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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC Ricardo Penteado Ferreira UM MODELO ALTERNATIVO DE GESTÃO INTEGRANDO ASPECTOS DE SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE APLICÁVEL A EMPRESAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE: A EXPERIÊNCIA DA BOLLHOFF SERVICE CENTER São Paulo 2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Ricardo Penteado Ferreira

UM MODELO ALTERNATIVO DE GESTÃO INTEGRANDO ASPECTOS DE SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE APLICÁVEL A EMPRESAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE: A EXPERIÊNCIA DA BOLLHOFF SERVICE CENTER

São Paulo

2010

RICARDO PENTEADO FERREIRA

UM MODELO ALTERNATIVO DE GESTÃO INTEGRANDO ASPECTOS DE SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE APLICÁVEL A EMPRESAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE: A EXPERIÊNCIA DA BOLLHOFF SERVICE CENTER

Texto elaborado para apresentação da dissertação ao Centro Universitário SENAC, Campus Santo Amaro, como parte final das exigências do programa de Mestrado em Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente para obtenção do título de Mestre

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco

São Paulo

2010

F413 Ferreira , Ricardo Penteado

Um modelo alternativo de gestão integrando aspectos de segurança, saúde e meio ambiente aplicável a empresas de pequeno e médio porte: a experiência da Bollhoff Service Center / Ricardo Penteado Ferreira, -- São Paulo, 2010.

105 fls;

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco Dissertação (Mestrado em Gestão de Saúde do trabalho e Meio

Ambiente) – Centro Universitário Senac, Campus Santo Amaro, São Paulo, 2010

1. Sistema de gestão integrada 2. Indústria Metalúrgica 3. Segurança, Saúde e Meio Ambiente 4. Empresa de pequeno e médio porte I. Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco (orient.) II. Título

CDD 363.7

ALUNO: RICARDO PENTEADO FERREIRA

TÍTULO: UM MODELO ALTERNATIVO DE GESTÃO INTEGRANDO ASPECTOS DE SEGURANÇA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE APLICÁVEL A EMPRESAS DE PEQUENO E MÉDIO PORTE: A EXPERIÊNCIA DA BOLLHOFF SERVICE CENTER

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco Banca examinadora de Dissertação em programa de Mestrado. A sessão pública realizada em 08 / 09 / 2010 considerou o candidato: ( X ) Aprovado ( ) Reprovado

1) Examinador Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco

2) Examinadora Prof.ª. Dr.ª Emília Satoshi Miyamaru Seo

3) Examinador Prof. Dr. Murilo Damato

Dedico este trabalho primeiramente às

minhas filhas Bruna e Fernanda que

souberam compreender os momentos de

ausência e as dificuldades dos anos

dedicados à elaboração deste estudo, à

minha mãe que sempre me incentivou, às

empresas que sempre permitiram o

acesso às suas dependências, à Bollhoff

Service Center pela oportunidade de

aprendizado, aos colegas de trabalho

durante minha vida profissional e aos

alunos e professores dos cursos técnicos

da Escola Técnica Estadual Vasco

Antonio Venchiarutti onde leciono há 21

anos, pelo apoio e entusiasmo de todos

para que o sucesso deste trabalho fosse

uma conseqüência do esforço e

comprometimento exigido.

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Wolney Castilho Alves pela orientação dada na primeira fase deste

trabalho a qual me permitiu entender a complexidade de um trabalho científico.

Aos professores do Mestrado e ao Conselho de Pós-graduação pela contribuição

e orientação permanente para o enriquecimento científico do trabalho de todos.

Aos meus colegas de classe do Mestrado pela interação, participação e amizade

surgida nos anos de estudo.

Aos colegas de trabalho da Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti

de Jundiaí pelo incentivo, alegria e preocupação com o sucesso deste trabalho.

À empresa Bollhoff Service Center Ltda por permitir o desenvolvimento do estudo

de caso.

À minha irmã pela correção e contribuição dada ao texto escrito.

Ao meu amigo e Orientador Prof. Dr. Eduardo Antonio Licco pela clareza nas

informações, pela compreensão do trabalho, pelo direcionamento dado, pela

orientação e conseqüente aprimoramento em direção ao objetivo final do estudo.

A grandeza do homem consiste em sua decisão de ser mais forte que a sua condição.

Camus

RESUMO

O estudo apresenta um modelo alternativo de gestão integrada com ações

práticas direcionadas à implementação de sistema de gestão integrada em

segurança, saúde e meio ambiente em indústria de pequeno e médio porte. Os

dados foram obtidos através de estudo de caso em indústria metalúrgica de

médio porte da região de Jundiaí com observação aprofundada e verificação

técnica dos resultados advindos do estudo. Os dados gerais de segurança, saúde

e meio ambiente são levantados e analisados com a utilização de tabelas

elaboradas para o estudo de caso e seguem o fluxograma proposto, com

verificação do cumprimento de itens de segurança e meio ambiente, sendo então

classificados, com conseqüente proposta de ações. Os resultados da

implementação parcial do modelo proposto mostraram a viabilidade e

abrangência da proposta. Os pontos fortes e fracos do estudo de caso permitiram

a identificação tanto de situações que se mostraram adequadas do ponto de vista

técnico e legal como também de oportunidades de melhoria, as quais são

informadas nas considerações finais deste trabalho. Ao final do trabalho, conclui-

se pela viabilidade da implementação do modelo alternativo de gestão integrada

de Segurança, Saúde e Meio Ambiente proposto para indústria de pequeno e

médio porte.

Palavras-chave: Sistema de gestão integrada, Indústria Metalúrgica, Segurança,

Saúde e Meio Ambiente, empresa de pequeno e médio porte.

ABSTRACT

The study presents an alternative model of integrated management with practical

actions aimed at the implementation of integrated management system in safety,

health and environment in small and medium-sized industry. Data was obtained

through a case study in the midsized metal industry in Jundiai with detailed

observation and verification of technical results arising from the study. General

data on safety, health and environment is collected and analyzed with the use of

graphs developed for the case study, following the flowchart proposed, in

compliance with safety and environmental criteria, being then classified,

generating some proposed actions. The results of the partial implementation of the

proposed model showed the feasibility and scope of the proposal. The strengths

and weaknesses of the case study allowed the identification of both situations that

were adequate from a legal and technical point of view as well as opportunities for

improvement, which are reported in the final part of this work. As a conclusion, this

study shows the feasibility of implementing the alternative model of integrated

Safety, Health and Environment proposed to the small and medium sized industry.

Keywords: Integrated management system, Metal Industry, Safety, Health and

Environment, Small and Medium sized Industry.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Ciclo PDCA conforme NBR ISO 14.001(2004).............. ............ 22

FIGURA 2 Ciclo PDCA conforme OHSAS 18.001(2007)................ ............ 23

FIGURA 3 Fluxograma do Modelo Alternativo Proposto para

Implementação de SGI em SSMA...................................................... .............. 39

FIGURA 4 Responsabilidades atribuídas pelo Modelo na Implementação de

SGI em SSMA...................................................... ............................................ 63

FIGURA 5 Ferramentas Propostas pelo Modelo para implementação de SGI

em SSMA...................................................................... ................................... 64

FIGURA 6 Fluxograma Produtivo da BSC ...................................... ............. 69

FIGURA 7 Organograma da BSC.................................................... ............. 72

LISTA DE TABELAS E QUADROS

QUADRO 1 Diagnóstico Preliminar – Critério de Avaliação –Meio Ambiente.

......................................................................................................................... . 41

QUADRO 2 Diagnóstico Preliminar – Critério de Avaliação- Segurança e

Saúde Ocupacional...... .................................................................................... 43

QUADRO 3 Diagnóstico Preliminar – Critério de Classificação-Meio

Ambiente.. ........................................................................................................ 47

QUADRO 4 Diagnóstico Preliminar – Critério de Classificação-Segurança e

Saúde Ocupacional............................................................................................ 49

QUADRO 5 Forma de Apresentação do Diagnóstico Preliminar de Meio

Ambiente........................................................................................................... 51

QUADRO 6 Forma de Apresentação do Diagnóstico Preliminar (DP) de

Segurança e Saúde Ocupacional........................................................ ............. 53

TABELA 1 Consolidação dos resultados do DP de Meio Ambiente.... .... 55

TABELA 2 Consolidação dos resultados do DP de Segurança e Saúde

Ocupacional............... ...................................................................................... 55

TABELA 3 Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos (APIR)............. .......... 56

TABELA 4 Critério de pontuação de Impactos/Riscos................ ............ 57

QUADRO 7. Medidas Propostas, Objetivos e Metas.................... ............. 58

QUADRO 8. Monitoramento das Ações.......................................... ........... 59

QUADRO 9. Modelo de Ata de Segurança e Meio Ambiente....... ............ 60

TABELA 5 Classificação do Porte da Empresa conforme SEBRAE....... 67

TABELA 6 Classificação do Porte da Empresa conforme BNDES. ........ 67

QUADRO 10 Descritivo da BSC......................................................... ......... 68

QUADRO 11 Atribuições dos profissionais do SESMT da BSC.... .............. 70

TABELA 7 Planilha de Agentes Ambientais dos Setores da BSC... ........ 72

QUADRO 12 Equipamentos de Proteção Individual da BSC........... ........... 75

TABELA 8 Dados dos acidentes de 2006 e 2007........................ ........... 76

TABELA 9 Dados dos acidentes de 2007 e 2008......................... .......... 76

TABELA 10 Dados dos acidentes de 2008 e 2009........................ ........... 76

QUADRO 13 Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente.................. ........... 78

TABELA 11 Resultado do Diagnóstico de Meio Ambiente............... ......... 80

QUADRO 14 Diagnóstico Preliminar de Segurança e Saúde Ocupacional.

......................................................................................................................... 81

TABELA 12 Resultado do Diagnóstico de SSO............................ ........... 83

TABELA 13 Levantamento de Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos .... 84

QUADRO 15 Medidas Propostas, Objetivos e Metas - Tabela Preenchida.. 92

LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas APIR – Aspectos, perigos, impactos e riscos BSC – Bollhoff Service Center BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CA - Certificado de Aprovação CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas EPI - Equipamento de Proteção Individual EPC - Equipamento de Proteção Coletiva

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo IPEA- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ISO – International Organization for Standardization INSS- Instituto Nacional de Seguro Social MTE – Ministério do Trabalho e Emprego MPE – Micro e pequena empresa PME- Pequenas e médias empresas NBR – Norma Brasileira OHSA – Occupational Safety and Health Administration OHSAS - Occupational Health and Safety Assessment Series ONU – Organização das Nações Unidas OS – Ordens de Serviço PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde ocupacional

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRPS – Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares SEBRAE- Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho SGA – Sistema de Gestão Ambiental SGI – Sistema de Gestão Integrada SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade SSMA - Segurança, Saúde e Meio Ambiente SSO - Segurança e Saúde Ocupacional SST - Segurança e Saúde do Trabalho

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 17 1.1. Objetivos................................................................................................... 18 1.1.1. Objetivo geral............................................................................................ 18 1.1.2. Objetivos específicos................................................................................ 18 1.2. Justificativas.............................................................................................. 19 1.3. Método..................................................................................................... 19 2. CONCEITOS E MODELOS DE GESTÃO................................................ 21 2.1. Definições conforme NBR ISO 14.001(2004) e OHSAS 18.001(2007).... 24 3. SISTEMAS DE GESTÃO EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NO BRASIL.............................................................................................................. 28 3.1. Dificuldades das pequenas e Médias empresas para implementação de SGI............................................................................................................... 29 4. FATORES DESAFIADORES NA IMPLEMENTAÇÃO DE SGI EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS..................................................................................... 32 5. O MODELO PROPOSTO......................................................................... 38 5.1. Seqüência de Aplicação do Modelo.......................................................... 40 5.1.1.Diagnóstico Preliminar.............................................................................. 40 5.1.2.Levantamento APIR.................................................................................. 56 5.1.3.Medidas Propostas, Objetivos e Metas..................................................... 58 5.1.4.Implantação das Medidas Preventivas, Corretivas e Melhorias............... 58 5.1.5.Monitoramento das medidas Propostas, Objetivos e Metas..................... 59 5.2. Responsabilidades...................................................................................... 61 5.3. Ferramentas................................................................................................ 63 6. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA SITUAÇÃO EM SSMA NA BOLLHOFF SERVICE CENTER............................................................................................. 66 6.1. A empresa Bollhoff Service Center ............................................................ 66

6.2. Agentes Ambientais da Bollhoff.................................................................. 72 6.2.1.Comentários sobre os dados de Higiene do Trabalho obtidos................................................................................................................. 73 6.2.2.Equipamentos de Proteção Individual Fornecidos..................................... 75 6.2.3 Dados Referentes a Acidentes do Trabalho............................................... 76 6.2.4 Consumo de Água e Energia Elétrica......................................................... 77 7. APLICAÇÃO PRÁTICA DO MODELO PROPOSTO:. Planilha APIR.................................................................................................................... 78 7.1. Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente.................................................. 78 7.1.1 Detalhamento do Diagnóstico Preliminar................................................... 79 7.1.2 Resultado do Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente........................... 80 7.2 Diagnóstico Preliminar de Segurança e Saúde Ocupacional.................... 80 7.2.1 Resultado do Diagnóstico de Segurança e Saúde Ocupacional............... 82 7.3 Levantamento de Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos na Bollhoff........ 83 8 APLICAÇÃO PRÁTICA DO MODELO PROPOSTO: Definição de Medidas Propostas, Objetivos e Metas para a Bollhoff..................................................... 88 8.1 Orientação para Preenchimento do Quadro 7- Medidas propostas, Objetivos e Metas ........................................................................................... 88 8.2 Listagem de Medidas Propostas................................................................. 88 8.2.1. Medidas propostas, Objetivos e Metas – Quadro preenchido.................. 92 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................... 97 REFERÊNCIAS.................................................................................................. 102

17

1-INTRODUÇÃO

As pequenas e médias empresas não contam com as mesmas facilidades à

disposição das grandes empresas para implementação de sistemas de gestão em

Qualidade, Meio Ambiente ou em Saúde e Segurança, sejam eles integrados ou

não. Como se verifica, as principais dificuldades enfrentadas são a complexidade

e os custos de implantação e manutenção dos sistemas convencionais de gestão,

principalmente quando são seguidas as recomendações das séries ISO 14.000,

9000 e OHSAS 18.001. Segundo o SEBRAE (2007), as empresas menores

geralmente enfrentam dificuldades anteriores notadamente no atendimento às

demandas de seu meio ambiente externo, sejam elas de caráter legal, fiscal ou

mercadológico. Como aponta Andrade (2008), são inúmeras as dificuldades

enfrentadas: aversão à interação com os serviços públicos de quaisquer espécies;

pouco ou nenhum acesso à informação por parte dos empregados; busca de

resultados em curto prazo; concentração exagerada e personalista da direção nos

problemas imediatos; sem planejamento para situações futuras; sentimento que

pequena empresa significa pequeno risco ambiental e/ou de saúde e segurança

do trabalho; desconfiança ao receber ajuda externa; desconhecimento da

legislação; empregados pouco capacitados e falta de recursos para capacitação;

estrutura diretiva pequena e focada na sobrevivência do negócio; pouco crédito

para capital de giro e investimentos; infra-estrutura gerencial precária e alta

rotatividade de pessoal. Não obstante as dificuldades a serem vencidas, é

importante para as PME poder contar com uma ferramenta poderosa como os

sistemas de gestão para o enfrentamento dos seus problemas de qualidade,

segurança, saúde e meio ambiente. Feliz ou infelizmente, não existe uma

proporcionalidade entre o porte de uma empresa e a relevância de seus

aspectos, perigos, impactos e riscos .São plenamente reconhecidos os casos de

pequenas empresas com grandes impactos ou riscos. Como aponta (LICCO,

2009) pequenas empresas de galvanoplastia, de reciclagem de plásticos ou de

pintura de veículos, por exemplo, tem sido origem de grandes impactos

ambientais em função da periculosidade de seus efluentes ou da toxicidade de

suas emissões atmosféricas. Metalúrgicas, Fundições e Marcenarias, continua o

autor, são responsáveis por elevados números de acidentes envolvendo seus

trabalhadores e motivo de sérios incômodos à sua vizinhança. Infelizmente, como

se observa na prática, são poucos os sistemas de gestão mais simplificados, com

18

custos e exigências de implementação menores, mas de mesma eficácia,

disponíveis às pequenas e médias empresas. A complexidade dos sistemas

convencionais e a pouca disponibilidade desses modelos mais simplificados faz

com que essas empresas acabem por não implementar nenhuma ferramenta

consistente de gestão (LICCO,2010). Em face dessa realidade, este trabalho se

dedica à proposta de um modelo alternativo de sistema de gestão integrando

aspectos de SSMA, desenvolvido com vistas às empresas de pequeno e médio

porte. Para tanto se apóia no estudo de caso da empresa Bollhoff Service Center

Ltda, do setor metalúrgico, empresa de médio porte, localizada no município de

Jundiaí, no estado de São Paulo. O modelo sugerido não pretende nada mais do

que ser uma possibilidade a ser considerada pela empresa de pequeno e médio

porte no direcionamento de seus recursos para uma forma sistemática de gestão

de aspectos de SSMA. O conhecimento preliminar da situação geral da empresa

no que tange a segurança, saúde e meio ambiente e a identificação dos aspectos,

perigos, impactos e riscos são as partes basilares do modelo proposto e

sustentam as medidas a serem adotadas. A pequena disponibilidade de sistemas

simplificados de gestão fortalece a escolha do tema estudo e dá sentido ao

método alternativo proposto.

1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é propor um modelo alternativo de gestão

integrando aspectos de SSMA aplicável à empresa de pequeno e médio porte do

segmento metalúrgico.

1.1.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos temos:

-Efetuar diagnóstico preliminar da situação de SSMA da empresa estudo de caso.

-Executar levantamento de aspectos, perigos, impactos e riscos (Planilha APIR)

como aplicação prática do modelo proposto.

19

-Definir medidas propostas, objetivos e metas associadas às prioridades

estabelecidas como aplicação prática do modelo proposto.

1.2 Justificativa

A grande participação da Indústria Metalúrgica de pequeno e médio porte

no município de Jundiaí justifica a importância de se obter novo modelo de

propostas de ações facilitadoras para implementação de Sistemas de Gestão

Integrados neste segmento. Esta enorme participação da indústria de pequeno e

médio porte também tem grande participação nas questões acidentárias, nas

gerações de resíduos, nas contaminações do meio ambiente e na geração de

doenças relacionadas ao trabalho sendo que o enquadramento desta fatia da

indústria na gestão integrada trará significativa contribuição de melhorias no

município como um todo e conseqüentemente para o País. O tema estudado traz

também inúmeras contribuições para a pesquisa, pois possibilitará a utilização de

um modelo alternativo de gestão direcionado, diferenciado e garantidor de

posição estruturada para as empresas que aderirem ao sistema com conseqüente

maior longevidade do negócio, manutenção da saúde dos trabalhadores, baixo

índice de acidentes, motivação no trabalho, meio ambiente protegido, ação

direcionada ao desenvolvimento sustentável, contribuição para futuras gerações e

ótima imagem pública.

1.3 Método Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de cunho propositivo, desenvolvida a

partir de dados secundários e da experiência do autor como consultor na área de

gestão do meio ambiente industrial. Os passos seguidos para a consecução dos

objetivos propostos são:

1. Revisão bibliográfica abordando os conceitos de gestão; sistemas de

gestão; a experiência de outros profissionais e autores em casos de

implantação de Sistemas Integrados de Gestão de Segurança, Saúde e

Meio Ambiente;

2. Análise dos fatores que facilitam ou dificultam a implementação de SGI em

PME;

20

3. Proposição do modelo alternativo simplificado aplicável à empresa de

pequeno e médio porte que não contam com as mesmas disponibilidades

técnicas e econômicas das grandes empresas;

4. Aplicação em estudo de caso, do modelo alternativo proposto nos tópicos:

Diagnóstico Preliminar (DP); Levantamento dos Aspectos, Perigos,

Impactos e Riscos (APIR); Medidas Propostas, Objetivos e Metas do SGI;

5. Utilização de quadros e tabelas elaboradas pelo autor para aplicação em

estudo de caso;

6. Análise e discussão da aplicabilidade do modelo proposto na prática da

Bollhoff Service Center.

21

2 CONCEITOS E MODELOS DE GESTÃO

Para que se possa compreender o que é um Modelo de Gestão, faz-se

importante conhecer a origem das palavras utilizadas nesta expressão. Modelo

vem do latim Modulus que significa molde, forma. A utilização desta palavra

ocorre em diversas áreas e em todas as situações em que é usada é entendida

como algo que deve ser copiado, seguido, cumprido e observado no desempenho

das atividades. Por sua vez Gestão é trabalhar no sentido de organizar os

recursos financeiros existentes, os materiais necessários e os seres humanos de

uma organização, utilizando técnicas adequadas que permitam atingir os

objetivos. Seguindo este raciocínio Modelo de Gestão é a forma de gestão

através de um exemplo já existente realizando apenas as modificações

necessárias para a necessidade de cada organização (FERREIRA, 2005).

Na NBR ISO 14.001:2004, sistema de gestão ambiental é definido como sendo a

parte de um sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e

implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais.

Ainda segundo a NBR ISO 14.001, um sistema da gestão é um conjunto de

elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer a política e os objetivos e

para atingir esses objetivos. Um sistema da gestão inclui também estrutura

organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas,

procedimentos, processos e recursos. (NBR ISO 14.001:2004)

Na norma OHSAS 18.001:2007, sistema de gestão da SST é definido como

sendo a parte do sistema de gestão de uma organização utilizada para

desenvolver e implementar sua política de SST e para gerenciar seus riscos de

SST.Ainda segundo a norma OHSAS 18.001, um sistema de gestão é um

conjunto de elementos inter-relacionados utilizados para estabelecer a política e

os objetivos e para atingir tais objetivos. Um sistema de gestão também inclui a

estrutura organizacional, atividades de planejamento (incluindo, por exemplo, a

avaliação de riscos e o estabelecimento de objetivos), responsabilidades,

práticas, procedimentos, processos e recursos (OHSAS 18.001:2007). Para

gestão da Segurança e Saúde do Trabalho (OHSAS 18.001) e para a gestão

Ambiental (ISO 14.001), a busca sempre é no sentido de fazer girar o sistema

através do ciclo PDCA.

22

A Figura 1 representa o ciclo PDCA de que fala a NBR ISO 14.001:2004.

Fonte: ABNT NBR ISO 14.001:2004

Figura 1 CICLO PDCA / ISO 14.001

23

A Figura 2 representa o Ciclo PDCA de que fala a norma OHSAS 18.001: 2007

Fonte: OHSAS 18.001:2007

Figura 2 CICLO PDCA / OHSAS 18.001

Tanto a ISO 14.001 como a OHSAS 18.001 são baseadas na metodologia

conhecida como Plan-Do-Check-Act (PDCA) (Planejar-Executar- Verificar-Agir).

O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming é um ciclo de

desenvolvimento e foi introduzido no Japão após a segunda guerra mundial,

tendo sido idealizado por Shewhart na década de 20 e divulgado por Deming em

1950. O ciclo de Deming segue princípios que tornam mais claros e ágeis os

processos envolvidos na execução da gestão, como exemplo a gestão da

Qualidade, sendo dividido em quatro principais passos. (DEMING, 1990).

O PDCA pode ser brevemente descrito da seguinte forma:

- Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os

resultados em concordância com a política ambiental da organização.

-Executar: Implementar os processos.

-Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política

ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados.

-Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão

ambiental. (NBR ISO 14.001, 2004).

As normas ISO 14.001 e OHSAS 18.001 possuem requisitos que podem

ser auditados de forma objetiva, caso a empresa opte por implementar sistema de

gestão baseado nestes requisitos.

24

2.1 Definições conforme NBR ISO 14.001 e OHSAS 18.001 As definições dos elementos importantes das Normas ISO 14.001:2004 e

OHSAS 18.001: 2007 são apresentadas a seguir.

Aspecto ambiental: elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma

organização que pode interagir com o meio ambiente.

Impacto ambiental: qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica,

que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização.

Perigo: fonte, situação ou ato com potencial para provocar danos humanos em

termos de lesão ou doença ou uma combinação destas.

Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um evento perigoso ou

exposição (ões) com a gravidade da lesão ou doença que pode ser causada pelo

evento ou exposição (ões).

Sistema de Gestão

Muitos autores conceituam a palavra sistema para explicarem as razões da

adoção de um tipo de sistema. Para Chiavenato (2000), sistema é um conjunto de

elementos interdependentes cujo resultado final é maior do que a soma dos

resultados que esses elementos teriam caso operassem de maneira isolada.

Quando avançamos mais na questão da gestão damos maior abrangência ao

significado de sistema tornando-o de fato algo recomendável e possível de

acontecer nas organizações que desejam obter direcionamento e controle regular

de seus impactos e riscos. A conceituação de Frosini e Carvalho (1995) descreve

sistema de gestão como sendo o conjunto de pessoal, recursos e procedimentos,

dentro de qualquer nível de complexidade, cujos componentes associados

interagem de uma maneira organizada para realizar uma tarefa específica e

atingem ou mantêm um dado resultado.

25

Sistema de Gestão Integrada

A integração de vários sistemas adotados nas empresas traz benefícios

importantes para os administradores em razão da concentração de controles de

forma conjunta que permite visualização rápida e clara da posição em que o

sistema de gestão se apresenta. Para maior clareza, Sistema de Gestão

Integrada pode ser definido como a combinação de processos, procedimentos e

práticas utilizados em uma organização para implementar suas políticas de

gestão e que pode ser mais eficiente na consecução dos objetivos oriundos delas

do que a existência de diversos sistemas individuais se sobrepondo (DE CICCO,

2004b).

Considerações sobre Sistema de Gestão

A tarefa de elaborar um modelo proposto de ações facilitadoras para

implementação de gestão integrada de SSMA que permita destreza e controle

das áreas de segurança, saúde e meio ambiente de forma integrada tem sido

pauta permanente de discussão entre os profissionais de SSMA (LICCO, 2009)

A importância destas áreas para as pequenas e médias empresas e

também as relações e interferências entre trabalhador e empresa são enfatizadas

no estudo para que se possam conhecer os riscos e os impactos ambientais do

segmento e se possam criar formas práticas, atualizadas e aplicáveis do ponto de

vista técnico, legal e financeiro, capazes de unificar esforços que permitam a

implementação de SGI de modo adequado, correto, sem alterar ou interferir na

principal missão da empresa que é produzir e vender aquilo que ela se propõe a

fabricar com obtenção de lucro. Como resultado, pretende-se conseguir

implementar um sistema que compense todo o investimento feito para

implantação da gestão integrada nas empresas de pequeno e médio porte e que

esta prática possa significar um diferencial importante para o mercado

atual,valorizando ainda mais o segmento metalúrgico. Analisar as práticas

empresariais para estabelecer a relação entre os fatores comerciais, produtivos e

trabalhistas nas pequenas e médias empresas e procurar compreender de que

forma estas organizações podem se capacitar para implantar e manter um

sistema de gestão integrado de segurança, saúde e meio ambiente e ainda utilizá-

26

lo como um diferencial competitivo tem sido uma busca constante mesmo que

pareça isolada em situações de dificuldade econômica ou no processo produtivo.

Cada profissional envolvido com SSMA, de forma direta ou indireta, seja ele

consultor, empregador ou empregado tem sob sua responsabilidade obrigações

de proteção à saúde humana e do meio ambiente e da prevenção de acidentes e

estas ações são importantíssimas para o sucesso de quaisquer trabalhos

direcionados à implementação de sistema de gestão integrada. Há uma busca

permanente em direção às gestões sistêmicas, em especial na série de normas

da ISO 9000(2000) Sistema de Gestão da Qualidade; ISO 14.001(2004) Sistema

de Gestão Ambiental e pelo guia OHSAS 18.001(1999) Sistema de Gestão da

Segurança e Saúde no Trabalho ( ARCIONI, 2008). Na nova versão da OHSAS

18.001(2007), o texto traz a exigência de que, na identificação de riscos e perigos,

sejam levados em conta fatores comportamentais dos trabalhadores, capacitação

física e outros fatores humanos, o que trouxe uma inovação técnica, pois as

organizações devem utilizar indicadores que consigam fazer referência a esses

itens. A citação de aspectos comportamentais na OHSAS 18.001 versão 2007

não traz, por sua vez, nenhuma orientação de como devem ser contempladas tais

questões na elaboração da planilha, o que acaba diminuindo ainda mais a

possibilidade de pequenas e médias empresas de obterem certificações seguindo

normas internacionais de padronização de gestão em razão da complexidade

destes temas. A citação da OHSAS 18.001(2007) deixa no ar uma exigência de

indicador a ser aplicado que referencie comportamento humano para cada setor,

controlado de forma quantitativa ou qualitativa. Alguns tópicos de comportamento

fazem parte da discussão do tema como: advertências aplicadas no mês por não

uso de EPIs; quantidade de visitas ao ambulatório no mês; atrasos para início do

trabalho; faltas injustificadas, entre outros(LICCO, 2009). Há a necessidade de

análise minuciosa sobre estes indicadores quando utilizados e o questionamento

presente sobre o fato de eles serem suficientes para indicar aspectos

comportamentais. A norma OHSAS 18.001(2007) não cita formas de avaliar tais

comportamentos, cabendo aos profissionais de SSMA a definição de indicadores

quando se decide pela implementação da OHSAS 18.001 visto que tais

indicadores não fazem parte do conteúdo do texto atual da norma. Para Fronsini

e Carvalho (1995), um sistema de gestão é um conjunto de pessoas, recursos

(máquinas e ambiente) e procedimentos, cujos componentes associados

interagem de uma maneira organizada para realizar uma tarefa específica e

27

atingem ou mantêm um dado resultado. Para Viterbo (1998), o sistema de gestão

de uma organização deve objetivar o aumento constante do valor percebido pelos

clientes nos produtos ou serviços, assim como o seu sucesso no segmento de

mercado por meio da melhoria contínua dos resultados operacionais, a satisfação

dos funcionários em relação à organização e da própria sociedade frente às

contribuições da empresa ao meio onde a mesma está inserida. Para Chiavenato

(1999), a segurança do trabalho é um conjunto de medidas técnicas,

educacionais, médicas e psicológicas utilizadas para prevenir acidentes, por meio

da eliminação das condições inseguras do ambiente e da instrução ou

convencimento das pessoas sobre a necessidade de implantação de práticas

preventivas. A segurança no trabalho está relacionada com a prevenção de

acidentes e com a administração de riscos ocupacionais. Fica cada vez mais

evidente a importância de as organizações estabelecerem objetivos, planos,

metas e ações, além de normas, portarias ou leis que estimulem a integração dos

modelos de gestão. Tais mudanças fazem parte de um possível compromisso

democrático de viabilização do desenvolvimento dos processos de produção e

das próprias organizações na direção da sustentabilidade, resgatando uma dívida

social e assegurando a efetividade dos direitos de cidadania. (FREGONEZI,

2007). É cada vez maior a quantidade de exigências para pequenas e médias

empresas, por parte dos contratantes e por parte dos governantes o que está

levando a maior parte delas a repensarem suas necessidades de negócios e de

sobrevivência no mercado. (FERNANDES, 2005). A cultura organizacional tem

relação e influência importante com os aspectos de segurança, saúde e meio

ambiente, que por sua vez estão relacionados com os resultados da produção e

qualidade, situações que acabam por adequar-se na oportunidade de

implementação de um sistema de gestão integrado. (QUINAN, 2005). Ações

prevencionistas atendem o planejamento estratégico de empresas e permitem

direcionar o negócio na obtenção do desenvolvimento sustentável, caracterizados

pelo equilíbrio de todas as áreas de gestão. (BARREIROS, 2004).

28

3 SISTEMAS DE GESTÃO EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NO BRASIL A grande participação das pequenas e médias empresas no mercado

empresarial justifica a importância de se obter novas propostas facilitadoras para

implementação de Sistemas de Gestão Integrados nesses segmentos e, em

especial, no segmento de empresas de médio porte, objeto do estudo de caso.

Essa significativa participação das pequenas e médias empresas também tem

grande influência nas questões acidentárias, nas gerações de resíduos, nas

contaminações do meio ambiente e na geração de doenças relacionadas ao

trabalho, sendo que o enquadramento dessa fatia do segmento de pequenas e

médias empresas na gestão integrada trará enorme contribuição de melhorias

para os municípios, estados, bem como para o país(LICCO,2009). Por outro

lado, existem fatores favoráveis ao sucesso das empresas de médio porte como

as habilidades gerenciais, capacidade empreendedora e logística operacional.

Sabe-se que habilidades gerenciais devem contemplar o negócio como um todo,

considerando-se os valores importantes da empresa, neste caso, a cultura

organizacional, considerando-se os aspectos significativos de segurança, saúde e

meio ambiente na medida de suas exigências e uma sensibilidade de negócio que

demonstre que atuar na gestão integrada resulta na tranqüilidade e longevidade

do negócio. (SEBRAE, 2007).Além disso, as empresas de médio porte e as

pequenas empresas possuem pessoas que atuam em uma variedade de funções,

e os atores estão mais próximos, o que facilita a comunicação e evidencia os

conflitos que surgem quando diferentes enfoques de diferentes procedimentos e

áreas de gestão competem, ao invés de se integrarem, na solução de um

problema. Estes são diferenciais positivos que favorecem, pelo menos, a

compreensão da gestão integrada. (FREGOREZI, 2007). Cita o autor a variedade

de funções em empresa de médio porte que se mostra adequada para

comunicação e para evidenciar conflitos competitivos, mas sabe-se que tal

atribuição gera estresse, desgaste físico e emocional e, como conseqüência, tem

reflexo na ocorrência de acidentes do trabalho. Um dos conflitos de grande

importância é que os mais velhos, apoiando-se em sua experiência profissional

indiscutível e adquirida num período de muito menos informação do que o atual

que, indubitavelmente, tem relevada significância no processo de modernização,

nem sempre aceitam que os mais jovens dêem opiniões e agem com desdém

29

sobre as considerações e os conhecimentos teóricos dos jovens. Estes, por sua

vez, acreditam de fato que possuem maiores conhecimentos técnicos, maior

capacitação do que os mais velhos e, portanto, mais condições de dominar o

trabalho e encontrar novas alternativas para os problemas da produção.

Entretanto para que tudo transcorra sem conflitos é necessário que de ambas as

partes haja compreensão, humildade, equilíbrio e paciência. Esta discussão entre

o antigo e o jovem ou o moderno ainda é possível de se perceber nas empresas,

tendo sido bastante observado nas últimas décadas (TOMIZAKI, 2007).

3.1 Dificuldades das pequenas e médias empresas para implemen- tacão de SGI Nos dias atuais, em meio ao processo de globalização em que se encontra

o Brasil dentro do cenário mundial, as empresas se deparam com mudanças

significativas orientadas pela reestruturação produtiva em curso, necessária para

atender a demanda deste novo mercado consumidor. Estão sendo alterados os

paradigmas que regem as atividades produtivas industriais, desde sua forma de

obtenção de insumos e matérias primas até a entrega do produto final ao

cliente/consumidor. Os requisitos ditados pelo mercado comprador não se

restringem mais somente ao menor preço, menor prazo e melhor qualidade. As

regras atuais que baseiam os contratos de fornecimento incluem, entre outros

itens, os impactos causados pelo processo produtivo ao meio ambiente e à saúde

dos trabalhadores e demais partes envolvidas. As pequenas e médias empresas,

devido as suas características estruturais, têm enfrentado maior dificuldade para

se adequarem a essa nova realidade. A falta de recursos humanos e operacionais

necessários à implantação de um sistema de gestão de SSMA representa um

verdadeiro desafio para estas organizações no momento em que se

disponibilizam para uma tentativa de implantação (LICCO, 2010). É matéria de

grande importância para a economia do país a análise das dificuldades

enfrentadas pelas pequenas e médias empresas na interpretação de técnicas e

conceitos legais de gestão, assim como os motivos de maior descontrole na

prevenção de impactos ao meio ambiente e dos acidentes de trabalho, como

também a ausência de monitoramento de agentes nocivos em seus ambientes de

trabalho. Entender como os trabalhadores interagem com os sistemas de gestão

e o nível de conhecimento e participação encontrados atualmente nas micro,

pequenas e médias empresas onde existe uma iniciativa de gestão integrada

30

pode facilitar as recomendações de melhorias necessárias aos sistemas de

gestão no caso específico das pequenas e micro empresas. A despeito das

diversas normalizações, muitas organizações ainda têm uma visão restrita no

tocante à segurança e saúde ocupacional (FERNANDES, 2005). Por visão restrita

o autor refere-se ao fato de que muitas organizações entendem que o simples

fornecimento de EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) garantem

tranqüilidade e sucesso na prevenção de riscos e de acidentes do trabalho. É

possível identificarmos organizações que não se aperceberam que a gestão

adequada das áreas de segurança, saúde e meio ambiente agrega valor ao

produto final. Um dos grandes fatores de fracasso das pequenas e médias

empresas, alegado por empresários, é a grande carga tributária existente.

Também acontece o desconhecimento de técnicas gerenciais, desconhecimento

das exigências do mercado e falta de planejamento. Estas questões afastam o

empresário das necessidades de entender e implementar sistemas de gestão

integrados em segurança, saúde e meio ambiente (SEBRAE, 2007). Para poder

avaliar a situação em que as empresas se encontram e definir um diagnóstico

tanto antes como depois da implantação de um sistema de gestão, faz-se

necessária a definição de indicadores de desempenho, porém existe uma

carência de medidas e indicadores amplamente aceitos para que uma

organização industrial ou do setor comercial avalie seu desempenho (AMARAL,

2004). O descuido de gerenciamento adequado nas áreas de SMS pode causar

perdas e danos significativos nas micro e pequenas empresas quando

confrontado com fatores competitivos comumente aceitos como: custo; qualidade,

rapidez; flexibilidade e confiabilidade. (FERNANDES, 2005). As PME ficam ainda

mais distantes de ações governamentais nesse campo por apresentar uma

situação de mercado mais branda, mas não menos importante, devido ao grande

numero de PME existentes. A população cria um conceito equivocado de que só

quem é grande que mata, adoenta e fere o trabalhador. Na verdade toda

empresa, independentemente do tamanho, quando não controla e não gerencia

adequadamente os aspectos necessários para uma gestão integrada, acaba

contribuindo negativamente para o país com o aumento do número de lesados e

com a poluição do meio ambiente. (ARCIONI, 2008). Para termos uma visão

estratégica do negócio, a despeito de seu tamanho é necessário um bom

desempenho na gestão da saúde e segurança do trabalho, destinando tempo e

dedicação à gestão destas áreas idênticos aos destinados às outras áreas da

31

empresa. Não há como obter resultados importantes sem o controle das questões

de saúde e segurança. Não havendo mudança de cultura organizacional quando

for necessária, não haverá desempenho adequado na gestão empresarial como

um todo em especial na gestão integrada de segurança, saúde e meio ambiente,

conseqüência que é percebida nas empresas de pequeno e médio porte

(BARREIROS, 2004). A melhoria na segurança, saúde e meio ambiente de

trabalho aumenta a produtividade e diminui o custo final da produção, pois diminui

as paralisações na produção e evita perdas de tempo com acidentes e

absenteísmo. (BERGAMINI, 2008). Igualmente importante para o tema são as

questões sobre o que é falado e é ensinado, mas que diverge do que ocorre na

prática. Treina-se a fábrica de acordo com as necessidades, são passadas aos

colaboradores as técnicas de prevenção de acidentes e de proteção ao meio

ambiente, informam-se os trâmites que envolvem as fiscalizações e como as

ações prevencionistas podem ser eficazes e mesmo com esta abrangência ainda

ocorrem acidentes do trabalho e agressões que causam impactos ambientais

(LICCO, 2009). Segundo Andrade (2008), as micro e pequenas empresas

representam 67% da mão de obra no país, conforme dados do SEBRAE(2007). O

descontrole sobre as condições ambientais em PME pode gerar um exército de

acidentados e doentes ocupacionais tendo o seu custo sustentado pela

previdência oficial ou, de forma mais ampla, por todos os brasileiros. Os dados da

OIT apontam que 34% do total de acidentes e 41% dos acidentes graves ocorrem

nas empresas com menos de 25 empregados.

32

4 FATORES DESAFIADORES NA IMPLEMENTAÇÃO DE SGI EM

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

Dentre tantos fatores que desafiam a atuação nas questões de SSMA por

parte da MPE, Andrade (2008) cita:

Aversão à interação com os serviços públicos de qualquer espécie.

Baixa freqüência ou inexistência de fiscalizações dos órgãos públicos.

Baixo nível de sindicalização e pouco acesso à informação por parte dos

empregados.

Busca de resultados em curto prazo sem visão de benefícios em longo

prazo.

Concentração exagerada e personalista nos problemas, sem

planejamento para situações futuras.

Costume de achar que pequena empresa significa pequeno risco de

saúde e segurança no trabalho.

Desconfiança para receber ajuda externa mesmo que acessível,

relevante e barata.

Desconhecimento da legislação que muitas vezes é complexa e difícil de

compreender.

Empregados pouco capacitados e falta de recursos para capacitação

dirigida a SMS.

Estrutura diretiva pequena e focada em outras áreas.

Falta de acesso à informação.

Falta de acesso a serviços de apoio e consultoria.

Falta de crédito para capital de giro e investimentos.

Falta de participação em associações industriais ou de classe.

Falta de pressão social nas questões de SMS relacionadas às MPE.

Incapacidade financeira para arcar com custos de assessoria

especializada.

33

Inexistência de avaliações de custo com acidentes e doenças desviando

recursos preventivos para outras áreas.

Infra-estrutura física precária e insuficiente.

Instabilidade de emprego que induz à maior ênfase na manutenção do

emprego e não nas condições laborais.

Manutenção da rotina do negócio.

Muita rotatividade de pessoal.

Os contadores e demais terceiros contribuem muito pouco nas questões

de SMS

Pouca ou nenhuma experiência fora da empresa ou do segmento

econômico.

Prática de tomar ações somente no caso de ocorrências.

Situação econômica constantemente em mudança, exigindo constantes

adaptações para sobrevivência e renegando as medidas de SMS para

último plano de prioridade.

Alguns dos itens citados pelo autor não são tão desafiadores para

implementação de SGI como, por exemplo, a falta de acesso à informação, falta

de participação em associações de classe, pouca ou nenhuma experiência fora

da empresa ou do segmento, falta de acessos a serviços de apoio e consultoria,

desconhecimento da legislação e mesmo aversão à interação com serviços

públicos, embora existam formas facilitadas e gratuitas ou de baixo custo de se

obter informações de associações de classe, de aproximação das entidades

governamentais com objetivo de aprimoramento técnico. Há também interações

eletrônicas através de redes de inúmeras empresas, organizações e entidades de

classe que têm unicamente o intuito de promover e orientar populações e

empresas sobre a importância das questões de segurança, saúde e meio

ambiente. A decisão deste envolvimento deve ser da direção da empresa,

momento em que as relações a partir dos primeiros contatos já permitirão uma

melhor visão de gestão integrada, evolução técnica e aumento do conhecimento.

Outros itens citados pelo autor, de fato, são bastante desafiadores como a busca

de resultados em curto prazo sem visão de benefícios em longo prazo, falta de

planejamento futuro, estrutura diretiva pequena e focada em outras áreas,

34

incapacidade financeira para arcar com custos de assessoria especializada, infra-

estrutura física precária e insuficiente, desconfiança quanto à ajuda externa de

baixo custo bem como o fato de só agir após a ocorrência de sinistros. Esses

itens demandam mudanças na cultura organizacional e também exigências

financeiras significativas, o que não é possível de ocorrer em curto prazo, e

também exigem das empresas uma decisão de mudanças na forma de agir,

pensar e de administrar o negócio. Esses desafios aplicam-se igualmente às MPE

e às empresas de médio porte. O descontrole de ações voltadas à saúde, bem

estar, qualidade do ambiente interno e externo e manutenção da integridade física

dos trabalhadores geram resultados negativos de grande impacto na

produtividade, qualidade final, fluxo financeiro e outras interferências negativas

que propiciam fiscalizações governamentais ambientais e trabalhistas, número

crescente de processos trabalhistas e cíveis, maior número de acidentes do

trabalho, aumento do absenteísmo, aumento do número de doenças,

trabalhadores desmotivados, pressões da vizinhança e imagem prejudicada

perante a sociedade e consumidores. A desarticulação de esforços na MPE e nas

empresas de médio porte é traduzida como se os vários setores da empresa

caminhassem desassociados um dos outros, disputando separadamente os

objetivos de cada área, o que acarreta grandes malefícios à saúde e segurança e

prejuízos ao meio ambiente, criando inúmeros entraves e decréscimos nos

resultados da empresa. Tem-se como esforço permanente criar formas de

inclusão das necessidades de segurança do trabalho, de saúde e de meio

ambiente em cada área de negócios e em cada etapa. (ANDRADE, 2008). A não

priorização de ações integradas de SSMA através de um modelo proposto

específico dificulta a definição de etapas integradoras impedindo crescimento e

dificultando a longevidade do negócio. Sem condições adequadas de trabalho os

profissionais sofrem acidentes e problemas de saúde e o meio ambiente fica

desprotegido com conseqüente surgimento de impactos ambientais. Todas as

ações e decisões incorretas nas áreas de segurança, saúde e meio ambiente são

injustificáveis, principalmente pela importância que tais temas tem na participação

dos negócios no segmento empresarial e a busca da reversão das questões

problemáticas no sentido de considerar SSMA como parte fundamental do

negócio é o caminho a ser seguido. Haslam (2002, apud COSTA e MENEGON,

2007) argumenta que “as ações dos indivíduos são moldadas por seus

conhecimentos, habilidades, hábitos e desejos, os quais, por sua vez, são

35

influenciados por aspectos psicológicos e sociais.” Além de prover informação aos

líderes, é necessário que os operadores entendam o benefício de uma melhoria.

Isso é possível com um processo de educação, treinamento, encorajamento e

retorno de informações caso seja necessário adotar uma maneira diferente de

realizar uma tarefa ou utilizar uma máquina redesenhada. Em quaisquer

organizações, a cultura organizacional é imprescindível para o sucesso de um

sistema de gestão integrado, pois envolve, de um modo geral, atitudes,

comportamentos, crenças, valores, modo de fazer, bem como outras

características pessoais (OHSA, 2004). Com tal pensamento firmado, nota-se que

é preciso criar uma cultura de segurança que exige mudança no comportamento

das pessoas. (BARREIROS, 2002; 2004). Neste sentido, é de vital importância

que as MPE e as PME sejam alvo de um programa que objetive a divulgação e

educação em SSMA por meio de assessorias técnicas especializadas, num

esforço conjunto de entidades públicas e privadas. A informação atualizada em

consonância com a legislação vigente e as melhores práticas em SSMA,

devidamente personalizadas para a realidade das MPE e PME podem ser o

diferencial capaz de mudar os paradigmas dos pequenos e micro

empreendedores e dos empreendedores de empresas de médio porte em relação

à importância e viabilidade de medidas de controle e até de sistemas de gestão

de SSMA, assim como aproximar os trabalhadores dos métodos de controle e

prevenção que incentivam a participação e comprometimento com os sistemas de

gestão de SSMA. A busca do entendimento da postura, a compreensão das

diferenças, a participação em eventos, convites para participação em eventos

internos e interação com os serviços públicos de forma abrangente, valorizando

seus ideais e estrutura, levando-se em conta suas limitações e propósitos, em

especial os serviços públicos diretamente relacionados com SSMA, contribuem de

forma importante e significativa no processo geral de implementação de sistema

de gestão integrada. A participação em sindicatos de classe, associações

profissionais que envolvam o tipo de mão de obra existente, entidades que

representem categorias de importantes segmentos produtivos, favorecendo maior

acesso às informações de todos os âmbitos, gerando discussões, crescimento e

evolução dos conceitos, juntamente com conscientização, favorece e fortalece a

estruturação da pequena e média empresa. É necessária a mudança do conceito

de apenas resolver os sinistros à medida que eles surgirem, de forma imediata

sem quaisquer ações futuras que garantam ou que impeçam a repetição de

36

eventos semelhantes, como postura mais adequada da PME. Sem essa mudança

ocorrerá a repetição de acontecimentos desagradáveis e similares. A

compreensão técnica e cientifica de assuntos voltados à Segurança, Saúde e

Meio Ambiente não garante às PMEs que não ocorram acidentes de trabalho ou

impactos ambientais quer sejam eles de pouca severidade ou de altíssima

severidade. Deve-se , entretanto,partir da premissa que acidentes do trabalho ou

impactos ao meio ambiente são sempre graves e severos e, portanto, o tamanho

da empresa não é o fator definidor das ações de controle, pois a severidade dos

sinistros não é diretamente relacionada ao tamanho do negócio. Para o sucesso

nos controles de sinistros é importante a aceitação de que nas PMEs as áreas de

segurança, saúde e meio ambiente tem potencial para dificultar o crescimento e

manutenção do negócio, exigindo, portanto gestão estruturada, consolidada e

direcionada a gestão integrada. A Identificação das legislações que abrangem o

negócio utilizando-se de meios que o mercado oferece, garante o entendimento

das exigências legais de forma clara e prática, e direciona para a necessidade de

auxílio profissional de especialistas neste tipo de legislação de forma a facilitar a

compreensão e o cumprimento fiel dos requisitos legais. Para implementar um

sistema de gestão em SSMA é importante a assessoria de empresa ou

profissional especializado, no caso da inexistência deste na PME, fato comum em

empresas deste porte. A decisão de capacitação dos profissionais que

demonstrarem interesse e perfil para atuarem em SSMA, nesse caso,

aproveitando um conhecimento prévio da empresa é prática adotada. A PME

deve estar ciente de que, sendo uma ou outra forma de decisão quanto à mão de

obra especializada, ainda será imprescindível que ocorram outras capacitações e

treinamentos para integrantes da empresa em razão do envolvimento destes em

fases importantes do processo. É importante oferecer informação aos

empregados sobre os resultados estatísticos das áreas de segurança, saúde e

meio ambiente através de quadros de avisos, painéis eletrônicos, postos de

acesso à Internet, guias específicos, cartilhas e treinamentos, ressaltando que a

informação traz retornos importantes para todos e não oferece riscos de greve,

motins ou rebeliões. A situação de liberdade de informações internas ainda é um

grande desafio nas PME, mas deve ser suplantada com diálogo, elaboração de

textos técnicos e com orientação prévia por parte da supervisão, pois fortalece a

confiança que a empresa demonstra em relação aos colaboradores e motiva-os

também a confiarem nos seus empregadores. A alta direção planeja ações e

37

estabelece prioridades que envolvam as questões de segurança, saúde e meio

ambiente para que a implementação de gestão integrada possa ser executada de

forma contínua e convincente. Segundo Costa e Menegon (2007), simplesmente

instruir quanto à segurança não garante que tudo correrá bem. Organizar o

trabalho é essencial para que a mudança seja de fato eficaz para eliminar fatores

de risco no trabalho, tanto na questão de segurança, quanto de saúde, não só

contribuindo para diminuição de acidentes, mas também para a prevenção de

doenças relacionadas ao trabalho.

38

5 O MODELO PROPOSTO

O modelo alternativo de gestão integrando aspectos de SSMA aplicável a

empresas de pequeno e médio porte proposto neste estudo de caso está

demonstrado de forma completa no fluxograma da figura 3 clareando os passos

seqüenciais indicados para serem cumpridos na aplicação deste estudo e

facilitando a visualização e compreensão da proposta. É um modelo que permitirá

como procuraremos demonstrar, que pequenas e médias empresas possam

administrar e gerenciar questões de segurança, saúde e meio ambiente, de forma

conjunta e abrangente, com o conhecimento pleno de seus perigos e riscos

ambientais.A seguir a figura 3, mostra o fluxograma do modelo alternativo

proposto.

39

Fonte : Ricardo Penteado Ferreira

Figura 3 - Fluxograma do Modelo Alternativo Proposto para

implementação de SGI em SSMA

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

Necessita implantar

SSMA?

Necessita implantar

SSMA?

NãoNão

EncerraEncerra

SimSim

Medidas implementadas

corretamente?

Medidas implementadas

corretamente?NãoNão

Identificadas

oportunidades

para

melhorias ?

Identificadas

oportunidades

para

melhorias ?

NãoNão SimSim

Levantamento APIRLevantamento APIR

Definição de Prioridades,

Objetivos, Metas e Recursos

Definição de Prioridades,

Objetivos, Metas e Recursos

Implantação das Medidas

Preventivas, Corretivas e de

Melhorias Contínuas

Implantação das Medidas

Preventivas, Corretivas e de

Melhorias Contínuas

Monitoramento das medidas

implantadas

Monitoramento das medidas

implantadas

Acompanhamento periódico com

vistas à melhoria contínua

Acompanhamento periódico com

vistas à melhoria contínua

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

Necessita implantar

SSMA?

Necessita implantar

SSMA?

NãoNão

EncerraEncerra

SimSim

Medidas implementadas

corretamente?

Medidas implementadas

corretamente?NãoNão

Identificadas

oportunidades

para

melhorias ?

Identificadas

oportunidades

para

melhorias ?

NãoNão SimSim

Levantamento APIRLevantamento APIR

Definição de Prioridades,

Objetivos, Metas e Recursos

Definição de Prioridades,

Objetivos, Metas e Recursos

Implantação das Medidas

Preventivas, Corretivas e de

Melhorias Contínuas

Implantação das Medidas

Preventivas, Corretivas e de

Melhorias Contínuas

Monitoramento das medidas

implantadas

Monitoramento das medidas

implantadas

Acompanhamento periódico com

vistas à melhoria contínua

Acompanhamento periódico com

vistas à melhoria contínua

40

5.1 Sequência de Aplicação do Modelo

5.1.1. Diagnóstico Preliminar

O primeiro passo é dedicado ao diagnóstico preliminar da empresa para

determinar ou não a necessidade de implementação de SGI em SSMA. No

modelo alternativo proposto mais de um resultado da avaliação aplicada pelo

Diagnóstico Preliminar, considerado como insatisfatório e classificado como

obrigatório de ser cumprido, tanto para Meio Ambiente como para Segurança e

Saúde Ocupacional, indicam a necessidade de se implementar SGI em SSMA .

No caso de não haver necessidade de implementação dada às condições de

excelência em SSMA da empresa, o assunto encerra-se com a empresa

mantendo o seu status-quo, conforme pode ser observado na Figura 3

(Fluxograma do Modelo Alternativo Proposto para implementação de SGI em

SSMA) com a informação “Encerra”. O diagnóstico preliminar baseia-se em dois

critérios: um para avaliação e um para classificação das condições ambientais e

de SSO das empresas. O diagnóstico preliminar de avaliação é realizado a partir

dos quadros 1 e 2, nos quais estão reunidos os critérios a serem seguidos. No

quadro 1, estão listados os critérios para meio ambiente e, no quadro 2, os

critérios para segurança e saúde ocupacional. O diagnóstico preliminar de

classificação é feito com o auxílio dos quadros 3 e 4, nos quais estão descritos

os critérios a serem adotados. Para apresentação dos diagnósticos de meio

ambiente e de segurança e saúde ocupacional existem os quadros 5 e 6. Os

dados dos quadros 5 e 6 são posteriormente consolidados utilizando-se as

tabelas 1 e 2. A seguir os quadros 1 e 2 descrevem os critérios de avaliação do

modelo proposto.

41

Quadro 1 - Diagnóstico Preliminar-Critério de Avaliação-MA

42

43

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

Quadro 2 - Diagnóstico Preliminar-Critério de Avaliação- SSO

44

45

46

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

O quadro 1 de Meio Ambiente tem 5 subdivisões para avaliação : Sistema

de Gestão Ambiental; Requisitos Legais; Gestão de Resíduos/Materiais

perigosos; Gestão de Efluentes/Recursos Hídricos ; Gestão de Emissões

Atmosféricas/Ruído. O quadro 2 de Segurança e Saúde Ocupacional tem 4

subdivisões para avaliação : Sistema de gestão de segurança e saúde

ocupacional; Requisitos legais; Segurança do Trabalho; Saúde Ocupacional.

O critério adotado para avaliação das situações caracteriza as verificações

em três modalidades: insatisfatório; satisfatório; excelente. Verificam-se, nas

colunas de avaliação, as orientações para caracterização através de texto

explicativo. O Diagnóstico Preliminar deve ser aplicado sempre que ocorrerem

alterações no processo ou mudanças que indiquem a necessidade de novos

diagnósticos.

47

Um profissional de SSMA previamente treinado e capacitado é o

profissional indicado para tal diagnóstico. O segundo critério do Diagnóstico

Preliminar trata da classificação dos resultados e os quadros 3 e 4 definem

respectivamente as classificações de Meio Ambiente e de Segurança e Saúde

Ocupacional de todos os itens utilizados no diagnóstico. A seguir os quadros 3 e

4 descrevem os critérios de classificação do modelo proposto.

Quadro 3 - Diagnóstico Preliminar - Critério de Classificação-MA

48

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

49

Quadro 4 - Diagnóstico Preliminar - Critério de Classificação-SSO

50

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

O quadro 3 de Meio Ambiente tem 5 subdivisões para classificação :

Sistema de Gestão Ambiental; Requisitos legais; Gestão de Resíduos/Materiais

Perigosos; Gestão de Efluentes/Recursos Hídricos ; Gestão de Emissões

Atmosféricas/Ruído. O quadro 4 de Segurança e Saúde Ocupacional tem 4

subdivisões para avaliação : Sistema de gestão de segurança e saúde

ocupacional; Requisitos legais; Segurança do Trabalho; Saúde Ocupacional.

O critério adotado para classificação das situações caracteriza as verificações em

duas modalidades :desejável e obrigatório. A classificação já vem descrita na

51

linha do item. Os quadros 5 e 6, a seguir demonstrados, organizam os dados

para apresentação do Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente e de Segurança e

Saúde Ocupacional.

Quadro 5- Forma de Apresentação do Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente

52

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

53

Quadro 6. Forma de Apresentação do Diagnóstico Preliminar de Segurança e

Saúde Ocupacional

54

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

As tabelas 1 e 2 consolidam, respectivamente, os resultados do Diagnóstico

Preliminar de Meio Ambiente e de Segurança e Saúde Ocupacional. A seguir, são

demonstradas as tabelas 1 e 2.

55

Tabela 1 - Consolidação dos resultados do Diagnóstico Preliminar de Meio

Ambiente

Questões verificadoras 21 AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE Situações satisfatórias Situações excelentes Situações insatisfatórias CLASSIFICAÇÃO Situações desejáveis de serem cumpridas

Situações obrigatórias Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

Tabela 2 - Consolidação dos resultados do Diagnóstico Preliminar de

Segurança e Saúde Ocupacional

Questões verificadoras 27 AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE Situações satisfatórias Situações excelentes Situações insatisfatórias CLASSIFICAÇÃO Situações desejáveis de serem cumpridas

Situações obrigatórias Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira As tabelas 1 e 2 são usadas para consolidar os dados obtidos na aplicação

do diagnóstico. A interpretação dos resultados permitirá que se decida pela

seqüência da utilização do modelo alternativo proposto ou interrupção do modelo,

caso em que os resultados obtidos apresentarão condições de excelência após a

aplicação do diagnóstico preliminar. As situações insatisfatórias são as que

induzem as empresas a decidirem pela implementação de Sistema de Gestão

Integrado. As constatações e observações referentes às situações classificadas

como obrigatórias não cumpridas são as que fortalecem a decisão de

implementar SGI de SSMA. Dentro do modelo alternativo proposto, mais de um

resultado da avaliação considerado insatisfatório e classificado como obrigatório

de ser cumprido, tanto para Meio Ambiente como também para Segurança e

Saúde Ocupacional, demonstram a necessidade de se implementar SGI em

SSMA.

56

5.1.2. Levantamento APIR

Havendo a necessidade de se implementar SSMA, o modelo segue para o

levantamento de aspectos, perigos , impactos e riscos(Planilha APIR) na tabela 3

na qual são identificados todos os impactos e riscos existentes.

Tabela 3 – Aspectos,Perigos,Impactos e Riscos(APIR)

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

Detalhamento da Planilha APIR A planilha é composta por 10 colunas com todos os aspectos, perigos,

impactos e riscos a serem levantados. A primeira coluna, denominada

Aspecto/Perigo os aspectos ambientais e perigos são colocados e avaliados

conjuntamente integrando aspectos de SSMA. Faz-se a junção das duas

informações utilizando as próprias definições das normas ISO 14.001(2004) e

OHSAS 18.001(2007). Verifica-se que a compreensão da coluna mostra-se

adequada ao público envolvido. Na segunda coluna, denominada Impacto/Risco,

os impactos e riscos são colocados e avaliados de forma conjunta, direcionando

para o modelo integrado Da mesma forma que nos aspectos e perigos, aplica-se

a definição das normas ISO 14.001(2004) e OHSAS 18.001(2007) onde são

caracterizados todos os impactos e riscos observados nos levantamentos. A

57

terceira coluna mostra o regime operacional no qual a situação observada se

manifesta, conforme critério abaixo:

- Normal: são aquelas situações planejadas e rotineiras.

- Anormal: são situações planejadas ou não planejadas, mas com uma

periodicidade maior (mensal, semestral, anual).

-Emergencial: são as situações não planejadas, mas que podem resultar em

impactos ambientais e/ou riscos significativos.

A pontuação da quarta, quinta e sexta coluna segue o critério definido na

tabela 6, verificando-se se a situação avaliada enquadra-se em impacto ou risco.

A sétima coluna informa o resultado do produto dos números. Na oitava coluna os

resultados a partir de 8 tem a menção Significativo(S) e merecem atenção

prioritária dentro do Sistema de Gestão Integrado. São colocados, na nona

coluna, os controles existentes para cada impacto/risco descrito. Na décima

coluna colocam-se as medidas propostas para cada impacto e risco observado. A

planilha APIR(Tabela 3) deve ser avaliada anualmente e sempre que ocorrerem

alterações no processo ou quaisquer mudanças que indiquem a necessidade de

novos levantamentos. A pontuação dos Impactos e Riscos é realizada com apoio

da tabela 4.

Tabela 4 – Critério de Pontuação de Impactos/Riscos

CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO(P) DE IMPACTOS/RISCOS

G (GRAVIDADE) A (ABRANGÊNCIA)

Incômodo ao Meio Ambiente/Lesões leves P = 1

Local/ Só há percepção da dor no posto de trabalho P = 1

Danos ao Meio Ambiente/Lesões de incapacidade temporária P = 2

Até o limite da fábrica/A lesão permanece por mais de 7 dias P = 2

Danos irreversíveis ao Meio Ambiente/Lesões graves P = 3

Além do limite da fábrica/Lesão permanente P = 3

F (FREQÜÊNCIA) – Consumo e Disposição

P (PROBABILIDADE) - Acidentes

Mensal P = 1 Baixa P = 1

Diariamente P = 2 Média P = 2

Todo o tempo P = 3 Alta P = 3

RESULTADO = G x A x (F / P)

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira com base no Procedimento Interno da BSC para Pontuação de Impactos Ambientais (2009)

58

A pontuação igual ou maior que oito pontos indica que o impacto/risco é

significativo e merece atenção prioritária dentro do modelo alternativo proposto.

5.1.3. Medidas Propostas, Objetivos e Metas

A partir dos resultados da Planilha APIR, são definidas as prioridades com

medidas propostas para os itens significativos bem como objetivos, metas e

recursos necessários para implementação do SGI. As medidas propostas devem

contemplar medidas preventivas, corretivas e de melhoria contínua de forma

generalizada. O quadro 7 elenca as medidas propostas, objetivos e metas.

Quadro 7 - Medidas Propostas, Objetivos e Metas

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

5.1.4. Implantação das Medidas Preventivas, Corretivas e Melhorias Um profissional responsável pela Administração (RA) apóia e aprova as

medidas propostas para que sejam implementadas sem desvios, sem

interrupções e com as devidas liberações e autorizações, dentro dos prazos e nas

condições identificadas no qaudro 7.

59

5.1.5. Monitoramento das Medidas Propostas, Objetivos e Metas

A partir da implementação das medidas propostas é necessário que estas

sejam monitoradas utilizando-se para tal o quadro 8.

Quadro 8 – Monitoramento das Ações

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

Legenda

C Corretiva

P Preventiva

M Melhoria

I Informação

O Comitê Coordenador de Gestão integrada monitora as ações definidas,

distinguindo o tipo de ação (corretiva, preventiva, melhoria, informação), prazo

situação atual e medida adotada. Com tais informações é possível o

questionamento sobre a situação correta ou não da implementação, sendo que,

se for considerada correta, segue para acompanhamento periódico e análise

crítica com vistas à melhoria contínua. Na etapa posterior, é verificada se a

implementação das medidas propostas se fez de forma adequada. No caso da

identificação de desvios, deve-se retornar à etapa de implantação de medidas

preventivas e corretivas e de melhorias contínuas. Não havendo desvios, segue-

se para acompanhamento periódico através de atas de reuniões mensais, dando

especial atenção à melhoria contínua. Nesse ponto, se identificadas

60

oportunidades de melhoria pela inconsistência de determinadas medidas

adotadas, retorna-se à etapa de Medidas Propostas, Objetivos e Metas e, se não

forem identificadas inconsistências, os tópicos devem permanecer num ciclo de

acompanhamento periódico. Um profissional de SSMA é quem deve acompanhar

periodicamente as ações, através da Planilha de reuniões de segurança e meio

ambiente. Um modelo de ata de Segurança e Meio Ambiente é apresentado no

quadro 9.

Quadro 9 - Modelo de Ata de Segurança e Meio Ambiente

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

Legenda

C Corretiva

P Preventiva

M Melhoria

I Informação

Após análise crítica dos itens acompanhados nas reuniões mensais de

Segurança e Meio Ambiente, é verificado se existem oportunidades de melhoria e,

em caso positivo, o tópico identificado retorna para o quadro 7 para a implantação

sob a supervisão do RA. Em caso de não ter sido verificada oportunidade de

melhoria, passa a ser um item de acompanhamento periódico, permanecendo na

ata no campo “Assuntos Resolvidos” até a próxima reunião para confirmar

fechamento definitivo do tópico, podendo surgir novamente como “Assuntos

Novos” em reuniões posteriores. O campo de “Assuntos Pendentes” é preenchido

com as ações tomadas para atender às medidas propostas, objetivos e metas,

61

com anotação dos prazos previstos definidos no qaudro 7, sendo que novos

prazos são estabelecidos quando não houver condições de cumprir os prazos

previstos. No caso de cumprimento dos prazos previstos, não haverá anotação de

prazos novos. À Medida que os assuntos pendentes são resolvidos, seguem para

o campo “Assuntos Resolvidos”. Os assuntos novos surgidos nas reuniões de

Segurança e Meio Ambiente, não anotados anteriormente, inicialmente são

anotados na ata como “Assuntos Novos” e aparecerão na ata do próximo mês,

seguindo para “ Assuntos Pendentes” nas reuniões seqüenciais até a resolução

da pendência, momento no qual a anotação seguirá para o campo “ Assuntos

Resolvidos”. Para dar maior identificação e agilidade ao tema, anotamos na

coluna denominada “Ações” do quadro 9 a respectiva caracterização da ação. O

responsável pela ação tem o nome citado e o prazo previsto para solução. As

reuniões são mensais e permite-se a reavaliação do prazo previsto. No campo

“Assuntos Resolvidos” deve ser anotada, sempre que possível, a data exata de

conclusão do assunto. As medidas propostas com base no resultado do

diagnóstico preliminar e na significância dos impactos e riscos são incluídas na

ata para atribuição de responsabilidades pelas ações a serem tomadas através de

programas específicos ou de ações pontuais de controle ou modificação. A

seqüência de inclusões na ata de Segurança e Meio Ambiente para

acompanhamento periódico (quadro 9), após o tratamento dos itens significativos

apurados nos levantamentos deve seguir a quantificação de pontos da Planilha

APIR em ordem decrescente, utilizando-se os passos do modelo alternativo

proposto, fase em que a aplicação do modelo estaria atuando em melhoria

contínua no tratamento de aspectos de SSMA, já tendo, portanto tratado os

impactos e riscos significativos. A definição de responsável traz maior agilidade e

direcionamento na consecução das ações.

5.2 Responsabilidades

Um item de extrema importância para o modelo alternativo proposto é a

atribuição de responsabilidades na consecução dos passos do fluxograma para

que a proposta seja executada dentro de regras adequadas e com a prestação

dos serviços feita por profissionais que consigam dar o suporte necessário. Em

PME, os comandos das áreas produtivas não respeitam um padrão similar,

existindo, portanto, diferentes profissionais no comando de áreas semelhantes. O

62

importante é que as responsabilidades sejam atribuídas a profissionais

capacitados a exercerem atividades na área de SSMA, situação que sempre pode

ser incrementada e formalizada com profissional previamente treinado e

capacitado para exercer estas atividades. Na Figura 4 a seguir estão

estabelecidas as responsabilidades atribuídas pelo modelo proposto em cada

fase de sua utilização. É importante esclarecer que as nomenclaturas utilizadas

para as responsabilidades atribuídas a cada item do modelo variam de empresa

para empresa, em função da cultura gerencial existente, cabendo ao responsável

pela utilização do modelo adequar conforme o estilo de administração existente.

63

Figura 4 – Responsabilidades atribuídas pelo modelo na implementação de SGI

de SSMA

Item do Modelo Responsabilidades

5.3 Ferramentas

A operacionalização do modelo proposto apóia-se em ferramentas

específicas importantes que contribuem com a visão e entendimento da empresa

nos passos a serem seguidos bem como possibilita o registro dos trabalhos de

campo, e uma visão abrangente da situação e a percepção dos desvios de forma

clara e formal. As tabelas associadas aos diferentes itens do modelo demonstram

de forma global a relação de gestão integrada proposta de maneira direta e

possível de ser aplicada em PME respeitando-se o estilo de administração

adotado em cada uma delas. A utilização destas ferramentas, possibilita maior

facilidade na identificação das necessidades, orienta e padroniza o estilo adotado

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

Levantamento APIR

Medidas Propostas, Objetivos, Metas e Recursos

Implantação das Medidas Preventivas, Corretivas e de Melhorias Contínuas

Monitoramento das medidas implantadas

Acompanhamento periódico com vistas à melhoria contínua

Profissional de SSMA *

Profissional de SSMA *

Comitê Coordenador de GI

RA - Responsável Adm.

Comitê Coordenador de GI

Profissional de SSMA *

SSMA* = Profissional de Segurança, Saúde e Meio Ambiente previamente treinado e capacitado.

64

na execução dos levantamentos de campo. A Figura 5 consolida as ferramentas

propostas para a consecução dos trabalhos de implementação do modelo

alternativo proposto estando certo e claro que outras ferramentas podem ser

criadas e associadas a elas, especificando e detalhando com maior ênfase outros

aspectos observados. A seguir é apresentada a figura 5.

Figura 5 – Ferramentas propostas pelo modelo para implementação de SGI em

SSMA

Item do Modelo Ferramentas

O processo de aplicação das ferramentas, dentro do modelo proposto, tem

um papel fundamental na consolidação dos dados a serem obtidos e na

seqüência da aplicação do modelo. As ferramentas sugeridas no modelo

permitem a seqüência de eventos de implementação de forma a direcionar a

empresa para um processo de gestão integrada gradual e contínuo, apoiado em

DIAGNÓSTICO PRELIMINAR

Levantamento APIR

Medidas Propostas, Objetivos, e Metas

Implantação das Medidas Preventivas, Corretivas e de Melhorias Contínuas

Monitoramento das medidas implantadas

Acompanhamento periódico com vistas à melhoria contínua

Quadros 1, 2, 3 e 4

Tabela 3

Quadro 7

Quadro 7

Quadro 8

Quadro 9

65

proposta estruturada e padronizada. As ferramentas não têm elementos

complexos que dificultem a aplicação do modelo proposto.

66

6. DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA SITUAÇÃO DE SSMA NA BOLLHOFF SERVICE CENTER Como primeiro objetivo específico deste estudo faz-se, a seguir, o

diagnóstico da situação de saúde, segurança e meio ambiente da empresa em

que foi desenvolvido o estudo de caso.

6.1 A empresa Bollhoff Service Center A cidade de Jundiaí está localizada ao lado da Serra do Japi, a 63

quilômetros da capital do estado de São Paulo; fica entre as cidades de Campinas

e São Paulo com uma população aproximada de 350.000 habitantes em uma área

de 432 Km². O acesso à cidade é feito pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes

e Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, além de estar situada próxima dos acessos

da rodovia Castelo Branco, Dom Pedro I e Fernão Dias.Faz limites com 11

municípios: Jarinú, Itatiba, Vinhedo, Louveira, Itupeva, Cabreúva, Pirapora do

Bom Jesus, Cajamar, Franco da Rocha, Campo Limpo Paulista e Várzea

Paulista.Tem uma área tombada, denominada Serra do Japi, com 91,4 Km². Tem

temperatura média anual de 20,9 graus Celsius, altitude de 761 m e os principais

rios que atravessam o município são : Guapeva, Jundiaí - Mirim e Jundiaí. A

cidade está situada num planalto e o clima é temperado. Na primeira metade do

século XX, passou a desenvolver seu parque industrial, que não parou de crescer

até o ano de 2009. Atualmente destaca-se nas áreas cultural, educacional,

tecnológica e ambiental, impulsionada em especial pela área tombada da Serra

do Japi. O produto interno bruto do município é acima dos 6 bilhões de reais por

ano , com uma renda per capta de aproximadamente R$ 18.200,00 por ano. A

Bollhoff Service Center Ltda, denominada BSC é uma empresa Multinacional de

origem alemã que iniciou suas atividades há 44 anos no Brasil e atua em diversos

segmentos do mercado de elementos de fixação. Trata-se de estabelecimento

industrial fabricante de elementos de fixação para a área de construção civil e

automotiva em geral. A Diretoria, gerência e supervisão no Brasil são formadas

por brasileiros e têm duas visitas anuais dos principais acionistas alemães. O

grupo tem fábricas de pequeno e médio porte e unidades de Logística e

Distribuição em outras partes do mundo, em especial na Alemanha, França,

Estados Unidos, México, Argentina, Índia e China. Quanto à classificação de

67

empresas em relação ao porte, seguem-se no Brasil os critérios definidos pelo

SEBRAE (2004).

Tabela 5 – Classificação do Porte da Empresa conforme SEBRAE

A Bollhoff Service Center Ltda. de Jundiaí, local do desenvolvimento do

estudo de caso, enquadra-se como empresa de médio porte. A classificação do

BNDES( 2010) que baseia-se no faturamento anual variável e nesse estudo de

caso não é significativa, uma vez que o faturamento não se liga a aspectos de

SSMA.

Tabela 6- Classificação do Porte da Empresa conforme BNDES

Fonte: BNDES (2010) A atividade empresarial principal da Bollhoff é classificada nos termos da

Norma Regulamentadora Nº. 4 da Portaria MTE Nº. 3.214/78 com alteração dada

pela Portaria Nº. 1 de 12/05/95, como Fabricação de Artefatos de Trefilados e, de

acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), está

definida como atividade de grau de risco 4, que é a considerada a atividade de

maior risco de segurança e saúde do trabalho. O ramo de atividade está inserido

na indústria e comércio de produtos metalúrgicos, elementos de fixação,

ferramentas, acessórios em geral, importação e exportação e demais atividades

de comercio exterior; serviços de armazenagem e distribuição de produtos e

acessórios; assistência técnica, manutenção, reparo, conserto de ferramentas em

geral. Os principais produtos fabricados são:

68

-Rivkle e Plusnut (porcas rebites)/ Rifast ( peças prensáveis);

-Helicoil(roscas postiças)/ Amtec(insertos roscados);

-Meplag(cabeça plástica)/Ecosit-auto gestão;

-Porcas Autotravantes nylon/Porcas especiais/ Porcas padronizadas;

-Parafusos estojos/Parafusos aço carbono/ Fixadores em aço inox/Rebitadeiras.

Opera com um efetivo médio de 210 colaboradores. A área de produção da

BSC e áreas de Recebimento de Materiais, Logística e Manutenção estão

situadas num galpão industrial ( Barracão tipo Shed) com aproximadamente

12.000 m², onde são englobadas várias células produtivas como Estampagem,

Rosqueadeira e Usinagem.O piso é de concreto armado , as paredes de

alvenaria, a estrutura do telhado é metálica e as telhas são de fibrocimento. A

ventilação é natural, através das portas de acesso ao galpão industrial, aberturas

dos Sheds, e artificial com equipamentos de ventilação exaustora e insufladores

de ar, movidos a energia elétrica, que possibilitam ao setor produtivo a troca de

ar do ambiente. A iluminação é artificial, através de lâmpadas de vapor de sódio,

e natural, através das aberturas dos Sheds. O pé-direito é de 10 metros e o

telhado é de duas “águas”, com Sheds distribuídos de forma longitudinal e

uniforme. No quadro 10 a seguir são apresentados aspectos prediais e estruturais

da BSC.

Quadro 10 – Descritivo da BSC

Área total do terreno 57.951,00 m²

Área construída 12.000 m² Pé direito 10 metros

Estrutura do prédio Concreto armado e estrutura metálica para o telhado Piso Concreto com material antiderrapante resistente

Fechamento lateral Alvenaria (blocos sem revestimento com pintura)

Cobertura Telhado em 2 níveis de altura, em 2 águas, coberto por telhas de fibrocimento e telhas translúcidas intercaladas. Áreas administrativas com laje de concreto

Iluminação Natural: através dos sheds , telhas translúcidas, vitros e passagem lateral existente.

Artificial: através de luminárias providas de lâmpadas fluorescentes distribuídas em espaços simétricos e instalados a meia altura do teto.

Ventilação Natural: pelas aberturas das portas, janelas, shed’s e

vitros laterais; Artificial: ar condicionado (nos escritórios) e

insufladores, exaustores e ventiladores (produção). Efetivo médio 210 colaboradores

Fonte: Elaboração Ricardo Penteado Ferreira

69

A matéria-prima chega à área de recebimento de matérias-primas na forma

de fio-máquina ou na forma de barras. Fios-máquinas são entregues no estilo de

um carretel de altura aproximada de 1,50 m e o fio metálico vem enrolado em

volta de uma haste que sustenta toda a carga. São vários os diâmetros adquiridos

para suprir o processo produtivo. Na forma de barras, a matéria-prima vem com

barras retas, em vários diâmetros, aglomeradas e amarradas de forma

resistente.A movimentação desses materiais só é realizada com a utilização de

empilhadeiras e também com o auxílio de equipamentos de guindar. As máquinas

de estampar da Produção recebem a matéria – prima tipo fio-máquina e a

Usinagem, setor onde estão localizados os tornos, recebe a matéria-prima na

forma de barras. A Rosqueadeira é um setor de segunda-operação, pois recebe a

peça para execução da rosca. Existe um setor de Tratamento Térmico, onde parte

das peças sofrem aquecimento para enrijecimento ou para amolecimento,

dependendo do material que constitui a matéria-prima e das exigências do cliente

e da área de Engenharia de Projetos. O fluxograma de produção da BSC é

apresentado na figura 6.

Figura 6 – Fluxograma Produtivo da BSC

Fonte: Elaboração Ricardo Penteado Ferreira

A BSC possui profissionais de formação superior em Engenharia de

Segurança do Trabalho e em Meio Ambiente e em Medicina do Trabalho e

profissionais de nível médio que atuam como Técnicos de Segurança do

70

Trabalho. O Quadro 11 apresenta as atribuições dos profissionais do SESMT da

BSC

Quadro 11 – Atribuições dos profissionais do SESMT da BSC

Cargo/Função Atribuições

Engenheiro de

Segurança do

Trabalho

Supervisionar tecnicamente os serviços de Engenharia de Segurança, enfatizando e influenciando a equipe do HST e colaboradores, quanto à prevenção da poluição sempre que praticável;

Avaliar as condições de segurança dos locais de trabalho de todas as fábricas e administração;

Verificar as necessidades de controle de poluição específicas, exercendo tal controle, quando necessário, atendendo a legislação ambiental vigente.

Dar suporte técnico a assuntos ligados a Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, para os técnicos e para o médico do trabalho;

Avaliar e emitir laudos técnicos, bem como estabelecer medidas de controle quanto aos agentes agressivos nos ambientes do trabalho, sejam eles: agentes físicos, químicos e biológicos;

Investigar as causas de acidentes e propor medidas preventivas;

Implementar uma conduta de segurança, a fim de facilitar a administração de programas preventivos, a execução de normas e o cumprimento dos regulamentos internos, bem como comprometer-se com o cumprimento dos requisitos da NBR ISO 14001 sendo o representante nomeado pela Diretoria para coordenar os assuntos referentes ao Meio Ambiente;

Opinar e Supervisionar do ponto de vista da Engenharia de Segurança os projetos de construção civil e projetos em geral, em especial no que tange às exigências dos órgãos fiscalizadores, sempre que praticável;

Coordenar atividades de proteção contra incêndio;

Delimitar áreas consideradas perigosas;

Prestar atendimento público a ex-colaboradores nas questões que envolvam aposentadoria especial.

Técnico de

Segurança do

Trabalho

Emitir parecer técnico sobre riscos existentes no ambiente de trabalho e propor medidas para eliminar ou neutralizar os mesmos;

Informar os trabalhadores sobre os riscos de cada atividade;

Identificar fatores de risco de acidentes do trabalho,

71

doenças profissionais e a presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador e ao meio ambiente, propondo medidas para eliminar ou controlar os mesmos, inclusive para os terceiros;

Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho e de proteção do meio ambiente;

Executar as normas de segurança do trabalho, atendendo também à legislação ambiental vigente;

Comprometer-se com as exigências do sistema de gestão ambiental (NBR ISO 14001) existente;

Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico para que sejam tomadas ações de proteção ao trabalhador e de proteção ao meio ambiente.

Médico do

Trabalho

Supervisionar equipe do ambulatório médico da BSC;

Garantir a promoção da saúde em todos os setores da BSC;

Realizar os exames admissionais, de mudança de função, de retorno ao trabalho, periódicos e demissionais;

Atuar de forma preventiva evitando a ocorrência de doenças ocupacionais e ou profissionais;

Orientar os profissionais de segurança do trabalho de quaisquer indicações clínicas que sugiram novas ações de proteção;

Manter a saúde e a integridade física de todos os colaboradores da BSC;

Investigar as causas de doenças e propor medidas preventivas;

Opinar do ponto de vista da Medicina do Trabalho em projetos em geral, em especial no que tange às exigências do órgão sanitário fiscalizador, bem como quanto as Normas Regulamentadoras sempre que praticável;

Estabelecer o nexo técnico causal entre atividade e dor/lesão/doença.

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira com base na descrição de cargos da BSC

72

A figura 7 é o organograma atual da BSC.

Figura 7 – Organograma da BSC

Fonte: Elaboração Ricardo Penteado Ferreira

6.2 Agentes Ambientais da Bollhoff

A tabela 7 consolida os principais agentes ambientais identificados na BSC.

Tabela 7 – Planilha de Agentes Ambientais dos setores da BSC Setores Ruído(dB(A)(1) Calor

IBUTG(2) Iluminação LUX(3)

Químicos

ENGENHARIA 74 - 350 - RECEBIMENTO 77 - 365 - USINAGEM 90 - 185 - COMPRAS 64 - 530 - ESTAMPAGEM 86 - 250 - TRAT. TÉRM. 86 26,50 300 - ROSQUEADEIRA 93 - 440 - INSP. FINAL 78 - 240 - EMB. EXPED. 76 - 400 - Fonte: Elaboração Ricardo Penteado Ferreira (1) Medidas feitas com aparelho dosímetro, calibrado, conforme exigências da NR 15, anexo 1, item 6, da Portaria 3214 de

8 de junho de 1978;

(2) IBUTG = Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo obtido com árvore de termômetros digital calibrada, conforme

anexo 3 da NR 15-Atividades e Operações Insalubres da Portaria 3214 de 8 de junho de 1978;

(3) Medições em Lux feitas com luxímetro calibrado conforme NBR 5413- Valores de Iluminância.

73

A BSC faz fundos com a Rodovia dos Bandeirantes; nas duas laterais

longitudinais faz divisa com empresas e, na frente da empresa, com uma avenida

que dá acesso ao distrito. Em frente à Portaria, existem residências que, no caso

de quaisquer sensibilidades que alterem a situação normal, emitem reclamações

formais informando tais percepções de agressividades ambientais em relação a

quaisquer agentes incômodos ou quaisquer agressividades que possam interferir

na segurança das famílias ou no sossego durante as 24 horas do dia, em

especial entre as 22 horas até as 7 horas da manhã. Independentemente da

existência de residências próximas à BSC, a mesma não enfrenta problemas

significativos com respeito ao ruído externo, satisfazendo plenamente as

exigências da NBR 10.151- Acústica- Avaliação do ruído em áreas habitadas,

visando o conforto da comunidade-Procedimento e NBR 10.152- Níveis de ruído

para conforto acústico. A BSC mantém formulário de reclamação na Portaria que

permite que qualquer cidadão registre sua insatisfação diante de quaisquer

motivos com o compromisso de resposta e ação.

6.2.1 Comentários sobre os dados de Higiene do Trabalho obtidos Ruído Conforme anexo 1 da NR15 da Portaria 3214/78 com ruídos de até 85

dB(A) nas áreas produtivas, o trabalhador pode permanecer sem o uso de

protetor auricular se o tempo de exposição não ultrapassar 8 horas. Seguindo as

orientações da NR9- Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, para

quaisquer ruídos na faixa de 80 a 85 dB (A) deverão ser adotadas medidas de

controle, sendo adotado neste caso o uso do protetor auricular. Para a área

administrativa, ruídos acima de 65 dB são considerados incômodos para

trabalhos que exigem o uso do intelecto. Em relação ao conforto da comunidade,

são evitados de todas as formas possíveis quaisquer movimentações na fábrica

ou serviços após as 22:00 horas e pelo menos até as 7:00 horas da manhã do dia

seguinte, estendendo-se o horário, nos feriados e domingos, até as 9:00 horas da

manhã de forma que, quanto à geração de ruídos, não haja interferência no

sossego dos cidadãos no entorno da BSC.São testados , discutidos e instalados,

quando aprovados técnica e financeiramente, novos projetos de atenuação

acústica nas áreas consideradas ruidosas.

74

Calor Para calor ocupacional a situação da BSC é confortável já que ela apenas

tem a presença de fontes de calor artificiais no Tratamento Térmico em atividades

definidas como atividades moderadas, caso dos Operadores de Tratamento

Térmico, segundo o anexo 3 da NR15 da Portaria 3214 de 8 de junho de 1978 as

atividades podem ser realizadas de forma contínua, sem interrupções, já que até

26,7 de IBUTG, situação não atingida conforme medição realizada, o trabalho é

permitido para atividade contínua sem restrições, ficando portanto definidas as

exigências de alimentação, hidratação, uniformes e EPI’s adequados. Apesar de

não ter sido ultrapassado o limite de tolerância para exposição ao calor

ocupacional, em razão da proximidade do limite, são observados e discutidos

aspectos de ventilação industrial que permitem trocas de ar constantes no setor,

evitando desgaste térmico dos Operadores do local. Nos períodos do ano em que

as temperaturas são mais altas são feitas avaliações mais freqüentes de calor

para monitoramento do local.

Iluminação Os valores de iluminância indicados na NBR 5413 da ABNT nas áreas de

Engenharia e Inspeção Final são 500 lux, portanto as situações encontradas

estão abaixo dos valores mínimos exigidos. As outras áreas têm como exigência

mínima indicada na NBR 5413 o valor de 300 lux, ficando, portanto, a Usinagem e

a Estampagem com valores abaixo do mínimo, necessitando de ações de

adequação. A Norma Regulamentadora 17- Ergonomia, da Portaria 3214 de 8 de

junho de 1978 trata das questões de iluminância dos locais de trabalho.

Agentes Químicos Não foram quantificados agentes químicos em 2008 e em 2009 na

empresa Bollhoff Service Center (BSC) só havendo, portanto análises qualitativas

que indicam a presença do agente químico nas atividades e setores onde são

tomadas as medidas preventivas necessárias a partir da indicação de existência,

sem exigências específicas para coleta em razão das informações obtidas nas

fichas de informações dos produtos químicos ( FISPQ’s), que trazem todas as

propriedades e características dos produtos utilizados. No setor de Estampagem

foram feitas coletas de amostras de ar em 2008 e 2009 para comprovar eficiência

75

de filtros eletrostáticos em processo de instalação quanto à retenção de vapores

de óleo advindos do processo de estampar.

A presença de substâncias químicas no processo é bastante significativa,

em especial os óleos de corte, óleos hidráulicos, lubrificantes e óleos

refrigerantes, porém em razão das medidas de proteção individual adotadas, não

foram observadas situações de risco para com estes agentes.

6.2.2 Equipamentos de Proteção Individual fornecidos

A Bollhoff Service Center atende às exigências da Norma Regulamentadora

6(Equipamento de Proteção Individual-EPI) que exige que sejam entregues para

os colaboradores equipamentos de proteção individual (EPI’s) relacionados a

cada risco existente, os quais devem seguir regras definidas de fabricação,

certificação e uso por parte dos colaboradores. A seguir, são mostrados de forma

geral os EPI’s fornecidos aos colaboradores em planilha de controle utilizada para

rápida identificação dos EPI’s para cada área de trabalho. A recomendação

existente para as áreas administrativas é a de utilizarem os EPI’s exigidos para

cada área produtiva no momento em que adentrarem estas áreas. O quadro 12

mostra, de forma geral, todos os EPI’s fornecidos e utilizados. Existe a exigência

de que os cabelos compridos estejam presos com “redinha para cabelos” em

áreas onde existam partes giratórias de máquinas.

Quadro 12 - Equipamentos de Proteção Individual da BSC

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira com base na Planilha de EPI’s do PPRA

da Bollhoff Service Center: 2010

76

6.2.3 Dados referentes a acidentes do trabalho

São mostrados a seguir um histórico acidentário da BSC nos últimos 4 anos

comparando-se ano a ano para facilitar visualização da posição da empresa com

respeito a estatísticas de acidentes.As tabelas 8,9 e 10 mostram os dados dos

anos 2006, 2007, 2008 e 2009.

Tabela 8 – Dados dos acidentes de 2006 e 2007 Nº AT / DIAS PERDIDOS 2007 2006

Acidentes do trabalho sem afastamento 2 5 Acidentes do trabalho com afastamento 3 3 Total de acidentes do trabalho 5 8 DIAS PERDIDOS 20 20

Fonte : Elaboração Ricardo Penteado Ferreira-Empresa BSC

Tabela 9 – Dados dos acidentes de 2007 e 2008 Nº AT / DIAS PERDIDOS 2008 2007

Acidentes do trabalho sem afastamento 3 2 Acidentes do trabalho com afastamento 5 3 Total de acidentes do trabalho 8 5 DIAS PERDIDOS 19 20

Fonte : Elaboração Ricardo Penteado Ferreira-Empresa BSC

Tabela 10 – Dados dos acidentes de 2008 e 2009

Nº AT / DIAS PERDIDOS 2009 2008

Acidentes do trabalho sem afastamento 8 3 Acidentes do trabalho com afastamento 3 5

Total de acidentes do trabalho 11 8

DIAS PERDIDOS 26 19

Fonte : Elaboração Ricardo Penteado Ferreira-Empresa BSC Nas tabelas são mostradas de forma não detalhada as informações dos

acidentes do trabalho sem afastamento, situação na qual o colaborador não é

afastado do seu trabalho, sendo atendido pela área médica e retornando às suas

atividades após o atendimento. Também observamos os acidentes com

afastamento, situação na qual o colaborador é afastado das suas atividades no

período definido pela área médica para sua recuperação acarretando no

apontamento de dias perdidos por acidente com afastamento. Todos os acidentes

são motivos de preocupação para o SESMT da empresa, pois a partir deles são

calculadas as taxas de freqüência e de gravidade. As taxas de freqüência

aumentam com o aumento do número de acidentes do trabalho e as taxas de

77

gravidade com o aumento do número de dias perdidos, situação que indica a

gravidade dos acidentes.

6.2.4 Consumo de Água e Energia Elétrica Os valores quantitativos do consumo de água e energia elétrica, dentre

outras fontes de energia, não estão sendo informados neste estudo de caso por

não interferirem na aplicação do modelo alternativo proposto, porém são alvo de

discussão permanente na área de segurança e meio ambiente e fazem parte do

levantamento de Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos (tabela 22) identificados

na aplicação do modelo. A energia Elétrica para a empresa BSC é a fonte de

energia principal para o processo produtivo, porém não há geradores que

sustentem a necessidade energética consumida na ausência do fornecimento de

energia elétrica pela empresa concessionária. O gerador existente na empresa

garante a iluminação de emergência em caso de sinistros e permite que sejam

tomadas as ações necessárias de reparação. A contemplação de consumos de

água e energia elétrica vinculadas, respectivamente, ao número de colaboradores

e ao número de operações que demandam o consumo de energia elétrica são

parâmetros de acompanhamento regular na empresa, mas que não tem

caracterização significativa dentro do modelo alternativo proposto. Todo o

processo produtivo também se relaciona com aspectos de consumo de óleo,

energia elétrica, e água, buscando a interpretação de dados com foco na redução

do consumo de energia e de matéria-prima bem como na redução da geração de

resíduos de quaisquer espécies que possam causar impactos ambientais. Todos

estes controles interferem no processo de gestão integrada em especial nos

controles ambientais e o monitoramento contínuo permite que sejam direcionados

esforços específicos para redução dos consumos observados, sem interferir nos

resultados do processo produtivo, mas com o objetivo de obter-se redução nos

custos de produção.

78

7. APLICAÇÃO PRÁTICA DO MODELO PROPOSTO: Planilha

APIR

Conforme estabelecido como segundo objetivo específico deste trabalho

são apresentados nas tabelas 11, 12 e 13 e quadros 13, 14 e 15, o Diagnóstico

Preliminar, Resultados do Diagnóstico, Levantamentos de Aspectos, Perigos ,

Impactos e Riscos, Medidas propostas, objetivos e metas, tendo como estudo de

caso a empresa Bollhoff Service Center

.

7.1 Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente

O quadro 13 mostra o diagnóstico preliminar de Meio Ambiente.

Quadro 13- Diagnóstico Preliminar de Meio Ambiente

79

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

7.1.1 Detalhamento do Diagnóstico Preliminar Após a descrição do item de verificação colocam-se 3 colunas que

informam o resultado da avaliação, uma coluna que classifica a situação avaliada

como desejável ou obrigatória e as Constatações/ Observações referentes ao

que foi avaliado. Utiliza-se o resultado da classificação insatisfatória e obrigatória

como ações prioritárias dentro do modelo proposto.

80

7.1.2 Resultado do Diagnóstico de Meio Ambiente

A tabela 11 mostra os resultados consolidados do diagnóstico de Meio

Ambiente

Tabela 11 – Resultado do Diagnóstico de Meio Ambiente

Questões verificadoras 21 CLASSIFICAÇÃO Situações desejáveis de serem cumpridas

09

Situações obrigatórias 12 AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE Situações satisfatórias 11 Situações excelentes 08 Situações insatisfatórias 02 Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

As situações insatisfatórias são as que induzem as empresas a decidirem

pela implementação de Sistema Integrado de SSMA. As constatações e

observações referentes às situações obrigatórias fortalecem a decisão de

implementar SGI de SSMA. As 2 situações com avaliações insatisfatórias tiveram

classificações obrigatórias conforme modelo de diagnóstico utilizado e indicam a

necessidade de implantar SGI de SSMA.

7.2 Diagnóstico Preliminar de Segurança e Saúde Ocupacional

O quadro 14 mostrado a seguir apresenta o diagnóstico preliminar de

Segurança e Saúde Ocupacional.

81

Quadro 14 - Diagnóstico Preliminar de Segurança e Saúde Ocupacional

82

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

7.2.1 Resultado do Diagnóstico de Segurança e Saúde Ocupacional

A tabela 12 mostrada a seguir apresenta os resultados consolidados do

diagnóstico de Segurança e Saúde Ocupacional.

83

Tabela 12 – Resultado do Diagnóstico de Segurança e Saúde Ocupacional

Questões verificadoras 27 CLASSIFICAÇÃO Situações desejáveis de serem cumpridas

05

Situações obrigatórias 22 AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE Situações satisfatórias 10 Situações excelentes 08 Situações insatisfatórias 09 Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

As 9 situações insatisfatórias fortalecem a decisão da implementação de

Sistema Integrado de SSMA pois demonstram que independentemente de

quaisquer controles existentes até o momento, direcionar os esforços de gestão à

implementação do Modelo Alternativo Proposto é justificável e recomendável para

que seja possível atingir os objetivos de gestão estabelecidos. Para as situações

avaliadas como insatisfatórias três foram classificadas como desejáveis e seis

como obrigatórias, conforme diagnóstico utilizado, e indicam a necessidade de

implementar SGI de SSMA.

7.3. Levantamento de Aspectos, Impactos , Perigos e Riscos na

Bollhoff Service Center

A tabela 13 mostrada a seguir apresenta o levantamento dos aspectos,

perigos, impactos e riscos da BSC conforme estabelecido no objetivo específico

deste trabalho.

84

Tabela 13- Levantamento de Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos

85

86

87

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira

88

8. APLICAÇÃO PRÁTICO DO MODELO: Definição de Medidas

Propostas, Objetivos e Metas

Conforme estabelecido como terceiro objetivo específico deste trabalho

apresenta-se a seguir as Medidas Propostas, Objetivos e Metas tendo como

estudo de caso a empresa Bollhoff Service Center

8.1. Orientação para preenchimento do quadro 7 – Medidas

Propostas, Objetivos e Metas

As Medidas Propostas de ações para integração das áreas de segurança e

meio ambiente em relação às situações observadas após a elaboração da

planilha ( APIR) consideram os resultados dos impactos e riscos que obtiveram

pontuação significativa para a decisão dos itens prioritários. Parte significativa das

propostas tomadas contemplam os tópicos abaixo e servem de direcionadores

para a tomada de decisões em quaisquer empresas de pequeno e médio porte e,

conseqüentemente, facilitaram o tipo de medida a ser tomada neste estudo. A

lista a seguir tem o intuito de sugerir ações a serem tomadas, porém sem a

garantia de abranger totalmente as possibilidades e formas de ações existentes,

visto que, em diferentes empresas e processos fabris, surgem formas específicas

de ações a serem tomadas. Os itens a seguir refletem o resultado da percepção

das necessidades detectadas no estudo de caso e contribuem para utilização no

modelo alternativo proposto em outras empresas de pequeno e médio porte.

8.2. Listagem de Medidas Propostas

-Estabelecer programa de modernização das máquinas para redução de

vazamentos de óleo e redução de consumo irregular;

-Implementar programa de manutenção corretiva com vistas à retirada das

bandejas coletoras dos vazamentos de óleo das máquinas;

-Atuar nas causas e não abrandar as conseqüências agressivas ao meio

ambiente ou ao colaborador;

-Capacitar representante de cada área e setor para monitoramento de condições

adequadas básicas de segurança e meio ambiente em cada fase do processo;

-Estabelecer rotina de verificação diária das condições gerais do setor;

89

-Informar, através de quadros de avisos ou diálogos de segurança e meio

ambiente, o destino adequado de cada resíduo gerado no processo;

-Incluir em todos os formulários, planilhas e tabelas utilizadas na empresa uma

linha para informar aspectos relacionados a segurança do trabalho e outra linha

para inclusão de aspectos relacionados à meio ambiente;

-Incluir em todos os treinamentos internos mensagens de segurança e de meio

ambiente de forma precisa e resumida;

-Definir local para receber informações, críticas e sugestões referentes à

segurança e meio ambiente;

-Dispor resíduos contaminados com óleo somente em locais com bacias de

contenção de óleo;

-Garantir contenção de água de lavagem de piso que contenham óleo para

posterior tratamento;

-Aprimorar técnica de aspiração de óleo das bandejas coletoras de óleo das

máquinas;

-Destinar resíduos recicláveis de forma correta e abrangente ;

-Monitorar o despejo de efluentes domésticos quando aplicável;

-Orientar e treinar operadores quanto a utilização de máquinas e definição de

área de operação segura;

-Instalar filtros eletrostáticos ou similares em todos os equipamentos que liberem

vapor de óleo;

-Utilizar carrinhos de transportes e equipamentos que não exijam esforço físico

demasiado;

-Seguir regras de segurança na utilização de ar comprimido;

- Avaliar o esforço físico exigido antes de movimentar caçambas e antes de

executar quaisquer atividades que demandem esforços físicos;

- Utilizar EPI's adequados quando operar esmeris e quando adentrar áreas

produtivas;

-Estabelecer cronograma para instalação de proteção acústica específica para

cada máquina quando viável e aplicável;

- Manter qualidade e intensidade luminosa do período noturno igual ao diurno,

conforme NBR 5413, nos setores onde a atividade é contínua;

-Manter setor organizado e limpo de forma permanente para evitar princípios de

incêndio;

90

-Manter setor organizado para evitar batidas do corpo contra obstáculos;

-Definir área específica e segura para estocar produtos inflamáveis, sinalizando

os locais;

-Definir área específica e segura para estocar substâncias químicas não

inflamáveis, sinalizando os locais;

-Manter corredores de circulação desobstruídos permanentemente;

-Monitorar ritmo de produção onde aplicável para evitar afastamentos indevidos;

- Seguir regras de Segurança e de Meio Ambiente na movimentação e transportes

de cavacos metálicos;

-Alertar sobre os riscos de cortes na movimentação de cavacos;

-Definir e fazer cumprir regras para movimentação de cavacos contaminados com

óleo;

-Manter quadros de aviso com informes mensais de segurança do trabalho e de

meio ambiente;

-Informar através de boletins mensais, temas de segurança e de meio ambiente

importantes para o segmento fabril focado,intercalando-os;

-Observar questões comportamentais quanto à segurança do trabalho e quanto

ao meio ambiente, registrando tais comportamentos;

- Implementar ações de SSMA relacionadas ao comportamento humano dentro de

regras éticas ;

-Manter facilidade de acesso a todos para informações de riscos e de impactos

ambientais;

-Conscientizar à todos através de treinamentos a conduta ideal a ser tomada

diante de problemas de segurança e meio ambiente de forma a resolvê-los de

imediato sempre que possível, registrando o método adotado;

-Treinar de forma rápida e objetiva os colaboradores com o intuito de estabelecer

rotina dinâmica de aprendizado ;

-Valorizar ações de proteção ambiental e de segurança do trabalho por parte dos

colaboradores, criando meios de incentivo;

-Manter conduta segura por parte de todos os colaboradores do setor através de

inspeções e observações nas áreas de trabalho;

-Incentivar práticas prevencionistas de forma clara e abrangente,dando destaque

aos que contribuírem;

-Impedir descumprimento de regras de segurança e de proteção ao meio

ambiente nas situações rotineiras bem como em situações emergenciais;

91

-Instalar materiais absorventes acústicos no setor mediante programação e

viabilidade técnica;

-Instalar mecanismos de redução de ruído em máquinas e equipamentos sempre

que aplicáveis;

-Dimensionar proteção de máquinas que garantam plena segurança do

colaborador em pontos de pinçamento e agarramento;

-Manter programa de inspeções diárias com monitoramento dos principais pontos

de segurança e meio ambiente;

-Efetuar os levantamentos físicos , químicos e ergonômicos nos ambientes de

trabalho dentro da periodicidade legal e com técnica e equipamentos calibrados e

adequados para os agentes agressivos existentes;

-Executar análise de riscos e impactos ambientais de forma conjunta para todas

as atividades consideradas de risco e ou impactantes;

-Manter contato freqüente com as novidades do mercado quanto à proteções e

programas de segurança bem como quanto às novidades ambientais;

-Manter programa de gerenciamento de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em

toda a Planta dando ciência a todos os colaboradores envolvidos de como

proceder e contribuir de forma adequada para redução de cada tipo de resíduo

gerado;

-Definir indicadores de desempenho ambiental e de segurança do trabalho para

criar metas a serem conquistadas sempre que aplicável;

-Treinar colaboradores,fornecedores e visitantes de forma rápida e direta quanto

aos aspectos, perigos,impactos e riscos existentes na planta ;

-Influenciar prestadores de serviços quanto à conduta adequada em SSMA;

-Instalar dispositivos automáticos nos banheiros quanto a válvulas, iluminação

para fins de controle de consumo quando aplicável;

-Eliminar pontos úmidos do piso de forma rápida e segura de modo que impeçam

tombos, quedas , batidas e escorregões;

- Utilizar ferramentas certificadas e em boas condições de uso;

-Evitar desperdícios de quaisquer materiais em todas as fases do processo;

-Analisar situações em geral com vistas aos riscos de acidentes e impactos

ambientais;

- Instalar comando de iluminação individualizado para cada área da Planta;

- Adquirir literatura técnica pertinente;

92

-Pesquisar meios modernos de proteção ambiental e de prevenção de acidentes

para agregar novas ações que contribuam com a SSMA.

8.2.1. Medidas Propostas, Objetivos e Metas - Quadro Preenchido

O quadro 15 apresenta as medidas propostas, objetivos e metas

estabelecidas com base nos levantamentos de aspectos, perigos, impactos e

riscos atendendo o objetivo específico deste trabalho.

Quadro 15 - Medidas Propostas, Objetivos e Metas - Preenchida

93

94

95

Elaboração: Ricardo Penteado Ferreira As questões financeiras, a serem colocadas na coluna de “Recursos

Necessários” não foram contempladas na apresentação dos quadros deste

estudo de caso devido a variações cambiais, prazos e programações financeiras

adotadas pela empresa, que seguem padrões específicos definidos de acordo

com a forma de gestão financeira estabelecida, os quais, além de terem formas

diferenciadas de administração entre as PME não interferem na apresentação do

modelo alternativo proposto. É importante dizer que os recursos necessários

podem abranger também outras situações não relacionadas a questões

96

financeiras como mudanças administrativas, alterações de procedimentos,

utilização de meios já existentes entre outras.

97

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na utilização do modelo alternativo proposto na Bollhoff Service Center,

que teve início com a aplicação do diagnóstico preliminar, foi possível identificar e

formalizar de modo abrangente, sem detalhamentos específicos e sem

questionamentos complexos, a situação da empresa nas áreas de Segurança,

Saúde e Meio Ambiente. O diagnóstico permitiu, em razão dos resultados obtidos,

a decisão de dar seqüência aos passos direcionados a um sistema de gestão

integrado em SSMA. Durante o período de aplicação do diagnóstico preliminar,

questionamentos anteriormente não utilizados despertaram a curiosidade de

inúmeros profissionais da empresa na busca de entender a importância e o valor

de uma administração integrada de áreas de extremo valor para a tranqüilidade

do processo produtivo, já que o modelo defende, influencia ações e direciona as

atenções para o aprimoramento das áreas de Segurança, Saúde e Meio

Ambiente, atingindo de forma benéfica a empresa como um todo. Para esta fase

de aplicação do diagnóstico preliminar, as verificações de documentos e obtenção

de inúmeras informações das mais variadas áreas fizeram-se presentes, sendo

que a partir desta etapa de trabalho inicial identificamos a necessidade de

continuar com o estudo, dando seqüência ao modelo alternativo proposto.

Confirmou-se a expectativa dos resultados dos questionamentos voltados à

gestão ambiental obterem melhor desempenho, por existir um programa de

gestão ambiental há sete anos implementado, porém, sem contemplação conjunta

com os aspectos de SSO. Depois de iniciados os trabalhos, todos acreditavam

que só haveria benefícios, porém, para conseguir obter a atenção dos

colaboradores de modo importante, recebendo deles a informação e o retorno de

ações direcionadas ao SGI em SSMA, foi preciso esclarecer conceitos e,

permanentemente, os assuntos de SSMA, além de capacitar profissionais para

agirem de forma sistêmica. As atenções prioritárias, por razões de mercado e

para manter os objetivos principais da empresa, são voltadas à produção e, dessa

forma, fez-se necessário o resgate de uma parcela de atenção dos colaboradores

através do uso de um modelo simplificado de gestão com identificação de

aspectos e perigos das situações reais existentes nas áreas de trabalho.

Valorizando, orientando, consultando a todos e verificando em campo todas as

etapas de trabalho e as atividades desenvolvidas, fez-se o levantamento dos

98

aspectos, perigos, impactos e riscos observados no processo produtivo, obtendo

com detalhes importantes, o nível de adequação em que a área de SSMA

apresenta-se nos locais de trabalho e a proximidade dos colaboradores frente a

esses aspectos. Em conversa com os colaboradores, os mesmos valorizaram

iniciativas de contemplação conjunta de tópicos que envolvessem áreas que

afetam diretamente a sensibilidade dos mesmos, bem como a prevenção de

acidentes e a proteção do meio ambiente mesmo sem terem uma idéia formada

de como isto é representativo nos seus postos de trabalho. Com esta percepção,

entendeu-se que o caminho escolhido de gestão é adequado ao negócio e traz

benefícios importantes. Houve dificuldades de interpretação de conceitos sobre

aspectos e impactos ambientais da área ambiental e de interpretação de perigos

e riscos da área de SSO, que foram sanadas no decorrer dos levantamentos da

planilha APIR nos locais onde os eventos aconteceram, pois, utilizando-se de

exemplos reais, o conhecimento desses conceitos e o entendimento deles tornou-

se mais próximo de cada um. Todas as diligências ocorridas no processo para

identificação de aspectos e perigos, inicialmente foram recebidas com receio por

parte dos colaboradores, alimentados por sentimentos de que haveria, a partir da

conclusão dos trabalhos, novas cobranças e incumbências, as quais se somariam

aos inúmeros controles que já fazem parte dos processos produtivos e das

demandas exigidas nas suas rotinas de trabalho. Esses sentimentos e

expectativas não se concretizaram já que tais levantamentos identificaram o que

de fato é executado e o que existe nos locais de trabalho para que, na seqüência,

após caracterização de significância dos perigos e riscos, fossem propostas as

medidas que atenuariam ou eliminariam as agressividades consideradas

significativas dentro do modelo utilizado. Até essa etapa de trabalho, foi possível

perceber que as questões de SSMA estão desassociadas das questões

produtivas e que se faz necessário trazê-las à tona para trabalharmos os perigos

e riscos de forma cotidiana e prática. Com a proximidade de contato ocorrida com

os colaboradores durante a execução dos passos do modelo, foi possível

perceber que existe a inobservância de certos cuidados com o meio ambiente e

com a prevenção de acidentes. O que se pode perceber em relação aos

colaboradores e Supervisão é que estes se apresentam num estágio que sempre

precisa de incrementos e melhorias para evoluir pois os mesmos sentem dúvidas

quanto às contribuições que podem, de fato, oferecer ao meio ambiente com

pequenos gestos bem como atitudes prevencionistas que possam estar

99

contribuindo com a prevenção de acidentes. Independentemente de quaisquer

percepções errôneas ou indevidas, o modelo alternativo, na fase de levantamento

da planilha APIR, mostrou-se abrangente e identificador dos principais pontos que

merecem tratamento, o que trouxe a certeza de que a contemplação de forma

integrada é indicada e permite uma visão real da situação da empresa no tocante

às questões de SSMA. Face aos impactos e riscos detectados na Bollhoff Service

Center, é possível estimar que nas PME os impactos e riscos a serem detectados,

quando da utilização do modelo alternativo proposto, mostrarão, de forma clara e

abrangente, o momento em que as empresas se apresentam nas questões de

SSMA, permitindo a elas visualizar o que é necessário fazer para reverter os

desvios e situações críticas detectadas, direcionando-as para integração das

áreas de Segurança, Saúde e Meio Ambiente O modelo pode ser aplicado tanto

para empresas de médio porte como para empresas de pequeno porte.

Pelo fato de a BSC ter um dinamismo bastante acentuado, incrementado

também por fornecer produtos para o segmento automotivo, os levantamentos de

impactos e riscos devem ser periodicamente validados para que sempre estejam

contempladas todas as situações que fazem parte das rotinas produtivas. As

situações apuradas na planilha APIR permitiram a detecção do quanto ainda há

por fazer em SSMA. O critério de pontuação de impactos fez com que alguns

itens resultassem como significativos, mesmo existindo medidas consideradas

adequadas, porém indicando a importância do programa de gestão abranger e

dar notoriedade a tais itens. Durante os trabalhos, foi possível perceber a

ocupação plena dos colaboradores em relação às rotinas produtivas, situação

esta que mostrou, com clareza, que o aprendizado dos colaboradores em SSMA

no local de execução de suas rotinas produtivas teve baixo entendimento e

aceitação. Na transcrição das medidas propostas na planilha de Medidas

Propostas, Objetivos e Metas fez-se necessário que ocorressem adaptações no

texto usado na planilha APIR sem mudar o objetivo, transcrição esta feita com

base na caracterização significativa de impactos e riscos. Nesta terceira etapa do

trabalho, cumprindo o objetivo específico definido no estudo de caso, foi possível

detalhar as medidas propostas, objetivos de cada medida proposta, metas a

serem alcançadas, responsáveis pela ação e a situação em que se apresenta a

empresa. Com isso, a visualização de metas a serem alcançadas e mantidas

tornou-se algo palpável, sendo possível mensurar custos e definir planos para a

consecução das propostas. A experiência do estudo de caso na Bollhoff, em

100

especial para o preenchimento da planilha de Medidas Propostas, Objetivos e

Metas, fez com que a interação entre supervisão, colaboradores e direção

acontecesse de forma simples e objetiva, pois o texto foi de fácil compreensão

para que pudesse vir a efetivar-se na realidade desta empresa. Durante o estudo

de caso foram detectados e observados pontos fortes e pontos mais fragilizados,

representando “oportunidades de melhoria” os quais estão demonstrados a

seguir.

Pontos Fortes - vontade dos colaboradores de participarem com maior efetividade de ações que contribuam com o Meio Ambiente; - autorização da empresa para aplicação do estudo; - motivação dos colaboradores para informarem situações impactantes e de riscos dos seus postos de trabalho; - expectativas positivas quanto ao retorno que trabalhos dessa natureza trazem para o negócio; - maior valorização dos postos de trabalho; - conduta adequada da empresa no sentido de implementar SGI em SSMA; - contribuição voluntária de cada colaborador para as questões que envolvem gestão de SSMA; - oportunidade de ouvir o colaborador descrever os impactos e riscos dentro da percepção dele; - a compreensão de que todas as atividades são importantes para SSMA; - segmento fabril que demanda controles rígidos de SSMA; - identificação clara das legislações de SSMA aplicáveis ao negócio da BSC; - controle rígido das licenças obrigatórias exigidas na BSC; - procedimento de destinação de resíduos implementado e estruturado; - existência do SESMT na forma da lei; - controle no uso de equipamentos com força motriz própria; - programas obrigatórios de SSMA atualizados; - existência do Programa de Prevenção de Riscos em Prensas e Similares (PPRPS).

Oportunidades

de Melhoria

- percepção deficitária de conceitos das áreas de SSMA; - dificuldade de administração de tempo para atender requisitos de SSMA; - formação técnica externa de quaisquer níveis de graduação e aprimoramento não contempla impactos e riscos das atividades; - cumprimento de metas produtivas exigentes interage de forma negativa nas questões de SSMA; - desconhecimento por parte dos colaboradores de normas de conduta adequadas e seguras dentro das áreas de SSMA; - existência de máquinas e equipamentos produtivos que exigem adaptações e evoluções tecnológicas; - descrédito quanto à importância de pequenas contribuições de SSMA nas mudanças reais globais;

101

- estrutura enxuta de profissionais em todas as áreas;

- acondicionamento de parte dos resíduos e produtos químicos utilizados no processo fica dispersa no setor; - não há monitoramento interno quanto à contaminação das águas pluviais; - inexistência de caracterização formal anterior dos perigos e riscos ocupacionais; - processo de integração não contempla a utilização de ordens de serviço (OS) conforme Norma Regulamentadora 1 da Portaria 3214 ( Disposições Gerais).

A consecução das ações, em especial, as oportunidades de melhoria, serão

gradativamente trabalhadas e introduzidas como parte integrante do modelo

proposto já que este aproxima todos os colaboradores das questões de SSMA.

O quadro de Medidas Propostas, Objetivos e Metas traz descritas medidas que já

tiveram direcionamento adequado, portanto tópicos considerados resolvidos, mas

que, por serem identificados na planilha APIR e caracterizados como

significativos, necessitam de acompanhamento periódico com vistas à melhoria

contínua. A planilha APIR(tabela 13) destacava itens considerados resolvidos ou

em processo avançado de resolução, mas que precisavam ser mencionados no

quadro de Medidas Propostas, Objetivos e Metas para que pudéssemos repensar

as ações tomadas frente aos problemas. O preenchimento das Medidas

Propostas delineará um trajeto de novos programas a serem estabelecidos

visando à seqüência dos passos de integração das áreas de SSMA. A

sustentação destas etapas seqüenciais deverá ser acompanhada por um Comitê

Coordenador de Gestão Integrada, utilizando-se as ferramentas propostas neste

modelo alternativo. Dentro dos objetivos propostos esse estudo de caso encerra a

apresentação dos tópicos demonstrados: Diagnóstico Preliminar; Levantamento

de Aspectos, Perigos, Impactos e Riscos; Medidas Propostas, Objetivos e Metas.

Embasado na experiência adquirida e nestas informações, toda a seqüência dos

trabalhos do modelo alternativo proposto terá base estruturada de apoio e

permitirá a aplicação plena do modelo, integrando aspectos de Segurança, Saúde

e Meio Ambiente. O estudo pôde mostrar, até a parte em que se consolidou

dentro dos objetivos da pesquisa, com a aplicação do diagnóstico preliminar de

SSMA, levantamento APIR e apresentação de medidas propostas, objetivos e

metas relacionadas à significância dos impactos e riscos, que é possível

implementar SGI em SSMA com a utilização de modelos alternativos de gestão,

102

em empresas de pequeno e médio porte. A consolidação plena do estudo dá-se

com os elementos de monitoramento definidos neste trabalho.

103

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104

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