ceramicas dentárias

download ceramicas dentárias

of 18

Transcript of ceramicas dentárias

Artigo Indito

Cermicas dentriasSidney Kina*

ReSumo O desenvolvimento contnuo das cermicas dentrias tem trazido, aosclnicoseaostcnicosemprtesedentria(TPD),umlequecada vezmaiordeopesparaconfeco deprtesesfuncionaisealtamente estticas. Basicamente, podemos observarumagrandeevoluodestesmateriais,ondehistoricamente sua utilizao estava associada a um reforo metlico, devido sua baixa resistncia tenso e alta friabilidade, para associaes com

materiais estticos com excelentes propriedades mecnicas. Dentro desta perspectiva, atualmente o mercado odontolgico oferece umagamaenormedenovosmateriaisesistemaslivresdemetalpara confeco de prteses, o que traz ao clnico e ao TPD novas opes, mas tambm novas dvidas para decidirentreumaououtraalternativa.Paratanto,descrevemosneste artigoestesmateriais,suasindicaesdeutilizao,bemcomosuas limitaesclnicas.

PalavRaS-chave:Cermicasdentrias.Sistemaslivresdemetal.Procera.In-Ceram.IPSEmpress.

*Prof.dePrteseDentaleOdontogeriatriadaUniversidadeEstadualdeMaringUEM.Prof.dePrtese DentalFixadoCentroUniversitriodeMaringCESUMAR

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

111

Cermicas dentrias

IntRoduo Acermica,cujadenominaovindadogregoKeramiksignificaaartedooleiro,descritocomoummaterialinorgnico,nometlico, fabricado a partir de matrias primas naturais, cujacomposiobsicaaargila,feldspato,slica,caulim,quartzo,filito,talco,calcita,dolomita, magnesita, cromita, bauxito, grafita e zirconita3,12

nafabricaodedentesparaprtesetotal.Um sculoaps,em1888,CharlesHenryLand,dentistaemDetroit,apsvriosexperimentoscom materiaiscermicos,projetouepatenteouuma metodologiademanuseiodeinlayscermicos, confeccionados sobre uma lmina de platina. Emboratenhaobtidosucesso,aaplicaodestes trabalhos foi limitada, pois as tcnicas de coco da porcelana ainda no estavam totalmente dominadas e esclarecidas, e as tcnicas defixaodascoroassobreseuspreparoseram apenas por justaposio dos cimentos, pois as tcnicasdeadesoaindaestavamlongedeseremutilizadas.Comainvenodofornoeltricoem1894,edaporcelanadebaixafusoem 1898, Land finalmente teve a oportunidade de realizaraconstruodecoroastotalmentecermicassobreumalminadeplatina.Entretanto, somenteem1903,apsoaperfeioamentodas cermicasfundidasaaltastemperaturas,que foipossvelaCharlesLandaintroduodascoroasdejaquetadeporcelana,abrindodeforma definitivaaentradadacermicanaOdontologia restauradora12.Atualmente,comodomniotecnolgicodafabricaodecermicasassociados apotentesecontroladosfornosdequeima,as cermicas dentais apresentam caractersticas fsicas e mecnicas excelentes, representando, dentre os materiais dentrios com finalidade restauradora,amelhoroponabuscadeuma cpiafieldoselementosdentrias3,12. ceRmIcaS dentRIaS Comqualidadesfsicasbastanteinteressantes, as cermicas dentrias convencionais so caracterizadas como vidros, apresentando uma quantidade maior de feldspato em comparao aos outros elementos. Obtidas por meio da fusodexidosemaltatemperatura,constituem uma estrutura complexa, com ncleos cristali-

.Estacomposio,presentenosdiversosti-

posdecermica,apresentadeformavariadade acordocomaquantidadedecadaconstituinte eagregaodeoutrosprodutosqumicosinorgnicos,principalmentexidosmetlicossintticos sob diferentes formas (calcinada, eletrofundidaetabular).Assim,umagrandevariedade de cermicas pode ser encontrada, indo desde simples vasos de barro, passando por azulejos, louaseporcelanas,atascermicasdentrias (Fig.1-2). PeRSPectIvaS hIStRIcaS daS ceRmIcaS de uSo odontolgIco Desde muito, o homem procura artefatos que possam lhe substituir a contento os dentesetecidoscircunvizinhosperdidos.Ahistria noscontaojogodetentativaseerrosaolongo dos anos. Fez-se atravs dos tempos, graas s descobertaseaperfeioamentoqueumasriede pesquisadores e autores transmitiram, um conjuntodemateriaisrestauradorescomqualidades interessantesparaestefim,comobiocompatibilidade,durabilidadeeaparncia.Emtemposmodernos, as cermicas dentrias, com uma srie de caractersticas intrnsecas desejveis, apresentam-secomoumdosprincipaismateriaisna cincia e arte da reconstruo dentria. Referendadopelaprimeiravezcomomaterialodontolgicoem1774,naFrana,peloqumicoAlex Duchateou e pelo dentista Nicholas Dubois de Chemant,acermicafoiutilizadacomsucesso

112

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 1 e 2 - Avariaonaquantidadedosprodutosquecompeamatrizbsicadosmateriaiscermicos,assimcomoaagregaodeprodutos qumicosdiversos(principalmentexidosmetlicos),juntoshdiferentestemposetemperaturasdequeima,produzumaenormevariedadedeprodutoscermicos.Ex.:Figura1-Cermicaindiana(barroqueimado).Figura2-CermicaDental(cermicadosistemaIPSEmpress,IvocalVivadent).

nos no incorporados matriz vtrea formada, que atuam como arcabouo de reforo, tornado-asmuitomaisresistentesqueosvidroscomuns.Devidosuanaturezavtreaecristalina (ncleoscristalinos),elasapresentamumainteraodereflexopticamaiselaborada,muito semelhante s estruturas dentrias, e graas suainrciaqumicacaracterstica,suaspropriedades de solubilidade e corroso so bastante adequadas,possibilitandoaconstruoderestauraes com boa aparncia e tolerncia ao meiobucal.Outroatributoimportanteestno fatodascermicasconstiturem-seemexcelentesisolantes,combaixacondutividadeedifusividadetrmicaeeltrica .11

o em regies de suporte de carga ou stress mastigatrio.Destaforma,diferentesmecanismosforamconsideradosparamelhorarsuascaractersticas,reduzindoseupotencialdefalhas sobre stress. Tradicionalmente estes mecanismosenvolvemofortalecimentodasestruturas cermicas atravs de um suporte interno, que apresenteresistnciaadequadaeunioefetiva ssuasestruturas,demodoatransmitirastensesdeumsubstratoaoutro.Umdosmtodos mais efetivos de fortalecimento a utilizao de subestruturas metlicas (coping metlico) sobre as quais a cermica aplicada. Efetivo e amplamenteutilizado,estesistemametal+cermicaoumetalo-cermica,pareceserosistema maisbemsucedidonaconstruoderestauraesestticaseresistentesaoestresseoclusal. Ocasoclniconmero1exemplificaautilizao destesistemametalo-cermico(Fig.3-7). Emboracomprovadocomoexcelentesistema

Suasqualidadesmecnicas,entretanto,apresentam comportamento pouco plstico, com propriedades tensionais precrias, tornando-as um material com baixa maleabilidade e sensivelmente frivel, contra-indicando sua utiliza-

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

113

Cermicas dentrias

Figura 3 - Prtese parcial fixa metalo-cermica (Cermica IPS d.Sign, IvoclarVivadent):elementos11e13retentores,12e14ponticos.

Figura 4 - Preparosdentriosnoselementos11e13.

Figura 5 e 6 - Cimentaodaprtese.

restaurador,asprtesesmetalo-cermicassempreseapresentaramaolongodotempocomo umdesafionaobtenoderesultadosestticos satisfatrios.Construirprtesesapartirdeuma basemetlica,queemsuaaparncia(opacade cor cinza, prata ou dourada) no se assemelha em nada com as estruturas dentrias, tecnicamentenotarefafcil.Escond-laoumascarla sob finas camadas de cermica, e transmitir ao observador impresso de sua inexistncia, dando prtese todas as caractersticas denuancesdecoretranslucidezdeumdente natural, exige uma combinao de destreza e

conhecimento tcnico muito acurado do dentista e seu ceramista. Desta forma, no raro observarmos situaes clnicas onde preparos inadequadose/oudeficinciastcnicasnaaplicao da cermica, levam a uma opacificao exagerada do trabalho prottico, afastandoo em muito das caractersticas pticas de um dentenatural.Outrofatoobservadonasreas demargemcervical,onde,freqentemente,um haloescurecidopodeservistoassociadoaestas restauraes.Istoocorrepelapresenadaborda metlica caracterstica da metalo-cermica que, por situaes diversas, pode ficar posicio-

114

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 7 - Resultadofinal.TPD.JosCarlosRomanini,Londrina,Pr.

nadaacimadamargemgengival,ouatmesmo quandosituadanosulcogengival,transparecer atravs de tecidos marginais finos sombreando a mucosa. Desta forma, ao longo dos anos, vm se estudando alternativas para o fortalecimento das estruturas cermicas para coroas epontescomobjetivodeminimizaroriscode fraturas e outros insucessos, sem a necessidadedautilizaodesubestruturasmetlicas.Um grande avano foi o surgimento das tcnicas detratamentoeadesodesuperfciescermicas, documentado por Horn , que possibilita5

se efetivamente seus problemas mecnicos. O caso clnico nmero 2 exemplifica a utilizao de cermicas feldspticas na forma de laminadoscermicos(Fig.8-20). modIFIcando a ceRmIca: ReSIStncIa e eSttIca Em verdade, as coroas de cermica pura, livres de metal, so utilizadas desde o incio do sculoXX,quandoCharlesHenryLand,em1903, introduziuumadasformasmaisestticaspara reconstruodentria,atravsdasfamosascoroasdejaquetacermica(Porcelain-jacketcrown)13. Com qualidades estticas timas, estas coroas so fabricadas com porcelanas feldspticas, que infelizmente, devido sua baixa resistncia,limitamsuaindicaoapenasparacoroas unitrias em situaes de pequeno stress oclusal.

ramquecermicavtreaspudessemsercoladas efetivamenteaestruturasdentriasatravsde sistemas adesivos, utilizando assim o prprio preparodentriocomoreforodesuaestrutura.Estefatopermitiuaotimizaonautilizao de tcnicas como laminados cermicos, inlays, onlaysecoroasunitrias,emboranoresolves-

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

115

Cermicas dentrias

Figura 8 - Casoinicial.Dentes12,11,21e22,comintensadescolorao edesarmoniaanatmica.

Figura 9 - Preparosdentriosparalaminadoscermicos.

Figura 10 - Laminadoscermicosproduzidossobretcnicaderefratrio (CermicaIPSd.Sign,IvoclarVivadent).

Figura 11 - Laminadoscermicossobluznegra(luzdeWood).Observea excelentefluorescnciadacermica.

Certosdaeficciaestticadacermicapura, o desafio de encontrar solues que atendessemscorrespondentesexignciasfuncionais, levouapesquisasbuscandoalteraraestrutura dascermicasconvencionais,atravsdaincorporaodesubstncias,principalmentexidos, nointuitodeseufortalecimento. ceRmIcaS alumInIzadaS Em uma primeira tentativa, McLean e Hughs11desenvolveramumacermicacommelhor

resistnciaflexocontendo50%dexidode alumina, proporcionando duas vezes mais resistnciafraturaquandocomparadasscermicas feldspticas convencionais. Entretanto, apesar da melhora, observou-se uma perda na translucidez,devidotransmissodeluzserlimitada pelos cristais de alumina, alm de uma resistnciaaindainsuficienteparausonaregio posterior e construo de prteses parciais fixas4,10. Consideradoumcaminhopromissor,aincor-

116

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 12 - Laminadocermicodoelemento12.Observenodetalhesua finaespessuraetranslucidez.

Figura 13 - Preparodentriodoelemento12.Observeotrminocervical supragengival.

Figura 14 - Laminadosecosobreopreparodentrio.Observeadiferena decorentredenteelaminado.

Figura 15 - Provadolaminadoatravsdepastamatizada(VariolinkIITry In,IvoclarVivadent),paracorreodacoratravsdacimentaoadesiva.

porao de xido de alumnio evidenciava melhora significativa nas propriedades mecnicas dacermica.Sadoun comeouatrabalharcom14

flexoquatrovezesmaisaltaqueumacermica aluminizada a 50%, muito embora, a alta concentrao de alumina acarrete em diminuio significativa da translucidez com conseqente empobrecimentodasqualidadespticasdacermica.Destaforma,estematerialnodeveser usado como uma cermica de cobertura, mas, devidosuaaltaresistncia,seraplicadocomo substitutodassubestruturasmetlicas.Estasituao,permiteaconstruodecoroastotaise prtesesfixasdetrselementos(at2opr-molar)

munhes aluminizados infiltrados por vidro, basedexidodelantnio(La2O3),comcercade 97%deagregaodexidosdealumnio,criando um sistema cermico de alta resistncia. Estesistema,apresentadopelacompanhiaVita (Zahnfabrik, Bad Sackingen, Alemanha) recebe onomecomercialdeIn-CeramAlumina.OInCeram Alumina apresenta uma resistncia

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

117

Cermicas dentrias

Figura 16 - Laminadoscermicossobreomodelorgido.

Figura 17 - Laminadoscimentados.

Figura 18, 19, 20 - Caso finalizado. Observe na fig. 21 o close-up da regio de uniocervicalentrelaminadocermicoeestruturadentria.TPD.PauloKano, SoPaulo,SP.

livresdemetal.Ocasoclniconmero3exemplificaautilizaodestesistema(Fig.21a24). Baseadonomesmosistema,aVitaapresentaaindanomercadoduasvariaesdosistema In-Ceram: o In-Ceram Spinell, que agrega almdoxidodealumniooxidodemagnsio (aluminato de magnsio, MgAl2O4), o que lheconfereodobrodetranslucidezdoIn-Ceram.Entretanto,oganhoempadresestticostemseupreo,comaperdaderesistncia naordemde20%,limitasuasindicaespara coroasunitriasanteriores,facetaslaminadas, inlayseonlays .1

mente 69% de xido de alumina (Al2O3) com 31% de xido de zircnio (ZrO2), que resulta em um aumento significativo da resistncia flexo, conferindo um dos maiores valores de tenacidadeentreosmateriaiscermicos.Novamenteobservamosaquiumaconsidervelmelhoranascondiesderesistnciamecnicaem detrimentodasqualidadespticas,conduzindo aumsistemasensivelmenteopaco.Suasindicaesmaisprecisaslimitaram-se,portanto,para

Por outro lado, o sistema oferece o In-Ceram Zircnia, uma mistura de aproximada-

118

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 21 - Caso inicial. Coroas protticas defeituosas nos elementos, 12,11,21,22.

Figura 22 - Preparosdentrios.Observeareconstruocomncleosmetlicoseaausnciadoelemento22.

Figura 23 - Provadoscopingscermicos(CopingsdeIn-CeramAlumina,Vita).Observeainfra-estruturadoelemento22emcantilever.

Figura 24 - Resultadofinal(Cermicadecobertura:VitadurAlpha,Vita). Com caractersticas de baixa translucidez, observe que o emprego de cermicascomaltaconcentraodealuminasobrencleosmetlicos no altera o resultado final da colorao das restauraes protticas. (TPD.JooSalvador,Arapongas,Pr.).

Figura 25 - Preparodentriosobrencleometliconoelemento12.

Figura 26 - Coroa Procera (Nobel Biocare) cimentada. Observe que a exemplodasestruturasdealtaconcentraodealuminaopreparoescurecidonoalteraoresultadofinaldecor.(TPD.MarcosCelestrino,So Paulo,SP.).

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

119

Cermicas dentrias

Figura 27 - Casoclnicoinicial.Observeaestticadesfavorvel,comos incisivoscentraisdescoloradoseanatomiadesproporcional.

Figura 28 - Preparodentrionoelemento11paralaminadocermicoeno 21paracoroatotal.

Figura 29 - Provadeinfra-estruturasdeIPSEmpressII(IvoclarVivadent).

Figura 30 - Infra-estruturasdeIPSEmpressIIsobremodelorgido.

Figura 31 - Coroasfinalizadascobertasdepurpurinadouradaparachecar atexturafinal.

Figura 32 - Coroasfinalizadas.CermicadecoberturaIPSErisforE2,IvoclarVivadent.

120

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 33 - Condicionamentocido:cidofluordrico10%por20segundos.

Figura 34 - Silanizao:60segundos.

Figura 35 - Aplicaodosistemaadesivo,ExciteDSC(IvoclarVivadent).

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

121

Cermicas dentrias

Figura 36 - Condicionamentocido:cidofosfrico37%por15segundos.

Figura 37 - Aplicaodosistemaadesivo.

Figura 38 - Fotopolimerizao.

122

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

Figura 39 - Cimentaodacoroacermica.

Figura 40 - Coroacimentada.

regiesposteriores,tantoparacoroasunitrias comoparaprtesesfixasdetrselementos2,6,7

anterior, na confeco de coroas unitrias, facetas laminadas e prteses parciais fixas, ecomodiferencialimportante:naconfeco de abutmants personalizados para implantes4,7. O caso clnico nmero 4 exemplifica a utilizaodestesistema(Fig.25e26). Nacorridaparareforodaresistnciadas cermicas, outras idias e materiais foram desenvolvidos e introduzidos no mercado odontolgico. A Ivoclar Vivadent apresenta umacermicafeldspticareforadaporcristais de leucita (SiO2-Al2O3-K2O), que previne a propagao de microfraturas internas matriz vtrea. Com o nome comercial de IPS Empress, este sistema emprega a tcnica tradicionaldaceraperdida,ondepastilhascermicasdoprodutosoinjetadassobrepressoecaloremfornosespeciaisdeinjeo.Em geral,estesistemanotrabalhanaconfeco de infra-estruturas (embora um coping do produto possa ser realizado para posterior estratificaocermica),masnaobtenodo contorno final da restaurao e, subseqentemente, atravs de pintura ou maquiagem proporcionar suas caractersticas de cor e estticafinal.Comresultadosestticosinte-

.

OutromaterialbaseadoemaltaconcentraodexidodealumniooProcera(Nobel Biocare),desenvolvidoporMattsAndersson .7

Estesistema,quetemcomoumdosseusdiferenciais o processo industrial computadorizado, utilizando tecnologia CAD/CAM (Computer-AidedDesign/Computer-Assisted Machining), foi desenvolvido para criao de subestruturasdeprtesescermicasutilizandoxidodealumnioaltamentepurificadoe densamente sinterizado formado por mais de 99,5% de alumina (Al2O3). Este material compreendido como a cermica de maior resistnciaentreascermicasdentrias.Este sistema,aexemplodosistemaIn-CeramAlumina,apresentacertograudeopacificaoe temcomorecomendaodofabricanteacermica Dulcera All-Ceram (Dulcera Rosbach Alemanha) para cobertura das infra-estruturas,muitoembora,cermicascomoaVitadurAlfa(Vita,Alemanha),Cerabien(Noritake, Japo)eCreation-AV(Klema,ustria)possam serutilizadas.Estesistemaestindicadopara utilizao tanto nas regies posterior como

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

123

Cermicas dentrias

Figura 41 - Coroaelaminadocermicocimentados.

Figura 42 - Resultadofinal.TPD.Victor-HugodoCarmo,Cugy,Sua.

124

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

ressantes devido sua boa translucidez, sua limitao emrelao resistncia flexoo restringe a trabalhos unitrios, coroas, facetas,inlayseonlays7,8,9. Considerando as limitaes de utilizao devido baixa resistncia flexo de seu sistema IPS Empress, a Ivoclar Vivadent no demorou em buscar novas alternativas para fabricao de prteses totalmente cermicas com melhores requisitos mecnicos. Assim, umnovoingrediente:cristaisdedissilicatode ltio(SiO2-LiO2)foramempregados,formatandoumanovalinhadosistemadenominadoIPS

Empress2.Nestacermica,oscristaisdedissilicatodeltioficamdispersosemumamatriz vtrea de forma interlaada impedindo a propagao de trincas em seu interior. Com uma melhorresistnciaflexoquandocomparado aosistemaIPSEmpress,estesistemapermiteaconfecodecoroasunitrias,facetaslaminadas,inlays,onlayseprtesesfixasdetrs elementos,quepermitemrepordentesato2o pr-molar.Hdeseressaltar,aqui,doispontos importantes do sistema: primeiro o alto padro esttico possvel, devido matriz vtrea e os cristais de dissilicato de ltio com ndice

nome comercial Optec HSp Optec Opc

Fabricante Jeneric/pentrOn Jeneric/pentrOn

classificao Feldspticacomreforode leucita Feldspticacomreforode leucita Aluminizadadealta concentrao Aluminizadacomadiode xidodemagnsia Aluminizadacomadiode xidodezircnia Aluminizadadealta densidade Porcelanafeldsptica reforadaporleucita Cermicacomreforode dissilicatodeltio

Funo Cermicanica,norequer estruturadereforo Cermicanicaoucomo estruturadereforo Infraestruturadereforo

Indicao Facetas,inlays, onlaysecoroas anteriores Facetas,inlays, onlaysecoroas unitrias Coroasunitrias,prtesesfixasde 3elementosanterior Coroasunitriasanteriores, facetas,inlays, onlays Coroasposteriores,prtesesfixas deat3elementosposteriores Coroasepontesanteriorese posteriores,facetas Coroasunitrias,facetas,inlayse onlays Prtesesfixasdeat3elementos at2opr-molar,coroasunitrias, facetas

in-ceram alumina

Vita

in-ceram Spinell

Vita

Infraestruturadereforo

in-ceram Zircnia

Vita

Infraestruturadereforo

prOcera

nObel biOcare

Infraestruturadereforo Cermicanica,norequer estruturadereforo

ipS empreSS

iVOclar ViVadent

ipS empreSS 2

iVOclar ViVadent

Infraestruturadereforo

ipS empreSS eStHetic

iVOclar ViVadent

Cermicavtreareforada comleucita

Inlays, onlays,facetas,coroas Cermicanicacom anteriores(glazeadasou possibilidadedeestratificao parcialmenteestratificadas),coroas decoberturaparcial posteriores(glazeadas) Cermicanica,norequer estruturadereforo

cerec ii

SiemenS

Blocosdecermicavtrea

Inlays, onlaysefacetas

Quadro 1 - Algunsexemplosdesistemascermicosdisponveisnomercadopararestauraeslivresdemetalesuascaractersticas.

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

125

Cermicas dentrias

claro escuro

translucidez opaco

espaoQuadro 2 - Arelaoentreacordosubstrato,espaoconseguidonopreparodentrioeograudetranslucidezdosistemarestaurador,deveser consideradaparaoadequadoplanejamentoesttico.

derefraodeluzsemelhante,seminterfernciasignificativadatranslucidez,permitindoa confecodeinfraestruturasquenointerferemnoresultadopticofinaldarestaurao. Segundo, sua alta adesividade aos cimentos adesivos, j que permite um tratamento de superfcieatravsdecidosfortes(ex.cido Fluordricoa10%)esilanizaodesuamatriz vtrea7,8,15

sistemasapresentamqualidadeserestries deusosemelhanteaosaquicitados.Oquadro 1 resume parte destes sistemas e suas indicaes. concluSeS Parece claro que, se respeitado as indicaeselimitaesdosdiversossistemasemateriaisrestauradoresprotticos,suasfunes biomecnicas podem ser seguras e efetivamentecumpridas.Destaforma,hojepodemos trabalhardeformatranqilanautilizaode restauraes cermicas livres de metal, em

.Ocasoclniconmero5exemplifi-

caautilizaodestesistema(Fig.27-42). Muitos outros sistemas cermicos livres de metal podem ser encontrados hoje no mercado odontolgico. Certamente, estes

126

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

Sidney Kina

quase todas as situaes clnicas referentes a reconstrues dentrias fixas nos diversos segmentosdoarcodentrio. Visto que as indicaes so claras, e todas se baseiam principalmente na resistncia dos sistemas ao estresse oclusal, paira ainda uma dvidaessencial:respeitadosuas(contra)indicaes,qualsistemamegarantemelhorresoluoesttica?Semdvida,estaquestoest longedeserresolvida,mastomamosaliberdade, nesse momento, de tecer nossos prprios comentrios, baseados em nossa experincia clnicaeconhecimentoliterrio. A introduo de sistemas cermicos livres de metal, sem dvida favorece em muito a confeco de prteses mais estticas, com resolues pticas muito semelhantes s das estruturasdentais,principalmentenoquesito translucidez/luminosidade. Isto fica evidente quando imaginamos a dificuldade do TPD em esconderestruturasmetlicassobfinascamadascermicas.Noentanto,precisosalientar queestessistemasapenasfacilitamotrabalho, mas no garantem em hiptese alguma o resultadoesttico. Paratanto,algunsfatorescrticosnaescolha do melhor sistema restaurador devem ser considerados(Quadro2): 1)Acordosubstrato:desumaimportncia, acordosubstratodeterminaograudeopacidadenecessriapararealizaoesttica.Desta forma, o fato de estarmos trabalhando sobre preparosvitaisdecorclara;sobrencleosestticos;sobrepreparoemdentesdesvitalizados altamenteescurecidosouaindasobrencleos metlicos, influi diretamente na indicao do sistema. 2)Oespao:coordenadocomacordosubstrato,aquantidadededesgasteduranteopreparodentriodeterminaoespaodetrabalho

para confeco da restaurao prottica. Os espaos do preparo dentrio devem ser adequadosparaconfecodainfraestruturaeestratificaodaporcelanadecobertura,dentro dos padres de rigidez estrutural, e de acordo com a relao cor do substrato X grau de translucidez/opacidadedosistema. 3) O grau de translucidez do sistema: baseado na cor e espao do preparo dentrio, sistemas translcidos ou opacos podem favorecer ou no a obteno de um melhor resultadoesttico.Porexemplo:sistemascom altatranslucidezcomooIPSEmpress2podem ser indicados sobre munhes metlicos que oferecem1,5mmdeespao,emborasejamuito provvel que por transparncia se observe uma sombra do ncleo metlico sob a coroa. Nesta situao sistemas menos translcidos, como o In-Ceram Alumina ou Procera, podem alcanar melhor xito esttico. Em outroexemplo,podemosimaginarumpreparo dentrio sobre um dente anterior, vital e de cor clara. Podemos indicar coroas de alumina semi-opacas, mas estaramos perdendo uma excelente oportunidade de trabalhar com sistemas translcidos como o IPS Empress 2 ouoIn-CeramSpinell,quepoderiamgarantir uma fantstica interao de luz entre coroa / preparodentrio/tecidosmarginaistrazendo aoconjuntoumexcelenteresultadodeesttica natural. Por ltimo, observamos a importncia da combinaoharmnicaentreoclnicoeoTPD, lembrandosempre,queomaisimportantepara seobtertimosresultadosesttico/funcionais noestnadependnciadautilizaodesteou aquelematerial,esimnoestudoprofundodas tcnicasedomanejodosmateriaisutilizados e,desobremaneira,doconhecimentodaforma efunodoscomponentesdentrios.

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005

127

Cermicas dentrias

Dental ceramicsThecontinuousdevelopmentofdentalceramics haveprovidedthecliniciansandthetechnicians in dental prosthesis (TDP) with a large amount of options for manufacturing functional and highly aesthetic prostheses. Basically, it can be observedthatagreatevolutionofsuchmaterials, whoseusewashistoricallyassociatedtoametal reinforcementduetoboththeirlowstrengthto tensionandhighfriability,occurredinthesense of associating them with aesthetic materials presenting excellent mechanical properties. Underthisperspective,theodontologicalmarket has been currently offering a large amount of new metal-free materials and systems in order to manufacture prostheses, what provides the clinicianandtheTDPwithnewoptions,butnew doubtsaswellconcerningthedecisionbetween one or other alternative. Therefore, the present article describes these materials and their use indications,aswellastheirclinicallimitations.

KEY WORDS: Dental ceramics. Metal-free systems. Procera. In-Ceram. IPS Empress.

REfERnciaS1. CERAMICmaterials.adept Report,[S.l.],v.6,no.2,p.1-20,Spring 1999. 2. CHICHE,G.J.;PINAULT,A.esttica em prteses fixas anteriores. 1.ed.SoPaulo:Ed.Santos,1996. 3. CRAIG.R.G.;POWERS,J.M.materiais dentrios restauradores. 11.ed.SoPaulo:Ed.Santos,2004. 4. HEGENBARTH,O.Proceraaluminiumoxideceramics:anew waytoarchievestability,precision,andestheticsinall-ceramic restorations.Quintessence dent technol,Chicago,p.21-34, 1996. 5. HORN,R.H.Porcelainlaminateveneersbondedtoetched enamel.dent clin north am,Philadelphia,v.27,p.671-684, 1983. 6. HORNBERGER,H.;VOLLMANN,M.;THIEL,N.aspectos tcnicos de la mescla de xido de aluminio y xido de circonio desde el punto de vista cientfico:vita,instruccionesdeusoe elaboracindelaestructura.Bad:Sckingen,1999. 7. KINA,S.;KINA,V.V.;HIRATA,R.Limitesdasrestauraes estticas.In:CARDOSO,R.J.A.;MACHADO,M.E.L.odontologia arte e conhecimento.1.ed.SoPaulo:ArtesMdicas,2003. p.99-120. A.S.odontologia esttica:oestadodaarte.1.ed.SoPaulo: ArtesMdicas,2004.p.181-202. 9. MACKERT,J.R.;EVANS,A.L.Effectofcollingrateonleucite volumefractionindentalporcelain.J dent Res,Chicago,v.70, p.137-139,1991. 8. KINA,S.etal.LaminadosCermicos.In:MIYASHITA,E.;FONSECA, 10. McLEAN,J.W.Thefutureofdentalporcelain.In: INTERNATIONALSYMPOSIUMONCERAMICSDENTAL,1., Chicago,1983. ProceedingsChicago:Quintessence,1983. 11. McLEAN,J.W.;HUGHS,T.H.Thereinforcementofdental porcelainwhithceramicoxides.Br dent J,London,p.119-251, 1965. 12. NOORT,R.Introduo aos materiais dentrios.2.ed.Porto Alegre:Artmed,2004. 13. RING,M.E.dentistry:anillustratedhistory.NewYork:C.V. Mosby,1985. 14. SADOUN,M.all-ceramics bridges with slip casting technique. Presentedatthe7thInternationalSymposiumonCeramics. Paris,1988. 15. SCHWEIGER,M.;HOLAND,W.;FRANK,M.;DERSCHER,H.; RHEINBERGER,V.IPSEmpress2:anewpressablehighstrenghtglass-ceramicforestheticall-ceramicrestorations. Quintessence dent technol,Chicago,p.143-151,1999.

Endereo para correspondnciaSidney Kina AvenidaParan,242-Sala1406-14oandar CEP87013-070-Maring-Paran e-mail:[email protected]:www.kinascopinhirata.com.br

128

R Dental Press Estt - v.2, n.2, p. 112-128, abr./maio/jun. 2005