, manter uma agenda de prioridades que esteja acima da

    agenda de interesses pessoais e de urgncias externas, e, acima de tudo, buscar

    conhecer mais e mais a vontade do Senhor pela leitura assdua e vida de orao.

    Buscar a piedade como forma de desenvolvimento espiritual e pessoal.

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