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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL ANTONIO WILSON DOS SANTOS AS CORE COMPETENCES E COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA 4.0: UM ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS NO INTERIOR DO CEARÁ RECIFE, 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

ANTONIO WILSON DOS SANTOS

AS CORE COMPETENCES E COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA 4.0: UM

ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS NO INTERIOR DO CEARÁ

RECIFE, 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV | WYDEN

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

ANTONIO WILSON DOS SANTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa

e Pós-Graduação em Administração do Centro

Universitário Boa Viagem – UNIFBV/WYDEN Brasil,

como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em

Administração.

Orientador: Prof. Olímpio de Arroxelas Galvão, Ph.D.

RECIFE, 2018

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

S237 Santos, Antônio Wilson dos.

As Core Competences e competitividade na indústria 4.0:

um estudo de casos múltiplos no interior do Ceará. / Antônio

Wilson dos Santos. – Recife : UniFBV | Wyden, 2018.

74 f. : il.

Orientador(a): Olímpio de Arroxelas Galvão.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Core Competence. 2. Indústria 4.0. 3. Quarta Revolução

Industrial. 4. Quarta Revolução Industrial. 5. Vantagem

competitiva. I. Título. DISS

658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

AS CORE COMPETENCES E COMPETITIVIDADE NA INDÚSTRIA 4.0: UM

ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS NO INTERIOR DO CEARÁ

ANTONIO WILSON DOS SANTOS

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO MESTRADO

PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL (MPGE) DO CENTRO

UNIVERSITÁRIO FBV WYDEN (UNIFBV | WYDEN) E APROVADA EM:

05 DE SETEMBRO DE 2018.

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O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder

entusiasmo.

Winston Churchill

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por inúmeras bênçãos.

Aos Professores Ph.D Olímpio de Arroxelas Galvão e Dr. Diogo Henrique Helal pelo

apoio incondicional no desenvolvimento da dissertação.

Aos Professores do Programa de Pós-graduação em Gestão Empresarial do Centro

Universitário UNIFBV | WYDEN.

Ao Professor MSc Antoniel dos Santos Gomes Filho pelas discussões sobre o projeto

de investigação.

Aos amigos e amigas de pós-graduação, que estiveram comigo nessa jornada do

conhecimento.

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RESUMO

Este estudo buscou analisar o nível de implementação das “core” competências diante a

indústria 4.0 necessárias para promover vantagens competitivas em 3 (três) indústrias

envolvidas com exportação no interior do Ceará. A mudança que se enfrenta nos dias atuais é

uma crise decorrente do surgimento de uma nova economia, a Indústria 4.0. Diante dessa

realidade de mercado global, faz-se necessário que os gestores industriais estejam atentos para

as “Core Competences” que serão fonte de vantagem competitiva no contexto da Quarta

Revolução Industrial. A coleta de dados ocorreu em dois momentos, a saber: (01) Observação

não-participante e (02) Aplicação de uma entrevista por pauta. Foram pautas da entrevista: (01)

A Indústria 4.0 no mundo e no Ceará; (02) Os processos de internacionalização; (03) O

desenvolvimento tecnológico nas indústrias; (04) Vantagens competitivas no cenário atual; e,

(05) o desenvolvimento de “Core Competences” pelas indústrias mundiais e cearenses. Após a

realização das entrevistas foi realizada a transcrição do material gravado, para realização do

tratamento dos dados numa abordagem qualitativa, com base em análises do conteúdo, fazendo

a utilização de categorias de análise. O material resultante das entrevistas com os gestores e os

dados analíticos obtidos através da pesquisa documental foram analisados a partir das seguintes

categorias: (01) Indústria 4.0 no Interior do Ceará; (02) Percepção sobre as “Core

Competence”; e, (03) Implementação e utilização de tecnologias disruptivas na indústria do

nordeste do país, que propicia aspectos semelhantes às indústrias localizadas na região. Os

resultados mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido na implementação de um

ecossistema digital que impacte na criação de vantagem competitiva para a Indústria 4.0.

Percebe-se que a ausência das tecnologias disruptivas no ambiente fabril é uma das grandes

restrições. No entanto, competências no que tange aspectos ecológicos e sociais estão sendo

mais desenvolvidos.

Palavras-Chave: Core Competence, Industria 4.0, Quarta Revolução Industrial, Tecnologias

disruptivas, Vantagem competitiva.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the level of implementation of the "core" competencies from the

perspective of the industry 4.0 meant to promote competitive advantages in three (3) industries

involved in exporting in the interior of Ceará. The change facing us today is a crisis arising

from the emergence of a new economy, Industry 4.0. Faced with this global market reality,

industrial managers must be alert to the Core Competences that will be a source of competitive

advantage in the context of the Fourth Industrial Revolution. The data collection took place in

two moments, namely: (01) Non-participant observation and (02) Application of an interview

by agenda. The guidelines for the interview were : (01) Industry 4.0 in the world and in Ceará;

(02) Internationalization processes; (03) Technological development in industries; (04)

Competitive advantages in the current scenario; and, (05) the development of "Core

Competences" by the world and Ceará industries. After the interviews, the recorded material

was transcribed to perform the data treatment in a qualitative approach, based on content

analysis, making use of analysis categories. The material was analyzed from the following

categories: (01) Industry 4.0 in the Interior of Ceará; (02) Perceived Core Competence; and,

(03) Implementation and use of disruptive technologies in the industry of the northeast of the

country, which provides similar aspects to industries located in the region. The results showed

a long path to go in order to implement a digital ecosystem that is capable to promote

competitive advantage to Industry 4.0. The absence of disruptive technologies in the

manufacturing environment was identified as a limiting factor. Therefore, the ecological and

social competences are being developed.

Keywords: Core Competence, Industry 4.0, The Fourth Industrial revolution, Disruptive

technologies, Competitive advantage.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Quantidade de registros encontrados no SPELL e SCIELO 19

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Estágio das Revoluções Industriais 26

Figura 02 Relação entre população mundial x aparelhos conectados por pessoa 29

Figura 03 The adoption and impact path of the Industrial Internet 31

Figura 04 Espaço de produtos (Alemanha) 39

Figura 05 Espaço de Produtos (Brasil) 40

Figura 06 Regiões de planejamento do Estado do Ceará 42

Figura 07 Região Metropolitana do Cariri 43

Figura 08 Perfil municipal de Juazeiro do Norte (Indústria) 44

Figura 09 Número de Indústrias da Região Centro Sul (2011-2016) 45

Figura 10 Número de Indústrias da Região Vale do Jaguaribe (2011-2016) 46

Figura 11 Modelo de Máquina para Cortes Especiais a Laser 55

Figura 12 Modelo de Injetora de Plástico 55

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Barreiras internas que dificultam a adoção de tecnologias digitais 37

Gráfico 02 Barreiras externas que dificultam a adoção de tecnologias digitais 37

Gráfico 03 Gerações Tecnológicas Digitais (hoje), em % do número de

empresas

38

Gráfico 04 Gerações Tecnológicas Digitais (hoje e futuro) 38

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Sigla Significado da Sigla

IoT Internet of Things

RBV Resources Based Review

CPS Cyber Physical Systems

GE General Eletric

IoS Internet of Service

BDC Banco de Desenvolvimento de Negócios do Canadá

USA United States of America

CNI Confederação Nacional das Industrias

FEIMEC Feira Internacional de máquinas e Equipamentos

FIEC

IERC

Federação da Industria do Estado do Ceará

IoT European Research Cluster

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 14

1.1 A pergunta da Pesquisa .............................................................................................. 17

1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 17

1.2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 17

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................... 17

1.2 Justificativas da pesquisa ........................................................................................... 18

1.3.1. Justificativa teórica ................................................................................................. 18

1.3.2. Justificativa prática ................................................................................................. 19

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 49

3.2 Locus e sujeitos da pesquisa ........................................................................................... 50

3.3 Instrumento de coleta de dados ...................................................................................... 50

3.4 Tratamento e análise dos dados ...................................................................................... 51

3.5 Limites da pesquisa ........................................................................................................ 51

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 64

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A sociedade moderna se depara com uma nova onda de transformações econômica e

social, mas, sobretudo digital, que irá transformar a forma, o modo de vida, o trabalho e a

relação entre as pessoas. Essas transformações trarão mudanças significativas na forma de

produção e comercialização dos produtos, no modo de comunicação do setor produtivo, e

especialmente, na entrega e consumo de produtos e serviços. Para Malan (2017) as mudanças

tecnológicas resultarão na forma como percebemos e nos relacionamos com o mundo e

entendemos suas fronteiras. As convergências de tecnologias digitais, físicas e biológicas

criaram um cenário no qual a velocidade, o alcance e o impacto nos sistemas não serão apenas

uma extensão da Terceira Revolução Industrial, mas a chegada de uma nova era industrial.

O mundo se depara com uma nova revolução industrial, resultante de “uma

convergência do sistema global de produção e o poder da computação avançada, sensores

analíticos de baixo custo e novos níveis de conectividade” (Krueger, 2014). A Quarta

Revolução Industrial ou Indústria 4.0, mudará nas próximas décadas de forma dramática como

as indústrias desenharão os seus produtos, como serão manufaturados, a sua relação com

fornecedores, sua interação com os consumidores e as “Core Competences” das empresas,

necessárias para se tornar competitiva. Nessa nova era, as indústrias desenvolverão vantagens

competitivas não apenas pela habilidade de produzir de forma mais eficiente, mas sobretudo

pela competência em produzir com mais flexibilidade, maior capacidade em acessar dados em

tempo real e competência em responder rapidamente as principais demandas mercadológicas e

novas tecnologias.

A quarta revolução industrial já faz parte da agenda de vários países, na qual se discutem

e buscam novas alternativas para um novo mercado consumidor, design de novos produtos, e

de novo modelo de negócio, completamente diferente do modelo atual, uma demanda não mais

pelo produto, mas pela quantidade de serviços que os produtos podem oferecer, como oferece

e na velocidade que são disponibilizados no mercado. O mercado consumidor está passando

por uma verdadeira revolução em seu comportamento e esta mudança não afeta apenas o design

do produto, mas toda cadeia de valor e, por conseguinte, a vantagem competitiva da indústria

atual (Sol, 2015).

O grande desafio para as organizações atualmente é o de como conduzir seus negócios

para um novo patamar de competitividade mundial no qual a tecnologia digital, os aspectos

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organizacionais, a eficiência operacional e a inovação nos modelos de negócios possibilitam

novas formas de competir no mercado atual (Herreweghe, 2015). Nesse sentido, a

competitividade industrial não terá as mesmas condições, nem acontecerá sobre as mesmas

competências e promovendo um “darwinismo tecnológico”, no qual, os que não conseguem

identificar e implementar as competências não conseguirão sobreviver a esta nova realidade

(Perasso, 2016).

A competitividade no cenário mundial passa por profundas mudanças e demanda cada

vez mais esforços das empresas e especialmente do setor industrial. Novas tecnologias, novos

processos e principalmente as novas exigências por parte dos consumidores. O consumidor da

economia digital exige, não apenas a qualidade do produto e/ou serviço (resultado final do

processo produtivo), mas na Quarta Revolução Industrial, acompanha e interage em todo o

processo produtivo, desde da utilização dos insumos até a transformação destes em resultados

desejados.

A competitividade nesse novo panorama, não muda apenas a forma como as empresas

concorrem, mas especialmente as competências necessárias para atuar neste novo ambiente. No

novo contexto econômico, a imposição de produtos pelas grandes firmas, ao invés de buscar

soluções que os mesmos desejam, minará suas vantagens competitivas (Cozer, 2007; Roblek,

Meško, & KRapež, 2016). A Blockbuster é um exemplo de empresas grandes que vinham

impondo seus produtos e modelos de negócio e terminou falindo diante de uma empresa que

foi capaz de oferecer resultados que o consumidor desejava (Petry & Bundchen, 2018).

Vantagem competitiva é a essência da performance de qualquer negócio em mercados

competitivos (Porter, 1998), principalmente em mercados que demandam novas tecnologias,

novos modelos de negócios e consequentemente novas estratégias. À medida que as

organizações buscam novas estratégias, a gestão de novas competências organizacionais torna-

se o coração da ação empresarial, uma vez que as competências distintivas presentes na

organização são fontes de vantagem competitiva.

Em contextos de grandes mudanças, a identificação das “Core Competences” passa ser

central na busca por uma vantagem competitiva. O reconhecimento e a gestão efetiva das “Core

Competences” conduz as empresas a desempenho superior à de seus concorrentes, diferencia e

promove desenvolvimento de competências únicas que serão compartilhadas por toda a

organização, gerando aprendizagem e um desempenho superior, principalmente em mercados

de alta competitividade (Leonard-Barton, 1992; Javidan, 1998; Prahalad & Hamel, 1990).

Diante dessa contextualização, é necessário pensar em níveis locais. Tanto, o contexto

brasileiro, bem como, o Estado do Ceará. De acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia

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Econômica do Ceará (IPECE) no ano de 2012, o Ceará estava com um quantitativo de 30.324

indústrias em atividade. Dessas, 84,51% correspondem a indústrias de transformação, 11,41%

a atividades da construção civil, 0,97% a atividades extrativas minerais e 0, 66% a empresas de

utilidade pública. Nas indústrias de transformação destacam-se as seguintes atividades: 38,31%,

vestuário, calçados, artefatos, tecidos, couros e peles; 16,85% no setor alimentício, 7,41% na

indústria metalúrgica, e 5,46% no setor de produtos minerais não metálicos. A concentração

territorial das indústrias no Ceará no referido ano deu-se do seguinte modo, em Fortaleza,

capital do Estado, com um total de 15.005, seguido dos municípios de Caucaia com 1.394,

Juazeiro do Norte, na Região do Cariri com 1.280, Maracanaú com 1.275 e Eusébio com 520

(IPECE, 2018).

A região apresenta alguns resultados nos últimos anos que evidenciam crescimento e

desenvolvimento econômico. A “economia para uma vida melhor” que tem como foco uma

economia sustentável e que visa aproveitar as competências econômicas de cada região por

meio de ações tecnológica, cientifica e investimento na infraestrutura. As regiões Metropolitana

de Fortaleza, Cariri e Centro Sul representavam já em 2010 74,71% do PIB do estado do Ceará.

A REDBCM sinaliza que a região vem apresentando um dinamismo econômico em vários

segmentos, já para o jornal o Diário do Nordeste (2011), a região do Cariri e mais precisamente

Juazeiro do Norte, tem sido alvo de grandes investidores devido ao crescimento no comércio,

construção civil, a chegada de grandes redes de atacado e varejo (Seplag, 2010; REDBCM, s/d;

Diário do nordeste, 2011) e um outro fator que apresenta um aumento importante, apesar do

impacto da crise no Brasil, Cordeiro et al. (2017) observou o fortalecimento de APLs (Arranjos

Produtivos locais) , criando um ecossistema apropriado uma indústria, cada vez mais

digitalizada.

O interior do Estado do Ceará vem contribuindo para ampliação do crescimento

econômico (Martins, 2012) e segundo Barbosa (2013) essas regiões passam por transformações

que impactam diretamente seu crescimento econômico. E, para a autora as dinâmicas

econômicas da Região impactou seu desenvolvimento e continua fomentando seu crescimento.

Diante da realidade acima descrita, torna-se fundamental para a indústria em qualquer

parte do mundo e do Brasil, em especial no interior do Estado do Ceará, identificar: quais as

competências essenciais e distintivas para a competitividade na economia global de amanhã?

Quais mudanças tecnológicas e de modelo de negócios são necessárias para as empresas da

região Cariri e Centro Sul e Vale do Salgado tornarem-se competitiva neste novo contexto? E,

por fim, que estratégias e políticas se fazem necessárias para que o setor industrial e a economia

brasileira e cearense possam responder competitivamente a este cenário?

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1.1 A pergunta da Pesquisa

O surgimento de novas tecnologias como IoT (Internet of Things), Big Data (Mega

dados) e CPS (Cyber Physical Systems) com o advento da era digital e de iniciativas de alguns

países, em especial da Alemanha mudará de forma significativa a competitividade da indústria.

Geissbauer, Vedso e Schrauf (2016) afirmam que o aumento da digitalização e conectividade

entre produtos, a cadeia de valor e os modelos de negócios criarão novas oportunidades para a

indústria, ao mesmo tempo, que terão um grande número de desafios durante o processo de

adequação, transição e principalmente, a forma como a indústria irá desenvolver sua vantagem

competitiva e a competitividade do setor.

Diante disso, e considerando-se o caso do Nordeste brasileiro, cabe a pergunta: as

indústrias envolvidas com exportação no interior do Ceará estão implementando as “Core

Competences” necessárias para promoverem as suas vantagens competitivas neste novo cenário

da Indústria 4.0?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar o nível de implementação das “core” competências diante a indústria 4.0

necessárias para promover vantagens competitivas em 3 (três) indústrias envolvidas com

exportação no interior do Ceará.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Identificar as principais mudanças tecnológicas e de modelo de negócios

necessárias para que as indústrias do interior do Ceará desenvolvam vantagens competitivas

com o advento da quarta revolução industrial.

b) Identificar as estratégias e políticas que se fazem necessárias para que o setor

industrial no interior do Ceará possa responder competitivamente ao cenário em construção.

c) Verificar o nível de compreensão sobre a indústria 4.0 por parte dos Gestores

das indústrias investigadas.

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1.2 Justificativas da pesquisa

As justificativas a seguir apresentam a relevância teórico e prática do presente estudo.

A justificativa teórica busca preencher lacunas sobre o tema estudo, enquanto que a

fundamentação prática visa apresentar como os gestores e as indústrias dos setores pesquisados

poderão beneficiar-se com o advento da Quarta Revolução Industrial e desenvolverem sua

competitividade.

1.3.1. Justificativa teórica

A competitividade no panorama atual vai além da busca por um posicionamento

competitivo, mas tem a ver com a capacidade de desenvolver recursos, principalmente

tecnológicos, que implemente novos modelos de negócios capazes de gerar aprendizagem

organizacional, integração com toda cadeia de valor e entrega de soluções construída a partir

da integração do consumidor ao processo de entrega do produto ou serviço.

A mudança que se enfrenta nos dias atuais é uma crise decorrente do surgimento de uma

nova economia, a chegada de novas tecnologias e aplicações dessas tecnologias no contexto

organizacional. Às “Core Competences” para atuar na era digital e na indústria 4.0 são cada vez

mais intangíveis e ligado a capacidade que as empresas e as organizações desenvolvem em

aprender e transformar essa aprendizagem em fonte de vantagem competitiva.

Esta pesquisa se justifica pela relevância e urgência do tema. As empresas que não

percebem a iminência de uma nova revolução industrial, dificilmente conseguirão atender às

novas demandas de competitividade mercadológicas imposta por uma nova forma de competir.

Por outro lado, a ausência de pesquisa na área por ser um tema recente, permite identificar

lacunas a serem preenchidas e estudadas. Ao analisar portais como SPELL e SCIELO, percebe

uma grande lacuna sobre esse assunto no Brasil apesar de sua relevância para a competitividade

das empresas brasileiras, quando comparado com portais como SCIENCE DIRECT que

envolve o interesse internacional pelo tema.

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Quadro 1: Quantidade de registros encontrados no SPELL e SCIELO

Termo Pesquisado SPELL SCIELO Brasil SCIENCE

DIRECT

Industria 4.0 0 0 0

Industry 4.0 0 0 73

Quarta Revolução Industrial 1 0 0

Smart Factory 0 0 23

Smart Manufactoring 0 0 0

Industrial Internet 0 0 19

Fonte: Spell; Scielo Brasil; e, Science Direct (2017)

Percebe-se um grande “Gap” quando comparado SPELL, SCIELO Brasil, bibliotecas

eletrônicas brasileiras ao SCIENCE DIRECT biblioteca internacional. Segundo os dados

acima, verifica-se a inexistência de pesquisa no campo, o que justifica a pesquisa sobre o tema

no Brasil diante do avanço do tema em outros países e devido a sua relevância para as empresas

que planejam sustentabilidade competitiva.

1.3.2. Justificativa prática

As mudanças econômicas atualmente têm influenciado fortemente a competitividade

das indústrias em todas as partes do globo. Compreender que em tempos da Indústria 4.0 todas

as organizações precisam desenvolver seu potencial competitivo é essencial para as práticas

cotidianas.

A busca por fonte de vantagem competitiva faz-se necessário, principalmente em

mercado cada vez mais competitivos e com um intenso uso de tecnologias disruptivas. Todavia,

a tecnologia por si só não gera competitividade, como as organizações farão uso e como

aplicarão essas tecnologias gerando diferenciais competitivos. Identificar, portanto, as “Core

Competences” que serão essenciais a essa nova economia passa a ser vital para a

sustentabilidade de todas as organizações industriais, desde aquelas situadas nos grandes

centros econômicos globais, como nas organizações dos países em desenvolvimento, como é o

caso do Brasil. Desse modo, as Indústrias localizadas no interior do Estado do Ceará devem

desenvolver as “Core Competences” que colocam essas indústrias num grau de competitividade

com outras organizações brasileiras que também realizam a exportação de produtos.

Diante dessa realidade de mercado global os gestores industriais devem estar atentos

para as “Core Competences” que serão fonte de vantagem competitiva no contexto da Indústria

4.0. Assim, no campo prático a investigação em desenvolvimento se faz importante pois se

constituirá de uma discussão central para os gestores das organizações investigadas, bem como

de outras indústrias localizadas na região nordeste do país, que propicia aspectos semelhantes

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às indústrias localizadas na região. Outro ponto de destaque, e que justifica a investigação,

consiste no campo prático-pedagógico que os gestores industriais podem desenvolver no

cotidiano, já que, conseguindo entender quais são as “Core Competences” que geram

competitividade na Quarta Revolução Industrial, os mesmos podem desenvolver ações a fim de

potencializar e maximizar a competitividade no mercado exportador.

2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Competitividade e vantagem competitiva

O cenário atual em que as organizações estão inseridas apresenta-se cada vez mais

instável. A incerteza, a fragilidade e a imprevisibilidade são a norma deste novo e não linear

“momentum” atual e do futuro iminente. Esta nova economia traz novos desafios para as

empresas e indústrias, e o sucesso nesta nova conjuntura reside necessariamente em novas

competências e na rapidez com que estas competências são adquiridas e implementadas.

Competitividade, nesta nova economia, vai além de ser eficiente operacionalmente, mas

está relacionada à capacidade que uma indústria terá em formular e implementar uma estratégia

capaz de criar valor, na habilidade de design e entrega de produtos com valor superior aos do

concorrente, por meio da combinação eficiente de ativos e a integração e execução de um

sistema de atividades que seja difícil de imitar pela concorrência (Porter, 1996; Ambastha &

Momaya, 2004; Hitt, Ireland, & Hoskisson, 2009).

Macro forças como globalização, mudanças demográficas como envelhecimento e

diminuição nas taxas de fertilidades, o avanço das tecnologias com novas aplicabilidades, e a

virtualização da sociedade têm dado uma nova forma ao contexto competitivo mundial. A

hipercompetição, terminação empregada para descrever o quadro em que a maioria das

empresas concorrem hoje e que vai além de todas as regras tradicionais de competição em que

as indústrias atuavam, ambiente em que a estabilidade antes vivenciada em alguns mercados é

substituída por uma atmosfera, onde a norma passa por volubilidades e mudança antes nunca

experimentadas, (Hitt, Ireland, & Hoskisson, 2009; Matzler et al., 2009; Ilinitch, D`aveni, &

Lewin, 1996).

O grande repto das organizações, vai além de sua operacionalização neste novo

mercado, e transcende a como ter e manter uma “performance” acima da média em uma

economia global e de competição dinâmica, caracterizada por descontinuidades, incerteza,

volatilidade na demanda, convergência tecnológica, e fronteiras de competitividade indefinidas,

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e mesmo assim, criar e manter vantagens competitivas e continuar sendo viável e lucrativa, ser

capaz de entregar valor superior em ambiente de rupturas (Prahalad, 1998; Deeg, 2007; Goeltz,

2014).

Vantagem competitiva é um conceito multidimensional (Ambastha & Momaya, 2004)

e, portanto, de difícil consenso em uma abordagem comum. Para Drnevich e Shanley (2005)

uma indústria alcança vantagem competitiva “quando uma firma (ou unidade de negócio dentro

de uma firma multi-negócios) persistentemente torna-se mais lucrativa do que as demais firmas

com quem ela compete, e a firma é vista como tendo uma vantagem competitiva naquele

mercado. ”1. A vantagem competitiva está sempre ligada a criação de valor tanto para o cliente

bem como para a indústria. Este valor tem que ser percebidos pelos clientes e deve ser resultado

das interações de seus recursos na execução de suas atividades produtivas. Segundo Peteraf e

Barney (2003):

[...] um empreendimento tem uma vantagem competitiva quando ele é capaz

de criar mais valor econômico do que o competidor marginal (ponto de lucro

zero) em seu mercado de produtos. […]. O valor econômico criado pelo

empreendimento durante o processo de prover bens ou serviços é a diferença

entre os benefícios percebidos ganhos pelos compradores dos produtos e o

custo econômico para a organização2

Um aspecto importante que deve ser considerado pelas indústrias ao buscarem vantagem

competitiva em seu mercado de atuação é que esta vantagem deve ser perseguida e mantida, e

para tanto, é necessário desenvolvê-la, explorá-la e mantê-la de forma consistente: “vencer

precisa ser um hábito” (Ma, 1999), e os recursos, fontes de vantagem competitiva, devem

derivar de capacitações específicas e, portanto, ser valiosos, raros, insubstituíveis e

imperfeitamente imitáveis (Barney, 1991).

Para a organização que pretende não apenas sobreviver, mas desempenhar um papel de

liderança e retorno acima da média, desenvolver uma vantagem competitiva sustentável passa

a ser essencial. Uma empresa alcança vantagem competitiva quando utiliza seus recursos

tangíveis e intangíveis e suas capacidades para criar e entregar um valor superior aos seus

consumidores, e com isso, apresentar desempenho acima da média e garantir ganhos

significativos (Barney & Herstely, 2011; Barney, 2002). A fim de alcançar esta vantagem, a

1When a firm (or business unit within a multi-business firm) persistently earns more profit than the other firms

with which it competes, the firm is viewed as having a competitive advantage in that market. 2An enterprise has a Competitive Advantage if it is able to create more economic value than the marginal

(breakeven) competitor in its product market. […] The Economic Value created by an enterprise in the course of

providing a good or service is the difference between the perceived benefits gained by the purchasers of the good

and the economic cost to the enterprise.

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22

empresa deve “escolher e seguir uma estratégia baseada nas forças competitivas presentes na

indústria”, (Ribeiro, Garcia, & Las Casa, 2010). A vantagem competitiva de uma empresa

insurge nas interações das várias atividades realizadas pela empresa e suas capacidades

organizacionais, execução consistente e interdependente para entregar um produto a um

mercado consumidor, (Porter, 1996).

Os recursos organizacionais são determinantes para criação de vantagem competitiva,

mas é importante lembrar que, por si sós, não são valiosos, pois tais recursos só passam a ser

valiosos e, por conseguinte, fonte de vantagem competitiva para a indústria, quando são únicos,

ou seja, quando há heterogeneidade ou unicidades desses recursos e quando eles suscitam

condições que permitem à indústria a realizar atividades capazes de criar vantagem competitiva

em um determinado mercado (Porter, 1991; Amit & Shoemaker, 1993; Bridoux, s/d.).

2.2 Core Competence: Fonte de vantagem competitiva organizacional

O conceito de organização e de modelo de negócio precisa ser repensado, pois a forma

como as organizações irão competir e explorar suas vantagens competitivas mudará

completamente. As mudanças globais e a rapidez com que acontecem, as incertezas do

mercado, as tecnologias disruptivas impactam diretamente na competitividade dos

empreendimentos. Competir em contextos de rápidas transformações, garantir ganhos atrativos

a seus stakeholders, passou a ser o maior desafio das empresas. Como gerar competitividade

em tais ambientes? Como desenvolver vantagens competitivas que sejam sustentáveis em

conjunturas de grande impacto tecnológico? Em cenários assim, as indústrias precisam ocupar-

se com o desenvolvimento de uma vantagem competitiva sustentável, e identificar as Core

Competences imperativas para sua estratégia competitiva.

O conceito de Core Competence evoluiu da perspectiva da estratégia RBV- Resources

Based View e tem sido amplamente estudado ao longo dos anos (Wernerfelt, 1984; Prahalad &

Hamel, 1990; Barney, 1991; Shay & Rothaermel, 1999; Peteraf, 2005; Edgar & Chris, 2011;

Bahri et al., 2015). Core Competence é também objeto de estudo por outros autores que

empregam diferentes terminologias para um mesmo conceito, como: Capacidades Dinâmicas

(Eisenhardt & Martin, 2000), Core Capabilities (Leonard-Barton, 1992), Competências

Distintivas (Snow & Hrebiniak, 1980; Hitt & Ireland, 1985), e Ativos Invisíveis (Itami &

Numagani, 1992) e, mais recentemente, Mills, Platts e Bourne (2002), King, Fowler e Zeithaml

(2002), Agha, Alrubaiee e Jamhour (2012) empregam o termo competências organizacionais.

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23

Ser competitivo na economia global é uma tarefa cada vez mais difícil para muitas

empresas e, para algumas, têm se tornado desesperador, por não conseguirem mais atender as

demandas por soluções e mudar na velocidade que se faz necessário. Algumas empresas

observam inertes suas margens de ganhos diminuindo ou até mesmo tendo que encerrar suas

atividades. Prahalad e Hamel (1990) entendem que uma das razões para muitos quadros

semelhantes a estes é porque, para muitas indústrias, a forma mais poderosa de ganhar

competitividade em um mercado global, ainda permanece inexplorada e mais recentemente

Kim (2005) defendeu a ideia que a melhor maneira para superar a concorrência é não buscar

mais superá-la mas encontrar oceanos azuis, ou mercado ainda não explorados, espaços

desconhecidos para a maioria. As competências organizacionais ainda continuam para muitos

executivos e líderes das mais variadas organizações, um assunto alheio à sua compreensão e

logo não faz parte nem do pensamento nem das ações estratégicas.

Ao dominar as Core Competences de uma organização, as lideranças podem conduzir

suas iniciativas e realizações que outras nem tentariam (Prahald & Hamel, 1990). Compreender,

ser capaz de identificar e desenvolver arquiteturas estratégicas com base nas Core

Compentences de sua companhia é fundamental para que as organizações possam criar,

implementar e manter uma vantagem competitiva sustentável em mercados de alta

competitividade e de rápidas transformações.

Selznick (1957), talvez o primeiro autor a usar a palavra Competence, segundo Mills,

Platts e Bourne (2003), definiu o que, inicialmente, ele chamou de Distinctive Competences,

como “compromissos na forma de agir e responder inerente a uma organização. Quando

integrados, estes compromissos definem o “caráter” de uma organização.”3. Para Prahalad e

Hamel (1990) Core Competences são o aprendizado coletivo na organização, especialmente

como coordenar diversas habilidades de produção e integrar vários fluxos de tecnologias. ”4. A

Core Competence de uma empresa está ligada, então, a um conjunto de expertise, resultante da

forma como uma empresa consegue harmonizar tecnologias e suas atividades (Gallon, Stillman,

& Coates, 1999), e a um conjunto de tecnologias e capacidades difíceis de serem imitadas

(Gupta, s/d) por se tornarem valores únicos a partir de sua interação.

Core Competence é então a capacidade essencial para geração de atividades que criam

valor significativo para uma empresa, e não apenas retentora de recursos (MOONEY, 2007),

3[…] commitments to ways of acting and responding built into the organization. When integrated, these

commitments form the character of the organization (SELZNICK, 1957 apud MILLS; PLATTS; BOURNE, 2003). 4Core competencies are the collective learning in the organization, especially how to coordinate diverse

production skills and integrate multiple streams of technologies.

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ou seja, a capacidade distintiva de qualquer empresa quando corretamente explorada, é

resultante da integração e harmonização de habilidades e dos recursos existentes (Agha &

Alrubaiee, 2012). Sendo assim, para uma indústria, Core Competences são capacidades únicas

desenvolvidas a partir da criação de interdependência de suas atividades e recursos que perpassa

múltiplos produtos e mercados (Hafeez & Malak, 2002). É importante lembrar, que a simples

existência de recursos e capacidades organizacionais não criam vantagem competitiva. As

empresas dispõem de uma quantidade enorme de recursos tangíveis e intangíveis, mas só terão

competências distintivas, se tais recursos capacitarem a empresa a prover benefícios percebidos

pelo consumidor (Prahalad & Hamel, 1994). Neste contexto, Gupta (s.d.) conclui que:

Core Competency é uma capacidade única adquirida por uma firma durante

um período de tempo na forma de um recurso, de instalações de operações,

especialmente mão de obra qualificada, kow-how ou entrega de um serviço

que concede à empresa vantagem competitiva sustentável no futuro, em

qualidade, design, produção ou distribuição de um produto/serviço ou no

custo do produto e que é visto como adição de valor relativo por um cliente

em potencial.5

O ambiente atual e no futuro bem próximo trarão profundas alterações, exigindo uma

postura e um posicionamento das organizações mais competitivo, capazes de fazê-las lidar com

esta nova realidade. Desta forma, o processo de identificar uma Core Competence deve ser

cuidadosamente planejado pela liderança organizacional. Prahalad e Hamel (1990) propõem

que, para uma habilidade ser considerada uma Core Competence, terá que enfrentar três testes:

primeiramente, uma Core Competence, deve gerar valor significativo ao consumidor final; em

segundo lugar, deve ser uma capacidade única, de difícil imitação pelo concorrente; e por

último, apresentar capacidade de extensão, criando acesso potencial a uma grande variedade de

mercados.

A liderança das instituições neste novo contexto desempenha um papel crucial na

competitividade das organizações. Serão os líderes que determinarão em grande parte o sucesso

e insucesso da indústria, e suas ações em conduzir a organização a entregar um produto com

irresistível funcionalidade, e que os clientes realmente necessitam ou nunca imaginaram que

necessitavam. Esses líderes serão cobrados por suas habilidades em criar e explorar as “Core

Competences” que serão capazes de promover tudo isso (Prahalad & Hamel, 1990).

5Core competency is a unique capability acquired by a firm over a period of time in form of a resource, operations

facility, specially skilled manpower, knowhow or delivery of service which gives the firm sustainable competitive

advantage in future in quality, design, production or distribution of a product/service or in cost of the product and

is viewed as a relative value addition by a prospective customer.

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Na economia digital, as “core competences” desempenharão um papel fundamental

como fonte de vantagem competitiva, posto que alguns recursos intangíveis como tecnologia,

conhecimento e sua aplicação e integração, capacidade de aprendizagem e por fim, a capacidade

das organizações integrarem os recursos intangíveis e tangíveis passam a ser essencial para

sobrevivências das organizações. Esse fato, não significa que as estruturas de mercado (RBM),

base da teoria de Porter (1998), não devem ser levadas em consideração na construção de uma

vantagem competitiva, mas no cenário da Industria 4.0, os recursos organizacionais e seu uso e

integração é que determinarão um desempenho a longo prazo. (Tiergarten & Alves, 2008;

Walter, Bandeira-de-Mello, & Götze, 2005).

2.3 Indústria 4.0: O futuro da competitividade global

Uma nova era na economia mundial em que a competitividade demanda novas

competências por parte das indústrias já apresenta seus primeiros sinais, e, diferentemente das

revoluções anteriores, a Quarta Revolução Industrial está sendo anunciada. A Indústria 4.0, a

industrial internet, e a smart factory, são alguns termos para esta nova revolução industrial que

transformará os empreendimentos, modificará a forma de manufatura, criará novos modelos de

negócios, mudará o comportamento do consumidor, a forma como se compra e até mesmo como

se consome daqui para frente (World Economic Forum, 2015; Almada-Lobo, 2015; Stock &

Seliger, 2016; Bloem et al., 2014; Hermann, Pentek, & Otto, 2015).

A Indústria 4.0, também conhecida como Quarta Revolução industrial, é caracterizada

por extrema automação e conectividade, digitalização dos processos e intensivo uso de

tecnologia da informação no ambiente manufatureiro. O termo se refere à economia digital e

de sistemas sociais no setor industrial, caracterizado por grande complexidade e integração de

toda cadeia de suprimentos através da digitalização de todo ecossistema fabril. Indústria 4.0

refere-se à digitalização avançada dentro do setor industrial. Compreende uma nova revolução

industrial e transformação de toda a indústria (Wef, 2016; Robleck, Meško, & Krapež, 2016;

Dombrowski & Wagner, 2014; Sniderman, Mahto, & Cotteleer, s/d) e Sharma (s/d) define

como:

Uma mudança de paradigma que é possível pelos avanços tecnológicos que

representa uma inversão na lógica do processo de produção convencional. De

forma simples, significa que o maquinário de produção não processa mais o

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produto, mas que o produto agora se comunica com o maquinário para dizer

exatamente o que fazer.6

A Indústria 4.0 estabelecerá num futuro próximo uma rede global através de Sistemas

Físico-Cibernéticos que trará melhorias significativas aos processos produtivos ao desenvolver

autonomia, troca de informação e convergência entre o mundo físico e digital. A terminação se

refere a uma nova abordagem ao setor produtivo, transformação de todo ambiente da produção

industrial e da cadeia de suprimentos através da convergência de várias tecnologias e a

digitalização de todos os processos industrial (Pentek, 2015; Firjan, 2016). O termo tem a ver

com a transformação dos processos manufatureiros e vai além do conceito de fábrica. Está

relacionado a um novo nível de automação no ambiente fabril, troca de dados ou tecnologia e

a digitalização de toda Cadeia de Suprimentos “end-to-end” (início, meio e fim dos processos)

e com a integração de toda indústria através de Sistemas Físico-Cibernéticos (CPS). A indústria

digital não irá apenas deixar a setor industrial mais rápido, flexível e mais eficiente, mas

também muito mais inteligente (I-SCOOP, s/d).

Através da história, desde desenvolvimento da máquina a vapor até a Indústria 4.0, a

indústria mundial passou por profundas transformações em seus processos de manufatura

conhecido como o “caminho” através das quatro revoluções. A primeira revolução industrial

foi marcada pela introdução da mecanização e geração do poder mecânico no ambiente de

produção em 1780, a máquina a vapor foi certamente o maior invento desse período e as

transformações causadas pela chegada da primeira revolução foram extraordinárias, alcançando

patamares econômicos jamais alcançado e o surgimento de uma nova ordem social (Magaldi &

Neto, 2018), esse estágio promoveu uma transição do trabalho manual para um modelo

mecânico, principalmente no setor têxtil. A introdução da máquina de tear nessa ocasião

aumentou a produtividade e introduziu uma nova forma de aproveitar a força de trabalho.

A primeira revolução industrial abriu caminho para as revoluções seguintes. Fim do

século XIX até meados do século XX, vários fatores como emprego da energia elétrica,

invenção da lâmpada incandescente, surgimento dos meios de comunicação, introdução da

produção em massa, introdução no meio fabril do conceito de linha de montagem capaz de

elevar a produção a níveis jamais imaginados, a substituição do ferro pelo aço nesse, marcando

assim, o início da segunda revolução industrial. A terceira revolução industrial foi caracterizada

6A paradigm shift […] made possible bytechnological advances which constitute a reversal of conventional

production process logic. Simply put, this means that industrial production machinery no longer simply

“processes” the product, but that the product communicates with the machinery to tell it exactly what to do.

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pela presença da Tecnologia da Informação, automação com a finalidade de aumentar e tornar

mais eficiente à produção. A mudança do modelo gerencial, a introdução do conceito de

qualidade nos processos de produção, a ascensão do mercado de consumo que forçou as

empresas a orientar seus processos para o cliente e principalmente o impacto da tecnologia no

ambiente organizacional foram fenômenos essenciais que assinalaram o período da terceira

revolução industrial (Bezerra, s/d; Boettcher, 2015).

Atualmente, estamos no limiar de uma nova revolução, uma nova era para a indústria

mundial, baseado no uso de Sistemas Físico-Cibernéticos e (IoT) Internet das Coisas,

digitalização dos sistemas produtivos permitindo real-time networking (rede em tempo real) de

produtos, processos e infraestrutura (Rojko, 2017; Richmondvale, 2016; Azevedo, 2017;

Ferreira, 2017; Magaldi & Neto, 2018). Para Magaldi e Neto (2018) a Quarta Revolução

Industrial está alicerçada numa economia digital onde a internet torna-se cada vez mais

onipresente e de grande mobilidade mudando completamente o estilo de vida, trabalho e relação

dos indivíduos dessa nova economia. O quadro abaixo adaptado de Kagermann, Wahlster e

Held (2012, apud Rodrigues, Jesus e Schurtzerl ,2016) apresenta um resumo através dos

estágios das revoluções industriais.

Figura 01: Estágio das Revoluções Industriais

Fonte: Adaptado de Kagermann, Wahlster e Held (2012) por Rodrigues, Jesus e Schurtzerl (2016).

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A indústria digital será capaz de colocar os níveis de automação de uma indústria em

um novo patamar através das tecnologias de produção em massa customizado e flexível. A

Indústria 4.0 será marcada pela ação independente ou em cooperação entre máquina e máquina-

homem com a finalidade de criar um ecossistema produtivo orientado para o consumidor e com

capacidade de obter, analisar e tomar decisões com dados em tempo real por meio da big data,

um dos pilares da Indústria 4.0.

A quarta revolução industrial, mais do que ser anunciada por alguns estudiosos, vem

desencadeando expressivas iniciativas ao redor do globo, que sinalizam uma nova economia.

Um bom exemplo dessas ações, é, ao se analisar os últimos três anos, a extraordinária expansão

do número de sensores comercializados, que cresceu de 4,2 bilhões em 2012 para 23, 6 bilhões

em 2014. A atenção devotada por grandes companhias como GE, Cisco e Hauwei à “industry

4.0”, e os programas como a “industrie 4.0” por parte do governo alemão, (envolvendo

empresas públicas, privadas e instituições de ensino), são outros exemplos de iniciativas

voltadas para a nova realidade.

Vale ainda destacar os movimentos como o segundo Fórum Mundial da IoT (Internet of

Things), encontro sediado pela Cisco, com mais de 250 casos reais de práticas e relatos da

atuação dos governos e empresas nessa nova economia com o uso de IoT; os consórcios

industriais, o massivo investimento no setor por parte de grandes grupos como a GE e de

governos como Alemanha, ao financiar o seu setor industrial; a China, com seu projeto “ Made

in China 2025”; e o governo Americano, que mais recentemente estabeleceu a criação institutos

de inovação industrial. Estes, são alguns exemplos de empreendimentos ao redor do globo

relacionados à Indústria 4.0 (World Economic Forum, 2015; Lee et al., 2013; Lee, Kao, &

Yang, 2014).

O conceito de manufatura inteligente demanda um conjunto de princípios-chave.

Hermann, Pentek e Otto (2015) apresentam a partir de uma revisão de literatura sobre o tema,

seis princípios essenciais que tem como finalidade, identificar e implementar projetos pilotos

em cenários da Indústria 4.0:

a. Interoperabilidade: Permite a comunicação através das redes entre todos os

Sistemas Físicos Cibernéticos ou ambientes industriais. Para os autores, a

interoperabilidade é um importante facilitador da indústria 4.0. A criação,

estabelecimento e integração de padrões passam a ser fatores-chave de sucesso da

comunicação dos CPSs (Cyber Physical Systems) de vários fabricantes.

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b. Virtualização: Permite o espelhamento de comportamento reais no ambiente virtual

através da transmissão de dados em modelos virtuais ou simulações, obtidos a partir

dos CPS dos produtos. Esse princípio representa a capacidade do CPS monitorar os

processos físicos ao criar uma cópia virtual do mundo físico.

c. Descentralização: Desenvolvimento de sistemas embarcados que torna os CPSs

cada vez mais inteligentes e capazes de tomar decisões independentes, permitindo a

indústria 4.0 descentralizar o seu modelo fabril.

d. Adaptação em tempo real: Reação à eventos críticos imediatamente. Essa

capacidade permite a indústria 4.0 seja capaz de coletar e analisar so dados em

tempo real.

e. Orientação à serviços: Disponibilização de dados e serviços através da IoS

(Internet of Services), possibilitando a customização de processos de produção e

maior flexibilidade para atender e resolver os problemas dos clientes

individualmente.

f. Modularidade: Sistemas modulares dos equipamentos e linha de produção

permitirão a flexibilização e adaptação das fábricas, geralmente conhecido como

“plug n´produce” (liga e produz).

Além dos princípios essenciais à manufatura inteligente, faz-se necessário destacar as

principais tecnologias disruptivas responsáveis pela Indústria 4.0 e consideradas os pilares da

Quarta Revolução Industrial: IOT (Internet of Things); CPS ( Cyber- Physical Systems) e Big

Data.

1) Internet of Things (IOT): A internet das coisas é um paradigma no qual objetos podem

interagir e cooperar uns com os outros em tempo real. E, para Coelho (2016) o termo Internet

das Coisas refere-se a capacidade de ligar objetos físicos e virtuais através da internet. Ela faz

parte do nosso dia-a-dia, cada vez mais onipresente, desde a mais simples, a mais complexa

atividade (Hartmann & Halecker, 2015). O IERC – IoT European Research Cluster7 (2015)

define a Internet das Coisas como: “[...] uma infraestrutura de rede global e dinâmica com

capacidades de autoconfiguração baseado em protocolos de comunicação padrão e

interoperacionalidade, onde objetos físicos e virtuais tem identidades, atributos físicos e

7 IERC-IoT European Research Cluster (Aranjo de pesquisa Europeia sobre Inernet das Coisas).

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personalidades virtuais, usa interface inteligente e é integrada a uma rede de informação”. 8

Segundo Evans (2011) há cada vez mais objetos conectados e até 2020 haverá cerca de 6.8

aparelhos conectados por pessoa. É importante ressaltar que esse cálculo levou em consideração

toda população mundial e está incluso todos aqueles que ainda não tem acesso à internet.

Figura 02: Relação entre população mundial x aparelhos conectados por pessoa

Fonte: Sisco IBCG (2011)

A Internet das Coisas está presente no cotidiano das pessoas, trabalho e várias empresas

atualmente começam a utilizar a IoT para fornecer novos tipos de produtos e serviços. Ao

permitir interação e conectividade entre as pessoas e objetos abre um mundo de oportunidades

para novos modelos de negócios, bem como o surgimento de novos desafios a todos envolvidos.

2) Cyber-Physical Systems (CPS): CPS são processos físicos capazes de criar uma cópia

virtual do seu mundo físico por meio da integração e interação entre eles e as pessoas em todo

ecossistema digital. CPS não se trata de uma união entre o mundo físico e o mundo virtual, mas

uma interseção, que interage e expande o mundo físico através de “embedded systems”9 e “

Umiquitious Computing”10, presente em qualquer lugar, a qualquer momento, em qualquer

8 […] a dynamic global network infrastructure with self-configuring capabilities based on standard and

interoperable communication protocols where physical and virtual things have identities, physical attributes, and

virtual personalities, use intelligent interfaces, and are seamlessly integrated into the information network. 9 Sistemas embargados (Sistema micro processado que realiza um conjunto de tarefas pré-definidas). 10 Umbiquitious computing (Refere-se a dispositivos conectados em todos os lugares de forma tão transparente

para o ser humano que este não é capaz de perceber que estão lá).

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aparelho e qualquer formato. CPS são capazes de controlar e monitorar todos os processos ao

longo da cadeia de valor ao conectar esses processos produtivos em um ambiente digital e

inteligente (Liu & Xu, 2017; Coelho, 2016; Blunck & Werthmann, s/d; Görçü, 2018).

3) Big Data: Existe hoje uma quantidade de dados gigantesco sobre as mais variadas

interações das empresas, indústrias, produtos, serviços e comportamento das pessoas e clientes

disponível, embora, seja com grande rapidez e, portanto, difícil de manipular. O Big Data

representa a possibilidade de manusear esses dados disponíveis, entregar significados e

utilidade em tempo real. O grande desafio hoje é como processar grande quantidade de

informação em tempo real e ainda assim, torná-la útil à tomada de decisão.

Através do Big Data, empresas poderão manipular dados estruturados e

semiestruturados, e fazer correlações que ofereçam valor e aplicabilidade para as empresas. A

Amazon e Submarino usam o paradigma Big Data para oferecer produtos e serviços aos seus

clientes. A Netflix consegue identificar as preferências de seus clientes ao analisar o

comportamento passado de seus clientes em seu ambiente digital (Galdino, s/d; Carvalho &

Bernadino, 2017).

A importância da quarta revolução industrial na competitividade global, como ela

impacta na competitividade das empresas ao redor do mundo e, principalmente, na aquisição

de novas competências organizacionais necessárias para competir na economia atual tem sido

exaustivamente tratada a partir dos últimos dois encontros do World Economic Forum em 2016

e 2017. Em 2016, a agenda global tinha como tema “A Quarta Revolução Industrial” (World

Economic Forum, 2016) e em 2017, a agenda da indústria teve como tema “Politics, the Fourth

Industrial Revolution and how business can make the world more humane” (World Economic

Forum, 2017).

Industry 4.0 modificará a competitividade das indústrias, ao mesmo tempo que trará

oportunidades e benefícios, novos desafios, mudanças econômicas, disrupções tecnológicas e

quebra de paradigmas. Para Lee et al. (2015), a Industry 4.0, estimulada pelas inovações

tecnológicas, principalmente na área de tecnologia da informação e de um grande número de

tecnologias emergentes, e como toda revolução, prenuncia mudar radicalmente os modelos de

negócios. E embora, ninguém saiba de fato a dimensão do impacto econômico em sua totalidade

e nem possa prever quais serão todas as consequências para as organizações, o certo é que os

retardatários dessas mudanças certamente ficarão fora do mercado (Almada-Lobo, 2015; 2016).

Na Industry 4.0, a produção será marcada por uma elevada customização dos produtos,

e voltada para a servitização (orientação para os serviços), operações ágeis e com alto grau de

flexibilidade e para o desenvolvimento de capacidades organizacionais destinados a atender as

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soluções ao consumidor, em um processo em que o cliente poderá acompanhar do início ao fim

e ser capaz de tomar decisões e interferir durante o processo produtivo sem que a indústria tenha

prejuízo, ou seja, em fazê-la produzir em pequenas quantidades sem comprometer sua margem

de lucro (Lee et al., 2013; Weyer et al., 2015).

O World Economic Forum (2015) descreve o processo da Quarta Revolução Industrial

em quatro momentos distintos. Fases 1 e 2, classificadas como oportunidades imediatas e

representam as fases de adoção e início, e que nos próximos dois anos ocorrerá com maior

rapidez e pode ser vista como uma evolução; e as fases 3 e 4, constituídas pelas mudanças

estruturais de longo prazo e de grande impacto na economia. Essas fases terão como elemento

distintivo a convergência do que os estudiosos têm chamado de “Outcome Economy11”. A

figura à seguir retrata essa evolução.

Figura 03: The adoption and impact path of the Industrial Internet

Fonte: World Economic Forum (2015).

A partir da década de 90, a preocupação das organizações em relacionar-se com seus

clientes e entregar uma solução a partir dessa relação como parte de suas estratégias, passou a

11

Economia de resultados, termo ainda desconhecido no contexto brasileiro, cuja principal ideia é não vender

mais produtos, mas as soluções por trás de cada compra que o consumidor faz.

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ser uma questão importante (Kotler, 2005; McKenna, 1993; Tschohl, 1996; Robinette, Brand,

& Lenz, 2015). Nessa nova economia, a “outcome economy […] o foco em resolver o porquê

por trás da compra é o fator chave da evolução em curso de produtos para serviços ”12 (Rouse,

2015). Este momento será marcado pela transição, na qual as indústrias deixam de vender seus

produtos e serviços para criar competências em oferecer ao cliente resultados mensuráveis e

importantes ao seu cliente de forma específica e única, o que será impossível sem que tenha um

profundo conhecimento de quem é seu consumidor, porque está comprando o produto e em que

situação será usado (World Economic Forum, 2015). A Industry 4.0 permitirá que as

companhias deixem de vender seus produtos e serviços para promover o resultado final que

seus produtos proporcionarão, Segundo Pratt (2015):

“Outcome economy” é uma mudança de competir pelas vendas de produtos e

serviços, para competir pela venda de resultados mensuráveis importantes

para o consumidor. É uma economia onde os consumidores buscam um

resultado e os vendedores vendem a promessa desse resultado.

Um exemplo desta nova realidade é que clientes, agora ao comprar um ingresso para ir

ao teatro, não compram o ingresso (produto), mas paga pela quantidade de risos registrada

durante o show (resultado esperado), situação possível em um teatro na Espanha. O TeatreNeu

em sua programação “Pay per Laugh”13 usa um sistema capaz de captar a quantidade de

sorrisos emitido por cada participante em seu auditório.

Um outro exemplo da “outcome Economy” foi a revolução causada pelo Uber e a forma

como esse novo modelo de negócio mudou todo um setor e o comportamento de como as

pessoas se deslocam e como transportam seus clientes ao promover acesso. Na economia do

acesso, própria da Indústria 4.0, a economia de “posse” perde cada vez mais espaço por não

conseguir promover acesso e entregar resultados esperados pelo novo tipo de consumidor.

O Uber economia, expressão cunhada pelo pesquisador Norte-Americano Stephen Hill,

uma nova modelagem de negócio com base na internet e aplicativos que criam plataformas

capazes de remover intermediários e promover acesso entre compradores e vendedores de

produtos, serviços e trabalho, com resultados melhores e mais baratos do que a economia de

posse (Rosseto et al. s/d).

A outcome ecconomy já começou a afetar vários setores. e promete criar disrupturas em

vários setores da economia de posse. O Uber, Airbnb, Netflix e Nubank são alguns exemplos

12

This focus on solving the why behind the buy is a key driver in the ongoing evolution from products to services. 13http://searchcio.techtarget.com/feature/The-outcome-economy-is-upon-us-is-your-business-ready;

https://vimeo.com/97708026.

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34

de novos negócios da Quarta Revolução industrial que colocam em xeque várias empresas

líderes no mercado mundial, irrompem um novo comportamento de consumo e novas formas

de trabalho. Tudo isso, exige por parte das empresas uma nova adequação e implementação de

novas competências.

A Quarta Revolução Industrial será um contexto com vários desafios para a

competitividade das indústrias. Geissbauer et al. (2014) apresenta o cenário da indústria 4.0 e

como ele impactará na vantagem competitiva de muitos setores industriais. Dentre os fatores

relatados, vale ressaltar investimentos financeiros, tecnológicos e em cultura organizacional. A

digitalização de toda cadeia de suprimentos e de seus processos e produtos são algumas das

transformações esperadas na forma de competir da indústria mundial. Para Anh (2017) até o

presente momento, a atual revolução industrial tem causado um grande impacto na economia,

no modo de vida da sociedade e no ambiente. O surgimento e o desenvolvimento de novas

tecnologias mudarão os processos de produção, modelo de negócios e os sistemas de operações.

Novas competências, novos postos de trabalhos e o modelo de aprendizagem para os

trabalhadores da economia digital serão prioritários para a competitividade da indústria da

internet. Os ativos mais valiosos de vantagens competitivas deixam de ser o trabalho e o capital,

e passam ser as pessoas, que podem criar novas ideias e inovações. O talento mais que o capital

será fonte de vantagem competitiva na economia futura. A Quarta Revolução Industrial vai

além de mudanças tecnológicas, para um conjunto de inovações disruptivas que impactará a

essência de da indústria e setores (Xu, David, & Kim, 2018).

A competitividade da indústria será fortemente impactada como a rapidez que essas

organizações responderão à indústria 4.0. Anh (2017) observa que:

A Quarta Revolução Industrial trouxe oportunidades e desafios. Ciência e tecnologia

tornarão o impossível em possível. Produtividade, qualidade e eficiência dos produtos

e serviços aumentarão, reduzindo os custos e aumentando as vendas globais,

aumentando o crescimento econômico e a qualidade, melhorando a conveniência da

vida das pessoas.14

A digitalização da indústria não é um advento a ser temido, mas que deve ser percebido

como mudança da base da competitividade do setor manufatureiro. A indústria 4.0 apregoa ser

fonte de vários benefícios como melhoria na eficiência e flexibilidade no uso dos recursos,

14The fourth industrial revolution brought about opportunities and huge challenges. Science and technology will

turn the impossible into possible. Productivity, quality and efficiency of products and services will increase,

reducing trade costs and raising global sales, boosting economic growth and quality, and improving convenience

for personal life.

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melhoria na qualidade de vida do consumidor, queda no custo de transporte e integração da

comunicação em todo ecossistema industrial (Blunck & Werthmann, s/d; Prisecaru, s/d; Anh,

2017; Xu, David, & Kim,2018). Almado-Lobo (2017) relaciona seis benefícios da manufatura

digital: eficiência, agilidade, inovação, experiência do consumidor, custos e lucro. Uma

pesquisa recente, realizada pelo o Banco de Desenvolvimento de Negócios do Canadá (BDC)

revela que as indústrias que implementaram as competências e o modelo de negócio da Indústria

digital alcançaram resultados reais, dentre eles: otimização da efetividade e manutenção dos

equipamentos, redução nos custos de produção, melhoria na qualidade do produto e aumento

na capacidade de inovação (CISCO, 2017).

Para alguns estudiosos da Indústria 4.0, as vantagens decorrentes da manufatura 4.0

podem ser analisadas a partir de 3 perspectivas: inicialmente, há vantagens relacionadas a

perspectiva econômica, que está relacionada diretamente a transparência e interconectividade

dos processos produtivos, afetando diretamente a eficiência, flexibilidade e customização dos

produtos e serviços. Uma outra vantagem está ligada a perspectiva ecológica, que capacita a

indústria a gerenciar com maior eficiência o ciclo de vida do produto, reduzindo assim, a

emissão de gás, o desperdício e diminuição consciente do consumo, o que provoca um menor

impacto no meio ambiente. E por fim, a indústria 4.0 impacta a perspectiva social, ao melhorar

a aprendizagem dos colaboradores e seu nível de satisfação (Müller & Voigt, 2018).

Ao tratar da cadeia de suprimentos, essas vantagens se tornam ainda mais evidentes,

uma vez que haverá uma forte integração de toda cadeia, a otimização da logística, entrega de

serviços ao longo de todo o ciclo de vida do produto, promovendo assim, meios para o feedback

do consumidor final e customização dos produtos durante o processo de manufatura e

diminuindo do custo final para o consumidor. As integrações horizontais e verticais de toda

cadeia de suprimentos são apontadas como vantagens da indústria 4.0 que otimizam os

processos, melhora a qualidade e aumenta a agilidade, eficiência e redução de perdas em toda

cadeia de suprimentos (CNI, 2017; Khan & Turowsk, 2016; Wang, Wan, & Zhang, 2015;

Blunck, Werthmann & Filho, 2018).

Ao considerar os benefícios na cadeia de valor advindos da Quarta Revolução industrial

Ashodian (2016) lista quatro competências criadas a partir de sua implementação nos parques

fabris:

1) Visibilidade: a visibilidade de todos processos operacionais ao longo da cadeia de

valor como resultado de máquinas e equipamentos inteligentes no ecossistema

industrial, que fornecem informação em tempo real.

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2) Interconectividade: a capacidade de interconectar todo ecossistema da indústria.

3) Autonomia na performance: o mínimo de intervenção humana na execução de

todas as tarefas.

4) Análise preditiva: Análise de todos os dados, padrões e tendências que melhora de

forma significativa a tomada de decisões.

Além desses benefícios, o autor acima mencionado assinala que tais competências

presentes na cadeia de valor capacitam as indústrias a responder mais rápida e mais

efetivamente a eventos e incidentes na cadeia de valor, aumento da produtividade e redução do

desperdício. Um outro benefício das competências mencionadas para cadeia de valor é o

aumento da experiência do consumidor (end-to-end)15, a partir da melhoria expressiva na

performance da cadeia de valor, e, ao mesmo tempo, diminuição dos custos de operações

(Ashodian, 2016) e Kusmin (s/d) reforça a ideia ao indicar a presença de comunicação em toda

cadeia de valor, no desenvolvimento de produtos e serviços. Para ele, a troca de informações

em tempo real entre produtos inteligentes e os consumidores, não apenas no end-to-end da

cadeia de valor, mas também em todo ciclo de vida do produto irá revolucionar a forma de

produção e consequentemente a experiência do consumidor

2.4. Indústria 4.0 na economia Brasileira e Cearense

As indústrias Brasileiras ainda continuam à margem da Quarta Revolução Industrial e,

embora o mundo esteja a passos largos em rumo à Indústria 4.0, boa parte das empresas

brasileiras continua resistente às tecnologias da era da industrialização. É notório o atraso das

empresas brasileiras na adoção desse novo modelo de negócio (Ferreira, 2017). Para HaHn

(2016), a indústria brasileira infelizmente não avançou e segundo ele, é consenso para os

especialistas que grande parte do setor industrial do Brasil não tem seus processos

automatizados, característica da Terceira Revolução industrial. Para que se tenha uma ideia da

situação atual do setor industrial brasileiro em termos de competitividade e adoção de

tecnologia, o referido autor afirma que para o Brasil ganhar vantagem competitiva no setor

precisaria “instalar cerca de 165.000 robôs industriais para nos aproximarmos da densidade

robótica atual da Alemanha. No ritmo atual, cerca de 1.500 robôs instalados por ano no país,

15

A Indústria 4.0 promoverá a experiência do cliente em toda cadeia de valor. A expressão end-to-end se refere à

presença do cliente no início, meio e fim da cadeia de produção.

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37

levaremos mais de 100 anos para chegar lá” (Hahn, 2016). Diante desse quadro, pode-se

compreender o cenário atual das indústrias no Brasil.

O advento da Indústria 4.0 almeja mudar a forma de produção e entrega do produto ao

consumidor final, tecnologias como Big Data, IoT (Internet of Things), realidades em indústrias

em vários países (Alemanha, USA, China etc.), no Brasil ainda continua ausente do contexto

fabril brasileiro para muitas indústrias. Embora, seja importante ressaltar que algumas empresas

como Embraer, Volkswagen, AmBev e Jeep têm avançado e lideram ações para implementação

da Industria 4.0 no Brasil, essas ações ainda estão em uma fase inicial e ainda não alcançou a

maturidade digital, tornando-as pouco competitivas em escala global. O Brasil só será de fato

competitivo, se houver investimento substancial do governo em pesquisa e desenvolvimento e

mudança na cultura empresarial (Automat, s/d; Academia BC, s/d.; Griesinger, 2016).

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI, 2016) acredita que poucas empresas

estão preparadas para enfrentar dos desafios da Indústria 4.0 e que o desenvolvimento e a

incorporação de novas tecnologias por parte das indústrias brasileiras, faz-se necessário ao

confrontar a era digital. Para CNI (2016), é um imperativo para que se evite o “gap” da

competitividade entre o Brasil e outros países. Numa pesquisa recente, a Confederação

Nacional das Indústrias constatou que dos 24 setores industriais, metade precisam avançar

tecnologicamente (Queiroz, 2018).

A Confederação Nacional das Indústrias (2016) verificou em uma sondagem que “a

indústria brasileira ainda está se familiarizando com os impactos da digitalização ou da

manufatura avançada sobre os setores e os modelos de negócio”. O estudo ainda apresentou

várias barreiras internas e externas que vêm restringindo o setor industrial brasileiro de

incorporar a Indústria 4.0 e tornar-se competitivo globalmente.

Gráfico 01: Barreiras internas que dificultam a adoção de tecnologias digitais

Fonte: CNI (2016)

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38

Gráfico 02: Barreiras externas que dificultam a adoção de tecnologias digitais

Fonte: CNI (2016)

O estudo evidencia que a cultura digital interna (percepção de custo, retorno e

dificuldade de integrar as tecnologias) e a capacidade de alocar recursos (Trabalhador

qualificado, Tecnologias da Informação e Comunicação) são as grandes barreiras que as

indústrias brasileiras precisam superar para o “salto tecnológico” tão necessário à Indústria 4.0.

Nesse momento, o contexto Indústria 4.0 no cenário brasileiro apresenta um enorme “gap” de

competitividade quando comparado com países com uma maturidade maior na economia

digital. O gráfico abaixo apresenta os estágios da indústria brasileira e sua perspectiva de

avanço futuro. Vale ressaltar que o Brasil atualmente apresenta apenas 1,6% de suas indústrias

iniciando o estágio 4 (Indústria 4.0), a grande maioria encontra-se no estágio 1 e 2, o que torna

o setor pouco competitivo mundialmente.

Gráfico 03: Gerações Tecnológicas Digitais (hoje), em % do número de empresas

Fonte: CNI (2017)

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Quando se observa a projeção futura das indústrias brasileiras para os próximos 10 (dez)

anos, o quadro projetado revela-se muito tímido em relação ao cenário mundial. Um grande

desafio para o setor diante da necessidade de criar vantagem competitiva em um mercado cada

vez mais competitivo.

Gráfico 04: Gerações Tecnológicas Digitais (hoje e futuro)

Fonte: CNI (2017)

O quadro atual retrata o setor anos atrás em termos de competitividade e inserção na

manufatura avançada, e infelizmente “a indústria brasileira ainda está na fase “2.0”, sem sequer

ter amadurecido para a próxima fase” (FEIMEC, 2016, s/p).

Outro dado a ser analisado quando se avalia a inserção da indústria brasileira na

manufatura avançada 4.0 deve ser o espaço de produtos, uma vez que um fator essencial para a

implementação da Quarta Revolução Industrial é a integração de toda Supply Chain (Cadeia de

Suprimentos). Quando se compara o Espaço de produto da Alemanha com o Brasileiro,

percebe-se pouca interligação da Cadeia de Suprimentos no Brasil, o que dificulta a integração

horizontal e vertical da cadeia, um dos pilares da indústria 4.0.

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Figura 4: Espaço de produtos (Alemanha)

Fonte: Atlas (2018)

A Alemanha, pioneira na manufatura inteligente apresenta na Figura 04 uma maior

interligação em sua cadeia de suprimentos que o Brasil na Figura 05. Quanto maior a

interligação e integração da Supply Chain, maior a possibilidade de uma plataforma única onde

todos tenham acesso. E, portanto, possibilita a criação de um ecossistema inteligente e passa a

ser fonte vantagem competitiva.

Figura 05: Espaço de Produtos (Brasil)

Fonte: Atlas (2018)

Todos os aspectos analisados confirmam um momento desafiador para setor industrial

no Brasil e aponta para uma agenda urgente de investimentos, quebra de paradigmas, mudança

de cultura e implementação de mudanças setorias. Ao analisar os desafios e barreiras e

projeções para a competitividade do setor brasileiro, a Confederação Nacional das Indústrias

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propôs 7 dimensões imperativas para que o Brasil faça a transição para a indústria 4.0 (CNI,

2016):

1) Aplicações nas cadeias produtivas e desenvolvimento de fornecedores;

2) Mecanismos para induzir a adoção das novas tecnologias;

3) Desenvolvimento tecnológico;

4) Ampliação e melhoria da infraestrutura de banda larga;

5) Aspectos regulatórios;

6) Formação de recursos humanos;

7) Articulação institucional.

O Estado do Ceará nada de concreto tem sobre a Indústria 4.0. Os dados são mais

preocupantes, quando comparados às indústrias em estágios mais avançados no Brasil. Todavia,

há relatos de alguns movimentos em relação a conscientização da economia digital, promovido

pelo Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Investimentos em termos de

pesquisa, políticas de incentivos e cultura digital são os grandes desafios para o Estado do Ceará

(FIEC, 2017). Por outro lado, apesar do panorama nada animador no Estado, existe uma visão

de potencial em alguns setores da indústria Cearense ao preocupar-se com investimentos

significativos em tecnologias e cultura empresarial que dão base à Quarta Revolução Industrial,

que pode colocar o Estado na corrida pela adoção da Indústria 4.0, embora seja uma expectativa

futura (Leite, 2017). Todavia, o que se compreende é que no Estado do Ceará tudo ainda é

muito embrionário e há uma longa estrada a se percorrer para que as indústrias Cearenses sejam

de fato competitivas no mercado global.

2.5. Regiões Metropolitanas do Cariri, Centro Sul e Vale do Salgado no contexto da

Indústria 4.0.

O Estado do Ceará possui 184 municípios distribuídos em 07 sete Mesorregiões

Geográficas, a saber: (01) Noroeste Cearense; (02) Norte Cearense; (03) Região Metropolitana

de Fortaleza; (04) Sertões Cearense; (05) Jaguaribe; (06) Centro Sul Cearense; (07) Sul

Cearense. O Ceará possui 15 Regiões de Planejamento, como pode ser visto no mapa a seguir.

Destacam-se para este estudo, algumas considerações sobre as regiões: Cariri, Centro Sul e

Jaguaribe, devido ao crescimento, desenvolvimento econômico e surgimento de empresas com

o perfil de exportação nos últimos anos.

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Figura 06: Regiões de planejamento do Estado do Ceará

Fonte: IPECE (2018)

A Região do Cariri é formada por 2716 municípios, neste território está localizada a

Região Metropolitana do Cariri, e, como aponta Queiroz (2014) possui uma formação sócio-

política que historicamente já vem sendo gestada desde o século XIX, culminando com a Lei

Complementar Nº 78, 26 de Junho de 2009, que dispõe sobre a criação da Região Metropolitana

do Cariri.

Como fica evidente em seu Artigo 1º:

Art. 1º Fica criada a Região Metropolitana do Cariri - RMC, face ao que dipõe o art.

43 da Constituição Estadual, constituída pelo agrupamento dos municípios de Juazeiro

do Norte, Crato, Barbalha, Jardim, Missão Velha, Caririaçu, Farias Brito, Nova

Olinda e Santana do Cariri para integrar a organização, o planejamento e a execução

de funções públicas de interesse comum (CEARÁ, 2009, p. 1).

16 São municípios da Região de Planejamento da Região do Cariri: Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe,

Assaré, Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririaçu, Crato, Farias Brito, Granjeiro, Jardim,

Jati, Juazeiro do Norte, Lavras da Mangabeira, Mauriti, Milagres, Missão Velha, Nova Olinda, Penaforte,

Porteiras, Potengi, Salitre, Santana do Cariri, Tarrafas e Várzea Alegre.

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Figura 07: Região Metropolitana do Cariri

Fonte: IPECE (2018)

Como indica Queiroz (2014) os processos de organização de regiões metropolitanas

correspondem a estágios avançados de urbanização, tais processos dão características para tais

regiões, em especial quando se observa a díade, industrialização-urbanização. Desse modo,

deve destacar também os contextos das formações naturais da região. Assim, o Cariri Cearense

apresenta uma grande potencialidade de recursos naturais devido a sua localização, ao sopé da

Chapada do Araripe que cria um ambiente favorável a indústrias de agronegócios, extração de

minérios e indústrias em vários segmentos. O Geoparque Araripe é um grande vetor na área do

turismo da região, pois abriga um patrimônio natural e cultural, que conta com 09 sítios

geológicos e paleontológicos distribuídos em 06 municípios: Crato, Nova Olinda, Santana do

Cariri, Missão Velha, Barbalha e Juazeiro do Norte (BRASIL, 2017). Além do potencial

turístico, outros setores também se destacam como é o caso do setor industrial. Como frisam

Neto e Teixeira (2012) a região nutre a expectativa de investimento nos mais diversos setores

e tem um potencial econômico notável, o que certamente impulsiona a região na área industrial.

O Cariri Cearense tem uma localização que favorece o seu desenvolvimento, em particular a

Região Crajubar, que ligas os municípios de Crato, Juazeiro e Barbalha.

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Dentre os municípios da Região Metropolitana do Cariri, Juazeiro do Norte tem se

destacado no que tange sua economia, e no setor industrial. Segundo dados do IBGE do ano de

2017, o município possuía uma população estimada de 270.383 habitantes, possuindo uma

densidade demográfica de 1.086,61 habitantes por km² (IPECE, 2017). No ano de 2016 o

município contava com um total de 1.551 indústrias ativas, com destaque para o setor de

transformação e construção civil, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica

do Ceará (IPECE, 2012) como pode ser visto na figura 08 a seguir:

Figura 08: Perfil municipal de Juazeiro do Norte (Indústria)

Fonte: IPECE (2018)

A região apresenta um forte crescimento em seu polo industrial, apesar de um cenário

nacional desafiador. Rodrigues (2018) aponta que as importações e exportações em Juazeiro do

Norte vem num crescente por cinco anos consecutivos. Segundo o autor, o setor de

transformação, com destaque para o calçadista e o de maquinas de costura são os que mais

exportam, perfazendo um total 68%.

A região apresenta um forte crescimento em 2017, o que impacta diretamente no

crescimento da indústria local, com destaque para a indústria têxtil, de confecção e calçados, o

quem impulsionado o crescimento nos últimos anos (Mapuranga, 2018). Atualmente, a Região

do Cariri tem um forte polo calçadista, sendo o município de Juazeiro do Norte conhecido pela

existência de um importante cluster calçadista que vem apresentado uma importante taxa de

crescimento, quando comparado com a média nacional, vale ressaltar que na região

metropolitana há uma concentração de indústrias com grande projeção nacional (Tavares et al.,

2015). Segundo o Sebrae (2018), essa percepção é clara, quando se analisa o desempenho do

setor:

A produção de calçados que sai das fábricas do Cariri é vendida em praticamente todos

os estados brasileiros e exportada para países como Argentina, Itália, Estados Unidos,

Índia e China. A produção é de oito milhões de pares por mês, gerando 16 mil empregos

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diretos e indiretos. O polo da região tem uma característica diferenciada: abrange

indústrias de toda a cadeia, desde a fabricação de componentes à de calçados.

Desse modo a Região do Cariri tem apresentado um elevado potencial de

desenvolvimento econômico, inclusive no tange a exportação de produtos, assim, a região

necessita desenvolver “core competence” para a Indústria 4.0. Esse processo de

desenvolvimento garante a inserção e manutenção do polo industrial frente a uma nova

economia mundial.

A Região de Planejamento Centro Sul conta com um total de 13 municípios (Acopiara,

Baixio, Cariús, Catarina, Cedro, Icó, Iguatu, Ipaumirim, Jucás, Orós, Quixelô, Saboeiro e

Umari).

No âmbito industrial, a região no ano de 2016 contava com um total de 886 indústrias,

tendo um crescimento nominal de 51,19% em relação ao ano de 2011, quando contava com 586

indústrias. A indústria de transformação lidera os números nas região, correspondendo a 804

indústrias, como pode ser visto na figura 09, a seguir:

Figura 09: Número de Indústrias da Região Centro Sul (2011-2016)

Fonte: IPECE (2018)

O município de Iguatu destaca-se na área industrial, no ano de 2016 segundo os dados

do IPEA (2018) haviam um total de 471 indústrias, sendo: 07 extrativista mineral (1,49%); 30

na área de construção civil (6,7%); 04 industrias de utilidade pública (0,85%); e, 430 industrias

de transformação (91,30%). Desse modo, destaca-se que no ano de 2015, a indústria foi

responsável por 11,26% do Produto Interno Bruto do município.

Compõe a Região de Planejamento Vale do Jaguaribe os seguintes municípios: Alto

Santo, Ererê, Iracema, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Morada Nova,

Palhano, Pereiro, Potiretama, Quixeré, Russas, São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte. A

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região no ano de 2016 contava com um total de 1.477 indústrias ativas, conforme é apresentado

na figura 10, a seguir:

Figura 10: Número de Indústrias da Região Vale do Jaguaribe (2011-2016)

Fonte: IPECE (2018)

Alguns municípios da região destacam-se no campo industrial, como é o caso de

Jaguaribe. O município é conhecido no Estado do Ceará como a Terra do Queijo Coalho, como

indica a prefeitura do município:

Originário da Região Nordeste do Brasil é produzido nos estados do Ceará, Rio

Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. No Ceará o principal produtor é o município

de Jaguaribe, A Terra do Queijo de Coalho, onde é fabricado em fazendas tradicionais

e comercializado na feira da cidade e em pontos de venda instalados à margem da

rodovia BR-116 (Prefeitura de Jaguaribe, 2018, s/p.).

Além da produção de queijo, o município no ano de 2016 contava com 169 indústrias

ativas, sendo 36 (21,3%) na área da construção civil, e, 133 (78,7%) na área de transformação.

A participação industrial no PIB do ano de 2015 correspondeu a 25,54% da arrecadação total

(IPECE, 2018).

2.6. Core competence na Indústria 4.0: recursos e competências essenciais para competir

na quarta revolução industrial

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O grande desafio para os “players17” deste novo ambiente competitivo será como

manter consumidores satisfeitos, crescimento sustentável e lucratividade, em um cenário onde

serão disponíveis infinitas escolhas e ilimitadas oportunidades por meio da inovação e das

tecnologias emergentes. O sucesso na realização desta tarefa reside nas indústrias que consigam

criar e explorar competências que envolvam o cliente em toda sua cadeia de valor, que o torne

co-criador. A possibilidade de criar um ecossistema digital na cadeia de valor, onde todos

envolvidos: empresas, parceiros e clientes interagem e trocam informações em ambientes com

infinitas possibilidades de promover novas experiências em relação a seus produtos e serviços.

O ecossistema da cadeia de valor torna-se uma rede colaborativa e mais integrada, em que todos

os elos integrados cooperam na melhoria dos produtos e serviços entregues. Uma das

competências necessárias à organização na quarta revolução industrial reside na sua capacidade

de promover interações e redes de relacionamentos com a empresa, os consumidores e a

comunidade para satisfazer necessidades únicas de seus clientes, por meio dessas experiências

e que serão capazes de gerenciar as informações e preferências dos clientes armazenadas em

rede no momento da entrega (Prahalad & Ramaswamy, 2004; Collabo, s/d; Silveira, s/d; Bory

& Sosnovskaya, 2016).

Contextos de mutações e descontinuidades econômicas e tecnológicas demandam das

empresas novos recursos e capacidades organizacionais, e uma enorme capacidade de

adaptação, competências essenciais necessárias para que se tornem competitivas nesse novo

ambiente. Uma vez que, o risco e a instabilidade são parte do ambiente da Indústria 4.0, saber

lidar com essas incertezas torna-se basilar para a competitividade dos empreendimentos. Assim,

adaptabilidade organizacional em ambiente de rupturas e profundas transformações

tecnológicas passam a fazer parte do repertório das competências organizacionais. Todavia,

adaptabilidade pode ter como resultado, erros; portanto, uma cultura de tolerância ao erro deve

ser condição “sine qua non” para a competitividade na Quarta Revolução Industrial. Segundo

Reevers e Deimler (2011):

Vantagem competitiva sustentável não surge exclusivamente de uma posição,

escala e capacitações de primeira ordem em produzir e entregar uma oferta.

Tudo isso é essencialmente estático. Assim, de onde vem então? Cada vez

mais os gerentes estão percebendo que ela surge de capacidades

organizacionais de “segunda ordem” que estimula a rápida adaptação. Ao

17

Termo usualmente utilizado em administração para referir aos participantes/autores de um ambiente competitivo.

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invés de procurarem ser competitivas em algo em particular, as empresas

devem ser realmente boas em aprender como fazer novas coisas.18

A Indústria 4.0 propõe grandes mudanças nas organizações. Na economia digital, o

físico e a internet serão um só, que integrarão cada área da indústria por meio da tecnologia da

informação (TI), e que permitirá às indústrias serem mais rápidas e mais flexíveis, capazes de

entregar produtos mais específicos e resultados mais individualizados, por meio das alterações

no controle do processo. Portanto, a indústria deve desenvolver Core Competence e recursos

tecnológicos que criem condições no ambiente da indústria para (1) a inteligência

descentralizada, capacidade de comunicação entre as “smart machines” de forma integrada e

autônoma; (2) conectividade rápida, sistema que permite a integração vertical e horizontal de

modo instantâneo, e que permita os dados fluirem facilmente através da estrutura da indústria;

(3) sistemas e padrões abertos, para dar suporte à comunicação emergente e integrada; (4)

integração do contexto, em tempo real que possibilita a execução e mudanças do processo de

produção com a finalidade de atender as demandas específicas do cliente e garantir mesmo

assim a lucratividade; e por fim, (5) comportamento autônomo, através de estação de trabalho

e módulos, para se adaptar às necessidades do consumidor ou ajustar às demandas pelos

produtos (Control Engeneering, 2015).

Além da competência distintiva na tecnologia, as companhias na Indústria 4.0 mudarão

da produção e venda de produtos para a promoção e venda dos resultados de seus produtos. As

corporações não apenas terão que entregar os serviços específicos para necessidades

específicas, mas também que prever os resultados do produto que o cliente deseja, o que será

possível por meio da IoT (Internet of Things). As empresas deverão ser competentes na era da

“Outcome Economy” e servitização. A vantagem competitiva de uma indústria terá como fonte,

um conhecimento profundo sobre seus clientes, informações em tempo real de suas

necessidades específicas, capacidade de gerenciar o “Big Data” e orquestrar seu conhecimento

sobres seus consumidores e garantir resultados ao seu mercado (Pratt, 2015; Vandermerwe &

Rada, 1988; Prahalad & Ramaswamy, 2004).

Finalmente, as indústrias da Quarta Revolução Industrial terão que lidar com

informações em tempo real e aprendizado constante e, promover um ambiente onde as pessoas

possam expandir suas capacidades e criar resultados almejados. A aprendizagem precisa fazer

18

Sustainable competitive advantage no longer arises exclusively from position, scale, and first-order capabilities

in producing or delivering an offering. All those are essentially static. So where does it come from? Increasingly,

managers are finding that it stems from the “second-order” organizational capabilities that foster rapid

adaptation. Instead of being really good at doing some particular thing, companies must be really good at learning

how to do new things.

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parte do cotidiano, ser coletiva e colaborativa. O sucesso e a sobrevivência das indústrias em

mercado de rápidas mudanças e intensos impactos tecnológicos passarão, em grande parte, a

depender de como (re)aprendem e de como reagem mais rapidamente do que seus concorrentes

neste novo cenário. Aprendizagem organizacional passa ser uma “Core Competence” para a

sustentabilidade da vantagem competitiva (Senge, 2004; De Geus, 1988; Stata, 1989; Nonaka,

1991; Appelbaum & Gallagher, 2000). Em um cenário de rápidas mudanças e profundas

transformações, promover uma cultura de aprendizagem continuada tornar-se-á parte da agenda

estratégica das organizações.

3 METODOLOGIA

Tendo em vista os objetivos traçados para a investigação, consolidou-se a abordagem

qualitativa, em nível exploratório e explicativo. Foi delineada uma pesquisa de campo com

casos múltiplos em três indústrias de grande porte localizadas no interior do Estado do Ceará.

Para coleta de dados primários foi utilizado como instrumental a observação não

participante e a entrevista por pautas. Participaram da entrevista os gestores de produção e

exportação dos seguintes setores: (01) Moveleiro; (02) Calçadista; e, (03) Metalmecânico. A

análise dos dados (primários e secundários) foi organizada em três categorias, a saber: (01)

Indústria 4.0 no Interior do Ceará; (02) Percepção sobre as “Core Competence”; e, (03)

Implementação e utilização de tecnologias disruptivas na indústria.

3.1 Delineamento da pesquisa

O estudo desenvolvido teve uma abordagem qualitativa, tendo em vista o

reconhecimento da implementação das “Core Competences” por parte de gestores industriais

do interior do Ceará, possibilitando assim realizar uma leitura diagnóstica sobre o objeto de

estudo na referida região. A abordagem qualitativa é “um dos diversos modelos propostos para

a produção de conhecimento num campo específico, assim como também o são o experimento

e o levantamento. E que embora possa ser caracterizada pela flexibilidade, não deixa de ser

rigoroso [...]” (Gil, 2009).

Em relação ao nível de investigação aponta-se que a mesma é de ordem exploratória,

uma vez que tem como alvo o desenvolvimento e o esclarecimento de problemáticas através da

aproximação dos fatos e fenômenos investigados, logo, a Indústria 4.0 e suas interfaces no

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interior do Estado do Ceará. Também é de ordem explicativa, pois busca entender de modo

mais aprofundado a realidade das indústrias cearenses.

3.2 Locus e sujeitos da pesquisa

A investigação teve como locus de pesquisa empresas industriais de grande porte

localizadas no interior do Estado do Ceará, mais especificamente nas regiões Centro Sul e

Cariri. Foram utilizados como critérios de inclusão: (01) a indústria ser classificada como de

grande porte; (02) ter atividades de exportação; e, (03) está localizada geograficamente em uma

região do interior do Estado do Ceará.

A partir desses critérios foi possível selecionar três empresas, sendo duas localizada na

Região Centro-Sul e umas instaladas na Região do Cariri, sendo estas do setor: moveleiro,

calçadista e metal mecânico.

Selecionadas as empresas, os sujeitos que contribuíram para o desenvolvimento da

investigação através de uma entrevista por pautas foram os gestores de produção e/ou

exportação, uma vez que os temas aqui estudados estão diretamente ligados a esses setores.

Destaca-se que a escolha desses sujeitos está correlacionada a sua aproximação com os

mercados internacionais e às novas configurações da Indústria 4.0, permitindo assim (re)

conhecer as “Core Competences” que envolvem as empresas investigadas tanto em níveis

locais como em níveis internacionais.

3.3 Instrumento de coleta de dados

A coleta de dados ocorreu em dois momentos, a saber: (01) Observação não-participante

e (02) Aplicação de uma entrevista por pauta. A primeira etapa, conforme aponta Gil (2009, p.

101) consistiu na observação não-participante onde “o pesquisador, permanece alheio à

comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos

que aí ocorrem”. Assim, durante os dias de observação, não houve contato entre o pesquisador

e os colaboradores do nível operacional. Destaca-se que junto ao processo de observação, foi

agregado o uso do diário de campo, como meio auxiliar da observação.

A segunda etapa, a aplicação da entrevista por pautas/temática que consiste na “relação

de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo do curso. [...] faz poucas

perguntas e deixa o entrevistado falar livremente, à medida que se refere às pautas assinaladas”

(Gil, 2009). Deste modo, o pesquisador buscará através de uma entrevista semiestruturada com

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os gestores das empresas pesquisadas analisar o nível de implementação das “Core

Competences”, objetivo deste estudo. Foram pautas da entrevista: (01) A Indústria 4.0 no

mundo e no Ceará; (02) Os processos de internacionalização; (03) O desenvolvimento

tecnológico nas indústrias; (04) Vantagens competitivas no cenário atual; e, (05) o

desenvolvimento de “Core Competences” pelas indústrias mundiais e cearenses.

3.4 Tratamento e análise dos dados

Após a realização das entrevistas foi realizada a transcrição do material gravado, para

realização do tratamento dos dados numa abordagem qualitativa, com base em análises do

conteúdo, fazendo a utilização de categorias de análise que, de acordo com Flinck (2009) “são

levadas para o material empírico e não necessariamente desenvolvidas a partir destes, embora

sejam reiteradamente avaliadas em contraposição a esse material e, se necessário, modificadas.

” O material resultante das entrevistas com os gestores e os dados analíticos obtidos através da

pesquisa documental serão analisados a partir das seguintes categorias: (01) Indústria 4.0 no

Interior do Ceará; (02) Percepção sobre as “Core Competence”; e, (03) Implementação e

utilização de tecnologias disruptivas na indústria.

3.5 Limites da pesquisa

Os limites da pesquisa são a delimitação geográfica e o porte das empresas investigadas.

Optou-se por empresas de grande porte e com participação em exportações por se acreditar que

elas presenciarão o advento da quarta revolução industrial e seus impactos nas suas

competências essenciais e competitividade. Já a opção pela escolha de executivos no interior

do Estado do Ceará se deve a interesses profissionais e ao espaço geográfico de moradia do

pesquisador desta dissertação, o que facilitará o seu deslocamento e o atendimento a uma

necessidade pessoal de contribuição mais imediata no seu contexto geográfico imediato.

4 ANÁLISE DOS DADOS

Conforme salientado na introdução da presente dissertação, a sociedade moderna se

encontra numa constante transformação social, em especial no que tange às tecnologias digitais,

cada vez mais presentes e efetivas no cotidiano das pessoas, da economia e na produção

industrial.

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Frente a esse contexto, teóricos como Malan (2017) e Krueger (2014), na área industrial,

destacam que na atualidade estamos vivenciando um novo modelo de produtivo, ou seja, a

Quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, que redesenhará o modelo de produção industrial,

impactando diretamente nas competências que indústrias e sujeitos terão que desenvolver para

manter-se no mercado, bem como tornarem-se competitivas.

As “Core Competences” estão correlacionadas diretamente à produção de vantagens

competitivas para a indústria em qualquer setor, uma vez que responder de modo rápido e

eficiente às mudanças globais e locais de mercado tornou-se uma necessidade real. Agregado a

esse conjunto de rápidas mudanças, as indústrias não podem deixar de pensar nas questões de

sustentabilidade, essenciais para ampliação de mercados.

As “Core Competences” no campo industrial estão para além da capacidade produtiva

tradicionalmente conhecida, logo, a flexibilidade produtiva, o acesso a dados em tempo real,

bem como a rápida resposta às demandas de mercado, amparadas por essas tecnologias, devem

ser desenvolvidas pelas indústrias a fim de manterem-se no mercado. Portanto, tecnologias

como: IoT (Internet of Things) e Big Data (Mega dados), presentes em países como a

Alemanha, passa ser um fator decisivo a sobrevivência dessas empresas. Como apontado, no

Brasil ainda há muitos desafios e barreiras para uma transição das indústrias atuais para um

novo modelo industrial. Como exposto pela Confederação Nacional das Indústrias (2016), para

que as empresas brasileiras façam uma transição para a Indústria 4.0 faz-se necessário

aplicações nas cadeias produtivas e desenvolvimento de fornecedores; mecanismos para induzir

a adoção das novas tecnologias; desenvolvimento tecnológico; ampliação e desenvolvimento

de ecossistema digital nas indústrias; aspectos regulatórios; formação de recursos humanos e

articulação institucional.

No Estado do Ceará, se observa ainda uma inconcretude no que tange a Indústria 4.0.

Conforme a FIEC (2017) uma das grandes barreiras que o Ceará encontra, está correlacionado

à cultura digital. Se por um lado há essa barreira, por outro, como reforça Leite (2017) há no

Estado uma potencialidade de desenvolvimento, mesmo que este seja futuro.

Diante do contexto exposto, passamos a apresentar os resultados e discussões da

presente pesquisa de modo detalhado, uma vez que esta teve como objetivo: Analisar o nível

de implementação das “core” competências diante a indústria 4.0 necessárias para promover

vantagens competitivas em 3 (três) empresas envolvidas com exportações no interior do Ceará.

Compõe o quadro de análise as seguintes categorias analíticas: (01) Indústria 4.0 no interior do

Ceará; (02) Percepção sobre as “Core Competences”; e, (03) Implementação e utilização de

tecnologias disruptivas na Indústria. Juntamente com a análise dos dados levantados no campo,

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apresenta-se uma associação teórica. Desse modo, participaram da investigação gestores

industriais do setor de produção e de exportação de três empresas dos seguintes ramos: (01)

Calçadista; (02) Moveleiro; e, (03) Metal mecânico. Assim, quando ocorrer a apresentação da

fala de um dos gestores, os mesmos serão identificados através do ramo de atividade industrial,

exemplo: Gestor Calçadista.

4.1. INDÚSTRIA 4.0 NO INTERIOR DO CEARÁ

A economia mundial na atualidade demanda novas competências por parte das

indústrias e do mercado de modo geral. Essa demanda está diretamente ligada a uma nova

modelagem industrial, que se afasta cada vez mais de modelos mecanicistas e com baixa

automação industrial.

É, em uma economia digital e com o surgimento de tecnologias disruptivas, que insurge

a Indústria 4.0. O impacto desse novo modelo industrial acarretará mudanças no

comportamento do consumidor, formas de compra e consumo, e consequentemente novos

modelos de negócio e produção para atender clientes cada vez mais preocupados com as

questões de sustentabilidade.

Destaca-se que a produção de produtos também estará mais próxima do consumidor

final, uma vez que, através da digitalização do ecossistema fabril, será possível tanto para os

gestores uma maior integração em toda cadeia de suprimentos, através de um simples toque em

seu smartphone.

A partir da integração de Sistemas Físicos Cibernéticos, os processos produtivos na

atualidade, e em um futuro próximo, ganharam uma maior autonomia produtiva, ampliação na

troca de informações internas e externas ao espaço fabril. Desse modo, os Sistemas Físicos

Cibernéticos produzirão uma digitalização através da convergência de diversas tecnologias do

setor produtivo e da cadeia de suprimentos, deixando o setor industrial global e local mais

rápido, flexível, com maior eficiência e inteligência (Pentek,2015; Firjan, 2016; I-SCOOP, s/d).

Portanto, como bem apontam Magaldi e Neto (2018) a Indústria 4.0 tem como base uma

economia digital onde a onipresença e mobilidade da internet está mudando o cotidiano e estilo

de vida, bem como as relações de trabalho e produção.

Observando especificamente a produção industrial, em países que já adotaram a

Industria 4.0, é notório o alto índice de manufatura inteligente, oriundo dos altos níveis de

automação e conectividade, bem como maior interligação da cadeia de suprimentos; onde todas

as indústrias e empresas que participam da criação e produção de um produto X tem acesso a

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informação. Essa integração proporciona vantagens competitivas, quando pensamos na

economia de um país, e individual, quando observamos de modo singular cada indústria e

empresa.

No caso brasileiro, o cenário da implementação efetiva da Indústria 4.0 é ainda

praticamente inexistente, já que o setor no país ainda demanda grandes investimentos

financeiros (públicos e privados) e uma quebra de paradigmas com modelos industriais com

baixa automação e maior tempo de manufatura. Como aponta a Confederação Nacional das

Indústrias (2016), para que o Brasil realize uma transição efetiva para a Indústria 4.0 é

necessário que aconteça, dentre outros fatores, um maior desenvolvimento tecnológico,

ampliação e melhoria da infraestrutura de banda larga, a formação de recursos humanos para

atuar nesse novo modelo industrial, além de atos regulatórios, que possibilitem a organização e

sistematização dos investimentos em/nas Indústrias 4.0 no Brasil.

Mesmo diante desse panorama, o Estado do Ceará, no Nordeste brasileiro, apresenta um

potencial para o processo de transição para a Indústria 4.0. Como afirma Leite (2017) mesmo

sendo uma perspectiva futura, em algumas indústrias já se observam investimentos na

implementação de maquinário com alta tecnologia e tentativas de integração na cadeia de

suprimentos. Tal perspectiva pode ser observada nas indústrias pesquisadas, com destaque para

a Indústria Moveleira, conforme apresentado abaixo:

Na área de produção da indústria moveleira, “o chão de fábrica”, foi possível

observar um número reduzido de pessoas no processo de produção, sendo que

esses colaboradores estavam todos com algum equipamento tecnológico, em

especial os notebooks, já que o maquinário está conectado via internet. A

utilização de elementos robóticos já é uma realidade na indústria, o que

aumenta o padrão de qualidade dos produtos. Nota-se que os colaboradores

possuem um entendimento significativo da utilização de tecnologias, uma vez

que esta é necessária para a realização de suas atividades laborais cotidianas

(Diário de campo, 2018).

O setor calçadista também já apresenta maquinários com tecnologia inteligente,

destacando-se o maquinário utilizado para os cortes em peças de couro, uma vez que, com a

utilização da máquina de corte a laser, há uma maior precisão e qualidade (figura 11),

diminuindo assim o desperdício de matéria-prima e de mão-de-obra. Como ressaltou o Gestor

Calçadista: “Depois que essa máquina foi adquirida o trabalho que antes era feito entre muitos

funcionários agora é realizado por 2, que ficam responsáveis pela programação [da

máquina]”. Esse mesmo processo de redução de colaboradores e de insumos foi apontado pelo

Gestor Moveleiro, após a aquisição de maquinário italiano.

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Figura 11: Modelo de Máquina para Cortes Especiais a Laser

Fonte: Google Imagens (2018)

No setor metal mecânico pode-se perceber que os processos de automação e robotização

ainda se mostram minimizados se comparados ao setor calçadista e moveleiro, essa questão

estando correlacionados ao processo produtivo específico do setor, que ainda está atrelado à

mão de obra humana na montagem do produto. Assim, é observado um processo misto, que em

suas primeiras etapas são realizadas por maquinários, em especial por injetoras de plástico

(figura 11), e seguido para a linha de montagem onde, até o presente, é indispensável o trabalho

humano.

Figura 12: Modelo de Injetora de Plástico

Fonte: Google Imagens (2018)

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Diante dessas observações, foi questionado aos gestores de produção e/ou exportação,

se os mesmos já estavam inteirados sobre a Indústria 4.0 de modo mais sistematizado, ou seja,

se os mesmos já tinham conhecimento sobre esse novo paradigma industrial, bem como o

posicionamento de suas indústrias frente à internacionalização de produtos.

O Gestor Calçadista informou que “[...] já está inteirado do modelo de Indústria 4.0,

afinal a empresa em seu setor estratégico já começou a implementar esse modelo nas suas

unidades de produção, um exemplo já são os estudos para a implementação dos robôs na linha

de produção. ”.

O Gestor Moveleiro por sua vez apontou que: “[...] estou me informando sobre a

Indústria 4.0, principalmente porque alguns fornecedores já começaram a implementar esse

novo modelo industrial. ”, importante destacar que a empresa estudada, como foi apontado, já

começou a implementar máquinas inteligentes, mas essa implementação não está diretamente

ligada a um ajustamento planejado e sistematizado à Indústria 4.0. Assim, como aponta Lee et

al. (2015) a Indústria 4.0 promove e estimula o desenvolvimento tecnológico, assim, pode-se

apontar que o novo modelo industrial já está influenciando, indiretamente as indústrias

localizadas no interior do Ceará. Na indústria de metal mecânica o Gestor de Produção apontou

que o avanço da Indústria 4.0, “[...] surgiu da necessidade das empresas terem uma interação

mais próximas e mais rápidas com os clientes, advindo das questões da tecnologia, da

necessidade de aproximação com a comunidade no qual ela está inserida.”, o gestor ainda

aponta que em sua experiência de trabalho no interior do Ceará, não percebe uma

implementação do modelo de Indústria 4.0 por parte de outras indústrias, em suas palavras:

“[...] não vejo as empresas da região buscando as fontes necessárias para implementação da

metodologia de empresa 4.0, acredito que há uma oportunidade muito grande aqui na região

se de fato entrasse uma consultoria, uma universidade e conseguisse convencer o empresariado

a estar implantando a Indústria 4.0.”.

O discurso do Gestor Metal mecânico aponta para as potencialidades que o interior do

Ceará possui para o desenvolvimento econômico. Um exemplo dessa potencialidade é o

município de Juazeiro do Norte na Região do Cariri que no ano de 2012 contava com um total

1280 indústrias (IPECE, 2018). Outro ponto de destaque do discurso refere-se à sistematização

da implementação da Indústria 4.0, através de consultorias, sejam por empresas privadas ou por

Instituições de Ensino Superior. Esse ponto vai ao encontro dos processos de aprendizagem-

organizacional (Senge, 2004; De Geus,1988; Stata, 1989; Nonaka, 1991) uma das competências

a ser desenvolvidas para o aumento da competitividade.

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No que tange aos processos de internacionalização, foi percebido em todas as indústrias

investigadas um desaceleramento nos processos de exportação, os gestores apontando que a

principal causa está correlacionada à crise econômica que o país vem passando nos últimos

anos, desse modo, o foco no mercado interno e em países da América do Sul e Caribe tem sido

foco para as exportações.

PERCEPÇÃO SOBRE AS CORE COMPETENCES

Entende-se com “Core Competence” a capacidade que as organizações, sejam

industriais ou não, possuem para gerar e criar um valor significativo ao produto e/ou serviço,

para além da retenção de um recurso, assim, há a produção de uma capacidade distintiva, que

resulta da integração e harmonização das atividades e recursos existentes em uma organização,

que a diferencia das outras (Mooney, 2007; Agha & Alrubaiee, 2012).

Destaca-se que a existência de recursos tangíveis e intangíveis em uma indústria não

significa criação de vantagem competitiva, pois, se estes não forem empregados para criação

de competências distintivas, que promovam benefícios que sejam percebidos pelos

consumidores, acontecerá apenas a simples entrega de um produto para o consumidor que não

perceberá um valor agregado a suas perspectivas individuais (Hafeez et al., 2002; Prahalad &

Hamel, 1994).

De acordo com Prahalad e Hamel (1994) a “Core Competence” deve apresentar três

proposições para que uma indústria promova uma competitividade distintiva, (01) geração de

valor significativo para o consumidor final; (02) capacidade única, de difícil imitação; e, (03)

capacidade de extensão, ou seja, habilidade de variação mercadológica, mesmo que a indústria

tenha uma especificidade.

Às “Core Competence” também estão correlacionadas aos processos de implantação da

Indústria 4.0. Desse modo, parques industriais que estão se adaptando ao paradigma 4.0 no

campo industrial devem considerar quatro pontos fundamentais destacados por Ashodian

(2016), que são: (01) Visibilidade, que está diretamente correlacionado ao maquinário que

apresenta informação em tempo real; (02) Interconectividade, que é a capacidade de conexão

de todo o processo produtivo; (03) Autonomia na performance, que está correlacionada ao

máximo de automação tecnológica e o mínimo de intervenção humana; e, (04) Análise

preditiva, que está correlacionada a análise de dados, padrões e tendências que influenciam

(in)diretamente a tomada de decisão.

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Como pode ser observado através da literatura as “Core Competences” englobam tanto

os aspectos produtivos, como também os aspectos de percepção do produto final pelo

consumidor, que está cada vez mais preocupado com as formas de produção que respeitam o

meio ambiente e os direitos humanos. Destaca-se que o acompanhamento produtivo por parte

do consumidor está cada vez mais efetivo, sendo esta uma nova demanda para as indústrias na

atualidade.

Os processos de manufatura decorrentes da Indústria 4.0 apresentam no mínimo três

vantagens, sendo estas de ordem econômica, ecológica e social. Como diz Müller e Voigt

(2018) a primeira, está ligada à transparência e interconectividade do processo produtivo, a

segunda, ao gerenciamento do ciclo de vida do produto, redução de poluentes no meio

ambiente, e o terceiro, impacta diretamente na aprendizagem dos colaboradores e no nível de

satisfação laboral.

As percepções dos gestores investigados estão correlacionadas, principalmente a dois

fatores: (01) os aspectos ecológicos (sustentabilidade) e social (aprendizagem e

desenvolvimento dos colaboradores).

1) Core Competence - aspectos ecológicos / sustentáveis

O Gestor Moveleiro apresentou dois pontos de desenvolvimento de “Core Competence”

relacionadas aos aspectos ecológicos. O primeiro relacionado à IoT (Internet das Coisas), que

está diretamente ligado à aquisição e ampliação de maquinário de alta tecnologia no setor de

produção. De acordo com o gestor: “[...] com a compra de máquinas italianas houve uma

redução do tempo de produção, e da substituição de máquinas, o que reduziu o custo de

manutenção. As novas máquinas possuem conexão online, e qualquer defeito o sistema já avisa,

tanto aqui na fábrica como lá na Itália. ”.

Desse modo, observa-se que, com a substituição do maquinário, além da redução do

tempo de produção, houve também redução de custos de manutenção, impactando diretamente

na sustentabilidade organizacional e ambiental, já que com menos manutenções de ordem

mecânica há redução direta nos impactos ambientais oriundos desse processo. O segundo ponto

destacado pelo Gestor está relacionado à redução dos insumos resultantes da produção, que de

acordo com o Gestor, “[...] quando o trabalho era feito por pessoas e pelos antigos

maquinários havia um desperdício de cerca de 20%, e com a implementação do novo

maquinário chegamos praticamente a 0% de desperdício, tanto que as máquinas compradas

são praticamente pagas com essa redução”. Assim, no caso da Indústria Moveleira estudada,

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pode-se apontar que mesmo sem uma sistematização e um planejamento prévio para

implementação e/ou transição para a Indústria 4.0, a empresa estudada apresenta as “Core

Competences” de Visibilidade, e inicia um processo de fortalecimento de Interconectividade,

mas mesmo possuindo uma interconectividade interna, há dificuldades de conexão com outros

pontos da cadeia de suprimentos.

Na empresa do setor Metal mecânico também é perceptível a preocupação com os

processos que envolvem a sustentabilidade, e um exemplo apresentado pelo Gestor está

correlacionado ao reaproveitamento de materiais no processo produtivo, como explicou:

“Quando alguma peça sai da injetora com algum tipo de defeito, ela não é descartada, é

derretida, e o plástico é reutilizado. ”. Outro ponto de destaque dado pelo Gestor Metal

mecânico foi o foco na qualidade, pois cada setor e/ou esteira de produção trabalha com

desperdício zero, e sempre que há algum problema com algum produto ao final da produção

“[...] nós temos como saber onde ocorreu o problema, ou seja, em qual esteira, já que o sistema

de qualidade permite esse acompanhamento, e quando há o retorno de um produto do mercado,

através da identificação eletrônica, nós conseguimos saber qual foi o lote, o mês e o dia de

fabricação do produto”. Indagado sobre os processos de logística reversa, em especial se

existiam pontos de coleta para que os clientes pudessem devolver os produtos antigos, ou com

defeitos irreversíveis, o Gestor disse que “[...] não há pontos de coleta, o nosso produto tem

uma vida útil longa, não é um produto que o consumidor troca com frequência, mas sempre

que há uma troca do produto por defeito, nós consertamos o produto com defeito e destinamos

para alguma instituição beneficente no Cariri. ”.

Na empresa do Setor Calçadista observou-se o mesmo movimento de redução de

insumos, e além dessa redução, há uma preocupação com outros aspectos ambientais, como o

tratamento dos efluentes gerados durante o processo produtivo. O Gestor Calçadista assim

como o Moveleiro destacou que “[...] a aquisição das máquinas de corte a laser reduziu

bastante as sobras de material, já que tem uma precisão no corte, não tem perigo de sair um

corte errado, é preciso que o operador coloque no sistema qual o corte e esperar. ”.

2) Core Competence - aspectos sociais (aprendizagem e desenvolvimento dos

colaboradores)

Um dos principais pontos de convergência encontradoss entre os setores industriais

estudados se refere às “Core Competences” de aprendizagem e desenvolvimento dos

colaboradores, ou seja, competências que estão diretamente ligadas aos aspectos sociais. Assim,

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a qualificação profissional, com foco na área de tecnologia, é fundamental para os

colaboradores, segundo os gestores. Como bem aponta Senge (2006) e Nonaka (1991) a

aprendizagem organizacional é fundamental para a criação de vantagem competitiva, sendo que

o sucesso de uma indústria na atualidade está ligado à sua capacidade de aprender e reaprender,

e a reagir de modo assertivo diante de novos cenários mercadológicos.

Se por um lado a Indústria 4.0 proporciona e incentiva os processos de qualificação

profissional, por outro reduz as vagas de emprego, pois, como pode ser visto ao longo da

investigação, o processo de implementação de máquinas com alta tecnologia substitui uma

grande quantidade de colaboradores, como aponta o Gestor Moveleiro, “[...] trabalhos de

produção que antes eram feitos por 15 funcionários, hoje, depois da aquisição das máquinas

italianas, é feito por 2 [...]”.

Processo igual aconteceu na fábrica de calçados, como aponta o Gestor Calçadista: “[...]

hoje só precisamos de 2 funcionários para operar a máquina de corte; eles são responsáveis

por configurar os cortes, quando termina eles retiram o material cortado e fazem a reposição.

Como a máquina é inteligente, ela tem sensores de percepção de movimento, assim, se por

acaso alguém colocar a mão ela para, evitando acidentes. ”.

Das indústrias investigadas, a única que ainda apresenta uma maior seguridade para o

trabalho humano é a do setor metal mecânico, conforme pôde ser observado, pois as linhas de

produção apresentam componentes de montagem que necessitam do olhar e labor humano para

montagem do produto.

IMPLEMENTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DISRUPTIVAS NA

INDÚSTRIA

A implementação e utilização de tecnologias disruptivas na Indústria 4.0 é fundamental

para sua efetivação, bem como para a transição de novas indústrias para o novo modelo 4.0.

Destaca-se que as tecnologias disruptivas, como o próprio termo já anuncia, quebram com

padrões e modelos tecnológicos vigentes, ou seja, no lugar de realizar um processo evolutivo

de uma determinada tecnologia, há uma revolução e/ou inovação tecnológica.

As tecnologias disruptivas no âmbito da Indústria 4.0 proporcionam novos modos de

produção, tais como a inserção do cliente como cocriador do produto, ainda na cadeia de

produção, ampliando assim a customização dos produtos de modo individual, ou seja, a

servitização. Outro ponto de destaque da introdução de tecnologias disruptivas está nos

processos de integração da cadeia de suprimentos, na qual, fornecedores, indústrias, empresas

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e clientes, estão todos conectados através de um ecossistema digital que lhes permite

acompanhar uns aos outros em tempo real, gerando assim uma interação no processo produtivo,

deste a extração da matéria-prima até a logística reversa de um produto.

Portanto, as organizações que integram a cadeia de suprimentos além de entregar

serviços e produtos específicos aos clientes, deverão prever os resultados do produto, bem como

integrar os clientes na produção. Assim, por meio da Internet of Things (IoT), o “Outcome

Economy” e a servitização se tornam uma vantagem competitiva para as organizações, pois

afinal, haverá um profundo conhecimento sobre o consumidor, sendo gerenciadas informações

sobre a produção e os clientes em tempo real, através dos processos de Big Data.

Percebeu-se, através da pesquisa de campo, que as indústrias investigadas ainda não

possuem a infraestrutura necessária para que processos como integração da cadeia de produção,

servitização e “Outcome Economy” sejam efetivadas. Embora, se perceba que internamente as

indústrias estudadas já mantenham processos de interligação da produção, esse movimento não

se expande entre fornecedores e clientes, como fica perceptível na fala do Gestor Metal

mecânico: “o que a gente tem buscado aqui na indústria aconteceu na unidade da fábrica de

agulhas já vem buscando implementar alguns sistemas próprios da empresa 4.0, que são

sistemas que conseguem gerar informações mais rápidas e precisas online.”.

O Gestor Moveleiro também ressaltou a questão da integração interna de produção:

“aqui na fábrica a gente tem as informações de toda a produção, principalmente das máquinas

inteligentes, porque posso ver tanto no sistema como no meu celular [...]”. Como pode

constatar, nas duas industrias o foco de integração tecnológica está presente nos processos

produtivos internos, sem que haja um planejamento para integrar fornecedores e clientes.

Este mesmo movimento acontece na indústria calçadista, mas como pode ser visto na

fala do gestor, já existe por parte da gestão estratégica um planejamento para implementação

robótica no setor de produção (chão de fábrica) que demandará a utilização efetiva de Internet

of Things.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao termino do processo investigativo destaca-se que o objetivo de analisar o nível de

implementação das “core” competências diante a indústria 4.0 necessárias para promover

vantagens competitivas em 3 (três) firmas envolvidas com exportação no interior do Ceará, foi

comtemplado, uma vez que é possível considerar que tais empreendimentos já iniciam mesmo

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que de modo não intencional e sem planejamento especifico, introduzir “core competences”

próprias da Indústria 4.0. Destaca-se que as competências relacionadas aos aspectos ecológicos

e sociais estão sendo mais desenvolvidos nas empresas pesquisadas.

Considera-se que a Indústria 4.0 demanda uma alta qualificação por parte dos

colaboradores, em especial no campo das tecnologias disruptivas, porém na região estudada

nota-se que não há cursos e/ou treinamentos específicos sobre Indústria 4.0, apresentando assim

uma demanda de formação de profissionais.

Considera-se que as corporações investigadas apresentam integração dos processos

produtivos internos, o que é de suma importância para a qualidade produtiva, porém, no que

diz respeito à criação de um ecossistema digital que integre os fornecedores, a indústria e os

clientes um processo interativo e dinâmico, as indústrias pesquisadas ainda necessitaram de um

maior planejamento e investimento, que não depende apenas da indústria, mas também de

agentes externos, tais como as políticas de ampliação da rede de internet e de incentivo de

integração da cadeia de produção.

Destaca-se que dentre as organizações estudadas, apenas uma conta com um maquinário

inteligente que utiliza Internet of Things, enquanto que as demais máquinas ou são ainda

mecânicas ou automáticas. Considera-se isso como um indicativo de que há ainda a necessidade

de um maior investimento financeiro na compra e/ou troca de maquinário nas firmas

pesquisadas, sendo esse um processo necessário para a transição e implementação do modelo

Industrial 4.0. A implementação da Indústria 4.0 não está ainda programada e planejada nas

empresas investigadas, sendo que apenas uma (calçadista) apresenta um movimento mais

aproximado, com planejamento a médio e longo prazo para implementação robótica no

processo produtivo.

Na Indústria 4.0, a participação do cliente no processo de produção é efetiva, pois este

contribui diretamente no processo de criação e produção do produto que vai consumir,

visualizando desde a fonte da matéria-prima e o processo de transformação, à venda e a chegada

do produto em suas mãos. Esse processo está diretamente correlacionado à criação de um

ecossistema digital, no qual nenhuma das empresas sinalizou que a efetivação. Logo, a

servitização, que seria uma vantagem competitiva para tais empresas, ainda não se apresenta

como algo tangível.

Outro ponto de destaque, é que os gestores mesmo apresentando um conhecimento

prévio sobre a Indústria 4.0 e as “Core Competences” inerentes a esse novo modelo industrial,

há confusões sobre as tecnologias utilizadas na Indústria 4.0. Tecnologias comunicação de

rápido acesso como as redes sociais, aplicativos de comunicação (exemplo: whatsapp) não se

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constituem como tecnologias disruptivas , próprias da Indústria 4.0, que necessita de um aparato

mais expressivo de tecnologia (Internet of Things e Big Data) para integração de um amplo

ecossistema digital.

Para finalizar, a parte final será estruturada em 2 (duas) subdivisões: Sugestões para as

empresas pesquisadas e sugestões para estudos futuros.

Sugestões para as empresas pesquisadas

Como verificado a partir da entrevista e da observação ainda há um longo percurso a

ser percorrido para o desenvolvimento de “Core Competences” por parte das empresas. Tal

atividade será de grande valia na Quarta Revolução Industrial. Inicialmente, a tarefa mais

importante por parte dos gestores é aprofundar mais sobre a Industria 4.0, as oportunidades e

os desafios dessa nova economia, os recursos essenciais e capacitações e como integra-las para

torna-las fonte de vantagem competitiva. Importante ressaltar, que as empresas sem as Core

Competences inerentes a Industria 4.0 e sem um ecossistema digital não se tornará competitiva

a médio a longo prazo.

Investir em tecnologia deve fazer parte da agenda e do orçamento das organizações, mas

precisa ser definido qual tecnologia merece investimento e qual promoverá a conectividade com

todos de seu ecossistema. Percebe –se que as tecnologias disruptivas como IoT, Big Data e CPS

serão imprescindíveis para a competividade das empresas, mas ao mesmo tempo, exige um

grande investimento, especialmente para as empresas pesquisadas que ainda se encontram em

estágio inicial.

Criar uma cultura de aprendizagem organizacional e desenvolver um plano com forte

fomento na educação continuada e acesso a inovação e a tecnologias emergente em todo

ambiente fabril. O trabalhador da Industria 4.0 é o trabalhador do conhecimento, portanto, a

gestão do conhecimento passa ser estratégico e um importante recurso organizacional na criação

e entrega de valor ao consumidor final.

Outro aspecto, a ser considerado no âmbito é a mudança no comportamento do

consumidor. O cliente da economia emergente não está disposto a pagar por produtos, mas o

que os resultados que esses produtos proporcionam. Sendo assim, a competitividade de um

negócio está na capacidade de promover acesso entre o fornecedor (indústria) e o consumidor.

O grande desafio para as empresas pesquisadas está na capacidade de mudar rapidamente seus

modelos de negócios e que admitam o cliente como seu co-criador.

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E por fim, desenvolver políticas, implementar tecnologias ao longo da cadeia de

suprimentos promovendo verticalização e horizontalizarão. Implementar a presença do cliente

“ end-to-end” início, meio e fim de todo processo fabril e que atualmente inexiste. Melhor a

qualidade das informações, integrar toda cadeia com informações em tempo real.

Sugestões para estudos futuros

Por ser um tema recente, carece de muitos estudos que aprofundem melhor a temática.

Estudos que possam verificar o nível de internet industrial em outros setores, que “clusters”

(arranjos) estão sendo formados no Brasil, a exemplo de outros países a fim de aumentar o nível

de digitalização dentro das organizações. Um outro tema relevante e que deve estar no cerne

das preocupações e planejamento dos estudos da Industria 4.0 é o futuro do trabalho e o homem

da Industria 4.0, o que muda em relação as novas qualificações, aprendizagem e o papel do ser

humano nas organizações.

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