Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
-
Upload
cleonirjunior -
Category
Documents
-
view
221 -
download
0
Transcript of Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
1/29
Captulo8
Tecnologiade Aplicao de
Agrotxicos:
Fatores que
afetam a eficincia
e o impacto ambiental
Aldemir Chaim
Sempre houve competio por alimentos entre outros seres vivos
e o homem e, dessa forma, estes procuraram usar sua inteli-
gncia para obter um balano favorvel nessa luta. Uma de
suas armas foi a utilizao de produtos para controlar as pragas,
doenas e ervas daninhas, para aumentar a produo de alimentos.
Bohmont (1981) apresenta um resumo histrico do aparecimento
dos agrotxicos e, segundo o autor, angiamente os romanos j usavam
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
2/29
@)f-------------------ICaptulo81
a fumaa proveniente da queima de enxofre para controlar pulges
que atacavam as plantaes de trigo. Tambm conhecido que
usavam sal para controlar ervas daninhas.
Nos primrdios do sculo 19, os chineses j utilizavam arsnico
misturado em gua para controlar insetos. Descobriu-se, no incio
desse sculo, que produtos derivados de plantas, tais como a rotenona
e a piretrina controlavam diferentes tipos de insetos. O Verde Paris,
uma mistura de arsnico e cobre, foi descoberto em 1865 e, desde
ento, passou a ser muito utilizado no controle do besouro da batata
do Colorado. Em 1882, descobriu-se que uma mistura de sulfato decobre e cal - "mistura Bordeaux" - era um excelente fungicida para
o controle de uma doena em videira denominada mldio(Plasmo para
viticula - Berk& Curtis e Berl & Detoni). Essa mistura continua a ser
utilizada at hoje, com grande sucesso, no controle de doenas em
vrias culturas.
Em 1890, um p contendo mercrio comeou a ser utilizado
para tratamento de sementes e, em 1915, foi desenvolvida umaformulao lquida para ser utilizada em controle de doenas fngicas
e tratamento de sementes. Os primeiros herbicidas surgiram por
volta de 1900, mas o grande avano no desenvolvimento dos
agrotxicos, de maneira geral, aconteceu por volta de 1940, com a
redescoberta do DDT e toda a gama de organodorados (verCaptulo 1).
Akesson&Yates(1979) dividem o desenvolvimento do controle
de pragas em trs perodos. O primeiro refere-se poca anterior a1867, em que se utilizavam produtos odorficos ou irritantes, tais
como excrementos e cinzas, mas tambm se comeava a utilizar
enxofre, rotenona, piretro, nicotina, leos animais ou de petrleo.
O segundo, compreendido entre 1867 a 1939, corresponde ao
perodo da descoberta e refinamento da mistura Bordeaux, bem como
de outras formulaes cpricas. Exatamente durante esse perodo,
comeou o desenvolvimento mais significativo nos equipamentos de
aplicao desses produtos. O terceiro perodo inicia-se a partir de
1939, com a era dos organossintticos. Segundo os autores cada
perodo foi acompanhado por seus mtodos especficos de aplicao.
Antes de 1868, as plantas eram esfregadas ou lavadas com panos
ou escovas, embebidos com a mistura "txica". Tambm se utilizavam
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
3/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
determinados tipos de regadores para aumentar a rapidez de
aplicao e a uniformidade da distribuio do produto nas culturas.
Nesse perodo, comearam a ser utilizados espanadores ou vassouras
para arremessar lquidos sobre as plantas, num processo queatualmente denominado de "benzedura". Foram desenvolvidos
alguns equipamentos contendo tanques sobre rodas, bombas manuais
de recalque e alguns tipos de "espanadores" especiais para essas
mquinas. Tambm comearam a ser utilizadas seringas para
esguichar lquido sobre as plantas. Essas seringas foram aperfeioadas
com a colocao de uma vlvula que permitia o bombeamento
intermitente do lquido.
O grande surto de desenvolvimento nos equipamentos de
aplicao surgiu no segundo perodo, entre 1867 e 1900. Isso ocorreu,
em parte, por causa do interesse dos agricultores em aumentar as
produes e melhorar a qualidade dos produtos; e tambm das
conseqncias da revoluo industrial, que promoveu um grande
xodo rural e uma maior concentrao de pessoas nas reas urbanas,
aumentando a demanda de produtos agrcolas, mas diminuindo a
disponibilidade de mo-de-obra para trabalhar no campo. Isso forou
o desenvolvimento de novas tecnologias para aumento de produo,
principalmente aquelas que permitiriam que poucos indivduos
cultivassem reas extensas, favorecendo, portanto, a prtica damonocultura.
As prticas de monocultura, em algumas regies, facilitaram oaparecimento de pragas e doenas. Os problemas fitossanitrios mais
srios dessa poca foram: o mldio, doena fingica em videiras que
dizimou plantaes na Europa; a invaso do besouro da batata, nos
Estados Unidos; e a sarna da batatinha, na Inglaterra e Irlanda.
Segundo Carvalho (1978), a sarna da batatinha praticamente dizimou
a cultura da batata e isso trouxe, como conseqncia, graves proble-
mas sociais e econmicos, inclusive a morte por fome e pobreza deaproximadamente 500 mil pessoas, alm da migrao de aproxima-
damente um milho de indivduos para outros pases. Todos esses
fatos contriburam para acelerar o processo de transformao da
agricultura e, durante o perodo entre 1867 e 1939, houve um grande
avano tcnico na mecnica das bombas e, dessa forma, a energia na
forma de presso pde ser utilizada em bicos de pulverizao.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
4/29
81--------------------1Captulo 8 I
NO incio, um simples tubo fino ou um orifcio produzia um jato fino
de lquido que, com a frico e resistncia do ar, promovia a formao
de grandes gotas. Mas o processo evoluiu e, de acordo com Akesson
&Yates (1979), em 1896 j eram descritas trs categorias de bicos
utilizados na agricultura:
Bicos com orifcios em forma elptica ou retangular, que
emitiam jatos em forma de leque.
Bicos com obstrues colocadas imediatamente frente doorifcio de sada de lquido, que tambm produziam jatos
em forma de leque (bicos de impacto).
Bicos que promoviam a rotao do lquido imediatamente
antes de sua emergncia pelo orifcio de sada, produzindo
um jato com formato cnico e vazio (no eram produzidas
gotas no interior do cone).
Esses bicos ainda so os mais utilizados na aplicao de
agrotxicos, mas, de 1896 at hoje, houve uma evoluo fantsticanos processos de sntese qumica, com o aparecimento de milhares
de novos produtos. A eficcia no controle dos problemas fitossanit-
rios aumentou sensivelmente, e atualmente existem produtos to
poderosos que so necessrios menos de 10 g de ingrediente ativo
por hectare, para controlar com sucessodeterminadas pragas. A efic-
cia do controle obtida graas ao grande efeito txico dessas novas
substncias, o qual compensa a pobre e deficiente deposio obtidacom as pulverizaes. De certa forma, o mtodo de aplicao empre-
gado atualmente o mesmo que se empregava no final do sculo
passado, e objetiva estabelecer uma barreira txica na superfcie do
alvo, para impedir o ataque de pragas e doenas.
No caso das plantas, a inteno molhar totalmente a sua super-
fcie, de maneira que se forme uma pelcula de material txico sobreela. Para que esse molhamento seja obtido, so gastos grandes
volumes de calda, que escorre e atinge o solo. A conseqncia disso
que, apesar de a eficcia dos produtos ser elevada, a eficincia da
aplicao dos agrotxicos atualmente muito baixa, pois em alguns
casos mais de 99,98% dos princpios ativos aplicados so
desperdiados (Graham-Bryce, 1977).
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
5/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
Existeuma tendncia de sereduzir o volume de calda empregado
e, para isso, necessrio o emprego de gotas com tamanhos adequados.
Com exceo de poucos casos, o controle no tem sido to eficiente
como aquele conseguido com a pulverizao de grandes volumes
(Matthews, 1982).
Fatores que Afetam
a Eficincia da Aplicao
As perdas que ocorrem durante as aplicaes de agrotxicos
so originadas por um conjunto de causas. Nas pulverizaes com
altos volumes, muitas gotas caem entre as folhagens das plantas,
especialmente nos espaos entre as linhas da cultura e entre as plantas,
atingindo o solo. Uma grande quantidade de gotas atinge as folhas,
coalescendo-se e formando gotas maiores, que no mais ficam retidas,escorrendo para as partes inferiores das plantas e caindo finalmente
no solo (Coursee, 1960).
A pulverizao com inteno de molhar totalmente as plantas
muito praticada atualmente, apesar de ter sido "inventada" no
sculo passado. Na prtica, o que acontece nesse tipo de aplicao
que, uma vez que se inicia o escorrimento, a reteno dos produtos
qumicos pelas folhas menor do que se a pulverizao fosse inter-rompida exatamente antes do incio do escorrimento. Esse ponto
dificilmente conseguido, e a quantidade de produto qumico retida
nas folhas proporcional concentrao da calda e independe do
volume aplicado. Se o objetivo for reduzir o volume de aplicao,
exigir-se- uma produo e distribuio adequadas de gotas e, nesse
caso, as perdas por evaporao e deriva podem ser acentuadas.
Atualmente, as recomendaes contidas nos rtulos das
embalagens dos agrotxicos deixam a seleo do volume de aplicao
a critrio do aplicador. Algumas recomendaes do opes de 200
a mais de 1.000 L de calda por hectare. Na prtica, o usurio utiliza
um mesmo volume para uma grande variedade de pragas e para os
vrios estgios de crescimento da cultura. Quando a cultura se
apresenta com as plantas pequenas, o volume aplicado pode ser
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
6/29
8f-----------------------1 Captulo 8 I
excessivo, e quando as plantas j esto desenvolvidas, o volume pode
ser insuficiente para fornecer uma boa cobertura da cultura
(Matthews, 1982).
O volume de aplicao depende do tipo de tratamento que sedeseja executar, mas apresenta uma forte relao com o tamanho
das gotas produzidas pelos bicos, os quais determinam a distribuio
do agrotxico no alvo. Pouca ateno tem sido dada ao tamanho das
gotas e uma grande variedade de bicos tem sido utilizada ao longo
dosanoss.A maioria dos bicos produz um espectro de gotas de tama-nhos variados e, em muitos casos, as gotas grandes se chocam contra
as folhas mais externas das plantas e no conseguem penetrar parase depositar nas superfcies escondidas do vegetal. Essa deposio
externa pode se dar em tal intensidade que acaba escorrendo para o
solo, produzindo o que denominado endoderiva. Entretanto, as
gotas pequenas, que so mais adequadas para penetrao entre as
folhas da planta, podem ser levadas pelo vento para fora da rea
tratada, provocando a exoderiva. So, alm disso, mais sensveis
evaporao. O tamanho de gota timo aquele que promove omximo de deposio de produto no alvo, com um mnimo de conta-
minao do meio ambiente (Himel, 1969; Himel & Moore,1969).
A no utilizao de gotas de tamanhos adequados tem proporcionado
perdas e, em alguns casos, mais de um tero dos produtos aplicados
podem estar sendo perdidos para o solo por meio da endoderiva.
Uma outra parte significativa, constituda das gotas pequenas, pode
estar sendo levada pelo vento para fora da rea tratada, na exoderiva(Himel, 1974).
A contaminao do solo tem provocado grandes variaes nas
populaes de organismos no-alvo, principalmente aqueles que
degradam a matria orgnica e melhoram a fertilidade. Muitas vezes,
essas perdas so responsveis por desequilbrios favorveisao apareci-
mento de novas pragas e doenas. O solo contaminado pode ser levado
pelas guas de chuva para rios, audes e lagos, colocando em risco
no s aquelas populaes que vivem nesses sistemas, mas tambm
as espcies que utilizam essa gua para sua sobrevivncia, como os
animais e o prprio homem.
Para compensar as perdas que ocorrem durante as aplicaes,
as dosagens aplicadas so superestimadas. Por exemplo, Brown (1951)
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
7/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
j afirmava que para matar um determinado inseto era necessrio
apenas 0,0003 mg de um determinado produto; para controlar uma
populao de 1milho de indivduos (populao que promovia dano
econmico na cultura), seriam necessrios apenas 30 mg do mesmo
produto. Apesar disso, nas aplicaes efetuadas no campo eram
utilizadas mais de trs mil vezes a dose necessria, para obter um
controle adequado.
Alvo BiolgicoPara se utilizar os agrotxicos mais eficientemente, os alvos
precisam ser definidos em termos de espao e de tempo, para se
estabelecer qual a quantidade de produto necessria e sua disponibili-
dade para as pragas e doenas.
A definio do alvo biolgico exige conhecimento da biologia
da praga, de maneira que possa ser determinado em qual estgioela mais suscetvel ao agrotxico.
No caso dos insetos, muitas vezes apenas uma parte da popu-
lao pode encontrar-se numa fase suscetvel num determinado
momento, pois apresentam vrios estgios distintos durante o seu
ciclo de vida, como, por exemplo, ovos, ninfas, larvas e pupas. As difi-
culdades na definio dos alvos levam ao uso de produtos qumicos
mais persistentes.
Dentro do conceito de proteo das culturas, deseja-se a reduo
da populao da praga ou de um estgio de seu desenvolvimento
que seja diretamente responsvel pelos danos em determinadas
culturas. A proteo da cultura ser mais eficiente quando os agrot-
xicos forem aplicados economicamente, dentro de uma escala deter-
minada pela rea ocupada pela praga e pela urgncia com que a
populao deve ser controlada (Matthews, 1982).
Em muitos casos, o controle tem sido dirigido para o estgio
larval dos insetos. Essa prtica tem apresentado grande sucesso
quando os tratamentos so suficientemente precoces para reduzir a
quantidade das larvas de inseto que esto se alimentando. Se o trata-
mento tardio, no snecessria uma dose maior para controlar a
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
8/29
8------------------------1\ Captulo 8 I
praga, como muito dano j pode ter sido causado. Entretanto, os
tratamentos dirigidos aos estgios larvais tm pouco ou nenhum efeito
sobre os ovos, pupas ou adultos, e pode ser necessria a repetio
dos tratamentos, medida que se desenvolvem outras larvas. Umexemplo clssico ocorre com a cochonilha Orthesia, onde a aplicao
de um inseticida fosforado, pode resultar na mortalidade de 100%
dos adultos. Entretanto, novos adultos podem ser subseqentemente
encontrados, porque esse tipo de praga deposita seus ovos em uma
estrutura denominada "ovissaco", a qual fica protegida da ao dos
agrotxicos e, assim, medida que os ovos eclodem, surgem novosindivduos. Nesse caso, o tratamento precisa ser repetido.
Num sistema de manejo de pragas, as informaes biolgicas
devem ser expandidas em simples descries do ciclode vida e devem
fornecer subsdios para a compreenso da ecologia da praga. neces-srio conhecer tambm o movimento da praga dentro das reas ecol-
gicas e a relao dela com os diferentes hospedeiros.
Para determinadas espcies de pragas, o alvo pode variar de
acordo com:
Estratgia de controle adotada.
Tipo e modo de ao do produto aplicado.
Habitat da praga.
Comportamento da praga.Descrever cada fator independentemente muito difcil, pois
depende das prprias inter-relaes existente entre eles.
O trips do amendoim, por exemplo, uma praga que fica prote-
gida entre os fololos fechados da planta. Nesse caso, necessrio
empregar um inseticida que apresente um forte efeito irritante, como
os piretrides, para desalojar os insetos, forando-os a caminhar sobre
as regies da planta pulverizada com agrotxico. Entretanto, as
cigarrinhas so pragas que tm o hbito de se movimentar muito
pela planta, e isso, de certa forma, facilita o seu controle, mesmo
com uma deposio irregular de agrotxicos sobre as estruturas do
vegetal. No caso das cochonilhas com carapaa, que so insetos
imveis, dificilmente sofreriam a ao dos inseticidas de contato.
Entretanto, a carapaa que protege o inseto da ao do inseticida
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
9/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
tambm pode ser utilizada para mat-lo, pois uma fina camada de
leo emulsionvel, aplicado sobre a superfcie do vegetal, impede a
entrada de ar para o interior dessa estrutura, provocando a asfixia
do inseto.
No caso de controle das doenas, um patgeno tpico de plantas
apresenta basicamente quatro fases:
Pr-penetrao.
Penetrao.
Ps-invaso.
Multiplicao (esporulao e disperso).
Idealmente, o controle deveria ser feito antes da penetrao
do hospedeiro na planta. possvel que os esporos possam atingiras plantas em uma srie de perodos muito curtos, quando as condi-
es favorecem a disperso. A rpida penetrao no hospedeiro limita
o tempo disponvel para a ao efetiva de fungicidas aplicados nas
folhas, a menos que um fungicida sistmico possa interromper odesenvolvimento da fase de invaso. Na maioria dos casos, o fungicida
tem que ser aplicado em vrias ocasies, para limitar a disperso da
doena. Variaes que ocorrem de rea para rea, de ano para ano,
dificultam a organizao de um plano das aplicaes, de maneira
que as pulverizaes so feitas de forma preventivas para evitar a
possibilidade de condies meteorolgicas desfavorveis durante a
epidemia.
Quando possvel, os agricultores tm preferido o uso do trata-
mento profiltico das sementes. Entretanto, esse tratamento s
efetivo durante a germinao e muito dependente das condies
de umidade do solo e do grau de cobertura das sementes.
Para o controle de ervas daninhas, os alvos para os herbicidas
podem ser: Sementes e plntulas prximas do estdio da germinao.
Razes, rizomas e outros tecidos sob o solo.
Troncos de rvores e arbustos.
Folhagens.
Brotaes apicais.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
10/29
8-------------------1 Captulo 8 I
A escolha da tcnica de aplicao depende no s do alvo mas
tambm da facilidade de penetrao e translocao do herbicida nas
plantas. Idealmente, um agricultor deve estar preparado para evitar a
germinao das sementes das ervas daninhas, com um produto seletivo,
de forma que a cultura possa se estabelecer livre de competio.
Alguns herbicidas de solo devem ser aplicados antes do plantio,
e a distribuio desse produto em pr-plantio muito importante.
Isso ocorre quando uma pequena quantidade do produto, normal-
mente menos do que 5 kg, deve ser distribudo numa camada de 2 a
5 cm do solo, em um hectare (Matthews, 1982).Os herbicidas de ps-emergncia devem ser aplicados na
superfcie do solo, durante ou imediatamente aps a germinao da
cultura. Um cuidado muito grande deve ser tomado na aplicao
dos herbicidas seletivos, pois a seletividade pode deixar de existir se
for aplicada uma super dose. Nesse caso, o bico de pulverizao deve
ser cuidadosamente escolhido, para evitar que as gotas atinjam a
cultura. Em muitos casos necessrio o uso de defletores ou protetores.Em outros casos,. existem basicamente dois tipos de plantas e folha-
gens de erva daninha a serem consideradas em relao deposio
do herbicida: as folhas estreitas das monocotiledneas, como os
capins, e as folhas largas das dicotiledneas. Portanto, existem
diferenas considerveis de detalhes de estruturas nas folhas que
afetam a reteno das gotas.
Muitas vezes o modo de ao do herbicida facilita a aplicao,
como no caso do glifosato, que aplicado sobre as folhas, se desloca
para os rizomas e razes, matando a planta.
Volume de aplicao
Volume alto, mdio, baixo, muito baixo e ultrabaixo so termos
utilizados para descrever a quantidade de lquido utilizado para
aplicar um agrotxico. Esses termos tm adquirido diferentes valores
dependendo do porte da cultura.
Existe uma tendncia de reduzir o volume de aplicao, tanto
para aumentar o rendimento operacional das mquinas de aplicao
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
11/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
quanto para reduzir o consumo de gua. A reduo do volume de
aplicao pode ser feita at um determinado limite. Esse limite tem
sido definido como ultra baixo volume e a quantidade mnima de
calda por unidade de rea capaz de produzir um controle econmico.
Esse volume depende da natureza e do tamanho do alvo (Matthews,
1982). Na Tabela 1, so apresentadas as diferentes classes de volume
de aplicao para diferentes tipos de alvos.
Tabela 1. Classificao dos volumes de aplicao, segundo Matthews
(1982), considerando diferentes tipos de alvos (em litros por hectare).
Volume alto
Volume mdio
Volume baixo
Volume muito baixoVolume ultra baixo
>600
200-600
50-200
5-50 1.000
500-1.000
200-500
50-200
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
12/29
@-----------------------1lcaptulo81
lquido, para que ele possa ser distribudo uniformemente numa
grande rea, por meio da sua diviso, em partculas lquidas, deno-
minadas gotas.
O nmero de gotas possveis para um determinado volume de
lquido inversamente proporcional ao seu dimetro, elevado ao
cubo. De acordo com Matthews (1982), o nmero mdio de gotas
que cai por centmetro quadrado em uma superfcie plana pode sercalculado por:
n=60/n.(lOO/dYQ (1)
Onde n= nmero mdio de gotas que caem por em"; d= dimetro
da gota em 1 1m e Q= litros por hectare.
De acordo com a frmula apresentada, a densidade terica de
gotas, quando se pulveriza um litro por hectare, assumindo que a
superfcie plana, mostrada na Tabela 2.
Tabela 2. Densidade terica de gotas quando
se pulveriza um litro/ha.
10
20
50
100
200
400
1000
19.999
2.387
153
19
2,4
0, 298
0, 019
(I) um =micrmetro - (um milmetro contm 1000 urn).
As pulverizaes produzem um grande nmero de gotas, isto
, esferas muito pequenas de lquido, tendo a maioria menos do que
0,5 mm de dimetro. O tamanho das gotas muito importante
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
13/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
quando se reduz o volume de aplicao, e as nuvens de gotas geradas
pelos bicos de pulverizao so classificadas de acordo com o dimetro
das partculas (Tabela 3).
Tabela 3. Classificao das nuvens de gotas de
acordo com o tamanho das partculas, segundo
Matthews (1982).
400
Aerossol
Neblina
Pulverizao fina
Pulverizao mdia
Pulverizao mdia
As pulverizaes com aerossol so empregadas, principalmente,
no controle de insetos voadores, como mosquitos e pernilongos. Uma
faixa de tamanho das gotas aerossis, compreendida entre 30 e
50 11m,bem como aquelas na faixa da neblina, so ideais para aplica-
es em folhagens, com volumes de calda muito baixos ou ultra baixos.
Quando a deriva precisa ser evitada, a pulverizao mdia ou grossa
deve ser utilizada, independentemente do volume aplicado.
O parmetro mais comum utilizado para expressar o tamanho
das gotas o dimetro mediano volumtrico (vmd). Nesse caso, soma-se
o volume de todas as gotas de uma amostra representativa, e o vmd
o dimetro daquela gota que divide a amostra em duas partes iguais,
de maneira que metade do volume composto por gotas menores
que o vmd, e a outra metade contm gotas maiores. Nesse caso, umas
poucas gotas grandes podem ser responsveis por uma grande
proporo do volume total da amostra e isso aumenta o valor do vmd,
que sozinho no serve para indicar a variao do tamanho das gotas.
Assim, um outro parmetro, o dimetro mediano numrico (nmd),
divide a amostra de gotas em duas partes iguais pelo nmero, sem
referncia aos seus volumes, de maneira que metade do nmero de
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
14/29
@f----------------------1ICaptulo81
gotas menor que o nmd e a outra metade maior. Esse parmetro
enfatiza as gotas menores, as quais quase sempre esto em maior
proporo numa amostra. Pelo fato de o vmd e o nmd serem afetados
por propores de gotas grandes e pequenas respectivamente, arelao entre os dois parmetros utilizada para expressar o grau
de uniformidade dos tamanhos. Assim, quanto mais a relao vmel/nmd
estiver prxima de 1, mais uniforme o tamanho das gotas, ou seja,
mais estreita a faixa de tamanhos das gotas.
Relao entre o tamanho
das gotas e o alvo de aplicao
Existe uma diversidade muito grande de alvos para as aplica-
es de agrotxicos. Como os agrotxicos so biologicamente muito
ativos, a eficincia da aplicao pode ser melhorada se for selecionado
um tamanho timo de gota, para aumentar a quantidade de produto
que atinge o alvo e adere a ele. necessrio muita pesquisa paradefinir o tamanho timo de gota para cada tipo de alvo, entretanto
Matthews (1982) apresenta uma tabela com algumas generalizaes(Tabela 4).
Tabela 4. Tamanho timo de gotas para
alguns tipos de alvo.
Insetos em vo
Insetos em folhagem
Folhagens
Solos (para reduzir deriva)
10-50
30-50
10-100
250-500
A seleo do tamanho das gotas deve ser bastante criteriosa
pois, por exemplo, imaginando-se que uma gota com dimetro de
50 um possui a dose letal de um determinado inseticida para um
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
15/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
determinado inseto, uma gota de 200 11mteria uma dose 64 vezes
maior, pois deve ser considerado que o volume de uma esfera dado
por V= 0,5236d3 onde V = volume da esfera e d = dimetro. Dessa
maneira, se as duas gotas fossem perdidas, a gota maior desperdiaria64 vezes mais produto que a gota menor.
Coleta das gotas pelos alvos
As gotas so coletadas na superfcie dos insetos ou das plantas
por sedimentao ou impacto, sendo este ltimo mais importante
para gotas aerossis 50 11m).A deposio por impacto proporcio-
nada por uma interao complexa entre tamanho e velocidade das
gotas e tamanho do alvo. Em geral, a eficincia da coleta aumenta,
proporcionalmente, com o aumento da velocidade relativa e tamanho
da gota, e diminui medida que o alvo aumenta de tamanho. Umagota de 10 11m,submetida ao de um fluxo de ar constante, conse-
guiria desviar-se de uma laranja colocada na sua trajetria; entretanto,
provavelmente no conseguiria se desviar de um fino fio de cabelo.
O impacto das gotas depende muito da posio das folhas em
relao trajetria das partculas lquidas. Uma grande parte das
gotas so coletadas pelas folhas que esto balanando pela ao da
turbulncia do ar. Entretanto, se a velocidade do vento for muito
grande - e isso ocorre em muito casos, em pulverizaes com equipa-
mentos que produzem correntes de ar em alta velocidade - a folhapode assumir uma posio paralela aojato de ar, de maneira a apre-
sentar uma rea mnima para interceptar as gotas.
A superfcie dos alvos pode afetar sensivelmente a deposio,
como no caso das superfcies pilosas ou serosas, que no conseguem
reter as gotas. Nesse caso, necessrio adicionar algum produto que
reduza a tenso superficial da calda de pulverizao, para melhorar
o molhamento ou espalhamento e adeso das gotas.
Densidade da deposio
Quando se pratica a pulverizao com grandes volumes de
calda, o ideal promover uma cobertura completa das plantas, mas
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
16/29
f--------------------I Captulo 8I
isso raramente se consegue. Para se reduzir o volume de aplicao,
existe a necessidade de se aplicar gotas separadas e, exceto em poucos
casos, o controle no tem sido to bom como o conseguido com a
aplicao de grandes volumes. Quando gotas distintas so aplicadas,o aplicador necessita conhecer qual deve ser a densidade e a distri-
buio das gotas no alvo para obter um controle efetivo. Na aplicao
de produtos sistmicos, a distribuio de gotas no influencia o
resultado do controle, porque o produto redistribudo nas plantas.
Entretanto, quando o produto tem ao de contato, a densidade e a
distribuio afetam sensivelmente o resultado do controle.
Insetos que apresentam grande mobilidade, como as cigarrinhas
e algumas espcies de lagartas, podem ser facilmente controladas
sem uma cobertura completa dos alvos. Mas para insetos minadores
de folhas e algumas espcies de cochonilhas, a cobertura tem que
ser bastante uniforme. Alguns trabalhos tm demonstrado que
necessria a deposio de uma gota de dimetro de 100um por
milmetro quadrado de folha, para o controle de uma cochonilha de
carapaa em citros (Matthews, 1982). O controle de doenas fngicas
sem uma cobertura completa pode parecer impossvel, desde que a
hifa do fungo penetre na folha no local da deposio do esporo.
Entretanto, alguns pesquisadores tm informado que cada gota possui
uma zona de influncia fungicida, de maneira que se as gotas
estiverem distribudas dentro de distncias adequadas, a proteo muito boa.
Dinmica das gotas
Efeito da evaporao - Um dos fatores que afetam a evaporao
das gotas sua rea de contato com o ar. A rea de superfcie de um
lquido aumenta em grandes propores quando ele quebrado em
gotas.
A rea de superfcie de uma esfera dada pela seguinte equao:
S=n.d2 ( 2 )
onde: S= rea da superfcie da esfera e d= dimetro da esfera
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
17/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
o volume de uma esfera dado por:
(3)
Onde: V= volume e d= dimetro
A relao superfcie/volume calculada por:
( 4 )
Nesta ltima equao pode ser observado que, medida que
diminui o dimetro das gotas, a relao superfcie/volume aumenta
sensivelmente. Como as pequenas gotas apresentam uma superfcie
muito grande, evaporam mais rapidamente que as gotas maiores.
Na Tabela 5 so apresentados o tempo de vida e a distncia de queda
de gotas de diferentes tamanhos, e em diferentes condies de tempe-
ratura e umidade relativa. O tempo de vida calculado pela seguintefrmula:
t =d2(80. !JT)-l (5)
Onde: t = tempo de vida em segundos, dT= diferena de temperatu-
ra entre termmetros de bulbo seco e mido.
A distncia de queda calculada pela seguinte frmula:
( 6 )
Onde: D= distncia de queda em centmetros e d= dimetro dasgotas (um)
Pode ser observado que, medida que aumenta a diferenaentre as temperaturas dos termmetros de bulbo seco e mido
(depresso psicromtrica), a taxa de evaporao aumenta considera-velmente.
A evaporao de gotas pode ser considerada como o principal
fator determinante da eficincia da aplicao de agrotxicos. Isto
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
18/29
81-------------------1 Captulo 8 I
Tabela 5. Tempo de vida e distncia de queda de gotas, em ar parado,
em diferentes condies de temperatura e umidade relativa.
(um) t=(s) D=(m) t=(s) D=(m) t=(s) D=(m)
30 5 0,07 3 0,04 1 0,02
50 14 0,03 8 0,29 4 0,15
70 28 2,05 15 1,13 8 0,58
100 57 8,52 31 4,69 16 2,44
150 128 43,14 70 23,73 37 12,33
200 227 136,36 125 75,00 65 38,96
300 511 690,34 281 379,69 146 197,24
400 909 2.181,81 500 1.200,00 290 623,37
t= segundos e D= distncia em metros.
ocorre, em parte, porque a eficincia da aplicao inversamente
relacionada ao tamanho das gotas, ou seja, a grande maioria das
pesquisas tem apontado que a eficincia das aplicaes aumenta
medida que se empregam gotas de tamanhos muito pequenos. Alguns
pesquisadores tm afirmado que a eficincia maior quando as gotastm menos do que 100um de vmd, e no s no controle de pragas e
doenas, mas tambm na aplicao de herbicidas. Na prtica, quando
so empregadas caldas diludas em gua, as pulverizaes com gotas
menores que 60 u m evaporam to rapidamente, que seria impossvel
utiliz-las, sob determinadas condies micrometeorolgicas.
Efeito do vento - Para se compreender a importncia do vento
na aplicao de agrotxicos, necessrio conhecer o que velocidadeterminal de uma gota. Uma gota caindo livremente em ar parado
aumenta a sua velocidade de queda, em virtude da fora da gravidade,
at o momento em que as foras geradas pelo arrasto aerodinmico
contrabalancem o efeito gravitacional, proporcionando uma velocida-
de de queda constante, denominada velocidade terminal (Quantick,
1985a). Essa velocidade terminal importante porque, quanto menor
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
19/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
o tamanho da gota, mais tempo ela gastar para se depositar, ficando
durante esse perodo sujeita ao da evaporao e do arraste pelo
vento para fora da rea alvo.
A deriva perigosa o movimento do produto qumico para
fora da rea intencionada e originada das gotas que, aps serem
emitidas pelo bico de pulverizao, flutuam no vento por um determi-
nado perodo. As gotas pequenas, que apresentam maior relao da
superfcie/peso e menor velocidade de queda, apresentam conseqen-
temente, maior distncia de deriva. Quantick (1985b) apresenta uma
tabela indicando a distncia de deriva de gotas de diferentes tama-nhos (Tabela6).
Tabela 6. Distncia da deriva de gotas libe-
radas a 3 m de altura, em um vento de veloci-
dade constante de 1,34 m por segundo,
assumindo que no ocorra evaporao
(Quantick, 1985b).
500
200
100
30
15
2,1
4,9
15,25
152,50
610,00
operigo da deriva proporcionado pela possibilidade de queo produto qumico aplicado possa atingir outras culturas. Brooks
(1947) informou que houve morte de animais nos Estados Unidos,
os quais se alimentaram de alfafa contaminada com um produto que
havia sido aplicado em uma cultura de tomate existente nas proximi-
dades. A extenso do perigo da deriva depende, evidentemente, da
toxicidade do produto aplicado. Entretanto, a deriva causa perda do
produto e reduz a eficincia da aplicao.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
20/29
Sl-------------------I Captulo 8 I
Existem tcnicas de aplicao que se utilizam da deriva para
melhorar a penetrao de gotas nas culturas e florestas, ou para cobrir
grandes reas rapidamente, quando a preciso de importncia
secundria. Normalmente, essas aplicaes so feitas com gotas
aerossis ou pulverizaes finas, e com caldas no volteis, de maneira
que as gotas possam flutuar por mais tempo no vento.
Eficincia de Tcnicas
de Aplicao Utilizadas no Brasilo tipo da aplicao, o nmero de tratamentos, a formulao
do agrotxico, a dose aplicada, o tipo de equipamento, as caractersti-
cas e a distribuio espacial dos bicos de pulverizao, o dimetro e
a densidade de gotas, as condies micrometeorolgicas so parcial-
mente interdependentes e devem ser selecionados para se conseguiros melhores efeitos biolgicos, de acordo com os propsitos da
aplicao (Fig. 1). Entretanto, a aplicao dos agrotxicos praticada
atualmente no difere essencialmente daquela praticada no sculo
passado, e se caracteriza por um considervel desperdcio de energia
e de produto qumico.
A seleo do volume de lquido, no qual um agrotxico aplicado,
deixado a critrio do usurio; e algumas recomendaes fornecem
uma faixa muito larga, entre 200 a 1.000 Liha'. Na prtica, o mesmo
volume aplicado contra uma grande variedade de pragas e
determinado, normalmente, pela vazo dos bicos do pulverizador
utilizado na aplicao. Alguns fabricantes de agrotxicos indicam a
concentrao do produto na calda, mas quando isso feito, necess-
rio tambm especificar o volume de calda que ser gasto. Quando seusa grandes volumes de calda, o desejo cobrir totalmente a rea
alvo e com grande rapidez. Pouca ateno dada ao tamanho das
gotas, por isso que se utiliza uma grande variedade de bicos. A maioria
dos bicos produz gotas dentro de um espectro muito amplo, onde as
pequenas gotas so sujeitas a deriva e as grandes, principais compo-
nentes, so perdidas pela endoderiva.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
21/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
Propriedadesfsicas econdies
operacionais
Condiesatmosfricase operacionais
Caractersticasdas gotas epropriedadedas superfcies
Condiesatmosfricas
Propriedadesdo depsito
Condiesatmosfricas
--+.PULVERIZAO
TRANSP ORTE PARAO ALVO
\ D E P ~ OFORMAO
-----+ DO DEPSITO
MOVIMENTONA/SOBRE
PLANTAS
Perdas
Deriva
escorrimento
EFEITOS--~. BIOlGICOS
Evaporao
Perdas
RetenoEspalhamentoSecagem
Perdas
RedistribuioDegradao
Fig. 1. Dinmica do processo de pulverizao foliar.
Tanto no Brasil como no exterior, no existem informaes
definitivas sobre os desperdcios que ocorrem durante as pulveriza-
es de agrotxicos. Algumas informaes disponibilizadas na
literatura internacional apontam que as aplicaes de agrotxicos
so extremamente ineficientes, mas so fundamentadas apenas em
fatos tericos, ou seja, so baseadas nas doses tericas de agrotxicos
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
22/29
81---------------------1 Captulo 8 I
necessrias para controle de populaes das pragas que produzem
dano econmico. Chaim et al. (l999d) desenvolveram um mtodo
para quantificar os desperdcios que ocorrem durante as pulverizaes
em culturas rasteiras. Os resultados das perdas verificadas em cultu-
ras, como feijo e tomate, so apresentados na Tabela 7.
Tabela 7. Eficincia da pulverizao na distribuio de agrotxicos,
nas culturas de feijo e tomate.
Feijo 15 12 73 15
Feijo 35 44 41 15
Feijo 60 41 34 25
Tomate 40 36 28 35
Tomate 70 52 14 34
(l)Valores expressos em percentagem de ingrediente ativo, em relao ao total aplicado.
Por ser uma aplicao com pulverizador de barras, onde os
bicos passam entre 40 e 50 cm sobre o topo das plantas, para a cultura
do feijo podem apresentar-se como uma aberrao. Entretanto as
condies de temperatura, umidade relativa e velocidade do vento,associados com a densidade foliar da cultura so provavelmente os
fatores que mais contribuem nas perdas por deriva. Em razo das
caractersticas intrnsecas do funcionamento dos bicos hidrulicos
presentes na barra do pulverizador, o lquido ao sair pelo orifcio
produz um jato, com velocidade suficiente para o aparecimento de
turbulncias no ar, que auxilia a penetrao das gotas na regio
interior das plantas. Entretanto, quando a cultura se apresenta nopice do desenvolvimento vegetativo, as gotas que no conseguem
penetrar na densa folhagem, e da mesma forma, a turbulncia produz
um efeito inverso, ou seja, o ar com movimento descendente inverte
sua direo ao encontrar a densa camada de folhas. Dessa forma, as
gotas ficam em suspenso sobre o topo da cobertura das plantas sob
a ao da evaporao ou se deslocam horizontalmente e, as vezes,
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
23/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
com movimentao ascendente, com o vento predominante. Entre-
tanto, quando essas culturas se apresentam com porte baixo e com
pouca folhagem, as perdas para o solo ficam mais evidentes.
A distribuio dos agrotxicos em culturas de porte arbustivo
foi observada em diferentes estdios de crescimento da cultura do
tomate estaqueado (Chaim et al., 1999a). De certa forma, a cultura
do tomate estaqueado serve como exemplo de pulverizaes onde
de aplicam grandes volumes de calda. Os dados so apresentados na
Tabela 8.
Tabela 8. Distribuio percentual de agrot-
xico, estimada para a cultura de tomate
cultivada nos campos experimentais deJagua-rina.
50
110
160
243541
39
2029
3745
30
A pulverizao tradicional do tomateiro estaqueado feitaatravs de lana manual, onde as gotas so arremessadas unicamente
pela fora da presso hidrulica presente no bico. Teoricamente, a
cada passada do aplicador, as gotas deveriam atingir a lateral das
plantas da linha mais prxima da pulverizao e a outra lateral das
plantas da linha adjacente. Entretanto, a fora com que as gotas so
arremessadas no suficiente para que elas atinjam a linha de plantio
adjacente e, assim, somente uma lateral das plantas recebe umadeposio mais expressiva. Para resolver o problema da penetrao
das gotas, a maioria dos agricultores eleva a presso de pulverizao,
mas isso acrescenta uma srie de efeitos colaterais, pois aumenta a
exposio dos aplicadores, a perda por deriva e a evaporao.
Estudos com um novo mtodo de determinao de volume
depositado atravs de anlise de gotas, desenvolvido por Chaim et al.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
24/29
(331-------------------1 Captulo 8I
(1999b), testado em um experimento com pulverizao area de
herbicidas (Pessoa& Chaim, 1999), demonstraram perdas em torno
de 50% do volume de calda aplicado.
A Embrapa (1999) desenvolveu um bocal eletrosttico para
pulverizadores motorizados costais, e Chaim et al. (1999c) realizaram
testes comparando duas tcnicas diferentes de pulverizao na cultura
do tomate estaqueado. Utilizou-se uma tcnica tradicional lana
manual e a alternativa em que as gotas com cargas eltricas so
arremessadas com vento. Na aplicao convencional, foram aplicados
1.000 Liha' de calda com concentrao de 812 mgL-I de cobre
metlico (812055 mgha' de cobre) e na pulverizao alternativa
foram aplicados respectivamente 20 Lha' de calda com 41255 mgLI
de cobre (82590 mg ha' de cobre metlico). Os resduos encontrados
nas diferentes regies das plantas so apresentados na Tabela 9.
Tabela 9. Resduos de agrotxico verificados em
diferentes regies de plantas de tomate estaqueado,
tratadas com dois tipos de pulverizadores.
Inferior 0,11 1,61Mediana 0,12 2,06Superior 0,14 2,13
Resduo mdio 0,12 1,93
Observa-se que, ao se aplicar aproximadamente a mesmaquantidade de ingrediente ativo, o pulverizador motorizado costal
aplicando 20 Lha' proporcionou um resduo mdio nas plantas 19
vezes maior do que o pulverizador hidrulico convencional, que
aplicou um volume 50 vezes superior (1.000 Lha'), Considera-se
que, se o resduo proporcionado pela aplicao convencional sufici-
ente para controlar o problema fitossanitrio, a dose aplicada pelo
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
25/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
pulverizador motorizado costal com bocal eletrosttico poderia ser
reduzida 19vezes. Isso evidencia a necessidade de se pesquisar novas
tcnicas de aplicao de agrotxicos, pois poderia proporcionar uma
sensvel reduo de uso de agrotxicos.
Consideraes Finais
oobjetivo principal de uma pulverizao atingir o alvo comquantidade suficiente de ingrediente ativo, obtendo o mximo de
eficincia sem contaminar as reas adjacentes. Cabe aos tcnicos iden-
tificar a presena de pragas, doenas e plantas daninhas, avaliar se
estas esto presentes a ponto de causar danos econmicos e orientar
quando h necessidade de interveno com a pulverizao. Existem
circunstncias em que o uso de agrotxicos no necessrio, quando
os mtodos culturais e biolgicos de controle so eficazes, ou quando
a populao da praga ainda no tenha atingido nveis que justifique
o custo da aplicao do produto.
O uso incorreto de agrotxicos, utilizados na tentativa de prevenir
ou contornar os problemas fitossanitrios das culturas, acaba causando
srios impactos ambientais. Entre eles, citam-se: intoxicaes ou
doenas graves causadas no homem, resistncia da praga ao produto,
contaminaes de solo e gua, morte de inimigos naturais, etc.
O manejo integrado de pragas (MIP) deve ser levado emconsiderao, sempre que disponvel para a cultura (Fig. 2). Trata-se
de uma filosofia de trabalho direcionada para fins de controle de
pragas agrcolas, que leva em considerao em sua proposta a
aplicao de mtodos baseados no estudo das interaes existentes
entre a praga/planta hospedeira/meio ambiente. Nele, o homem
torna-se capaz de acompanhar o nvel populacional da praga e de
sugerir aes de controle para reduzi-la a populaes aceitveis paraa produo comercial do produto agrcola.
OMIP integra aspectos econmicos, sociais, ecolgicos e cultu-
rais especficos para a regio onde ser utilizado e, assim, pode existir
mais de uma proposta de MIp, inclusive para uma mesma regio.
Para fins de um controle ambiental mais seguro, orienta-se a escolha
de propostas que tenham como eixo principal o controle biolgico
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
26/29
8'----------------------1 Captulo 8 I
Nvel de dano econmico
roco0ro
: : Jo,oo,Q)
. = : :
z
~ __ ------- Nvel de controle-------------------
Nvel controle eco
Populao em equilbrio
Tempo
Fig. 2. Representao de um modelo de manejo integrado de pragas.
natural associado a outras tcnicas, tais como o uso de armadilhas
de feromnio e de agrotxicos seletivos, alm daquelas relacionadas remoo de restos culturais e bordaduras.
No Mll; no basta s a presena da praga para que o controle
qumico seja iniciado, pois avalia-se tambm a tica financeira.
O monitoramento da populao da praga, evidenciada pelos
sintomas de ataque ou de alimentao deixados nas estruturas da
planta, indica se inevitvel a sua reduo imediata. Entretanto, so
utilizados alguns indicadores que devem ser avaliados antes de seiniciar as pulverizaes com agrotxicos. O limiar econmico (LE)
a densidade populacional da praga que causaria a primeira perda
estatstica da produo. Outro ndice considerado o nvel econmico
de dano (NED), que expressa a densidade populacional da praga
que causaria dano equivalente ao custo de uma operao de controle.
Portanto, se aguardada a tomada de ao at que o NED seja
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
27/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
evidenciado, existir o comprometimento financeiro de produo e
os custos adicionais associados ao controle por agrotxicos. Assim,
por essa proposta, indica-se que a tomada de ao do MIP seja orien-
tada pelo limiar econmico (LE).
As tcnicas de aplicao de agrotxicos atualmente empregadas
so extremamente desperdiadoras e conseqncia da falta de
conhecimentos bsicos sobre a multidisciplinaridade e o funciona-
mento da cadeia dos processos envolvidos nesta cincia aplicada.
Acrescenta-se ao problema, a falta de treinamento dos agrnomos,
agricultores ou outros profissionais ligados a fitossanidade. A melho-ria da eficincia da aplicao envolve uma seleo de equipamento
de aplicao correto, com bico de pulverizao que produza gotas
adequadas ao alvo, volume de calda preparada na concentrao que
permita a deposio de um resduo timo para o controle da praga,
precaues com as condies meteorolgicas, identificao e conheci-
mento da biologia do alvo da aplicao e principalmente, adoo de
uma prtica de manejo integrado do problema fitossanitrio.
Referncias
AKENSSON, N. B.; YATES,W. E.Pesticide application equipment
and techniques. Roma: FAO, 1979.257 p. (FAOAgricultural Services
Bulletin).
BOHMON"T, B. L.The new pesticide user's guide. Fort Collins: B.
&K. Enterprises, 1981. 1 v.
BROOKS, F. A. The drift of poisonous dusts applied by airplanes
and land rigs. Agricuhural Engineering, Peradeniya, v. 28, n. 6,
p. 233-244, 1947.
BROWN, A. W.A.Insect control by chemicals. New York:J. Wiley,
1951. 817 p.
CARVALHO,P.C. T Importncia das doenas das plantas. In: GALLI,
F. (Ed.). Manual de fitopatologia: princpios e conceitos. So Paulo:
Agronmica Ceres, 1978. v. 1, p. 15-51.
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
28/29
8-------------------1 Captulo 81
CHAIM, A; CASTRO, V L. S. S.; CORRALES, F. M.; GALVO,J.A H.;
CABRAL, O. M. R;NICOLELLA, G. Mtodo para monitorar perdasde agrotxicos na cultura de tomate. Pesquisa Agropecuria Brasilei-ra, Braslia, v. 34, n. 5, p. 741-747, 1999a.
CHAIM, A; MAIA, A H. N.; PESSOA, M. C. P. Y. Estimativa da
deposio de agrotxicos atravs da anlise de gotas. Pesquisa Agro-pecuria Brasileira, Braslia, v. 35, n. 6, p. 963-969, 1999b.
CHAIM, A;PESSOA, M. C. P. Y.; CASTRO V L. S. S.; FERRACINI
V L.; GALVO J. AH. Comparao de pulverizadores para trata-mento da cultura do tomate estaqueado: avaliao da deposio econtaminao de aplicadores. Pesticidas Revista de Ecotoxicologiae Meio Ambiente, Curitiba, v. 9, p. 1-9, 1999c.
CHAIM, A;VALARINI, P.J.; OLIVEIRA, D. A; MORSOLETO, R.
V; PIO, L. C. Avaliao de perdas de pulverizao em culturas de
feijo e tomate. J aguarina: Embrapa Meio Ambiente, 1999d. 29 p.(Embrapa Meio Ambiente. Boletim de Pesquisa, 2).
COURSEE, RJ. Some aspects of the application of insecticides.Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 5, p. 327-352, 1960.
EMBRAPA (Braslia, DF). Aldemir Chaim. Processo de induo
eletrosttica para gerao de gotas com carga eltrica para bocais
de pulverizao de baixa presso e grande volume de ar.BR n.PI9902918-9. 12 jul. 1999.
GRAHAM-BRYCE, I.J. Cop-protection: a consideration of effectiveness
and disadvantages of current methods and the scope for improvement.
Philosophical Transactions of the Royal Society of London Series
B, London, v. 281, p. 163-179, 1977.
HIMEL, C. M. Analytical methodology in ULV In: SYMPOSIUM
FOR SPECIALISTS IN PESTICIDE APPLICATION BY ULV
METHODS, 2., 1974, Cranfield. Proceedings ... Brighton: British
Crop Protection Council, 1974. p. 112-119. (BCPC Monographs, 11).
-
7/22/2019 Chaim AgrotoxicoAmbiente 000fgp2794702wyiv8020uvkp2st4aal
29/29
Tecnologia de Aplicao de Agrotxicos: Fatores que afetam a eficincia e o impacto ambiental
HIMEL, C. M. The optimum sizefor insecticide spray droplets.Journal
ofEconomic Entomology, College Park, v.62, n. 4, p. 919-925, 1969.
HIMEL, C. M.; MOORE, A. D. Spray droplet size in control of sprucebudworm, boll weevil, bollworm, and cabbage looper. Journal of
Economic Entomology, College Park, v. 62, n. 4, p. 916-918, 1969.
MATTHEWS, G. A. Pesticide application methods. New York:
Longman, 1982. 336 p.
PESSOA, M. C. Y.;CHAIM, A. Programa computacional para estima-
tiva de uniformidade de gotas de herbicidas aplicados por pulveriza-
o area. Pesquisa Agropecuria Brasileira, Braslia, v.34, n. 1,
p. 45-56, 1999.
QUANTICK, H. R. Aviation in crop protection, pollution and insect
control. London: Collins, 1985a. 447 p.
QUANTICK, H. R. Handbook for agricultural pilots. London:
Collins, 1985b. 265 p.