Chamada p IX Espaco Cultural Tecnologia e Arte 2017congresso.fatecsp.br/textos/Chamada p IX Espaco...

3
IX Espaço Cultural Tecnologia e Arte da Fatec-SP – 2017 Exposição: A Pluralidade dos Mundos acorde aos Campos de SentidoO Espaço Cultural Tecnologia e Arte da Fatec-SP, hoje em sua 9ª edição, ocorre anualmente como um evento associado ao Congresso de Tecnologia. Permanece aberto não só durante o período do Congresso, como também, o antecede e o sucede, em uma semana, visando atender plenamente não só a comunidade acadêmica local como também às visitas externas. Os artistas visuais podem ser internos ou externos à instituição e são selecionados de maneira não só a trazer obras condizentes com a temática, como também, que utilizem técnicas diversas e que envolvam, de certa maneira, a pesquisa em seus trabalhos. Vide o Expediente ao nal deste. Este ano trataremos de abordar uma temática voltada para a pluralidade dos mundos e os campos do sentido com base no livro “Por quê o mundo não existe” de Markus Gabriel, que adentra na Corrente Filosóca do Novo Realismo. O sendo da ar Vamos a um museu porque lá experimentamos a liberdade de ver tudo de maneira diferente. Aprendemos a nos liberar da suposição de que há uma ordem mundial pré- estabelecida e de que não somos mais que meros espectadores passivos. Deve-se esforçar para interpretar uma obra inquietante, aparentemente sem sentido. Sem uma interpretação só se vê toques de cores. O sentido da arte é que nos confronta com o sentido. O sentido faz com que apareçam objetos que geralmente estejam ocultos. Assim pode-se interpretar as artes de distintas maneiras. A arte nos surpreende com um novo sentido e ilumina os objetos desde uma perspectiva não comum. Inrpretação da Ar Moderna Na interpretação da arte moderna se faz necessário uma combinação de conhecimentos sobre: história da arte, imaginação criativa e receptividade, para novas interpretações. De maneira geral se pode formular a hipótese de que a arte moderna se situa, em cada oportunidade a que se apresenta, frente à concepção cientíca do mundo. A liberdade da compreensão das obras de arte consiste em que entendamos algo e ao mesmo tempo experimentamos como a entendemos. O universo não cobra a questão do sentido; é a pessoa, ou seus feitos, que o faz. Segundo Markus, os idealistas alemães começaram a projetar no começo do século XIX o sentido entendido como Espírito (Geist). O Espírito não é simplesmente algo mental ou subjetivo, e sim a que se refere à dimensão do sentido da compreensão humana. Há distintos campos de sentido aos que se pode aceder e que se podem interpretar de distintas formas. Markus cita o livro: “Verdade e Método” de H-G., Gadamer, em que mostra que a interpretação de obras de arte e a compreensão geral do mundo humano são de tipos completamente diferentes de nossa compreensão da natureza humana. O descobrimento humano da verdade se alcança sem método, o que não signica que seja arbitrário ou completamente anárquico. O ser humano é uma criatividade viva. A criatividade, a imaginação e a originalidade são sinais da sua personalidade.

Transcript of Chamada p IX Espaco Cultural Tecnologia e Arte 2017congresso.fatecsp.br/textos/Chamada p IX Espaco...

IX Espaço Cultural Tecnologia e Arte da Fatec-SP – 2017

Exposição: “A Pluralidade dos Mundos acorde aos Campos de Sentido”

O Espaço Cultural Tecnologia e Arte da Fatec-SP, hoje em sua 9ª edição, ocorre anualmente como um evento associado ao Congresso de Tecnologia. Permanece aberto não só durante o período do Congresso, como também, o antecede e o sucede, em uma semana, visando atender plenamente não só a comunidade acadêmica local como também às visitas externas. Os artistas visuais podem ser internos ou externos à instituição e são selecionados de maneira não só a trazer obras condizentes com a temática, como também, que utilizem técnicas diversas e que envolvam, de certa maneira, a pesquisa em seus trabalhos. Vide o Expediente ao final deste.

Este ano trataremos de abordar uma temática voltada para a pluralidade dos mundos e os campos do sentido com base no livro “Por quê o mundo não existe” de Markus Gabriel, que adentra na Corrente Filosófica do Novo Realismo.

O sentido da arteVamos a um museu porque lá experimentamos a liberdade de ver tudo de maneira diferente. Aprendemos a nos liberar da suposição de que há uma ordem mundial pré-estabelecida e de que não somos mais que meros espectadores passivos. Deve-se esforçar para interpretar uma obra inquietante, aparentemente sem sentido. Sem uma interpretação só se vê toques de cores. O sentido da arte é que nos confronta com o sentido. O sentido faz com que apareçam objetos que geralmente estejam ocultos. Assim pode-se interpretar as artes de distintas maneiras. A arte nos surpreende com um novo sentido e ilumina os objetos desde uma perspectiva não comum.

Interpretação da Arte ModernaNa interpretação da arte moderna se faz necessário uma combinação de conhecimentos sobre: história da arte, imaginação criativa e receptividade, para novas interpretações. De maneira geral se pode formular a hipótese de que a arte moderna se situa, em cada oportunidade a que se apresenta, frente à concepção científica do mundo. A liberdade da compreensão das obras de arte consiste em que entendamos algo e ao mesmo tempo experimentamos como a entendemos. O universo não cobra a questão do sentido; é a pessoa, ou seus feitos, que o faz. Segundo Markus, os idealistas alemães começaram a projetar no começo do século XIX o sentido entendido como Espírito (Geist). O Espírito não é simplesmente algo mental ou subjetivo, e sim a que se refere à dimensão do sentido da compreensão humana. Há distintos campos de sentido aos que se pode aceder e que se podem interpretar de distintas formas. Markus cita o livro: “Verdade e Método” de H-G., Gadamer, em que mostra que a interpretação de obras de arte e a compreensão geral do mundo humano são de tipos completamente diferentes de nossa compreensão da natureza humana. O descobrimento humano da verdade se alcança sem método, o que não significa que seja arbitrário ou completamente anárquico. O ser humano é uma criatividade viva. A criatividade, a imaginação e a originalidade são sinais da sua personalidade.

Para os não familiarizados com a filosofia discorre-se aqui mais algumas das abordagens de Markus Gabriel e que podem ajudar na hora da interpretação das obras apresentadas em uma exposição:

Campos de Sentido = lugar onde aparece algo. A pergunta não é simplesmente se existe tal coisa, mas sim, onde ou não esta existe. Porque tudo o que existe, existe em alguma parte, ainda que seja em nossa imaginação. Ou seja, a existência é a circunstância de que algo apareça em um campo de sentido.

Afinal por que se aborda o Mundo e não o Universo?Universo = é menor que o todo. Universo é a máxima extensão em que nos encontramos. Por vezes imbuído de significados místicos e religiosos. É do âmbito objectural das ciências naturais, especialmente a física. Tudo que passa neste pode ser estudado experimentalmente utilizando os métodos das ciências naturais. A física, assim como em outras ciências, é cega para tudo o que não investiga, assim que, o universo é menor que o todo. Na realidade o Universo pode assumir uma posição bastante rústica, ou limitada, segundo se olhe.

Mundo = com contexto global. O Mundo não é somente um conjunto de coisas, como também de ações. Uma gama de âmbitos, o âmbito objectual que abriga a todos os âmbitos objectuales. (feitos). É a área ou o âmbito de todas as áreas. O mundo não é nem sequer imaginável, porque o mundo imaginado não pode ser idêntico ao mundo em que pensamos sobre este. Em tal posicionamento indefinido do mundo pode-se imaginá-lo como uma forma de ontologia fractal. Um infinito de cópias de si mesmo (Ex. Árvore de Pitágoras e Triângulo de Sierpinski). O mundo em que vivemos se mostra como uma única transição contínua de um campo de sentido a outro, como a fusão e o enlaçamento de distintos campos de sentido. Vale lembrar que o reconhecimento do Mundo em si, quando o fazemos, é desde o ponto de vista humano e que as formas de representação dependem dos Campos de Sentido, ou seja, um mesmo objeto pode aparecer de formas diferentes dependendo dos campos do sentido de quem o observa.

Existência = aparição em um campo de sentido. Não há um mundo, mas sim um mundo infinito de mundos que se solapam em partes, e que de certa forma são independentes entre si. Tudo o que existe, existe no mundo, porque o mundo é precisamente o âmbito em que tudo tem lugar. Fora do mundo não há nada. Qualquer coisa que se tenha como extra-mundo, pertence ao mundo. Sempre que creiamos haver captado o mundo teremos ante nós unicamente uma copia, ou uma imagem do mundo. Não podemos captar o próprio mundo, porque não há um campo de sentido ao que pertença, assim, não aparece nem se apresenta ante nós. Nosso mundo é um enlaçamento infinito de campos de sentido. Markus Gabriel cita– como exemplos: O pintor que pinta o próprio pintor e nós como espectadores; “Biografia de um tipo engenhoso” de Jean Paul, e os filmes “Fuga do Planeta dos Macacos” e “Cube” de Vicenzo Natali – que numa regressão infinita e de maneira

Espaço Cultural Tecnologia e Arte da FATEC-SP / edição IX

Exposição: “A Pluralidade dos Mundos acorde aos Campos de Sentido” Realização: 27/09 a 11/10/2017 (2ª a 6ª feira) das 10 h às 21 h. Sábados das 10 às 14 h. Dia 27/09 abertura às 18 h. Local da Exposição: Sala Laranja, Praça Coronel Fernandes Prestes, 30, Bl. A, Térreo, Bairro Luz, São Paulo, SP, 01124-060 / (Metrô Tiradentes - Saída FATEC-SP). Organização e Curadoria do Espaço Cultural: Cleusa Rossetto Contatos: [email protected] / Fone: (11) 3322-2225

Vista do VIII Espaço Cultural Tecnologia e Arte da Fatec-SP / 2016

aterradora e misteriosa nos aproximam desta realidade de Regressão infinita onde há um sem fim de campos do sentido que estão emaranhados (presos com nós) entre si em um número infinito de formas (nós infinitos no meio do nada), em lugar nenhum. Ou seja, cada informação específica sobre a localização só pode se dar dentro de um campo de sentido, não existe nada fora.

Aparição = sucesso ou evento O aparecimento ou a existência não é o mesmo que verdade. Neste contexto as Bruxas podem ser verdades dentro de um conto.

Os campos de sentido podem ser relativamente indeterminados, coloridos e vazios. Os objetos estão estreitamente relacionados com o significado do campo de sentido em que aparecem. Assim, pode-se reconhecer que a identidade ou a individualidade é essencial para a compreensão dos campos de sentido. Necessitamos, além da ontologia, de outras ciências, a experiência, nossos sentidos, a linguagem, o pensamento, em uma palavra toda, a realidade da cognição humana. Mesmo assim podemos nos equivocar, pois podemos nos posicionar acidentalmente em um campo de sentido errado. A existência é sempre relativa, em relação a um ou mais campos de sentido, e ademais, os objetos podem incluir aparições irisadas com forma ambivalente.

A teoria aqui vai longe! Quem se interessar pelo assunto buscar pelo livro de Markus Gabriel, que certamente abrirá novas formas de ver o mundo.

Sejam Bem Vindos!

Cleusa RossettoA Curadoria, julho de 2017.