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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11& 13 th Women’s Worlds Congress(Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X CENAS PLURAIS NO PIBID CIÊNCIAS SOCIAIS: GÊNERO E DIFERENÇAS NO ENSINO DE SOCIOLOGIA Marcela Amaral 1 Resumo:o CENAS PLURAIS é uma ação vinculada ao projeto de pesquisa “Gênero e Diferenças na Educação – desafios para a formação docente e o ensino de Sociologia”, integrado ao PIBID Ciências Sociais da UFG. Caracterizando-se como uma ação bimestral, o CENAS PLURAIS objetiva a exibição de filmes e realização de rodas de conversa na Universidade e nas escolas parceiras do PIBID, abordando temáticas relacionadas ao campo dos estudos de gênero, sexualidade e diferenças na educação. Articulando atividades de ensino, pesquisa e extensão, o CENAS PLURAIS apresenta-se como uma ação coletiva, envolvendo diferentes colaboradores (professora/es do ensino superior, mas também da educação básica, bolsista de iniciação à docência, estudantes secundaristas, entre outras/os) interessados/as no uso de obras fílmicas capazes de estimular debates acerca das performatividades de gênero e sexualidade, relações étnico-raciais, violência e homofobia no campo da educação. O presente trabalho, como relato de experiência, objetiva demonstrar os limites e potencialidades da experiência acumulada com as edições do CENAS PLURAIS, tanto na formação docente, como no ensino de Sociologia em escolas públicas de Goiânia/GO. A consolidação do CENAS PLURAIS como atividade do PIBID contribuiu para o aprofundamento da experiência didática com o uso de recursos audiovisuais e também viabilizou de modo criativo que as temáticas de gênero, sexualidade, raça e etnia fossem trabalhadas nas aulas de Sociologia. Palavras-chave: gênero; sexualidade; diferenças; ensino de Sociologia. INTRODUÇÃO O debate de gênero e sexualidade na educação brasileira, embora já incorporado em algumas políticas e documentos oficiais, tem sido objeto de grandes controvérsias no cenário nacional. Recentemente, em 2015, assistimos à polêmica em torno da aprovação dos Projetos Municipais e Estaduais de Educação, que foram objetos de diferentes campanhas e emendas, oriundas de setores conservadores da sociedade, que reivindicaram a supressão do debate de gênero e sexualidade nos referidos documentos. Este movimento emerge como resposta às recentes políticas que construíram a agenda de gênero no âmbito educacional, visando uma educação não- sexista, antirracista e que respeite as diferenças. As resistências à inclusão do tema da sexualidade no currículo escolar e nas práticas educativas, de um modo geral, não é de fato algo novo. Pelos diferentes aspectos inerentes à sexualidade e suas implicações com questões religiosas, é difícil encontrar um consenso entre educadores/as sobre a melhor forma de abordagem da sexualidade na educação formal. Frente a tais dificuldades, a sexualidade acaba sendo tratada de forma reducionista e como sinônimo de sexo, 1 Professora Adjunta II da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás FCS/UFG. Pesquisadora do Ser-Tão Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade. Coordenadora do Subprojeto PIBID Ciências Sociais. E-mail: [email protected].

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Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X

CENAS PLURAIS NO PIBID CIÊNCIAS SOCIAIS: GÊNERO E DIFERENÇAS NO

ENSINO DE SOCIOLOGIA

Marcela Amaral1

Resumo:o CENAS PLURAIS é uma ação vinculada ao projeto de pesquisa “Gênero e Diferenças na Educação –

desafios para a formação docente e o ensino de Sociologia”, integrado ao PIBID Ciências Sociais da UFG.

Caracterizando-se como uma ação bimestral, o CENAS PLURAIS objetiva a exibição de filmes e realização de rodas

de conversa na Universidade e nas escolas parceiras do PIBID, abordando temáticas relacionadas ao campo dos estudos

de gênero, sexualidade e diferenças na educação. Articulando atividades de ensino, pesquisa e extensão, o CENAS

PLURAIS apresenta-se como uma ação coletiva, envolvendo diferentes colaboradores (professora/es do ensino

superior, mas também da educação básica, bolsista de iniciação à docência, estudantes secundaristas, entre outras/os)

interessados/as no uso de obras fílmicas capazes de estimular debates acerca das performatividades de gênero e

sexualidade, relações étnico-raciais, violência e homofobia no campo da educação. O presente trabalho, como relato de

experiência, objetiva demonstrar os limites e potencialidades da experiência acumulada com as edições do CENAS

PLURAIS, tanto na formação docente, como no ensino de Sociologia em escolas públicas de Goiânia/GO. A

consolidação do CENAS PLURAIS como atividade do PIBID contribuiu para o aprofundamento da experiência

didática com o uso de recursos audiovisuais e também viabilizou de modo criativo que as temáticas de gênero,

sexualidade, raça e etnia fossem trabalhadas nas aulas de Sociologia.

Palavras-chave: gênero; sexualidade; diferenças; ensino de Sociologia.

INTRODUÇÃO

O debate de gênero e sexualidade na educação brasileira, embora já incorporado em

algumas políticas e documentos oficiais, tem sido objeto de grandes controvérsias no cenário

nacional. Recentemente, em 2015, assistimos à polêmica em torno da aprovação dos Projetos

Municipais e Estaduais de Educação, que foram objetos de diferentes campanhas e emendas,

oriundas de setores conservadores da sociedade, que reivindicaram a supressão do debate de gênero

e sexualidade nos referidos documentos. Este movimento emerge como resposta às recentes

políticas que construíram a agenda de gênero no âmbito educacional, visando uma educação não-

sexista, antirracista e que respeite as diferenças.

As resistências à inclusão do tema da sexualidade no currículo escolar e nas práticas

educativas, de um modo geral, não é de fato algo novo. Pelos diferentes aspectos inerentes à

sexualidade e suas implicações com questões religiosas, é difícil encontrar um consenso – entre

educadores/as – sobre a melhor forma de abordagem da sexualidade na educação formal. Frente a

tais dificuldades, a sexualidade acaba sendo tratada de forma reducionista e como sinônimo de sexo,

1Professora Adjunta II da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás FCS/UFG. Pesquisadora do Ser-Tão –

Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade. Coordenadora do Subprojeto PIBID Ciências Sociais. E-mail:

[email protected].

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limitando-se à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez precoce, excluindo-

se, por sua vez, as dimensões políticas, culturais e econômicas que a integram.

É neste cenário que a equipe do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

– PIBID/FCS/UFG, subprojeto PIBID Ciências Sociais, desenvolve ações voltadas à inclusão do

debate de gênero e sexualidade em escolas públicas de ensino médio, na cidade de Goiânia/GO. No

presente texto apresentamos os relatos de experiências das ações realizadas pelo PIBID, a partir do

uso de filmes e músicas como suporte dialógico entre os conteúdos previstos para o ensino de

Sociologia e as principais questões que inquietam professores/as e alunos/as nas escolas

pesquisadas, no que se refere às performatividades de gênero, à orientação sexual, às questões de

raça, entre outras. Por fim, entendemos que a Sociologia – antes componente curricular obrigatório

do ensino médio em escolas brasileiras, perdendo este status após a Reforma do Ensino Médio,

apresenta-se como um espaço de formação privilegiada em gênero e sexualidade, a partir de

metodologias alternativas, possibilitando uma maior aproximação entre as diretrizes curriculares e

os modos de vida.

1. Ensino de Sociologia e o Pibid Ciências Sociais

Com a inserção da Sociologia como disciplina obrigatória em todas as séries do Ensino

Médio, a partir da Lei nº 11.684/2008, nos defrontamos com um novo cenário para atuação de

professores/as nas escolas, além dos desafios postos no sentido de aperfeiçoar o processo de

formação docente nas Universidades. O redirecionamento do ensino secundário brasileiro, com a

introdução da Sociologia, mas também da Filosofia, foi fruto de importantes movimentações da

parte de professores/as e acadêmicos/as que desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei nº 9394/96) e, posteriormente, do veto do então Presidente da República

Fernando Henrique Cardoso2, em 2001, posicionaram-se em favor do retorno da Sociologia como

disciplina obrigatória no Ensino Médio.

Sem a pretensão de nos estendermos na contextualização histórica desta reinserção, é

preciso destacar, no entanto, que embora a obrigatoriedade da Sociologia tenha sido aprovada

nacionalmente em 2008, em diferentes Estados e no Distrito Federal a mesma já estava inserida nos

currículos escolares, a partir de decisões locais. Ainda assim, é preciso considerar que sua

2 Embora a LDB, de 1996, reconheça os conhecimentos de Filosofia e Sociologia (art. 36, § 1º, III) como parte importante de

formação para a cidadania, não as insere como parte das componentes curriculares obrigatórias. No ano de 2001, o ex-presidente

Fernando Henrique Cardoso vetou o Projeto de Lei do então Deputado Padre Roque (PT/RR), apontando que a inclusão das referidas

disciplinas implicaria em despesas para os Estados e Distrito Federal.

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obrigatoriedade em nível nacional tem grande impacto mesmo nos locais onde já havia aprovação

anterior, reiterando, assim, que fosse de fato implementada nas matrizes curriculares de todas as

escolas.

No Estado de Goiás, a Resolução CEE nº 291 de 16 de dezembro de 2005 é um marco para

a regulamentação do que preconizava o art. 35 da Lei Complementar nº 26, de 28 de dezembro de

1998, que incluía a disciplina de Sociologia no currículo do Ensino Médio, mas que na prática não

era ministrada nas escolas (Freitas, 2010). Passados mais de dez anos da referida Resolução, ainda

nos deparamos com muitas dificuldades para o ensino de Sociologia nas escolas de Goiás e para a

formação de Licenciandos/as em Ciências Sociais na Universidade. Mesmo hoje, parte significativa

de professores/as que lecionam Sociologia nas escolas não tem formação na área.

Afora toda a problemática já conhecida em torno da formação de professores/as em

Ciências Sociais, comumente vista como algo menor em relação à formação de bacharéis, a atuação

profissional como professores/as em Goiás torna-se cada vez menos atrativa para os egressos da

UFG, como podemos concluir a partir do atual cenário de implementação das Organizações Sociais

e da militarização das escolas estaduais3. Como em geral as disciplinas de Estágio Curricular

Supervisionado são desenvolvidas, prioritariamente, no Colégio de Aplicação (CEPAE) da UFG –

um espaço privilegiado de formação reconhecido como escola modelo – e muitas das vezes os/as

próprios/as alunos/as destacavam a particularidade da experiência no CEPAE, frente à realidade das

escolas fora da UFG. Além disso, a carga horária de regência e acompanhamento das aulas, também

foram apontadas como insuficientes, o que não contribuía para o aperfeiçoamento das práticas

pedagógicas, exercício didático e demais atividades direcionadas à realização do Estágio.

Neste sentido é que destacamos o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência – PIBID, como uma iniciativa direcionada ao aperfeiçoamento e valorização de

professores/as para atuação na Educação Básica, instituído pela Portaria nº 72, de 09 de abril de

3 O estado de Goiás tem se destacado na transferência da gestão de escolas públicas para a administração da Polícia Militar.

Remetendo-se aos modelos de Colégios Militares implantados ainda no final da década de 1990, a partir de uma lógica herdeira do

Regime Militar, no ano de 2013, 12 colégios da rede estadual passaram a ser geridos pela PM/GO. No ano de 2014, a Lei º 18.556,

aprovou a transferência de gestão de mais 27 escolas, alcançando, em 2015, um total de 30 colégios militares (CPMG). Dados

disponíveis em: <http://www.gabinetecivil.goias.gov.br/leis_ordinarias/2001/lei_14050.htm>, com acesso em setembro de 2016. A

militarização das escolas gerou grandes resistência da parte de estudantes e docentes das escolas, tanto pelas mudanças empreendidas

no interior das escolas (nomeação de Direção da PM, uso de uniformes específicos, proibição de determinados cortes de cabelo e

formas de sociabilidade entre os/as alunos/as, cobrança de matrícula, entre outras coisas). Embora a militarização das escolas neste

estado não seja novidade, a acelerada transferência da gestão das escolas para a PM é uma marca das políticas de governo de

Marconi Periilo (PDSB), que, como Governador em uma fala pública em Salvador (BA), manifestou sua opinião acerca de seus

métodos para o enfrentamento do que chamou de “baderneiros”, confirmando que estas medidas seriam formas de retaliar

professores/as que participaram de um protesto contrário à sua gestão em Goiânia: “Para essas pessoas, a melhor coisa é a escola

militar. Há que se ter disciplina, hierarquia e respeito. [...] Fui num evento e tinha um grupo de professores me xingando. Eu disse:

tenho um remedinho pra vocês. Colégio Militar e Organização Social. Preparei um projeto de lei e em seguida militarizei essas oito

escolas”. Entrevista disponível em http://www.opopular.com.br/editorias/blogs/fabiana-pulcineli/blog-da-fabiana-pulcineli-

1.526/marconi-diz-ser-contra-estabilidade-do-servidor-p%C3%BAblico-1.995673, acessado em maio de 2017.

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2010. O Programa, criado no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior – CAPES tem como finalidade, explicitada no Art. 1º da citada Portaria:

apoiar a iniciação à docência de estudantes de licenciatura plena das instituições de

educação superior federais, estaduais, municipais e comunitárias sem fins

lucrativos, visando aprimorar a formação dos docentes, valorizar o magistério e

contribuir para a elevação do padrão de qualidade da educação básica.

O atual Subprojeto PIBID Ciências Sociais, da UFG, vigora desde 2014 e tem, como

principal objetivo o aperfeiçoamento da formação inicial docente por meio da inserção de

estudantes de licenciatura da UFG em escolas públicas de educação básica do estado de Goiás. Ao

submeter-se ao Edital, foi evidenciado o problema da evasão e a desvalorização do curso de

Licenciatura em Ciências Sociais, como uma das justificativas para a implantação do PIBID, uma

vez que tanto poderíamos sanar a ausência de bolsas voltadas para a Licenciatura e que contribuem

para a permanência discente na Universidade, como também poderíamos trabalhar no

aperfeiçoamento da formação, o que influencia diretamente a valorização do curso e da carreira do

magistério. Diante disso, foram apontados como objetivos específicos do PIBID Ciências Sociais:

incentivar a formação de docentes para a educação básica; contribuir para a valorização do

magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores; inserir os/as licenciandos/as no

cotidiano de escolas, por meio de experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de

caráter inovador; incentivar escolas públicas, mobilizando seus/suas professores/as como co-

formadores/as; contribuir para a articulação entre teoria e prática nos cursos de licenciatura;

contribuir para que os/as estudantes de licenciatura se insiram na cultura escolar do magistério;

contribuir para a redução das taxas de reprovação por frequência e de retenção dos/das estudantes;

estimular o desenvolvimento de metodologias de ensino na FCS e na educação básica.

Para o desenvolvimento das ações no PIBID, faz-se necessário estabelecer parcerias com

escolas – no caso das Ciências Sociais, escolas que ofertem o ensino médio – , nas quais são

selecionados/as professores supervisores que lecionem a disciplina de Sociologia4. Entre os anos de

2014 e 2017 contamos com quatro supervisores, lotados/as em quatro escolas diferentes, todas na

cidade de Goiânia-GO, onde os/as bolsistas, sob orientação, acompanham as aulas de Sociologia em

diferentes turmas, desenvolvem oficinas e planejam atividades didáticas.

4 Interessante notar que o PIBID Ciências Sociais contou, neste período, com professores supervisores que também foram alunos/as

da Licenciatura em Ciências Sociais durante a graduação e/ou pós-graduação. Este demonstrou ser um ponto positivo e que merece

ser destacado, tanto em razão de acompanharmos a inserção de nossos/as discentes no mercado de trabalho, como também pela

referência que se tornam para os/as nossos/as atuais alunos/as.

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Uma vez estabelecidas as parcerias com as escolas e a seleção dos/das professores

supervisores, os/as bolsistas foram divididos em dois grupos, sob coordenação de dois

professores/as da UFG. No grupo sob minha coordenação, embora tenhamos que seguir os

conteúdos e calendários das escolas, estabelecemos, a partir da linha de pesquisa em que atuamos e

das áreas de interesses dos/das bolsistas, que seria privilegiada a área dos estudos de gênero,

sexualidade e diferenças. Para tanto, foi criado um Grupo de Estudos em Gênero e Diferenças na

Educação, em que nos reunimos quinzenalmente para leitura e discussão de referências

bibliográficas que subsidiam tanto as ações do PIBID nas escolas e na UFG, como também

contribuíram para a elaboração de trabalhos de conclusão de concurso defendidos ao longo deste

período.

2. Gênero, sexualidade e ensino de Sociologia

Embora pudéssemos considerar que o Brasil avançou significativamente na agenda de

gênero relacionada à educação, sobretudo nos dez anos que antecedem a 2016, ainda são muitas as

resistências à inclusão do tema da sexualidade no currículo escolar e nas práticas educativas5. Mas

não é apenas o tabu que envolve a temática da sexualidade ou a resistência de setores conservadores

da sociedade que tornam esta tarefa tão complexa. A sexualidade é um conceito em disputa,

abordado por diferentes campos do saber e que envolve não apenas aspectos relacionados à

regulação da reprodução biológica (HEILBORN, 1999), como também as performatividades de

gênero, a orientação sexual, os desejos, as crenças, o prazer, entre outros (ABRAMOVAY et. al.,

2006). Para além daquilo que se materializa no corpo, a sexualidade se relaciona com a história,

com os modos de vida, projetando-se também como um elemento de cultura.

Entre as contribuições relevantes para a consolidação dos estudos da sexualidade nas

ciências sociais, destacam-se as análises de Michel Foucault (1988) que, ao longo de sua trajetória,

em busca de constituir uma história dos discursos de verdade ou dos pensamentos que compuseram

uma história da verdade, verifica que a sexualidade é um dos campos de inscrição de práticas

discursivas e não-discursivas que produzem verdades normativas. Intentando traçar linhas de

compreensão sobre como se processa historicamente a sexualidade e a relação entre a conversão do

sexo em objeto de verdade e a produção do sujeito, Foucault depara-se com alguns questionamentos

5 Há que se destacar que parte das ações desenvolvidas pelo PIBID Ciências Sociais/UFG foram desenvolvidas pautando-se nos

parâmetros legais que orientavam a educação básica, anteriormente ao golpe de 2016, que retirou a Presidenta Dilma do Governo. O

cenário posterior a 2016 em muito se difere e as dificuldades para o desenvolvimento de ações voltadas ao debate de gênero

tornaram-se ainda mais complexas.

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ao que denomina como “hipótese repressiva”. O filósofo reitera a falsidade desta hipótese, por não

se constituir como uma característica atemporal da sexualidade em diferentes contextos históricos,

desenvolvendo, assim, uma análise histórico-cultural e apontando o século XIX como marca de sua

invenção e colocação do sexo em discurso. Sobre as considerações de Foucault acerca da relação

entre a emergência da sexualidade como instância de verdade do sujeito moderno, Duarte (2004, p.

60) reitera que “sexo e poder não seriam antípodas [...], as sociedades ocidentais modernas apenas

superficialmente poderiam ser classificadas de anti-sexuais”. Em uma articulação entre o individual

e o coletivo, o dispositivo da sexualidade teria as crianças como um dos seus principais alvos,

fazendo da família um lugar de observação e controle da sexualidade, o que pode, nestes termos, ser

também estendido ao espaço escolar contemporaneamente.

Louro (2014) afirma que várias teóricas feministas dedicaram-se à leitura de Foucault para

relacionar sexualidade e poder, sob a analítica proposta pelo filósofo francês. Apoiando-se na ideia

de que o poder deva ser observado como uma “rede de relações”, demonstra a utilidade destas

referências para os estudos feministas e de gênero, na medida em que homens e mulheres estariam

também em negociação permanente, com avanços e retrocessos, ainda que não se possa perder de

vista o fato de que as mulheres tenham sido historicamente submetidas. Mas a submissão das

mulheres, por sua vez, não as anulariam como sujeitos, já que o poder não apenas nega e submete,

mas também produz.

No que tange à articulação entre gênero e sexualidade, não é incomum que, embora

caracterizem-se distintamente, estejam correlacionadas em boa parte dos discursos de gênero. Em

um esforço de distingui-las, Louro (2014) nomeia as identidades sexuais como aquelas constituídas

a partir da vivência da sexualidade e as identidades de gênero definidas pelas identificações

históricas e sociais dos sujeitos como masculino ou feminino. Reforça, ainda, que embora seja

difícil pensa-las distintivamente, “sujeitos masculino ou femininos podem ser heterossexuais,

homossexuais, bissexuais” e, ao mesmo tempo, negros, brancos, indígenas etc.. Porém, em qualquer

uma de suas faces, seja de gênero ou sexual, “as identidades são sempre construídas, elas não são

dadas ou acabadas num determinado momento” (2014, p. 31).

Judith Butler, em sua obra Problemas de Gênero (2014) defende a conexão entre gênero e

sexualidade, mas também evidencia que devem ser tratadas distintamente para que se possa escapar

de um redutivismo. Na perspectiva da filósofa, sexo apresenta-se como um construto ideal

materializado no decorrer do tempo, em processo no qual “as normas regulatórias do sexo” atuam

performativamente na construção da materialidade dos corpos. Neste sentido, assim como gênero

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foi pensado a partir de uma matriz heterossexual, a diferença sexual estaria a serviço do imperativo

da heteronormatividade (Butler, 2001).

Apoiando-se no exposto até aqui, pode-se afirmar que regimes discursivos materializam a

concepção de sexo impactando na produção de sujeitos – humano –, alimentando o que é

legitimamente aceito ou produzindo o que autora denomina como “corpos abjetos”. A homofobia

seria um exemplo de como se atribui à pessoa homossexual a carga de um gênero errado ou

inválido, pelo fato de a orientação sexual ser fadada à dúvida ou confirmação de ter o gênero

legitimamente reconhecido. A sexualidade, seria, diante disso, regulada pelo gênero.

A problemática da homofobia foi problematizada em diferentes momentos da atuação do

PIBID, nas escolas e na Universidade. Pensando nas questões inerentes ao debate de gênero e

sexualidade na educação, em pesquisa realizada entre os anos de 2007 e 2009, Eliane Gonçalves et.

al. (2013) analisou livros didáticos direcionados ao ensino médio buscando identificar marcas

linguísticas e imagéticas de gênero e sexualidade, relacionando-as ao preconceito contra LGBTTs.

As pesquisadoras concluíram que "muitos trechos do livro didático articulam a homofobia e o

sexismo, evidenciando o dispositivo de gênero como integrante central da heterossexualidade

compulsória”. Relacionando os dados desta pesquisa com o estudo empreendido por

ABROMOVAY et. al. (2006), são apresentados dados de pesquisa da UNESCO em que foi

perguntado aos/às alunos/as sobre que pessoas não gostariam de ter como colega na sala, cerca de ¼

afirmou que não queriam ter um/a colega homossexual. No total de participantes, a maior rejeição

em ter colegas homossexuais é de homens, realidade que se repete em todas as cidades pesquisadas.

Em Goiânia o percentual de rejeição é de 40,9% entre homens e 20,1% entre mulheres. Quando a

mesma pergunta foi feita aos pais e mães destes/as alunos/as, em Goiânia 37,1% dos pais e 31,7%

das mães não gostariam que seus/as filhos/as tivessem um/a colega homossexual.

Interessante observar que a diferença percentual de rejeição entre homens e mulheres e,

consequentemente, no modo em que a homofobia é vivenciada nas escolas em Goiânia, também

pode ser verificada em oficinas e atividades pedagógicas desenvolvidas pelo PIBID Ciências

Sociais, da UFG. Em duas escolas distintas, localizadas em regiões diferentes da cidade, a equipe

do PIBID exibiu o filme Hoje eu Quero Voltar Sozinho (2014)6 ,que trata da temática da

homossexualidade entre jovens adolescente em idade escolar. Em ambas as escolas, no debate que

6 O filme, dirigido por Daniel Ribeiro, narra a história de um adolescente cego que, ao mesmo tempo em que precisa lidar com questões comuns aos jovens que buscam ser independentes e autônomos, enfrentando situações diferenciadas em razão de sua deficiência visual, vive um sentimento de afeto que abre as portas para a descoberta de sua sexualidade.

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se sucedeu ao filme, os alunos demonstraram maior rejeição e homofobia do que as alunas, que em

diferentes momentos fizeram falas em defesa da liberdade sexual.

A sexualidade na escola tem sido comumente tratada sob duas perspectivas: orientação e

assepsia dos corpos, direcionada ao controle e prevenção de doenças, em geral inserida no conteúdo

de ciências/biologia; abordagem plural e interdisciplinar, desenvolvendo nexos não apenas entre

sexualidade e ciência, mas também com as componentes curriculares das humanidades. Na prática,

por ser tema transversal e não indicada como conteúdo curricular obrigatório de dada componente

curricular, a sexualidade na educação restringe-se aos conteúdos de ciências e biologia, sob o

enfoque do que seria uma “educação sexual”, mas com pouco ou quase nenhum alcance naquilo que

ultrapassa a perspectiva higienista acima referendada. Tal constatação revela como a escola e as

práticas educativas podem aprofundar os preconceitos e reforçar os estereótipos de gênero.

Se o debate em torno das questões de gênero e sexualidade é controverso nas práticas

pedagógicas cotidianas das escolas, o interesse dos/das estudantes pela temática revela a

importância de que tais temáticas sejam abordadas. Em geral, a recepção dos/das estudantes às

oficinas e rodas de conversa mediadas pelos/as estudantes/bolsistas do PIBID contaram com ampla

participação dos/das estudantes das escolas e com total apoio dos/das professores/as

supervisores/as. Contudo, em experiência pontual, enfrentamos resistência da parte da escola para

exibição de um dos filmes que integravam o programa das ações. Em 2015, frente à militarização de

uma das escolas que desenvolvíamos nossas ações, a equipe foi impedida de exibir o filme e

realizar a roda de conversa com os/as estudantes. O desgaste decorrente desta censura teve como

consequência a saída do PIBID Ciências Sociais desta escola.

3. CENAS PLURAIS, a prática e os desafios futuros

A dinâmica de funcionamento do CENAS PLURAIS é um exemplo de concretização da

articulação do ensino, pesquisa e extensão almejada pelos princípios da Universidade. A partir das

leituras e discussões realizadas no Grupo de Estudos em Gênero e Diferenças na Educação são

desenvolvidas pesquisas, seja orientada para o aprofundamento de uma temática específica a ser

trabalhada nos filmes, seja para a produção de trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos.

Uma vez escolhida a temática, a primeira parte da ação é desenvolvida na Universidade, com

evento aberto à comunidade acadêmica e participação de um/a professor/a convidado/a especialista,

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que contribui, principalmente, elencando os aspectos relevantes da obra para o desenvolvimento de

conteúdos pertinentes ao ensino de Sociologia.

Figura 1

Cartaz referente à edição do CENAS PLURAIS na FCS em setembro de 2016.

A partir da ação realizada na Universidade, a equipe de bolsistas é habilitada para

reproduzir os mesmos filmes no âmbito das escolas e nestas protagonizam a mediação do debate,

com vistas ao desenvolvimento do conteúdo nas aulas de Sociologias, mas também em atividades

externas à sala de aula, desenvolvidas em horário alternado. O projeto tem como proposta a

realização bimestral em duas edições, sendo uma na Universidade e outra na escola. Embora em

cada espaço seja necessária a adaptação ao nível de profundidade em que a temática poderá ser

exibida e debatida, a exibição dos filmes no projeto Cenas Plurais tem possibilitado, como é próprio

do cinema, processos de identificação. O encontro com o potencial educativo existente em curtas ou

longas alcança não apenas o nível da informação sobre uma realidade desconhecida, como também

transforma determinadas percepções sobre aquilo que já se conhece, ressignificando experiências

em diálogo com expressões das subjetividades.

Assim, a edição apresentadana Figura 1 foi realizada em 3 sessões tratando das temáticas

de gênero, sexualidade e questões étnico-raciais. No debate com enfoque em questões de gênero,

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Florianópolis, 2017,ISSN 2179-510X

exibimos o filme Pequena Miss Sunshine, discutindo estética, corporeidade e erotização da infância.

Esta sessão teve participação de discentes do curso da Licenciatura em Educação Física que,

embora não estivessem integrados ao nosso Subprojeto do PIBID, estavam cursando Sociologia do

Corpo, e puderam ter contato com um debate sobre questões relacionadas aos padrões de beleza,

mas a partir da Sociologia, motivados pelo filme. Na segunda sessão, exibimos o filme Minha Vida

em Cor de Rosa, que também tem um contexto infantil, com um protagonista que questiona sua

identidade de gênero, onde o foco do debate foi assentado em questões de sexualidade. Nas duas

primeiras sessões trabalhamos com longa metragens, mas na terceira sessão foram exibidos três

curtas metragens a respeito da vida e obra de Carolina de Jesus, que também possibilitou um debate

de gênero, mas principalmente sobre a mulher negra na produção de conhecimento7.

Figura 2

Obras de referência relativas à produção de Carolina de Jesus.

Por fim, frente aos importantes desafios colocados para todos que se dedicam ao ensino de

humanidades e à formação docente, o fortalecimento de ações como o PIBID nas escolas e sua

visibilidade na Universidade, no caso específico a partir das ações do CENAS PLURAIS, tem se

mostrado como uma ação positiva tanto no que se refere à valorização da Sociologia como

componente curricular no ensino médio, como na qualificação da formação docente. A

consolidação do CENAS PLURAIS tem contribuído, assim, para o aprofundamento de uma

experiência didática interdisciplinar e apoiada em recursos audiovisuais, viabilizando, de modo

criativo, que as temáticas de gênero, sexualidade, raça e etnia sejam abordadas em sala de aula.

7A exibição de longas e curtas também é algo pensado juntamente com os professores/as nas escolas, sobretudo em razão do tempo

disponível para o desenvolvimento das atividades nas escolas, mas também para que os/as estudantes possam ter contato com

diferentes modelos de obras fílmicas.

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Considerando a retirada da Sociologia como componente obrigatória do ensino médio e o

desmonte da educação que ameaça o ensino de humanidades atualmente, o desafio ainda maior é

que se possa desenvolver estratégias de articulação entre as diferentes áreas das humanidades, para

que numa perspectiva interdisciplinar, sejam consolidados estes lugares de resistência aos

retrocessos que estamos testemunhando hoje. Neste sentido, acreditamos que o caminho a seguir

pode vir a ser o de integração entre as diferentes áreas das humanidades na construção desta

resistência, seja na defesa da permanência das disciplinas, individualmente, seja no

desenvolvimento de práticas pedagógicas que alcancem as temáticas de gênero, sexualidade e

diferenças na educação.

PLURAL SCENES IN PIBID SOCIAL SCIENCES: GENDER AND DIFFERENCES IN

TEACHING SOCIOLOGY

Astract:the Plural Scenes isanactionlinkedtotheresearchproject "Genderanddifferences in education

- challenges for teacher training andtheteachingofSociology", integratedwith PIBID Social

Sciencesof UFG. It ischaracterized as a bimonthlyaction, the Plural Scenes aimsatshowingfilmsand

holding discussionattheuniversityand in partnerschoolsofthe PIBID,

addressingissuesrelatedtothefieldofgenderstudies, sexualityanddifferences in education.

Articulatingactivitiesofteaching, researchandextension, the Plural Scenepresentsitself as a

collectiveaction, involvingdifferentcollaborators (teachersofuniversity, butalsoofbasiceducation,

studentsofinitiationtoteaching, schoolstudents, amongothers) concernedthe use

offilmsthatstimulatediscussionsontheperformatividadesofgenderandsexuality, ethnic-racial relations,

violenceandhomophobia in thefieldofeducation. The presentwork, as experiencereport,

aimstodemonstratethelimitsandpossibilitiesofexperienceaccumulatedwitheditionsofthe Plural

Scenes, both in teacher training, as in teachingsociologyatpublicschools in Goiânia/GO. The

consolidationofthe Plural Scenes as anactivityof PIBID

hascontributedtothedeepeningofexperienceteachingwiththe use of audiovisual

resourcesandalsomade it socreativethattheissuesofgender, sexuality, raceandethnicitywereworked in

classofSociology.

Keywords: gender; sexuality; differences; teaching Sociology.

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