CFMV+51_web

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5/26/2018 CFMV+51_web-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/cfmv51web 1/84 REVISTA Conselho Federal de Medicina Veterinária CFMV     I     S     S     N     1     5     1     7   -     6     9     5     9 ANO 16/2010 N°51  R$ 7,00 SET/OUT/NOV/DEZ BEMESTAR ANIMAL E O ENSINO DE ZOOTECNIA: UM DESAFIO PROMISSOR

Transcript of CFMV+51_web

  • R e v i s t a

    Conselho Federal de Medicina Veterinria

    CFMVissN 1517-6959Ano 16/2010 n51 R$ 7,00

    set/out/Nov/dez

    bem-estar animale o ensino de zootecnia:

    um desafio promissor

  • Revista CFMv. v.16, n.51 (2010) Braslia: Conselho Federal de Medicina veterinria, 2010 Quadrimestral issN 1517 6959 1. Medicina veterinria Brasil Peridicos. i. Conselho Federal de Medicina veterinria.

    aGRis L70 Cdu619(81)(05)

    a revista cfmV editada quadrimestralmente pelo Conselho Federal de Medicina Veterinria e destina-se divulgao de trabalhos tcnico-cientficos (revises, artigos de educao continuada, artigos originais) e

    matrias de interesse da Medicina veterinria e da zootecnia.

    a distribuio gratuita aos inscritos no sistema CFMv/CRMvs e aos rgos pblicos. Correspondncia e solicitaes de nmeros avulsos devem ser

    enviadas ao Conselho Federal de Medicina Veterinria no seguinte endereo:

    sia trecho 6 Lote 130 e 140Braslia dF CeP: 71205-060

    Fone: (61) 2106-0400 Fax: (61) 2106-0444site: www.cfmv.org.br e-mail: [email protected]

    a revista cfmV indexada na base de dados aGRoBase

    CFMV

  • 4 Editorial

    5 Entrevista | Masao Iwasaki

    sumrio

    CFM

    V12 Bem-estar Animal16 Sade Pblica

    25 Suplemento Cientfico55 Comportamento Animal60 Hepatopatias em Bovinos76 Publicaes78 Agenda79 Opinio | Jorge Couto Pimentel Um olhar sobre a regulamentao de

    produtos veterinrios no Brasil

  • Neste momento de paz, no qual todas as pessoas se abraam, se entendem, se cumprimentam e bus-cam por novos sonhos para tentar descobrir a razo de ser feliz de verdade, a nossa sensao de tarefa cum-prida nos enche de alegria.

    com grande satisfao que apresentamos esta edio e aproveitamos para agradecer a nossa equipe, aos colegas Mdicos veterinrios e zootecnistas que submeteram artigos para publicao e queles que foram relatores, aos amigos leitores, diretoria do CFMv que acolheu nossas sugestes e aos nossos fa-miliares que nos apoiaram durante este ano.

    Buscamos levar a voc informaes compostas de temas atuais, diversificados, e tivemos a satisfao, a partir do nmero 50, de apresentar a Revista CFMv num novo formato grfico, que facilitou a leitura,

    modernizou-a e colocou-a nos moldes do que h de atual na transmisso da informao escrita.

    tempo de fazer um balano de tudo o que aconte-ceu. e aproveitamos para desculpar-nos dos erros que porventura cometemos e agradecermos aos colegas, crticos, que imediatamente se manifestaram. agora tempo de transformarmos os momentos bons em novas energias, em entusiasmos e, principalmente, na esperana de que os nossos sonhos vo se realizar.

    Natal , sobretudo, lembrar o que h de perma-nente no mundo que passa: a amizade, o amor, a esperana, que so mais do que enfeites ou adornos. Constituem a seiva da rvore natalina.

    tempo de agradecermos por todos os momen-tos felizes que tivemos!

    ConSELHo FEDERAL DE MEDICInA VETERInRIASIA Trecho 6 Lote 130 e 140BrasliaDF CEP: 71205-060Fone: (61) 2106-0400Fax: (61) [email protected]

    tiragem: 85.000 exemplares

    DIREToRIA EXECUTIVAPrESIDEnTE

    Benedito Fortes de arrudaCrMV-GO n 0272

    VICE-PrESIDEnTE

    eduardo Luiz silva CostaCrMV-SE n 0037

    SECrETrIO-GErAL

    Joaquim LairCrMV-GO n 0242

    TESOUrEIrO

    amilson Pereira saidCrMV-ES n 0093

    ConSELHEIRoS EFETIVoSadeilton Ricardo da silvaCrMV-rO n 0002/Z

    oriana Bezerra LimaCrMV-PI n 0431

    Clio Macedo da FonsecaCrMV-rr n 0004

    Jos saraiva NevesCrMV-PB n 0237

    Geovane Pacfico vieiraCrMV-AL n 0250

    antnio Felipe PaulinoFigueiredo WoukCrMV-Pr n 0850

    ConSELHEIRoS SUPLEnTESJosiane veloso da silvaCrMV-MA n 0030/Z

    Luiz Carlos Janurio da silvaCrMV-AC n 0001/Z

    Nivaldo de azevdo CostaCrMV-PE n 1051

    Raimundo Nonato C. CamargoJniorCrMV-PA n 1504

    Ricardo de Magalhes LuzCrMV-DF n 0166/Z

    ConSELHo EDIToRIALPrESIDEnTE

    eduardo Luiz silva CostaCrMV-SE n 0037

    Joaquim LairCrMV-GO n 0242

    amilson Pereira saidCrMV-ES n 0093

    EDIToRRicardo Junqueira del CarloCrMV-MG n 1759

    JoRnALISTA RESPonSVEL Flvia toninMTB n 039263/SP

    PRoJETo E DIAgRAMAoDuo Design Comunicao

    IMPRESSoGrfica Editora Pallotti

    e d i t o R i a L

    e X P e d i e N t e

    mais um ano chega ao fim

    os aRtiGos assiNados so de iNteiRa ResPoNsaBiLidade dos autoRes, No RePReseNtaNdo, NeCessaRiaMeNte, a oPiNio do CFMv.

  • Mdico Veterinrio graduado pela Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universi-dade de So Paulo. Obteve os ttulos de Mestre, Doutor, Professor Livre Docente, Professor Asso-ciado e Professor Titular na Universidade de So Paulo. Foi Diretor do Hospital Veterinrio e Di-retor da Faculdade de Medicina Veterinria e Zootecnia da Universidade de So Paulo. Bacharel em Direito e Advogado graduado pela Universidade Paulista. Concluiu o Curso de Especializa-o em Direito Ambiental da Faculdade de Higiene e Sade Pblica e Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo. Foi Assessor na Coordenao de Vigilncia em Sade (COVISA) da Secretaria de Sade do Municpio de So Paulo. Foi Chefe do Departamento Tcnico da Funda-o Parque Zoolgico de So Paulo, vinculada Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de So Paulo. Exerce, atualmente, o cargo de Diretor-Administrativo, por nomeao do Conselho Superior da Fundao Parque Zoolgico de So Paulo. Endereos eletrnicos: [email protected] ou [email protected] / CRMV-SP 00771 e OAB 226021

    1. o senhor poderia fazer um breve relato so-bre sua carreira profissional?

    iniciei a carreira trabalhando em clnicas de pequenos animais e de equinos no Jquei Clube de so Paulo.

    ainda recm-formado fui convidado a lecionar a disciplina de Radiologia na Faculdade de Medici-na veterinria e zootecnia da universidade de so Paulo. aps doutorado, passei a dedicar-me inte-gralmente carreira universitria. Na usP adquiri experincia administrativa exercendo cargos de di-reo do Hospital veterinrio (Hovet) e, tambm, da FMvz-usP. No exerccio das atividades acadmico-

    administrativas, vislumbrei a possibilidade de am-pliar conhecimentos em outras reas, para melhor exerc-las. Foi quando ingressei no Curso de direito.

    Logo aps a aposentadoria na usP, na mesma universidade iniciei o Curso de especializao em direito ambiental, esse curso tambm enfocava as-pectos do direito sanitrio. em razo desse envolvi-mento, fui convidado a colaborar, como consultor, na secretaria de sade do Municpio de so Paulo.

    No momento estamos trabalhando na Fundao Parque zoolgico de so Paulo, que vinculada secretaria de Meio ambiente do Governo do estado de so Paulo.

    e N t R e v i s ta

    masao iWasaKi

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 2010 5

  • 2. o senhor poderia falar a respeito de sua ex-perincia na secretaria de sade do municpio de so paulo?

    o municpio de so Paulo assumiu plenamente o sus, o que dever ocorrer com outros municpios do Brasil. Para poder gerir o sistema de vigilncia em sade, foi criada a Coordenao de vigilncia em sade (Covisa). Fui convidado a trabalhar nes-sa Coordenao, que rene vrias gerncias, entre elas o Centro de Controle de zoonoses (CCz), a Ge-rncia de vigilncia em sade ambiental e a Gern-cia de vigilncia em servios de interesse da sade. preciso salientar que as gerncias trabalham de forma integrada, empregando profissionais de v-rias reas da sade e da biologia. o enfoque maior das aes de Covisa a sade pblica. Neste con-texto o CCz est ampliando suas misses. a minha contribuio foi a de trabalhar na estrutura organi-zacional do CCz, planejar e projetar o plano de des-centralizao desse Centro pelas macrorregies do municpio, bem como equip-lo com laboratrios e veculos, para melhor desenvolver as aes atuais

    e ampliadas do CCz. preciso lembrar que o CCz, alm do controle de animais domsticos, na atualidade desenvolve programas de controle populacional, por meio de cirurgias, programas de treinamento para respeitar-se o bem-estar animal e, ainda, outras aes para o controle de animais sinantrpicos que possam causar incmodos ou agra-vos populao.

    3. Que consideraes o senhor faz da participao do mdico Veterin-rio no sistema de vigilncia em sade dos municpios?

    Como j destacamos, o que vigora na atualidade o sistema de vigilncia em sade que emprega profissionais de vrias reas. o que verificamos que, propor-cionalmente, menor o contingente de Mdicos veterinrios em relao a outras profisses. eles esto mais adstritos ao controle de animais domsticos. Podem e

    devem assumir outras funes dentro do sistema, com importante participao nas aes orientadas sade pblica, que a misso principal do sistema de sade.

    4. com a oportunidade de estar trabalhando na fundao parque zoolgico de so paulo, qual a sua anlise sobre a atuao do mdico Veterinrio nas questes ambientais ligadas fauna silvestre?

    o currculo de algumas faculdades tem possibi-litado aos recm-formados praticarem a clnica de animais silvestres. preciso, porm, salientar que o campo de atuao para esses profissionais est res-trito s clnicas privadas e aos zoolgicos.

    o que verificamos que as maiores possibili-dades de atuao dos Mdicos veterinrios, j na atualidade e que, sem dvida, crescero em futuro prximo, esto relacionadas proteo e conser-vao da fauna silvestre. Faltam profissionais qua-lificados para desenvolverem projetos de conser-vao da fauna, para atuarem em rgos pblicos

    e N t R e v i s ta

    Os Mdicos Veterinrios podem e devem assumir outras funes dentro do sistema, com importante participao nas aes orientadas sade pblica,

    que a misso principal do sistema de sade

    aRQuivo PessoaL

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 20106

  • incumbidos de proteger a fauna e para analisarem processos de licenciamento ambiental, quando houver impacto na fauna. Grandes empresas e bancos esto absorvendo os profissionais verdes para desenvolverem a rea de conservao da bio-diversidade, para o marketing empresarial. enfim, so grandes as oportunidades para os Mdicos ve-terinrios desde que se qualifiquem nas disciplinas afins s cincias da natureza.

    5. o senhor acha que os projetos pedaggi-cos dos atuais cursos de veterinria permitem a formao adequada dos mdicos Veterinrios para atuarem na vigilncia em sade e no tra-balho com animais silvestres? mesmo porque, existe uma concorrncia muito grande com ou-tras profisses.

    as matrizes curriculares da maioria das faculdades que conheo no contemplam disciplinas que ca-pacitem para as reas da sade e do meio ambiente, conforme j comentei. preciso introduzir matrias multidisciplinares na formao do Mdico veterinrio, como ecologia, zoologia Geral, entomologia Mdica e Mdica veterinria, Noes de direito, direito sanitrio e direito ambiental. destaco, como exemplo, a ne-cessidade de os profissionais dessas reas operarem, rotineiramente, com legislaes nas suas atividades.

    6. o senhor sempre atuou numa rea espec-fica da medicina Veterinria, a radiologia de ani-mais. nesse sentido, qual sua opinio a respeito da especializao e mercado de trabalho?

    defendo que a matriz curricular do Curso de Medicina veterinria oferea conhecimentos generalistas ao alunado. Recomendo aos recm-formados, especialmente aos que se inclinam para as reas clnicas, que iniciem a carreira como profissional generalista, para, aps experincia prvia, optarem por uma especializao, que, sem dvida, condio mais promissora no atual mercado de trabalho.

    7. o senhor, neste momento, tambm advoga-do. como ser um mdico Veterinrio advogado?

    at o presente momento, tenho atuado como Mdico veterinrio que tem no direito importante fer-ramenta para o desempenho de mltiplas funes. a experincia demonstrou que todos necessitamos de conhecimentos jurdicos, no mnimo, basilares.

    8. para finalizar, no entendimento do senhor, como provocar mudanas necessrias para am-pliar a empregabilidade dos mdicos Veterinrios nas reas da sade e do meio ambiente?

    alm das aes j encetadas pelas entidades da classe, especialmente o CFMv e os CRMvs, preciso

    mobilizar os polticos, principalmente os representantes dos municpios, para reivindicar-se maior participao dos Mdicos veterinrios no sistema de vigilncia em sade. Porm, inquestio-navelmente, para ampliar-se a empre-gabilidade, preciso que as faculdades promovam com maior celeridade mu-danas curriculares para formar profis-sionais aptos para o atual mercado de trabalho. essas atualizaes curricu-lares no devem se restringir somente s reas em tela, mas a outras, como, por exemplo, a de produo animal, na qual se requer que o profissional tenha formao diversificada para tambm conhecer sobre agronegcio e sobre agropecuria sustentvel.

    Grandes empresas e bancos esto absorvendo os profissionais verdes para desenvolverem a rea

    da conservao da biodiversidade, para omarketing empresarial

    aRQuivo PessoaL

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  • d e s ta Q u e s

    o CFMv assinou, em 21 de setembro, um termo de cooperao com o Ministrio da educao (MeC) para estabelecer oficialmente subsdio tcnico para as aes de regulao e superviso da educao superior, especificamente para as reas da Medicina veterinria e zootecnia.

    ao CFMv caber elaborar um relatrio de ma-nifestao tcnica para os projetos de autorizao, reconhecimento e de renovao de reconhecimento referente aos cursos mencionados. a manifestao tcnica somar informaes para a deciso do MeC em conjunto com a anlise documental e com outros relatrios. alm disso, o CFMv poder encaminhar reflexes sobre as disposies nas diretrizes curricu-lares, bem como sugestes de critrios e requisitos necessrios ao aperfeioamento dos procedimentos de autorizao de cursos.

    a secretria de educao superior, Maria Paula dallari Bucci, afirmou que o MeC lana este termo de cooperao para que tenha os Conselhos como par-tcipes do processo de reconhecimento de cursos. Com esta ao divide com as pessoas interessadas da

    sociedade os esforos para elevar a qualidade do ensino no Pas, disse. Na avaliao do Presidente do CFMv, Benedito Fortes de arruda, a parceria representa o reconhecimento do Governo Fede-ral aos esforos do CFMv para garantir a quali-dade da formao profissional. exemplo de ao foi o exame Nacional de Certificao Profissional que contou com apoio da comunidade acadmi-ca e dos Conselhos Regionais de Medicina vete-rinria e gerou dados para a avaliao do ensino que j foram usados pelo prprio MeC.

    O CFMV foi representado pelo Presidente da Comisso Nacional de Ensino da Medicina Veterinria, Rafael Gianella Mondadori. Participaram da cerim-nia a Secretria de Educao Superior, Maria Paula Bucci , e o diretor de regu-lao e superviso de educao superior do MEC, Paulo Roberto Wollinger.

    dentre as comemoraes dos 150 anos do Mi-nistrio da agricultura, o CFMv foi homenageado com a Medalha 150 anos do Mapa. a entrega foi realizada na manh de 28 de julho pelo Ministro Wagner Rossi e pelo secretrio de defesa agro-pecuria e Mdico veterinrio Francisco srgio Ferreira Jardim. Na ocasio, o Presidente do CFMv, Benedito Fortes de arruda, tambm foi cum-primentado pelo diretor-Geral da organizao Mundial de sade animal (oie), Bernard vallat. tambm participou da solenidade o tesoureiro do CFMv, amilson Pereira said.

    a Medalha 150 anos do Mapa um reconhe-cimento s instituies parceiras do Ministrio que exercem papel importante para a agropecu-ria Brasileira. Nas palavras do Ministro Wagner Rossi, so consideradas entidades de grande valia para todos ns. o Ministrio prestou outras homenagens a profissionais e instituies.

    Presidente do CFMV recebe os cumprimentos do Ministro Wagner Rossi e tambm do Secretrio de Defesa Francisco Jardim e o Diretor-Geral da OIE, Bernard Vallat.

    CFMV HOMEnAGEADO COM MEDALHA 150 AnOS DO MAPA

    CFMV ASSInA TErMO DE COOPErAO COM O MEC PArA SUBSIDIAr O MInISTrIO COM InFOrMAES TCnICAS

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 20108

  • CMArA nACIOnAL DE PrESIDEnTES DO SISTEMA CFMV/CrMVS APrESEnTA TEMAS qUE DESAFIAM A MEDICInA VETErInrIA E A ZOOTECnIA

    as novas biotecnologias e setores em expanso para o mercado de trabalho de Mdicos veterinrios e zootecnistas foram apresentados aos Presidentes dos Conselhos Federal e Regionais de Medicina ve-

    terinria (sistema CFMv/CRMvs) na edio 2010 da Cmara Nacional de Presidentes. o evento foi realizado em Belo Horizonte, MG, nos dias 23 e 24 de agosto.

    No primeiro dia de palestras, os temas evi-denciaram as novas tecnologias utilizadas em animais, como a transgenia que acredita-se ser um campo em expanso para Mdicos veterin-rios. tambm foi abordada a produo de ani-mais biorreatores para a sntese de substncias de interesse para o homem.

    No segundo dia, o tema foi a Responsabilida-de tcnica em estabelecimentos apcolas. atu-almente, a produo mundial de mel est em 1,4 milho de toneladas. o Brasil se encontra na 11a posio como produtor, com 35 a 45 mil toneladas anuais. a Cmara tambm tratou de temas como a sustentabilidade, a desertificao, entre outros.

    Presidentes do Sistema CFMV/CRMVs que participaram da Cmara.

    EnCOnTrO nO ACrE DEBATEU O BEM-ESTAr nA PrODUO AnIMAL

    em uma regio de expanso pecuria que precisa manter a preocupao com a sustentabilidade e conservao ambiental, o CFMv organizou o i en-contro de tica e Bem-estar da amaznia. o evento foi realizado no dia 26 de julho, em Rio Branco, aC, na universidade Federal do acre.

    o Presidente da Comisso de tica, Biotica e Bem-estar animal (CeBea) do CFMv, alberto Ne-ves Costa, lembra que, alm da pecuria bovina, crescente no estado o interesse pela criao de pequenos ruminantes, em especial, a ovinocultura. os debates foram enriquecedores, pois existe uma grande preocupao em se manter o equilbrio en-tre a produo e o cuidado com o meio ambiente, comentou. organizado pela CeBea, o workshop cum-pre o objetivo de descentralizar as atividades. Para o prximo ano, a Comisso est planejando dois even-tos regionais e outro direcionado exclusivamente para a formao de professores.

    Mdicos Veterinrios e Zootecnistas.Cadastrem-se em www.cfmv.org.br e recebam semanalmente, em seu endereo eletrnico, notcias do CFMV.

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 2010 9

  • d e s ta Q u e s

    PAnVET 2010 DISCUTE DESAFIOS DA MEDICInA VETErInrIA

    o ii Congresso Brasileiro de Biotica e Bem-estar animal debateu temas relacionados ao bem-estar animal em diversas espcies de animais. o evento reuniu especialistas nacionais e internacionais, de 4 a 6 de agosto, na universidade Federal de Minas Gerais (uFMG), em Belo Horizonte, MG.

    o encontro apresen-tou as novas abordagens e reflexes sobre os pa-dres de bem-estar ani-mal recomendados por organizaes interna-

    cionais; estratgias para avaliar o bem-estar animal e as emoes nos animais. aconteceram palestras sobre legislao e os direitos dos animais; a relao entre as biotecnologias e os desafios em conser-vao e bem-estar animal.

    dentre os palestrantes internacio-nais, o Mdico veterinrio adroaldo

    II COnGrESSO BrASILEIrO DE BIOTICA E BEM-ESTAr AnIMAL rESSALTA A IMPOrTnCIA DE ATUALIZAO PrOFISSIOnAL

    zanella, brasileiro que atua na escola de Cincia veterinria da Noruega, detalhou a proposta da escola Global de ensino e Pesquisa na rea de Bem-estar animal, projeto que ter uma verba disponvel de 4,5 milhes de euros (aproxima-damente R$ 10,5 milhes) e tambm contar com a parceria do CFMv.

    Homenagem durante o Congresso, tambm foi entregue o Prmio Professor Paulo dacor-so Filho ao profissional iradilson sampaio de souza. o Mdico veterinrio e atual Prefeito de Boa vista, RR, foi escolhido por sua atuao em Roraima em benefcio da pecuria e do agrone-gcio do estado. ao receber este prmio tenho a certeza de que cada vez mais preciso trabalhar e incentivar a classe de Mdicos veterinrios, disse souza. o Prmio Professor Paulo dacorso Filho a principal honraria concedida pelo CFMv a um Mdico veterinrio.

    Mdicos veterinrios das amricas reuniram-se em Lima, no Peru, para o XXii Congresso Pan-ameri-cano de Cincias veterinrias (Panvet 2010), de 1 a 4 de setembro. Presidente do evento, o Mdico veteri-nrio Benedito Fortes de arruda, tambm Presidente do CFMv, pontuou os maiores desafios da profisso em seu discurso de abertura.

    o Brasil tambm foi responsvel pela apresen-tao de trs temas de interesse para a formao profissional com palestras proferidas por membros da Comisso Nacional de ensino da Medicina veterinria.

    o Congresso rene a cada dois anos os Mdicos veterinrios das amricas. aproveitando o encon-tro de profissionais de diversas nacionalidades foi realizada a reunio da Federao Pan-americana de escolas e Faculdades de veterinria e do Conselho Pan-americano de educao Mdico veterinria. o prximo Congresso ser realizado em Cartagena das ndias, na Colmbia.

    internacional o CFMv tambm foi convidado a participar do Xii Congresso internacional de Medicina

    veterinria em Lngua Portuguesa, organizado pela ordem dos Mdicos veterinrios (oMv) de angola, na frica. o encontro foi realizado de 19 a 21 de outubro na cidade do Huambo. o evento re-ne profissionais que fazem parte da Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa (CPLP).

    Dr. Iradilson Souza foi homenageado ao receber o Prmio Professor Paulo Da-corso Filho .

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 201010

  • Agora possvel receber via Twitter notcias do Conselho Federal de Medicina Veterinria (CFMV) e informaes de importncia para a Medicina Veterinria e Zootecnia. Tambm realizada a trans-misso em tempo real de eventos organizados por este Conselho. Para seguir o CFMV

    procure, no Twitter, por CFMV_oficial. Siga-nos!

    em apenas dois anos o crescimento no nmero de Programas de Residncia em Medicina veterin-ria quase dobrou no Brasil. o aumento foi de 87,5% no nmero de instituies de ensino que passaram a oferec-los. eles passaram de 32 para 60 progra-mas existentes em cursos de Medicina veterinria. esses e outros nmeros foram divulgados durante o ii seminrio Brasileiro de Residncia em Medicina

    veterinria realizado pelo CFMv nos dias 16 e 17 de agosto, em so Paulo, sP.

    de acordo com a Comisso Nacional de Residncia em Medicina veterinria (CRNMv) do CFMv, dentre os pro-gramas existentes, 33% so reconhecidos pelo CFMv. atualmente, o

    rESIDnCIA EM MEDICInA VETErInrIA qUASE DOBrOU EM DOIS AnOS

    CFMv o nico rgo a regular a Residncia em Medicina veterinria no Brasil. o sistema de re-conhecimento voluntrio e a Comisso explica que cerca de 70% dos programas que foram sub-metidos receberam o aval do Conselho Federal de Medicina veterinria. Cada reconhecimento tem validade de at cinco anos, podendo ser revisto a qualquer momento. todos esto listados na pgi-na eletrnica do Conselho (www.cfmv.org.br)

    Nos dois ltimos anos, o nmero de progra-mas reconhecidos pelo CFMv cresceu 25% e o nmero de vagas ofertadas aumentou em 39,5%, passando de 261 para 364. dos 20 programas que hoje so reconhecidos pelo Conselho, 55% so de instituies de ensino privadas, 25% de escolas p-blicas federais e outros 20% de pblicas estaduais.

    Na diviso de vagas, a subrea que trata de clnica de companhia a mais ofertada, com 23,9% das vagas ofertadas. os estados do sul e sudeste concentram a maioria dos cursos.

    Para insero do Mdico veterinrio na sade Pblica interessante que exista a aproximao dos profissionais com rgos do governo e comisses responsveis por influenciar e definir as polticas p-blicas em seus municpios e estados. esse foi um dos principais pontos discutidos durante o seminrio Na-cional de sade Pblica veterinria, que neste ano foi realizado em teresina, Pi, nos dias 23 e 24 de setembro. o evento foi organizado pela Comisso Nacional de sade Pblica veterinria (CNsPv) do CFMv.

    o Mdico veterinrio daniel Campos, ex-se-cretrio de sade de Mogi das Cruzes (interior de so Paulo), esclareceu que os profissionais podem participar da execuo, influncia e idealizao de polticas pblicas. atualmente, na sade Pblica, a maior participao de Mdicos veterinrios est entre os responsveis por executar as aes previs-

    SEMInrIO DEBATE A InCLUSO DO MDICO VETErInrIOnA SADE PBLICA

    tas nas polticas pblicas, comentou Campos, citando principalmente a vigilncia sanitria. o seminrio discutiu tambm o controle de zoonoses, em especial a Leishmaniose visceral Canina, entre outros.

    Membros da Atual Comisso do CFMV responsvel pela avaliao dos Programas de Residncia.

    Membros da CNSPV apresentando, no final, carta de intenes.

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 2010 11

  • bem-estar animal e o ensino de zootecnia: um desafio promissorInTrODUO

    fcil entender porque a explorao de animais em ensino e pesquisa se tornou indispensvel, nas reas de sade pblica e agropecuria, ao longo do sculo XX no Brasil. segundo o iBGe (2006), a popu-lao brasileira saltou de 17,4 milhes em 1901 para 169,6 milhes em 2000, enquanto o crescimento da expectativa de vida dos homens brasileiros, de 33,4 anos para 64,8 anos, nesse mesmo perodo. diante desses nmeros, impossvel no se perguntar o que pode ser feito para manter o contnuo abaste-cimento de alimento de origem animal e o contnuo crescimento da expectativa de vida dessa popu-lao. aprimorar as pesquisas em sade pblica e em produtividade animal parece ser uma resposta lgica, porm preciso ter cuidado com os mto-

    dos a serem utilizados para esse fim. um levanta-mento de schnettler et al. (2008), no Chile, mostra que 40,9% dos consumidores so contra prticas de manejo que aumentam a produtividade sem garantir o bem-estar dos animais. Hewson (2005) recomenda melhoras na formao em bem-estar animal dos profissionais que esto envolvidos com a utilizao de animais para evitar as constantes crticas da sociedade. enquanto stabursvik (2005) mostra como a deficincia de conhecimento em bem-estar animal pode comprometer a insero dos profissionais que trabalham com produo animal no mercado de trabalho atual. Por fim, como observado em Wensley (2005), no se pode mais tolerar que a interao entre humanos e animais promova o bem-estar apenas dos seres humanos.

    B e M - e s t a R a N i M a L

    aRQuivo | CFMv

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 201012

  • Portanto, a crescente demanda da sociedade tem forado mudanas na formao de zootecnistas de todo o mundo, e objetivo deste texto abordar a importncia e as dificuldades encontradas para implantao do ensino de bem-estar animal na for-mao desses profissionais que esto diretamente ligados utilizao de animais.

    EnSInO DE BEM-ESTAr AnIMAL nO BrASIL

    No Brasil, a formao em bem-estar animal fundamental para os zootecnistas, pois eles podem ocupar cargos importantes nos setores privado e pblico e assim ajudar a nortear as atividades que envolvam uso de animais. Porm, segundo Molento (2008), apenas 33% das escolas de zootecnia do Brasil introduziram os conceitos de bem-estar ani-mal na formao de seus discentes. Quando se trata de ps-graduao, o problema mais acentuado, pois Bacelar e Rhr (2008) avaliaram 163 cursos Strictu Sensu da grande rea Cincias Biolgicas, recomendados pela Coordenao de aperfeioa-mento de Pessoal de Nvel superior (CaPes), e cons-taram que apenas quatro (2,45%) cursos ofereciam uma disciplina com enfoque em bem-estar animal.

    a necessidade de superar as dificuldades e introduzir o estudo de bem-estar animal em todos os cursos de graduao que envolvam a utilizao de animais fica evidente pelos resultados de pes-quisas realizadas no Brasil. Molento (2008) cita que 73% dos 111 veterinrios entrevistados em Passo Fundo/Rs, no ano de 2004, no conheciam as cinco liberdades que promovem o bem-estar animal. Lima et al. (2008), ao entrevistar docentes e discen-

    tes de Cincias Biolgicas, constataram que poucos tm conhecimento da legislao sobre biotica ou sobre rgos que tratam da regulamentao. Por-tanto, a carncia de formao em bem-estar animal um fato inquestionvel em muitas instituies de ensino no Brasil, o que, possivelmente, uma reali-dade nos cursos de graduao em zootecnia.

    PrOBLEMAS EnFrEnTADOS PArA COnSTrUO DE DISCIPLInAS DE BEM-ESTAr AnIMAL

    os nmeros apresentados evidenciam a neces-sidade de mudanas. Porm, a falta de disciplinas voltadas exclusivamente para o bem-estar animal nos cursos de ps-graduao no Brasil justifica a carncia de professores qualificados para ministrar o assunto na graduao. entretanto, o desenvol-vimento dessa rea uma questo de tempo. esse fato ficou evidente nos dois primeiros congres-sos mundiais de conceitos em bem-estar animal realizados pela World Society for the Protection of Animals (WsPa) no Rio de Janeiro em 2006 e 2007, quando 79 e 48 resumos de origem brasileira foram publicados, respectivamente. de forma similar, o Primeiro Congresso Brasileiro de Biotica e Bem-estar animal, realizado pelo CFMv em Recife/Pe no ano de 2008, contou com 49 resumos publicados. preciso comemorar esse avano, pois at a dcada de 80 sequer existiam pesquisas voltadas, exclusi-vamente, para o bem-estar animal no Brasil.

    outro aspecto importante na construo de qualquer disciplina a elaborao do contedo programtico. Como pode ser observado em Hew-

    son et al. (2005), a construo da ementa dessa disciplina deve ser bastante flexvel, porm os princ-pios bsicos devem sempre estar presentes. a WsPa desenvolveu um curso dividido em 30 mdulos, dos quais 23 so optativos. o United States Department of Agriculture (usda) tambm desenvolveu um modelo de currculo para o ensino de bem-estar animal nos eua (van-dewoude, 2005). Portanto, existem boas referncias que podem ajudar a elaborar ementas modeladas para o ensino de bem-estar animal a qualquer profissional que utilize animais em sua rea de atuao.

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  • a formulao do contedo programtico dever estar diretamente relacionada com a carga horria disponvel para a apresentao desse contedo aos estudantes. Briyne (2008), da Federation of Veteri-narians of Europe, aps realizar um levantamento da situao do ensino de bem-estar animal em fa-culdades na unio europia, constatou que a carga horria varia grandemente, com mdia de 23 horas. essa variao, provavelmente, decorre da dificuldade que os coordenadores de curso tm para alterar a matriz curricular de cursos de graduao, muitos dos quais j altamente inflados com outras disciplinas. assim, muitos colegiados de curso optam por ofe-recer a disciplina bem-estar animal como optativa ou introduzir o contedo de forma fragmentada em outras disciplinas. entretanto, segundo Millman et al. (2005), esse procedimento leva os estudantes a desenvolverem um conhecimento superficial. uma sugesto interessante construir uma disciplina com carga horria reduzida e abordar alguns pontos importantes em outras disciplinas que j constam na matriz curricular. segundo McGreevy e dixon (2005), essa a abordagem utilizada na Faculdade de Medi-cina veterinria da universidade de sydney, austr-lia. uma segunda alternativa descrita por siegford et al. (2005) e trata-se de curso on-line de bem-estar animal desenvolvido na universidade de Michigam, eua. esse curso tem como princpio confrontar di-ferentes cenrios, nos quais os estudantes devem fazer uma avaliao do bem-estar animal. o objetivo promover mais interatividade, alm de potencial-mente resolver a dificuldade de introduzir uma nova disciplina dentro de um curso com a matriz curricular j extensamente preenchida.

    MELHOrAr O BEM-ESTAr AnIMAL MELHOrAr A PrODUO AnIMAL?

    Muitos profissionais que atuam com produo animal ainda veem as novas exigncias da socieda-de quanto ao bem-estar animal como um entrave aos sistemas de produo das diferentes culturas. Porm, os zootecnistas devem trabalhar esse tema como uma nova fonte de desafios para essa profis-so, como algo que fomentar ainda mais o vasto campo de pesquisas nas linhas de alimentao e nutrio, manejo produtivo e profiltico, gentica e melhoramento animal, bioclimatologia, instalaes e equipamentos rurais etc. o desenvolvimento des-sas pesquisas pode contribuir para o surgimento de mtodos alternativos, que mantenham os elevados ndices de produo sem comprometer o bem-estar dos animais. os zootecnistas, independentemente da rea em que atuam, devem comear a identificar os pontos crticos da atividade pecuria que realizam e que afetam o bem-estar dos animais. Por exem-plo, em bovinos de corte um dos pontos crticos a pesagem em idades-chaves como a desmama e o sobreano. essas pesagens so essncias para os pro-gramas de melhoramento de bovinos de corte, pois essa avaliao fenotpica contribui para a estimao do valor gentico dos animais. assim, Maffei (2008) prope a mensurao da reatividade animal no momento da pesagem como uma medida que vise obteno de animais mais tolerantes conteno realizada para pesagem. a reatividade animal uma caracterstica objetiva e de fcil mensurao, cuja herdabilidade na raa Nelore de 0,39 para pesagem ao ano, e, de forma resumida, pode se dizer que ela

    indica o nvel de agitao do animal ao ser colocado na balana. Maffei (2008) relata ainda que as correlaes da reatividade animal com ganho de peso do desmame aos 12 meses (-0,49) e com desenvolvimento do permetro escrotal do ano ao sobre-ano (entre -0,25 e -0,41) evidenciam que os animais mais reativos tendem a apresentar menor desenvolvimento no perodo ps-desmama. ou seja, a busca de animais que facilitem o manejo de pesagem implicaria me-lhor bem-estar e tambm melhores ndices de produo. em bovinos de leite, muitas perdas so causadas por reduzida adaptao s condies de clima tropical, principalmente na

    B e M - e s t a R a N i M a L

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  • raa Holandesa. Maia et al. (2003) constataram que a seleo de vacas predominantemente negras pode ser uma boa escolha para aumentar a resistncia do gado Holands radiao solar, devido a epiderme sob esse tipo de malha ser altamente pigmentada. segundo os autores, tal seleo pode ser facilmente realizada, considerando a alta herdabilidade (0,75) para a proporo de malhas negras. outro problema do sistema de produo nos trpicos a alta incidn-

    cia de ecto e endoparasitas. assim, Fraga et al. (2003) avaliaram a resistncia a carrapatos em bovinos da raa Caracu e constataram que quanto maior a espes-sura do pelame, maior o nvel de infestao. Portanto, diversas caractersticas pouco estudadas em bovinos podem promover o melhoramento gentico dessa espcie, contribuindo simultaneamente para maior bem-estar e melhores ndices zootcnicos.

    Portanto, no h dvidas de que o ensino de bem-estar animal no pode ser apenas terico-legislativo, mas deve abordar atividades prticas promovendo a interao, o debate e o senso crtico dos estudantes. zootecnistas tm sua formao pro-fissional voltada, principalmente, para a produo animal, porm o estudo de bem-estar animal deve ir alm, abrangendo uma viso sistmica do tema. uma formao adequada em bem-estar animal, aliada ao conhecimento dos assuntos de natureza econmica e social, ajudar os zootecnistas a im-plantarem, com sucesso, aes que promovam um contnuo crescimento da zootecnia Brasileira, sem comprometer o bem-estar dos animais.

    B e M e s t a R a N i M a L

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    Referncias Bibliogrficas

    dados do autor

    Lus Fernando Batista Pintozootecnista, CRMv-Ba n 00235/z; Professor adjunto da universidade Federal da Bahia.

    endereo para correspondncia: av. ademar de Barros, 500, CeP: 40170-110, ondina salvador/Ba. e-mail: [email protected]

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  • a preocupao com a formao em sade Pbli-ca na Medicina veterinria no recente. em 1946, a organizao Mundial de sade criou a sade Pblica veterinria (sPv), designando algumas atri-buies para esse profis-sional (oPas, 2003). em 1972, a organizao Pana-mericana da sade (oPas) promoveu a realizao do 2 seminrio sobre educao em Medicina veterinria na amrica Latina. uma das recomen-daes do evento foi a de aumentar a participao do Mdico veterinrio em equipes de sade para cumprir o objetivo final da profisso Mdica veteri-nria, que o bem-estar humano (oPas, 1972). No Brasil, esse objetivo tomou impulso quando a Medi-cina veterinria foi de fato inserida na rea da sade por meio da Resoluo n. 38/1992 do Conselho Na-cional de sadeCNs/Ms, alterada pela Resoluo n. 218/1997CNs/Ms e republicada como Resoluo n. 287/1998CNs/Ms (souza, 2010).

    o desafio para os Mdicos veterinrios do scu-lo XXi est na nfase de uma formao em que se destaque a sade pblica e na qual o profissional de Medicina veterinria tenha um nvel de compe-tncia consistente com as demandas da sociedade. Nesse contexto, o reconhecimento da importncia da profisso para a sociedade est na dependncia de sua relevncia social (Nielsen, 1997). todavia, as escolas de Medicina veterinria no tm enfatizado a capacitao nesse setor (armbulo e Ruz, 1992;

    ensino em sade pblica nas escolas de medicina Veterinria do brasil

    s a d e P B L i C a

    Boletim de la oficina sanitaria Panamericana, 1992; Palermo Neto, 1995; Menezes, 2005). Muito embora a definio de sPv implique uma abordagem multidis-ciplinar, esse escopo mais amplo contemplado em poucas escolas, denotando a carncia de um ensino direcionado para atender as necessidades da popu-lao (Pfuetzenreiter e zylbersztajn, 2008).

    o Mdico veterinrio sanitarista realiza uma funo diferenciada nas equipes multiprofissionais de sade, sendo difcil separar as atividades de sPv de sade humana (Pfuetzenreiter et al., 2004). a Me-dicina veterinria por sua vez, tem um papel funda-mental a desempenhar no campo da sade pblica, havendo necessidade de profissionais Mdicos veterinrios especializados nessa rea. essa lacuna dificulta a preparao do profissional para atuar em equipes multidisciplinares de sade, no desen-volvimento de tarefas que extrapolem o mbito da sade animal e envolvam tambm a sade humana

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  • (Pfuetzenreiter e zylbersztajn, 2004). isso impor-tante porque a sPv pode contribuir para o bem-estar fsico, mental e social dos seres humanos mediante a compreenso e aplicao dos conhecimentos da Medicina veterinria com o propsito de proteger e promover a sade humana, estabelecendo vnculos com a agricultura, alimentao, sade animal, meio ambiente e educao. o contraditrio que, apesar do reconhecimento da importncia da rea de sade pblica, esta rea no muito privilegiada durante o curso, mesmo com as mudanas ocorridas na profis-so e no mercado de trabalho (Menezes, 2005; Pfuet-zenreiter e zylbersztajn, 2008).

    outro aspecto importante a ser mencionado o fato de que a maioria dos cursos de Medicina veteri-nria brasileiros no possui uma estrutura favorvel ao desenvolvimento de atividades prticas relativas sade pblica, o que dificulta a ocupao de novos espaos nessa rea de atuao. Muitos desafios sur-gem a cada dia para este profissional e torna-se cada vez mais necessria a consolidao das posies conquistadas pelo Mdico veterinrio na sade p-blica. os cursos de Medicina veterinria necessitam

    aprimorar o contedo terico das disciplinas de sa-de pblica, bem como proporcionar oportunidades para a realizao de atividades prticas, com o intuito de preparar melhor o profissional para este mercado de trabalho emergente (Menezes, 2005).

    a realizao dos seminrios Regionais de sPv coordenados pela Comisso Nacional de sade Pblica veterinria (CNsPv) do Conselho Federal de Medicina veterinria (CFMv) e a participao da CNsPv nos seminrios Nacionais de ensinos coordenados pela Comisso Nacional de ensino na Medicina veterinria (CNeMv) tambm do CFMv confirmaram e trouxeram ao debate a preocupao dos Mdicos veterinrios sobre a formao na gra-duao para a insero deles no sistema nico de sade (sus). Baseado nisso, a CNsPv buscou analisar a temtica de como o ensino em sade pblica tem sido trabalhado na formao do Mdico veterinrio, investigando-se compreenso, contedos e estru-tura de ensino em relao ao momento do curso em que a sade pblica abordada. uma vez que o sus, mediante a municipalizao da sade, um dos principais setores de atuao do Mdico veterinrio, o presente estudo objetivou alertar e contribuir para uma formao mais slida na rea da sade.

    Foram estudados 149 cursos de graduao em Medicina veterinria, do setor pblico e privado, aprovados pelo Ministrio da educao e localizados nas diferentes regies do nosso Pas.

    o instrumento de coleta de dados foi um ques-tionrio semiestruturado e descritivo elaborado pela CNsPv, o qual foi disponibilizado a partir de agosto de 2007 no site do CFMv (www.cfmv.org.br) para preenchimento on-line do formulrio. Paralelo a isso, foi enviado para todos os 149 coordenadores dos cursos de Medicina veterinria um ofcio solicitando e os instruindo a participarem do censo. Na impos-sibilidade da totalidade de respostas, prezou-se por

    TABELA 1. Cursos de Medicina Veterinria que responderam ao censo sobre Sade Pblica realizado pela Comisso nacional de Sade Pblica Veterinria do CFMV distribudos por vnculo e regio.

    vinculaolocalizao / regio

    totalnorte nordeste centro-oeste sudeste sul

    federal 0 6 1 7 5 19B

    estadual 0 3 0 3 4 10B

    particular 3 2 8 43 10 66a

    total 3c 11b 9bc 53a 19b 95Letras maisculas comparam vnculo e letras minsculas comparam regio, quando diferentes tm significncia estatstica pelo teste Qui-quadrado, p < 0,05.

    sHut

    teRs

    toCK

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  • um nmero suficiente de amostras que permitisse a anlise e representabilidade das informaes. as-sim, uma amostra de pelo menos 75 questionrios respondidos mostrar-se-ia satisfatria para as cate-gorias de anlise.

    os questionrios fo-ram direcionados aos co-ordenadores dos cursos de Medicina veterinria por se considerar que eles possuam clareza da glo-balidade do projeto peda-ggico que coordenavam, respeitando as recomen-daes de Minayo (1998), para quem a amostra deve privilegiar os sujeitos so-ciais que detm os atribu-tos do estudo.

    No questionrio per-guntou-se o nome da ins-tituio, endereo e vn-culo (federal, estadual ou particular). sobre a sade pblica, questionou-se especificamente em que momentos, disciplinas e contedos o tema sa-de pblica era abordado. Mais detalhadamente: 1 se o contedo das disci-

    plinas elencadas inclua a epidemiologia, vigilncia epidemiolgica/zoonoses, vigilncia sanitria, vigilncia ambiental, educao em sade, sade do trabalhador e saneamento; 2 se nos ltimos cinco anos foi oferecido ou disponibilizado na rea

    FIGURA 1. Disciplinas elencadas nos cursos de Medicina Veterinria voltadas para a rea de Sade Pblica no censo sobre Sade Pblica realizado pela Comisso Nacional de Sade Pblica Veterinria do CFMV.

    * representa significncia estatstica pelo teste do Qui-quadrado (p< 0,05).

    18

    13

    30

    26

    15

    2

    58*

    24

    19

    12

    39*

    2 3

    7

    44*

    13

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    Nm

    ero

    de D

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    plin

    asN

    mer

    o de

    Dis

    cipl

    inas

    Disciplinas

    Cincia Ambiental

    Controle de Qualidade na Indstria

    Educao Sanitria

    Epidemiologia

    Epidemiologia e Saneamento

    Epidemiologia e Sade Pblica

    Higiene dos Alimentos

    Inspeo dos Prod. de Origem Animal

    Programas de Sade Pblica Animal

    Promoo Humana em Sade

    Saneam. Ambien. e Desenvol. Sustent.

    Sanidade Animal

    Sade Pblica

    Vigilngia Ambiental

    Vigilncia Epidemiolgica e Zoonoses

    Vigil. Sanitria e Higiene dos Alimentos

    Zoonoses

    Zoonoses e Sade Pblica

    s a d e P B L i C a

    dR. eMiLio Nieto | dvt-uFv

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  • de sade pblica o estgio curricular obrigatrio e qual percentual de alunos tem optado por esse tipo de estgio; 3 - se nos ltimos cinco anos tm sido de-senvolvidas atividades de extenso na rea de sade pblica; 4 se existiu convnios de interface com a rea de sade pblica nos ltimos cinco anos; 5 - em relao s disciplinas que envolvem a sade pblica, foi questionado o nome da disciplina, carga horria, se obrigatria ou optativa, fases/perodos em que ela ofertada, nmero de professores, bem como a graduao e titulao do professor.

    Com base nas respostas do questionrio, a an-lise do contedo compreendeu as seguintes etapas: leitura seletiva do material coletado, organizao das respostas dos diferentes questionrios, seleo dos itens, identificao de unidades de contexto, relao entre eles e definio das categorias de anlise. aps

    a estruturao dessas categorias, os dados foram ta-bulados no Microsoft office excel 2003 e submetidos ao teste do Qui-quadrado para um p< 0,05.

    DOS rESULTADOS OBTIDOS E DA rEFLEXO SOBrE O TEMA

    dos 149 cursos de Medicina veterinria, 95 (64%) responderam ao censo, sendo a maioria da regio sudeste e de faculdades particulares (p < 0,05) (tabela 1).

    Nas descries das caractersticas e objetivos dos cursos e dos campos de atuao na profisso, os esta-belecimentos de ensino estudados assemelham-se aos dados obtidos por Pfuetzenreiter e zylbersztajn (2004), colocando em destaque a sade pblica. en-tretanto, pela anlise efetuada, na prtica, as outras reas sobressaem mais e os contedos das discipli-nas voltados sade pblica esto desarticulados

    das demais disciplinas, sem inter-relao com os demais conhecimentos da profisso mdico veteri-nria. Mesmo dentro do prprio contexto de sade pblica, h necessidade de haver maior conexo entre os contedos das disciplinas.

    a Figura 1 aponta as disciplinas elencadas nos cursos de Medicina veterinria e que so voltadas para a sade pblica. as disciplinas denominadas inspeo dos Produtos de origem animal, sade Pblica e zoonoses so as mais ofertadas (p < 0,05). diversamente, as disciplinas denominadas Higiene dos alimentos e zoonoses, Controle de Qualidade na indstria, Programas de sade Pblica animal e vigilncia ambiental s fazem parte da grade curri-cular de no mximo dois cursos dentre aqueles que responderam ao censo. No tocante ao contedo des-sas disciplinas, quase 100% delas discorrem sobre

    epidemiologia, vigilncia epidemiolgica/zoonoses e vigilncia sanitria (p < 0,05). em contrapartida, apenas 23% delas contm a sade do trabalhador no seu contedo programtico (p< 0,05) (Figura 2).

    a informao de que as disciplinas voltadas para a sade pblica se concentram principalmente na disciplina inspeo dos Produtos de origem ani-mal corrobora com os achados de Pfuetzenreiter e zylbersztajn (2004), revelando haver pouca nfase para a rea de administrao e planejamento em sade animal e sade pblica. ainda comparando com o mesmo estudo, os contedos relacionados educao e sade, que em 2003 no constavam na grade de alguns cursos de Medicina veterinria (Pfuetzenreiter e zylbersztajn, 2004), continuam, na atualidade, com pouca nfase. a disciplina de educao sanitria, por exemplo, s foi citada em trs cursos analisados. sobre esse aspecto, esse pro-

    FIGURA 2. Contedo das disciplinas elencadas nos cursos de Medicina Veterinria que responderam ao censo sobre Sade Pblica realizado pela Comisso Nacional de Sade Pblica Veterinria do CFMV.

    * representa significncia estatstica pelo teste do Qui-quadrado (p < 0,05).

    57,78

    98,89*

    85,56

    23,33

    68,89

    100,00*

    96,97*Educao em Sade

    Epidemiologia

    Saneamento

    Sade do Trabalhador

    Vigilncia Ambiental

    Vigilncia Epidemiolgica / Zoonoses

    Vigilncia Sanitria

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  • fissional pode atuar na difuso de informaes e na conscientizao das pessoas sobre os temas ligados sade por meio da educao em sade (Pfuetzen-reiter et al., 2004).

    em contrapartida, no presente estudo observou-se que disciplinas como vigilncia e saneamento ambiental j fazem parte de pelo menos 22% dos cursos de Medicina veterinria. Nesse contexto, na dcada de 90, j se falava que o trabalho interdis-ciplinar, a incorporao nos grupos intersetoriais e interinstitucionais que planificam, executam e ava-liam estudos e projetos de impacto ambiental ainda abrem oportunidades para a presena do Mdico veterinrio nesse segmento (Cifuentes, 1992). Na formao acadmica dos Mdicos veterinrios, o autor prope que as escolas ofeream conhecimen-tos aprofundados nas reas de cincias ambientais, ecologia, biologia e saneamento ambiental para que os profissionais possam ser incorporados e oferecer sua contribuio a esses setores.

    No tocante a Medicina veterinria preventiva, a epidemiologia e suas diferentes vertentes, estas so ofertadas em quase metade dos cursos de Medicina veterinria que responderam ao censo. entretanto, entende-se que em face de sua importncia essas disci-plinas deveriam ser contempladas em todos os cursos.

    Bgel (1992) aponta para a importncia da reali-zao de pesquisas sobre as necessidades e tendn-cias da educao em Medicina veterinria e confirma a ateno que deve ser dispensada formao do Mdico veterinrio, enfatizando a sade pblica. a orientao dispensada Medicina veterinria dentro

    da trade formada pelo meio ambiente, o animal e o homem deve ser acompanhada de uma importante expanso da sPv e de uma profunda modificao da formao em Medicina veterinria mais centrada na interdisciplinaridade (Pfuetzenreiter et al., 2004).

    destacam-se tambm nesse estudo as discipli-nas de sanidade animal (45%) e Programas de sade Pblica animal (2%), nas quais o gerenciamento em sade animal e sade pblica enfatiza assuntos pouco tratados nas disciplinas do segmento de sa-de, mas importantes para consolidar a viso social, tratando no somente da planificao em progra-mas de sade animal, mas tambm de sade pblica (Pfuetzenreiter e zylbersztajn, 2004).

    sobre o estgio obrigatrio, 76% dos cursos responderam que disponibilizam estgio na rea de sade pblica, 23% responderam que no e apenas um curso no respondeu a esse questionamento. Conseguinte, dos cursos que disponibilizam estgio na rea de sade pblica, em mdia, 50% desses

    concentram-se na regio sudeste e 69% so de facul-dades particulares (p < 0,05). Resultado semelhante foi observado quanto s atividades de extenso de-senvolvidas na rea de sade pblica.

    os estgios obrigatrios so enfatizados como momentos fundamentais de desenvolvimento para a construo da identidade profissional em todos os cursos. os estudantes de Medicina veterinria tambm valorizaram o papel do estgio na forma-o do ser veterinrio, solicitando sua antecipao para momentos iniciais do curso. a realizao desses estgios, entretanto, vem merecendo discusso h

    FIGURA 3. Convnios de interface da rea de Sade Pblica com os cursos de Medicina Veterinria que responderam ao censo sobre Sade Pblica realizado pela Comisso Nacional de Sade Pblica Veterinria do CFMV, distribudos por regio.

    * representa significncia estatstica pelo teste do Qui-quadrado (p < 0,05).

    43*

    2

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    Nm

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  • algum tempo, questionando-se, entre outros pontos: organizao, programas, atribuies de supervisores, locais e real aprendizado dos estudantes (Banduk et al., 2009). Pimenta (2001) comenta que o con-ceito de prtica adotado por estgios curri-culares vem se modificando na histria da educao, superando a fase de observao e reproduo de modelos em direo a uma prtica mais teorizada e formao de profissionais. soares e Boog (2003), por sua vez, propem a interdisciplinaridade na formao das profisses da sade, tanto na graduao como na ps-graduao. eles ressaltam a importncia das ativida-des interdisciplinares nos estgios, sob superviso docente, como possibilidade de vivncia de parcerias e do exerccio profissional em equipe.

    soma-se a isso o fato de os estudantes come-arem o contato com a sade pblica somente a partir do segundo ano do curso, sendo que nessa fase a maior carga horria est concentrada sobre a clnica veterinria e suas derivaes. somente no tero final do curso que a sade pblica comea realmente a ser apresentada para os alunos, quando todos os outros temas j tiveram oportunidade de se desenvolver e de despertar o interesse dos estu-dantes. isso faz com que o pensamento preventivo e populacional tenha dificuldades para se instalar, conforme Pfuetzenreiter (2003) constatou a partir de entrevistas com estudantes do curso. esse fato indica que h necessidade de uma ateno maior para a sade coletiva, para que os alunos passem a ter uma compreenso completa da sade das populaes levando em considerao os aspectos sociais, cultu-rais e econmicos e passem a ter um grau maior de comprometimento com a sade da populao (Lima Jnior, 2001; Pfuetzenreiter e zylbersztajn, 2004).

    Quanto aos convnios de interface com a rea de sade pblica nos ltimos cinco anos, 47% con-centram-se na regio sudeste e 77% so convnios com rgos pblicos (P < 0,05) (Figura 3). Nossos resultados apontam para uma melhoria nesse setor, divergindo dos estudos de Lima Jnior (2001), o qual afirma a quase no existncia de parcerias com os r-gos pblicos responsveis pelos servios de sade, como as secretarias estaduais e Municipais de sade.

    as respostas dos questionrios mostram que a construo da identidade da Medicina veterinria em sade pblica ainda precisa ser aprimorada. Pois, apesar da defesa da relevncia dessas disciplinas no processo de aprendizagem da temtica da sade p-

    blica, seus contedos no foram especialmente va-lorizados, demonstrando sempre uma preocupao com a insero imediata no mercado de trabalho.

    as atuais diretrizes Curriculares (Brasil, 2002, 2003) enfatizam a necessidade de o Mdico veterinrio desenvolver competncias para integrar as equipes multiprofissionais no contexto do atual sus. a efetiva integrao desse profissional na equipe de sade ain-da apresenta grandes desafios relacionados cons-truo da identidade profissional, como, por exemplo, a dificuldade de incluso do Mdico veterinrio na estratgia da sade da Famlia por intermdio dos Ncleos de apoio sade da Famlia (NasF) (CNsPv, 2009). o correto exerccio das competncias comuns, enunciadas nas diretrizes Curriculares dos diferentes cursos da rea da sade, demanda no somente a discusso das alternativas de melhoria da formao tcnica e cientfica na graduao, mas tambm a permanente reavaliao das intersees e limites pro-fissionais entre as diversas reas (Banduk et al., 2009). Nesse sentido, amncio Filho (2004) defende que a formao profissional seja competente para possi-bilitar aos futuros trabalhadores a participao na sociedade cientfica e tecnolgica, no apenas como objetos, mas como sujeitos, resgatando-se, assim, sua dimenso poltica: a construo da identidade social e a integrao plena na cidadania.

    Para Ronzani e Ribeiro (2003), torna-se relevante analisar a reforma curricular no como um processo esttico, mas como uma forma de mudana cultural, iniciada por uma reavaliao de prticas e crenas dos formadores de opinio (professores), uma vez que a organizao informal uma importante fonte de influncia na formao da identidade do aluno. a formao dos professores tambm mencionada por Banduk et al. (2009) como aspecto fundamental para a melhoria dos cursos, em particular para a

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  • abordagem do tema pesqui-sado. afirmam ainda que mais importante do que o contedo a postura do docente, com-preendido como um modelo para o aluno. desse modo, a falta de capacitao do corpo docente constitui outro grave problema. a grande maioria dos professores desta rea pos-sui pouca experincia prtica nos servios de sade coletiva, passando aos estudantes apenas informaes tericas, aprendi-das por meio do estudo e no da vivncia profissional, e que no esto direcionadas soluo de

    problemas reais que podero surgir como um desafio aos futuros Mdicos

    veterinrios. Portanto torna-se impres-

    Paulo Csar Augusto de SouzaMdico veterinrio, CRMv-RJ n 1645; Prof. associa-do, desP/iv, da universidade Federal Rural do Rio de Janeiro uFRRJ; Presidente da Comisso Nacional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    endereo para correspondncia: universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rod. 465, km 7, seropdica RJ, CeP: 23890-000. e-mail: [email protected]

    Sthenia Santos Albano AmraMdica veterinria, CRMv-RN n 0710; Profa. adjunto, daCs, da universidade Federal Rural do semi-rido uFeRsa; Membro da Comisso Nacional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    Aurlio Belm de Figueiredo netoMdico veterinrio, CRMv-se n 0036; assessor Regional de Pecuria e defesa sanitria animal eNdaGRo-se; Membro da Comisso Nacional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    Marcelo Jostmeier VallandroMdico veterinrio, CRMv-Rs n 7715; Coorde-nador-Geral de vigilncia em sade sMs-Rs; Membro da Comisso Nacional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    roberto Francisco LucenaMdico veterinrio, CRMv- Rs n 4716; Coorde-nador de infraestrutura do Ministrio da Pesca e aquicultura; Membro da Comisso Nacional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    Celso Bittencourt dos AnjosMdico veterinrio, CRMv-Rs n 1664; Coordena-dor do Ncleo de doenas transmitidas por agen-tes Biolgicos ses-Rs; Membro da Comisso Na-cional de sade Pblica veterinria CNsPv/CFMv.

    Lcia regina Montebello PereiraMdica veterinria, CRMv-Pi n 0199; Consultora tcnica do departamento de sade ambiental e sade do trabalhador dsast/svs/Ms; Membro da Comisso Nacional de sade Pblica veterin-ria CNsPv/CFMv.

    dados dos autores

    cindvel para capacitao nesta rea de formao a aproximao da academia com o servio.

    Concordamos com a proposta de Pfuetzenreiter e zylbersztajn (2004) que um plano de ensino para a sade pblica deve proporcionar aos estudantes conhecimentos e prepar-los para solucionarem os problemas das comunidades. a elaborao do saber aliada pesquisa e extenso universitria permeariam a construo curricular da rea de sa-de pblica (e tambm das demais reas do curso de Medicina veterinria).

    as respostas no presente estudo apontam algu-mas mudanas necessrias na graduao com vis-tas ao aprimoramento da construo da identidade profissional pelo futuro Mdico veterinrio, enfati-zando a importncia de uma concepo ampliada de sade que respeite a diversidade, considere o sujeito enquanto ator social responsvel por seu processo de vida, inserido em uma ambiente social, poltico e cultural, de modo a garantir a formao integral e interdisciplinar (BRasiL, 2009).

    sHutteRstoCK

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    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 201022

  • COnCLUSESao reler a histria desse profissional, o relato dos

    ltimos estudos sobre a sua formao e os dados en-contrados nesta investigao, verifica-se que o con-ceito de sade pblica permanece difuso e, portanto, sujeito a uma definio to mltipla quanto s reas de atuao do Mdico veterinrio.

    esta investigao aponta importantes desafios a serem enfrentados para o aprimoramento do co-nhecimento do Mdico veterinrio na rea de sade pblica, preparando-o para a sua insero em todas as reas de sua competncia no sus.

    Contudo, o quadro revelado somente sofrer mo-dificaes se os vrios segmentos das universidades se conscientizarem da importncia de se consolidar uma formao integral ao estudante, que atenda de maneira

    equilibrada todos os domnios da atuao profissional e favorea o desenvolvimento completo das potencia-lidades do futuro Mdico veterinrio. este momento poder fazer com que os cursos repensem o modelo atual e passem a privilegiar igualmente todos os aspec-tos da profisso, com integrao de todas as reas, para a formao de um profissional com pensamento crtico e mais consciente de seu papel na sociedade.

    AGrADECIMEnTOS Comisso Nacional de ensino na Medicina ve-

    terinria (CNeMv) do CFMv, aos membros da Comis-so de sade Pblica veterinria do CFMv (CNsPv) de 2006-2008 e aos senhores Coordenadores dos Cursos de Medicina veterinria que colaboraram res-pondendo ao presente censo.

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    3 Md. vet. Joo CaRLos PiNHeiRo FeRReiRa

    3 Md. vet. Jos RiCaRdo de FiGueiRedo

    3 Md. vet. LissaNdRo GoNaLves CoNCeio

    3 Md. vet. MaRCeLo ReNaN de deus saNtos

    3 Md. vet. MaRCeLo WeiNsteiN teiXeiRa

    3 Md. vet. MaRCo aNtoNio aLvaReNGa

    3 Md. vet. MaRia aPaReCida sCataMBuRLo MoReiRa

    3 Md. vet. NivaLdo de azevdo Costa

    3 Md. vet. PauLo sRGio de aRRuda PiNto

    3 Md. vet. steLio PaCCa LouReiRo LuNa

    3 Md. vet. toMoe Noda sauKas

    Lista de Consultores 2010

    Natal , sobretudo, lembrar o que h de permanente no mundo que passa: a amizade, o amor, a esperana, que so mais do que enfeites ou adornos. Constituem a seiva da rvore natalina.

    Feliz NatalCFMV

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    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 201024

  • ConSELHo FEDERAL DE MEDICInA VETERInRIASIA Trecho 6 Lote 130 e 140BrasliaDF CEP: 71205-060Fone: (61) 2106-0400Fax: (61) [email protected]

    DIREToRIA EXECUTIVAPrESIDEnTE

    Benedito Fortes de arruda

    VICE-PrESIDEnTE

    eduardo Luiz silva Costa

    SECrETrIO-GErAL

    Joaquim Lair

    TESOUrEIrO

    amilson Pereira said

    EDITOr DA rEVISTA CFMV

    Ricardo Junqueira del Carlo CrMV-MG n 1759

    ConSELHo EDIToRIAL DA REVISTA CFMVPrESIDEnTE

    eduardo Luiz silva Costa CrMV-SE n 0037

    Joaquim Lair CrMV-GO n 0242

    amilson Pereira saidCrMV-ES n 0093

    CoMIT CIEnTFICo DA REVISTA CFMVPrESIDEnTE

    Cludio Lisias Mafra de siqueiraCrMV-MG n 5170

    Luis augusto NeroCrMV-Pr n 4261

    Flvio Marcos Junqueira CostaCrMV-MG n 5779

    antnio Messias CostaCrMV-PA n 0722

    Celso da Costa CarrerCrMV-SP n 0494/Z

    Luiz Fernando teixeira albinoCrMV-MG n 0018/Z

    Revista do CFMv - Braslia - dF - ano Xvi N 51 - 2010

    SuplementoCientficoFisiologia da termorregulao e estresse trmico em ovinos lanados

    Consideraes ticas na realizao de xenotransplantes

    Tratamento da dor em pequenos animais: princpios emtodos teraputicos

    Bruno Henrique Matsukuma / Juliana R. PeirFrancisco Leydson F. Feitosa / Luiz Claudio Nogueira Mendes

    Denize Silva Brazil/ Maria Amlia Fernandes FigueiredoMeryonne Moreira / Paulo Hellmeister FilhoRoberta Ferro de Godoy

    Gabrielle M. Marques Cury / Adriane Pimenta da Costa-Val

    Ktia Moema Oliveira Rosa Sampaio / Luciana Carvalho Lacerda

    Retrospectiva dos casos de laminite equina atendidos nos Hospitais Veterinrios da UFG e UnB e na Seo Veterinria do 1 Regimento de Cavalaria do Exrcito

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 2010 25

  • s u P L e M e N t o C i e N t F i C o

    fisioloGia da termorreGulao e estresse trmico em oVinos lanados

    resumo

    o ingresso dos ovinos lanados em regies quentes do Brasil trouxe tambm a preocupao com o estresse calrico e consequente queda na produo animal. a compreenso da fisiologia do equilbrio trmico ovino, assim como as consequncias desse fenmeno, devem ser estudadas a fim de promover um conforto trmico associado aos ndices de produo e reproduo destes animais. os casos estudados sobre o assunto so em sua maioria oriundos de pases com clima temperado e, por isso, os resultados podem ou no apresentar seme-lhana. esta reviso de literatura apresenta e discute o tema.

    palavras-chave: ovinos, tosquia, estresse trmico

    Abstract the introduction of wool sheep in warm temperature regions of Brazil has also raised concerns regarding the warm stress and its consequent decrease in animal production. the understanding of the physiology of ther-mal balance in sheep, as well as the consequences of this phenomenon, should be studied in order to improve animal thermal comfort in association with the production and reproduction indices of these animals. the majority of available research findings related to thermal balance in sheep is derived from countries with tem-perate climates and therefore might be different from those performed in our climate conditions. this essay presents a literature review that intends to discuss this theme.

    Keywords: sheep, shearing, heat stress

    InTrODUOa ovinocultura brasileira vem crescendo a cada

    ano, ocupando hoje a 16a posio no ranking de maiores criadores do mundo. segundo dados da Revista Cabra e Ovelha, do instituto FNP (empresa de

    consultoria agropecuria) e sebrae, em 2007 o pas apresentou um rebanho de 16.068.621 de cabeas de ovinos, sendo a ovinocultura responsvel por 20 mil empregos diretos e 300 mil indiretos, gerando cerca de R$ 686 milhes de renda anual para as unidades de agricultura familiar (PaNoRaMa..., 2008).

    s u P L e M e N t o C i e N t F i C o

    THErMAL BALAnCE PHySIOLOGy AnD HEAT STrESS In wOOL SHEEP

    Revista CFMv - Braslia/dF - ano Xvi - n 51 - 201026

  • No difcil notar a grande expressividade que a ovinocultura vem tomando nestes ltimos anos, com a chegada de novos produtos, novos estudos e novas tcnicas, que visam ao crescimento da produo no pas. Porm, muito do que chega ao Brasil de ori-gem europeia, ou seja, contamos com uma tecnolo-gia oriunda de pases pioneiros na ovinocultura, mas com diferenas enormes quanto ao clima e relevo. uma destas tcnicas de manejo condiz com a tosquia dos animais, que nos pases da europa realizada apenas como medida higinico-sanitria.

    alm da diferena de manejo de fundamental importncia a diferena racial entre os animais trata-dos nas diferentes regies do Brasil (Figura 1). fcil notar o incio da criao no sul do Brasil, onde animais com aptido para produo de l se adaptaram facil-mente devido ao clima com temperaturas mais baixas.

    o rebanho lanado e com aptido para carne vem se desenvolvendo nas regies sudeste e Centro-oes-te, e os locais de maior concentrao do rebanho so locais onde as temperaturas mdias so mais altas, justificando a preocupao com o estresse trmico desses animais.

    o estresse calrico um importante fator que li-mita o desenvolvimento dos ovinos na expresso do potencial gentico de produo e reproduo. todo organismo sofre algum tipo de interferncia quan-do sua temperatura tima alterada e, partindo do princpio da manuteno da temperatura corprea nos animais endotrmicos, cada aumento de tem-peratura gera um mecanismo de contrapartida que ser responsvel por perder esse calor retido, e o con-

    trrio tambm vlido. sendo os principais meios para perda de calor excedente as vias areas, a troca de calor por conduo e evapotranspirao cutnea.

    este artigo relaciona o estresse trmico sofrido pelos ovinos nas regies descritas e suas consequn-cias na fisiologia dos animais, as formas pelas quais mantida a temperatura do corpo e influncia da tos-quia como mtodo preventivo ao estresse trmico.

    rEVISO DE LITErATUrAanimais nos trpicos sempre apresentam produ-

    o em nveis inferiores, se comparados queles cria-dos em clima temperado . as limitaes produo em reas tropicais podem ser ocasionadas pelos qua-tro principais elementos ambientais estressantes: temperatura do ar, umidade do ar, radiao do sol e velocidade do vento (Quesada et al., 2001). estudos desenvolvidos por Hopkins et al. (1978, 1980 e 1984) e sawyer (1983) demonstraram que existem alteraes tanto na produo como na reproduo dos ovinos, face s alteraes das condies ambientais. sawyer (1975) descreve o efeito da radiao calrica influen-ciando a reproduo das ovelhas com falhas em 30% das fmeas expostas a altas temperaturas.

    a l dos ovinos tem capacidade isolante trmica e so conhecidos os meios pelos quais os animais home-otrmicos mantm sua temperatura. Nos ambientes tropicais, a temperatura do ar tende a ser prxima ou maior do que a corporal, o que torna ineficazes os mecanismos de transferncia trmica por conduo e conveco (siLva e staRLiNG, 2003), cabendo a

    funo de termorregulao evaporao, que ocorre quando a gua do suor, da saliva e das secrees das vias respirat-rias convertida em vapor de gua (RoBiNsoN, 2004), pois as trocas passam a no depender do diferencial de temperatura entre o organismo e a atmosfera. assim, as regies que melhor se adaptam criao de ovinos esto relacionadas ao clima temperado, salvo as regies sub-tropicais de altitude elevada. em regies quentes e midas, a per-da evaporativa de calor tambm prejudicada, pois a eficcia da evaporao inversamente proporcional saturao mida do ar (RoBiNsoN, 2004).

    aRQuivo PessoaL

    FIGURA 1 . Aspectos raciais e de manejo de ovelhas criadas no Brasil.

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  • s u P L e M e N t o C i e N t F i C o

    experimentalmente, quando so avaliados animais lanados e deslanados ocorrem diferenas significativas entre seus parmetros. McManus et al. (2009) avaliaram essas correlaes entre as raas Bergamcia e santa ins no Centro-oeste brasileiro, relatando diferenas nas frequncias cardaca e respiratria, taxa de transpirao, temperatura retal e temperatura da superfcie da pele, mostrando a interferncia da l na fisiologia da termorregulao e conforto trmico ovino. tambm so descritas al-teraes quantitativas dos componentes do sangue em temperaturas superiores a 36,4C com aumento da contagem de neutrfilos e glicose sangunea, (siLva et al.,1992) e aumento do nmero de leuc-citos totais, por hemoconcentrao resultante do processo de sudorese profusa e desmarginalizao dos leuccitos pelo aumento da frequncia cardaca (McMaNus et al., 2009).

    No faz parte do enfoque deste trabalho a qua-lidade da l produzida pelos animais, mas o fato de o calor e a umidade do ar aumentados proporciona-rem o crescimento de fibras e pelos curtos e grossos enquanto o frio mantm fibras de melhor qualidade (vieiRa, 1967). isso demonstra que a variao na tem-peratura tem influncia na derme importando tanto na produo como na sua termorregulao.

    Nos ovinos o equilbrio trmico alcanado principalmente pela perda evaporativa de calor atravs das vias areas e pela secreo sudorpara que, segundo anderson (1996), pode chegar a 150g/m2/h a 40C, e, segundo Pugh (2005), a 208 g de suor /m2/h em machos e 216 g/m2/h em fmeas, em resposta a temperaturas superiores a 41C. Po-rm, em contraste com o equilbrio trmico citado, a longo prazo o que se nota uma compensao mais eficiente promovida pela perda de gua na transpirao (HoPKiNs et al., 1978). essas formas de perda de calor so propostas para animais nos quais a perda evaporativa de calor precisa aumentar para compensar a perda de calor no evaporativa, pois em uma situao de conforto trmico o que se nota um equilbrio trmico promovido trs vezes mais pela perda respiratria em comparao com a perda por sudorese (RoBeRtsHaW, 2006).

    uma possvel explicao para esse contraste nos meios de evaporao est no estudo de silva e starling (2003), que descreve a epiderme dos ovinos como muito permevel gua e ao vapor, sendo quantitativamente muito importante a perspirao insensvel e as taxas da frequncia respiratria que tendem a diminuir em situaes de calor constante, acima de 40,5C. isso representa uma importante

    regulao fisiolgica, visto que a frequncia respira-tria aumentada por muito tempo promove a redu-o da presso sangunea de Co2, alm do trabalho acelerado dos msculos envolvidos na respirao. sendo a evaporao respiratria um mecanismo funcionalmente adequado para respostas intensas durante perodos mais curtos.

    esse aumento da frequncia respiratria ex-plicado por Robertshaw (2006), que denomina esse tipo de respirao como arquejante. tal alterao acarreta um aumento da ventilao no espao morto sem alterar profundamente a ventilao alveolar. No espao morto o ar fica saturado com vapor de gua, sendo o calor para a vaporizao providenciado pelo suprimento sanguneo das vias nasais. Por isso, ocorre resfriamento dentro da regio nasal, sendo o sangue venoso que drena essa regio mais frio que o sangue arterial que segue para as vias nasais.

    a evaporao cutnea tem um papel importante para a termorregulao de ovinos langeros em am-biente de alta temperatura, contribuindo, em mdia, com 63% da evaporao total, principalmente nos machos que tendem a apresentar menores valores de evaporao respiratria e maiores valores de evapora-o cutnea que as fmeas (siLva e staRLiNG, 2003).

    a frequncia respiratria o parmetro mais afeta-do em uma situao de estresse calrico, mas em um estudo de Quesada et al. (2001), no qual foram estuda-dos a frequncia respiratria, os batimentos cardacos e o peso dos animais em relao ao aumento da tem-peratura, o resultado indicou que a alterao em uma caracterstica acompanha reflexos nas outras.

    Com relao tosquia, no Brasil, se aplica ge-ralmente uma vez ao ano nos meses de outubro, novembro ou dezembro. tambm utilizada como medida higinico-sanitria para as ovelhas prenhes e para machos em estao de monta, e como manejo que visa aumentar a ingesto de alimentos nas fme-as pr-cobertura (CaRvaLHo et al., 2004).

    possvel relacionar a tosquia com o aumento na ingesto alimentar. segundo am et al. (2007), foi observado maior consumo de alimentos e melhor ganho de peso, assim como melhor acabamento de carcaa em cordeiros machos em idade de abate em comparao com cordeiros machos em idade de abate no tosquiados. uma das hipteses lanadas a compensao trmica com produo de camada de tecido adiposo isolante. a tosquia (Figura 2) tende a aumentar o consumo alimentar em at 50%, ocasio-nando alterao no tempo de descanso entre os pas-tejos (oRtNCio FiLHo et al., 2001), ou seja, animais tosquiados descansam menos sombra, portanto

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  • por Montossi et al. (2005), e obteve bons resultados, mostrando um ganho mdio de 1 kg por cordeiro do grupo tosquiado pr-parto em relao ao grupo tosquiado ps-parto, assim como uma porcenta-gem maior de cordeiros na faixa ideal de peso, entre 4,5 e 6,5 kg de peso vivo.

    symonds et al. (1986) concluram que ovelhas prenhes tosquiadas dez semanas antes do inverno apresentaram adaptao ao frio e, proporcional-mente, a tosquia foi benfica aos fetos e s mes, pois estas mostraram-se capazes de converter a gordura corporal para atender o aumento do gasto energtico, elevando a concentrao de glicose sangunea durante cinco semanas aps a tosquia, sem riscos de cetose.

    o perodo para a realizao da tosquia fixado no segundo tero de gestao e mais especificamente entre os dias 60 e 90 da gestao, pois o perodo onde ocorre o crescimento exponencial da placenta. aps essa data, a resposta no observada, pois os cotildones j esto formados (MoNtossi et al., 2005).

    COnCLUSOos ovinos lanados com aptido para produo

    de carne, criados nas regies de altas temperaturas, sofrem comprovado estresse trmico, refletido pelos altos parmetros fisiolgicos e baixo rendimento

    aumentam seu tempo de pastejo, ingerindo mais alimento por dia.

    so poucos os estudos que relatam a variao trmica ps-tosquia dos ovinose mais infrequentes os que descrevem esse fenmenoe so direcionados ao estresse calrico, sendo conduzidos na austrlia e nos estados unidos (Quesada et al., 2001). Mensuraes realizadas aps a tosquia, em raas mediterrneas na itlia, mostraram que a remoo da camada de l determina uma alterao na homeostase trmica de mais de 1C na temperatura retal 30 dias ps-tosquia, provavelmente pelo fator adaptao ao am-biente, considerando a zona termoneural dos ovinos tosquiados de 28C e a temperatura ambiente variando entre 16 e 21C (PiCCioNe et al., 2003). isso com um quadro de variao trmica avaliado em condies trmicas dife-rentes das encontradas nas regies sudeste e Centro-oeste brasileiras e com isso podendo ou no sofrer a mesma variao.

    uma importante funo da tosquia est relacionada com o peso ao nascimento de cordeiros, quando realizada no segundo tero de gestao. o fator estressante promovido pelo ato da tosquia, assim como a alterao da temperatura da pele e alterao nos ndices de conforto trmico das o