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Ana Paula Anselmini
Centro Cultural, de Eventos e Exposições em Getúlio Vargas RS.
Relatório do Processo Metodológico de Concepção do Projeto Arquitetônico e Urbanístico e Estudo Preliminar de Projeto apresentado na Escola de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Meridional – IMED, como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, sob orientação da professora Me Grace Tibério Cardoso.
Passo Fundo
2018
2
Ana Paula Anselmini
Centro Cultural, de Eventos e Exposições em Getúlio Vargas RS.
Banca Examinadora
Profª. Dra. Grace Tibério Cardoso
Orientadora
Profª. Me. Jéssica Portella
Membro avaliador
Profª. Me. Letiane Benincá
Membro avaliador
Passo Fundo
2018
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela vida e pelas oportunidades. Aos meus
pais Fábio e Maria, irmãos Giordana e Gustavo toda a gratidão do mundo por serem
as pessoas mais importantes da minha vida e por todo o apoio e suporte para que
eu chegasse ate aqui. Muito obrigada por tudo. Amo vocês!
Aos meus amigos pela compreensão, por estarem comigo e entenderem os
meus momentos. Aos colegas, agradeço pela imensa força, dedicação e
companheirismo nestes cinco anos de faculdade.
A todos os docentes que foram sempre muito importantes para que hoje eu
chegasse ate aqui, principalmente a professora e orientadora, Profª. Dra. Grace
Tibério Cardoso, quero deixar aqui o meu muito obrigado por acreditar na minha
dedicação e por ter se empenhado junto á mim para que esse trabalho fosse
concluído com êxito.
Pra finalizar, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, auxiliaram na formação
e na realização deste trabalho.
Obrigada.
4
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo o estudo para a implantação de um Centro
Cultural, de Eventos e Exposições para a cidade de Getúlio Vargas, RS. A partir da
fundamentação teórica foram analisados a historia do município de Getúlio Vargas
assim como o seu desenvolvimento, cultura e eventos, a evolução histórica do tema,
flexibilização de espaço e arquitetura temporária. A partir destes estudos e dos
condicionantes físicos e legais pertinentes, propostas foram elaboradas para o
partido arquitetônico que será desenvolvido posteriormente. O projeto tem como
objetivo principal possíveis atrativo para a cidade para qual, pretende – se criar um
espaço de integração e conectividade com a natureza.
Palavras-chave: Cultura; Integração Social; Lazer; Getúlio Vargas.
ABSTRACT
The present work has as objective the study for the implantation of a Cultural Center, of Events and Exhibitions for the city of Getúlio Vargas, RS. Based on the theoretical basis, the history of Getúlio Vargas municipality was analyzed, as well as its development, culture and events, historical evolution of the theme, space flexibility and temporary architecture. From these studies and the pertinent physical and legal constraints, proposals were prepared for the architectural party that will be developed later. The main objective of the project is possible attractions for the city, for which it is intended to create a space of integration and connectivity with nature.
Keywords: Culture; Social integration; Recreation; Getulio Vargas.
5
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização no país, estado, região e município........................................14
Figura 2: Raio de abrangência da Microrregião de Erechim......................................14
Figura 3: “Calçadão” de Getúlio Vargas.....................................................................16
Figura 4: Mapa com as localidades principais de Getúlio Vargas-RS........................16
Figura 5: Avenida no final de semana........................................................................17
Figura 6: Linha do tempo esquemática......................................................................19
Figura 7: Igreja Matriz Imaculada Conceição.............................................................19
Figura 8: Praça General Flores da Cunha..................................................................20
Figura 9: Parque Municipal das Águas.......................................................................20
Figura 10: Representação da Última Ceia, de Leonardo da Vinci.............................23
Figura 11: Dança na idade antiga, retratada pela civilização Egípcia........................23
Figura 12: Eventos circenses.....................................................................................24
Figura 13: Coliseu – Roma.........................................................................................25
Figura14: Villa Savoye de Le Corbusier.....................................................................26
Figura 15: Palácio de Cristal, em Londres, 1851.......................................................28
Figura 16: Perspectiva do CCEE de Cabo Frio – RJ (Estúdio 41).............................29
Figura 17: Implantação CCEE Estúdio 41..................................................................30
Figura 18: Localização e entorno CCEE Estúdio 41..................................................30
Figura 19: Estudo solar..............................................................................................31
Figura 20: Estudo de ventos.......................................................................................31
Figura 21: Organograma CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41...........................32
Figura 22: Vista externa do CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41.......................33
Figura 23: Vista do salão livre do CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41..............34
Figura 24: Planta Baixa e setorização do pavimento térreo do CCEE de Cabo Frio –
RJ por Estúdio 41.......................................................................................................35
6
Figura 25: Planta baixa e setorização do pavimento superior do CCEE de Cabo Frio
– RJ por Estúdio 41....................................................................................................35
Figura 26: Flexibilização da área expositiva...............................................................36
Figura 27: Elementos estruturais................................................................................37
Figura 28: Perspectiva do CCEEC Frio – RJ (Arqbr).................................................37
Figura 29: Implantação CCEE Arqbr..........................................................................38
Figura 30: Organograma CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr...................................39
Figura 31: Organização do programa de necessidades do CCEE de Cabo Frio – RJ
por Arqbr.....................................................................................................................40
Figura 32: Vista externa do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr...............................40
Figura 33: Planta baixa e setorização do pavimento térreo do CCEE de Cabo Frio –
RJ por Arqbr...............................................................................................................41
Figura 34: Corte do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr...........................................41
Figura 35: Planta baixa e setorização do pavimento superior do CCEE de Cabo Frio
– RJ por Arqbr............................................................................................................42
Figura 36: Sistema sustentável projeto CCEE Arqbr.................................................43
Figura 37: Sistema estrutural do CCEE Cabo Frio – RJ por Arqbr............................44
Figura 38: Vista brises de madeira “muxarabi” do CCEE de Cabo Frio – RJ por
Arqbr...........................................................................................................................44
Figura 39: Perspectiva do CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau...........................45
Figura 40: Localização e entorno CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau...............46
Figura 41: Implantação CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau...............................46
Figura 42: Estudos climáticos CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.....................47
Figura 43: Esquema de eficácia energética CCEE de Paraty – RJ por Grupo
Sarau..........................................................................................................................47
.
Figura 44: Organograma do CCEE de Paraty – RJ...................................................48
Figura 45: Planta baixa e setorização do pavimento térreo do CCEE de Paraty –
RJ...............................................................................................................................49
7
Figura 46: Planta baixa e setorização do pavimento superior do CCEE de Paraty –
RJ...............................................................................................................................50
Figura 47: Fachada nordeste.....................................................................................51
Figura 48: Sistema estrutural do CCEE de Paraty – RJ.............................................52
Figura 49: Sistema de captação de água pluvial do CCEE de Paraty – RJ...............52
Figura 50: Perímetro da cidade de Getúlio Vargas....................................................54
Figura 51: Demarcação territorial dos bairros............................................................55
Figura 52: Vista aérea do bairro Santo André............................................................56
Figura 53: Mapa noli, cheios e vazios........................................................................56
Figura 54: Mapa Uso do solo.....................................................................................57
Figura 55: Residência unifamiliar...............................................................................57
Figura 56: Pavimento industrial (Oleoplan)................................................................58
Figura 57: Transportadora comercial (Expresso Hercules)........................................58
Figura 58: Mapa elevação de alturas.........................................................................59
Figura 59: Mapa de vias.............................................................................................60
Figura 60: Mapa de rede de energia..........................................................................61
Figura 61: Implantação do terreno.............................................................................62
Figura 62: Topografia do terreno................................................................................63
Figura 63: Perfis do terreno........................................................................................63
Figura 64: Creche Municipal e UBS próxima á área verde (banhado).......................64
Figura 65: Topografia do terreno................................................................................65
Figura 66: Ventos e orientação solar..........................................................................66
Figura 67: Vegetação existente..................................................................................67
Figura 68: Visuais do entorno e acessos...................................................................68
Figura 69: Vistas do entorno......................................................................................70
Figura 70: Vista A.......................................................................................................70
Figura 71: Vista B.......................................................................................................71
8
Figura 72: Vista C.......................................................................................................71
Figura 73: Vista D.......................................................................................................72
Figura 74: Vista E.......................................................................................................72
Figura 75: Complexo de escritórios Park em Praga...................................................74
Figura 76: Plaza Radial design urbano......................................................................75
Figura 77: Imgur: A magia da internet........................................................................75
Figura 78: Jardim de Marqueyssac na França...........................................................76
Figura 79: 4 Elementos de um parque de bairro........................................................77
Figura 80: Inspiração volumétrica..............................................................................77
Figura 81: Organograma geral...................................................................................81
Figura 82: Fluxograma geral......................................................................................82
Figura 83: Proposta de zoneamento 1.......................................................................83
Figura 84: Proposta de zoneamento 2.......................................................................83
Figura 85: Proposta de zoneamento 3.......................................................................83
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Programa de necessidades CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41......32
Tabela 2: Programa de necessidades CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr..............38
Tabela 3: Programa de necessidades CCEE de Paraty – RJ....................................48
Tabela 4: Vegetação existente...................................................................................67
Tabela 5: Visuais do entorno e acessos.....................................................................69
Tabela 6: Problemas e estratégias urbanas...............................................................78
Tabela 7: Potencialidade e estratégias urbanas........................................................79
Tabela 8: Programa de necessidades........................................................................80
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................13
1.1 PROPOSTA DO CENTRO CULTURAL, DE EVENTOS E EXPOSIÇÕES EM
GETÚLIO VARGAS-RS............................................................................................13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................18
2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO............................................................................18
2.2 HISTÓRIA DO MUNICIPIO DE GETÚLIO VARGAS E O DESENVOLVIMENTO
DA CIDADE................................................................................................................18
2.3 CONCEITO DE CULTURA E EVENTO...............................................................21
2.3.1 Classificação de eventos...................................................................................22
2.4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TEMA....................................................................22
2.5 FLEXIBILIZAÇÃO DE ESPAÇOS........................................................................25
2.6 ARQUITETURA EFÊMERA E FLEXIBILIXAÇÃO PROJETUAL..........................27
2.7 ESTUDOS DE CASO...........................................................................................28
2.7.1 Estudo de Caso 1: Estúdio 41/ Cabo Frio – RJ, Brasil......................................28
2.7.1.1 Implantação....................................................................................................29
2.7.1.2 Programa de Necessidades...........................................................................32
2.7.1.3 Funcionalidade...............................................................................................33
2.7.1.4 Forma.............................................................................................................36
2.7.2 Estudo de Caso 2: Arqbr / Cabo Frio - RJ, Brasil..............................................37
2.7.2.1 Implantação....................................................................................................38
2.7.2.2 Programa de Necessidades...........................................................................38
2.7.2.3 Funcionalidade...............................................................................................39
2.7.2.4 Forma.............................................................................................................43
11
2.7.3 Estudo de Caso 3: Grupo Sarau / Paraty – RJ, Brasil.......................................45
2.7.3.1 Implantação....................................................................................................45
2.7.3.2 Programa de Necessidades...........................................................................48
2.7.3.3 Funcionalidade...............................................................................................49
2.7.3.4 Forma.............................................................................................................51
3. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO..................................................54
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL....................................................................54
3.2 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES........................56
3.3 INFRAESTRUTURA URBANA.............................................................................59
3.3.1 Rede Viária........................................................................................................59
3.3.2 Rede de água e de Esgoto Cloacal...................................................................60
3.3.3 Rede de Energia................................................................................................60
3.4 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO..........................................61
3.4.1 Dimensões do Terreno......................................................................................61
3.4.2 Topografia.........................................................................................................62
3.4.3 Ventos Dominantes e Orientação Solar............................................................65
3.4.4 Vegetação Existente..........................................................................................66
3.4.5 Visuais do Terreno e Entorno Imediato (Skyline)..............................................68
3.4.6 Síntese de Legislações e Normativas...............................................................73
3.4.6.1 Plano Diretor...................................................................................................73
3.4.6.2 Código de Obras............................................................................................73
3.4.6.3 NBR 90503.....................................................................................................73
3.4.6.4 NBR 9077.......................................................................................................73
12
4. CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS...........................................................74
4.1 CONCEITO DO PROJETO..................................................................................74
4.2 DIRETRIZES DE ARQUITETURA.......................................................................76
4.3 DIRETRIZES URBANÍSTICAS.............................................................................78
5. PARTIDO GERAL..................................................................................................80
5.1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................80
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES.....................................................................80
5.3 ORGANOGRAMA................................................................................................81
5.4 FLUXOGRAMA....................................................................................................81
5.5 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO.......................................................................82
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................84
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................85
8. ANEXOS................................................................................................................89
13
1. INTRODUÇÃO
1.1 PROPOSTA DO CENTRO CULTURAL, DE EVENTOS E EXPOSIÇÕES EM
GETÚLIO VARGAS-RS
O desenvolvimento urbano em cidades de pequeno porte normalmente está
associado ao crescimento econômico decorrente da instalação de grandes
empresas, que buscam nestes locais maiores incentivos fiscais para suas
atividades. Este fato promove, também, maior movimentação da economia municipal
pela geração de empregos e eventos importantes para comercialização de
equipamentos, bens de consumo, serviços, etc. No entanto, estes eventos
acontecem muitas vezes de forma esporádica e em locais não adequados, sem
infraestrutura básica necessária inclusive que garanta a segurança do público.
O tema deste trabalho baseia-se nas informações necessárias para o
desenvolvimento do projeto arquitetônico de um centro Cultural, de Eventos e
Exposições para a cidade de Getúlio Vargas-RS.
O objetivo geral é propor um espaço adequado para realização de todos os
eventos municipais, como as feiras anuais, exposições de maquinários agrícolas,
pequenos animais, comércio, logística agroindústria e eventos como shows,
apresentações artísticas e teatrais. A maioria destes eventos deixou de acontecer,
uma vez que a cidade não possui infraestrutura adequada para os expositores e o
público visitante. Dessa forma, o restabelecimento de um calendário de eventos
municipal poderá atrair um público significativo e contribuir com a economia local.
Além disso, o projeto oferecerá um espaço público para convivência e atividades de
lazer, que melhore a qualidade de vida urbana da população, que busca
entretenimento e lazer nas cidades vizinhas, principalmente nos finais de semana.
Getúlio Vargas, cidade localizada na Mesorregião Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (Figura 1), possui área territorial de 286,56 Km² (28.656,60 ha), com
51% de área urbana, distantes a 341 km da Capital Porto Alegre. (CIDADE BRASIL,
2018; IBGE, 2010).
14
Figura 1: Localização no país, estado, região e município.
Fonte: Webber (2016), adaptado pela autora (2018).
Segundo o último censo do IBGE (2010), Getúlio Vargas possui 16.154
habitantes e faz parte da Microrregião de Erechim, formada por outros sete
municípios, são eles: Estação, Erebango, Ipiranga do Sul, Rio Toldo, Sertão,
Floriano Peixoto e Centenário. (Figura 2), cuja população total é de
aproximadamente 50.000 mil habitantes (CIDADE BRASIL, 2018).
Figura 2: Raio de abrangência da Microrregião de Erechim.
Fonte: Google Maps (2018), adaptado pela autora (2018).
15
As principais bases econômicas da cidade são a agroindústria e
agropecuária, além do comercio local como lojas, restaurantes, alguns bares e
danceterias, e de pequenas fábricas como, por exemplo, Madereira Bernardon,
Sulcan Pré – Moldados, Ampla Metálurgica, Intelcav Cartões, etc, responsáveis pela
geração de empregos na cidade. Esta dinâmica econômica gera um fluxo de
pessoas semanalmente, somado ao fluxo de alunos de cidades vizinhas para a
Faculdade Ideal.
Getúlio Vargas possuía um calendário de exposições e eventos anuais, como
a Exposição Comercial e Industrial de Getúlio Vargas (EXPOINCAR), que acontecia
na antiga Cervejaria e Maltaria da Serra Ltda, fundada em janeiro de 1953 e
comprada pela Antártica em 1980. A cervejaria foi desativada pouco tempo depois e
ficou abandonada (PMGV, 2018). Pelo espaço que a antiga cervejaria oferecia, era
ali que aconteciam as feiras de exposições e comercio, logística, agroindústria,
animais e maquinários. Além do caráter comercial do evento, existiam outras
atrações, como parque de diversões, shows, apresentações variadas e teatro, que
reuniam diversos públicos de diferentes faixas etárias. No entanto, este local foi
comprado no ano de 2004 por uma empresa metalúrgica privada, a AMPLA
Performace Industrial.
Atualmente Getúlio Vargas não tem mais um local para realização de eventos
e a EXPOINCAR não acontece mais. Desde então, as principais atividades que
acontecem na cidade com grande publico ou pequenos eventos são realizadas no
Parque das Águas, procurado pelos cidadãos e visitantes por ser um local de grande
área verde e contato com a natureza, e também na Rua Irmão Gabriel Leão,
conhecida como “Calçadão” (Figura 3). Todavia, nenhum dos locais oferece a
infraestrutura necessária para a realização de eventos de qualquer porte.
16
Figura 3: “Calçadão” de Getúlio Vargas.
Fonte: Google Earth (2018), adaptado pela autora (2018).
Figura 4: Mapa com as localidades principais de Getúlio Vargas-RS
Fonte: Google Earth (2018), adaptado pela autora (2018).
17
Também pelo fato de não existirem espaços públicos para lazer e
contemplação, um dos principais pontos de encontro é a Avenida Severiano de
Almeida, sobretudo à noite e finais de semana (Figura 5).
Figura 5: Avenida no Final de Semana.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Neste sentido, devido à falta de espaços destinados ao lazer, inclusive
opções como shoppings, cinema, teatro, e pela falta de um sistema cultural, Getúlio
Vargas hoje é uma cidade com poucos atrativos, e a população acaba viajando até
cidades vizinhas, como Erechim e Passo Fundo, em busca de opções de
entretenimento.
Com base no que foi apresentado, o objetivo geral deste trabalho é a
elaboração de um projeto arquitetônico que contemple espaços adequados à
realização de eventos, feiras, atividades culturais e de lazer aos cidadãos e possa
atrair público à região. O projeto também prevê a inserção das edificações à malha
urbana consolidada, por meio de espaços públicos e áreas verdes de acordo com a
topografia do local.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 INTRODUÇÃO AO CAPÍTULO
Nesta parte será exibida a revisão de literatura que apresenta os principais
assuntos pertinentes à compreensão do tema escolhido para o projeto. Assim, são
apresentados os seguintes assuntos: a história do município de Getúlio Vargas e o
desenvolvimento da cidade, conceito de cultura e evento, evolução histórica do
tema, flexibilização de espaços, arquitetura efêmera e flexibilização projetual.
2.2 HISTÓRIA DO MUNICIPIO DE GETÚLIO VARGAS E O DESENVOLVIMENTO
DA CIDADE
A história da cidade de Getúlio Vargas deu-se inicio em 1908, quando o
governo do Estado do Rio Grande do Sul decretou uma nova colônia para Passo
Fundo, localizada às margens da estraga de ferro e à margem direita do Rio dos
Índios denominada Erechim. Com a criação da estrada de ferro e com sua riqueza
florestal, logo foi povoada por imigrantes colonizadores italianos, alemães e
caboclos. Com seus trabalhos árduos em suas terras férteis resultou na introdução
da agropecuária diversificada, e a viticultura que fez com que a colônia se tornasse
referência, fato que favoreceu o seu rápido crescimento populacional (CAMARA
MUNICIPAL GV, 2018).
Pelo forte crescimento econômico e populacional a cidade precisava ser
expandida, foi então que em 1934 instalou-se o novo município politico –
administrativo que recebeu o nome de Getúlio Vargas em homenagem ao que foi na
época Presidente da República (CAMARA MUNICIPAL GV, 2018).
Na segunda metade do século XX o municio já era referência na economia
gaúcha. As primeiras fontes de empregos na cidade foram os curtumes Erê S. A. e o
Riograndense Ltda, que atendiam e exportavam toda a demanda de couro para a
América do Norte e países da Europa. A atividade pecuária também incrementou o
setor primário. No ano de 1957 o cultivo de grãos e a ação extrativa da madeira
também contribuíram para a evolução da mesma que ficou conhecida por acoutar a
Cervejaria Serramalte (CAMARA MUNICIPAL GV, 2018).
19
A partir de 1974 a cidade estava em integral evolução e as obras públicas
começaram a ser vistas com maior êxito. Neste momento foi construído o centro
administrativo Municipal, atualmente o Campus I da Faculdade IDEAL. Nesta época
a cidade já possuía um agrupamento urbano considerável e edificações de quatro ou
mais pavimentos. A Figura 6 mostra a linha do tempo que esquematiza a evolução
urbana do município e região até os dias atuais (WEBBER, 2016).
Figura 6: Linha do Tempo Esquemática.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
A Igreja Matriz Imaculada Conceição (Figura 7) e a Praça General Flores da
Cunha (Figura 8), já faziam parte desta paisagem, assim como o Parque Municipal
das Águas (Figura 9). Estes locais são até hoje vistos como pontos focais na malha
urbana da cidade.
Figura 7: Igreja Matriz Imaculada Conceição.
Fonte: Mapio (2018).
20
Figura 8: Praça General Flores da Cunha.
Fonte: Beledelli (2015).
Figura 9: Parque Municipal das Águas
Fonte: Faculdade Ideal (2013).
Na contemporaneidade Getúlio Vargas destaca-se por sua capacidade
econômica, por estar em pleno avanço comercial, industrial e agrícola, impulsionado
também pela proximidade com a BR 135, que facilita a logística de acessos e
transportes. Apresenta uma boa infraestrutura nos setores de saúde, educação e
segurança. As características atuais atraem empresas que buscam um lugar calmo,
mas empreendedor com inúmeras oportunidades de investimentos, cultura e lazer.
(CAMARA MUNICIPAL GV, 2018).
21
2.3 CONCEITO DE CULTURA E EVENTO.
De certa forma cultura esta relacionada á sabedoria, educação e a
sofisticação. É um conjunto de características comuns que se refere à vida social e a
personalidade de cada individuo, esta pode ser analisada como um conjunto de
costumes e atividades variadas e de entretenimento de uma sociedade ou de uma
época segundo seus hábitos. A sociedade esta em constante integração e cada
cultura possui uma maneira de influenciar a diversidade que vivemos hoje. (ROCHA
E SILVA, 2016).
Os eventos destacam-se por sua importância ao longo da historia e da
cultura na humanidade, São constantes desafios organizados e planejados por
pessoas que buscam a perfeição em detalhes únicos para que o melhor possa ser
mostrado e lembrado, e fazer destes momentos um marco (ANHEMBI, 2018).
Os eventos constituem-se como uma forma de reunião com um determinado
objetivo, um composto de atividades que interage com públicos diversos ou
específicos, e tem como função despertar a atenção do publico por meio de
marketing com objetivo de promover e fortalecer uma imagem a partir de uma ação
estratégica. Para que qualquer evento seja realizado com êxito é necessário um
planejamento detalhista e organizado, que engloba todas as etapas de sua
programação, desde a ideia principal até a finalização (ANHEMBI, 2018).
Atualmente as pessoas procuram e dispõe de um tempo maior para
atividades relacionadas ao lazer, e na busca de conhecimento e novas experiências
a partir da participação de eventos e atividades culturais. Esse comportamento gera
o desenvolvimento dos indivíduos, e por consequência o crescimento econômico e
social de uma determinada cidade ou região.
Muitas empresas buscam em eventos uma forma estratégica de promoção da
sua imagem, e as pessoas que se envolvem têm como principal propósito a
integração e a construção de vínculos de caráter profissional e pessoal.
22
2.3.1 Classificação de eventos
Podem-se classificar os eventos de acordo com critérios a fim de
estabelecer a organização do mesmo, os mais usuais são: (CURSOS CPT, 2018).
Quanto à frequência de realização: apresentam-se como permanentes
aqueles que ocorrem periodicamente como congressos e convenções, geralmente
eventos semanais e anuais.
Esporádicos: ocorrem em intervalos de tempos irregulares, conforme a
adequação de seus promoters, ocasionalmente esse tipo de evento é realizado em
festivais como o Rock in Rio, Planeta Atlântida entre outros.
Únicos e de Oportunidades: geralmente ocorrem em épocas de
grandes eventos internacionais e marcantes historicamente, aproveitando-se o clima
e a divulgação cultural que se oferece em determinada época. Exemplo disso são os
eventos esportivos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Quanto à localização: fixos e itinerantes.
Quanto à dimensão: evento de grande porte com um número maior de
praticantes acaba envolvendo uma estrutura de serviços de turismo e hotelaria, e na
maior parte das vezes recebe auxilio financeiro do governo ou das prefeituras. Como
exemplos as grandes feiras e eventos religiosos. Há também os eventos de médio
porte, que atingem um número considerável de participantes e quem promove na
maior parte das vezes são empresas privadas. Este tipo de evento
consequentemente acaba beneficiando a estrutura hoteleira e comercial da cidade,
como feiras, exposições e congressos nacionais. E por fim, os eventos de pequeno
porte, que são mais comuns e com um numero reduzido de participantes, realizados
normalmente por empresas, públicas ou privadas, como festas de formatura,
seminários, feiras de artesanato etc.
2.4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TEMA
Para que se entenda a atual definição de evento, é necessário analisar
cronologicamente momentos em que o homem começou a participar de
acontecimentos programados. Segundo alguns autores, um dos primeiros eventos
históricos pode ter sido a Santa Ceia (Figura 10). Porém, após análises mais
detalhadas, constatou-se que já na Idade Antiga (Figura 11), as pessoas se reuniam
para rituais religiosos e comemorações. Portanto, mesmo que de um modo bem
23
primitivo, os eventos aconteciam pela estrutura que envolvia esses atos (ANHEMBI,
2018).
Figura 10: Representação da Última Ceia, de Leonardo da Vinci.
Fonte: Revista Veja (2011).
Figura 11: Dança na Idade Antiga, retratada pela Civilização Egípcia.
Fonte: Cecília Bazzotti (2018).
A partir destes dados históricos pode-se considerar que o homem desde
muito tempo atrás apresentava em seu comportamento a necessidade do convívio
com outros seres humanos, tendo como exemplos as práticas de rituais religiosos
que de certa forma mostravam uma organização para a sua realização. Por isso,
não se define data histórica que marque o quanto antigo vem a ser o conceito de
eventos e cerimonias (ANHEMBI, 2018).
24
Os gregos tiveram um papel fundamental na evolução histórica dos eventos.
O primeiro evento registrado na historia ocorreu em 776 a.C, quando se realizou a
primeira Olimpíada em honra ao deus grego Zeus. A partir deste momento, as
atividades esportivas ganharam mais ênfase e com uma frequência que resultou no
em um “Calendário de Eventos”. Na época acabou permitindo aos gregos uma
organização nas datas comemorativas em homenagem aos Deuses consagrados.
Os romanos fizeram adaptações à organização do calendário de festividades e ao
uso do anfiteatro para os eventos chamados de circenses (ANHEMBI, 2018) (Figura
12 e 13).
Os europeus com suas feiras medievais deslocaram um grande público e
promoveram espetáculos, lazer e diversão (PORTAL EDUCAÇÃO, 2018). Na
Espanha os principais eventos que aconteciam eram as touradas. No Brasil os
eventos começaram a ocorrer mais precisamente a partir da chegada de D. João VI,
rei de Portugal, em 1808. Mesmo com o retorno da família real a Portugal, as
gerações seguintes seguiram os mesmos costumes (ANHEMBI, 2018).
.
Figura 12: Eventos Circenses.
Fonte: Zona extrema Brasil (2010).
25
Figura 13: Coliseu – Roma.
Fonte: Zona extrema Brasil (2010).
No século XIX, Thomas Cook foi um dos principais responsáveis pelo
deslocamento de pessoas de um lugar para outro, com a finalidade de participar de
um evento. Essa prática tornou-se cada vez mais comum e deu origem aos
congressos e reuniões, e o local destes eventos foi denominado de “centro de
convenções”, como a Federation Européene des Villes des Congriés. Em 1958 foi
fundada a Associação Internacional de Palácios, Exposições e Congressos (AIPC),
para facilitar a organização dos eventos. Este setor, então, passou a ser parte
importante do turismo, pois movimentava a economia e possibilitava a criação de
agências especializadas no mundo inteiro (ANHEMBI, 2018).
Desde muito tempo eventos são grandes acontecimentos sociais, e parte
significativa da economia para uma determinada região. Atualmente tem como
finalidade reunir pessoas e proporcionar oportunidades com objetivos variados às
empresas e aos participantes, com entretenimento de lazer e cultural (PORTAL
EDUCAÇÃO, 2018).
2.5 FLEXIBILIZAÇÃO DE ESPAÇOS
Os novos espaços arquitetônicos sugerem uma característica de
flexibilidade em seus usos, ou seja, ambientes diversificados para um mesmo local.
Pode-se dizer que grande influência deste modelo arquitetônico começou com o
Movimento Modernista, tendo Le Corbusier como um dos destaques, a partir da
teoria dos cinco pontos para uma nova arquitetura (Figura 14). Dentre esses pontos
a separação entre estrutura e sistemas de vedação e a planta livre possibilitavam a
mudança de espaços internos sem prejuízos estruturais à edificação, e assim,
26
permitiam aos usuários ajustar o ambiente conforme suas necessidades (TEIXEIRA,
2011).
Figura14: Villa Savoye de Le Corbusier.
Fonte: Viva Decora (2018), adaptado pela autora (2018).
A planta livre permite uma estrutura independente de vedações, e permite
planejar diferentes ambientes para um mesmo local. Além disso, novos matérias
foram incorporados aos projetos, como o ferro, o aço e o concreto armado, que
possibilitavam maiores vãos. Dessa forma, conseguia-se a flexibilização dos
espaços para um maior aproveitamento á novas mudanças (TEIXEIRA, 2011).
A flexibilidade em projetos, portanto, garante usos múltiplos aos espaços, a
partir de adaptações para diversas atividades em curtos períodos de tempo.
Exemplos disso são os pavilhões de exposições, que possibilitam modificações do
espaço de acordo com as diferentes exigências e especificidades de organização
para cada evento. Neste sentido, pode-se afirmar que esse tipo de arquitetura gera
menores custos em relação às reformas, e permite melhor aproveitamento da
edificação ao longo do tempo (TEIXEIRA, 2011).
27
A utilização dessa sobreposição de usos se refere à capacidade da própria
edificação de ser adaptada às demandas exigidas pelos usuários. A flexibilidade
deve ser prevista desde o processo inicial do projeto, e prever as futuras mudanças.
Este conceito é fundamental para alcançar uma arquitetura de qualidade, a partir
dos seguintes pontos: a obra, o processo de construção, a diminuição de resíduos
gerados e do consumo energético da edificação (TEIXEIRA, 2011).
2.6 ARQUITETURA EFÊMERA E FLEXIBILIZAÇÃO PROJETUAL
A origem da arquitetura efêmera é milenar, e associada aos nômades dos
primeiros núcleos de assentamento humano. A necessidade do deslocamento
contínuo à procura de alimentos exigia que as cabanas e tendas fossem facilmente
desmontáveis para o transporte e reconstrução, em cada nova região
(BENEVOLO,1999).
Transpondo esse passado e olhando para as cidades atuais, a ideia de
arquitetura efêmera ou transitória pode ser facilmente incorporada aos espaços
públicos, porque apresenta um prazo de duração pré-estabelecido, devido às
estruturas facilmente transportáveis. O objetivo é abrir um espaço para
oportunidades e variedade de experiências coletivas, que contribuem para o
crescimento da diversidade cultural de uma cidade (CASULA, 2017; RUIZ MARIA,
2017).
A diversidade é fundamental para a manutenção das características dos
espaços públicos e de uso coletivo, pois possibilita o contato de diferentes perfis de
usuários. Esses espaços devem permitir o convívio, atividades ligadas à cultura,
lazer, descanso e circulação. Dessa forma, devem ser flexíveis e passíveis de
adaptações para usos e apropriações (CASULA, 2017; RUIZ MARIA, 2017).
Neste sentido, a arquitetura efêmera permite que o arquiteto tenha uma maior
flexibilidade no uso de técnicas construtivas eficientes, e com materiais que
proporcionam maior economia na execução da obra, mesmo que tenha um curto
prazo de duração, ou que seja implantado para um novo uso em um novo local. Um
exemplo disso é o Palácio de Cristal (Figura 15), projetado por Joseph Paxton em
1851 para a Exposição de Londres, e transferido após o termino do evento para
Sydenhal Hill, onde passou a funcionar como museu histórico. O Palácio foi feito
28
com materiais de fácil montagem e disponíveis na época, hoje em um novo local e
com um novo uso (CASULA, 2017; RUIZ MARIA, 2017).
Figura 15: Palácio de Cristal, em Londres, 1851.
Fonte: Historia da Cultura e das Artes (2010).
A técnica de arquitetura provisória complementa as transformações que um
espaço público suscetível à mudança deve trazer na diversidade de experiências
culturais e sociais para uma cidade, principalmente por sua forma arquitetônica
possibilitar readaptações fáceis e dinâmicas de serem feitas em um local que se
torna multifuncional e adaptável a vários usos dependendo de suas necessidades
(CASULA, 2017; RUIZ MARIA, 2017).
2.7 ESTUDOS DE CASO
Neste capítulo foram analisados estudos de caso como referenciais
importantes no embasamento teórico, de programa de necessidades e projetuais
para o desenvolvimento da temática de Centro de Eventos.
2.7.1 Estudo de Caso 1: Estúdio 41/ Cabo Frio – RJ, Brasil.
O Centro Cultural de Eventos e Exposições para a cidade de Cabo Frio – RJ,
de autoria do Estúdio 41, de Curitiba-PR, e RDLM Arquitectos Associados Lda, de
29
Espinho, Portugal, foi o projeto vencedor do concurso nacional de projetos de
arquitetura (GALERIA DA ARQUITETURA, 2016). O projeto foi concluído no ano de
2014, mas não chegou a ser executado, sua implantação conta com uma área de
5.000m² (Figura 16).
Figura 16: Perspectiva do CCEE de Cabo Frio – RJ (Estúdio 41).
Fonte: Estúdio 41 (2014).
2.7.1.1 Implantação
As configurações do terreno são marcadas por um desnível considerável. O
edifício foi centralizado permitindo que a área de estacionamento ficasse isolada da
praça de eventos (GALERIA DA ARQUITETURA, 2016) (Figuras 17 e 18).
30
Figura 17: Implantação CCEE Estúdio 41.
Fonte: Estúdio 41 (2014).
Figura 18: Localização e entorno CCEE Estúdio 41.
Fonte: Google Earth, adaptado com analise da área sem escala pela autora (2018).
Cabo Frio localiza-se no litoral do Estado do Rio de Janeiro. Na zona onde o
edifício foi implantado o clima é considerado tropical marítimo com temperatura
média anual de 24 °C. Neste sentido, foi proposto no projeto formas de contribuírem
na redução do consumo de energia, a partir de fontes renováveis e com baixo
impacto ambiental e de emissão de poluentes. No projeto foram adotadas
31
estratégias de ventilação e iluminação naturais, mediante a localização das
aberturas, que contribuem para a redução de consumo energético por climatização.
Os estudos solar e de ventos (Figuras 19 e 20), permitiram potencializar o conforto
térmico na edificação por meio de ventilações passiva/hídricas, principalmente nas
áreas de exposições (CONCURSO DE PROJETO, 2014).
Figura 19: Estudo Solar.
Fonte: Concurso de Projeto (2014), adaptado pela autora (2018).
Figura 20: Estudo de Ventos.
Fonte: Concurso de Projeto (2014), adaptado pela autora (2018).
32
2.7.1.2 Programa de Necessidades
O Centro Cultural de Eventos e Exposições de Cabo Frio em seus mais de
5.000m² conta com um programa de necessidades apresentado na tabela 1 e com a
organização de seus espaços na figura 21.
Tabela 1: Programa de Necessidades CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41.
Compartimento Dimensões Estimadas (em m²) Área Total Estimada
Sala Técnica 3 Compartimentos de 3,5 x 2 21,00 m²
Saguão 1 Compartimento de 7 x 35 245,00 m²
Bilheteria 1 Compartimento de 2,5 x 6,5 16,25 m²
Jardim 1 Compartimento de 7 x 35 245,00 m²
Eventos e Exposições 1 Compartimento de 22 x 30 660,00 m²
Doca 1 Compartimento de 13,5 x 4 54,00 m²
Triagem 1 Compartimento de 3 x 6 18,00 m²
Sanitários 5 Compartimento de 4 x 3 60,00 m²
Foyer 1 Compartimento de 7 x 30 210,00 m²
Plateia (500 lugares) 1 Compartimento de 20 x 25 500,00 m²
Palco 1 Compartimento de 4 x 18 72,00 m²
Administrativo e gerencia 1 Compartimento de 4 x 5,5 22,00 m²
Som e iluminação 1 Compartimento de 5 x 8 40,00 m²
Chapelaria e bomboniere 1 Compartimento de 5 x 4,5 22,50 m²
Copa e apoio 2 Compartimento de 4 x 3,5 28,00 m²
Depósito 2 Compartimento de 2,5 x 6,5 32,50 m²
Sala (108 lugares) 4 Compartimento de 10 x 12 480,00 m²
Sanitário serviço 1 Compartimento de 3,5 x 3 10,50 m²
Sala armazenamento alimentos 6 Compartimento de 3 x 2,5 45,00m²
Nutricionista /Chefe de cozinha 1 Compartimento de 2 x 3 6,00 m²
Praça de alimentação 2 Compartimento de 6,5 x 39 507,00 m²
Lanchonete 3 Compartimento de 3,5 x 4 42,00m²
Estoque de Comida 3 Compartimento de 3,5 x 3 31,50 m²
Lixo 3 Compartimento de 2 x 2 12,00 m²
Fonte: da autora (2018).
Figura 21: Organograma CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41.
Fonte: da autora (2018).
33
2.7.1.3 Funcionalidade
O programa de necessidades foi organizado em um volume único e
basicamente dividido em três setores distintos: estacionamento, edifício, e praça de
eventos que prioriza as atividades culturais ao nível do chão como um espaço
multifuncional de uso público e de interação com a comunidade local (Figura 22)
(GALERIA DA ARQUITETURA, 2016).
Figura 22: Vista externa do CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
A ideia principal do projeto foi à integração da praça externa de acordo com a
necessidade dos eventos. Pode- se observar na figura 23 que o edifício possui um
grande salão livre marcado com espaços amplos e abertos, apresenta divisórias,
estruturas adaptáveis e flexíveis que atendem a qualquer configuração (GALERIA
DA ARQUITETURA, 2016).
34
Figura 23: Vista do salão livre do CCEE de Cabo Frio – RJ por Estúdio 41.
Fonte: Estudio 41 (2014), adaptado pela autora (2018).
A priorização das visuais do entorno natural e construído, não
só a partir da edificação, mas também da rua, da praça e dos demais
espaços, criando-se uma relação forte entre edifício, cidade e
paisagem natural (ESTÚDIO 41, 2014).
De acordo com a setorização do projeto, os espaços apresentam diferentes
usos, e os dois pavimentos dispõem de serviços de cozinha, praça de alimentação,
depósito e sanitários (Figuras 24 e 25). A praça de eventos é foco de diversas
apresentações ao ar livre, tem capacidade para aproximadamente 10 mil pessoas,
possui o grande mirante que abriga os reservatórios d’água superiores, e grandes
luminárias que garantem seu uso noturno (GALERIA DA ARQUITETURA, 2016).
Na cobertura e junto ao mirante encontram-se as áreas técnicas de
subestação, geradores, casa de bombas, reservatórios e equipamentos de
climatização (GALERIA DA ARQUITETURA, 2016).
35
Figura 24: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Térreo do CCEE de Cabo Frio – RJ por
Estúdio 41.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
Figura 25: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Superior do CCEE de Cabo Frio – RJ por
Estúdio 41.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
36
No diagrama de flexibilização da área expositiva (Figura 26), pode ser
observado no pavimento térreo às salas multiusos e um auditório. No local foi
proposto um sistema com divisórias removíveis e arquibancadas de fácil montagem
e desmontagem. Caso necessite de alguma alteração é possível proporcionar um
ambiente 60% maior de área totalmente livre para feiras e exposições. O píer sobre
a Lagoa de Araruama amplia o uso do espaço público e a extensão natural da praça
sobre a água (CONCURSO DE PROJETO, 2014).
Figura 26: Flexibilização da Área Expositiva.
Fonte: Concurso de Projeto (2014), adaptado pela autora (2018).
2.7.1.4 Forma
A estrutura é composta por um sistema simples e funcional utilizando como
materiais predominantes o alumínio, concreto e vidro. A construção adota uma
estrutura mista, nas laterais vigas de grandes dimensões em concreto protendido
que suportam a cobertura do pavilhão feita por treliças espaciais em alumínio,
apoiadas por uma malha tridimensional de vigas metálicas. Esse sistema permite
uma rápida fabricação e montagem dos elementos construtivos, pois a ideia era
minimizar o impacto de corrosão salina na estrutura durante a construção (Figura
27). A forma é associada a um modelo prismático suspenso por seis pilares, e esta
solução apresenta vantagens de espaços amplificados, rapidez e flexibilidade no
processo de execução (CONCURSO DE PROJETO, 2014).
37
Figura 27: Elementos Estruturais.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
2.7.2 Estudo de Caso 2: Arqbr / Cabo Frio - RJ, Brasil.
O Centro Cultural de Eventos e Exposições para a cidade de Cabo Frio
– RJ (Figura 28), de autoria de Arqbr, de Brasília-DF, ficou em segundo lugar no
concurso nacional de projetos de arquitetura. O projeto foi concluído no ano de
2014, mas não chegou a ser executado, sua implantação consta com uma área de
7.500m² (ARQBR, 2014).
Figura 28: Perspectiva do Centro Cultural de Eventos e Exposições de Cabo Frio – RJ (Arqbr).
Fonte: Arqbr (2014).
38
2.7.2.1 Implantação
A implantação do Centro Cultural é próxima ao parque Dormitório das Graças
e da lagoa de Araruama, este foi implantado em um bairro residencial, sendo a
mesma localização do projeto anterior. De uma forma sutil, o projeto buscou um
novo espaço coletivo urbano estabelecendo uma conectividade com o entorno da
cidade. Pode-se observar que a pavimentação predominante de asfalto na parte
longitudinal do terreno permite grandes fluxos. Outra questão é a sua relação com a
horizontalidade tendo uma composição de volumes sobre o terreno por decks e
gramados (Figura 29) (PEREIRA DE BONA, 2017).
Figura 29: Implantação CCEE Arqbr.
Fonte: Arqbr (2014).
2.7.2.2 Programa de Necessidades
O Centro Cultural de Eventos e Exposições de Cabo Frio desenvolvido por
Arqbr em seus 7.500 m², conta com um programa de necessidades apresentado na
tabela 2 e com a organização de seus espaços na figura 30.
Tabela 2: Programa de Necessidades CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Compartimento Dimensões Estimadas (em m²) Área Total Estimada
Copa/ Estar funcionários 1 Compartimento de 5 x 4,5 22,55 m²
Segurança e monitoramento 1 Compartimento de 4 x 2,5 10,00 m²
Catering de eventos 3 Compartimentos de 4 x 2,5 30,00 m²
Depósito geral 2 Compartimentos de 5 x 9 90,00 m²
Depósito equipamentos 2 Compartimentos de 13 x 2 26,00 m²
Brigada de incêndio 1 Compartimento de 4 x 4 16,00 m²
Ambulatório 1 Compartimento de 4 x 8 32,00 m²
Sanitários 5 Compartimentos de 7 x 5 175,00 m²
39
Café 1 Compartimento de 15 x 9 135,00 m²
Sala de Reuniões/apoio (100 p) 1 Compartimento de 15 x 48 750,00 m²
Foyer 1 Compartimento de 18 x 48 864,00 m²
Camarim 2 Compartimentos de 5 x 4 40,00 m²
Estar camarim 1 Compartimento de 5 x 4 20,00 m²
Plateia/auditório (500 pessoas) 1 Compartimento de 15 x 9 135,50 m²
Palco reversível 1 Compartimento de 11 x 9 99,00 m²
Subestação e geradores 1 Compartimento de 16 x 10 160,00 m²
Sala ar condicionado 1 Compartimento de 16 x 10 160,00 m²
Produção e imprensa 1 Compartimento de 5 x 10 20,00 m²
Credenciamento e guarda - volumes
1 Compartimento de 16 x 10 160,00m²
Administrativo e gerencia 1 Compartimento de 14 x 10 140,00 m²
Bar 1 Compartimento de 10 x 5 50,00 m²
Restaurante 1 Compartimento de 18 x 10 180,00m²
Cozinha 1 Compartimento de 10 x 6 60,00 m²
Guarita 1 Compartimento de 2 x 2 12,00 m²
Iluminação/palco/som 1 Compartimento de 10 x 2,5 25,00 m²
Auditório multiuso (500 p) 1 Compartimento de 10 x 10 100,00 m²
Espaço para feiras (1.500 p) 1 Compartimento de 100 x 10 1000,00 m²
Fonte: da autora (2018).
Figura 30: Organograma CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: da autora (2018).
2.7.2.3 Funcionalidade
Como pode ser observado na figura 31, a organização do programa foi
configurado entre dois volumes perpendiculares que abrangem circulações na praça
e no deck. Um dos destaques deste projeto foi o espaço dado às feiras com
capacidade aproximadamente para 1.500 pessoas, concentrado no pavimento
40
superior de planta modulável em uma estrutura metálica e painéis de fechamento,
brises de madeira. Essa solução projetual permite visuais da Lagoa de Araruama e
da praça externa urbanizada (Figura 31) (ARQBR 2014).
Figura 31: Organização do programa de necessidades do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Arqbr (2014), adaptado pela autora (2018).
Figura 32: Vista Externa do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Arqbr (2014), adaptado pela autora (2018).
41
O Fluxo interno da edificação acontece por escadas e elevadores, e os
acessos externos são pelo deck e rampas, que formam caminhos convidativos
moldados pela própria topografia do terreno. Conforme pode ser analisado em
planta e no corte (Figuras 33 á 35), a edificação é suspensa sobre pilotis liberando
espaços para interligação urbana com a natureza e a lagoa. O espaço setoriza áreas
de reuniões para eventos menores, e praça urbanizada modular para eventos de
maior porte (PEREIRA DE BONA 2017).
Figura 33: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Térreo do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
Figura 34: Corte do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
42
Ambos os pavimentos contam com serviços de cozinha, depósito, sanitários,
ambulatório e salas com divisórias modulares. O pavimento superior é destinado às
atividades vinculadas aos grandes acontecimentos (Figura 34). (PEREIRA DE
BONA, 2017).
Figura 35: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Superior do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
O projeto possui soluções técnicas voltadas à sustentabilidade, como
aquecimento de água por painéis solares, geração de energia por painéis
fotovoltaicos, captação e tratamento de águas pluviais para o uso em vaso sanitário,
para irrigação e abastecimento da reserva técnica de incêndio (Figura 36) (ARQBR
2014).
43
Figura 36: Sistema Sustentável projeto CCEE Arqbr.
Fonte: Concurso de projeto (2014), adaptado pela autora (2018).
2.7.2.4 Forma
A edificação de forma simétrica obtém uma paisagem modelada por dois
blocos perpendiculares entre si, lançados aos principais eixos de circulação. Os
decks de madeira interligam a natureza e o seu entorno, e fazem uma composição
assimétrica com o terreno (PEREIRA DE BONA 2017).
O sistema estrutural principal é constituído por vigas em concreto armado
com função de fachada. Para a cobertura do pavilhão é usado treliça espacial em
alumínio, que possibilitou rápida fabricação e montagem (Figura 37). A ideia desse
sistema construtivo é minimizar o impacto de corrosão salina. Além disso, há bises
pivotantes treliçados de madeira (Figura 38), que proporcionam a entrada de luz
natural, e a diminuição do ganho térmico por meio do controle de radiação solar
direta dentro dos ambientes (PEREIRA DE BONA 2017).
44
Figura 37: Sistema Estrutural do CCEE Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Iab (2014), adaptado pela autora (2018).
Figura 38: Vista Brises de madeira “muxarabi” do CCEE de Cabo Frio – RJ por Arqbr.
Fonte: Arqbr (2014), adaptado pela autora (2018).
45
2.7.3 Estudo de Caso 3: Grupo Sarau / Paraty – RJ, Brasil.
Proposta do projeto de um Centro Cultural de Eventos e Exposições
(CCEE) para a cidade de Paraty-RJ (Figura 39), de autoria do Grupo Sarau com
uma área de 5.580 m², o projeto foi concluído no ano de 2014, mas não chegou a
ser executado (PEREIRA DE BONA 2017). .
Figura 39: Perspectiva do CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
2.7.3.1 Implantação
Paraty possui limites entre o mar e a mata, e se tornou uma cidade harmônica
planejada por padrões portugueses de construções que preservam boa parte de sua
memória edificada. O projeto localiza-se cerca de 400 m da orla urbanizada da praia
do Jabaquara. O bairro não tem um sistema viário adequado, mas o projeto tem toda
a estrutura necessária para acesso ao local, e induzir o crescimento da cidade pelo
turismo local (Figura 40) (PEREIRA DE BONA 2017).
46
Figura 40: Localização e Entorno CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.
Fonte: Pereira de Bona (2017), adaptado pela autora (2018).
A edificação é distribuída pelo terreno de forma ortogonal com os principais
acessos por três ruas, criando um eixo público entre elas. O projeto buscou priorizar
a circulação por meio de rampas externas com acesso ao subsolo, e a entrada
principal ao pavimento térreo por uma passarela que limita o espelho d’água,
formando uma conectividade com os espaços de lazer e as áreas verdes (Figura 41)
(PEREIRA DE BONA 2017).
Figura 41: Implantação CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.
Fonte: Archdaily (2014).
47
O espelho d’água fica localizado na área verde interna do edifício, e auxilia no
aumento da umidade do ar e conforto térmico do ambiente, além de aumentar a
luminosidade do local, devido a sua capacidade de reflexão de luz solar (PEREIRA
DE BONA, 2017).
No partido do projeto buscou-se trabalhar o conceito de energia e a utilização
de grandes vãos possibilitando a ventilação cruzada, resfriamento natural do
ambiente e melhor condição de iluminação natural. Para isso foram realizados
estudos de insolação e ventos para a concepção das formas do projeto, a fim de
propor soluções para a eficiência energética (Figura 42) (ARCHDAILY 2014).
Figura 42: Estudos Climáticos CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
O projeto buscou atender condições de conforto térmico sem ter que utilizar
sistemas de ar condicionado para a refrigeração dos ambientes (Figura 43).
Figura 43: Esquema de Eficácia Energética CCEE de Paraty – RJ por Grupo Sarau.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
48
2.7.3.2 Programa de Necessidades
O Centro Cultural de Eventos e Exposições de Paraty em seus 5.580m² conta
com um programa de necessidades apresentado na tabela 3, e com a organização
de seus espaços na figura 44.
Tabela 3: Programa de Necessidades CCEE de Paraty – RJ.
Compartimento Dimensões Estimadas (em m²) Área Total Estimada
Foyer 1 Compartimento de 10 x 4 40,00 m²
Espaço Multiuso 1 Compartimento de 32 x 24 768,00 m²
Auditório/Teatro Multiuso 1 Compartimento de 22 x 18 396,00 m²
Coxia 1 Compartimento de 4 x 5 20,00 m²
Armazenamento de Cadeiras 1 Compartimento de 8 x 3 24,00 m²
Área Externa para Eventos 1 Compartimento de 14 x 20 280,00 m²
Sala de Reuniões 2 Compartimentos de 10 x 12 240,00 m²
Som e Iluminação 1 Compartimento de 3 x 4 12,00 m²
Camarim 1 Compartimento de 6 x 8 48,00 m²
Produção e Imprensa 1 Compartimento de 6 x 3 18,00 m²
ADM e Gerência 1 Compartimento de 6 x 8 48,00 m²
Área de Alimentação 1 Compartimento de 12 x 20 240,00 m²
Depósito 3 Compartimentos de 3 x 6 54,00 m²
Área de Oficinas e Serviços 2 Compartimentos de 12 x 6 144,00 m²
Sanitários 5 Compartimentos de 3 x 6 90,00 m²
Cozinha 1 Compartimento de 14 x 15 210,00 m²
Ambulatório 1 Compartimento de 5 x 3 15,00 m²
Brigada de Incêndio 1 Compartimento de 5 x 3 15,00 m²
Casa de Maquinas 1 Compartimento de 6 x 5 30,00 m²
Guarita 1 Compartimento de 2 x 2 4,00 m²
Lixo 1 Compartimento de 4 x 1,5 6,00 m²
Sala de Controle 1 Compartimento de 6 x 3 18,00 m²
Cisterna e Bombas 1 Compartimento de 2 x 9 18,00 m²
Fonte: da autora (2018).
Figura 44: Organograma do CCEE de Paraty – RJ.
Fonte: da autora (2018).
49
2.7.3.3 Funcionalidade
Os espaços dividem-se em um volume maior e dois volumes menores,
fazendo uma composição que torna os ambientes bem setorizados. No pavimento
térreo (Figura 45), localizam-se o restaurante, auditório multiuso e as áreas de
exposições, além de contar com uma praça externa proporcionando ao publico
espaço de lazer nas proximidades do espelho d’água.
Figura 45: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Térreo do CCEE de Paraty – RJ.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
50
Dentro da área de exposições há uma rampa de acesso às salas de reunião
do segundo pavimento (Figura 46), que podem integrar-se com a área de eventos
quando necessário e atender maiores públicos.
Figura 46: Planta Baixa e Setorização do Pavimento Superior do CCEE de Paraty – RJ.
Fonte: Archdaily (2014), adaptado pela autora (2018).
A edificação possui ligações com o exterior e o seu entorno por promover
espaços de lazer, vegetação e contato com a natureza. A quadra do Centro Cultural
foi projetada sem a interferência de muros, tornando uma opção convidativa para as
pessoas e possibilitando diferentes usos para a população (PEREIRA DE BONA
2017).
51
2.7.3.4 Forma
O projeto buscou uma relação entre setorização e estética por meio de leveza
no uso de matérias flexíveis. O auditório possui telhado verde e fachada ventilada de
cerâmica, o que possibilita uma melhoria no microclima do local (Figura 47).
O pavilhão principal é revestido por fachada dupla ventilada. A
fachada sudoeste é protegida por grelha metálica e placas de
madeira, garantindo proteção solar. A fachada nordeste possui
fachada dupla ventilada composta por telha metálica e parte em brise
de madeira (ARCHDAILY 2014).
Figura 47: Fachada Nordeste.
Fonte: Archdaily (2014).
O partido estrutural adotado consiste em um sistema híbrido: um pórtico
composto de concreto para pilares e vigas metálicas do tipo vagão, capazes de
vencer grandes vãos. Os locais de apoio utilizam o sistema estrutural convencional
de concreto pré-moldado in loco, e se distribui a cada 5 metros, projetado para
alcançar vãos de 35 metros (Figura 48) (ARCHDAILY 2014).
52
Figura 48: Sistema Estrutural do CCEE de Paraty – RJ.
Fonte: Archdaily (2014).
Para a captação de águas pluviais, a estratégia usada foi à incorporação de
dutos dentro da estrutura pré-moldada, que além de cumprir a função estrutural,
realiza a captação (Figura 49) (ARCHDAILY 2014).
Figura 49: Sistema de Captação de Água Pluvial do CCEE de Paraty – RJ.
Fonte: Archdaily (2014).
Todos os estudos de caso analisados anteriormente apresentam
características estéticas e funcionais semelhantes. Todos os estudos contam com
importantes condicionantes ambientais sustentáveis, além de serem referência em
simplicidade pelos matérias usados no desenvolvimento da forma arquitetônica e
pela conectividade com o seu entorno. Integram-se com a natureza e expressam
formas livres para diversas atividades e usos. Os ambientes se tornam convidativos
53
por não apresentarem limitações, dando continuidade ao espaço público, e fazendo
com que as pessoas se interessem pelo espaço cultural que oferecem.
Por fim, destacam-se alguns elementos essenciais para o desenvolvimento do
Centro Cultural de Eventos e Exposições, e que necessitam estarem presentes no
futuro projeto como: integração com a natureza, condicionantes sustentáveis,
soluções energéticas, conforto térmico e a conectividade da edificação com o seu
entorno e a cidade.
54
3. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
3.1 CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL
Como pode ser observada na figura 50, a área de intervenção para a
implantação do Centro Cultural de Eventos e Exposições localiza-se na cidade de
Getúlio Vargas, região norte do estado do Rio Grande do Sul Brasil.
Figura 50: Perímetro da cidade de Getúlio Vargas.
Fonte: Google Earth (2018), modificado pela autora (2018).
A cidade de Getúlio Vargas é composta por onze bairros: bairro São
Cristóvão, Santo André, Champgnat, Centro, Santa Catarina, São José, Monte
Claro, bairro Navegantes, XV de Novembro, Nossa Senhora Consoladora e São
Pelegrino (Figura 51).
55
Figura 51: Demarcação territorial dos bairros.
Fonte: Webber (2016), adaptado pela autora (2018).
Conforme já descrito no presente trabalho, o projeto do Centro Cultural de
Eventos e Exposições para a cidade de Getúlio Vargas propõe ambientes para a
realização das atividades ligadas à cultura, realização de eventos e exposições,
além de lazer e convivência em um espaço público adequado para proporcionar uma
melhor qualidade de vida urbana às pessoas.
O terreno se encontra em uma zona residencial urbana pertencente ao bairro
Santo André, localizado próximo do centro, da estação rodoviária e do trevo que de
acesso á BR – 135. Este terreno foi escolhido por possuir grandes dimensões em
uma área alta da cidade, que permitirá uma conectividade visual do seu entorno com
a natureza (Figura 52).
56
Figura 52: Vista Aérea do Bairro Santo André.
Fonte: Google Eartch, modificado pela autora (2018).
3.2 MAPA NOLLI, USO DO SOLO E ALTURA DAS EDIFICAÇÕES
Observa-se na figura 53 que o entorno da área a ser edificada possui uma
pequena densidade de áreas construídas. Também é possível verificar que os
acessos ao terreno são por vias de pequeno fluxo, sendo muitas vezes ruas
interrompidas.
Figura 53: Mapa Noli, cheios e vazios.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
57
Quanto ao uso do solo do entorno da área de intervenção existe uma maior
predominância de edificações residenciais com características unifamiliares. Nas
figuras a seguir podem-se observar algumas edificações do entorno da área de
abrangência onde será edificado o futuro projeto (Figuras 54 á 57).
Figura 54: Mapa Uso do Solo.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 55: Residência Unifamiliar.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
58
Figura 56: Pavimento Industrial (Oleoplan).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 57: Transportadora Comercial (Expresso Hercules).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Em relação à altura das edificações, a maior parte possui até dois pavimentos
e são de médio padrão construtivo (Figura 58), considerando-se 3 metros de pé-
direito como padrão para esta análise.
59
Figura 58: Mapa Elevação de Alturas.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.3 INFRAESTRUTURA URBANA
3.3.1 Rede Viária
Uma das vias de acesso próxima ao terreno é a Rua Eduardo Barreto Viana,
que se encontra na parte Nordeste, também podendo ter acesso pela Rua Arcibaldo
Somensi que fica locada na parte Noroeste da área de intervenção, ambas ainda
pavimentadas por calçamento, paralelepípedo, e em alguns trechos sem
pavimentação nenhuma.
Conforme mostra a figura 59, os fluxos presentes no raio de abrangência do
entorno, em sua maioria são de baixa e média intensidade, parte dessas vias são
asfaltadas e pavimentadas e possuem sentido duplo de trânsito. Próximo ao terreno
também tem a rodovia federal BR-135, com fluxo intenso e conectora das cidades
vizinhas.
Por ser uma cidade de pequeno porte e possuir pequenas distâncias a serem
percorridas, Getúlio Vargas não possui transporte interurbano, apenas algumas
empresas privadas que levam a população para cidades próximas como Estação
que tem 10,05 Km de distancia da cidade.
60
Figura 59: Mapa de Vias.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.3.2 Rede de Água e de Esgoto Cloacal
A cidade de Getúlio Vargas não possui os mapas da rede de
abastecimento de água e coleta de esgoto atualizado. Segundo informações da
prefeitura, estes serviços são de responsabilidade da empresa CORSAN, que possui
um contrato de vinte anos para a coleta e tratamento de esgoto residencial em toda
a cidade (CORSAN, 2018).
3.3.3 Rede de Energia
A rede de energia elétrica que está presente no lado Nordeste e
Noroeste do terreno é composta por fiação aérea com postes que dispõe de
iluminação urbana (Figura 60).
61
Figura 60: Mapa de Rede de Energia.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.4 CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO TERRENO
3.4.1 Dimensões do Terreno
Após a análise de infraestrutura do local de implantação, foram
estudados os condicionantes físicos referentes à área que será utilizada para o
projeto do Centro Cultural, de Eventos e Exposições.
O terreno possui área total de 98.029,84 m², esta localizado em
perímetro urbano em uma zona de ocupação residencial (Figura 61).
62
Figura 61: Implantação do Terreno.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.4.2 Topografia
A área de intervenção possui forma composta por dois polígonos
similares a retângulos, e sua topografia consiste em desníveis consideráveis que
levam as águas pluviais para a parte Nordeste (Figuras 62 e 63).
63
Figura 62: Topografia do Terreno.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 63: Perfis do Terreno.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
64
Por ser um terreno em declive, o excesso de água pluvial acumula na parte
mais baixa próxima ao terreno, e gera um banhado na área verde próxima à
Unidade Básica de Saúde e da Creche Municipal da cidade (Figura 64 e 65).
Figura 64: Creche Municipal e UBS Próxima á área verde (Banhado).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
65
Figura 65: Topografia do Terreno.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
A ideia principal é implantar o projeto na parte mais alta e plana do terreno,
mas também aproveitar os desníveis naturais para criar ambientes integrados ao
entorno, além de trabalhar com um paisagismo adequado que auxilie na drenagem
das águas pluviais.
3.4.3 Ventos Dominantes e Orientação Solar
Segundo informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE) e Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), os ventos
predominantes da cidade de Getúlio Vargas são de direção Noroeste. (Figura 70).
A área de implantação escolhida recebe uma ótima insolação por estar
localizada em um ponto alto da cidade, e não ter áreas de sombreamento
ocasionadas pelas edificações já construídas no entorno.
66
Figura 66: Ventos e Orientação Solar.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.4.4 Vegetação Existente
A área de implantação conta com grande variedade de vegetação
nativa do Rio Grande do Sul em seu entorno. Apenas na parte Sul o terreno possui
um Pinheiro do Paraná, vegetação que necessita ser preservada pela Lei de Crimes
Ambientais. Porém, a área central do terreno não possui arborização significativa,
sendo atualmente utilizado para lavouras, o que facilitará o desenvolvimento do
projeto (Figura 67).
67
Figura 67: Vegetação Existente.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Tabela 4: Vegetação existente.
Vegetação
nativa do RS.
Existente nos
espaços:
1-4-6-9 e 10.
Fonte: Ciência Hoje (2018).
Cinamomo.
Melia
azedarach.
Existente nos
espaços:
2-3-7 e 8.
Fonte: Pinterest (2018).
Guabijú.
Myrcianthes
pungens.
Existente nos
espaços: 2 e 3.
Fonte: Viveiro Lof (2018).
Cambará.
Gochnatia
polymorpha.
Existente nos
espaços: 3 e 6.
Fonte: YouTube (2018).
68
Pinheiro do
Paraná.
Araucaria
angustifólia.
Existente nos
espaços: 5 e 9.
Fonte: Pinterest (2018).
Palmeira
Burti.
Mauritia
flexuosa.
Existente apenas
no espaço: 6..
Fonte: Pinterest (2018).
Eucalipto.
Eucalyptus.
Existente nos
espaços: 9 e 11.
Fonte: Pinterest (2018).
Aroeira Preta.
Astronium
graveoleans.
Existente apenas
no espaço: 7.
Fonte: Pinterest (2018).
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
3.4.5 Visuais do Terreno e Entorno Imediato (Skyline)
O terreno de intervenção situa-se em um ponto consideravelmente alto da
cidade, além de possuir um desnível de 17 metros, sendo possível criar várias
visuais interessantes para o projeto e para a cidade.
O entorno imediato também contribui muito para isso, pois por ser
predominantemente residencial, a altura das edificações dificilmente irá interferir no
destaque que se pretende dar ao projeto (Figura 68 á 74).
Figura 68: Visuais do Entorno e Acessos.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
69
Tabela 5: Visuais do entorno e Acessos.
1 – Rua Rodolfo
Figur.
2 – Rua
Arcibaldo
Somenzi.
3 – Rua Rocco
Brandalise.
4 – Rua Quatro.
5 – Rua Cinco.
6– Rua Seis.
7 – Rua Sete.
8 – Rua Eduardo
Barreto Viana.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
70
Figura 69: Vistas do Entorno.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 70: Vista A.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
71
Figura 71: Vista B.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 72: Vista C.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
72
Figura 73: Vista D.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Figura 74: Vista E.
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
73
3.4.6 Síntese de Legislações e Normativas
3.4.6.1 Plano Diretor
O local utilizado para a implantação do futuro projeto encontra-se em Zona
Residencial 1 (ZR – 1), e as edificações devem seguir os seguintes critérios: Taxa de
Ocupação (TO) conforme de 70%, e permissível de 60%; Índice de Aproveitamento
(IA) conforme de 2, e permissível de 1; recuo frontal de 4 metros; altura das
edificações máxima de até 4 pavimentos, incluindo o térreo.
3.4.6.2 Código de Obras
Instrumento básico que permite à Administração Municipal exercer
adequadamente o controle e a fiscalização do espaço construído. O Código de
Obras estabelece normas técnicas para todo tipo de construção, definindo também,
os procedimentos de aprovação de projeto e licenças para execução de obras, bem
como os parâmetros para fiscalização do andamento da obra e aplicação de
penalidades.
A Lei N° 2.175 de 1992 Art.1° institui o Código de Obras de Getúlio Vargas,
que regula as construções em terras urbanas e urbanizáveis e a matrícula com as
mesmas relacionadas.
3.4.6.3 NBR 9050
Acessibilidade à edificação, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Essa norma estabelece condições de acessibilidade universal.
3.4.6.4 NBR 9077
Esta norma busca estabelecer os requisitos das dimensões de saídas e
escadas de emergências, para que os usuários possam abandonar os locais em
caso de incêndio, permitindo o acesso de bombeiros para combater o fogo.
74
4. CONCEITO E DIRETRIZES PROJETUAIS
4.1 CONCEITO DO PROJETO
O ponto de partida do projeto do Centro Cultural, de Eventos e Exposições
baseou-se na integração do arquitetônico com o exterior, seja ele representado em
planta baixa ou na implantação e paisagismo. O objetivo é utilizar matérias de fácil
montagem quando for necessário o uso de uma estrutura temporária e trabalhar
uma forma que o projeto possa integrar com a topografia do terreno.
Com base no tema escolhido o conceito deste projeto é criar um novo destino
cultural para eventos e exposições, mas que busque maior conexão com a natureza,
pela maior qualidade de vida das pessoas, a partir da criação de espaços que sejam
possíveis evidenciem essa integração e uma sensação de contemplação e descanso
ao local. Projeto ao qual se integra com os limites entre o ambiente construído e o
natural, oferecendo ao usuário um momento para desacelerar e desfrutar do que
será um dos principais pontos de encontro da cidade.
Conforme as figuras 75 á 77 é possível ver alguns aspectos que inspiram o
desenvolvimento do projeto.
Figura 75: Complexo de escritórios Park em Praga.
Fonte: Pinterest (2018).
75
Figura 76: Plaza Radial design urbano.
Fonte: Pinterest (2018).
Figura 77: Imgur: A magia da internet. Fonte: Pinterest (2018).
76
4.2 DIRETRIZES DE ARQUITETURA
O projeto do Centro Cultural, de Eventos e Exposições prezará,
principalmente, pela funcionalidade dos ambientes contando com toda a estrutura
necessária para eventos de grande e pequeno porte.
O projeto contará com espaços multifuncionais com acessibilidade para todos
os demais ambientes, por meio de caminhos alternativos abertos entre um bloco
arquitetônico e outro, demarcando os acessos principais. Também serão propostos
percursos que se integram com as áreas verdes próximas, e passarelas que se
adequam ao terreno e à implantação (Figura 78).
Figura 78: Jardin de Marqueyssac na França.
Fonte: Pinterest (2018).
O projeto irá criar novas opções de lazer e entretenimento, novos atrativos
noturnos pretendendo valorizar as visuais com a criação de uma praça e um
paisagismo apropriado ao local, priorizando uma complexidade que confere a
77
diversidade de horários e de propósitos, para a utilização desse novo espaço púbico
ao longo do ano (Figura 79).
Figura 79: 4 Elementos de um parque de bairro.
Fonte: Urbanidades (2007).
O conjunto arquitetônico será composto por blocos separados por setor, mas
com alguma interligação trabalhando a forma geométrica simples com cheios e
vazios, visando valorizar a ventilação e a luz natural por meio de grandes vãos e
áreas abertas (Figura 80).
Figura 80: Inspiração volumétrica.
Fonte: Pinterest (2015).
78
A estrutura adotada será mista de concreto armado e revestimentos metálicos
que permite uma planta livre para os pavimentos a fim de se adequar com as
necessidades exigidas em cada setor.
De modo geral, um dos objetivos do projeto é alcançar um nível considerado
de eficácia energética, para que isso seja possível será utilizada uma combinação
entre estrutura e sustentabilidade. Serão utilizadas fachadas ventiladas, assim como
o uso de brises conforme a orientação solar. Serão implantados placas solares e
sistema de coleta de agua pluvial para reaproveitamento dessas aguas no terraço
jardim, este será implantado para que os usuários possam interagir com a natureza.
4.3 DIRETRIZES URBANÍSTICAS
Nas tabelas 6 e 7 abaixo se pode observar as diretrizes urbanas do local
analisando, a partir de suas problemáticas e potencialidades de adequação.
Tabela 6: Problemas e estratégias urbanas.
Problemas
Problema Diretriz Estratégia Imagem
Acessibilidade. Facilitar os acessos
para PCD.
Criação de rampas
com a inclinação
correta.
Falta de
pavimentação.
Acessibilidade
universal.
Ampliar a
pavimentação em
todas as áreas e
passeio de acordo
com a NBR 9050, ano
de 2004.
Transporte Público. Facilitar o acesso. Extensão de paradas
de ônibus até o CCEE.
Acesso às áreas
próximas.
Acessibilidade
diferenciada.
Propor a criação de
passarelas e percusos
que interliguem as
áreas verdes próximas
ao terreno.
79
Mobilidade. Falta de mobiliário e
iluminação urbana.
Implantar mobiliário
urbano como postes
de luz, lixeiras,
bancos, parklets, etc.
Fonte: da Autora (2018).1
Tabela 7: Potencialidade e estratégias urbanas.
Potencialidade
Potencialidade Diretriz Estratégia Imagem
Área com grande
abrangência.
Proporciona espaços
interessantes.
Planejar espaços de
lazer para diversos
públicos de diferentes
idades.
Vista da cidade. Terreno locado na
malha urbana alta da
cidade.
Elaboração de visuais
que favorecem o
entorno e a edificação.
Localização
privilegiada.
Implantar um novo
atrativo local.
Propor a integração do
projeto arquitetônico
com a cidade.
BR 135. Promover o
crescimento
econômico da cidade e
região.
Criar um Centro que
tenha o compromisso
cultural, social,
educacional e de lazer
para atrair visitantes á
cidade.
Fonte: da Autora (2018).2
1 Fonte das imagens: Pinterest (2018).
2 Fonte das imagens: Pinterest (2018), Google Earth (2018).
80
5. PARTIDO GERAL
5.1 INTRODUÇÃO
Nesta parte será apresentado o partido geral do projeto.
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES
Através das análises realizadas que dispõe as diretrizes para o desenvolvimento do
Centro Cultural de Eventos e Exposições, o programa de necessidades proposto será
dividido em quatro setores, são eles: recreação/lazer e eventos que contara com a estrutura
adequada para um grande público de visitantes, o setor de serviço operacional e
administrativo destinado á funcionários que trabalham no local.
Tabela 8: Programa de Necessidades
Setor Compartimento Mobiliário Essencial Área (m²)
Recre
ação e
Lazer
Sala de Jogos Sofá, mesas, bancos, poltronas. 510,00m²
Sanitários Bancadas, pias, sanitários. 36,80m²
Bar Mesas, cadeiras, sofá. 17,20m²
Copa Bancada, pia, geladeira. 15,27m²
Deposito Armários. 12,00m²
DML Armários, tanque lavanderia. 5,08m²
Academia ao ar livre Equipamentos.
Playground Brinquedos.
Deposito de cadeiras Cadeiras 53,19m²
Evento
s
Foyer Mesas, bancos, sofás. 245,47m²
Depósito de Equipamentos Armários. 21,22m²
Exposições Mesas, cadeiras, sofás, armários. 1.845,61m²
Camarim Sofá, copa com frigobar. 8,00m²
Palco Equipamentos. 74,77m²
Sanitários Bancadas, pias, sanitários. 36,80m²
Plateia (500 lugares) 1.100m²
Som e iluminação Equipamentos. 19,70m²
Chapelaria e bomboniere Armários. 48,21m²
Praça de alimentação Mesa, cadeiras. 337,74m²
Depósito Multiuso Armários. 12,00m²
Nutricionista / Chefe de cozinha
Mesa, cadeira, armários. 7,50m²
Bilheteria Mesa, cadeira. 30,78m²
Sala armazenamento alimentos
Armários. 14,40m²
Cozinha Mesa, cadeiras, fogão, geladeira, pia, armários.
88,99m²
DML Armários, tanque lavanderia. 5,08m²
Sala Técnica Armários, mesa, cadeira. 19,77m²
Serv
iço
Acesso Serviço
Copa/Estar Funcionários Mesa, cadeiras, sofá. 31,47m²
Sanitário Serviço Pias, bancadas, sanitários. 4,96m²
DML Armários, tanque lavanderia. 5,08m²
Estacionamento
81
Lixo 10m²
Adm
inis
trativo
Administrativo e gerencia Mesa, cadeiras, armários. 33,60m²
Segurança e Monitoramento Mesa, cadeiras, equipamentos. 18,17m²
Sala Multiuso (108 lugares) Mesa, cadeiras. 233,24m²
Brigada de Incêndio 17,74m²
Ambulatório Maca, mesa, cadeira, armários, pia. 13,63m²
Sanitários Pias, bancadas, sanitários. 36,80m²
DML Armários, tanque lavanderia. 4,90m²
Fonte: da autora (2018).
5.3 ORGANOGRAMA
A organização dos principais setores propostos divide-se em acesso principal e de
serviço. O acesso principal locado á frente da edificação será propriamente usado por
visitantes e publico geral, enquanto o acesso de serviço será utilizado pela parte
administrativa e por funcionários.
Figura 81: Organograma Geral.
Fonte: autora (2018).
5.4 FLUXOGRAMA
A partir da analise do programa de necessidades foram estabelecidos três tipos de
fluxos para melhor entendimento da setorização do projeto. Na figura 82 é possível observar
essa divisão entre os ambientes de acordo com o fluxo entre os locais para visitantes,
administrativo e serviço, a partir dos acessos mencionados anteriormente.
82
Figura 82: Fluxograma Geral.
Fonte: autora (2018).
5.5 PROPOSTAS DE ZONEAMENTO
Para o projeto do Centro Cultural de Eventos e Exposições para a cidade de Getúlio
Vargas foram elaboradas três propostas de zoneamento distintas, que a partir das analises
relacionadas com os estudos de caso e condicionantes físicos do terreno permitem priorizar
a funcionalidade dos espaços e a relação com a proposta de integração do ser humano com
a natureza.
83
Figura 83: Proposta de Zoneamento 1.
Fonte: autora (2018).
Figura 84: Proposta de Zoneamento 2.
Fonte: autora (2018).
Figura 85: Proposta de Zoneamento 3.
Fonte: autora (2018).
84
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo implantar um espaço público de lazer
e entretenimento para a cidade de Getúlio Vargas – RS. Pretende-se com o
presente projeto, criar espaços onde serão realizados eventos municipais e
particulares do município que contribuirão para a economia, o crescimento e a
valorização da cidade.
Por meio de estudos preliminares foi possível constatar o real funcionamento
de um Centro Cultural, de Eventos e Exposições, a partir dos mesmos, foi realizado
a identificação do programa de necessidades bem como o pré-dimensionamento dos
setores. Estes condicionantes, aliados a parte teórica, as restrições legais e as
propostas de zoneamento serviram como base para o desenvolvimento de todas as
etapas projetuais.
Buscando referencia de sustentabilidade no projeto, foram realizados estudos
e alternativas construtivas a fins de adotar estratégias de ventilação e iluminação
naturais mediante a localização das aberturas, que contribui para a redução de
consumo energético por climatização, gerando menor impacto ambiental.
Por fim, o trabalho realizado agregou muitos conhecimentos e satisfações
pelos objetivos alcançados nesta etapa final de conclusão de curso.
85
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<https://www.ampla.ind.br/empresa>. Acesso em 20 de agosto de 2018.
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2004.
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exposições em Cabo Frio/Estúdio 41. In: Archdaily, 02 de abril de 2014. Disponivel
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<https://www.archdaily.com.br/br/01-186572/proposta-vencedora-para-o-centro-
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BONA, Jhunnelly Pereira de, Centro cultural e requalificação urbana na cidade de
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CASULA, Gustavo; MARIA, Yeda R. Arquitetura Efêmera como contribuinte para a
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86
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ANEXOS