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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL ANNA KAROLINE OLIVEIRA GOMES MORELLI PSICOEDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES EM TCC São Paulo 2019

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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

ANNA KAROLINE OLIVEIRA GOMES MORELLI

PSICOEDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES EM TCC

São Paulo

2019

ANNA KAROLINE OLIVEIRA GOMES MORELLI

PSICOEDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES EM TCC

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu Área de concentração: Terapia Cognitivo-Comportamental Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher Martins

São Paulo

2019

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte. Morelli, Anna Karoline Oliveira Gomes Psicoeducação das emoções em TCC Anna Karoline Oliveira Gomes Morelli, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019. 26 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Psicoeducação, 2. Emoções. I. Morello, Anna Karoline Gomes. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.

Anna Karoline Oliveira Gomes

Psicoeducação das emoções em TCC

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das

exigências para obtenção do título de Especialista

em Terapia Cognitivo-Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

DEDICATÓRIA

À minha família, com carinho, por todo apoio.

AGRADECIMENTOS

Ao CETCC e seu corpo docente, pela oportunidade de estar concluindo um curso

com tanto aprendizado, incentivos e inspirações. À minha orientadora por todo

carinho e paciência que ofereceu através das correções. À minha família pelo apoio,

e por acreditarem no meu potencial, e aos colegas que contribuíram para minha

chegada até aqui.

“Os sentimentos humanos são propulsores do agir humano e

são responsáveis pelo equilíbrio e desequilíbrio.”

Jorge Thums

RESUMO

Desenvolvida por volta de 1960 por Aaron Beck, a Terapia Cognitivo-

Comportamental (TCC), é uma abordagem da psicologia que tem como objetivo

reduzir reações emocionais e comportamentos desadaptativos, ela se dá através do

trabalho colaborativo entre paciente e terapeuta, de forma ativa, direta e breve. Beck

acredita que não é a situação que determina o que os indivíduos sentem ou como se

comportam, mas sim o modo como interpretam e pensam os fatos da situação,

assim a psicoeducação é uma técnica que possibilita que o paciente se envolva

mais com o tratamento, pois o educa e familiariza sobre seu problema e assim o

ajuda a identificar comportamentos e emoções que geram aflição e sofrimento. O

objetivo foi revisar as técnicas, estratégias e ferramentas da TCC, a psicoeducação

das emoções como forma de auxílio no processo terapêutico para capacitar o

paciente ao melhor entendimento e manejo de suas emoções. A metodologia foi

através de pesquisa bibliográfica a partir de 2008 na língua portuguesa e inglesa

com os descritos Psicoeducação, emoções e sentimentos, Psychoeducation,

emotions e feelings. Como resultado, os estudos apontam para a importância da

Psicoeducação, pois busca identificar sintomas, pensamentos e comportamentos

que estão relacionados às emoções, auxiliando o paciente a compreender e saber

lidar com suas emoções e sentimentos, indo além da adesão ao tratamento, mas

também contribuindo na qualidade de vida, desenvolvimento da autoestima e

enfrentamento de estigmas.

Palavras-chave: TCC; Psicoeducação; Emoções; Sentimentos

ABSTRACT

Developed around 1960 by Aaron Beck, Cognitive-Behavioral Therapy (CBT), is an

approach to psychology that aims to reduce emotional reactions and maladaptive

behaviors, it occurs through the collaborative work between patient and therapist,

actively, direct and brief. Beck believes that it is not the situation that determines

what individuals feel or how they behave, but rather how they interpret and think the

facts of the situation, so psychoeducation is a technique that enables the patient to

become more involved with treatment, because it educates and acquaints you about

your problem and thus helps you to identify behaviors and emotions that generate

distress and suffering. The objective is to review the techniques, strategies and tools

of CBT, the psychoeducation of emotions as a way to aid in the therapeutic process

to enable the patient to better understand and manage their emotions. The

methodology was through a bibliographic research from 2008 in Portuguese and

English with the described Psychoeducation, emotions and feelings,

Psychoeducation, emotions and feelings. As a result, studies point to the importance

of Psychoeducation, as it seeks to identify symptoms, thoughts and behaviors that

are related to emotions, helping the patient to understand and deal with their

emotions and feelings, going beyond adherence to treatment, but also contributing

quality of life, development of self-esteem and coping with stigma.

Keywords: CBT; Psychoeducation; Emotions; Feelings

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 OBJETIVO .............................................................................................................. 11

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 12

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 13

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 20

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 22

9

1 INTRODUÇÃO

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) origina-se de uma revolução

cognitiva, na década de 60, que apontou limitações do modelo comportamental

tradicional. Teóricos e terapeutas começaram a se identificar como cognitivo

comportamentais, pois buscam privilegiar estratégias para mudança de pensamento

ao invés de intervir diretamente em contingências externas.

Aaron Beck, psiquiatra norte americano, é considerado o precursor da TCC,

dedicou seus estudos a intervenções cognitivas e comportamentais de transtornos

emocionais. Iniciou testando o conceito psicanalítico de que a depressão é resultado

da hostilidade contra si mesmo e decidiu ajudar seus pacientes a identificarem,

avaliarem e responderem a pensamentos inadequados e desadaptativos,

observando uma melhora rápida (BECK, 2013). Assim, para que haja melhora, os

terapeutas trabalham nas crenças básicas do paciente sobre si, seu mundo e as

outras pessoas.

Uma das técnicas utilizadas pela TCC é a psicoeducação, que relaciona

instrumentos psicológicos e pedagógicos, proporcionando ensinamentos ao

paciente, auxiliando pensamentos mais adaptativos e como se comportar diante de

situações, focando nas satisfações e ambições do paciente (AUTHIER, 1997 apud

LEMES, ONDERE NETO, 2017). Assim, a psicoeducação auxilia no tratamento a

partir de mudanças comportamentais, sociais e emocionais, com caráter educativo

tanto para o paciente como para seu cuidador, de modo a ensinar sobre o

tratamento, facilitando a tomada de consciência para lidar com as mudanças,

estratégias de enfrentamento, fortalecimento e adaptação, “a maneira mais efetiva

pra auxiliar as pessoas é ensiná-las a se ajudarem, propiciando conscientização e

autonomia”. (LEMES, ONDERE NETO, 2017)

A psicoeducação se relaciona com outras disciplinas, como filosofia e

medicina, para maior compreensão sobre o diagnóstico, podendo ser utilizada em

diferentes contextos e ambientes, buscando identificar os sintomas, pensamentos e

comportamentos que estão relacionados às emoções. A emoção, por sua vez, pode

ser definida como uma condição momentânea e complexa, que surge a partir de

experiências afetivas, provocando alterações psicológicas e fisiológicas (MIGUEL,

2015) os quais as pessoas expressam de formas diferentes.

10

Assim o objetivo do trabalho é trazer a psicoeducação das emoções em TCC,

como forma de auxílio no processo terapêutico, revisando técnicas, estratégias e

ferramentas aplicadas.

11

2 OBJETIVO

Trazer a psicoeducação das emoções em TCC, como forma de auxilio no

processo terapêutico. Revisar as técnicas, estratégias e ferramentas aplicadas pela

TCC, para capacitar o paciente ao melhor entendimento e manejo de suas emoções.

12

3 METODOLOGIA

O estudo foi realizado seguindo modelo de pesquisa bibliográfica, onde foram

pesquisados artigos nas plataformas LILACS, MedLine e Scielo, utilizado o Google

acadêmico e livros da área para complementar a pesquisa.

A busca se deu na língua portuguesa com descritos Psicoeducação, emoções

e sentimentos e na língua inglesa com os descritores Psychoeducation, emotions e

feelings. A coleta foi realiza por artigos a partir de 2008, tendo assim um período

máximo de 10 anos de publicação.

Os critérios de inclusão se basearam na escolha dos artigos e livros que

abordassem sobre o tema psicoeducação. Foram excluídos artigos que não fossem

pertinentes ao tema.

13

4 RESULTADOS

No início da década de 60, Aaron T. Beck desenvolveu uma forma de

psicoterapia denominada terapia cognitiva, com o intuito de verificar os pressupostos

psicanalíticos a respeito da depressão, que acreditava que pessoas deprimidas

tinham necessidade do sofrimento. Assim, Beck, em seus estudos, verificou que

alguns indivíduos apresentaram melhora a algumas experiências, mas não

resistiram às mudanças, concluindo que a depressão seria um transtorno onde a

pessoa apresenta expectativas negativas em relação aos resultados do seu

comportamento, de si mesma e do contexto onde está inserida, passando seus

estudos a testar formas de modificação das tendências negativas. (BAHLS

NAVOLAR, 2004)

Judith Beck (2013) filha de Beck, conta em seu livro que o pai investigou os

sonhos dos pacientes, descobrindo que continham temas relacionados à fracasso,

privação e perda, similares aos pensamentos do paciente quando estava acordado.

Começou então a ajudar aos pacientes a identificar, avaliar e responder seus

pensamentos inadequados, apresentando melhora.

Uma relação terapêutica sólida é um dos princípios básicos da TCC,

desenvolver confiança e rappot1 desde o primeiro contato por meio de afirmações

empáticas, tom de voz, expressões e escolha de palavras adequadas, e assim o

terapeuta propõe experimentos que põem à prova as crenças e atitudes do paciente.

Diante disso, as expectativas de ambos devem estar alinhadas na mesma direção, a

relação deve ser baseada na confiança, atitude positiva e com constantes

feedbacks. Estabelecida a relação colaborativa, ambos passam a atuar como uma

equipe de investigação (BECK, 2013). Atrelado a isto, está o foco nos problemas do

momento presente, ser rápida, estruturada e a função educativa, que consiste em

ensinar ao paciente a ser seu próprio terapeuta, diminuindo a recaída.

De acordo com Menezes, Melo e Souza (2011), a psicoeducação começou a

ser utilizada como tratamento adicional ao fármaco a partir dos anos 70, por

necessidade de orientação aos pacientes quanto ao seu transtorno. Na TCC a

psicoeducação proporciona aos pacientes desenvolver pensamentos e reflexões

1 Criar uma relação.

14

sobre as pessoas e sobre o mundo e como se comportar diante das situações

através de atividades.

A psicoeducação permite que o paciente seja capaz de compreender as diferenças entre as suas características pessoais e as características do transtorno psicológico que precisa enfrentar, pois ao mesmo passa a conhecer detalhadamente as consequências e os fatores desencadeantes e mantenedores dos problemas ou patologia que apresenta. (CAMINHA et al., 2003 apud FIGUEIREDO et al, 2009)

A psicoeducação educa e familiariza o paciente, bem como seus familiares,

em relação ao seu problema, tornando-o um colaborador ativo, pois o paciente se

envolve mais com o tratamento a medida que o conhece melhor, partindo do

pressuposto que as cognições gerenciam as emoções e os comportamentos, e

assim, ajudam-no a identificar comportamentos e emoções que geram aflição e

sofrimento (BASCO, RUSH, 2005).

A Tabela 1 apresenta a quantidade de artigos encontrados nas bases de

dados Lilacs, MedLine e Scielo, utilizando três buscas com as palavras-chave:

Psicoeducação-; Psicoeducação-Emoções; Psicoeducação-Sentimentos;

psychoeducation; Psychoeducation-Emotions; Psychoeducation-Feelings.

Tabela 1: Publicações encontradas

Base de

dados

Descritores Publicações

encontradas

LILACS “Psicoeducação” 40

“Psicoeducação”; “emoções” 1

“Psicoeducação”; “sentimentos” 2

“Psychoeducation” 93

“Psychoeducation”; “emotions” 5

“Psychoeducation”; “feelings” 3

MEDLINE “Psicoeducação” 88

“Psicoeducação; emoções” 2

“Psicoeducação”; “sentimentos” 4

“Psychoeducation” 2.166

“Psychoeducation”; “emotions” 129

15

A busca eletrônica de artigos em três bases de dados: Lilacs, MedLine e Scielo, utilizando primeiramente as seguintes palavras-chave: “Psicoeducação”, “Psicoeducação” combinada com “emoções”, “Psicoeducação” combinada com “sentimentos” e posteriormente utilizou-se

“Psychoeducation”, “Psychoeducation” combinada com “emotions” e “Psychoeducation” combinada com “feelings”.

Os critérios de inclusão foram: a) estar publicado nas bases de dados

selecionadas em formato de artigos; b) publicações a partir de 2008; e c) ser do

idioma português ou inglês. Os critérios de exclusão foram: a) artigos repetidos; b)

estudos não disponíveis na íntegra; e c) não ter relevância para o estudo.

Tabela 2: Artigos selecionados

Base de dados Artigo Ano de publicação

1) LILACS A importância da psicoeducação na Terapia Cognitivo Comportamental: uma revisão sistemática. Ver. Cienc. Saúde do Oeste Baiano, 2017, 2(1): 108-120.

2017

2) LILACS Competência Emocional em professores: contributos da Psicoeducação. Revista Portuguesa de enfermagem de Saúde Mental. 2012 (8): 16-24.

2012

3) LILACS O uso da psicoeducação no tratamento do transtorno bipolar. Ver. Bras. Ter. Comport. Cogn. 2009 11(1): 15-24.

2009

4) SCIELO Funcionamento familiar, crenças sobre a doença e inteligência emocional em pacientes com transtorno obsessivo – compulsivo e em seus familiares. Salud mental 34(2): 111-120.

2011

“Psychoeducation”; “feelings” 92

SCIELO “Psicoeducação” 34

“Psicoeducação”; “emoções” 2

“Psicoeducação”; “sentimentos” 0

“Psychoeducation” 97

“Psychoeducation”; “emotions” 5

“Psychoeducation”; “feelings” 2

16

5) SCIELO Emoção e cognição: implicações para o tratamento. Ter Psicol, 2009, 27(2): 227-237.

2009

6) MEDLINE Psychoeducation against depression, anxiety, alexithymia and fibromyalgia: a pilot study in primary care for patients on sick leave. Scand J Prim Health Care, 2018, 36(2):123-133.

2018

7) MEDLINE Study protocol for reducing childirth fear: a midwife-led psycho-education intervention. BMC Pregnancy Childbirth, 2013, 13: 190.

2013

A tabela 2 indica a base de dados, os anos das produções selecionadas,

como se pode observar foram selecionados 7 artigos sobre a psicoeducação

relacionada com emoções e sentimentos.

O artigo (1) traz a importância da psicoeducação na TCC, realizando um

levantamento sistemático, concluindo que vai além da adesão ao tratamento,

incluindo a melhora da qualidade de vida, desenvolvimento da autoestima,

contribuindo para o enfrentamento de estigmas e preconceitos, e assim capacita o

paciente sobre suas emoções e sentimentos (NOGUEIRA et al, 2017).

No artigo (5) é possível verificar que o estudo das emoções possui pelo

menos três sistemas de resposta: cognitivo/subjetivo/ comportamental/expressivo e

fisiológico/adaptativo, sendo na maioria dos casos a diferença atribuída a cada uma

das dimensões e enfatiza a colocação de Beck (1976) de que um terapeuta cognitivo

deve ter como princípio que o modo como os pacientes percebem e estruturam o

mundo é o que determina suas emoções (RAMOS LINARES, 2009).

A complexa e delicada prática do professor e a contribuição da

psicoeducação em sua competência emocional é o tema norteador do estudo (2)

que acredita que para se desenvolver as competências pessoais é necessário

compreender o comportamento humano em seu agir e sentir. Foi realizada

intervenção através de sessões de psicoeducação, constituídas de oito sessões de

90 minutos cada utilizando técnicas psicoterapêuticas, psicodramáticas e cognitivo-

comportamentais, buscando assim, dar ao professor princípios e técnicas que lhe

permitam compreender e intervir de forma eficaz no processo ensino-aprendizagem,

uma vez que o professor é uma figura modelo para o aluno (COELHO, 2012).

17

Quadro 1 – Estrutura das sessões de psicoeducação da inteligência emocional

aos professores

FONTE: COELHO, 2012.

No estudo conclui-se que é pertinente a intervenção psicoeducacional por um

período correspondente ao ano letivo, pois se verificou a necessidade dos

professores autorregularem suas emoções, e assim evitar o descontrole emocional

que pode ter reflexo negativo em sua prática pedagógica (COELHO, 2012).

18

O artigo (4) traz informações relevantes sobre estudos feitos com pacientes

com transtorno obsessivo compulsivo e seus familiares, uma amostra encaminhada

pelo médico responsável para participar da terapia de grupo para TOC, onde na

primeira sessão responde a Escala de Ajustamento e Coesão (FACES-II) de Olson2,

Perfil de Inteligência Emocional (PIEMO) de Cortés et al., Inventário Beck de

ansiedade (BAI)3. Assim foram determinadas três tipos de família: alta coesão com

padrões caóticos para expressar emoções e ideias; alta coesão com expressão

rígida de ideias e emoções e baixa coesão com pouca expressão de ideias e

emoções (LOPEZ JIMENEZ, 2011). Verificou-se que a compreensão do transtorno

aumenta conforme a adaptação da família, e diminui o sentimento de culpa, assim, o

incômodo em relação à doença do paciente desaparece, o que se assemelha ao

constatado no estudo (3) que em relação ao transtorno bipolar, a psicoeducação

auxilia na adesão à medicação, pois promove ensinamentos teóricos e práticos para

que o paciente compreenda, saiba lidar melhor com sua doença e participe

ativamente (FIGUEIREDO, 2009).

O estudo (7) levantou a intervenção psicoeducativa para reduzir o medo do

parto, que por estar ligado a falta de controle e descrença na capacidade do corpo

ou resultado de experiências anteriores, a intervenção é oferecida pelas parteiras

por telefone as gestantes entre as 24 e 34 semanas de gravidez, de forma a revisar

as expectativas de nascimento, desenvolver redes de apoio e auxiliar no

gerenciamento de eventos negativos, conhecido como Belief: Birth emotions

(FENWICK et al, 2013). Os principais elementos do Belief estão descritos no Quadro

2.

As sessões de psicoeducação respondem as necessidades da mulher, uma

vez que apoia a expressão de sentimentos e propõe que as mulheres identifiquem e

trabalhem com elementos angustiantes do parto, desenvolvendo suportes

situacionais individuais para o presente e futuro próximo, afirmando que eventos

negativos durante o parto podem ser gerenciados, essa combinação de estratégias

diminui o sofrimento emocional e constrói mecanismos de enfrentamento.

2 Questionário de autoavaliação que mede o funcionamento familiar em duas dimensões: coesão e a adaptabilidade. 3 Autoavaliação composta por 21 itens que apresentam informações descritivas dos sintomas de ansiedade em grau de gravidade e frequência.

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Quadro 2 – Elementos chave da intervenção

Estratégia Principais elementos de intervenção

Conexão terapêutica entre parteira e mulher.

Mostre bondade; Afirmar competência da mulher, simples questões abertas não ameaçadoras sobre o nascimento, escuta atenta e aceitação da perspectiva da mulher.

Aceite e trabalhe com as percepções das mulheres.

Peça à mulher que conte sua própria história, ouça com encorajamento, mas sem interromper.

Apoie a expressão de sentimentos.

Incentivar expressões de sentimentos por perguntas abertas, ouvindo ativamente, refletindo as preocupações da mulher. (grifo nosso)

Preenchendo as peças que faltam

Esclareça os mal-entendidos, forneça informações, responda às perguntas realistas, faça perguntas sobre os principais aspectos para verificar a compreensão. Não defenda ou justifique os cuidados prestados.

Conecte o evento com emoções e comportamentos.

Faça perguntas para determinar se a mulher está conectando emoções e comportamentos atuais a experiências anteriores. Reconheça e valide emoções. Suavemente desafie e oponha-se a pensamentos distorcidos, tais como a culpa e a sensação de inadequação, Encoraje a mulher a ver que decisões inapropriadas ou precipitadas que podem ser uma reação ao nascimento. (grifo nosso)

Revise o gerenciamento anterior do trabalho.

Pergunte se a mulher sentiu que algo deveria ter sido feito de forma diferente durante o trabalho de parto. Oferecer percepções novas ou mais generosas ou precisas do evento. Realisticamente postule como certos cursos de ação podem ter resultado em um resultado mais positivo. Reconheça a incerteza.

Melhore o suporte social. Inicie a discussão sobre as redes de suporte existentes. Fale sobre maneiras de receber apoio emocional adicional. Ajude a mulher a entender que seu apoio habitual pode estar lutando com seus próprios problemas.

Reforce abordagens positivas para o enfrentamento.

Reforce os comentários das mulheres que reflitam um entendimento mais claro da situação, planejem o caminho a seguir ou delineiam ação positiva para superar o sofrimento.

Explore soluções. Apoiar as mulheres a explorar e decidir sobre possíveis soluções, por exemplo, grupo (s) de apoio, aconselhamento individualizado, buscando informações específicas.

Fonte: FENWICK et al, 2013

20

5 DISCUSSÃO

As emoções são um misto de sensações subjetivas e de estados fisiológicos,

os quais as pessoas expressam de formas diferentes, e o modo como as pessoas

percebem e estruturam o mundo é o que determina suas emoções, e assim, a

psicoeducação busca identificar sintomas, pensamentos e comportamentos que

estão relacionados às emoções, auxiliando as pessoas a trabalhar com os

elementos angustiantes e compreender suas emoções.

Cada emoção estaria ligada a experiências particulares, com padrões particulares de resposta neuroendócrina e com comportamentos particulares; assim, em cada emoção, três aspectos fundamentais estão localizados: subjetivo (experiências, cognições), fisiológico e comportamental. Neste contexto, é importante referir o papel de controle percebido que o sujeito tem sobre o estímulo, como as respostas cognitivas, fisiológicas e comportamentais não seria o

mesmo, dependendo do controle percebido. (RAMOS LINARES, 2009)

O estado emocional varia ao longo do dia, dependendo do que acontece e

dos estímulos recebidos, assim as emoções são respostas imediatas do corpo,

sendo favoráveis ou desfavoráveis, de modo que se a situação favorece a

sobrevivência a emoção é positiva, desta forma, as pessoas buscam sempre

situações favoráveis, no entanto, este processamento nem sempre se dá de forma

consciente, o que gera, por exemplo, angústia e medo.

A psicoeducação auxilia os pacientes a identificarem, avaliarem e

responderem seus pensamentos inadequados, que além da adesão ao tratamento,

melhora a qualidade de vida, desenvolve a autoestima, contribui para enfrentar

preconceitos, apresentando melhora e o capacitando para lidar com suas emoções,

resultados que foram apresentados em todos os estudos selecionados, bem como

no material auxiliar consultado.

Além de sua aplicação na clínica, a psicoeducação também é utilizada na

área da saúde no que se refere à intervenção e tratamento em grupos terapêuticos,

que além de serem orientados sobre a doença, seus sintomas e percursos trocando

experiências através de seus relatos. As intervenções psicoeducativas colaboram

para que as pessoas se sintam motivadas, troquem e vivenciem experiências

parecidas, e também compartilhem de suas dificuldades e sofrimentos.

21

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

São notórios os benefícios da Psicoeducação a partir da análise dos artigos,

revelando a importância da Psicoeducação para a TCC, seja de forma individual

trabalhando com transtornos psicológicos auxiliando a identificarem, avaliarem e

responderem seus pensamentos inadequados, ou seja, em grupo compartilhando e

vivenciando experiências, dificuldades e sofrimentos e assim melhorando o domínio

da autonomia.

Salienta-se a dificuldade em encontrar estudos relacionados à temática. O

estudo limitou-se à consulta nas bases de dados Lilacs, MedLine e Scielo em

publicações de até 10 anos. Diante disso, espera-se que mais estudos sejam feitos

relatando a importância da psicoeducação da emoção, visto que é uma técnica

funcional e os benefícios muito interessantes.

22

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comportamentais: conceitos e pressupostos teóricos. Rev Eletrônica Psicol. 4: 1-

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24.

23

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ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Anna Karoline Oliveira Gomes Morelli, afirmo que o presente trabalho e

suas devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da

responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de

Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob

o título “Psicoeducação das emoções em TCC”, isentando, mediante o presente

termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC), meu

orientador e coorientador de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à

"Propriedade Intelectual", por mim praticadas, assumindo, assim, as

responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações realizadas para a

confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)