Centro de Formação de Professores Almada Negreiros Título ... · - Apresentação de um caso...
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Centro de Formação de Professores Almada Negreiros Associação de Professores de Expressão e Comunicação Visual R. Padre António Vieira, 76. 4300-030 Porto Portugal
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Título do Curso A arte contemporânea como ferramenta para a sala de aula Destinatários: Educadores de Infância e Professores dos Ensinos Básico e Secundário Nº de créditos: 1 Registo nº CCPFC/ACC-72725/12
Nome dos Formadores: Isabel Trindade/Teresa Eça
Relatório
António José Caló Professor de Educação Visual e de Desenho A (Grupo de Recrutamento 600)
Agrupamento de Escolas da Portela e Moscavide
1. Identificação: A minha (breve) história no Ensino A minha relação com o Ensino.
O meu nome é António José Caló, nascido em 1968 na cidade do Porto. Atualmente sou professor de
Educação Visual e de Desenho A na Escola Secundária da Portela.
Licenciei-me em Pintura na E.S.B.A.P., então designada, Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
Fiz a Profissionalização para a Docência na Universidade de Aveiro em 1991.
De então para cá tenho lecionado em diferentes escolas entre o Porto e Lisboa, sobretudo no Ensino Básico
e ultimamente no Secundário.
Uma das experiências mais gratificantes ocorreu há cerca de 5 anos. Durante 4 anos fiz parte da Direção de
uma Escola TEIP – Escola Básica Integrada da Apelação, onde foram iniciados cursos CEFs e EFAS para
adultos. Esta experiência foi também a mais dinâmica e simultaneamente a mais enriquecedora e
desgastante. O investimento e envolvimento com a Comunidade escolar (pais, alunos, Encarregados de
Educação, moradores, etc.) deitavam, constantemente, por terra a maioria das considerações banais e
gerais que se têm habitualmente sobre o ensino, as escolas, o ato de ensinar e aprender e de envolver a
comunidade.
As dinâmicas das disciplinas, currículos, horários, espaços a lecionar, atividades curriculares e
extracurriculares, eram muitas vezes dinamizadas de forma a garantir uma maior integração dos alunos
com a escola, obtendo-se assim muito bons resultados, sobretudo ao nível do Abandono Escolar. Aqui as
disciplinas e as atividades de caráter mais prático tinham especial importância, entre as quais Educação
Física, Desporto Escolar, Educação Musical, Educação Visual e Tecnológica, Educação Visual, Clubes de
Artes. A interdisciplinaridade curricular, em que a antiga Área de Projeto permitiu desenvolver atividades
com bons resultados, sobretudo ao nível do empenho dos alunos, levou-me a ver a escola de um modo
novo e diferente.
Esta experiencia na Direção da Escola permitiu-me ter um olhar mais global e integrado dos diferentes
graus de responsabilidade dos diferentes cargos Intermédios de uma escola, quer do pessoal docente quer
não docente e também quanto ao nível institucional com o Ministério de Educação.
Ao longo destes anos de ensino, e tendo assistido a várias transformações no Ensino das Artes Visuais, a
questão do tempo que passamos com os alunos é de especial relevância, 90 minutos semanais no Ensino
Básico, dificilmente permitem desenvolver e solidificar ideias, projetos e técnicas, já para não falar na
relação efetiva e afetiva com os alunos. A última, e das mais danosas transformações aplicadas ao Ensino
das Artes, foi a aplicação de Metas, trazendo ao Ensino das Expressões Visuais a mais tradicional e
conservadora forma de aprender uma disciplina prática.
O desinvestimento nas Artes não me parece que seja apenas nacional. De uma forma geral a nível mundial,
a tendência do investimento das Politicas de Educação, tem sido a de atribuir maior importância às
disciplinas Cientificas, Tecnológicas e Económicas. À área das Humanidades tem tido cada vez menos
relevância e contudo a criatividade associada as Artes, mais ou menos aplicadas, não pararam de se
desenvolver. Contudo a Arte Contemporânea, em particular, por uma questão de linguagem, meios e
técnicas não tem parado de se desenvolver em moldes cada vez mais interdisciplinares, expressivos e
técnicos.
2. Porque me inscrevi no curso e as minhas expectativas iniciais
Sou um frequentador das exposições na Culturgest e recebo habitualmente a newsletter, uma das quais
divulgava esta Ação de Formação: “A Arte Contemporânea como ferramenta para a sala de aula”…Ora aqui
está uma Formação que poderá trazer elementos novos de abordagem…assim espero, pensei eu. E assim
foi!
Confesso que sempre dei maior preferência ao tempo presente e a muito do que nele decorre ao nível das
Artes. Neste sentido, quer ao nível pessoal quer profissional (como professor), sempre me mantive
informado relativamente aos diferentes movimentos, técnicas e projetos de Arte contemporânea,
frequentando regularmente galerias, museus e Feiras Internacionais.
Pensei poder encontrar nesta formação modos de olhar, abordar e desenvolver projetos e atividades que
pudessem servir de apoio ao trabalho com os alunos.
Confesso que inicialmente, comecei por achar que encontraria modos mais imediatos e direcionados de
estabelecer uma relação entre o decorrer das diferentes sessões que participei e o universo do ensino das
Expressões na disciplina de Educação Visual ou Desenho A. E que houvesse uma relação paralela maior, em
relação à realidade burocrática das escolas - gestão de currículos, conteúdos, metas, planificações e modos
de avaliar. Rapidamente me apercebi que a participação, envolvimento, partilha das diferentes dinâmicas
orientadas pelos formadores, por si só, poderiam ter um contributo grande o suficiente na sala de aula.
Estes tipos de dinâmicas são pouco comuns na maioria das escolas. O agrado pela Arte Contemporânea,
visual ou outra, por parte da comunidade escolar, professores em particular, nem sempre é conseguido,
por questões de formação pessoal, empatia, domínio de diferentes materiais ou técnicas e exigência de um
empenho que se desloca entre o tempo, conceito e a conceção em sala de aula ou fora dela. O trabalho de
Projeto e a Interdisciplinaridade nem sempre são bem recebidos entre os pares, mas essa é uma luta que
cada um terá nos contextos em que leciona.
A participação nesta ação foi também fortemente influenciada pela clara legitimidade e confiança dada
pela Instituição Culturgest e a APECV. Aguardo por novas ações de carater inovador dinamizadas por estas
Instituições.
3. A minha experiência no Curso
As sessões por mim participadas: 29 de novembro: - Apresentação do trabalho pela própria: Armanda Duarte; - Atividade prática com João Queiroz; - Reflexão com Isabel Trindade e Teresa Eça; 10 de janeiro: - Apresentação do trabalho pela própria: Susana Themlitz; - Apresentação de um caso prático: Mafalda Pé Curto e Rui Januário; - Atividade prática com João Catarino; - Reflexão com Isabel Trindade; 28 de fevereiro: - Visita à exposição na Culturgest: “Honey, I rearranjed the collection…by artist”. Cartazes da coleção Lempert. - Atividade prática com Susana Gaudêncio; - Performance coletiva: Teresa Eça, Isabel Trindade e Margarete Barbosa Nicolosi Soares;
As sessões acima referidas e por mim participadas, desenvolveram-se desde as 10 horas da manhã até às
15.30 h da tarde.
Durante os períodos da manhã, foram introduzidas e apresentadas obras de diferentes Artistas Plásticos,
obras de diferentes áreas da expressão artística e perspetivadas com diferentes metodologias,
incentivando a discussão da obra do Artista presente e a criação de uma intervenção/trabalho nosso,
resultando normalmente numa dinâmica participativa entre todos, através de interpretações e troca de
ideias. Decorrendo sempre a meio da manhã um pequeno intervalo para café, chá e alguma conversa
entusiasmada pelos momentos anteriores.
Quer de manhã quer de tarde tivemos relevantes intervenções dos elementos dinamizadores da APEVEC,
com propostas de discussão e reflecção sobre as práticas pedagógicas e a possibilidade de intervir nas
escolas com novas dinâmicas de projetos, umas mais consensuais do que outras, permitindo analises e
discussões que remetiam para a realidade e dinâmica escolar de cada um dos participantes.
A seguir ao período de almoço ficaram sobretudo reservadas atividades práticas, sendo dada a
possibilidade de escolha e inscrição para diferentes Orientadores/Artistas.
Em todas as sessões, ao longo da tarde, foi sempre promovido o envolvimento dos formandos em
diferentes práticas seguidas da partilha dos resultados nas atividades.
Nas minhas escolhas fiz questão de ter em cada uma das sessões diferentes Orientadores para a Atividade
Prática, permitindo experienciar e refletir diferentes práticas do desenho como expressão.
Com o João Catarino ao nível da expressão do desenho na perceção/representação de realidades espaciais,
em diário gráfico;
com o João Queiroz ao nível da expressão do desenho como linguagem, refletindo e reforçando a relação
visão/gesto/corpo/expressão; e com a Susana Gaudêncio ao nível da aplicação do desenho como
linguagem e conceito; em todos os casos com aplicações e exercícios práticos possíveis de poderem ser
transitados para as nossas práticas pedagógicas.
Ao nível das instalações da Culturgest, tirando algum desagrado estético pela arquitetura do edifício e pelos
espaços (desmesurada dimensão, materiais e cor), as instalações são amplas o suficiente para a prática
deste tipo de sessões, pelo que não vejo razão para que não se continuem a desenvolver nestes espaços,
com a vantagem acrescida de podermos sempre assistir a exposições que neles decorrem.
O horário foi também uma boa escolha, que poderá ser mantida em formações posteriores.
4. O que adquiri com este curso
Ao longo das diferentes sessões, foi para mim muito grata a possibilidade de confrontar e trocar ideias
artísticas e/ou pedagógicas e de contactar com outras realidades educativas sugeridas pelas
intervenções dos participantes e pela apresentação das propostas dos orientadores e artistas
convidados, cujas ideias criativas e inovadoras contribuíram para questionar e revelar novas
abordagens do ato criativo e educativo no domínio das artes e a sua relação com as práticas
pedagógicas.
Com este tipo de formação, os professores que lecionam áreas e disciplinas de expressão artística
e criativa, saem revigorados pela troca de ideias e experiencias, uma vez que a formação resulta
de um pequeno “laboratório” de exercícios práticos que contribuem para renovar e potenciar
novas práticas. Defendo mesmo a possibilidade de os professores frequentarem durante pelo
menos 1 ou 2 dias no ano, formações deste género - sair do contexto físico da escola, relacionar-se
com outros professores de diferentes escolas, níveis de ensino e diferentes disciplinas, é por si só
uma mais-valia. Sair da nossa área de conforto e permitirmo-nos a confrontos de ideias e novas
práticas pedagógicas. A presença e o discurso direto de um artista potenciaram ainda mais esta
experiência, tão pouco comum em ações de formação ou mesmo palestras. São poucas as
possibilidades de vermos verbalizadas pelos artistas, as suas práticas e modus operandi.
Sai da formação com a certeza de, pelo menos poder tentar replicar e debater a minha experiência
com os meus pares na escola que leciono e criar novos projetos para desenvolver em sala de aula.
5. Conclusão
Foi a primeira vez que frequentei o Curso e pretendo voltar a faze-lo, não só para experimentar novas e
estimulantes experiências artísticas, como também para interagir com outros professores, formadores e
artistas, capazes de partilhar outras realidades e outras práticas.
Tal como acima faço referência, para mim o mais importante foi ter um contexto, espaço e ambiente de
partilha de experiências com outros e tudo isso foi certamente possível graças à organização da ação, quer
da parte da APECV, quer da parte da Culturgest, pela competência, distinção e entusiasmo que entregaram
a todo o “evento”. Por todos estes motivos, revelei-me bastante participativo e colaborador tanto quanto
possível nas atividades propostas, respondendo às solicitações que eram desencadeadas e contribuindo,
deste modo, para a concretização dos objetivos estabelecidos em cada sessão.
Por não ter participado em todas as ações avalio, assim o meu desempenho com uma nota entre o 8 e o 9.
6. Sugestões
Começo desde já por sugerir que a Culturgest e a Associação de Professores de Expressão e Comunicação
Visual continuem a promover este modelo de ações de formação. Contudo sugiro também uma pequena
alteração para a última sessão: sugiro que a formação seja composta por quatro sessões, três das quais nos
mesmos moldes em que foram criadas estas: de manhã a apresentação/intervenção de um Artista Plástico,
resultando depois no desenvolvimento de um trabalho ou uma atividade prática elaborada por cada um
dos formandos; à tarde um workshop prático realizado nos mesmos moldes em que foram realizados os
que participei. A última sessão, deveria passar pela criação de um projeto específico para ser desenvolvido
em sala de aula tendo sempre presente modos de abordagens característicos de muitos dos grupos
disciplinares que trabalham com as áreas artísticas e que muitas vezes diferem de escola para escola.
Resultando numa breve planificação com conteúdos, metodologias e materiais usados, bem como a
novidade das Metas Curriculares. Tudo isto decorreria de manhã, realizado por pequenos grupos de
trabalho. À tarde os projetos seriam apresentados e discutidos.