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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
Faculdade de Tecnologia de São Sebastião
Curso Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial
ROSANA DA SILVA CORTES
MORTALIDADE EMPRESARIAL: Análise de três casos de encerramento
São Sebastião
2015
ROSANA DA SILVA CORTES
MORTALIDADE EMPRESARIAL: Análise de três casos de encerramento
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como exigência parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Empresarial. Orientador: Profª Dra. Maria do Carmo Muterle.
São Sebastião
2015
ROSANA DA SILVA CORTES
MORTALIDADE EMPRESARIAL: Análise de três casos de encerramento
Apresentação de Trabalho de Graduação à Faculdade de Tecnologia de São Sebastião, como condição parcial para a conclusão do curso de Tecnologia em Gestão Empresarial. São Sebastião, 21 de Dezembro 2015.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________
ORIENTADOR: Profª Dra. MARIA DO CARMO MUTERLE
_________________________________________________________
Profª SORAYA MIRA REIS
_________________________________________________________
Profº JOSÉ RENATO MARCONDES
MÉDIA FINAL: ___________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus soberanamente justo e bom.
Agradeço a todos os professores da Faculdade de Tecnologia de São
Sebastião que contribuíram cada qual com edificantes ensinamentos no decorrer
deste aprendizado na área da Gestão Empresarial.
“Qual é o nosso negócio?... A questão é que tão
raramente perguntamos – ao menos de forma clara e
direta – e tão raramente dedicamos um estudo e uma
reflexão adequados que são talvez a mais importante
causa do fracasso dos negócios.”
Peter Drucker
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar aos empreendedores os caminhos que
levam à mortalidade empresarial, os principais erros que impedem o crescimento da
pequena empresa, a falta de informação e de objetivos ao empreender, com a
análise de três casos de encerramento na cidade de Caraguatatuba. O maior desafio
é prever o declínio financeiro e o encerramento das atividades feito por
empreendedores sem qualquer suporte administrativo ou planejamento prévio no
ramo de atuação, que desconhecem as despesas cobradas, o capital financeiro, a
carga tributária excessiva, o fluxo de caixa negativo com resultados de despesas
que será complicado honrar devido aos juros por atraso no pagamento. A pesquisa
bibliográfica e a análise feita com os comerciantes da cidade de Caraguatatuba
verificou-se o encerrar de suas atividades pela falta de planejamento estratégico,
profissionais não qualificados, concorrência, falta de capital de giro, crise econômica,
sazonalidade, falta de clientes, baixo lucro, depois destas amostras descrevem
neste estudo as principais dificuldades encontradas no gerenciamento da empresa e
os principais fatores da mortalidade empresarial na região central de Caraguatatuba.
Palavras-chave: Mortalidade Empresarial. Planejamento. Principais dificuldades.
Fatores da mortalidade.
ABSTRACT
This work aims to present to entrepreneurs the roads leading to the business
mortality, the main errors that prevent the growth of small business, the lack of
information and aims to undertake, with the analysis of three cases of foreclosure in
the city of Caraguatatuba. The biggest challenge is to predict the financial decline
and the closure of the activities done by entrepreneurs with no administrative support
or advance planning in the field of expertise, who are unaware of the expenses
charged, the financial capital, excessive taxes, the negative cash flow with results
expenses that will honor complicated due to late payment interest. The
bibliographical research and analysis with the merchants of the city of Caraguatatuba
it was the end of their activities by a lack of strategic planning, unskilled, competition,
lack of working capital, economic crisis, seasonality, lack of customers, low profit
after these samples described in this study the main difficulties encountered in
managing the company and the main factors of business mortality in central
Caraguatatuba.
Keywords: Corporate Mortality. Planning. Main difficulties. Factors mortality.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
GEM Global Entrepreneurship Monitor –
Monitor de Empreendedorismo Mundial
MPE Micro e Pequena Empresa
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
TEA Taxa de Atividade Empreendedora
ENDEAVOR Organização sem fins lucrativos de apoio ao Empreendedorismo
DNRC Departamento Nacional de Registro do Comércio
JUCESP Junta Comercial do Estado de São Paulo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Atividade dos proprietários...................................................................... 19
Figura 2 - Por que resolveu abrir a empresa ........................................................... 19
Figura 3 - Escolaridade dos Proprietários ............................................................... 22
Figura 4 - Idade dos Proprietários ........................................................................... 22
Figura 5 - Sobrevivência e mortalidade acumulada das empresas ......................... 25
Figura 6 - Planejamento prévio à abertura .............................................................. 28
Figura 7 - Por que a empresa foi fechada ou deixou de funcionar? ........................ 29
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Segmentos de atividade com maior número de abertura de novas
empresas ................................................................................................................ 21
Quadro 2 - Possíveis causas de mortalidade nas empresas ................................. 23
Quadro 3 - Constituição de empresas e projeção de empresas encerradas .......... 25
Quadro 4 - Erros e administrativos e lições para o sucesso .................................. 26
Quadro 5 - Matriz BCG ........................................................................................... 32
Quadro 6 - Aplicação da Análise SWOT ................................................................ 32
Quadro 7 - Fatores financeiros ............................................................................... 37
Quadro 8 - Fatores estratégicos ............................................................................ 38
Quadro 9 - Fatores macroeconômicos ................................................................... 38
Quadro 10 - Fatores mercadológicos ..................................................................... 39
Quadro 11 - Fatores do empreendedor ................................................................... 39
Quadro 12 - Fatores estruturais da empresa .......................................................... 40
Quadro 13 - Roteiro de entrevista ........................................................................... 42
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
1.1 Justificativa do Tema ......................................................................................... 12
1.2 Problema ............................................................................................................ 13
1.3 Objetivos ........................................................................................................... 13
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 13
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 13
1.4 Organização do Trabalho ................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 15
2.1 Empreendedorismo nas Micro e Pequenas Empresas ...................................... 15
2.2 Empresas Abrem por Oportunidade ou por Necessidade? ................................ 20
2.3 Fatores que causam a Mortalidade Empresarial das MPE ................................ 22
2.4 Estudo da Mortalidade Empresarial .................................................................. 26
2.5 Ferramentas de Gestão ..................................................................................... 30
2.6 Inovação, Motivação, Frustração e Compensação ........................................... 32
2.7 Fatores Chaves do Fracasso ............................................................................ 34
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 41
3.1 Questionário ....................................................................................................... 41
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 44
4.1 O primeiro empreendimento: Loja A Ciganinha - Galeria Jangada ................... 44
4.2 O segundo empreendimento: Canto da Ilha Restaurante (familia da autora deste
trabalho) .................................................................................................................... 46
4.3 O terceiro empreendimento: sorveteria Wilson ................................................. 49
4.4 Características gerenciais .................................................................................. 51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 54
12
1 INTRODUÇÃO
O tema deste trabalho apresenta um estudo sobre a mortalidade empresarial
com uma análise de três casos de encerramento, de empreendedores situados na
cidade de Caraguatatuba.
A má administração do patrimônio é determinante de resultados indesejáveis.
A mortalidade precoce é um indício de que algo não funciona como deveria. E
encerrar a empresa implica na eliminação de postos de trabalho, produção de renda,
perda de recursos investidos, frustração pela perda do negócio.
O faturamento obtido por estas empresas contribui com a sociedade, pois
uma empresa ativa e financeiramente positiva mantém relacionamentos com
fornecedores, clientes, distribuidores, bancos, governo, entre outros, gerando outros
postos de empregos indiretos, obtendo empréstimos e financiamentos, pagando
encargos e impostos além de poder retribuir à sociedade com o financiamento de
projetos sociais e comunitários. Porém, ainda existem poucas informações no que
diz respeito ao estudo do tema e ao desenvolvimento de práticas e métodos para
manter tais empresas em funcionamento após seus primeiros anos de vida na
fragilidade destas diante de diversos fatores.
1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA
A escolha deste tema de pesquisa justifica-se pelo despreparo gerencial dos
empreendedores em utilizar as ferramentas de gestão empresarial e contribuir com a
identificação dos processos de mortalidade empresarial que ocorrem com a
ausência de foco no mercado, a pouca capacidade gerencial, o mínimo estudo e
planejamento prévio à abertura do negócio, a falta de investimento em marketing e
baixa capacidade de ousar, criar e inovar do empreendedor. Estes são os resultados
verificados pelas pesquisas bibliográficas e por empresas que encerraram suas
atividades antes dos cinco anos de vida.
13
1.2 PROBLEMA
Assim, adotou-se como problema de pesquisa a seguinte questão: Quais os
principais fatores que levam à mortalidade empresarial?
O início da pesquisa se dá identificando a importância, a definição e os tipos
de preparação prévia ao abrir um negócio e os principais erros cometidos no qual se
concentra o problema de pesquisa a fim de identificar quais os processos que levam
a mortalidade empresarial.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Este trabalho tem como objetivo geral analisar quais são as causas que levam
à mortalidade. O encerramento das micro e pequenas empresas são um assunto
cada vez mais discutido e pesquisado por centros de estudos e instituições que
avaliam diversas variáveis e a evolução da MPE em determinados períodos, por isso
se torna importante identificar quais os fatores que levam a mortalidade empresarial
dos pequenos negócios na cidade de Caraguatatuba.
1.3.2 Objetivos Específicos
Para tanto delimitou como objetivos específicos:
1 - Apresentar na bibliografia os principais fatores que levam a mortalidade
empresarial;
2 - Descrever os problemas identificados pelos empresários entrevistados;
3 - Identificar as consequências pela não utilização das ferramentas de gestão
empresarial.
De acordo com Chiavenato (2003), o empreendedor precisa trabalhar com
uma visão de futuro daquilo que se pretende chegar.
14
Segundo Dornelas (2008a), o plano de negócios é fundamental do processo
empreendedor que planeja suas ações e delineia as estratégias da empresa.
Robbins (2010), aponta que os gestores são os principais agentes numa
organização, com suas decisões e modelos de comportamentos. As decisões sobre
o modelo de estrutura, os fatores culturais e as políticas de recursos humanos
determinam, em grande parte, o nível de inovação dentro de uma organização.
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Quanto aos procedimentos, esta pesquisa se encaixa em duas classificações:
a de campo (quando a pesquisadora foi até o local do objeto da pesquisa para
coletar as informações) e a bibliográfica (quando a pesquisadora coletou todo o
referencial teórico para este trabalho)
O trabalho apresenta definições com base em pesquisas bibliográficas no
método dedutivo, exploratório, de campo e busca verificar sua aplicação em uma
situação específica.
Segundo Gil (2009) a análise de caso, dispõe-se de um conjunto de
informações acerca de um grupo, organização, comunidade, fato ou fenômeno
analisados com propósito diversos, cabe ao pesquisador a análise do caso adotada
como um procedimento no estudo exploratório que estimula a compreensão de um
problema.
A fim de atingir o objetivo deste estudo, segue a estrutura do trabalho: o
primeiro capítulo aborda a apresentação da pesquisa, que envolve o assunto a ser
pesquisado, o problema, a justificativa, a importância do tema abordado, os
objetivos, aspectos da metodologia e esta estrutura. No segundo capítulo, é
apresentado o referencial teórico necessário para este trabalho. O terceiro capítulo
contempla a explanação da metodologia utilizada. O quarto capítulo, foi abordado o
resultado e discussão de caso. No quinto e ultimo capítulo são apresentados às
considerações finais.
15
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo tem por objetivo apresentar os conceitos necessários para
melhor entendimento da pesquisa sobre as principais causas que levam a
mortalidade empresarial com a análise de três casos de encerramento na cidade de
Caraguatatuba.
Para Mizumoto (2010), a preparação prévia antes de abrir o negócio, o grau
de escolaridade do empreendedor, sócios na família, são algumas das variáveis
significantes para explicar a sobrevivência da empresa nascente.
Conforme Robbins (2010), a administração é importante na tomada de
decisões sobre a utilização de recursos e objetivos – individual, familiar, grupal,
organizacional ou social, onde este processo administrativo abrange funções de
planejamento, organização, liderança, execução e controle,
Drucker (2008) identifica o empreendedor como àquele que transfere recursos
de áreas de baixa produtividade e rendimento para áreas de produtividade e
rendimentos mais elevados, naturalmente é de se esperar que empreender e inovar
podem envolver riscos de não ser bem sucedido.
Para Chiavenato (2003), as organizações não trabalham na base da
improvisação, tudo é planejado antecipadamente, com organização, direcionamento
e controle, as funções administrativas determinam os objetivos a serem atingidos e
como se deve fazer para alcança-los. Afirma ainda que, para conduzir negociações
o empreendedor precisa ter habilidades de planejamento, conhecimento do assunto,
capacidade para pensar clara e objetivamente sob pressão e incerteza, capacidade
de expressar verbalmente ideias, habilidade de ouvir e julgar, integridade,
argumentação, persuasão e muita paciência para que todos saiam ganhando.
2.1 Empreendedorismo nas Micro e Pequenas Empresas
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2010), um dos maiores
estudos contínuos sobre a dinâmica empreendedora no mundo, que inclui 59 países
espalhados pelo globo na qual pelo 11º ano consecutivo o Brasil participa,
apresentou um resultado no qual a Taxa de Atividade Empreendedora (TEA) foi a
16
mais alta desde o início da realização da pesquisa, isso demonstra uma tendência
de crescimento no Brasil inclusive no empreendedorismo motivado pela
oportunidade. São dados como estes que demonstram a vocação empreendedora
do brasileiro. No entanto, apesar da vocação empreendedora, a pesquisa GEM nos
mostra que uma empresa só consegue ser inovadora atuando em um ambiente
inovador, e esse é um desafio que precisamos enfrentar e trazer às cidades o
planejamento de longo prazo para que possam se criar ambientes inovadores em
futuro próximo.
A pesquisa GEM (2010) aponta que no Brasil, o empreendedorismo ganhou
força e se popularizou a partir da década de 90 com abertura da economia; com o
envolvimento mais ativo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas, SEBRAE; o processo da privatização das grandes estatais e a abertura
do mercado interno para a concorrência externa. Antes disso, o termo
empreendedor era praticamente desconhecido e a criação de pequenas empresas
era limitada em função do ambiente politico e econômico, nada favorável ao país.
De acordo com Robbins (2010), a administração empreendedora surgiu com
o desemprego, á falta de perspectiva de carreira nas grandes organizações e fez
com que os empregados procurassem ser seus próprios patrões.
Segundo Dornelas (2008b) e o GEM (2010), o Brasil é o país das
oportunidades onde muitos brasileiros sonham em ser o dono do próprio negócio e o
empreendedorismo muitas vezes é o caminho para alcançar este sonho fundamental
para a geração de riquezas, promovendo o crescimento econômico e aprimorando
as condições de vida da população. É também um fator importantíssimo na geração
de empregos e renda. O indivíduo empreendedor tem aspirações de criar algo novo,
de ser útil produtivo e grandemente realizado.
Dornelas (2008a) descreve que muitos brasileiros se envolvem com o negócio
próprio por falta de opção, por necessidade. No Brasil, desde o ano de 2003 os
empreendedores por oportunidade são maioria, por ser mais benéfico para a
economia, os empreendedores iniciaram seu negócio por vislumbrarem uma
oportunidade no mercado para empreender e como forma de melhorar sua condição
de vida tem maiores chances de sobrevivência e de sucesso.
Para o GEM (2010) os empreendedores por necessidade são aqueles que
iniciaram um empreendimento autônomo por não possuírem melhores opções para
o trabalho e então abrem um negócio a fim de gerar renda para si e suas famílias.
17
A pesquisa GEM (2010) aponta que nossos empreendedores perdem muito
tempo para transformar uma ideia ou um projeto numa empresa. Nestas tentativas
muitos acabam desistindo. Diversas pesquisas mostram que o Brasil é um dos
campeões mundiais da burocratização. Portanto, mutirões de desburocratização nas
esferas públicas federal, estadual e municipal precisam ser frequentemente
mobilizados. Segundo o GEM (2010), no Brasil 78% da população consideram o
empreendedorismo como uma boa opção de carreira com a maior expectativa na
geração de empregos, onde os serviços voltados ao consumidor destacam-se os
que trabalham com alimentação, confecção e produção, organização de eventos,
consultorias empresariais nos serviços voltados à empresa, funções relacionadas à
construção civil e automóveis no setor da indústria e transformação.
De acordo com GEM (2010), inovação e empreendedorismo estão
conceitualmente conectados a uma ideia de produtos, sendo direcionadas para as
necessidades dos consumidores, porém os produtos que não correspondem a esta
necessidade estão fadados ao insucesso. Portanto é importante apostar na
capacitação e na qualificação do empreendedor para desenvolverem negócios por
oportunidade e gerar empresas mais eficientes e produtivas, com criatividade,
liderança e visão de futuro, e assim inovar e ocupar o seu espaço no mercado, bem
como adquirir conhecimento e desenvolver comportamentos, objetivando a baixar a
taxa de mortalidade das empresas.
Segundo o estudo GEM (2010), os fatores limitantes às condições para
empreender no Brasil ocorrem na falta de uma política nacional voltada para o
Empreendedorismo, fontes de financiamento, linhas de crédito específicas aos
empreendedores e formas de apoio; com a ausência de políticas que desenvolvam
atitudes empreendedoras; carência de incentivos governamentais para os novos
empreendimentos. Para o GEM (2010), é preciso que o Governo Federal dê
condições para que os estados e municípios possam conceder incentivos; a
burocracia afeta a abertura e manutenção dos novos negócios; o peso da carga
tributária exercida sobre as atividades empreendedoras, especialmente sobre a folha
de pagamento. Houve avanço com relação às micro e pequenas empresas em
função da Lei Geral da MPE, do Simples. Entretanto, relata o GEM (2010) depois
que a empresa se desenquadra da condição de micro e pequena empresa, a
possibilidade de crescimento é bastante dificultada em razão da carga tributária
elevada; do custo Brasil elevado; da legislação trabalhista confusa e antiquada; do
18
sistema jurídico emperrado, que não resolve os processos; o empreendedor não
sabe em que porta bater para submeter um projeto inovador, para que tenha uma
análise contínua do seu projeto, saber se ele está tramitando ou não. O resultado do
GEM (2010) é que, na dúvida, as pessoas preferem se retrair.
Dados do GEM (2010), apontam que há muita burocracia no acesso aos
recursos financeiros desestimulando o empreendimento. Além disso, muito dos
programas de apoio financeiros não têm divulgação dificultando o acesso. Fica muito
confortável para um gerente de banco conceder uma nova aprovação de crédito,
como por exemplo, o Proger e BNDS, para quem já é um cliente de carteira dele.
Para implantação empresarial é muito difícil acesso ao crédito.
Afirma o GEM (2010), que os gestores ainda têm muita dificuldade em
analisar um plano de negócios de uma empresa que virá e qual é sua possiblidade
de sucesso no mercado. Isso traz limitações de linhas de crédito para implantação.
Faltam instrumentos de apoio à empresa, como financiamento e suporte. Os juros
no Brasil são um dos mais altos do mundo.
As recomendações feitas por especialistas citados na pesquisa GEM (2010)
apontam que a educação e capacitação, as políticas governamentais, o apoio
financeiro e os programas governamentais, são os quatro fatores críticos para
melhoria do empreendedorismo no Brasil.
Segundo o GEM (2010), um grande diferencial para gerar uma cultura
empreendedora, seria reformar o sistema educacional brasileiro com matérias
voltado ao empreendedorismo, à sustentabilidade e à inovação. E ainda reformular o
sistema fiscal, simplificando, com a diminuição da carga tributária, para incentivar
mais investimentos e negócios, além do incentivo à diversificação das modalidades
de financiamento no País.
A figura 1, mostra em termos de ocupação anterior, verifica-se que 44% eram
funcionários de empresa privada que deliberadamente optaram por deixar seu
emprego e abrir seu próprio negócio, 21% pessoas autônomas que trabalham como
pessoas físicas prestadoras de serviço, 13% proprietários de outra empresa, 8%
dona de casa, 5% funcionário público, 3% estudante e 6% outros tipos de ocupação.
19
Figura 1 - Atividade dos proprietários imediatamente antes (até três meses antes) de abrirem a
empresa
Fonte: Sebrae-SP/FIPE ( Pesquisa de Campo) (*) Outros: desempregados, aposentados, etc.
A figura 2 a seguir, mostra segundo dados do SEBRAE, quais os motivos que
levaram à abertura da empresa, cerca de 34% responderam que desejava abrir o
próprio negócio, 28% cita como principal motivo o fato de ter identificado uma
oportunidade, 11& alegaram experiência anterior, 6% alegaram exigência de seus
clientes e fornecedores, 4% estavam desempregados, 2% estava insatisfeitos no
emprego.
Figura 2 - Por que resolveu abrir a empresa?
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
20
2.2 Empresas Abrem por Oportunidade ou por Necessidade?
Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor - GEM (2010) a cada
100 brasileiros que começam um negócio próprio no Brasil, 71 são motivados por
uma oportunidade de negócios e não pela necessidade. Em 2002, apenas 42% das
pessoas abriam uma empresa por identificar demanda no mercado, enquanto os
demais tinham o empreendedorismo como única opção, por não encontrar
alternativas no mercado de trabalho.
Na avaliação do presidente do SEBRAE, Luiz Barretto (2014), os resultados
indicam perspectiva de que os pequenos negócios continuem em uma trajetória de
crescimento, já que o mercado interno brasileiro oferece oportunidades de negócios.
O micro empreendedor individual (MEI), microempresas e pequenas empresas –
aqueles que faturam até R$ 3,6 milhões por ano – representam 99% das empresas
brasileiras e mais de 8,3 milhões de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
Pondera o Presidente do SEBRAE, Luiz Barreto, (2014), ter seu próprio
negócio é um dos três principais sonhos do brasileiro, atrás apenas de comprar a
casa própria e viajar pelo Brasil. Fazer carreira em uma empresa vem em oitavo
lugar entre os desejos dos entrevistados, onde sonhar é tão fundamental quanto se
planejar. A maioria dos entrevistados afirma não ter medo de fracassar, o que é
positivo, mas, para ter sucesso, o empreendedor também precisa investir na sua
capacitação e buscar um diferencial para seus produtos e serviços.
Na percepção do brasileiro, 84% consideram que abrir sua própria empresa é
uma opção desejável de carreira, fato que para Sandro Vieira, diretor presidente o
Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade - IBQP (SEBRAE, 2014), chama a
atenção o fato de o brasileiro estar mais atento às oportunidades do ambiente.
Segundo o SEBRAE (2005), há forte presença de MPEs em atividades
voltadas ao atendimento as necessidades básicas dos clientes como alimentação,
vestuário e habitação. No quadro 1, mostra que os setores de comércio sobressaem
os segmentos de material de construção e vestuário, no setor de indústria são os
segmentos de confecções e construção e no setor de serviços os principais
segmentos são alojamento/alimentação e transporte terrestre.
21
Quadro 1: Segmentos de atividade com maior número de abertura de novas empresas em 1999, por
setor de atividade
Fonte: Amostra aleatória obtida a partir do Diário Oficial do Estado de São Paulo - Caderno Junta Comercial
Continua Sandro Vieira (SEBRAE, 2014), “O percentual da população que
afirma perceber oportunidades de negócio para os próximos seis meses nas
proximidades onde vive, subiu de 41,2%, em 2002, para 50 %, em 2013, com média
de 45,1% no período." Além de um grande mercado consumidor e dos avanços na
legislação, em especial a redução de impostos do regime Supersimples, um dos
fatores que mais fortalece o empreendedorismo no país é o aumento da
escolaridade: quase metade dos novos empreendedores têm pelo menos o segundo
grau completo, conforme apresentado na figura 3. Entre os novos empresários que
estão cursando ou já completaram o Ensino Superior, 92% iniciaram o negócio por
oportunidade.
Na figura 3 a seguir, apresenta o grau de escolaridade dos proprietários das
empresas abertas entre 1995 a 1999, onde cerca de 14% dos novos donos de
empresa possuem apenas o primeiro grau incompleto, 22% possuem o primeiro
grau completo, 41% concluíram o segundo grau e 23% possuem superior completo
ou mais.
22
Figura 3 - Escolaridade dos Proprietários das Empresas abertas entre 1995 e 1999
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
Na figura 4, mostra o perfil do empreendedor brasileiro entre 1995 a 1999, é
de 39 anos. Essa média é fortemente influenciada pela grande participação dos
proprietários da faixa de 25 a 49 anos. Esta faixa etária envolve cerca de 76% de
todos os proprietários.
Figura 4 - Idade dos Proprietários das Empresas abertas entre 1995 e 1999
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
2.3 Fatores que causam a Mortalidade Empresarial das Micro e Pequenas Empresas
Alguns índices de mortalidade empresarial das MPEs no Brasil ainda é bem
significativo, principalmente quando se trata do estágio inicial, nos dois primeiros
anos de vida, Chiavenato (2008) cita que não faltam inúmeros riscos e perigos nos
23
novos negócios. Com isso aponta algumas das possíveis causas de mortalidade nas
empresas, conforme o quadro 2.
Quadro 2: Possíveis causas de mortalidade nas empresas.
Inexperiência- 72 %
Incompetência do empreendedor
Falta de Experiência de campo
Falta de experiência profissional
Experiência desiquilibrada
Fatores econômicos - 20 %
Lucros insuficientes
Juros elevados
Perda de mercado
Mercado consumidor restrito
Nenhuma viabilidade futura
Vendas Insuficientes - 11 %
Fraca competitividade
Recessão econômica
Vendas Insuficientes
Dificuldade de estoques
Despesas excessivas - 8 %
Dividas e cargas demasiadas
Despesas operacionais
Outras causas - 3 %
Negligência
Capital insuficiente
Clientes insatisfeitos
Fraudes
Ativos insuficientes
Fonte: Chiavenato (2008, p.15)
Maximiano (2006), Dornelas (2005) e Manegement Center Brasil (1964),
destacam os principais problemas e causa de insucessos enfrentados pelas MPEs,
dentre eles a demora e burocracia para se abrir e legalizar um empresa; a falta de
financiamento e capital humano adequado para gerenciá-las; as altas taxas
tributárias; a falta de pesquisas de mercado; a sensibilidade as alterações dos ciclos
econômicos; a tomada de decisões apressadas e mal planejadas; a falta de
24
planejamento; deficiência na gestão; políticas publicas de apoio insuficientes; fatores
pessoais.
Dornelas (2008a) e Chiavenato (2008) ressaltam que para uma empresa ser
bem mais sucedida, não basta somente o seu fundador ou proprietário possuir as
características do espírito empreendedor, mas saber evitar ou neutralizar as
ameaças, identificar as oportunidades em ambientes turbulentos, escolher o negócio
mais oportuno e suscetível ao êxito, além de um bom planejamento e do capital
financeiro, representando a importância para a sobrevivência da MPE para o
desenvolvimento econômico e social do país, com quantidade de empregos
mantidos e faturamento significante para a economia além de promover o ciclo
econômico e o sustento de várias famílias.
Segundo, Vale, em seu artigo redes sociais na criação e mortalidade de
empresas (2010), os dados do DNRC (Departamento Nacional de Registro do
Comércio), são criadas no Brasil 500 mil novas empresas por ano, porém metade
delas vão encerrar suas atividades antes de completar o primeiro ano de vida.
Pesquisas realizadas pelo SEBRAE - SP (2005) mostram que a taxa de mortalidade
das empresas no primeiro ano de vida é de 29% e no quinto ano, de 56%, ou seja,
mais da metade das empresas terão suas atividades encerradas em até cinco anos.
Vários estudos abordam a temática da criação e morte de empresas, nota-se que,
entre os fatores críticos para explicar ou analisar o fenômeno da mortalidade de
empresas, existem aqueles associados às condições originais do empreendedor,
tais como nível de escolaridade ou tipo de formação; natureza da experiência prévia;
busca do empreendedorismo pela impossibilidade de geração de rendas
alternativas; limitações de natureza gerencial, e os associados ao ciclo dos negócios
ou ao ambiente.
A figura 5 mostra uma estimativa acumulada do estudo da mortalidade das
empresas pelo SEBRAE (1999), no período de 1 a 3 anos de atividade de 32%, 44%
e 56%. Cerca de 71% das empresas fecham antes de concluírem o quinto ano de
atividade, portanto apenas 29% conseguem manter-se em atividade após cinco
anos.
25
Figura 5 - Sobrevivência e mortalidade acumulada das empresas, no Estado de São Paulo
(rastreamento realizado em nov./dez 2000)
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
O quadro 3, demonstra entre 1990 a 2000, foram registradas pela JUCESP
quase 1,5 milhão de novas empresas, porém com a aplicação das taxas de
mortalidade chega-se a uma estimativa de cerca de 1 milhão de empresas
encerradas neste período.
Quadro 3 - Constituição de empresas e projeção de empresas encerradas, no estado de São Paulo,
1990-2000.
Fonte: (A) Junta Comercial do Estado de São Paulo (firmas individuais e sociedades anônimas)
(B) Estimativa do Sebrae-SP (1999).
26
2.4 Estudo da Mortalidade Empresarial
O SEBRAE (2012), lista alguns erros sobre a mortalidade empresarial e de
como evita-los com lições para ter o sucesso em nova empreitada, conforme segue
no quadro 4. O fracasso pode ser uma chance de repensar os erros cometidos e
tirar lições para uma nova empreitada. A falta de planejamento e os erros na
administração nos primeiros anos de vida quando os negócios têm recursos
limitados e nome desconhecido, determina o fim do empreendimento. Para o
economista do SEBRAE, Pedro Gonçalves, a busca de informação sobre o ramo de
atividade resulta em chances de sucesso.
Quadro 4: Erros Administrativos e Lições para o Sucesso
Erros Cometidos Lições para o Sucesso
Falta de planejamento: atuar sem fazer
um plano de negócio.
É preciso estudar todos os aspectos que
envolvem o negócio, pesquisar quem
será o publico alvo, fornecedores, custos
fixos e variáveis, concorrência e
localização adequada.
Copiar modelos existentes.
O ideal é que o empreendedor se inspire
em casos de sucesso para abrir seu
negócio, mas saiba adaptá-lo à sua
realidade para criar diferenciais, é
necessário haver alguma inovação em
relação ao produto ou serviço oferecido
pela concorrência.
Não acompanhar a rotina da empresa.
A dedicação é uma qualidade do
empreendedor, verificar de perto a rotina
de cada área da empresa, trazer
pessoas qualificadas para supervisionar
cada setor, estar presente na empresa
para fiscalizar o trabalho e para resolver
problemas.
27
Descontrole do fluxo de caixa.
Adotar um sistema de controle da
entrada e saída de dinheiro, uma
simples planilha consegue resolver o
problema ou aplicativos mais elaborados
para fazer este controle; ter o hábito de
checar as contas todos os dias, e saber
planejar o pagamento e recebimento dos
recursos.
Falta de divulgação da marca.
Deve estabelecer uma estratégia e a
propaganda ideal é direcionada para os
clientes.
Não se adaptar às necessidades do
mercado.
Resistir às mudanças e as novidades o
empresário deve se manter atento às
tendências do seu ramo de atividade.
Ler jornais, sites e revistas ou conversar
com clientes e fornecedores conseguir
mais informações sobre o mercado.
Fonte: SEBRAE (2012)
Segundo pesquisa do SEBRAE (2012), a taxa de mortalidade de empresas
nos primeiros dois anos de atividade é de 26,9% no país.
O economista do SEBRAE-SP Pedro Gonçalves (apud SEBRAE, 2012),
aponta a falta de pesquisa sobre concorrência, localização, fornecedores e público-
alvo é um erro bastante comum entre os empresários. "Quem busca informações
sobre o ramo de atividade antecipadamente tem maior chance de sucesso", afirma.
"Empreender é uma atividade de risco, é preciso cuidar do negócio durante todo o
tempo em que ele estiver no mercado."
Segundo o SEBRAE (1999), a falta de planejamento prévio adequado afeta a
mortalidade nas empresas, conforme figura 6, onde cerca de 54% das empresas
não conheciam ou não buscaram informações sobre a quantidade de clientes e seus
hábitos de consumo, 38% não pesquisaram seus concorrentes, 31% não
observaram os produtos concorrentes, 23% desconheciam preço e prazo de
28
fornecedores, 21% não observaram os aspectos legais associados ao seu
empreendimento.
Figura 6 - Planejamento prévio à abertura: NÃO conheciam ou NÃO procuraram informar-se previamente sobre:
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
O estudo do SEBRAE (2012) mostra que 29% dos empresários entrevistados
alegam que a principal dificuldade encontrada no primeiro ano de atividade é a falta
de cliente. A baixa nas vendas é motivada também por erros de gestão e de
planejamento. Não ter sucesso no primeiro empreendimento não significa que as
portas do mercado se fecharam. Refletir sobre os erros cometidos e tirar lições desta
experiência podem se tornar verdadeiros trunfos para conquistar espaço em uma
segunda oportunidade.
O estudo do SEBRAE (1999), mostra na figura 7, entre as causas citadas
pelas empresas que encerraram suas atividades a mais citada foi à falta de clientes
com 30%, associada ao descuido na identificação prévia à abertura do negócio
sobre a quantidade e os hábitos dos consumidores, além destas empresas não
realizarem o aperfeiçoamento de seus produtos/serviços às necessidades dos
clientes. Os problemas particulares com 19%, a falta de capital e crédito 18%, a
inadimplência dos clientes 13%, a concorrência 8%, os custos elevados 5%, os
impostos e encargos 4%, os problemas com sócio 4% e outras respostas 19%,
29
Figura 7 - Por que a empresa foi fechada ou deixou de funcionar? (Somente empresas que encerraram atividades, resposta espontânea)
Fonte: SEBRAE-SP/FIPE (Pesquisa de Campo)
De acordo com o site do Professor Dornelas os principais erros que impedem
o crescimento da pequena empresa estão em o empreendedor não pensar grande; a
perda de tempo procurando os recursos errados com as pessoas erradas; não
orientar um pensamento empreendedor a sua equipe; não pensar em estratégia
como ação estabelecida e adequada para alcançar desafios e objetivos da empresa;
No site do Professor José Dornelas estes erros promovem algumas
realidades fundamentais, que leva o plano de negócios a se tornar obsoleto, o
segredo do sucesso é fracassar rapidamente e se recuperar rapidamente, é não
querer fazer tudo sozinho, onde velocidade, destreza de reflexos e adaptabilidades
são fundamentais.
Para o diretor, de serviços de seleção a empreendedores da Endeavor,
Marcos Simões (SEBRAE, 2012), o fracasso de um negócio propicia uma reflexão
profunda sobre a gestão adotada, o empresário deve compreender suas carências e
buscar supri-las com um time qualificado e capacitado. “Quando a empresa vai bem,
não há muita preocupação com a gestão”. O empresário não deve se abater pelo
sentimento de derrota e se inspirar em grandes empreendedores que já enfrentaram
situações semelhantes. "O Steve Jobs, por exemplo, foi demitido da própria empresa
30
e mesmo assim foi um dos maiores nomes na área de tecnologia. O segredo é não
deixar que o fracasso se transforme em um trauma", declara.
2.5 Ferramentas de Gestão
Antes de pensar em abrir uma empresa, os pequenos empreendedores
deveriam fazer um plano de negócios no qual mostraram o investimento redefinindo
o objeto do negócio, segundo o coordenador do MBA Gestão Estratégica e
Econômica de Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antônio André Neto
(apud SANIELLE, 2012).
Reinaldo Messias consultor do SEBRAE diz que o empreendedor precisa ter
um bom conhecimento do mercado, percepção da clientela, hábitos e costumes para
identificar os produtos que ela quer comprar. O planejamento inicial é fundamental
para garantir a sobrevivência nos primeiros quatro anos. (apud Saniele, 2012).
De acordo com o professor Edison Kalaf, da Business School São Paulo
(BSP), (apud Saniele, 2012), a maioria dos empreendedores que abrem a primeira
empresa tem conhecimento técnico, mas não sabem gerenciar e não tem contato
com o mercado no qual vão atuar, até mesmo os que estudam nas melhores
universidades saem pouco preparados para gerenciar, sem noções de
empreendedorismo. O plano de negócios é fundamental para quem quer conhecer o
mercado no qual vai atuar e para garantir um planejamento de longo prazo,
completa Arnou dos Santos, analista de finanças do Sebrae-MG. (apud Saniele,
2012).
Segundo o site do Profº José Dornelas, existe uma importante ação que o
empreendedor deve fazer pelo seu empreendimento é Planejar. A falta de
planejamento do brasileiro é substituída pela sua criatividade e persistência. Porém
não basta apenas sonhar, deve-se transformar o sonho em ações concretas, reais,
mensuráveis. Para isso, existe uma simples técnica de se transformar sonhos em
realidade, como o planejamento do negócio para poder gerenciá-lo e apresentar sua
ideia a investidores, bancos, clientes; os recursos financeiros necessitam de um
plano de negócios da empresa para poder avaliar os riscos inerentes ao negócio;
um bom plano de negócios, para a maioria dos micro e pequenos empresários com
conceitos básicos de planejamento, vendas, marketing, fluxo de caixa, ponto de
equilíbrio, projeções de faturamento etc.
31
Dornelas em seu site apresenta ao leitor de modo objetivo e direto, passo a
passo, do Plano de Negócios com estrutura a partir de análise do mercado e
identifica as tendências do ambiente; descreve o perfil dos consumidores e
competidores; compara seu negócio com a concorrência; quais fatores influenciam
as projeções de mercado; se está estruturado; se há oportunidades de risco. Definir
o perfil do comprador (do porque, oque, quanto, quando, como compra, onde mora).
Um dos cursos oferecidos pela FATECSS é o de Tecnologia em Gestão
Empresarial. A disciplina Planejamento e Gestão Estratégica aplicada pelo professor
Marcondes, aborda analisar a concorrência, quem são os concorrentes se a equipe
é eficiente, pois a equipe gerencial é um fator crítico de sucesso com a descrição
dos principais responsáveis de cada área, onde descrevem os produtos e serviços, a
estratégia de marketing e vendas com desenvolvimento de ações e prazos,
avaliações de custos e viabilidade, o acompanhamento e gestão, a divisão em
características e os benefícios e diferenciais, a utilidade e o ciclo de vida em que se
encontra o produto, e ao utilizar a Matriz BCG conforme o quadro 5, que define a
participação relativa de mercado e o crescimento em comparação à participação de
seu maior concorrente onde quanto mais rápido for o crescimento de mercado de
um produto melhor será para a empresa analisada.
Segundo a disciplina aplicada por Marcondes, a empresa deve estar preparada
para análises estratégicas e planos de desenvolvimentos, utilizar a ferramenta Swot
(forças, fraquezas, oportunidades e ameaças) apresentada no quadro 6, para
análise em um ambiente de mudanças e com necessidade de decisões estratégicas,
definindo objetivos e metas, planos de ação e cronogramas. Com projeções de
resultados, finanças, análise de investimento para avaliar a viabilidade do negócio e
probabilidade de sucessos e lucros.
32
Quadro 5: Matriz BCG auxilia o processo de tomada de decisões dos gestores.
Fonte: Planejamento e Gestão Estratégica – FATECSS/ 2013.
Quadro 6: Aplicação da Análise SWOT em um ambiente interno ou externo da empresa.
Fonte: Planejamento e Gestão Estratégica – FATECSS/ 2013.
2.6 Inovação, Motivação, Frustração e Compensação
Segundo Drucker (2008), o empreendedor sempre está buscando a mudança,
a explora como sendo uma oportunidade, cria algo novo, diferente, muda e
transforma valores, convive com riscos e incertezas envolvidas nas decisões, e a
inovação é o instrumento específico do espirito empreendedor.
33
Para Larry Farrel (1993), a necessidade estaria na origem do espírito
empreendedor, que leva a criação de algo novo, à edificação de um negócio ou
comportamento competitivo.
Segundo os autores Ferreira e Reis (2008) a inovação é o ato que contempla
os recursos com a capacidade de inovar, criar riquezas, concretização de ideias,
habilidades de edificar negócios que geram empregos, mantendo o negócio
competitivo no mercado, liberando um processo de mudança que possa gerar
oportunidades fantásticas de crescimento.
Segundo Kotler (2009), os clientes que sofrem com má qualidade não
voltarão e ainda falarão mal da empresa. Portanto, para ele, qualidade é um meio de
se vencer com o melhor serviço no aperfeiçoamento contínuo, inovação no produto,
onde supera a expectativa do cliente. Descreve que a empresa deve compor uma
estratégia de marketing de sucesso, sendo mais eficiente em termos operacionais e
apresentar pontos fortes que diferenciam das estratégias da concorrência. Para
Kotler (2009), avaliar os departamentos da empresa voltados para o cliente com
pesquisas de desenvolvimento ao dedicar tempo em ouvir seus clientes; tomar a
iniciativa de buscar os melhores produtos construindo uma relação de fornecedores
confiáveis; aperfeiçoa a qualidade do produto atendendo as exigências do cliente;
um marketing que mede o alcance da imagem da empresa e a satisfação do cliente.
O fracasso inesperado, segundo Drucker (2008), são erros, resultados de
ganância, estupidez, participação irrefletida, ou incompetência, no projeto ou na
execução, falha no planejamento. Para ele, esse fracasso muitas vezes revela
oportunidade inovadora.
Para Drucker (2008), o que o inovador vê e aprende deve ser submetido a
uma rigorosa análise lógica, alicerçada numa percepção de mudanças, de
oportunidades das novas realidades, saindo a campo, olhar à volta, fazer perguntas
e escutar.
Segundo Drucker (2008), o fator externo pode ser uma oportunidade para
exercer a competência especializada já existente a uma nova aplicação que não
altere a natureza do negócio que se está. Pode ser uma extensão, em vez de
diversificação, onde demanda inovação em produto, assistência técnica e canais de
distribuição. Para ele, a inovação baseada em conhecimento requer uma análise
meticulosa de todos os fatores sociais e econômicos.
34
Segundo Chiavenato (2003), o ciclo motivacional do comportamento humano
é motivado pela satisfação de suas necessidades, porém nem sempre a satisfação
das necessidades é plenamente alcançada ocorrendo a frustração que mantém um
estado de desiquilíbrio e tensão. Para ele, a frustração pode conduzir a reações
comportamentais de desorganização, agressividade, reações emocionais, alienação
e apatia. Afirma que, a motivação é o impulso de exercer esforço para o alcance de
objetivos organizacionais que satisfaz a necessidade individual ocorrendo à
elevação moral, onde o contrário leva a frustração. O moral elevado conduz a um
clima receptivo, amigável, quente, agradável, de colaboração, de aceitação dos
objetivos, boa vontade, atitudes positivas, satisfação, otimismo, com níveis e
atitudes de fanatismo e euforia. Enquanto o moral baixo quase sempre provoca um
clima negativo, adverso, desagradável, de insatisfação, pessimismo, oposição,
negação, rejeição dos objetivos, má vontade, resistência, dispersão e agressão.
Continua Chiavenato, a teoria das relações humanas constatou a influência da
Liderança no comportamento organizacional, que encarna normas e expectativas do
grupo e mantém controle sobre o comportamento do grupo social coeso e integrado.
Segundo ele, a liderança é necessária em todas as funções administrativas, onde
modifica o comportamento das pessoas, influência forças psicológicas com
autoridade provocando mudanças comportamentais, reduzindo incertezas.
2.7 Fatores Chaves do Fracasso
Trías de Bes (2010) escreveu ao público em geral para ser assimilado por
qualquer pessoa, os fatores chaves do fracasso é não ter caráter empreendedor.
Segundo ele, empreender é um assunto sério, arriscar o dinheiro e uma carreira
profissional, de comprometer a economia familiar do empreendedor e seu próprio
patrimônio.
Para Trías de Bes (2010), a experiência empresarial não é garantia de
sucesso, pois os erros do empreendedor não são de gestão, mas provocados pela
esperança. A principal causa do fracasso nos novos negócios é a falta de
objetividade, incapacidade de assimilar a realidade como ela é. Segundo ele, os
negócios fracassam por problemas pessoais, desavenças com os sócios, falta de
bom senso, excesso de expectativas, medos e erros insignificantes e para se evitar
35
um fracasso é necessário saber por que aqueles que fracassaram se deram mal, se
eram empreendedores de verdade ou aventureiros.
Segundo Trías de Bes (2010), alguns dos motivos para empreender do
empreendedor se dão pelo fato de estar desempregado; odiar o chefe; odiar a
empresa; não querer receber ordens; organizar um tempo entre a vida pessoal e a
profissional; ter liberdade de horário; ter poder para decidir quais serão os seus dias
livres; ganhar mais dinheiro do que estas trabalhando para os outros; querer
recuperar o patrimônio perdido da família; provar algo aos demais; provar algo a si
mesmo; provar algo aos pais; ficar rico, ter sucesso; contribuir para o
desenvolvimento da região; dedicar-se a um assunto que gosta.
De acordo com Trías de Bes (2010), o Fator Chave do Fracasso (FCF) é
empreender com um motivo, mas sem motivação, onde o motivo é irrelevante
enquanto houver motivação, a pratica do ato, ou estar na hora certa no lugar certo.
Para ele, outro fator chave do fracasso é não ter caráter empreendedor, pois
empreender é uma forma de enfrentar o mundo, uma maneira de entender a vida
com a qual nem todo mundo se sente à vontade, a pessoa ama desfrutar de
incertezas e inseguranças em relação do que acontecerá amanhã. Para Trías não
ser um lutador é mais um fator de fracasso, ter o espirito de lutador é enfrentar
desafios intelectuais ou físicos é um bom treino para aumentar a capacidade de
sofrimento. O medo é motivo que leva ao empreendedor a ter um sócio, um alguém
em quem se apoiar, por não ser capaz de cuidar de tudo, o medo de estar só.
Alguns recursos importantes, se precisar de sócio para dinheiro busque no banco,
não consegue fazer tudo busque profissionais qualificados, não domina tudo então
terceirize, para conselhos busque um consultor, e para o medo um esporte de
resistência física. Ao escolher sócios, definir critérios importantes quanto ao caráter,
competências, honestidades, valores alinhados ao seu. Trías acredita que o êxito
depende da ideia. Cita que a ideia é o de menos, e o importante é a forma da ideia.
Não se deve concentrar em vender, mas em por que os clientes comprarão o
produto. Para Trías, o fracasso é resultado do fato de não modificarem a ideia ou a
sua forma enquanto ainda há tempo.
Segundo Trias de Bes (2010), outro fator chave do fracasso é atuar em
setores que não gosta ou desconhece. Deve-se ter uma decisão consciente e nunca
a consequência aleatória de uma ideia de negócio. Empreenda em setores que
conheça, goste de fazer, dedique tempo e se cerque de pessoas daquele setor.
36
Escolher setores de atividade pouco atraentes é um fator de fracasso, o indicado é
procurar setores que cresçam e que haja pouca concorrência, que seja rentável, e
requeira pouco investimento inicial.
Conforme Trías de Bes (2010), é um erro começar a empreender sem ter o
apoio incondicional da família, que deve estar consciente das possíveis
necessidades que terão de enfrentar.
Para Trías de Bes (2010), é um fator de fracasso empreender sem assumir o
impacto que isso terá sobre o equilíbrio vital, ou seja, isso implica invadir a vida
pessoal com os problemas da vida profissional. Empreender proporciona muitas
satisfações, mas entre elas não está a da conquista de tempo para a vida pessoal.
Segundo Trias de Bes (2010), há empreendedores geniais na hora de
identificar boas ideias de negócio e torna-las realidade, mas que são um desastre
para gerir o crescimento de suas empresas, ao criarem modelos de negócios que
não dão lucro rapidamente e de modo sustentável. Fazer planos serve para
modificar o negócio quando necessário onde à sustentabilidade é mais importante.
Para Trías, o proprietário deve ser empreendedor e não empresário, pois querer
continuar dirigindo e mandando quando já não é mais a pessoa indicada para
conduzir a empresa e um fator de fracasso.
Segundo Trías de Bes (2010), cabe ao empreendedor falar, observar, viajar,
perguntar, manter uma atitude aberta em relação aos produtos de seu setor e ao
que fazem seus concorrentes, são algumas das coisas necessárias a fazer. Sua
ideia ou produto deixarão de ser importantes. Para ele, o verdadeiro empreendedor
não é uma pessoa que implementa uma ideia, mas alguém que domina e reinventa
o setor, é uma pessoa que aprecia empreender, ou seja, criar. O empresário é
alguém que tem paixão por gerar crescimento e, sobretudo gerir, ou sabe-se gerir
bem ou não saberá crescer e cometerá erros que poderão desembocar no fracasso.
Para Trías de Bes (2010), empreender é uma coisa séria. Ser útil em ajudar
ao empreendedor a identificar em que não podem falhar obtendo a capacidade e
inteligência suficiente para identificar seus próprios fatores de êxito.
Segundo o Portal do Administrador, o significado de empreender é ter
paciência, perseverança, saber administrar, planejar e organizar bem. Empreender é
o modo de pensar e agir de forma inovadora que identifica e cria oportunidades; é
inspirar, renovar e liderar o processo, tonando possível, motivando pessoas,
combater rotinas, assumir risco em favor do lucro. Abrir um negócio não é tão difícil
37
e nem tão fácil, porém é extremamente importante ter conhecimento para ter
consciência de que os desafios virão e não se pode desistir nos primeiros obstáculos
e sim corrigi-los com facilidade, agilidade, superação e motivação.
Como reforço ao entendimento deste assunto as Opiniões dos Contadores
(2010), é possível identificar os fatores internos pessoais de gestão e do ambiente
externo causadores da mortalidade empresarial, que poderão facilitar o processo
decisório do empreendedor com fatores financeiros, estratégicos, macroeconômicos,
mercadológicos, comportamento empreendedor e estrutural das empresas. São
aspectos relevantes ao processo decisório em relação aos dados gerais de
mercado, os resultados, em função de análises e recomendações.
Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), seguem no quadro 7, a primeira
categoria analisada no aspecto financeiro, verificou-se fatores que foram
significativos no fechamento do negócio.
Quadro 7: Fatores financeiros
Financeiros
Falta de crédito
Falta de capital próprio
Insuficiência de capital para iniciar o negócio
Falta de capital de giro
Falta de planejamento financeiro
Falta de dimensionamento de capital
Falta de controle financeiro
Capitalização excessiva de ativos fixo
Não uso de capital próprio/ reinvestimento de lucro
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), seguem no quadro 8, os fatores
estratégicos revelam que o principal motivo da descontinuidade empresarial foi
devido ao comportamento do gestor, destacando-se a centralização de poder, falta
de treinamento e na ausência de uma gestão estratégica com planejamento voltado
para longo prazo.
38
Quadro 8: Fatores estratégicos
Estratégicos
Centralização do poder
Falta de assessoria
Falta de treinamento pessoal
Controle de estoques precários
Qualidade dos produtos/serviços
Falta de investimento em pesquisa e desenvolvimento
Má gestão de custos
Má administração dos fluxos de caixa
Crescimento mal planejado
Deficiência na gestão
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), é apresentado no quadro 9, a
falta de planejamento a longo prazo para estudar o ambiente externo da organização
e tentar minimizar os efeitos destas variáveis econômicas, políticas e tributárias na
gestão, foram significativos no fechamento do negócio.
Quadro 9: Fatores macroeconômicos.
Macroeconômico
Problemas com fiscalização
Aspectos políticos
Falta de políticas de apoio
Inflação/taxa de juros
Recessão econômica do país
Carga tributária elevada
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), seguem no quadro 10, as
variações de mercado e o posicionamento e a concorrência foram fatores
39
significativos no fechamento do negócio, faltou ser aplicado aspectos de controles
gerenciais e planejamento pelas organizações.
Quadro 10: Fatores mercadológicos
Mercadológico
Instabilidade do mercado
Preços acima do mercado
Falta de clientes
Inadimplência de credores
Desconhecimento do mercado onde atua
Concorrência muito forte
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), seguem no quadro 11, os
fatores do empreendedor significativos foram a falta de experiência em gestão de
empresas aliada com um perfil não empreendedor e a carência de conhecimentos
técnicos em administração, supondo que tais aspectos poderiam auxiliar na
manutenção do empreendimento.
Quadro 11: Fatores do empreendedor.
Empreendedor
Problemas de sucessão
Problemas particulares
Falta de experiência no setor
Ausência de planejamento prévio
Baixa escolaridade
Falta de comportamento empreendedor
Falta de conhecimentos e habilidades administrativas
Falta de dedicação ao negócio
Falta de conhecimento de gestão de empresas
Incapacidade para assumir riscos
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
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Segundo as Opiniões dos Contadores (2010), no quadro 12, o aspecto
operacional, tecnológico, estratégico, comunicação empresarial, formação técnica
dos recursos humanos, técnicas antiquadas, equipamentos e processos obsoletos,
foram fatores que dificultaram a estrutura organizacional da empresa que
contribuíram para o seu encerramento.
Quadro 12: Fatores estruturais da empresa.
Estrutural
Má estratégia de vendas e marketing
Instalações inadequadas
Ponto inadequado
Falta de acesso e novas tecnologias
Falta de comunicação
Falta de profissionais qualificados
Falta de mão de obra qualificada
Obsolescência de métodos e equipamentos
Mau atendimento/relacionamento com cliente
Fonte: Análise Fatorial do Congresso Brasileiro de Custos, 2010.
Considerado a análise fatorial das Opiniões do Contadores (2010), os fatores
relevantes para a mortalidade empresarial dando a entender que não há como
direcionar a mortalidade das empresas para uma única causa, mas sim para um
conjunto de fatores que agem em conjunto gerando a mortalidade das atividades. A
pesquisa reforça a necessidade de uma nova postura das empresas, considerando o
aspecto comportamental do gestor; deficiente gestão estratégica; falta de
experiência empresarial; ausência de formação e comportamento empreendedor. E
uma nova postura nos órgãos governamentais como a falta de profissionais
qualificados, a carga tributária elevada e a instabilidade de mercado, dependem da
ação do governo para ser amenizados.
41
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia utilizada nesta pesquisa exploratória ocorre de duas formas,
sendo a primeira a coleta de dados bibliográficos, a segunda por entrevista com três
casos de encerramento de empreendedores que passaram pela experiência da
mortalidade empresarial.
Utilizou-se nesta pesquisa uma análise de três casos de encerramento sobre
o tema mortalidade. O primeiro caso a loja A Ciganinha, o segundo caso o Canto da
Ilha Restaurante e o terceiro caso a filial da Sorveteria Wilson. Na análise destes
três casos verificou-se a falta de profissionais qualificados, deficiência na gestão
empresarial, concorrência forte, carga tributária elevada, entre outros conjuntos de
fatores que agem em conjunto gerando o fechamento da empresa.
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica para saber identificar as causas e
fatores sobre o assunto com base em materiais já publicados. (LAKATOS e
MARCONI, 2011). Para o trabalho foram adotadas fontes bibliográficas como livros,
monografia sobre o tema Mortalidade Empresarial e os principais fatores e
dificuldades encontrados no gerenciamento e encerramento das atividades. Foram
levantadas pesquisas e estatísticas junto ao SEBRAE e sites sobre o assunto.
3.1 Questionário
Na coleta de dados objetivando estruturar o roteiro da pesquisa exploratória,
procurou-se identificar as características gerenciais nas empresas. Foram
analisadas três empresas em estagio de encerramento, onde no desenvolvimento
deste trabalho verificou-se o nível de conhecimento dos empreendedores e quanto
menor o nível de conhecimento maior é o risco de mortalidade. Entretanto esta
análise apresenta um sistema de informações estratégicas que podem aumentar as
chances de sobrevivência de um negócio apresentando os principais fatores que
levam a mortalidade empresarial e de como evita-los usando as ferramentas
gerencias adequadas a cada empreendimento.
Para identificação do perfil do empreendimento, foi desenvolvido um
questionário para obter informações referentes ao encerramento das atividades
empreendedoras na cidade de Caraguatatuba.
42
As questões foram respondidas pelos empresários que autorizaram a
utilização em pesquisa acadêmica. A pesquisa desvenda o nível de compreensão do
entrevistado sobre a gestão empresarial em seu negócio, identificando
oportunidades e concorrências, além do preparo para suportar pressões e o
fracasso do empreendimento.
Quadro 13: Roteiro de entrevista
Pergunta: Livro: Autor:
1 – Que tipo de empreendedor você é? Mais importante: que tipo gostaria de ser?
Como conseguir investimentos para seu negocio.
Jose Carlos Dornelas
2 - Onde nasceram as oportunidades? Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
3 - Qual o diferencial da sua empresa?
Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
4 - O que você busca, quanto, quando e como?
Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
5 - Você acredita que o Plano de Negócios possa fazer a empresa progredir?
Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
6 - Existe algum concorrente que não percebeu?
Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
7 - A equipe é forte como você gostaria? Como você a melhoraria e como?
Como conseguir investimentos para seu negocio
Jose Carlos Dornelas
8 - Está preparado para suportar a pressão, tem capacidade de resistência?
O Livro Negro do Empreendedor Fernando Trías de Bes
9 - Considerou seriamente que poderia fracassar?
O Livro Negro do Empreendedor Fernando Trías de Bes
10 - Discutiu com seus sócios sua remuneração?
O Livro Negro do Empreendedor Fernando Trías de Bes
43
11 - Sabe administrar? É bom em administração e organização?
O Livro Negro do Empreendedor Fernando Trías de Bes
12 - Como diferenciar sua oferta das
ofertas dos concorrentes?
Marketing para o Século XXI Philip Kotler
13 - Quais são os principais meios de
crescer?
Marketing para o Século XXI Philip Kotler
14 - Como manter a fidelidade do
cliente por um período mais longo?
Marketing para o Século XXI Philip Kotler
Fonte: Elaborada pela autora, 2015.
44
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O objetivo desse capitulo é apresentar, relatar os fatos observados nos
empreendedores de Caraguatatuba, a mortalidade empresarial objeto desse estudo.
Ao relatar os fatos como se sucederam pretende-se apresentar as principais causas
identificando os problemas e fatores que ocorrem com a falta do uso das
ferramentas de gestão empresarial.
O objeto de estudo exploratório na cidade de Caraguatatuba se deu em três
empreendimentos comerciais situados na região central da cidade.
Na teoria abordada, todos os autores enfatizam a grande importância na
utilização das ferramentas de gestão empresarial para o empreendimento. Dornelas
(2005) orienta a utilização de um plano de negócios como uma ferramenta de auxilio
no processo de planejamento aonde se quer chegar de maneira eficaz. O estudo do
SEBRAE (1999) mostra que aparentemente, as empresas do comércio são as que
apresentam maior taxa de mortalidade nos primeiros anos de atividades,
identificando as características das empresas que fecham e os fatores
determinantes para o processo de sobrevivência dessas empresas.
4.1 O primeiro empreendimento: Loja A Ciganinha - Galeria Jangada
A loja A Ciganinha teve um tempo de vida de sete anos, quando a proprietária
Darcilene iniciou seu empreendimento com cheques pré-datados entregues ao
Locador, e as mercadorias foram financiadas no cartão de crédito e com esse
espírito empreendedor deu início ao seu negócio, com um produto diferenciado no
comércio central, dentro da Galeria Jangada, na cidade de Caraguatatuba, pois até
antes não havia na cidade, loja de roupas, artigos indianos e joias diferenciadas. A
empreendedora teve visão do mercado ao investir em algo novo na cidade
ocupando assim seu espaço no comércio, analisado os dados segundo GEM (2010).
Desta forma a loja tonou-se em seus primeiros dois anos a principal rota dos
clientes locais e turistas. A Ciganinha superava as expectativas do cliente ao atender
suas necessidades em buscar os melhores produtos com qualidade em serviço e
atendimento. Conforme a teoria de Chiavenato (2003) e o SEBRAE (2012), na qual
45
o empreendedor planeja com antecipação, organização, direcionamento e controle
para atender bem o público alvo no planejamento inicial.
O aumento da demanda fez com que a Ciganinha investisse num espaço
maior da loja, locando os boxes da lateral esquerda e direita e desta forma oferece
um espaço mais agradável aos seus clientes com o objetivo na melhoria do
atendimento. Vê-se aqui o espírito de inovação e empreendedor atendendo a
necessidade do mercado citado pelo SEBRAE, GEM (2010), Drucker (2008). Porém,
de acordo com a pesquisa das Opiniões dos Contadores (2010), acerca dos fatores
condicionantes ao negócio, não houve pela proprietária um planejamento
mercadológico para analisar as instabilidades de mercado, fatores
macroeconômicos no aumento da carga tributária, taxa de juros, fatores financeiros
para um planejamento adequado.
A Darcilene manteve-se como funcionária pública, (figura 1), sendo que a
renda do seu salário servia para as suas despesas familiares, ou seja, a proprietária
não tinha um pró-labore retirado mensalmente de sua loja e sua inexperiência no
empreendimento, fez com que não houvesse um planejamento gerencial em uma
análise bem estruturada, de acordo com Chianevato (2008), (quadro 2), a
proprietária apenas identificou uma oportunidade de negócio e arriscou.
Com a chegada dos produtos chineses na concorrência houve uma queda de
consumidores na loja, um fator mercadológico (quadro 10) conforme a Opiniões dos
Contadores (2010) em que as variações do mercado influência no fluxo de caixa.
Percebe-se a falta do uso da ferramenta gerencial na qual identifica as tendências
do ambiente, descreve o perfil do consumidor e dos competidores e análise de risco,
como exposto a análise de mercado por Dornelas, em seu site.
A loja Ciganinha não fez uma projeção de resultados eficiente o que gerou o
descontrole financeiro, (quadro 7) no qual o faturamento mensal não supria os
gastos com funcionários, aluguel da loja, além de dívidas bancarias com altas taxas
de juros impostas, ou seja, a falta de planejamento e controle financeiro e de capital
próprio foram fatores aliados a deficiente gestão financeira dos ativos, conforme a
análise das Opiniões dos Contadores (2010).
Um fator motivacional que influenciou a proprietária foi durante a perda de seu
ex-marido em um tratamento médico no qual houve um desgaste emocional familiar,
que resultou com gastos elevados na tentativa de sua recuperação. Além do
falecimento do seu ex-marido houve um acúmulo de dívidas que negativou ainda
46
mais sua empresa, como exposto por Maximiano (2006), Dornelas (2008) que
destacam os principais problemas enfrentados pelos empreendedores são os fatores
pessoais e econômicos.
Na análise deste trabalho verificou-se que a proprietária teve problemas com
fatores internos: financeiros e familiares que influenciaram um desgaste físico e
mental; fatores externos com a concorrência, as pressões do mercado, a falta de
gerenciamento adequado, como citam Trías de Bes (2010), SEBRAE (2012) e
Opiniões dos Contadores (2010) das possíveis causas que levam a mortalidade
empresarial.
A proprietária fala que, mesmo com seus clientes fiéis conquistados ao longo
dos sete anos, a cidade não oferece incentivos aos comerciantes locais o que
dificulta em muito a continuidade do empreendimento, pois a rota turística não gera
uma demanda positiva aos comerciantes locais; pois além dos elevados impostos e
taxas cobradas pela prefeitura os juros elevados das dívidas bancárias (figura 7),
levaram proprietária a vender a loja devido a um cansaço emocional seguido de
desmotivação e frustração da situação presente. Segundo Trías de Bes (2010), não
ter o caráter empreendedor, faltar a motivação, não ser um lutador é um dos fatores
chaves do fracasso. Segundo a Opinião dos Contadores (2010) a insuficiência de
recursos financeiros, deficiência de gestão e a falta de planejamento estratégico
resultaram na descontinuidade do empreendimento.
Neste sentido o SEBRAE (2005) tem realizado inúmeros esforços, como
programas de capacitação e estímulo ao empreendedorismo junto às prefeituras e
câmara municipais, mobilização de lideranças em favor da Lei Geral das Micro e
Pequenas empresas, projeto que vem tramitando no Congresso Nacional.
4.2 O segundo empreendimento: Canto da Ilha Restaurante (família da autora deste
trabalho).
O Sr Severino tornou-se um empreendedor desde muito jovem, quando
arriscava-se como autônomo por intuição e por necessidade, pois tinha ambições de
se tornar um grande empresário. E assim sucederam inúmeros empreendimentos,
(quadro 1) como: Restaurantes, Pousadas, Padarias, Lanchonetes, todos foram
investidos com auxílio de amigos gestores, contadores dos quais o Sr. Severino
47
adquiria sempre uma consultoria na qual ele impulsionava seus negócios e os
vendia com uma boa margem de lucro aos novos investidores. O SEBRAE (2014) e
GEM (2010) citam a percepção do empreendedor que abrem seus negócios como
opção de carreira atento às oportunidades do ambiente, com criatividade, liderança
e visão de futuro.
Chegando na cidade de Caraguatatuba o Sr. Severino assumiu a gerência de
um Restaurante Self Service sendo responsável pelas reformas feitas e entrar com
CNPJ próprio com o nome comercial de Canto da Ilha Restaurante, onde
permaneceu durante 10 anos. Com seus oito anos de atividade de refeições
coletivas recebeu o convite da empresa Consórcio Caraguatatuba Construções para
concessão no fornecimento de refeições coletivas aos seus cinco mil operários na
construção da nova base de gás da Petrobrás na cidade. A empresa Canto da Ilha
tinha o perfil para atender a demanda no fornecimento de alimentação coletiva
industrial, e para atender a demanda da concessionária. Houve o
empreendedorismo por oportunidade, dinâmica empreendedora citada por GEM
(2010) e Dornelas (2008a), no qual a empresa aspirou criar algo produtivo
promovendo um crescimento econômico nas condições de vida da população local
com a contratação de mais funcionários a sua equipe de trabalho, que receberam
aprimoramento profissional com mão de obra qualificada a concessionária
contratante.
Com a empresa faturando acima do limite do Simples Nacional houve o novo
enquadramento tributário e com isso a empresa deixou de ser micro empresa e o
Simples já não mais poderia ser aplicado, o que mudou as obrigações, os cálculos e
apurações de todo o tipo. O estudo GEM (2010) cita o peso da carga tributária
excessiva sobre as atividades empreendedoras dificulta a possibilidade de
crescimento.
Esta migração aos novos parâmetros dos tributos do lucro real elevou em
muito as despesas tributárias, isso fez com que a empresa não honrasse mais com
o pagamento de suas despesas diárias, ocorrendo um acúmulo de dívidas de todo o
tipo, (quadro 9). A partir daí começaram os fatores internos e externos, a um
descontrole no fluxo de caixa. Segundo Dornelas (site) e GEM (2010) planejar é uma
importante ação para gerar uma cultura empreendedora, reformular o sistema fiscal,
simplificar e diminuir os tributos para incentivar mais investimentos e negócios.
Segundo a Opinião dos Contadores (2010), o fator macroeconômico dos tributos
48
elevados evidencia um dos fatores preocupantes de risco a empresa. Segundo
Chiavenato (2008) os fatores econômicos e despesas excessivas representam 28%
da mortalidade empresarial
Houve neste período a contratação de auditores para orientações estratégicas
de quais passos poderiam ser dados pela empresa, porém foram cálculos
arriscados, que ocasionaram em planejamentos e investimentos que não puderam
ser honrados devido à deficiência de gestão (quadro 8). Neste caso, segundo Trías
de Bes (2010) a experiência profissional não é garantia de sucesso, a falta de bom
senso, excesso de expectativas e erros de gestão foram fatores determinantes ao
fracasso. Os apontamentos de Marcondes (2013) analisam a concorrência e a
equipe usando de ferramentas de gestão, como a análise SWOT (forças, fraqueza,
oportunidade e ameaças) (quadro 6), avaliando projeções de resultados e decisões
de ação bem definidos, que faltou ser aplicado no planejamento estratégico da
empresa Canto da Ilha Restaurante, para a análise em um ambiente de mudanças e
decisões estratégicas.
A mortalidade empresarial ocorreu com apenas dois anos de investimento em
seu novo segmento de refeições coletivas. As dívidas bancárias obtidas através de
empréstimos com o Proger e BNDES para investimentos com equipamentos de
cozinha industrial foram feitas sem planejamento adequado com resultado do fluxo
de caixa negativo além de equipamentos novos obsoletos por não serem utilizados.
Segundo a Opinião dos Contadores (2010), os fatores estruturais da empresa
como compras de equipamentos sem um estudo adequado, fatores financeiros com
taxas tributarias elevadas, dívidas bancarias com um investimento mal calculado, fez
com que a empresa não conseguisse honrar com as despesas do fluxo financeiro, e
as avaliações de custos e viabilidade ao acompanhamento da gestão somaram-se a
erros de gestão (figura 7) fez com que a empresa encerrasse suas atividades. Neste
caso, a política local deveria reformular o sistema fiscal diminuindo a carga tributária
e incentivar a economia local de seus investidores, como citado em SEBRAE (2005).
Sabe-se que para encerrar uma empresa os custos são elevados perante a
Junta Comercial seguida da burocracia envolvida no processo de fechamento, com
isso a empresa Canto da Ilha continua em funcionamento junto à Receita Federal.
Para o SEBRAE (2012) planejamento é essencial para uma empresa administrar os
negócios a curto e longo prazo, onde o controle financeiro deve incluir indicadores
49
de resultados como balanço patrimonial, orçamentos, análises financeiras que
evitem gastos desnecessários.
4.3 O terceiro empreendimento: Filial da Sorveteria Wilson
O empreendedor Sr Wilson, está em Caraguatatuba há 33 anos, fixou
residência no bairro da Tabatinga como caseiro com sua família. Sua esposa
Elizete, para ajudar nas despesas da casa, começou a vender sorvete na praia
(figura 2), identificou a oportunidade de negócio.
Como as vendas do sorvete da esposa estavam aumentando o Sr. Wilson
recebeu o convite de um amigo para abrirem uma sorveteria no bairro do Poiares.
Para Chiavenato (2003), o planejamento antecipado com organização e
direcionamento determinam os objetivos a serem atingidos.
O Sr. Wilson, como era marceneiro, fabricou os próprios expositores para
venda dos sorvetes e seu sócio cuidou da locação do local, porém logo o sócio
desistiu e o Sr. Wilson continuou com a sorveteria e está até hoje com o seu sorvete
artesanal e clientes fidelizados ao longo dos anos. Esta sorveteria é a matriz dos
sorvetes Wilson, hoje é administrada pela filha do casal, Viviane, estudante de
enfermagem. A sorveteria tem carrinhos na praia, onde, pessoalmente o Sr. Wilson
acompanha esses vendedores do qual ele oferece moradia e alimentação as
pessoas que chegam à cidade sem emprego e lugar para ficarem. Neste caso GEM
(2010), verifica-se a oportunidade de oferecer aos moradores da região a geração
de empregos e renda com aspirações de criar algo novo e útil e produtivo.
O filho Wilsinho é o responsável pela entrega nas colônias, são mais de 400
clientes em todo o litoral de Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião, Salesópolis,
São José dos Campos, Mogi das Cruzes entre outros.
Segundo Drucker (2008) e Kotler (2009), afirmam que o empreendimento
sempre busca qualidade e inovação em sua fase inicial com estratégias de
marketing que diferenciam das estratégias da concorrência na qual aperfeiçoa a
qualidade do produto construindo uma relação de confiança com os clientes e
fornecedores, foram fatos analisados e presentes na gestão organizacional na matriz
da sorveteria Wilson.
50
A matriz da sorveteria Wilson não se preocupa com os seus concorrentes,
pois o seu produto é totalmente artesanal enquanto que os comercializados pela
concorrência são industrializados, isso faz com que a produção de sorvetes deles
mantenha um padrão de qualidade e um diferencial no mercado e receba
premiações eleitas em pesquisa popular como a melhor sorveteria.
Segundo Drucker (2008), a empresa deve sempre agregar novos produtos, e
o fator externo pode ser uma oportunidade de inovação, e a exemplo disso verifica-
se os constantes lançamentos e inovações no cardápio da sorveteria, como o picolé
de caipirinha, picolé das frutas de estação e o açaí na tigela. Resultado disso é a
participação crescente e positiva no mercado concorrente.
O Sr. Wilson aconselhava-se com um amigo economista e através destas
consultorias amigáveis decidiu investir na oportunidade de abrir uma Filial da
sorveteria Wilson, no centro da cidade, que segundo o SEBRAE (2012), é uma
estratégia de copiar modelos existentes no caso a própria matriz.
Segundo Trías de Bés (2010) o fator chave de fracasso foi criar um modelo de
negócio e não ter a capacidade de gerir. A falta de Planejamento em qualificar seus
profissionais (quadro 8), para um melhor atendimento ao público no centro da
cidade, não havia a presença de um gerente no local (quadro 11) como o
empreendimento era familiar a gerência seria feita sempre por um dos integrantes
da família, o que não ocorreu (quadro 4).
Segundo a Opinião dos Contadores (2010) e o SEBRAE (2012) citam que o
fato de não acompanhar a rotina da empresa e não supervisionar cada setor, é
resultado da falta de planejamento antecipado em direcionar a empresa, e isto foi
verificado na filial da sorveteria pois não havia uma gestão empresarial pelos
proprietários. E com a falta de administração do processo de gestão, de um controle
administrativo, da análise dos fatores estruturais da empresa (quadro 12), a falta de
tempo para treinar a equipe, a tomada de decisões apressadas para atender a
demanda da alta temporada, foram fatores determinantes que levaram a Filial dos
sorvetes Wilson ao encerramento de suas atividades com apenas um ano de
abertura.
Nesta análise ao aplicar a Matriz BCG, Marcondes (2013), no auxílio do
processo de decisão verificou-se o fluxo de caixa da Matriz da Sorveteria Wilson
com a alta participação relativa e crescimento de mercado sendo considerada a
estrela, enquanto que a Filial dos sorvetes Wilson apresentou resultados negativos
51
determinantes ao fracasso do empreendimento sendo considerada o abacaxi com
baixa participação no mercado.
Analisada a matriz da Sorveteria Wilson, o fator macroeconômico (quadro 9)
negativo ocorreu devido a mudança do Simples Nacional, e com novos tributos, a
sorveteria não conseguiu evitar as dividas tributárias e teve que renegociar as
contas para continuar atendendo a demanda do seu produto em sua matriz.
Atualmente a gestão empresarial da sorveteria é feita com o uso apenas de um livro
caixa e auxílio do escritório de contabilidade, não se verificou a utilização de uma
ferramenta de gestão com projeção de resultados, finanças para avaliar os riscos.
4.4 Características gerenciais
Como foi dito na análise feita, é de real importância na administração o
processo de gestão quanto ao planejamento, execução, controle, liderança,
inovação e empenho de ações positivas dos empreendedores. Os empreendedores
passam por diversas crises e com isso buscam capacitações empreendedoras que
mudam seu modo de agir e pensar nos negócios. Na crise há dois tipos de
empreendedores, aquele que chora e aquele que vende lenços, e com isso é
individual a decisão de que tipo de empreendedor ser. Porém a capacitação e
qualificação do empreendedor são importantes para a vida longa do
empreendimento.
Nesta pesquisa não houve como obter um dado real do número de comércios
que foram fechados na cidade Caraguatatuba, pois a prefeitura não apresenta dados
quantitativos de quantos empresários encerraram suas atividades. A JUCESP
apresenta apenas dados de abertura de empresas e informa que a maioria ao
encerrar as atividades nem sempre informa a Receita Federal, e essa por sua vez
também não apresenta informações quantitativas e quais os motivos encerraram as
atividades. O SEBRAE acompanha o microempreendedor na sua abertura, no
treinamento, porém não dá um suporte quando a empresa está em dívidas.
Contadores da cidade relatam que a maioria dos empresários já endividados,
resolvem simplesmente baixar suas portas e não honrar com mais despesas na hora
de encerrar a atividade oficialmente na Junta Comercial, pois os custos são
elevados e a burocracia desestimula o registro de baixa.
52
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi verificada a falta de gerenciamento empresarial pelos empreendedores da
cidade de Caraguatatuba, a teoria e análises dos casos apresentou a ausência de
foco no mercado, a falta de capacidade empresarial sem planejamento prévio e a
frustração causada com o encerramento da atividade.
Este trabalho identificou uma análise dos principais fatores e dificuldades
encontradas no gerenciamento que levam a mortalidade empresarial, e os principais
resultados de empresas registradas na JUCESP que não chegam concluir o quinto
ano de atividade, segundo o site do SEBRAE.
Foram apresentadas as dificuldades na falta de uma gestão empresarial dos
novos empreendedores, a ausência de foco no mercado, o planejamento prévio, a
falta de investimento, a baixa capacidade de ousar, os problemas pessoais dos
donos das empresas que afetam o negócio, a insuficiência de políticas públicas de
apoio aos pequenos negócios,
Com o objetivo identificado das causas que levam à mortalidade, é necessário
aprofundar as ações de apoio aos pequenos negócios para que o encerramento do
empreendimento seja diminuído. Devem-se ampliar os esforços voltados a estimular
o empreendedorismo na formação curricular das escolas. Estimular os
empreendedores a elaborar um plano de negócios possibilitando prever problemas e
assim ampliar o sucesso do negócio. Promover a capacitação em gestão
empresarial. Ampliar as políticas de apoio aos pequenos negócios ao simplificar os
impostos, eliminar as restrições à adesão ao SIMPLES e redução dos custos a
abertura de um negócio. Evitar que os problemas pessoais dos sócios afetem o
negócio orientando a tratar de forma separada.
Para uma gestão qualificada o uso das ferramentas de gestão empresarial é
fundamental para o empreendedor que precisa conhecer o mercado onde vai atuar,
garantido desta forma a sobrevivência com um planejamento inicial.
O constante aumento do desemprego faz com que os novos empreendedores
se joguem, sem qualquer preparo, na aventura de montar um negócio próprio, com o
sonho de independência financeira, de liberdade e de ficar rico.
Estes empreendedores são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento
econômico e crescimento do país. Porém a grande maioria encontra uma nova
decepção quando acaba conhecendo uma realidade cruel devido à falta de
53
planejamento inicial onde a economia de mercado não permite aos principiantes
saírem vitoriosos. Pode-se sim, com um planejamento eficaz, contínuo e com uma
análise realista, construir empresas de sucesso mesmo em tempos de crise. Para
isso, o futuro empreendedor deve compreender as regras do jogo antes de jogar e
se convencer, a partir de dados concretos, que há uma possibilidade de sucesso no
futuro empreendimento. O problema é que as ferramentas disponíveis a esses
empreendedores, destinadas a fornecer-lhes suporte nesta tarefa, são mal
compreendidas e precariamente utilizadas. Porém ao serem adequadamente
colocadas em prática, a gestão empresarial torna-se uma ferramenta
comprovadamente eficiente em muitos casos.
Segundo análise feita os fatores principais que levam a esse cenário de
encerramento da empresa são muitos, mas o principal é o fator cultural do brasileiro
que não crê no planejamento e prefere errar e aprender com os erros. O
empreendedor deve saber adaptar-se às mudanças e as necessidades do mercado.
A meta é guiar os empreendedores a criar uma mentalidade de geração de
riqueza. O empreendedorismo começa com a oportunidade, é preciso rever a
empresa e seus instintos. A realidade é que muitas das microempresas estão
subvalorizadas porque não conseguiram atingir seu potencial.
Empreender com o uso das ferramentas de gestão no planejamento do
empreendimento, identificar no que não pode falhar, preparar-se antes da abertura
da empresa e durante suas atividades, observar as necessidades internas e
externas, aperfeiçoar as políticas de apoio às microempresas e gerar resultados
econômicos e sociais positivos ao empreendimento reduz a mortalidade empresarial.
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