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0 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MICHELINE SOARES BARROS UMA ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DOS IDOSOS A PARTIR DE SUA INSERÇÃO NO PROJETO SAÚDE BOMBEIRO E SOCIEDADE DO CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ, UM RECORTE NO MUNICÍPIO DE PACATUBA, NO NÚCLEO BOM FUTURO. FORTALEZA 2012

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

MICHELINE SOARES BARROS

UMA ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DOS IDOSOS A PARTIR DE SUA

INSERÇÃO NO PROJETO SAÚDE BOMBEIRO E SOCIEDADE DO CORPO DE

BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ, UM RECORTE NO MUNICÍPIO DE

PACATUBA, NO NÚCLEO BOM FUTURO.

FORTALEZA

2012

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MICHELINE SOARES BARROS

UMA ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DOS IDOSOS A PARTIR DE SUA

INSERÇÃO NO PROJETO SAÚDE BOMBEIRO E SOCIEDADE DO CORPO DE

BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ, UM RECORTE NO MUNICÍPIO DE

PACATUBA, NO NÚCLEO BOM FUTURO.

Monografia submetida à

aprovação da Coordenação do

Curso de Serviço Social da

Faculdade Cearense como

requisito parcial para obtenção

de título de Bacharel em

Serviço Social.

Orientadora: Profª. Ms. Rúbia

Cristina Martins Gonçalves

FORTALEZA

2012

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B277a Barros, Micheline Soares.

Uma análise das experiências sociais dos idosos a partir de sua

inserção no Projeto Saúde Bombeiro e Sociedade do Corpo de

Bombeiros do Estado do Ceará, um recorte no município de Pacatuba,

no núcleo Bom Futuro / Micheline Soares Barros. – 2012.

86 f.

Orientador: Profª. Ms. Rúbia Cristina Martins Gonçalves.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Faculdade

Cearense, Curso de Serviço Social, 2012.

1. Idoso - Brasil. 2. Envelhecimento. 3. Idoso - políticas sociais. I.

Gonçalves, Rúbia Cristina Martins. II. Título.

CDU 364.4-053.9

CDU 364.4-053.9

CDU 657

CDU 338.48-027.561

Bibliotecária Maria Albaniza de Oliveira CRB-3/867

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MICHELINE SOARES BARROS

UMA ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DOS IDOSOS A PARTIR DE SUA

INSERÇÃO NO PROJETO SAÚDE BOMBEIRO E SOCIEDADE DO CORPO DE

BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ, UM RECORTE NO MUNICÍPIO DE

PACATUBA, NO NÚCLEO BOM FUTURO.

Monografia como pré- requisito para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelas professoras.

Data de aprovação____/___/___

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Profª. Ms. Rúbia Cristina Martins Gonçalves – Orientadora

Faculdade Cearense – FaC

______________________________________________

Profª. Drª Maria Barbosa Dias

Faculdade Cearense – FaC

______________________________________________

Profª. Ms. Valney Rocha Maciel

Faculdade Cearense - FaC

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Aos meus AMADOS pais Maria do Socorro Soares Barros e José Wilson de Sousa Barros. Ao meu esposo Eduardo Araújo. Aos irmãos Sérgio Roberto e Alexsandro Soares. A todos os meus amigos e amigas especialmente os que conheci nessa longa caminhada de aprendizagem e realizações. Aos professores que contribuíram com a minha formação e especial minha orientadora Professora Rúbia Gonçalves que com muita paciência e dedicação contribuiu para que essa produção acadêmica se tornasse possível. O meu muito obrigada por tudo e eterna gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por todas as bênçãos concedidas, pela vida e por eu ter chegado até aqui.

Aos meus pais Maria do Socorro e José Wilson pelo apoio, pela confiança,

enfim, pelo amor incondicional.

Ao meu marido e melhor amigo de sempre, Eduardo Araújo, por ser meu

amado em todos os momentos, por ser o companheiro que eu escolhi para a minha

vida.

À Faculdade Cearense pelo espaço de estudo e de processo de escrita da

monografia.

À minha orientadora Professora Rúbia Gonçalves pelos ensinamentos sempre

tão pertinentes e imprescindíveis para a construção da minha monografia. Pelas

escutas e por compreender as minhas angústias e sempre ter palavras que me

faziam encorajar e continuar seguindo.

A todos os professores que contribuíram sobremaneira para a minha

formação acadêmica.

A todos os colegas de sala, em especial aos amigos Rose Caroliny, Edilaine

Santos e Jaílson Gadelha que muito contribuíram para a minha formação. Sempre

dispostos a me ajudar nos percalços que enfrentei na academia. Enfim, eterna

gratidão aos meus amigos.

À Banca Examinadora que tão prontamente aceitou o convite, ilustríssimas

Professoras Maria Barbosa Dias (Ester) e Valney Rocha Maciel.

Ao Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade (PSBS) pelo trabalho

desempenhado e aos queridíssimos idosos participantes.

Aos familiares que torcem pelo meu sucesso e felicidade, sobretudo os meus

irmãos Sérgio e Alexsandro, como também as minhas cunhadas Leydiane Pimenta e

Irenice Freire.

À minha supervisora de estágio Maria das Graças Pinto que muito contribuiu

nessa longa caminhada de aprendizagem e prática.

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Aos meus amigos de longa data e que muito contribuíram para a

concretização dessa pesquisa Oclaudiana Girão e José Maria Dias (CB Dias), o meu

muito obrigada.

“(...) quando a gente fica velha a gente não tem mais nome (...)”

Idoso do PSBS

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RESUMO

O objetivo dessa pesquisa foi realizar uma análise das experiências sociais dos

idosos a partir sua inserção no Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade do Corpo de

Bombeiros do Estado do Ceará, um recorte no município de Pacatuba, no núcleo

Bom Futuro. Para tanto, lançou-se mão da pesquisa qualiquantitativa devido à

postura científica da pesquisadora estar voltada para a compreensão de processos

subjetivos dos sujeitos através de seus discursos. A referida pesquisa terá como

sujeitos, os idosos da faixa etária de 60 a 70 anos. Foram entrevistados 40 idosos

partícipes assíduos das atividades desenvolvidas. A construção do perfil foi realizada

através de questionário contendo os dados de todos os participes assíduos e as

entrevistas semiestruturadas foram feitas com 4 deles. Observou-se que o Projeto

atua em vários aspectos fundamentais, principalmente no resgate da cidadania e da

dignidade do idoso perante a sociedade, como também e principalmente na

promoção da saúde da pessoa idosa, sendo este principal grupo assistido pelo

projeto.

Palavras-chaves: Idosos, Envelhecimento, Velhice e Projeto Saúde, Bombeiro e

Sociedade.

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ABSTRACT

The objective of this research was to conduct an analysis of the social experiences of

elderly from their inclusion in the Project Health, and Society firefighter from the Fire

Department of the State of Ceará, a cut in the municipality of Pacatuba in core Bom

Future. Therefore, it employed qualitative and quantitative research due to the

researcher’s scientific posture be toward understanding the subjective processes of

subjects through his speeches. Suchre search will subject the elderly females aged

from 60 to 70 years. We studied 40 elderly participants of assiduous activities. The

construction of the prolife was conducted through a questionnaire containing the data

of every partaker regulars and semi structured interviews were carried out with 4 of

them. It was observed that the Project operates in several key aspects, especially the

rescue of citizenship and the dignity of the elderly in society, but also and especially

in promoting the health of the elderly, and this main group assisted by the project.

Keywords: Seniors, Aging, Aging e and Health Project, Firefighter and Society.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CBMCE – Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará

CCI – Centro de Convivência do Idoso

CF – Constituição Federal

CNDI – Conselho Nacional de Direitos do Idoso

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

CTDH – Centro de Treinamento e Desenvolvimento Humano

GBS - Grupamento de Busca e Salvamento

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LOAS- Lei Orgânica de Assistência Social

MDS - Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome

NBS – Núcleo de Busca e Salvamento

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PAI – Programa de Atenção ao Idoso

PEA – População Economicamente Ativa

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNI – Política Nacional do Idoso

PSBS – Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade

SEDH- Secretaria Especial de Direitos Humanos

SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................................11

1. O ENVELHECIMENTO E IDOSOSDOBRASIL.....................................................18

1.1 Conceito de Envelhecimento, Velhice e Idoso.....................................................18

1.2 A Velhice como uma Expressão da Questão Social............................................20

1.3 O Envelhecimento da População no Brasil..........................................................24

1.4 Conhecendo o Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade – PSBS..........................28

1.4.1 O Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade no Município de Pacatuba.........34

2. O IDOSO: CONQUISTAS LEGAIS E DESAFIOS.................................................38

2.1 Políticas Sociais para Idosos. ..............................................................................38

2.2 Os Espaços de Participação Social para Idosos..................................................42

2.2.1 Os Conselhos e outros Movimentos............................................................46

2.3 A Possibilidade de um Envelhecer Saudável.......................................................50

3. O IDOSO DO PSBS NO NÚCLEO BOM FUTURO...............................................55

3.1 - Perfil Socioeconômico dos Idosos Entrevistados...............................................55

3.2 - Apresentação dos Sujeitos.................................................................................59

3.3 - Resultados e Discussão.....................................................................................61

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .........................................................................72

ANEXOS....................................................................................................................76

APÊNDICE.................................................................................................................78

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INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional constitui-se hoje como um fenômeno mundial,

uma vez que os números revelam o seu crescente aumento em relação às demais

faixas etárias. Sobre o contingente da população mais velha, esta nunca foi tão

grande em todo o mundo e no decorrer de toda a história.

A dinâmica do envelhecimento1 populacional é uma crescente nos índices

brasileiros e deve-se, especialmente, a dois fatores distintos e recorrentes: a queda

da taxa de mortalidade e redução da fecundidade. Estudos revelam (GOLDMAN,

2000 e VERAS, 2003) que seremos uma população de longevos. Além disso, com o

avanço da medicina e das demais áreas de saúde, torna-se possível desenvolver

uma melhor qualidade de vida para as pessoas mais velhas, prolongando, assim,

seu tempo de vida.

Segundo os dados do censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatísticas – IBGE a população idosa compreende um universo de 7% na faixa

etária de 65 a 100 anos ou mais, no total da população brasileira. O que evidencia

com essa realidade, é a necessidade de políticas públicas que consigam atender as

demandas advindas da terceira idade, na medida em que o aumento da expectativa

de vida sempre foi algo desejado pela humanidade.

Com o aumento significativo da população idosa na maioria dos países do

mundo e especificamente no Brasil, há necessidade de se criar estratégias que

auxiliem um envelhecimento saudável. Se as pessoas vivem mais, é necessário que

vivam com qualidade. Para isso ocorrer é necessário refletir sobre o envelhecimento

e criar ações que levem as pessoas a refletir sobre hábitos que favoreçam um estilo

de vida ativo e saudável.

1 Objeto de estudo da gerontologia, que se dedica aos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e

econômicos do envelhecimento. Cf. (ÁVILA, 1978, p.24).

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Mais do que nunca, o tema do envelhecimento da população brasileira tem

merecido destaque especial nas pautas de discussões e deliberações de direitos

específicos para os velhos – destacam-se a Política Nacional do Idoso (PNI) em

1994 e o Estatuto do Idoso2 em 2003, porém os estudos ainda são considerados

incipientes para contemplar as particularidades que o segmento demanda.

Nessa perspectiva, este trabalho de pesquisa propôs-se a realizar uma

análise das experiências sociais dos idosos a partir de sua inserção no Projeto

Saúde, Bombeiro e Sociedade - PSBS – do Corpo de Bombeiros do Estado do

Ceará, fazendo um recorte na região metropolitana de Fortaleza, no núcleo Bom

Futuro, no município de Pacatuba. O recorte do referido trabalho se deu por meio do

acompanhamento das mudanças observadas em pessoas que participam dos

trabalhos desenvolvidos pelo projeto, nos campos: da saúde, no resgate da

independência e a oportunidade de lazer, pois o projeto trabalha vários aspectos,

não se restringe somente a saúde.

O projeto funciona como campo de possibilidades de resgate à cidadania e

dignidade daqueles que estão na terceira idade, tirando-os do ócio ao oferecer uma

série de atividades sociais, culturais, educativas e prioritariamente no campo da

saúde.

O objeto da pesquisa que tem como protagonista o idoso, é um tema que nas

últimas décadas ganhou grande repercussão, ficando a frente até mesmo das

discussões acerca da criança e do adolescente. O crescimento da população idosa

demanda cotidianamente reflexões para pensarmos a realidade social em nosso

país, cada vez mais marcada pela presença idosa.

O interesse pelo tema surgiu a partir do acompanhamento como participante

no projeto no primeiro momento e logo depois como voluntária, acompanhando e

auxiliando nas diversas atividades que são desenvolvidas no projeto. Com a

convivência com alguns idosos participantes do projeto, pude perceber a mudança

2 Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003.

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significativa em seus comportamentos no sentido mais amplo, no campo das

relações sociais. Assim interessou-me a investigação das mudanças ocorridas após

a inserção do idoso ao campo de pesquisa supracitado.

Outro motivo que me levou como acadêmica do curso de Serviço Social (que

fará parte do meu cotidiano profissional) a estudar o tema social idoso foi a notória

percepção do crescimento desse grupo na sociedade e a vontade de realizar

reflexões acerca das particularidades pertencente a essa demanda. É fato que nas

últimas décadas o idoso vem se destacando no cenário mundial no tocante a

longevidade e é preciso reflexões acerca das políticas voltadas para esse segmento

populacional tão crescente na sociedade. As demandas que se apresentam com

esse novo contexto, ou seja, há uma nova configuração dos papéis do Estado, da

sociedade e até mesmo do próprio idoso.

Sabemos que existem muitos idosos inseridos em projetos voltados para

melhoramento da qualidade de vida seja nos aspectos da saúde, sociocultural, etc.,

porém ainda temos um grande contingente de idosos em nossa sociedade que

sofrem um processo de exclusão social, vivem o estigma de pessoa vista como

ultrapassada, descartada, fora de moda, onde o que se preconiza é a juventude,

beleza, autonomia, habilidade, independência, ser produtivo e reprodutivo, ou seja,

há uma violação de direitos gritante, desvalorização da memória, do acervo cultural

e importância social. Assim:

[...] Em uma sociedade que passa por constantes mudanças, como a nossa, o conhecimento acumulado das pessoas mais velhas muitas vezes parece para os jovens não mais um valioso depósito de sabedoria, mas, simplesmente, um anacronismo (GIDDENS, 2005, p. 145).

Segundo os especialistas da área da saúde, a atividade corporal é

fundamental para a manutenção do bom funcionamento das funções vitais,

favorecendo o melhor desempenho das atividades cotidianas e em consequência

melhora a saúde do indivíduo. Esta preocupação influencia o aumento dos grupos

de atividades físicas para idosos no Brasil e no mundo. Daí a importância de se

pesquisar o fenômeno idoso e seus novos arranjos na sociedade moderna.

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Tratar do fenômeno idoso através das experiências vivenciadas no Projeto

Saúde, Bombeiro e Sociedade (PSBS), lançou a esta pesquisadora o desafio de

realizar uma pesquisa de campo e de discutir com autores de diversas áreas. Desse

modo, tornou-se relevante trabalhar com a perspectiva dialética como método de

pesquisa. O método em questão permite analisar melhor os discursos, pois o que o

que interessa nessa pesquisa são as falas dos sujeitos, suas experiências e nessas

falas há todo um contexto seja pessoal, social, cultural, etc., que precisa ser

analisado, até porque todos esses aspectos são inerentes ao indivíduo.

A fim de contemplar o objetivo geral que é realizar uma análise das

experiências sociais dos idosos a partir sua inserção no Projeto Saúde, bombeiro e

Sociedade do Corpo de Bombeiros do Estado do Ceará e os objetivos específicos

pretendidos que são compreender o processo de envelhecimento do ser humano na

contemporaneidade, investigar os impactos do PSBS na vida dos idosos, investigar

se o idoso identifica o PSBS como espaço de participação social, construir o perfil

dos idosos que participam do projeto e relatar suas experiências vivenciadas no

projeto, faz-se necessário uma aproximação com as categorias: envelhecimento,

idoso, velhice, que são de fundamental importância para a pesquisa.

A pesquisa contempla os estudos de Sara Nigri Goldman (2000), Anthony

Giddens (2005) Simone Beauvoir (1990), Maria Cecília Minayo (1997), dentre outros.

Em seguida, se fez necessário trabalharmos as relações de envelhecimento, idoso,

velhice, buscando subsídios também Matheus Papaléo Netto (2002), (1996) entre

outros.

A natureza dessa pesquisa será qualitativa e quantitativa. Esta abordagem

qualitativa permitirá a essa pesquisadora uma maior apreensão da realidade posta

como estudo, me dará a oportunidade de ouvir os sujeitos participantes, já que a

postura predominante da autora estar voltada para a compreensão de processos

subjetivos sociais que visam o estudo de indivíduos através de seus discursos,

costumes, tradições etc., analisando as experiências dos idosos a partir da inserção

no Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade - PSBS. Já na abordagem quantitativa

permitirá apreender o perfil socioeconômico dos sujeitos, haja vista a importância de

se conhecer e refletir sobre as condições em que os participes vivem.

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A opção pela abordagem qualitativa deve-se a uma característica voltada

para a compreensão de processos subjetivos. Sobre esse aspecto, Minayo (1998, p.

22) esclarece: “A abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados,

das ações e das relações humanas, um lado não perceptível e não captável em

equações, médias e estatísticas”. Mas optar-se também por uma pesquisa

quantitativa quando traçado o perfil dos idosos participantes do projeto, pois a partir

dela poderia entender melhor o contexto em que o sujeito está inserido, analisar

melhor a dimensão e retratar de forma mais fidedigna a realidade do objeto

pesquisado.

Assim, expor um percurso realizado envolve alguns aspectos para o

pesquisador, dentre eles, o de ser o mais coerente possível, este aspecto é

exigência básica para se ter uma pesquisa válida, com fidelidade e de poder efetivá-

lo na prática. Para tanto, o investigador, enquanto responsável por seu ato de

pesquisar, norteia-se em um método, para dar continuidade aos seus estudos.

Contudo, isso não significa dizer que o método escolhido revelará a “verdade

absoluta”; pelo contrário, de acordo com as ideias de Demo (1995), acredita-se que

o conhecimento é interdisciplinar, ou seja, não existe uma única forma de apreendê-

lo, e sim o método mais adequado em determinado momento para cada tipo de

pesquisa e objetivos.

O projeto ora investigado atua em todo Estado do Ceará e dispõe de um

universo de 45 mil pessoas no total de 380 núcleos. A presente pesquisa revela os

discursos dos idosos do núcleo Bom Futuro no universo de 40 participantes (no perfil

traçado) para aplicação do questionário e construção do perfil socioeconômico.

Dentre o universo dos entrevistados o quantitativo de 4 idosos com perfil trançado de

acordo com a idade que foi de 60 a 70 anos e o tempo de participação no projeto,

considerando idosos que participam há pelo menos um ano no referido núcleo e que

sejam assíduos. Assim, para as entrevistas, ocorridas durante os meses de

novembro e dezembro de 2012, tomou-se por base a amostra de quatro

participantes, sendo partícipes do sexo feminino. Chegou-se a este número após

traçar um perfil do grupo e observar dentro dos critérios estabelecidos.

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Quanto às técnicas de análises serão contempladas as de Minayo, que

compreende as seguintes etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento

dos resultados obtidos e interpretação. Será analisada também a Política Nacional

do Idoso, Estatuto do Idoso, ou seja, a legislação que rege o Projeto Saúde,

Bombeiro e Sociedade - PSBS. Já nos instrumentais será desenvolvido um

questionário (Cf. Apêndice 1) de múltiplas escolhas que contemplará o perfil

socioeconômico do referido grupo e o roteiro de entrevista (Cf. Apêndice 2) semi

estruturada do grupo selecionado com perguntas relativas ao sujeito entrevistado

que permitirá a esta pesquisadora o tratamento mais sistemático dos dados e

introduzir novas questões, dentre outros aspectos. Ainda na entrevista será realizada

com o auxílio de um gravador e posteriormente transcrita com registro fidedigno das

falas do idoso.

A pesquisa de campo foi realizada nos meses de novembro e dezembro de

2012, nas terças e quintas feiras sempre antes ou logo após as atividades físicas,

pôde ainda ser incrementada com visitas domiciliares aos sujeitos, já que tive

acesso à base de dados dos mesmos.

Um aspecto importante foi à pesquisa documental outra necessidade

primordial neste trabalho, uma vez que os dados sobre o Projeto garantia a

possibilidade de estudar o tema. Outro aspecto foi à possibilidade da pesquisadora

participar de encontros mensais com os professores e coordenadora do grupo, onde

foi possível observar documentos, tais como listas de frequência dos participantes

nas atividades, relatórios de atividades mensais e fichas de identificação.

Os capítulos estão divididos em função dos objetivos traçados: o primeiro

capítulo intitulado O envelhecimento e idosos no Brasil refere-se à discussão

sobre os conceitos: de envelhecimento, velhice e idoso. Ressalta-se o processo de

envelhecimento da população brasileira trazendo os números que revelam a

longevidade da população e um aspecto de discussão nos ciclos dos intelectuais,

assunto dos gerontólogos, enfim dos profissionais que cotidianamente trabalham,

lidam com essa demanda, que é a velhice como questão social.

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Ora como tratar do fenômeno idoso sem realizar uma análise, da conjuntura

histórica, cultural, política e até mesmo biológica em que este segmento se insere? É

de suma importância contemplar esses aspectos, pois a apreensão desse contexto

vislumbra uma melhor percepção da pesquisadora do objeto pesquisado, como

também retrata o olhar e a relação estabelecida com esse segmento na sociedade.

Já no segundo capítulo que tem como título O idoso: conquistas e

desafios, levanta a discussão sobre as políticas sociais voltadas para esse

segmento populacional, menciona os espaços de participação social do idoso, trata

também da possibilidade do envelhecer saudável. Neste capítulo pretendeu-se

refletir sobre as ações direcionadas para os idosos, entender que há novos arranjos

para esse grupo etário, novos papéis. Contudo, com as transformações sofridas

vieram também, novas demandas, é preciso que as políticas sociais brasileiras

deem conta da real condição em que vivem os idosos. Condições de habitabilidade

e relações familiares, socioeconômica, saúde, educação, participação em atividades

culturais e sociopolíticas, uma infinidade de aspectos relevantes que podem levar

em sentimento de pertença ou ainda de exclusão por parte dos idosos.

O terceiro e último capítulo, O idoso do PSBS no núcleo Bom Futuro,

discorre sobre a pesquisa de campo. Apresenta a metodologia detalhada de todo o

processo de pesquisa, vislumbra o perfil socioeconômico dos idosos, os discursos

produzidos pelos sujeitos, as reflexões realizadas a partir das suas experiências

relatadas e os possíveis resultados que constituem o objeto de análise desta

pesquisa. Investigar um tema tão atual e importante fez dessa pesquisadora realizar

suas análises não só apenas da dimensão biológica, mas, sobretudo nos aspectos

sociais, estes fudantes para se entender o indivíduo no seu atual contexto.

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1. O ENVELHECIMENTO E IDOSOS DO BRASIL

1.1 Conceito de Envelhecimento, Velhice e Idoso.

O envelhecimento populacional é relativamente recente no Brasil e tem

despertado o interesse de estudiosos e profissionais de diversas áreas, como a

Medicina, Enfermagem, Sociologia, Serviço Social e sem falar nos especialistas, os

gerontólogos.

Mas afinal o que é o envelhecimento? E a velhice? Idoso ou velho? Estes

aspectos que caminham juntos nos revelam as mais variações na definição, porém

dentro de uma visão biogerontológica, Papaléo Netto (2002, p.10) elaborou o

seguinte conceito de envelhecimento:

O envelhecimento (processo), a velhice (fase da vida) e o velho ou idoso

(resultado final) constituem um conjunto cujos componentes estão

intimamente relacionados. [...] o envelhecimento é conceituado como um

processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas,

funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da

capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando

maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que

terminam por levá-lo à morte. [...] Às manifestações somáticas da velhice,

que é a última fase do ciclo da vida, as quais são caracterizadas por

redução da capacidade funcional, calvície e redução da capacidade de

trabalho e da resistência, entre outras, associam-se a perda dos papéis

sociais, solidão e perdas psicológicas, motoras e afetivas. (PAPALÉO

NETTO, 2002 p.10)

Analisando o conceito do autor, percebe-se que a clara definição de

envelhecimento voltado para a dimensão biológica e suas consequências no nível

individual. Os estudos de diversos autores mostram a exploração desse tema nessa

perspectiva. Simone de Beauvoir (1990) coloca que, só se falará em velhice quando,

além da idade avançado, as deficiências e as perdas biológicas não forem mais

esporádicas e contornáveis, tornando-se importantes e irremediáveis causando

fragilidade e impotência.

Há ainda que se levar em consideração, outras definições para melhor

retratar a análise deste estudo. Assim segundo Spirduso (2005), a maneira mais

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simples de determinar o envelhecimento é a partir da idade cronológica do indivíduo,

classificando os idosos em três grupos: idosos jovens (65-74 anos) e (75-84 anos);

idosos-idosos (85-99 anos); idosos muito idosos (100+).

Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde, idoso é a

denominação oficial de todos os indivíduos que tenham sessenta anos de idade ou

mais. Essa definição é comumente utilizada para efeito legal, para fins de censo

demográfico e pelas políticas que remete o envelhecimento, exemplificando a

Política Nacional do Idoso (PNI). Essa idade cronológica (refere-se somente ao

número de anos que tem decorrido desde o nascimento da pessoa) de 60 anos é

assim considerada em países em desenvolvimento como é o caso do Brasil e nos

países classificados como desenvolvidos é considerado idoso o indivíduo a partir

dos 65 anos.

Embora a determinação do envelhecimento segundo a idade cronológica seja

a mais usual, essa tem significado apenas legal ou social, não sendo o melhor

critério para determinar em qual estágio do processo de envelhecimento se encontra

o indivíduo, pois as fases cronológicas do ser humano nem sempre correspondem

ao processo de envelhecimento natural (OMS, 2005).

O idoso participa de um contexto onde a sua faixa etária cresce em meio a

várias questões como: o abandono, a doença, a incapacidade, a dependência, a

morte. A projeção ou as estimativas do IBGE mostra, por exemplo, que o Brasil, no

ano de 2050 terá aproximadamente quase 30% de sua população idosa, isso

demanda um olhar atento às particularidades desse segmento populacional, no

âmbito do poder público, da família e da sociedade como o todo.

A velhice estabelece relação com diversos aspectos, seja o cronológico,

psicológico, biológico ou ainda sociológico, todavia não é determinante. Esse

processo de envelhecimento se dá pela interação entre vivências pessoais e

contexto social e cultural. E ainda, é heterogêneo, vivido com uma experiência

individual, não determinado pela idade cronológica, e sim consequência das

experiências passadas, da forma como se vive, se administra a própria vida no

presente e de expectativas futuras que a velhice pode ser vivida de forma positiva ou

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ainda negativa, isso vai se dá na maioria das vezes dos determinantes do período

de sua vida.

A expressão velhice caracterizada por umas das fases da vida, ao ser

discutida remete várias discussões, como bem coloca a autora Beauvoir (1990):

Toda uma tradição carregou essa palavra [velho] de um sentido pejorativo – ela soa

como um insulto. Assim, quando ouvimos nos chamarem de velhos, muitas vezes

reagimos com cólera. Há que se entender que esta fase é inerente a todos os

indivíduos, somos o resultado das nossas relações, de nossas experiências, mas o

que a sociedade (principalmente os meios de comunicação) induz, defende ao

indivíduo é a aparência jovial, a tendência de comparação do idoso ao jovem,

quando na verdade é intrínseca aquela condição ao ser humano.

1.2 A Velhice como Expressão da Questão Social

A questão da velhice, historicamente vista como pertencente à esfera familiar,

privada, de previdência individual ou de associações filantrópicas, agora passa a ser

uma questão pública, social. Uma forte razão para isso são as implicações sociais,

políticas e, sobretudo econômicas que tal fenômeno acarreta, agora não mais

somente para o idoso e seus familiares, mas também para a sociedade como um

todo, uma vez que o aumento do número de idosos abarca questões importantes

como aposentadoria, assistência médica, bens de consumo, necessidades básicas

especificas a esta faixa etária etc.

Ao estudar a sociedade, esta capitalista e ocidental, qualquer valorização

baseia-se no conceito básico de produtividade, ligado a prática capitalista. A

dimensão do modelo capitalista fez com que a velhice passasse a ocupar uma

instância marginalizada na existência humana, na medida em que a individualidade

já teria os seus potenciais evolutivos e perderia então o seu valor social. Ora, se não

existe mais a possibilidade de produzir riqueza, o indivíduo perderia o seu valor

simbólico. Esse crescimento traz a consciência da existência da velhice com uma

questão social. Questão esta que pede grande atenção, pois está diretamente

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relacionada com a crise de identidade; mudança de papéis; aposentaria; perdas

diversas e diminuição dos contatos sociais.

Segundo MORAGAS esclarece:

Todos os seres vivos são regidos por um determinismo biológico e sendo assim, o envelhecimento envolve processos que implicam na diminuição gradativa da possibilidade de sobrevivência, acompanhada por alterações regulares na aparência, no comportamento, na experiência e nos papéis

sociais. (MORAGAS, 1997 p. 30)

Analisando o conceito de Moragas o envelhecimento é compreendido como

etapa inerente e importante no curso de vida de cada pessoa. Verifica-se que é

nessa fase que ocorrem as experiências e particularidades intrínsecas, decorrentes

da trajetória de vida, seja em alguns indivíduos mais intensas e leva a formação da

dimensão do indivíduo idoso.

É possível afirmar que o processo de envelhecimento é diferente para todos

os indivíduos. Várias questões irão influenciar este processo, tais como: acesso a

bens, alimentação, serviços, atendimento social, dentre outras questões. A velhice

(fase da vida) ou ainda o envelhecimento (processo) nos remete a pensarmos em

várias situações, dentre elas, pensarmos as diversas possibilidades do lugar do

idoso em que ele se insere na sociedade. É fato que toda a humanidade passará por

esse processo, não tem como escapar.

Pode-se observar ainda que a longevidade não é apenas uma questão de

saúde, por extensão é um problema social. O idoso vive situações que o discrimina e

o exclui socialmente (PAPALÉO NETO, 1996 p. 82) acreditam que não exista

apenas um envelhecer,

“mas processos de envelhecimento - de gênero, etnia, de classe social, de

cultura - determinados socialmente. As desigualdades do processo do

envelhecimento se devem, basicamente, às condições desiguais de vida e

de trabalho a que estiveram submetidas as pessoas idosas.”

A figura do indivíduo idoso configura-se como alguém que já realizou sua

função social, seja ela no contexto familiar (criação e educação dos filhos, dentre

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outros), seja no contexto social (trabalho, etc.,). Logo concluído esse processo, há a

espera pela finitude da vida. Contudo, com o avanço das pesquisas, principalmente

na área da saúde, a oferta de serviços em todas as áreas, pontua-se que a

expectativa de vida do idoso chega a um patamar expressivo e a população idosa

chega aos 60 anos com mais vontade de viver ou ainda com mais possibilidade de

ter uma qualidade de vida.

Assim:

[...] muitos antes do que se imagina, teremos indivíduos se aposentado

perto dos 60 anos de idade e iniciando um novo ciclo de vida que perdurará

por mais de 30 ou 40 anos (VERAS, 2003 p.8).

Todavia com o processo de envelhecimento advém um imenso universo de

questões que são postas não só para esse grupo etário, mas para toda sociedade,

já que o Brasil não se preparou ou ainda são deficientes as ações para receber esta

população. Observa-se que as ações sejam elas voltadas para a saúde ou para o

social, dentre outras questões, não são suficientes para suprir ou ainda atender as

necessidades desta população. Nesse processo há que se observar todas as

questões nas dimensões socioeconômicas e culturais, pois estes fatores estão para

além dos aspectos fisiológicos. Todos estes aspectos são inerentes e fundantes

para se trabalhar o fenômeno idoso no Brasil.

É possível perceber no fenômeno de envelhecimento populacional um

caráter contraditório, pois, se por um lado há um aumento da expectativa de vida,

devido aos avanços tecnológicos, acompanhados dos mais variados recursos, estes

últimos não são acessíveis a toda a população brasileira, mas ao contrário, a uma

pequena parte, ficando a maioria à margem dos serviços mínimos a serem

prestados para que garanta uma vida saudável e digna (GOLDMAN, 2000).

Quando se aborda a temática do envelhecimento, vêm à tona seus múltiplos

arranjos. Há que se considerar suas consequências e impactos, principalmente

numa sociedade despreparada para tal questão. As consequências deste

despreparo estão às vistas de todos. Enfrentamos problemas no âmbito da saúde,

da assistência, transporte público, previdência, dentre vários outros.

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Os autores que estudam essa questão afirmam que os idosos também

sofrerão as consequências da desigualdade social, dos problemas sociais presentes

no Brasil, ou seja:

A população idosa se constitui como bastante diferenciado entre si e em

relação aos demais grupos etários, tanto do ponto de vista das condições

sociais, quanto dos aspectos demográficos e epidemiológicos. Qualquer

que seja o enfoque escolhido para estudar este grupo populacional são

bastante expressivos os diferenciais por gênero, idade, renda, situação

conjugal, educação, atividade econômica, etc. (VERAS, 2003, p.8-9)

Nesse sentido discutir e construir meios para se resguardar a qualidade de

vida e a saúde da população idosa requer muitos desafios para o Estado, para o

próprio sujeito em questão, como também desafios aos profissionais que enfrentam

cotidianamente os vários impasses, as experiências, dentre outros aspectos desta

fase da vida.

Apesar dos avanços alcançados nos diversos segmentos da medicina, o que

se tem conseguido é apenas retardar alguns efeitos do envelhecimento no

organismo. Em consequência disso à questão do envelhecimento é um desafio para

a ciência e uma preocupação constante dos governos. Podemos dizer que o

envelhecimento populacional, aliado à ausência de políticas públicas voltadas a essa

nova realidade mundial, vem constituindo uma fonte de preocupação para os vários

segmentos da sociedade, não só para um segmento seja ele da geriatria ou ainda

da gerontologia.

O fenômeno do idoso deixou de ser tema apenas dos geriatras ou ainda dos

gerontólogos e passou sim, a ser pauta nas mais variadas discussões entre os

demais profissionais. A análise em questão é que o idoso vive um novo momento,

um novo arranjo e isso demandam novas intervenções, novas discussões, fomenta

reflexões sobre políticas públicas realmente fecundas que possam dar conta do

atual contexto do velho no Brasil e isso implica discussões de profissionais de várias

áreas.

O interesse pelas questões referentes à velhice passa a se refletir, também,

na esfera política, sob a forma de leis, principalmente nos âmbitos estadual e

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municipal. A preocupação com a terceira idade foi incorporada ao discurso

político/eleitoral de alguns representantes políticos, sendo incluída em suas

plataformas e programas, a garantia dos seus direitos sociais, o amparo econômico

após o cumprimento de seu tempo de serviço e da elaboração de uma política de

empregos, além de outros benefícios. Esse movimento político-intelectual parece

expressar uma tomada de consciência e a necessidade de intervenção sobre uma

nova questão social, ou melhor, uma nova expressão desta: o envelhecimento da

população brasileira.

1.3 O Envelhecimento da População no Brasil

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial que teve seu início,

a priori, nos países desenvolvidos em decorrência de uma série de aspectos: a

diminuição de mortalidade, as descobertas no campo da medicina, ao melhoramento

no âmbito da urbanização das cidades, na melhoria nutricional, elevação dos níveis

de higiene pessoal e ambiental seja nas residências quanto no ambiente de

trabalho, proporcionado pelos avanços na área da tecnologia. Esses fatores

iniciaram a partir do final da década de 40 e início dos anos 50.

Nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil o envelhecimento

é reflexo do aumento da expectativa de vida, que é evidenciado pelos os avanços

tecnológicos relacionados ao campo da saúde nas últimas décadas, principalmente

nos últimos 60 anos, como as vacinas, o uso de antibióticos, quimioterápicos. Só

assim foi viável a prevenção ou ainda a cura de doenças, estas que afligiam a

população em questão. Em consonância a estes aspectos a diminuição da

fecundidade, iniciada na década de 60 consentiu a ocorrência do crescimento

demográfico no Brasil, além de outros fatores.

Sobre isso:

Tal mudança demográfica se deve a vários fatores: o controle de muitas

doenças infectocontagiosas e potencialmente fatais, sobretudo a partir da

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descoberta dos antibióticos, dos imunubiológicos e das políticas de

vacinação em massa; diminuição das taxas de fecundidade; queda da

mortalidade infantil, graças à ampliação de redes de abastecimento de água

e esgoto e da cobertura da atenção básica à saúde; acelerada urbanização

e mudanças nos processos produtivos, de organização do trabalho e da

vida (MINAYO, 2000, p.169).

A fecundidade no Brasil foi diminuindo ao longo dos anos, basicamente

como consequência das transformações ocorridas na sociedade brasileira, de modo

geral, e na própria família, de maneira mais particular. Com isso, a fecundidade, em

1991, já se posicionava em 2,89 filhos por mulher e, em 2000, em 2,38 filhos por

mulher e em 2010 expressou o quantitativo de 1,86 filhos. O declínio dos níveis de

fecundidade ocorreu em todas as grandes regiões brasileiras (IBGE, 2010).

As taxas de natalidade iniciaram sua trajetória de declínio em meados da

década de 1960, com a introdução e a paulatina difusão dos métodos

anticonceptivos orais no Brasil. Com isso, no percurso das décadas de 1960 - 1970

já se observa uma discreta diminuição das taxas de crescimento populacional

(2,89%), fenômeno que se confirma ao longo dos dez anos seguintes, quando se

constata uma taxa de crescimento de 2,48%.

Segundo os dados revelados pelo censo de 2010 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatísticas – IBGE, o país possui quase 191 milhões de habitantes:

13% de 0 a 9 anos, 19% de 10 a 19 anos, 61% de 20 a 64 anos e 7% de 65 a 100

anos ou mais.

Os grupos etários de menores de 20 anos já apresentam uma diminuição

absoluta no seu contingente. O crescimento absoluto da população do Brasil nestes

últimos dez anos se deu principalmente em função do crescimento da população

adulta, com destaque também para o aumento da participação da população idosa.

A região Norte, apesar do contínuo envelhecimento observado nas duas

últimas décadas, ainda apresenta uma estrutura bastante jovem, devido aos altos

níveis de fecundidade no passado. Nessa região, a população de crianças menores

de 5 anos, que era de 14,3% em 1991, caiu para 12,7% em 2000, chegando a 9,8%

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em 2010. Já a proporção de idosos de 65 anos ou mais passou de 3,0% em 1991 e

3,6% em 2000 para 4,6% em 2010.

A região Nordeste ainda tem, igualmente, características de uma população

jovem. As crianças menores de 5 anos em 1991 correspondiam a 12,8% da

população; em 2000 esse valor caiu para 10,6%, chegando a 8,0% em 2010. Já a

proporção de idosos passou de 5,1% em 1991 a 5,8% em 2000 e 7,2% em 2010.

Sudeste e Sul apresentam evolução semelhante da estrutura etária,

mantendo-se como as duas regiões mais envelhecidas do País. As duas tinham em

2010 8,1% da população formada por idosos com 65 anos ou mais, enquanto a

proporção de crianças menores de 5 anos era, respectivamente, de 6,5% e 6,4%.

O Centro-Oeste apresenta uma estrutura etária e uma evolução

semelhantes às do conjunto da população do Brasil. O percentual de crianças

menores de 5 anos em 2010 chegou a 7,6%, valor que era de 11,5% em 1991 e

9,8% em 2000. A população de idosos teve um crescimento, passando de 3,3% em

1991, para 4,3% em 2000 e 5,8% em 2010.

Conforme a análise dos dados do censo demográfico, as pessoas mais

velhas estão tomando proporções antes nunca vistas, mudando e retratando um

perfil etário até pouco tempo considerado historicamente jovem. Ou seja, O

quantitativo da população mais velha nunca foi tão expressivo, visível e ativa no

Brasil. Na América Latina, entre 1980 e 2025, aumento de 217% da população total,

enquanto que o aumento da população acima de 60 anos deverá ser de 412%. No

ano 2025 o Brasil terá a 6ª população de idosos em termos absolutos.

Estimativas para os próximos 20 anos indicam que a população idosa

poderá exceder 30 milhões de pessoas ao final deste período, chegando a

representar quase 13% da população total. É definitivamente um número assustador

e a questão é, estamos de fato nos preparando para isso? É preciso agir rápido,

observamos o aumento, a avalanche de pessoas com cabelos brancos no Brasil, a

aurora grisalha e o olhar para essa crescente demanda deve ser diferenciado.

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Dessa forma, nos dados supracitados percebe-se que o aumento de idosos

no Brasil é bem expressivo, se compararmos as demais décadas. Como há um novo

arranjo no tocante à temática, a discussão se faz presente e inacabada, o tema do

envelhecimento da população brasileira vem ganhando significativo destaque nas

pautas de discussões e decisões de direitos específicos para os idosos. Portanto, o

envelhecimento populacional pressiona a sociedade a repensar a fase final da vida,

a entender o lugar social ocupado pelo idoso, como um sujeito que tem direito e

deveres enquanto cidadão.

Constata-se que o aumento da população idosa demanda mudanças

estruturais na sociedade, para que essas pessoas consigam com o prolongamento

de suas vidas, condições reais de estarem em convívio social e familiar, como

também desempenharem seus novos papéis sociais, papéis estes que representam

importante seguimento na sociedade.

A Carta magna de 1988, no Cap. VII, Art. 230, é clara ao nomear as

instituições responsáveis pela preservação da integralidade física e moral dos

idosos, e em seu texto, a família vem em primeiro lugar: “A família, a sociedade e o

Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação

na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à

vida” (BRASIL, 1988, p.127).

Contudo é necessário se perguntar: o Brasil realmente está preparado para

garantir este direito, acolher esse grupo? Há uma nova configuração nos papéis

sociais, limitações nas famílias contemporâneas. Enumeram-se vários aspectos

como o econômico, as próprias dificuldades que as famílias encontram no seu

cotidiano, como o desemprego, a pauperização em si e isso reflete no âmbito

familiar de forma gritante.

Dessa forma o processo de envelhecimento da população demanda um

olhar atento às peculiaridades desse segmento populacional por parte do poder

público, da família e da sociedade, na proposição de diferentes estratégias, ações e

serviços que atendam às necessidades de atenção, proteção e defesa dos direitos

da população idosa, como aponta os estudiosos no assunto.

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1.4 Conhecendo o Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade.

Com o objetivo de delimitar o objeto de estudo e o campo de investigação

para a realidade que se pretendeu apreender, o estudo da temática selecionou os

idosos partícipes de um Núcleo do Projeto Saúde, Bombeiros de Sociedade (PSBS)

desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) através

do Centro de Treinamento e Desenvolvimento Humano (CTDH). Esse Projeto se

detêm a realizar atividades físicas dando ênfase especialmente à ginástica para as

pessoas idosos, sem esquecer de mencionar que pessoas que estão fora da faixa

etária de 60 anos também participam das atividades desenvolvidas por esse projeto.

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, considerando que o

adequado enfrentamento da exclusão social e dos preconceitos sofridos pelos

idosos exige uma nova relação entre Estado e Sociedade, assim como novas

iniciativas direcionadas para a atuação do Estado na área social, resolveu viabilizar

a implementação do Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade - PSBS, que tem como

objetivo atingir prioritariamente a comunidade de pessoas acima dos 60 anos de

idade e proporcionar-lhes uma oportunidade de cuidar da saúde biopsicossocial

através da participação em grupos de atividades multidisciplinares.

A equipe de profissionais que atuam neste projeto é composta por

bombeiros formados e pós-graduados em educação física. O Projeto, além de ter

tido grande aceitação pela comunidade, vem recebendo uma grande adesão do

público, inscrito nos vários núcleos existentes nas Unidades de Bombeiros Militares,

dispostos por todo o Estado, inclusive no interior, assim como em polos de lazer ou

locais estratégicos utilizados pela comunidade.

A promoção de saúde e a qualidade de vida são os eixos centrais mais

importantes a serem atingidos neste projeto elaborado e implementado pelo Corpo

de Bombeiros Militar, através da atividade física com idosos. É fundamental que o

idoso aprenda a lidar com as transformações de seu corpo e tire proveito de sua

condição, prevenindo e mantendo em bom nível sua plena autonomia. Para isso é

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necessário que se procure estilos de vida ativos, integrando atividades físicas à vida

cotidiana.

A atividade física não pode restaurar tecidos que já foram destruídos, no

entanto pode proteger o idoso contra várias doenças crônicas relacionadas ao

envelhecimento, maximizando as funções fisiológicas do organismo que ainda estão

conservadas.

A prática de exercícios físicos é essencial em todas as fases da vida e mais

importante ainda na 3ª idade, quando há uma perda de aptidão física e

consequentemente de saúde. A atividade física age de maneira positiva na área

cardiorrespiratória e também nos sistemas e órgãos. Segundo Otto (1987) ao

desejar-se saúde deve-se desenvolver uma filosofia de vida voltada para as

atividades físicas.

Dentro desse contexto e sabedor da carência de políticas públicas voltadas

para esse fim, o Corpo de Bombeiros, através do Projeto Saúde, Bombeiros e

Sociedade, resolveu eleger a qualidade de vida como principal indicativo na

intervenção das atividades físicas multidisciplinares nesta faixa etária da população.

O Corpo de Bombeiros Militar do Ceará acredita que as parcerias entre o

Estado e a Sociedade estão se tornando cada vez mais necessárias nesse período

de profundas transformações nas políticas públicas. Sem amplas e diversificadas

parcerias no âmbito local não se conseguirá superar os desafios na área social,

capazes de multiplicar os recursos disponíveis para produzir resultados ponderáveis

na melhoria integral das condições de vida da população excluída.

O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é

um fenômeno mundial. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e,

já em 1998, quase cinco décadas depois, esse número alcançava o patamar de 579

milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de idosos por ano.

Segundo projeções estatísticas, em 2050, a população idosa será de 1,9 bilhões de

pessoas, o equivalente a um quinto da população mundial. Uma das explicações é o

aumento, verificado desde 1950, de 19 anos na esperança de vida ao nascer em

todo o mundo. Os números mostram que, atualmente, uma em cada dez pessoas

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tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma

para cinco em todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos. (IBGE,

2010)

As consequências do crescente número de idosos implicam em aumento

das demandas sociais, e passam a representar um grande desafio nas políticas

públicas. A cada dia que passa, fica latente a preocupação por parte do governo em

relação às questões dos idosos. É crescente o número de cidadãos da terceira idade

em ótimas condições de saúde, que demandam um conjunto de novos desafios

criativos e inovadores das instituições.

Partindo dessa premissa e de que a atividade física proporciona uma melhor

qualidade de vida, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará,

desempenhando seu papel junto à comunidade, elaborou e implantou o Projeto

Saúde, Bombeiro e Sociedade, numa iniciativa pioneira que visa alcançar dois

aspectos junto ao público da terceira idade: o primeiro, no que diz respeito ao físico,

que é o de proporcionar a preservação e minimização das algias (dores) corporais

debilitantes e alterações orgânicas ligadas à inexistência da prática de exercícios

físicos; e o segundo aspecto se refere ao psicossocial e a qualidade de vida,

constituindo uma alternativa para pessoas da terceira idade que a sociedade exclui,

numa fase da vida em que detém experiência acumulada e sabedoria.

O Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade têm por finalidade estimular a

parceria entre o Corpo de Bombeiros Militar do Ceará e a comunidade através de

atividades físicas de baixo impacto voltadas para a terceira idade, trabalhando

também as emoções e motivações, de forma a resgatar a autoestima, autoimagem e

autoconceito de cada um, visando a melhoria da qualidade de vida dos idosos.

Dessa forma os principais objetivos do projeto são:

Desenvolver métodos e procedimentos adequados para o trabalho de

atividade física com idosos; diminuir a inatividade gerada pela aposentadoria, proporcionar um encontro salutar entre as pessoas dando-lhes oportunidade para a reinserção social, resgatar o conceito de tempo livre, através das atividades físicas propostas, dar oportunidade de livre escolha das pessoas em participar de atividades físicas, proporcionar uma boa integração do esquema corporal e de atitude (reeducação postural); desenvolver amplitude das articulações não comprometidas por

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patologias (mobilidade articular), tornar o indivíduo mais seguro na sua locomoção e assumindo em suas tarefas diárias uma posição mais simétrica (equilíbrio), desenvolver uma organização do sistema nervoso, com utilização dos músculos certos no tempo certo e intensidade correta sem gastos energéticos (coordenação), envolver o retreinamento de padrões respiratórios (respiração), evitar esforço consciente para aliviar a tensão de um segmento muscular (relaxamento) (PSBS, 2010).

Os avanços das ciências, da medicina e da tecnologia têm contribuído de

modo considerável para o aumento da expectativa de vida das pessoas, e a

tendência mundial é que continue crescente o número de idosos. No entanto, apesar

dos avanços alcançados nos diversos segmentos da medicina, o que se tem

conseguido é apenas retardar alguns efeitos do envelhecimento no organismo. Em

consequência disso à questão do envelhecimento é um desafio para a ciência e uma

preocupação constante dos governos. Podemos dizer que o envelhecimento

populacional, aliado à ausência de políticas públicas voltadas a essa nova realidade

mundial, vem constituindo uma fonte de preocupação para o Corpo de Bombeiros

Militar do Estado do Ceará.

De acordo com Zimerman (2000), o desgaste do organismo com o passar

dos anos é inevitável; apesar da velhice não ser uma doença, é uma fase na qual o

ser humano fica mais suscetível a elas. Segundo Mazo (1998), o Brasil passa por

um processo de envelhecimento populacional rápido. Estimativas apontam que, a

partir do século XXI, o país terá a sexta maior população de idosos do planeta,

sendo a discriminação o maior problema da velhice, considerando os idosos

improdutivos e assim relegados ao esquecimento pela sociedade.

Neste contexto, o tema envelhecimento antes pertencente aos domínios da

geriatria e da gerontologia, começou a ganhar espaços dentro das políticas públicas

dos Governos. Entende-se como fundamental uma união de esforços nas diferentes

áreas profissionais, visando um maior conhecimento sobre o envelhecimento, e,

principalmente como envelhecer de forma saudável.

No âmbito do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará, foi assinada

uma Portaria de Nº 023/2003 (Cf. Anexo 1) pelo Comandante Geral do CBMCE, no

uso de suas atribuições que lhe confere o § 2º do Art. 42 da Lei nº 13.370, de 24 de

setembro de 2003 em consonância com o que prevê o Art. 93, Inciso III da

Estadual, instituindo o Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade.

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Os primeiros momentos do projeto aconteceram na sede do grupamento de

Busca e salvamento – GBS, próximo ao calçadão da Avenida Leste Oeste, com os

idosos que, sentido necessidade de um acompanhamento profissional em suas

atividades físicas solicitavam orientação aos bombeiros ali presentes. No entanto, a

carência de programas específicos para essa faixa etária contribuiu, de certa forma,

para a disseminação dessa informação, ocorrendo uma adesão bastante

significativa, que culminou na ampliação do mesmo, estendendo-se por toda a

região metropolitana e cidades do interior do Estado.

Os procedimentos para inscrição e participação do Projeto Saúde,

Bombeiros e Sociedade são: preencher ficha de inscrição; apresentar uma

avaliação ou atestado médico de seis em seis meses, com o objetivo de identificar

possíveis cardiopatias, pneumopatias e/ou outras doenças que possam limitar o

idoso na realização dos exercícios físicos; responder no ato da inscrição, um

questionário (anamnese) contendo informações referentes à sua vida pessoal e a

sua saúde em geral. Os idosos que participam de atividades físicas são submetidos

a uma avaliação física e funcional para controle e correta prescrição das atividades

físicas.

As aulas desenvolvidas constam das seguintes atividades: equilíbrio,

coordenação, reeducação postural, mobilidade articular relaxamento, alongamento,

exercícios de flexibilidade; exercício de resistência muscular, localizada, dança

expressão corporal.

As atividades de baixo impacto são realizadas duas vezes por semana, em

duas turmas, obedecendo aos seguintes horários: 1ª turma: 6 horas às 7 horas (

podendo variar), 2ª turma: 17 horas às 18 horas ( podendo variar ). O Projeto conta

com um Coordenador Geral para conduzir o desenvolvimento dos trabalhos. E para

melhor conhecimento dos participantes são confeccionados crachás e fichas

individuais para os mesmos. Também é feito um controle de serviço e horários para

uso e monitoramento dos instrutores, assim como relatórios mensais das suas

atividades.

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Ao analisar o referido projeto, verifica-se a relevância do tema do referido

estudo, este que culmina em políticas públicas para os idosos, a partir de atividades

físicas. Através dessa realidade, é interessante salientar a importância do locus em

questão enquanto espaço de divulgação e propagação dos direitos desse segmento

social.

O Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade, já chegou a várias cidades,

principalmente da Região Metropolitana de Fortaleza. Maracanaú é o município que

concentra o maior número de participantes: são 12 mil pessoas, sendo oito mil na

sede e os restantes divididos nos Conjuntos Habitacionais. Os grupos fazem

exercícios pela manhã das 6:30h às 7:30h, e a tarde das 17:00h às 18:00h.

Para estudar do fenômeno do idoso na realidade brasileira é preciso analisar

os diversos aspectos em que o idoso está inserido. O conhecimento sobre as

condições em que os idosos vivem a realidade social, econômica, política, cultural

da população da atual sociedade, são fatores que influenciam por demais, a

dinâmica desse segmento da população.

É fato que o idoso necessita estar engajado em atividades que o façam

sentir-se útil, até mesmo aqueles que estão ligados a rotinas, necessitam estar em

contato como o outro, é necessidade intrínseca do ser humano. Mesmo quando

possuem boas condições financeiras, o idoso deve estar envolvido em atividades ou

ocupações que lhe proporcionem prazer e felicidade. Essas ações direcionadas para

o idoso abrangem todas as camadas da sociedade, o rico, o pobre, a questão de

gênero também, assim queiram participar ou ainda possam, tenham condições.

A atividade em grupo é uma forma de manter o indivíduo engajado

socialmente, onde a relação com outras pessoas contribua de forma significativa em

sua qualidade de vida3. O idoso precisa ter vontade de participar do grupo para que

3 O termo Qualidade de Vida - QV tem recebido uma variedade de definições ao longo dos anos. A

QV pode se basear em três princípios fundamentais: capacidade funcional, nível socioeconômico e

satisfação. A QV também pode estar relacionada com os seguintes componentes: capacidade física,

estado emocional, interação social, atividade intelectual, situação econômica e autoproteção de

saúde. Na realidade, o conceito de QV varia de acordo com a visão de cada indivíduo. Para alguns,

ela é considerada como unidimensional, enquanto, para outros, é conceituada como

multidimensional.

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assim possa usufruir dele, aspectos estes, que ajudam a melhorar e tornar mais

satisfatória sua vida.

Dessa forma, as atividades direcionadas aos idosos devem ser organizadas

considerando as suas particularidades e realizadas de forma gradual. Elas também

devem promover a aproximação social, com intensidade moderada e de baixo

impacto, ser diversificadas; considerar a memória e o conhecimento acumulado pelo

idoso para que o mesmo possa partilhar e reviver situações que lhe dão prazer.

Nesses aspectos levantados o que se busca pensar é que, as ações

realizadas são ainda incipientes para o segmento analisado neste estudo? Ou as

políticas públicas já demarcam um novo momento na história? É notório que ao

longo do tempo, as ações voltadas para esse segmento sofreram grandes avanços,

muitas conquistas, todavia é preciso ir mais além. É preciso que a sociedade de um

modo geral, consiga realmente favorecer uma condição de vida adequada a essa

população ainda tão discriminada, que fez muito para a sociedade, contudo em

contrapartida foi e ainda é tão esquecida, discriminada.

No próximo tópico apresentaremos as particularidades do núcleo Bom

Futuro do PSBS do município de Pacatuba.

1.4.1 O Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade no Município de Pacatuba.

Para melhor análise do objeto de estudo desta pesquisa é interessante

conhecer onde este sujeito e o núcleo estão localizados. Neste sentido, o município

de Pacatuba tem sua origem histórica relacionada com a formação de núcleos

populacionais ao pé da serra de Aratanha, por volta dos meados do século XVII,

mediante a concessão de sesmarias nas terras férteis de suas encostas. A

existência em abundância de um pequeno mamífero conhecido pelo nome de paca

conferiu-lhe o nome que, na língua tupi, significa: paca (animal) + tuba (lugar

abundante), traduzindo-se, portanto como "lugar de muita paca". (IBGE, 2010).

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As terras férteis das encostas da serra de Aratanha atraíram numerosos

moradores, possibilitando a formação do povoado que, posteriormente, transformou-

se em Distrito e Município, desmembrando-se do seu Município de origem -

Maranguape. Assim em 08 de janeiro de 1869 aconteceu a então criação do

município e em 26 de abril de 1873 sua instalação.

O Município de Pacatuba localiza-se na região metropolitana de Fortaleza,

pertence à Região Administrativa 1. O município é dividido em quatro distritos:

Pacatuba (sede), Monguba, Pavuna, Conjunto Senador Carlos Jereissati.

Segundo os dados do IBGE (2010) o município de Pacatuba dispõe de uma

população de 72.299 habitantes, ainda de acordo com o Instituto a contagem de

idosos de 60 – 69 anos têm um total de 2.837, sendo de homens 1.355 e mulheres

1.482 e na faixa etária de 70 anos ou mais um total 2.219, sendo de homens 971 e

mulheres 1.248, o que corresponde a 6,4% da população total do município.

Ainda conforme o IBGE (2010) a população de Pacatuba em 2000

correspondia a um quantitativo de 51.696 e de acordo com os números da pesquisa

do censo de 2010, o números de habitantes cresceu em mais de 20.000.

Estes dados supracitados expõem outro aspecto bastante recorrente no

processo de envelhecimento na realidade nacional, a questão de gênero, ou seja, é

notório o fenômeno da feminização da velhice, onde segue:

A classe, o gênero e a raça são influências importantes na experiência do

envelhecimento. Por exemplo, o envelhecimento é um fenômeno

relacionado ao gênero. As mulheres tendem a viver mais do que os

homens, fazendo com que os mais velhos sejam na maioria “mulheres”. Os

anos posteriores são muito influenciados por experiências anteriores na vida

por causa das responsabilidades domésticas e maternais, as mulheres em

geral participam menos que os homens do trabalho remunerado. Elas

também recebem pagamentos mais baixos. (GIDDENS, 2005, p. 147)

Gradativamente, o número de mulheres tem superado o de homens,

constatando-se, assim, através de censos e dados estatísticos, que a velhice tem,

paulatinamente, se feminilizado. O fato é que a população velha já é

predominantemente feminina, são 34 mil mulheres acima dos 60 anos, contra 28 mil

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homens na mesma idade, o que significa 22% a mais de mulheres, ou ainda, 10

mulheres para oito homens. (IBGE, 2010)

Quanto à gênese do Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade em Pacatuba,

este começou em março no ano de 2005 e, segundo os dados colhidos já são cerca

de 400 pessoas, contabilizando todos os projetos de Pacatuba no ano de 2012 que

participam na cidade. Além dos exercícios na praça, elas fazem caminhadas,

participam de passeios, são muitas as atividades. O número de núcleos existentes

somam 7 nos seguintes bairros do município de Pacatuba: Monguba, Pavuna,

Conjunto Senador Carlos Jereissati II e III, Vila das Flores, Bom Futuro e na sede de

Pacatuba.

No ano de 2010 na cidade de Pacatuba foi disponibilizado mais um núcleo do

PSBS no bairro Bom Futuro dentre vários que já existem em outras localidades para

atender a população idosa daquela região. São mulheres e homens com média de

idade entre 50 e 70 anos e até mais. Foram inscritos desde do início do projeto até o

mês de novembro de 2012 um total de 306 pessoas, mas frequentando existe uma

variação de 150 pessoas. Trata-se de um trabalho que tem como objetivo

desenvolver atividades físicas para melhorar a qualidade de vida de uma turma de

idosos bem divertida que se reúne todas as segundas e quartas-feiras a tarde das

17:00 às 18:00 horas, no espaço disponibilizado pela igreja católica daquele bairro.

Conforme as informações colhidas existe uma parceria entre o Corpo de

Bombeiros, que destina os monitores treinados e a Prefeitura Municipal de Pacatuba

fica responsável pelo local dos exercícios e pelo financiamento das camisetas com o

logotipo do projeto, assim como alguns empresários que também financiam. Outro

aspecto trabalhado é a realização de passeios para as praias, clubes, cafés da

manhã, comemoração de datas comemorativas, dentre vários outros atrativos que o

projeto dispõe o que denota uma busca ativa pela a integração social entre os

participes.

A ideia do Projeto é reunir pessoas da terceira idade, mas o que se constata

através das fichas de inscrição, é que tem participantes das mais diversas idades.

Há um preparo do plano de aula e sequência dos exercícios específicos para os que

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estão na maturidade. A proposta não é a busca do corpo perfeito, mas sim da

saúde, da diversão, do bem-estar das pessoas.

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2. IDOSOS: CONQUISTAS LEGAIS E DESAFIOS

2.1 – Políticas Sociais para Idosos

É fato que gradativamente evoluiu-se ações de enfrentamento, no sentido

mais amplo no tocante a questão da velhice, como as políticas direcionadas, com

leis, a Política Nacional do Idoso - PNI (1994), Estatuto do Idoso (2004) - grandes

marcos das conquistas, os espaços de participação social: os conselhos, grupo da

terceira idade, as parcerias com os Estados e municípios, também muito

contribuíram para esses acontecimentos e o principal, o próprio idoso contribuiu para

que essas ações acontecessem.

O envelhecimento populacional, enquanto fenômeno social, composto pelas

dimensões social, histórica, política, econômica, ideológica, dentre outras, deve ser

compreendida também sob a ótica de correlação de forças e das contradições

referentes ao modelo econômico vivenciado também na sociedade brasileira, ou

seja, o capitalismo sob os moldes neoliberais. Fazendo uma análise sob esta

conjuntura, torna-se possível detectar formas diferenciadas de poder da população

idosa em contextos históricos distintos (GOLDMAN, 2000).

A força política desta parcela da população vem conquistando espaço e se

tornando visível como fenômeno social relevante no Brasil. O idoso pode, e deve ser

visto enquanto sujeito histórico que pode intervir, através de sua ação, no processo

sócio-histórico-político do país. A emergência de movimentos sociais de

aposentados e pensionistas na metade da década de 80 demonstra a ocupação dos

idosos no espaço político.

Verifica-se que nos últimos anos houve um aumento do número de leis

federais, estaduais e municipais que contemplam a velhice no Brasil, a partir da

constatação do processo do aumento de número de pessoas idosas. Através de um

breve levantamento realizado, as primeiras legislações sociais federais referentes

diretamente ao idoso foram:

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a) Constituição de 1934 – art. 121 – “instituição de previdência, mediante atribuição

igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da

maternidade e nos campos de acidentes de trabalho ou de morte”;

b) “Aposentadoria por velhice”- 1973 – criada pelo ministério do trabalho e pelo INPS

para os homens com mais de 65 e mulheres com mais de 60 anos. Em 1991 passa

a se chamar oficialmente de “aposentadoria por idade”;

c) Decreto lei de 1974 que instituiu pensão vitalícia para maiores de 70 anos;

d)1977 a Política Social do Idoso, definida pelo Ministério da Previdência e

Assistência Social, que tem como um dos objetivos a implementação de um

“programa médico-social” para o idoso.

A partir da Constituinte de 1988, inaugurou a disseminação de leis a favor do

idoso. Em seu capítulo VII no art. 229, a supracitada Lei coloca: “Os pais têm o

dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever

de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.” No artigo

seguinte, ou seja, reforça que Art. 230 – A família, a sociedade e o Estado têm o

dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade,

defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida.

A Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS de 1993, obedecendo à

Constituição, instituiu o Benefício de Prestação Continuada – BPC, que

representada no capítulo IV e trata dos benefícios, dos serviços, dos programas e

dos projetos de assistência social, no art. 20 “a garantia de um salário mínimo

mensal a pessoas portadoras de deficiências e aos idosos com 65 anos ou mais e

que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la

provida por sua família”.

Há que se colocar que existem outras leis que beneficiam o idoso no tocante

a educação, cultura, esporte e lazer. No Capítulo V do Estatuto do Idoso, este que

define medidas de proteção às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, sido

aprovado no Congresso Nacional em setembro de 2003.

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No aspecto da saúde o capítulo IV do Estatuto do Idoso trata no art.15 que: é

assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema único de

Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado

e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e

recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam

preferencialmente os idosos”.

Logo a seguir, no Artigo 230, a Lei Maior do país reza: “A família, a

sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua

participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar, garantindo-

lhes o direito à vida”. Diz ainda em seu parágrafo 1º: “Os programas de amparo aos

idosos serão executados preferencialmente em seus lares” – parágrafo 2º - “Aos

maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos

urbanos”.

No Artigo 267 – “O poder público incrementará a prática desportiva às

crianças, aos idosos e aos portadores de deficiência”.

Artigo 277 - Quando Da Proteção Especial: “Cabe ao Poder Público, bem

como à família, assegurar à criança, ao adolescente, ao idoso e aos portadores de

deficiências, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à

educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à

liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda

forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e agressão”.

Continuando, no Artigo 278 – Inciso III – “garantia às pessoas idosas de

condições de vida apropriadas, frequência e participação em todos os

equipamentos, serviços e programas culturais, educacionais, esportivos, recreativos

e de lazer, defendendo sua dignidade e visando a uma integração à sociedade”.

A Política Nacional do Idoso (PNI), pela Lei 8.842/ 94 e regulamentada pelo

Decreto 1948/96, estabelece direitos sociais, garantia de autonomia, integração e

participação dos idosos na sociedade, como instrumento de direito próprio de

cidadania em que se incluem menções “ao incentivo e à criação de programas de

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lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida

ao idoso e estimulem sua participação na comunidade”.

Também no ano de 2000, foi sancionada a Lei de nº 10.048 que “Dá

prioridade de atendimento às pessoas que especifica: pessoas portadoras de

deficiência física, os idosos com idade igual ou superior a sessenta e cinco anos, as

gestantes, as lactentes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo”.

A propagação do fenômeno envelhecimento e de suas questões foi

inicialmente promovida pelas organizações internacionais (Organização Mundial da

Saúde e Organização das Nações Unidas) que tiveram papel fundamental na

análise e comunicação do impacto do envelhecimento sobre os países em

desenvolvimento na tentativa de estimulá-los a adotarem medidas para o

enfrentamento dessa realidade. Entre essas medidas, duas tinham destaque

especial: no campo da saúde, fomentar o envelhecimento saudável e, no campo,

lutar pelo envelhecimento com direitos e dignidade (GOLDMAN, 2004).

Foram várias as discussões e deliberações que resultaram em lei, porém

mesmo assim ainda se observa comportamentos de discriminação com a pessoa

idosa. Essas ações direcionadas para essa população indica a preocupação em

melhorar a relação nos mais variados contextos do idoso, claro que isso se deveu e

foi fruto de muita luta mobilização e muitas discussões.

Ainda no tocante as políticas é possível mencionar outra política de

fundamental importância para todos os indivíduos, a política de atenção à saúde

relacionada ao idoso. Dessa forma, a finalidade primordial da Política Nacional de

Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a autonomia e a

independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais

de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema

Único de Saúde - SUS. É alvo dessa política todo cidadão brasileiro com 60 anos ou

mais.

Cabe destacar que as autoridades governamentais brasileiras só iniciaram/

intensificaram sua mobilização em prol de políticas específicas para os idosos (até

então esquecidos) a partir de efeitos produzidos pela sua organização sociopolítica

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e, ainda, dado o impacto negativo, com repercussão nacional e internacional,

originada pela tragédia ocorrida em 1996, no Rio de Janeiro, na Clínica Santa

Genoveva (clínica privada, custeada por recursos públicos de saúde), momento este

na história onde ocorreu a morte de uma centena de idosos.

Ainda conforme a observância dos estudiosos, a percepção de problema

social da velhice e a proposta de políticas públicas são resultantes de um processo

de negociação em que se realiza o diálogo entre os sujeitos do problema (a

sociedade e o movimento social dos idosos) e os agentes das políticas (estado e

instituições) na busca de co-responsabilidade (sic) democrática pela preservação

dos direitos e garantias sociais (PAZ, 2002).

Os estudos e estatísticas voltados para essa temática conotam uma

realidade: a expectativa de vida no Brasil aumentou e com esse cenário também

vieram aspectos como: aumento do número de aposentados, a previdência não

sofrerá um colapso? O Autor Giddens (1999) ressalta que o envelhecimento constitui

um grande problema por causa da bomba relógio da aposentadoria. Longe desta

discussão fazer qualquer tipo de apologia à retirada do direito que o cidadão

adquiriu, porém o que se analisa é se a previdência está preparada para absorver o

extenso segmento populacional que ainda está por vir. Outros aspectos há que

serem considerados tais com: a precarização da moradia, saúde pública

despreparada para cuidar dessas pessoas, não só no tocante ao tratamento, mas,

sobretudo, na prevenção de doenças, dentre os mais variados aspectos que

acompanham esse novo cenário da população brasileira.

2.2 – Os Espaços de Participação Social para Idosos

Falar sobre as questão do envelhecimento no Brasil requer e é imprescindível

mencionar os seus desdobramentos. Ora, se as pessoas vivem mais, é

extremamente importante ações que fomentem o envelhecimento saudável, como

também um envelhecimento com a possibilidade da garantia dos direitos e

dignidade. Contudo, apesar das ações ainda se delinearem no sentido do trato com

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o idoso, elas conotam outra realidade, os sujeitos idosos estão buscando

alternativas para se pertencerem no convívio social. O que podemos verificar são

sujeitos que sabem o seu papel e lugar na sociedade, sujeitos politizados. É fato que

existem muitos idosos vivendo a margem de todo esse contexto, todavia o cenário

em que esse segmento está inserido traz um novo momento.

Mas antes é preciso entender o que é participação social. De acordo com

Ammann (1980) é um processo dialético que depende das relações sociais de

produção e das orientações políticas e ideológicas do Estado; um processo onde as

diversas camadas sociais tomam parte na produção, gestão e usufruto dos bens de

uma sociedade historicamente determinada.

Mas é importante salientar que antes mesmo das transformações ocorridas

para se justificar esse fortalecimento de participação social, é preciso elencar alguns

comentários sobre a introdução dos mecanismos de participação no seio da

sociedade.

Antes da Constituição Federal de 1988, qualquer mobilização, organização e

tentativa de participação popular eram duramente reprimidas pelo sistema vigente,

entendidas como forte ameaça pública, onde a participação naquele período era

voltada apenas para o interesse da ordem vigente. Ou seja, prevalecia relação de

produção, dominação e as classes dominantes eram intocáveis.

Nas décadas de 50 e 60, a participação era entendida como uma

complementação do Estado pela sociedade. O cenário naquele momento era a

omissão do poder público e sociedade prestava serviços que na verdade quem

deveria realizar era o Estado, contudo não o fazia. A assistência ao idoso era feita

por iniciativa privada, filantrópica e religiosa.

Só no fim da década de 60 e nos meados da década de 70 é que participação

popular se fortalece, ganhando força e aprofundando críticas e radicalizando

práticas políticas em oposição ao sistema por meio dos movimentos sociais, foram

instrumentos fundamentais para a redemocratização da sociedade e Estado

brasileiro. Sobretudo nos anos 70 e 80 foi decisiva a atuação de diferentes grupos

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sociais, não apenas se opondo de frente ao regime ditatorial, mas, sobretudo

lutando pela concretização de seus interesses e direitos.

Apesar das conquistas, até 1994 não existia no Brasil ações realmente

fecundas que dessem conta das particularidades do idoso. O que existia eram

apenas ações de iniciativa privada e algumas medidas públicas em programas

como: PAI, Papi, Saúde do Idoso, Esses programas destinados a idosos carentes,

configurando mais uma ação assistencialista, do que ações e serviços de inserção

social ou mesmo preventiva ou ainda de reabilitação.

De acordo com Braga (2005), aos poucos o Estado tem externado a

preocupação em ajustar seus preceitos normativos no intuito de torná-los capazes

de dar completo atendimento às necessidades dos idosos, transformando tais

preceitos em regras de aplicação efetiva. Considerando a necessidade de

reeducação das pessoas no sentido de reconhecer o idoso como cidadão,

merecedor de viver dignamente sem exclusão ou qualquer outra espécie

discriminatória, esse processo pode ainda ser visto como um pequeno embrião.

Quanto às prioridades urbanas, os Estados e Municípios têm buscado adotar

algumas medidas intencionando cessar o sofrimento e aos poucos, infundir na

sociedade um comportamento de respeito incondicional ao idoso, dentre as quais

observa-se o atendimento preferencial, urgente e prioritário em hospitais, isenção e

reserva de assento em tarifas de transporte coletivo, passe livre em ginásios

esportivos e estádios de futebol e prioridade em embarque aéreo.

A população velha cresce significativamente a partir da década de 1990 e, por

isso, ganha maior notoriedade pelo Estado e suas políticas sociais. A Política de

Atendimento aos idosos é efetivada por meio de um conjunto articulado de ações

governamentais e não governamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios. (BRASIL, 2003)

As políticas públicas governamentais têm procurado implantar modalidades

de atendimento aos idosos como os Centros de Convivência do idoso (espaço

destinado à prática de atividade física, cultural, educativa, social e de lazer, como

forma de estimular sua participação no contexto social que se está inserido). Outras

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modalidades são as atividades físicas ao ar livre em praças, dentre outros locais.

Isso se deve a parcerias firmadas entre Estado e município para garantir também

uma melhora na qualidade de vida, no tocante a melhoria da qualidade da saúde.

As organizações dos velhos, através dos Grupos de Convivência,

representam a constituição de um espaço de participação onde podem ter acesso ao

lazer através das atividades que desenvolvem. Torna-se oportuna e essencial, na

atualidade, o desenvolvimento de uma dinâmica que permita pensar ou executar

meios para que recursos criativos para as pessoas idosas possam ser aplicados de

maneira que entendam a urgência de seu crescimento demográfico e da importância

de sua participação social, econômica, política e cultural. As condições atuais são

muito mais favoráveis aos idosos que antigamente, pois,

Em média, os nossos bisavós viviam 300 mil horas, trabalhavam 120 mil

horas e dormiam 94 mil horas. Descontados os anos da infância e de escola

primária, lhes restavam só 23 mil horas para dedicarem-se às atividades

domésticas e de higiene, à reprodução, à diversão e à velhice [...]. Por sorte,

em somente duas gerações a sociedade industrial provocou mudanças

revolucionárias, de modo que hoje aumentou a massa de pessoas que não

trabalham no sentido estrito do termo (estudantes, desocupados e idosos), e

mesmo aquela que trabalha dispõe de mais tempo livre. Subtraída a infância

e os oito anos de escola obrigatória, o tempo que sobra, livre do cansaço e

do sono, supera as 300 mil horas. Portanto, as horas de que dispomos

como tempo vago são equivalentes a toda a existência de nossos bisavós.

(DE MASI, 2000, p. 316)

A inserção dos idosos em grupos motiva um despertar dos mesmos acerca

da garantia de seus direitos, a começar por suas famílias e, principalmente, pelo

Estado, através de políticas públicas que, de fato, viabilizem sua proteção e inserção

na sociedade, pois “[...] na medida em que a população mais velha continua a

crescer durante o próximo século, a exigência em serviços sociais e sistemas de

saúde crescerá também.” (GIDDENS, 2005, p. 145).

Diante dessa realidade os espaços sociais gerados pelo movimento social,

fóruns e Conselhos: Nacional, Estadual e Municipal de idosos que estão sendo

disponibilizados para enfrentar a realidade do segmento idoso, demonstra a busca

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pelo fortalecimento e afirmamento dos próprios indivíduos na sociedade.

Encorajados por seus ideais democráticos, pela garantia de sua cidadania.

Corroborando com isso, a sua expressiva significância numérica, a sua presença no

cenário político por meio do voto e da representação.

Dessa forma, as pessoas envolvidas com as questões gerontológicas

esperam, ansiosamente, a consolidação nova de uma ordem social, na qual onde o

idoso assuma, de fato, locus privilegiado numa dinâmica social que, embora imposta

pela mudança no perfil demográfico, leve a velhice a ser entendida como uma

grande conquista. É uma realidade e é preciso garantir qualidade de vida, acesso

aos serviços, autonomia.

2.2.1 – Os Conselhos e Outros Movimentos

Com a Constituição Federal - CF 1988 iniciou-se um novo processo na vida

do cidadão brasileiro: a possibilidade da criação de instrumentos de fortalecimento

da participação do mesmo em praticamente todas as áreas anteriormente

controlados pelo Estado estando os conselhos inseridos como instrumentos

fundamentais dessa participação.

A Lei nº 8.842/94 criou o Conselho Nacional do Idoso, responsável pela

viabilização do convívio, integração e ocupação do idoso na sociedade, através,

inclusive, da sua participação na formulação das políticas públicas, projetos e planos

destinados à sua faixa etária. Suas diretrizes priorizam o atendimento domiciliar; o

estímulo à capacitação dos médicos na área da gerontologia; a descentralização

político-administrativa e a divulgação de estudos e pesquisas sobre aspectos

relacionados à terceira idade e ao envelhecimento.

Em 13 de maio de 2002 foi aprovado o Decreto 4.227, o qual criou o

Conselho Nacional de Direitos do Idoso (CNDI). As Assembleias Mundiais sobre o

Envelhecimento, organizadas pela Organização das Nações Unidas (ONU),

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representam um grande avanço, muito embora suas deliberações não tenham sido

colocadas em prática totalmente.

A Assembleia de 2002, ocorrida em Madri, teve como objetivo geral rediscutir

o Plano de Ação Internacional sobre o Envelhecimento, aprovado na I Assembleia

de 1982, em Viena. O Plano enaltece três prioridades básicas a serem praticados

em todos os países em seus Planos Nacionais, quais sejam: as pessoas velhas e o

processo de desenvolvimento econômico-social; a promoção de saúde e bem-estar

durante todas as fases da vida do ser humano; a criação de contextos propícios e

favoráveis aos velhos, suas famílias e comunidade.

No ano de 2003, devido à Reforma Ministerial, o MPAS passou a ser

denominado Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome (MDS). Já

em 17 de junho de 2004 foi aprovado o Decreto 5.109, reestruturando o CNDI, agora

ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH).

As ações governamentais na área da assistência social passam a ser

organizadas com base na participação popular, por meio de organizações

representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os

níveis4.

A realidade da sociedade brasileira apresenta um cenário contraditório, onde

convivem entidades que buscam a mera integração dos excluídos, através da

participação comunitária em políticas sociais que buscam a transformação social,

por meio da mudança do modelo de desenvolvimento que impera no país. E outros

inspirados num novo modelo civilizatório no qual a cidadania, a ética, a justiça e a

igualdade social sejam imperativos, prioritários e inegociáveis. (GOHN, 2004, p.25)

4 Art. 204 da CF. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com

recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e

organizadas com base nas seguintes diretrizes:... II – participação da população, por meio de

organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os

níveis.

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O movimento social reivindicatório de idosos e aposentados, que foi mais

efetivo em 1988, no processo de redemocratização do país, com a promulgação da

Constituição, atinge seu ponto alto de conquista com a Lei n.º 8842 de 4 de janeiro

de 1994 que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. Os direitos sociais dos

idosos são garantidos por lei. Entretanto, há ainda um grande abismo entre o que

propõe a Lei e a realidade vivenciada pelos idosos. As políticas são enunciadas

como estratégias governamentais em resposta à pressão dos movimentos, das

organizações de defesa de direitos e pela população, no sentido da manutenção da

sua hegemonia.

A organização social e política da população, em movimentos que reivindicam

inclusão social, são oportunas e imprescindíveis, pois constituem-se do único meio

para se resgatar os direitos e a dignidade de todos os segmentos excluídos da

sociedade. Portanto, todas as ações destinadas aos idosos devem ter o mesmo

direcionamento. A cidadania não se instala, é construída com cada grupo, cada

movimento e em cada ação e atitudes individuais, sendo possível quando todos

tiverem direitos e deveres em iguais condições.

No entanto, se, por um lado, a contemporaneidade proporcionou inovações e

transformações significativas, ela produziu um mundo massificado, globalizado e,

por isso, despersonalizar. Observa-se que nunca houve tanta solidão, não só entre

os idosos, tantas doenças produzidas pela falta de afeto, de contato humano

fraterno e de solidariedade.

No Brasil, os Conselhos seguem basicamente três linhas: Conselhos gestores

de programas governamentais; Conselhos de políticas setoriais e Conselhos,

temáticos5, possuindo características diferenciadas quanto a natureza, papel,

funções, atribuições, composição, estrutura e regimento e, independente do foco das

ações de cada um deles, todos representam reais possibilidades da participação da

5 Os Conselhos de idoso integram a linha de conselhos temáticos, cujo tema é o interesse e o direito

do idoso.

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sociedade no interior do próprio Estado, por meio do exercício do controle social,

missão essa que por si só justifica a sua criação e existência.

Atrelando o cenário dessas conquistas e o fortalecimento dos conselhos aqui

discutido ao locus pesquisado o município de Pacatuba dispõe do Conselho

Municipal do Idoso, porém ainda são ínfimas a participação dos idosos nesses

espaços, seja por motivos de desconhecer o espaço ou ainda o interesse em

participar.

A reivindicação de direitos sociais quanto válida, não preenche “aquele” vazio,

não resgata a identidade pessoal e cultural que é necessária para que se construa o

ser. Ser feliz, amar, ser amado, apaixonar-se por alguma causa, compreender, ser

compreendido são direitos inalienáveis do ser humano. Na maioria das vezes, os

grupos de convivência e de organização social de idosos são procurados para suprir

a solidão em que vivem. Conseguem o intento momentaneamente. Contudo, muitas

quando retomam para suas casas, tudo volta a ser como antes. Tais grupos devem

ser capazes de estimular os idosos ao autoconhecimento, trabalhando com a

sabedoria e a sensibilidade de cada um a fim de que possam se questionar sobre si

mesmos, para auto construírem-se conscientemente e estimular o sentimento de

pertença.

O primeiro capítulo do Estatuto do Idoso, sobre o direito à vida, versa sobre o

envelhecimento enquanto direito personalíssimo e, portanto, sua proteção é um

direito social garantido pelo Estado. Em relação à liberdade; o velho goza do direito

de ir e vir; de ter opinião e religião; de praticar esportes; de participar na vida familiar,

comunitária e política; de buscar auxílio e orientação. No tocante ao respeito,

consiste na inviolabilidade da sua integridade física, psíquica e moral. E, por fim, a

dignidade abrange também o dever de todos de zelar pelos direitos da pessoa velha.

O Estatuto também prevê que caso os velhos e/ou seus familiares não

tenham condições econômicas de prover o seu sustento, cabe ao Poder Público dar

esse provimento na forma da lei civil, no âmbito da assistência social. (BRASIL,

2003).

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Os Conselhos precisam, antes de tudo, reconhecer que as políticas públicas

são resultados da ação social pública, como tal, reclamam a presença simultânea do

Estado e da sociedade civil. As políticas públicas tem como condição reduzir

desigualdades inerentes à sociedade do capital, concretizar direitos sociais e permitir

a participação da população quando da distribuição da riqueza socialmente

produzida. Fazendo diminuir a hegemonia dos interesses individuais e chamando o

Estado para a responsabilidade, ratificando realmente ações fecundas para a

coletividade.

É importante ressignificar o que cada tropeço, dificuldade, ruga, cabelo

branco e sentimento recorrente trouxeram de experiência, de conhecimento e que

pode ser exercitado em cada uma de suas relações. Quanto mais o idoso depender

de outros para solucionar problemas existenciais, mais tem que arcar com as

circunstâncias e consequências dessa dependência. Também a autonomia é

conquistada com sabedoria. A prática política e social reivindicatória se tornará mais

rica quando o idoso, consciente de seu potencial e dessa sabedoria, se respeitar e

se fizer respeitar não pelo poder, pelo autoritarismo, ou sujeito só de direitos, mas

pelo reconhecimento do seu valor intrínseco, como ser humano pleno.

2.3 – A Possibilidade de um Envelhecer Saudável

É notório o cenário dos novos desafios para o sistema de saúde instalado no

Brasil a partir da crescente demanda do crescimento populacional, principalmente a

faixa etária idosa. A prevenção das doenças crônicas e degenerativas, a assistência

à saúde dos idosos dependentes e o suporte aos cuidadores (área bastante

demandada com o atual contexto do idoso no Brasil).

A população idosa frequentemente é a que mais adoece e é acometida por

uma ou mais doenças, sendo que a morbidade múltipla entre idosos está associada

às doenças crônicas, bem como as condições precárias de vida ligadas a baixa

renda, que requerem medidas de diversas naturezas.

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Estudos revelam claramente que a participação em exercícios físicos

regulares é um efetivo caminho para reduzir e/ou prevenir o número de declínios

associados ao envelhecimento, sendo capaz de modificar a condição de

incapacidade para realização das atividades da vida diária.

A meta de envelhecer com qualidade de vida é uma busca constante do ser

humano. Esta melhoria de vida tem contribuído significativamente para o aumento

da sobrevida nas últimas décadas. A qualidade de vida e o envelhecimento saudável

requerem uma compreensão mais abrangente e adequada de um conjunto de

fatores que compõem o cotidiano do idoso.

A Organização Mundial da Saúde OMS (2002) comemora o triunfo do

envelhecimento humano, mas o considera um dos maiores desafios a serem

superados, os problemas de previdência e sistema de saúde, (ONU, 2002).

Entretanto a sociedade não está preparada para essa mudança no perfil

populacional e, embora as pessoas estejam vivendo mais, a qualidade de vida não

acompanha essa evolução. Dados do IBGE, 2000 mostram que os idosos

apresentam mais problemas de saúde que a população geral. Em 1999, dos 86,5

milhões de pessoas que referiram ter consultado um médico nos últimos 12 meses,

73,2% tinham mais de 65 anos, sendo que esse grupo, no ano anterior, apresentou

14,8 internações por 100 pessoas, representando o maior coeficiente de internação

hospitalar. Mais da metade dos idosos (53,3%) apresentou algum problema de

saúde, e 23,1% tinham alguma doença crônica.

Em geral, no entanto, pesquisas demonstram que a saúde precária e a idade avançada não são de modo algum sinônimos. Existem pessoas acima de 65 anos que afirmam desfrutar de saúde quase perfeita. Assim, percebe-se que a noção de bem-estar ultrapassa o problema de saúde: “Se um homem idoso detesta sua velhice, sente repugnância diante de sua própria imagem. Chateaubriand, politicamente desprestigiado, e cuja celebridade se extinguia, odiava a velhice. “A velhice é um náufrago”, dizia ele.” (BEAUVOIR, 1990, p. 365)

Os efeitos físicos provocados pela fase da velhice evocam um outro tipo de beleza, pois

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O envelhecimento não pode ser relacionado à doença ou incapacidade, mas

é claro que o avanço da idade traz crescentes problemas de saúde. Somente

durante os últimos 20 anos, os sociólogos tentaram sistematicamente

distinguir os efeitos físicos do envelhecimento das características associadas

a doenças. O fato de a extensão do corpo inevitavelmente se desgastar com

o avanço da idade é um assunto debatido. Os efeitos das perdas sociais e

econômicas são também difíceis de desenredar dos efeitos da deterioração

física. A perda de parentes e amigos, a separação de crianças que vivem em

lugares diferentes e a perda do emprego podem provocar uma perda física.

(GIDDENS, 2005, p. 145 – 146)

A proposta de envelhecimento ativo e saudável busca oferecer qualidade de

vida por meio da alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercícios

físicos, convivência social estimulante, busca de atividades prazerosas e/ou que

reduzam o estresse, diminuição dos danos decorrentes do consumo de álcool e

tabaco e diminuição significativa da automedicação. O idoso saudável tem sua

autonomia preservada, tanto a independência física, como a psíquica.

É fato também que muitos idosos vivem em situações degradáveis, onde

sustentam toda a família com um simples salário mínimo, pouco sobra para o seu

auto sustento, para sua sobrevivência, ficando inviável uma boa alimentação, o

mínimo de alimentação.

A prática de atividade física não está associada somente a uma questão de

estética ou aparência. Ela impacta diretamente na prevenção a doenças crônicas

precoces, principalmente entre os idosos. Em todo o país, estão surgindo propostas

que visam melhorar a qualidade de vida destes brasileiros.

A esse respeito, Beauvoir (1990, p. 348) coloca:

Nenhuma impressão cenestésica nos revela as involuções da senescência. Aí está um dos traços que distinguem a velhice da doença. Esta adverte sobre sua presença, e o organismo se defende contra ela de um modo às vezes mais nocivo do que o próprio estímulo; a doença existe com mais evidência para o sujeito que dela é vítima, do que para as pessoas mais próximas que, freqüentemente (sic), desconhecem a importância do mal; a velhice aparece mais claramente para os outros, do que para o próprio sujeito; ela é um novo estado de equilíbrio biológico: se a adaptação se opera sem choques, o indivíduo que envelhece não a percebe [...]. Mesmo que nos venham sinais do corpo, eles são ambíguos. Pode-se ficar tentado a confundir uma doença incurável com um envelhecimento reversível.

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Ainda segundo a autora francesa, a atitude dos velhos depende de sua

opinião geral com relação à velhice, pois eles sabem que são olhados como

inferiores. Assim, muitos deles tomam como um insulto qualquer alusão à sua idade:

querem, a todo preço, crer que são jovens, “preferem acreditar-se em mau estado de

saúde a considerar-se idosos. Outros acham cômodo dizerem-se velhos,

prematuramente: a velhice fornece álibis, autoriza a baixar as exigências – é menos

cansativo abandonar-se a ela do que recusá-la.” (IDEM, p. 350 – 351)

Algo a analisar sobre a busca pela qualidade de vida é que a procura por uma

vida mais saudável está ainda mais voltada para figura feminina, Às mulheres se

preocupam mais com a saúde. É fato que é muito voltado para a estética, mais se

cuidam mais. Todavia esse cenário feminino aos poucos vai dando lugar aos

homens. As mudanças no perfil dos idosos força esse cenário, assim:

Mesmo os homens apresentarem ter mais resistências quanto a cuidar da

saúde, ir ao médico, tomar remédios periodicamente etc., a nova condição

de envelhecimento demonstra que os velhos também tem procurado maior

bem-estar, pois hoje “estamos todos em posição de interpretar e formar

nosso próprio bem-estar através da compreensão de nossos corpos e

através das escolhas que fazemos cotidianamente sobre dieta, exercícios

físicos, padrões de consumo e estilo de vida em geral.” (GIDDENS, 2005, p.

140)

Avaliar a qualidade de vida do idoso implica a adoção de múltiplos critérios de

natureza biológica, psicológica e socioestrutural, pois vários elementos são

apontados como determinantes ou indicadores de bem-estar na velhice:

longevidade, saúde biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo,

competência social, produtividade, atividade, eficácia cognitiva, status social, renda,

continuidade de papéis familiares, ocupacionais e continuidade de relações

informais com amigos (NERI, 1993).

Essas situações determinam as implicações com relação às potencialidades

de saúde e de vida do idoso, interferindo no seu processo saúde-doença. Assim

quanto melhor se vive, conciliam os momentos de saúde e doença algo tão presente

nessa fase, mais se é capaz de enfrentar o envelhecimento e a morte.

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Ante o exposto, avaliar as condições de vida do idoso reveste-se de grande

importância científica e social por permitir a implementação de alternativas válidas

de intervenção, tanto em programas gerontogeriátricos, quanto em políticas sociais

gerais, no intuito de promover o bem-estar das pessoas maduras, particularmente,

no nosso contexto, onde os atuais idosos são aqueles que conseguiram sobreviver

às condições adversas (VERAS,1994).

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3. O IDOSO NO PSBS DO NÚCLEO BOM FUTURO

Neste capítulo tem-se, enfim, o ápice deste estudo, pois é chegado o

momento de revelar reflexões que lancem mão das discussões teóricas

apresentadas cruzando-as com os dados da realidade possível – experiências

relatadas dos participantes – na tentativa de melhor apreensão das informações.

Neste espaço serão abordados os temas que envolvem a questão do perfil dos

sujeitos da pesquisa, das experiências dos partícipes no projeto; bem como suas

repercussões a partir de sua inserção no projeto; enfim, serão tecidas considerações

sobre os idosos participantes da pesquisa, a respeito de suas expectativas,

entendimento sobre o processo de envelhecimento e significados que atribuem ao

PSBS.

Os depoimentos foram colhidos durante os meses de novembro e dezembro

de 2012 e os critérios de escolha dos sujeitos seguiram um perfil pré-definido, qual

seja: possuir mais de 60 anos; ter pelo menos um ano de participação no PSBS; ser

assíduo às atividades do PSBS (conforme levantamento das listas de frequência do

grupo); ter disponibilidade para as entrevistas e concordar com a divulgação de

todas as informações, alterando apenas o nome do participe, onde foi informado que

utilizaria pseudônimos e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Cf. Apêndice 3). Do universo de idosos no Núcleo escolhido, quarenta atenderam a

todo o perfil estabelecido do questionário, sendo quatro participantes para entrevista.

3.1 Perfil Socioeconômico dos Idosos Entrevistados

No tocante ao questionário foram levantadas algumas questões sobre o os

dados de identificação (sexo, idade, estado civil, escolaridade), projeto em si, a

avaliação dos professores, os motivos que levaram a vim a participar do projeto, a

frequência da participação dos mesmos, a disposição em frequentar as aulas, a

participação em frequentar outros grupos, como por exemplo, os Centros de

Convivências do Idoso, outros espaços de participação social como os não

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governamentais mencionados por algumas delas, uma das principais atividades que

eles gostam de frequentar os locais onde há dança (forró), dentre outros.

Após a aplicação de questionários, conclui-se que o perfil dos idosos que

participam PSBS do núcleo Bom Futuro não difere muito do perfil nacional do

segmento. Em geral, um quantitativo expressivo é feminino, 100% das entrevistas, já

que a expressão masculina é ínfima e não frequenta de forma assídua. Em se

falando na prevalência feminina, principalmente nos locais onde é disponibilizado

serviços relacionado à saúde, entretenimento, enfim, a busca pela melhora na

qualidade de vida, é notório o segmento feminino principalmente da fase da velhice.

As pesquisas mostram que a mulher tem a imunidade maior a doenças

infecciosas, um fator hormonal de proteção próprio da diferença entre os sexos. Já

os homens são acometidos por mortes violentas, sendo a maioria destas mortes

ocorridas nas cidades, ocasionadas por fatores externos, que seriam violência no

trânsito, homicídios, questões de segurança etc.

Em geral, as mulheres usufruem de maior expectativa de vida do que os homens em quase todos os países. Ao mesmo tempo, as mulheres também sofrem de maior incidência de doenças do que os homens, particularmente na velhice. As mulheres são propensas a buscarem cuidados médicos e a apresentarem maiores taxas de doenças detectadas através de auto-exame do que os homens. (GIDDENS, 2005, p. 133)

As políticas sociais criadas, tais como o Benefício de Prestação Continuada

(BPC), aliadas ao trabalho feminino e à maior longevidade das mulheres

proporcionaram, entre os velhos, a presença de maior número de mulheres do que

entre os homens que são chefes de família. (IBGE/ PESQUISA NACIONAL POR

AMOSTRA DE DOMICÍLIOS, 2009).

As características das mudanças variam de acordo com o pertencimento das

mulheres a diferentes classes sociais. Entretanto, independentemente dessas

diferenciações sociais, existe hoje uma flexibilidade muito maior que no passado em

relação a assuntos tais como “a época de constituir família, ter filhos e número de

filhos, as relações dos jovens com os pais e com os parentes mais velhos, as

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relações dos avós com os netos, a indumentária, o lazer, a educação, o trabalho, o

comportamento sexual e a liberdade da mulher de decidir de si.” (NERI, 2008, p. 48)

A libertação do dever da mulher em procriar, cuidar dos filhos e da casa, e até da

sujeição ao marido é considerada por muitos autores como um ganho da “nova

velhice” feminina, com mais autoafirmação, autovalorização, atividade e participação

social no domínio público.

De forma geral, as mulheres velhas são mais participativas em Centros e

Grupos de Convivência, em Fóruns deliberativos e de discussão, em Conselhos de

direitos etc. Além de frequentadoras assíduas dos espaços políticos mencionados,

as velhas são mais envolvidas nos projetos de lazer oferecidos. Esses dois fatores

fazem com que também as mulheres velhas sejam mais evidentes na sociedade,

diferentemente dos velhos.

A respeito do nível de escolaridade considerado baixo somam 65% entre

alfabetizados e com ensino fundamental incompleto, exprimindo a realidade do país

dos idosos com pouca instrução, apesar das ações direcionadas para o segmento

aqui retrado. Mas há outro aspecto a que se considera que mesmo sendo maioria

com baixa escolaridade, têm-se um número pequeno de idosos com ensino superior

incompleto cerca de 5%. Revela um dado ainda que pequena, mas aos poucos de

configurando na realidade brasileira das universidades aberta para a terceira idade e

também à procura por desse segmento por espaço, mesmo com toda a limitação

que por ventura tenham.

Outro aspecto importante é que os sujeitos são custeados através de

benefícios sociais (BPC6) e previdenciários 62,5% os quais somam de um salário

6 O Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social – BPC foi instituído pela Constituição

Federal de 1988 e regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8742, de

7/12/1993; pelas Leis nº 12.435, de 06/07/2011, que alteram dispositivos da LOAS e pelos Decretos

nº 6.214, de 26 de setembro de 2007 e nº 6.564, de 12 de setembro de 2008. O BPC é um benefício

da Política de Assistência Social, que integra a Proteção Social Básica no âmbito do Sistema Único

de Assistência Social – SUAS e para acessá-lo não é necessário ter contribuído com a Previdência

Social. É um benefício individual, não vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal

de 1 (um) salário mínimo ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com

deficiência, de qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental,

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cerca de 62,5% a dois salários mínimos 12,5% um percentual pouco expressivo

constitui um valor acima da média de salários do todo.

Como no perfil traçado os participes frequentam o projeto há pelo menos um

ano. No geral não trabalham, realizam trabalhos domésticos, ou ainda cuidam de

familiares, por exemplo, netos; moram com duas a quatro pessoas (Cf. Apêndice 4).

Em se falando das mudanças ocorridas após o ingresso ao projeto, um

expressivo quantitativo de idosos foram categóricos em afirmar que melhorou

sobremaneira as suas vidas, se equiparar ao antes de participar do projeto.

A principal mudança relatada foi sem dúvidas, a questão do melhoramento na

saúde (Cf. Apêndice 4). Além disso, outros aspectos foram mencionados, como o

projeto ser um local que oferece a oportunidade de fazer novas amizades, opção de

lazer já que o projeto oferece passeios para clubes, praias..., fugir dos problemas,

principalmente dos problemas que incluem a família. Muitos dos participantes

relataram problemas de saúde, que vão regularmente ao médico e que continuam o

uso de medicações para controle de algumas doenças, que aparecem mais

comumente na velhice, como a Hipertensão Arterial7, Diabetes Melitus8, as mais

comuns nessa fase.

Segundo Neri (2001):

intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua

participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

7 A hipertensão arterial ou pressão alta, é uma doença que ataca os vasos sanguíneos, coração,

cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da pressão se mantém

frequentemente acima de 140 por 90 mmHg.

8É uma doença de causa múltipla ocorre, quando há falta de insulina ou ela não atua de forma eficaz,

causando um aumento da taxa de GLICOSE no sangue (HIPERGLICEMIA). A INSULINA é produzida

pelo PÂNCREAS e é essencial para que nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar)

como principal fonte de ENERGIA.

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na atual sociedade contemporânea, a qualidade de vida, satisfação ou bem-estar psicológico são atribuídos para o se designar uma velhice bem sucedida e essa depende do equilíbrio entre as limitações e as potencialidades da pessoa, que lhe permite lidar com as inevitáveis perdas do envelhecimento. (NERI, 2001, p.161)

Assim, os idosos veem a velhice como um momento privilegiado de se falar e

fazer o que até então era proibido pela estrutura de repressão social a que foram

submetidos durante toda a sua existência: “O bom da velhice é que você pode dizer

o que vem na cabeça. Os professores jovens não dizem o que pensam. Dizem o que

é certinho porque os burocratas de plantão não deixam. Eu digo porque eles não

podem me demitir da minha velhice”. Da mesma forma, Giddens (2005, p. 147)

complementa:

Os anos mais tardios da vida são cada vez mais vistos por muitos como uma época de grandes oportunidades e mesmo celebrações. É um tempo de reflexões sobre as realizações de toda a vida, mas também permite aos indivíduos continuarem crescendo, aprendendo e explorando. Os anos em que as pessoas estão livres das responsabilidades familiares e de trabalho são muitas vez chamados de terceira idade (grifo do autor). Durante esse período, que agora é mais longo, os indivíduos são livres para levar vidas ativas independentes – viajando, perseguindo novos conhecimentos ou desenvolvendo novas habilidades. A quarta idade, então, refere-se aos anos em que a independência das pessoas e a habilidade de elas mesmas se cuidarem são um desafio mais sério.

3.2 - Apresentação dos Sujeitos

Apresentam-se nesse subtópico os resultados dos discursos dos idosos

participes do PSBS. Esses relatos são resultados das entrevistas no formato semi

estruturadas, que abordam aspectos tais como: os significados das experiências dos

idosos a partir da sua inserção no PSBS, explorando de forma veemente a análise

da vida dos mesmos depois de fazer parte do PSBS, o entendimento do entrevistado

sobre o projeto, principal atividade do tempo livre hoje, sua percepção e sentimentos

em relação ao envelhecimento e enfim o que é mais importante para eles nessa fase

da vida.

Segue resumidamente o perfil dos entrevistados com seus respectivos

pseudônimos a serem utilizados no decorrer do capítulo, como também as principais

discussões levantadas a partir dos seus discursos.

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Tulipa tem 62 anos, casada, é alfabetizada, mora com esposo, seus gastos

são custeados pelo companheiro, atualmente sua ocupação são as atividades

domésticas.

Rosa tem 65 anos, casada, possui Ensino Fundamental Completo, mora com

o esposo e com filhos, é custeada por seu esposo que é militar, dedica-se ao serviço

doméstico.

Hortência tem 70 anos, casada, possui Ensino Fundamental Incompleto,

mora com duas pessoas, recebe BPC seu benefício custeia também as finanças do

lar.

Jasmim tem 67 anos, casada, alfabetizada, mora com três pessoas, seus

gastos são custeados pelo companheiro, nunca exerceu atividade laboral fora do lar,

sendo ainda dona de casa.

Para os sujeitos entrevistados lancei as perguntas do roteiro de entrevista,

oportunidade em que os sujeitos da pesquisa ficaram à vontade para falar de suas

vidas, mergulhar no universo de suas memórias, exprimir seus relatos, suas

experiências no PSBS, acontecimentos que marcaram o seu cotidiano. Assim, ao

oportunizar-lhes fazer menções, expressar seu ponto de vista, além de exprimir e

resgatar suas histórias. Contudo, responderam algumas perguntas, algumas de

forma ínfimas em suas respostas.

Houve também a preocupação em analisar mesmo os discursos considerados

pouco suficientes, porque se entende que deve haver o respeito com os discursos

dos entrevistados. Outra preocupação foi equilibrar momentos de grande emoção.

Momentos esses que ficarão na mente dessa pesquisadora por muito tempo.

É fato que a postura de uma pesquisadora deve ser racional diante do sujeito

pesquisado, porém é um momento muito difícil, principalmente quando se depara

com situações tão adversas e ao mesmo tempo tão habituais a condição do idoso no

Brasil. Nos discursos encontrei falas que nunca tinha analisado. Dessa forma essas

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falas serão interpretadas da forma que possa contribuir para entendimento sobre as

principais experiências dos idosos no PSBS.

3.3 Resultados e Discussões

No primeiro momento a senhora TULIPA não soube responder a pergunta,

porém reformulei e ela se sentiu mais preparada para responder. Na verdade a

entrevistada foi muito sucinta nos seus discursos. Assim, sobre os significados ela

colocou que favorece o bem estar, acha uma ótima proposta para os idosos.

Entende que o projeto é um espaço de participação social sim e quanto ao

envelhecimento “acho algo natural, a gente tem que envelhecer mesmo, o

importante é a saúde (...)” (TULIPA)

Diferente do que a pensa a senhora TULIPA sobre o envelhecimento

(GIDDENS, 2005) aponta:

Por conseguinte, os velhos atuais estão bem menos propensos a aceitar o

envelhecimento como um processo inevitável de deterioração do corpo.

Aqui pode-se mais uma vez traçar o impacto da socialização da natureza. O

processo de envelhecimento era geralmente aceito como uma fatal

manifestação da devastação do tempo. Mas, cada vez mais, a velhice não

tem sido encarada como algo natural; os avanços na medicina e na nutrição

tem mostrado que muito do que um dia foi considerado inevitável sobre o

envelhecimento pode ser contestado ou retardado. Em média, as pessoas

atingem idades bem mais avançadas do que há um século, como resultado

de melhorias nos cuidados com nutrição, higiene, saúde etc.

A velhice traz consigo todas essas percepções. No processo em que culmina

com o envelhecimento, nele há uma relação com diversos aspectos, seja o

cronológico, psicológico, biológico ou ainda sociológico, todavia não é determinante.

Esse processo de envelhecimento é heterogêneo, vivido com uma experiência

individual, não determinado pela idade cronológica, e sim é consequência das

experiências passadas, da forma como se vive, se administra a própria vida no

presente e de expectativas futuras. Esse processo se dá pela interação entre

vivências pessoais e contexto social e cultural.

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Ora assim as amizades, o pouco tempo que a gente passa lá (...) faz

amizades com outras pessoas, a gente se distrai, muita coisa boa os

professores são atenciosos, eles demonstram que está fazendo as coisas

não por obrigação, mas por prazer (...). Me sinto bem melhor, no sentido

geral a mente da gente até que melhora, (...) os exercícios ameniza os

problema (..).O projeto traz benefícios, é muito bom, assim porque tem

gente mais idosa do que eu, que nem tinha uma vozinha lá com 83 (...) eu

achava ela melhor do que eu, toda durinha, toda animada, quando ela

chegava fazia festa mesmo e é muito bom, porque você em casa você

trabalha muito, mas não é um exercício de você ir para a academia, é um

exercício é, mas não é a mesma coisa de ir para os bombeiros, o médico

disse que é um exercício (...) Tá aqui é muita gratificante (...) Quando tem

uma festinhas, um forrozinho(...) risos. Eu sou doida para ir para o forró (...)

quando tenho tempo livre fico nas calçadas (...) risos se distrair um pouco, o

que é que nós temos aqui, não tem nada, qual é o lazer que nós temos

aqui, nenhum, nós não temos (...). Quanto ao envelhecimento é muito ruim

(..), pense numa coisa ruim, porque assim quando você é jovem você tem

força para trabalhar, todo mundo lhe reconhece, eu graças a Deus todo

mundo gosta de mim, mas quando você chega numa certa idade (...), outro

dia os meninos acharam muita graça, porque eu falei que quando a

gente fica velho a gente não tem mais nome, olha aquela velha ali assim,

assim, lá vem aquela velha, minha filha onde mora aquela velha fulana de

tal, como coisa que a gente fosse um pedaço de papel velho, uma coisa,

não foi gente não, não foi criança, foi jovem (...) sem contar que qual é o

direito que o idoso tem, doida para ganhar dinheiro sem trabalhar (...) ainda

tem muita coisa para fazer pelo o idoso, apesar das conquistas,

principalmente na família.” (ROSA)

O idoso participa de um contexto onde a sua faixa etária cresce em meio a

várias questões como: o abandono, a doença, a incapacidade, a dependência, a

morte. Estatísticas mostram, por exemplo, que o Brasil, no ano de 2050 terá

aproximadamente quase 30% de sua população idosa, isso demanda um olhar

atento às características desse segmento populacional, no âmbito do poder público,

da família e da sociedade como o todo. Pois o que se observa é uma super

valorização das pessoas mais jovens, do novo, quando a pessoa idosa tem muito

para ensinar, para repassar, esse segmento é história viva, demanda sensibilidade

para a questão.

A entrevista da senhora ROSA foi uma das mais emocionantes, com riqueza

de detalhes sobre suas experiências. Mas dentre todo o seu depoimento a frase que

segue marcou o ápice do seu discurso: “[...] outro dia os meninos acharam muita

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graça, porque eu falei que quando a gente fica velha a gente não tem mais

nome [...]”. Toda a fala dessa participe foi bastante enriquecedora para a pesquisa.

Ao entrevistá-la fluíram várias questões, essas que por menor que achamos

serem, fazem a diferença na vida das pessoas, principalmente desse segmento,

como por exemplo, a relação de tratamento pelo nome. Quando se chega a essa

idade as pessoas costumam fazer diferença na forma de se relacionar com o idoso,

Vários são os nomes ou apelidos, sem falar que se usa bastante a forma diminutiva,

como: velhinha, caduca, rabugento, velho ultrapassado, descartado, fora de moda,

inválido ou candidato ao asilo enquanto sinônimo de confinamento, ou simplesmente

alguém que está esperando a morte.

A Sociedade do século XXI potencializa a longevidade, porém nega aos

velhos seu valor e importância social. Observa-se uma sociedade de consumo,

apenas o novo tem valor (caso contrário não existe produção e acumulação de

capital). Há a ênfase na juventude, beleza, autonomia, habilidade, independência,

produtivo e reprodutivo. O que se percebe também é que o próprio idoso tem uma

falsa consciência. Trazem para a realidade a cultura do conhecimento, da força, do

progresso, exagerada veneração aos jovens, maiores habilidades, conhecimento,

inovações tecnológicas, interagir com velho lembra proximidade com declínio,

finitude, morte. Assim esses estereótipos refletem ideias errôneas, comuns,

distorcidas da velhice, prejudiciais às relações entre os indivíduos.

Costa (1998) argumenta que, por estar inserido num campo de valores, a

velhice ainda é um tema muito difícil de ser encarado, seja para os mais jovens ou

para o próprio idoso, que, na maioria das vezes, passa a se sentir inútil ao perceber

suas capacidades físicas diminuídas, sua saúde fragilizada a ponto de não

conseguir mais definir um papel social que permita preservar a sua própria imagem

de cidadão cumpridor de seus deveres.

No contexto dessas novas políticas sociais, avanços conceituais e

metodológicos consideráveis favorecem a mudança de compreensão e de

explicação da velhice. Assim são observadas mudanças tanto em relação aos

termos de tratamento quanto na imagem das pessoas envelhecidas. Exemplo disso,

a substituição da nomenclatura velho que é fortemente associada a desgastado,

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decadente, fora de circulação, para a noção de idoso, menos estereotipado e que

representa maior respeito. Da mesma forma, a invenção do termo9 “terceira idade”,

classifica uma nova fase da vida que se interpõe entre a idade adulta e a velhice,

sendo que quem está na terceira idade é aquele ativo, independente e que tem

saúde, em contraposição àqueles que são incapazes de fazer alguma coisa,

dependente e que não têm saúde.

Quanto aos significados:

“Para mim é uma boa a gente se preocupa para ir e eu gosto muito [...] a

minha vida depois do projeto mudou muito, no sentido das dores melhorou,

na minha saúde melhorou, [...], gosto de falar a verdade, gosto muito do

projeto fiz muitas amizades, vou para o forró, faço as minhas coisas de casa

[...], participo do idoso amado [...] me incômodo com tudo, se tiver que

prolongar o resto da minha vida, eu acho que eu vou morrer logo, todo dia

eu peço a Deus pra me levar, criei a minha neta, sofro muito [...]”.

(HORTÊNCIA)

A entrevista da senhora HORTÊNCIA foi um dos momentos mais difíceis da

pesquisa, quando ela expôs o comentário sobre a separação conjugal de sua filha e

também problemas com seu neto. Além disso, relatou também que seu salário é que

custeia as finanças da casa. Foi um momento muito rico de suas experiências, mas

também muito emocionante, tive que parar várias vezes a entrevista parar ela se

recompor. Percebi que foi um desabafo, ela precisava falar sim de suas experiências

no PSBS, mas, sobretudo queria alguém que pudesse lhe escutar, ouvir suas

angústias, sua alegrias, suas emoções, enfim alguém que parasse para lhe dar um

pouco de atenção.

Conforme Costa:

[...] os filósofos pré-socráticos já falavam da velhice. Um deles, Demócrito

de Abdera, chegou a dizer: “Velhice é mutilação total: tudo tem e de tudo é

carente”. Esse julgamento rigoroso, essa visão unilateral que vem desde a

antiguidade, faz com que o idoso seja visto por ele mesmo como atrasado,

nostálgico, maçante e de muitas outras maneiras negativas; não se dando

9 No Brasil as preocupações em relação aos vocábulos, são muitos recentes, datam dos anos 60 (PEIXOTO,

2003)

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nem mesmo o direito de buscar situações novas, é comum ouvir o idoso

dizer “sou velho demais para fazer coisas novas” (COSTA, 1998, p.19-20).

Nesse discurso pudemos perceber que a realidade da senhora HORTÊNCIA,

é a realidade de muitos idosos do Brasil. Um idoso cada vez mais esquecido,

tomando para si responsabilidades, antes não pertencente a esse ele. O idoso

enfrenta problemas que poderia ser resolvidos no âmbito familiar, todavia é de lá que

partem eles na maioria das vezes.

Dessa forma:

Tais transformações sociais têm influenciado decisivamente nos hábitos

familiares, alterando antigos costumes arraigados. Esse novo

comportamento passa a ser aceito como uma nova cultura, as famílias

incentivadas pela sociedade admitem como necessidade que “os mais

jovens também precisam viver a sua vida” ou que “os velhos já viveram a

sua.” (COSTA, 1998, p. 12).

O que se percebe são os novos papéis desempenhados pelos os idosos no

atual contexto. No entanto, verificamos que muitos desses idosos hoje são pessoas

abandonadas pela família. Podemos afirmar que isso justifica a depressão de muitos

e seria muito importante o apoio da sociedade e, sobretudo da família de cada um,

para que eles possam ter uma autoestima melhor ou ainda para muitos idosos, esta

ser recuperada.

Quanto à expectativa de morte, a espera da finitude e ao mesmo tempo a

renovação de sua vida social, a convalescência de sua saúde que a senhora

HORTÊNCIA exprime em seus discursos, ela nos remete a uma reflexão: muitas

mulheres atribuem o mérito da superação do estado depressivo à participação no

Projeto. Esse dado adquire um significado expressivo na vida dessas pessoas.

Segundo pesquisas, as mulheres por terem uma longevidade superior à dos homens

ficam expostas por períodos mais longos a doenças crônicas degenerativas, à

viuvez e à solidão, tendo como consequência o aumento do estado depressivo.

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Segundo Veras, 2003, p. 8 “[...] a tríade pobreza, solidão e doença ocorre

frequentemente entre mulheres idosas [...]”.

A contribuição para um envelhecimento ativo e saudável, perceptível na fala,

no olhar, nas atitudes dessas pessoas também comparece no significado que esses

idosos entrevistados atribuem à velhice e à condição de ser idoso.

Quanto aos significados das experiências no PSBS da participante JASMIM:

“[...] para mim muitas coisa boas, aquilo que eu não sentia agora eu já sinto

que é disposição, não tinha mais prazer na minha vida, [...] depois da morte

do meu filho e o meu neto que quase morria também, hoje eu me sinto uma

vitoriosa, uma mulher guerreira, hoje em dia para uma pessoa, uma mulher

que assume, uma mãe, que desde 33 anos que assume a família sozinha,

sou viúva [...]. Faço parte de outro grupo o idoso amado. Me sinto

renovada quando frequento os bombeiros [...] Tenho como referência

de modelo de pessoa o CB Dias ..., o projeto representa muita coisa...”

O idoso é alguém que tem muitas perdas por trás de si. Observa-se na fala da

senhora JASMIM algumas perdas, tais como: perda gradual de parentes, pessoas

queridas. Há também outras perdas. Muitos idosos perdem certa imagem dele

mesmo, anula as relações que tiveram consigo; perda de pessoas mais jovens

(filhos); perda do próprio cônjuge – O adeus provoca um grande impacto com

repercussões físicas e emocionais; perda de filhos que se casam, saem de casa é a

sensação de ninho vazio, sensação de solidão, de abandono. Há uma infinidade de

perdas, seja nos aspectos abstrato ou ainda concreto.

Todavia, observa-se também na fala da entrevistada que a vida é muito mais

do que isso, do que as perdas. Na vida se ganha bem mais. Se ganha a

oportunidade de realizar toda uma reviravolta no cotidiano, há uma imensa vontade

de viver e de certa forma viver bem. Quanto a isso, se busca novos horizontes,

idealizam-se novos momentos para a vida, uma eterna necessidade de se perceber

pertencendo a algo mais amplo que o simples cotidiano. Busca-se referências com o

intuito de dar continuidade aos dias que são dados à vida ou ainda a vida da aos

dias, assim seja a percepção de cada um.

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O envelhecimento é resultado de uma construção que o individuo fez durante

toda a vida. Saber superar as adversidades determina o nível de adaptação a

mudanças e crises próprias o processo de envelhecimento. Resiliência é a

capacidade de se adaptar a novas situações e de pensar estratégias que sirvam

como fatores protetores indispensável para um envelhecimento bem-sucedido.

Nesse sentido é relevante pontuar que todos os entrevistados apontaram a

condição de ser idoso como uma importante etapa da vida, reconhecem o

aprendizado dos anos vividos e a possibilidade de viver sem obrigações e/ou

compromissos relacionados ao trabalho, sentem-se livres das obrigações formais

cotidianas. O fato de não terem filhos pequenos e estarem aposentados possibilita

uma grande margem de manobra em relação à utilização do tempo livre para

participar em espaços de convivência e de aprendizagem

Dessa forma pensar no idoso entrevistados do PSBS do núcleo Bom Futuro é

pensar no sujeito que busca cotidianamente novas formas de relacionar-se, de

melhorar sua saúde, provocar mudanças nos aspectos biopsicossocial, pois além da

atividade física outros aspectos também são trabalhados naquele espaço, claro que

os dois eixos norteadores do projeto a promoção da saúde e qualidade de vidas são

cotidianamente atrelados as atividades. Mas o que se percebeu nos discursos está

para além desses dois eixos que direcionam as ações do projeto.

Em algumas entrevistas, mulheres deixam transparecer que nessa etapa da

vida está sendo possível a realização de projetos até então inacessíveis e enfatizam

a grande satisfação que têm na oportunidade de participar de atividades promovidas

pelos Programas de Atenção aos Idosos. Notadamente estas entrevistadas tiveram

uma vida restrita ao espaço privado, próprio de sua geração e de sua condição de

mulher e incorporaram na atualidade uma condição melhor do que na juventude.

Há uma percepção das conquistas em relação às gerações passadas, o idoso

agora transcende o espaço privado – a casa - e vai participar e dividir o espaço

público. Isso já pode ir colocando no passado, quando o idoso só servia para ficar

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dentro de casa. Mas tem melhorado bastante.

A contribuição do PSBS para o envelhecimento ativo e saudável ficou

explícita na fala de todos os idosos entrevistados. Quando levados a refletir acerca

dos benefícios e das mudanças que ocorreram após a inserção no Projeto, quase

todos os entrevistados - além de outras coisas – ressaltam a melhoria na saúde e no

condicionamento físico, alegria e a cura ou a melhora da depressão.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para iniciar a análise final desse estudo, é preciso salientar que esse

processo investigatório não está acabado, muito pelo contrário, as discussões que

foram apresentadas neste espaço servem apenas como subsídio para reflexões

maiores e mais profundas. Contudo, não há de forma alguma, o desejo de

desmerecer esta construção teórica, pois ela também é um acréscimo aos diversos

estudos que estão surgindo a respeito do idoso e a fase da vida que é a velhice.

O Brasil apresenta um alto índice de idosos e as expectativas de acordo com

os órgãos de pesquisa é que essa demanda só aumente. O fato é que com a

demanda desse segmento foi preciso criar ou ainda fortalecer as políticas sociais no

que concerne a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas. Ora se as pessoas

vivem mais, é preciso que elas vivam bem. Dessa forma, alguns projetos são de

suma importância para apoiar essa demanda, como é o caso do Projeto Saúde,

Bombeiros e Sociedade do Governo do Estado do Ceará.

O Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade é um desses grupos que em

parceria com Estado e comunidade conseguiu atrelar atividade física com lazer, isso

porque os idosos que participam encontram nesse espaço oportunidade de melhorar

sua saúde, esquecer um pouco seus problemas, diminuir o ócio e ainda desenvolver

suas habilidades, quando da realização de oficinas de artesanato, festas

comemorativas, dentre outros momentos.

Acompanho o Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade desde o início, desde os

primeiros passos em 2003 e percebo que as atividades desenvolvidas são de

grande valia para a melhoria da qualidade de vida daqueles idosos. Dessa forma,

resolvi entrevistar alguns participantes para entender através de suas experiências

os resultados sejam eles positivos ou negativos advindos das ações do projeto na

vida daqueles idosos.

A imagem que tenho daqueles idosos nada parece com as que tinham antes

de aproximar-me desse projeto, lembro-me dos idosos quietos em sua cadeira de

balanço, às vezes alegres, outrora deprimidos, alguns rancorosos, apáticos, ou

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ainda próximos da morte. Agora percebo neles uma imensa vontade de viver,

aumentar o ciclo de amizades, conhecer novos lugares, a impressão que tenho é

que muitos querem ou ainda necessitam recuperar algum tempo perdido ou lembrar-

se do tempo em que eram crianças.

A realidade é que os idosos estão mais ativos, mesmo com a nova roupagem

de muitas vezes suprir as necessidades da família seja cuidando de familiares (netos

principalmente) ou ainda “suprindo” a necessidade financeira. Ou seja, com a

longevidade veio também novos papéis sociais e isso implica para esse grupo um

trabalho no campo social e a sociedade deve está preparada para desempenhar o

seu papel seja no social ou ainda no contexto familiar.

Não há dúvidas que esses espaços são de grande valia para a participação

social desse grupo tão crescente no Brasil, contudo é importante entender que há

necessidade de avançar mais, pois a população idosa é uma realidade, é preciso

mais discussões e ações realmente efetivas para contemplar as particularidades que

o segmento demanda.

Quanto aos significados sobre o PSBS, todos os entrevistados relataram ser

uma experiência bastante proveitosa em suas vidas, não apenas pela aula de

ginástica em si, mas pelo momento vivenciado de poder ver as pessoas, sair de

casa, conversar com amigos, aliviar os problemas, rir, enfim, movimentar o corpo e

fortalecer os laços sociais.

É notório que ao longo de todo curso da pesquisa, o idoso, independente de

seus determinantes sociais, sente a necessidade de estar em um ambiente onde o

contato e a identificação com o outro sejam uma constante. O PSBS enquanto

espaço de participação social, representa uma proposta nova, no que viabiliza a

oportunidade de encontrar pessoas e ainda melhorar sua qualidade de vida, pois é

ali que o idoso pode expressar a suas emoções, extravar alegria e energia.

Esta pesquisa procurou durante todo o processo contribuir para uma maior

reflexão sobre o idoso e seus rearranjos no atual contexto. Refletindo sobre o

processo de envelhecimento, retratando suas experiências no seu cotidiano.

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Expondo principalmente uma análise das experiências dos idosos partícipes do

Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade do Governo do Estado do Ceará.

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ZIMERMAN, G. I. Velhice aspectos biopsicossociais. Porto Alegre. Artes Médicas,

2000.

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ANEXOS

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ANEXO 1

Portaria de ampliação do Projeto Saúde, Bombeiros e Sociedade.

PORTARIA Nº 023, DE 18 DE MARÇO DE 2003 DOE nº 073, 17 de abril de 2003 O COMANDANTE GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO CEARÁ, no uso de suas atribuições que lhe confere o Art.9°, da Lei n°11.673, 20 de abril de 1990 - Lei de Organização Básica, e ainda: CONSIDERANDO que o PROJETO SAÚDE, BOMBEIROS E COMUNIDADE é um projeto voluntário, que teve início no Grupamento de Busca e Salvamento desta Corporação; CONSIDERANDO a visão de seus idealizadores: Cap BM Virgílio Ryozaburo Cláudio SAWAKI; Ten BM LUÍS ROBERTO Costa; Sgt BM José Ivonildo BRITO e Sgt BM Antônio ALDENOR da Silva em oferecer atendimento às pessoas da terceira idade na forma de atividades físico-ocupacionais; CONSIDERANDO que as alterações no processo de envelhecimento no ser humano, podem ser restringidas com a prática regular de atividades físicas, e mesmo que não em alguns casos devemos assegurar o prolongamento do tempo de vida, garantindo uma condição igualmente importante - o bem-estar cotidiano da pessoa na terceira idade; CONSIDERANDO que o público alvo da terceira idade está integrando-se ao Corpo de Bombeiros através da diretriz do senhor Secretário de Segurança Pública e Defesa Social; CONSIDERANDO que devemos realizar uma grande mobilização na população para conscientizar a sociedade quanto ao processo acelerado de envelhecimento sem preconceito; CONSIDERANDO que este projeto em andamento reforça através do Governo do Estado a campanha da fraternidade deste ano atendendo no momento 100 (cem) jovens da terceira idade no momento no Grupamento de Busca e Salvamento; RESOLVE: Determinar aos COMANDANTES das Unidades Bombeiro Militar do 2° e 3° Grupamentos de Incêndio e Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Bombeiros, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentarem o Plano de Unidade Didática com vistas à ampliação do Projeto Saúde, Bombeiros e Comunidade e o início das atividades com a terceira idade.

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Apêndices

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Apêndice 1

QUESTIONÁRIO.

1 - Idade _____ Sexo ( ) feminino ( ) masculino

2 - Qual é o seu nível de escolaridade?

( ) Analfabeto(a) ( ) Alfabetizado

( ) Ensino fundamental Incompleto. ( ) Ensino fundamental Completo.

( ) Ensino Médio Completo. ( ) Ensino Médio Incompleto

( ) Superior Incompleto. ( ) Superior Completo.

3- Estado Civil

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) Divorciado / Separado ( ) União Estável

4 - Quem mora com você?

( ) Moro sozinho; ( ) Filhos; ( ) Moro com Pai; ( ) Irmãos;

( ) Moro com Mãe; ( ) Outros parentes; ( ) Esposa, marido, companheiro (a);

( ) Amigos ou colegas;

5 - Quantas pessoas moram com você?

( )Uma ( )Duas ( )Três ( )Quatro ( )Mais de quatro

6 - Qual é a sua participação na vida econômica de sua família?

( ) Aposentado

( ) Você não trabalha e seus gastos são custeados;

( ) Você trabalha e é independente financeiramente;

( ) Você trabalha, mas não é independente financeiramente;

( ) Você trabalha e é responsável pelo sustento da família;

7 - Qual é a renda mensal média de sua família hoje?

( ) Até um salário mínimo

( ) De um a dois salários mínimos

( ) Acima de três salários

( ) Recebe ajuda Programa Social do Governo Federal

( ) Não possui nenhuma renda – Vive da ajuda dos outros

8 - Há quanto tempo participa do Projeto?

( ) três meses ( ) seis meses ( ) um ano ( ) um ano e meio ( )dois ou mais

9 - Qual a frequência por semana vai ao projeto?

( ) uma vez ( ) duas vezes ( ) três vezes

10 - Após entrar no projeto sua vida social mudou?

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( ) não ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito

11 - Você sente mais disposição para visitar amigos e parentes?

( ) não ( ) sim

12 - Com a prática de atividade física seus problemas de saúde melhoraram?

( ) não ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito

13 - Você sente disposição para frequentar as aulas?

( ) não ( ) sim

14- Na sua opinião os bombeiros são capacitados para ministrarem as aulas?

( ) não ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito

15 - A forma dos bombeiros ministrarem as aulas é agradável?

( ) não ( ) pouco ( ) razoável ( ) muito

16 – Você participa de outro(s) grupo (s) relacionado ao idoso?

( ) sim ( ) não

17 – Qual (s) o motivo (s) fez com quê você viesse a participar do projeto?

( ) melhorar a saúde ( ) fazer novas amizades ( ) para fugir dos problemas ( ) outros

motivos.

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APÊNDICE 2

Roteiro da entrevista

O que o (a) senhor (a) gostaria de falar sobre:

1. Que significados você atribui as suas experiências no PSBS?

2. Como você analisa a sua vida depois de fazer parte do PSBS?

3. Qual o entendimento que você tem sobre o projeto?

4. Principal atividade para o tempo livre hoje?

5. Sua percepção e sentimentos em relação ao envelhecimento?

6. O que é mais importante para o (a) senhor (a) nessa fase da vida?

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APÊNDICE 3

Faculdade Cearense

Curso: Serviço Social

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Responsável pela execução da pesquisa: Micheline Soares Barros

Telefones de contato da Pesquisadora: (85) 8828-9161 9957-7871

Título da Pesquisa: UMA ANÁLISE DAS EXPERIÊNCIAS SOCIAIS DOS IDOSOS QUE

PARTICIPAM DO PROJETO SAÚDE, BOMBEIROS E SOCIEDADE DO CORPO DE

BOMBEIROS DO ESTADO DO CEARÁ, UM RECORTE NO MUNICÍPIO DE PACATUBA,

NO NÚCLEO BOM FUTURO.

Nome do pesquisado:_______________________________________________

Endereço do pesquisado: ____________________________________________

Contato do pesquisado: _____________________________________________

2- Informações ao participante:

(a) Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como objetivo

geral realizar uma análise das experiências sociais dos idosos a partir de sua

inserção no Projeto Saúde, Bombeiro e Sociedade - PSBS – do Corpo de

Bombeiros do Estado do Ceará.

(b) Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações abaixo

que informam sobre o procedimento: a pesquisadora Micheline Soares Barros irá

entrevistá-lo, a partir de um roteiro de perguntas. Você poderá recusar a participar

da pesquisa e poderá abandonar o procedimento em qualquer momento, sem

nenhuma penalização ou prejuízo. Durante o procedimento de entrevista, você

poderá recusar a responder qualquer pergunta que por ventura lhe causar algum

constrangimento.

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(c) A sua participação como voluntário não auferirá nenhum privilégio, seja ele de

caráter financeiro ou de qualquer natureza, podendo se retirar da pesquisa em

qualquer momento sem prejuízo.

(d) A sua participação não envolve quaisquer riscos.

(e) Serão garantidos o sigilo e privacidade, sendo reservado ao participante o direito

de omissão de sua identificação ou de dados que possam comprometê-lo.

(f) Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos participantes.

(g) Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo.

A minha assinatura abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por

isso dou meu consentimento.

Pacatuba, _____de ___________________ de 20_____.

Participante:_____________________________________________

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Apêndice 4

Perfil dos idosos partícipantes do PSBS do núcleo Bom Futuro do

município de Pacatuba

Tabela 1. Frequência (F), percentagem (%)

VARIÁVEIS F %

Faixa Etária

60-64 26 65%

65-70 14 35%

Estado Civil F %

Solteiro 5 12,65%

Casado 25 62,50%

Viúvo 7 17,50%

Divorciado/ Separado 3 7,50%

União Estável 0 0%

Sexo

Feminino 40 100%

Masculino 0 0%

Escolaridade F

Alfabetizada 14 35%

Ensino fundamental Incompleto. 12 30%

Ensino fundamental Completo. 10 25%

Ensino Médio Completo. 2 5%

Ensino Médio Incompleto 0 0%

Superior Incompleto 2 5%

Superior Completo 0 0%

Mora com quem F %

Moro sozinho 5 12,5%

Filhos 5 12,5%

Moro com Pais 0 0,0%

Irmãos 5 12,5%

Esposa, marido, companheiro (a) 25 62,5%

Amigos ou colegas 0 0,0%

Outros parentes 0 0,0%

Quantidade de pessoas que moram com o idoso F %

Um 5 13%

Duas 5 13%

Três 12 30%

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Quatro 8 20%

Mais de quatro 10 25%

Tempo no Projeto F %

Três meses 0 0%

Seis meses 0 0%

Um ano 8 20%

Um ano e meio 10 25%

Dois anos ou mais 22 55%

Participação Econômica na Família F %

Aposentado 25 62,5%

Você não trabalha e seus gastos são custeados; 8 20,0%

Você trabalha e é independente financeiramente; 3 7,5%

Você trabalha, mas não é independente financeiramente; 2 5,0%

Você trabalha e é responsável pelo sustento da família 2 5,0%

Renda mensal de sua família F %

Até um salário mínimo 25 62,5%

De um a dois salários mínimos 5 12,5%

Acima de três salários 2 5,0%

Recebe ajuda Programa Social do Governo Federal 7 17,5%

Não possui nenhuma renda 1 2,5%

Vive da ajuda dos outros 0 0%

Frequência que vai ao projeto F %

Uma vez 6 15,0%

Duas vezes 34 85,0%

Três vezes 0 0,0%

Após entrar no projeto sua vida mudou F %

Não 0 0,0%

Pouco 2 5,0%

Razoável 10 25,0%

Muito 28 70,0%

Você sente disposição para visitar amigos e parentes F %

Sim 34 85,0%

Não 6 15,0%

Com a prática de atividade física seus problemas de saúde melhoram F %

Não 0 0,0%

Pouco 2 5,0%

Razoável 13 32,5%

Muito 25 62,5%

Você sente disposição para frequentar as aulas F %

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Sim 40 100,0%

Não 0 0,0%

Opinião sobre a capacidade dos bombeiros ministrarem a aula F %

Não 0 0,0%

Pouco 0 0,0%

Razoável 13 32,5%

Muito 27 67,5%

Opinião sobre se é agradável ou não a maneira dos bombeiros ministrarem a

aula F %

Não 0 0,0%

Pouco 2 5,0%

Razoável 11 27,5%

Muito 27 67,5%

Você participa de outros grupo relaciona ao idosos F %

Sim 25 62,5%

Não 15 37,5%

Qual motivo fez com quê viesse a participar do projeto F %

Melhorar a saúde 27 67,5%

Fazer novas amizades 8 20,0%

Para fugir dos problemas 5 12,5%

Outros motivos. 0 0,0%

TOTAL 40 100%